Empresa Brasil 59

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Congresso da CACB debate futuro das micro e pequenas empresas Selo garante procedência dos móveis do Acre

Déficit de mão de obra obriga empresas a investir em programas de qualificação Abrilfundação de 2010 1 Associação Comercial da Bahia prepara comemorações para os 200 anos de


Federações CACB

DIRETORIA DA CACB BIÊNIO 2009/2011 PRESIDENTE José Paulo Dornelles Cairoli - RS 1º VICE-PRESIDENTE Sérgio Papini de Mendonça Uchoa - AL VICE-PRESIDENTES Ardisson Naim Akel - PR Arthur Avellar - ES Fernando Pedro de Brites - DF José Geminiano Acioli Jurema - AL José Sobrinho Barros - DF Leocir Paulo Montagna - MS Luiz Carlos Furtado Neves - SC Sadi Paulo Castiel Gitz - SE Wander Luis Silva – MG VICE-PRESIDENTE ASSUNTOS INTERNACIONAIS Ardisson Naim Akel - PR DIRETOR-SECRETÁRIO Jarbas Luis Meurer - TO DIRETOR-FINANCEIRO George Teixeira Pinheiro - AC CONSELHO FISCAL TITULARES Jadir Correa da Costa - RR Paulo Sérgio Ribeiro - MT Sergio Roberto de Medeiros Freire - RN CONSELHO FISCAL SUPLENTE Altair Correia Vieira - PA Gilberto Laurindo - AP Ronaldo Silva Resende - RN CONSELHO NACIONAL DA MULHER EMPRESÁRIA Maria Salette Rodrigues de Melo - PR COORDENAÇÃO NACIONAL DO JOVEM EMPRESÁRIO Eduardo Machado COORDENADORA DE ASSUNTOS INSTITUCIONAIS Gisele Arthur COORDENADORA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Neusa Galli Fróes froés, berlato associadas EQUIPE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Olívia Bertolini Thais Margalho COORDENADOR DO EMPREENDER Carlos Alberto Rezende COORDENADOR NACIONAL DA CBMAE Valério Figueiredo COORDENADOR DO PROGERECS Luiz Antonio Bortolin SCS Quadra 3 Bloco A Lote 126 Edifício CACB 61 3321-1311 61 3224-0034 70.313-916 Brasília - DF Site: www.cacb.org.br

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Empresa BRASIL

Acre – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Acre – FEDERACRE Presidente: George Teixeira Pinheiro Avenida Ceará, 2351 Bairro: Centro Cidade: Rio Branco CEP: 69909-460

Paraná – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná – FACIAP Presidente: Ardisson Naim Akel Rua: Heitor Stockler de Franca, 356 Bairro: Centro Cidade: Curitiba CEP: 80.030-030

Alagoas – Federação das Associações Comerciais do Estado de Alagoas – FEDERALAGOAS Presidente: José Geminiano Acioli Jurema Rua Sá e Albuquerque, 467 Bairro: Jaraguá Cidade: Maceió CEP: 57.025-901

Pernambuco – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Pernambuco – FACEP Presidente: Djalma Farias Cintra Junior Rua do Bom Jesus, 215 – 1º andar Bairro: Recife Cidade: Recife CEP: 50.030-170

Amapá – Associação Comercial e Industrial do Amapá – ACIA Presidente: Gilberto Laurindo Rua General Rondon, 1385 Bairro: Centro Cidade: Macapá CEP: 68.900-182

Piauí – Associação Comercial Piauiense - ACP Presidente: José Elias Tajra Rua Senador Teodoro Pacheco, 988, sala 207. Ed. Palácio do Comércio 2º andar - Bairro: Centro Cidade: Teresina CEP: 64.001-060

Amazonas – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Amazonas – FACEA Presidente: Valdemar Pinheiro Rua Guilherme Moreira, 281 Bairro: Centro Cidade: Manaus CEP: 69.005-300 Bahia – Federação das Associações Comerciais do Estado da Bahia – FACEB Presidente: Clóves Lopes Cedraz Rua Conselheiro Dantas, 5. Edifício Pernambuco, 9° andar Bairro: Comércio Cidade: Salvador CEP: 40.015-070 Ceará – Federação das Associações Comerciais do Ceará – FACC Presidente: João Porto Guimarães Rua Doutor João Moreira, 207 Bairro: Centro Cidade: Fortaleza CEP: 60.030-000 Distrito Federal – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Distrito Federal e Entorno – FACIDF Presidente: José Sobrinho Barros SCS Quadra 02 - Edifício Palácio do Comércio - 1º andar Bairro: Setor Comercial Sul Cidade: Brasília CEP: 70.318-900 Espírito Santo – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropastoris do Espírito Santo – FACIAPES Presidente: Arthur Avellar Avenida Governador Bley, 186, conjunto 502, Ed. Bemge Bairro: Centro Cidade: Vitória CEP: 29.010-902 Goiás – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias do Estado de Goiás – FACIEG Presidente: Deocleciano Moreira Alves Rua 143 - A - Esquina com rua 148,Quadra 66 Lote 01 Bairro: Setor Marista Cidade: Goiânia CEP: 74.170-110 Maranhão – Federação das Associações Empresariais do Maranhão – FAEM Presidente: Júlio César Teixeira Noronha Av. Ana Jansen, 2 - QD 19 - SL 801 Ed. Mendes Frota - Bairro: São Francisco Cidade: São Luis CEP: 65.076-730 Mato Grosso – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Mato Grosso – FACMAT Presidente: Paulo Sérgio Ribeiro Rua Galdino Pimentel, 14 - Edifício Palácio do Comércio 2º Sobreloja – Bairro: Centro Norte Cidade: Cuiabá CEP: 78.005-020 Mato Grosso do Sul – Federação das Associações Empresariais do Mato Grosso do Sul – FAEMS Presidente: Leocir Paulo Montagna Rua Quinze de Novembro, 390 Bairro: Centro Cidade: Campo Grande CEP: 79.002-917 Minas Gerais – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Minas Gerais – FEDERAMINAS Presidente: Wander Luís Silva Avenida Afonso Pena, 726 - 15º Andar Bairro: Centro Cidade: Belo Horizonte CEP: 30.130-002 Pará – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Pará – FACIAPA Presidente: Reginaldo Ferreira Avenida Presidente Vargas, 158 - 5º andar Bairro: Campina Cidade: Belém CEP: 66.010-000 Paraíba – Federação das Associações Comerciais e Empresariais da Paraíba – FACEPB Presidente: Alexandre José Beltrão Moura Avenida Marechal Floriano Peixoto, 715 - 3º Andar Bairro: Bodocongo Cidade: Campina Grande CEP: 58.100-001

Rio de Janeiro – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Rio de Janeiro – FACERJ Presidente: Jésus Mendes Costa Rua do Ouvidor, 63, 6º ANDAR Bairro: Centro Cidade: Rio de Janeiro CEP: 20.040-030 Rio Grande do Norte – Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Norte – FACERN Presidente: Sérgio Roberto de Medeiros Freire Avenida Duque de Caxias, 191 Bairro: Ribeira Cidade: Natal CEP: 59.012-200 Rio Grande do Sul – Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul - FEDERASUL Presidente: José Paulo Dornelles Cairoli Rua Largo Visconde do Cairu, 17, 6º andar Palácio do Comércio - Bairro: Centro Cidade: Porto Alegre CEP: 90.030-110 Rondônia – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado de Rondônia – FACER Presidente: Ednei Pereira dos Santos Rua Dom Pedro II, 637 – Bairro: Caiari Cidade: Porto Velho CEP: 76.801-151 Roraima – Federação das Associações Comerciais e Industriais de Roraima – FACIR Presidente: Jadir Correa da Costa Avenida Jaime Brasil, 223 - 1º Andar Bairro: Centro Cidade: Boa Vista CEP: 69.301-350 Santa Catarina – Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina – FACISC Presidente: Alaor Francisco Tissot Rua Crispim Mira, 319 - Bairro: Centro Cidade: Florianópolis - CEP: 88.020-540 São Paulo – Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo – FACESP Presidente: Alencar Burti Rua Boa Vista, 63 3º Andar Bairro: Centro Cidade: São Paulo CEP: 01.014-001 Sergipe – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropastoris do Estado de Sergipe – FACIASE Presidente: Sadi Paulo Castiel Gitz Rua Jose do Prado Franco, 557 Bairro: Centro Cidade: Aracaju CEP: 49.010-110 Tocantins – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado de Tocantins – FACIET Presidente: Jarbas Luís Meurer 103 Norte Av. LO 2 - 01 - Conj. Lote 22 Prédio da ACIPA Bairro: Centro Cidade: Palmas CEP: 77.001-022

• O conteúdo desta publicação representa o melhor esforço da CACB no sentido de informar aos seus associados sobre suas atividades, bem como fornecer informações relativas a assuntos de interesse do empresariado brasileiro em geral. Contudo, em decorrência da grande dinâmica das informações, bem como sua origem diversificada, a CACB não assume qualquer tipo de responsabilidade relativa às informações aqui divulgadas. Os textos assinados publicados são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.


PALAVRA DO PRESIDENTE José Paulo Dornelles Cairoli

Caminhos para o crescimento

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uma tradição que se renova a cada ano, aproveitamos esta vigésima edição do Congresso da CACB para um encontro com a firme intenção de ampliar os debates que precisamos fazer num momento singular para o Brasil, porque além de

se tratar de um ano eleitoral, nossa economia está firme e saindo de um cenário exuberante, já que viveu nos três primeiros meses deste ano a maior alta do seu Produto Interno Bruto, desde que o IBGE iniciou esse tipo de comparação em 1996. Em ritmo chinês, os brasileiros foram turbinados durante três meses por um índice de 9% na soma dos bens e riquezas que produzimos. Um dos resultados deste farto crescimento estamos abordando na matéria de capa desta edição da nossa revista Empresa Brasil. Claro que já percebemos os primeiros sinais de desaceleração, mas não podemos deixar de mencionar, neste momento precioso para nós, que os destaques da alta do PIB em janeiro, fevereiro e março foram protagonizados pela indústria e pelos investimentos, dois setores que ainda não haviam recuperado todas as suas perdas na crise de 2009. Os analistas estão mostrando que nada será igual ao que foi até aqui, e os indicadores já apontam para a desaceleração da economia. O próprio governo decidiu colocar um freio nesta expansão e ele já começa a ser sentido neste segundo trimestre de 2010, com o fim dos incentivos fiscais e a alta taxa de juros que retoma o patamar de 10,25%. Tudo para conter a pressão inflacionária. Sabemos que os juros ainda vão crescer até o final do ano. Não podemos, no entanto, perder a perspectiva de continuar avançando de forma sustentável. Com esta garantia poderemos fazer planos para o futuro, e o primeiro deles é torcer para que o novo governo acabe com os gargalos de infraestrutura, pois precisamos continuar crescendo sem ameaças. As nossas micro e pequenas empresas que prosperam em todos os cantos deste País, embaladas pelo bom momento da nossa economia que trouxe ao mercado um contingente da população que estava excluído pela falta de oportunidades e renda, não dispensam esta condição. Neste nosso encontro vamos falar sobre os cenários do futuro e traçar caminhos que poderão nos orientar para seguirmos pela trilha do sucesso neste Brasil que já se faz agora e que mostra boas oportunidades para o futuro.

