Empresa Brasil 74

Page 1

Classe C é o novo trem-bala da economia Segmento representará 56% da população brasileira em 2014, o equivalente a 113 milhões de pessoas Abril de 2010 1 IMPOSTÔMETRO DA ACSP REGISTRA MARCA DE R$ 1 TRILHÃO


Federações CACB

DIRETORIA DA CACB BIÊNIO 2009/2011 PRESIDENTE José Paulo Dornelles Cairoli - RS 1º VICE-PRESIDENTE Sérgio Papini de Mendonça Uchoa - AL VICE-PRESIDENTES Ardisson Naim Akel - PR Arthur Avellar - ES Fernando Pedro de Brites - DF José Geminiano Acioli Jurema - AL José Sobrinho Barros - DF Leocir Paulo Montagna - MS Luiz Carlos Furtado Neves - SC Sadi Paulo Castiel Gitz - SE Wander Luis Silva - MG VICE-PRESIDENTE DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS João José de Carvalho Sá - BA VICE-PRESIDENTE DA MICRO E PEQUENA EMPRESA Luiz Carlos Furtado Neves - SC DIRETOR-SECRETÁRIO Jarbas Luis Meurer - TO DIRETOR-FINANCEIRO George Teixeira Pinheiro - AC CONSELHO FISCAL TITULARES Jadir Correa da Costa - RR Paulo Sérgio Ribeiro - MT Sergio Roberto de Medeiros Freire - RN CONSELHO FISCAL SUPLENTES Altair Correia Vieira - PA Gilberto Laurindo - AP Ronaldo Silva Resende - RN COORDENADOR DO PROJETO DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL Ardisson Naim Akel - PR CONSELHO NACIONAL DA MULHER EMPRESÁRIA Avani Slomp Rodrigues CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO JOVEM EMPRESÁRIO Marduk Duarte COORDENADORA DE ASSUNTOS INSTITUCIONAIS Luzinete Marques COORDENADORA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Neusa Galli Fróes fróes, berlato associadas EQUIPE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Olívia Bertolini COORDENADOR DO EMPREENDER Carlos Alberto Rezende COORDENADOR NACIONAL DA CBMAE Valério Figueiredo COORDENADOR DO PROGERECS Luiz Antonio Bortolin SCS Quadra 3 Bloco A Lote 126 Edifício CACB 61 3321-1311 61 3224-0034 70.313-916 Brasília - DF Site: www.cacb.org.br

2

Empresa BRASIL

Acre – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Acre – FEDERACRE Presidente: George Teixeira Pinheiro Avenida Ceará, 2351 Bairro: Centro Cidade: Rio Branco CEP: 69909-460

Paraná – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná – FACIAP Presidente: Rainer Zielasko Rua: Heitor Stockler de Franca, 356 Bairro: Centro Cidade: Curitiba CEP: 80.030-030

Alagoas – Federação das Associações Comerciais do Estado de Alagoas – FEDERALAGOAS Presidente: José Geminiano Acioli Jurema Rua Sá e Albuquerque, 302 Bairro: Jaraguá Cidade: Maceió CEP: 57.020-050

Pernambuco – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Pernambuco – FACEP Presidente: Djalma Farias Cintra Junior Rua do Bom Jesus, 215 – 1º andar Bairro: Recife Cidade: Recife CEP: 50.030-170

Amapá – Associação Comercial e Industrial do Amapá – ACIA Presidente: José Arimáteia Araújo Silva Rua General Rondon, 1385 Bairro: Centro Cidade: Macapá CEP: 68.900-182

Piauí – Associação Comercial Piauiense - ACP Presidente: José Elias Tajra Rua Senador Teodoro Pacheco, 988, sala 207. Ed. Palácio do Comércio 2º andar - Bairro: Centro Cidade: Teresina CEP: 64.001-060

Amazonas – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Amazonas – FACEA Presidente: Valdemar Pinheiro Rua Guilherme Moreira, 281 Bairro: Centro Cidade: Manaus CEP: 69.005-300 Bahia – Federação das Associações Comerciais do Estado da Bahia – FACEB Presidente: Clóves Lopes Cedraz Rua Conselheiro Dantas, 5. Edifício Pernambuco, 9° andar Bairro: Comércio Cidade: Salvador CEP: 40.015-070 Ceará – Federação das Associações Comerciais do Ceará – FACC Presidente: João Porto Guimarães Rua Doutor João Moreira, 207 Bairro: Centro Cidade: Fortaleza CEP: 60.030-000 Distrito Federal – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Distrito Federal e Entorno – FACIDF Presidente: José Sobrinho Barros SAI Quadra 5C , Lote 32, sala 101 Cidade: Brasília CEP: 71200-055 Espírito Santo – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropastoris do Espírito Santo – FACIAPES Presidente: Arthur Avellar Rua Henrique Rosetti, 140 - Bairro Bento Ferreira Vitória ES - CEP 29.050-700 Goiás – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias do Estado de Goiás – FACIEG Presidente: Marcos Alberto Luiz de Campos Rua 143 - A - Esquina com rua 148, Quadra 66 Lote 01 Bairro: Setor Marista Cidade: Goiânia CEP: 74.170-110 Maranhão – Federação das Associações Empresariais do Maranhão – FAEM Presidente: Júlio César Teixeira Noronha Rua Inácio Xavier de Carvalho, 161, sala 05, Edifício Sant Louis. Bairro: São Francisco- São Luís- Maranhão CEP: 65.076-360 Mato Grosso – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Mato Grosso – FACMAT Presidente: Jonas Alves de Souza Rua Galdino Pimentel, 14 - Edifício Palácio do Comércio 2º Sobreloja – Bairro: Centro Norte Cidade: Cuiabá CEP: 78.005-020 Mato Grosso do Sul – Federação das Associações Empresariais do Mato Grosso do Sul – FAEMS Presidente: Antônio Freire Rua Quinze de Novembro, 390 Bairro: Centro Cidade: Campo Grande CEP: 79.002-917 Minas Gerais – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Minas Gerais – FEDERAMINAS Presidente: Wander Luís Silva Avenida Afonso Pena, 726, 15º andar Bairro: Centro Cidade: Belo Horizonte CEP: 30.130-002 Pará – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Pará – FACIAPA Presidente: Reginaldo Ferreira Avenida Presidente Vargas, 158 - 5º andar Bairro: Campina Cidade: Belém CEP: 66.010-000 Paraíba – Federação das Associações Comerciais e Empresariais da Paraíba – FACEPB Presidente: Alexandre José Beltrão Moura Avenida Marechal Floriano Peixoto, 715, 3º andar Bairro: Bodocongo Cidade: Campina Grande CEP: 58.100-001

Rio de Janeiro – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Rio de Janeiro – FACERJ Presidente: Jésus Mendes Costa Rua do Ouvidor, 63, 6º andar - Bairro: Centro Cidade: Rio de Janeiro CEP: 20.040-030 Rio Grande do Norte – Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Norte – FACERN Presidente: Sérgio Roberto de Medeiros Freire Avenida Duque de Caxias, 191 Bairro: Ribeira Cidade: Natal CEP: 59.012-200 Rio Grande do Sul – Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul - FEDERASUL Presidente: José Paulo Dornelles Cairoli Rua Largo Visconde do Cairu, 17, 6º andar Palácio do Comércio - Bairro: Centro Cidade: Porto Alegre CEP: 90.030-110 Rondônia – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado de Rondônia – FACER Presidente: Marcito Pinto Rua Dom Pedro II, 637 – Bairro: Caiari Cidade: Porto Velho CEP: 76.801-151 Roraima – Federação das Associações Comerciais e Industriais de Roraima – FACIR Presidente: Jadir Correa da Costa Avenida Jaime Brasil, 223, 1º andar Bairro: Centro Cidade: Boa Vista CEP: 69.301-350 Santa Catarina – Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina – FACISC Presidente: Alaor Francisco Tissot Rua Crispim Mira, 319 - Bairro: Centro Cidade: Florianópolis - CEP: 88.020-540 São Paulo – Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo – FACESP Presidente: Rogério Pinto Coelho Amato Rua Boa Vista, 63, 3º andar Bairro: Centro Cidade: São Paulo CEP: 01.014-001 Sergipe – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropastoris do Estado de Sergipe – FACIASE Presidente: Alexandre Santana Porto Rua Jose do Prado Franco, 557 Bairro: Centro Cidade: Aracaju CEP: 49.010-110 Tocantins – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado de Tocantins – FACIET Presidente: Pedro José Ferreira 103 Norte Av. LO 2 - 01 - Conj. Lote 22 Prédio da ACIPA Bairro: Centro Cidade: Palmas CEP: 77.001-022

• O conteúdo desta publicação representa o melhor esforço da CACB no sentido de informar aos seus associados sobre suas atividades, bem como fornecer informações relativas a assuntos de interesse do empresariado brasileiro em geral. Contudo, em decorrência da grande dinâmica das informações, bem como sua origem diversificada, a CACB não assume qualquer tipo de responsabilidade relativa às informações aqui divulgadas. Os textos assinados publicados são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.


PALAVRA DO PRESIDENTE José Paulo Dornelles Cairoli

O que falta fazer

S

omente no período que vai de janeiro de 2009 até maio de 2011, a chamada nova classe média brasileira contabilizou mais de 100 milhões de integrantes. Um contingente de 10 milhões de pessoas foi incorporado à classe C no período, com um crescimento de 9,12%, segundo pesquisa da Fundação Getulio Vargas, divulgada em 27 de junho último. Coordenado pelo economista Marcelo Neri, a pesquisa mostra que a desigualdade social está diminuindo no Brasil. Entre 2003 e 2007, ainda segundo o estudo, a evolução da renda dos 20% mais pobres da população brasileira foi em média de 6,30% ao ano, superior à dos demais Brics, exceto a China, onde cresceu a 8,5% ao ano. O mesmo levantamento, no item chamado “felicidade futura”, mostra que os brasileiros são os mais otimistas em relação às suas condições de vida no futuro. Numa escala de 0 a 10, o brasileiro dá nota média de 8,7 à expectativa de satisfação com a vida em 2014, a melhor avaliação numa amostra de 146 países pesquisados, cuja média foi de 6,5. Em relação à condição atual de vida, o brasileiro também lidera o ranking, com nota média 7. Matéria de capa desta edição de Empresa Brasil, a classe C também demonstra um dado peculiar: com a autoestima em alta, grande parte desses emergentes são cidadãos que tomaram iniciativas, buscaram créditos, tornaram-se microempresários. Seus filhos estão entrando na universidade via ProUni. E como trabalhadores, não querem um Estado que os tutele, mas que lhes dê oportunidades para crescer, conforme revela pesquisa efetuada pela Análise, Pesquisa e Planejamento de Mercado (APPM), em São Paulo. Todos esses dados, sem dúvida, são alvissareiros para o nosso país e reforçam iniciativas como as da CACB favoráveis à redução dos gastos públicos e ao consequente incremento dos investimentos. Se agora a classe C ainda se esbalda com o salto de consumo, logo se dará conta das desigualdades que marcam o Brasil. Essa questão nos remete a um trabalho

excepcional da Organização das Nações Unidas (ONU), inspirado na sábia concepção de Amartya Sen – um economista que não acredita que o progresso se resuma a estatísticas. A primeira conclusão dessa leitura é que o objeto que representa a civilização e o progresso não é o livro, o telefone celular, a Internet ou a bomba José Paulo Dornelles atômica, e sim o saneamento básico. Cairoli, presidente Esse é dado fundamental para recoda Confederação das nhecer o grau de desenvolvimento de Associações Comerciais e um país. Hoje, no mínimo um terço Empresariais do Brasil da população do planeta – uns 2,6 bie da Federasul lhões de pessoas – não sabe o que é um sanitário, uma latrina. No Brasil, conforme mostramos em matéria de capa da Empresa Brasil edição de número 62, que veiculou em setembro do ano passado, enquanto 90% da população têm acesso à água, 43 milhões de pessoas (25%) são excluídas do saneamento básico, segundo o RDH (Relatório de Desenvolvimento Humano) do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). Com esse percentual, o acesso ao saneamento básico no Brasil é pior que o do Paraguai (80%) – que está em 91º no ranking do IDH, contra o Brasil, em 69º. São números incontestáveis que merecem uma reflexão nessa hora de bonança. Não menos importante que a ascensão da classe C no Brasil é a notícia de que o contribuinte brasileiro acabou de ultrapassar a marca de R$ 1 trilhão em impostos. A cada ano, mais cedo o Brasil chega à marca de R$ 1 trilhão, o que mostra, na feliz expressão do presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Rogério Amato, que “a arrecadação está crescendo mais do que o país”. Isso prova que cortar o excesso de gastos, diminuir impostos e favorecer o investimento necessário à modernização são medidas cada vez mais necessárias.

