Empresa Brasil - Edição 126

Page 1

Empresa

Brasil

Ano 13 l Número 126 l Janeiro de 2016

Por que é preciso difundir o microcrédito para o empreendedor NEM MESMO A CRISE ECONÔMICA ARREFECE OS INVESTIMENTOS EM EMPRESAS INOVADORAS


Federações CACB

DIRETORIA DA CACB TRIÊNIO 2016/2018 PRESIDENTE George Teixeira Pinheiro (AC) 1º VICE-PRESIDENTE Jésus Mendes Costa (RJ) VICE-PRESIDENTES Alencar Burti (SP) Emílio César Ribeiro Parolini (MG) Ernesto João Reck (SC) Francisco de Assis Silva (DF) Guido Bresolin (PR) Itamar Manso Maciel Júnior (RN) Jussara Pereira Barbosa (PE) Kennedy Davidson Pinaud Calheiros (AL) Olavo Rogério Bastos das Neves (PA) VICE-PRESIDENTE DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS Sérgio Papini de Mendonça Uchoa (AL) VICE-PRESIDENTE DE COMUNICAÇÃO* VICE-PRESIDENTE DA MICRO E PEQUENA EMPRESA Luiz Carlos Furtado Neves (SC) VICE-PRESIDENTE DE SERVIÇOS Rainer Zielasko (PR) DIRETOR–SECRETÁRIO Jarbas Luis Meurer (TO) DIRETOR FINANCEIRO Jonas Alves de Souza (MT) CONSELHO FISCAL TITULAR Amarildo Selva Lovato (ES) Valdemar Pinheiro (AM) Wladimir Alves Torres (SE) CONSELHO FISCAL SUPLENTE Domingos Sousa Silva Júnior (MA) Ubiratan Silva Lopes (GO) Pedro José (TO) CONSELHO NACIONAL DA MULHER EMPRESÁRIA Neiva Kieling (SC) CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO JOVEM EMPRESÁRIO Fernando Fagundes Milagre SUPERINTENDENTE DA CACB Juliana Kampf GERENTE ADMINISTRATIVO-FINANCEIRO César Augusto Silva COORDENADOR DO EMPREENDER Carlos Alberto Rezende COORDENADOR DA CBMAE Eduardo Vieira COORDENADOR DO PROGERECS Luiz Antônio Bortolin COORDENADORA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Neusa Galli Fróes EQUIPE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Neusa Galli Fróes Cyntia Menezes Erick Arruda SCS Quadra 3 Bloco A Lote 126 Edifício CACB 61 3321-1311 61 3224-0034 70.313-916 Brasília - DF Site: www.cacb.org.br

Acre – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Acre – FEDERACRE Presidente: Adem Araújo da Silva Avenida Ceará, 2351 Bairro: Centro Cidade: Rio Branco CEP: 69909-460

Paraná – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná – FACIAP Presidente: Guido Bresolin Rua: Heitor Stockler de Franca, 356 Bairro: Centro Cidade: Curitiba CEP: 80.030-030

Alagoas – Federação das Associações Comerciais do Estado de Alagoas – FEDERALAGOAS Presidente: Kennedy Davidson Pinaud Calheiros Rua Sá e Albuquerque, 302 Bairro: Jaraguá Cidade: Maceió CEP: 57.020-050

Pernambuco – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Pernambuco – FACEP Presidente: Jussara Pereira Barbosa Rua do Bom Jesus, 215 – 1º andar Bairro: Recife Cidade: Recife CEP: 50.030-170

Amapá – Associação Comercial e Industrial do Amapá – ACIA Presidente: Nonato Altair Marques Pereira Rua General Rondon, 1385 Bairro: Centro Cidade: Macapá CEP: 68.900-182

Piauí – Associação Comercial Piauiense - ACP Presidente: José Elias Tajra Rua Senador Teodoro Pacheco, 988, sala 207. Ed. Palácio do Comércio 2º andar - Bairro: Centro Cidade: Teresina CEP: 64.001-060

Amazonas – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Amazonas – FACEA Presidente: Valdemar Pinheiro Rua Guilherme Moreira, 281 Bairro: Centro Cidade: Manaus CEP: 69.005-300 Bahia – Federação das Associações Comerciais do Estado da Bahia – FACEB Presidente: Clóves Lopes Cedraz Rua Conselheiro Dantas, 5. Edifício Pernambuco, 9° andar Bairro: Comércio Cidade: Salvador CEP: 40.015-070 Ceará – Federação das Associações Comerciais do Ceará – FACC Presidente: João Porto Guimarães Rua Doutor João Moreira, 207 Bairro: Centro Cidade: Fortaleza CEP: 60.030-000 Distrito Federal – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Distrito Federal e Entorno – FACIDF Presidente: Francisco de Assis Silva Quadra 01, Área Especial 03, Lote 01 – Setor Industrial Bernardo Sayão Cidade: Núcleo Bandeirante/DF CEP: 71735-167 Espírito Santo – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropastoris do Espírito Santo – FACIAPES Presidente: Amarildo Selva Lovato Av. Nossa Senhora dos Navegantes, 955. Ed. Global Tower, sala 713, 7° andar - Bairro: Enseada do Suá - Cidade: Vitória - CEP: 29.050-335 Goiás – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias do Estado de Goiás – FACIEG Presidente: Ubiratan da Silva Lopes Rua 143 - A - Esquina com rua 148, Quadra 66 Lote 01 Bairro: Setor Marista Cidade: Goiânia CEP: 74.170-110 Maranhão – Federação das Associações Empresariais do Maranhão – FAEM Presidente: Domingos Sousa Silva Júnior Rua Inácio Xavier de Carvalho, 161, sala 05, Edifício Sant Louis. Bairro: São Francisco - São Luís CEP: 65.076-360 Mato Grosso – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Mato Grosso – FACMAT Presidente: Jonas Alves de Souza Rua Galdino Pimentel, 14 - Edifício Palácio do Comércio 2º Sobreloja – Bairro: Centro Norte Cidade: Cuiabá CEP: 78.005-020 Mato Grosso do Sul – Federação das Associações Empresariais do Mato Grosso do Sul – FAEMS Presidente: Alfredo Zamlutti Júnior Rua Piratininga, 399 – Jardim dos Estados Cidade: Campo Grande CEP: 79021-210 Minas Gerais – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Minas Gerais – FEDERAMINAS Presidente: Emílio César Ribeiro Parolini Avenida Afonso Pena, 726, 15º andar Bairro: Centro Cidade: Belo Horizonte CEP: 30.130-002 Pará – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Pará – FACIAPA Presidente: Olavo Rogério Bastos das Neves Avenida Presidente Vargas, 158 - 2º andar, bloco 203 Bairro: Campina Cidade: Belém CEP: 66.010-000 Paraíba – Federação das Associações Comerciais e Empresariais da Paraíba – FACEPB Presidente: Alexandre José Beltrão Moura Avenida Marechal Floriano Peixoto, 715, 3º andar Bairro: Bodocongo Cidade: Campina Grande CEP: 58.100-001

Rio de Janeiro – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Rio de Janeiro – FACERJ Presidente: Jésus Mendes Costa Rua do Ouvidor, 63, 6º andar - Bairro: Centro Cidade: Rio de Janeiro CEP: 20.040-030 Rio Grande do Norte – Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Norte – FACERN Presidente: Itamar Manso Maciel Júnior Avenida Duque de Caxias, 191 Bairro: Ribeira Cidade: Natal CEP: 59.012-200 Rio Grande do Sul – Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul - FEDERASUL Presidente: Ricardo Russowsky Rua Largo Visconde do Cairu, 17, 6º andar Palácio do Comércio - Bairro: Centro Cidade: Porto Alegre CEP: 90.030-110 Rondônia – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado de Rondônia – FACER Presidente: Gerçon Szezerbatz Zanatto Rua Pio XII, 1061, Pedrinhas, 1º andar, Sl 01 Cidade: Porto Velho CEP: 76801-498 Roraima – Federação das Associações Comerciais e Industriais de Roraima – FACIR Presidente: João Batista de Melo Mêne Avenida Jaime Brasil, 223, 1º andar Bairro: Centro Cidade: Boa Vista CEP: 69.301-350 Santa Catarina – Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina – FACISC Presidente: Ernesto João Reck Rua Crispim Mira, 319 - Bairro: Centro Cidade: Florianópolis - CEP: 88.020-540 São Paulo – Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo – FACESP Presidente: Alencar Burti Rua Boa Vista, 63, 3º andar Bairro: Centro Cidade: São Paulo CEP: 01.014-001 Sergipe – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropastoris do Estado de Sergipe – FACIASE Presidente: Wladimir Alves Torres Rua José do Prado Franco, 557 - Bairro: Centro Cidade: Aracaju CEP: 49.010-110 Tocantins – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado de Tocantins – FACIET Presidente: Pedro José Ferreira 103 Norte Av. LO 2 - 01 - Conj. Lote 22 Prédio da ACIPA Bairro: Centro Cidade: Palmas CEP: 77.001-022

• O conteúdo desta publicação representa o melhor esforço da CACB no sentido de informar aos seus associados sobre suas atividades, bem como fornecer informações relativas a assuntos de interesse do empresariado brasileiro em geral. Contudo, em decorrência da grande dinâmica das informações, bem como sua origem diversificada, a CACB não assume qualquer tipo de responsabilidade relativa às informações aqui divulgadas. Os textos assinados publicados são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.


PALAVRA DO PRESIDENTE George Teixeira Pinheiro

CACB, uma entidade a favor das boas causas

N

este nosso primeiro encontro de 2016, vou alinhar alguns exemplos do que de bom a CACB vem fazendo em prol da micro e da pequena empresa. Uma das iniciativas mais bem-sucedidas é o incentivo à solução pacífica de conflitos, o que está sendo feito por meio da Rede Câmara Brasileira de Mediação e Arbitragem Empresarial (CBMAE). No biênio 2014-2015, a CBMAE realizou mais de 35 mil atendimentos, devolvendo à economia cerca de R$ 68 milhões, conforme matéria desta edição de Empresa Brasil. O desafio para o próximo ciclo do programa é aumentar o número de atendimentos em pelo menos 50%. A ideia é gerar receita também por meio da consultoria e pelo suporte que é oferecido à Rede. Além disso, a entidade vem mantendo uma forte presença no estímulo ao empreendedorismo, cujo maior exemplo é o programa Empreender. Hoje, em grande parte dos estados da Federação, essa iniciativa tem se multiplicado, o que sinaliza o ingresso no mercado de microempresas cada vez mais preparadas para enfrentar as dificuldades impostas pelo ambiente econômico. O Progerecs (Programa de Geração de Receitas e Serviços) da CACB, criado em 2006, foi o responsável pela conquista da entidade como Autoridade de Registro. O projeto AC CACB tem como meta instalar uma Autoridade de Registro (AR) em todos os municípios brasileiros com mais de cem mil habitantes. Para isto, usará sua rede composta por mais de 2 mil Associações Comerciais no país. Quando uma entidade vira AR, ela passa a ser protagonista do processo e pode abrir quantos Pontos de Atendimento quiser, em qualquer parte do território nacional. Todos os Certificados Digitais vendidos a partir de então irão gerar receita para entidades que disponibilizarem o serviço. Atenta à realidade do mercado, a CACB, ainda neste ano, dará ênfase à educação financeira do empreendedor. Pesquisa do Sebrae mostra que essa é uma das principais dificuldades do microempresário brasileiro e um dos fatores da mortalidade das empresas. Para encerrar, lembro que o otimismo somente se justifica com trabalho e muita dedicação. Feliz 2016!

George Teixeira Pinheiro, presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil

Janeiro de 2016

3


ÍNDICE Foto: Andrey Popov/ fotolia.com

8 CAPA

3 PALAVRA DO PRESIDENTE

20 SUSTENTABILIDADE

Neste nosso primeiro encontro de 2016, vou alinhar alguns exemplos do que de bom a CACB vem fazendo em prol da micro e da pequena empresa.

Florianópolis ganha modelo inédito de parada de ônibus.

5 PELO BRASIL

12 MEIO AMBIENTE

Com a proposta de reduzir de cem para, em média, cinco dias o processo de abertura de novas empresas, o governo federal lançou o projeto Rede Nacional de Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios, o RedeSimples.

