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A URGÊNCIA DA

MERITOCRACIA Resgatada pela presidente Dilma Rousseff, a questão da meritocracia fará parte de um conjunto de medidas em estudo pelo governo federal como forma de valorizar o servidor público

Abril de 2010 1 ASSOCIAÇÕES COMERCIAIS GANHAM SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO


Federações CACB

DIRETORIA DA CACB BIÊNIO 2011/2013 PRESIDENTE José Paulo Dornelles Cairoli - RS 1º VICE-PRESIDENTE Sérgio Papini de Mendonça Uchoa - AL VICE-PRESIDENTES Djalma Farias Cintra Junior - PE Jésus Mendes Costa - RJ José Sobrinho Barros - DF Luiz Carlos Furtado Neves - SC Rainer Zielasko - PR Reginaldo Ferreira - PA Rogério Pinto Coelho Amato - SP Sérgio Roberto de Medeiros Freire - RN Wander Luis Silva - MG VICE-PRESIDENTE DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS Sérgio Papini de Mendonça Uchoa - AL DIRETOR-SECRETÁRIO Jarbas Luis Meurer - TO DIRETOR-FINANCEIRO George Teixeira Pinheiro - AC CONSELHO FISCAL TITULARES Jonas Alves de Souza - MS Marcito Aparecido Pinto - RO Pedro José Ferreira - TO CONSELHO FISCAL SUPLENTES Alexandre Santana Porto - SE Leocir Paulo Montagna - MS Valdemar Pinheiro - AM CONSELHO NACIONAL DA MULHER EMPRESÁRIA Avani Slomp Rodrigues CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO JOVEM EMPRESÁRIO Marduk Duarte COORDENADORA DE ASSUNTOS INSTITUCIONAIS Luzinete Marques COORDENAÇÃO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL fróes, berlato associadas EQUIPE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Neusa Galli Fróes Laila Muniz COORDENADOR DO EMPREENDER Carlos Alberto Rezende COORDENADOR NACIONAL DA CBMAE Valério Figueiredo COORDENADOR DO PROGERECS Luiz Antonio Bortolin SCS Quadra 3 Bloco A Lote 126 Edifício CACB 61 3321-1311 61 3224-0034 70.313-916 Brasília - DF Site: www.cacb.org.br

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Empresa BRASIL

Acre – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Acre – FEDERACRE Presidente: George Teixeira Pinheiro Avenida Ceará, 2351 Bairro: Centro Cidade: Rio Branco CEP: 69909-460

Paraná – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná – FACIAP Presidente: Rainer Zielasko Rua: Heitor Stockler de Franca, 356 Bairro: Centro Cidade: Curitiba CEP: 80.030-030

Alagoas – Federação das Associações Comerciais do Estado de Alagoas – FEDERALAGOAS Presidente: José Geminiano Acioli Jurema Rua Sá e Albuquerque, 302 Bairro: Jaraguá Cidade: Maceió CEP: 57.020-050

Pernambuco – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Pernambuco – FACEP Presidente: Djalma Farias Cintra Junior Rua do Bom Jesus, 215 – 1º andar Bairro: Recife Cidade: Recife CEP: 50.030-170

Amapá – Associação Comercial e Industrial do Amapá – ACIA Presidente: José Arimáteia Araújo Silva Rua General Rondon, 1385 Bairro: Centro Cidade: Macapá CEP: 68.900-182

Piauí – Associação Comercial Piauiense - ACP Presidente: José Elias Tajra Rua Senador Teodoro Pacheco, 988, sala 207. Ed. Palácio do Comércio 2º andar - Bairro: Centro Cidade: Teresina CEP: 64.001-060

Amazonas – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Amazonas – FACEA Presidente: Valdemar Pinheiro Rua Guilherme Moreira, 281 Bairro: Centro Cidade: Manaus CEP: 69.005-300 Bahia – Federação das Associações Comerciais do Estado da Bahia – FACEB Presidente: Clóves Lopes Cedraz Rua Conselheiro Dantas, 5. Edifício Pernambuco, 9° andar Bairro: Comércio Cidade: Salvador CEP: 40.015-070 Ceará – Federação das Associações Comerciais do Ceará – FACC Presidente: João Porto Guimarães Rua Doutor João Moreira, 207 Bairro: Centro Cidade: Fortaleza CEP: 60.030-000 Distrito Federal – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Distrito Federal e Entorno – FACIDF Presidente: José Sobrinho Barros SAI Quadra 5C, Lote 32, sala 101 Cidade: Brasília CEP: 71200-055 Espírito Santo – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropastoris do Espírito Santo – FACIAPES Presidente: Arthur Avellar Rua Henrique Rosetti, 140 - Bairro Bento Ferreira Vitória ES - CEP 29.050-700 Goiás – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias do Estado de Goiás – FACIEG Presidente: Marcos Alberto Luiz de Campos Rua 143 - A - Esquina com rua 148, Quadra 66 Lote 01 Bairro: Setor Marista Cidade: Goiânia CEP: 74.170-110 Maranhão – Federação das Associações Empresariais do Maranhão – FAEM Presidente: Júlio César Teixeira Noronha Rua Inácio Xavier de Carvalho, 161, sala 05, Edifício Sant Louis. Bairro: São Francisco- São Luís- Maranhão CEP: 65.076-360 Mato Grosso – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Mato Grosso – FACMAT Presidente: Jonas Alves de Souza Rua Galdino Pimentel, 14 - Edifício Palácio do Comércio 2º Sobreloja – Bairro: Centro Norte Cidade: Cuiabá CEP: 78.005-020 Mato Grosso do Sul – Federação das Associações Empresariais do Mato Grosso do Sul – FAEMS Presidente: Antônio Freire Rua Quinze de Novembro, 390 Bairro: Centro Cidade: Campo Grande CEP: 79.002-917 Minas Gerais – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Minas Gerais – FEDERAMINAS Presidente: Wander Luís Silva Avenida Afonso Pena, 726, 15º andar Bairro: Centro Cidade: Belo Horizonte CEP: 30.130-002 Pará – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Pará – FACIAPA Presidente: Reginaldo Ferreira Avenida Presidente Vargas, 158 - 5º andar Bairro: Campina Cidade: Belém CEP: 66.010-000 Paraíba – Federação das Associações Comerciais e Empresariais da Paraíba – FACEPB Presidente: Alexandre José Beltrão Moura Avenida Marechal Floriano Peixoto, 715, 3º andar Bairro: Bodocongo Cidade: Campina Grande CEP: 58.100-001

Rio de Janeiro – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Rio de Janeiro – FACERJ Presidente: Jésus Mendes Costa Rua do Ouvidor, 63, 6º andar - Bairro: Centro Cidade: Rio de Janeiro CEP: 20.040-030 Rio Grande do Norte – Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Norte – FACERN Presidente: Sérgio Roberto de Medeiros Freire Avenida Duque de Caxias, 191 Bairro: Ribeira Cidade: Natal CEP: 59.012-200 Rio Grande do Sul – Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul - FEDERASUL Presidente: José Paulo Dornelles Cairoli Rua Largo Visconde do Cairu, 17, 6º andar Palácio do Comércio - Bairro: Centro Cidade: Porto Alegre CEP: 90.030-110 Rondônia – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado de Rondônia – FACER Presidente: Marcito Pinto Rua Dom Pedro II, 637 – Bairro: Caiari Cidade: Porto Velho CEP: 76.801-151 Roraima – Federação das Associações Comerciais e Industriais de Roraima – FACIR Presidente: Jadir Correa da Costa Avenida Jaime Brasil, 223, 1º andar Bairro: Centro Cidade: Boa Vista CEP: 69.301-350 Santa Catarina – Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina – FACISC Presidente: Alaor Francisco Tissot Rua Crispim Mira, 319 - Bairro: Centro Cidade: Florianópolis - CEP: 88.020-540 São Paulo – Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo – FACESP Presidente: Rogério Pinto Coelho Amato Rua Boa Vista, 63, 3º andar Bairro: Centro Cidade: São Paulo CEP: 01.014-001 Sergipe – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropastoris do Estado de Sergipe – FACIASE Presidente: Alexandre Santana Porto Rua Jose do Prado Franco, 557 Bairro: Centro Cidade: Aracaju CEP: 49.010-110 Tocantins – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado de Tocantins – FACIET Presidente: Pedro José Ferreira 103 Norte Av. LO 2 - 01 - Conj. Lote 22 Prédio da ACIPA Bairro: Centro Cidade: Palmas CEP: 77.001-022

• O conteúdo desta publicação representa o melhor esforço da CACB no sentido de informar aos seus associados sobre suas atividades, bem como fornecer informações relativas a assuntos de interesse do empresariado brasileiro em geral. Contudo, em decorrência da grande dinâmica das informações, bem como sua origem diversificada, a CACB não assume qualquer tipo de responsabilidade relativa às informações aqui divulgadas. Os textos assinados publicados são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.


PALAVRA DO PRESIDENTE José Paulo Dornelles Cairoli

Como fazer mais com menos

E

m um país marcado por uma carga tributária maior do que a dos países com a mesma renda per capita – o que não se reflete de forma proporcional na oferta de serviços de saúde e educação, por exemplo –, tornase cada vez mais urgente, no Brasil, o debate sobre o uso eficiente desses recursos. A verdade é que temos um Estado pesado, burocratizado, nepotista, lento e ideologicamente aparelhado, como reconhece, aliás, um dos maiores defensores do governo, o ex-ministro Delfim Netto. Indicado para a presidência da Câmara de Política de Gestão e Competitividade do governo federal, o empresário Jorge Gerdau Johannpeter não tem dúvidas de que, para se consolidar como uma das principais economias do mundo, o país precisa de melhorias de gestão e visão estratégica, mas fundamentalmente de competência em governança, o que considera o fator decisivo. Ocorre que para chegarmos a esse patamar é preciso quebrar antigos paradigmas fortemente cristalizados e próprios da cultura corporativista e patrimonialista da administração pública brasileira. Nessa linha, devemos saudar a preocupação da presidente Dilma Rousseff, que colocou como prioridade na agenda do governo a construção de um “Estado meritocrático e profissional”, que remete ao lema: “fazer mais com menos”. O resgate da questão da meritocracia inspirou a matéria de capa desta edição de Empresa Brasil, que traz informações exclusivas sobre os estudos que estão sendo desenvolvidos pelo Ministério do Planejamento, a fim de reintroduzir esse sistema na administração pública federal. A mesma matéria focaliza os avanços do método baseado no mérito para promoções no setor privado, cujo destaque é a Ambev, considerada

a empresa ícone da meritocracia no Brasil. Também é preciso considerar o alto grau de inovação identificado nas empresas que vêm introduzindo a meritocracia. Elas enfatizam o desempenho dos funcionários na hora das promoções. Outro destaque da edição – de grande relevância para a nossa entidade – traz informações sobre a assinatura do acordo, firmado em 7 de dezembro, em Brasília, entre a CACB e a Boa Vista Serviços (administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito). Por meio desse convênio, as federações e associações comerciais poderão distribuir e comercializar produtos de análise e proteção de crédito da Boa Vista. Isso permitirá maior facilidade nos serviços, como consulta a cadastro de empresas e pessoas físicas, com informações de endereços, telefone, e-mail e cruzamento de dados para avaliar a possibilidade de inadimplência do cliente. Em nossa última edição do ano, trazemos outra informação auspiciosa para a nossa entidade. Trata-se da renovação da parceria da CACB com a BFZ (Centro de Formação da Baviera), da Alemanha, que viabilizará um aporte de 700 mil euros a fundo perdido a serem investidos ao longo de três anos. Entre os compromissos da CACB, na nova parceria, estão o investimento em capacitação, maior participação em projetos de cooperação internacional e a ampliação dos serviços que viabilizem a nossa autossustentabilidade. São notícias da mais alta relevância e que, de certa forma, contribuem para incentivar ainda mais o trabalho e a dedicação de todos os que fazem parte de nossa organização. Desejamos a todos um feliz Natal e um Ano Novo cheio de realizações.

José Paulo Dornelles Cairoli, presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil e da Federasul

Dezembro de 2011

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ÍNDICE

8 CAPA

3 PALAVRA DO PRESIDENTE A volta da questão da meritocracia à agenda do governo pode significar o início de um debate mais sério sobre o uso mais eficiente dos recursos federais.

5 PELO BRASIL A CACB, o Conselho Nacional de Justiça e o Sebrae, em workshop, discutiram estratégias para disseminar a conciliação, a medição e a arbitragem.

8 CAPA A meritocracia volta a fazer parte da agenda do governo federal.

14 CONVÊNIO Parceria entre a CACB e a Boa Vista Serviços, administradora do SCPC,

17 VAREJO

viabiliza acesso a serviço diferenciado de proteção ao crédito.

16 CASE DE SUCESSO Matéria-prima típica do cerrado, o capim dourado abre novas perspectivas para as artesãs de Dianópolis (TO).