Setembro de 2011

3


8 CAPA

Foto: Galina Barskaya/Fotolia.com

ÍNDICE

3 PALAVRA DO PRESIDENTE Não menos importante que a ascensão da classe C no Brasil é a notícia de que o contribuinte brasileiro acabou de ultrapassar R$ 1 trilhão em impostos. A cada ano, mais cedo o Brasil chega a essa marca, o que é preocupante.

5 PELO BRASIL As vendas no comércio varejista de Campo Grande registraram crescimento de 7,61% em agosto, frente a igual mês do ano passado, beneficiadas pela comemoração do Dia dos Pais.

8 CAPA A classe C, um mercado que não para de crescer, representará 56% da população brasileira em 2014, o equivalente a 113 milhões de pessoas.

14 CASE DE SUCESSO

Foto: divulgação/Campo dos Sonhos

14 CASE DE SUCESSO Com o respeito à natureza e execução de políticas de inclusão social, o município de Socorro, no interior paulista, tem se destacado como um destino modelo em sustentabilidade e turismo acessível no Brasil.

16 ENTREVISTA O advogado André Jobim analisa a aprovação pela Câmara dos Deputados do projeto de lei que aumenta o prazo de concessão do aviso prévio nas demissões sem justa causa.

18 TRABALHO Maioria das empresas desconhece os benefícios da ergonomia. Cada vez mais trabalhadores se afastam temporariamente de suas empresas para o tratamento de lesões provocadas direta ou indiretamente por suas atividades laborais.

20 RECURSOS HUMANOS Programa de trainee é alternativa para minimizar os entraves da iniciação profissional.

22 FEDERAÇÕES 28 TENDÊNCIAS

Presidente da Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Norte (Facern), o empresário Sérgio Freire cita quatro pilares que pretende fortalecer na entidade.

24 DESTAQUE CACB Em 13 deste mês, por volta do meio-dia, o impostômetro, uma espécie de relógio que conta quanto de imposto está sendo arrecadado no momento, alcançou a marca de R$ 1 trilhão, pagos desde o início de 2011.

26 CBMAE Exercer a função de árbitro é importante e auxilia na resolução de muitos litígios, mas é preciso tomar alguns cuidados na hora de conduzir um procedimento.

28 TENDÊNCIAS

EXPEDIENTE

Uma das principais questões da política de resíduos sólidos, a logística reversa ainda depende de acordos setoriais.

4

Coordenação Editorial: Neusa Galli Fróes fróes, berlato associadas escritório de comunicação Edição: Milton Wells - mwells@terra.com.br Projeto gráfico: Vinícius Kraskin Diagramação: Kraskin Comunicação

30 BIBLIOCANTO Em seu novo livro “Os fatos são subversivos”, o misto de jornalista e historiador inglês Timothy Garton Ash escreve sobre episódios políticos da última década.

31 ARTIGO O ministro Wellington Moreira Franco, da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, escreve sobre a ascensão da classe C no Brasil.

Foto da capa: Deklofenak/Fotolia.com Revisão: Flávio Dotti Cesa Colaboradores: Luana Feldens e Olivia Bertolini Execução: Editora Matita Perê Ltda. Comercialização: Fone: (61) 3321.1311 - comercial@cacb.org.br Impressão: Arte Impressa Editora Gráfica Ltda. EPP

Empresa BRASIL

SUPLEMENTO ESPECIAL

Por meio de convênios e programas, micro e pequenas empresas têm acesso a grandes companhias


PELO BRASIL

Foto: Imprensa ACIT

Comércio em alta em Campo Grande

Empresários de Maringá visitaram núcleo de Gastronomia Toledo

Restaurantes maringaenses recebem selo de qualidade Um grupo de 12 empresas, integrantes do núcleo setorial dos restaurantes – ligado ao programa Empreender Competitivo da Associação Comercial e Empresarial de Maringá (Acim) –, recebeu, em setembro, um selo de qualidade desenvolvido pela entidade. Segundo a nutricionista Rosana Valentin, encarregada do processo de adequação, os profissionais da vigilância sanitária acompanharam todo o processo, no qual foram aplicadas as orientações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por meio da resolução RDC 216, que trata das boas práticas de manipulação de gêneros

alimentícios. Para o consumidor, o selo será uma garantia de que os estabelecimentos oferecem alimentos seguros. A conquista é resultado de muitas reuniões e encontros com foco em benchmarking. Em março, por exemplo, empresários e consultores de Maringá estiveram em Toledo para conhecer o programa de selo de qualidade que vem sendo desenvolvido no oeste paranaense. Na ocasião, os empresários acompanharam as etapas de melhorias obtidas na organização das empresas e de qualificação de produto. Fonte: Imprensa CACB

As vendas no comércio varejista de Campo Grande registraram crescimento de 7,61% em agosto, frente a igual mês do ano passado, beneficiadas pela comemoração do Dia dos Pais, segundo pesquisa da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG). “O crescimento médio nas vendas é expressivo e confirma o bom momento do comércio de Campo Grande, aumentando a expectativa positiva para os negócios do setor no final do ano”, comentou Omar Aukar, presidente da entidade. Fonte: Imprensa CACB com informações da ACCIG

Sebrae promove enquete sobre site O Sebrae realiza uma enquete para ouvir as opiniões e sugestões dos empresários das micro e pequenas empresas sobre o site do Comércio Varejista (a segunda página setorial mais visitada do portal do Sebrae, com mais de 67 mil visualizações por mês). A iniciativa visa manter a página atualizada e em sintonia com as necessidades dos clientes, trazendo sempre as tendências e temas de interesse. Para participar da enquete basta acessar: http://www.sebrae.com.br/setor/comercio-varejista.

CACB representa Brasil no Marrocos No final de setembro, a CACB estará no Marrocos para representar o Brasil na reunião anual da Rede Inter-Regional para Adaptação da Formação Técnica e Profissional às Necessidades do Artesanato (Rifa). A Câmara de Artes e Ofícios, da região de Fez Boulemane, será a anfitriã do evento. Os delegados participa-

rão dos workshops sobre treinamento técnico e segurança do trabalho no setor informal e educação no ensino técnico. O encontro é uma oportunidade para benchmarking de melhores práticas e transferência de know-how. Também está prevista uma visita ao German International Cooperation (GIZ),

na cidade de Rebat, onde será realizada uma apresentação sobre a educação ambiental na área técnica no Marrocos. O encontro visa promover o debate sobre a economia sustentável e sua aplicação pelas MPEs locais, viabilizada pela parceria com a entidade alemã. Fonte: Imprensa CACB Julho de 2011 Setembro de 2011 5 5


PELO BRASIL

Federaminas mobiliza associados para 14º Congresso

Usina de ferro-gusa no Maranhão

Faem acompanha produção de aço verde No final de agosto, a diretoria da Federação das Associações Empresariais do Maranhão (Faem) esteve reunida em Açailândia, sul do estado e sede de uma das principais associações do Maranhão. Na ocasião, os diretores foram convidados para uma visita às instalações da usina de ferro gusa. A indústria trabalha na verticalização para a produção do “aço verde”, conceito criado para classificar o aço 100% produzido a partir de carvão vegetal reflorestado. Para isso o grupo investirá R$ 400 milhões na primeira fase de implantação da usina, que deve ser concluída no início de 2012. Fonte: Imprensa CACB

Estão abertas as inscrições para o 14º Congresso das Associações Comerciais de Minas Gerais, que a entidade realiza no Tauá – Grande Hotel e Termas de Araxá nos dias 20 e 21 de outubro. Na noite do dia 21 de outubro, a tradicional solenidade Mérito Empresarial 2011 deverá ser prestigiada por mais de mil pessoas, reunidas para homenagear autoridades e os empresários do ano indicados pelas ACEs. Fonte: Federaminas

O núcleo de Agricultores da Associação Empresarial de Mafra, no Planalto Norte catarinense, ganhou, no início de setembro, a licitação para vender hortaliças para merenda escolar municipal. De acordo com Danielli Cristina Cardoso, consultora da Associação, a conquista é inédita. ”Dificilmente um agricultor participa diretamente de uma licitação, quanto mais vencê-la!”, afirmou. A licitação foi aberta aos agricultores familiares, e as cooperativas sempre obtiveram à frente devido a sua garantia de produtos. Mas com a capacitação frequente do Núcleo de Gestão Agrícola e o apoio do Projeto Olericultura através da CACB - Sebrae - Programa Empreender e Facisc, foi dado o pontapé inicial no ganho de cinco culturas da atual licitação para alimentação escolar. Fonte: Imprensa CACB

6 Empresa EmpresaBRASIL BRASIL

Foto: ACIM

Núcleo do Empreender de Mafra ganha licitação

Consultores da CACB conheceram o projeto


AGENDA LEGISLATIVA

Projeto que altera lei da pequena empresa será votado pelo Senado em outubro Entre os projetos de maior relevância para o empresariado está o projeto de Lei Complementar 87/11, que propõe alterações na lei do Supersimples, previsto para ser votado pelo Senado Federal até o dia 5 de outubro – dia da micro e pequena empresa. A previsão é do vice-presidente da Frente Parlamentar Mista da Micro e Pequena Empresa – e agora líder do governo – no Congresso Nacional, senador José Pimentel (PT/CE). O projeto, aprovado pela Câmara dos Deputados no dia 31 de agosto, contou com a intensa mobilização da CACB a seu favor, acompanhando a votação do projeto no plenário da Câmara dos Deputados, visitando gabinetes de parlamentares, além de ter liderado a mobilização das Federações e Associações Comerciais para apoiarem o projeto por meio das bancadas de deputados de cada estado. E não será diferente agora no Senado. O presidente Cairoli pretende visitar os presidentes das comissões técnicas do Senado, além das lideranças partidárias, em busca de apoio

para que a aprovação do projeto ocorra ainda no início de outubro. Aprovado pelo Senado, o PLC segue para sanção presidencial. Sancionado, transforma-se em lei. Entre as mudanças, o projeto aprovado pela Câmara dos Deputados amplia em 50% as faixas e o teto da receita bruta anual das empresas do Simples Nacional. O teto da microempresa passa de R$ 240 mil para R$ 360 mil e o da pequena sobe de R$ 2,4 milhões para R$ 3,6 milhões. Cria o parcelamento automático, em até 60 meses, dos débitos das empresas do Simples e permite que elas possam exportar até o dobro do seu faturamento anual sem correr o risco de exclusão desse regime especial de tributação. O projeto aumenta também, de R$ 36 mil para R$ 60 mil, o teto da receita bruta anual do Empreendedor Individual (EI), os empreendedores por conta própria, como carpinteiros e pedreiros. Além disso, cria simplificações para esse público, como a alteração e fechamento do negócio via Internet e a qualquer momento.

PELAS COMISSÕES ■

Custeio integral do vale-transporte pelo empregador Projeto de Lei nº 6851/2010, do Senado Federal, “altera a Lei nº 7.418, de 16 de dezembro de 1985, que institui o vale-transporte, para estabelecer que benefício será custeado integralmente pelo empregador. ■

Projeto que propõe a criação do Conselho de Defesa Comercial Projeto de Lei nº 5072/2009, do Senado Federal, “autoriza o Poder Executivo a instituir o Conselho de Defesa Comercial, órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, com poderes judicantes para aplicar direitos antidumping, medidas compensatórias, provisórias ou definitivas, e salvaguardas”. ■

Erros ou fraudes nas operações de ICMS Projeto de Lei Complementar nº 538/2009 altera a Lei Complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996, e dá outras providências. Preserva o contribuinte de boa-fé em caso de erros ou fraudes praticados por terceiros na realização de operações incidentes de ICMS.