José Paulo Dornelles Cairoli, presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil e da Federasul

Bom Congresso a todos.

Maio de 2010

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ÍNDICE

3 PALAVRA DO PRESIDENTE Vigésimo Congresso da CACB vai tratar dos cenários das micro e pequenas empresas e traçar caminhos que poderão orientar os rumos do sucesso em um Brasil que apresenta boas oportunidades para o setor.

5 PELO BRASIL FGV: confiança do consumidor sobe 0,6% em maio.

8 CAPA Com um nível de atividades proporcional ao período pré-crise, o que

8 CAPA

corresponderia a uma taxa do Produto Interno Bruto (PIB) entre 5,5% e 6%, a falta de mão de obra no Brasil é de tal maneira disseminada que também alcança segmentos que até recentemente eram obrigados a reduzir o seu quadro. Isso obriga as empresas a investir, cada vez mais, em programas de qualificação.

14 CASE DE SUCESSO Selo verde é garantia de procedência para os móveis produzidos no Polo Moveleiro do Acre.

16 DESTAQUE EMPREENDER Com apoio da Facisc, o estado de Santa Catarina cria o primeiro núcleo nacional de automecânicas.

14 CASE DE SUCESSO

18 LEI GERAL DAS MPEs O debate sobre aperfeiçoamento da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa já iniciou. Deputados querem aprovar o novo texto ainda este ano.

20 DESTAQUE FEDERAÇÕES Reforma política é o berço das reformas necessárias para o futuro do Brasil.

24 DESTAQUE CACB Primeira Associação Comercial do Brasil, nascida em Salvador, se prepara para comemoração do seu bicentenário.

26 DESTAQUE CBMAE Acordo entre a Associação Comercial de Florianópolis, TJCS e Procon/SC oferece aos empresários soluções rápidas e mais em conta.

28 PEQUENAS NOTÁVEIS

28 PEQUENAS NOTÁVEIS

EXEDIENTE

Projeto aproxima agricultura familiar do turismo. Coordenação Editorial: froés, berlato associadas Edição: Milton Wells Projeto gráfico: Vinícius Kraskin Diagramação: Kraskin Comunicação Foto da capa: Studio Scalco Revisão: Flávio Dotti Cesa Colaboradores: Neusa Galli Fróes, Olivia Bertolini, Thais Margalho Execução: Editora Matita Perê Ltda. Fone: 51.3392.7932 Avenida Chicago, 92. CEP: 90240-010 - Porto Alegre-RS

34 TENDÊNCIAS Empresas reduzem custos com práticas sustentáveis.

36 BIBLIOCANTO “Os Bastidores da Crise”, livro do jornalista americano David Wessel, relata a jornada do presidente do Fed, Bem Bernanke, nos dias que se sucederam a maior crise mundial, desde o colapso da bolsa dos Estados Unidos em 1929.

37 ARTIGO O apagão de mão de obra por Marcelo Néri.

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Empresa BRASIL


Foto: Divulgação FAEMS

PELO BRASIL

FGV: confiança do consumidor sobe 0,6% em maio

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Índice de Confiança do Consumidor (ICC) subiu

0,6% em maio em comparação a abril, na série com ajuste sazonal. A informação é da Fundação Getulio Vargas (FGV), que também revisou para cima a taxa do ICC de abril, de 3,5% para 3,6%. Com o resultado, o desempenho do indicador, que é calculado com base em uma escala de pontuação entre 0 e 200 pontos (sendo que, quanto mais próximo de 200, maior o nível de confiança do consumidor), foi de 115,4 pontos para 116,1

Senger é reconduzido na ACEPP Foto: Divulgação FAEMS

O empresário do setor de turismo Evaldo Pavão Senger foi reconduzido à presidência da Associação Comercial e Empresarial de Ponta Porá (ACEPP), para um novo mandato até 2012. A posse ocorreu no último dia 28. Segundo ele, um novo mandato não estava nos seus planos, mas houve comum acordo e apoio suficiente para continuar à frente da Associação. Representantes dos mais diversos segmentos da sociedade estiveram presentes à solenidade. Fonte: FAEMS

pontos de abril para maio. Em seu comunicado, a FGV informou que, em maio, as avaliações sobre o momento continuaram melhorando, mas as expectativas em relação aos próximos meses tornaram-se “um pouco menos favoráveis”. O ICC é dividido em dois indicadores: o Índice de Situação Atual (ISA), que subiu 2,3% este mês após subir 2,9% em abril; e o Índice de Expectativas (IE), que mostrou queda de 0,4% em maio após apresentar taxa positiva de 4% em abril. Fonte: Agência Estado

Up no turismo de negócios A Associação Internacional de Congressos e Convenções (ICCA, na sigla em inglês) acaba de informar o ranking que aponta o Brasil como o País da América Latina que mais recebeu eventos internacionais. Ocupamos o sétimo lugar no cenário mundial e crescemos 12 posições de 2003 ao ano passado. São Paulo é reconhecida, pela ICAA, como a 18ª cidade no mundo em organização de eventos internacionais. Fonte: EFE

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Foto: Divulgação ACP

PELO BRASIL

Federasul aposta nas jovens lideranças A Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul) marcou presença no 3º Fórum Novos Líderes, de 26 a 30 de maio, no Guarujá (SP). A entidade, que criou uma divisão especial para abrigar novos empreendedores, levou quatro integrantes da Divisão de Novas Lideranças, para discutir junto a outros 15 Estados uma agenda empresarial para o futuro do Brasil. Participaram do encontro os vice presidentes, Eduardo Tellechea Cairoli e Gustavo Leipnitz

Ene, e os diretores da ACPA, Bruno Lopes e José Pedro Teixeira. O objetivo do evento é formar um grupo de relacionamento, em todo o Brasil, por meio da troca de ideias e da convivência, criando ações empresariais de impacto positivo para o País. Para o vice presidente da Federasul, Gustavo Ene, “o desafio é incluir o RS como um dos líderes deste movimento e replicar os cases de sucesso do Estado para que a sociedade e o ambiente empresarial colham estes resultados”, afirmou. Fonte: da Redação / Imprensa Federasul

Empresários de Curaçao visitam Guarulhos A Associação Comercial de Guarulhos (ACE Guarulhos) recebeu, no dia 1º de junho, uma missão de representantes de Curaçao – pequena ilha que fica na região do Caribe – para o 2º Encontro Oportunidades de Negócios e Incentivos com Curaçao (Caribe). Além do ministro de Economia, Negócios e Turismo de Curaçao, David Dick, estiveram presentes cinco representantes da Câmara de Comércio curaçalenha. Esta foi segunda vez que a missão da ilha caribenha esteve na cidade paulista. O objetivo do encontro foi mostrar aos empresários guarulhenses uma importante ferramenta de negócios entre os dois países: a Iniciativa da Bacia do Caribe – lei a mericana que prevê

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benefícios aos empreendedores que utilizarem países caribenhos como plataforma de exportação para os Estados Unidos e Europa. O incentivo prevê alíquota zero para produtos importados pelos Estados Unidos desta plataforma. A visita teve o apoio da Curaçao Chamber Of Commerce & Industry. Fonte: ACE Guarulhos

ACP lança seu Código de Ética A Associação Comercial do Paraná (ACP) acaba de lançar o seu Código de Ética. Segundo a presidente da entidade, Avani Slomp Rodrigues, o código é “uma forma de se aprimorar a cidadania. Ele não será normativo apenas para os funcionários e diretores da ACP. É um documento que pretende ser um exemplo para outras entidades, empresas e instituições”, afirmou. O Código de Ética foi elaborado, nos últimos dois anos e meio, pelos empresários Maria Christina de Andrade Vieira e Jonel Chede, expresidentes da ACP, e pelo advogado Cleverson Marinho Teixeira. Fonte: ACP

Federaminas presente no FOPEMIMPE A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico e o Sebrae Minas realizaram em 27 e 28 de maio, na sede da Fecomércio-MG, a terceira assembleia do Fopemimpe – Fórum Permanente Mineiro das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, destinado a discutir propostas de fortalecimento e ações de políticas públicas em favor dos empresários do setor. Durante o evento, o presidente da Câmara de Micro e Pequena Empresa da Federaminas, Fernando Junqueira, que também preside a AC de Além Paraíba, relatou conquistas da entidade em favor desse núcleo empresarial. Fonte: Federaminas


Sebrae premia melhores matérias sobre micro e pequena empresa O Sebrae escolheu o Dia Nacional da Imprensa (01/06) para entregar o Prêmio Sebrae de Jornalismo, concurso que tem como objetivo incentivar a produção de reportagens relativas ao desenvolvimento das micro e pequenas empresas no Brasil. Dos 875 inscritos em todo o País, oito jornalistas foram premiados nas categorias jornalismo impresso; radiojornalismo; telejornalismo; webjornalismo, além de duas menções honrosas. O Prêmio Especial do Júri foi para a repórter

da Globo, Sandra Passarinho, com a matéria “Empreendedorismo”. O repórter Thiago Cid, da Revista Época, autor de “As histórias inspiradoras de quem constrói um novo Brasil”, foi o ganhador do Grande Prêmio Sebrae de Jornalismo e recebeu, além do troféu, R$ 25 mil. Os vencedores de cada categoria – incluindo o Prêmio do Júri Sebrae – receberam R$ 12,5 mil cada um. O vencedor de cada menção honrosa ganhou R$ 3 mil. O presidente do Sebrae Paulo

Investimentos em infraestrutura na América Latina caíram A queda foi significativa, segundo estudo divulgado quarta-feira (02/06) pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) com a colaboração da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), ligada à Organização das Nações Unidas (ONU). O estudo mostra que durante a década de 80 os investimentos em infraestrutura eram de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB). Entre 2002 e 2006 os recursos se mantiveram em média em 1% do PIB nos países analisados. As exceções foram Chile e Colômbia, que superaram a média. De acordo com o coordenador de desenvolvimento do Ipea, Bolívar Pego, o Brasil se situa melhor do que a maioria. “As exceções são os setores fluvial, no qual estamos muito aquém do que poderia, e algumas questões no que se refere a concessões [rodoviárias] que poderiam estar num patamar maior”, afirmou. Fonte: Portugal Digital

Okamotto, lembrou a importância da imprensa: “Esse é um processo de interação importante para fazer com que a gente construa esse conhecimento coletivo sobre o papel dos pequenos negócios como agentes de distribuição de renda, de distribuição de democracia e de oportunidade”, afirmou. O prêmio é uma parceria entre o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Imprensa Editorial. Fonte: Imprensa CACB / Sebrae

Certificação digital: prazo adiado A Receita Federal prorrogou a data de entrega de documentos para a confecção do Certificado Digital que passa a ser obrigatório. A alteração no prazo atende reivindicação do setor e de escritórios de contabilidade. Embora o prazo para uso da certificação digital tenha sido estabelecido como 30 de junho de 2010, as datas de vencimento do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon) e da Declaração de Contribuições e Tributos Federais (DCTF) eram 7 e 22 de junho, respectivamente. Para auxiliar os empresários a apresentarem suas obrigações junto à Receita, o programa da CACB PROGERECS, em parceria com a Certsign, duplicou os postos de atendimento, nos últimos 6 meses. Hoje, são 180 em todo o País. Para mais informações: http://www.cacb.org.br e www.nfe.faz Fonte: Agência Brasil / Imprensa CACB

Junho de 2010

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CAPA

Dificuldade na contratação de pessoal abrange todos os níveis de empresas no Brasil

Falta de mão de obra obriga empresas a investir em qualificação A falta de oferta de profissionais qualificados atingiu até mesmo empresas que até pouco tempo foram obrigadas a demitir pessoal

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esde janeiro deste ano, o grupo Weg, de Jaraguá do Sul (SC), um dos grandes do setor elétrico nacional, mantém em aberto cerca de 500 vagas. Dados o crescimento da empresa e a retomada do mercado, a oferta de candidatos qualificados tem sido abaixo da demanda. Mesmo assim, no acumulado do ano, até maio, a empresa registrou a contratação de 2.134 novos funcionários, passando a contar com um total de para 20.457, dos quais 18.263 no Brasil e 2.194 no exterior, segundo dados divulgados pela área de recursos humanos da companhia. Com um nível de atividades proporcional ao período pré-crise, o que corresponderia a uma taxa do Produto Interno Bruto (PIB) entre 5,5% e 6%, casos como da Weg tornaram-se comuns no Brasil.