17 VAREJO Queda no ritmo da economia não diminui compras de Natal.

20 TURISMO A Praia do Rosa (SC) é um dos cases mais bem-sucedidos do programa Empreender.

22 FEDERAÇÕES Como a Facea pretende levar o desenvolvimento para o interior do Amazonas.

28 TENDÊNCIAS

24 DESTAQUE CACB A CACB e a BFZ da Alemanha renovam a parceria.

26 CBMAE Minas Gerais inaugura mais sete Postos Avançados de Conciliação.

28 TENDÊNCIAS O mercado de luxo se consolida como uma das boas oportunidades de negócios no Brasil.

EXPEDIENTE

30 BIBLIOCANTO

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Coordenação Editorial: Neusa Galli Fróes fróes, berlato associadas escritório de comunicação Edição: Milton Wells - mwells@terra.com.br Projeto gráfico: Vinícius Kraskin Diagramação: Kraskin Comunicação Foto da capa: Royalty-Free/Corbis Revisão: Flávio Dotti Cesa Colaboradores: Angela Caporal, Laila Muniz, Luana Feldens e Olivia Bertolini Execução: Editora Matita Perê Ltda. Comercialização: Fone: (61) 3321.1311 - comercial@cacb.org.br Impressão: Arte Impressa Editora Gráfica Ltda. EPP

Empresa BRASIL

Como Henry Kissinger vê a China.

31 ARTIGO Neste Natal, muito cuidado com os amigos do alheio, escreve o professor Claudio Felisoni de Angelo.

SUPLEMENTO ESPECIAL

Cresce volume de negócios entre governo e as MPEs.


PELO BRASIL

Workshop debate estratégias para disseminar a conciliação A Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) realizaram, em São Paulo, o 2º Workshop Política Pública Nacional de Promoção e Acesso à Justiça. O evento discutiu estratégias para a disseminação conciliação, mediação e arbitragem. Esses tipos de soluções extraprocessuais são voltadas principalmente para os pequenos negócios. Durante o workshop, o diretor-financeiro da CACB, George Teixeira, reforçou a importância das parcerias e disse que o trabalho dessa entidade tem sido importante para agilizar os processos judiciais. O professor Kazuo Watanabe, integrante do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Conflitos em São Paulo,

defendeu mais participação da iniciativa privada na formulação de políticas públicas de acesso à Justiça. Ele elogiou a iniciativa do Sebrae e da CACB na criação dos Postos Avançados de Conciliação Extraprocessual, que funcionam nas Associações Comerciais. O gerente de Políticas Públicas do Sebrae, Bruno Quick, destacou que esta instituição trabalha outra linha de atuação: a negociação empresarial. “O empregador que não sabe negociar com seus funcionários, fornecedores e clientes tende a se envolver em conflitos judiciais, o que prejudica a Justiça e os próprios negócios”, ressaltou. Sebrae, CNJ e CACB são parceiros desde 2008, quando uniram esforços para uma política pública nacional de acesso à Justiça, em especial para os pequenos negócios. Fonte: Imprensa CACB

Aprovado plano de atividades da Federaminas para 2012 O plano de atividades e a proposta orçamentária da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de Minas Gerais (Federaminas) para o próximo ano foram aprovados, por unanimidade, durante assembleia geral ordinária realizada na sede da entidade no dia 29 de novembro. No plano foram incluídos programas, produtos e serviços da Federação, como o Empreender Competitivo, os Postos Avançados de Conciliação Extraprocessual (PACE) e os encontros de presidentes e executivos das Associações e Comerciais do estado.

CACB reúne representantes do Fórum das MPEs A CACB, coordenadora (iniciativa privada) do Comitê Temático de Inovação e Tecnologia do Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, foi anfitriã, no dia 28 de novembro, de mais uma reunião do colegiado. O encontro avaliou os resultados dos trabalhos propostos e detalhou o projeto de ações para o próximo ano, que deverá ter sua primeira reunião no dia 16 de janeiro. De acordo do consultor da CACB que representa a entidade no Fórum, Renato Rossi, inovação colaborativa e sustentabilidade deverão ocupar a pauta dos grandes assuntos de 2012. Ainda segundo Rossi, a CACB terá papel fundamental na disseminação desses assun-

tos, já que um dos objetivos do Fórum é se aproximar cada vez mais do empresário, trabalhando em conjunto com os Fóruns estaduais. Nesse contexto, a CACB, através de sua capilaridade, é um

canal natural, tanto no levantamento de demandas quanto na divulgação de informações de interesse do micro e pequeno empresário. Fonte: Imprensa CACB Dezembro de 2011

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PELO BRASIL

4º Congresso da Federalagoas discute formulação de políticas públicas para as micro e pequenas empresas O 4º Congresso da Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Alagoas (Federalagoas) reuniu, no final de novembro, em Maceió, cerca de 2 mil micro e pequenos empresários do estado e regiões vizinhas. O foco dessa edição foi a troca de experiências, capacitação e articulação de políticas públicas voltadas ao segmento. A programação incluiu palestras, workshops e a entrega do prêmio Empreender, direcionado às empresas destaques que participam do programa da Confederação das Associações Comerciais do Brasil (CACB) em parceria com a Federação das Associações Comerciais do Estado de Alagoas (Federalagoas) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Também foi realizado no mesmo dia o 2° Encontro Regional do Programa Empreender. Para o governador do estado, Teotônio Vilela Filho, que participou da abertu-

ra do congresso, o pequeno negócio é fundamental para fortalecer a economia de Alagoas e combater o desemprego na região. “Se Alagoas atravessa esse momento especial, com o aquecimento da economia e geração de empregos, é

porque o conjunto de micro e pequenos empresários é a coluna dorsal do estado”, acrescentou o presidente da Federalagoas, Geminiano Jurema. Fonte: Imprensa Federalagoasedição imprensa CACB

Acit promove encontro do Empreender Os Núcleos Setoriais, em parceria com a Associação Comercial e Empresarial de Toledo (Acit), uma das entidades empresariais referência do Paraná, promoveu, no início de dezembro, o 1º Simpósio do Empreender. O evento contou com a apresentação dos cases de sucesso dos 14 Núcleos Setoriais vinculados ao Programa Empreender, desenvolvido na Acit, e marcou o encerramento das atividades deste ano, com a premiação da gincana realizada entre os grupos no segundo semestre. O Programa é coordenado pela Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB). “Acreditamos que essa troca de experiências abra o leque de ideias e seja inspirador para mostrar o que se pode fazer por meio do associativismo”, ressalta o diretor do Empreender em Toledo, Friederich Schiller. Fonte: Imprensa CACB/ AC

6 Empresa EmpresaBRASIL BRASIL


CLIPPING DE ECONOMIA

Banco Central reduz taxa de juros para 11% ao ano O Banco Central anunciou no dia 30 de novembro o terceiro corte consecutivo de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros, que caiu para 11% ao ano. Foi a última reunião neste ano do Copom (Comitê de Política Monetária), que volta a se reunir no dia 17 de janeiro. O corte dos juros já era esperado pelo mercado financeiro. A expectativa dos analistas agora é que o BC faça mais três reduções no início de 2012, o que traria a taxa básica para 9,5% ao ano. A redução dos juros é uma das medidas adotadas pelo governo desde agosto para evitar uma desaceleração mais forte da economia brasileira por conta da crise financeira internacional. O BC também já retirou algumas restrições ao crédito, inclusive nas operações com veículos e desconto em folha de pagamento. Também se espera redu-

O BCE reduziu drasticamente sua previsão de crescimento para a zona do euro em 2012, de 1,3% para 0,3%, devido à forte incerteza vinculada à crise da dívida. Para 2011, o BCE manteve sua previsão de crescimento a 1,6% e para 2013 a fixou a 1,3%, para o grupo que é integrado por 17 dos 27 países da União Europeia. Quanto à inflação, o BCE prevê uma alta de 2,7% em 2011, 2% em 2012 e 1,5% em 2013. (Reuters)

Economia para de crescer no Brasil ção de impostos sobre financiamentos ao consumo, entre outras medidas que podem ser anunciadas ainda neste ano. (Folha de S. Paulo)

Banco Central Europeu reduz juros à menor taxa de sua história O Banco Central Europeu (BCE) reduziu em 8 de dezembro sua principal taxa de juros em um quarto de ponto, a 1%, horas antes de uma crucial cúpula europeia em Bruxelas para salvar o euro em plena crise. Depois dessa decisão, a taxa básica de juros do BCE cai para seu nível histórico mais baixo, que já havia atingido 1% da taxa entre maio de 2009 e abril de 2011. A União Europeia procura chegar a um acordo sobre importantes mudanças em regras para ancorar uma maior disciplina orçamentária para os 17 países que compartilham o euro. (Reuters)

Cai a previsão de crescimento para a zona do euro

A economia brasileira parou de crescer no terceiro trimestre deste ano e tudo indica que ela levará meses para voltar a crescer com vigor. Estatísticas divulgadas em 7 de dezembro pelo IBGE mostram que a atividade econômica ficou estagnada entre julho e setembro, depois de crescer 0,7% no trimestre anterior. A atividade se contraiu na indústria, que perde fôlego há meses, e nos serviços, setor mais dinâmico da economia na primeira metade do ano. Somente a agropecuária continuou crescendo. A variação geral foi nula (0,0%), se comparada ao segundo trimestre de 2011. A agropecuária foi o único setor que apresentou crescimento (3,2%) no mesmo período analisado. Os setores de indústria e serviços tiveram variação negativa (-0,9%) e (-0,3), respectivamente. O setor agropecuário também cresceu (6,9%) se comparado o terceiro trimestre de 2011 ao mesmo período de 2010. Dezembro de 2011

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CAPA

Meritocracia volta à agenda do governo

Resgatado pela presidente Dilma Rousseff Rousseff, modelo fará parte de um conjunto de medidas em estudo pelo governo federal como forma de valorizar o servidor público

C

aída no esquecimento desde 1998, quando o governo FHC sofreu uma derrota política no debate sobre a reforma administrativa que, entre outros pontos polêmicos, previa o fim da estabilidade do servidor público, a questão da meritocracia está de volta. Resgatada em maio pela própria presidente Dilma Rousseff, na solenidade de instalação da Câmara de Políticas de Gestão, ela faz parte de um conjunto de medidas em estudo pelo governo federal. Em fase bastante avançada, engloba tanto o aspecto institucional como individual do servidor pertencente aos quadros da União. Além de melhorias nos quesitos de gestão por competência, inclui a avaliação

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de desempenho, remuneração, capacitação de equipes, formação gerencial e valorização do servidor e do ambiente de trabalho. A reestruturação das áreas de atuação mais críticas no governo já está sendo analisada pela Câmara de Gestão da Casa Civil e na Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento. Também está sendo montado um escritório de projetos que ficará encarregado de identificar e priorizar questões a serem tratadas, e de simplificar processos e rotinas. Está previsto ainda um forte investimento em carreiras que permitam oportunidades de promoção e progressão e carreiras transversais, a exemplo de analista de infraestrutura, criada para atender às demandas do Plano de Aceleração do


Crescimento (PAC), e de analista de políticas sociais para futuro atendimento do chamado PAC Social. A Secretaria de Gestão, segundo o Ministério do Planejamento, não está interessada unicamente em ações de impacto imediato, “mas em melhorias sustentáveis, resultantes de ações bem-estruturadas e contínuas”. Nesse sentido, deverá elaborar, a partir de 2012, o planejamento de longo prazo da força de trabalho da Administração Pública Federal, em que irá considerar a necessidade dos órgãos, a previsão de aposentadorias, o perfil adequado do servidor para cada função e o recrutamento de pessoal por meio de processo que permita fazer uma seleção mais qualitativa. Como avanços em direção à meritocracia e profissionalização da máquina pública, o Ministério do Planejamento, a pedido de Empresa Brasil, citou a retomada dos concursos públicos como forma prioritária de recrutamento e seleção, a maior oferta de vagas para as áreas voltadas para o atendimento ao cidadão e o aumento de ingressos de candidatos aprovados com nível superior de escolaridade.