Secretaria da Micro e Pequena Empresa terá status de ministério A Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio (CDEIC) da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 868/2011, que prevê a criação da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, com status de ministério. O texto tramita em regime de urgência constitucional e também será analisado pelas comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania da Casa. O novo órgão será vinculado à Presidência da República e terá como responsabilidade formular políticas voltadas às empresas de pequeno e médios porte, às cooperativas e às associações. O texto aprovado, no dia 31 de agosto, prevê a criação de cargos em comissão, com impacto orçamentário previsto de R$ 6,5 milhões em 2011 e R$ 7,9 milhões nos anos seguintes. Nomes como o da empresária Luiza Trajano (Magazine Luiza) e do vice-governador de São Paulo, Afif Domingos, são cotados para assumir a pasta. A empresária Luiza Helena Trajano, dona da rede de lojas Magazine Luiza, confirmou que foi convidada pela presidente Dilma Rousseff para assumir um posto no governo, mas negou que já tenha aceitado a missão. Já Afif Domingos, ex-candidato à Presidência da República pelo PL, foi secretário estadual de Desenvolvimento no governo de São Paulo, mas deixou a pasta por se desligar do DEM para fundar o PSD, juntamente com o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Setembro Julho dede 2011 201177


CAPA

Segmento representará 56% da população brasileira em 2014, o equivalente a 113 milhões de pessoas

Classe C, um mercado que não para de crescer Poder de consumo da classe emergente – igual à soma dos PIBs de Portugal, Argentina, Uruguai e Paraguai – tem a força de imunizar o Brasil contra a crise mundial

N

as áreas de criação das agências de publicidade, no departamento de marketing das empresas, na programação de eventos, nos institutos de pesquisa e de ensino e até mesmo na secretaria encarregada de traçar estratégias para o governo federal, o desafio é entender os desejos e aspirações da nova classe C. Isso porque, pela primeira vez na História, a classe C

8

Empresa BRASIL

do Brasil, formada por lares, segundo dados da Fundação Getulio Vargas (FGV), com renda mensal entre R$ 1.200,00 e R$ 5.174,00, a valores correntes, passou a representar a maior fatia da renda nacional, com 46% dos rendimentos de pessoas físicas. De acordo com um levantamento do Ministério da Fazenda, a classe C deverá representar 56% da população brasileira em 2014, o equivalente a 113 mi-


lhões de pessoas, um crescimento de 19% em relação ao total que pertencia a essa mesma classe em 2009, formada por 95 milhões de pessoas, correspondente a 50% da população. Ainda conforme o mesmo estudo, a classe C terá o maior crescimento no período, mostrando a mobilidade social e aumento da renda do brasileiro, já que a classe D, que em 2009 representava 24% da população, deve ser reduzida para 20% da população em 2014, enquanto a classe E deve passar de 15% para 8% no mesmo período. Já as classes A/B também devem crescer e, segundo o Ministério da Fazenda, vão representar 16%, ou 31 milhões de pessoas, em 2014. Em 2009, 11% da população brasileira pertencia a essas duas classes sociais. Produtos como brinquedos, itens de higiene e beleza, computadores e eletroeletrônicos estão na mira dessas classes, muito mais ávidas por comprar do que as classes altas, ressalta Renato Meirelles, sócio diretor do Data Popular, primeiro instituto de pesquisas brasileiro focado no consumo de baixa renda. “É hora de olhar com mais atenção e menos preconceito para um mercado de R$ 1 trilhão, que é o total dos rendimentos das classes C e D por ano, correspondente à soma dos PIBs de Portugal, Argentina, Uruguai e Paraguai”, diz o publicitário. “Trata-se de um mercado que não para de crescer e vai segurar o Brasil na atual crise da mesma forma que segurou em 2008.” Para as agências de propaganda, de acordo com Meirelles, o maior desafio é romper a dissonância que existe entre quem faz a comunicação para esse público e quem a recebe. “Isso porque, em geral, os executivos de propaganda são pessoas que cresceram na classe A e têm repertório cultural, escolaridade e noções estéticas completamente diferentes”, explica. “Quando o publicitário consegue fazer uma comunicação que dialoga com a baixa escolaridade do consumidor, utiliza cores primárias e uma linguagem simples, com certeza terá retorno de vendas. Quando sofistica demais, a comunicação não é entendida, e o consumidor simplesmente descarta a loja”, acrescenta. O maior erro que algumas empresas cometem, conforme o executivo, é achar que a meta da classe C é ser a classe A, enquanto que, na verdade, o que ele aspira é ser o vizinho que deu certo.

“Os padrões estéticos da elite não são os mesmos da classe C, que tem identidade própria e vive um processo de autoestima que a leva a procurar referências que dialogam com a sua cultura”, diz Meirelles. E exemplifica: “O rico adora o pretinho básico, as classes C e D adoram as cores primárias, verde, amarelo, vermelho, aquilo que muitas pessoas chamam de brega, mas que faz parte da cultura popular brasileira, com artesanato popular. No caso das mulheres da classe C, elas são mais criteriosas nas suas escolhas e compras”. Como você resumiria em uma palavra a forma de atender esse público? “Respeito. Como isso se traduz? As regras básicas são olhar no olho, respeitar o tempo do cliente, deixá-lo à vontade e, principalmente, oferecer saídas. A classe C odeia ser tratada como pobre.”

Renato Meirelles: “A classe C odeia ser tratada como pobre”

Setembro de 2011

9


CAPA

Maioria é feminina, branca e adulta Perfil elaborado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República revela que a nova classe média brasileira tem a maioria feminina (51%) e branca (52%) e é predominantemente adulta, com mais de 25 anos (63%). Os dados são da Pesquisa de Amostra Domiciliar (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) antes do Censo 2010, e agora recompilados pela SAE para estabelecer o perfil da classe C – que, na última década, teve o ingresso de 31 milhões de pessoas e tornou o estrato social mais volumoso. Segundo os dados, a nova classe média é majoritariamente urbana (89%) e, em sua maioria, está em três regiões brasileiras: Sul (61%), Sudeste (59%) e Centro-Oeste (56%). O percentual da população nesse estrato social é maior em cidades de pequeno porte (45%), com menos de 100 mil habitantes, do que em regiões metropolitanas (32%) e em cidades de médio porte (23%). Os dados educacionais revelam que 99% das crianças e adolescentes (7 a 14 anos) da classe média frequentam a escola. A proporção é a mesma que a da classe alta. A frequência escolar nas faixas etárias mais velhas é, no entanto, comparativamente menor. Na classe alta, 95% dos jovens de 15 a 17 anos e 54% dos adultos de 18 a 24 anos frequentam escola; enquanto na classe emergente, os percentuais caem para 87% e 28%, respectivamente.

O poder está com as mulheres Conforme a SAE, seis em cada dez pessoas da classe C estão empregadas. A maioria dessas tem registro formal (42% com carteira assinada e 11% como funcionário público); 19% trabalham sem registro; outros19% trabalham por conta própria; 3% são empregadores; e 6% não são remunerados. O perfil de formalização da classe C (53%) está acima da média nacional (47%), mas, na classe alta, o índice de formalização é maior, 59%.

Segmento é alvo da indústria moveleira As indústrias de móveis estão direcionando sua produção para atender aos desejos da classe C, juntando qualidade com preço mais baixo, além da versatilidade e funcionalidade. A informação é da diretora da Casa Brasil, evento de mobiliário e design realizado anualmente, e do Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis), Cátia Scarton. O que aconteceu, de acordo com Cátia, foi que o cenário econômico brasileiro se tornou favorável para a nova classe média, que passou a ter maior poder de compra. Por

10

Empresa BRASIL

isso, grande parte dos setores, inclusive o moveleiro, voltaram as atenções para esse público. “A indústria moveleira atentou ao fato de que eles precisam mobiliar a residência que puderam comprar há dois anos e passou a produzir produtos conforme os padrões exigidos pela nova classe, ou seja: qualidade, boa apresentação e baixos custos.” A chamada nova classe média, segundo a executiva, é muito mais exigente. “Essas pessoas se comunicam muito mais, se informam muito mais, tem alto poder de compra, e


De cada dez pessoas no Brasil, seis pertencem à nova classe média A nova classe média contabiliza mais de 100 milhões de integrantes. Mais de 10 milhões de brasileiros foram incorporados à classe C no período 2009- 2011, com um crescimento de 9,12%, segundo pesquisa da FGV, divulgada em 27 de junho último. De acordo com o estudo “Os Emergentes dos Emergentes: Reflexões Globais e Ações Globais para a Nova Classe Média Brasileira”, a classe C ganhou mais 10.524.842 de pessoas entre 2009 e 2011, em comparação a 2.558.799 que ingressaram nas classes A e B no mesmo período. Com isso, segundo o estudo, a nova classe média brasileira passou, nos últimos dois anos, de 50,45% da população para 55,05%. A classe D perdeu 5.543.969 de brasileiros entre 2009 e 2011 (queda de 14,02%), enquanto a classe E teve redução de 4.146.862 no mesmo período (decréscimo de 15,9%). No período entre 2003 e 2011, de acordo com a pesquisa da FGV, 39.589.412 brasileiros entraram na classe C, enquanto 9.195.974 ingressaram nas classes A e B. Já a classe D perdeu 7.976.346 pessoas (redução de 24,03%) e a classe E perdeu 24.637.406 (decréscimo de 54,18%). Os números foram obtidos por meio do cruzamento de dados entre a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) e a Pesquisa Nacional por Amostra de

representam a maior parcela da população brasileira”, ressalta. Dado o crescimento constante da classe C, o Sindmóveis acaba de contratar pesquisa especificamente para focar a feira Movelsul de 2012 com móveis totalmente voltados para a nova classe média, antecipa Cátia. No primeiro semestre do ano, as vendas de móveis tiveram um crescimento de 15%, em comparação a igual período do ano passado. Esse incremento foi obtido em grande parte em função da classe C, destaca a executiva.

Domicílio (PNAD), ambas realizadas pelo IBGE. Segundo a FGV, desde 2003, o crescimento da classe C, e a migração de pessoas para as classes A e B, desde 2009, ampliaram o mercado consumidor brasileiro em mais de 50 milhões de pessoas, o equivalente a mais de uma Espanha, aponta o estudo. O crescimento da economia com uma inflação mais estabilizada, aliado à expansão do mercado de trabalho e à melhoria das condições de renda da população, com a política de recuperação do poder de compra do salário mínimo, contribuíram de forma significativa com esse processo, de acordo com estudo elaborado pelos pesquisadores do Centro de Políticas Sociais da FGV. Segundo dados elaborados pela FGV, as classes A, B e C tiveram um ingresso de 48,8 milhões de pessoas entre 2003 e 2009, sendo 13,1 milhões apenas entre 2009 e maios de 2011. “Essa análise dos dados mais recentes mostra que quase a população total da África do Sul foi incorporada às classes ABC”, destaca o documento. Em contrapartida, a base da pirâmide social, formada pelas classes D e E, foi reduzida de 96,2 milhões de pessoas em 2003 para 63,6 milhões até maio, sendo que 9,7 milhões de pessoas migraram da base social para classes mais elevadas entre janeiro de 2009 e maio de 2011.

Cátia Scarton: “Bento Gonçalves prepara feira de móveis totalmente voltados para a nova classe média”

Setembro de 2011

11


CAPA

A conquista de melhor patamar de vida é o maior objetivo A classe C tem como principal interesse a melhoria da qualidade de vida e a conquista de um novo patamar definitivo de vida, afirma o publicitário Luiz Lara, atual presidente da Associação Brasileira das Agências de Publicidade (Abap), em entrevista a Empresa Brasil. Fundador da agência brasileira Lew Lara, que em 2007 se associou à TBWA, integrante do grupo Omnicom, um dos mais importantes do mundo, Lara é um dos executivos mais preparados do mercado publicitário brasileiro. Leia, a seguir, os principais trechos de sua entrevista. Empresa Brasil: Quem é esse novo consumidor da classe C? Luiz Lara: O novo consumidor da classe C chega ao mercado com um nível crítico muito maior. O Brasil pela primeira vez na sua história tem mais de 50% de sua população na classe média, devido ao ingresso de 30 milhões de novos consumidores na Classe C. Esses novos consumidores querem atender seus desejos e aspirações de consumo, utilizando o crédito para a compra de produtos e serviços que não tenham apenas preço competitivo. Eles querem marcas de prestígio que ofereçam boa relação custo/benefício, que atendam seu aspiracional de consumo. Preço baixo só não basta. A consumidora da classe C, por exemplo, quer cortar seu cabelo num local onde, ao menos por 10 minutos, tenha uma sessão de massagem, antes ou depois. Esses pequenos prazeres, essas exigências, pouco a pouco vão ingressando no dia a dia dessas consumidoras. Quando vão a lojas como C&A, Renner, Pernambucanas, Riachuelo, essas consumidoras querem moda e não apenas roupas acessíveis. Quais os seus hábitos e preferências? Os novos consumidores têm hábitos de consumo com bom padrão de exigência. As mulheres formam um público fundamental. A classe C tem como principal interesse a melhoria da qualidade de vida, a conquista de um novo patamar definitivo de vida e por isso investe em educação. Muitos pais da classe C estão se unindo aos seus filhos na busca de uma melhor formação universitária.

