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As reformas que o Brasil precisa para poder avanรงar Abril de 2010

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Federações CACB

DIRETORIA DA CACB BIÊNIO 2009/2011 PRESIDENTE José Paulo Dornelles Cairoli - RS 1º VICE-PRESIDENTE Sérgio Papini de Mendonça Uchoa - AL VICE-PRESIDENTES Ardisson Naim Akel - PR Arthur Avellar - ES Fernando Pedro de Brites - DF José Geminiano Acioli Jurema - AL José Sobrinho Barros - DF Leocir Paulo Montagna - MS Luiz Carlos Furtado Neves - SC Sadi Paulo Castiel Gitz - SE Wander Luis Silva - MG VICE-PRESIDENTE DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS João José de Carvalho Sá - BA VICE-PRESIDENTE DE ASSUNTOS ESTRATÉGICOS Deocleciano Moreira Alves - GO DIRETOR-SECRETÁRIO Jarbas Luis Meurer - TO DIRETOR-FINANCEIRO George Teixeira Pinheiro - AC CONSELHO FISCAL TITULARES Jadir Correa da Costa - RR Paulo Sérgio Ribeiro - MT Sergio Roberto de Medeiros Freire - RN CONSELHO FISCAL SUPLENTES Altair Correia Vieira - PA Gilberto Laurindo - AP Ronaldo Silva Resende - RN COORDENADOR DO PROJETO DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL Ardisson Naim Akel - PR CONSELHO NACIONAL DA MULHER EMPRESÁRIA Maria Salette Rodrigues de Melo - PR CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO JOVEM EMPRESÁRIO Eduardo Machado COORDENADORA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Neusa Galli Fróes fróes, berlato associadas EQUIPE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Olívia Bertolini Thais Margalho COORDENADOR DO EMPREENDER Carlos Alberto Rezende COORDENADOR NACIONAL DA CBMAE Valério Figueiredo COORDENADOR DO PROGERECS Luiz Antonio Bortolin SCS Quadra 3 Bloco A Lote 126 Edifício CACB 61 3321-1311 61 3224-0034 70.313-916 Brasília - DF Site: www.cacb.org.br

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Empresa BRASIL

Acre – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Acre – FEDERACRE Presidente: George Teixeira Pinheiro Avenida Ceará, 2351 Bairro: Centro Cidade: Rio Branco CEP: 69909-460

Paraná – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná – FACIAP Presidente: Ardisson Naim Akel Rua: Heitor Stockler de Franca, 356 Bairro: Centro Cidade: Curitiba CEP: 80.030-030

Alagoas – Federação das Associações Comerciais do Estado de Alagoas – FEDERALAGOAS Presidente: José Geminiano Acioli Jurema Rua Sá e Albuquerque, 467 Bairro: Jaraguá Cidade: Maceió CEP: 57.025-901

Pernambuco – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Pernambuco – FACEP Presidente: Djalma Farias Cintra Junior Rua do Bom Jesus, 215 – 1º andar Bairro: Recife Cidade: Recife CEP: 50.030-170

Amapá – Associação Comercial e Industrial do Amapá – ACIA Presidente: Gilberto Laurindo Rua General Rondon, 1385 Bairro: Centro Cidade: Macapá CEP: 68.900-182

Piauí – Associação Comercial Piauiense - ACP Presidente: José Elias Tajra Rua Senador Teodoro Pacheco, 988, sala 207. Ed. Palácio do Comércio 2º andar - Bairro: Centro Cidade: Teresina CEP: 64.001-060

Amazonas – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Amazonas – FACEA Presidente: Valdemar Pinheiro Rua Guilherme Moreira, 281 Bairro: Centro Cidade: Manaus CEP: 69.005-300 Bahia – Federação das Associações Comerciais do Estado da Bahia – FACEB Presidente: Clóves Lopes Cedraz Rua Conselheiro Dantas, 5. Edifício Pernambuco, 9° andar Bairro: Comércio Cidade: Salvador CEP: 40.015-070 Ceará – Federação das Associações Comerciais do Ceará – FACC Presidente: João Porto Guimarães Rua Doutor João Moreira, 207 Bairro: Centro Cidade: Fortaleza CEP: 60.030-000 Distrito Federal – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Distrito Federal e Entorno – FACIDF Presidente: José Sobrinho Barros SCS Quadra 02 - Edifício Palácio do Comércio - 1º andar Bairro: Setor Comercial Sul Cidade: Brasília CEP: 70.318-900 Espírito Santo – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropastoris do Espírito Santo – FACIAPES Presidente: Arthur Avellar Rua Henrique Rosetti, 140 - Bairro Bento Ferreira Vitória ES - CEP 29.050-700 Goiás – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias do Estado de Goiás – FACIEG Presidente: Deocleciano Moreira Alves Rua 143 - A - Esquina com rua 148,Quadra 66 Lote 01 Bairro: Setor Marista Cidade: Goiânia CEP: 74.170-110 Maranhão – Federação das Associações Empresariais do Maranhão – FAEM Presidente: Júlio César Teixeira Noronha Av. Ana Jansen, 2 - QD 19 - SL 801 Ed. Mendes Frota - Bairro: São Francisco Cidade: São Luis CEP: 65.076-730 Mato Grosso – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Mato Grosso – FACMAT Presidente: Pedro Nadaf Rua Galdino Pimentel, 14 - Edifício Palácio do Comércio 2º Sobreloja – Bairro: Centro Norte Cidade: Cuiabá CEP: 78.005-020 Mato Grosso do Sul – Federação das Associações Empresariais do Mato Grosso do Sul – FAEMS Presidente: Leocir Paulo Montagna Rua Quinze de Novembro, 390 Bairro: Centro Cidade: Campo Grande CEP: 79.002-917 Minas Gerais – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Minas Gerais – FEDERAMINAS Presidente: Wander Luís Silva Avenida Afonso Pena, 726, 15º andar Bairro: Centro Cidade: Belo Horizonte CEP: 30.130-002 Pará – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Pará – FACIAPA Presidente: Reginaldo Ferreira Avenida Presidente Vargas, 158 - 5º andar Bairro: Campina Cidade: Belém CEP: 66.010-000 Paraíba – Federação das Associações Comerciais e Empresariais da Paraíba – FACEPB Presidente: Alexandre José Beltrão Moura Avenida Marechal Floriano Peixoto, 715, 3º andar Bairro: Bodocongo Cidade: Campina Grande CEP: 58.100-001

Rio de Janeiro – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Rio de Janeiro – FACERJ Presidente: Jésus Mendes Costa Rua do Ouvidor, 63, 6º andar - Bairro: Centro Cidade: Rio de Janeiro CEP: 20.040-030 Rio Grande do Norte – Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Norte – FACERN Presidente: Sérgio Roberto de Medeiros Freire Avenida Duque de Caxias, 191 Bairro: Ribeira Cidade: Natal CEP: 59.012-200 Rio Grande do Sul – Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul - FEDERASUL Presidente: José Paulo Dornelles Cairoli Rua Largo Visconde do Cairu, 17, 6º andar Palácio do Comércio - Bairro: Centro Cidade: Porto Alegre CEP: 90.030-110 Rondônia – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado de Rondônia – FACER Presidente: Ednei Pereira dos Santos Rua Dom Pedro II, 637 – Bairro: Caiari Cidade: Porto Velho CEP: 76.801-151 Roraima – Federação das Associações Comerciais e Industriais de Roraima – FACIR Presidente: Jadir Correa da Costa Avenida Jaime Brasil, 223, 1º andar Bairro: Centro Cidade: Boa Vista CEP: 69.301-350 Santa Catarina – Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina – FACISC Presidente: Alaor Francisco Tissot Rua Crispim Mira, 319 - Bairro: Centro Cidade: Florianópolis - CEP: 88.020-540 São Paulo – Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo – FACESP Presidente: Alencar Burti Rua Boa Vista, 63, 3º andar Bairro: Centro Cidade: São Paulo CEP: 01.014-001 Sergipe – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropastoris do Estado de Sergipe – FACIASE Presidente: Sadi Paulo Castiel Gitz Rua Jose do Prado Franco, 557 Bairro: Centro Cidade: Aracaju CEP: 49.010-110 Tocantins – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado de Tocantins – FACIET Presidente: Jarbas Luís Meurer 103 Norte Av. LO 2 - 01 - Conj. Lote 22 Prédio da ACIPA Bairro: Centro Cidade: Palmas CEP: 77.001-022

• O conteúdo desta publicação representa o melhor esforço da CACB no sentido de informar aos seus associados sobre suas atividades, bem como fornecer informações relativas a assuntos de interesse do empresariado brasileiro em geral. Contudo, em decorrência da grande dinâmica das informações, bem como sua origem diversificada, a CACB não assume qualquer tipo de responsabilidade relativa às informações aqui divulgadas. Os textos assinados publicados são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.


PALAVRA DO PRESIDENTE José Paulo Dornelles Cairoli

As reformas que o Brasil precisa

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ão há qualquer dúvida de que o Brasil avançou muito nos governos FHC e Lula, que, de certa forma, podem ser considerados como complementares entre si. Depois de décadas de inflação e de incertezas quanto ao futuro do país, em que houve até mesmo o impeachment de um presidente da República – o maior teste já enfrentado pela jovem democracia brasileira –, o país amadureceu. Tornou-se mais responsável na condução de políticas macroeconômicas e aprofundou políticas sociais. Um fato inquestionável, contudo, é que o país foi altamente favorecido nos últimos anos pela conjuntura internacional. Parodiando o ex-ministro Delfim Netto, foi o nível do mar que subiu e o nosso barquinho subiu junto. Veio a crise global e com ela o redesenho da geografia econômica mundial. Por mais longo que venha a ser o processo de ajuste, o mundo não será o mesmo. Será preciso, antes de tudo, maior disciplina de gestores públicos e privados, o que exigirá menor tolerância com a ineficiência e com os desequilíbrios macroeconômicos. Esse cenário indica que não existirá mais aquele alinhamento de fatores que permitiram encobrir indulgências, sobretudo na questão do Estado. A inércia do governo Lula para com as reformas modernizadoras deve ser substituída por uma ação efetiva em direção às mudanças preconizadas pela sociedade. Do contrário, o país vai continuar a marcar passo. Ou seja, não logrará o sonhado crescimento sustentável que o levaria a um novo patamar de desenvolvimento. O país precisa reduzir os custos, baixar os impostos, realizar um pacto para uma nova lei do trabalho, reduzir os dé-

ficits da Previdência e implantar uma verdadeira reforma política. Com as reformas, damos continuidade, nesta edição de Empresa Brasil, à série de reportagens que focaliza as grandes questões nacionais, as quais fizeram parte do livro da CACB entregue aos candidatos à Presidência da República. No caso da reforma tributária, o professor titular de Direito Tributário da Faculdade de Direito da USP, Luis Eduardo Schouri, não tem dúvidas de que uma reforma fiscal seria pré-requisito. Em relação à Previdência, o economista Hélio Zylberstajn aponta com precisão, na mesma matéria, que não seria exagero dizer que as últimas tentativas de reforma previdenciária fracassaram porque tentaram mudar as regras vigentes para os trabalhadores e funcionários públicos ativos e para os aposentados. “O fracasso dessas tentativas deixou uma lição importante: uma reforma somente terá êxito se for feita para os novos trabalhadores”, ensina Zylberstajn. Um fato que, por si só, justifica a reforma trabalhista no Brasil é a existência, segundo dados do PNAD de 2008, de 47,5 milhões de trabalhadores – de informais e autônomos – desprotegidos, aponta o professor José Pastore da USP. Por tudo isso, é preciso fazer uma reforma trabalhista, “O que não deve ser confundido como expediente para retirar direitos dos trabalhadores”, assinala Pastore. Mas se todas essas reformas se completarem sem a reforma política, ainda assim o Estado não poderá dizer que está a serviço de todos, apenas de alguns. A reforma política é importante por muitas razões, mas, sobretudo, pela necessidade de maior representatividade do governante eleito, sem o que continuará a vigorar no país a norma “é dando que se recebe”.

José Paulo Dornelles Cairoli, presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil e da Federasul

Dezembro de 2010

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ÍNDICE

3 PALAVRA DO PRESIDENTE O país precisa reduzir os custos, baixar os impostos, realizar um pacto para uma nova lei do trabalho, reduzir os déficits da Previdência e implantar uma verdadeira reforma política.

5 PELO BRASIL Associação Comercial e Empresarial de Caruaru encerrou o calendário de eventos que celebram os 90 anos da entidade, com o lançamento do livro “A contribuição da Acic para o desenvolvimento”.

8 CAPA 8 CAPA

Além da reforma tributária, o Estado precisa reduzir os gastos públicos. Outras reformas, como a política, previdenciária e trabalhista, também fazem parte das medidas modernizadoras preconizadas pelos especialistas.

14 CASE DE SUCESSO “Acertando Suas Contas” da SCPC Boa Vista Serviços possibilitou a renegociação de débitos de 7.838 consumidores de São Paulo.

16 DESTAQUE EMPREENDER CACB e Rede Inter-regional promovem seminário sobre a experiência do Brasil na capacitação profissional.

18 ANÁLISE 14 DESTAQUE EMPREENDER

Uma nova geografia do comércio está emergindo e remodelando o cenário econômico global. É nesse cenário que surge a “guerra cambial”.

20 DESTAQUE CACB Facisc lançará em fevereiro o site “Deputadômetro” para monitorar o desempenho dos representantes estaduais da próxima legislatura.

22 DESTAQUE FEDERAÇÕES Desde agosto de 2007 na presidência da Faciet, o empresário Jarbas Meurer desenvolve uma intensa programação em busca do fortalecimento da entidade.

24 AGENDA 28 PEQUENAS NOTÁVEIS

26 DESTAQUE CBMAE

EXPEDIENTE

Faems vai discutir o planejamento estratégico até 2014 em encontro entre diretores e executivos na segunda quinzena de janeiro.