Dilma Rousseff: O Brasil precisa de um Estado meritocrático e profissional Foto Roosewelt Pinheiro/ABr

O Estado meritocrático “O Brasil precisa de um Estado meritocrático e profissional”, afirmou a presidente Dilma Rousseff em seu discurso durante a instalação da Câmara de Políticas de Gestão, cuja entidade tem como objetivo formular políticas e medidas específicas para racionalizar o uso dos recursos públicos e a gestão do governo. Segundo o seu presidente, empresário Jorge Gerdau Johannpeter, o conceito do modelo gerencial a ser adotado pela Câmara será baseado no estabelecimento de metas para os gestores públicos. Sua complementação é feita a partir da adoção do conceito de mérito. Assim, o gestor que atingir ou superar as metas receberá um prêmio como forma de estímulo. Para que o Brasil possa se consolidar como uma das principais economias do mundo, segundo Gerdau, é preciso melhoria de gestão e visão estratégica. “Você pode ter eficiências gerenciais e operacionais, mas a competência em governança é fator decisivo”, afirma. Para Gerdau, o governo gasta mal e a arrecadação de impostos é insuficiente para pagar as despesas, as dívidas e ainda investir. Lembrou que todo mês o governo precisa financiar o equivalente a 3% do PIB brasileiro

Gerdau: conceito de modelo gerencial deve ser baseado em metas

para pagar suas contas, o que representa uma carga tributária real de 40%, e não de 37%, como se divulga normalmente. “Com mais eficiência gerencial, poderíamos reduzir os gastos públicos para 30% do PIB e, assim, usar os outros 10% para investimentos,” ressalta. Dezembro de 2011

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CAPA

Desde a primeira Constituição, sistema teve avanços e recuos No Brasil, a questão da meritocracia – sistema de recompensa ou promoção fundamentado no mérito pessoal, segundo definição do Dicionário Houaiss – raras vezes foi avaliada em termos de resultados individuais. Historicamente, os brasileiros sempre fizeram parte de uma comunidade que teve sua mobilidade vertical assegurada por antiguidade ou relações pessoais. Em contrapartida, como sistema de organização dos setores público e privado, a meritocracia é uma realidade, tanto do ponto de vista formal quanto prático, para grande número de sociedades em todo o mundo. Justamente por não se tratar de uma sociedade constitutivamente meritocrática, nem do ponto de vista institucional nem ideológico, no sentido do que ocorre nos EUA, por exemplo, sua discussão remete a uma investigação sobre o período em que esse tema começa a se fazer presente tanto nas práticas como nas representações da sociedade brasileira. A primeira Constituição brasileira data de 25 de março de 1824. Nela se delineiam com clareza os fundamentos de uma sociedade igualitária e de uma ideologia meritocrática. O artigo 179,item XIV, dizia: “Todo cidadão pode ser admitido aos cargos públicos civis, políticos ou militares, sem outra diferença que não seja por seus talentos e virtudes”. Portanto, tais cargos não eram, do ponto de vista filosófico do sistema, bens exclusivos de nomeações nepóticas e fisiológicas. Estabelece-se assim, pela primeira vez no Brasil, a possibilidade de um critério meritocrático, embora a Constituição não fornecesse instrumentos para

“Governo Juscelino Kubitschek desconsiderava claramente qualquer critério meritocrático”

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orientar a prática social nessa direção. Na Constituição de 1891, ficou a cargo de lei ordinária dispor sobre os critérios exigidos para a entrada no serviço público. A Constituição de 1934 inova ao afirmar que não haveria mais distinções de sexo e estado civil, existentes em legislações anteriores, e ao estabelecer o acesso aos postos de carreira nas repartições por meio de concurso de provas ou títulos. Em 1936, o governo Vargas criou o Dasp (Departamento Administrativo do Serviço Público), que estabeleceu critérios gerais para os concursos e passou a ser, em parte, quando os presidentes permitiam, o fiador da modernização do serviço público. As demais constituições – 1937, 1946, 1967, 1969 e 1988 – não fazem referência explícita à capacidade individual no sentido anterior de talento e virtude. O presidente Eurico Gaspar Dutra apoiava em tese o sistema meritocrático, mas não fez nenhum concurso, pois estava convencido de eles que eram extremamente caros. Durante seu governo, quando precisava de pessoas, nomeavam-se interinos. Juscelino Kubitschek, por seu turno, desconsiderava claramente qualquer critério meritocrático. O Dasp foi sistematicamente proibido de realizar exames competitivos, sob pretexto de que eram muito caros. João Goulart como presidente foi outro campeão de nomeações, principalmente de interinos. Uma série de planos a fim de institucionalizar a promoção por mérito fez parte das tentativas do regime militar, mas acabou prevalecendo a promoção por antiguidade. Houve uma tentativa de ativá-la no governo FHC, com o ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira, mas a polêmica sobre o fim da estabilidade do servidor público por insuficiência de desempenho acabou enterrando a proposta. Assim, o Brasil possui sistemas meritocráticos, mas rejeita a ideologia meritocrática. (Pesquisa com base no livro Igualdade e Meritocracia, de Livia Barbosa- Editora FGV)


Concurso público regularizou mais de 90% do contingente de mão de obra formada por terceirizados

Número de servidores com curso superior teve aumento significativo O governo federal conta hoje com 571 mil servidores civis ativos – de acordo com dados de setembro de 2011. Esse número, segundo informou o Ministério do Planejamento, “é o resultado de um processo de recomposição da força de trabalho perdida em décadas sem realização de concursos públicos e representa um grande reforço à meritocracia”. Segundo o Ministério, a partir de 2003 ingressaram 155 mil pessoas no serviço público. Com a opção pelo concurso público foram regularizados mais de 90% do contingente de mão de obra formada por terceirizados, em sua maioria, segundo o governo, de forma irregular. O setor que mais cresceu entre 2003 e 2011 foi o da Educação, que ganhou mais de 100 mil servidores no período – mais da metade deles de professores, com o restante de técnicos administrativos, todos em exercício nos 340 novos campi de Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFETs) e de Instituições Federais de Ensino Superior (IFES). Pesquisa realizada pelo Ministério do Planejamento no período 2003/2009 revelou que a política de pessoal adotada desde janeiro de 2003 buscou uma recomposição qualitativamente superior dos efetivos, com priorização dos cargos de nível superior, fazendo avançar em 25,8% o número de servidores públicos civis com curso superior em exercício no Poder Executivo federal. Em 2009 verificou-se o aumento de 75,4% no quantitativo de servidores públicos civis ativos do Poder Executivo Federal com instrução equivalente ou superior a doutorado, elevando o número de profissionais com esse grau de titulação a 36,9 mil. No caso dos mestres,

o crescimento, entre janeiro de 2003 e maio de 2009, foi de 15,5%, totalizando 21,7 mil servidores públicos. Conforme o Boletim Estatístico de Pessoal de nº 186, segundo o nível de escolaridade, o quadro de ingressos é o seguinte: em 2010, nível superior 66,1% e nível intermediário 33,7%; em 2011, nível superior 67,0% e nível intermediário 32,9%. Além dos servidores efetivos (regime estatutário) e dos empregados públicos (regime celetista) que entram no serviço ou emprego público por meio de concurso público, existem os profissionais sem vínculo com a administração pública. É o caso dos contratados por tempo determinado, que mesmo na condição de temporários são submetidos a processo seletivo simplificado. Esse tipo de recrutamento é normatizado pela Lei nº 8.745/93. Além desses, existem os ocupantes de cargos de confiança. Embora se trate de ocupação de livre provimento, segundo o governo, há uma reserva legal para esses cargos, destinada a servidores efetivos, estabelecida pelo Decreto nº 5.497, de 21 de julho de 2005. Esse decreto definiu os percentuais mínimos dos cargos DAS (Direção de Assessoramento Superior) a serem ocupados por servidores não efetivos. Por tal obrigatoriedade, 75% dos cargos DAS 1, 2 e 3 devem ser exercidos por servidor efetivo e até 50% deles devem ocupar cargos DAS 4. Para os cargos de nível 5 e 6, a ocupação por pessoas sem vínculo é livre. Mesmo assim, os servidores de carreira são predominantes, já que 61,93% dos DAS 5 são ocupados por servidores com vínculo e 57,66% dos DAS 6 também. Dezembro de 2011

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CAPA

Escolha pelo modelo é questão de sobrevivência para as empresas Quais os efeitos dessa prática? A maior vantagem da meritocracia é o florescimento da competência, afinal, esta é a base onde o mérito é instituído. Empresas meritocráticas atraem mais talentos e permitem que esses talentos possam atuar. Certamente a meritocracia cresce como modelo de gestão em função de privilegiar a competência, gerando maiores resultados. Quais os exemplos dessa prática existentes no Brasil? A Ambev é um ícone da meritocracia no Brasil. Muitas grandes empresas brasileiras atuam com este princípio, como a Gerdau, Grupo Pão de Açúcar e Natura, entre outras. E talvez um caso que mereça um estudo aprofundado é a virada da Ford depois da dissolução da Autolatina – a meritocracia é que permitiu que soluções criativas e mudanças estratégicas pudessem ocorrer e tirar a empresa da situação difícil em que se encontrava.

Dulce Magalhães: A maior vantagem da meritocracia é o florescimento da competência Uma das mais conceituadas educadoras e dona de amplo conhecimento sobre o ambiente corporativo do país, Dulce Magalhães, em entrevista a Empresa Brasil, afirma que ainda não vivemos uma realidade meritocrática, mas isso tende a mudar dadas as exigências e a expansão dos mercados em termos globais. Segue a entrevista: Qual é a incidência do uso da meritocracia entre as empresas brasileiras para a promoção e salários? Não temos dados concretos sobre esse item, pois não há pesquisas sobre o tema. Contudo, na prática, podemos observar que temos empresas em todas as categorias. O que vale ressaltar é que a meritocracia cresce e cada vez mais esta é a prática adotada por empresas – é preciso ter em conta que não basta ser uma política da empresa, também precisa ser incorporada como cultura pelas lideranças para que o mérito realmente seja o elemento mais considerado.

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Empresa BRASIL

Como vê a tentativa de Jorge Gerdau Johannpeter de implantar a meritocracia no serviço público federal? Essa é uma tarefa tão difícil e complexa que se alguém tem alguma condição de fazê-la é o Jorge Gerdau – ele tem a experiência e a intuição necessárias. Contudo, a cultura é algo enorme a ser considerado e exige não só uma mudança educacional e de valores, mas também exige tempo para que possa ser absorvida, vivenciada e produzir resultados. O tempo dirá. Ainda não vivemos uma realidade meritocrática, mas isso tende a mudar, pois a própria expansão e atualização de mercados, em uma realidade global, exigem que sejamos mais e mais competentes. Nenhuma fórmula de cultura privilegia mais a competência do que a meritocracia. No governo é uma mudança radical no modelo de governança que foi implantado por D. João VI a partir da chegada da família real ao Brasil em 1808. Temos uma longa história que precisa ser transformada – e esta é uma boa hora.


Na Ambev, as pessoas crescem na velocidade de seus talentos Com uma cultura baseada na meritocracia e na obsessão por resultados, a Ambev tornou-se a quarta maior cervejaria do mundo e líder do mercado latinoamericano. Nesta entrevista a Empresa Brasil, Daniel Cocenzo, gerente corporativo de desenvolvimento da área de gente e gestão, explica os critérios utilizados pela empresa para a construção daquele que é considerado um dos pilares de seu crescimento. Quando a Ambev implantou a meritocracia? A meritocracia é um dos pilares da Ambev e faz parte da nossa cultura desde o início, há 11 anos. Nós acreditamos que essa é a melhor forma de valorizar nossos talentos e recompensar suas realizações. Como funciona na prática a política de promoção? Realizamos reuniões mensais de discussão de resultados com feedback individuais e avaliações de performance e competências duas vezes ao ano. Dessa forma, conseguimos acompanhar de perto o desempenho das equipes e auxiliar na superação das dificuldades. Além disso, 100% dos nossos funcionários são avaliados anualmente. Nessas reuniões, os líderes e gestores de cada uma das áreas discutem perspectivas de carreira, planos de sucessão, treinamento e desenvolvimento das suas equipes, para que todos possam participar da decisão. Quais os efeitos dessa prática? Acreditamos que praticar a meritocracia é a maneira de formar e sempre incentivar nossos futuros líderes. Gente que corre atrás de superar seus desafios em qualquer situação e age como dono do negócio. A Ambev adota o desdobramento em cascata das metas para todos os funcionários em todos os níveis da corporação e incentiva o cumprimento de metas coletivas. Não basta cumprir metas individuais se as metas do grupo não forem cumpridas. O alcance dessas metas está diretamente relacionado à remuneração que cada fun-

cionário pode alcançar. A remuneração variável é uma forma de reconhecer os melhores talentos, estimular o crescimento e a cultura de donos do negócio, com a qual a Ambev se distingue. O trabalho cooperativo e em equipe é sempre incentivado. Por meio de bônus, premiações e plano de ações bem elaboradas e executadas, todos os funcionários têm chances de ser recompensados pelo alcance das metas. A partir da média gerência todos são avaliados por seus resultados e suas competências. Para esse público, no caso das competências – técnicas e comportamentais – as avaliações são 360º. Os gerentes juniores são avaliados em 270º.