12

Empresa BRASIL

Luiz Lara Quais os seus interesses? Seus interesses passam pela afirmação de seus desejos de consumo, desde a compra da casa, de eletroeletrônicos, do carro, de alimentos e produtos de higiene, limpeza e cosmética que tenham marcas aspiracionais. É uma classe batalhadora que projeta um futuro melhor para eles e seus filhos. Daí o investimento crescente em educação. É uma classe conectada que consome todas as mídias, passando pela TV aberta, mas que ouve rádio, lê revistas e jornais populares, acessa internet, seja no escritório, nas lan houses e que está comprando seu primeiro computador. É uma classe que, antes da compra, vê as campanhas de


Com autoestima em alta, classe C busca prazeres e conquistas que compensem a batalha diária produtos e serviços na TV e aí acessa a internet para comparar preços e escolher as marcas que ofereçam acessibilidade dentro do crédito que eles podem utilizar. Mas reitero: querem marcas aspiracionais e não se conformam somente com preços baixos. O que ela não tem e quer ter? As pesquisas demonstram que a grande mudança na classe C é a conquista da autoestima, da vontade de ter prazeres e conquistas que compensem a batalha diária. A partir da evolução desta autoestima, os brasileiros da classe C estão vendo que é possível, sim, conquistar melhorias na qualidade de vida e, por isso, ser mais feliz e otimista em relação ao seu futuro. Eles querem ter casa, carro, aparelho de TV LCD, produtos como alimentos, de higiene, beleza e cosmética, bebidas com marcas que atendam a seus desejos de consumo. Quais os mercados que atendem devidamente esse segmento? Todos os mercados e categorias de produtos e serviços estão se movimentando para atender a classe C. Merecem destaque os segmentos de serviços financeiros, que estão oferecendo inclusão e crédito bancário, lojas de varejo de alimentos, bebidas, de eletroeletrônicos, celulares, computadores e moda. Quais os que ainda não atendem? Há segmentos que ainda podem desenvolver melhor, como é o caso do setor automotivo, embora muitos consumidores da classe C já estejam realizando

o sonho do primeiro carro. Mas há potencial de crescimento no segmento automotivo com a chegada de novas marcas e o acirramento da competitividade. Outro segmento que pode se desenvolver ainda mais é o segmento imobiliário, com a expansão crescente do crédito para a realização do sonho da casa própria. E no setor de serviços, as academias de ginástica voltadas para esse público, restaurantes populares, atividades de lazer mais em conta, enfim, serviços que venham a atender aos desejos dessa população. Esse público tem identidade própria ou é uma classe média baixa emergente e se comporta como tal? Sim, esse público tem identidade própria e a sua batalha diária é pela melhoria definitiva de vida. É consciente do seu papel e quer investir em educação, na melhor formação de seus filhos. É emergente, mas se divide em diversas faixas de renda, estilos de vida e comportamentos, mas todos querem marcas de prestígio. As marcas já entendem esse público? As marcas estão cada vez atendendo melhor esse público, lançando e adequando produtos e serviços aos hábitos de consumo dessa nova classe. O fato é que o Brasil atingiu um novo patamar com o empoderamento de sua população. É uma grande oportunidade para as empresas desenvolverem novas categorias de produtos e serviços, investirem em comunicação e construírem marcas que atendam aos desejos dessa nova classe C. Setembro de 2011

13


CASE DE SUCESSO Fotos: divulgação/Campo dos Sonhos

Aventura também para hóspedes com mobilidade reduzida

União de iniciativas faz de Socorro referência mundial em sustentabilidade e acessibilidade Criatividade do modelo atraiu interesse de delegações estrangeiras que atuam na organização da Copa 2014 e das Olimpíadas 2016

C

om o respeito à natureza e a execução de políticas de inclusão social, o município de Socorro, no interior paulista, tem se destacado como um destino modelo em sustentabilidade e turismo acessível no Brasil. Como resultado, no início do ano uma delegação de representantes da Copa 2014 e Olimpíadas 2016 fez questão de conhecer de perto os programas locais de acessibilidade aos meios de hospedagem, de restaurantes e atrativos turísticos que, em grande parte, contam com a participação ativa da Associação Comercial da cidade, por meio do Programa Empreender. “A associação tem feito um trabalho de conscientização do empresário, além de ajudá-lo a adequar-se às leis”, afirmou Michel Golo,

14

Empresa BRASIL

chefe da divisão de turismo da prefeitura de Socorro. A visão e cultura de sustentabilidade passam pela consciência do cidadão, pelas leis municipais de coleta seletiva, projetos de reaproveitamento de poda de árvores e restos orgânicos de feiras livres, elaboração da campanha consumo consciente de carnaval, e pela lei orgânica do município, entre outros. Além dessas ações, alguns hotéis praticam separação e reciclagem de todo o lixo produzido e tratamento de resíduos orgânicos e inorgânicos. Paralelamente, priorizam a contratação de mão de obra local e desenvolvem projetos de inclusão voltados para o turismo acessível, inclusive no que se refere ao turismo de aventura, que fizeram dos meios de hospedagem locais um modelo a ser seguido em todo o país.


Hotéis são exemplos Os hotéis Campo dos Sonhos e Portal do Sol são exemplos. Integrantes do Empreender, eles promovem ações voltadas para a sustentabilidade, além de desenvolverem equipamentos para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. “Desenvolvemos um trole com uma rampa acoplada, em que o deficiente com cadeira de rodas pode subir e descer em qualquer local sem a necessidade de rampa fixa”, explicou Jeferson Boaretto, gerente de marketing do Hotel Fazenda Campo dos Sonhos. O engenheiro aposentado, Cláudio Costa da Rocha, há mais de três anos hóspede frequente, tem o lugar como refúgio, mesmo a mais de 150 km de casa. “Viajo com frequência, mas lá é outro mundo. Quem é deficiente físico, curte a viagem com outro espírito. Lá, posso andar de charrete, de cadeira de rodas motorizada e fazer tirolesa voadora se quiser”, ressaltou Rocha. O estabelecimento, que obteve o reconhecimento pelo Guia Quadro Rodas Brasil como Hotel Sustentável do Ano 2011, é certificado pelo Sistema de Gestão de Segurança em Turismo de Aventura (ABNT NBR 15.331) e Acessibilidade em Edificações Hoteleiras (ABNT NBR 9050). O Campo dos Sonhos recebeu ainda Prêmio Superação Empresarial na categoria serviços de turismo pela qualidade de gestão. Também obteve a menção honrosa do Prêmio Sentidos pelo projeto de acessibilidade. “Todas essas ações auxiliaram a demonstrar o desenvolvimento de empresas na cidade como resultado empresarial e integração do poder público, iniciativa privada e associações. Um exemplo de sucesso também é a Associação Comercial e Empresarial de Socorro, que agrega vários núcleos pelo projeto Empreender”, ressaltou Boaretto.

Criança paraplégica passeia de cavalo

O engenheiro Cláudio da Rocha no hotel Campo dos Sonhos

A opinião é compartilhada por Paula Chehouan, diretora do Portal do Sol, outro meio de hospedagem referência no município. Lá também tudo foi cuidadosamente planejado para atender os portadores de necessidades especiais. Os chalés, por exemplo, foram construídos de modo que os portadores de deficiência possam se locomover com facilidade inclusive no restaurante.

Município tem 33 mil habitantes Socorro, distante 132 quilômetros da capital de São Paulo, está localizada junto à Serra da Mantiqueira. Com uma população estimada em 33 mil pessoas, limita-se ao norte com Águas de Lindoia e Monte Sião (MG), ao sul com Pinhalzinho, ao leste com Bueno Brandão (MG), e a

oeste com Monte Alegre do Sul e Serra Negra. Possui um clima quente (ameno seco) com temperaturas variando, no verão, de 25 a 34 graus C e no inverno de 1 a 15 graus. Suas principais atividades econômicas são o turismo, comércio e serviços e agricultura.

Setembro de 2011

15


LEGISLAÇÃO

O projeto foi aprovado pelo plenário em votação simbólica

Câmara amplia para até 90 dias aviso prévio de trabalhador Os senadores aprovaram a proposta em 1989, e depois de duas décadas a Câmara decidiu tirá-la da gaveta

O

projeto de lei do Senado que aumenta dos atuais 30 dias para até 90 dias o aviso prévio que o empregador deve conceder ao trabalhador no caso de demissão, aprovado no dia 20 deste mês pela Câmara dos Deputados, deverá aumentar os custos rescisórios, o que pode induzir à informalidade nas relações de trabalho, afirma, nesta entrevista, o advogado André Jobim.

Empresa Brasil: O que o projeto garante além daquilo que vinha sendo praticado? André Jobim: Garante a possibilidade de ampliação dos atuais 30 dias para 90 dias no aviso prévio. Assim, o trabalhador com 10 anos de firma ganhará mais 30 dias e com 20 anos mais 60 dias, que é o limite do acréscimo. Jobim: “Decisão pode induzir à informalidade”

16

Empresa BRASIL

Como fica o aviso prévio em caso de demissão voluntária? A regra vale apenas para rescisões sem justa causa.

Por que o tema chegou primeiro ao STF? Chegou primeiro ao STF por causa da inércia do Congresso. No caso concreto, o STF votou para decidir a proporcionalidade. Assim, o Congresso apressou-se em regulamentar, o que não fizera desde 6 de outubro de 1988. Entendo que, depois da sanção presidencial, o STF deverá valer-se da nova regra para os casos em exame. A nova lei terá efeito retroativo? Fala-se que não haverá retroatividade. No entanto, será difícil de não ocorrer, pois se alguém for despedido na vigência da lei, essa será a nova regra de pagamento do aviso prévio. Quais os pontos da nova lei que em sua opinião podem ser vetados pela presidente? Eventualmente, a bilateralidade da obrigação, o que significa que seja regra somente para os casos de iniciativa patronal de rescisão. De qualquer forma, a nova lei aumentará o custo rescisório e os já enormes custos trabalhistas. Isso pode induzir à informalidade nas relações de trabalho por mais esse acréscimo de gastos.


SETEMBRO/2011 – WWW.SEBRAE.COM.BR – 0800 570 0800

Parcerias beneficiam empresas de pequeno porte

O impacto do legado Pós-Copa

Por meio de convênios e programas de capacitação, micro e pequenas empresas têm a oportunidade de se inserir na cadeia de valor de grandes companhias, como Vale, Odebrecht, Camargo Corrêa e Gerdau

Sebrae encerra ciclo de encontros de negócios que percorreu as 12 cidades-sede; eventos apresentaram oportunidades para as empresas antes, durante e depois do mundial de futebol

Foto: Agencia Vale

INFORME DO SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS


/ / C r es cimento / /

CONVÊNIO COM GRANDES ORGANIZAÇÕES BENEFICIA MPE Parcerias com Fundação Vale, Odebrecht e Instituto Camargo Corrêa vão qualificar pequenos negócios

Foto Washington Júnior

C

Empresários de micro e pequenas empresas de vários setores serão envolvidos no projeto

2 EMPREENDER // SEBRAE

ontribuir com a economia, o desenvolvimento e o fortalecimento dos pequenos negócios em áreas influenciadas por grandes investimentos. Esse é um dos objetivos das parcerias entre o Sebrae e três grandes organizações – Fundação Vale, Odebrecht e Instituto Camargo Corrêa – que serão firmadas em novembro. Os investimentos vão somar cerca de R$ 18 milhões, entre 2012 e 2015. Sebrae e Fundação Vale trabalham na elaboração de um projeto com foco no empreendedorismo e na apropriação de oportunidades com geração de trabalho e renda. O projeto será implementado e validado inicialmente junto às micro e pequenas empresas, em caráter piloto nas regiões sudeste do Pará e de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, e no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Elas serão capacitadas para atender à demanda local e, posteriormente, se tornar potenciais fornecedoras da companhia de mineração. As ações vão abranger diversos setores, como os de vestuário, alimentação, hospedagem, pres-

tação de serviços, entre outros, ampliando a base de atendimento do Sebrae. Visando o desenvolvimento sustentável, ao Sebrae assinará um convênio também com o Instituto Camargo Corrêa e com a Odebrecht, que atua em mais de 15 setores, como mineração, energia e engenharia industrial. O Instituto Camargo Corrêa atuará em Rondônia, Goiás, Pernambuco, Sergipe, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Pará, e a Odebrecht no Rio de Janeiro e Bahia. “Vamos ampliar nossas parcerias estratégicas com foco no potencial de negócios para as micro e pequenas empresas e na sua melhor qualificação, de modo a atender à demanda local, promovendo sua inclusão produtiva e o desenvolvimento sustentado e sustentável da região”, diz o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos. Segundo ele, essas oportunidades vão conferir maior eficiência aos pequenos negócios por meio da inovação e, com isso, elevar sua capacidade competitiva, bem como impulsionar o desenvolvimento econômico regional.


