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20º CONGRESSO DA CACB

O que deve ser feito para garantir o Brasil do futuro Carta de Gramado lançada pela entidade mostra roteiro para um país melhor

Gerdau: Carga tributária no Brasil chegou ao limite

Okamotto: desigualdades sociais se combatem com emprego e Abril renda de 2010 1


Federações CACB

DIRETORIA DA CACB BIÊNIO 2009/2011 PRESIDENTE José Paulo Dornelles Cairoli - RS 1º VICE-PRESIDENTE Sérgio Papini de Mendonça Uchoa - AL VICE-PRESIDENTES Ardisson Naim Akel - PR Arthur Avellar - ES Fernando Pedro de Brites - DF José Geminiano Acioli Jurema - AL José Sobrinho Barros - DF Leocir Paulo Montagna - MS Luiz Carlos Furtado Neves - SC Sadi Paulo Castiel Gitz - SE Wander Luis Silva – MG VICE-PRESIDENTE ASSUNTOS INTERNACIONAIS Ardisson Naim Akel - PR DIRETOR-SECRETÁRIO Jarbas Luis Meurer - TO DIRETOR-FINANCEIRO George Teixeira Pinheiro - AC CONSELHO FISCAL TITULARES Jadir Correa da Costa - RR Paulo Sérgio Ribeiro - MT Sergio Roberto de Medeiros Freire - RN CONSELHO FISCAL SUPLENTE Altair Correia Vieira - PA Gilberto Laurindo - AP Ronaldo Silva Resende - RN CONSELHO NACIONAL DA MULHER EMPRESÁRIA Maria Salette Rodrigues de Melo - PR COORDENAÇÃO NACIONAL DO JOVEM EMPRESÁRIO Eduardo Machado COORDENADORA DE ASSUNTOS INSTITUCIONAIS Gisele Arthur COORDENADORA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Neusa Galli Fróes froés, berlato associadas EQUIPE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Olívia Bertolini Thais Margalho COORDENADOR DO EMPREENDER Carlos Alberto Rezende COORDENADOR NACIONAL DA CBMAE Valério Figueiredo COORDENADOR DO PROGERECS Luiz Antonio Bortolin SCS Quadra 3 Bloco A Lote 126 Edifício CACB 61 3321-1311 61 3224-0034 70.313-916 Brasília - DF Site: www.cacb.org.br

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Empresa BRASIL

Acre – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Acre – FEDERACRE Presidente: George Teixeira Pinheiro Avenida Ceará, 2351 Bairro: Centro Cidade: Rio Branco CEP: 69909-460

Paraná – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná – FACIAP Presidente: Ardisson Naim Akel Rua: Heitor Stockler de Franca, 356 Bairro: Centro Cidade: Curitiba CEP: 80.030-030

Alagoas – Federação das Associações Comerciais do Estado de Alagoas – FEDERALAGOAS Presidente: José Geminiano Acioli Jurema Rua Sá e Albuquerque, 467 Bairro: Jaraguá Cidade: Maceió CEP: 57.025-901

Pernambuco – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Pernambuco – FACEP Presidente: Djalma Farias Cintra Junior Rua do Bom Jesus, 215 – 1º andar Bairro: Recife Cidade: Recife CEP: 50.030-170

Amapá – Associação Comercial e Industrial do Amapá – ACIA Presidente: Gilberto Laurindo Rua General Rondon, 1385 Bairro: Centro Cidade: Macapá CEP: 68.900-182

Piauí – Associação Comercial Piauiense - ACP Presidente: José Elias Tajra Rua Senador Teodoro Pacheco, 988, sala 207. Ed. Palácio do Comércio 2º andar - Bairro: Centro Cidade: Teresina CEP: 64.001-060

Amazonas – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Amazonas – FACEA Presidente: Valdemar Pinheiro Rua Guilherme Moreira, 281 Bairro: Centro Cidade: Manaus CEP: 69.005-300 Bahia – Federação das Associações Comerciais do Estado da Bahia – FACEB Presidente: Clóves Lopes Cedraz Rua Conselheiro Dantas, 5. Edifício Pernambuco, 9° andar Bairro: Comércio Cidade: Salvador CEP: 40.015-070 Ceará – Federação das Associações Comerciais do Ceará – FACC Presidente: João Porto Guimarães Rua Doutor João Moreira, 207 Bairro: Centro Cidade: Fortaleza CEP: 60.030-000 Distrito Federal – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Distrito Federal e Entorno – FACIDF Presidente: José Sobrinho Barros SCS Quadra 02 - Edifício Palácio do Comércio - 1º andar Bairro: Setor Comercial Sul Cidade: Brasília CEP: 70.318-900 Espírito Santo – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropastoris do Espírito Santo – FACIAPES Presidente: Arthur Avellar Avenida Governador Bley, 186, conjunto 502, Ed. Bemge Bairro: Centro Cidade: Vitória CEP: 29.010-902 Goiás – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias do Estado de Goiás – FACIEG Presidente: Deocleciano Moreira Alves Rua 143 - A - Esquina com rua 148,Quadra 66 Lote 01 Bairro: Setor Marista Cidade: Goiânia CEP: 74.170-110 Maranhão – Federação das Associações Empresariais do Maranhão – FAEM Presidente: Júlio César Teixeira Noronha Av. Ana Jansen, 2 - QD 19 - SL 801 Ed. Mendes Frota - Bairro: São Francisco Cidade: São Luis CEP: 65.076-730 Mato Grosso – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Mato Grosso – FACMAT Presidente: Paulo Sérgio Ribeiro Rua Galdino Pimentel, 14 - Edifício Palácio do Comércio 2º Sobreloja – Bairro: Centro Norte Cidade: Cuiabá CEP: 78.005-020 Mato Grosso do Sul – Federação das Associações Empresariais do Mato Grosso do Sul – FAEMS Presidente: Leocir Paulo Montagna Rua Quinze de Novembro, 390 Bairro: Centro Cidade: Campo Grande CEP: 79.002-917 Minas Gerais – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Minas Gerais – FEDERAMINAS Presidente: Wander Luís Silva Avenida Afonso Pena, 726 - 15º Andar Bairro: Centro Cidade: Belo Horizonte CEP: 30.130-002 Pará – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Pará – FACIAPA Presidente: Reginaldo Ferreira Avenida Presidente Vargas, 158 - 5º andar Bairro: Campina Cidade: Belém CEP: 66.010-000 Paraíba – Federação das Associações Comerciais e Empresariais da Paraíba – FACEPB Presidente: Alexandre José Beltrão Moura Avenida Marechal Floriano Peixoto, 715 - 3º Andar Bairro: Bodocongo Cidade: Campina Grande CEP: 58.100-001

Rio de Janeiro – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Rio de Janeiro – FACERJ Presidente: Jésus Mendes Costa Rua do Ouvidor, 63, 6º ANDAR Bairro: Centro Cidade: Rio de Janeiro CEP: 20.040-030 Rio Grande do Norte – Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Norte – FACERN Presidente: Sérgio Roberto de Medeiros Freire Avenida Duque de Caxias, 191 Bairro: Ribeira Cidade: Natal CEP: 59.012-200 Rio Grande do Sul – Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul - FEDERASUL Presidente: José Paulo Dornelles Cairoli Rua Largo Visconde do Cairu, 17, 6º andar Palácio do Comércio - Bairro: Centro Cidade: Porto Alegre CEP: 90.030-110 Rondônia – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado de Rondônia – FACER Presidente: Ednei Pereira dos Santos Rua Dom Pedro II, 637 – Bairro: Caiari Cidade: Porto Velho CEP: 76.801-151 Roraima – Federação das Associações Comerciais e Industriais de Roraima – FACIR Presidente: Jadir Correa da Costa Avenida Jaime Brasil, 223 - 1º Andar Bairro: Centro Cidade: Boa Vista CEP: 69.301-350 Santa Catarina – Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina – FACISC Presidente: Alaor Francisco Tissot Rua Crispim Mira, 319 - Bairro: Centro Cidade: Florianópolis - CEP: 88.020-540 São Paulo – Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo – FACESP Presidente: Alencar Burti Rua Boa Vista, 63 3º Andar Bairro: Centro Cidade: São Paulo CEP: 01.014-001 Sergipe – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropastoris do Estado de Sergipe – FACIASE Presidente: Sadi Paulo Castiel Gitz Rua Jose do Prado Franco, 557 Bairro: Centro Cidade: Aracaju CEP: 49.010-110 Tocantins – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado de Tocantins – FACIET Presidente: Jarbas Luís Meurer 103 Norte Av. LO 2 - 01 - Conj. Lote 22 Prédio da ACIPA Bairro: Centro Cidade: Palmas CEP: 77.001-022

• O conteúdo desta publicação representa o melhor esforço da CACB no sentido de informar aos seus associados sobre suas atividades, bem como fornecer informações relativas a assuntos de interesse do empresariado brasileiro em geral. Contudo, em decorrência da grande dinâmica das informações, bem como sua origem diversificada, a CACB não assume qualquer tipo de responsabilidade relativa às informações aqui divulgadas. Os textos assinados publicados são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.


PALAVRA DO PRESIDENTE José Paulo Dornelles Cairoli

Estorvo ao crescimento

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stá chegando o momento de todos os brasileiros saberem exatamente quanto pagam de impostos em cada produto que consomem, para que, com a exata dimensão do tamanho da carga tributária, possamos então lutar conscientemente pela simplificação e redução dos tributos neste país. A CACB, no momento em que encerra seu 20º Congresso, que discutiu os Caminhos para o Crescimento, não tem dúvidas de que esta deve ser sua próxima luta: tornar lei o projeto número 1472 de 2007 que determina a informação do percentual que está sendo pago de imposto em todas as notas fiscais, nas vitrines ou nas caixas registradoras dos produtos vendidos. Fazendo este trajeto, temos certeza de que estaremos desobstruindo os caminhos para o crescimento. Sabendo o quanto pagamos de impostos teremos também consciência de tudo o que deixamos de receber de volta do Estado, e saberemos, então, mensurar o tamanho do nosso crédito diante do robusto valor abocanhado pelos cofres públicos e que não tem volta. E ainda conseguiremos, com isso, mudar a relação injusta da tributação em vigor que extrai mais da renda dos pobres. Nossa fúria arrecadadora tem uma rede a seu serviço. Ela é formada por, pelo menos, seis tributos no crédito ao consumo (uma perversidade): IPI, ICMS, ISS, PIS/Cofins, Cide e IOF, além da substituição tributária. Não podemos nos orgulhar de uma carga excessiva, caótica, inibidora do crescimento, que tributa mais os pobres do que os ricos. Nosso gasto público (cerca de 40% do PIB) se parece com os países europeus ricos, mas os países com os quais o Brasil é comparado têm uma carga tributária ao redor de 25% do PIB. A nossa é 36%, aliás, uma característica de países ricos de alta renda e riqueza. Nos Estados Unidos, por exemplo, mais de 60% da receita tributária vêm de impostos sobre a renda e propriedade. No Brasil, apenas 20%. Nosso sistema tributa o consumo retirando mais da renda dos pobres. Com isso, os brasileiros com menor poder aquisitivo pagam imposto igual aos de maior renda quando adquirem, por exemplo, gêneros alimentícios. Sendo assim, quem tem menos paga mais, pois o ICMS equivale a mais na renda do pobre do que na do rico. Segundo o Ipea, quem ganha até dois salários mínimos paga 54% de sua renda em tributos, enquanto quem recebe mais de 30 salários mínimos paga apenas 29%. Isso sem considerar outras distorções e na própria guerra fiscal. O ICMS tem 27 legislações diferentes no país e seu peso é um gigante em cima de itens fundamentais para o desenvolvimento, como telecomunicações, combustíveis e a energia elétrica, infraestrutura vital para o desenvolvimento. Inseridos neste cenário e depois de discutirmos durante dois dias em Gramado, “Os Caminhos para o Crescimento”, precisamos urgentemente de medidas que não obstruam estes caminhos, porque as atuais estão impedindo o desenvolvimento. E os impostos são uma delas, já que o Estado vem se servindo da sociedade, quando deveria servir aos brasileiros.