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Empresa BRASIL

A Randon, de Caxias do Sul (RS), um conglomerado que atua em diversos segmentos do setor de transporte de cargas, registra igualmente 500 vagas disponíveis. Nos últimos meses, a empresa vem encontrando dificuldades nas áreas técnicas, em eletrônica, manutenção e segurança do trabalho e também nas engenharias, relata Vanderlei Novello, gerente executivo de recursos humanos da Randon S.A. Implementos e Participações. Da mesma cidade da Randon, a Marcopolo, líder no segmento de carrocerias de ônibus, registra vagas em cargos de produção especializados, como soldador e pintor. A falta de mão de obra no Brasil é de tal maneira disseminada que também alcança segmentos que até recentemente eram obrigados a reduzir o seu quadro. Um dos maiores exemplos nessa linha


é o do setor calçadista, que tradicionalmente se utilizava do mercado externo para poder manter o nível de capacidade instalada. Hoje, a situação é bem diferente graças ao ritmo da economia. Com uma produção de 816 milhões de pares de calçados por ano em 2009, o setor deverá apresentar, neste ano, um incremento de 10%, o que se deve à evolução do mercado interno. Esse avanço obrigou as empresas do Vale do Sinos (RS) a contratarem um total de 32.762 novos funcionários no período de janeiro a abril deste ano, o que representou uma evolução de 144,7% em comparação a igual período do ano anterior. Apesar dessa voracidade na contratação de mão de obra, os calçadistas estão correndo atrás principalmente de costureiras e operadores de máquinas de novas tecnologias.

“A crise pela qual passamos fez com que muitos profissionais migrassem para outros setores da economia, e, apesar das escolas técnicas voltadas ao ramo calçadista existentes no país, o reaquecimento da demanda está gerando um déficit”, afirma Heitor Klein, diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados). Tal situação, que não encontra referência em tempos mais recentes, já está sendo chamada de apagão de mão de obra, que, segundo os especialistas, poderá agravar-se em decorrência da menor escolarização dos jovens. Uma das alternativas para contornar essa tendência é a qualificação própria de mão de obra. A Vale, por exemplo, anda à procura de geólogos, técnicos e engenheiros com a especialização em mineração, ferrovia, porto e pelotização. Frente

Pesquisas mostram que o jovem está ingressando no mercado de trabalho com menos escolarização, o que pode agravar o déficit de mão de obra

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CAPA

Empresas criaram programas específicos para o desenvolvimento de seus colaboradores

às dificuldades, a empresa instituiu a criação de programas para suprir demandas. Essa mesma tendência é seguida pela Weg. No ano passado, por exemplo, em 858.881 horas de treinamento, a empresa contou com 62.165 participações. E somente no acumulado deste ano até maio, foram 950 mil horas de treinamento para 54.200 participações em suas unidades no Brasil e no exterior. Tal como na Vale, as vagas mais difíceis de serem preenchidas são as da engenharia. “Hoje, no Brasil, existem poucas universidades que formam engenheiros da área de mineração. Por isso, para preencher esta lacuna a Vale oferece esta especialização a engenheiros de outras formações”, diz, em nota para esta revista, o diretor de recursos humanos da empresa.

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Acentua-se a carência de técnicos nas mais variadas funções

Pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral em 76 empresas, com faturamento médio de US$ 2,8 bilhões e um faturamento total de US$ 207 bilhões, divulgada em maio, mostrou os segu seguintes resultados sobre a falta de mão de obra no país: Categoria de profissionais com maior escassez de mão de obra

Porcentagem das empresas com problemas relacionados a contratação de mão de obra

Na soma do número de empregados das 76 empresas da amostra, o total obtido chega a 694 mil trabalhadores.

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CAPA

APL de móveis de Arapongas procura costureiras, tapeceiros, operadores...

E

m Arapongas (PR), sede do Arranjo Produtivo Local (APL) de móveis, a escassez de mão de obra agravou-se com a retomada da economia nos primeiros meses do ano. Com cerca de 10 mil empregados, o APL tem em aberto entre 1.000 e 1.500 vagas – a maior parte de operadores de máquinas, tapeceiros e costureiras –, segundo o empresário Marcos Aurélio Tudino, vice-presidente da APL do município. Entre os fatores que contribuem para o crescente déficit da força de trabalho, ele cita a opção pela informalidade. “Muita gente força a demissão para receber seguro-desemprego, e completa a renda com subempregos, em especial na construção civil”, diz. Com um total de 167 micro e pequenos empresários, o APL de Arapongas tem recorrido ao Senai/PR na tentativa de suprir a demanda por mão de obra. Mesmo assim, a oferta é insuficiente. “O déficit na força de trabalho ocorre há mais de cinco anos. Com a crise, as empresas passaram a operar de forma mais equilibrada. Setor ressente-se de operadores de máquinas com novas tecnologias

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Veio a retomada e as carências voltaram a aparecer.” Mesmo com a busca de mão de obra qualificada em outros municípios, a reposição não tem suprido a demanda, relata Nelson Poliseli, presidente do Sindicato da Indústria de Móveis de Arapongas (Sima). “Temos feito campanhas em outras cidades para buscar novos colaboradores com qualificação, mas os candidatos são inexperientes para as vagas de que dispomos.” A APL se caracteriza pela concentração de um expressivo número de empresas do mesmo setor que cooperam entre si, o que se deve à tradição da cidade na fabricação de móveis, que se iniciou na década de 1960. O município de Arapongas, na região norte do Paraná, é um dos maiores polos da indústria moveleira do País e o primeiro do Estado, responsável por 10% das exportações de móveis nacionais e responde por 64,75% do PIB do município. O faturamento anual do polo moveleiro de Arapongas ultrapassa R$ 1 bilhão.


Murilo Pinheiro, presidente da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE): “Falta de profissionais não depende apenas da quantidade de estudantes interessados, mas também das vagas oferecidas nas universidades, que ainda são poucas”

Brasil precisa ter o dobro de engenheiros em cinco anos

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ados da Associação Brasileira de Educação em Engenharia (Abenge) mostram que o Brasil forma menos de 20 mil engenheiros a cada ano em um total de 1.400 cursos. Na Coreia do Sul, a relação é de 20 engenheiros em cada 100 formandos nas universidades; na França, essa relação é de 15 para 100; e no Brasil, de oito para 100. Entre os 589 cursos autorizados pelo Ministério da Educação, entre julho de 2008 e agosto de 2009, apenas 13% eram da área. Entre os 283 cursos ofertados pelas 12 novas universidades federais, apenas 52 são de engenharia. “Há ainda um longo caminho a se percorrer para que o conjunto das instituições tenha a qualidade necessária para o mercado. Além dos critérios básicos, é preciso avançar em termos de inovação no ensino de engenharia”, destaca Murilo Pinheiro, presidente da Federação Nacional de Engenheiros (FNE). Para garantir o contingente maior de profissionais de engenharia, é preciso que o Brasil avance de forma radical na qualidade do ensino fundamental e do médio. As crianças e os jovens precisam de uma formação básica consistente, especialmente

nas áreas de exatas, acrescenta Pinheiro. “Num cenário de crescimento econômico, precisaremos de mais profissionais e preparados para lidar com os desafios que nos são colocados, como a exploração das reservas de petróleo na camada do pré-sal.” De acordo com o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, lançado pela FNE em 2006 e atualizado no ano passado, ao se manter a expansão do PIB (Produto Interno Bruto) nos patamares de 6%, em cinco anos, precisaremos ter pelo menos o dobro dos cerca de 30 mil que se formam hoje. No Brasil há 1.406 cursos de engenharia: 40% em instituições públicas e 60% nas privadas. Cursos com Maior Participação-2008 Elétrica Civil Prod. Mec. Contr. Aut. Mecânica Produção

14.051 12.178 8.961 7.870 7.157 6.927

12 % 11 % 8% 7% 6% 6%

Ambiental

5.881

5% Junho de 2010

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CASE DE SUCESSO Fotos: Secom do Governo do Acre

Empresários do Acre descobriram que só têm a ganhar com a proteção do meio ambiente, inclusão social e manejo florestal

Garantia de origem O FSC, o selo verde mais reconhecido em todo o mundo, orienta o comprador na escolha de produtos ecologicamente corretos

O

Acre é hoje o líder brasileiro de práticas de manejo florestal certificado. Nessa tendência de consumo consciente, foi criado o Polo Moveleiro do Acre (PMA), que reúne grande quantidade de micro e pequenas empresas – mais de 70% delas têm até 10 funcionários – com cerca de 400 movelarias, que geram 1,5 mil empregos diretos aproximadamente. Nos últimos anos, a indústria moveleira acreana vem desenvolvendo sua capacidade de produção, aprimorando a qualidade dos seus produtos e utilizando principalmente as tecnologias mais avançadas. Apresenta como principais fatores de competitividade a madeira tropical, a certificação da produção e a inovação baseada no aprimoramento do design e da utilização de outros materiais alternativos de manejos florestais. A principal atividade do polo é hoje a certificação do manejo florestal. O selo pode ser encontrado em uma variedade cada vez maior de produtos: desde madeira para construção civil, móveis e

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objetos de decoração até instrumentos musicais, revistas, papéis para impressão e embalagens para produtos diversos, como cosméticos e alimentos. O Polo Moveleiro do Acre, junto com outras oito comunidades brasileiras, é parceiro do FSC (Conselho de Manejo Florestal, na sigla em inglês), o selo verde mais conhecido no exterior. O PMA é resultado da iniciativa do Governo do Estado em parceria com o Banco da Amazônia, Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), Sebrae e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, que oferece infraestrutura adequada para os empreendimentos. A madeira vem de planos de manejo, que, no Acre, são delimitados pelo governo do Estado. As propriedades passam por um zoneamento econômico e ecológico que determina a quantidade de madeira que poderá ser extraída sem prejuízo à regeneração da floresta. Depois, é feito o licenciamento ambiental. A certificação, conforme avalia Elisângela Rocha, coordenadora do Polo Moveleiro, é um aspecto fundamental para o projeto.