/ / P a r c eria / /

SEBRAE E GERDAU COMEÇAM PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO O objetivo da parceria é preparar os fornecedores de pequeno porte Foto Pablo de Sousa

O

Sebrae e a Gerdau promovem em Brasília, no início de outubro, o primeiro workshop de gestores do programa nacional de capacitação de micro e pequenas empresas fornecedoras de bens e serviços nos estados do Ceará, Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. No início do mês, diretores do Sebrae e da Gerdau assinaram um comunicado conjunto para desenvolver a iniciativa. O Programa de Capacitação de Fornecedores Sebrae/Gerdau tem por base a parceria de sucesso realizada nessa área, desenvolvida desde 2006, no Rio Grande do Sul. Desde setembro, a ação está sendo expandida para outros estados. O objetivo é atender 360 empresas com capacitações nas áreas de gestão, inovação e implementação de indicadores de medição de resultados. As metas são: aumentar em 5% o volume de vendas brutas das empresas participantes do projeto até dezembro de 2012; subir em 5% o número de empregos gerados nessas empresas até dezembro de 2012 e mais 5% até dezembro de 2013. Também estão entre os objetivos alcançar 85% de pontualidade nos prazos de entrega de produtos e serviços até dezembro de 2012 e em 90% até dezembro de 2013.

Dirigentes do Sebrae e da Gerdau, parceiros no Programa de Capacitação de Fornecedores

“Nessa parceria, ganha a Gerdau, com a melhoria da qualidade dos seus fornecedores, e ganha o Sebrae, que fortalece um conjunto de empresas que aumentam a possibilidade de fornecer para uma empresa desse porte, ampliam suas vendas e a geração de emprego”, disse o presidente do Sebrae, Luiz Barretto. Ele destacou a importância dessa capacitação para os micro e pequenos negócios, especialmente quanto à melhoria de gestão e à medição de resultados. “Não existe uma economia das grandes empresas separada das pequenas empresas. Existe um único tecido econômico e a competitividade é cada vez mais a competitividade de setores, de cadeia de

valores, de cadeias produtivas, de regiões e do país”, completou o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos. Ele apresentou o trabalho do Sebrae, especialmente os voltados para ampliar a competitividade das micro e pequenas empresas, e ressaltou importância do encadeamento produtivo nesse processo. De acordo com o diretor de suprimentos da Gerdau, Fladimir Gauto, o trabalho desenvolvido junto aos micro e pequenos negócios está alinhado à missão da empresa e agrega valor a toda a sua cadeia de suprimentos. Ele destacou a importância dessa rede para a excelência e a competitividade dos negócios e a necessidade do foco nas micro e pequenas empresas.

Setembro de 2011

3


/ / S eb r ae 2 01 4/ /

LEGADO PÓS-COPA CONTRIBUIRÁ PARA O DESENVOLVIMENTO

Foto Agencia Brasilia

Durante apresentação sobre oportunidades de negócios para a Copa 2014, em encontros realizados nas 12 cidades-sede, Sebrae ressalta compromisso com as MPE

Foto Mery Leal

O setor de construção civil foi um dos nove pesquisados pelo mapeamento, feito por encomenda do Sebrae

4 EMPREENDER // SEBRAE

O

pontapé inicial para que as micro e pequenas empresas (MPE) do estado de São Paulo possam aproveitar as oportunidades de negócios que serão geradas pela Copa do Mundo Fifa 2014 foi dado no dia 12 de setembro, no Museu do Futebol, na zona oeste de São Paulo. O Mapa de Oportunidades de Negócios para Micro e Pequenas Empresas nas Cidades-Sede foi apresentado para 350 empresários interessados em conhecer o universo que envolve a competição. Cerca de 6,8 mil empresários já participaram dos seminários, promovidos pelo Sebrae em todo o Brasil. Segundo o presidente do Sebrae, Luiz Barretto, os seminários fazem parte de um conjunto de ações que deverá deixar um legado importante para o desenvolvimento das micro e pequenas empresas, principalmente depois da Copa. Em todo o país, o Sebrae está mobilizado para oferecer cursos e capacitação que ajudem no desenvolvimento da inovação e da gestão empresarial das MPE antes, durante e depois do evento. O presidente do Sebrae

lembra ainda que “esta é a chance que temos para aumentar a competitividade das micro e pequenas empresas brasileiras, gerando como legado um ambiente sustentável de bons negócios”. O estudo divulgado aponta 456 oportunidades de negócios para as MPE que deverão surgir em ecorrência da Copa do Mundo de 2014 (antes, durante e após os jogos do Mundial) no estado de São Paulo. O setor de comércio concentra 51% delas, seguido pelo de serviços (30%) e indústria (19%). Além de Barretto, participaram do lançamento do Mapa de Oportunidades o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o vice-governador do Estado, Guilherme Afiif Domingos, o diretor-superintendente do Sebrae em São Paulo, Bruno Caetano, o presidente do Conselho do Sebrae em São Paulo, Alencar Burti, e o diretor administrativo do Corinthians, André Luiz de Oliveira. Eventos como este já percorreram as outras 11 cidades-sede da Copa de 2014: Rio de Janeiro, Brasília, Cuiabá, Natal, Recife, Belo Horizonte, Fortaleza, Curitiba, Salvador, Manaus e Porto Alegre. E


/ / C o o p era çã o / /

SEBRAE E MDS SE UNEM NO COMBATE À MISÉRIA Público da parceria é formado pelos empreendedores individuais beneficiários do programa Bolsa Família, do governo federal Foto: Bernardo Rebello

B

uscar os empreendedores que já atuam ou têm potencial para isso e disponibilizar conhecimento. Esse é um dos princípios da participação do Sebrae no Plano Brasil sem Miséria. Esse compromisso foi firmado com a assinatura do acordo de cooperação técnica entre a instituição e o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) em setembro, em Brasília, na abertura do seminário “Brasil sem Miséria: como o empreendedorismo e os pequenos negócios podem ajudar”. O evento, promovido pelo Sebrae e o MDS, discutiu a inclusão do empreendedorismo no programa do governo federal. Assinaram o documento o presidente do Sebrae, Luiz Barretto, o diretor-técnico da instituição, Carlos Alberto dos Santos, a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Barreto Campello, e a secretária extraordinária de Superação da Extrema Pobreza, Ana Fonseca. Como testemunha assinou a secretária de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda, Arlete Sampaio. Ao se referir ao atual momento que vive o país, Luiz Barretto afirmou que o cenário dá confiança, mas, ao mesmo tempo, não pode gerar acomodação. “São 16 milhões de pessoas que ainda vivem em estado de miséria no país”, assinalou. Para

Termo de cooperação técnica entre Sebrae e MDS foi assinado durante o seminário Brasil sem Miséria

ele, boa parte dessa população pode ter no empreendedorismo oportunidade de inserção na economia. Barretto lembrou que cerca de 102 mil pessoas que hoje recebem o Bolsa-Família também são EI. “Essas pessoas passaram pelo processo de formalização de seu negócio, ganharam direito à cobertura da Previdência Social e acesso a crédito. Agora o Sebrae irá ajudar esse empresário a ter sustentabilidade nos negócios”, destacou. //Novos empreendedores Outro desafio, segundo o presidente do Sebrae, é buscar novos empreendedores nas localidades com menor índice de de-

senvolvimento. Para isso, a instituição está ampliando sua atuação no programa Territórios da Cidadania, desenvolvido em parceria com o governo. Até 2013, o Sebrae vai investir R$ 180 milhões para atender as 120 localidades que fazem parte da iniciativa. “Vamos identificar pessoas com potencial empreendedor, avaliar quais atividades têm mais chance em cada lugar e orientar a criação de novos negócios”, informou Barretto. A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Barreto Campello, lembrou que desde o primeiro momento o Sebrae tem apoiado o Plano Brasil sem Miséria. E

Setembro de 2011

5


/ / C a p a c ita çã o / /

SEBRAE LANÇA CURSOS ONLINE GRATUITOS PARA VAREJISTAS Previsão é de que 13,2 mil pessoas participem do projeto Varejo Fácil, destinado à melhoria da gestão de micro e pequenas empresas Foto Rubens José

O

Sebrae lançou em setembro o Varejo Fácil, pacote educativo de capacitação a distância voltado para atender às necessidades do comércio varejista de pequeno porte. Ao todo, serão disponibilizados seis cursos online – pelo site www.sebrae.com.br – com conhecimento direcionado para a gestão dos negócios. Cada módulo terá cinco turmas, cada uma com duração de 30 dias, e serão oferecidas 200 vagas por turma. As inscrições são gratuitas e a previsão é de que até o final deste ano 13,2 mil empreendedores individuais, sócios de micro e pequenas empresas e futuros empresários participem dessa formação. De acordo com o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, o objetivo da instituição ao criar o projeto Varejo Fácil é disponibilizar conhecimento suficientemente útil para gerar um diferencial competitivo às microempresas e empreendedores, além de aperfeiçoar a gestão e, consequentemente, ampliar o faturamento e a renda. “Os pequenos negócios do varejo são fortes agentes distribuidores de produtos no comércio de vizinhança. Como o mercado é globalizado e o consumidor, cada vez mais exigente e bem informado, o desafio é atender bem para que o cliente retorne à loja outras vezes, construindo assim uma relação fidelizada com a empresa”, enfatizou Carlos Alberto.

O curso é direcionado aos empreendedores e empresários que precisam ampliar conhecimentos em gestão para melhorar os negócios

Atendimento ao Cliente, Técnica de Vendas, Gestão de Pessoas, Visual de Loja, Controles Financeiros e Formação de Preços e Vendas são as linhas temáticas de cada módulo. Elas foram definidas pelo Sebrae a partir da percepção das demandas mais recorrentes entre os varejistas. Uma iniciativa anterior que envolvia um modelo presencial de aulas, em parceria com a Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (ABAD), permitiu que o Sebrae pudesse coletar junto ao público-alvo as carências práticas e técnicas e elaborar o novo material.

presença do varejo naquele estado. Na ocasião, foram oferecidos cinco módulos, online e presencial. O Varejo Fácil aplicado em Santa Catarina contou com a inscrição de mais de 23 mil pessoas, sendo que 84% dos participantes foram de outros estados e do Distrito Federal. Em todo o país, o setor de comércio tem grande predominância de pequenos negócios. Em caráter experimental, o Sebrae abriu vagas no início de agosto para uma turma de cada um dos seis módulos, em nível nacional. Após a conclusão do módulo, o participante é avaliado e recebe uma certificação. E

//Experiência bem-sucedida O Sebrae em Santa Catarina implementou o projeto-piloto em 2010, devido à forte

Serviço: Textos: Agência Sebrae de Notícias Mais informações: www.agenciasebrae.com.br

Empreender Informe do Sebrae. Presidente do Conselho Deliberativo Nacional: Roberto Simões. Diretor-Presidente: 6 EMPREENDER // SEBRAE

Luiz Barretto. Diretor-Técnico: Carlos Alberto dos Santos. Diretor de Administração e Finanças: José Claudio dos Santos. Gerente de Marketing e Comunicação: Cândida Bittencourt. Edição: Ana Canêdo, Antônio Viegas. Endereço: SGAS 605, Conjunto A, Asa Sul, Brasília/DF, CEP: 70.200-645 - Fone: (61) 3348-7570 - Para falar com o Sebrae: 0800 570 0800 Na internet: sebrae.com.br // twitter.com/sebrae // facebook.com/sebrae // youtube.com/tvsebrae


bb.com.br/mpe

Garanta agora a sua tranquilidade e a de seus funcionários. Com o BB Giro Décimo Terceiro Salário, você financia o 13º salário de seus funcionários com as melhores taxas do mercado, tem crédito na hora e começa a pagar apenas em 2012.

Crédito sujeito à aprovação e demais condições dos produtos.

Banco do Brasil. Um banco diferente que liga tudo isso.