José Paulo Dornelles Cairoli, presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil e da Federasul

Julho de 2010

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ÍNDICE

3 PALAVRA DO PRESIDENTE Tornar lei o projeto número 1472 de 2007, que determina a informação do percentual que está sendo pago de imposto em todas as notas fiscais, nas vitrines ou nas caixas registradoras dos produtos vendidos, é a próxima batalha da CACB.

5 BASTIDORES Salvador, capital da Bahia, será o local do próximo congresso da CACB.

8 CAPA Para avançar mais, o Brasil precisa de mais empregos e mais renda. Essa foi a mensagem do presidente do Sebrae nacional, Paulo Okamotto, no painel de abertura do 20º Congresso da CACB, realizado em Gramado (RS).

8 CAPA

14 COMÉRCIO EXTERIOR O painel “Comerciais Exportadoras: Otimizando o Acesso ao Mercado Exterior” foi apresentado por Mauricio Manfré, gestor de promoção comercial da Apex-Brasil.

16 DESTAQUE EMPREENDER O 8º Encontro Nacional do Empreender divulgou os primeiros projetos pré-selecionados do Empreender Competitivo.

18 CARTA DE GRAMADO Num ano de eleições presidenciais, a CACB e a Federasul conclamam as grandes forças do país a constituir um grande pacto político em torno de uma agenda de desenvolvimento.

24 ESTRATÉGIA

20 CONJUNTURA O Brasil avançou muito nos últimos anos, mas há questões que devem ser resolvidas se o país quiser manter os atuais níveis de crescimento econômico e social.

24 ESTRATÉGIA Para que o Brasil possa se consolidar como uma das principais economias do mundo, segundo Jorge Gerdau, é preciso melhoria de gestão e visão estratégica.

26 DESTAQUE CBMAE Cases, novos convênios, lançamento de manual, apresentação de produtos, palestras e debates enriqueceram as atividades do 5° Workshop da CBMAE.

28 PEQUENAS NOTÁVEIS 28 PEQUENAS NOTÁVEIS

34 TENDÊNCIAS

EXEDIENTE

O Programa Sebrae para Empresas Avançadas estimula empreendedores a aprender e superar dificuldades por meio de troca de experiências.

35 TRABALHO

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Coordenação Editorial: Neusa Galli Fróes Edição: Milton Wells Projeto gráfico: Vinícius Kraskin Diagramação: Kraskin Comunicação Foto da capa: Ivan Andrade Fotos: Ivan Andrade e Mathias Cramer Revisão: Flávio Dotti Cesa Colaboradores: Neusa Galli Fróes, Olivia Bertolini, Thais Margalho, Karen Horn Execução: Editora Matita Perê Ltda. Fone: 51.3392.7932 Avenida Chicago, 92. CEP: 90240-010 - Porto Alegre-RS

Empresa BRASIL

Associações gaúchas apresentaram exemplos de sucesso durante o 8º Congresso da Federasul, evento paralelo ao 20º Congresso da CACB.

O presidente emérito da CACB, Guilherme Afif, palestrou sobre o Associativismo e o Momento Político do País durante o 20° Congresso da entidade.

36 MULHERES DE NEGÓCIOS CNME deu posse a duas novas conselheiras no 7° Encontro Nacional das Mulheres Empresárias.

37 ARTIGO Ricardo Loureiro, presidente da Serasa Experian e da Experian América Latina, vê o bom momento das MPEs.


BASTIDORES

Anton Karl Biedermann: RS fica atrás do Piauí em investimentos públicos

RS perde posição no ranking nacional

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ntegrante da programação do 8º Congresso das Entidades Filiadas à Federasul, realizado conjuntamente ao 20º Congresso da CACB, a perda de posição do Rio Grande do Sul em relação a outros Estados, tanto na economia como nos indicadores sociais, mereceu destaque no plenário. Um diagnóstico do Estado foi detalhado pelo movimento que reúne cerca de 350 voluntários de diversas áreas e entidades privadas, chamado de Agenda 2020 e apresentado pelo presidente dos Conselhos Deliberativos e Superior da Federasul, Anton Karl Biedermann. O diagnóstico é pontual: o Rio Grande do Sul só fica atrás do Piauí

nos investimentos públicos. “O Estado também apura perdas equivalentes a R$ 2,5 bilhões/ano pela falta de infraestrutura no aeroporto de Porto Alegre. Os gaúchos também estão carentes em 2 mil leitos hospitalares. Dados de 2007 revelam que o ensino no Rio Grande do Sul caiu para o sétimo lugar nas séries finais e de ensino médio, no ranking nacional. “Sendo que nas décadas de 50 e 60 a educação do Rio Grande do Sul era referência de qualidade no país”, comparou Biedermann. Outro grave problema diagnosticado pela Agenda 2020 é o previdenciário: “O Rio Grande do Sul precisa de

R$ 5,5 bilhões por ano para constituir o Fundo de Previdência do Estado”, salientou. A Agenda 2020 foi criada em 1986 pelas entidades empresariais, entre elas, a Federasul, e é desenvolvida pela empresa Pólo RS com o objetivo de ajudar o Rio Grande do Sul a ser um Estado melhor para se viver e trabalhar até o ano de 2020. Atualmente, 11 temas são trabalhados, como segurança, educação, saúde, infraestrutura e meio ambiente. A Agenda 2020 mobiliza o empresariado, sindicatos, poder público, universidades, ONGs, partidos políticos e os demais segmentos da sociedade civil organizada. Julho de 2010

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BASTIDORES

Parceria consolida negócios no nordeste Doze integrantes da Associação Comercial do Rio Grande do Norte (Acrn) mostraram no 20° Congresso da CACB uma experiência de sucesso. A entidade assinou dois convênios com a CACB-Empreender para beneficiar os Núcleos de Automecânica e de Salões de Beleza em todo o Estado. Serão mais de R$ 500 mil aplicados em projetos elaborados pela Associação nas áreas de mídia, inovação e tecnologias dos núcleos setoriais beneficiados. Entre os empreendimentos estão Wanúzia e Melo Salão de Beleza, do casal Wanúzia Alves de Holanda Melo e Francisco Melo, e a RN Auto Car, uma rede de oficinas de carros reunidas graças ao auxílio do Empreender. Wanúzia Melo procurou orientação empresarial no Sebrae há oito anos, iniciando a parceria com a Acrn. Por meio do projeto, os funcionários do salão conseguiram capacitação profissional, os proprietários aprenderam noções básicas de legislação tributária e trabalhista. O salão aumentou em cerca de 70% seus serviços em comparação ao primeiro ano de vida. O número de funcionários saltou de 4

Representação do Rio Grande do Norte ganhou destaque com experiências de sucesso para 13, com a previsão de contratar mais duas pessoas. Já os empresários do setor automotivo uniram suas afinidades e formaram uma rede, a RN Auto Car. A primeira a aderir ao programa foi a Dom Car Peças e Serviços, de Orlando Ferreira de Melo de Farias Caldas. Ele avalia que a organização em rede possibilitou até a troca temporária de funcionários para atender a alguma necessidade urgente. A empresa cresceu mais de 30% depois do ingresso no programa. Mesmo ligado a uma

rede, cada empresário permanece como dono do seu próprio negócio. Hoje eles até são chamados para dar palestras em outros núcleos setorizados do projeto. Qualquer ramo de negócio, seja de serviços ou comércio, pode participar do projeto Empreender. As exigências são que as empresas estejam legalizadas e sejam ligadas à Associação Comercial. Os interessados realizam reuniões periódicas em um grupo de pelo menos dez empresários, que são denominados de núcleos setorizados.

Bahia será sede do próximo Congresso da CACB Salvador vai sediar o 21º Congresso da CACB. O presidente da Associação Comercial da Bahia, Eduardo Castro, será um dos anfitriões do encontro. Foi na capital da Bahia que nasceu a primeira associa-

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ção comercial do país, que, no ano que vem, vai comemorar 200 anos. O presidente da CACB, José Paulo Dornelles Cairoli, aproveita as comemorações e leva o Congresso à Bahia, que desde agora já prepara

os eventos que vão fazer parte das comemorações dos 200 anos, como a restauração do Palácio, tombado pelo IPHAN desde 1938. Os dois séculos ganharão selo postal, carimbo e o Museu do Comércio.


Jovem Empreendedor O perfil empreendedor foi um dos temas de debates no Encontro da Confederação Nacional dos Jovens Empresários (Conaje). Fernando Cunha, diretor de negócios da entidade, apresentou dados do Global Empreuniship Monitor (GEM) mostrando que 50% das empresas que abrem no Brasil são de jovens. Deste total, 18% estão entre 18 e 24 anos e 32% entre 25 e 35 anos. As mulheres são as que mais empreendem e com mais qualidade: 53%, contra 46% dos homens. A pesquisa mostrou também um dado preocupante, já que o volume de novas empresas abertas mais por necessidade e não pela oportunidade subiu de 4% para 5,9%. “Muitos jovens abrem seu próprio negócio focando apenas na sua necessidade de renda e não avaliam suas próprias potencialidades, não têm planejamento estratégico nem observam as oportunidades de mercado”, lembrou Cunha. Durante sua palestra, a necessidade de inovação para a vitalidade da empresa foi ressaltada. Ser empreendedor

Cunha: 50% das empresas que abrem no país são de jovens

não significa apenas abrir um negócio. “É preciso inovar, conhecer a necessidade de mercado, e buscar sempre o diferencial competitivo”, já que a falta de informação, inovação e planejamento pode levar à mortalidade da empresa. Cunha lembrou que a entidade, criada há 11 anos, tem uma rede de 20 mil associados em todo o Brasil, nos 23 estados da federação, mais o DF.

Mudança de atitude “O papel da MPE no desenvolvimento econômico e social” foi o tema da palestra do professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Denis Maracci Gimenez, que encerrou o 8º Encontro Nacional do Empreender, ocorrido em paralelo ao 20º Congresso da CACB, em Gramado (RS). Segundo ele, o objetivo do Encontro foi mostrar aos empresários que, a partir de 2004, o país rompeu o período de estagnação econômica e, por esse motivo, a atitude das micro e pequenas empresas (MPEs) deve ser diferente. “Antes o debate das MPEs era como deveriam se proteger, e, agora, de como podem se inserir nas oportunidades geradas pela economia, que cresce rapidamente”, alertou Gimenez, que prevê um crescimento da economia em torno de 7% em 2010, em relação a 2009.

O diferencial da qualidade Informação aliada à construção de um networking e intercâmbio de dados são ferramentas importantes para o sucesso de um bom negócio. A receita foi lembrada por Claiton Galdino, diretor executivo do CONAJE e proprietário do Cliente Amigo, uma empresa que fornece informações sobre qualidade de atendimento, relacionamento com clientes e pesquisas de marketing promocional.

Segundo Galdino, esta rede de relacionamentos se dá, especialmente, através do associativismo que estimula o jovem a capacitar-se e conhecer outras realidades.“Encontros como os da CACB, em função de sua capilaridade nacional, promovem o intercâmbio de conhecimento”, ressaltou. Esta troca de experiências foi realizada pelo próprio Galdino ao apresen-

tar, durante o Encontro dos Jovens Empresários, o case da sua empresa. Ele reforçou que o foco no cliente é uma das chaves para a manutenção no mercado. O bom atendimento atua nos dois extremos: quem é mal atendido além de não voltar mais, comenta com os outros e assim, a empresa perde, também, potenciais clientes. O bem atendido retorna e faz a propaganda boca a boca.