“A certificação abriu novas e importantes portas para o móvel produzido no Acre”, disse. A certificação é uma tendência mundial irreversível, que cresce entre 30% e 40% ao ano no Brasil. Pela questão fundiária, a certificação de florestas ainda é pequena no Brasil, que tem 4 milhões de hectares certificados, sendo que 3 milhões com o selo FSC, pelo Imaflora, empresa que distribui o selo no país. O Acre possui a Floresta Estadual do Antimary, a única floresta pública certificada do Brasil. No mundo, são 127 milhões de hectares de florestas certificadas, com mais 1.000 empreendimentos em 82 países. Proteção para novas espécies Plantas epífitas (as que vivem no alto das árvores) estão sendo identificadas e protegidas no manejo florestal no Acre. Muitas orquídeas, bromélias e cactos têm sido registrados como novos para a ciência. Na Fazenda São Jorge I, de propriedade da Laminados Triunfo, foram resgatados 300 unidades de 58 espécies para compor a primeira coleção fora do hábitat organizada pelo Governo do Acre em parceira com a Universidade Federal do Acre (UFAC). Entre estas espécies, há um gênero de cactos e sete de orquídeas recém-descobertos pela ciência. Da Amazônia para o Brasil Em abril deste ano, o PMA foi destaque na IV Feira Brasil Certificado, em São Paulo. A feira reuniu 35 empresas e 60 expositores, quase o dobro do ano anterior. O evento acontece desde 2004, mas a certificação de produtos agrícolas é um tema novo. A ideia foi mostrar como é possível transformar matéria-prima oriunda de florestas certificadas em produtos de consumo consciente. Junto com o polo moveleiro acreano, produtores de vários setores – madeira, celulose papel, alimentos, cosméticos, essências e empresas do setor agroindustrial que possuem o selo Rainforest Alliance – mostraram que é possível obter uma produção competitiva através de conceitos verdes, como inclusão social e sustentabilidade ambiental. O Acre teve um dos maiores espaços da mostra, com produtos madeireiros e não madeireiros.

Indústrias como Ouro Verde, Triunfo, Fábrica de Pisos de Xapuri, além da exposição da coleção de móveis da Casa & Companhia – produzidos pelo Polo Moveleiro – ,chamaram atenção para a nova economia do Estado, baseada em baixo uso de carbono e alta inclusão social. Através dos contatos realizados na feira, empresas como a Precious Wood e Mil Madeiras se interessaram em se estabelecer no Acre, fortalecendo a cadeia de produção e aumentando as áreas de manejo. A feira serviu para fomentar a melhoria dos produtos regionais, divulgar os resultados até então obtidos pela Política de Valorização do Ativo Ambiental Florestal e promover a atração de investimentos para o Acre.

O Polo Moveleiro do Acre, junto com outras oito comunidades brasileiras, é parceiro do FSC

Polo Incubador Na feira também foi lançada a linha de móveis da coleção 2010, em parceria com a empresa Casa & Construção, do PMA. O catálogo Coleção Acre Certificado traz como novidade o parquet, placa de madeira maciça usado para pisos, até então fabricado apenas em algumas empresas do País.

O que é manejo? Conjunto de técnicas que permite a exploração controlada da floresta, com redução de desperdício e escolha de árvores adultas, por exemplo. O que significa FSC? Sigla em inglês para Conselho de Manejo Florestal. É a certificação de origem florestal mais conhecida no mercado internacional. A sede fica em Bonn, na Alemanha. Que produtos levam o selo verde? Madeira, móveis, papel, celulose, castanhas, óleos essenciais, artesanato.

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DESTAQUE EMPREENDER Fotos: Facisc - Assessoria de Comunicação

Encontro do Núcleo de Automotivas em 2007 reuniu cerca de 1,5 mil pessoas em São Bento do Sul

Automecânicas em movimento nacional Automotivas de Santa Catarina, com apoio da Facisc, têm iniciativa de criar núcleo nacional de automecânicas a partir de encontro com feira

O

Brasil poderá ter o primeiro núcleo setorial estruturado nacionalmente a partir do I Encontro Nacional de Automecânicas. O evento acontecerá em Florianópolis, junto com o Salão do Automóvel e com o 15º Encontro Estadual de Automecânicas de Santa Catarina. O encontro nacional, que acontecerá nos dias 29 e 30 de julho, será o primeiro a receber o apoio do Empreender e CACB, tornando-se a primeira vez que um segmento do projeto terá um encontro nacional. A Federação das Associações Comerciais e Industriais de Santa Catarina (Facisc) está apoiando o encontro e a feira. O Sebrae também já confirmou apoio do Senai, e dos distribuidores Scherer e Disauto.

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Quem organiza o movimento é o Núcleo Estadual de Automecânicas de Santa Catarina (NEA), que já realizada periodicamente, anual ou a cada dois anos, um encontro estadual com a participação das empresas do setor. Os encontros reúnem em média mais de 1.000 pessoas. Atualmente existem cerca de 300 núcleos de automecânicas no Brasil. Em Santa Catarina, o NEA reúne 30 núcleos locais que aglutinam mais de 400 empresas. O coordenador do projeto Empreender, Carlos Rezende, espera que este movimento nacional do núcleo de Automecânicas estimule outros núcleos setoriais ao mesmo movimento. “O núcleo setorial nacional terá um trabalho interligado muito mais forte”, explica.


Para o coordenador estadual do NEA-SC, Marcos Adolar Thien, a ideia é dar maior visibilidade aos trabalhos desenvolvidos pelos núcleos, por isso será usada a estrutura do Salão do Automóvel. Este movimento só foi possível graças ao apoio da Confederação das Associações Comerciais do Brasil (CACB) e da Facisc. “O apoio dessas entidades foi fundamental para a viabilização do evento. Esperamos receber um público recorde, que irá contar com palestras sobre o mercado e apresentação de cases de sucesso, de todo o país”, declara Thien. Programação O encontro pretende trazer temas como inovação e tecnologia no setor automotivo, impactos ambientais, estratégias para atender novos consumidores e experiências dos núcleos setoriais de automecânicas de cinco regiões brasileiras. Além de palestras técnicas sobre motores, resíduos ambientais e outros. O acesso à Feira e Salão do Automóvel será livre. O palestrante José Arnaldo Laguna, presidente do Conselho Nacional de Retífica de Motores (Conarem), já confirmou a presença, além de representantes do Sebrae, CACB, Senai e Instituto de Qualidade Automotiva (IQA). Com informações da Facisc.

O que é um núcleo setorial? É um grupo de trabalho formado por empresários de um mesmo segmento que se reúnem periodicamente, orientados por um consultor, para debaterem problemas comuns. O núcleo busca soluções conjuntas, priorizando quebrar o isolamento das MPEs. Os núcleos também promovem cursos, atuam junto aos órgãos de fiscalização e normatização, organizam compras e vendas em conjunto. Para participar, basta procurar o escritório regional do núcleo de interesse.

Encontro focará temas como inovação e tecnologia no setor automotivo, impactos ambientais e estratégias para atender novos consumidores

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Lei Geral pode ser revisada ainda este ano O debate sobre aperfeiçoamento da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa já se iniciou. Deputados querem aprovar o novo texto ainda este ano

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frente parlamentar mista da micro e pequena empresa e a Comissão de Finanças e tributação da Câmara dos Deputados abriram o debate sobre as mudanças necessárias à lei geral das micro e pequenas empresas. A Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) participou do debate que analisou vários aspectos para o aperfeiçoamento da lei. Os parlamentares pretendem alterar a legislação depois das eleições, para que as mudanças entrem em vigor no primeiro dia de 2011. As alterações pretendem reduzir a burocracia e estimular o crescimento das MPEs e a geração de empregos, além de simplificar as relações de trabalho com redução do depósito recursal. Em 2006, o principal avanço foi a criação do Supersimples, que unificou a cobrança de impostos municipais, estaduais e federais para micro e pequenas empresas. Agora devem ocorrer mais de 12 modificações na lei geral. O projeto vai propor ajustes nos valores da receita das empresas incluídas no Simples Nacional, entrada de novas categorias nesse sistema de tributação, atualização do teto para formalização do empreendedor individual, soluções para conflitos com o ICMS e a criação do Simples Rural, que pretende diminuir o índice de informalidade no setor, que hoje chega a 80%, segundo dados do IBGE. No seminário, foram apresentadas outras sugestões, como o escalonamento também dos valores das multas administrativas, de acordo com o tamanho da empresa. Pela proposta, o teto da receita bruta anual do Simples Nacional para microempresa passa de R$ 240 mil para R$ 360 mil. O mesmo teto sobe de R$ 2,4 milhões para R$ 3,6 milhões nas empresas de

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Foto: Janine Moraes / Divulgação Secom Câmara

Seminário analisou mudanças na lei geral das micro e pequenas empresas pequeno porte. Também não haverá mais distinção de categorias de serviço para o sistema de tributação. Outra discussão será elevar o teto da receita bruta anual do empreendedor individual de R$ 36 mil para R$ 60 mil, com um meio-termo provável de R$ 42 mil. A alteração na Lei Geral também cria comitês gestores para tratar de assuntos estratégicos da lei, como os que possibilitam maior acesso dos micro e pequenos negócios às compras governamentais, à inovação e tecnologia e aos serviços financeiros. Além dos deputados Pepe Vargas (PT-RS), presidente da Comissão de Finanças, e Cláudio Vignatti, que presidiram o seminário, participaram representantes do governo federal, do Sebrae e de entidades empresariais como (CACB), Confederações Nacional da Indústria (CNI), Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e da Cooperativa de Habitação dos Agricultores Familiares (Cooperhaf - Fetraf Sul). Pela CACB estavam presentes o vice-presidente Luiz Carlos Furtado Neves, o diretor-financeiro George Teixeira, além do superintendente da Facesp, Nathanael dos Anjos.


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DESTAQUE FEDERAÇÕES

Reforma política é o berço das reformas necessárias para o futuro do Brasil

É

Quais as principais realizações de sua gestão? O nosso maior desafio, ao assumir a Faem, foi e tem sido o de interiorizar as ações, reformular práticas antigas e modernizar o sistema associativo no Maranhão. Uma das primeiras realizações nesse sentido foi ajustar o Estatuto Social da Entidade de modo a torná-lo mais eficaz e próximo da realidade do nosso sistema. Outro destaque foi a realização do I Congresso Estadual de Associações Empresariais, em maio, quando contamos com a participação de representantes de todas as associações comerciais filiadas, além do apoio da CACB, com a presença do presidente, José Paulo Dornelles Cairoli, que ministrou a palestra de abertura. E, mais recentemente, podemos destacar a aquisição da sede própria, o que irá proporcionar mais segurança e estabilidade à Faem.