Ambev trabalha com gente motivada, que sonha grande

Como repercute entre os funcionários mais antigos o fato de um mais novo ser promovido antes deles? Na Ambev, as pessoas crescem na velocidade dos seus talentos. Para nós, os pilares da meritocracia são exatamente a transparência nas relações, a cooperação interna e a ética. Acreditamos que um bom desdobramento de metas nos leva a ter um ambiente interno colaborativo, e não competitivo. Por isso, o empenho precisa ser de todo o time e em conjunto. E o resultado geral, o sucesso da companhia, é o objetivo maior de quem age como dono do negócio. Dezembro de 2011

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CONVÊNIO

Dourado (E), da Boa Vista Seguros, Amato, da ACSP, e Cairoli, presidente da CACB, celebram acordo

Associações Comerciais terão serviço diferenciado de proteção ao crédito Convênio firmado entre a CACB e a Boa Vista Serviços, administradora do SCPC, vai garantir ao lojista acesso a mais de 350 milhões de dados e 42 milhões de registros sobre empresas

A

s 27 Federações e 2,4 mil Associações Comerciais de todo o país terão acesso a um serviço diferenciado de proteção ao crédito, especializado para cada realidade local. Essas atividades estão contempladas em um convênio firmado entre a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e a empresa Boa Vista Serviços (administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito – SCPC). O acordo foi assinado no último dia 7 de dezembro, em Brasília, entre os presidentes da CACB, José Paulo Dornelles

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Empresa BRASIL

Cairoli, e da Boa Vista, Dorival Dourado, durante reunião da diretoria da entidade. A parceria de cinco anos vai ajudar o lojista na hora de conceder o crédito. Por meio do convênio, as Federações e Associações Comerciais e Empresariais espalhadas pelo país poderão oferecer, distribuir e comercializar produtos de análise e proteção de crédito da Boa Vista. O convênio permite maior facilidade em repassar serviços, como consulta a cadastro de empresas e pessoas físicas com informações de endereços, telefone, e-mail, cruzamento de dados para avaliar a possibilidade de


inadimplência do cliente. Ao todo, são mais de 30 produtos e serviços. “Temos feito um intenso trabalho para centralizar os serviços na CACB. Nossa ideia é fortalecer o sistema associativista e beneficiar, assim, as entidades na ponta. Esta parceria vem a somar a nossa carteira de serviços aos associados e aos empresários. O esforço é maior, mas o resultado eficaz e sustentado pode ser visto a longo prazo”, ressaltou o presidente da CACB, José Paulo Dornelles Cairoli. Essa força do associativismo foi lembrada também por Dorival Dourado, presidente da Boa Vista Serviços. Segundo o executivo, a empresa nasceu dentro do movimento e não faria sentido seguir sua ampliação sem a parceria com a CACB. Ele afirmou, também, que a Boa Vista proporcionará ainda condições adequadas para que as entidades que estejam vinculadas a outras prestadoras possam ter um contrato de transição sem problemas. A intenção do acordo é fortalecer o sistema de proteção ao crédito e elevá-lo a um patamar diferenciado para as Federações e Associações Comerciais. Os produtos e serviços terão foco nas necessidades e demandas de cada estado e município. “Considero a assinatura desse convênio um momento histórico. A parceria da Boa Vista com a CACB representa uma mudança de cultura que vai permitir atender cada negócio e ver o potencial de cada lugar. É a construção de uma nova mentalidade para as necessidades dos empresários que estão cada vez mais avançadas”, opinou o presidente do Conselho da Boa Vista, Rogério Amato, que também preside a Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp). O convênio A parceria vai proporcionar um aumento da capilaridade na captação de dados trazendo benefícios para as partes envolvidas no acordo – Associações Comerciais e Boa Vista. A expectativa é de que os serviços reduzam os riscos e as perdas em seus negócios. O acordo também será um instrumento para ampliar a rentabilidade das Associações Comerciais, identificar e evitar situações de fraudes. Segundo os termos do convênio, a CACB apoiará a Boa Vista na intermediação junto às Associações Comerciais filiadas para que essas entidades distribuam soluções de informações comerciais. As Associações

também estarão aptas a captar dados em cada região de atuação. Será responsabilidade da Boa Vista a capacitação das Associações interessadas em comercialização dos produtos e serviços de análise e proteção ao crédito. Também caberá à empresa remunerar a Associação Comercial, a Federação estadual e a CACB pelas vendas efetuadas aos seus associados. Ainda de acordo com a Boa Vista, a empresa disponibilizará toda a estrutura de marketing, capacitação e logística para que cada federação/associação possa adotar o serviço. Além disso, colocará à disposição um canal específico para o atendimento e relacionamento com as Associações Comerciais – a área de “Rede”. As Federações e Associações Comerciais farão adesão à parceria com a anuência da CACB. Para saber como ter acesso aos produtos e serviços, basta entrar em contato com rede@boavistaservicos.com.br.

A parceira da CACB A Boa Vista, administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), dispõe de mais de 350 milhões de dados sobre transações realizadas por consumidores e mais de 42 milhões de registros sobre empresas. A cobertura nacional das informações armazenadas pela Boa Vista é garantida por meio do envio de dados por clientes com presença em todo o país. Essas informações são obtidas de fontes oficiais, bem como pelo compartilhamento de dados entre as principais entidades representativas do varejo de todas as regiões. O banco de dados gera importantes ferramentas para auxiliar o processo de tomada de decisões em todas as etapas do ciclo de negócios. A Boa Vista atende cerca de 1,2 milhão de clientes diretos e indiretos em todos os segmentos da economia e na velocidade em que o mercado precisa, em benefício do crescimento brasileiro. Além disso, a empresa está preparada para o Cadastro Positivo, apresentando soluções para atender a essa nova demanda de crédito no Brasil. Mais informações: site www.boavistaservicos.com.br ou pelo telefone (11) 3244-3030. Dezembro de 2011

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CASE DE SUCESSO

Negócios dourados Matéria-prima típica do cerrado, o capim dourado abre novas perspectivas para as artesãs de Dianópolis (TO) e leva seus produtos a outros lugares do mundo

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Brincos, pulseiras, bolsas, portas-joias e outros produtos chegam a São Paulo e Minas Gerais via postal

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Empresa BRASIL

m grupo de 12 artesãs, matéria-prima e muita vontade. A união desses três fatores levou o trabalho da gente simples do cerrado às prateleiras internacionais. O grupo Conhecido como Associação Dianopolina de Artesãos (ADA) teve início em 2001 e contava inicialmente com 12 trabalhadores do município de Dianópolis, sudeste de Tocantins. O ingresso no projeto Empreender Competitivo, em 2010, foi traduzido em ampliação da equipe de imagem, novos mercados consumidores e aumento em 60% no número de associados. A associação também obteve incremento na renda mensal da loja de Capim Dourado, para uma média de R$ 3 mil por mês. O valor inicial, sem a loja, não passava de R$ 200, um crescimento de 1.500%. A partir da reestruturação do núcleo e da profissionalização das artesãs, o grupo passou a ter uma participação em Feiras como a Feira Nacional de Arte - Fenart (Olinda), Salão do Turismo de São Paulo, Feira Internacional da Amazônia - Fiam (Manaus) e Mãos de Minas (Belo Horizonte), além de eventos internacionais. O amadurecimento levou também a uma consistência no crescimento e uma maior credibilidade na captação de recursos. A associação também esteve presente na Rodada de Negócios organizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)

na Amazontech, um dos maiores eventos de ciência, tecnologia e negócios sustentáveis da região Norte. O evento foi realizado em Palmas, em outubro. “Tivemos três outros projetos de captação de recursos aprovados, o que nos dará uma maior base para divulgar a todo o Brasil nosso trabalho, o que, claro, trará maior reconhecimentos a todos os artesãos e envolvidos no projeto”, afirmou a consultora do Empreender na Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado do Tocantins (Faciet), Sâmya Cabral. A consultora se refere ao crédito aprovado de R$ 15 mil por meio da Funart (Fundação Nacional de Artes do Ministério da Cultura) e de R$ 115 mil da Secretaria Estadual de Cultura. De acordo com a consultora, a perspectiva é que em 2012 seja ampliada a participação em feiras nacionais e internacionais. A nova loja, com móveis e design novos, também deve atrair um maior número de clientes e turbinar as vendas. A presidente da Associação Dianopolina de Artesãs, Eliene Bispo Cantuário, também comemora os avanços do negócio após o apoio do Empreender. “A associação passou por dificuldades e corremos atrás da parceria do Empreender. Através desse projeto participamos das feiras, o que trouxe bastante reconhecimento do nosso trabalho”, relata a artesã que trabalha com capim dourado desde 2006.


DEZEMBRO/2011 – WWW.SEBRAE.COM.BR – 0800 570 0800

Foto Banco Imagem

INFORME DO SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

Cresce volume de negócios entre governo e MPE O fornecimento de produtos e serviços para órgãos governamentais fortalece as empresas de pequeno porte


/ / F o m enta / /

VENDAS DAS MPE PARA O GOVERNO FEDERAL CRESCEM 14,7% EM 2011 De janeiro a setembro, foram negociados pelo segmento cerca de R$ 8 bilhões em produtos e serviços

2 EMPREENDER // SEBRAE

Foto Arquivo Sebrae

A

s vendas feitas por micro e pequenas empresas (MPE) para o governo federal entre janeiro e setembro de 2011 foram 14,7% superiores ao volume negociado no mesmo período em 2010. Nos nove primeiros meses deste ano, as MPE venderam o equivalente a R$ 8 bilhões apenas para o governo federal. Em 2010, nesse período, foram vendidos cerca de R$ 7 bilhões. O volume de 2011 é oito vezes superior ao de 2002. Os números foram apresentados pelo secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), Delfino Natal de Sousa, durante palestra no IV Fomenta Nacional, realizado em novembro, em São Paulo. Os R$ 8 bilhões comercializados representam 26% do total comprado pelo governo federal no período analisado. Em 2002, apenas 11% do total das transações foram feitas com MPE. Delfino destaca que o aumento da participação das micro e pequenas empresas nas compras governamentais fortalece o mercado interno. “Existe uma função social na licitação, uma oportunidade de desenvolvimento econômico e de criação de emprego e renda e de erradicação da pobreza”, afirma. Somente as compras pú-

Elevar as aquisições públicas feitas de MPE é importante para aumentar a participação delas na geração de riquezas no país

blicas federais representam 10% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Segundo Delfino, ainda há espaço para aumentar ainda mais a participação das MPE no fornecimento de produtos e serviços para órgãos governamentais. Elevar as aquisições públicas feitas de MPE é importante para aumentar a participação delas na geração de riquezas no país, segundo o gerente de Políticas Públicas do Sebrae, Bruno Quick. “O desenvolvimento das MPE é importante porque

apesar de representar 99% das empresas do país, significa pouco mais de 20% do PIB. Se nós queremos mudar esse perfil, precisamos dar mais espaço para a economia dos pequenos”, afirma. “Ao participar de licitações, as MPE têm de ajustar seus produtos e serviços às exigências do governo, o que eleva a qualidade e a competitividade das empresas”, destaca Bruno. A experiência do estado de São Paulo foi apresentada durante o painel Compras Governamentais e Políticas Públicas – Visões e Experiências. A coordenadora da Bolsa Eletrônica de Compras de São Paulo (BEC), que é vinculada à Secretaria da Fazenda Estadual, Maria de Fátima Alves Ferreira, apresentou benefícios desenvolvidos pela unidade federada, como, por exemplo, o cadastro unificado de fornecedores. O registro permite que o empresário se cadastre uma só vez para concorrer em várias licitações. Dos 35 mil fornecedores cadastrados no estado, 46% são micro e pequenas empresas. “A participação das MPE no cadastro já é grande, precisamos agora fomentar a participação nas negociações”, afirma. O objetivo da Bolsa é negociar bens e serviços adquiridos pela administração pública. O Fomenta é promovido pelo Sebrae em parceria com o Ministério do Planeja-


mento, Orçamento e Gestão. O encontro busca ampliar a presença dos pequenos negócios nas compras governamentais, conforme determina a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (Lei Complementar 123/06). Participaram do encontro representantes de órgãos públicos federais, estaduais e municiais, empresários e especialistas do Brasil e do exterior. //Pequenos mais fortes O fortalecimento dos pequenos negócios no Brasil passa pela distribuição da receita empresarial do país. A concentração nas mãos de grandes empreendimentos traz desequilíbrios à própria economia. Apenas 0,1% das empresas detêm 67,5% da receita empresarial no país. Apesar disso, as micro e pequenas empresas, e não os grandes empreendimentos, são responsáveis por 53% dos empregos com carteira assinada. Os dados foram apresentados pelo gerente de Políticas Públicas do Sebrae, Bruno Quick, durante o Fomenta. “As MPE, em 2009, foram as que mais geraram novos empregos novos. Enquanto as grandes demitiram, as pequenas contrataram. É preciso que o Estado fortaleça esses empreendimentos que geram riqueza e renda para o país”, disse. O Simples Nacional, segundo ele, tem papel de distribuição de renda. “Política Pública pressupõe a participação do Estado e a legitimação da sociedade. Com o fortalecimento do Simples, o governo está promovendo o emprego e o aumento de oportunidades para o empresário brasileiro”, disse. Ele lembrou também que a Itália vem sofrendo com a crise econômica porque não fez dos investimentos no segmento

uma política pública estruturante para o país, apesar de ser modelo de desenvolvimento dos pequenos negócios. “O que se vê na chamada terceira Itália não é uma política de Estado do governo, mas sim de determinadas regiões e segmentos”, comenta. Quick participou do 1º Encontro EuroLatino-Americano das Micro e Pequenas e Médias Empresas, cujo tema é As MPE, suas Contribuições e Necessidades para a Integração Social e Produtiva na América Latina. “Nosso objetivo foi o de debater o papel do poder público no fortalecimento das microempresas e as contribuições e necessidades para alcançarmos maior integração social e produtiva da América Latina”, disse Sérgio Miletto, presidente da Associação Latino-Americana das Micro, Pequenas e Médias Empresas (Alampyme-BR). Para o presidente da Eurolatim (Associacion Euro Latino Americana de Mipymes Y Economia Social), Francisco dos Reis, a situação das micro e pequenas empresas na América Latina não é homogênea. “A heterogeneidade é enorme. Quando falamos de uma integração regional, acreditamos que as micro e pequenas empresas precisem de um espaço visível aos olhos da política econômica da região.” O gerente de Políticas Públicas do Sebrae em São Paulo, Júlio Durante, lembrou também a necessidade de os municípios fortalecerem as pequenas empresas para o desenvolvimento da economia local. “A MPE está no município. Promover licitações públicas que envolvam as pequenas empresas locais significa deixar mais dinheiro na economia municipal, o que gera um ciclo de sustentabilidade”, disse. E