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CAPA

Okamotto: ambiente favorável para os negócios criado pela Lei Geral da Micro e Pequena Empresa pode ser fator de geração de novos postos de trabalho

Okamotto defende emprego e renda para combater desigualdades sociais Presidente do Sebrae acredita que a Lei Geral cria condições para as empresas ampliarem os seus investimentos e o número de postos de trabalho

O

avanço da economia brasileira registrado no primeiro trimestre do ano, quando o PIB anualizado registrou um crescimento de 10,2%, mostrou que o país está no caminho certo do desenvolvimento. Mas existe ainda uma série de anomalias a serem eliminadas para que o Brasil possa reduzir o seu alto índice de desigualdade social. Para avançar mais, o Brasil precisa, sobretudo, de mais empregos e mais renda. Somente assim será possível aumentar as receitas do Estado e, por via de consequência, ampliar os programas de qualificação de mão de obra e investir mais na saúde, na educação e na segurança. Em síntese, foi essa a mensagem do presidente do Sebrae nacional, Paulo Okamotto, no painel de abertura do 20º Congresso da CACB,

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“Caminhos para o Crescimento das MPEs.” O executivo lembrou que dos cerca de 8 milhões de empresas ativas no Brasil, mais da metade opera sem nenhum trabalhador. E dos 5,6 milhões que o Sebrae considera produtivas, cerca de 3,8 milhões estão cadastradas no Simples. Para Okamotto, esse quadro mostra que é possível, sim, às empresas contratar mais empregados e gerar mais renda. “Podemos duplicar o quadro de mão de obra de muitas empresas. Onde tem um, pode ter dois, onde tem 100, pode ter 200 empregados e assim por diante”, indicou. Um ambiente favorável para os negócios Para que as empresas sejam estimuladas a crescer, o que se precisa é de um ambiente favorável para os negócios, continuou Okamotto. Para


isso, segundo ele, foi criada a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (Lei Complementar 123/06), que representou “o coroamento de uma ampla mobilização de parlamentares no Congresso Nacional.” Mas, passados três anos e meio de sua criação, ela está regulamentada em somente 1.713 cidades, o que representa 30,78% dos 5.565 municípios brasileiros - lembrou o executivo. “Ao atingirmos essa marca histórica, possibilitamos uma maior alavancagem para o micro e pequeno empresário”, continuou o presidente do Sebrae. Mas além de regulamentar formalmente a legislação, é preciso colocar a lei em prática para que seus benefícios possam ser usufruídos pelos empreendedores de todo o país, o que pode ser estimulado de forma significativa com lideranças locais das 2,3 mil cidades onde existem associações comerciais vinculadas à CACB, acrescentou. A carga tributária Okamotto, em sua apresentação, não deixou de lado a questão da carga fiscal, tema recorrente

em todos os painéis do evento. Ao dar razão ao presidente Lula, para o qual “quem tem carga tributária de 10% não tem Estado”, Okamotto também não deixou de reconhecer procedência na reclamação do empresário Jorge Gerdau Johannpeter, feita na abertura do evento, para quem “com 40% de tributos não é possível fazer uma sociedade”. Mas como financiar, por exemplo, R$ 9 bilhões para a formação de mão de obra como existe hoje no país? – indagou Okamotto. “É por isso que os empresários precisam se mobilizar para discutir, além da questão tributária, a trabalhista e a previdenciária, que também acarreta cada vez mais despesas para a União.” Quanto ao Sebrae, o executivo afirmou que a entidade cumpre com seu papel na sociedade de incentivar o empreendedorismo. Concluiu que deseja ver em 90 dias a Lei Geral adotada em todos os municípios do Brasil, o que deve contribuir de forma efetiva para a geração de mais empregos e mais renda. “Isso porque sem o setor produtivo desenvolvido, nós vamos continuar a ter um país injusto”, declarou.

CACB faz parceria para difundir Lei Geral Durante o 20º Congresso da CACB, o presidente da entidade, José Paulo Dornelles Cairoli, e o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, assinaram carta de intenções com o intuito de “convergir esforços” para a adesão à Lei Geral de 700 municí-

pios com associações comerciais, onde ela não foi regulamentada. Hoje, de acordo com o Sebrae, na maior parte dos estados de Minas Gerais, Bahia, Pará e Piauí a lei ainda não foi implementada.

Um total de1766 municípios estão enquadrados A Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (LC 123/06) completou, em junho, três anos e cinco meses. Sancionada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em dezembro de 2006, a lei criou uma série de vantagens para o segmento. Entre eles, redução da carga tributária, desoneração da folha de pagamento, maior participação em licitações públicas e redução da informalidade, garantindo um ambiente mais favorável à criação, sobrevivência

e ao desenvolvimento dos micro e pequenos empreendimentos. Também criado pela lei, O Simples Nacional – sistema simplificado de arrecadação de tributos do segmento – conta com 3,6 milhões de empresas. O Empreendedor Individual, incluído na lei por meio da Lei Complementar 128/08, tem a meta de chegar a 1,7 milhão em 2010. A Lei Geral já está regulamentada: em 1.766 municípios, equivalente a 31,7% do total no país.

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CAPA

Mais de 800 pessoas acompanharam atentamente o painel de abertura do 20º Congresso da CACB, em Gramado

Vignatti sugere mutirão de prefeituras para formalizar 1 milhão de empreendedores individuais

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m mutirão para formalizar 1 milhão de autônomos como empreendedores individuais até o final de 2010 foi o desafio proposto pelo deputado Claudio Vignatti (PT-SC), presidente da Frente Parlamentar Mista de Apoio as MPEs, na sequência da palestra do presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, no 20º Congresso da CACB. Conforme balanço de 8 de junho do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, existem no país 311.124 trabalhadores formalizados, mas é preciso avançar mais, destacou o deputado. De acor-

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do com ele, estão sendo cadastrados cerca de 2 mil trabalhadores autônomos por dia, mas é possível elevar esse número para 3.500 e até 4 mil, o que depende do engajamento das prefeituras. “Precisamos convencer as prefeituras de todo o país sobre a importância do momento que vivemos e da necessidade de incentivar o empreendedorismo de nossa gente”, declarou. Cadastro em 27 segundos O deputado afirmou que, após a criação da figura jurídica do empreendedor individual, havia uma expectativa de que os autônomos iriam se formalizar


Vignatti: no início de 2011 poderá entrar em vigor a ampliação do teto da receita bruta anual do Simples Nacional

automaticamente. Depois de dois anos, no entanto, verificou-se que isso não aconteceria dada a burocracia e o custo do cadastramento. Para facilitar a adesão, segundo o deputado, foram resolvidas essas questões e criado o Portal do Empreendedor, em que a formalização é feita de forma rápida e segura. “Além de acabarmos com a burocracia e reduzirmos o custo, criamos um atrativo com o portal que possibilita o cadastramento em até 27 segundos.” “O ano de 2010 será o ano da formalização, um conjunto de ações serão desencadeadas junto às prefeituras e governos estaduais para desburocratizar o processo de formalização dos trabalhadores autônomos e garantir a cidadania empresarial”, disse Vignatti. Hoje, de acordo com dados oficiais, São Paulo é o estado com o maior número de empreendedores individuais, com 70.061 registros. É seguido pelo Rio de Janeiro, com 41.487. Em terceiro lugar vêm Minas Gerais, com 34.513, Bahia, com 24.253, e o Paraná, com 19.166. Dos 4.838 municípios que contam com registros de empreendedores individuais, em mais de 30 já existe cerca de mil trabalhadores formalizados. Entre os exemplos de capitais estão a cidade de São Paulo (SP), com 18.471 registros, o Rio de Janeiro (RJ), com 15.268, Salvador (BA), com 8.877 registros, Belo Horizonte (MG), com 6.278, Fortaleza (CE), com 4.285, Goiânia (GO), com 3.593 e Curitiba (PR), com 3.451.

Mudanças na Lei Geral Em sua palestra, o deputado Claudio Vignatti informou que poderá entrar em vigor já no início de 2011 a ampliação do teto da receita bruta anual do Simples Nacional, que subiria de R$ 240 mil para R$ 360 mil (para microempresas) e de R$ 2,4 milhões para R$ 3,6 milhões (pequenas empresas). Segundo Vignatti, outra proposta pretende elevar o teto da receita bruta anual do Empreendedor Individual de R$ 36 mil para R$ 60 mil e criar o Simples Rural, para diminuir o índice de informalidade no setor, que hoje chega a 80%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Frente Parlamentar Mista de Apoio às MPEs é a maior frente parlamentar do Congresso Nacional e a maior da história, com 404 parlamentares, dos quais 354 deputados e 50 senadores. Como defensor das micro e pequenas empresas, foi responsável pela reformulação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas e pela execução do projeto do Empreendedor Individual.

Aumento do teto da receita do Simples Nacional ampliará oportunidades de expansão das micros e pequenas empresas

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CAPA

Campos: Em muitos casos, a fatura do cartão de crédito é muito maior do que os impostos a pagar pelos critérios da Lei Geral

Frente do Comércio Varejista comemora fim do monopólio dos cartões de crédito

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residente em exercício da Frente Parlamentar Mista do Comércio Varejista no Congresso Nacional, o deputado Guilherme Campos (DEM-SP), na palestra de abertura do 20º Congresso da CACB, deu ênfase aos avanços ao projeto de normatização do uso do cartão de crédito, cujo principal objetivo é permitir preços diferenciados nas vendas à vista. De acordo com o parlamentar, a fatura do cartão de crédito, em muitos casos, é muito maior do que a fatura dos impostos a pagar pelo o critério da Lei Geral. “Isso é uma anomalia que deve ser corrigida para que essa relação entre a empresa e os cartões de crédito seja mais concorrencial e não exclusiva de dois grupos apenas”, observou. “Os preços embutidos no valor final dos produtos chegam a custar de 10% a 12% mais caro, em virtude das taxas abusivas cobra-

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das pelas administradoras de cartões de crédito, o que dificulta a vida do varejista e do próprio consumidor.” Campos lembrou que a formação da frente veio preencher um vazio porque os comerciantes, lojistas e micro e pequenos empresários desse segmento representam 60% do Produto Interno Bruto do País e não tinham uma representação forte dentro do Congresso Nacional. Com a frente poderemos criar melhores condições de defesa e apoio ao desenvolvimento e crescimento do setor, por meio de projetos de lei que tornem mais justas as questões fiscais e tributárias que sobrecarregam a atividade e também melhorar as condições de relacionamento com os consumidores. A frente foi criada com 209 deputados e cerca de 40 senadores.


O crédito pode ser um remédio ou um veneno Última palestra do painel de abertura do 20º Congresso da CACB, realizado em Gramado, o diretor de micro e pequenas empresas do Banco do Brasil, Ary Joel de Abreu Lanzarin, afirmou que o crédito tanto pode ser um remédio como um veneno para as empresas. Na época certa, com prazo adequado e finalidade específica, a contratação de empréstimo pode servir para o crescimento do negócio. Mas quando há desvio de finalidade e utilização inadequada, o efeito é inverso. Lanzarin lembrou que um dos principais fatores de mortalidade das microempresas é o uso inadequado do crédito. “O crédito jamais pode ter o mérito de ser o responsável pelo sucesso de qualquer organização, que depende de muitos fatores. Mas pode ser pelo seu fracasso”, sentenciou. A concessão de crédito por parte do Banco do Brasil, segundo o executivo, obedece a uma rigorosa análise do tomador. Um dos pontos em especial mais observados é a questão da sustentabilidade, exemplificou Lanzarin. “Não concedemos crédito a empresas que têm trabalho escravo, exploração de mão de obra infantil ou

são relapsas com questões ambientais”, apontou. O crédito total no país saltou de R$ 607 bilhões, em 2005, para R$ 1,41 trilhão. No mesmo período, para pessoa jurídica, cresceu de R$ 339,2 bilhões para R$ 786,6 bilhões, informou Lanzarin.