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Foto: Francisco Campos / divulgação FAEM

inquestionável a importância do debate as tributária, previdenciária sobre as reformas e trabalhista. Mas as não se deve perder de vista a reforma ma política, “o berço de todas as reivindicações”, sinaliza, naliza, nesta entrevista, o empresário Júlio César Teixeira eira Noronha, presidente da Federação das Associações ões Empresariais do Maranhão (Faem) desde 1999. 999. Ex-secretário de estado da Indústria ndústria e Comércio do ém da Faem, Noronha Maranhão (2006-2009), além dirige o Conselho Deliberativo vo do Sebrae.

Quais as principais inovações? Com foco na descentralização das ações, modificamos a dinâmica das reuniões com as associações filiadas. Em vez de realizar todos os encontros mensais na sede da Faem, em São Luís, passamos a fazê-los de forma alternada, um na capital e outro no município. A maciça participação dos filiados no Congresso reflete o resultado positivo dessa mudança, que vem proporcionando uma integração cada vez maior com nossos associados e a possibilidade de termos contato com a realidade de cada um e de conhecermos suas necessidades. Essa prática tem gerado ainda maior eficiência na solução de problemas e melhor desempenho. Quais os novos departamentos que surgiram na estrutura da federação nos últimos anos?


Temos na Faem uma estrutura pequena, porém organizada de forma compartimentada. Não falamos em departamentos, o que sugere grandes dimensões em estrutura física e recursos humanos. O que temos são áreas de trabalho bem definidas. E entre as que foram criadas nos últimos anos podemos destacar a área comercial, que cuida da promoção de serviços e produtos geradores de receita para as associações; e a de comunicação, encarregada de produzir informações internas e para o site, além de promover o intercâmbio com a imprensa. A entidade pretende encaminhar alguma reivindicação aos candidatos à Presidência da República? Sim. Considerando que as regiões mais distantes dos grandes centros industriais têm crescido nos últimos anos mais que as demais regiões, o Norte e o Nordeste devem ser alvos de programas específicos de desenvolvimento industrial. Nossa reivindicação está focada no adensamento das cadeias produtivas e na mudança do perfil de produtores de matérias-primas. A sua administração troca experiências com outras federações? A troca de experiências é uma dinâmica constante, estamos em diálogo com as demais federações no dia a dia e nos encontros e congressos, sempre buscando aperfeiçoar nossas práticas. Um exemplo é o Programa Empreender, criado pela CACB em parceria com o Sebrae Nacional. O programa chegou ao Maranhão em 2001 e só em 2009 formou 51 núcleos setoriais e atendeu 913 empresas. Mais recentemente firmamos convênio com a Certsign Certificadora Digital, depois de consultarmos os resultados obtidos em outras federações. Qual deve ser o foco de atuação da CACB daqui para a frente? O momento de transição política reflete a oportunidade de inserir nas agendas dos candidatos as reivindicações adormecidas pelo descaso com que foram adiadas. A formulação do PAC II e da demanda de propostas fortalecedoras dos palanques dos candidatos é

fundamental para o enriquecimento de compromissos partidários. É, portanto, fundamental que os legítimos interesses das forças motrizes da economia do País estejam efetivamente inseridos nas políticas públicas. Quais devem ser as prioridades da agenda empresarial no País? É inquestionável que o debate gire em torno das reformas tributária, previdenciária e trabalhista. Não se deve, entretanto, colocar em plano inferior a reforma política, berço de todas as reivindicações. Polarizar, por exemplo, o debate sobre a redução da jornada de trabalho entre a representação sindical e as entidades que representam os interesses empresariais, coloca em plano secundário o estabelecimento de políticas compensatórias, sob pena de comprometer a competitividade dos negócios. Qual deve ser a posição do meio empresarial no que se refere à racionalização e redução dos gastos públicos? É evidente que o constante crescimento dos gastos públicos remete, com absoluta transparência, ao tamanho da carga tributária, em verdadeira dessincronia com os gastos em investimentos infraestruturais. A modernização da administração pública é ingrediente urgente e necessário, mas sobreleva o aperfeiçoamento do controle social sobre os gastos públicos como o instrumento mais eficaz.

“ ” “A modernização da administração pública é ingrediente urgente e necessário, mas sobreleva o aperfeiçoamento do controle social sobre os gastos públicos como instrumento mais eficaz”

Quais os pontos mais importantes em uma reforma tributária? O ponto de partida é o reconhecimento da possibilidade de que uma abrangente e profunda reforma tributária não implica necessariamente redução de receitas. Um projeto que assimile e calibre a arrecadação tributária ao tamanho exato da necessidade implica em reduzir o tamanho do Estado ao seu real papel. Um projeto, nesse sentido, deve não só propor amplos entendimentos com a sociedade, mas sobretudo, considerar a minimização de conflitos internacionais que necessitam de medidas reparadoras nas relações comerciais. E isso de forma adequada ao fortalecimento da competitividade da indústria e do comércio do Brasil. Junho de 2010

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DESTAQUE FEDERAÇÕES

Alta carga tributária e burocracia prejudicam o empreendedorismo no Brasil

Quais as principais realizações de sua gestão? O grande objetivo é consolidar nossa união. Estamos preocupados, também, em antecipar o futuro. Para tanto, precisamos encontrar outras formas de serviços, para fortalecermos nossas receitas. É igualmente relevante atuarmos com o Banco do Povo e buscarmos outras participações, as mais variadas possíveis, a fim de que nossos associados tenham dentro das suas respectivas associações um ambiente que não só ofereça cursos e palestras, mas a integração efetiva do associado à entidade. Faz-se necessário instrumentalizar essa capilaridade, que só em São Paulo alcança mais de 420 entidades.

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Quais as inovações de sua gestão que o senhor destacaria? Começo pela criação de um Plano de Desenvolvimento Operacional (PDO), por meio do sistema online de avaliação. Seguem-se outras criações importantes: a padronização das ACs e seus serviços; o credenciamento das empresas que prestam serviços para a nossa rede e a certificação das ACs segundo sua performance. Citaria ainda a criação de um banco de dados do empresariado paulista; um Fundo de Desenvolvimento das ACs (Fundac) para estabelecer ações que possam beneficiar as entidades e seus associados e também uma parceria com o sistema

Foto: divulgação FACESP

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residente da centenária Associação Comercial de São Paulo (Acsp) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Alencar Burti sempre se destacou pelo empenho a favor do empreendedorismo. Fiel a esse princípio, ele escolheu duas campanhas com foco na gestão das duas entidades: “De Olho no Imposto”, destinada a informar à população sobre a alta carga tributária existente no País, e “Desatar o nó”, voltada para descomplicar a vida dos paulistanos no momento de abrir uma empresa “São compromissos das entidades contra os pesados impostos e a burocracia”, reafirma Burti. “Ao empreendedor, o risco, e ao governo, a responsabilidade pela criação de um ambiente próprio para que o espírito empreendedor possa se transformar em realidade e desenvolvimento”, diz Burti. Leia, a seguir, a entrevista de Alencar Burti a Empresa Brasil:


financeiro (SII-Facesp) para estabelecer ações que possam adequar as ACs aos novos desafios do SCPC. Qual a importância de uma representatividade forte para os associados? Uma entidade está para seus associados na relação direta dos serviços que presta, das teses que defende e dos objetivos a que ela se propõe. O associado só entra em uma entidade quando ele constata que a entidade representa seus anseios, objetivos e propósitos, quer como cidadão, quer como empresário. Quais os novos departamentos que surgiram na estrutura da Federação nos últimos anos? Temos, graças ao superintendente da Facesp, Natanael Miranda dos Anjos, uma estrutura eficiente e em evolução, buscando novos serviços. É nosso objetivo, ainda, difundir a certificação digital, que é uma realidade, o sistema de cooperativas, o aprimoramento de conceitos, procurando através da educação e do profissionalismo encurtar os caminhos para as realizações. A sua administração troca experiências com outras federações? Mantemos contato com praticamente todas as entidades no estado de São Paulo e também com entidades de representação nacional, promovendo a troca de experiência e troca de resultados em todos os campos, em todas as áreas. Qual deve ser o foco de atuação da CACB daqui para a frente? A CACB deve profissionalizar as entidades que dela fazem parte. No momento em que as Federações conseguirem isso, tudo fica mais fácil. É fazer uma dicotomia entre o voluntariado e os executivos e contratados, aos quais cabe a responsabilidade de cumprir os objetivos, as metas que se traçam nas reuniões. Temos mais de 2.200 entidades no País e, se conjugarmos o idealismo dos voluntários e um profissionalismo eficiente dos executivos, seremos a maior rede de influência do Brasil.

Quais devem ser as prioridades da agenda empresarial no País? Primeiro é você ter liberdade de empreender, segundo é coerência nas suas colocações. Não fazer a crítica pela crítica e, quando fizer qualquer observação, apresentar, paralelamente a essa crítica, uma sugestão que leve harmonicamente a uma solução. Criticar e não participar da solução é o caminho mais improdutivo, mais inócuo de se propor qualquer coisa, pois certamente não se chegará a lugar algum. Qual a sua opinião sobre a questão fiscal no País? Acho difícil uma solução em curto prazo. É um problema de cultura e um mal de raiz. Há uma assertiva que diz que mais importante do que ganhar é saber gastar. E é o que não vemos no poder público. Arrecada-se exageradamente e se gasta muitíssimo mal. Entendo que o caminho para acabar ou pelo menos racionalizar os exagerados gastos públicos é a reforma política. Uma reforma que aproxime o eleitor do eleito, redução de partidos, em que se possa, efetivamente, optar por um partido, com conteúdo programático, ideológico em seus estatutos.

“ ” “Criticar e não participar da solução é o caminho mais improdutivo de se propor qualquer coisa, pois certamente não se chegará a lugar algum”

Quais os pontos que considera mais importantes em uma reforma tributária? Já presidi essa honrosa entidade, já presidi mais de dez entidades e, desde 1988, luto pela reforma tributária. Comecei a luta quando a contribuição da sociedade para o fisco era de 25%. Hoje está em 37%. Tenho para mim, hoje, que sem uma reforma política você não conseguirá uma reforma tributária justa para o País. A entidade pretende encaminhar alguma reivindicação aos candidatos à Presidência da República? A primeira coisa que queremos é que os candidatos estejam comprometidos com uma reforma política que leve a uma reforma tributária e a uma reforma do sistema trabalhista, a CLT, além de alterações em outros instrumentos que impedem a competitividade dos nossos produtos. Junho de 2010

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DESTAQUE CACB Fotos: divulgação ACB

O Palácio neoclássico do século XIX, aberto à visitação pública, abriga uma pinacoteca, arte e história

Duzentos anos de história A primeira associação comercial do País nasceu no Brasil colonial, em Salvador

T

rata-se da Associação Comercial da Bahia, que no mês que vem abre caminho para os festejos do seu bicentenário. Ela também é a mais antiga da América Latina e sua história, que inclui o status de entidade de Utilidade Pública Federal, está intimamente ligada aos importantes acontecimentos do comércio brasileiro e da Bahia e especialmente traduz a evolução da representatividade dos comerciantes nas esferas públicas e privadas. A ACB nasceu ainda no Brasil Colonial, para ser um ponto de encontro dos comerciantes. Sua inauguração foi incentivada também pelo Vice-Rei do Brasil, Dom Marcos de Noronha e Brito, o Conde dos Arcos de Valde Vez, que tinha interesse em promover o desenvolvimento da província. Outro apoiador de sua história foi D. João VI, que almejava o progresso da colônia, sede provisória da Corte Portuguesa.