8 CAPA Você já ouviu falar em microcrédito? E microcrédito orientado? Se a resposta foi não, então preste atenção, pois esta modalidade de empréstimo pode ser uma oportunidade para os pequenos empresários. Foto: Adam121/ fotolia.com

26 INVESTIMENTOS

EXPEDIENTE

Você foi demitido? Dê uma pausa e analise suas potencialidades.

26 INVESTIMENTOS Nem mesmo a crise econômica arrefece o investidor-anjo.

28 NEGÓCIOS

Rompimento de barragem da Samarco devasta economia de Mariana (MG).

30 LIVROS

18 TRABALHO

Empresa Brasil

24 RECURSOS HUMANOS

Mercado de TI resiste às turbulências do mercado.

Real desvalorizado estimula o incremento de exportações das MPEs.

4

No biênio 2014-2015, a Rede Câmara Brasileira de Mediação e Arbitragem Empresarial (CBMAE) realizou mais de 35 mil atendimentos, devolvendo à economia cerca de R$ 68 milhões.

12 MEIO AMBIENTE

14 ECONOMIA

Coordenação Editorial: Neusa Galli Fróes fróes, berlato associadas escritório de comunicação Edição: Milton Wells - mwells@terra.com.br Projeto gráfico: Vinícius Kraskin Diagramação: Kraskin Comunicação Foto da capa: Claudio Fachel/Palácio Piratini Revisão: Press Revisão Colaboradores: Cyntia Menezes, Rosângela Garcia, Tagli Padilha e Erick Arruda. Execução: Editora Matita Perê Ltda. Comercialização: Fone: (61) 3321.1311 - comercial@cacb.org.br Impressão: Orby Gráfica Editora Com. Dist. Ltda.

22 CBMAE

Em 2016, o desemprego irá aumentar no país. Estimativa é de que essa taxa alcançará 11% no decorrer do ano.

A biografia, recém-lançada, Benjamin Franklin – Uma vida americana (Cia das Letras), do jornalista norte-americano Walter Isaacson, é um estímulo ao empreendedorismo.

31 ARTIGO Mário Lanznaster escreve sobre entre o pessimismo e a ação.

SUPLEMENTO ESPECIAL

Abrir uma empresa em cinco dias já é realidade no DF


PELO BRASIL

Governo federal lança projeto RedeSimples Com a proposta de reduzir de cem para, em média, cinco dias o processo de abertura de novas empresas, o governo federal lançou o projeto Rede Nacional de Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios, o RedeSimples. Na primeira fase de implantação do sistema, apenas o Distrito Federal terá acesso ao projeto, que deve se estender para outras cidades do país ao longo de 2016. Guilherme Afif Domingos, presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), afirmou ser um grande incômodo as estatísticas do Banco Mundial, que colocam o Brasil em uma posição extremamente desfavorável, no rol das nações mais burocráticas para o empreendedor. Segundo ele, esse foi um dos maiores estímulos para a criação do projeto.

Afif: “Para desburocratizar, é preciso acreditar na palavra do cidadão” “Vamos enfrentar o desafio de implantar o primeiro modelo de abertura de empresas no Brasil totalmente integrado por sistema digital, incorporando, inclusive, o conceito de confiar na palavra do cidadão, que é o grande primeiro passo para a desburocratização do sistema”, disse Afif.

Para George Pinheiro, presidente da CACB, é de grande importância que o governo acabe com grande parte da burocracia. “Poder, oficialmente, abrir uma empresa em tão pouco tempo e ter toda sua papelada em um único local, sem que isso lhe traga aborrecimentos, é muito bom”, elogiou.

CACB pode faturar R$ 2,4 milhões com certificados de origem em 2016 De agosto de 2012 a novembro de 2015, a CACB faturou mais de R$ 300 mil com emissões de Certificados de Origem (COs). No mesmo período, as Federações e Associações Comerciais tiveram uma receita superior a R$ 3,3 milhões. “Porém, nosso potencial de gerar receita é muito maior. Calculamos que em 2016 podemos chegar a R$ 2,4 milhões”,

afirma Juliana Kampf, executiva de comércio exterior. Somente em 2015, estima-se que a CACB venha a faturar R$ 139 mil. Até o final de novembro, foram emitidos cerca de 61 mil COs, superando a meta otimista para o ano. “Nosso faturamento já ultrapassou o de 2014 em mais de 18 mil emissões, totalizando quase R$ 126 mil.”

Juliana Kampf: “Nosso potencial de gerar receita é muito maior”

Janeiro de 2016

5


PELO BRASIL

Entidade avança na certificação digital De 8 a 9 de março de 2016, será realizado em São Paulo o IV Encontro Nacional dos Presidentes, Executivos, Comerciais e Gestores de Pontos de Atendimento (PAs) e Autoridades de Registro (ARs) do Sistema CACB de Certificação e Economia Digital. “Estamos cada vez mais aprofundando nosso conhecimento em certificação digital. Temos avançado muito com a AR CACB. Já temos mais de 30 pontos de atendimento. Nossa intenção é estar presente em todos os estados, mantendo parcerias privadas”, observa Luiz Antônio Bortolin, coordenador do Programa de Geração de Receitas e Serviços (Progerecs).

De 2009 a 2015, a CACB obteve muitos avanços no campo da certificação digital. Em parceria com a Certisign, Autoridade Certificadora líder na América Latina, a entidade empresarial foi responsável pela emissão de mais de 832 mil certificados digitais, 27 ARs foram instaladas, e 32 pontos de atendimento foram criados. “Mas a nossa grande conquista neste campo foi a homologação da CACB como Autoridade Certificadora, o que nos permite gerar receita para todo o sistema. Este é o grande momento do nosso projeto”, declara Luiz Antônio Bortolin, coordenador do Progerecs.

Bortolin: “Nossa grande conquista foi a homologação da CACB como Autoridade Certificadora”

Cairoli passa o bastão a Pinheiro Na última reunião de diretoria de 2015, os coordenadores de cada projeto da CACB apresentaram um balanço geral do ano e as perspectivas para 2016. O encontro, que ocorreu na sede da entidade, em Brasília, foi promovido para realizar um levantamento dos projetos durante os dois mandatos do presidente José Paulo Dornelles Cairoli, que atuou à frente da entidade nos últimos seis anos. Cairoli encerrou sua gestão ao final de dezembro, passando o bastão a George Pinheiro, até então diretor financeiro da CACB. Em clima de despedida, o presidente foi elogiado e aplaudido por

6

Empresa Brasil

Cairoli, que atuou à frente da CACB nos últimos seis anos, foi aplaudido pela diretoria toda a diretoria. “Peço desculpas se algumas vezes fui duro, mas para progredir é preciso cobrar e exigir. Desejo sorte e sucesso ao meu sucessor, o qual tenho certeza de que fará um excelente trabalho.” Pinheiro assumiu a presidência em

janeiro deste ano. A cerimônia de posse ocorrerá em 24 de fevereiro, em evento que mobilizará a Presidência da República, senadores, deputados, ministros, presidentes das Federações e Associações Comerciais, imprensa e parceiros estratégicos, entre outros.


Sebrae defende Crescer sem Medo Em nota oficial divulgada em dezembro, o Sebrae respondeu aos comentários da Receita Federal que tratam dos impactos fiscais das mudanças do Supersimples. O projeto Crescer Sem Medo (PLC 125/15) foi aprovado no Senado para votação em regime de urgência. O texto eleva de R$ 360 mil para R$ 900 mil o teto da receita bruta anual da microempresa e de R$ 3,6 milhões para R$ 14,4 milhões o da empresa de pequeno porte. Segundo o Sebrae, o Simples “é o maior gerador de emprego e renda nos últimos anos. A visão da Receita Federal é exclusivamente a da arrecadação e não do desenvolvimento do país”. A entidade cobra transparência do Fisco, que insiste em não divulgar as bases utilizadas para o cálculo sobre perdas de arrecadação.

A nota diz ainda que, quando da proposta de criação do Supersimples, em 2006, a Receita também fazia previsões astronômicas de perdas financeiras, posteriormente desmentidas nos números apresentados pelo Simples e nas pesquisas realizadas por entidades reconhecidas, como a Fundação Getúlio Vargas.

Senado aprova votação do PLC 125/15 em regime de urgência

STF divulga balanço de 2015 Em 2015, ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) um total de 86.977 processos, sendo 11.069 originários e 75.908 recursais. Deste total, foram efetivamente distribuídos 73.141 processos, já que alguns foram rejeitados liminarmente, por vícios formais, intempestividade ou ilegitimidade da parte. No ano, o Plenário julgou 2.668 feitos, sendo 32 com repercussão geral reconhecida, o que permitiu a liberação, na origem, de 28.411 processos sobrestados.

Já o Plenário Virtual finalizou 82 processos, sendo que 39 tiveram reconhecida a repercussão geral, 32 foram rejeitados e, em 11, foi reafirmada a jurisprudência do Supremo. NOVAS SÚMULAS Em 2015, foram aprovadas 16 súmulas vinculantes. As duas Turmas do STF analisaram, no total, 14.968 ações. Decisões monocráticas dos ministros somaram 94.750. Já o número de processos baixados à origem ou arquivados

chegou a 90.383 e o de acórdãos publicados, 17.494. Ficaram pendentes de julgamento 38 processos com pedido de vista, que já estão prontos para análise. Somente oito desses processos foram devolvidos antes de 2015. “Esperamos que logo no início de 2016 possamos dar conta desses pedidos de vista”, afirmou Ricardo Lewandowski, presidente do STF. O ministro destacou ainda que a Central do Cidadão do Supremo respondeu 58.066 pedidos de informação.

Janeiro de 2016

7


CAPA Foto: Andrey Popov/ fotolia.com

Acesso a capital de giro garante o sucesso das empresas menores

Microcrédito: Oportunidade de crescimento para os pequenos No Brasil, os empréstimos com menor burocracia, maior prazo e baixa taxa de juros existem de forma tímida e são pouco divulgados

V

ocê já ouviu falar em microcrédito? E microcrédito orientado? Se a resposta foi não, então preste atenção, pois esta modalidade de empréstimo pode ser uma oportunidade para os pequenos empresários. Muito comum em diversos países, as taxas mais atraentes, a proximidade com os operadores e menos exigências fazem com que esta seja uma forma

8

Empresa Brasil

de turbinar o empreendimento ou colocar as ideias de um novo negócio em ação. No entanto, além de ser um modelo recente no Brasil, a divulgação é precária e poucos empreendedores conhecem o financiamento. O modelo orientado, por exemplo, ainda é pouco usado no Brasil, que oferece este financiamento tanto em bancos públicos e privados quanto em instituições especializadas

no assunto. Conforme dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), entre 2011 e agosto de 2014 foram realizadas 5,6 milhões de operações de microcrédito com pessoas inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). Por outro lado, o professor de Economia da Universidade de São Paulo Paulo Feldmann defende que o mi-


crocrédito ainda não funciona como deveria no Brasil. Segundo ele, há no momento apenas algumas iniciativas pontuais, que oferecem o serviço, mas ainda com taxas de juros altas. “O microcrédito é um empréstimo para pessoas muito humildes. Com valores de financiamento de algo em torno de R$ 1 mil, com prazos longos de pagamento e sem taxas de juro, ou que varie em cerca de 0,5% ao ano”, explica. Porém, aponta o especialista que o que se vê por aqui são créditos com prazos curtos e taxas que variam de 2,5% a 4% ao mês, e grande parte deles ofertada em bancos. “As agências bancárias visam ao lucro, e a finalidade do microcrédito é fomentar o empreendedor de baixa renda, é de cunho social”, argumenta.

O vice-presidente da Associação Brasileira de Entidades Operadoras de Microcrédito e Microfinanças (Abcred) e diretor executivo da BluSol, Amadeo Trentini, explica que existem no Brasil dois modelos de microcrédito. Um deles é o crédito individual, quando o empreendedor busca o fomento para investir no pequeno negócio para capital de giro ou compra de equipamentos, produtos, melhoria de serviços. Este pode ser realizado nas agências bancárias ou nas operadoras de microcrédito. A segunda modalidade é, conforme Trentini, o aval solidário. Neste, os pequenos empreendedores que não têm bens para garantia, então, formam grupos de três a cinco pessoas e um garante a operação de crédito do outro.