Central de Atendimento BB 4004 0001 ou 0800 729 0001 – SAC 0800 729 0722 Ouvidoria BB 0800 729 5678 ± 'H¿ FLHQWH $XGLWLYR RX GH )DOD 0800 729 0088


TRABALHO

Visitas técnicas representam um avanço nas inspeções de trabalho

Maioria das empresas desconhece os benefícios da ergonomia Apesar da rigidez da legislação, doenças relacionadas com o ambiente de trabalho têm números preocupantes no país

D

Simone Vicente: “Realidade mostra verdadeira epidemia de trabalhadores inválidos”

18

Empresa BRASIL

ados da Previdência Social mostram que cada vez mais trabalhadores se afastam temporariamente de suas empresas para o tratamento de lesões provocadas direta ou indiretamente por suas atividades laborais. Depois de retornarem várias vezes às clínicas de fisioterapia é que eles se conscientizam sobre as causas reais dessas doenças e passam a tratá-las com a ergonomia, prática que torna o ambiente de trabalho seguro e confortável. “A cada ano que passa, as pessoas agravam as suas lesões por absoluta falta de informação e orientação de suas empresas”, relata a consultora em ergonomia Simone Vicente, que abandonou uma carreira de 11 anos como fisioterapeuta para ajudar na prevenção dessas anomalias. “É difícil ver uma pessoa de 30 anos aposentar-se por invalidez, ou com várias cirurgias em

punhos, ombros, na cervical ou na lombar. Contudo, isso é uma realidade nas clínicas de reabilitação, o que me fez optar por uma alternativa capaz de reduzir essa verdadeira epidemia de trabalhadores inválidos”, afirma. Segundo dados do INSS, em 2009 foram registrados 723,5 mil acidentes do trabalho. Entre esses registros contabilizaram-se 17.693 doenças relacionadas ao ambiente de trabalho, e parte desses acidentes e doenças tiveram como consequência o afastamento das atividades de 623.026 trabalhadores devido à incapacidade temporária –302.648 até 15 dias e 320.378 com tempo de afastamento superior a 15 dias –, 13.047 trabalhadores por incapacidade permanente e 2.496 óbitos. A Previdência ainda comenta que em 2009 ocorreu um óbito a cada 3,5 horas, motivado pelo risco decorrente dos fatores ambientais do trabalho, e ainda cerca de 83 acidentes e doenças do trabalho reconhecidos a cada


uma hora na jornada diária. Em 2009 observou-se uma média de 43 trabalhadores/dia que não mais retornaram ao trabalho devido a invalidez ou morte. O que mais assusta nessas informaçoes da Previdência, segundo Simone, são os valores exorbitantes necessários para pagamento exclusivo dos benefícios devido a acidentes e doenças do trabalho somado ao de aposentadorias especiais decorrentes das condições ambientais do trabalho, que em 2009 atingiu um total de R$ 14,2 bilhões. “Se adicionarmos o custo operacional do INSS, mais as despesas na área da saúde e afins, esse total atinge a marca inacreditável de R$ 56,8 bilhões, segundo dados do Anuário Estatístico da Previdência Social (AEPS 2009)”, assinala a consultora. Apesar desse quadro, tanto o Ministério do Trabalho como a Previdência adotam uma legislação rígida que obriga as empresas a proporcionarem um ambiente de trabalho adequado. Além disso, de acordo com Douglas Carvalho, especialista em ergonomia pela COPPE/UFRJ e membro da diretoria da Associação Brasileira de Ergonomia (Abergo), o INSS tem promovido ações regressivas contra as empresas responsáveis por acidentes e doenças de trabalho, obrigando-as a ressarcir aquilo que já foi pago ao segurado e aquilo que será pago a ele e a seus beneficiários. “O fato é que na maioria das empresas não existe o que definimos como gestão em ergonomia”, observa. As empresas com sistemas de gestão em ergonomia, segundo Carvalho, costumam obter resultados muito positivos, inclusive do ponto de vista do custo/ benefício. “Esse tipo de intervenção pode auxiliar a empresa desde a fase de projeto dos processos de trabalho, identificando previamente possíveis riscos, gargalos e até mesmo a quantidade adequada de funcionários para cada função”, destaca. “A ergonomia, quando aplicada na fase de projeto, chega a ter um custo de nove a 10 vezes menor comparado ao de sua adoção com o trabalho em andamento. Se considerarmos o passivo trabalhista, as possíveis multas e os perdas de produtividade gerados pela ausência dessas práticas, os benefícios são incontestáveis”, acrescenta. Entre esses, cita a prevenção de acidentes do trabalho, de doenças ocupacionais, melhoria das condições de trabalho, integridade física e psicológica do trabalhador, melhor integração, aumento de produtividade e redução de custos.

Douglas Carvalho: “Custo/benefício da gestão em ergonomia é altamente compensador”

O que é ergonomia Também conhecida como engenharia de fatores humanos, a ergonomia atua no planejamento, projeto, avaliação e adequação de tarefas, postos de trabalho, equipamentos, ambientes, sistemas (softwares) e na própria organização do trabalho, tornando-os compatíveis com as necessidades, habilidades e limitações das pessoas. Para isso estuda a interação entre os fatores: técnicos: tipo de tecnologia, ferramentas, máquinas, equipamentos, softwares, manutenção; humanos: características e limitações físicas e cognitivas (mentais), perfil da população de trabalhadores, capacitação, experiência na função, critérios para contratação, aspectos sociais; organizacionais: organização do trabalho, políticas da empresa, características da produção, layout, metas, exigências das tarefas, condições de execução, normas e procedimentos; e ambientais: iluminação, ruído, temperatura. Por meio da compreensão dessa interação é possível identificar ações, geralmente simples, para reduzir substancialmente os impactos negativos do trabalho, tais como: problemas de saúde, acidentes, fadiga excessiva, absenteísmo e rotatividade, além de aumentar a produtividade, confiabilidade e qualidade de produtos, processos ou serviços.

Setembro de 2011

19


RECURSOS HUMANOS

Trainees, escalada para o sucesso profissional Programas de treinamento de jovens são cada vez mais utilizados pelas empresas para a formação de líderes

A

Adriana: “Nem toda empresa possui cultura para a introdução desse tipo de formação”

20

Empresa BRASIL

transição profissional do estágio à efetivação representa um grande passo na carreira da maioria das pessoas, pois acarreta um somatório de competências e responsabilidades que antes eram menos rigorosas. Não por acaso, muitos dos recém-formados têm dificuldades de conseguir o primeiro emprego. Para isso existem os programas de Trainee, que são uma alternativa de minimizar os entraves da iniciação profissional. O nome, que é um estrangeirismo, vem da palavra “training” (em inglês), que se refere a treinamento, e embora tenha surgido nos Estados Unidos entre 1950 e 1960, o modelo só ganhou força no Brasil nos anos 90. Os trainees, ou treinados, são jovens com até dois anos de formados em um curso de graduação e que buscam seguir carreira executiva em uma grande empresa. Com duração de um a três anos, o trainee recebe acompanhamento de um tutor, participa de cursos voltados à gestão de sua carreira, conhecimento de processos de uma ou mais

áreas da empresa e à gerência de pessoas. Diferentemente do estágio, ao final do programa o funcionário continua na empresa, mas com cargo mais alto e, consequentemente, uma maior remuneração. O sistema funciona tão bem que as seleções são mais concorridas a cada ano. Apesar do sucesso, a diretora de Eventos Científicos da Associação Brasileira de Recursos Humanos, Adriana Martello, alerta que é preciso um preparo cuidadoso por parte das empresas interessadas. “Já acompanhei diversas implantações de programas de trainees e pude evidenciar que não é toda empresa que tem cultura para absorver esse tipo de programa”, conta. Para ela, o Programa é uma excelente oportunidade que, quando bem estruturada, impulsiona e acelera o desenvolvimento da carreira e da empresa. Segundo Adriana, estudos revelam que pessoas que passam pelo Trainee levam em torno de cinco anos para atingir posição gerencial. “O principal benefício é o desenvolvimento que propicia do ponto de vista de competências comportamentais e voltadas ao negócio.”


Grupo Gerdau busca empreendedores O Programa Futuro Gerdau Trainees foi criado em 2004 para atender à necessidade de profissionais qualificados e reforçar a filosofia da Gerdau, de acreditar no potencial do capital humano. “Acreditamos que pessoas são o nosso maior diferencial e investimos continuamente na capacitação de nossos colaboradores. O Trainee é uma forma de buscarmos e capacitarmos profissionais de alta performance para crescerem junto conosco”, destaca o diretor-presidente (CEO) da Gerdau, André Bier Gerdau Johannpeter. A cada ano são oferecidas cerca de cem vagas para diversos estados, como Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. A empresa também oferece oportunidades profissionais diferenciadas, já que é uma das maiores produtoras de aço do mundo, estando presente em 14 países. “Somos uma empresa dinâmica, que se adapta a diferentes mercados, realidades, culturas e que oferece aos seus profissionais condições de crescer e ampliar sua visão de mundo”, ressalta Johannpeter.

Com duração de dois anos e mais de mil participantes, “o programa se caracteriza por uma formação que equilibra ações formais de capacitação, gestão de negócio, experiências on the job e projetos de aplicação prática nas áreas de interesse do Trainee”, detalha a Diretora de Desenvolvimento de Pessoas, Denise Casagrande da Rocha. Segundo ela, a taxa de retenção do Trainee Gerdau é de aproximadamente 80% após o fim do programa. ”A Gerdau busca pessoas jovens, empreendedoras e que tenham interesse em crescer com comprometimento e a qualidade em todas as ações”, complementa. Os candidatos interessados devem ter nível intermediário na fluência da língua inglesa e/ou espanhola e conhecimentos de informática. Além disso, devem ter disponibilidade para mudança de cidade. A seleção é feita em etapas eliminatórias, que incluem teste online de inglês e raciocínio lógico, laboratório de competências, painel de negócios, entrevistas individuais com gestores e exame de proficiência em língua estrangeira.

André Gerdau: “Empresa oferece condições de crescimento e visão de mundo”

Itaú-Unibanco foca no potencial de liderança A chamada é a seguinte: “Se você é um jovem talento com alto potencial e motivação para enfrentar desafios, conheça o Programa Trainee Itaú Unibanco”. Este não é apenas o perfil do profissional que o banco busca, mas é o tipo de carreira que ele oferece desde 1989, quando o Programa foi implantado. O Trainee, que tem duração de 12 meses, abrange profissionais das áreas de administração de empresas, economia, ciências contábeis, direito, engenharia, matemática e estatística, entre outros. “Estamos constantemente em busca de novos talentos, alinhados com nossos valores, com muito brilho nos olhos, energia, capacidade

de realização, espírito empreendedor e potencial para liderança de projetos e pessoas”, afirma Marcelo Orticelli, diretor da Área de Pessoas do Itaú Unibanco. “Após o primeiro ano, esses jovens terão acompanhamento de carreira com líderes da organização e, aos que tiveram atuação de destaque, serão oferecidos curso internacional e um programa de Coaching”, acrescentou. As vantagens são várias: salário superior às práticas do mercado, participação nos lucros, assistência médica e odontológica, mas a seleção não é moleza. O concorrente precisa passar por uma triagem de currículos, por testes online, dinâ-

mica de grupo, entrevista individual e ainda por um painel com diretores e vice-presidentes da empresa. Além disso, o selecionado precisa ter disponibilidade para morar em São Paulo, já que as vagas são para trabalhar nos polos administrativos do banco na capital. Segundo Marcelo Orticelli, “mais de mil pessoas participaram do programa e, considerando os últimos dois anos, 94% permanecem na organização”. As seleções são feitas sempre no segundo semestre do ano anterior. Para 2011, foram mais de 43 mil inscritos, que preencheram 104 vagas. A próxima edição do programa tem início em janeiro de 2012.

Programa do banco é um dos mais antigos do país

Setembro Agosto de 2011 21


FEDERAÇÕES

Capacitação profissional de empresas locais é uma das marcas da entidade

Os quatro pilares de Sérgio Freire Convênios com a CACB, Banco do Brasil e o Sebrae são propulsores de programas como o Empreender e de formação gerencial para executivos

P

residente da Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Norte (Facern), cujo mandato se encerra em julho de 2012, o empresário Sérgio Freire cita quatro pilares que pretende fortalecer com o objetivo de expandir a atuação da entidade. O primeiro deles é a valorização histórica do Bairro Ribeira, berço da cidade de Natal e o local onde foi construída a sede própria da Associação Comercial de Rio Grande do Norte, em prédio inaugurado em 1944. Antigamente chamado Palácio do Comércio, hoje é conhecido como a Casa do Empresário. Em parceria com entidades e o setor público, a Facern deverá instalar um memorial com acervo da história do comércio e da indústria potiguar. Como desdobramentos dessa ideia, o edifício histórico deverá abrir espaços para um balcão de negócios, encontros,

22

Empresa BRASIL

palestras empresariais e atividades culturais. O segundo será voltado para a qualificação profissional e maior capacitação das empresas locais. Para tanto, serão mantidos convênios com a CACB, o Banco do Brasil e o Sebrae, propulsores do programa Empreender. “A formação gerencial para executivos também é uma de nossas metas”, diz Freire. Denominado inovação, o terceiro pilar tratará da exploração de novas ideias com sucesso, o que, para as empresas, significa crescimento, acesso a novos mercados e ampliação das margens de lucro. A expansão e a criação de novos produtos representam o quarto e último pilar programado por Freire. “A expansão do número de associados nos dará maior visibilidade, e o lançamento de novos produtos, um maior poder de atração e fidelização de nosso associado”, prevê.