28 PEQUENAS NOTÁVEIS

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Coordenação Editorial: Neusa Galli Fróes fróes, berlato associadas escritório de comunicação Edição: Milton Wells - mwells@terra.com.br Projeto gráfico: Vinícius Kraskin Diagramação: Kraskin Comunicação Fotos: Rubens Nemitz Jr. Foto da capa: Banco de imagens Fotolia.com/ Avava Revisão: Flávio Dotti Cesa Colaboradores: Heloisa Garrett, Janaine Stoco, Luana Feldens, Neusa Galli Fróes, Olivia Bertolini, Thais Margalho Execução: Editora Matita Perê Ltda. Comercialização: Fone: 51.3392.7932 Avenida Chicago, 92. CEP: 90240-010 - Porto Alegre-RS

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Em sua quinta edição, a Semana Nacional de Conciliação deu ênfase à disseminação dos MESCs e à solução de litígios de forma amigável.

No próximo triênio (2011/2013), o Sebrae vai destinar R$ 140 milhões para ações de apoio ao desenvolvimento das MPEs do setor de serviços.

34 TENDÊNCIAS O 13º salário, as promoções, o dólar baixo, os parcelamentos e a ascensão das classes C e D podem garantir o melhor Natal dos últimos anos.

37 BIBLIOCANTO Em Outras Cores, o turco Orhan Pamuk, prêmio Nobel de Literatura de 2006, viaja pelas obras de seus escritores prediletos.


PELO BRASIL Empresários catarinenses debatem perspectivas para negócios em 2011 Foto: Agnaldo Lima

Comemorações em Caruaru

Lançamento do livro “A contribuição da ACIC para o desenvolvimento de Caruaru e Região” atraiu grande número de empresários

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Associação Comercial e Empresarial de Caruaru (ACIC), principal entidade de Pernambuco, encerrou o calendário de eventos que celebram os 90 anos da entidade, completados em abril deste ano. No final de novembro, a entidade promoveu o fechamento da cápsula do tempo e o lançamento do livro “Terra de Oportunidades – A contribuição da ACIC para o desenvolvimento de Caruaru e região”. A Cápsula do tempo é um invólucro especialmente construído para acomodar alguns objetos e documentos, que será lacrado a vácuo. O principal objetivo é registrar o atual período vivido pela entidade, para que as futuras gerações conheçam os trabalhos desenvolvidos no presente em benefício dos associados e do desenvolvimento de Caruaru. “É difícil prever como estarão a ACIC e Caruaru em 60 anos. Entretanto, acreditamos que as pessoas que testemunharão a abertura da cápsula ficarão surpresas com a oportunidade de interagir diretamente com parte significativa da história da entidade e do município”,

disse o presidente da entidade, na gestão 2008-2010, Andrerson Porto. A abertura do invólucro deverá ocorrer em abril de 2070, como parte da programação do sesquicentenário da ACIC. O ato de abertura da cápsula ficará a cargo do presidente da entidade e do prefeito de Caruaru. A entidade também apresentou o livro “Terra de Oportunidades – A contribuição da ACIC para o desenvolvimento de Caruaru e Região”, editado pela Oficina Comunicação. O trabalho do livro começou a ser desenvolvido no início de 2009. O resultado foi o levantamento minucioso de uma história quase secular. O livro, de 248 páginas, distribuídas em 10 capítulos, foi escrito pelas jornalistas Carolina Miranda e Moema Duarte. Já o projeto gráfico e a diagramação ficaram a cargo de Ana Paula Barboza Pedrosa. A posse do presidente João Bezerra Filho, da nova Diretoria, e dos coordenadores de Câmaras e os presidentes dos Núcleos Especiais marcou a confraternização natalina, no início de dezembro, e fechou o ano comemorativo da entidade. Fonte: Imprensa Acic

Foto: Flávio Ueta

Retorno às origens Jaraguá do Sul recebeu, no final de novembro, empresários de todas as regiões de Santa Catarina que participaram do Encontro Estadual de Associações Empresariais de SC e 14º Encontro Estadual do Empreender. O evento foi organizado pela Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Santa Catarina (Facisc) em parceria com a associação comercial local. Durante a solenidade de abertura, o presidente da FACISC, Alaor Tissot, lembrou que Jaraguá do Sul é origem de importantes iniciativas do empreendedorismo regional e nacional: “Nesta região nasceram a Fundação Empreender e o Projeto Empreender”. Tissot destacou as 40 ações que serão realizadas em 2011 em comemoração aos 40 anos da FACISC. O diretor superintendente do Sebrae-SC, Carlos Guilherme Zigeli, ressaltou que apesar de Santa Catarina representar apenas 1% do território nacional, apresenta pujança que se reflete em uma economia bastante vitoriosa. O Encontro Estadual de Associações Empresariais de SC e 14º Encontro Estadual do Empreender teve apoio técnico do Sebrae/SC, apoio da Vivo e patrocínio do Banco do Brasil. Fonte: Imprensa CACB com informações Comunicação Facisc Dezembro de 2010

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Foto: Federaminas

PELO BRASIL

Wander Luís Silva e José Paulo Dornelles Cairoli, na entrega do prêmio

Cairoli é homenageado em Minas O Presidente da CACB, José Paulo Dornelles Cairoli, recebeu uma homenagem especial da Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Minas Gerais (Federaminas), como reconhecimento à sua liderança empresarial e trabalho em prol da cultura associativista promovida pela CACB. Além de Cairoli, receberam condecorações especiais o governador eleito de

Minas Gerais, Antônio Anastasia (Destaque Administração Pública), o presidente da Caixa Econômica Federal, Marcelo Bonfim (Destaque Administração Financeira), e o Diretor- Presidente da Cenibra, Paulo Eduardo Rocha Brant (Destaque Empresa Privada). A homenagem fechou o XIII Congresso das Associações Comerciais de Minas Gerais, realizado em novembro. Fonte: Imprensa CACB/ Federaminas

Foto: Bweb

Ceará também será Autoridade de Registro

Francisco Lobbianco, da NFe (E), João Porto, da Facc, e Luiz Antônio Bortolin, do Progerecs

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Na primeira semana de novembro, o presidente da Federação das Associações Comerciais do Estado do Ceará (Facc), João Porto Guimarães, esteve em São Paulo para ratificar a participação da Federação como AR (Autoridade de Registro). Porto assinou, também, a adesão da entidade ao programa desenvolvido, pela CACB, em parceria com a NFe do Brasil. O objetivo da federação cearense, com a integração, é disseminar o serviço de emissão de notas fiscais eletrônicas para todas as associações comerciais do estado. Fonte: Imprensa CACB

Aciu recebe Comitiva Espanhola A Associação Comercial e Industrial de Ubatuba (Aciu) recebeu, em novembro, a visita de uma delegação espanhola. Cerca de 20 empresários, do ramo de construção e imobiliário da cidade de Benalmádena, decidiram conhecer Ubatuba e o potencial de investimento que o município pode atrair. A cidade espanhola é referência no turismo de cidades litorâneas. “Estamos buscando estreitar as relações, e os espanhóis têm se mostrado extremamente simpáticos e interessados em nossa cidade. Para nós, além de ser uma honra, é também um prazer poder trocar experiências com estas pessoas, visando trazer para Ubatuba um turismo de melhor qualidade e investimentos que possam desenvolvê-lo”, disse o prefeito da cidade, Eduardo César. Fonte: Imprensa Aciu Foto: Imprensa Aciu


Incentivar a sensibilidade e a criatividade dos comerciantes. Esta foi ideia da palestra “Dê magia à sua empresa – Encante seus clientes e conquiste resultados”, organizada pela Associação Comercial de Guarulhos e Sebrae- SP. O evento, realizado no início de dezembro, foi conduzido pelos conferencistas Átila e Rosi. Eles são ilusionistas, psicopedagogos, escritores e jornalistas e atuam da área de consultoria humana há 15 anos. A dupla já percorreu mais de 650 cidades brasileiras com sua palestra voltada para temas como: vendas, liderança, relacionamento, entre outros. Átila lembrou que o Natal traz pessoas com espírito revitalizado, propenso a consumir. “Ele (consumidor) vem com o coração amaciado pelo espírito de Natal e com uma forcinha financeira a mais, gerada pelo décimo terceiro. O consumo

Foto: Imprensa ACE Garulhos

Encante os clientes e conquiste resultados

Evento organizado pela ACE e Sebrae-SP reuniu cerca de 400 pessoas, no Open Hal, em Guarulhos no Natal é amplo e abrange todos os seguimentos do varejo, esta é a sua peculiaridade. E a campanha de Natal deve obedecer a este mesmo ritmo”, salientou. Para o palestrante, a criatividade é uma das chaves de boa campanha. “Promoções de vendas criativas, barulhentas,

curiosas, artísticas, sonoras, desafiadoras, podem ajudar, mas precisam ser aliadas a uma ação constante durante o ano todo para surtir o efeito almejado no final do ano”, reforçou. Fonte: Imprensa CACB/ Imprensa ACE Guarulhos

Novo grupo de empresas deve aderir à nota fiscal eletrônica Desde o início de dezembro, empresas, de todos os portes, que realizam operações comerciais com o poder público – União, Estados e municípios –, estão registrando suas operações através da Nota Fiscal Eletrônica (NFe). O documento eletrônico vale também para as vendas interestaduais ou operações com o comércio exterior. A medida substitui os modelos 1 e A1 pela Nf-e. São contemplados pela normativa todos os órgãos da administração direta ou indireta, inclusive empresas e sociedades de economia mista, da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Com isso, o governo pretende diminuir a burocracia, agilizar as transações e aumentar o controle fiscal. A empresa, por sua vez, tem como vantagens

a redução com custo de papel e armazenagem, a padronização de processos e outros benefícios. A multa para quem não aderir ao sistema pode chegar a 50% do valor de cada nota emitida. Vendas de mercadorias sem NF-e são ilegais.

“É possível solicitar a tecnologia pela Internet, no entanto, a retirada e validação deverão ser presenciais, uma vez que o certificado possui o mesmo valor de uma assinatura de punho”, destaca Júlio Cosentino, vice-presidente da Certisign, empresa especializada no desenvolvimento de soluções de certificação digital. O executivo ressalta ainda que essa tecnologia não tem por objetivo atender somente às obrigatoriedades, pelo contrário, antes de tudo é uma solução que apresenta benefícios. A CACB, a Certisign e a Nfe do Brasil estabeleceram uma parceria para levar a tecnologia e know-how a todas as associações comerciais e empresariais de todo o Brasil. Mais informações www.progerecs.com.br Novembro Dezembro de 2010

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CAPA

É preciso reduzir custos, diminuir a carga tributária e flexibilizar a legislação trabalhista, defendem os especialistas

As reformas que o Brasil precisa para inaugurar novo ciclo de desenvolvimento

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empre que se discute, no Brasil, a eficiência da economia e a necessidade de criar as condições necessárias para o seu crescimento de forma continuada, vêm à tona os chamados “problemas estruturais” do país. Além da reforma tributária, dado o excessivo número de impostos e o peso de sua carga – o que contribui para um custo de vida cada vez mais caro, além de onerar as exportações e os investimentos –, o Estado precisa reduzir os gastos públicos. E isso deve passar antes por uma reforma fiscal. Outras reformas, como a política, previdenciária e trabalhista, também fazem parte das medidas modernizadoras preconizadas pelos especialistas. Uma reforma trabalhista, por exemplo, proporcionaria melhores condições para o Brasil competir em pé de igualdade no mercado internacional, com o aperfeiçoamento de regras, como a da demissão

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imotivada, a redução da jornada de trabalho e a terceirização. A reforma política, de sua parte, resgataria a qualidade de sua intervenção, enquanto a previdenciária pavimentaria o caminho de um novo modelo mais justo e sustentável. No livro “Propostas para o próximo presidente”, distribuído pela CACB e demais entidades signatárias aos candidatos à Presidência da República, todas essas reformas são analisadas. Autor do artigo “Considerações sobre os rumos do sistema tributário”, o professor titular de Direito Tributário da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Luis Eduardo Schouri, afirma que há um consenso em relação à necessidade de uma reforma, mas existe muita discordância em relação ao seu conteúdo. “É notório o conflito entre as esferas pública e privada”, diz o professor. “Enquanto a segunda defende uma redução da carga, os crescentes gastos estatais mostram que não há chance de uma


menor tributação, pelo menos em médio prazo.” Mas a questão é mais complexa. Dentro da esfera pública tampouco se encontra algum tipo de consenso. Isso porque os entes estatais não admitem discutir reformas se houver risco de redução de receita, relata o professor. “Nessas circunstâncias, é óbvio que as condições de uma reforma tributária prosperar no Brasil são muito difíceis”, adverte. Mesmo assim, ele acredita que algumas pequenas medidas corretivas podem aperfeiçoar o sistema. “Todas são independentes de uma reforma constitucional, o que tornaria possível a sua aprovação para um governo em início de mandato e com maioria parlamentar.” No caso da reforma da Previdência, o economista Hélio Zylberstajn nota que não seria exagero dizer que as últimas tentativas de reforma fracassaram porque olharam “para trás”, ou seja, tentaram mudar as regras vigentes para os trabalhadores e funcionários públicos ativos e para os aposentados. “O fracasso dessas tentativas deixou uma lição importante: uma reforma somente terá êxito se for feita para os novos trabalhadores”, ensina. O Brasil, segundo o especialista, é um caso “fora da curva”. Gasta muito com a Previdência Social em comparação com outros países: 11% do PIB, o que representa cerca de um terço da arrecadação total dos três níveis de administração pública com impostos e contribuições sociais. De cada R$ 3 que se arrecadam com impostos e contribuições, R$ 1 é para pagar aposentadorias e pensões. Com dois sistemas de Previdência Social – dos trabalhadores assalariados regidos pela CLT, além de autônomos, os empregadores e os não contribuintes; e da administração pública – , em 2009 foram desembolsados R$ 225 bilhões para o pagamento de aposentadorias, pensões e benefícios de assistência social. Esse gasto representa 7,5% do PIB, dos quais apenas 81% foram bancados com a arrecadação própria. Entre as distorções do atual modelo, Zylberstajn cita o fato de que o Brasil é um dos raríssimos países em que não existe uma idade mínima para se aposentar. A existente é apenas para os funcionários públicos. Para mudar esse quadro seria necessário alterá-lo na Constituição, o que exige quórum qualificado e dificulta a sua aprovação.