INFORMAÇÃO É INSUFICIENTE Além disso, há pouca informação sobre o assunto, reforça Feldmann, que acredita que as experiências existentes são muito localizadas. “Aquelas iniciativas que estão no caminho certo, direcionadas aos empreendedores com poucos recursos financeiros, divulgam de maneira precária os serviços. E quem realmente seria beneficiado acaba não tendo conhecimento”, adverte. O professor ainda compara o Brasil a outros países que ofertam o microcrédito. “Na Índia e em vários países asiáticos e africanos, o crédito para pequenos empreendedores tem prazo longo e taxas muito baixas ou inexistentes. O ideal por aqui é que se ofereça este tipo de financiamento em empresas não ligadas ao sistema bancário e com prazos de, no mínimo, dez anos para pagamento”, diz e acrescenta que “a iniciativa deveria ser do Governo Federal e com ampla divulgação”.

AS DIFERENÇAS ENTRE OS BANCOS E AS OPERADORAS A grande diferença, esclarece o executivo, está entre o que é oferecido pelos bancos e o que as operadoras de microcrédito apresentam. “Nas operadoras, o agente vai até o empreendimento, faz levantamento socioeconômico e faz a operação, sem burocracia ou grandes exigências. E ainda orienta o pequeno empresário”, justifica. Já na maioria dos bancos, o cliente é quem busca o serviço. “E, diferentemente do que acontece no primeiro, nas agências bancárias não há empréstimo para quem não tem balanço ou folha de pagamento”, destaca Trentini. O especialista sustenta ainda que os juros das operadoras de microcrédito também costumam chamar a atenção de quem busca um apoio financeiro. As taxas variam de 0 a 4% ao mês, fazendo com que seja mais atraente procurar o fomento neste modelo do que optar por agências bancárias.

“O ideal é que se ofereça este tipo de financiamento em empresas não ligadas ao sistema bancário e com prazos de, no mínimo, dez anos para pagamento” Paulo Feldmann

Janeiro de 2016

9


CAPA A principal experiência de microcrédito produtivo orientado no Brasil é conduzida pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB), por meio do Programa Crediamigo, criado em 1997

ASSUNTO AINDA É NOVIDADE Apesar do conceito ter surgido no Brasil na década de 1970, por meio de uma iniciativa da União Nordestina de Assistência a Pequenas Organizações (UNO), foi a partir de 1990 que começaram a surgir entidades de microcrédito criadas por iniciativa do Poder Público. E, conforme o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), a principal experiência de microcrédito produtivo orientado no Brasil é ainda mais recente, sendo conduzida pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB), por meio do Programa Crediamigo, criado em 1997. Em nível nacional, apenas oito anos mais tarde o Governo Federal instituiu o Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO), o qual é coordenado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Já em 2011 foi criado o Programa Crescer, também federal, com a finalidade de ampliar o acesso de empreendedores formais ou informais, com faturamento de até R$ 120 mil, ao microcrédito por meio de bancos públicos federais. INCENTIVO FINANCEIRO DE NORTE A SUL De acordo com a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), feita no Brasil pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), três em cada dez brasileiros adultos entre 18 e 64 anos possuem uma empresa ou estão envolvidos com a criação de um negócio próprio. Em dez anos, a taxa de empreendedorismo no país aumentou substancialmente: de 23%, em 2004, para 34,5% no ano passa-

10

Empresa Brasil

do. Metade desses empreendedores abriu seus negócios há menos de três anos e meio. E se o número de novos empreendimentos foi ampliado, a procura por crédito também se elevou. Assim, além dos programas nacionais de incentivo ao microcrédito, os governos estaduais e municipais também desenvolveram suas linhas de financiamento destinado a este público. No Rio Grande do Sul, o assunto virou um programa que já financiou mais de R$ 354 milhões, beneficiando 60 mil pequenos empreendedores, em 433 municípios. O Programa Gaúcho de Microcrédito foi criado em 2011 e tem como público-alvo os empreendedores urbanos ou rurais, formais ou informais, individuais ou em grupo solidário, com faturamento máximo de R$120 mil/ano. A ideia é conceder financiamento para atender às necessidades de investimento e capital de giro de atividades produtivas de pequeno porte. No estado vizinho, Santa Catarina, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável do Estado criou o Juro Zero, destinado aos Microempreendedores Individuais formalizados e que já está atuando em todos os 295 municípios. A linha de crédito vai até o limite de R$ 3 mil, e se o empreendedor pagar todas as parcelas em dia, a última, que é referente às taxas de juro, é quitada pelo Governo do Estado. A iniciativa do Banco do Empreendedor, em Curitiba, no Paraná, também merece destaque. É uma proposta estadual que diminui as taxas de juros à medida que o empreendedor se capacita e expande o negócio. Na outra ponta do país, em Manaus, no Amazonas, o Banco da Gen-


te também é um programa de crédito fácil ao micro e pequeno empreendedor e foi criado pela prefeitura, por meio da Secretaria de Projetos Especiais e Gestão Tecnológica (Semtec). O principal objetivo deste fundo é garantir linhas de crédito e financiamento para compra de máquinas, equipamentos e capital de giro com juros baixos, condições especiais de pagamentos e descontos para quem pagar a dívida em dia. E, seguindo os bons exemplos, a prefeitura de Fortaleza, no Ceará, incentiva os jovens empreendedores, com idade entre 18 e 29 anos, com crédito de até R$ 15 mil. A ideia é que eles desenvolvam projetos de empreendimentos produtivos, de serviços ou de comércio. AJUDA PARA INCREMENTAR AS VENDAS A venda de lanches rápidos da empreendedora Janaína de Andrade Botelho recebeu um ingrediente especial em 2015: um microcrédito no valor de R$ 9 mil. O montante serviu para a compra de um Food Truck, com o propósito de ampliar os negócios. “Não conhecia o sistema de microcrédito. Fiquei sabendo ao acaso, quando estava na Prefeitura regularizando o alvará”, conta Janaína. Ela aproveitou a oportunidade, conseguiu um avalista e, em cerca de 15 dias, estava com o dinheiro na mão. As taxas de juros, segundo Janaína, eram menores que as de uma agência bancária e também não teve muita burocracia. “É uma forma de incrementar o negócio e pagar com parcelas suaves, que não comprometem o orçamento”, comemora.

Assim como Janaína, muitos outros pequenos empresários estão buscando auxílio financeiro por meio do microcrédito. Conforme o diretor executivo da PortoSol, Cristiano Mross, somente no último semestre de 2015 foram liberados cerca de R$ 870 mil mensais em financiamentos, sendo o valor médio de solicitação por empreendedor em torno de R$ 3.350,00. A PortoSol é uma instituição comunitária de crédito, que foi criada como uma Organização Não Governamental (ONG) por iniciativa da prefeitura de Porto Alegre, governo do Rio Grande do Sul, Federasul e Associação de Jovens Empresários de Porto Alegre. Mross comenta que os pequenos empreendedores buscam no modelo de financiamento a facilidade, a rapidez e baixas taxas de juros. “Notamos que a inadimplência também é pouco significativa. Em 2015, está em 2% ao mês e são provocadas principalmente por baixa nas vendas e serviços prestados, endividamento pessoal e outros problemas familiares”, avalia.

A empreendedora Janaína de Andrade Botelho recebeu um ingrediente especial em 2015: um microcrédito no valor de R$ 9 mil

Janeiro de 2016

11


MEIO AMBIENTE

Rompimento de barragem da Samarco devasta economia de Mariana (MG) Estima-se que 80% de toda a riqueza que circula no município têm origem na mineração

Acidente provocou o derrame de cerca de 55 milhões de metros cúbicos de rejeitos e 7 milhões de metros cúbicos de água

A

lém de devastar o distrito de Bento Rodrigues, causando 17 mortes, com três moradores ainda desaparecidos, o rompimento da Barragem de Fundão – da Samarco Mineração –, no município mineiro de Mariana, no dia 5 de novembro de 2015, também causou um forte impacto no quadro econômico da cidade. De acordo com o secretário adjunto de Indústria e Comércio de Mariana, Heliélcio Vieira, estima-se que 80% de toda a riqueza que circula no município tenham origem na mineração, quer de maneira direta ou indireta. “Uma tragédia deste porte, com

12

Empresa Brasil

certeza, mexe com a economia da cidade. O comércio, a rede de hotelaria e serviços e o mercado imobiliário são impactados diretamente pelo ciclo da economia mineral”, afirma. Cerca de 35 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério e água foram despejados, conforme a Samarco Mineração, cujas donas são a Vale e a anglo-australiana BHP. “Alguns empreendimentos foram extintos e outros ficaram inviabilizados de continuarem suas atividades”, conta o secretário. Segundo ele, o rompimento da barragem alterou o cotidiano de todos os comércios existentes em Mariana. A Prefeitura do municí-

pio acionou o Sebrae/MG, que deve fazer um plano de ação para atender aos distritos atingidos pela tragédia. Além do Sebrae/MG, a Prefeitura também solicitou à Junta Comercial do Estado de Minas Gerais o fornecimento gratuito de fotocópias solicitadas por proprietários de empreendimentos que tenham sido atingidos pela lama. Através de uma parceria com o Centro Cape – organização sem fins lucrativos que visa dar suporte ao micro e pequeno empreendedor –, um consultor trabalhará em um plano de ação para os artesãos que foram prejudicados pelo rompimento da barragem.


FISCALIZAÇÃO O Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), que é ligado ao Ministério das Minas e Energia, é o órgão responsável por promover o planejamento e o fomento da exploração mineral e do aproveitamento dos recursos minerais e superintender as pesquisas geológicas, minerais e de tecnologia mineral, bem como assegurar, controlar e fiscalizar o exercício das atividades de mineração em todo o Brasil. Essa fiscalização é feita de forma documental e presencial. Na primeira, as empresas são obrigadas a notificar o DNPM informando a elaboração dos Planos de Segurança de Barragem e de Ação Emergencial; enviar relatórios anuais com informações de suas inspeções; e remeter as declarações de estabilidade das barragens. De acordo com o departamento, a Samarco seguiu todas as etapas em 2013, 2014 e 2015. Na presencial, os fiscais do DNPM vistoriaram o local para atestar o cumprimento da legislação e dos planos de exploração minerária, além de verificar a real existência dos planos de segurança e ação emergencial. Também são verificadas as normas de segurança do trabalho e a exploração mineral. Por meio de nota, o DNPM informou que a barragem de Fundão foi vistoriada in loco em 2012. De lá para cá, foram monitoradas por fiscalização documental. Por estar classificada como baixo risco, embora de dano potencial alto, o planejamento da fiscalização presencial de barragens do DNPM/MG priorizou outras com maiores deficiências de monitoramento. Uma nova vistoria estava prevista para 2015.

O departamento esclarece, no entanto, que o órgão não é responsável pela fiscalização da construção física, suas alterações ou manutenções das barragens. Esta é uma atribuição dos órgãos ambientais, complementada pelo DNPM. PLANO DE AÇÃO O diretor-geral interino do DNPM, Telton Elber Corrêa, fez uma visita ao município de Mariana, no fim de novembro. Na ocasião, ele destacou que 20 consultores foram encaminhados ao local da tragédia para atuar na fiscalização das barragens. Os consultores, segundo o diretor-geral, devem reavaliar o risco das atividades das mineradoras da região e fiscalizar toda a documentação apresentada pelas mineradoras. Ainda em novembro, o governo federal autorizou o Ministério das Minas e Energia (MME) a destinar R$ 9 milhões adicionais ao DNPM para a adoção de novas medidas emergenciais de fiscalização em Minas Gerais para 2015 e 2016. O plano apresentado pelo DNPM para utilização da verba prevê a contratação de auditoria independente para a classificação das barragens cadastradas no órgão; contratação emergencial de especialistas em Geotecnia; assinatura de Termo de Cooperação Técnica com universidades e centros de pesquisa, visando à capacitação de novas equipes em Segurança de Barragens de Mineração; e assinatura de convênio com a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM)/Serviço Geológico do Brasil, a fim de integrar equipes da instituição, para acompanhamento de desastres naturais.

