Revista Empresa Brasil 138

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Empresa

Brasil

Ano 14 l Número 138 l Janeiro de 2017

CACB vence indicação e traz para o Brasil o 11º Congresso Mundial de Câmaras Evento será realizado no Rio de Janeiro, em 2019, e deve atrair mais 1.500 turistas de negócios

NOVA METODOLOGIA DO EMPREENDER TEM COMO FOCO A EVOLUÇÃO DO MERCADO


Federações CACB

DIRETORIA DA CACB TRIÊNIO 2016/2018 PRESIDENTE George Teixeira Pinheiro (AC) 1º VICE-PRESIDENTE Jésus Mendes Costa (RJ) VICE-PRESIDENTES Alencar Burti (SP) Emílio César Ribeiro Parolini (MG) Ernesto João Reck (SC) Francisco de Assis Silva (DF) Guido Bresolin (PR) Itamar Manso Maciel Júnior (RN) Jussara Pereira Barbosa (PE) Kennedy Davidson Pinaud Calheiros (AL) Olavo Rogério Bastos das Neves (PA) VICE-PRESIDENTE DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS Sérgio Papini de Mendonça Uchoa (AL) VICE-PRESIDENTE DA MICRO E PEQUENA EMPRESA Luiz Carlos Furtado Neves (SC) VICE-PRESIDENTE DE SERVIÇOS Rainer Zielasko (PR) DIRETOR–SECRETÁRIO Jarbas Luis Meurer (TO) DIRETOR FINANCEIRO Jonas Alves de Souza (MT)

Acre – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Acre – FEDERACRE Presidente: Adem Araújo da Silva Avenida Ceará, 2351 Bairro: Centro Cidade: Rio Branco CEP: 69909-460

Paraná – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná – FACIAP Presidente: Guido Bresolin Rua: Heitor Stockler de Franca, 356 Bairro: Centro Cidade: Curitiba CEP: 80.030-030

Alagoas – Federação das Associações Comerciais do Estado de Alagoas – FEDERALAGOAS Presidente: Kennedy Davidson Pinaud Calheiros Rua Sá e Albuquerque, 302 Bairro: Jaraguá Cidade: Maceió CEP: 57.020-050

Pernambuco – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Pernambuco – FACEP Presidente: Jussara Pereira Barbosa Rua do Bom Jesus, 215 – 1º andar Bairro: Recife Cidade: Recife CEP: 50.030-170

Amapá – Associação Comercial e Industrial do Amapá – ACIA Presidente: Nonato Altair Marques Pereira Rua Eliéser Levy, 1122 Bairro Centro Cidade: Macapá CEP: 68.900-083

Piauí – Associação Comercial Piauiense - ACP Presidente: José Elias Tajra Rua Senador Teodoro Pacheco, 988, sala 207. Ed. Palácio do Comércio 2º andar - Bairro: Centro Cidade: Teresina CEP: 64.001-060

Amazonas – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Amazonas – FACEA Presidente: Valdemar Pinheiro Av. Senador Álvaro Maia, 2166 Sala 01 – Praça 14 de Janeiro Bairro: Centro Cidade: Manaus CEP: 69.020-210 Bahia – Federação das Associações Comerciais do Estado da Bahia – FACEB Presidente: Clóves Lopes Cedraz Rua Conselheiro Dantas, 5. Edifício Pernambuco, 9° andar Bairro: Comércio Cidade: Salvador CEP: 40.015-070 Ceará – Federação das Associações Comerciais do Ceará – FACC Presidente: João Porto Guimarães Rua Doutor João Moreira, 207 Bairro: Centro Cidade: Fortaleza CEP: 60.030-000 Distrito Federal – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Distrito Federal e Entorno – FACIDF Presidente: Francisco de Assis Silva Quadra 01, Área Especial 03, Lote 01, Núcleo Bandeirante, Setor de Indústria Bernardo Sayão Cidade: Núcleo Bandeirante/DF CEP: 71735-167

CONSELHO FISCAL TITULAR Amarildo Selva Lovato (ES) Valdemar Pinheiro (AM) Wladimir Alves Torres (SE)

Espírito Santo – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropastoris do Espírito Santo – FACIAPES Presidente: Amarildo Selva Lovato Av. Nossa Senhora dos Navegantes, 955. Ed. Global Tower, sala 713, 7° andar - Bairro: Enseada do Suá - Cidade: Vitória - CEP: 29.050-335

CONSELHO FISCAL SUPLENTE Domingos Sousa Silva Júnior (MA) Ubiratan Silva Lopes (GO) Pedro José (TO)

Goiás – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias do Estado de Goiás – FACIEG Presidente: Ubiratan da Silva Lopes Rua 143 - A - Esquina com rua 148, Quadra 66 Lote 01 Bairro: Setor Marista Cidade: Goiânia CEP: 74.170-110

CONSELHO NACIONAL DA MULHER EMPRESÁRIA Neiva Suzete Dreger Kieling (SC) CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO JOVEM EMPRESÁRIO Fernando Fagundes Milagre SUPERINTENDENTE DA CACB Juliana Kämpf GERENTE ADMINISTRATIVO-FINANCEIRO César Augusto Silva COORDENADOR DO EMPREENDER Carlos Alberto Rezende COORDENADOR DA CBMAE Eduardo Vieira COORDENADOR DO PROGERECS Luiz Antônio Bortolin COORDENAÇÃO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL fróes, berlato associadas COMUNICAÇÃO SOCIAL Neusa Galli Fróes SCS Quadra 3 Bloco A Lote 126 Edifício CACB 61 3321-1311 70.313-916 Brasília - DF Site: www.cacb.org.br

Maranhão – Federação das Associações Empresariais do Maranhão – FAEM Presidente: Domingos Sousa Silva Júnior Rua Inácio Xavier de Carvalho, 161, sala 05, Edifício Sant Louis. Bairro: São Francisco - São Luís CEP: 65.076-360 Mato Grosso – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Mato Grosso – FACMAT Presidente: Jonas Alves de Souza Rua Galdino Pimentel, 14 - Edifício Palácio do Comércio 2º Sobreloja – Bairro: Centro Norte Cidade: Cuiabá CEP: 78.005-020 Mato Grosso do Sul – Federação das Associações Empresariais do Mato Grosso do Sul – FAEMS Presidente: Alfredo Zamlutti Júnior Rua Piratininga, 399 – Jardim dos Estados Cidade: Campo Grande CEP: 79021-210 Minas Gerais – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Minas Gerais – FEDERAMINAS Presidente: Emílio César Ribeiro Parolini Av. Afonso Pena, 726, 15º andar Bairro: Centro Cidade: Belo Horizonte CEP: 30.130-003 Pará – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Pará – FACIAPA Presidente: Fábio Lúcio de Souza Costa Avenida Presidente Vargas, 158 - 2º andar, bloco 203 Bairro: Campina Cidade: Belém CEP: 66.010-000 Paraíba – Federação das Associações Comerciais e Empresariais da Paraíba – FACEPB Presidente: Alexandre José Beltrão Moura Avenida Marechal Floriano Peixoto, 715, 3º andar Bairro: Bodocongo Cidade: Campina Grande CEP: 58.100-001