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O Palácio sede da ACB, hoje patrimônio histórico, foi cedido pela corte e custeado por subscrições dos comerciantes baianos. Foi, solenemente, inaugurado em 18 de janeiro de 1817 com festa, bênção e orquestra. Os comerciantes da Praça da Bahia ofereceram a Dom Marcos uma espada de ouro. Ao longo de seus dois séculos, a Associação teve papel de destaque na representação do interesse do empresariado junto ao poder público, como, por exemplo, na liderança da iniciativa privada para a implementação do Polo Petroquímico de Camaçari, cujo ato de constituição foi assinado em solenidade realizada no seu Palácio sede, em outubro de 1971. Na história recente, atuou na promoção do projeto de criação de Câmaras de Arbitragem. O presidente do bicentenário, Eduardo Morais de Castro, tem certeza de que uma das principais


características da ACB é desenvolver um planejamento estratégico forte para representar os associados perante os poderes públicos e sociedade, e igualmente, “colaborar, através de seus meios, para contribuir e transformar a Comunidade”. Este incentivo à transformação da sociedade se dá, igualmente, pela formação de empresários. Em 1905, patrocinou a fundação da Escola de Comércio e defendeu os interesses da nova instituição junto ao governo e à classe empresarial. Em 2000, a entidade assinou um convênio com a Universidade da Bahia para selecionar alunos, inclusive estrangeiros, de desempenho acadêmico destacado para estagiarem em empresas baianas, com a possibilidade de efetivação após a conclusão dos estudos. A ACB tem representatividade permanente em órgãos internacionais como o Promoexport (Centro Internacional de Negócios, na Câmara Comércio e Indústria Brasil-China). Participa também do Conselho Urbano de Desenvolvimento Urbano (Condurb), entre outras atuações relevantes. Além de divulgar os interesses do empresariado baiano, a ACB estabeleceu ao longo da História uma forte atuação no âmbito social. A Entidade mantém um programa de convênios com empresas comerciais e prestadoras de serviços que garante condições diferenciadas para seus associados. Outro exemplo se dá no serviço de atendimento médico emergencial. Atua ainda em conselhos de saúde com cadeira permanente no Conselho Estadual de Saúde e no Conselho Curador da Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia. O programa “Empreender”, que estimula o associativismo com a participação de micro, pequenas e médias empresas, também ganha espaço na ACB. O projeto nasceu na Alemanha nos anos 80 e no Brasil começou em Santa Catarina, e, há dez anos, chegou na Bahia. A associação baiana valoriza o passado apoiando a revitalização dos prédios históricos baianos. Na comemoração do seu centenário, financiou a reconstrução total da Praça Deodoro da Fonseca e hoje lidera a campanha em prol da revitalização do bairro do Comércio, para que ele retome o status de centro financeiro da cidade e atração turística.

Comemorações se iniciam neste ano

Presidente da ACB, Eduardo Morais de Castro

O calendário de ações para a comemoração dos 200 anos da ACB já começa este ano. A entidade está reestruturando o Palácio (tombado pelo IPHAN desde 1938), com novas tecnologias de proteção, climatização de todo o Palácio, substituição do piso do Salão Nobre, recuperação de 2 sinos e relógios seculares. Para o próximo ano, estão previstos os lançamentos do Selo Postal Comemorativo e Carimbo e da Medalha pelo Clube Medalhístico da Casa da Moeda do Brasil, além da inauguração do Museu do Comércio.

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DESTAQUE CBMAE

Maioria dos procedimentos envolve relações comerciais

Parceria agiliza conflitos judiciais Acordo entre Associação Comercial de Florianópolis, TJSC e Procon-SC oferece aos empresários locais uma forma alternativa, mais rápida e menos dispendiosa, de solução de litígios

O

comprometimento de um banco em tirar o processo de uma dívida cadastrada equivocadamente; a concordância de uma escola de informática em cobrar do ex-aluno apenas as mensalidades referentes aos meses em que ele compareceu ao curso não concluído; o parcelamento de uma dívida entre um cliente inadimplente e

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uma ótica. Estes são apenas alguns dos finais felizes promovidos pelo Posto Avançado de Conciliação Extraprocessual (PACE) de Santa Catarina. O projeto foi implantado em junho de 2009 e funciona no corpo da diretoria jurídica da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (ACIF). O PACE é uma iniciativa resultante da parceria entre Sebrae, Conselho Nacional de Justiça (CNJ)


e Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB). Segundo a assessora jurídica da ACIF, Paula Virgínia Castro Pavin, os litígios apresentados ao PACE têm sido resolvidos em até 15 dias, enquanto que o processo poderia levar até 6 meses na Justiça tradicional. Desde a criação do PACE, foram detectados 43 procedimentos, dos quais 42 envolveram relações comerciais. Para ajudar a emplacar o projeto, em novembro de 2009, a Associação Comercial também firmou um acordo com o Procon-SC. Foi uma iniciativa conjunta do presidente da ACIF, Doreni Caramori Jr., e do presidente da Câmara dos Vereadores, Gean Loureiro. A principal função do PACE no acordo é a homologação judicial após a conciliação. A ACIF busca fazer a divulgação do PACE através de matérias publicadas na imprensa local e de visitas a organizações associadas ao projeto. Isto ressalta a importância do PACE na intenção de agilizar e baratear a solução de conflitos. Além de ser essencial para conquistar sempre mais empresários, que vejam no PACE uma solução eficaz para seus conflitos. O PACE-SC também pede apoio institucional da CACB para realizar uma palestra na sede da ACIF, ministrada pelo ministro Cezar Peluso, e em parceria com outras instituições interessadas no tema – como o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a Federação das Indústrias de São Paulo, a

Federação da Micro e Pequena Empresa de São Paulo, a Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Santa Catarina (FACISC) e Federação das Associações de Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina (FAMPESC). Estrutura A ACIF conta com cinco sedes regionais, que poderão ser destinadas, no futuro, ao atendimento do PACE. As sedes ficam em Canasvieiras, Ingleses, lagoa da Conceição, Rio Tavares e Estreito. A equipe do PACE conta atualmente com quatro conciliadores, sendo uma advogada – Paula Virginia Castro Pavin, que também é assessora jurídica da ACIF. Os outros três conciliadores são Diego Rodrigues da Silva, Fernanda Soares e Claudesse Viganigo. O juiz coordenador, responsável por homologar os acordos, é Vilson Fontana, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Avaliação Na última semana de março, o coordenador adjunto da CBMAE nacional, Aldo Teles, visitou o PACE de Santa Catarina para acompanhar os trabalhos desenvolvidos e desenvolver um diagnóstico. Para ele, o PACE está funcionando satisfatoriamente. Teles notou também que os acordos têm sido homologados normalmente pela Justiça e que o acordo local feito com o Procon-SC é bastante positivo.

Ao procurar o PACE para instaurar um processo de conciliação, as partes recebem um documento como este ao lado, com as indicações de documentos necessários, motivo e data do procedimento. Os documentos referentes ao litígio não são arquivados na sede da ACIF. As partes são instruídas a portar a documentação necessária durante o acordo, mas nada fica com a associação. O único documento que fica registrado no PACE é o termo de acordo. Junho de 2010

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PEQUENAS NOTÁVEIS Foto Sebrae/RS

Evento reuniu mais de 300 lideranças interessadas em inovação, mercado e acesso a serviços financeiros

Paulo Tigre (E), Guilherme Cassel e Paulo Okamotto na assinatura do convênio em Porto Alegre

Novo projeto aproxima agricultura familiar e turismo na Copa do Mundo 2014 Projeto Talentos do Brasil Rural: turismo e agricultura familiar a caminho dos mesmos destinos terá investimento de R$ 3 milhões em todo o País ■ Agência Sebrae de Notícias

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brir novos caminhos para produtos e serviços da agricultura familiar brasileira durante a Copa do Mundo de 2014. Esse é o propósito do convênio assinado entre Sebrae, Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) e Ministério do Turismo (Mtur). O acordo vai viabilizar a realização do Projeto Talentos do Brasil Rural: turismo e agricultura familiar a caminho dos mesmos destinos, que prevê a inserção de produtos da agricultura familiar em estabelecimentos comerciais e turísticos das 12 cidades-sede do evento esportivo.

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“É um projeto regional e nacional, que busca fomentar a agricultura familiar de forma organizada, para manter a riqueza do País, com uma produção cada vez mais qualificada e diferenciada”, destacou o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae no Rio Grande do Sul e presidente da Fiergs, Paulo Tigre. A ação terá disponíveis recursos na ordem de R$ 3 milhões, que serão repassados pelo MDA, via Caixa Econômica Federal, e geridos pelo Sebrae Rio Grande do Sul. Com abrangência nacional, o Talentos do Brasil Rural capacitará, inicialmente, 125 cooperativas selecionadas para oferecer artigos diferenciados aos estabelecimentos que serão frequentados por turistas durante o mundial da Fifa – incluindo


hotéis, bares, restaurantes e lojas de artesanato das cidades-sede. No Rio Grande do Sul, serão cerca de 30 cooperativas. A previsão é de que o edital seja publicado na primeira quinzena de junho. O intuito do projeto é promover a inclusão de itens de alimentação e bebida, artesanato, decoração e amenities (miniaturas de xampus e sabonetes disponíveis nos banheiros de hotéis) típicos de cada região do País, fabricados por agricultores familiares. Serão produtos como xampu de cupuaçu, sabonete de açaí, cachaça, conservas, mel, geleias, frutas e sucos orgânicos, peças de artesanato, entre tantas outras opções. O presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, destacou que “o convênio vem reforçar a atuação da instituição junto à agricultura familiar. Temos linhas de projetos desenvolvidos, com base na gestão de negócios, diversificação dos canais de distribuição, qualificação de produtos e agregação de valor, por meio do design e acesso a novos mercados, por exemplo”. Também serão realizadas ações de qualificação de empreendimentos de turismo rural situados no entorno das cidades-sede da Copa de 2014, para que possam oferecer atividades diversificadas e, assim, atrair o público que estará nos locais para assistir aos jogos do mundial para passeios, hospedagem e refeições. A previsão é de que o trabalho seja executado em um prazo de 18 meses. “Esse será um impulso, a ideia é que as participantes mantenham-se no mesmo caminho depois da Copa. Temos exemplos dos efeitos positivos que o evento internacional trouxe para a economia de outros países que o sediaram”, comentou o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel. Ações O primeiro passo será o planejamento das estratégias de atuação, comunicação, monitoramento e avaliação do projeto, seguido pela elaboração de uma pesquisa de mercado que norteará os passos seguintes. “Vamos identificar os estabelecimentos que já compram produtos da agricultura familiar, aqueles que ainda não o fazem e entender o porquê. Com base nessas informações, o projeto será desenvolvido”, informou Cassel. Hoje, se conhece