“O comércio, a rede de hotelaria e serviços e o mercado imobiliário foram impactados diretamente pela tragédia” Heliélcio Vieira, secretário adjunto de Indústria e Comércio de Mariana

Janeiro de 2016

13


ECONOMIA

Real desvalorizado estimula o incremento de exportações das MPEs Burocracia e entraves logísticos ainda são obstáculos que impedem muitas empresas de alcançarem o mercado externo

A

variação cambial é um dos fatores que mais tem beneficiado o aumento no número de micro e pequenos empresários exportadores, segundo especialistas. Entretanto, a burocracia é uma das principais barreiras enfrentadas por quem deseja levar seu produto ao mercado externo. Conforme Alexandre Comin, gerente de Acesso a Mercados e Serviços Financeiros do Sebrae, até 2012, a constante queda no número de empresas exportadoras esteve diretamente associada a fatores como valorização do câmbio, aumento dos salários reais, desaceleração do mercado externo e maior concorrência de produtores de menor custo, em especial os asiáticos. “A provável reversão de alguns desses fatores, especialmente a questão da taxa de câmbio, sinaliza para perspectivas mais favoráveis para as exportações das micro e pequenas empresas no futuro próximo”, destaca. Um estudo desenvolvido pelo Sebrae, em parceria com a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), mostra que o número de pequenos negócios que exportam cresceu 2,7% entre 2013 e 2014.

14

Empresa Brasil

Comin: “Mercado de exportação para micro e pequenas empresas segue uma tendência que acompanha o dólar” De acordo com Comin, o mercado de exportação para micro e pequenas empresas segue uma tendência que acompanha o dólar. “Com a desvalorização do real, mais empresas exportam seus produtos, e as que já exportam acabam exportando um volume maior. Isso ocorre basicamente porque a atividade se torna mais lucrativa para aquelas que se lançam na empreitada”, afirma. A falta de maior conhecimento do mercado externo, além da carga

tributária e da burocracia são fatores que ainda prejudicam os potenciais exportadores, diz Fábio Faria, vicepresidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). “Em 2015, vimos um ligeiro aumento no número de exportações de empresas de pequeno porte, o que é um bom sinal. Entendemos que o desenvolvimento de ações no exterior amplia a competitividade de mercado e agrega valor ao produto e à empresa”, defende.


COMÉRCIO EXTERIOR AINDA PRECISA MELHORAR A burocracia necessária para que uma empresa esteja apta a exportar é um grande entrave para o acesso ao mercado internacional, reforça Tiago Augusto Lippi Garbin, especialista em relações internacionais. “Apesar de existirem meios de exportar de maneira simplificada, as empresas precisam fazer seu credenciamento no sistema Ambiente de Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros (Radar) para utilizar o Sistema Integrado de Comércio Exterior.” Além disso, completa Garbin, há todo um processo de gestão da cadeia do comércio exterior, que vai da emissão de documentos até o recebimento do pagamento, despacho aduaneiro e transporte internacional, que demanda alto controle e conhecimento técnico, dada a imensa legislação aduaneira do Brasil. Adolfo Sachsida, técnico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), explica que a desvalorização do câmbio leva de seis a nove meses para ter efeito nas exportações. “Mas a questão que mais afeta o comércio do Brasil com outros países é a logística. Por exemplo, no que diz respeito aos transportes, temos estradas ruins, e os custos dos portos são dos mais caros do mundo”, aponta. “Além disso, empresas exportadoras que precisam importar insumos também acabam prejudicadas, pois, embora vendam mais caro, também pagam preços mais altos”, observa o economista. De acordo com Garbin, a burocracia é a mesma, independentemente do porte da empresa. O que muda é a capacidade financeira e técnica da empresa para gerir seus processos, seja por

meio da contratação de um profissional especializado em comércio exterior, seja por meio da terceirização das atividades. “Claro que mecanismos como o Operador Econômico Autorizado (OEA), que está entrando em vigor e exige das empresas que o adotam altíssimo grau de compliance em seus processos, tende a colocar empresas grandes em um patamar diferenciado, onde a burocracia quase inexiste; mas isso ainda é algo a ser observado”, projeta Garbin. Em termos operacionais aduaneiros, muito tem sido feito para automatizar os processos, dando maior celeridade aos trâmites, afirma. “Mas ainda há muito em que melhorar, principalmente nos casos em que se envolve inspeção de mercadorias antes do embarque (chamados canais de parametrização); há pontos de fronteira onde, entre a constatação da necessidade de inspeção e a inspeção propriamente dita, corre-se um prazo de até cinco dias para ocorrer a liberação de fato e o embarque para o exterior. Nesse meio-tempo, a carga fica parada pagando armazenagem, gerando custo e corroendo o lucro da empresa”, critica Garbin. Para ele, uma simplificação do processo aduaneiro brasileiro é fundamental para ajudar o país a reencontrar o rumo do crescimento econômico.

A falta de maior conhecimento do mercado externo, além da carga tributária e da burocracia são fatores que ainda prejudicam os potenciais exportadores” Fábio Faria

INCENTIVOS Fábio Faria aconselha que as empresas interessadas em exportar, antes de se lançarem no mercado, façam uma pesquisa, pois existe no Brasil um leque de instrumentos de estímulos muito acessíveis, e a maioria sem custos para a empresa. É importante também, diz ele, buscar mercados Janeiro de 2016

15


ECONOMIA onde o produto tenha mais aceitação, onde não haja restrições técnicas ou culturais, por exemplo. “Uma vez que a empresa chega ao mercado internacional, os benefícios são diversos, como linhas de crédito mais acessíveis”, exemplifica. O Sebrae, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), entre outros parceiros, trabalham para aumentar o número de empresas que vendem seus produtos no mercado internacional através do Plano Nacional da Cultura Exportadora (PNCE). “O Sebrae contribui com a capacitação dos pequenos negócios, com a formação de comitês gestores dentro dos estados e tem o papel preponderante de encontrar oportunidades de negócios para as micro e pequenas empresas”, conta Alexandre Comin. Segundo ele, os fatores cruciais de sucesso são a qualidade dos produtos, a eficiência do processo produtivo e a eficácia da gestão, aspectos que estão plenamente ao alcance dessas empresas. Para Faria, apesar de ser uma boa ideia, as dificuldades legais impedem que as empresas façam uso de consórcios para a atividade da exportação. “Trata-se de uma figura jurídica que nunca foi bem equacionada, por conta de problemas tributários”, reitera. BRASIL TRADE Baseado em estudos do Ipea, Tiago Terra, supervisor de competitividade da

16

Empresa Brasil

Apex-Brasil, afirma que empresas que têm participação no mercado externo tendem a ser mais competitivas no interno, pois ficam menos suscetíveis a oscilações cambiais. Com o objetivo de impulsionar o mercado de exportação dos micro e pequenos empresários, a Apex-Brasil vem, desde 2008, tocando o programa Brasil Trade. Partindo da prerrogativa de que muitas MPEs tinham grande potencial para exportar, mas, ao mesmo tempo, diversas dificuldades em encontrar mercado, trabalhar logística e criar uma área de comércio exterior dentro delas, a agência fez parceria com empresas comerciais exportadoras. Com o Brasil Trade, as MPEs se preocupam apenas em produzir o produto e as comerciais exportadoras, somente em exportar. “Os resultados do projeto têm sido bem interessantes. No ano passado, fechamos cerca de US$ 40 milhões em negócios, através do Brasil Trade. Ainda não é possível mensurar a satisfação dos empresários porque não fizemos essa pesquisa, mas temos observado um número crescente de empresas participantes a cada ano”, destaca Terra.

“Empresas que têm participação no mercado externo tendem a ser mais competitivas no interno, pois ficam menos suscetíveis a oscilações cambiais” Tiago Terra

Exportações por Porte de Empresa 2014/2013 PORTE

QTDE 2014

US$ FOB 2014

QTDE 2013

US$ FOB 2013

MICROEMPRESA

4.508

215.345.636

4.106

196.521.652

PEQUENA EMPRESA

5.385

1.746.003.758

5.076

1.569.020.683

MÉDIA EMPRESA

5.926

8.663.853.913

5.546

7.905.567.267

GRANDE EMPRESA

6.087

214.144.391.346

6.680

232.077.872.402

PESSOA FÍSICA

412

331.286.152

401

284.582.998

NÃO DEFINIDO

2

4.026

5

9.718

TOTAL

22.320

225.100.884.831

21.814

242.033.574.720

Fonte: MDIC


JANEIRO/2016 A O 20 6 – SSEBRAE.COM.BR A CO – 0800 570 0 0800

Foto: Gilmar Gomes

QUALIDADE RECONHECIDA Ações focadas na valorização dos vinhos brasileiros investem na melhoria da produção, no aperfeiçoamento da gestão e no acesso ao mercado


AVAL IAÇ ÃO

ÍNDICE APRESENTA CIDADES TURÍSTICAS MAIS COMPETITIVAS Estudo aponta pontos fortes e fracos de 65 destinos turísticos brasileiros e reconhece ações que podem servir de exemplo

Foto: André Telles

LUCIANA BARBO AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS

S

ão Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR) e Belo Horizonte (MG) são os destinos mais competitivos do país, de acordo com o Índice de Competitividade do Turismo Nacional 2015, apresentado em dezembro, em Brasília (DF). Desenvolvido pelo Ministério do Turismo (MTur), Sebrae e Fundação Getúlio Vargas (FGV), o estudo acompanha a evolução do segmento em 27 capitais e 38 municípios. Todos são avaliados em 13 dimensões e 60 variáveis que influenciam a atividade turística, como infraestrutura, serviços e políticas públicas, entre outros. Mais do que um monitoramento, esse estudo é uma ferramenta para destacar iniciativas positivas, que podem servir como incentivo e exemplo para outros destinos, e gargalos que ainda precisam ser sanados. “Não podemos retroceder em relação ao orgulho que o brasileiro tem do país. Uma boa gestão pública para o turismo é fundamental”, afirma a diretoratécnica do Sebrae, Heloisa Menezes.

2

EMPREENDER / SEBRAE

Para ela, o Brasil precisa aproveitar a alta do dólar para desenvolver o turismo. “Se nos últimos anos tivemos um câmbio desfavorável, que tirou o turista brasileiro do nosso país e que dificultou a entrada de estrangeiros, agora temos uma posição inversa e precisamos aproveitar esse momento para garantir ganhos de competitividade ao turismo nacional”, disse a diretora do Sebrae, complementando que agilidade e desburocratização são importantes aliados nesse processo. O presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), Vinicius Lummertz, afirmou que o Brasil tem potencial para o desenvolvimento competitivo desse setor. “Não sobrou fronteira para o desenvolvimento, a não ser a competitividade, por isso, a importância desse trabalho”, destaca Lummertz. O secretário nacional de Políticas de Turismo, Júnior Coimbra, informou que o MTur já concluiu 17 mil obras para o turismo, e mais de 6 mil encontram-se em fase de conclusão, tendo investido um total aproximado de R$ 12 bilhões. E

Turismo no Brasil pode ser beneficiado pela alta do dólar


Foto: Charles Damasceno

Em cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente do Sebrae, Afif Domingos, apresentou a RedeSimples e entregou licenças a empresários

EV OL UÇ ÃO

ABRIR UMA EMPRESA EM CINCO DIAS JÁ É REALIDADE NO DF Em breve, a RedeSimples será implantada em todo o Brasil

DA REDAÇÃO AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS

A

brir uma empresa em até cinco dias já é uma realidade para os empresários do Distrito Federal, que já podem criar seus negócios pelo Portal Empresa Simples. E para marcar o início do funcionamento da RedeSimples, o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, participou, juntamente com o ministro da secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, de cerimônia no Palácio do Planalto, realizada no início de dezembro. Para Afif, a entrega do sistema simplificado de abertura de empresas significa o cumprimento de um compromisso firmado pela presidente Dilma Rousseff. “Sabía-

mos que o prazo de abertura de empresas era um desafio a ser enfrentado. Depois de um esforço coletivo de governo, estamos entregando a RedeSimples, que torna realidade o sonho do balcão único para abrir empresas. É apenas um primeiro passo para conseguirmos criar um país menos burocrático para todos”, afirmou ele. RedeSimples A RedeSimples foi idealizada para integrar União, estados e municípios para reunir, em um processo único, simplificado, previsível e uniforme, a abertura, alterações do cadastro, licenças de funcionamento e a baixa de empresas. Ela será operacionalizada por meio de um sistema

nacional informatizado, o Registro e Licenciamento de Empresas (RLE). Com ele, os futuros empresários ganham um sistema com entrada única de dados, e de resposta integrada entre todos os órgãos. Um dos diferenciais é que no novo processo se confia na palavra do cidadão, substituindo a apresentação de documentos e vistorias prévias por declarações. Ela também desvincula processos como o Habite-se do ato de abertura e legalização de empresas consideradas de baixo risco. Essas inovações permitem simplificar e agilizar a etapa de licenciamento de atividade, atualmente o maior gargalo do processo de abertura.