Rio de Janeiro – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Rio de Janeiro – FACERJ Presidente: Jésus Mendes Costa Rua Visconde de Inhaúma, 134 - Grupo 505 - Bairro: Centro Cidade: Rio de Janeiro CEP: 20.091-007 Rio Grande do Norte – Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Norte – FACERN Presidente: Itamar Manso Maciel Júnior Avenida Duque de Caxias, 191 Bairro: Ribeira Cidade: Natal CEP: 59.012-200 Rio Grande do Sul – Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul - FEDERASUL Presidente: Simone Leite Rua Largo Visconde do Cairu, 17, 6º andar Palácio do Comércio - Bairro: Centro Cidade: Porto Alegre CEP: 90.030-110 Rondônia – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado de Rondônia – FACER Presidente: Cícero Alves de Noronha Filho Rua Senador Álvaro Maia, nº 2697, Bairro: Liberdade Cidade: Porto Velho CEP: 76.803-892 Roraima – Federação das Associações Comerciais e Industriais de Roraima – FACIR Presidente: Joaquim Gonçalves Santiago Filho Avenida Jaime Brasil, 223, 1º andar Bairro: Centro Cidade: Boa Vista CEP: 69.301-350 Santa Catarina – Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina – FACISC Presidente: Ernesto João Reck Rua Crispim Mira, 319 - Bairro: Centro Cidade: Florianópolis - CEP: 88.020-540 São Paulo – Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo – FACESP Presidente: Alencar Burti Rua Boa Vista, 63, 3º andar Bairro: Centro Cidade: São Paulo CEP: 01.014-001 Sergipe – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropastoris do Estado de Sergipe – FACIASE Presidente: Wladimir Alves Torres Rua José do Prado Franco, 557 - Bairro: Centro Cidade: Aracaju CEP: 49.010-110 Tocantins – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado de Tocantins – FACIET Presidente: Pedro José Ferreira 103 Norte Av. LO 2 - 01 - Conj. Lote 22 Prédio da ACIPA Bairro: Centro Cidade: Palmas CEP: 77.001-022

• O conteúdo desta publicação representa o melhor esforço da CACB no sentido de informar aos seus associados sobre suas atividades, bem como fornecer informações relativas a assuntos de interesse do empresariado brasileiro em geral. Contudo, em decorrência da grande dinâmica das informações, bem como sua origem diversificada, a CACB não assume qualquer tipo de responsabilidade relativa às informações aqui divulgadas. Os textos assinados publicados são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.


PALAVRA DO PRESIDENTE George Teixeira Pinheiro

A força da CACB

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o final do ano passado, tivemos uma extraordinária vitória com a indicação da cidade do Rio de Janeiro para sediar o 11º World Chambers Congress (WCC), em 2019. Com esta decisão, as Associações Comerciais brasileiras poderão aumentar o networking internacional. E, com isso, as oportunidades de geração de novos negócios e a troca de experiências em projetos sustentáveis realizados pelas Câmaras mundiais. Daqui para frente, vamos entrar em contagem regressiva em torno da organização do Congresso Mundial, o qual representará um dos maiores desafios da entidade em seus mais de 200 anos de história. Tudo começou ainda em 2009, quando a entidade manifestou, pela primeira vez, o seu interesse em realizar o WCC no Brasil. Para tanto, intensificou suas ações internacionais, participando ativamente das edições do WCC em 2011, 2013 e 2015. De forma simultânea, estabelecemos relações com os poderes públicos do Rio de

Janeiro e com o Congresso Nacional. Durante a 1ª reunião de diretoria em 2015, apresentamos a entidade aos integrantes do International Chamber of Commerce (ICC) e demonstramos a nossa capacidade como realizadora de eventos. Na mesma oportunidade, o secretário de Relações Internacionais da prefeitura do Rio de Janeiro, Laudemar Aguiar, mostrou a cidade aos representantes do ICC. Em parceria com a Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRio), foi uma vitória brilhante da CACB, a qual comprova a capacidade de seu corpo diretivo e a coloca entre as mais respeitadas entidades empresariais do Brasil. E para ampliar ainda mais as potencialidades de negócios internacionais, fomos eleitos, em Portugal, vice-presidente do Brasil na CE-CPLP (Confederação Empresarial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), abrindo novas oportunidades para nosso mercado. Enfim, estamos nos preparando para a retomada.

George Teixeira Pinheiro, presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil

Janeiro de 2017

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ÍNDICE Foto: Divulgação/ACRio

8 MATÉRIA DE CAPA

O presidente da Facerj, Jésus Mendes Costa; o presidente da CACB, George Pinheiro; e o presidente da ACRio; comemoram vitória brasileira para sediar o 11th World Chambers Congress Foto: Tatiana Feldens/divulgação

16 AGRONEGÓCIOS

3 PALAVRA DO PRESIDENTE

18 TRABALHO

No final de 2016, tivemos uma extraordinária vitória com a indicação da cidade do Rio de Janeiro para sediar o 11º World Chambers Congress (WCC), em 2019.

Pressão por metas aumenta incidência de doenças ocupacionais.

5 PELO BRASIL

22 EMPREENDER

Líderes da rede CACB acreditam que 2017 será o ano da virada.

Nova metodologia tem como foco a evolução do mercado. Regras do programa passaram por atualização.

8 MATÉRIA DE CAPA

Foto: Embratur/divulgação

EXPEDIENTE

28 SERVIÇOS

Coordenação Editorial: Neusa Galli Fróes fróes, berlato associadas escritório de comunicação Edição: Milton Wells - mwells@terra.com.br Projeto gráfico: Vinícius Kraskin

Revisão: Press Revisão Colaboradores: Rosângela Garcia, Katiuscia Sotomayor e Tagli Padilha Execução: Editora Matita Perê Ltda. Comercialização: Fone: (61) 3321.1311 - comercial@cacb.org.br

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Empresa Brasil

Governo aposta no programa de concessões para o início da virada.

CACB traz para o Brasil o 11º Congresso Mundial de Câmaras. Maior evento do setor em todo o mundo reúne dirigentes de 12 mil Câmaras de Comércio e representantes de mais de 100 países.

26 GESTÃO

12 MPEs Acesso ao Simples cria novo ciclo de desenvolvimento no setor vinícola.

Brasil deverá receber mais turistas neste verão. Embratur espera mais de 2,6 milhões de estrangeiros.

14 PARCERIAS

30 LIVRO

Núcleo do Paraná promove estudos para incentivar apicultores.

Perigosas Pedaladas, de João Villaverde.

16 AGRONEGÓCIOS

2017: Os desafios dos profissionais de contabilidade. Por Júlio César Zanluca.

Diagramação: Kraskin Comunicação Foto da capa: Divulgação/ACRio

20 CONJUNTURA

Agricultura familiar impulsiona mercado de orgânicos no Brasil.

Projeto Juntos Somos Um potencializa capilaridade da CACB na internet. Objetivo é compartilhar produtos e serviços das Federações e Associações de toda a rede da entidade.