“O que interessa é a geração de empregos” Leia, a seguir, a entrevista do presidente da Facern a Empresa Brasil: Empresa Brasil: Quais os principais desafios de sua gestão? Sérgio Freire: Estamos na segunda gestão à frente da Facern e vemos como grande desafio o trabalho em prol do associativismo. Esse modelo ajuda as micro e pequenas empresas a se desenvolverem com maior facilidade e pensar em um futuro com crescimento. Quais as prioridades? Priorizamos o projeto Empreender, em parceria com o Sebrae RN e Sebrae Nacional, a Certificação Digital, além de projetos de capacitação que realizamos através de palestras gerenciais semanais e cursos. Abraçamos também o projeto chamado Ribeira Competitiva, que tem como finalidade resgatar o crescimento do Bairro da Ribeira, onde fica a nossa sede e por se tratar de um bairro histórico em nossa cidade. Qual deve ser a agenda empresarial? Sem dúvida alguma, o desenvolvimento sustentável voltado para a geração de empregos. Além disso, é importante que o setor produtivo participe das decisões nacionais, com o objetivo de se criar um ambiente favorável ao desenvolvimento do nosso país. Como vê a questão fiscal do governo federal? O governo gasta muito e mal. Além de cobrar altos impostos sem oferecer os serviços que são da sua responsabilidade. Devemos usar a nossa força política para mostrar à sociedade e à classe política o que poderia ser feito com tanto imposto. E a reforma tributária? Particularmente não acredito que o governo consiga avançar nessa matéria.

prestação de serviços aos nossos associados. Projetos como a Certificação Digital, Empreender, CBMAE, dentre outros, são instrumentos que temos que trabalhar, para garantir a nossa sustentabilidade.

Freire: “Devemos mostrar o que poderia ser feito com tanto imposto” O que deveria ser feito é um aumento significativo na base da pirâmide dos contribuintes, com impostos menores e incentivos às micro e pequenas empresas, segmento em que são gerados os empregos de que precisamos. E a reforma política? O governo deve à sociedade, há muito tempo, essas reformas, mas sinto que quando as pessoas assumem o poder tornam-se reféns de um contingente de políticos, precisando agradar a todos. Aí fica difícil corrigir o rumo. Quais projetos direcionados a sustentabilidade e responsabilidade social o senhor pretende desenvolver em sua gestão? O nosso sistema confederativo não participa de recursos federais oriundos de contribuições como, por exemplo, o Sistema S. Se esse modelo nos dá uma independência política, também nos obriga a procurarmos nos fortalecer por meio da

Quais são os principais entraves para o crescimento de seu estado? Mais de 70%, em média, das receitas dos estados são comprometidas com o custeio. Por isso, os investimentos em saúde, segurança, educação e infraestrutura ficam relegados ao segundo plano. Nesse quadro, o papel das nossas federações é defender o setor produtivo, apresentar ideias e projetos aos nossos representantes nas esferas políticas e cobrar condições de desenvolvimento para os empreendedores. Qual a expectativa da entidade em relação à ampliação do Super Simples? Acredito que esse assunto foi assimilado muito bem pelo Congresso e pela presidente Dilma. Não sinto que teremos dificuldade em ver sancionados os benefícios propostos pela ampliação do Super Simples. Outros comentários? É preciso dizer que a nossa Confederação teve, na atual gestão, um crescimento fantástico quanto aos serviços oferecidos, às novas parcerias realizadas e na valorização do sistema confederativo como um todo. Estamos presentes em todos os 27 estados da Federação através das federações estaduais, além de termos mais de 2 mil associações comerciais espalhadas pelo Brasil. Trata-se de uma grande força em prol do setor produtivo do nosso país. Setembro de 2011

23


DESTAQUE CACB

Fotos Danielle Pessanha

Painel da ACSP pouco antes do meio-dia em 13 de setembro

Impostômetro de São Paulo atinge a marca de R$ 1 trilhão Este é o quarto ano consecutivo em que o Impostômetro atinge R$ 1 trilhão; a primeira vez foi em 2008. A cada ano o montante chega mais cedo

N

o dia 13 deste mês, por volta do meio-dia, o impostômetro, uma espécie de relógio que conta quanto de imposto está sendo arrecadado no momento, alcançou a marca de R$ 1 trilhão de reais, pagos desde o início de 2011, nas três esferas de governo – municipal, estadual e federal. Este é o quarto ano consecutivo em que o Impostômetro atinge R$ 1 trilhão. A primeira vez foi em 2008. A cada ano, no entanto, o montante chega mais cedo. Em 2010, por exemplo, foi marcado no dia 18 de outubro – 35 dias depois do que neste ano. Em 2009, em 6 de dezembro. E em 2008, no dia 13 de dezembro. “A arrecadação está crescendo mais que o país”, comentou Rogério Amato, presidente da Federação das Associações Comerciais e da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). O excesso de impostos, conforme o dirigente, prejudica não somente os setores produtivos do país, com a perda de competitividade, mas também o cidadão comum, que perde poder de compra. Inaugurado em 20 de abril de 2005, o Impostômetro foi desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) em parceria com a ACSP, onde está instalado.

24

Empresa BRASIL

Amato: “A arrecadação está crescendo mais do que o país”


Pela internet, qualquer cidadão pode acompanhar o total de impostos pagos pelos brasileiros aos governos federal, estadual e municipal. Também é possível consultar por estados, municípios e capitais. O sistema informa ainda o total de impostos pagos desde janeiro do ano 2000 e faz estimativas de quanto será pago até a data indicada pelo usuário. “R$ 1 trilhão é muito.” É com esse mote que o movimento Hora de Agir quer incentivar os brasileiros a protestarem contra o aumento progressivo da carga tributária. Como parte da ação, o movimento criou o hotsite, onde os internautas poderão expressar sua opinião sobre o assunto. A campanha também inclui ação nas redes sociais e peças de marketing direto. O movimento Hora de Agir é uma iniciativa das Associações Comerciais do Estado de São Paulo e surgiu num momento oportuno e alarmante: a virada do Impostômetro para 1 trilhão de reais no dia 13 de setembro, informou Rogério Amato. Pelo site, é possível gravar um vídeo de protesto, deixar uma mensagem com sua opinião e enviar um recado para os deputados votarem a favor do Projeto de Lei 1.472/07, que determina que as notas fiscais informem o consumidor sobre o percentual de imposto embutido em cada produto. “Queremos despertar a consciência de que todos

Efeito em cascata é perverso, diz IBPT Para o presidente do IBPT, João Eloi Olenike, a arrecadação de impostos aumentou este ano por causa do aquecimento da economia, dos programas de Refis e pela evolução da fiscalização eletrônica, motivos tidos como benéficos para o país. Mas há um fator “perverso” no aumento da arrecadação de impostos – o efeito em cascata. “O Brasil tributa as várias fases da produção de uma mercadoria e aqui o consumo tem muitos impostos. Tudo isso é repassado no preço dos produtos. A solução seria direcionar o imposto efetivamente para quem está lucrando mais”, opina.

são pagadores de impostos e, por isso, têm o direito de exigir do Estado a contrapartida em serviços públicos de qualidade”, afirmou. Para dar voz ao cidadão, a associação inaugurou um espaço online (www.horadeagir.com.br) no qual os internautas podem deixar os seus comentários e críticas sobre a quantidade de impostos cobrados.

Progressão dos impostos é acompanhada nos monitores da ACSP

Recorde atrás de recorde ■

Até agora, o recorde de arrecadação é o do ano passado, quando os cofres públicos abocanharam R$ 1,27 trilhão. Os brasileiros devem pagar mais de R$ 1,4 trilhão em tributos neste ano e bater esse recorde. ■ O Brasil tem 63 tributos diferentes. ■ No ano passado, os tributos que mais contribuíram para o recorde foram: ICMS (R$ 40,72 bi), INSS (R$ 32,87 bi), Cofins (R$ 21,80 bi) e Imposto de Renda (R$ 16,60 bi). ■ Quanto paga cada um: No ano passado, cada brasileiro pagou aproximadamente R$ 6.722,38, representando um aumento aproximado de R$ 998,96 em relação a 2009. Fonte: IBPT

Setembro de 2011

25


CBMAE

Arbitrar é simples, mas é preciso tomar algumas precauções e cuidados

A importância da função do árbitro na resolução de litígios Para exercer a arbitragem, além de seus atos, a pessoa do árbitro precisa estar ciente de que existem certas implicações civis e criminais

S

egundo a lei que regulamenta a arbitragem no Brasil, qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das partes pode ser árbitro. Assim, parece que arbitrar uma questão é algo simples. Porém, muitos esquecem que ao exercer essa função é preciso tomar algumas precauções e cuidados. O Conselho Nacional das Instituições de Mediação e Arbitragem (Conima) criou um código de ética que deve ser aplicado à conduta de todos os árbitros, quer nomeados por órgãos institucionais ou partícipes de procedimentos “ad hoc”. A CBMAE o utiliza como base para o seu próprio código.

26

Empresa BRASIL

No entanto, não é somente o código de ética que o árbitro deve ter em mente ao exercer sua função, existem implicações civis e criminais dos seus atos. Para entender melhor essas responsabilidades é preciso entender o que faz o árbitro. O magistrado Aureliano Albuquerque, em seu livro Arbitragem e o Poder Judiciário, afirma que o árbitro é a pessoa encarregada de solucionar um conflito de interesses. Ao assumir essa posição, a pessoa é equiparada a um juiz togado e a sentença proferida é um título executivo. Por isso, ao optar por exercer essa função, é preciso ter em mente que existem imputações, que podem ser


civis e até criminais. A responsabilidade diz que quem pratica a ação que causa danos a alguém precisa pagar. O juiz auxiliar da presidência do Tribunal de Justiça de Goiás, Albuquerque, conversou com o sistema CBMAE no mais recente Congresso da CACB, realizado em agosto na cidade de Salvador. “Ao exercer a função arbitral é preciso estar ciente da dimensão, da responsabilidade e do peso dessa função”, alertou. Os participantes prestaram muita atenção na palestra, que acabou sendo uma aula sobre os efeitos da prática da arbitragem. É importante entender que a responsabilidade do árbitro deriva do contrato firmado com as partes para conduzir aquele conflito. Por se tratar de um contrato, aquele que será árbitro tem a prerrogativa de não aceitar aquela função, mas ao aceitar deve entender que começa ali sua relação com a arbitragem e a partir daí pode ser alvo de reclamações.

Aureliano Albuquerque: “Árbitro é equiparado a um juiz togado”

A responsabilidade civil A lei de arbitragem não expressa em seu texto o tipo de sanção que a pessoa que se dispõe a ser árbitro pode sofrer. Porém, isso não significa que ela não traz elementos que podem ser relacionados em caso de erros. O artigo 14 da lei diz que serão aplicados os mesmos direitos e deveres dos juízes no que prevê o Código de Processo Civil. Esse artigo também fala de alguns impedimentos para exercer a função, como, por exemplo, ter algum tipo de relacionamento com alguma das partes. O árbitro pode ainda responder por ter cometido atos ilícitos perante a instituição arbitral à qual ele estava ligado no momento do procedimento, ele pode ter que indenizá-la por danos à imagem e credibilidade da instituição.

Instituições arbitrais As instituições também possuem responsabilidades e podem ser condenadas a indenizar consumidores que são lesados por alguma indução ao erro. Algumas instituições usam brasões e nome que confundem as partes e acabam por acreditar que estão diante de um processo judicial. Em recente decisão, em julho de 2011, da 4ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, alguns órgãos que se intitulavam tribunais de justiça de arbitragem perderam a apelação. A Turma entendeu que “A atuação do Tribunal Arbitral se sujeita aos limites legalmente estabelecidos, não podendo as chamadas Cortes Arbitrais atuarem ao largo do permissivo legal, induzindo os consumidores a erro ao agirem como se fossem órgãos do Poder Judiciário, forçando a aceitação de acordos e ofertando cursos para a ‘magistratura arbitral’, fatos esses que causam, inevitavelmente, lesão à sociedade em seus valores coletivos, exposta a informações e publicidades inverídicas e dissociadas da realidade, o que impõe a necessidade de reparação, dado o preenchimento dos requisitos legais ínsitos à responsabilidade civil (CC, art. 927)”.