JANEIRO DE 2016

E

3


Foto: Charles Damasceno

A diretora Heloisa Menezes participa da entrega do Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador

INOVAÇ ÃO

CONVÊNIO APOIA INVESTIMENTO EM NEGÓCIOS DE IMPACTO SOCIAL Parceria entre Sebrae, Anprotec e ICE foi firmada durante evento que premiou instituições inovadoras de todo o país

MÁRCIA LOPES AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS

I

ncubadoras e aceleradoras de todo o país serão estimuladas a investir em negócios de impacto social. Convênio de cooperação técnica nesse sentido foi firmado em dezembro pelo Sebrae, pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e pelo Instituto de Cidadania Empresarial (ICE). A parceria entre as três instituições foi firmada durante a entrega do Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador, concedido pela Anprotec com apoio do Sebrae. Por meio do convênio, o Sebrae irá oferecer cursos e consultorias para até 50 empreendedores em 2016 e até 30 em 2017.

4

EMPREENDER / SEBRAE

O projeto Incubação e Aceleração de Impacto reconhece incubadoras, parques tecnológicos e empresas nascentes que mais se destacaram por seus resultados e inovações durante o ano. O ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera, presente ao evento, reforçou o compromisso com o empreendedorismo inovador. “Buscamos uma relação mais transparente, mais ágil e clara, que vai valorizar aqueles que produzem pesquisa e inovação e que projetam o Brasil para ser um país de destaque nas próximas décadas”, afirmou. Crescer sem Medo Segundo a diretora-técnica do Sebrae, Heloisa Menezes, a melhor maneira

de vencer momentos de adversidade é agregar competências e recursos. “Por meio da parceria e do estímulo ao empreendedorismo e à inovação, podemos superar qualquer momento de crise”, frisou. Para ela, o trabalho com empresas de impacto social é uma aposta interessante para as incubadoras. A diretora também mencionou o projeto de lei que está em tramitação no Congresso, o Crescer sem Medo, que, entre outras medidas, deve aumentar o teto das pequenas empresas de R$ 3,6 milhões para R$ 7,2 milhões. “Será um desafio atender às empresas que têm um potencial de crescimento muito grande, mas que hoje ultrapassam o limite de faturamento”, disse Heloisa Menezes. E


INC ENTIV O

PROJETO VALORIZA VINHOS BRASILEIROS Iniciativa que inclui o workshop Qualidade na Taça segue pelo país e pretende elevar a venda de bebidas nacionais

Foto: Antônio Pacheco

DA REDAÇÃO AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS

B

ares e restaurantes de 16 cidades em 14 estados brasileiros estão participando, desde setembro de 2014, do Qualidade na Taça, projeto desenvolvido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). O objetivo é aumentar em 15% até este ano a comercialização dos vinhos, espumantes e sucos de uva brasileiros no mercado interno, por meio da qualificação do serviço do vinho no on-trade. A meta é qualificar mil pequenos empreendimentos. O gerente de Agronegócios do Sebrae Nacional, Enio Queijada de Souza, atesta que a visão do consumidor sobre os produtos nacionais está mudando, por conta da capacitação dos profissionais de restaurantes. “Diferentemente das grandes empresas que possuem canais próprios de distribuição, as pequenas vinícolas têm mais dificuldade em chegar a um grande número de estabelecimentos”, afirma o especialista.

sebrae.com.br

facebook.com/sebrae

Com apoio da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o curso é gratuito. O primeiro módulo é online e tem oito horas de atividades. O segundo é presencial, com oito horas de aulas teóricas e práticas. O programa contempla ainda degustações e dinâmicas de aprendizado, com material didático elaborado especialmente para o treinamento. As empresas interessadas devem acessar o site www.qualidadenataca.com.br, preencher o formulário e aguardar o contato de um consultor via telefone. De acordo com o gerente de Promoção do Ibravin, Diego Bertolini, ao escolher um vinho brasileiro na carta do restaurante ou na prateleira do supermercado, o consumidor contribui para o desenvolvimento da vitivinicultura do país, que conta com 1,2 mil vinícolas, sendo 90% micro e pequenas. Em 2013, antes da realização do projeto, foram vendidos pouco mais de 13 milhões de litros de vinhos finos e espumantes brasileiros no primeiro semestre. Em 2015, com muitos dos profissionais já treinados, foram mais de 14 milhões de litros, um aumento de 8,47%. E

twitter.com/sebrae

youtube.com/tvsebrae

plus.google.com/sebrae

JANEIRO DE 2016

5


ED UC AÇ ÃO E M P R E E N D E D O R A

ESTUDANTES DO DISTRITO FEDERAL VENCEM O DESAFIO UNIVERSITÁRIO Pernambuco e Piauí ficaram em segundo e terceiro lugares, respectivamente, na competição promovida pelo Sebrae

Foto: Charles Damasceno

DÉBORA CRONEMBERGER AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS

A

equipe de estudantes do Distrito Federal é a grande vencedora da edição deste ano do Desafio Universitário Empreendedor. Pedro Henrique Dias Ferreira, do curso de Administração da Universidade Católica de Brasília (UCB); Lucian Lorens Ramos, aluno de Música da Universidade de Brasília (UnB); Angela Silveira Cruz, do curso de Análise de Sistemas do Centro Universitário de Brasília (UniCeub), e Ricardo Castro de Aquino, estudante de Direito do UniCeub, superaram outros 104 universitários finalistas com a ideia de negócio de criar um filtro automotivo separador de poluentes. Os vencedores do Desafio, competição nacional promovida pelo Sebrae para estimular competências empreendedoras entre universitários, foram anunciados em dezembro, em cerimônia realizada na sede do Sebrae Nacional, em Brasília. Os estudantes do Distrito Federal ganham troféus, tablets e uma

6

EMPREENDER

viagem ao Japão, em 2016, para conhecer centros de referência em inovação e empreendedorismo. A equipe de Pernambuco ficou em segundo lugar, ao propor como ideia de negócio a plantação de hortas no teto de edifícios. Em terceiro lugar, ficou a equipe do Piauí, com a ideia de uma prótese robótica de baixo custo feita por impressão 3D. Os segundo e terceiro lugares ganham troféus, tablets e uma viagem nacional, para local a ser definido, para conhecer centros de empreendedorismo neste ano. Lucian Ramos, da equipe do Distrito Federal, disse aos colegas das outras equipes para seguirem acreditando nas ideias apresentadas. “Se vocês não realizarem essa ideia, vão deixar muitas pessoas na mão.” “Quanto mais cedo os jovens tiverem contato com as características empreendedoras, como o planejamento e a inovação, melhor”, afirmou a diretora-técnica do Sebrae Nacional, Heloisa Menezes. E

Vencedores comemoram a conquista; em 2016 eles viajarão para conhecer centros de empreendedorismo no Japão

INFORME SEBRAE Presidente do Conselho Deliberativo Nacional: Robson Braga de Andrade. Diretor-Presidente: Afif Domingos. Diretora-Técnica: Heloísa Guimarães de Menezes. Diretor de Administração e Finanças: Luiz Barretto. Gerente de Comunicação: Cândida Bittencourt. Edição: Ana Canêdo.


Boas Práticas Agronômicas em Culturas Bt: a melhor herança que você pode deixar. Acesse o site www.bo boas boas aspr prat pr a ic at icas asag agronomicas.com.br e veja quais são as reco ome mend ndaç nd açõe aç çõe õ s té técn c icas para preservar os benefícios trazidos pela biottecno olo logi g a ag gi agrícola. O futuro ro agr g adece.

Celestino Zanella e família / Produtor de algodão de Barreiras - BA

Ket etc hum

É agindo agora que você preserva o futuro.


TRABALHO Foto: Bartłomiej Szewczyk/ fotolia.com

Taxa de desemprego é a maior da série iniciada em 2012 pelo IBGE

Em 2016, o desemprego irá aumentar no país Estimativa é de que essa taxa alcançará 11% no decorrer do ano, podendo agravar-se se o governo não encontrar soluções para estancar a crise

18

Empresa Brasil

E

m 2016, o desemprego irá aumentar. Para este ano, Tiago Cabral Barreira, pesquisador em economia do trabalho do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre)/ FGV, prevê que a taxa de desemprego ficará próxima de 9%, tendo como referência a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, que mensura o mercado de trabalho em todo o país. Em 2016, essa taxa deve saltar a 11,0%. No trimestre encerrado em agosto, o desemprego apurado pela pesquisa foi de 8,7%, o maior patamar da série histórica iniciada em 2012. O contingente de desocupados chegou a 8,8 milhões de pessoas, um aumento de

2 milhões – o equivalente à população de Manaus – na comparação com o mesmo período do ano passado. O desemprego no país alcançou 8,9% no terceiro trimestre (julho, agosto e setembro) de 2015, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a maior taxa da série iniciada em 2012. No trimestre anterior (abril, maio e junho), o indicador estava em 8,3%, correspondendo a uma população desocupada de 9 milhões de pessoas e de 92,1 milhões de pessoas ocupadas. A pesquisa indica, ainda, que cerca de 35,4 milhões de pessoas tinham, no terceiro trimestre, carteira de trabalho assinada no setor privado.


A Bahia foi o estado que teve a maior taxa de desocupação (12,8%) e Santa Catarina, a menor (4,4%). MPES A crise econômica também pegou em cheio as MPEs. De acordo com o Sebrae, com base em dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), foram fechadas 49,7 mil vagas com carteira assinada no setor, em outubro do ano passado. O número é maior que o dobro do corte registrado em setembro: 23,4 mil. Conforme o Sebrae, entre as pequenas empresas o segmento que mais fechou vagas em outubro foi o da indústria da transformação, com queda de 19,5 mil empregos. Na construção civil a queda foi de 14 mil postos, 3,4 mil a mais que na agropecuária. No acumulado do ano, até outubro, o comércio foi o setor em que os pequenos negócios registraram maior saldo negativo na geração de empregos: extinção líquida de 121.839 postos de trabalho. A indústria de transformação veio logo atrás, com 105.885 vagas extintas. No setor de serviços e na agropecuária, houve geração líquida de empregos. Entre janeiro e outubro de 2015 foram criados, respectivamente, 187.845 e 47.049 postos. Heloísa Menezes, técnica do Sebrae, informou que nos últimos anos os pequenos negócios têm sido os responsáveis pela geração de emprego no país, o que não foi diferente em 2015. “Apesar da diminuição da geração de empregos em relação aos últimos anos, entre os meses de janeiro e outubro do ano passado os pequenos empreendimentos regis-

traram um saldo positivo de aproximadamente 66 mil vagas. Já as médias e grandes empresas fecharam mais de 896 mil postos de trabalho.” CRÉDITO Para Heloísa, o acesso ao crédito é um importante aliado para ajudar os donos de pequenos negócios a enfrentar as dificuldades. “Temos trabalhado para que as micro e pequenas empresas tenham acesso a crédito com juros abaixo do praticado no mercado. No início de 2015, apresentamos ao Ministério da Fazenda uma proposta para que os bancos liberem 20% do depósito compulsório para o capital de giro dos pequenos negócios”, destaca. Mas o empreendedor também precisa trabalhar com outras frentes para enfrentar a crise. Conforme Heloísa, os donos de pequenos negócios devem melhorar a gestão financeira e inovar para reduzir custos, fidelizar clientes, buscar novos mercados e se diferenciar da concorrência.