28 SERVIÇOS

31 ARTIGO


PELO BRASIL

Líderes da rede CACB acreditam que 2017 será o ano da virada Apesar do ambiente de incerteza da economia, os dirigentes da rede CACB mantêm o otimismo para o próximo ano. George Pinheiro, presidente da entidade, não tem dúvidas de que este será o ano da virada. A seguir, leia os depoimentos dos líderes sobre os cenários de 2017, especialmente para Empresa Brasil:

O ano de 2017 deverá ser o da virada, embalado pelo ajuste fiscal e pelas possibilidades de reconstruir a confiança. O Brasil atravessa ainda uma crise de credibilidade e de confiança que ameaça a sua estabilidade. No entanto, somos otimistas e acreditamos que é possível reverter esse processo, porque, na verdade, chegamos ao fundo do poço. Por isso, precisamos retomar o crescimento e criar milhões de empregos. GEORGE PINHEIRO, presidente da CACB

A expectativa é de crescimento para o ano de 2017, devido ao ajuste fiscal do governo federal. No Espírito Santo, as empresas capixabas se encontram muito otimistas. Esperamos um ano melhor. AMARILDO SELVA LOVATO, presidente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Espírito Santo (Faciapes)

Janeiro de 2017

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PELO BRASIL

Temos consciência do momento delicado da economia do país, principalmente em virtude da crise política que se instalou nos últimos dois anos com a Operação Lava Jato, e que, em 2017, deverá se aprofundar ainda mais. Por se tratar de um Estado com forte presença do agronegócio, acreditamos que 2017 será mais um ano de crescimento e oportunidades para Rondônia. Entretanto, espera-se que o governo também faça sua parte, reduzindo a máquina pública para que, em paralelo aos investimentos da iniciativa privada, um Estado menor também possa ter recursos para investir no crescimento.

CÍCERO ALVES DE NORONHA FILHO, presidente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Rondônia (Facer)

Vejo o ano de 2017 com moderado otimismo. Isso porque eu tenho certeza que o governo será capaz de reconstruir a confiança que nós perdemos. Essa confiança é absolutamente fundamental para que os investimentos voltem a acontecer. O Brasil precisa ter credibilidade e precisa ser previsível. Esse é o maior ativo que podemos construir. Feito isso, o país voltará a crescer, a gerar empregos, a gerar receita pública para que a nossa dívida não seja explosiva e que possamos encontrar o equilíbrio fiscal.

LUIZ FERNANDO STUDART RAMOS DE QUEIROZ, presidente da Associação Comercial da Bahia (ACB)

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Empresa Brasil


Em 2017, o Brasil vai viver um ano de recuperação, ainda gradual, mas em um ambiente em que o governo estará atuando para controlar a questão fiscal, com um teto de gastos, e em fase de discussão sobre a reforma da Previdência. Também deverá estar atento aos desdobramentos do cenário externo, que podem ter influência sobre a cotação da moeda, a inflação e as taxas de juros, internas. Com a redução das taxas de juros, será possível ganhar maior confiança dos consumidores, em especial dos empresários, que poderão voltar a investir.

SIMONE LEITE, presidente da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul)

A volta da confiança, mesmo que pequena e sensível, já vem ocorrendo e sinaliza expectativas de melhores condições da economia para os próximos meses. Para os próximos anos se espera uma queda ainda maior. Paralelamente a isso, os juros da economia já iniciaram um processo de queda nos últimos meses. Esses instrumentos são fundamentais para a volta da estabilidade econômica e também da redução do custo financeiro tanto para o setor público, bem como para o setor privado.

ERNESTO JOÃO RECH, Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc)

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CAPA Foto: Divulgação

Representantes brasileiros na Embaixada do Brasil em Madri, na oportunidade da apresentação da candidatura da CACB

CACB traz para o Brasil o 11º Congresso Mundial de Câmaras Maior evento do setor em todo o mundo reúne dirigentes de 12 mil Câmaras de Comércio e representantes de mais de 100 países

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Empresa Brasil

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CACB foi a grande vencedora do processo que culminou com a escolha do Rio de Janeiro, pela International Chamber of Commerce (ICC) – a maior representação de Câmaras de Comércio do mundo – como sede do 11º Congresso Mundial de Câmaras, em 2019. Principal evento do setor

em todo o mudo, reúne dirigentes de 12 mil Câmaras de Comércio e representantes de mais de 100 países. Anunciada pelo presidente da ICC e da World Chambers Competition (WCF), Peter Mihok, a decisão foi divulgada no dia 5 de dezembro, pelos presidentes da CACB, George Pinheiro, e da Associação Comercial do


Rio de Janeiro (AcRio), Paulo Protásio, na sede da ACRio. A CACB concorreu com duas propostas apresentadas pela Câmara de Comércio de Bogotá (Colômbia) e pela Câmara Regional de Comércio de Orlando (Estados Unidos). A escolha do Rio de Janeiro se deu pela maioria dos votos do Conselho Geral da WCF – o comitê de seleção responsável pela decisão. O 11º Congresso Mundial de Câmaras do ICC será o primeiro a ser realizado na América Latina. Com o tema “Criando um futuro compartilhado”, a CACB espera não apenas conectar a rede global de Câmaras, mas também fornecer uma agenda clara de ações que as Câmaras de Comércio possam implementar em suas próprias regiões, disse o presidente da entidade, George Pinheiro, durante o comunicado. “É uma grande vitória para nós, da CACB, que sempre acreditamos nesta possibilidade”, comemorou Pinheiro. O Congresso Mundial de Câmaras, segundo Sérgio Papini, vice-presidente de Assuntos Internacionais da CACB, oferece uma alternativa inigualável para conec-

tar e fortalecer as relações com um grupo diversificado e internacional de empresários, constituindo-se em uma oportunidade ímpar para a efetivação de negócios por parte das MPEs. Previsto para se realizar no Complexo Barra do Hotel Windsor Barra, localizado na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, o evento deverá atrair um público de cerca de 1,5 mil pessoas do Brasil e do exterior. ITAMARATY O Ministério das Relações Exteriores manifestou-se sobre o assunto em seu site. Em matéria postada no dia 19 de dezembro, afirmou que a candidatura carioca contou com o pleno apoio do governo federal, evidenciado pelas inúmeras gestões realizadas por Embaixadas e Consulados brasileiros junto aos membros do General Council da World Chambers Federation (WCF). “A eleição do Rio de Janeiro trará importantes benefícios para a região e para o Brasil, uma vez que os referidos congressos mundiais tradicionalmente reúnem mais de mil e quinhentos participantes, 70%

Logomarca do 11ª Congresso Mundial de Câmaras

Previsto para realizar-se no Complexo Barra do Hotel Windsor Barra, localizado na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, o evento deverá atrair um público de cerca de 1,5 mil pessoas do Brasil e do exterior Janeiro de 2017

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CAPA Foto: Divulgação/ACRio

1- Gilson Lira (Embratur), George Pinheiro (CACB), Paulo Protásio (ACRJ) e Pedro Spadale (Governo RJ) durante divulgação da nova sede do WCC 2- Equipe da CACB em Madri na reunião do Conselho da WCF

Foto: Divulgação

Castro, presidente da AEB: “Com o Congresso das Câmaras, empresários estrangeiros conhecerão in loco o potencial de comércio do Brasil”

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Empresa Brasil

dos quais são estrangeiros, oriundos de mais de 100 países. A realização do evento no Rio contribuirá ainda para a promoção internacional na cidade, além de possibilitar maior interação entre líderes empresariais e estimular a economia local’, diz a nota do Ministério. EMBRATUR Conforme a Embratur, os turistas de negócios que deverão comparecer ao 11º Congresso Mundial de Câmaras, em 2019, trarão receitas ao Rio de Janeiro e ao Brasil, além de beneficiar a cadeia de turismo local, como meios de hospedagem, locadoras de automóveis, restaurantes, organizadoras de eventos, transporte aéreo e rodoviário e turismo

receptivo, gerando empregos e fortalecimento do setor. “O Brasil é forte incentivador de candidaturas de cidades brasileiras para eventos internacionais desde 2004, o que tem nos colocado em posição de destaque global. Atualmente, somos um dos países no mundo que mais sediam iniciativas do segmento MICE”, destacou Gilson Lira, diretor de Inteligência Competitiva e Promoção Turística da Embratur, durante o encontro com o presidente da CACB, George Pinheiro, e da ACRio, Paulo Protásio, em 12 de dezembro. AEB “Ganha o Brasil, ganha a CACB e ganha o Rio de Janeiro.” Foi dessa forma que


Foto: Divulgação

Linha do tempo da candidatura

o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, avaliou a indicação do Rio de Janeiro como sede do 11º Congresso Mundial de Câmaras de Comércio, em 2019. ”Muitos empresários terão a oportunidade de conhecer in loco o potencial de comércio do Brasil, o que pode, seguramente, incrementar as relações de comércio com países estrangeiros, já que a ICC é muito conhecida internacionalmente como incentivadora e viabilizadora de negócios”, acrescentou. “Quero cumprimentar o presidente da CACB, George Pinheiro, que acreditou no sonho e o concretizou de uma forma brilhante”, destacou.