Brasil tem 47,5 milhões de pessoas sem Previdência Social A relação capital e trabalho também precisa ser revista. “Temos uma legislação muito pesada. O Brasil precisa sair dessa camisa de força, o que requer a formulação de políticas de longo prazo e respeito aos direitos adquiridos”, afirma o professor José Pastore, da Universidade de São Paulo (USP), em seu artigo “Modernização das relações de Trabalho”, incluído no livro “Propostas para o próximo presidente”. Segundo dados do PNAD de 2008, o Brasil tem hoje 92 milhões de trabalhadores, dos quais 85,5 milhões trabalham no setor privado. Desse total, o número de informais, de brasileiros desprotegidos, chega a 47,5 milhões. “Uma população gigantesca. Por tudo isso, é preciso fazer uma reforma trabalhista, o que não deve ser confundido como expediente para retirar direitos dos trabalhadores”, assinala Pastore. “Uma boa reforma trabalhista é aquela que mantém os direitos de quem os tem, e leva direitos para os que nada têm (desempregados e informais)”, ensina. Com esse objetivo, o professor traça pelo menos três sugestões de mudança: a criação de outro Simples para os trabalhadores informais; a instituição de um contrato de formação para jovens entre 24 e 30 anos e o fortalecimento do programa Microempreendedor Individual (MEI). “Apesar do programa do MEI contemplar muitas ocupações, houve inúmeras exclusões. Sugere-se que a referida lista venha a ser revista e ampliada e que a operação, ainda vista como demasiadamente complexa pelo público-alvo, seja simplificada”, enfatiza. Sobre a reforma política, um dos pontos incontestáveis em qualquer projeto dessa natureza é o financiamento público e exclusivo de campanha. “No atual sistema privado está grande parte da origem dos males do sistema político atual”, diz o cientista político Carlos Melo em seu artigo “A reforma política”. “Contudo, trata-se de uma etapa que deve ficar como complementação de uma série de propostas, entre essas a reordenação partidária e o voto distrital misto.”

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CAPA

Por uma verdadeira reforma tributária Andrei Pitten Velloso*

“ ” A simplificação do sistema tributário brasileiro tem de passar pela extinção de tributos. Temos de acabar com o nefasto vício do governo federal de criar um tributo para cada despesa específica

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uito se fala sobre reforma tributária. Os cidadãos queixam-se da pesada tributação indireta e da ausência de contrapartida à altura. As empresas, pressionadas pelo complexo, opressivo e burocrático sistema tributário brasileiro, reivindicam-na de forma insistente. E os políticos, pretendendo angariar os seus votos e apoio político, não hesitam em prometer realizá-la. Mas não se vê nenhum projeto ou intenção de efetuar uma verdadeira reforma, que efetivamente aprimore o sistema tributário. Tal reforma deve se orientar por princípios fundamentais, que sejam seguidos com coerência e tragam benefícios efetivos aos cidadãos brasileiros. Dentre tais princípios, destacam-se: i) a simplificação da legislação tributária, a fim de reduzir a incerteza jurídica, os encargos burocráticos impostos aos contribuintes e as “brechas” para a elisão tributária; ii) a transparência quanto à carga tributária, aos gastos públicos e às renúncias fiscais, fator indispensável ao controle político da tributação; iii) a redução da informalidade, o combate à evasão fiscal e a igualdade na aplicação das leis tributárias, medidas imprescindíveis a que se amplie a base contributiva e se abra espaço para a redução da carga tributária. A simplificação do sistema tributário brasileiro, por exemplo, tem de passar pela extinção de tributos. Temos de acabar com um nefasto vício do governo federal, de criar um tributo para cada despesa específica. Esse vício redundou na proliferação de contribuições, notadamente no âmbito federal. Não há razão para tantas contribuições no Brasil. Muitas delas somente se diferenciam dos impostos por terem seus recursos afetados a finalidades específicas. É o caso da Contribuição Social sobre o Lucro – CSL (que é quase uma réplica do IRPJ) e da Cofins- Importação (a “contribuição espelho” do Imposto de Importação), cujos recursos são supostamente vinculados à seguridade social, mas vêm sendo desviados para pagar os juros da dívida pública e outras despesas, mediante o artifício da Desvinculação das Receitas da União (DRU). Essas contribuições poderiam ser extintas e substituídas por repasses financeiros. O mesmo poderia ocorrer com certas contribuições de

intervenção no domínio econômico (apelidadas Cides), sobretudo com a Cide-Combustíveis. O ISS e o ICMS deveriam ser “nacionalizados” e fundidos com a Cofins e o PIS/PASEP, que, abstraída a afetação dos recursos, constituem o ISS/ICMS-Federal, disfarçado sob o rótulo de “contribuição”. Afinal, qual a diferença entre tributar as prestações de serviços e a circulação de mercadorias, de um lado, e a receita que delas advêm, de outro? É certo que essa consolidação de tributos sofreria forte resistência por parte dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, sob a alegação de violação à sua autonomia financeira. Porém, os seus recursos obviamente seriam garantidos (sob a forma de repasses financeiros) e dita autonomia poderia ser preservada com uma delegação simples, que lhes faculte fixar adicionais aplicáveis em seus territórios (dentro de certos parâmetros, destinados a evitar a “guerra fiscal”). Infelizmente, o que se desenha é um quadro totalmente diverso. Ao invés de simplificar a legislação e reduzir o número de tributos, o novo governo inicia a articulação política para recriar a CPMF, desta feita em caráter definitivo, sob a denominação Contribuição Social para a Saúde (CSS). Com isso, vai na contramão da reforma tributária prometida aos cidadãos, traindo a sua confiança. O Brasil não carece de novos tributos ou de arremedos de reforma, meros paliativos para problemas estruturais. Necessita aperfeiçoar o sistema e melhorar a gestão dos vultosos tributos que já existem. Se for para mudar por mudar, apenas para dizer que se “reformou”, melhor deixar como está. Ao menos ficará claro para todos que nada está sendo feito. Que as promessas eram apenas promessas. *Juiz Federal na 4ª Região. Doutor em Direitos e Garantias do Contribuinte pela Universidade de Salamanca (Espanha). Mestre em Direito Tributário pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ex-pesquisador visitante da Ludwig-Maximilians Universität (LMU - Munique) e da Università degli Studi di Milano (Itália). Membro do Instituto de Estudos Tributário – I.E.T. Professor de Direito Tributário na Escola Superior da Magistratura Federal no Rio Grande do Sul (ESMAFE). Ex-Procurador da República.


Decálogo da reforma trabalhista Almir Pazzianotto Pinto

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Brasil clama pela reforma trabalhista. A CLT, escrita para um país agrário, com poucos trabalhadores urbanos, e diminuto número de indústrias de pequeno porte, já não se presta para atender às necessidades do país contemporâneo, com 190,7 milhões de habitantes, ocupando a 8ª posição na economia mundial. Algumas tentativas de reforma foram levadas a efeito, mas sem sucesso, como ocorreu em 1979, quando a Comissão Interministerial instituída pela Portaria nº 542, dos Ministros da Justiça e do Trabalho, apresentou o seu anteprojeto. Composta de 922 artigos e 24 anexos, o prolixo texto sucumbiu às primeiras críticas, e foi engavetado. Com o propósito de participar de debates sobre a matéria, redigi este “Decálogo”, onde trato das questões essenciais, à procura do caminho por onde se iniciariam as discussões. “Decálogo da Reforma Trabalhista! I - Não haverá reforma da legislação trabalhista, sem forte oposição no Congresso Nacional, e nas ruas. II - Para que haja chances de sucesso, são necessários: 1º) unidade de ação entre os empresários 2º) campanha esclarecedora levada a efeito pela imprensa; 3º) apoio da opinião pública. III - Deverão ter prioridade: 1) O reconhecimento de que toda pessoa, ao completar dezoito anos, torna-se capaz de direitos e obrigações nas relações de trabalho (CLT, art. 402), como no plano dos direitos políticos, no círculo familiar, na esfera das obrigações civis e no terreno do direito criminal. 2) À maioridade trabalhista, alcançada aos 18 anos (CLT, art. 402), corresponderá a capacidade de o empregado estar apto a responder pelas obrigações assumidas nas relações de emprego ou de trabalho. IV - As relações de emprego ou de trabalho devem se desenvolver em ambiente caracterizado

pela segurança jurídica entre contratantes, e entre estes e terceiros. V – Serão reformulados os conceitos de remuneração e salário, contidos nos artigos 457 a 467 da CLT, e 22 da Lei nº 8.212/91, que dispõe sobre o Plano de Custeio da Seguridade Social. VI - Será considerada legítima a concessão de benefícios na forma de bolsa de estudos, cursos de formação e qualificação profissional, assegurada a exclusão dos valores despendidos do cálculo da remuneração. VII - As disposições legais relativas à sucessão e à desconsideração da pessoa jurídica devem ser revistas, para que haja segurança jurídica nas aquisições e fusões de empresas. VIII - Será estimulada a solução extrajudicial de conflitos trabalhistas, mediante o uso de mediação, conciliação e arbitragem. IX - Será garantida a autonomia de organização sindical, e respeitado o direito à pluralidade e à liberdade de filiação. X - Recepção, pela legislação trabalhista, dos princípios da boa-fé e probidade na elaboração e execução do contrato de trabalho. Outras reformas são de fundamental importância, como a redução dos prazos prescricionais, aprovação de lei regulamentadora da terceirização e a revogação da Portaria nº 1.510, que disciplina o registro eletrônico de ponto, e determina a utilização exclusiva de modelo exigido pelo Ministério do Trabalho e Emprego (REP). É prematuro prever o comportamento do futuro Governo diante de reivindicações de mudanças na legislação do trabalho. Mesmo correndo riscos, deve-se dar partida às etapas iniciais do processo, com a organização de frente única destinada à mobilização de empresários, e de outros segmentos sociais interessados no tema.

“ ” Escrita para um país agrário, e diminutas indústrias de pequeno porte, a CLT já não se presta para um país de 190,7 milhões de habitantes que se constitui na oitava economia do mundo

*O autor é advogado, foi Ministro do Trabalho e Presidente do Tribunal Superior do Trabalho.

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CAPA

Por que o Brasil precisa de uma reforma política Ibsen Pinheiro*

“ ” Nosso sistema é indutor de impasses e crises. Por isso a reforma política é imperiosa por razões institucionais

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o mundo democrático de hoje, existem praticamente dois modelos de representação popular: o voto proporcional, em que o eleitor vota num partido e elege os integrantes de sua nominata, e o voto distrital, em que o eleitor vota em um candidato a deputado de seu distrito e, por consequência, elege o representante de um partido. O que isso produz no parlamento? Produz grupos mais definidos, geralmente grupos majoritários eleitos junto com o chefe do governo que constitui a base parlamentar da administração. E como é comum nesse outro grupo, embora minoritário, que é o da oposição. Assim funcionam democracias modelares como da Inglaterra e praticamente toda a Europa Ocidental e os Estados Unidos, com diferentes modelos: o distrital ou o proporcional. No proporcional, o eleitor vota no partido e elege os deputados que estão na lista. O voto é partidário e em segundo lugar contempla um nome. No distrital é o contrário. O voto é pessoal em um deputado e, ao elegê-lo, elege o seu partido. Nesses dois casos, o partido está presente. Em primeiro lugar quando se vota pela lista. Em segundo, quando se vota no distrito. No nosso sistema nem o partido nem o candidato estão presentes. O partido não está presente porque existem centenas de nomes que concorrem a deputado. Os partidos acabam se tornando todos iguais. Há mudança somente de cor e de nomes. Esse mecanismo é indutor de impasses. Quer uma evidência disso? De 1946 para cá, alguns presidentes da República não concluíram o seu mandato, como Getúlio Vargas, Jânio Quadros e João Goulart, que também não terminou o seu mandato. Tivemos o regime militar, o que não faz parte de nossa análise, de regras democráticas. Restabelecida a democracia,

em 1985, Collor não completou. FHC e Lula cumpriram integralmente os seus mandatos e até foram reeleitos. O que percebemos é que esses presidentes se dividem em dois grupos: os que concluíram seus mandatos, cooptaram a maioria parlamentar: os que não fizeram isso foram depostos, ou renunciaram ou sofreram golpe militar ou impeachment. Houve até quem se suicidasse. São duas espécies de presidentes: os que cooptaram a maioria parlamentar e que completaram os seus mandatos e os que, sem maioria parlamentar, perderam seus mandatos. Nosso sistema, então, é indutor de impasses e de crises. Logo, a necessidade da reforma política é imperiosa por razões institucionais. Qual seria essa reforma? É muito difícil cogitar do voto distrital em nosso país, porque ele depende de Emenda Constitucional. Por isso, é quase impossível conseguir a maioria de três quintos para as duas votações em cada casa do Congresso Nacional, com a tramitação diferenciada que tem a Proposta de Emenda Constitucional (PEC). Sustentei que nós devíamos estabelecer a forma do voto partidário para melhorar a relação das forças representadas no Legislativo. Uma nova Câmara que fosse assim eleita teria uma composição mais sensível a um novo avanço que pudesse nos levar a um bom modelo, como da Alemanha, em que o sistema é misto. O voto proporcional tem o defeito de representar bem as minorias e administrar mal a tarefa de governar. No distrital é o oposto. O eleitor, ao votar, vota em lista para composição de parte de parlamento e no distrito em um nome só. Com isso, você tem minorias expressivas para fazer oposição e sólidas maiorias para governar. No voto em lista pelo menos você sabe que está votando. O voto em lista fortalece os partidos. Uma última virtude do voto em lista: ele admite financiamento público de campanha. Por isso, defendo o voto em lista e o financiamento público. *Deputado Federal (PMDB-RS)