O FORTALECIMENTO DOS PEQUENOS NEGÓCIOS NO BRASIL PASSA PELA DISTRIBUIÇÃO DA RECEITA EMPRESARIAL DO PAÍS. A CONCENTRAÇÃO NAS MÃOS DE GRANDES EMPREENDIMENTOS TRAZ DESEQUILÍBRIOS À PRÓPRIA ECONOMIA

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/ / S er v i ço s fina nc eiro s/ /

GARANTIA DE CRÉDITO FORTALECE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Criação da quinta SGC brasileira reforça importância deste modelo para o desenvolvimento econômico e social A SOCIEDADE DE GARANTIA DE CRÉDITO É UM ELO ENTRE BANCOS E MICRO E PEQUENAS EMPRESAS QUE PRECISAM DE FINANCIAMENTO PARA CRESCER

Foto André Cyriaco

A SGC atua como uma espécie de avalista, na análise da situação da empresa e em sua qualificação

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Confederação Andina de Fomento (CAF) sinaliza para apoiar fundos das Sociedades de Garantia de Crédito (SGC) brasileiras e realiza negociações avançadas com grandes bancos nacionais interessados em aderir a esse modelo de financiamento. A informação foi destacada pelo gerente de Acesso a Mercados e Serviços Financeiros do Sebrae Nacional, Paulo Alvim, na reunião de trabalho da Sociedade de Garantia de Crédito da Região Produtora de Petróleo, Gás e Bioenergia do Rio de Janeiro (Garantinorte), em Macaé, no norte fluminense. Alvim disse ainda que a instituição estuda possibilidades para in-

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corporar novas demandas pela criação de SGC em 2012. “Essa é uma solução para fortalecimento das micro e pequenas empresas. Precisamos trabalhar com uma comunicação efetiva e uniforme, trocando informações para fortalecer as experiências já em andamento e estimulando a criação de mais SGC no Brasil”, assinalou o gerente. A Garantinorte é a quinta Sociedade de Garantia de Crédito do País e a primeira com foco na vocação econômica do território. O lançamento dela foi realizado em Campos dos Goytacazes, na região Norte do Estado. A entidade é resultado de parceria do Sebrae no Rio de Janeiro com instituições públicas e entidades empresariais. A SGC constitui um elo entre bancos e micro e pequenas empresas saudáveis e promissoras que precisam de financiamento para crescer, mas não têm bens de garantia para oferecer dentro das exigências tradicionais das linhas de crédito. A SGC analisa a situação da empresa, qualifica e atua como espécie de avalista. “Esse é um modelo de transformação do território, que representa um novo conceito no processo de concessão de crédito”, reforçou o presidente do Fundo Municipal de Desenvolvimento Econômico de Macaé (Fumdec), Francisco Navega. E


/ / I n fo r ma çã o / /

SEBRAE LANÇA NOVO SITE PARA ACESSO A SERVIÇOS FINANCEIROS O objetivo é manter os empresários informados sobre as melhores opções de crédito e como acessar os recursos

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uniciar cada vez mais com informações os pequenos negócios, ampliando seu acesso ao crédito. Com essa proposta, o Sebrae lançou em novembro, durante o seminário O Programa Sebrae 2014 e o Sistema Público de Fomento, em Brasília, o novo site de Acesso a Serviços Financeiros da instituição e a publicação Inclusão Financeira no Sistema Público de Fomento: Experiências Selecionadas. A falta de informação é um dos entraves do acesso a recursos por parte das microempresas e empresas de pequeno porte, segundo o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos. Para ele, “o novo site é um instrumento poderoso de informação e de aproximação entre as empresas e os agentes financeiros”. Ao visitar a página na internet, o usuário será direcionado, por meio de links, a produtos e serviços voltados ao segmento de interesse, disponíveis no estado em que reside. Ao todo são 36 segmentos de pequenos negócios cadastrados. “O diálogo se dará diretamente com o agente financeiro. O papel do Sebrae é fazer essa intermedia-

ção financeira e mostrar os caminhos para facilitar a comunicação. Cabe aos agentes financeiros o desafio de dar retorno e estabelecer contato com todas essas empresas”, disse Carlos Alberto. O portal apresenta dicas e orientações para as empresas realizarem corretamente a gestão financeira e ensina como e onde buscar crédito para investir no crescimento do negócio. Para isso, estão disponíveis seis menus que auxiliam o empresário, por exemplo, a perceber se realmente precisa de crédito, onde buscar esses recursos e as garantias necessárias. O público-alvo do portal é o microempresário, o empreendedor individual ou o tomador de crédito. Ainda durante o seminário, foi lançada a publicação Inclusão Financeira no Sistema Público de Fomento: Experiências Selecionadas. O estudo traz relatos de inclusão financeira no Sistema Público de Fomento e inclui ainda propostas de ações para o incremento do microcrédito. E Serviço: http://www.sebrae.com.br/atender/ customizado/uasf

O USUÁRIO PODE CONSULTAR OS PRODUTOS E SERVIÇOS DISPONÍVEIS NO ESTADO EM QUE RESIDE. AO TODO, SÃO 36 SEGMENTOS DE PEQUENOS NEGÓCIOS CADASTRADOS

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/ / Pr im e iro s pa sso s/ /

SEBRAE INCENTIVA EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA PARA CRIANÇAS No total são nove cursos, um para cada ano do ensino fundamental; conteúdos estimulam comportamento proativo Foto Vinicius Fonseca

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ncentivar o espírito empreendedor e a orientação para os negócios nas novas gerações. Esse é o objetivo dos cursos Jovens Empreendedores Primeiros Passos (JEPP), que o Sebrae lançou em todo o país, em novembro. Voltado aos alunos do Ensino Fundamental, de 6 a 14 anos, os cursos incentivam o empreendedorismo e, no futuro, iniciativas na busca de inserção no mercado de trabalho. “A nossa intenção é fomentar o empreendedorismo na juventude brasileira”, ressalta o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, ao assinalar que hoje no Brasil surgem mais empreendedores por oportunidade do que por necessidade, como ocorria anos atrás. “Queremos desenvolver a cultura empreendedora para que no futuro os jovens de hoje possam ter a opção de abrir o próprio negócio ou incorporar os atributos do empreendedorismo no seu dia a dia profissional nas empresas”, diz o diretor do Sebrae. Nos primeiros anos, os alunos aprendem, por meio de oficinas lúdicas, noções sobre plano de negócios. Gradativamente, os conteúdos são aprofundados, ao mesmo tempo em que tratam de temas tranversais, como cultura da cooperação e da inovação, ecossustentabilidade, ética e cidadania. No total, são nove cursos, um para cada ano do Ensino Fundamental, que poderão ser aplicados dentro das disciplinas curriculares ou em ativida-

Desenvolvido desde 2002 em São Paulo, o JEPP já capacitou 8 mil professores e atendeu 200 mil alunos de 102 municípios no estado.

des extracurriculares, a critério da escola. Para a implantação do JEPP, o Sebrae firmará parcerias com as secretarias de educação dos estados ou municípios, no caso de instituições públicas, ou direto com as instituições privadas. Mirela Malvestiti, gerente de Capacitação Empresarial do Sebrae, acredita que a iniciativa desenvolve na criança uma postura proativa diante da vida, independentemente do ramo profissional que ela escolher. “É importante que as crianças percebam que empreendedorismo é uma opção. Os cursos plantam a semente do empreendedorismo e estimulam as crianças

e os adolescentes a terem iniciativas e atitudes na vida pessoal”, explica. Desenvolvido desde 2002 em São Paulo, o JEPP já capacitou 8 mil professores e atendeu 200 mil alunos de 102 municípios no estado. No Rio de Janeiro, cinco escolas aplicam os cursos em salas de aula. Em Paraíba do Sul, município a 123 quilômetros da capital fluminense, os professores foram capacitados em abril deste ano e os alunos vão fazer apresentações de seus trabalhos ainda em 2011. “Com educação empreendedora, a escola proporciona a construção de saberes e prepara profissionais dentro do contexto econômico e social do país”, conta Cláudia Santos de Oliveira, diretora da Escola Municipal Jornalista Sérgio Cabral. Para a secretária de Educação do município, Adelaide Capella, “essa é mais uma maneira de aprendizado, que possibilitará formar profissionais de sucesso”. Segundo a analista do Sebrae e gestora do projeto, Flávia Azevedo Fernandes, a expectativa é de que os cursos comecem a ser aplicados nos estados em março de 2012. A meta é capacitar 94 mil professores e atender 317 mil alunos de 1,9 mil escolas. E Serviço: Textos: Agência Sebrae de Notícias Mais informações: www.agenciasebrae.com.br

Empreender Informe do Sebrae. Presidente do Conselho Deliberativo Nacional: Roberto Simões. Diretor-Presidente: 6 EMPREENDER // SEBRAE

Luiz Barretto. Diretor-Técnico: Carlos Alberto dos Santos. Diretor de Administração e Finanças: José Claudio dos Santos. Gerente de Marketing e Comunicação: Cândida Bittencourt. Edição: Ana Canêdo, Antônio Viegas. Endereço: SGAS 605, Conjunto A, Asa Sul, Brasília/DF, CEP: 70.200-645 - Fone: (61) 3348-7570 - Para falar com o Sebrae: 0800 570 0800 Na internet: sebrae.com.br // twitter.com/sebrae // facebook.com/sebrae // youtube.com/tvsebrae


VAREJO

Acomodação da economia não impede Natal farto Embora as expectativas de crescimento sejam menores que as de 2010, varejo está otimista quanto às vendas deste final de ano

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Papai Noel está mais magro? Pesquisas de diversos setores do comércio – feitas antes do anúncio do pacote para reativar a demanda – apontam que as vendas deste fim de ano não terão um crescimento muito significativo, permanecendo próximas ao rendimento do ano passado. No entanto, é importante lembrar que em 2010, só na semana do Natal, o crescimento das vendas foi de 15,5% ante a mesma semana do ano anterior. Foi o melhor índice dos últimos seis anos, segundo o Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio. Já na comparação de todo o mês de dezembro do ano passado, o aumento foi de quase 10% sobre o mesmo período de 2009. As projeções anteriores em curva descendente levaram o governo a divulgar, no início de dezembro, um conjunto de medidas preventivas de estímulo ao

consumo, com impacto principalmente em eletrodomésticos da linha branca por conta da redução de IPI até o fim de março de 2012. As principais redes do varejo trataram de divulgar novas ofertas com descontos nesses produtos. Os ânimos ficaram bem melhores e os quatro meses de vigência das novas alíquotas de IPI nessas linhas prometem alavancar as vendas. Mesmo antes do pacote e apesar da acomodação da economia e da persistente alta nos preços dos produtos e serviços, a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) estava otimista com relação às vendas de fim de ano. Para o presidente da entidade, Roque Pellizzaro Junior, a projeção é positiva justamente se levado em consideração o cenário atual de desaceleração da demanda doméstica. “Teremos um Natal bom, com crescimento entre 6% e 7% nas vendas sobre 2010, e isso é absolutamente espetacular, porque estaremos Dezembro de 2011

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Solimeo: “Qualquer ganho em relação a 2010 já será positivo”

Campelo: “Fase de desaceleração do comércio não afetará as vendas de Natal” crescendo sobre uma base altíssima de vendas”, explica. A mesma opinião tem o economista da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Solimeo, considerando que as projeções realizadas hoje sobre o comportamento do varejo no Natal de 2011 refletem um desaquecimento mais acentuado. Para ele, como o ano passado apresentou um desempenho bastante favorável, o de 2011 teria de ser excepcional para bater os índices do Natal anterior. Diante da atual situação, “qualquer ganho em relação a 2010 já será positivo”, avalia Solimeo. Ele aponta como causas desse crescimento menor a própria desaceleração da economia doméstica: “O emprego cresce, mas também em ritmo menor”. O Índice de Confiança do Comércio da Fundação Getulio Vargas apresentou uma queda de 3,3% comparando a média do trimestre encerrado em outubro com o mesmo período de 2010. O índice é novo e o objetivo é antecipar tendências sobre o nível de atividade do setor. Ao divulgar o resultado, o coordenador da pesquisa, economista Aloísio Campelo, afirmou que o comércio estava em fase de desaceleração, mas ainda não é algo alarmante porque o setor vem de um período muito otimismo. Para o Natal, os comerciantes ainda esperam boas vendas. Solimeo lembra ainda que o Banco Central havia adotado medidas para desacelerar o ritmo de vendas,

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mas quando percebeu que o remédio foi amargo demais, provocando uma desaceleração mais forte, tratou de adotar novas medidas para afrouxar, tanto que a exigência de pagamento de no mínimo 20% das dívidas de cartão de crédito foi deixada de lado e mantido o percentual de 15%. Em relação ao ingresso de recursos por conta do pagamento do 13º salário, o economista afirma que pesquisas indicam que a metade dos consumidores vai usar a primeira parcela para quitar suas dívidas, mas não é só para fugir da inadimplência, e sim para ter condições de contrair novas dívidas. Temporários As boas expectativas correspondem também a uma alta nas contratações de temporários, que a CNDL prevê em 160 mil novos empregos. O número corresponde a um acréscimo de 11% sobre 2010, quando o comércio gerou 144 mil postos de trabalho, e de 28% sobre 2009, com 125 mil contratações. No entanto, o índice de aproveitamento dos temporários para 2012 será menor, por conta já da queda na atividade econômica. Segundo previsão da CNDL, apenas 5% dos contratados para as festas de final de ano serão mantidos no emprego, um índice de retenção três vezes menor do que o registrado na passagem de 2010 para 2011, quando 15% dos trabalhadores de temporada foram efetivados.