A campanha de captação para a 11ª edição do World Chambers Congress se iniciou no México, em 2011, ocasião em que o Brasil montou um estande e levou uma delegação de 11 pessoas, da mesma forma em Doha em 2013, quando o Brasil montou um estande verde e amarelo, levando oito delegados brasileiros e fazendo contato com diretores da International Chamber of Commerce para, mais uma vez, expressar interesse em sediar o Congresso. O último evento em que o Brasil participou foi em 2015, em Turim, Itália, com estande para contatos e divulgação institucional e promoção da cidade do Rio de Janeiro, além de ser patrocinador Gold da última edição do WCC. Além disso, ações foram realizadas de promoção brasileira referente à captação do evento junto à Associação Ibero-Americana de Câmaras de Comércio (AICO) e à Comissão Interamericana de Arbitragem Comercial (CIAC). Desde sua criação, o Congresso já ocorreu em diversos países como França (Marseille, 1999), Coreia do Sul (Seul, 2001), Canadá (Quebec, 2003), África do Sul (Durban, 2005), Turquia (Istambul, 2007), Malásia (Kuala Lumpur, 2009), México (Cidade do México, 2011), Qatar (Doha, 2013) e Itália (Turim, 2015). O próximo evento irá acontecer na cidade de Sydney, Austrália, em setembro de 2017.

Janeiro de 2017

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MPEs

Acesso ao Simples cria novo ciclo de desenvolvimento no setor vinícola Foto: Dom Affonso/divulgação

A medida beneficiará não apenas os produtores gaúchos, mas também vinicultores dos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Pernambuco e Espírito Santo

Foto: Sindivinho/divulgação

Pedrucci: “Foi uma batalha de seis anos”

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Empresa Brasil

A partir de janeiro de 2018, mais de 90% das vinícolas do Brasil estarão enquadradas no Simples

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mbalada pelo recente enquadramento do segmento no Simples Nacional, a indústria vinícola do Brasil deverá entrar em um novo ciclo de desenvolvimento em médio prazo. Além de resultar na formalização de centenas de produtores de vinho artesanal em 10 estados do país, a inclusão das vinícolas no regime simplificado deverá criar melhores condições para a permanência dos produtores no campo, em minifúndios, com mão de obra familiar, evitando a evasão rural, segundo prevê o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin).

Com um consumo per capita de menos de 2 litros de vinho ao ano, muito inferior ao da Argentina, por exemplo, de 30 litros/ano, o Brasil, conforme o Ibravin, dispõe de um mercado com grande potencial de crescimento. “Foi uma batalha de seis anos”, afirma Gilberto Pedrucci, presidente do Sindicato da Indústria do Vinho, do Mosto de Uva, dos Vinagres e Bebidas Derivadas da Uva e do Vinho do Estado do Rio Grande do Sul (Sindivinho/RS), ao referir-se à reivindicação do setor de inclusão ao regime simplificado. Em sua opinião, a partir de janeiro de 2018 mais de


90% das vinícolas, em sua grande maioria de microempreendedores, estarão enquadradas no Simples, o que não deve afetar a arrecadação da Receita Federal. “Certamente, a partir da legalização de muitas atividades clandestinas, a Receita deverá recuperar amplamente a pequena parcela que se perderá com a modificação do regime das empresas que hoje operam pelo lucro presumido”, explica.

Após a etapa de inclusão do setor no Simples, de acordo com Pedrucci, ainda restam muitas etapas a serem cumpridas para torná-lo um dos baluartes da agricultura brasileira. “Hoje, a nossa presença na agricultura ainda é muito pequena, em comparação com países como, por exemplo, Espanha, Chile e França”, diz. “Nesses países, os governos dão muita importância às vinícolas”, afirma. “A Comunidade Euro-

peia, por exemplo, direciona cerca de 1 bilhão de euros somente em subsídios para os países produtores.” Enquanto isso, no Brasil, segundo Pedrucci, os pequenos não conseguem acesso ao crédito para a compra de equipamentos devido à elevada taxa de juros. “Sem a compra desses equipamentos, não podemos nos modernizar, o que, certamente, elevaria a competitividade e a qualidade de nosso vinho”, declara. Fotos: Arquivo da família

Um novo caminho pela frente Empresa familiar, fundada em 1972, a Don Affonso, de Caxias do Sul, deverá ser uma das cerca de duas mil pequenas vinícolas da Região Sul favorecidas pela inclusão do setor no regime do Simples Nacional. André Gasperin, enólogo e sócio-proprietário do empreendimento, ainda não tem uma ideia concreta sobre os benefícios que a nova lei deverá contribuir para o crescimento da empresa, mas acredita que haverá melhores condições de criar empregos e aumentar o faturamento. “Somente com o enquadramento no Simples, a partir de 2018, teremos uma

economia de 10% em relação ao que se paga hoje pelo lucro presumido”, projeta Gasperin. “Com isso, vamos poder aumentar a nossa competitividade no mercado.” Nos últimos anos, a Don Affonso tem investido no cultivo de vinhedos próprios, e na adoção de modernas tecnologias de vinificação. Administrada pelos filhos e netos do seu fundador e tendo como principal meta a busca pela qualidade, a empresa vem recebendo o reconhecimento de seus produtos por meio de concursos de vinhos internacionais, nacionais e regionais.

O enólogo Gasperin e sua família Janeiro de 2017

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PARCERIAS

Núcleo do Paraná promove estudos para incentivar apicultores Atualmente, 18 empreendedores integram o projeto que auxilia desde a busca de compradores até na melhoria das plantas melíferas

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ornar a apicultura uma fonte de renda sustentável oferecendo produtos de qualidade e em escala comercial é o objetivo do Núcleo de Apicultores do Paraná. No entanto, apesar das ações de apoio aos apicultores, a produção de mel em 2016 sofreu uma queda de cerca de 40% em relação a 2015. Esse fator fez aumentar o preço de comercialização do produto, segundo a Consultora Regional da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap), Iraci Mataczinski. Atualmente, 18 pessoas integram o Núcleo, que promove desde estudos para aperfeiçoamento até construção da casa do mel, buscando fornecedores e compradores e proporcionando a melhoria das plantas melíferas, além de realizar encontros de apicultores. Iraci revela também que a apicultura no Paraná sofreu

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Empresa Brasil

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Núcleo iniciou suas atividades em 2009 e atua de forma participativa

um retrocesso nos últimos anos. Ela acredita que o fato tenha se dado devido à

falta de organização. “Caímos da segunda posição do ranking da produção para o


sétimo lugar. Porém, estamos retomando o crescimento”, declara. A consultora afirmou ainda que acredita que é possível retomar a segunda melhor posição. “O Brasil tem potencial para exportar 120 mil toneladas por ano. A atividade é promissora e tende a crescer mais de 100% nos próximos cinco anos”, prevê. ENTRAVES DA ATIVIDADE O núcleo, que funciona desde 2009, atua de forma participativa, explica a consultora Iraci Mataczinski. De acordo com ela, os principais entraves do setor estão relacionados às doenças, pragas e deficiência na organização associativa na região. Além disso, Iraci menciona o sumiço das abelhas. “Isso ocorre em função do uso abusivo de agrotóxicos em todas as atividades agropecuárias”, alerta. A solução, conforme defende a consultora, seria a realização de projetos de conscientização do uso destes materiais.