Previdência: novos ajustes para sua sustentabilidade José Cechin*

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m breve inaugura-se a nova Presidência. Ocasiões como essa ensejam indagações quanto aos rumos da administração que se inicia, particularmente quanto ao sistema previdenciário. No presente caso, não há promessas de campanha relativas a esse assunto que possam ser descumpridas, uma vez que o tema não fez parte dela. No entanto, há sinais de maior austeridade fiscal. Sem dúvida, há espaço para cortes, mas não será muito grande, pois praticamente dois terços das despesas do Governo Federal estão em rubricas de despesa rígida como são as de folha, as aposentadorias, o abono salarial e o seguro-desemprego (para não falar no Bolsa-Família). As despesas com aposentadorias somente podem ser contidas no longo prazo e mediante ajustes nas regras previdenciárias. Sem essas mudanças, o envelhecimento da população pré-anuncia a escalada das despesas com aposentadorias e pensões. Nem todos têm essa visão. Há poucos dias li no Monitor Mercantil: “O Ministro da Previdência, Carlos Eduardo Gabas, disse que as contas do setor demonstram não haver necessidade de qualquer reforma, para reduzir direitos previdenciários no curto prazo.” Mencionava em seu favor a ocorrência do oitavo superávit consecutivo no setor urbano. Parabéns pelo superávit, Ministro. Tenho, no entanto, uma visão diferente. Em previdência não se pode ter visão de curto prazo. A pessoa entra no mercado aos vinte anos de idade, contribui durante 35 anos ou mais e ao se aposentar tem uma expectativa de vida de outros 25 anos. Ao começar sua carreira de contribuinte ele espera contar com sua previdência quando idoso, depois de 35 ou mais anos de contribuição e pelo resto de sua vida. Para tanto, as regras sustentáveis e duradouras precisam ser desenhadas com décadas de antecedência. Há tendências no presente que afetarão muito nosso futuro. Uma delas é o envelhecimento da população. Sem mudanças nas regras previdenciárias as

pessoas permanecerão na aposentadoria ou pensão por tempo mais longo, o que significa aumento da proporção de aposentados e pensionistas na população e, portanto, maiores gastos. Outra é a crescente participação da mulher no mercado de trabalho. As mulheres se aposentam com cinco anos a menos no tempo de contribuição e na idade e têm expectativa de vida mais longa. No futuro, a maioria das aposentadorias será do sexo feminino e acumularão aposentadoria e pensão. O impacto nos gastos parece óbvio. Por isso, novos ajustes nas regras são necessários mesmo que não produzam efeitos financeiros no curto ou médio prazo, como a proposta de novas regras aplicáveis somente para futuros entrantes no mercado de trabalho. Note-se que ajustes desse tipo, de maior viabilidade política, demoram mais de três décadas para começar a produzir efeitos financeiros. Daí a urgência dos ajustes. As reformas de Previdência têm altos custos políticos aqui e em todo o mundo. No entanto, a responsabilidade do governante é promover os ajustes que se façam necessários para que a instituição Previdência seja sustentável no tempo e não subtraia possibilidades de crescimento da sociedade. O exercício da responsabilidade passa necessariamente por um amplo programa de comunicação com a sociedade para que ela entenda as tendências e seus efeitos e se reduza a oposição por simples desentendimento. Por isso, considero que o primeiro ano de Governo deva ser dedicado a esses aspectos educativos e informativos, que poderão permitir maior aceitação dos ajustes necessários em período subsequente.

As despesas com aposentadorias somente podem ser contidas no longo prazo e mediante ajustes nas regras previdenciárias. Sem essas mudanças, o envelhecimento da população préanuncia a escalada das despesas com aposentadorias e pensões

*Diretor executivo da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde). Desde 2006 atuando como superintendente do IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar), Cechin foi Ministro de Estado de Previdência e Assistência Social em 2002. Antes disso, havia desempenhado a função de secretário executivo do ministério por sete anos. É formado em engenharia eletrônica pelo ITA e possui títulos de mestrado em engenharia e economia pela UNICAMP e Cambridge. Para a Federação, Cechin traz amplo conhecimento do setor de saúde suplementar e previdência. Dezembro de 2010

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CASE DE SUCESSO

Seis empresas negociaram descontos nos débitos dos clientes

Campanha contra inadimplência viabiliza renegociação de dívidas com descontos Pesquisa realizada durante o evento mostrou que o desemprego é a principal causa de endividamento

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taxa de inadimplência no Brasil, entre 5% e 7%, ainda é considerada pequena. Mas diante do forte crescimento do consumo – tendência que vigorou até 3 de dezembro, quando o Banco Central baixou o pacote de arrocho de crédito – seria necessário dar um alerta para eventuais riscos futuros de endividamento. Foi com esse objetivo que a campanha “Acertando Suas Contas”, da SCPC Boa Vista Serviços, acabou viabilizando a renegociação de débitos de 7.838 consumidores. Com estrutura física montada no Pátio do Colégio, no centro de São Paulo, local de grande circulação de pessoas, no período de 22 a 27 de novembro, seis

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empresas – Vivo, Net, Casas Bahia, Pernambucanas, Credicard e Itaú – negociaram descontos nos débitos dos clientes que comparecerem ao evento.

Mais de 6 em cada 10 visitantes do evento esperam quitar as dívidas com o 13º salário Na primeira semana de operação, mais de 30 mil pessoas compareceram ao local para negociar dívidas em atraso. “Os números indicam que a campanha foi um sucesso e veio num momento certo, de grande expansão da economia, e às vésperas da maior data de


vendas do ano, o Natal”, observou Dorival Dourado, presidente da SCPC Boa Vista. O maior motivo de inadimplência desses consumidores é o desemprego (39%), conforme constatou levantamento da SCPC Boa Vista com 706 entrevistados. Também pesaram na dificuldade de quitar as contas a renda insuficiente (26%) e a falta de planejamento financeiro (18%). Com o intuito de evitar a reincidência dessas dificuldades, a SCPC Boa Vista ofereceu palestras de orientação financeira no local, assistidas por 627 pessoas. O endividamento foi maior com cartões de crédito (51%), cartões de lojas (31%), telefone fixo e celular (19%), financiamentos (17%) e cheque especial (16%). O levantamento mostrou que o consumidor deu prioridade à quitação das dívidas com cartões de crédito (34,1%), bancos (21,6%), cartões de lojas (10,9%) e financiamentos (10,7%), nessa ordem, a maioria (78%) em até 6 meses. A mesma pesquisa mostrou que o pagamento será feito com o uso dos salários (51%) e do 13º (28%). Apesar de endividados, 51% dos consumidores se dizem em melhor situação financeira neste ano do que em 2009; 30% estão na mesma e 19%, piores. A maioria (95%) está otimista em relação a 2011, e espera uma melhoria financeira.

Roseli Garcia, superintendente de Produtos e Serviços do SCPC, disse que além de negociar a dívida, o objetivo do mutirão era despertar no consumidor o interesse pelo controle e organização das finanças. “Por isso, produzimos uma cartilha sobre orçamento doméstico e o uso consciente do crédito.”

Maior endividamento é com cartões de crédito

Mulheres desempregadas com idade entre 26 e 30 anos compõem o perfil majoritário do inadimplente

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pesquisa de balcão do SCPC, realizada pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal em setembro de 2010 com 950 entrevistados, mostra que, ao contrário dos levantamentos anteriores, as mulheres estão mais inadimplentes que os homens (52% a 48%). O desemprego (48%) ainda é o principal motivo da inadimplência, seguido do descontrole de gastos (11%) e ter sido fiador, avalista ou emprestado o nome para aquisição de crédito por terceiros (9%). A faixa etária mais inadimplente é a de 26 a 30 anos (24%), seguida de 31 a 35 anos (23%) e 36

a 40 anos (13%). Os principais produtos causadores da inadimplência, por sua vez, são: vestuário (21%), eletrodomésticos (18%) e empréstimo pessoal (13%). O valor total das dívidas está estimado acima de R$ 3.000 (23%), entre R$ 501 e R$ 1.000 (22%), R$ 1.001 a R$ 1.500 (20%), R$ 1.501 a R$ 3.000 (17%), R$ 301 a R$ 500 (10%) e até R$ 300 (8%). O principal recurso com que o consumidor pretende contar para quitar os débitos é o próprio salário e/ou corte de gastos (73%), seguido do 13º salário (4%), empatado com os recursos das férias (4%).

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DESTAQUE EMPREENDER

A mão de obra aliada ao desenvolvimento Fotos: Rubens Nemitz Jr.

Experiência do Brasil na capacitação profissional é apresentada em seminário aos países da África e América Central; evento foi promovido em conjunto pela CACB e a Rede Inter-Regional

Evento foi realizado em Curitiba

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capacitação profissional é fator decisivo para o desenvolvimento econômico e do comércio internacional. Estudo da Fundação Getulio Vargas divulgado em 2010 aponta que setores como comércio, hotelaria, indústria, saúde, educação e construção civil deverão ter dificuldades para encontrar profissionais qualificados e preencher mais de 320 mil postos de trabalho até o final deste ano. Ao mesmo tempo, segundo a pesquisa, haverá uma sobra de 653 mil pessoas no mercado de trabalho brasileiro com experiência e qualificação. O panorama se repete em outros países, que buscam um intercâmbio de experiências para fortalecer a qualificação profissional. Entre os vários setores que se tornam fortalecidos com mão de obra capacitada, o artesanato ocupa lugar de destaque, especialmente em alguns países como Marrocos, Costa do Marfim, Honduras, Nicarágua, Benin, Guatemala e El Salvador. Por isso, a Rede Inter-regional para a Adaptação da Formação Técnica e Profissional às Necessidades das Atividades

e Ofícios (Rifa) realizou em Curitiba, entre os dias 29 de novembro e 3 de dezembro, o seminário que apresentou aos países da África e América Central o sistema de capacitação profissional brasileiro. A Rifa é uma entidade que busca alinhar a oferta de formação técnica e profissional com a demanda de trabalho. Em clima de cooperação internacional, os representantes de Câmaras de Comércio e órgãos governamentais dos países integrantes da Rede visitaram e conheceram institutos de educação profissionalizante voltados ao próprio artesanato – tema central do evento –, além de indústria, comércio e agricultura. A integração entre diferentes sistemas e povos é uma inovação, conforme conta Judith Gansou, da Confederação Nacional dos Artesãos de Benin e participante do seminário: “Essa mistura de nacionalidades deu certo e pode transformar a educação profissional”. A CACB se uniu com a Sequa, entidade alemã que coordena a Rifa, e a BFZ, parceira da Rede, para a realização do Seminário, que contou também com o apoio da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap). Para o presidente da Faciap e vice-presidente de comércio exterior da CACB, Ardisson Naim Akel, a atuação empresarial no âmbito da qualificação profissional gera grandes diferenciais. “Os empresários alemães desta rede sabem do importante papel de apoio ao crescimento dos países menos desenvolvidos que estão desempenhando. Nós, brasileiros, sentimos uma grande alegria em repassar nossos conhecimentos adiante”, destaca Akel. O ministro do Itamaraty, Sérgio Couri, também vê o auxílio internacional como vetor de fortalecimento para a economia e desenvolvimento social. “A cooperação e formação de parcerias são essenciais para a qualificação e geração de empregos conforme a demanda”, diz. O diretor internacional da BFZ, Mar-


tin Wahl, lembrou que o Brasil vive um momento de destaque no cenário internacional, especialmente por sediar nos próximos anos a Copa do Mundo e as Olimpíadas: “O Brasil é um grande laboratório para metodologia e novos conteúdos que podem ser exportados para outros países”, disse. Demandas e diretrizes Ao analisar os pontos positivos e negativos do sistema de educação profissional para o artesanato em cada país, é possível perceber que há uma carência de recursos financeiros para a área, apesar da mobilização por meio de câmaras e organizações. Em um dos casos apresentados durante o Seminário, o representante da Câmara de Comércio da Costa do Marfim, Antoine Kemonsei, afirmou que uma parcela razoável do orçamento é destinada à educação em seu país, mas existem problemas para a provisão de matériaprima. “A situação provoca um desalinhamento no mercado de trabalho artesanal”, disse Antoine. Já Honduras conta muito com a cooperação internacional para a educação técnica. No Marrocos, o representante da Câmara de Ofícios de Fez, Mohamed Abdellaoui, conta que o desequilíbrio entre capacitação profissional e a demanda de emprego torna complicada a inserção de aprendizes no mercado de trabalho. No Brasil, fatores como a descoberta da camada pré-sal de petróleo e a preocupação constante com o meio ambiente e aquecimento global lançaram novas demandas. Para gerar desenvolvimento no país, é necessário investimento em educação. Segundo a gerente de comunicação da Catho, empresa de busca de empregos online, Carolina Stilhano, essa é a solução para acompanhar o ritmo de crescimento do Brasil. “Investir em educação é um recurso para encontrar novos talentos, pois encontramos dificuldade de recrutamento quanto a isso”, diz. Há uma carência de mão de obra especializada com os requisitos exigidos atualmente pelas empresas. Programas brasileiros de capacitação profissional No Brasil, há inúmeros projetos voltados para a qualificação profissional. Segundo o Ministério da Educação, 348 mil alunos estão matriculados em 341 escolas técnicas e institutos federais em todo o país. Para esse suporte,

é necessário pensar além da infraestrutura física de formação, conforme afirma o diretor do IFPR – Instituto Federal do Paraná em Foz do Iguaçu, Irineu Colombo: “Precisamos também pensar na gestão, profissionalização de professores e avaliações para garantir uma formação de qualidade no Brasil”. Alguns programas brasileiros de capacitação atuam para inserir o jovem no mercado de trabalho desde cedo em diversas áreas. Dentro do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), empresas encontram parceria para o desenvolvimento de novas aptidões. É o caso da Bosch, WHB e Kraft Foods, que já formaram funcionários a partir de cursos técnicos como a UAL Universidade do Alimento. Segundo a representante de Recursos Humanos da Kraft, Stefanie Schmalz, após a formação, o índice de colocação de alunos no mercado com a UAL é de 87%. Na qualificação, os alunos aprendem manipulação de alimentos. “A oportunidade de lançarmos a UAL surgiu da necessidade de mão de obra com a transferência de uma unidade da fábrica para Curitiba”, conta Stefanie. Durante o Seminário Rifa, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer um sistema de qualificação profissional voltado ao artesanato, coordenado pelo Sebrae. A consultora Patrícia Albanez conta que o trabalho é realizado a partir de grupos, conciliando a produção e o mercado. A área artesanal ainda possui muitos trabalhadores informais que necessitam de consultoria. “90% dos artesãos trabalham informalmente, sem participar de associações, então buscamos oferecer auxílio na gestão e design, mas sem afetar o processo”, conta Patrícia.