“Temos trabalhado para que as micro e pequenas empresas tenham acesso a crédito com juros abaixo do praticado no mercado” Heloísa Menezes, técnica do Sebrae

CENÁRIO A reversão desse quadro, segundo a diretora técnica está atrelada à duração da atual política econômica do governo que, por sua vez, está ancorada na manutenção da taxa básica de juros (Selic) em patamares elevados, para combater a inflação. “O ajuste fiscal, ainda em processo de aprovação pelo Congresso Nacional, também tem papel fundamental na retomada do crescimento econômico. Caso seja aprovado e implementado neste ano, e a inflação dê sinais de arrefecimento, é provável que, no segundo semestre, a economia comece a retomar o seu ritmo de crescimento”, prevê.

Janeiro de 2016

19


SUSTENTABILIDADE

Florianópolis ganha modelo inédito de parada de ônibus Projeto ecossustentável, desenvolvido por empresários locais, gera energia solar para carregar celulares dos usuários e também armazena água da chuva para irrigar seu telhado verde

T

eto verde para amenizar o calor, placas fotovoltaicas para gerar energia própria e até entradas USB para recarregar celulares são algumas das inovações que um grupo de empresários desenvolveu para tornar a espera pelo ônibus uma experiência mais agradável. A unidade foi instalada com autorização da Prefeitura Municipal de Florianópolis (SC), na Agronômica, na Rua Rui Barbosa. Segundo a coordenadora do Núcleo Empresarial da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (Acif), Maria Cecília Guinle, o projeto é resultado de vários estudos sobre abrigos de ônibus pelo mundo. “Nós fizemos visitas técnicas internacionais e reunimos modelos instalados em grandes cidades como Amsterdã, Paris, Boston, Califórnia, Miami e outras aqui do Brasil. Então, decidimos mesclar as coisas mais interessantes de cada uma para montar um lugar em que o usuário tivesse conforto e comodidade enquanto espera pelo transporte. Com todos os itens que comporta, nosso protótipo é o único deste tipo no Brasil.” O protótipo foi baseado em um projeto da arquiteta Patrícia Carmona. A ideia de tornar a espera pelo ônibus algo menos sofrido nasceu quando a dona da PHCarmona ainda

20

Empresa Brasil

A estrutura foi planejada pela Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (Acif)

era estudante e usava muito o transporte público. “As paradas da cidade são feitas de policarbonato, que é um material facilmente vandalizado e aquece muito no verão. As paradas são caixas quentes. Além disso, os bancos são tubulares, o que gera muito desconforto. Por causa disso, é comum ver os usuários do transporte público sentados no encosto do banco, onde é menos desagradável”, explica a arquiteta. Inicialmente, o projeto seria apenas uma maquete. No entanto, após fazer alguns contatos, outros empreendedores de diferentes partes do estado se interessaram em ajudar. E

foi assim, de forma totalmente colaborativa, que a maquete passou a ser realidade. “Sem a ajuda e a dedicação de todas as pessoas que acreditaram na ideia, talvez o projeto não passasse de uma maquete mesmo”, observa Carmona. Quem fez boa parte dos contatos foi Nelson Akimoto, dono da Nord Eletric SA, empresa de soluções em engenharia elétrica que colaborou com o projeto doando as placas fotovoltaicas. “As estruturas, lâmpadas, fiação e o resto do material vieram do oeste do estado. O Nelson entrou em contato com outras empresas, que doaram o material”, relata a arquiteta.


Feito de material reciclável, abrigo possui produção de energia elétrica que dura até três dias Para a construção do ponto de ônibus, os empresários se preocuparam em selecionar materiais que minimizassem o consumo de recursos naturais e potencializassem a sua reutilização. As placas fotovoltaicas geram energia limpa por meio da incidência solar. O sistema permite a iluminação do ambiente durante a noite, com lâmpadas de LED. Além disso, a energia gerada também pode ser utilizada para carregamento de celulares via USB. Na ausência do sol, as placas podem armazenar energia para até três dias de uso sem realimentação. O teto verde, uma cobertura com vegetação, foi feito para diminuir o calor. Aliado a isso, foi desenvolvido um sistema de irrigação autônoma que ocorre por meio da reutilização de água da chuva. A estrutura feita em aço é outro fator que torna o abrigo totalmente reciclável. O forro da cobertura e os bancos são feitos com chapas de madeira plástica. “O material utilizado também é reciclado, produzido no Presídio Agrícola de Palhoça”, explica Carmona. Ainda está prevista a instalação de um bicicletário e de um painel para fornecer informações das linhas de ônibus que passam pela parada. Os idealizadores do projeto esperam também que alguma empresa se interesse pela instalação de rede Wi-fi, pois o abrigo já conta com o espaço destinado a isso. Sander DeMira, presidente da Acif, acredita que, se houver inves-

timentos em transporte coletivo de qualidade, a mobilidade em Florianópolis pode melhorar. “Com isso, o usuário percebe que vale a pena deixar o carro em casa.” A iniciativa foi realizada pelo Núcleo de Paisagismo da ACIF, mas contou com o apoio do Projeto Empreender Competitivo 2013-2015, uma parceria entre a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e o Sebrae. O Núcleo não soube informar o valor total investido no projeto, pois ainda está em fase de levantamento de dados. NÚCLEO DE PAISAGISMO O Núcleo de Paisagismo, responsável pelo protótipo do abrigo, é formado por sete empresas: PHCarmona, Vida no Teto, Eneida Goss Casa e Jardim, Jardinaria Raquel Melilo, Curso de Paisagismo Ecológico, Bio tropica e Ilha Verde. A troca de experiências e a colaboração entre os empreendedores do núcleo foram fundamentais para aumentar a competitividade no mercado. “Estou há 5 anos participando do Núcleo e vejo como está crescendo com ações importantes para nossas empresas. Realizamos três Semanas de Paisagismo, o que nos fez conhecer muitos profissionais da área. É um grupo muito ativo e agora conseguimos realizar o sonho de doar algo para a cidade”, afirma Maria Cecília Guinle, dona do Vida no Teto, empresa de paisagismo ecológico.

O ponto tem 9,8 m², e quatro nichos para carregamento de celulares e um espaço para deficientes físicos

SERVIÇO: Os interessados em colaborar e dar sugestões podem curtir a página da Parada de Ônibus Ecossustentável no Facebook (https://www.facebook.com/ paradaecossustentavel/?ref=hl) ou encaminhar um email para paradadeonibusecossustentavel@ gmail.com.

Janeiro de 2016

21


CBMAE

CBMAE devolve à economia mais de R$ 68 milhões Em 2015, a atuação da Câmara realizou mais de 35 mil atendimentos, o que propiciou a redução de despesas que decorrem de processos na Justiça Comum

N

o biênio 2014-2015, a Rede Câmara Brasileira de Mediação e Arbitragem Empresarial (CBMAE) realizou mais de 35 mil atendimentos, devolvendo à economia cerca de R$ 68 milhões. O desafio para o próximo ciclo do programa é aumentar o número de atendimentos em pelo menos 50%. A Rede congrega câmaras e Postos Avançados de Conciliação Empresarial (PACEs) em todo o Brasil. O novo projeto da CBMAE, que se inicia em 2016, prevê a ampliação da participação no mercado. “A ideia é gerar receita também por meio da consultoria e pelo suporte que é oferecido à Rede. Em dezembro de 2015, dentre os procedimentos protocolados, tivemos um de arbitragem no valor de R$ 200 milhões. Só esse atendimento pode nos gerar uma receita de R$ 80 mil, então temos um campo vasto a explorar”, declara Eduardo Vieira, coordenador da CBMAE. Devido à confidencialidade, o processo não pode ser comentado. No entanto, o caso demonstra o caminho traçado para a consolidação da marca CBMAE no mercado. “A arbitragem já está assente no Brasil. Quem nos procura conta com uma lista composta por grandes juristas e principais arbitralistas do país”, declara George Teixeira, presidente da Confederação

22

Empresa Brasil

Workshop com especialistas, promovido no 2º Fórum CACB Mil

Pacto pela não Judicialização de Conflitos Empresariais, realizado em São Paulo das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil, entidade da qual faz parte o programa CBMAE. Um dos principais objetivos do programa é disseminar a cultura da pacificação e conscientizar empresários e profissionais sobre as vantagens no uso

dos métodos extrajudiciais de solução de conflitos. Também são novos objetivos para o projeto conquistar mais mercados e a consolidação da marca. As ações serão pontuais, partindo de três eixos estratégicos: articulação de parcerias, expansão de mercado e ges-


tão da Rede CBMAE nas Associações Comerciais e Empresariais (ACEs). “No que diz respeito à parte institucional, pretendemos realizar mais ações junto ao Estado, como os Tribunais e o Ministério da Justiça, a fim de atender às regras do Novo Código de Processo Civil (NCPC), que está previsto para entrar em vigor em março de 2016”, explica Eduardo. O NCPC prevê a audiência de conciliação e mediação como regra, sendo dispensada apenas em situações em que ambas as partes manifestarem desinteresse na conciliação ou quando o direito pleiteado não admita a composição. “Isto abrirá um vasto mercado para as câmaras de conciliação e mediação. É uma oportunidade para a CBMAE ganhar mercado e se consolidar como prestadora de um serviço confiável”, aposta.

Retrospectiva CBMAE No último ciclo do programa (2014-2015), a Rede CBMAE realizou diversas ações importantes, por meio de capacitações, abertura e inauguração de novos postos de atendimento e parcerias com o Poder Público. Entre algumas das metas alcançadas, estão: • Lançamento do Pacto pela • Treinamento para duas mil pessoas: foram capacitados não Judicialização de Conflitos profissionais para atuarem em Empresariais: mais de 300 procedimentos de mediação e empresários e profissionais arbitragem. assinaram o compromisso de buscar os métodos adequados • Desenvolvimento de um de solução de conflitos, evitanmodelo próprio de certificação do as vias judiciais. de mediadores: a certificação garante que haja profissionais • Participação da Semana Naciobem treinados para atender a nal de Conciliação realizada pelo demandas empresariais. Conselho Nacional de Justiça (CNJ): as associações comerciais • Distribuição de cinco edições da participantes promoveram Revista Resultado: distribuída cerca de 820 agendamentos, em todo o Brasil, a publicação é sendo que 90% das audiências de conteúdo técnico e colabora realizadas resultaram em acordo, com a difusão da cultura da negociando R$ 1.369.987,20. pacificação. • Realização do Mutirão de Con- • Parceria com o Conselho ciliação Empresarial: foram agenFederal da OAB na edição do dadas mais de 5.000 audiências, livro Manual de Arbitragem sendo que 80% das realizadas para Advogados: obra orienta alcançaram acordo, com arrecaprofissionais sobre os usos e as vantagens do instituto. dação de R$ 2.723.753,54.

• Realização de cinco workshops em encontros empresariais das Federações. • Realização de dois eventos sobre o tema “Arbitragem na Administração Pública”. • Ampliação do convênio entre CBMAE, os Tribunais de Justiça de São Paulo e Minas Gerais, além da assinatura de novo convênio com o Tribunal do Maranhão. • Parceria com a Associação Comercial do Maranhão na realização do 1° Balcão de Negociação de Dívidas do estado: foram recuperados mais de R$ 7 milhões em apenas cinco dias. • Criação de novas unidades de atendimento: foram inauguradas 14 câmaras e PACEs, completando 96 pontos de atendimento em todo o país.

Serviço: para saber mais, visite a página http://www.cbmae.org.br/n/.