Produto brasileiro é puro e faz do país o 8º maior exportador O mel brasileiro é mundialmente reconhecido por ser puro, livre de resíduos e referência em qualidade. As abelhas brasileiras são africanizadas, isto é, mais ágeis e extremamente resistentes a doenças, a tal ponto que os apicultores não utilizam medicamentos para tratamento das abelhas. As condições encontradas no Brasil – clima, solo, altitude, composição das floradas e material genético das abelhas – permitem uma produção limpa, sem o uso de produtos químicos para controlar as principais doenças e pragas que afetam a apicultura em todo o mundo. Além disso, segundo informações da Associação Brasileira dos Exportadores de Mel (Abimel), graças a esses recursos naturais, o país é capaz de produzir mel durante todo o ano. Estas distinções e um rigoroso controle de qualidade fazem da indústria apícola nacional uma das maiores exportadoras no mundo.

Ranking dos países exportadores de Mel (em toneladas de 2010 a 2014*) Volume País Posição exportado exportador no em 2014 ranking mundial Exportação 623.657 Mundial 1

China

129.824

2

Argentina

54.500

3

Vietnã

49.641

4

México

39.152

5

Ucrânia

36.336

6

Índia

26.976

7

Espanha

26.111

8

Brasil

25.317

9

Alemanha

22.547

10

Bélgica

20.006

Fonte: TRADE MAP *Dados de 2015 ainda não divulgados

Um ranking divulgado pela Abimel aponta o Brasil como 8º país maior exportador do produto. Os dados são relacionados ao ano de 2014 e fazem parte de pesquisa realizada pela TRADE MAP Estatísticas Comerciais para o Desenvolvimento de Negócios Internacionais. As referências de 2015 e 2016 ainda não foram publicadas.

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AGRONEGÓCIOS

Agricultura familiar impulsiona mercado de orgânicos no Brasil Região Sul concentra 36% da produção, seguida pelo Nordeste (32%) e Sudeste (21%)

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s consumidores têm se conscientizado cada vez mais de que é preciso se alimentar de forma mais saudável e preventiva. E assim a demanda por orgânicos no Brasil continua crescente, fortalecendo o trabalho das mais de 15 mil unidades produtivas cadastradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e espalhadas em todas as regiões. Os perecíveis da linha de frutas, legumes e verduras, por mais um ano, foram o carro-chefe dos produtos comercializados diretamente ao consumidor, segundo informações do Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis). No entanto, ainda é cedo para estimar os números de 2016, mas, pelo andar da carroça, é possível que o ano tenha superado

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Empresa Brasil

Foto: Tatiana Feldens/divulgação

Bruno Ardissone, da família Ardissone, produtor de orgânicos

o faturamento conjunto de R$ 2,1 bilhões de 2015. Os principais responsáveis por alavancar os números são os pequenos produtores rurais, sendo a Região Sul o lugar onde eles estão mais concentrados. São cerca de 36% do total, segui-

dos das regiões Nordeste (32%) e Sudeste (21%). O Rio Grande do Sul concentra o maior número, 1600 unidades, seguido por Paraná e São Paulo. Conforme dados da Organis, a grande maioria dos produtores inicia a sua traje-


tória nas feiras de orgânicos. Entre os expositores, está a família Ardissone, proprietária de um sítio em Viamão, cidade da Região Metropolitana de Porto Alegre. O casal Fábio e Fátima Ardissone começou a comercializar a própria produção nas feiras livres de Porto Alegre há mais de 14 anos. EXPERIÊNCIA O envolvimento foi tanto e o resultado tão surpreendente que o filho Bruno Ardissone também passou a integrar os negócios. Há pouco mais de quatro anos, a produção do sítio, além de chegar na banca da feira, começou a abastecer as prateleiras da loja da família, Viver Bem Alimentos, localizada no bairro Tristeza, zona sul de Porto Alegre. Nela, eles oferecem uma variada linha de produtos destinados àqueles que cuidam da saúde com produtos naturais, orgânicos, sem qualquer tipo de composto químico, buscado diretamente do produtor, além, é claro, de frutas, legumes, verduras, mel, geleias, biscoitos, cucas integrais, proteínas e suplementos alimentares. Há

ainda uma diversificada linha de sucos (essência), massas, frutas desidratadas, laticínios, chás e ervas. Assim como a família Ardissone, outros tantos produtores estão espalhados nas mais de 600 feiras existentes no Brasil. De acordo com o Organis, eles são o motor que impulsiona o setor, que deve ter somado um acréscimo de 15% no número de unidades produtivas em 2016. NOVOS CAMINHOS Um caminho em construção é o mercado externo. Hoje, os orgânicos brasileiros chegam em mais de 61 países, sendo que os maiores parceiros são os Estados Unidos, Holanda, Alemanha, Canadá e Suíça. Os produtos mais procurados são as castanhas, seguidas do açúcar, óleo vegetal, mel, sucos e café. “A castanha e o açúcar representaram, neste ano, praticamente 60% do volume de produtos exportados”, confirma o diretor do Organis, Ming Liu, ao avaliar que neste sentido há o indicativo de que o Brasil acaba exportando muita matéria-prima de pouco valor agregado.

Foto: Nathan Broetto/divulgação

Ming Liu, diretor do Organis

Hoje, os orgânicos brasileiros chegam em mais de 60 países, sendo que os maiores parceiros são os Estados Unidos, Holanda, Alemanha, Canadá e Suíça Janeiro de 2017

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TRABALHO

Pressão por metas aumenta incidência de doenças ocupacionais Ações na Justiça do Trabalho contra assédio moral estão se tornando cada vez mais comuns

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ão bastassem os altos índices de desemprego, a crise econômica também está afetando a saúde daqueles que têm emprego no Brasil. Na busca obsessiva por resultados, um número cada vez maior de empresas vem pressionando seus funcionários por meio daquilo que a Justiça do Trabalho define como assédio moral. A constatação é do desembargador federal do Trabalho Raul Zoratto Sanvicente, do Tribunal Regional do Trabalho (RS), que adverte para o círculo vicioso que está sendo criado entre as empresas, agravado por causa da atual depressão econômica do país. No Rio Grande do Sul, esses casos vêm se acentuando desde dezembro de 2015, em que os reclaman-

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Empresa Brasil

Foto: Divulgação

Categoria dos bancários é a de maior número de ações na Justiça

tes conseguem comproválos, na Justiça, por meio de provas testemunhais, periciais e documentais. “Quase toda a semana chega à Justiça do Trabalho uma reclamação, relatando os mesmos fatos”, afirma Sanvicente. “Na verdade, existe um proce-

dimento uniforme de exigir o cumprimento de metas e as pessoas estão sendo descartadas como doentes, pois não suportam esse tipo de pressão.” Entre as categorias com maior número de ações na Justiça, Sanvicente aponta a dos bancários. Pesquisa