Ardisson Naim Akel, da Faciap, e Rainer Zielasco, presidente eleito da entidade

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ANÁLISE

Cenário mundial para os próximos anos é de pouco dinamismo

Obama subvalorizou o dólar para aumentar ganhos com a exportação

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ma nova geografia do comércio está emergindo e remodelando o cenário econômico global. Com déficits comerciais com uma série de países com que historicamente o Brasil mantinha superávits, a balança comercial brasileira (exportações menos importações) poderá apresentar uma forte queda em 2011. Isso tem a ver com a guerra cambial. Essa guerra se manifesta por meio de três eixos principais: a desvalorização da moeda chinesa, o yuan, que vem pressionando as demais economias; as desvalorizações competitivas que estão acontecendo na Europa e Estados Unidos; e as políticas fiscais restritivas, sobretudo dos países europeus.

O ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, foi o primeiro a falar em “guerra cambial”. Mantega acusou os países asiáticos, além dos Estados Unidos e Europa, de subvalorizarem suas moedas para aumentar ganhos com as exportações. Quando a moeda de um país está subvalorizada, ela torna suas exportações mais em conta, porque elas são negociadas por menos dólares que serão trocados por mais moeda interna. Dominique Strauss-Kahn, diretor-gerente do FMI, na abertura do encontro anual do FMI e do Banco Mundial, em Washington, foi mais comedido. “Muitos estão falando de uma guerra cambial. Eu próprio acho que já usei esse vocabulário, que pode ser um pouco militar demais”, afirmou. “Mas é correto dizer que muitos realmente consideram sua moeda uma arma, e isso certamente não é bom para a economia global”, acrescentou. “O que todos queremos é o reequilíbrio da economia global, e esse reequilíbrio não pode acontecer sem consequências, sem uma consequência natural, que é uma mudança relativa no valor das moedas”, disse. “Opor-se a isso no médio prazo certamente não vai ajudar no reequilíbrio.” Strauss-Kahn já havia alertado, em entrevista ao diário financeiro britânico Financial Times, que a ideia de uma guerra cambial poderia colocar em risco a recuperação da economia global, ainda lenta. Para o ministro Guido Mantega, o Brasil não deveria ser prejudicado por causa da política cambial da China ou dos Estados Unidos. Com o aumento de 2% para 4% da alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para aplicações de estrangeiros no mercado de renda fixa no Brasil, o ministro pretende reduzir o fluxo capital de curto prazo em aplicações financeiras. O Brasil, assim como outros países da América Latina, tem recebido grandes volumes de capital estrangeiro, atraído pelas altas taxas de juros do país. Essa entrada de capital estrangeiro tem impacto direto na valorização do real em relação ao dólar, o que acaba encarecendo as exportações brasileiras e fazendo com que os exportadores percam competitividade internacional.


Foto: Ricardo Stuckert/PR

O que eles disseram sobre as taxas de câmbio: Dominique Strauss-Kahn, diretor-gerente do FMI: Há claramente a ideia de que as moedas podem ser usadas como uma arma política. Traduzida em ação, ela representaria um sério risco para a recuperação global. Qualquer abordagem deste tipo teria um impacto negativo e muito prejudicial em longo prazo. Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de economia: A ironia é que o Federal Reserve (BC americano) criou liquidez com a esperança de que ele vai reviver a economia americana. Isso não terá reflexo Interno, mas causará um caos no resto do mundo. É uma política muito estranha que eles estão buscando. Jean-Claude Juncker, presidente dos ministros das Finanças da zona do euro: A taxa de câmbio efetiva real da China continua subvalorizada. As autoridades chinesas não compartilham de nossa visão. Subir Gokarn, do vice-governador do banco central da Índia: A guerra cambial está se tornando um grande problema global; está emergindo como uma ameaça potencial. Por isso, estamos pensando a maneira de lidar com isso. Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial: Eu não prevejo uma era de guerras globais de divisas, mas claramente haverá tensões. O dinheiro está perseguindo rendimento. Há também o risco de bolhas de algumas commodities. Perng Fai-nan, o governador do banco central de Taiwan: Os EUA imprimiu um monte de dinheiro, então há um monte de dinheiro quente fluindo ao redor. Esses fluxos de capitais de curto prazo são preocupantes para as economias emergentes.

Henrique Meirelles, presidente do Banco Central do Brasil: Evidentemente, há um problema muito sério de moeda que deve ser abordados. Não é necessariamente uma guerra. Alguns países parecem ter um problema. Mas o Brasil não vai pagar o preço. Guido Mantega, ministro da Fazenda do Brasil: Estamos no meio de uma guerra cambial. Isso ameaça a nossa competitividade.

No Brasil, com o dólar fraco, a perda fica com os exportadores, porque quanto menor a taxa de câmbio, mais caros ficarão, em dólares, os produtos brasileiros

Chen Jian, do comércio China-vice-ministro: Vamos tomar uma decisão com base em nossos próprios níveis de desenvolvimento econômico e da situação econômica mundial. Se for preciso que se valorize o yuan para a nossa economia se desenvolver, vamos fazê-lo mesmo que ele tenha um impacto negativo. Yoshihiko Noda, ministro das finanças japonês: Estou ciente de que existem várias opiniões. Mas a posição do Japão é de que um aumento de ienes prolongado não é desejável. É importante explicar consistentemente a nossa postura perante a comunidade internacional. Com informações da agência Reuters e da BBC Dezembro Outubro de 2010

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DESTAQUE CACB

Promessas, inovação e acompanhamento Facisc lançará em 1º de fevereiro o site Deputadômetro, em que o cidadão poderá encontrar o perfil de cada candidato, o descritivo da sua atuação como deputado estadual e seu desempenho.

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rtifícios de campanha ou propostas efetivadas? Em Santa Catarina, a proposta vira dívida e, agora, é medida pelo Deputadômetro. Trata-se de uma ferramenta, lançada pela Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc), para monitorar os 40 deputados estaduais eleitos recentemente. Segundo a Facisc, o objetivo do Deputadômetro é dar subsídios para que os cidadãos façam a sua própria análise. A ideia está baseada em ações como o Impostômetro e o Portal Transparência, onde entidades fornecem aos eleitores informações verídicas e cabe a eles tirarem o melhor proveito delas. De acordo com o presidente da entidade, Alaor Tissot, a nova ferramenta visa acompanhar a assiduidade. Verificar se os deputados criarão projetos de lei para cumprir suas promessas de cam-

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panha e se elas são de interesse da comunidade catarinense. A estreia do site “Deputadômetro” está prevista para 1º de feveireiro. No portal, o cidadão poderá encontrar o perfil de cada candidato, o descritivo da sua atuação como deputado estadual e seu desempenho. Segundo a Facisc, o sistema de monitoramento será um processo contínuo de acompanhamento e apreciação do comportamento dos representantes catarinenses. A “alimentação” do site será semanalmente, com informações recolhidas nas atas de sessões da Assembleia Legislativa. Cada representante eleito terá uma página no site www.deputadometro.com.br. Leitores e eleitos poderão fazer comentários – que serão publicados automaticamente pelo sistema – emitindo livremente suas opiniões. A cada três meses, será divulgado um ranking.

Critérios

Sequência ao Projeto

Para analisar o desempenho dos deputados, a entidade catarinense elegeu alguns critérios: presença nas comissões de estudo dos projetos; leis aprovadas e sancionadas de sua autoria e de autoria conjunta; comunicação e acesso à informação do deputado através de pesquisas feitas e do site de cada um; presença em plenário nas Votações Nominais, fiscalização do Executivo através da presença em audiências públicas do orçamento, participação em Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI), fidelidade partidária e ao mandato e número de requerimento juntos ao executivo de sua autoria.

O Deputadômetro é uma continuidade do Projeto Voz Única – programa da entidade que reuniu empresários e candidatos, em todos as regiões de Santa Catarina. Durante os encontros, os candidatos receberam uma cartilha, elaborada pela FACISC, com análises e sugestões aos políticos. Apenas diagnosticar problemas não era o suficiente, para a Facisc. De acordo com Christiane Hufenussler, vice-presidente de Marketing da entidade, o Deputadômetro nasce da consciência de que levantar os problemas era necessário, mas era preciso passar para a etapa sucessiva. “Era preciso, também, dar seguimento”, afirmou.


Foto: Flávio Ueta

Primeiras lições de educação política Para analisar estas e outras ações, que visam monitorar os políticos, a Empresa Brasil entrevistou o especialista, Humberto Dantas, doutor em ciência política pela USP, professor universitário, conselheiro do Movimento Voto Consciente, da Oficina Municipal e do Instituto Brasil 2022. Ao longo dos últimos sete anos, Dantas coordenou e lecionou em mais de 150 turmas de cursos de educação política. Qual a eficácia de instrumentos de cobrança da sociedade civil em geral? Todo esforço da sociedade é válido se o intuito é cobrar, fiscalizar e acompanhar o trabalho do Poder Legislativo. No Brasil estamos nos aprimorando em avaliar prefeitos, governadores e presidente da República. O eleitor já é capaz de traçar comparações, observar o que prefere. Mas no caso do Poder Legislativo estamos distantes de consolidar uma ação mais cidadã. Pesquisas recentes feitas a pedido da Justiça Eleitoral mostram que cerca de 40% dos brasileiros não sabem exatamente o que faz um parlamentar, e mais de 20% já esqueceram suas escolhas para o Legislativo em 2010. Como os candidatos podem utilizar este tipo de campanha a seu favor? Existem diversas maneiras, mas a principal delas é muito simples: o candidato precisa respeitar esse tipo de levantamento. O simples fato de o parlamentar aceitar que está sendo observado já é um grande avanço. Faço parte de uma ONG em São Paulo que faz isso desde a década de 80, e sabemos o quanto nos custa combater a falta de espírito democrático de parlamentares que não aceitam que estão sendo questionados. Além disso, candidatos e políticos bem avaliados costumam utilizar os resultados para se comunicar com seus eleitores, dizendo que as análises mostram um bom trabalho. Qual o papel da internet nas eleições? E no póseleições? A internet tem um duplo papel na política. Ela dissemina o terrorismo eleitoral, faz com que a campanha pareça pequena, espalha fofoca e notícias sem fontes seguras e confiáveis. Mas também carrega muita informação relevante. O grande desafio do cidadão é separar essas duas questões. O poder público federal, por exemplo, é extremamente feliz no volume e qualidade de informações que disponibiliza na rede. Esse movimento deve contagiar

os estados e municípios. Para completar, as organizações da sociedade têm muito com o que colaborar. Um movimento chamado webcidadania (.org.br), por exemplo, agrupa boas iniciativas. Como a sociedade responde a este tipo de iniciativa? Na sua opinião, assiduidade ou promessas cumpridas são efetivamente lembradas na hora do voto? O eleitor está longe de avaliar dessa maneira os seus parlamentares. Sobretudo porque promessa de parlamentar é difícil de cumprir. Nossa cultura política está pautada no fazer, realizar, executar. O brasileiro tem dificuldade de entender que um legislador trafega em outra esfera de realização política e administrativa. O problema é que esse parlamentar sobrevive à custa de fazer esse tipo de promessa executiva, o que afasta o cidadão da real compreensão sobre o Legislativo. O que quero dizer com isso: o voto para o Legislativo ainda é muito clientelista, muito pautado em favores e promessas pontuais. Assim, o volume de cidadão que responde positivamente à fiscalização e acompanhamento do Legislativo é pequeno, o que leva a campanha a ter que ser pensada de duas formas: muito recurso em assessoria de comunicação, muito indicador assiduamente disseminado na mídia e educação política demais. Uma verdadeira ação de responsabilidade política, como esta, não pode deixar de contemplar educação para a cidadania nas escolas e nas empresas. Quanto mais educado tiver o cidadão, maior será o valor dado ao tema. Já existem muitas iniciativas como estas pelo Brasil. Santa Catarina mesmo tem uma assembleia legislativa que possui o melhor parlamento jovem do país e uma das escolas mais atuantes. Além disso, o terceiro setor tem experiências de sobra sobre o assunto. A Fundação Konrad Adenauer, por exemplo, acaba de lançar uma publicação exclusivamente voltada às ações de educação política. Vale conferir.

Dantas: “Pesquisas mostram que cerca de 40% dos brasileiros não sabem exatamente o que faz um parlamentar”

Como o setor empresarial pode auxiliar o eleitor? Acho que principalmente mudando sua concepção sobre responsabilidade social. Cumprir o papel do Estado para sempre, com medidas assistenciais, aprofunda um sentimento pouco razoável de cidadania e democracia. Acredito que a nova onda da responsabilidade social seja política. Precisamos educar o cidadão para que ele seja capaz de cobrar o Estado, buscar seus direitos, protagonizar sua realidade. Dezembro de 2010

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Fotos: Divulgação Faciet

DESTAQUE FEDERAÇÕES

O núcleo automotivo é um dos destaques do Programa Empreender da Faciet

Fortalecimento do associativismo é a principal meta da Faciet Entidade também busca intercâmbios com outras organizações com o objetivo de fortalecer seus pontos favoráveis

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esde agosto de 2007 na presidência da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Tocantins (Faciet), o empresário do segmento de materiais de construção Jarbas Meurer, 33 anos, desenvolve uma intensa programação em busca do fortalecimento da entidade. Uma de suas principais ações é a busca de recursos para o desenvolvimento das associações comerciais de seu estado, o que conta com o apoio do Conselho de Desenvolvimento Econômico do Tocantins. O Programa Empreender, conjuntos de ações para o desenvolvimento sustentável dos pequenos negócios e da região, foi um dos destaques em sua gestão, neste ano, o que deve ser repetido em 2011. Por meio dessa parceria, o Sebrae/TO e a Faciet buscam otimizar as ações oferecidas aos empresários em áreas fundamentais para o desenvolvimento de pequenos negócios, como finanças, atendimento, marketing, liderança de equipes com foco em resultados, inovação, tecnologia, questões trabalhistas e tributárias. A Faciet, segundo o dirigente, tem buscado melhorias técnicas por meio de contratação de consultoria para elaboração e execução de projetos. “Essas con-

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sultorias técnicas foram estabelecidas através de parcerias com o Sebrae regional, governo do estado do Tocantins, em que buscamos fomentar projetos como o Empresa Saudável, o Empreender Competitivo e o planejamento estratégico das Aces.” A busca da melhoria na capacitação do público interno das Aces também tem sido uma das metas da Faciet. Dentro dessa visão, Meurer pretende otimizar as ações da entidade e dar continuidade aos projetos e à busca de novas parcerias com intuito de atender às necessidades dos clientes externos. “Através do programa Empresa Saudável buscamos não somente atender aos empresários, mas também mostrar que o investimento em ações preventivas possibilita a redução de custos com doenças ocupacionais e melhoria na qualidade de vida da comunidade.” A Faciet também busca intercâmbios com outras organizações com o objetivo de fortalecer seus pontos fortes e aprimorar pontos fracos. Inicialmente, iniciouse uma relação com a Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Santa Catarina (Facisc). “A entidade catarinense faz a mediação de produtos e serviços que possam ser adaptados à realidade regional e oferecidos às nossas Aces”, diz Meurer.