Falta de ética fere confiança em câmaras de arbitragem Devido a denúncias contra práticas antiéticas de câmaras e cursos de arbitragem, a Comissão Especial de Mediação, Conciliação e Arbitragem do Conselho Federal da OAB (CEMCA/CFOAB) realizou, em setembro de 2015, uma reunião para discutir o assunto, entre outros temas, em Maceió (AL). Francisco Maia, secretário-geral da CEMCA, alerta que vêm surgindo instituições arbitrais que se valem de práticas não recomendadas e até criminosas. “Essas câmaras estão usando expedientes como, por exemplo, nome de tribunal e uso do brasão da República, o que inclusive é crime. Estão fazendo procedimen-

tos não pautados na forma correta de utilizar esses institutos. Há casos até de forçarem pessoas a realizarem arbitragem.” Diante disso, a Comissão decidiu elaborar enunciados e recomendações para orientar a população. “A intenção é enviar isso às assessorias e ao Conselho Federal da OAB para que sirva de subsídio de condutas reprováveis e criminosas”, explica o secretário. Segundo ele, as denúncias são preocupantes. Versando sobre câmaras inidôneas, cursos suspeitos, pessoas que se intitulam “juízes arbitrais”, instituições que se denominam “Tri-

bunais Arbitrais”, carteiras de “juiz arbitral” e outras irregularidades, os enunciados passarão por votação da CEMCA e do Colégio de Presidentes das Comissões de Mediação e Arbitragem das Seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil e Entidades Nacionais (COPREMA). Para Eduardo Vieira, a falta de ética praticada por algumas instituições difama o instituto da arbitragem, prejudicando pessoas e empresas que não têm conhecimento sobre o tema. “É indicado que as pessoas se informem e pesquisem bem antes de selecionar uma câmara para realizar qualquer procedimento que seja”, aconselha.

Janeiro de 2016

23


RECURSOS HUMANOS

Você foi demitido? Dê uma pausa e analise suas potencialidades Ao ser desligado, o profissional deve rever seus talentos em busca de novas oportunidades; a opção por outras funções pode ser válida

E

m meio ao cenário que projeta o crescimento das taxas de desemprego para os próximos períodos, muitos são os profissionais que, ao serem surpreendidos com o desligamento, ficam totalmente sem chão. Geralmente, a demissão chega de repente, sem que o colaborador esteja preparado. Certo? Nem sempre. Com o empresário José Luiz Cipolla, 55 anos, foi diferente. Depois de 27 anos de atuação na Randon, em Caxias do Sul, na serra gaúcha, chegou a hora de mudar a rotina e apostar em um novo caminho. Encaminhado pela empresa para uma consultoria de carreiras, Cipolla teve a clareza de que era preciso empreender para continuar sendo desafiado. Há um ano, ele integra o quadro societário da Empreenda.Vc, empre-

24

Empresa Brasil

Cipolla, depois da demissão: “Tive a clareza de que era preciso empreender para continuar sendo desafiado” sa que tem a missão de fomentar o empreendedorismo dentro e fora das organizações. Da nova fase, Cipolla diz não abrir mão da autonomia e da

proximidade e contato com o público. “Antes, tinha uma rotina determinada”, recorda Cipolla, ao lembrar do principal desafio que enfrentou na


antiga empresa. “Fui para Argentina para administrar todas as pontas da operação de uma nova unidade”, conta. O empresário, que também é maratonista, agora precisa correr para apresentar ao mercado soluções inovadoras e inteligentes. Para aqueles que estão sendo desligados, ele aconselha uma consultoria empreendedora como caminho. “Além de aconselhamentos, os fatos levantados e os testes feitos ajudaram a conduzir a minha escolha”, diz. PARAR E REFLETIR O caminho traçado por Cipolla é o mesmo sugerido pela coordenadora do curso de Analista RH da Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ), Anna Cherubina. Ela, que também é consultora na área de gestão de pessoas em empresas, é enfática ao dizer que é preciso associar a demissão a um momento de reflexão. “Não importa se é uma semana,

um mês ou mais. O importante é o profissional se dar um tempo para analisar o que aconteceu e reconhecer as suas potencialidades e talentos”, recomendou, ao lembrar que é preciso extrair dessa situação o que ela traz de melhor. O “mergulho em si mesmo” deve ter um significado de renovação e oxigenação da carreira. Um aconselhamento com profissionais de recursos humanos pode facilitar o processo de recolocação ou até mesmo despertar a aptidão para novos caminhos, como aconteceu com Cipolla. Segundo Anna, a escolha por abrir o próprio negócio cresce a cada dia. “O aconselhamento pode ajudar a identificar essa visão, que é uma tendência de mercado pois as pessoas buscam cada vez mais qualidade de vida”, pontua. Para não perder profissionais com grande potencial, as empresas precisam se preparar para um mercado mais aberto. Conforme Anna, o empreendedor deve saber que o capital intelectual pertence a cada profissional. Anna enfatiza que a escolha pelo empreendedorismo está associada às características que o novo líder imprime na rotina de trabalho com autonomia e liberdade. Ela explica que a capacidade e o desempenho em meio à crise também são requisitos básicos para ser empreendedor, até porque as “empresas são feitas de crises”.

Anna: “É preciso associar a demissão a um momento de reflexão”

Olhar a própria carreira Depois de maturar e analisar a própria carreira e identificar o que a demissão gerou, é chegada a hora de olhar para o cenário que se tem pela frente. São diversos os caminhos para iniciar a busca por uma nova oportunidade. O profissional pode escolher o apoio de uma consultoria que colabore com a recolocação, mas Anna lembra que, antes de tudo, é necessário apostar no networking, ou seja, no relacionamento construído com outros profissionais ao longo dos anos. Para a ordenação do currículo – cartão de visitas do profissional –, é preciso que todas as informações atendam aos requisitos básicos da função, não tenha mais que duas páginas, conste a experiência profissional de forma resumida e sem dados e atribuições repetidas. A tecnologia pode também ajudar nesse processo. O cadastro em redes sociais, como o LinkedIn, pode facilitar na seleção, canais que estão sendo muito explorados pelos recrutadores. “Mas é preciso cuidado com as redes sociais porque, enquanto o LinkedIn funciona na seleção, o Facebook pode excluir pela postura ou exposição excessiva e inadequada”, observa Anna Cherubina, alertando que “quem está desempregado não deve procurar um emprego e sim uma oportunidade de trabalho”.

Janeiro de 2016

25


INVESTIMENTOS Foto: Adam121/ fotolia.com

Momento é propício para investir em empresas inovadoras que tenham criado uma necessidade real de mercado

Nem mesmo a crise econômica arrefece o investidor-anjo A cada ano cresce, no Brasil, o interesse de investidores por startups inovadoras, comprova pesquisa divulgada no final do ano passado. Somente no período de junho de 2014 a junho de 2015, o setor movimentou um total de R$ 784 milhões, diante de R$ 688 milhões de igual período anterior 26

Empresa Brasil

A

pesar das previsões de repetir um PIB negativo, 2016 não será tão ruim, no Brasil, como muita gente pensa. Ao menos para aqueles empreendedores inovadores que podem crescer mesmo em épocas de crise econômica, desde que tenham criado uma necessidade real de mercado. Para esses, não vai faltar dinheiro, segundo prevê Cassio Spina, presidente da Anjos do Brasil. “Mesmo com as perspectivas negativas do ponto de vista macro, acreditamos que o valor total de

investimento-anjo em 2016 deverá ainda crescer significativamente, em comparação a 2015”, afirmou Spina à Empresa Brasil. Como todo o investidor-anjo, tem consciência de que o retorno de seu investimento não é imediato, mas leva em média entre quatro e cinco anos, o momento é propício para investir, reforça o executivo. “O presente é pouco relevante para esse tipo de investidor que sempre olha para o futuro.” Outro fator que estimula o investidor-anjo a não arrefecer, mesmo


Divulgação

com a incerteza da economia, é de que os investimentos tradicionais, como imóveis e bolsa, perderam atratividade. Nessa linha, o investidor deve migrar para alternativas que podem oferecer risco, mas acenam com rentabilidade maior. “Assim, fica fácil entender por que os investimentos-anjo estão crescendo no Brasil e devem continuar a crescer em 2016”, complementa. O otimismo de Spina é sustentado por pesquisa realizada pela própria entidade em que atua como dirigente. De junho de 2014 a junho de 2015, o investimento-anjo no Brasil em empresas iniciantes de base tecnológica, as chamadas startups, movimentou R$ 784 milhões, o que representa um incremento de 14% em comparação aos R$ 688 milhões investidos no mesmo período anterior. Para o executivo, esses números mostram que a atividade não foi afetada pela crise no período, mas pode ter inibido a entrada de novos aplicadores, o que é demonstrado pela pesquisa. De acordo com o levantamento, o número de investidoresanjo cresceu apenas 3%, passando de 7.060 para 7.260. No período anterior, o crescimento foi de 9%. O valor médio investido, conforme a mesma pesquisa, passou de R$ 97,5 mil para R$ 108 mil por investidor, que dispõe de R$ 339 mil, em média, para aplicar em novos negócios. Esse descompasso entre o total investido e o capital disponível, segundo o presidente da Anjos do Brasil, mostra que ainda faltam bons projetos no país capazes de atrair novos investimentos. “Por isso, reforçamos a necessidade de o empre-

“O investimentoanjo em 2016 deverá ainda crescer significativamente, em comparação a 2015”, afirma Cássio Spina

endedor se preparar melhor. É preciso testar a ideia, torná-la factível, conhecer seus concorrentes”, orienta Spina. E completa: “A inovação é o único jeito de ter sucesso”. Hoje, no Brasil, de acordo com o dirigente, o mercado do investidor-anjo tem uma disponibilidade de R$ 3 bilhões. “Isso comprova que há dinheiro disponível, desde que seja para bons projetos.” Spina lembra que o mercado do investimento-anjo tem prosperado até mesmo na Grécia, país quase excluído da União Europeia por insolvência. Atualmente, os Estados Unidos é o país líder com um total de US$ 24 bilhões de investimentos ao ano, seguido pela Europa, com 5,5 bilhões de euros. “Ainda temos espaço para crescer muito no segmento de investimento-anjo. Entretanto, para alcançarmos esse objetivo, é preciso antes resolver a questão regulatória e seguir exemplos como da Europa, que conta com incentivos fiscais de estímulo ao investidor.”

O descompasso entre o total investido e o capital disponível, segundo o presidente da Anjos do Brasil, mostra que ainda faltam bons projetos no país capazes de atrair novos investimentos Janeiro de 2016

27


NEGÓCIOS

Mercado de TI resiste às turbulências da economia Setor encerra o ano com saldo positivo e projeta 2016 um pouco mais “tímido”

N

a contramão da crise econômica que assola diversos segmentos empresariais, o mercado de Tecnologia da Informação fecha 2015 com saldo positivo. Mesmo com alguns tropeços, o setor de serviços apresentou um crescimento de 7,4%, segundo estudo apresentado pela IDC Brasil. Esse índice coloca o Brasil como um dos dez países com maior taxa de crescimento no setor no mundo, conforme lembra o presidente da Associação Brasileira de Empresas de Software (ABES), Jorge Sukarie. “Este ano foi desafiador em todas as áreas. Ainda assim, podemos dizer que a Tecnologia da Informação tem o privilégio de, geralmente, sofrer menos oscilações tanto para o bem quanto para o mal”, avalia Sukarie. E explica que isso se deve ao fato de as tecnologias serem um instrumento importante em diferentes situações, ou seja, ajudando a criar soluções para momentos de turbulências ou direcionando novos projetos e criando oportunidades. A exemplo das empresas que comemoram o saldo do ano que se encerra, está a Fusion Consultoria, sediada em Porto Alegre, com atuação no Brasil e na América Latina. A parceira para venda de licenças e serviços da SAP registrou crescimento positivo. De acordo com o diretor comercial, Leandro Barbosa, o desempenho da empresa foi aci-

28

Empresa Brasil

Dependência das empresas que não querem se desatuializar blinda setor de TI contra a recessão

ma da curva prevista. “Vamos concluir 2015 com um crescimento estimado em 25%”, contou Barbosa, ao revelar que a meta foi atingida em função das relações consolidadas em 2014. Apesar disso prevê que os próximos 12 meses devem ser mais discretos. Segundo ele, para 2016, a empresa deve acompanhar o ritmo de recessão da economia brasileira. A aposta da Fusion é na expansão dos negócios e ampliação da carteira de clientes. CRESCIMENTO CONTINUA, MAS MODERADO E se 2015 termina com números positivos, pode-se creditar boa parte disso aos setores de Serviços e de Telecomunicações, que tiveram destaque especial. A constatação faz parte do estudo IDC