Foto: Divulgação

realizada em 2015, com 1.117 participantes, revelou que os índices de doenças identificadas como Transtorno Mental Comum estão aumentando entre esses trabalhadores, sobretudo entre os que têm funções de caixa. “Hoje, a pessoa entra no hospital com uma dor no ombro e, se perguntamos sobre o trabalho, ela começa a chorar”, diz o médico Álvaro Crespo Merlo, especialista em saúde pública pela Université Paris I (Panthéon-Sorbonne) e professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Com um longo histórico no mundo do trabalho, fundador do Centro de Documentação, Pesquisa e Informação em Saúde do Trabalho (Cedop) e do Ambulatório para Doenças Profissionais do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Merlo constata uma mudança de perfil nas doenças do trabalho. “Nesses últimos anos, assisti o trabalho se transformar. Nas décadas de 80 e 90, predominavam

as doenças osteomusculares”, lembra ele. “Agora, constatamos cada vez mais a incidência dessa nova forma de doença que é o sofrimento psíquico no trabalho, um transtorno depressivo derivado do acirramento da competição entre as pessoas.” “Encontramos hoje um tipo de patologia que não existia, chamado transtorno de estresse pós-traumático. Essa doença foi descoberta em 1917, com os soldados franceses da Primeira Guerra Mundial que voltavam das trincheiras e apresentavam sintomas neurológicos. Eles não podiam sequer caminhar porque viveram situações de pavor e passaram a somatizar o sofrimento. Hoje, isso se repete com o vigilante do banco, com a pessoa que sofre assalto. E também em pessoas que estão sendo submetidas a pressões psicológicas no trabalho. Elas têm pesadelos e crises de ansiedade”, diz Merlo. “Hoje, o insulto faz parte do mundo do trabalho e os suicídios são muito mais frequentes do que se possa imaginar.”

“Na verdade, existe um procedimento uniforme de exigir o cumprimento de metas e as pessoas estão sendo descartadas como doentes, pois não suportam esse tipo de pressão” Raul Zoratto Sanvicente, desembargador do Tribunal Regional do Trabalho (RS)

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CONJUNTURA

Retomada deve acontecer somente em 2018 Ainda não será neste ano a retomada da economia no Brasil; segundo a previsão dos agentes econômicos, o PIB deve se manter estagnado em 2017

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m dos maiores trunfos do governo em 2017, o Programa de Parcerias para Investimentos (PPI) inclui 34 projetos destinados à concessão da iniciativa privada, dos quais 11 são do setor de transportes. De acordo com o secretário-executivo do PPI, Moreira Franco, a meta do governo é arrecadar R$ 24 bilhões com concessões apenas em 2017. Boa parte disso já estava prevista na última fase do Programa de Investimento em Logística (PIL), anunciada em 2015, ainda no governo anterior. Entre eles, quatro aeroportos, dois trechos de rodovias e dois terminais portuários. Os trechos de ferrovias também estavam entre as obras em andamento no governo anterior. Cada projeto deverá receber pelo menos 20% de recursos dos investidores. O restante poderá ser financiado via empréstimos e emissão de debêntures. A Caixa e o BNDES, juntos, dispõem de

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Empresa Brasil

Foto: Divulgação

Concessões devem render cerca de R$ 24 bilhões ao governo em 2017

R$ 30 bilhões de recursos iniciais para financiar as concessões. As concessões se tornaram a única porta de saída para a retomada do crescimento do país em 2017, segundo o economista da FGV ( Fundação Getulio Vargas) Paulo Pichetti. “A recuperação da economia do Brasil poderia vir de quatro fontes: do consumo das famílias, que detêm uma alta percentagem de inadimplência; do investimento público, que não existe; do mercado externo, que está em depres-

são, e do investimento privado. Nessa linha, as concessões podem vir a tornar-se a única saída para a retomada do crescimento”, relata Pichetti. De acordo com o relatório trimestral Global Economic Outlook (Panorama Econômico Global), divulgado em novembro de 2016, o PIB do Brasil irá registrar contração de 3,4% em 2016 e crescimento nulo (0%) neste ano. Segundo a OCDE, a retomada só acontecerá em 2018, quando a economia brasileira deverá crescer 1,2%.


www.cbmae.org.br


EMPREENDER Foto: Divulgação

Em Caxias do Sul, nova etapa do Empreender já atinge 50% da meta, com participação de 1591 empresas

Nova metodologia tem como foco a evolução do mercado Regras do programa passaram por atualização, a partir da contribuição de consultores, empresários, técnicos e representantes de Associações e Federações

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Programa Empreender, ao reunir empresários em núcleos setoriais e estimular a busca de soluções conjuntas, pretende desenvolver e promover a competitividade dos pequenos negócios. Na fase atual, que já conta com 1591 empresas participantes e 149 núcleos setoriais criados, em 56 associações de 5 estados brasileiros, já foi atingida cer-

ca de 50% da meta para o ano de 2017. A revisão da metodologia do Empreender consolida as modificações que vêm sendo introduzidas e produzidas ao longo de mais de duas décadas, passando a limpo os diferentes aspectos envolvidos na aplicação do projeto e suas variações – que vão desde os instrumentos empregados, a capacitação dos consultores


Foto: Divulgação

Carlos Rezende: “Queremos ajudar no desenvolvimento local”

até as estratégias de criação dos núcleos setoriais. “Com o objetivo de resgatar o caráter nacional da metodologia, a CACB reuniu conteúdo técnico com foco na evolução no mercado das empresas participantes dos núcleos. A proposta é criar muito mais que uma rede de empresários com a finalidade de melhorar seus negócios. Queremos ajudar no desenvolvimento local”, explica Carlos Rezende, coordenador executivo da CACB. De acordo com a consultora Yonara Medeiros, responsável pelo processo de consolidação das novas regras, o aprimoramento da metodologia pretende reforçar os princípios básicos do trabalho participativo e sensibilizar para que o Empreender seja uma

das estratégias mais importantes das ACEs para apoiar as empresas. Ela explica que há dois pontos principais nas alterações propostas, que atualizam algumas orientações e recomendações: “Não são necessariamente novidades, mas formas mais avançadas de proceder com algumas etapas da implementação e do desenvolvimento do Empreender e dos Núcleos Setoriais. A primeira diz respeito ao processo de seleção dos segmentos para formação dos núcleos, de forma que as escolhas possam refletir em resultados mais efetivos para as empresas, ACE e município, levando em conta as condições específicas de cada segmento, as perspectivas de mercado, o grau de engajamento e o nível de participação, por exemplo”.