Segundo Pellizzaro, houve uma redução no perfil das encomendas high end (produto considerado top de linha, de alta qualidade) por parte dos lojistas. Ele destaca ainda que muitos produtos eletroeletrônicos já foram comprados no ano passado e as pessoas não trocam esse tipo de produto toda hora. Dessa forma, o comércio levou em consideração todos esses fatores e se adequou para atender ao novo perfil de demanda, que não é menor, mas diferente. Outro fator levantado pelo presidente do CNDL é que o consumidor perdeu “gordura” na hora da compra. A inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi estimada pelo mercado financeiro em 6,5% para 2011, de acordo com dados da pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central. “O consumidor está gastando mais para manter o padrão de vida e, por isso, sobram menos recursos para a compra de presentes. Isso não quer dizer que ele não terá recursos, mas que o perfil de compra irá mudar.” Shoppings no Natal Para o comércio dos shoppings o Natal deve apresentar um crescimento real de 6,5% nas vendas em todo o país, em relação ao ano passado. Os dados são de uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) junto a dezenas de varejistas de inúmeros segmentos. Embora o acréscimo nas vendas seja positivo, representa pouco mais da metade da comparação 2010 ante 2009, que foi de 12%.

Pellizzaro Junior: “Crescimento sobre uma base altíssima de vendas é algo espetacular”

De qualquer maneira, os varejistas estão animados. Como estratégia de incentivo às compras, os 766 shoppings ativos do Brasil deverão gastar cerca de R$ 450 milhões com decoração, promoções para a época, contratação de Papai Noel, entre outros, valor que representa 7% a mais do que o registrado em 2010. A pesquisa aponta ainda que o tíquete médio para o período deve ficar entre R$ 85 e R$ 125, em itens como brinquedos, eletrônicos e vestuário, tradicionalmente os presentes preferidos.

E-commerce deve crescer 20% no Natal Segundo pesquisa divulgada pela e-bit – empresa especializada em comércio eletrônico, neste Natal o e-commerce deverá crescer nominalmente 20% em relação a 2010, o que representa cerca de R$ 2,6 bilhões. No ano passado, o crescimento havia sido de 40%. E as projeções ainda não levaram em conta o novo cenário de redução de IPI da linha branca. “Essa desaceleração se deve a alguns fatores: menor crescimento econômico,

queda no poder de compra, a crise internacional que vem afetando a economia e também a motivação para a aquisição de produtos de maior valor agregado, com parcelamento de longo prazo”, justifica a empresa em comunicado. Entre os produtos mais procurados nesta época para preencher os carrinhos virtuais estão eletrodomésticos, informática, eletrônicos e saúde e beleza. Ainda assim, as vendas do perío-

do natalino, considerado entre 15 de novembro e 24 de dezembro, devem apresentar um crescimento positivo para o setor. “Atualmente, o Natal representa aproximadamente 15% do total de pedidos no ano dentro do comércio eletrônico, o que o torna a data mais aguardada por fabricantes e varejistas”, destaca a pesquisa, estimando que o valor médio das compras pela internet durante o período natalino deve ficar em R$ 350.

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TURISMO

Praia do Rosa,

um paraíso em transformação

Lançado em setembro de 2010, projeto enquadrado no programa Empreender, do Sebrae e da CACB, engaja empresários da região ligados ao turismo com o objetivo de potencializar uma das mais belas praias do mundo

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ma das praias ícones de Santa Catarina, a Praia do Rosa, distante 90 quilômetros ao sul de Florianópolis, começa a deixar para trás aquele ar que a caracterizava desde a sua descoberta por jovens mochileiros e surfistas ainda nos anos de 1970. De grande potencial turístico, ela ganhou popularidade nos anos de 1990, quando uma infinidade de cabanas, pousadas, bares, restaurantes e lojinhas passaram a fazer parte do lugar. Mas se o aumento da população flutuante contribuiu para o crescimento da economia local, ele também trouxe outras consequências. Sem coleta de lixo adequado, o lugar, que faz parte do município de Imbituba, passou a conviver com lixo jogado por todos os cantos. As invasões em áreas de circulação de veranistas também se tornaram cada vez mais comuns. Como estancar a deterioração de um dos mais procurados destinos turísticos do Brasil durante o verão e como potencializar aquele “pequeno paraíso” formado por costões, mata atlântica, morros, lagoas e a praia? – perguntavam homens e mulheres de negócios locais.

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O debate sobre o assunto ferveu e, em fevereiro de 2009, um grupo formado por 12 empresas filiadas à Associação Empresarial de Imbituba (Acim) resolveu reunir-se para criar o que denominam de Núcleo de Turismo Sustentável da Praia do Rosa. A ideia é desenvolver e melhorar o destino turístico da praia, a partir do incentivo ao incremento da demanda nacional e internacional. As primeiras ações foram dedicadas ao planejamento estratégico do projeto, publicidade e divulgação das potencialidades da praia. Ao longo de 2010, o Núcleo promoveu uma série de ações como a sinalização de acesso à praia, curso de café da manhã, atendimento, inglês para recepcionistas, além da participação em feiras e promoção de eventos ecológicos. A partir da aprovação do projeto Turismo Sustentável da Praia do Rosa no programa Empreender Competitivo da CACB e do Sebrae, em setembro do ano passado, os primeiros efeitos começaram a aparecer. Hoje o projeto reúne 21 empresas, responsáveis por uma oferta de 600 leitos, o dobro do que havia anteriormente, e 150 empregos diretos, número que chega a triplicar no verão.


“O Núcleo trabalha muito para conseguir alcançar as metas do projeto. Já participamos de oito feiras de turismo e workshop em várias partes do Brasil e do mundo. Trabalhos importantes visando à sustentabilidade, à limpeza e à preservação também foram realizados,” explica o diretor do departamento de hotéis bares e restaurantes da Acim, Nelson Soares. Para Osmar Vicentin, coordenador do programa Empreender na Federação das Associações Comerciais de Santa Catarina (Facisc), projetos como o da Praia do Rosa mostram que incentivar ações de empreendedores locais vale a pena. “Essa iniciativa trouxe resultados não apenas para os empreendedores, mas para os habitantes de Imbituba, da Praia do Rosa e dos turistas que frequentam a praia.” Já o consultor regional sul do Empreender, Giovane Ferreira Pereira, ressalta a importância da parceria público-privada que tornou realidade uma série de ações. O último trabalho, lembra, foi a colocação de 55 coletores de lixo em grande parte da região. “Muitos projetos são desenvolvidos por meio de parceria, como manutenção de ruas, calçamentos, podas de árvores e assim por diante,” explica Pereira. “Isso mostra que a união de empreendedores pode ser a resposta para muitos desafios.”

O nome Praia do Rosa surgiu do nome de um fazendeiro chamado Rosa, cuja propriedade era o único caminho que dava acesso à praia. Antiga colônia de pescadores, ela foi descoberta nos anos de 1970 por hippies e surfistas. Com uma extensão de sete quilômetros, cercado de montanhas e diferentes trilhas ecológicas, é um lugar perfeito para o surfe, windsurfe, jet ski, pesca, cavalgadas e trekking. Conhecida internacionalmente, ela recebeu o título de uma das 30 mais belas baías do mundo, conferido pelo Club de las plus belles baies du monde, ONG com sede em Paris.

Acim Turismo lidera ações em conjunto com empresários locais

Empreender já liberou mais de R$ 100 milhões O Empreender, que se baseia na formação de núcleos setoriais, é desenvolvido no Brasil há mais de dez anos e já recebeu mais de R$ 100 milhões em investimentos do Sebrae e da CACB. O programa estimula o intercâmbio e ações coletivas como compras e vendas em conjunto. Mais de 60 mil pequenos negócios já foram atendidos pelo Empreender, que hoje possui 2 mil núcleos empresariais. Sua origem remonta a 1987, quando uma parceria firmada entre a Associação Comercial e Empresarial (Ace) de Brusque e a Câmara de Artes e Ofícios de Munique e Alta Baviera (HWK), na Alemanha, instaurou o Empreender, liderado pelas associações comerciais e industriais de Joinville, Blumenau e Brusque. O sucesso do programa foi o estopim para que a Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc), juntamente com o Sebrae/SC, lançasse o Empreender para mais dez municípios do estado de Santa Catarina, em outubro de 1997. Em 1999, foi a vez dos estados do Paraná, Minas Gerais, Sergipe, Bahia, Alagoas, Pernambuco e Maranhão firmarem a parceria. Apenas dois anos depois, a iniciativa já havia se estendido por todo o território brasileiro. Ao final de 2004, já eram contabilizados 841 municípios e 2.224 núcleos setoriais. Em 2007, o Empreendedor extrapolou os limites do território nacional, e instituições apoiadoras de micro e pequenas empresas na África do Sul, Colômbia, Chile, El Salvador, México e Moçambique assinaram os termos de adesão ao programa.

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FEDERAÇÕES

Facea leva desenvolvimento ao interior do Amazonas Presidente da federação, Valdemar Pinheiro, ampliou o raio do Empreender e intensificou o contato direto com os empresários por meio de telecentros. Intenção é irradiar o crescimento econômico para o interior do estado

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omentar o desenvolvimento econômico e social do interior do Amazonas. Este é um dos desafios e objetivos de Valdemar Pinheiro frente à Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Amazonas (Facea). Para tanto, Pinheiro, que comanda a gestão 2010/2013, ampliou o raio de ação de Empreender – que estimula a competitividade das micro e pequenas empresas – e, paralelamente, intensificou o contato direto com os empresários por meio da implementação de telecentros – Pronto Atendimento a Comunidade Empresarial –, que foram instalados nas cinco principais cidades do Amazonas. Além disso, reestruturou programas de Revitalização das Associações Comerciais e Empresariais (Ace) e estimulou o aumento da carteira de serviços das entidades visando a alcançar a autossustentabilidade da Facea e das Aces associadas. De acordo com o líder empresarial, “o Amazonas não tem problema em crescer”. O real entrave

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para o desenvolvimento do estado, alega Pinheiro, é a concentração do crescimento em Manaus e PIMPolo Industrial de Manaus, “embora constantemente ameaçado pela insegurança política e jurídica do modelo Zona Franca agravado por falta de investimentos federais em infraestrutura”. Ao mesmo tempo em que a concentração tornou Manaus uma cidade-estado, com 98% da arrecadação tributária e mais de 90% da representatividade política, cultural, social e econômica do Estado, a Associação Comercial (Acia) tem sido uma parceria da Facea na disseminação dos conceitos de associativismo e cooperativismo para alcançar e capacitar os amazônidas. A difusão desses conceitos é essencial para incentivar os “arranjos associativos locais” que contribuem para o crescimento integral dos mercados. “O estágio de desenvolvimento do interior do Amazonas condiciona a atuação da Federação a priorizar o associativismo, o cooperativismo e o empre-


Na sua opinião, quais devem ser as prioridades da agenda empresarial no país? Sem dúvida, a redução da carga tributária, a desoneração da folha de pagamento, a diminuição e racionalização dos gastos públicos e o aumento dos investimentos públicos. Para isso, deve haver união de todas as entidades, alinhamento de todos os setores e pressão legítima. Como o senhor vê a possibilidade de uma verdadeira reforma tributária? O país que não consegue regulamentar a Constituição Federal, que tem facilidade das resolver problemas, inclusive fiscal, através de Medidas Provisórias e que, por via executiva regula e gradua alíquotas, não precisa pagar o preço de uma Reforma Tributária. Vamos de remendo e remendo até.

a Comunidade Empresarial), em cinco das nossas Associações Comerciais e Empresariais mais ativas que ficam em cinco dos cinco dos municípios mais desenvolvidos do Estado. Os Paces contam com a parceria da Secretaria de Planejamento do Estado (Seplan) e com a imprescindível parceria do Sebrae-AM. Também é nossa prioridade a manutenção do Projeto Empreender, em quatro desses municípios e em outros quatro. Não menos importante é a manutenção do Projeto Revitalização das ACEs com forte apoio administrativo, legal, contábil e fiscal e motivação para desenvolver o associativismo.

“A redução da carga tributária e a racionalização dos gastos públicos devem ser prioridades da agenda empresarial do país”.

endedorismo”, ensina Pinheiro. Ele ainda enfatizou a importância dos cinco Postos Avançados de Conciliação Extraprocessual (Paces) em fase de implantação no estado em parceria com a Secretaria Estadual de Planejamento e o Sebrae”, reforçou Pinheiro. A imensidão amazônica, o vazio demográfico, as longas distâncias, a falta de estradas, as limitações e os elevados custos de locomoção e comunicação são, objetiva e taticamente, os grandes obstáculos que dificultam uma atuação mais eficiente das Aces nos municípios do Amazonas. Em entrevista, o líder empresarial do Norte do Brasil falou sobre os grandes temas em pauta no país e reforçou quais devem ser, na sua opinião, as prioridades na agenda empresarial:

Como o senhor vê a possibilidade de os sindicatos buscarem aviso prévio retroativo? Caso se concretize, seria uma aberração jurídica. O argumento dos sindicalistas é correto. A regulamentação da Lei Maior, dívida de 14 anos do próprio Senado Federal, é que poderá ser “incorreta”.