Lanzarin: uso inadequado do crédito é um dos fatores de mortalidade das microempresas

Comparação da evolução do crédito no Brasil com relação ao PIB

Fontes: Bacen – Relatório Anual 2006 e 2008 Diris - Comparativo BB SFN (dezembro/2009)

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COMÉRCIO EXTERIOR

Manfré destacou a importância da presença em feiras internacionais para consolidar relações comerciais com os novos clientes

Nova imagem do Brasil facilita negócios no exterior

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ão raro, os empresários que começam a dar os primeiros passos no mercado externo têm muito pouca informação sobre quem são seus clientes e como chegar até eles. É justamente nesse ponto que entra o papel da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), relatou Mauricio Manfré, gestor de promoção comercial do órgão, no painel “Comerciais Exportadoras: Otimizando o Acesso ao Mercado Exterior” do 20º Congresso da CACB, realizado em Gramado (RS). Isso é feito por meio da participação em feiras setoriais, feiras multissetoriais e rodadas de negócios, de missões comerciais, da aproximação com tradings ou da realização de ações específicas com compradores internacionais. Para as empresas que fecham seus primeiros

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negócios no exterior, um passo importante é continuar a investir no relacionamento com os clientes, o que normalmente é feito nas feiras internacionais, indicou o executivo. “Muitas empresas, infelizmente, investem em prospecção. Mas esses eventos são voltados mais para a consolidação dos negócios. É ali que você convida os seus clientes para visitar o seu estande, começa a consolidar a imagem de sua empresa e o branding de seu produto.” Para o gestor de promoção comercial da Apex, mesmo que a empresa esteja em uma situação difícil, para manter a clientela é imprescindível marcar presença nesses eventos. “Em caso contrário, sua imagem pode ficar comprometida”, adverte. Uma dos trunfos dos exportadores é a própria imagem do país no exterior, acrescenta Manfré.


“O Brasil não é somente carnaval e futebol. Somos a sexta economia do mundo, segundo dados do Banco Interamericano de Desenvolvimento (Bird), a caminho do quinto lugar, um fato que contribui para atrair cada vez mais interesse pelos nossos produtos.” Com cinco Centros de Negócios, localizados na Ásia (Pequim, na China), Oriente Médio (Dubai, nos Emirados Árabes Unidos), América do Norte (Miami, nos Estados Unidos), América Central e Caribe (Havana, em Cuba) e Europa (Varsóvia,

na Polônia), a Apex inaugurou em maio uma nova unidade em Moscou, capital da Rússia. Em seguida, segundo Manfré, serão abertos dois novos CNs, na África (Luanda, em Angola) e na Europa Ocidental (Bruxelas, na Bélgica). Segundo a agência, o escritório na Bélgica terá o objetivo de acompanhar as tendências e deliberações da União Europeia que afetem ou possam afetar as exportações brasileiras, tendo um papel ativo diante das decisões que impactam o Brasil.

Agência seleciona 600 tradings de eficiência comprovada Uma das ações da Apex voltadas para o aumento da participação das micro e pequenas empresas no mercado internacional é feita por meio da aproximação com tradings. Segundo Manfré, a Agência lançou, no início do ano, um banco de dados de acesso gratuito, que hoje abrange 600 comerciais exportadoras operando no país. Cada uma das empresas incluídas no banco de dados da Apex passou por uma rigorosa análise de qualificação e comprovação de serviços. “Isso quer dizer que essas tradings cumprem a sua finalidade, isto é, chegam no país escolhido e fecham negócios”, assegura Manfré. O Diretório das Tradings do Brasil da Apex é um catálogo eletrônico, que classifica as empresas do ramo conforme o seu perfil de produtos, país de destino, faixa de valores e localização geográfica.

Pilares da Apex – Brasil Informação - Estudos de Mercado

Para a divulgação do Projeto Trading, a CACB e a Apex formalizaram acordo, no ano passado, o qual abrange seminários informativos às empresas brasileiras (práticas comerciais, jurídicas, logísticas, aduaneiras e regulatórias), procedimentos operacionais, rodada de negócios entre empresas brasileiras e potenciais compradores arregimentados. A meta para 2010 é aumentar em 10%, em 2010, o número de micro e pequenas empresas exportadoras em relação a 2008. Nesse ano, elas foram 11.120 empresas, responsáveis por 1,2% das vendas brasileiras no período (US$ 2,37 bilhões). No Brasil, 28% das empresas exportadoras são tradings (5.670 pelos dados de 2008). No ano passado, elas foram responsáveis por US$ 21 bilhões em exportações.

Presença brasileira em feira de Dubai foi uma das ações da Apex em 2009

Prospecção - Missões Comerciais Consolidação - Feiras Internacionais Posicionamento - Branding Internacionalização - Centros de Negócios

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DESTAQUE EMPREENDER

Rodrigo Carrijo: número de projetos pré-aprovados do Empreender Competitivo mais do que dobrou entre a primeira e a segunda fase

As novidades do Empreender Divulgação dos primeiros projetos pré-selecionados do Empreender Competitivo foi uma das novidades do 8º Encontro Nacional do Empreender

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8º Encontro Nacional do Empreender, que integrou a programação do 20º Congresso da CACB, em Gramado (RS), trouxe novidades ao Empreender Competitivo, com a divulgação dos primeiros projetos pré-selecionados e com o anúncio de que uma segunda chamada será feita nos próximos dias. A leitura dos nomes dos núcleos setoriais pré-aprovados reuniu delegações animadas, que comemoraram a assinatura dos termos de adesão. Presentes na assinatura, os presidentes da CACB e da Federasul, José Paulo Dornelles Cairoli, e das federações e associações comerciais de sete estados brasileiros: Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Sergipe, Alagoas, Tocantins e Rio Grande do Norte. O coordenador executivo do Empreender, Carlos Rezende, explicou que 12 Estados inscreveram 97 projetos e foram pré-selecionados 73, de

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sete Estados. “Esse projeto é o de maior envergadura, com investimento de R$ 12 milhões, em 18 meses de execução”, observou Rezende. Selecionados O termo de adesão ao CACB-Empreender prevê um prazo para ajustes e inserção dos projetos nos sistemas adequados. Participaram os presidentes da Associação Comercial de Florianópolis (Acif) e ex-presidente da Confederação Nacional dos Jovens Empresários (Conaje), Doreni Isaías Caramori Júnior; da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap), Ardisson Akel; da Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Minas Gerais (Federaminas), Wander Luis Silva. De Alagoas, Josinaldo Santos, primeiro vicepresidente da Federalagoas. Do Rio Grande do


Norte, o vice-presidente da Associação Comercial do Rio Grande do Norte, Itamar Maciel Júnior. O presidente da Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropastoris do Estado de Sergipe (Faciais), Sadi Paulo Castiel Gitz, também compareceu ao evento e assinou o termo de cooperação, juntamente com o presidente da Federação das Associações Comerciais e Industriais do Tocantins (Faciet), Jarbas Luis Meurer. De acordo com o consultor do Empreender, Rodrigo Carrijo, o número de projetos pré-

aprovados mais do que dobrou entre a primeira fase, de 2007 a 2008, e a segunda, referente a 2010 e 2011. As empresas envolvidas ampliaram o faturamento entre 15% e 20%, algumas até conseguiram 30% de incremento na receita. Também houve aumento no número de postos de trabalho, superior a 10%. O gerente-adjunto do Sebrae, Ricardo Villela de Souza, que coordena o Empreender pela entidade, disse que a segunda fase do projeto demonstra o fortalecimento e o aumento da competitividade dos núcleos setoriais.

Consultoria Grupal no Exterior Direto de Honduras para Gramado, o coordenador Regional do Projeto Consolida, Alberto Zeni, falou durante o 8º Encontro Nacional do Empreender sobre “O desafio da Consultoria Grupal no Exterior”, projeto de cooperação técnica idealizado pelas Associações Empresariais da Baviera (BFZ). Seção internacional que desenvolve projetos com organismos empresariais, a BFZ está presente em todo o estado da Baviera, com 27 centros, 180 filiais e sede em Munique (Alemanha). Apresentaram cases o gerente-geral da Câmara de Comércio e Indústria de Tegucigalpa, Rafael Medina, o diretor executivo da Câmara de Comércio e Indústrias de Choloma/ Honduras, Armando Jose Amaya Leclair, a coordenadora Nacional dos Núcleos da Câmara de Comércio e Indústria de El Salvador, Silvia Lorena Melgar Martínez, e o diretor executivo da Câmara da Indústria da Guatemala, Javier Antonio Zepeda Herman. De acordo com Alberto Zeni, o Projeto Consolida espera que as Câmaras se profissionalizem, com oferta de serviços novos e orientados na demanda, apoiando o desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas (MPs). A primeira etapa do projeto, aprovado e iniciado em fevereiro de 2008, deve ser encerrada

em janeiro de 2011. A segunda etapa acontece de fevereiro de 2011 a janeiro de 2014. O coordenador de projetos internacionais da BFZ Alemanha, Andreas Dohle, falou sobre a “Oportunidade para o Sistema CACB na Cooperação Internacional” e ressaltou que um dos objetivos é atrair novos consultores. Para se inscrever, o interessado deve acessar o site www.empreender.org.br/curriculo, ser cadastrado no Portal Empreender, ter excelente desempenho no Empreender, ter experiência como coordenador e treinador e ser poliglota (domínio de inglês e espanhol).

Projeto Consolida espera profissionalização das Câmaras com oferta de serviços novos e apoio ao desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas (MPEs)

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CARTA DE GRAMADO

Urgência de medidas sustentáveis CACB divulgou em Gramado documento que adverte para os riscos de expansão do gasto público no país

As entidades filiadas à Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil, reunidas no seu 20º Congresso, e a Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul, em seu 8º Congresso, vêm a público manifestar posição sobre o momento em que vive o País, os caminhos para o desenvolvimento e o crescimento sustentável da nação. Vivemos um período auspicioso da economia brasileira, com o PIB crescendo no 1º trimestre do ano a uma taxa anualizada de 11,2% e com perspectivas de termos em 2010, o maior crescimento econômico em 25 anos! A rápida recuperação econômica brasileira da crise financeira internacional é fruto, em boa parte, de medidas fiscais, entre elas a redução de impostos. Chegou a hora de deixarmos de ser o País do futuro, para consolidarmos a posição de uma grande potência econômica do presente. E para isso, não podemos desperdiçar esse momento. É preciso avançar, dar o salto necessário para um ciclo de desenvolvimento sólido e sustentável, implementando a agenda de mudanças que o País ainda precisa fazer: - Reduzir os gastos públicos, que na esfera federal só no primeiro quadrimestre desse ano cresceram 18% em relação ao mesmo período do ano passado, ameaçando a saúde fiscal do setor público federal e por extensão a própria sociedade, que poderá ser penalizada para sustentar com o seu trabalho e sua renda esse desequilíbrio. - Atingindo o equilíbrio fiscal, será possível diminuir a taxa de juros, que atualmente é a maior do mundo, e que se constitui em um dos maiores entraves ao crescimento

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Empresários alertam que não há mais espaço para aumento de carga tributária econômico do País. - Direcionar os investimentos públicos com prioridade absoluta para a recuperação da infraestrutura do País, que hoje é um dos grandes gargalos para o nosso crescimento econômico. A iniciativa privada deve ter espaços para ser mais atuante nos investimentos em infraestrutura, e o País deve apostar ainda mais nas parcerias público privadas como um instrumento estratégico para esse desafio. - Diminuir a carga tributária, que já ultrapassa 35% do Produto Interno Bruto e é a maior entre os países em desenvolvimento. , renda e possibilidades de desenvolvimento que a médio prazo podem inclusive aumentar a capacidade de arrecadação do setor público. - Para atingir essas metas, propomos a elaboração de uma lei de responsabilidade econômica e social, que determinaria que um percentual fixo sobre o aumento real da

arrecadação do governo federal seja destinado ao aumento dos investimentos em infraestrutura e a redução linear da carga tributária. - Completar as reformas previdenciária e administrativa, e realizar as reformas fiscal e tributária, política e eleitoral e modernizar a legislação trabalhista. Essas são medidas estruturais, com efeitos de médio e longo prazo, indispensáveis para um país moderno e uma economia plenamente desenvolvida, que gere emprego e renda para cada vez mais brasileiros. Num ano de eleições presidenciais, a CACB e a Federasul conclamam as grandes forças do País, e as candidaturas que as representam, a encampar essa agenda e constituir um grande pacto político em torno delas, de forma que ao final desse ano tenhamos somente um grande vencedor: a sociedade brasileira, mais perto do sonho de alcançar a condição de nação de primeiro mundo. Gramado, 19 de junho de 2010.