IT Services Tracker 2015 H1. Conforme o analista sênior de pesquisas da IDC Brasil, Renato Rosa, responsável pelo levantamento, os dados estão de acordo com a expectativa da consultoria. Ele afirma, porém, que o crescimento do mercado começou a desacelerar no ano passado. “O desempenho nos primeiros seis meses de 2015 foi considerado ‘tímido’ ”, diz Rosa. Isso porque o mercado tem sentido os impactos gerados pelo baixo desempenho econômico. “Se analisarmos o cenário do país, a TI teve comportamento proveitoso. No entanto, o Brasil tem potencial para bem mais que isso”, pondera o presidente da ABES, Jorge Sukarie, ao comparar o crescimento do segmento antes de 2014, quando atingia marcas de dois dígitos percentuais. Para Sukarie, o progresso


do setor deve continuar em 2016, mas de maneira moderada, tendo em vista a conjuntura econômica e política que o país atravessa. “Acredito que deva ser mais um ano difícil e que a retomada de maior crescimento deve ocorrer apenas a partir de 2017”, projeta. A análise vai ao encontro do que também acredita o analista sênior da IDC Brasil, Renato Rosa. Para ele, a TI ainda tem muito potencial para crescer. “Nossa expectativa é de que o mercado siga prosperando, porém, com menores taxas nos próximos semestres.” Segundo Renato, parte dos investimentos em TI está sendo migrada de serviços tradicionais para a terceira plataforma, sendo que há uma aceleração do uso de cloud computing (computação nas nuvens) por conta de alguns dos seus benefícios, como a agilidade na implementação e modelo flexível de pagamento. TOTVS ACREDITA EM OPORTUNIDADES A Totvs, maior fabricante brasileira de software de gestão empresarial, encerrou o terceiro trimestre de 2015 com lucro líquido de R$ 71,7 milhões, o que representa um crescimento de 5,3% na comparação com igual período do ano passado. No acumulado dos 12 meses, o lucro líquido somou R$ 272,1 milhões. A receita líquida totalizou R$ 464,5 milhões, aumento de 4,2%, quando comparada ao mesmo trimestre do ano anterior, e de 2,9% frente ao trimestre anterior. No acumulado dos últimos 12 meses, o valor da receita foi de R$ 1,8 bilhão, 4,7% acima do mesmo período de 2014. De acordo com o presidente da Totvs, Rodrigo Kede, apesar de todo o

cenário econômico e político incerto, a empresa cresceu em receita, lucro líquido. “Continuamos a acreditar que o Brasil é um país com muitas oportunidades de negócio. Hoje, somos o sétimo mercado consumidor do mundo, podendo ser o quinto nos próximos anos”, pontua. O presidente destacou que o país ainda registra uma baixa penetração de tecnologia em relação ao PIB, especialmente se comparado a países desenvolvidos e, principalmente, no mercado de pequenas e médias empresas. “Esses são dados que mostram o tamanho das oportunidades”, diz Kede. Até o fechamento desta edição, a empresa ainda não possuía os números finais de 2015. QUEDA LIVRE O baixo desempenho da economia brasileira também foi responsável por levar a venda de computadores a uma queda de 38% em 2015, na comparação com o mesmo período de 2014. Ao todo, foram 1,637 milhão de computadores vendidos, sendo cerca de 600 mil desktops – redução de 41% – e 1,037 milhão de notebooks – 37% a menos do que foi registrado no 2º trimestre de 2014. Os dados fazem parte do estudo IDC Brazil PCs Tracker Q2, feito pela IDC Brasil, líder em inteligência de mercado, serviços de consultoria e conferências com as indústrias de Tecnologia da Informação e Telecomunicações. O levantamento mostra ainda que 70% das vendas foram para o consumidor final e 30% para o mercado corporativo. Com o resultado, o país caiu da 7ª para a 8ª colocação no mercado mundial, atrás de EUA, China, Japão, Índia, Reino Unido, Alemanha e França.

Jorge Sukarie: “Tecnologia da Informação tem o privilégio de, geralmente, sofrer menos oscilações tanto para o bem quanto para o mal”

Renato Rosa: “Nossa expectativa é de que o mercado siga prosperando, porém, com menores taxas nos próximos semestres”

Janeiro de 2016

29


LIVRO

O primeiro norte-americano que se fez por si próprio

B

enjamin Franklin (17061790) – o homem que aparece na nota de US$ 100 – pode ser considerado o precursor do empreendorismo nos Estados Unidos. Filho de Josiah Franklin, um comerciante de velas, 15º filho de 17 crianças nascidas de dois casamentos, ainda na infância revelou extrema precocidade. Aprendeu a ler sozinho, muito antes da idade escolar, e logo se tornou um devorador de livros. Aos 10 anos, foi obrigado a abandonar os estudos por falta de recursos. Como não quis continuar no negócio do pai por achá-lo enfadonho, foi ajudar seu irmão James em sua tipografia. Além de jornalista, foi diplomata, escritor, filósofo e cientista. É essa história de vida que trata a biografia, recentemente lançada, Benjamin Franklin - Uma vida americana (Cia das Letras), do jornalista norte-americano Walter Isaacson, o mesmo autor do best-seller Steve Jobs, uma biografia. Isaacson, ex-editor da revista Time Life e ex-diretor da CNN, reproduz com brilhantismo a carreira extraordinária de Franklin que, desafiado pela pobreza, soube criar um caminho que o levou a conquistar um dos lugares mais proeminentes na história da nação norte-americana, ao lado de Jefferson e Lincoln. Ele tinha apenas 17 anos, muito pouco dinheiro na algibeira e pouca bagagem, quando, por divergências com o irmão, aceitou convite para trabalhar na Filadélia, a 300 milhas

30

Empresa Brasil

de Boston, onde chegou em um pequeno barco que quase foi ao fundo. Em 1729, tornou-se proprietário de uma gráfica e iniciou, logo depois, a publicação do jornal The Pennsylvania Gazette. Com o pseudônimo Richard Saunders, criou o almanaque Pobre Ricardo, uma coletânea anual de histórias e pensamentos sobre a vida, o amor, a política e outras atividades humanas, de grande sucesso em todo o país. Com 47 anos de idade, acumulara tamanha fortuna que se retirou dos negócios. Fundou a primeira biblioteca circulante dos Estados Unidos e uma Academia que, mais tarde, se transformou na Universidade da Pensilvânia. Organizou um clube de leituras e debates, que deu origem à Sociedade Americana de Filosofia, e ajudou a fundar o hospital do estado. As invenções de Franklin incluíram o pára-raios, o aquecedor de Franklin, as lentes bifocais e o corpo de bombeiros norte-americano. Teve ainda uma participação ativa na Independência dos Estados Unidos, colaborou na redação da Declaração da Independência e da Constituição dos Estados Unidos. Uma de suas frases preferidas era “cada tostão poupado é um tostão ganho”. Entre os provérbios que mais citava, estava o de Salomão, frequentemente repetido pelo seu pai: “Olha para aquele homem diligente no seu trabalho. Ele está destinado a ficar em pé diante de reis, e não entre homens medíocres”.

Desafiado pela pobreza, Benjamin Franklin soube criar um caminho que o levou a conquistar um dos lugares mais proeminentes na história da nação norte-americana, ao lado de Jefferson e Lincoln

BENJAMIN FRANKLIN UMA VIDA AMERICANA Autor: Walter Isaacson Gênero: Biografia Páginas: 608 Formato: 16 x 23 cm Editora: Companhia das Letras Preço: R$ 69,90


ARTIGO

Entre o pessimismo e a ação Mário Lanznaster*

A

situação concreta em que vivemos hoje e os fatos e dados que marcam a conjuntura econômica não deixam dúvidas: 2016 será um ano difícil, mais desafiador do que 2015. Desanimar? Nem falar. A orientação é enfrentar mais esse período de óbices e obstáculos com determinação, pois, quando essa terrível fase passar, quem tiver sobrevivido estará em posição de liderar a retomada do crescimento. Parece fácil falar assim, mas não é. A face mais desumana da crise é o empobrecimento geral da população: todos perdemos poder de compra. Logo, perdemos qualidade de vida. Os estamentos sociais mais vulneráveis da pirâmide social são os que mais sofrem. Por isso, é decepcionante o alheamento do Governo e do Congresso que, neste ano, nada fizeram para enfrentar essa crise ou mitigar seus efeitos. É evidente que o desemprego e o endividamento das famílias se agravarão logo após o carnaval, agravando ainda mais a situação do mercado interno. O custo de produção aumentará em todas as cadeias produtivas, em todos os setores e para todos os agentes econômicos – o que é uma ironia. A economia anda lenta, o consumo baixo, não há escassez de nenhum produto, mas a inflação não cessa e os custos não baixam. A insensatez da gestão macroeconômica e a manutenção artificialmente em baixa dos preços administrados (energia, combustíveis, gás, etc.) para fins eleitorais foram determinantes na construção desse quadro de horror. Portanto, nada relacionado com o cenário externo.

Capitais internacionais, tão necessários à nossa economia, não virão mais, nem para especulação nem para investimentos. A crise política e o embate entre a presidente da República e o presidente da Câmara agravam o cenário. A indexação direta ou indireta de matérias-primas e produtos com mercados internacionais deixa esses insumos vinculados ao dólar e, portanto, encarecem a cada semana. É o caso dos grãos necessários ao funcionamento do gigantesco parque agroindustrial brasileiro – aquele que está salvando a balança comercial do Brasil. O milho e o farelo de soja, itens essenciais na produção de carne, estarão escassos e mais caros. Haverá muita demanda e pouca oferta de milho, cuja produção vem caindo, especialmente em Santa Catarina. Isso tem 100% de incidência direta no custo. Fatalmente, aumentará a inadimplência de muitos agentes econômicos. Poderemos ter uma nova onda de insolvência de pequenas e médias agroindústrias, como aquela que ocorreu em 2012, na crise do superencarecimento do milho. Temo que

a concentração industrial no setor de alimentos cárneos prosseguirá. Balizados pelo preço e pela oferta, o consumo de aves aumentará, o de carne bovina cairá e o de carne suína se manterá em 2016. As exportações continuarão promissoras neste ano, com a abertura de alguns novos mercados e a consolidação de outros. Avançaremos sobre países de língua portuguesa, África do Sul, Ásia, Coreia do Norte. Por todas essas condicionantes, o ano não será de investimentos. A estratégia é manter posição e só avançar com segurança. A inflação baterá, novamente, nos 10%. A crise e seus efeitos deveriam levar o Governo, o Congresso e o Judiciário a refletirem sobre mudanças e transformações que a sociedade exige. Precisamos de um Estado eficiente, controlado por sistemas sociais de avaliação de desempenho e bom uso do dinheiro público, afastando, julgando e condenando os corruptos. A Previdência do setor público, com seus elevados proventos e muitos benefícios, é um encargo que a sociedade não consegue mais suportar. E deve ser mudada. A legislação trabalhista brasileira, comprovadamente a mais complexa, anacrônica e onerosa do planeta, tornouse fator nocivo à empregabilidade – afastando inclusive capitais financeiros internacionais para projetos produtivos, que têm preferido aportar em outros países. Enfim, é necessário ter esperança, mas, também, é necessário vencer o imobilismo. *Presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos e vice-presidente para o agronegócio da FIESC Janeiro de 2016

31



INOVAÇÃO, O INGREDIENTE QUE O SEU NEGÓCIO PRECISA PARA ESTAR SEMPRE EM MOVIMENTO.

É da porta para dentro que a gestão, inovação e produtividade fazem a diferença. É aí que entra a mão do Sebrae para ajudar a fazer o seu negócio ser cada vez melhor.

SUA VIDA É SE SUPERAR A CADA DIA? ESTAMOS JUNTOS.


VOCÊ QUER MAIS PARA O SEU NEGÓCIO? O SEBRAE QUER MAIS É ESTAR AO SEU LADO.

É da porta para dentro que a gestão, inovação e produtividade fazem a diferença. É aí que entra a mão do Sebrae para ajudar a fazer o seu negócio ser cada vez melhor.

SUA VIDA É SE SUPERAR A CADA DIA? ESTAMOS JUNTOS.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.