Tocantins, um novo polo agrícola do país Excelente posição geográfica favorece as exportações com base na produção rural e o desenvolvimento de agroindústrias Tocantins, estado criado em 1988, é a última unidade federativa do Brasil. Formado por 139 municípios, tem em mais da metade de seu território áreas de preservação e bacias hídricas. Neste vasto ecossistema, estão localizados santuários naturais como a Ilha do Bananal (a maior ilha fluvial do mundo) e os parques estaduais do Cantão. O estado, que tem Palmas como capital, é localizado na região norte exatamente no centro do país, limítrofe aos estados do Nordeste, Centro-Oeste e também do Norte. A excelente posição geográfica e os inúmeros rios perenes fizeram do Tocantins o novo polo agrícola e comercial. A Federação das Associações Comerciais e Industriais do Tocantins, composta por 23 associações comerciais e empresariais, nasceu em 1990. Mesmo com uma estrutura pequena – composta por dois departamentos –, a entidade tem realizado um trabalho focado no crescimento sustentável do desenvolvimento local.

Entidade procura fortalecer o associativismo através de feiras e palestras

Planejamento estratégico é uma das metas para 2011 Uma das metas da Faciet é desenvolver, junto às associações comerciais, um planejamento estratégico. A partir de um mapeamento de potencialidades e demandas, segundo o presidente da entidade, Jarbas Meurer, as associações podem se fortalecer e crescer de forma estruturada e contínua. “Paralelamente, as empresas associadas também terão mais chances de qualificar, trocar informações e amadurecer em um ambiente cada vez mais competitivo.” Além da preocupação com o desenvolvimento econômico e empresarial, a pauta de ações da Faciet contempla a responsabilidade social. Está em fase de formulação um projeto de valorização da vida. A ideia é capacitar técnicos de saúde e segurança, ligados às associações comerciais, para que desenvolvam, junto aos empresários e trabalhadores, um trabalho de conscientização. Isso incluirá palestras sobre doenças crônicas, aids, drogas lícitas e ilícitas e doenças ocupacionais. A iniciativa terá caráter preventivo e atenderá à demanda informada pela empresa. As prefeituras serão acionadas nos casos em que as associações não tenham no quadro de funcionário um técnico na área de saúde.

Jarbas Meurer: “Associadas também terão mais chances de amadurecer em um ambiente cada vez mais competitivo”

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AGENDA

Em busca da sustentabilidade e excelência

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rescer de maneira sustentável. Esta é uma das metas da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Mato Grosso do Sul (Faems) para os próximos anos. As diretrizes do planejamento estratégico até 2014, serão o tema do encontro entre diretores e executivos, previsto para a segunda quinzena de janeiro. Na pauta, o desenvolvimento de parcerias com universidades, as oportunidades geradas pelos eventos esportivos de 2014 e as eleições da entidade, que devem acontecer na segunda quinzena de abril do ano que vem. Todos os

Foto: Divulgação FAEMS

projetos devem ser baseados nos critérios, estabelecidos pela entidade, como essenciais para alcançar um desenvolvimento eficaz: sustentabilidade financeira, desenvolvimento de recursos humanos, parceria com o poder público e privado, promoção do associativismo e comunicação e marketing integrados. “Estamos construindo um caminho para que sejamos reconhecidos pela excelência em prestação de serviços e pelo comprometimento com o meio ambiente e responsabilidade social”, afirmou o presidente da entidade, Loecir Montagna. Fonte: Imprensa CACB com informações da Faems

Executivos da Faems engajados no planejamento estratégico da entidade. Em janeiro, eles voltam a se reunir para estabelecer diretrizes para crescimento sustentável

CACB visita maior feira varejista do mundo A CACB, em parceria com a Associação Comercial de São Paulo (Acsp), está organizando uma missão empresarial a Nova Iorque, entre os dias de 6 a 14 de janeiro de 2011. A comitiva irá visitar a 100ª Convenção da National Retail Federation (NRF), também conhecida como “o grande show do varejo”. Trata-se da maior feira do varejo do mundo, referência na antecipação de tendências e técnicas de vendas, desenvolvimento de produtos e estratégias de comunicação com o cliente e posicionamento da marca. A missão, composta por 100 empresários de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Acre, vai compor a comitiva brasileira, tradicionalmente, uma das mais atuantes nesta feira, ao lado do Canadá, França, Reino Unido e México. Para o diretor-financeiro da CACB, GeorgeTeixeira, estas missões permitem que os empresários brasileiros conheçam de perto as novas tecnologias, as novas ferramentas de venda e estejam mais integrados às tendências globais.

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A opinião é compartilhada por Nelson Kheirallah, vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo e coordenador do Conselho do Varejo. “A expectativa é que os participantes tenham contato com as novas tendências do varejo e inovações tecnológicas e que possam agregá-las a seu negócio”, salientou. Programação: visita e análise Além de participar das feiras, os integrantes da missão terão programadas visitas técnicas em importantes redes varejistas americanas, sempre acompanhados de um consultor brasileiro e recebidos pelo responsável pela rede. O programa especial destinado aos integrantes da missão, prevê ainda sessões de debate ao final de cada dia de evento. Os encontros serão mediados por um especialista. Mais informações sobre o roteiro: http://www.acsp.com.br/upload/npp/ nrf2011/site/pacotes.html

O que é NRF: A Convenção da NRF é composta de exposição de produtos e tecnologias de última geração, seminários, fóruns de debates, apresentação de cases de empresas mundialmente conhecidas. A feira é organizada pela NRF, a maior federação de varejos do mundo, que representa empresas das 100 associações varejistas americanas e internacionais. Desde 2008, a feira traz um pavilhão inteiramente dedicado à “Loja de Conceito Verde” (interativo, com soluções e criações verdes nas lojas) e o “Conceito Loja” (as mais novas estratégias e soluções de marketing in-store, conectando-se com seus consumidores de forma única). Fonte: CACB com informações ACSP


Dois séculos de história: Em abril, empresários do Acre participaram, na China, da Canton Fair

Negócios com a China A organização de uma missão para a China também esteve na pauta da reunião,em Salvador. A ideia é compor uma delegação empresarial para participar, em abril, da Canton Fair. Trata-se da maior feira multissetorial do mundo. Na

última edição, em abril do ano passado, 76 empresários e políticos, na maioria do Acre, foram à China para acompanhar a feira. A delegação foi liderada pelo diretor-financeiro da CACB, George Teixeira. Fonte: Imprensa CACB

CACB avança com preparativos para 2011 A CACB já deu a largada para o 21º Congresso da entidade, que será realizado dias 10 e 11 de agosto de 2011, em Salvador. Para afinar os detalhes do evento, que discutirá “As Reformas necessárias”, os diretores da CACB estiveram reunidos no Hotel Pestana, local do evento que integra as comemorações de 200 anos da Associação Comercial da Bahia.

A expectativa é que duas mil pessoas, entre autoridades e líderes empresariais, compareçam ao 21º Congresso da CACB, que além de painéis especiais com presença de palestrantes internacionais promoverá reuniões paralelas do Empreender, Cbmae, Jovens Empresários, Mulheres Empresárias, Progerecs e Comércio Exterior. Fonte: Imprensa CACB

A Associação Comercial da Bahia, a mais antiga entidade empresarial da América Latina, se prepara para uma série de eventos e atividades que vão marcar o seu bicentenário, em julho. Uma comissão organizadora das comemorações foi criada pelo presidente, Eduardo Morais de Castro, que confiou a sua coordenação ao ex-presidente e atual presidente do Conselho Superior, João José de Carvalho Sá. De acordo com Sá, em janeiro, deverá ocorrer ato ou solenidade que represente o início das comemorações do Bicentenário que, a rigor, se estenderão até o final do ano. Para celebrar os 200 anos da entidade, são previstos selo comemorativo, lançamento de livros e republicações de obras que tem como foco a história da ACB e a sua importância enquanto mantenedora da livre iniciativa empresarial. A reforma do Palácio sede, outra ação comemorativa, já foi concluída. Fonte: ACB

Foto: Divulgação

Festa e metas na Paraíba

Presidente Leite reforça compromissos da entidade

A Associação Comercial de Campina Grande já traça metas para o próximo ano. Na pauta de realizações para 2011, a implantação de um centro logístico integrado e o apoio sistemático às campanhas da CACB. Segundo o presidente da Accg, Luiz Alberto Leite, a entidade vai encampar a luta da CACB contra a volta da CPMF, alta carga tributária, simplificação da CLT e desburocratização dos processos de abertura de empresa. Leite comentou as metas para o ano próximo, durante as comemorações de aniversário da entidade, no início de dezembro. “Nós temos uma história de lutas. Desde 1926 a Associação Comercial defende a manutenção e a consolidação de Campina Grande como um dos principais centros econômicos do Nordeste”, ressaltou. Fonte: CACB com informações Imprensa Accg

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DESTAQUE CBMAE Foto: Gilmar Ferreira

Paulo Okamotto e Cesar Peluso discutem uma semana de conciliação para micro e pequenas no início de 2011

Reforço para os métodos alternativos de acesso à Justiça Semana Nacional de Conciliação e nova resolução do CNJ reforçam o trabalho realizado pela CBMAE e dão novo estímulo à disseminação dos MESCs

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m sua quinta edição, a Semana Nacional de Conciliação deu ênfase à disseminação dos MESCs e à solução de litígios de forma amigável, a fim de conferir agilidade aos processos judiciais e desafogar o Judiciário. Em 2010 foram atendidas 698.865 pessoas, em 294.472 procedimentos, com uma movimentação financeira de R$ 750 milhões, em todos os estados do Brasil. Os acordos homologados resultaram em um recolhimento fiscal de Imposto de Renda (IR) e recolhimentos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no montante de mais de R$ 65 milhões. Nas edições anteriores, realizadas no período entre 2006 e 2009, já havia sido firmados 402.628 acordos, com uma movimentação financeira de mais de R$ 2 bilhões. A conselheira do CNJ Morgana Richa destacou

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que o objetivo da Semana da Conciliação é possibilitar a aproximação com a sociedade, reforçando a cultura da pacificação. “A solução consensual também contribui para desafogar o Poder Judiciário da quantidade excessiva de processos, resultando em economia financeira”, explicou. A CBMAE participou da semana de Conciliação em diversos estados, utilizando as estruturas instaladas junto às Associações Comerciais em parceria com os Tribunais de Justiça. No Espírito Santo, a consultora Fabrine Schwanz esclareceu que a Semana de Conciliação na CBMAE foi voltada aos endividados, a fim de limpar os nomes, recolocando-os no mercado antes das compras de Natal. Os consumidores foram cadastrados e acompanhados durante a semana. “Houve uma grande mobilização da sociedade”, relatou a consultora.


Foto: CBMAE ES

Cultura pacifista Publicada no primeiro dia da Semana Nacional de Conciliação, a resolução n° 125 do CNJ foi resultado dos esforços de um grupo de trabalho criado pelo CNJ. O texto levou cerca de quatro meses sendo estruturado e veio definir temas como a institucionalização de uma política pública nacional de conciliação; a organização de parcerias público-privadas; o incentivo para magistrados que trabalharem com conciliação; disseminação de cultura pacifista; capacitação, treinamento e atualização de agentes; criação de núcleos de ação dentro dos tribunais; e a regulamentação de um código de ética para os especialistas. O objetivo da resolução é estabelecer uma cultura pacifista na sociedade, estimulando o uso de métodos alternativos de solução de conflitos – que ajudam a manter as relações sociais e ao mesmo tempo desafogam a Justiça comum. Uma Política Pública de Conciliação “vem dar continuidade e fortalecimento às ações previstas no convênio”, explica o gerente de políticas públicas do Sebrae, Bruno Quick, referindose ao convênio firmado entre Sebrae e CNJ em outubro de 2008 para a articulação de uma política pública de acesso à Justiça. No final de outubro deste ano, o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, esteve em reunião com o presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho, para reforçar as metas do acordo entre as entidades neste sentido. A reunião ocorreu no gabinete do ministro, no STF. Também participaram a conselheira do CNJ Morgana Richa e o gerente de políticas públicas do Sebrae, Bruno Quick. Para Paulo Okamotto, possibilitar esse acesso simplificado, rápido e menos oneroso é um dos elementos fundamentais para a melhoria do ambiente de negócios para os micro e pequenos empreendimentos. “Muitas vezes os empresários até deixam de buscar a Justiça porque o procedimento é muito caro e demorado.” Este é um longo trabalho, que vem sendo apoiado pela CACB e CBMAE desde o ano 2000, quando o projeto foi iniciado. Durante a reunião foi abordada também a possibilidade de o CNJ realizar, em 2011, uma semana de conciliação específica para as micro e pequenas empresas, que ainda está sob análise.