O aprimoramento da metodologia pretende reforçar os princípios básicos do trabalho participativo e sensibilizar para que o Empreender seja uma das principais estratégias das ACEs para apoiar as empresas Janeiro de 2017

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EMPREENDER Foto: Divulgação

Metodologia tem mudança no processo de seleção dos segmentos para formação dos núcleos

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“A metodologia é mais completa, e um tanto complexa, exige um pouco mais de preparo dos consultores, principalmente os iniciantes, mas as experiências mostram que os empresários compreendem melhor o processo, conseguem visualizar as etapas e sabem qual o caminho, e o porquê de realizar as ações planejadas”, conclui a Para isso, a nova metodolo- consultora. gia prevê o uso da matriz de seleção dos segmentos, que já ENSINO A DISTÂNCIA existia, mas passa a ser prioriRenato Rossi, consultor tária na identificação de seto- externo do programa, esres, segmentos e oportunida- clarece que a atualização da des de atuação com cadeias metodologia do Empreender produtivas, trazendo uma lista inclui ainda um novo modelo com critérios que exigem uma de capacitação de consultoboa pesquisa de campo. res a distância, com módulos A segunda questão é a de aprendizagem. A ideia é metodologia de planejamen- estimular a participação de to. “Antes, essa etapa incluía novos consultores, que posapenas o levantamento de sam colaborar no processo necessidades e a definição de criação dos núcleos e no de ações. Agora, deve definir fortalecimento do associaquais resultados as empresas tivismo: “O consultor tem querem atingir com o traba- papel fundamental para o lho em núcleo, como, por sucesso do Empreender. O exemplo, faturar mais, re- espaço de formação permite duzir custos, aumentar par- que ele se dedique aos estuticipação de mercado. Com dos e ajude a mudar a reaisso, se definem os indicado- lidade de micro e pequenos res para mensurar essa trans- empreendedores, estimuformação nas empresas”, lando o protagonismo local conta Yonara. e a disseminação de boas


Foto: Divulgação

ideias”. O ambiente virtual, Além desse projeto interque está sendo finalizado na nacional, o Empreender tamplataforma Moodle, estará bém realiza ações conjuntas disponível a partir de 2017. com a Sequa, entidade alemã, para o treinamento na GRANDES PARCERIAS técnica de núcleos setoriais, e Desde a década de 1990, ampliou sua atuação a partir CACB e Sebrae são parcei- de outros convênios, como ros nessa iniciativa, buscando o assinado pela CACB com ampliá-la e disseminá-la, a a Votorantim, que visa a forcada novo ciclo: “Os benefí- talecer as agendas locais dos cios do Programa Empreen- micro e pequenos empresáder para os pequenos negó- rios, também em conjunto cios tendem a crescer ainda com o Sebrae. mais com esta nova versão da O vice-presidente da Mimetodologia de formação de cro e da Pequena Empresa núcleos setoriais. Com isso, da CACB, Luiz Carlos Furtado as empresas participantes Neves, que também é vicedos núcleos setoriais poderão presidente do Conselho do se consolidar no mercado em Sebrae, aponta que a atualique atuam”, define o presi- zação da metodologia é voldente do Sebrae, Guilherme tada para a melhoria de toda Afif Domingos. a sociedade: “Contribuir para Um novo estímulo para os a formação de núcleos setonúcleos setoriais veio com o riais, em que grupos de emapoio do programa AL-Invest presários de um mesmo ramo 5.0, uma parceria com a União se reúnem para amadurecer Europeia, que visa à redução da juntos, enfrentando problepobreza. Trata-se de um investi- mas parecidos e trocando exmento de 25 milhões de euros, periências, ajuda também a durante 4 anos, para alavancar engrandecer o pequeno neas micro e pequenas empresas gócio, a empoderar mulheem 16 países da América Lati- res empresárias, a incentivar na. No Brasil, a CACB é a repre- jovens empreendedores, a sentante do consórcio executor garantir formas de inovação do programa, o qual estimula e a implementar a cultura da ações executadas por meio do capacitação constante e da Empreender. renovação”, afirma ele.

Furtado: “Atualização da metodologia é voltada para a melhoria de toda a sociedade”

“Os benefícios do programa Empreender para os pequenos negócios tendem a crescer ainda mais com esta nova versão da metodologia de formação de núcleos setoriais” Guilherme Afif Domingos, presidente do Sebrae Janeiro de 2017

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GESTÃO Foto: George Doyle/fotolia.com

As ferramentas a serem utilizadas também deverão permitir a publicação e compartilhamento de informações, notícias e eventos

Projeto Juntos Somos Um potencializa capilaridade da CACB na internet Objetivo é compartilhar produtos e serviços das Federações e Associações de toda a rede da entidade

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ue tal reunir as 27 Federações e as 2,4 mil Associações que fazem parte da Rede CACB para compartilhar uma série de produtos e serviços pela internet, com uma identidade visual comum? Pelo menos essa é a proposta do projeto Juntos Somos Um, apresentado na última reunião do Conselho

Deliberativo da entidade, em dezembro, pelo coordenador do Programa de Geração de Receitas e Serviços (Progerecs), Luiz Antônio Bortolin. O objetivo, segundo Bortolin, é proporcionar um portal integrador de todos os serviços e produtos já oferecidos pelas Federações e Associações Comerciais, com a inclusão de novas


oportunidades de geração de receita para as entidades e oportunidades de mais e melhores benefícios a seus associados. As ferramentas a serem utilizadas deverão permitir a publicação e compartilhamento de informações, notícias e eventos acerca das entidades e parceiros, além de um market place com benefícios para aquisição de um diversificado portfólio de produtos e serviços para os associados em nível nacional, estadual e local. Cada entidade terá plena liberdade para produzir, publicar a sua própria linha editorial, e o conteúdo editorial da CACB poderá ser replicado para os sites de Federações e Associações,

diz o executivo. “Além do Facebook, o conteúdo pode ser replicado no Google +, Twitter e no WhatsApp por meio de um botão de compartilhamento.” “Não é para levar produtos e serviços que possam concorrer com nossos associados lá na ponta, é para dar oportunidade de oferecer aos pequenos os mesmo benefícios conquistados pelos grandes, pela força da negociação e da nossa capilaridade”, explica. O serviço para padronização da identidade da Rede por meio de sites e portais já está sendo implementado, e a previsão é de que o market place de benefícios para os associados seja implantado no final do primeiro trimestre de 2017.

Uma variedade de benefícios para os associados Projeto permite às Federações e Associação da rede CACB maior presença e visibilidade na internet e a possibilidade de oferecer uma variedade de benefícios para os associados.

o que é: Uma identidade visual comum, com ferramentas de gerenciamento de notícias; espaço para galeria de fotos e vídeos; divulgação de produtos e serviços, com ecommerce de parceiros; informativos e publicações; gerenciador de publicidade; calendário de eventos; redes sociais; certificação digital e outros elementos.

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SERVIÇOS Foto: Embratur/divulgação

Rio de Janeiro é a cidade mais procurada pelos turistas do exterior

Brasil deverá receber mais turistas estrangeiros neste verão Sucesso do Brasil nos Jogos Olímpicos faz Embratur prever a chegada de 2,4 milhões de turistas estrangeiros

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Brasil está no imaginário das pessoas graças ao belíssimo espetáculo dos Jogos Olímpicos.” É dessa forma que o presidente da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo), Vinicius Lummertz, justifica a expectativa de chegada de 2,4 milhões de turistas estrangeiros para a temporada no Brasil. O número representa crescimento de 11% em relação ao verão passado, quando o país recebeu 2,1 mi-

lhões de visitantes do exterior, de acordo com levantamento do Ministério do Turismo. O cálculo demonstra que o período entre dezembro de 2016 e fevereiro de 2017 corresponde a 1/3 do total de visitantes do exterior durante todo o ano de 2015 – fechado em 6,3 milhões –, devido à alta atratividade dos estrangeiros pelos destinos de sol e praia. Lummertz aponta a promoção turística realizada pelo Instituto como um dos principais fato-