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CONJUNTURA

Sob a mediação do comentarista econômico da TV Globo, Carlos Alberto Sardenberg, o painel iniciou com a análise do presidente da Odebrecht Transport, Geraldo Villin, sobre a infraestutura do país (foto à direita)

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O que é preciso fazer para o país não parar de crescer

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Brasil avançou muito nos últimos anos, mas há questões que devem ser resolvidas se o país quiser manter os atuais níveis de crescimento econômico e social. Dentre os principais desafios, mais investimentos em infraestrutura, a redução da carga tributária e a melhoria de qualidade na educação são os mais urgentes, concluíram os participantes do painel “A conjuntura econômica e suas perspectivas” no 20º Congresso da CACB, realizado em Gramado (RS). Com mediação do comentarista econômico da TV Globo, Carlos Alberto Sardenberg, o painel se iniciou com uma análise da infraestrutura do país pelo presidente da Odebrecht TransPort, Geraldo Villin. O maior entrave do setor hoje, no país, de acordo com o executivo, é o da movimentação de


carga no setor portuário. Como exemplo, ele citou o porto de Santos em, que os navios levam até três dias para descarregar. “Ocupamos o 65º lugar no mundo em movimentação de carga, no mesmo nível da Libéria”, apontou Villin. Somente em obras consideradas urgentes no setor portuário, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Brasil precisa de R$ 42,8 bilhões, acrescentou. “A infraestrutura é condição fundamental para a competitividade do Brasil, na competição internacional. Por isso é preciso atrair mais investimentos.” Ao avaliar o futuro do Brasil, o executivo listou em primeiro lugar a necessidade de o país investir em educação. “Sem investimentos em educação, não vamos conseguir erradicar a pobreza”, assinalou. “Em diversas obras que estão sendo executadas pelas empreiteiras, há escassez de mão de obra qualificada. Quer dizer: as empresas não conseguem preencher as vagas porque não há oferta de mão de obra especializada. Isso remete à educação”, destacou. Astor Milton Schmitt, diretor corporativo de relações com investidores do conglomerado Randon, de Caxias do Sul (RS), na sequência, analisou as causas que permitiram ao Brasil uma saída mais rápida da crise mundial. Em uma das transparências de sua palestra, Schmitt mostrou que as famílias dos Estados Unidos chegaram a um ponto muito baixo de poupança, em contraste com elevadas dívidas, o que acabou provocando a crise das hipotecas. Isso não ocorreu, no país, segundo o executivo, por causa do tripé implantado nos últimos anos. O primeiro, a política de metas para a inflação. Essa medida sem dúvida, em sua opinião, trouxe estabilidade macroeconômica e induziu a redução do risco inflacionário. Há anos o Brasil pratica genuinamente câmbio flutuante e agrega reservas. Isso implica dívida externa em queda e redução do risco externo. Já os superávits primários refletem uma dívida pública em queda, com redução do risco fiscal, demonstrou Schmitt. “Com isso, chegamos a um menor prêmio de risco, à redução de taxas de juros e a maior

credibilidade”, resumiu. “O Brasil, bem ou mal, fez isso, o que explica por que saímos mais rapidamente do quadro de crise. Por isso esse índice de crescimento de 6,46%, é algo que até soa como conservador.” Ao comentar os estímulos do governo que ajudaram a acelerar a recuperação da economia, como a redução do IPI em determinados segmentos, Schmitt citou que o forte crescimento dos gastos públicos é um dos graves problemas que o Brasil tem pela frente. Como exemplo, lembrou que na época de FHC, os gastos correntes do governo contribuíram com 0,29% para o crescimento do PIB, hoje o governo contribui com 0,58%. “Do ponto de vista de crescimento da atividade econômica, isso é positivo, mas em função de dívida e de juros é altamente preocupante. Se não houver equilíbrio, essa situação poderá sair do controle, o que sugere a adoção de uma série de reformas.” Três alternativas poderão ser seguidas pelo próximo presidente da República, exemplificou o executivo da Randon. “Poderá ser um estadista que dê ao país um salto para o futuro. Para isso, retomará as reformas que ficaram para ser feitas. Ou, simplesmente, dará continuidade ao que está acontecendo, sem enfrentar gargalos institucionais. Ou, numa terceira hipótese, teríamos a implantação do neopopulismo, com o inchaço do Estado e o abandono dos fundamentos de uma política macro mais consistente.”

Astor Milton Schmitt, da Radon, analisou as causas que permitiram ao Brasil uma saída mais rápida da crise mundial

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CONJUNTURA

Como o Brasil conseguiu evitar a crise Dentre os modelos utilizados nos manuais para encaixar a crise mundial, na palestra de abertura do 20º Congresso da CACB, realizado em Gramado (RS), “O mundo pós-crise e o Brasil nele”, o jornalista Carlos Alberto Sardenberg afirmou que a crise não pode ser considerada um ‘V’ clássico, ou seja, uma depressão e uma recuperação rápida. Mas é o modelo que mais se aproxima da realidade, apesar do repique da crise no continente europeu. “Não é um ‘U’, como aconteceu na crise de 1929, cuja recuperação ocorreu somente em 1936, muito menos um ‘L’, de recuperação lenta, ou um ‘W’, em que a melhoria temporária depois da crise do fim de 2008 será seguida de uma nova queda”, afirmou. Dados do FMI que projetam um crescimento de 4,1% para a economia mundial, neste ano, contra uma estimativa anterior de 3,9%, reforçam que o ‘V’ é o modelo mais aproximado da crise, segundo o comentarista econômico da TV Globo. Ainda de acordo com o FMI, a economia dos Estados Unidos

deve crescer 3% neste ano. Enquanto isso, as economias emergentes devem liderar a recuperação global, com previsão de crescerem em 2010 quase o triplo da média das economias avançadas. Sardenberg citou ainda que, segundo o FMI, países emergentes e em desenvolvimento devem crescer 6,3% neste ano e 6,5% no próximo. Nos países avançados, a perspectiva é de 2,3 e 2,4 %, respectivamente. A China terá novamente o maior crescimento: 10 % neste ano e 9,9% em 2011. Brasil, Índia e Indonésia também são citados pelo FMI como protagonistas de sólidas recuperações. Como o Brasil conseguiu evitar a crise? Segundo Sardenberg, o Brasil e os demais países em emergentes aprenderam com as crises anteriores e passaram a acumular reservas. “Quando terminou o ano de 2008, os emergentes tinham US$ 1 trilhão de reservas internacionais. No caso do Brasil, a virada nas contas aconteceu porque o país deixou de ser um país carente de dólares e passou a acumular reservas graças aos saldos comerciais.”

Carlos Alberto Sardenberg fala a Empresa Brasil: O país pode passar mais quatro anos sem reformas? Poder pode, mas vai crescer menos. Do jeito que está o país pode crescer 4,5%, 5%. Mas para crescer de forma elevada e embalar o crescimento, precisa de reformas. Sem reformas, o país não corre risco de aumentar o déficit, como da Previdência, por exemplo? Se o governo não fizer as reformas, ele deverá

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aumentar os impostos ou reduzir os investimentos. Não tem saída. Qual foi a maior omissão do presidente Lula nos seus dois mandatos? Foi não ter aproveitado a onda favorável e não ter tocado em nenhuma reforma importante, sem qualquer dúvida. Esse é o ponto, Lula não avançou em nenhuma reforma importante. Se a inércia continuar... O país regride, é claro.


Alessandro Teixeira, da Apex-Brasil, destacou os investimentos crescentes do BNDES nas MPEs

O acelerado avanço dos investimentos Alessandro Teixeira, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), no painel “A conjuntura econômica e suas perspectivas”, deu ênfase aos desembolsos do BNDES. Citou que a instituição deverá triplicar o seu orçamento no período de 2002 a 2010, ano em que deverá alcançar R$ 146,5 bilhões. Até abril deste ano, o banco dirigiu R$ 24,8 bilhões para o setor da micro e pequena empresa, contra R$ 13,6 bilhões de igual período de 2008. No quadriênio 2010-2013, o BNDES, segundo Teixeira, deverá aplicar R$ 1,3 trilhão. Do total, a infraestrutura deverá absorver R$ 310 bilhões, com destaque para o setor energético. Já o setor industrial deverá demandar R$ 549 bilhões, dos quais o setor de petróleo e gás deverá absorver R$ 340 bilhões. Teixeira citou ainda que o país vive “uma verdadeira revolução no crédito, o que se soma à sustentabilidade da economia brasileira através de uma política macroeconômica correta, forte e estável e uma política fiscal bem equacionada, com a diversificação dos mercados no comércio exterior”. O presidente da Apex-Brasil lembrou ainda que o Brasil, hoje, é um dos países mais atrativos do mundo. “Estamos colocados por várias instituições, principalmente pelo Banco Mundial, entre os cinco países mais atrativos, o que resultou no aumento dos investimentos internacionais. Saímos de uma média de U$ 34 bilhões, que já era um recorde histórico no Brasil, em 2007, para U$ 45 bilhões em 2008.”

Desembolsos para Micro, Pequena e Média Empresas saltaram para mais de R$ 24 bilhões* Dados acumulados em 12m até abr/10

* Não inclui pessoas físicas - Fonte: BNDES

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ESTRATÉGIA

Gerdau :“É preciso reconhecer que visão de longo prazo não faz parte de nossas políticas públicas. Hoje, a grande competição mundial está sendo travada com a Ásia, cujos países que mais se destacam são conhecidos pela visão estratégica em todos os campos. Aqui, no Brasil, o que impera é o improviso na hora em que surge o problema”

“Só quem está no dia a dia das empresas sabe da opressão da ”

carga tributária

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pesar do desempenho do PIB do primeiro trimestre de 2010, quando houve uma evolução de 2,7% em comparação do quarto trimestre de 2009, e de 9,0% em relação a igual período do ano anterior — o 2º maior crescimento global — ,“a equação dos nossos problemas não está resolvida.” Foi o que declarou o empresário Jorge Gerdau, presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau, na palestra de abertura do 20º Congresso da CACB. “Não devemos nos deixar entusiasmar por este momento”, advertiu o empresário, ao lembrar que, em grande parte, a posição alcançada pelo país deve-se ao agronegócio. Para que o Brasil possa se consolidar como uma das principais economias do mundo, segundo Gerdau, é preciso melhoria de gestão e visão estratégica. “Você pode ter eficiências gerenciais e

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operacionais, mas a competência em governança é fator decisivo”, reiterou o empresário. O que impera no Brasil é o improviso “É preciso reconhecer que visão de longo prazo não faz parte de nossas políticas públicas. Hoje, a grande competição mundial está sendo travada com a Ásia, cujos países que mais se destacam são conhecidos pela visão estratégica em todos os campos. Aqui, no Brasil, o que impera é o improviso na hora em que surge o problema.” Para Gerdau, o governo gasta mal e a arrecadação de impostos é insuficiente para pagar as despesas, as dívidas e ainda investir. Lembrou que em todo mês o governo precisa financiar o equivalente a 3% do PIB brasileiro para pagar suas contas, o que representa uma carga tributária real de 40%, e não de 37%, como se divulga normalmente.


“Com mais eficiência gerencial, poderíamos reduzir os gastos públicos para 30% do PIB e, assim, usar os outros 10% para investimentos.” Em sua exposição, Gerdau mostrou que a prosperidade está ligada à poupança, requisito em que o Brasil está muito atrás de outros países. “Hoje, o índice de poupança do Brasil é estimado em 17%, enquanto o da China é de 52%, da Índia, 32%, Argentina 27,38%, México, 24% e Chile, 22%. Por que a China cresce?” – indagou. “Evidente: é a poupança. E o caminho mais curto para chegar lá é reduzir os gastos do governo. Para isso só há uma saída: melhorar a gestão e ser mais eficiente.” Falta visão estratégica Ele continuou: “Nos acostumamos com crescimento baixo e perdemos a capacidade de discutir a visão estratégica. Sem essas definições, o país está um caos em matéria de infraestrutura: faltam portos, ferrovias, aeroportos”. Para que o Brasil possa começar um processo de crescimento, o país precisa, acima de tudo, de gestão e governança, o que determinará uma redução de gastos públicos, ensinou Gerdau. “Esse processo passa por um triângulo que já se tornou clássico: liderança, conhecimento e metodologia.