Sobre aplicação da lei geral em seu estado. Qual tem sido a postura da Facea? Estamos juntos com o Sebrae-AM e trabalhamos forte no interior do estado e em Manaus, que é uma cidade-estado. A representatividade da Associação Comercial do Amazonas (Aca) é que faz o contraponto.

A lei sancionada pela presidente Dilma pode ter o efeito de estancar demissões? Não. O efeito será o de acelerar as demissões. Não é possível adotar ações para impedir as demissões de forma direta. O conceito de produtividade pode ser medido, quantificado. Mas o conceito de capacitação, qualificação, reciclagem, embora essenciais e necessários para o aumento da produtividade, é subjetivo, é relativo.

Como está o andamento da criação dos Paces? Estão em andamento, principalmente, a implantação dos telecentros e dos Paces (Pronto Atendimento

Qual a sua opinião sobre a atuação da justiça trabalhista no Brasil? Vejo uma justiça morosa, ineficiente e protecionista. Dezembro de 2011

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DESTAQUE CACB

CACB renova parceria com a BFZ da Alemanha Renovação do acordo vai permitir a continuidade dos programas de cooperação internacional e maior sinergia entre as associações e federações de comércio de todo o país

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onsolidar o papel da CACB como agente de cooperação técnica, capacitá-la para ser executora de projetos de cooperação internacional e ampliar carteira de serviços da entidade. Estes são os pontos-chave da parceria CACB / BFZ, que contará com um aporte de 700 mil euros a fundo perdido, que serão investidos ao longo de três anos. A parceria foi renovada no final de novembro. Em visita ao Brasil, uma delegação alemã avaliou os resultados alcançados pela CACB e apresentou sugestões para os próximos três anos, duração do novo contrato. Na avaliação de Rolf Speit, especialista alemão em projetos de cooperação internacional, e também consultor da Sequa/ BFZ, a CACB tem feito um bom trabalho e a estratégia na disseminação dos núcleos setoriais em outros países foi acertada. “Nossa recomendação é que a entidade continue estimulando programas de cooperação internacional e, paralelamente, crie serviços rentáveis de comércio internacional”, ressaltou. O diagnóstico de Speit vai ao encontro do planejamento estratégico da CACB. Durante a reunião com os alemães, o presidente da CACB, José Paulo Dornelles Cairoli, ressaltou a importância da renovação da parceria e do processo de reorganização institucional alcançado nas entidades.

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“Conseguimos alcançar o objetivo inicial de reintegrar as Federações para um trabalho associativista, com mais envolvimento e sinergia entre as Associações Comerciais e Federações de todo o País, sempre com a visão da formação, gestão e qualificação.” Cairoli lembrou que esse esforço “permite, agora, que a CACB amplie seu departamento internacional de forma mais estruturada, tanto que no que tange à carteira de serviços quanto ao desenvolvimento de maior número de projetos. A renovação da parceria vai permitir, ainda, que a CACB amplie seu trabalho de formação de consultores para evoluir ainda mais”, ressaltou. Como parte da intensificação do trabalho internacional, a CACB já começou a estruturar o departamento e capacitá-lo. Assim, no início de dezembro, a equipe acompanhou um curso de capacitação com ênfase nas Oportunidades Internacionais, especialmente, no que tange aos editais da União Europeia. O curso teve três sessões que foram compostas de elementos teóricos, estruturação de agenda e sistemática de trabalho e exercícios práticos. Na ocasião, foi estabelecido um cronograma de trabalho que tem como atividades a análise de editais e o acompanhamento regular dos projetos principalmente da União Europeia.


Participaram da missão alemã a diretora de projetos do Sequa (Fundação para o Desenvolvimento da Alemanha), Linda Schraml, Martin Wahl, coordenador da Divisão Internacional da BFZ (Centros de Formação Profissional das Associações Empresariais da Baviera) e executor dos projetos junto à CACB, e o especialista alemão em projetos de cooperação internacional Rolf Speit. Resultados A evolução da CACB no âmbito internacional foi significativa nos últimos anos. Além de promover workshops para ensinar a metodologia dos núcleos setoriais em países como o Timor Leste e Moçambique, recentemente, a entidade assinou um convênio com o Sebrae, que deve fortalecer seu papel de indutora da competitividade das MPEs na América Latina. Além disso, a entidade promoveu o intercâmbio com associações correlatas, como Coparmex (Confederación Nacional de la República Mexicana), Seda (Small Enterprise Development Agency), da África do Sul, Aciana (Associação Comercial, Industrial e Agrícola) de Nampula, de Moçambique, Sercotec (Servicio de Cooperación Técnica. Institución del Estado), do Chile, e a Câmara de Comércio e Indústria de El Salvador. O sucesso da CACB na disseminação dos núcleos setoriais no Brasil permitiu à Confederação um papel determinante nos projetos de cooperação internacional, especialmente, em programas destinados ao desenvolvimento de micro e pequenas empresas. Essa atuação no cenário internacional rendeu condecorações, como, por exemplo, em 2009, quando recebeu o prêmio do ICC – Câmara Internacional de Comércio. Na ocasião, o Capacitar Nordeste (programa oriundo do Empreender) foi considerado modelo de projetos. Desde então, a entidade foi convidada, inclusive, para compor a banca examinadora do ICC. Os bons resultados nos projetos de cooperação internacional, levaram a CACB a firmar outro convênio, com o Sebrae. Este acordo, assinado em agosto entre CACB e Sebrae, permite disseminar a metodologia dos núcleos setoriais nos países da América do Sul, com prioridade aos países fronteiriços. “A CACB já mostrou ter o know-how para programas de cooperação internacional. Nossas parcerias têm sido bem-sucedidas e alcançamos bons resultados. A tendência, agora, é crescer”, declarou o coordenador do Empreender, Carlos Alberto Rezende.

Metas ■ Elaborar três projetos por ano ■ Aproximação estratégica com o BID, ABC, Japão e EUA ■ Reconhecimento do Brasil como país-âncora de

cooperação com a Alemanha ■ Contratação de novos consultores ■ Promoção e execução de três seminários de troca de experiência de nível internacional ■ Promoção de um seminário sobre política de cooperação brasileira

A parceria A parceria entre a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e o Centros de Formação Profissional das Associações Empresariais da Baviera – (BFZ) começou em março de 2009. Desde então, foram promovidos projetos de cooperação internacional em pelo menos 15 países. As ações foram desenvolvidas, principalmente, em dois programas: Empreender (El Salvador, Colômbia, África do Sul. México e Chile) e Rifa – Rede Interregional para adaptação da Formação Técnica e Profissional às necessidades do Artesanato – (com ações na Alemanha, Costa do Marfim, Benim e Marrocos). Também foram desenvolvidas atividades em Honduras, El Salvador, Guatemala Timor Leste, entre outros.

A visita da delegação alemã A agenda de encontros entre a CACB e a BFZ começou na última semana de novembro, em Foz do Iguaçu, com uma visita do coordenador do Empreender, Carlos Alberto Rezende, e os delegados alemães ao CDT-AL (Centro de Desenvolvimento Tecnológico da América Latina) – braço do Sebrae para ações internacionais no Paraguai e Argentina. Na mesma semana, foram realizadas reuniões no Sebrae e na ABC (Agência Brasileira de Cooperação Internacional) – ligada ao Itamaraty. “O Brasil assume o papel de indutor de desenvolvimento das micro e pequenas empresas da América do Sul. Transferência tecnológica consiste também em informação e treinamento. A CACB dá a sua contribuição nesse sentido”, afirmou o presidente da CACB, José Paulo Dornelles Cairoli.

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CBMAE

Inauguração do Pace em Belo Horizonte

Minas Gerais inaugura mais sete Postos Avançados de Conciliação Outros 15 Paces já estão autorizados a funcionar no estado; Minas tem o maior número de postos do país

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m 2011, Minas Gerais se firmou como o estado com o maior número de Postos Avançados de Conciliação Extraprocessual (Pace). Somente este ano, foi autorizada a instalação de 23 postos no estado, sendo que sete deles começaram a funcionar até a primeira quinzena de dezembro. A partir da última semana de novembro e o início deste mês, os empresários mineiros já podem contar com os novos Paces de Belo Horizonte, Três Marias, João Pinheiro, Pompéu, Pirapora, Janaúba e Juiz de Fora. Os postos somam-se aos outros quatro que já existiam no estado em São Gotardo, Uberaba, Uberlândia e Patos de Minas. O coordenador adjunto da Câmara Brasileira de Mediação e Arbitragem Empresarial (CBMAE), Aldovrando Torres, reforça que a inauguração dos Paces

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em Minas foi possível em razão de uma grande conjugação de esforços entre a Confederação das Associações Comerciais do Brasil (CACB)/CBMAE, o Tribunal de Justiça do estado, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), as federações e associações comerciais mineiras. “O Pace é um espaço de aproximação do empresário com a conciliação que tem demonstrado resultados muito positivos desde 2008, quando o primeiro começou a funcionar em São Paulo”, ressaltou Torres. Em Minas os números comprovam a efetividade da atuação dos postos avançados. Nos quatro Paces em funcionamento desde 2010, a média de êxito das demandas que chegam a acordos foi de 86%, segundo o consultor do CBMAE, Daniel Rezende. “Por intermédio da conciliação, é possível resolver em um dia ou


em um mês o que leva seis, sete anos em um processo judicial”, informa Aldovrando Torres. Já o presidente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Minas Gerais (Federaminas), Wander Luis Silva, reforça que o Pace é um programa de largo alcance que contribui para a pacificação social. O coordenador adjunto da CBMAE acrescenta que hoje a conciliação é uma realidade atestada pelo Judiciário. “No início, sofremos resistência por parte do Judiciário. Agora, o próprio ministro Cezar Peluso reconheceu a efetividade da iniciativa afirmando recentemente que a conciliação é tão ou mais importante que a sentença judicial”, disse. Peluso, que também é presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ressaltou os benefícios da conciliação durante a abertura da Semana Nacional da Conciliação, no dia 28 de novembro, no Rio de Janeiro. “A própria Resolução nº 125 do CNJ legitima e traduz a importância da conciliação autorizando parcerias público-privadas”, atesta Torres. O resultado da atuação dos Paces é efetivo porque a conciliação representa menor custo para as partes envolvidas, maior rapidez e a redução da sobrecarga de trabalho do Judiciário. Torres acredita que a conciliação é uma das melhores inovações da reforma do novo Código de Processo Civil e deve ser feita pela sociedade civil, como é o caso do trabalho desenvolvido pela CACB juntamente com o Sebrae, as Federações e as Associações Comerciais. Como funciona: Para instalar um Pace, representantes da CACB mobilizam as Federações e Associações Comerciais para que participem do processo. As associações cedem o espaço e indicam pessoal que será treinado para trabalhar nos Paces. O próximo passo é firmar um convênio entre a CACB, a Federação e as Associações Comerciais envolvidas e o Tribunal de Justiça, que irá treinar os conciliadores. É por meio do convênio que a instalação do Pace é autorizada. Em Minas Gerais, foram treinadas, em novembro, cerca de 70 pessoas, indicadas pelas Associações Comerciais dos municípios participantes. Os Paces funcionam como uma extensão do Judiciário, com um trabalho de solução de conflitos pela via extraprocessual. O resultado das audiências realizadas nesse espaço,

quando exitoso, tem força de sentença judicial, já que o acordo deve ser homologado por um juiz. Saiba mais sobre o Pace: Com função conciliatória, o Posto Avançado de Conciliação Extraprocessual tem como finalidade principal promover o diálogo entre as partes, conferindo-lhes oportunidade para que expressem suas intenções e expectativas, compondo os interesses em conflito, mediante acordo, por meio da realização de audiências de conciliação. A conciliação é uma forma de solução extrajudicial de controvérsias em que conciliador exerce a tarefa não só de aproximar as partes envolvidas como, se necessário, sugerir e propor soluções, no intuito de levá-las a um entendimento que ponha fim ao conflito. É um processo voluntário e pacífico que cria um ambiente propício para as partes se concentrarem na procura de soluções.