Procedimento de sucesso durante a Semana de Conciliação no Espírito Santo

A semana em números Audiências de conciliação realizadas:

185.718 Total de acordos homologados:

84.599 Eventos paralelos:

1.023 Número de pessoas atendidas:

472.895 Número de colaboradores:

26.737 Número de conciliadores:

15.596 Número de Juízes leigos:

1.202 Número de Magistrados:

15.428 Dezembro de 2010

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PEQUENAS NOTÁVEIS

Foto Bernardo Rebello

Carlos Alberto dos Santos: “Setor de serviços será fundamental para desenvolvimento sustentado e geração de empregos no país”

Sebrae amplia atuação junto ao setor de serviços Instituição vai intensificar apoio aos serviços realizados por MPE para outras empresas, anunciou diretor do Sebrae durante abertura de seminário ■ Agência Sebrae de Notícias

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os próximos anos, o setor de serviços terá papel fundamental no aumento de produtividade, competitividade e geração de emprego de qualidade no país. A avaliação foi feita pelo diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, na abertura do seminário ‘O Futuro do Setor de Serviços’, realizado no início de dezembro, na sede da instituição, em Brasília/DF. O diretor anunciou que o Sebrae, que há dois anos passou a contar com uma área específica para trabalhar com serviços, “irá ampliar sua atuação no setor, hoje mais focada nos Serviços Pessoais, para o chamado ‘Serviços PJ’, ou seja, o segmento de empresas que atendem outras empresas”. Produzindo serviços intensivos em conhecimento e de alto valor agregado em áreas como logística, manutenção, saúde, laboratórios de análises, tecnologia da informação, engenharia consultiva, arquitetura, entre outras, os “Serviços PJ” vêm assumindo importância cada vez

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maior na economia brasileira, abrangendo milhares de empresas de pequeno porte, salientou Carlos Alberto. Recursos No próximo triênio (2011/2013), o Sebrae vai destinar R$ 140 milhões para ações de apoio ao desenvolvimento das MPE do setor de serviços. A instituição apoia micro e pequenas empresas de serviços em todo o país. Em 2007, foi implantada carteira específica de projetos para o setor e a primeira chamada pública de projetos foi realizada em 2008. Foram aprovados 44 projetos, que se encontram em desenvolvimento em 21 unidades da Federação, até o final deste ano. Nesse período, foram investidos mais de R$ 70 milhões em ações de capacitação, consultorias, entre outras. Além desses projetos, há mais 59 sendo desenvolvidos em todo o país, abrangendo 20 segmentos. Atualmente, a maioria das MPE apoiadas pelo Sebrae atua em prestação de serviços voltados predominantemente a pessoas físicas, como lan houses, salões de beleza, academias de ginástica, autoescolas, oficinas mecânicas,


lavanderias e tinturarias, dedetizadoras, empreendimentos educacionais, meios de hospedagem, reciclagem de materiais, entre outras. Ciclo de desenvolvimento O seminário ‘O futuro do Setor de Serviços’ foi realizado durante todo o dia, na nova sede da instituição, em Brasília, reunindo executivos de empresas do setor, representantes do governo e especialistas nacionais e estrangeiros. Carlos Alberto ressaltou o fato de o evento ter acontecido no momento em que o País vive um ciclo de desenvolvimento sustentado, com taxas de crescimento que devem se manter elevadas nos próximos anos. “E o setor de serviços deve responder por grande parte deste crescimento”, afirmou. Segundo ele, o seminário foi o primeiro capítulo de um processo que será desenvolvido nos próximos anos com foco em serviços. “Ao final do seminário, teremos uma indicação para a atuação do Sebrae em seu planejamento estratégico”, finalizou. Emprego e renda O secretário de Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Maurício do Val, lembrou que em setembro de 2005 o governo criou a Secretaria de Comércio e Serviços para apoiar o setor. “Essa criação não foi à toa. O governo levou em conta a participação do setor no Produto Interno Bruto (PIB) e o que ele representa para a geração de emprego e renda, entre outros aspectos. Temos a esperança de que isso venha a se consolidar e a crescer. Hoje nós temos uma forte política de desenvolvimento produtivo. E também temos uma Política Nacional de Comércio e Serviços bem estruturada. Ela já foi apresentada ao novo governo, que irá verificar qual a melhor forma de adotá-la”, observou. Para o presidente da Central Brasileira do Setor de Serviços (Cebrasse), Paulo Lofreta, o segmento por muito tempo foi visto como “um apêndice do comércio”, mas essa realidade tem mudado no país e no mundo. Já a representante do Centro de Integração de Negócios (Integrare), Carla Magalhães, avaliou que o seminário veio na hora certa e disse que “o Sebrae tem realizado importante trabalho de capacitação junto aos milhões de micro e pequenas empresas, que representam cerca de 80% do setor”.

Vendas de Natal pela Internet devem crescer 40% Segundo previsão da empresa e-bit, faturamento do e-commerce deve chegar a R$ 15 bilhões neste ano ■ Agência Sebrae de Notícias

A

s vendas na Internet, para o Natal, devem crescer 40% em relação a 2009, com previsão de faturamento em R$ 2,2 bilhões, segundo levantamento da e-bit, empresa especializada em informações de e-commerce. No ano passado, durante o período de 15 de novembro a 24 de dezembro, o faturamento foi de R$ 1,6 bilhão. A pesquisa também aponta que o tíquete médio do setor deve girar em torno de R$ 370,00 e que as categorias que tendem a ter melhores resultados são: Livros, Eletrônicos, Informática e Eletrodomésticos. Para o público feminino, a ebit estima que a maior parte das vendas serão no segmento de Cosméticos e Beleza. Se os números previstos forem confirmados, o comércio eletrônico deve fechar 2010 com R$ 15 bilhões de faturamento, um crescimento nominal 40% maior ante 2009, quando o canal faturou R$ 10,6 bilhões. De acordo com Alexandre Umberti, diretor de marketing e produtos da e-bit, o aumento do comércio eletrônico está relacionado à comodidade do consumidor de realizar as compras em casa ou no escritório, evitando assim filas em shopping centers e o trânsito característico das grandes cidades. “É uma vantagem diferencial para esses clientes”, explica Umberti, em comunicado.

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PEQUENAS NOTÁVEIS

Credenciadora de cartões teve que se reinventar para garantir mercado As mudanças contaram, principalmente, com a ampliação da sua rede de relacionamento, segundo informou a diretora de Operações da Cielo, Alice Guidi Foto Bernardo Rebello

O aumento da maturidade do mercado frente aos meios eletrônicos de pagamento ao longo dos anos também foi apontado pela executiva. Segundo dados apresentados por ela, em 2005 havia 280 mil estabelecimentos filiados à Visanet, espalhados por 80 cidades. Hoje são 1,6 milhão de estabelecimentos filiados à Cielo, em mais de 200 cidades.

Até 2011, Cielo deve ter 57 novas bandeiras regionais

Alice Guidi: “A empresa teve que oferecer melhores serviços e agregar valor para se manter no mercado”

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■ Agência Sebrae de Notícias

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udanças no mercado exigem nova postura das empresas. Essa situação foi vivida pela Cielo, uma das principais credenciadoras de cartões de crédito do país. Em julho de 2010, quando acabou a exclusividade no mercado de cartões, “a Cielo teve que se reinventar”, contou a diretora de operações da empresa, Alice Guidi. Ela abriu o ciclo de palestra do seminário ‘O futuro do setor de serviços’, na sede do Sebrae, em Brasília. “Tivemos que nos reinventar para oferecer melhores serviços, ganhar agilidade e agregar valor ao que já vínhamos fazendo. Ampliamos nossa rede de parceiros, intensificamos o nosso call center e especializamos áreas, como a de compras”, disse. Alice também destacou a troca, em novembro de 2009, do nome de Visanet para Cielo. As mudanças, segundo Alice, devem continuar ocorrendo. Ela informou que até 2011 “a Cielo passará a operar com 57 novas bandeiras regionais de cartão de crédito”.

Inovação Como inovação, a empresa tem investido na criação de novos serviços, como o Agrocard, cartão direcionado à compra de máquinas para agricultura. Outro grande investimento está sendo feito na área de mobile payment (compra via celular). “Está havendo um aumento gradativo deste serviço no país e no mundo. Há uma perspectiva de crescimento mais rápido que o ocorrido com cartão. São cerca de 100 filiações por dia que recebemos”, disse Alice. A empresa, que antes trabalhava exclusivamente com o Visa, hoje opera com oito diferentes bandeiras de cartão. “Foi bom para o comércio, que agora, com apenas uma máquina da Cielo, passa vários cartões. Antes era preciso uma maquineta para cada cartão”, ressalta. A empresa também ampliou sua rede de fornecedores. Alice conta que agora é possível consertar uma maquineta em até duas horas. “Com a máquina parada, o comerciante perde dinheiro.” A Cielo também passou a buscar profissionais especializados para trabalhar em sua área de compras. “Há dois meses criamos o ‘Comitê de Gastos’. O objetivo foi desburocratizar o processo de compra. Com a quebra da exclusividade, tudo passou a exigir mais rapidez,” disse. O serviço de call center foi ampliado. Hoje ele conta com 3.200 profissionais, responsáveis por atender estabelecimentos comerciais, bancos, sócios e parceiros, gerentes e público externo. “O índice de reclamação caiu para 0,3%”, informou.


Decisões sobre cartões de crédito favorecem as relações de consumo A afirmação é do diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, ao comentar as recentes medidas anunciadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) ■ Agência Sebrae de Notícias

“É

uma minirreforma econômica, que aumenta a concorrência e leva à redução dos custos, além de proporcionar mais facilidade nas relações de consumo no país.” A declaração foi feita pelo diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, ao comentar as medidas relacionadas aos cartões de crédito, anunciadas no final de novembro, pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que aprovou o aumento do valor mínimo da fatura a ser pago pelos usuários, exigiu que os bancos anunciem antecipadamente a cobrança de serviços prioritários e o aumento das tarifas, além de introduzir os cartões básico e diferenciado. “Sem informações claras e objetivas, o mercado é prejudicial ao consumidor”, diz o diretor do Sebrae, para quem a decisão do CMN de exigir mais transparência nas tarifas dos cartões de crédito vai repercutir favoravelmente na economia brasileira. Carlos Alberto compara a medida à decisão tomada pelo Banco Central há alguns anos, quando a autoridade monetária obrigou as instituições financeiras a informar os valores das tarifas dos serviços bancários, o que aumentou a concorrência entre os bancos, e resultou, portanto, em mais opções aos correntistas. Segundo ele, mais transparência e informações objetivas ao consumidor abrem caminho para redução dos custos. “A medida limita, unifica e coloca parâmetros no momento de se comprar produtos e serviços.” A educação financeira é outro aspecto observado pelo diretor do Sebrae, ao assinalar que o cartão passa a ser usado com moderação na hora da compra, devido à transparência das tarifas. O comércio em geral também será favorecido com o anúncio antecipado da cobrança de serviços prioritários ou elevação do valor da tarifa. “O objetivo é reduzir o índice de inadimplência. As tarifas muitas vezes são extremamente elevadas”, pondera Carlos Alberto.

A introdução dos cartões básicos - além dos tradicionais, considerados diferenciados por oferecerem benefícios e recompensas como bônus e milhagens - também vai ter impacto positivo na economia. Haverá mais facilidade nas transações com cartões de crédito, na medida em que o Banco Central regulamenta a sua utilização e influencia a substituição do dinheiro vivo no mercado. “Já o cartão básico, com anuidade mais barata, vai ao encontro do papel crescente que a nova classe média tem na economia brasileira.”

CMN exige mais transparência nas tarifas dos cartões de crédito

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PEQUENAS NOTÁVEIS

Sebrae e Petrobras firmam parceria em programa de educação ambiental Comunidades costeiras de dez municípios sergipanos serão beneficiadas com projetos de estruturação de atividades produtivas e capacitação técnica demais atos constitutivos, abertura de CNPJ e obtenção de licenças.

Iniciativa favorece desenvolvimento social e econômico de cidades praianas de Sergipe e Alagoas

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Programa de Educação Ambiental com Comunidades Costeiras – PEAC é uma ação da Petrobras, fruto de uma exigência do licenciamento ambiental dos empreendimentos marítimos da Unidade Operacional Sergipe e Alagoas. Ele irá beneficiar mais de 80 comunidades de dez municípios sergipanos, envolvendo cerca de 8 mil pessoas. Em Sergipe, o programa será desenvolvido em parceria com o Sebrae. A proposta é elaborar projetos executivos voltados para estruturar o desenvolvimento social das comunidades atendidas pelo PEAC e promover capacitação em atividades técnicas demandadas pelas comunidades. Também faz parte do Programa a regularização institucional das entidades beneficiadas com o projeto. Essa regularização compreende a análise e solução das pendências relativas à situação jurídica das organizações sociais, associações e cooperativas atendidas pelo PEAC, inclusive por meio de elaboração, confecção, registro de estatutos, atas e

Abrangência O Projeto será implantado nos municípios costeiros de Brejo Grande, Pacatuba, Pirambu, Barra dos Coqueiros, Aracaju, São Cristóvão, Itaporanga, Estância, Santa Luzia e Indiaroba. As ações do PEAC compreendem a construção e reforma de centros comunitários ou sedes de associações ou colônias de pescadores. Incluem ainda projetos de confecção de produtos artesanais e unidades de beneficiamento e armazenamento do pescado, unidades produtivas de piscicultura e ostreicultura, aquisição de equipamentos de transporte de mercadorias e agrícolas e reforma de embarcações. Também podem ser incluídas no projeto a construção ou reforma de unidades de produção artesanal e semi-industrial de peças de artesanato, polpa de frutas, corte e costura, casa de farinha, apicultura e produtos de limpeza, entre outros. Desenvolvimento sustentável Segundo Cristiano Leite Parente, engenheiro de meio ambiente da Petrobras, a implementação de projetos de produtos sustentáveis de cunho comunitário, nos municípios abrangidos pelo PEAC, é necessária para cumprir as exigências feitas pelo Ibama para licenciar os empreendimentos marítimos já implantados. Para o superintendente do Sebrae em Sergipe, Emanoel Sobral, toda parceria é bem-vinda quando tem como foco estimular o desenvolvimento sustentável dos pequenos negócios. “Nossa missão é promover e consolidar a força empreendedora das micro e pequenas empresas, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do Estado de Sergipe. Essa é mais uma parceria que firmamos com a Petrobras e, com certeza, será também bem-sucedida como as outras”, diz Emanoel.