informalmente alguns dos fatores que prejudicam a inserção dos produtos familiares no mercado, o que inclui a capacidade de produção, cumprimento de prazos, preços e questões de logística. Depois, ocorre a seleção do público-alvo, realização de diagnóstico dos empreendimentos e o plano de marketing e comercialização. O Talentos do Brasil Rural tem como base a experiência de outras ações – Rede de Cooperação Técnica para Roteirização, Economia da Experiência e Talentos do Brasil Moda, por exemplo – executadas pelo Mtur e MDA, desde 2003 –, parceiros no fomento ao turismo rural. Agricultura familiar gaúcha e brasileira O ministro Cassel lembrou que durante muitas décadas a agricultura familiar foi vista como pobre e improdutiva. “No entanto, conseguimos mostrar que se trata de um setor dinâmico e produtivo da nossa economia”. Os dados comprovam. De acordo com informações do primeiro Censo Agropecuário que incluiu dados da Agricultura Familiar, realizado pelo IBGE em parceria com o MDA, quase 85% das propriedades agrícolas do País são familiares – o que representa mais de 4 milhões – e ocupam cerca de 70% da mão de obra no meio rural. Elas estão concentradas em uma área que representa apenas 24,3% do total destinado à agricultura. Essas estruturas são responsáveis por gerar um valor bruto de produção de R$ 54 bilhões – quase 40% do total referente à agropecuária. Segundo informações apresentadas pelo ministro Cassel, a agricultura familiar é responsável por 10% do PIB brasileiro. No caso do Rio Grande do Sul, um terço da área agriculturável é familiar e o Estado é responsável por 54% do valor bruto de produção do País. Dos estabelecimentos rurais gaúchos, 86% são familiares. A agricultura familiar é responsável por 27% do PIB gaúcho, de acordo com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). De acordo com o ministro, neste ano, o governo federal vai destinar R$ 16 bilhões para estimular a produção familiar.

Linha de produtos de artesãos e produtores rurais é cada vez mais diversificada

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PEQUENAS NOTÁVEIS Foto Arquivo ASN

Vila Velha (ES) é uma das cidades favorecidas pela lei que incentiva os pequenos negócios

Lei Geral da Micro E Pequena empresa é regulamentada em 1.713 municípios brasileiros A meta do Sebrae era contribuir para alcançar 1,7 mil municípios até dezembro de 2010; a instituição promove parcerias com entidades municipalistas incentivando a regulamentação e prática da lei ■ Agência Sebrae de Notícias

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Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (Lei Complementar 123/06) já está regulamentada em 1.713 cidades, o que representa 30,78% dos 5.565 municípios brasileiros. Os números são do dia 28 de maio e superam a expectativa do Sebrae, que era alcançar 1.700 municípios até dezembro de 2010. “Ao atingirmos essa marca histórica com a Lei Geral, possibilitamos que quase a metade do País tenha um ambiente favorável para os micro e pequenos negócios”, disse o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, lembrando ser necessário que as regulamentações ainda sejam promovidas pelos demais municípios.

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Segundo Okamotto, além de regulamentar formalmente a legislação, é preciso colocar a lei em prática para que seus benefícios possam ser usufruídos pelos empreendedores de todo o País. Entre os exemplos, ele citou o capítulo que permite maior acesso das micro e pequenas empresas às compras governamentais, mecanismos de desburocratização e reduções tributárias. O Sebrae promove uma série de medidas para ampliar a regulamentação e prática da Lei Geral. Uma das principais ações é feita junto a entidades municipalistas, como a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) e a Confederação Nacional de Municípios. As ações incluem sensibilização e capacitação de gestores e agentes públicos para a regulamentação e prática da lei.


Foto Ivan Bueno

Esses agentes estão nas prefeituras e atuarão nas políticas de desenvolvimento focadas nas micro e pequenas empresas. “Capacitar os agentes de desenvolvimento é oportunidade para termos políticas públicas eficientes e eficazes para as micro e pequenas empresas nos municípios”, disse Paulo Okamotto. O gerente de políticas públicas do Sebrae, Bruno Quick, explica que os municípios são estratégicos no processo, pois estão mais próximos das empresas e são os operadores da maioria das políticas públicas voltadas ao segmento. “Boa parte das exigências para legalização de empresa é dos municípios.” Conforme Quick, os 1.713 municípios com a Lei Geral regulamentada detêm mais da metade das micro e pequenas empresas do país. Trata-se, avalia, do início de uma nova era para essas empresas. “Nesses locais já existe a previsão legal. Agora a tendência é que seja deflagrada uma série de programas voltados a desburocratização, desoneração, incentivo à formalização e dinamização da economia especialmente por meio do melhor uso do poder de compra, com ampliação do acesso dos micro e pequenos negócios às compras municipais.” “Vamos manter nossa estratégia com o programa de ampliar a municipalização e a prática da lei, inclusive com um sistema de monitoramento das

Mais de 76% dos municípios paranaenses aplicam a Lei Geral

Foto Cristina Knepper

ações, que permitirão melhor acompanhamento das ações”, afirma o analista de políticas públicas do Sebrae, Israel Jorge.

Florianópolis, capital catarinense, atrai empreendedores da área de informática

Ranking Nas primeiras posições do ranking das regulamentações nos estados com mais de 50% dos municípios com a Lei Geral regulamentada estão Espírito Santo, com 100%, Mato Grosso, com 94,33%, Santa Catarina, com 82,59%, Paraná, com 76,69%, Rio de Janeiro, com 68,48%, e Rondônia, com 51,92%. Junho de 2010

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PEQUENAS NOTÁVEIS

Melhora qualidade do trabalho nas micro e pequenas empresas É o que mostra estudo comparativo feito pelo Sebrae entre a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), entre 2001 e 2008 ■ Agência Sebrae de Notícias

Foto Bernardo Rebello

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umentou o grau de escolaridade, o tempo de permanência no emprego e o rendimento médio mensal dos trabalhadores das micro e pequenas empresas, segmento que continua sendo porta de entrada de jovens no mercado de trabalho. É o que mostra estudo comparativo do Sebrae sobre a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, e a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), entre os anos de 2001 e 2008. O estudo foi apresentado pela gerente de Gestão Estratégica do Sebrae, Raissa Rossiter, no seminário que tratou sobre Desenvolvimento e o papel das micro e pequenas empresas, promovido, no início de junho, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Raissa participou do painel que debateu Ocupação, cadeias produtivas e relações de trabalho nas micro e pequenas empresas. O trabalho mostra que de 2001 a 2008 o número de empregados formais com o segundo grau incompleto ou completo subiu de 37% para 55%. Aqueles com ensino superior completo ou mais passou de 6% para 8%. O rendimento médio mensal dos trabalhadores do segmento subiu de R$ 829,00 para R$ 861,00 e o tempo médio de permanência desses trabalhadores nessas empresas passou de 3,7 anos para 4,1 anos. Conforme o trabalho, mesmo com uma queda no número de vagas oferecidas, esse segmento empresarial continua sendo porta de entrada para o emprego de jovens com até 24 anos. Em 2001, 60% dos empregados com carteira assinada trabalhavam em micro e pequenas empresas. Em 2008, esse percentual caiu para 54%.

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De 2001 a 2008, o tempo médio de permanência no trabalho passou de 3,7 para 4,1 anos “Essas variáveis estão interconectadas, contribuindo para a melhoria da qualidade do trabalho nas micro e pequenas empresas e para a competitividade do segmento”, avalia Raissa Rossiter. Ela reforça a importância desses fatores e dessas empresas para o desenvolvimento do País. “As micro e pequenas empresas têm forte atuação no mercado interno, e o fortalecimento desse mercado nos últimos anos reflete fortemente a ação dessas empresas”, lembra. Para fortalecer esse potencial dos micro e pequenos negócios, a gerente do Sebrae defende que é preciso “aperfeiçoar os instrumentos de monitoramento do mercado de trabalho que permitam aferir melhor a situação do segmento”. Ela também destaca ser preciso um esforço conjunto para potencializar o uso das bases de dados e análises relativas ao segmento. Sugeriu inclusive um grupo de estudos com este objetivo formado por órgãos e instituições que atuam na área, como Sebrae, Ipea e IBGE. Também participaram dos debates João Alberto de Negri e André Campos, do Ipea.


Os participantes da equipe vencedora ganham uma viagem de 10 dias a um centro de referência mundial em empreendedorismo

Foto Davi Zocoli

Desafio Sebrae estimula vivência empresarial entre jovens Em 2010, participantes vão gerir uma empresa de fabricação de instrumentos musicais; este ano quase 160 mil se inscreveram para a competição ■ Agência Sebrae de Notícias

Foto Arquivo ASN

Interatividade aparece como uma das principais características do jogo em 2010

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o dia 1º de junho, milhares de estudantes de cursos de graduação em instituições de ensino superior de todo o país iniciaram sua participação no Desafio Sebrae 2010, jogo que transforma universitários em empreendedores por meio da gestão de um negócio virtual. Desta vez, estudantes gerenciarão empresas virtuais no ramo de fabricação de instrumentos musicais. Além disso, a interatividade aparece como uma das principais características do jogo em 2010. “A nova plataforma traz mais elementos gráficos com informações para auxiliar as equipes na gestão de suas empresas”, explica Marcus Vinicius Bezerra, coordenador do jogo. Outra novidade agregada ao Desafio Sebrae é a possibilidade que as equipes terão de contratar no ambiente virtual a consultoria do Sebrae. Vale lembrar que desde o dia 18 de maio todos

os membros das equipes participantes recebem por e-mail alertas que remetem ao conteúdo relacionado ao jogo, no site do Desafio. Todas essas informações serão disponibilizadas pela coordenação do Desafio Sebrae exclusivamente por meio dessa área restrita. “Para jogar, além de comprometimento, é fundamental que os participantes façam a leitura do manual do Desafio e fiquem atentos aos e-mails da coordenação”, recomenda Bezerra. Junho de 2010

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TENDÊNCIAS Fotos: ACE/Guarulhos

Praticas como o recolhimento de lixo eletrônico são cada vez mais comuns entre as empresas autossustentáveis

Sustentabilidade é pensar e agir de uma nova forma Adotando práticas social e ambientalmente responsáveis, empresas conseguem reduzir custos, ter diferencial competitivo e incrementar valor de marca

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sustentabilidade é o posicionamento do momento. Ele é o que se chama “politicamente correto”. Tema de congressos empresariais, publicidade nas ruas e planos governamentais, a adoção de políticas socioambientais alinhadas aos planos de venda, são cada vez mais comuns e necessárias nas empresa e corporações. E não se trata, como muitos imaginam, de apenas uma ação de marketing. O desenvolvimento sustentável, incorporado ao planejamento estratégico das empresas, é conside-

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rado diferencial competitivo: incrementa o “valor da marca” e reduz os custos. Exemplos simples de adoção de políticas sustentáveis: reciclar, reutilizar água e reduzir o consumo de energia. A Ambev reduziu em 22% o consumo de água em cinco anos, a partir da implantação de estações de tratamento de água. Já a Unielever investiu em tecnologia e poupou o corte de 2,4 mil árvores por mês, diminuiu em 9% do consumo de combustível e reduziu a embalagem de alguns dos seus produtos. Trocou vidro por


PET. A rede Pão de Açúcar optou por colocar nas prateleiras produtos sem embalagem. As práticas ligadas ao desenvolvimento sustentável, no entanto, não são exclusividade das grandes empresas. Para a especialista em consumo e comunidade e consultora da Associação Comercial de Curitiba (ACB), Aparecida Nogarolli, as pequenas e médias empresas têm até mais facilidade para desenvolver ações ligadas ao desenvolvimento sustentável por terem mais flexibilidade para estabelecer parcerias e escolher novos fornecedores. Adaptar-se a esse “novo” modelo pode significar ainda ganho de mercado para as empresas de pequeno e médio portes. As grandes empresas, que adotam ações de políticas de desenvolvimento responsável, procuram fornecedores que trabalhem na mesma linha. “Um pequeno comerciante que adote ações ligadas a responsabilidade ambiental e desenvolvimento sustentável pode gerar inúmeros benefícios no seu bairro, ser exemplo para seus vizinhos e consumidores. Isso tem um efeito multiplicador”, lembrou Nogarolli. Algumas linhas de crédito impulsionam as pequenas e médias empresas nessa trajetória. Segundo o BNDES, o crédito de políticas ambientais está crescendo, especialmente em razão da alta demanda por parte das pequenas e médias empresas, que já absorvem metade dos recursos.