Foto: Divulgação

res para o crescimento, além do sucesso da Rio 2016. “Nossa hospitalidade surpreendeu 98% dos visitantes dos Jogos e agora não seria diferente. A Embratur está explorando esse momento, que é impulsionado pelo câmbio favorável, para reforçar o convite a potenciais turistas e batermos novo recorde de fluxo estrangeiro neste verão”, explica Lummertz. AGÊNCIAS TAMBÉM COMEMORAM Entre as agências de viagens, o clima também é de otimismo. Para o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), Edmar Bull, a venda dos pacotes das operadoras totaliza cerca de R$ 10 bilhões a 12 bilhões por ano. “No período de férias de verão se concentra em torno de 40% da movimentação anual. Prevemos que as viagens de final de ano alcancem cerca de R$ 220 milhões”, afirma. Quem comemora estes números é uma das mais tradicionais empresas de turismo, a CVC. Segundo a gerente de vendas Luciana

Fioroni, existe um cenário para o aquecimento na procura por pacotes de viagens já para embarques nas férias de dezembro e janeiro, com maior planejamento do brasileiro, comprando com uma antecedência considerável da data de embarque. “Também percebemos que, diferentemente dos anos anteriores, a tendência é de ações promocionais menos agressivas, até porque as companhias aéreas fizeram um reajuste das malhas e a oferta foi reduzida”, compara. Luciana comenta ainda que, em outubro, a CVC realizou reservas confirmadas de serviços turísticos superiores a meio bilhão de reais, tornando-se a primeira companhia nas Américas que atinge a marca de R$ 538 milhões em férias em um único mês de vendas. “Esse índice faz com que o mês de outubro de 2016 seja o melhor mês de vendas em mais de 44 anos de CVC”, destaca. A última vez que a operadora havia batido o recorde histórico de vendas foi em janeiro de 2015, quando apresentou R$ 491 milhões em apenas um mês.

Lummertz: “Nossa hospitalidade surpreendeu os estrangeiros nos Jogos Olímpicos” Foto: Divulgação

Bull: “A confiança do consumidor está subindo” Foto: Divulgação

Luciana: ”Existe planejamento de férias”

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LIVRO

Radiografia de um crime fiscal

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Brasil acostumou-se, durante o período de cerca de dois anos e meio, desde o início de 2014 até 31 de agosto do ano passado, quando o plenário do Senado aprovou o impeachment de Dilma Rousseff, com um termo jornalístico cujo significado era entendido apenas por um restrito público. Em quase todos os dias, os jornais estampavam notícias sobre o que se denominou de pedaladas fiscais. Dá para imaginar a reação de alguns segmentos do público sobre o que diabos significavam as tais “pedaladas fiscais”, um termo eufemístico utilizado pela imprensa, em vez de fraude ou maquiagem praticada pelo governo em suas contas públicas, a partir da metade do primeiro mandato de Dilma Rousseff. Em um trabalho de ourives, João Villaverde, repórter de O Estado de S. Paulo, que acompanhou como jornalista todo o período que antecedeu a perda do mandato da presidente, em Perigosas Pedaladas – Os bastidores da crise que abalou o Brasil e levou ao fim o governo Dilma Rousseff reproduz todos os detalhes do episódio,

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desde o seu início até o fim. E torna claro que as “pedaladas fiscais” eram, na verdade, um crime fiscal. O livro mostra desde o misterioso caso dos R$ 4 bilhões, quando o Banco Central encontrou essa enorme quantia em uma conta paralela de um banco privado nacional e imediatamente incorporou esse dinheiro nas estatísticas fiscais; do conflito entre a Caixa Econômica Federal e o Tesouro Nacional por conta dos atrasos propositais nos repasses de recursos obrigatórios, de forma a melhorar artificialmente as contas públicas; da investigação conduzida pelos auditores do Tribunal de Contas da União (TCU), até as idas e vindas jurídicas envolvendo o Ministério Público de Contas de um lado e a AdvocaciaGeral da União de outro. Traz também documentos inéditos, além de depoimentos dos diversos protagonistas dessa história. E a equipe econômica do governo sabia ou não que aquela prática das tais pedaladas fiscais era ilegal? Essa é uma das perguntas cruciais respondida pelo livro que se insere no gênero de jornalismo econômico.

Em um trabalho de ourives, João Villaverde, repórter de O Estado de S. Paulo, reproduz todos os detalhes do episódio denominado “pedaladas fiscais”

PERIGOSAS PEDALADAS Autor: João Villaverde Páginas: 336 Formato: 15,6cm x 23cm Editora: Geração Editorial Preço: R$ 49,90


ARTIGO

2017: Os desafios dos profissionais de contabilidade Por Júlio César Zanluca*

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ano de 2017 promete ser de leve recuperação econômica. Mas isto não tornará um ano menos penoso para os negócios em geral, pois os efeitos da recessão, do desemprego, do endividamento dos consumidores continuarão persistindo, exigindo um enorme esforço para empreender e gerir operações. Gerar lucros, neste ambiente, continuará sendo um desafio. Juros altos, tributação elevada, ambiente econômico instável, dólar elevado, pressão de reposição inflacionária nas remunerações, reajuste das tarifas públicas (energia, combustíveis e outros) deverão ser analisados em seus efeitos sobre os negócios. É hora de agir, prevendo-se, de imediato, ações de planejamento tributário, com objetivo de reduzir os custos de operações e vendas. É nisso que consiste o desafio do profissional contábil: deixar de simplesmente “calcular impostos” e tornar-se um efetivo “gestor de tributos”. Planejamento tributário é o conjunto de ações que, respal-

dadas em lei (ou não vedadas pela lei), tornam mais econômica determinada atividade sujeita à incidência fiscal. Predominantemente, os profissionais de contabilidade estão envolvidos (ou deveriam estar) nestas ações. Por exemplo: se a lucratividade do negócio é pequena, então a apuração dos impostos sobre a base conhecida como “lucro real” pode ser mais interessante que a aplicação do regime “lucro presumido”.

Planejamento tributário é o conjunto de ações que, respaldadas em lei, tornam mais econômica determinada atividade sujeita à incidência fiscal No planejamento tributário não se fazem generalizações, tais como “o Simples Nacional é mais barato”, “o lucro real é burocrático”, ou o “lucro presumido tem menor fiscalização”, etc. Essas generalizações criam entraves ao bom planejamento, reduzindo as opções e bloquean-

do alternativas que poderiam ser mais condizentes aos negócios. As opções de planejamento são muitas, destacando-se, em resumo: 1. A questão da opção pelo regime de tributação federal (Lucro Real, Presumido ou Simples Nacional). 2. A existência de incentivos e benefícios fiscais regionais (Sudam, Sudene). 3. Maneiras de organizar os negócios (holding, off-shore, produção descentralizada, grupo de sociedades, etc.). 4. Diferenças tributárias relevantes (como entre pessoas físicas e jurídicas – por exemplo: o ganho de capital das pessoas físicas é tributado a partir de 15% de imposto de renda, com fatores redutores, enquanto que o mesmo ganho, do mesmo valor, das pessoas jurídicas, pode ser tributado até 25% pelo Imposto de Renda mais 9% de Contribuição Social sobre o Lucro). 5. Tratamento diferenciado sobre créditos fiscais. 6. Diferenças tributárias sobre operações de serviços (ISS municipal) e outros tributos especiais (como ITR). * Contador e Coordenador do site Portal de Contabilidade Janeiro de 2017

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