Isso vale para uma recepção de hotel, para uma grande empresa e para um país. Sem metodologia de planejamento não se chega lá.” Ao encerrar, o empresário lembrou que recentemente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que somente com 10% de impostos não existe Estado, em resposta a críticas de analistas sobre a carga tributária do país. Jorge Gerdau contrapôs: “Mas com 40% de impostos não existe sociedade. Só quem está no dia a dia sabe a opressão que representa a carga tributária praticada no Brasil.”

Para que seja possível sedimentar um novo processo de crescimento, o país precisa, acima de tudo, de gestão e governança, o que determinará uma redução de gastos públicos, ensinou Gerdau

MBC dá o exemplo de como gerir recursos O empresário Jorge Gerdau Johannpeter, em sua palestra, usou como exemplo de gestão pública o projeto criado pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC), do qual é o fundador. Criado em 2005, ele foi adotado por nove estados e quatro municípios. Com um custo de R$ 65,7 milhões, proporcionou ganhos, até o momento, de redução de despesa e aumento de receita de R$ 11,2 bilhões, superando a meta acumulada em mais de R$ 4 bilhões. A relação custo x resultado do Programa do MBC, considerando

somente as frentes de receita e despesa ao custo de R$ 54,2 milhões, aponta que para cada R$ 1,00 investido o retorno global foi R$ 207,58. Um dos objetivos do MBC, segundo Gerdau, é transformar a cultura empreendedora e competitiva construída ao longo de seus nove anos em realidade para a população brasileira. Para tanto, desenvolve e fomenta o nível de comprometimento assumido pelos envolvidos com a questão da competitividade como ferramenta de desenvolvimento do país.

Com foco nas micro e pequenas empresas, o MBC criou o Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas. O objetivo é o reconhecimento estadual e nacional de micro e pequenas empresas que promovem aumento da qualidade, da produtividade e da competitividade por disseminação de conceitos e práticas de gestão. Sua missão é promover o aumento da qualidade, produtividade e competitividade das MPEs, disseminando os conceitos e práticas de gestão por meio de um processo de reconhecimento. Julho de 2010

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DESTAQUE CBMAE

Câmara de Mediação e Arbitragem de Mato Grosso do Sul é a primeira a atuar de acordo com as regras de uniformização da CBMAE

Recheada de sucessos Cases, novos convênios, lançamento de manual, apresentação de produtos, palestras e debates enriqueceram as atividades do 5° Workshop da CBMAE

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Câmara de Mediação e Arbitragem do Mato Grosso do Sul roubou a cena durante a manhã do dia 18 de junho no 5° Workshop da CBMAE, em Gramado. No papel de primeira Câmara do Brasil totalmente de acordo com as regras de uniformização da CBMAE, a entidade assinou acordo de cooperação técnica e financeira com a CACB. O evento aconteceu durante o 20º Congresso da CACB e 8° Encontro das Entidades Ligadas à Federasul. O projeto em Campo Grande ganha apoio do presidente da CACB, José Paulo Dorneles Cairoli, juntamente com o diretor financeiro, George Teixeira, o presidente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Mato Grosso do Sul, Leocir Montagna, e o presidente da Associação Comercial de Campo Grande, Luiz Fernando Buainaim. Outro acontecimento momento importante foi o lançamento do manual de uniformização da

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CBMAE, que estará disponível para as associações. O material contém um passo a passo para a instalação de uma Câmara de Mediação, desde a formalização do convênio até a capacitação dos agentes. Também foram apresentados outros novos produtos como a repaginação do curso de formação de especialistas, o novo curso de negociação e mediação empresarial e o portal do sistema de gestão. Outro destaque foi a palestra do membro do conselho consultivo do departamento de pesquisas judiciárias do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Francisco Cahali, sobre a arbitragem nas MPEs. O principal ponto foi o caráter democrático da arbitragem, que não deve usada apenas pelas grandes corporações, mas também pelas micro e pequenas empresas, que muitas vezes não suportam o custo do Judiciário. Ele enumerou como as cinco principais vantagens da arbitragem a rapidez, o sigilo, a não recorribilidade, o árbitro especialista e a informalidade do procedimento.


Cahali explicou ainda que o método se desenvolveu bastante no Brasil nos últimos dez anos e chegou a crescer 50% entre 2009 e 2010. Segundo ele, uma das principais entidades arbitrais do mundo, a Câmara de Comércio Internacional (CCI), com sede em Paris, realizou um curso em língua portuguesa, investindo em uma aproximação internacional. A arbitragem brasileira ocupa hoje o quarto lugar do mundo. Nos quatro cantos do país Além do Mato Grosso do Sul, também foram apresentados outros cases de sucesso, como os Paces (Postos Avançados de Conciliação Extraprocessual) de São Paulo e Santa Catarina, além da Câmara de Mediação do Amazonas. O Pace de São Paulo conta com 270 conciliadores voluntários e mais de 27 mil pessoas atendidas desde a inauguração do projeto, em 2008. O consultor da CBMAE em São Paulo, Guilherme Guissani, mostrou que os principais passos para o sucesso são a articulação de parcerias, a organização das demandas, o estabelecimento de regras de atuação e a preocupação com a formação dos conciliadores. O Pace de Santa Catarina ainda não impressiona nos números, por estar apenas iniciando as atividades, mas se destaca no cenário nacional por partida já com demandas grandes e conciliadores sendo formados para atuar no local. A coordenadora do Pace junto à Associação Comercial de Florianópolis, Paula Pavin, explica que “a maior procura é de pessoas com problemas envolvendo cartões de crédito, mas estamos aguardando um aumento na demanda”. O Amazonas apresentou um quadro das dificuldades encontradas até agora para a implementação da Câmara. O presidente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Amazonas (Facea), Valdemar Pinheiro, mostrou a dificuldade de criar uma nova mentalidade e de fazer conhecer os MESCS (Métodos Extrajudiciais de Solução de Controvérsias) no meio empresarial e na sociedade como todo. Novas metas, novos produtos Além do lançamento do manual de uniformização das Câmaras, foram apresentados produtos

como a repaginação do curso de formação de especialistas, o novo curso de negociação e mediação empresarial e o portal do sistema de gestão. O novo portal irá possibilitar o acesso ao sistema de gestão, com um procedimento totalmente virtual, que permitirá aos gestores conhecer dados gerais sobre o trabalho das Câmaras e construir estatísticas, que auxiliarão no planejamento estratégico para os próximos anos. A repaginação do curso de curso de formação de especialistas seguiu a mesma linha, sendo todo em ambiente virtual, sem necessitar de drive de instalação. Seguindo a linha do internauta brasileiro moderno, cujo acesso a sites de relacionamento chega a 62% do total de páginas acessadas, o novo curso permitirá ao aluno criar seu próprio perfil e trocar informações com os demais alunos. Por fim, o novo curso de negociação e mediação empresarial terá como objetivo principal difundir os MESCS no meio empresarial e criar uma cultura pacífica de resolução de litígios. O curso será dividido em dois módulos. O primeiro irá incentivar os empresários a utilizar conceitos, técnicas e ferramentas de negociação como forma de fomento aos negócios, diante da competitividade e constante alteração dos mercados. O segundo buscará possibilitar a Mediação como método de resolução de conflitos tanto no meio inter como intraempresarial.

O consultor da CBMAE em São Paulo, Guilherme Guissani, apresentou o caso da Câmara do Estado e mostra o caminho do sucesso do projeto

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PEQUENAS NOTÁVEIS

Encontros Empresariais fortalecem parcerias e expandem redes de contatos O Programa Sebrae para Empresas Avançadas estimula empreendedores a aprender e a superar dificuldades por meio da troca de experiências ■ Agência Sebrae de Notícias

Foto: Rodrigo Moreira

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uperadas as dificuldades iniciais na hora de abrir o próprio negócio, os empreendedores passam a enfrentar novos desafios que podem se tornar gargalos para o crescimento. A troca de experiências com outros empresários pode ajudar a transpor essas barreiras. Com o objetivo de facilitar essa interação, foi desenvolvida a solução Encontros Empresariais, integrante do Sebrae Mais – Programa Sebrae para Empresas Avançadas, voltado para negócios com mais de dois anos no mercado. Os Encontros Empresariais orientam os participantes a implementar novas estratégias e modelos de gestão em seus negócios. Os executivos trocam experiências, compartilham erros e acertos e soluções já testadas. Também ampliam sua rede de contatos e de futuros parceiros. Os encontros são programados para um grupo de empresários de um mesmo setor ou de vários segmentos, porém com interesses convergentes, contando, ainda, com a possibilidade de participação de convidados, representantes de entidades governamentais ou privadas e consultores especializados.

Parcerias em expansão Além da troca de experiências, os encontros possibilitam a abertura de novas oportunidades de negócios. Foi o que comemorou o empresário de Santa Catarina Ricardo Schramm Junior, da Estúdio Design Deforma, especializada em desenvolvimento de marcas e websites. Dos 15 empresários que participaram da rodada de conversas com ele, dois contrataram seus serviços. Ele acredita que as parcerias devem se expandir. “Foi muito interessante poder mostrar o que faço. Acredito que ainda vou fechar

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Encontros empresariais orientam os participantes a implementar novas estratégias e modelos bons negócios. É ótimo poder trocar experiências, além de fortalecer a rede de contatos”, afirma. O projeto é voltado a empresas com mais de dois anos de funcionamento e que já tenham superado questões básicas de gestão nas áreas de recursos humanos, processos, marketing e finanças. O programa prevê consultoria individualizada, workshop, capacitação e palestras, para que o empresário escolha a que melhor se adequa ao seu empreendimento.

Serviço: Mais informações podem ser obtidas nos pontos de atendimento do Sebrae de sua região e no endereço: http://www.sebrae. com.br/momento/tenho-um-negociocom-mais-de-2-anos/profissionalize-seunegocio/programa-sebrae-para-empresasavancadas/conheca-o-programa Central de Relacionamento Sebrae: 0800-570-0800


Foto: Rodrigo Moreira

Sebrae apresenta soluções com estratégias para que o empresário escolha a mais adequada ao seu empreendimento

Sebrae Mais promove internacionalização de pequenas empresas Curso prepara para a conquista do mercado externo de forma planejada ■ Agência Sebrae de Notícias

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s exportações brasileiras cresceram 28% desde o início de 2010 em relação ao mesmo período de 2009, o que mostra uma retomada da trajetória de crescimento depois de ter declinado 22,7% ao longo de todo o ano passado. As vendas do país para o exterior somaram US$ 83,1 bilhões em menos de seis meses, mas a fatia das micro e pequenas empresas nesse bolo ainda é reduzida. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) mostram que cerca de 2% das exportações brasileiras são feitas por companhias de pequeno porte. Para ajudar a ampliar esse volume, o Sebrae oferece ferramentas que preparam o empreendedor para conquistar o mercado externo. A solução

Planejando para Internacionalizar foi desenvolvida para preparar as empresas a elaborarem um plano inicial de internacionalização, avaliando inclusive sua capacidade para atuar no mercado externo. A solução faz parte do Sebrae Mais - Programa Sebrae para Empresas Avançadas e aborda conceitos e formas de internacionalização, orientando para que os participantes compreendam as relações entre um pequeno negócio e o mercado global. A idéia é mostrar que a internacionalização pode aumentar a competitividade dos negócios. “A solução foi elaborada para pequenas empresas que desejam ingressar no mercado externo de forma planejada, refletindo sobre a capacidade de se internacionalizar, compreendendo o processo de negociação com outros países e alguns procedimentos operacionais”, explica a gestora nacional do Programa Sebrae para Empresas Avançadas, Alessandra Cunha. Julho de 2010

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PEQUENAS NOTÁVEIS

Projeto deve sensibilizar 18 mil empresas

Sebrae investe em projetos para fomentar inovação nas empresas Parceria da entidade com a CNI e MCT prevê investimento de R$ 100 milhões para os próximos três anos ■ Agência Sebrae de Notícias

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Sebrae, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) irão investir conjuntamente cerca de R$ 100 milhões nos próximos três anos em projetos de gestão da inovação. Os recursos sairão de um convênio entre o Sebrae e a CNI (R$ 48 milhões) e de um edital do MCT no valor de cerca de R$ 50 milhões, com dinheiro do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. O anúncio dos recursos foi feito durante uma reunião do comitê de Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), na sede da CNI, em São Paulo, onde participaram integrantes do MCT e representantes de grandes indústrias do país como Natura, Grupo Ultra, CPFL, Embraer, IBM, Fiat, Klabin, entre outros.