Associação Comercial e Empresarial de Guarulhos é exemplo de iniciativa de mobilização a favor de práticas sustentáveis

Associação de Guarulhos promove exemplo e efeito multiplicador A Associação Comercial e Empresarial de Guarulhos (ACE Guarulhos) é um exemplo do efeito dominó em prol do desenvolvimento sustentável. A entidade tem atuado, fortemente, na promoção da responsabilidade ambiental. Em parceria, com o instituto Recicla Cidadão, a ACE incentiva o recolhimento consciente do lixo eletrônico. Para isto, foram confeccionados cartazes e panfletos educativos sobre o tema, além da distribuição de lixeiras especiais nas videolocadoras. O projeto foi tema, no início de maio, da última Conferência Internacional – Empresas e Responsabilidade Social, organizada pelo Instituto Ethos, em São Paulo. “Com a campanha esperamos dar uma resposta positiva em favor do meio ambiente”, disse Wilson Lourenço, presidente da entidade. A campanha “Doe seu lixo eletrônico” iniciou no final de 2009 e já arrecadou, até o momento, mais de 3 toneladas de produtos. A entidade promoveu o “ Movimento Cultural”, programa de palestras em escolas municipais e estaduais de Guarulhos com o objetivo de disseminar a cultura da coleta seletiva e, sobretudo, incentivar a participação, também dos jovens, nas questões ambientais. Mas as ações voltadas à responsabilidade ambiental se dão também na prática. O prédio da entidade, inaugurado em 2007, tem um reservatório para o armazenamento da água de chuva não potável. O reaproveitamento da água da chuva representa uma economia de 30% sobre o abastecimento realizado pelo SAAE. A água armazenada é utilizada para regar os jardins, lavar pisos e para a descarga nas bacias sanitárias.

O prédio da ACE de Guarulhos tem reservatório para o armazenamento da água de chuva não potável

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BIBLIOCANTO

Quando o capitalismo americano quase desmoronou

A “O maior risco é não ter vontade política, não termos comprometimento de resolver esses problemas e simplesmente deixá-los acontecer” Bem Bernanke

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falência autorizada pelo governo americano, no domingo de 14 de setembro de 2008, do Lehman Brothers, uma instituição fundada antes da Guerra Civil, marcou o agravamento da crise financeira mundial. Foi a maior falência da história e a reação do mercado não poderia ser pior: no final das negociações, na segunda-feira, o Dow Jones despencou mais de 500 pontos, a maior queda diária desde 17 de setembro de 2001, quando o mercado retomou os negócios após os ataques de 11 de setembro. A partir dali, todos os grandes setores do índice S&P contabilizaram prejuízos. Tão terrível quanto o primeiro dia após a falência do Lehman, o maior medo era que ninguém sabia aonde o colapso chegaria. A partir deste momento, ninguém tinha maior poder nos Estados Unidos do que Bem Bernanke, o chairman barbudo e careca do Federal Reserve, o Banco Central americano. A narrativa sobre o desesperado esforço de Bernanke para impedir que o motor financeiro do mundo parasse de funcionar é o tema do livro-reportagem “Os Bastidores da Crise” (In Fed We Trust,Editora Campus), do jornalista David Wessel, editor de economia do The Wall Street Journal, vencedor de dois prêmios Pulitzer, em 1983 e 2002. Wessel começou a planejar o livro sobre o Fed muito antes da crise das hipotecas de risco, do chamado Grande Pânico, termo utilizado pela imprensa norte-

americana para designar o que no Brasil passou a ser chamado de a maior crise financeira mundial de anos recentes. Para concretizar seu objetivo, ele entrevistou o próprio Bem Bernanke, além de uma série de outros integrantes do Fed e do Tesouro americano, ao mesmo tempo em que se desenrolava a maior ameaça ao capitalismo americano de todos os tempos. O próprio Wessel reconhece que seu livro somente foi possível porque as autoridades do FED se dispuseram a conceder entrevistas francas a um repórter, mesmo durante a fúria da crise. A resposta agressiva do Fed àquilo que o Fundo Monetário Internacional (FMI) denominou “a mais profunda recessão mundial desde a Grande Depressão” chamou a atenção indesejada para seu enorme poder e sua capacidade de agir como quarto poder do governo. Mesmo diante de uma forte resistência política a liberar mais dinheiro público para reconstruir o sistema bancário, Bernanke demonstrou que o Fed não estava paralisado nem com falta de opções, relata Wessel. No jogo das hipóteses que encerra o livro, o autor lembra que Bernanke foi favorecido por seus estudos sobre a Grande Depressão de 1929. “O que aconteceria se ele não tivesse resolvido fazer o que fosse preciso para prevenir uma segunda Grande Depressão? O que aconteceria se ele tivesse sido tímido ou intimidado pela resistência dentro do Fed?” – indaga Wessel. E responde: a economia estaria ainda pior do que está agora e este livro seria uma narrativa de como o Fed havia hesitado e demorado para agir, como a geração anterior de banqueiros centrais havia feito. Seria um livro sobre o fracasso de Bem Bernanke em manter a sua promessa a Milton Friedman em 2002. “Em relação à Grande Depressão, você está certo, foi nossa culpa. Mas, graças a você, não faremos isso novamente.” (Milton Wells)


ARTIGO

Brasil vive apagão de mão de obra ■ Marcelo Neri*

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gravando o problema, o número de jovens de 18 a 24 anos que estão em alguma instituição de ensino formal vem caindo nos últimos anos (caiu 7,3% entre 2006 a 2008, de 7,5 milhões para 6,9 milhões). Isto se dá pelo começo da redução da chamada onda jovem onde observamos queda de 3,5% do número absoluto da população nesta faixa. Além disso, o estudante tem sido atraído pelo canto do mercado de trabalho, caindo a proporção em escolarização formal de 4%, reforçando o apagão. Na corrida de obstáculos entre oferta e demanda de e por trabalhadores mais qualificados, a educação profissional desempenha papel central pois além de ser de prazo mais curto e permitir maior facilidade de conciliar trabalho e estudo, ela se volta mais diretamente às necessidades e nichos dos diferentes negócios. A educação profissional tem sido muitas vezes considerada uma alternativa de segunda classe em prol de um ensino médio genérico que tenta fazer muito com pouca qualidade e foco, com dificuldade de atração dos jovens. Já o ensino superior percebido como uma espécie de primeira divisão do ensino profissional, é inalcançável para a maioria. O desinteresse acerca da formação profissionalizante também está presente na avaliação dos impactos dos programas existentes que não dá conta da diversa matiz de cursos onde o prêmio salarial dos cursos de educação profissional varia de 1,4% a 27%, já controlados pela educação formal. Não se pode dizer que os prêmios são altos

ou baixos. Isto vai depender da área e do tipo de curso fornecido e das necessidades específicas de cada um. O resultado desta desinformação são políticas e mercados educacionais e de trabalho relativamente desconectados sobre os percalços e potenciais ganhos das diversidades de alternativas profissionalizantes existentes. Entre os diversos participantes dos cursos de educação profissional podemos citar as instituições de ensino que, na analogia da corrida educacional, incluiria clubes, técnicos, preparadores físicos desde as divisões de base até chegar ao nível profissional. O estado ainda tem o seu papel de regulador (juízes e federações). Mas quem decide a corrida é sem dúvida o estudante; mal comparando sem atletas bem formados e motivados a competição é sempre perdida. O desafio é fazer o estudante enxergar, por meio de indicadores de fácil interpretação, os prêmios da opção preferencial por mais educação nas suas diversas vertentes. É preciso qualificar a demanda por educação em geral e a educação profissional em particular. Essa é a linha da pesquisa que será lançada amanhã pela FGV em parceria com o Instituto Votorantim no MAM em São Paulo. O site www.fgv.br/cps/proedu informará ao estudante em potencial como o mercado de trabalho tem remunerado diferentes escolhas educacionais. Concretamente falamos de respostas diretas a questões como, por exemplo, o que os diferentes cursos de educação profissional proporcionam de fato em termos de ganhos salariais? E na empregabilidade? Que curso garante maior qualidade do posto de trabalho conquistado? Qual o impacto do curso tecnólogo vis a vis o téc-

nico de nível médio? E nos cursos básicos de qualificação profissional, o que alavanca mais é o de informática ou o de gestão? Em que é melhor investir, na educação profissional, na educação formal ou uma combinação das duas? O que dá mais retorno, cursos diurnos ou noturnos? Presenciais ou a distância? Privados, públicos ou do sistema S? Há efeito-diploma profissional? quem termina os cursos tem ganhos adicionais? E assim por diante. A pesquisa usa as ferramentas da informática e da internet para fazer esta informação chegar às especificidades de cada um por meio de simuladores e panoramas. A nova safra de microdados explorada permite traçar detalhadas fotografias das conexões entre as corridas educacionais e a trabalhista nos detalhes da educação profissional cobrindo o auge do apagão de mão de obra pregresso, o período de crise até a possível volta do apagão já em 2010. Além disso, mensura-se as consequências percebidas do curso em termos de mercado de trabalho, o objetivo último da educação profissional. Como o egresso dos cursos profissionais vê o impacto deles na sua vida. Apresentamos, evidências objetivas de alguns aspectos subjetivos associados a esta passagem da educação profissional ao mundo do trabalho. Isto inclui perguntas sobre o uso, ou não, dos conhecimentos adquiridos no curso na carreira profissional e as razões percebidas tanto para sua utilização quanto para sua não utilização. Nada como saber dos próprios sobre os fatores de fracasso e os segredos do sucesso trabalhista de cada um. *Chefe do Centro de Políticas Sociais da FGV Reprodução autorizada pelo Sebrae Junho de 2010

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