Desembargadora Márcia Milanez e o empresário Hélio Eduardo Pereira

Balanço O primeiro Posto Avançado de Conciliação Extraprocessual foi inaugurado no país em 2008 na capital paulista. Atualmente, existem 35 Paces em funcionamento ou com a instalação autorizada, incluindo os novos postos mineiros. Além de Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Acre, Alagoas e Goiás já tem postos em atuação. Veja mais detalhes em www.cbmae.org.br. Dezembro de 2011 27


TENDÊNCIAS

Consumo de luxo atrai cada vez Em 2011, segmento movimentará cerca de R$ 21 bilhões no Brasil, o que representará crescimento de

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e você procurar histórias de fundadores de marcas famosas, que se iniciaram como pequenas oficinas e hoje são veneradas por seus públicos, certamente vai encontrar uma infinidade delas. Entre as chaves desse sucesso, um dos fatores em comum foi a escolha do nicho de negócios. No Brasil, um dos segmentos de grande potencial que começa a despontar e atrair cada vez mais empreendedores é o do luxo. Essa tendência é comprovada por dados coletados pela consultoria GFK. Segundo a empresa, em 2011 esse mercado movimentará aproximadamente R$ 21 bilhões no Brasil, o que representará crescimento de 33% em relação ao ano passado. “Isso é irreversível, ainda mais pelo número de milionários surgidos nos últimos anos”, diz a professora de marketing de luxo da ESPM, Gabriela Otto. Além disso, o fato de o Brasil ainda não ter referências de luxo tipicamente brasileiras – o predominante é de origem europeia – torna esse mercado ainda nda mais promissor, acrescenta. “Muitos empreendereendedores entenderam isso e estão se saindo muito bem com uma forma própria pria de tratar o consumo de luxo.” Normalmente, quando falamoss de artigos de luxo, segundo Gabriela, a, são lembradas marcas como Louis Vuitton, Cartier e Channel, entre outras. “Mas não precisamos ir tão longe”, repara. O sucesso nesse tipo de negócio, segundo ela, não é tamanho, mas posicionamento. Em sua essência, esse mercado tem a criatividade, a iniciativa, o empreendedorismo, o “feito a mão”, o “toque do o dono”. “E todos esses são fatores es muito presentes nas pequenas nas empresas”, ressalta. Como exemplos bem-sucediucedidos, Gabriela cita restaurantes es que

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não investem nenhum real em promoção e pet shops que trabalham exclusivamente por indicação. “Amigos indicando para amigos que buscam as mesmas coisas: serviço excepcional, foco em detalhes, zelo obsessivo com limpeza e segurança, atendimento 100% customizado e a sensação de ser único.” Mas os produtos desse mercado não dependem de matérias-primas de primeira linha, assim como o knowhow? “Isso é evidente”, afirma a professora. Entretanto, segundo ela, o grande diferencial no Brasil é o atendimento. “Nossa alegria, hospitalidade e espontaneidade são artigos raros e muito valorizados por qualquer consumidor internacional, e os empreendedores criativos sabem tirar proveito disso e criar serviços extraordinários”, acrescenta. Nessa linha, destaca a proliferação cada vez maior de concierges de viagens em vez de agentes ou consultores, personal de estilo, da casa, das finanças pessoais, da rotina, de compras, de festas, de exercícios pess físicos, além de serviços serviço dirigidos a nichos de mercado aparecendo a toda hora. “A customização é a base pois as pessoas querem se sentir ddesse de sse mercado, po especiais, espe es p ciais, únicas, mimadas.” Mas e o preço pre não é importante? De acordo especialista, muita gente ainda associa o ccom co m a especi mercado de luxo a esse quesito, mas o mercad que importa para esse consumidor é a relevância do serviço ou produto. O foco, a seu ver, deve estar em clientes que veem valor no que você oferece. “O preço é o item racional dentro do processo de compra do segmento, e o menos importante. Isso porque a decisão de compra acontece muito antes, devido ao significado embutido na marca ou no serviço.” Gabriela: “Crescimento do mercado de luxo no Brasil é irreversível”


mais empresas 33% em relação ao ano passado

O emblemático sucesso de Carina Barlett

Ferreirinha: “Características do produto ou serviço são muito importantes para o sucesso” Um dos grandes especialistas brasileiros no assunto, Carlos Ferreirinha, fundador da MCF Consultoria, afirma que a principal objeção enfrentada pelo empreendedor do segmento de luxo está justamente relacionada ao preço. “Muitos consumidores reclamam do alto preço de serviços e produtos de luxo. Nessa ocasião, é crucial o papel do vendedor, que deve ressaltar o grau de excelência e de valores diferenciados desses produtos”, afirma. O entendimento do processo de produção, dos detalhes do que está sendo vendido e das características do produto ou serviço é muito importante para sustentar as histórias que traçam os perfis dessas marcas, produtos e serviços, acrescenta Ferreirinha. E indaga: “Quanto custa uma bolsa fabricada por artesãos franceses? É cara? Não, é o valor da marca que empresta prestígio”. Para o consultor, o brasileiro geralmente tem uma visão de curto e médio prazos, e o mercado de luxo depende de uma estratégica de médio e longo prazos. “Por isso, elementos relacionados a esse longo prazo, como tempo e comprometimento com a excelência são algumas características que ainda têm de ser desenvolvidas no Brasil”.

A crosta ideal e o miolo, a sensação na boca, o aroma e o sabor. Todos esses ingredientes que remontam à secular técnica do legítimo pão francês levaram aquela que seria apenas uma pequena boutique de pão imaginada por sua proprietária a um sucesso inesperado. Surgida em uma pequena garagem em 2006, em Porto Alegre, a Carina Barlett Boulangerie passou a ser reconhecida em 2010, depois de mudar-se para uma loja mais ampla dotada de um pequeno deck, onde é possível degustar a variedade de pães oferecidos pela casa para lanches. A receptividade do público a levou a abrir duas franquias em 2011. A primeira no bairro Menino Deus, inaugurada no final de julho deste ano, e a segunda no Bom Fim, cuja loja matriz passou a ser dirigido por franqueados no início de outubro, dada a decisão de Carina de dedicar-se integralmente à produção. Seus planos, contudo, não param por aí. Até o final deste ano será inaugurada mais uma franquia no bairro Três Figueiras, também na capital gaúcha. A opção por esse tipo de negócio deve acentuar-se nos próximos anos, quando serão abertas, em média, quatro lojas por ano, informa Carina que vem recebendo sondagens de empresários de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Brasília para a abertura de novas franquias. O balanço de 2011 deverá fechar com um crescimento de 40% nas receitas em comparação ao ano anterior. Para 2012, a expectativa é operar com oito lojas e alcançar uma receita de R$ 13 milhões.

O legítimo pão francês atrai cada vez mais portoalegrenses

Carina e seu marido, Marco

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BIBLIOCANTO

Como Henry Kissinger vê a China

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Um país com tarefas domésticas imensas não se lançará facilmente numa busca pela dominação mundial, prevê Kissinger

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pesar do avanço do poder militar do país, cujas despesas em 2010 ultrapassaram US$ 160 bilhões, número que deve aumentar 13% em 2011 – o correspondente a cerca de 20% dos US$ 700 bilhões gastos pelo Pentágono por ano –, a China tem outras preocupações. Quem garante é o ex-secretário de Estado americano e pivô da aproximação entre Washington e Pequim nos anos 70 do século passado, Henry Kissinger, em seu novo livro “Sobre a China”. Mesmo a hegemonia da China no Pacífico, o que pode preocupar os EUA, em eventual enfrentamento do tipo “soma zero” – se um lado ganha, o outro necessariamente perde –, Kissinger acredita que o chamado Império do Meio enfrenta problemas domésticos de tal magnitude que não deve se lançar tão cedo numa busca pela dominação mundial. Hoje, segundo Kissinger, nenhuma questão preocupa mais os líderes chineses do que a preservação da unidade nacional. Ela permeia o objetivo frequentemente proclamado da harmonia social, que é difícil em um país onde as regiões litorâneas estão no nível das sociedades avançadas, mas cujo interior compreende algumas das áreas mais atrasadas do mundo. Segundo Dai Bingguo, político e diplomata chinês, que desde 2008 é uma das figuras mais importantes da administração Hu Jintao, a China possui hoje 150 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza – de acordo com o padrão de vida de um dólar por dia estabelecido pelas Nações Unidas. O mesmo Dai Bingguo – citado por Kissinger em seu livro – revela que a China tem mais 40 milhões de pessoas vivendo na pobreza e ainda 10 milhões sem acesso à eletricidade, sem falar na questão de emprego para 24 milhões de pessoas que tem de ser resolvida a cada ano. Por tudo isso, o desafio doméstico chinês é, pela descrição de seus líderes, muito mais complexo do que o poder abrangido pela invocação da expressão “ascensão inexorável da China” – repara Kissinger. A demografia será mais um elemento complicador nessa tarefa, mostra o ex-diplomata americano. Impulsionada por padrões de vida e longevidade crescentes combinados a distorções na política do filho único, a China apresenta uma das populações com taxa de en-

velhecimento mais acelerada do mundo. A população em idade de trabalho total do país deve atingir seu pico em 2015. Desse ponto em diante, um número cada vez maior de cidadãos chineses entre 15 e 64 anos precisa sustentar uma população idosa cada vez maior. Em 2030 estima-se que o número de trabalhadores rurais entre as idades de 20 e 29 anos atingirá metade de seu nível atual. Em 2050 projeta-se que a metade da população chinesa terá 45 anos ou mais, com um quarto da população – grosso modo equivalente a toda a população atual dos EUA – tendo 65 anos ou mais. Um país enfrentando tarefas domésticas tão grandes não vai se lançar facilmente, muito menos de forma automática, num confronto estratégico ou numa busca pela dominação mundial, raciocina Kissinger. Para ele, a competição crucial entre os Estados Unidos e a China muito provavelmente girará mais em torno das questões econômicas e sociais do que militares. Kissinger, que como conselheiro de Segurança Nacional de Richard Nixon organizou a visita do então presidente americano a Pequim em 1972, narra que seu objetivo era enfraquecer a URSS. Surpreso, constatou que, diferentemente do pedantismo do bloco soviético, a hospitalidade era “um aspecto da estratégia” chinesa. O sucesso da aproximação foi tamanho que, segundo Kissinger, os chineses não conseguiram entender por que Nixon, que abriu os EUA à China, foi “destruído” dois anos mais tarde – uma referência a Watergate. Até Mao atribuiu o episódio a “reacionários”. Antes de enveredar pela realidade atual da China, Kissinger brinda o leitor com uma análise extraordinária sobre as origens históricas daquele país que ajudam sobremaneira a compreender as idiossincrasias de seu povo. Kissinger mostra que os chineses nunca partem para o tudo ou nada, diferentemente dos ocidentais. Preferem a flexibilidade estratégica e vantagens parciais. Segundo os ensinamentos de Sun Tzu, o misterioso autor de um famoso livro sobre a “arte da guerra” citado por Kissinger, “a suprema excelência está não em vencer toda batalha, mas em derrotar o inimigo sem sequer combater”. O livro “Sobre a China” de Henry Kissinger é daqueles que não dá para não ler. Milton Wells


ARTIGO

Os amigos do varejo no Natal ■ Claudio Felisoni de Angelo*

“ ” “No Natal, 69% das perdas associadas a furtos se devem à ação dos presumidos compradores”

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atal é um período rico de símbolos. Uma das imagens marcantes é, sem dúvida, Papai Noel. O velhinho de longas barbas brancas, vestido de vermelho e a bordo de um trenó tracionado por renas da cor da neve na noite de Natal rasga o céu em um voo solitário. Segundo a lenda, o bom velhinho que habita no Polo Norte lota seu trenó com presentes e generosamente os distribui para as crianças comportadas. Para cada uma delas retira de um grande saco vermelho o objeto desejado, colocando-o com todo cuidado debaixo da árvore de natal. O Natal é um momento singular também para os negócios. Pode-se dizer que Papai Noel é o maior aliado do varejo. As vendas no mercado interno tem um comportamento sazonal. Ou seja, flutuam em torno de uma média para cima ou para baixo dependendo da existência de datas especiais: Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia dos Namorados, Páscoa e é claro o Natal. A rentabilidade do comércio depende e muito destes estímulos. Por exemplo, mais recentemente importou-se a ideia do Black Friday. De qualquer modo, o Natal é de longe a melhor data para o varejo. Tomando-se o quarto trimestre como base – o de maior volume de vendas – observase que o período do Natal, mais especificamente o mês de dezembro, é responsável por uma média de vendas 35% superior à média do quarto trimestre. A segunda melhor data é o Dia das Mães, mas as vendas situam-se em um patamar muito inferior. Papai Noel distribui presentes e engorda o caixa do comércio. Porém a vinda do bom velhinho estimula a ação mais incisiva de outro personagem. Um personagem sem uma identidade específica, que atua sem despertar a atenção e que ao contrário de trazer presentes dobrando sinos, procura levar o lucro silenciosamente. Trata-se, é claro, do amigo do alheio. As perdas no varejo têm sido medidas por uma

pesquisa anual conduzida pelo Provar & Felisoni Consultores desde 2000, intitulada Avaliação das Perdas no Varejo. O estudo calcula que as perdas, definidas pelo quociente entre custo das mercadorias a preço de compra dividido pelo faturamento líquido, são de 1,75%. Há variações significativas dependendo do setor: 2,26% para supermercados, 0,52% farmácias, 1,81% material de construção e outros 0,67%. Tendo em vista que a estrutura operacional para a comercialização de bens ao longo do ano não pode ser tão facilmente ajustada aos movimentos sazonais, é óbvio que nos períodos em que a demanda é mais intensa, o amigo do alheio atua de modo mais rentável. A mencionada pesquisa revela que nada menos que 69% das perdas associadas a furtos se deve à ação dos presumidos compradores. Desse modo, muito embora a flexibilidade da organização para o atendimento de picos de demanda seja limitada, é preciso examinar com muito cuidado as alternativas de que se dispõe para facilitar a venda dos produtos. Medidas essas que podem ir desde uma melhor disposição dos produtos até mais segurança, com mais treinamento do pessoal e mais equipamentos. Seja como for, trata-se de uma operação aritmética. Papai Noel traz e o amigo do alheio leva. Obviamente, deve-se procurar estimular a vinda do bom velhinho e inibir a ação do amigo do alheio. *Presidente do Conselho do Provar - Ibevar Provar - Programa de Administração de Varejo Ibevar - Instituto Brasileiro de Executivos do Varejo e do Mercado de Consumo

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