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Entidades fecham acordo para investir em gestão e inovação


Para o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, a inovação precisa passar pelo pequeno negócio já que ele representa 99% do total de empresas no país, mas é responsável apenas por 20% do Produto Interno Bruto (PIB). “A baixa produtividade deste setor impacta na produtividade média da economia, atingindo as cadeias de valor. Por isso, precisamos fomentar a inovação nos pequenos empreendimentos, aumentando a competitividade e, consequentemente, a produtividade”, assinalou o diretor. A palavra inovação carrega, segundo Santos, a idéia de que inovar é difícil, caro e que isso está restrito às universidades. “Inovação não é moda, mas sim uma necessidade colocada pela concorrência. Com o projeto vamos mudar a forma de relacionamento da pequena indústria com este conceito”, disse. Por meio de núcleos de inovação que serão criados nas federações das indústrias de 20 estados, o Sebrae e a CNI deverão sensibilizar 18 mil empresas. “Cerca de 50% dessas empresas deverão seguir conosco nos cursos de capacitação. Dessas, 3,6 mil deverão chegar a fazer diagnósticos de inovação e esperamos que 2,4 mil cheguem aos planos de inovação e consigam recursos nos fundos setoriais, na lei da inovação, entre outros”, disse a gerente de Atendimento à Indústria do Sebrae, Miriam Zitz. Julho de 2010

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PEQUENAS NOTÁVEIS

Agente Local de Inovação ajuda empresário a modernizar negócio Só no DF, mais de 1,5 mil já adotaram as novas práticas ensinadas pelo Sebrae ■ Agência Sebrae de Notícias

Foto: Bernardo Rebello

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om 11 anos de atuação no mercado da Ceilândia, cidade do Distrito Federal a 25 quilômetros de Brasília, até o ano passado o empresário José Milson de Freitas Lima ainda anotava no papel as compras e vendas de madeiras e acessórios para móveis que sua loja comercializa e usava essas anotações para responder aos clientes sobre disponibilidade e preços dos seus produtos. Hoje, os computadores fazem esta pesquisa propocionando agilidade ao negócio, poupando tempo dos vendedores e dos próprios consumidores. A informatização da J.Lima - O Shopping do Marceneiro foi uma das modificações sugeridas pelo Agente Local de Inovação (ALI) Newton Mauro da Silva, um dos 23 Agentes Locais de Inovação (ALI) que se formaram na primeira turma do Distrito Federal. Os Agentes Locais de Inovação, capacitados pelo Sebrae, são responsáveis por implementar práticas inovadoras em serviços, produtos, processos e marketing no dia a dia das micro e pequenas empresas. No Distrito Federal,estas técnicas já estão sendo adotadas por mais de 1,5 mil empresas das da construção civil, alimentação e vestuário. Nos próximos meses, receberão a consultoria os varejistas, os reparadores de automóveis e as empresas do segmento de beleza. Mudança no visual No caso da madeireira de José Milson, a mudança, em vários aspectos, ajudou as vendas a crescerem mais de 15%. Além da informatização, ele alterou todo o visual da loja, inclusive a logomarca, suspendeu a aceitação de cheques e reformulou

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Consultor visita a empresa, a cada dois meses, pelo período mínimo de um ano a lista de produtos. O público consumidor mudou: antes Milson vendia apenas para marceneiros. Agora atende também o consumidor final. “Meu negócio evoluiu muito. O número de clientes aumentou e todos elogiam bastante a mudança no visual da loja. Até a inadimplência diminuiu”, conta. A consultoria prestada pelos agentes é custeada pelo Sebrae. Durante um ano, no mínimo, o profissional visita a empresa a cada dois meses para dar informações e dicas de como esse pequeno empreendimento pode inovar para se tornar mais competitivo. Os agentes são profissionais graduados há, no máximo, três anos, capacitados para trabalhar diretamente com as micro e pequenas empresas, com a função de apresentar soluções de acordo com as necessidades de cada empreendimento. O projeto já conta 518 agentes formados, atendendo 16,5 mil empresas, em 24 estados da federação. Para se tornar um agente local o interessado deve passar por uma seleção que envolve prova de conhecimentos, redação e dinâmica de grupo. As provas são elaboradas pelo Sebrae no estado, de acordo com os segmentos que serão trabalhados localmente.


Foto: Ivan de Andrade

Painel discute o futuro das MPEs

Associações Comerciais se mobilizam pela Lei Geral Entidades vão divulgar vantagens da lei em 2,3 mil municípios; ênfase será em estados com baixo índice de regulamentação ■ Agência Sebrae de Notícias

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partir de julho começa mais uma mobilização para regulamentar a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa nos municípios brasileiros. O trabalho será articulado pela Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), que vai divulgar as vantagens da Lei e se reunir com lideranças locais das 2,3 mil cidades onde existem associações comerciais. Em boa parte delas, a Lei Geral já está regulamentada: são 1.766 municípios, equivalente a 31,7% do total no País. A atuação da CACB, cujo projeto será feito em parceria com o Sebrae, será relevante sobretudo em estados como Minas Gerais, Bahia, Pará e Piauí, onde menos de 10% das prefeituras fizeram a regulamentação da Lei Geral. O caso de São Paulo é outro exemplo que precisa de atenção especial: o Estado conta com mais de 400 municípios com associações comerciais, mas a Lei Geral foi regulamentada apenas em 110 cidades. Para formalizar a parceria, os presidentes do Sebrae, Paulo Okamotto, e da CACB, João Paulo

Dornelles Cairoli, assinaram carta de intenções durante o 20º Congresso da CACB, realizado em Gramado (RS), em junho. Na solenidade, Paulo Okamotto destacou a importância de os empresários brasileiros unirem forças em todo o País pela municipalização da Lei Geral e para fazer reivindicações, a exemplo da reforma tributária, aproveitando justamente o ano eleitoral. Ressaltando o poder do setor empresarial, Okamotto afirmou que não basta apenas se queixar de questões como a carga tributária. “Além disso, é preciso lembrar que alguns estados brasileiros aproveitaram o expediente da Lei Geral para aumentar os impostos. Eles ampliaram o instrumento da antecipação e da substituição tributária brutalmente”, disse. O presidente do Sebrae frisou que tais distorções dificultam muito o trabalho dos empreendedores. “A Lei Geral foi criada para se pagar menos imposto; não o contrário. O País está crescendo e distribuindo renda. As pequenas empresas precisam aproveitar o momento para gerar mais lucro, empregar mais gente e ter um ambiente mais propício aos negócios”. Julho de 2010

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TENDÊNCIAS

Cases gaúchos mostram o valor da iniciativa Seis soluções criativas ajudam as ACIs em cinco regiões do Rio Grande do Sul

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mpreendedorismo, inovação, tecnologia, cooperativismo e gestão. Estes foram os pilares dos cases de sucesso apresentados por Associações gaúchas filiadas à Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul, durante o 8º Congresso da Federasul - evento

SANTA CRUZ DO SUL: “A semana do empreendedor” – negócios sustentáveis – iniciativa de referência no regional e estadual, ampliada em maio passdo, na sua 5ª edição, quando a Associação Comercial e Industrial (ACI) de Santa Cruz do Sul tornou-se coordenadora do projeto e consolidou parcerias com mais de 20 entidades, público, privadas e de cunho social, nos mais diversos setores. Mais de quatro mil pessoas participaram dos 80 eventos espalhados pela cidade para discutir sustentabilidade nos mais diversos âmbitos; questões mercadológicas, desafios sócios ambientais e suas implicações sócio-ambientais. “A meta é orientar futuros empreendedores e empresas a compartilhar ideias, além de estimular capacitação e o profissionalismo”, afirmou a presidente da ACI, Helena Kops Binz. SÃO LUIZ GONZAGA: Assinado pela Associação Comercial e Industrial (ACI SLG ) de São Luiz Gonzaga, apostou na inovação e união ao coordenar um grupo de entidades para recuperar a Expo São Luiz. De acordo com os idealizadores do projeto, a cidade não realizava eventos para promover o município desde 1980. Assim, a ACI SLG, o Sindilojas, o Sindicato Rural, a Prefeitura e a Câmara de Vereadores da fizeram uma sociedade para viabilizar o evento e fazer com que ele crescesse de forma organizada. Assim, em 2008, Associação Comercial colaborou com 65% do capital e a arrecadação apenas cobriu as despesas. Nos anos seguintes, mas de 50% das receitas foram direcionadas a infraestrutura, como, por exemplo, na expansão do parque de exposições. Para um dos idealizadores do projeto, Luiz Oneide Nonemacher, a ação gerou uma motivação diferenciada na cidade. SANTO ÂNGELO: Planejamento foi a base do projeto apresentado pela Associação Comercial, Cultural, Industrial, Serviços e Agropecuária de Santo Ângelo (Acisa). A entidade enfrentava um déficit mensal em torno de R$ 4 mil. Para reverter criou um departamento prestador de serviços aos associados com taxas acessíveis. Assim, o Departamento de Educação Profissional e Estágios (Depe) passou a oferecer um produto, que ajudou na redução de custos aos associados e promoveu a sua autossustentação, além de aumentar os serviços aos afiliados. A diretora de ensino da entidade, Ligia Schroeder, disse que o caráter social do trabalho do Depe é promover o trei-

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Federasul destaca trabalhos criativos na solução de entraves

paralelo ao 20º Congresso da CACB. Na abertura das apresentações, o presidente da CACB e da Federasul, José Paulo Dornelles Cairoli, disse que todo o trabalho criativo que apresente solução para problemas cotidianos deve ser incentivado. Cada associação premiada recebeu um computador da Federasul.

namento para qualificação profissional de estudantes, possibilitando o acesso ao mercado de trabalho. LAGOA VERMELHA: A Associação Comercial de Lagoa Vermelha, na Região Nordeste do Rio Grande do Sul, mostrou a experiência da “Agência de Desenvolvimento”. Inaugurada em 1º de abril de 2009, por sugestão das entidades empresariais, com corpo técnico composto por membros da secretaria municipais e estaduais, conta com apoio da prefeitura, Sicom, CDL e Sindilojas. Paulo César Vieira de Carvalho, representante da Associação Comercial de Lagoa Vermelha, explicou que a agência elabora projetos de captação de recursos federais e estaduais para o desenvolvimento e o progresso integral do município, com impacto direto na melhoria da vida da população nas áreas de saúde, educação, cultura, turismo, obras de infraestrutura urbana e rural. SÃO BORJA: É da Associação Comercial, Industrial, de Prestação de Serviços e Agropecuária de São Borja (Acisb), na região da Fronteira-Oeste, o projeto “Software Gestão Estratégica para Entidades e Associados”, chamado de “Oscopi”. O presidente da Associação, Wolmi Gomes de Oliveira, explicou que este software permite o planejamento estratégico, gestão de projetos, processos e indicadores, que oferece, por meio da internet, recursos para implementação de objetivos e ações definidos pela Entidade e pode ser utilizado por colaboradores e associados. O desafio do grupo agora é dar continuidade e potencializar o projeto. SÃO LEOPOLDO: Da região do Vale do Sinos, veio o “Programa Digita São Leo”, da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de São Leopoldo (Acis-SL). Iniciativa da Acis-SL para promover a inclusão digital das comunidades menos favorecidas, o programa contribui com a qualificação dessas pessoas e facilita o seu acesso ao mercado de trabalho. O “Digita São Leo” contribui ainda para o alcance de objetivos estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) no ano 2000: educação básica de qualidade para todos e todos trabalhando para o desenvolvimento. Para um dos idealizadores, Sandro Emilio Cassel, a mobilização das entidades e o comprometimento das pessoas foram os grandes segredos para que o projeto desse certo.