Setembro de 2011 27


TENDÊNCIAS

Logística reversa, um quebra-cabeça sem fim Uma das principais questões da política de resíduos sólidos, o fluxo de embalagens e descarte final ainda depende de acordos setoriais

O Sistema Campo Limpo é um exemplo para as demais cadeias produtivas

28

Empresa BRASIL

U

ma das peças-chave da Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada em 2 de agosto de 2010, a logística reversa, que trata da responsabilidade compartilhada entre fabricante, importador, comerciante e consumidor final pelo tratamento dos produtos descartados, ainda engatinha no Brasil. O tema depende de acordos com as cinco cadeias produtivas que devem definir o modelo de recolhimento, reciclagem e descarte final, para entrar efetivamente em operação. Mas até o momento, nenhum ramo industrial apresentou proposta nesse sentido. Para a coordenadora de Ambiente Urbano do Instituto Polis, Elisabeth Grimberg, o atraso deve ser atribuído em grande parte às multinacionais que atuam no Brasil. Lembra que essas empresas gerenciam a logística reversa dos resíduos sólidos domiciliares em diversos países da Europa – França, Alemanha, Itália, Espanha, Polônia – , sendo responsáveis pela coleta e tratamento

dos resíduos secos, item mais complexo na estruturação do sistema de retorno para a cadeia da reciclagem. É comum hoje, de acordo com Elisabeth, as empresas se declararem preocupadas com ações de sustentabilidade socioambiental. Contudo, além de desenvolverem projetos sociais esporádicos, agora é o momento de o setor privado agir e mudar o paradigma de gestão e destinação dos resíduos urbanos no país, acrescenta. A situação se agrava, na avaliação da especialista, em razão dos prazos. Os planos municipais devem ser concluídos até 2012, e em 2014, só poderá ir para os aterros o lixo que não tem mais como ser aproveitado ou remanufaturado. Para isso, os municípios terão de construir uma cultura de planejamento estratégico de suas ações para poder coordenar com eficácia a implantação dos sistemas de logística reversa. Nessa linha, vão contar muito as experiências de coleta seletiva desenvolvidas em 994 municípios como referências a serem seguidas, ressalta Elisabeth. Os setores mais avançados no processo de discussão, segundo o secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério de Meio Ambiente, Nabil Bonduki, são os fabricantes e distribuidores de óleos lubrificantes, de pneus, pilhas, baterias e embalagens de agrotóxicos. “O Sistema Campo Limpo de logística reversa de embalagens de agrotóxicos, coordenado pela impEV, é um bom exemplo”, diz. Outros, como de eletroeletrônicos, Bonduki define como “complexos” porque abrangem vários produtos diferentes, como computadores, celulares, eletrodomésticos, o que, na avaliação dele, deve dificultar a assinatura de um acordo. “De qualquer forma, a indústria não está apática no processo de discussão. E um quadro mais claro sobre o processo somente será possível quando a logística reversa for colocada em prática”, acredita.


O exemplo do inpEV Leia, a seguir, a entrevista com o presidente do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV), João César M. Rando Quando foi lançado o Sistema Campo Limpo? A iniciativa de buscar uma opção viável para a destinação das embalagens vazias de agrotóxicos partiu de algumas entidades representativas do setor agrícola e dos fabricantes de defensivos agrícolas que firmaram uma parceria no início da década de 90. Durante esse processo, os fabricantes identificaram a necessidade de criação de uma organização que pudesse ter foco exclusivo na gestão da logística reversa das embalagens vazias de defensivos agrícolas. Com a promulgação e regulamentação da lei (Lei 9974/00 e Decreto 4074/02), foi criado o inpEV, que entrou em funcionamento em março de 2002. Fizeram parte da fundação do instituto 22 empresas fabricantes e sete entidades representativas dos elos da cadeia produtiva agrícola. Operavam no Brasil quando o inpEV passou a funcionar 34 unidades de recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos. Como as embalagens de defensivos são descartadas? Cabe ao agricultor lavar as embalagens, armazenar temporariamente na fazenda, devolver no local indicado na nota fiscal de venda e guardar o comprovante de devolução por um ano para fins de fiscalização. Os canais de distribuição, por sua vez, devem indicar ao agricultor o local de devolução na nota fiscal de venda, devem dispor e gerenciar o local de recebimento, emi-

tir comprovante de entrega para agricultores, orientar e conscientizar agricultores. A gestão de locais de recebimento e a realização de programas de orientação e conscientização de agricultores são responsabilidades compartilhadas entre comerciantes e fabricantes, sendo que os fabricantes são responsáveis pela destinação das embalagens vazias a partir de sua devolução aos locais adequados. O que é feito com as embalagens descartadas? As embalagens vazias são destinadas para a reciclagem ou incineração. São passíveis de reciclagem 95% das embalagens vazias de defensivos agrícolas (plásticas, metálicas e de papelão) colocadas no mercado. Os 5% restantes são embalagens que tecnicamente não podem ser lavadas. O que já foi recolhido nesse tempo de embalagem em toneladas? De março de 2002 (quando entrou em funcionamento o sistema) até agosto de 2011, já foram corretamente destinadas mais de 193 mil toneladas de embalagens vazias de defensivos agrícolas.

Rando: 95% das embalagens colocadas no mercado são recicladas

Movimentação da cadeia é estimada em R$ 18,5 bilhões A adequação da cadeia atual de logística às exigências de recolhimento, separação, transporte e reprocessamento dos resíduos gerados pelo consumo vai movimentar um total estimado em R$ 18,5 bilhões. A estimativa feita pelo presidente do Conselho de Logística Reversa do Bra-

sil (CLRB), Paulo Roberto Leite, é de que entre 40% e 50% (R$ 8 e R$ 9 bilhões) correspondam à movimentação de recursos dentro do setor de transporte. O especialista explicou que esse cálculo considera todos os serviços relacionados à logística reversa, como coleta,

transporte, armazenamento e destinação final, e sua relação com o Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas produzidas no país). A cadeia inclui entre 12 e 20 itens de prestação de serviços, em segmentos econômicos que devem ser beneficiados fortemente. Julho de 2011

29


BIBLIOCANTO

O rabo da mentira

O

“Para evitar que a mentira prevaleça, como ocorreu no caso da invasão do Iraque pelos EUA, a imprensa precisa investir naquilo que é a mais sagrada missão do jornalismo: a apuração dos fatos”

30

Empresa BRASIL

s fatos são subversivos. Eles subvertem as alegações feitas tanto por líderes democraticamente eleitos como por ditadores, escreve o inglês Timothy Garton Ash, misto de historiador e jornalista em seu mais novo livro lançado no Brasil. Para Ash, se o mundo tivesse conhecido os fatos sobre as supostas armas de destruição em massa de Saddam Hussein, ou simplesmente como eram frágeis as informações sobre elas, a história da última década poderia ter sido diferente. Professor de estudos europeus na universidade de Oxford e diretor do centro de estudos europeus na St. Antony’s College, Ash escreve uma coluna semanal no jornal The Guardian e colabora regulamente com a New York Review of Books. Autor de nove livros, ele escreve sobre a “história do presente”, termo cunhado por George Kennan para descrever a atividade híbrida que combina erudição e jornalismo. Normalmente, no ciclo de produção da maioria de seus ensaios e de reportagens analíticas, o que também foi seguido em novo livro, “Os fatos são subversivos” (Companhia das Letras, 2011, 430 páginas), o autor segue três etapas. No estágio inicial de pesquisa, ele aproveita as bibliotecas e o conhecimento dos especialistas em todos os campos das universidades Oxford e Stanford. Numa segunda etapa, vai até o lugar sobre o qual deseja escrever, seja o Irã dos aiatolás, a Macedônia à beira de uma guerra civil ou a Sérvia para a queda de Slobodan Milosevic, campo onde exerce a qualidade de repórter, segundo ele, a forma mais elevada do jornalismo. Estar no próprio lugar, no momento exato, com seu notebook aberto é um sonho inatingível para a maioria dos historiadores, diz Ash, que conclui seus artigos no conforto de seu escritório em Oxford. No seu novo livro estão reunidos artigos sobre a primeira década do século 21 que tratam, por exemplo, das relações entre islamismo e terror, temática que o autor aborda com uma visão liberal equilibrada, preocupada com a tolerância e o respeito pela diversidade.

Por exemplo: o artigo denominado Islã na Europa, escrito em 2006, é quase uma antevisão dos recentes acontecimentos nas cidades de Londres e Paris, envolvendo imigrantes muçulmanos. Ash é de opinião que se os europeus não possibilitarem a esses imigrantes condições para que se sintam em casa como novos europeus, o continente sofrerá novas explosões. Para se ter uma ideia da importância dessa população na Europa, basta citar o fato de que em algumas regiões urbanas da Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Espanha e Holanda, eles comporão entre 20% e 90% da população. A maioria deles será jovem; muitíssimos serão pobres, pouco instruídos, subempregados, alienados e tentados por drogas, crime, extremismo político e religioso, ressalta o autor. Verdadeira exaltação ao maior dever do jornalista – a apuração dos fatos –, o livro de Ash também serve para uma reflexão sobre o futuro da imprensa. Lembra que no passado mais distante contavam-se mentiras maiores e as pessoas acreditavam nelas. Em 1651, depois da morte do líder político-espiritual fundador do Butão, seus ministros fingiram por não menos de 44 anos que o grande Shabdrung ainda estava vivo, embora em retiro silencioso, e continuaram a emitir ordens em seu nome. Em nosso tempo, os políticos desenvolveram métodos cada vez mais sofisticados de impor uma narrativa dominante por intermédio dos meios de comunicação. Ao mesmo tempo, a mídia é transformada pelas novas tecnologias da informação e da comunicação, e por suas consequências comerciais. Para os que buscam fatos, isso traz ao mesmo tempo riscos e oportunidades. Se os comentários são livres e os fatos são sagrados, como dizia o lendário editor do Guardian C.P. Scott, nos novos negócios de hoje, a frase foi modificada para os comentários são livres, mas os fatos são caros, aponta o autor. Se não, como sustentar o caro noticiário internacional e o jornalismo investigativo? – indaga. E, sombrio, conclui: “Hoje, sucursais no estrangeiro de respeitados jornais estão fechando como luzes de escritório que um zelador apaga em sua ronda noturna”.


ARTIGO

A ascensão da nova classe média ■ Wellington Moreira Franco*

A

ascensão da nova classe média é uma das questões mais importantes a serem consideradas quando se pensa o futuro do país. No caminho que pode levar o Brasil a se tornar, em 2015, a quinta maior economia do planeta, cerca de 30 milhões de homens e mulheres que superaram a pobreza e hoje integram a chamada classe C terão papel relevante. O principal desafio que se impõe, tanto para o governo como para a sociedade, é o que fazer para que a ascensão dessas pessoas seja um caminho sem volta. Não se trata apenas de garantir o básico na mesa desses brasileiros, situação que no passado se constituía na grande tarefa para os gestores públicos. O que se busca são ferramentas que consolidem essa situação e garantam as oportunidades imprescindíveis para novos avanços e segurança na condição social conquistada. Ao ocuparem o protagonismo social, esses milhões de brasileiros trazem consigo novas demandas e novos valores. Buscam mais educação, qualificação profissional e oportunidades de empregos, aspirações cujo atendimento já impacta toda a infraestrutura pública. Basta observar o grau explosivo da expansão imobiliária para se ter noção do tamanho desse desafio em áreas como transportes e mobilidade urbana, segurança pública e rede hospitalar. Para o Brasil seguir avançando, precisamos saber aonde queremos chegar e como combinar proteção social e promoção do dinamismo para a nossa classe média, cuja preponderância em diferentes sociedades constituise em um indicador não só de riqueza econômica como de desenvolvimento cultural, político e social. Esperamos proporcionar políticas públicas que, uma vez implantadas em diferentes níveis de governo, venham a promover tanto um Brasil mais rico em oportunidades como – e essencialmente – mais justo para os brasileiros. *Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República

“O principal desafio que se impõe, tanto para o governo como para sociedade, é o que fazer para que a ascensão dessas pessoas seja um caminho sem volta. Não se trata apenas de garantir o básico na mesa desses brasileiros, situação que no passado se constituía na grande tarefa para os gestores públicos. O que se busca são ferramentas que consolidem essa situação e garantam as oportunidades imprescindíveis para novos avanços e segurança na condição social conquistada”

Setembro de 2011

31


32

Empresa BRASIL


Abril de 2010

33


QUER ABRIR UMA EMPRESA E NÃO SABE ONDE? A BÚSSOLA SEBRAE INDICA O LUGAR CERTO.

0800 570 0800 Quem quer abrir uma empresa ou expandir um negócio não pode fazer isso no escuro. Por isso, você pode contar com as informações da Bússola Sebrae. Uma ferramenta que mostra os melhores pontos para instalar seu negócio e faz uma análise dos concorrentes, do perfil do consumidor e dos fornecedores da região. Procure um ponto de atendimento do Sebrae e solicite a um de nossos consultores uma pesquisa exclusiva da Bússola. Com o ponto certo, seu negócio também tem tudo para dar certo e seguir em frente.

34

Empresa BRASIL

www.sebrae.com.br


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.