Serviços de negócio podem ajudar empresas a inovar e aumentar produtividade Segmento altamente valorizado está ligado à expansão de economias como a japonesa, a alemã e a coreana ■ Agência Sebrae de Notícias

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erviços de negócios ou serviços intensivos em conhecimento (Knowledge-Intensive Business Services) integram um segmento muito valorizado e cada vez mais importante na economia dos países mais desenvolvidos. Eles são prestados por consultores com alta especialização em diversas áreas do conhecimento, contratados por empresas de vários setores e ramos econômicos que visam melhorar sua performance nos mercados, promover inovações, tornar-se mais competitivas, solucionar problemas, elevar produtividade, entre outros objetivos. Grandes empresas e multinacionais são a principal clientela dos serviços intensivos em conhecimento. Esse novo ramo do setor de serviços foi tema de palestra, no seminário ‘O Futuro do Setor de Serviços’, realizado no início de dezembro, na sede do Sebrae, em Brasília. “Os kibs ajudam a solucionar problemas com que as empresas estão se deparando. Os prestadores desses serviços são geralmente profissionais das áreas de tecnologia da informação, pesquisa e desenvolvimento científicos, arquitetura e engenharia, etc.”, explicou o professor Ian Miles, da Universidade de Manchester (Reino Unido), em palestra gravada e exibida em telão aos participantes do evento. Esta modelo de serviço especializado prepara as empresas para o processo de inovação, a partir de ação integrada e diferentes formas de aplicação nos negócios: estratégias, diagnósticos, soluções, implementação e gerenciamento de problemas. O sistema, aplicado em várias áreas de segmento, com menos ou mais conhecimento intensivo, é customizado. Cada empresa é desenvolvida com uma abordagem ou estratégia especial. Os clientes aprendem mais sobre seus empreendimentos e suas potencialidades e ao longo da interação com os consultores especializados. Trata-se de uma vivência de aprendizagem conjunta. Para Miles, a melhor solução para um problema da empresa pode estar na fusão entre conhecimento local, genérico e especializado (contratado).

Conhecimento e crescimento A aceleração das economias japonesa, alemã e coreana está diretamente atrelada aos benefícios propiciados pelos profissionais do segmento de serviços intensivos de conhecimento, de acordo com o professor. “Alguns dos novos membros da União Europeia, cujos negócios estão crescendo velozmente nos últimos anos, contam com esses serviços”, informou. Geralmente os kibs estão mais presentes em áreas metropolitanas ou de grande desenvolvimento econômico, onde há maior número de patentes registradas, segundo Miles. “Áreas com pouco adensamento empresarial ou atividade econômica dificilmente contam com esse tipo de apoio em seus mercados”, disse ele. O compromisso com a sustentabilidade e o bemestar social são importantes integrantes das soluções, independentemente das metas e objetivos econômicos das empresas, segundo o professor. Os governos devem apoiar as pequenas empresas a buscar consultorias de serviços de negócios, pois os custos são altos. “Às vezes, ao melhorar o desenvolvimento das relações internas, podese chegar a soluções tão boas quanto os kibs”, aconselhou o professor aos empresários de pequeno e médio portes.

Serviços altamente especializados contribuem para aceleração das economias alemã, japonesa (foto) e coreana

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TENDÊNCIAS

O 13º salário, as promoções, o dólar baixo, os parcelamentos e a ascensão das classes C e D favorecem a expansão

Brasil terá o melhor Natal em vendas desde 2007 De acordo com a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping, a estimativa para este ano é de um crescimento de 12% nas vendas, em comparação a 2009

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Natal deste ano poderá ser o melhor em vendas desde 2007. Segundo o Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), as vendas em dezembro devem crescer 7,7% em relação ao mesmo mês do ano passado. O otimismo é ainda maior em São Paulo e na Bahia, onde a expansão dos negócios deve variar entre 10 e 15%. De acordo com a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), a estimativa para este ano é de um crescimento de 12% nas vendas, em comparação a 2009. Pelos cálculos da Alshop, o consumidor que estiver em situação financeira estável deve comprar em média 20 presentes. Os setores que prometem maior desempenho são de perfumaria e cosmético (17%), CDs e DVDs, que regulam com os eletrônicos (14%) e brinquedos (13%). “O mercado caminha a passos largos neste período pós-crise, e a tendência é de que as principais datas do varejo, como o Natal, apresentem desempenhos cada vez mais positivos”, afirma o presidente da Alshop, Nabil Sahyoun. Outro fator que contribui com o aumento das vendas é a queda gradativa de endividados no país. Segun-

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do levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o maior recuo foi em outubro, quando o índice de intenção de consumo das famílias brasileiras cresceu 1,7%. O 13º salário, as promoções, o dólar baixo, os parcelamentos e a ascensão das classes C e D favorecem a expansão. Mas não é apenas o incremento nas vendas que desperta curiosidade, e sim, o que o brasileiro deve levar para casa em dezembro. Segundo um estudo do IPC Marketing, empresa especializada em dados de mercado,o brasileiro deverá gastar mais com produtos de maior valor agregado, como viagens e eletrodomésticos Esta tendência, crescente nos últimos anos, deve se manter em 2011, afirma Marcos Pazzini, diretor do IPC. Já o presidente da Associação Comercial da Bahia (ACB), Eduardo Castro, aposta em um crescimento em todos os setores, exceção o automobilístico, em função da transição de modelos 2011 e 2010. Os lojistas baianos confirmam a expectativa de Castro. Segundo o Sindilojas, as vendas na Bahia devem crescer entre 10 e 15%. “No Mato Grosso, a estimativa é de que as vendas cresçam 10% em relação ao Natal do ano passado”, acre-


dita Manuel Rodrigues, diretor da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Mato Grosso (Facmat). No sul do país, a previsão da Federação do Comércio de Bens e Serviços do Estado (Fecomércio-RS) é de 10% de aumento nas vendas natalinas em relação ao ano anterior, e uma média de 6,4 presentes por pessoa. Um levantamento feito pelo Instituto Fecomércio de Pesquisa (Ifep) revela também que 65% dos gaúchos pretendem pagar suas compras à vista, dado surpreendente segundo a entidade.

Mais viagens e eletrodomésticos

Consumo vai continuar explosivo, prevê consultor Em entrevista a Empresa Brasil, o consultor Edmour Saiani, considerado por muitos como o Kotler do Varejo – idealizador do Ponto de Referência – prevê que o consumo no Brasil vai continuar explosivo, dada a evolução das classes C e D. Leia a seguir: Empresa Brasil: O Instituto de Venda de Varejo prevê um crescimento de 7,7% nas vendas deste ano, em relação ao ano passado. O senhor concorda com esta estimativa? Saiani: Não sei exatamente o percentual, mas haverá sim, talvez até maior. As condições de mercado e expectativa do consumidor estão muito favoráveis. Quais devem ser os produtos mais vendidos? Com certeza os maiores crescimentos serão nos produtos onde a classe C esteja tendo acesso. O crédito e a confiança farão com que por um tempo ainda eles sejam os de maior crescimento.

Fonte: IPC Marketing

Concentração de mercados: De 2009 para 2010 esta concentração aumentou, devido aos reflexos da crise econômica de 2008, que privilegiou mercados estabelecidos, como capitais e grandes cidades. Segundo o IPC, a tendência para os próximos anos é que ocorra uma descontração do potencial de consumo das grandes cidades, principalmente as capitais. Paralelamente, deve crescer o consumo nas cidades menores.

O que atrai mais o cliente? Desconto ou sorteio? Eu acho que no Natal não se pode falar em desconto ou sorteio. Não há confirmação de que sorteio aumente vendas de Natal. E desconto no Natal por quê? No natal o varejista deveria fazer um atendimento melhor que seus concorrentes porque a venda do Natal é a confirmação do cliente para o próximo ano. Convite para que ele venha comprar no ano que vem. Pensar em sorteio ou desconto é se desvalorizar. A tendência de concentração de consumo nos grandes centros deve se manter? Acredito que os pequenos centros estejam se capacitando cada vez mais para diminuir isso. Dezembro de 2010

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Muito se fala do novo consumidor brasileiro. Qual é o seu diagnóstico? O poder das classes C e D provocou a explosão do mercado consumidor do Brasil. E vai continuar explodindo. As classes B e A continuam como eram antes. Comprando. Agora talvez comprando itens importados em viagens ao exterior. Alguns mercados de luxo como perfumaria podem estar sofrendo com isso. Há diferenças expressivas entre os consumidores nas diversas regiões do Brasil? Há mais diferenças entre consumidores de cidades pequenas e grandes do que entre regiões do país. Os clientes de grandes cidades são parecidos. Os shoppings são iguais, geram expectativas semelhantes. Já cidades pequenas têm um atendimento muito melhor e um nível de exigência enorme do cliente que quer ser reconhecido pelo nome, gosto, tudo. “O poder das classes C e D provocou a explosão do mercado consumidor do Brasil. E vai continuar explodindo. As classes B e A continuam como eram antes, comprando.”

Qual o papel do consumidor C e D neste Natal? e nos próximos anos? Ele é o comprador. E está com poder aquisitivo cada vez maior. Se nenhum tsunami imprevisto ocorrer na economia, eles serão os protagonistas por mais dez ou vinte anos. A tendência é que o consumidor compre produtos de maior valor agregado ou de menor preço? No Natal sempre há a compra do presente do amigo secreto, dos amigos, dos queridos e o que “a gente merece”. Claro que lembrancinha tem que ser foco. Em unidades é o que faz o Natal. Mas os produtos que a gente compra porque merece são os de maior margem e valor. Uma vitrine sábia de Natal mostra as lembrancinhas, os intermediários e os luxo. Há algum paralelo entre o consumidor brasileiro e o de outros países? O Brasil está numa fase diferente do mundo todo. O mundo todo está hoje como o Brasil esteve por décadas: com medo. Hoje o mundo todo está com medo e o Brasil transbordando de confiança. Hora de aproveitar, muito.

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O senhor acredita em um aumento expressivo de produtos chineses? Cada vez mais, principalmente com o câmbio na situação atual. Ano que vem deveremos ter uma desvalorização do real que pode mudar o estado das coisas. O fenômeno dos produtos chineses é mundial. E não vai desaparecer. Só vai entrar em equilíbrio quando o jogo do câmbio for revisto. Qual conselho o senhor dá para um comerciante do pequeno, do médio e do grande centro? Pequeno e médio têm que ter atendimento incrivelmente diferente do usual. Se o empresário tem três funcionários, que ele tenha três grandes funcionários. Tenha sempre algum produto na sua loja que ninguém mais vende. E mude sua loja todo dia. Grande – tente agir como pequeno. Aí ninguém vai alcançar sua competência. O Brasil virou a bola da vez no varejo mundial. Antes a gente aprendia com os varejistas competentes lá de fora. Agora a gente ensina. A economia favorável e a nossa competência em lidar com crises aprendidas durante décadas nos fizeram resistentes a crises mundiais como poucos.


BIBLIOCANTO

O grafomaníaco voraz

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turco Orhan Pamuk, prêmio Nobel de Literatura de 2006, é um desses escritores que não deixam de surpreender. Sua última obra editada no Brasil, Outras Cores, mostra a paixão com que se entregou à literatura, a qual define como a mais valiosa criação da humanidade “no seu objetivo de se entender a si mesma”. Embora o escritor seja alguém concentrado em si próprio, Pamuk diz que ele não está sozinho, mas sim “na companhia das palavras daqueles que vieram antes, das histórias de outros, dos livros de outros”. Em Outras Cores, ele homenageia suas companhias (escritores) preferidas com análises saborosas que despertam no leitor a necessidade urgente de reler aquelas obras que não consegue mais lembrar. Assim é com Sterne, Dostoiewski, Borges, Stendhal e Camus, entre outros. “Quando nos apegamos a um escritor, não é apenas porque ele nos conduziu a um mundo que continua a nos obcecar, mas porque, em certa medida, fez de nós o que somos”, diz Pamuk em homenagem aos seus mestres. No livro, ao discorrer sobre o valor e o papel da literatura, ele registra toda gratidão ao seu pai. Engenheiro civil que, graças às suas viagens, podia comprar obras recém-lançadas de escritores europeus – um privilégio de muito poucos na Turquia dos anos 1950 – o pai de Pamuk foi a principal influência na carreira do filho. Além de citá-lo em diversas vezes em meio a comentários sobre seus autores preferidos, Pamuk inclui na obra o texto A Maleta de Meu Pai, lido na ocasião da cerimônia de entrega do prêmio Nobel. Nele, revela que, dois anos antes de morrer, seu pai lhe entregou uma maleta cheia de escritos e cadernos, testemunhos de uma vida. Reticente, num primeiro momento, em abrir aquela maleta por causa do peso de seu misterioso conteúdo, Pamuk utiliza-a como uma metáfora do significado daquilo que toda a pessoa cria quando fecha a porta e se refugia num canto, diante de uma mesa, para exprimir seus pensamentos. “O significado da literatura.”

Definido com um livro de ideias, imagens e fragmentos de vida ainda não utilizados em seus romances, Outras Cores reúne textos autobiográficos e excertos de centenas de artigos e diários. Dos cinco capítulos em que se divide a obra, um deles é reservado a ensaios sobre seus escritores preferidos, em que também reflete sobre o ofício do escritor. No outro, descreve a gênese de suas obras como O castelo branco; O livro negro; A vida nova e Meu nome é vermelho. Para Pamuk, outra “regra eterna” da literatura é “contar as próprias histórias como se fossem de outros, e contar as histórias de outros como se fossem suas”. A sua concepção da literatura está pejada de otimismo; quando um escritor “se fecha em si próprio”, coloca, de uma forma consciente ou inconsciente, uma grande fé na humanidade, porque ele acredita que todos os seres humanos se assemelham e, portanto, carregam em si feridas semelhantes, o que os leva a compreenderem-se. Definindo-se como grafomaníaco voraz e implacável – uma criatura que nunca se cansa de escrever, sempre a traduzir a vida em palavras – Pamuk diz que, com o tempo, passou a encarar a literatura menos como um jeito de narrar o mundo e mais como “ver o mundo com palavras”. A partir do momento em que utiliza as palavras como cores num quadro – diz Pamuk –, o escritor começa a ver quão maravilhoso e surpreendente é o mundo, e quebra os ossos da linguagem para encontrar a própria voz. Para isso precisa de papel, de caneta e do otimismo da criança que vê o mundo pela primeira vez. Milton Wells

“A literatura é a mais valiosa criação da humanidade no seu objetivo de se entender a si mesma” Orhan Pamuk

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