TRABALHO

Qualificação é a resposta Em palestra durante o Congresso da CACB, Guilherme Afif mostra a importância da qualificação profissional para evitar gargalos no crescimento do país

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plaudido de pé, o presidente emérito da CACB, Guilherme Afif Domingos, realizou palestra sobre o Associativismo e o Momento Político do País durante o 20° Congresso da entidade e 8° Encontro das Entidades ligadas a Federasul, dia 19 de junho, em Gramado. O foco da palestra foi a atuação das Associações Comerciais em qualificação profissional e empreendedorismo, mostrados por meio do Programa Estadual de Desburocratização do Governo de São Paulo, projeto de Afif à frente da Secretaria de Emprego e Relações do Trabalho. Afif defendeu a desburocratização, a formalização do emprego, a redução da carga tributária e a qualificação profissional. “O cidadão precisa saber que a formalidade é mais em conta que a informalidade.” Segundo ele, apenas no estado de São Paulo existem 3,2 milhões de trabalhadores na informalidade, o equivalente numérico à população do Uruguai. Ele explicou que 42% da população economicamente ativa de São Paulo, aqueles na faixa etária entre os 15 e os 60 anos, não têm o ensino fundamental completo, sendo incapazes de acessar o ensino profissionalizante. “Precisamos investir no ensino de base”, reforça. Ele disse ainda que o dado relativo ao Estado se repete em todo o país, sendo ainda mais grave em outras regiões. Ele criticou a burocracia das entidades governamentais e comerciais: “Quero dizer para os senhores que as juntas comerciais são medievais”, e a política de bolsa auxílio oferecida pelo governo federal: “Eu só aceito as tais bolsas se condicionadas ao retorno à escola, para que o trabalhador aprenda o básico antes da qualificação”. Ele acredita ainda que as Associações Comerciais, como entidades empreendedoras, devam ser radicalmente contra as bolsas-auxílio. Afif também ressaltou a comemoração de 200 anos da Associação Comercial da Bahia, primeira do tipo no país, explicando que “uma instituição que chega

a 200 anos mostra que podemos ser sustentáveis e que tem um papel importante na sociedade”. Para ele, é importante resgatar a história da CACB, pois, “se não conhecemos o passado, não podemos ter um futuro”. Ele tratou ainda de temas que são suas opiniões antigas, como crédito para produção, arrecadação de impostos, direito do cidadão de conhecer quais impostos paga e para receber quais serviços. Ele ressaltou que não estava defendendo nenhuma bandeira partidária, mas sim uma visão política conceitual que permeia a CACB e sua grande capilaridade.

Afif: “Pesquisa mostrou que 42% da população economicamente ativa de São Paulo, na faixa etária entre os 15 e os 60 anos, não tem o ensino fundamental completo”

Proposta política Guilherme Afif Domingos apontou como fundamental o debate do projeto de lei 1472/2007, que torna obrigatória a divulgação em notas fiscais ou painéis eletrônicos do percentual de impostos na composição dos preços de mercadorias e serviços. O projeto é de relatoria do deputado federal Guilherme Campos (DEM-SP), que também participou do Congresso da CACB. O projeto de lei está pronto para votação em plenário. Pela proposta, a apuração do valor dos tributos deverá ser feita em relação a cada mercadoria ou serviço, separadamente, com a discriminação de todos os impostos federais, estaduais e municipais. Julho de 2010

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MULHERES DE NEGÓCIOS

Empresárias, avante! CNME dá posse a duas novas conselheiras, apresenta novo regulamento, palestras e Agenda 2010 durante o 7° Encontro Nacional das Mulheres Empresárias

Presidente do CNME, Maria Salette, destaca o crescimento do Conselho durante a abertura do 7° Encontro das Mulheres Empresárias

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omaram posse durante o 7° Encontro Nacional das Mulheres Empresárias duas novas representantes do Conselho Nacional da Mulher Empresária (CNME): Roberta Berardo, de Pernambuco, e Marlucia Muri, do Espírito Santo. Com as novas conselheiras, o CNME atinge a marca de 13 representantes estaduais e chega mais perto da meta de 100% de alcance nas Federações até o final de 2011. O evento aconteceu durante o 20º Congresso da CACB e 8° Encontro das Entidades Ligadas à Federasul, no dia 18 de junho, em Gramado. O presidente da CACB, José Paulo Dornelles Cairoli, participou da posse e lembrou que a entidade “apoia o Conselho e acredita que esta é uma excelente iniciativa”. A presidente do CNME, Maria Salette, lembrou que “em alguns estados há vice-presidentes encarregadas dos assuntos da mulher nas diretorias das Associações”, o que ajuda na capilaridade do Conselho. Para a nova presidente do CNME no Espírito Santo, Marlucia Muri, o foco do trabalho será organizar palestras e cursos que promovam a qualificação da mulher e a inserção no mercado de trabalho. Ela também reforçou a importância de “conscientizar a

sociedade dos direitos da mulher”. Ela quer transformar o Estado em uma referência nacional, junto ao trabalho do presidente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Espírito Santo (FACIAPES), Arthur Avelar. Já a presidente do CNME em Pernambuco, Roberta Berarto, defendeu que o Estado “sempre gerou empresários de visão e as mulheres sentiam falta de um órgão representativo como o CNME”. Ela aponta como principal objetivo a congregação das mulheres para o aprimoramento pessoal e profissional. Ela diz ainda que Pernambuco vive um momento de crescimento econômico após a construção do Porto de Suape e que “o Conselho chega no momento de dar voz e representatividade para a defesa de uma iniciativa privada com visão social”. Outras atividades Durante o encontro das Mulheres Empresárias, Salette também apresentou o regulamento aprovado em novembro de 2009, bem como o manual de orientação e a agenda de 2010. Todos estes documentos estão disponíveis nas páginas www.cnme.org. br e www.cacb.org.br. Ela destacou como eventos mais importantes do período os encontros do Programa Internacional de Formação de Mulheres Líderes, que serão realizados em agosto no México e em setembro na Europa. Também aconteceram as palestras de Fádua Sleiman e Arnaldo Mazzoni Junior, que falaram sobre a participação da mulher no mundo empreendedor. Ambos ressaltaram a participação crescente da mulher no mercado e nos cargos de chefia, tanto empresariais quanto políticos. Mazzoni também levou dados da Gazeta Mercantil sobre a participação da mulher no mercado de trabalho. Segundo ele, apenas 24% dos gestores do setor privado são mulheres, enquanto que nas 300 maiores empresas este número cai para apenas 8%, ganhando cerca de 71% do salário pago a homens em cargos equivalentes. O participante Joaquim da Silva Barbosa, diretor da Associação Comercial de Valparaiso de Goiás (GO), foi o primeiro homem a chegar ao Encontro das Mulheres Empresárias e garantiu: “Foi a melhor palestra a que eu assisti, muito interessante”.


ARTIGO

O grande momento para as micro e pequenas empresas ■ Ricardo Loureiro*

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s micro e pequenas empresas (MPEs) formam o verdadeiro sustentáculo da economia nacional e são o puro retrato da iniciativa empreendedora do brasileiro. Constituem cerca de 99% das empresas do país, que geram 60% dos empregos. A expressão dessas e de outras estatísticas evidencia o enorme potencial para criação de riqueza e competitividade que o segmento possui e o quanto pode contribuir para o desenvolvimento da nação. Sem desprezar que ainda há muito o que fazer para remover os entraves estruturais e legais presentes no cotidiano desses negócios, vale a oportunidade para discorrer sobre sua experiência recente no crédito. As MPEs passaram pelo teste da crise financeira global e de seus impactos sobre o mercado doméstico. O segmento foi o que mais sofreu em termos de acesso ao crédito. O estancamento dos recursos no mercado internacional fez com que as médias e grandes empresas os demandassem mais junto à rede bancária nacional. Como esses portes possuem histórico de crédito e maiores garantias a oferecer, foram atendidos, ao passo que as MPEs, que representam um risco maior por não contar com os mesmos atributos, viram suas dificuldades ampliadas. Para ilustrar, no primeiro semestre de 2009, enquanto a procura por crédito das grandes empresas recuou 0,5% na comparação com igual período de 2008, no caso das MPE, a queda foi de 6,9%, de acordo com o Indicador Serasa Experian de Demanda das Empresas por Crédito. Com a atuação governamental contra os efeitos da crise – as chamadas políticas anti-

cíclicas –, foi privilegiado o mercado interno, via reduções do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), decréscimo dos juros e dos recolhimentos compulsórios sobre depósitos bancários. As MPEs, que atendem fundamentalmente o mercado doméstico, foram beneficiadas em suas operações. Isso pôde ser constatado pela queda de 17,4% nos pedidos de falências dessas empresas entre janeiro a maio de 2010, fase de vigoroso crescimento econômico, na relação com iguais meses do ano anterior, numa intensidade superior à das médias (-15,1%) e grandes empresas (-13,6%). Outro fato notado foi que a demanda por crédito das MPE evoluiu 12% entre os períodos mencionados, enquanto que a das médias caiu 7,9% e das grandes subiu 14,2%. Dado que a oferta de crédito bancário às empresas está se recuperando lentamente, a participação das MPEs e dos empreendedores individuais no total de desembolsos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) cresceu de 17%, no 1º quadrimestre de 2009, para 26% no mesmo período deste ano. Em termos de volume monetário, esta relação apresenta evolução de 115% entre os períodos avaliados. O BNDES está cumprindo sua missão de fortalecer a estrutura de capital das empresas, sobretudo a das MPEs. Outro aspecto importante a ser considerado é o da pontualidade de pagamento dessas empresas. O Indicador Serasa Experian da Pontualidade de Pagamentos das Micro e Pequenas Empresas, que é construído por meio dos pagamentos mensalmente efetuados por 600 mil MPEs, atingiu, em maio de 2010, o valor de 95,2%. Ou seja, de cada 1.000 pagamentos efetuados em

maio de 2010, 952 foram quitados à vista ou com no máximo sete dias de atraso. Este é o maior valor do indicador desde janeiro de 2006, ano em que se inicia a série histórica, igualando ao patamar verificado em dezembro de 2009 (95,2%). A melhora na pontualidade de pagamentos das MPE ocorre ao mesmo tempo em que a qualidade de crédito destas empresas também se recupera, após sofrer os impactos da crise financeira internacional. De fato, o Indicador Serasa Experian da Qualidade de Crédito das Micros e Pequenas Empresas, que exibe numa escala de 0 a 100 a probabilidade de não entrar em inadimplência caso esta empresa venha requerer crédito, parou de cair ao final de 2009 e, no primeiro trimestre de 2010, atingiu o patamar de 95,18, abaixo do patamar pré-crise mas superior ao verificado na média de 2007. Essa combinação, de aumento na pontualidade de pagamentos com a recuperação na qualidade de crédito, tem contribuído para a redução dos níveis de inadimplência das MPEs no país. Assim, durante o primeiro trimestre de 2010, o Indicador Serasa Experian de Inadimplência das Empresas registrou queda de 8,2% na inadimplência das micro e pequenas empresas comparativamente aos mesmos três meses de 2009. Diante dessas condições mais favoráveis, as MPEs podem manter seu dinamismo econômico, em um ambiente mais seguro para seus negócios e para quem transaciona com elas. Afinal, se as MPEs vão bem, o país também vai na mesma direção. * Presidente da Serasa Experian e da Experian América Latina Julho de 2010

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