Revista Empresa Brasil 95

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Empresa

Brasil

Ano 10 l Número 95 l Junho de 2013

AS METAS DE AFIF Mais crédito, menos burocracia e menor carga tributária fazem parte da visão do titular da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos, para impulsionar o empreendedorismo no Brasil

CACB OFERECE SERVIÇOS PARA FACILITAR AS EXPORTAÇÕES DAS MPES


Federações CACB DIRETORIA DA CACB TRIÊNIO 2013/2015 PRESIDENTE José Paulo Dornelles Cairoli (RS) 1º VICE-PRESIDENTE Rogério Pinto Coelho Amato (SP) VICE-PRESIDENTES Antônio Freire (MS) Djalma Farias Cintra Junior (PE) Jésus Mendes Costa (RJ) Jonas Alves de Souza (MT) José Sobrinho Barros (DF) Rainer Zielasko (PR) Reginaldo Ferreira (PA) Sérgio Roberto de Medeiros Freire (RN) Wander Luis Silva (MG) VICE-PRESIDENTE DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS Sérgio Papini de Mendonça Uchoa (AL) VICE-PRESIDENTE DE COMUNICAÇÃO Alexandre Santana Porto (SE) VICE-PRESIDENTE DA MICRO E PEQUENA EMPRESA Luiz Carlos Furtado Neves (SC) VICE-PRESIDENTE DE SERVIÇOS Pedro José Ferreira (TO) DIRETOR–SECRETÁRIO Jarbas Luis Meurer (TO) DIRETOR–FINANCEIRO George Teixeira Pinheiro (AC) CONSELHO FISCAL TITULARES Jadir Correa da Costa (RR) Ubiratan da Silva Lopes (GO) Valdemar Pinheiro (AM) CONSELHO FISCAL SUPLENTE Alaor Francisco Tissot (SC) Itamar Manso Maciel (RN) Kennedy Davison Pinaud Calheiros (AL) CONSELHO NACIONAL DA MULHER EMPRESÁRIA Avani Slomp Rodrigues (PR) CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO JOVEM EMPRESÁRIO Rodrigo Paolilo SUPERINTENDENTE Antônio Chaves Barcellos GERENTE ADMINSTRATIVO/FINANCEIRO César Augusto Silva COORDENADOR DO EMPREENDER Carlos Alberto Rezende COORDENADOR CBMAE/INTEGRA Valério Souza de Figueiredo COORDENADOR DO PROGERECS Luiz Antônio Bortolin COORDENADORA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Neusa Galli Fróes EQUIPE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Neusa Galli Fróes Cyntia Menezes Thais Margalho SCS Quadra 3 Bloco A Lote 126 Edifício CACB 61 3321-1311 61 3224-0034 70.313-916 Brasília - DF Site: www.cacb.org.br

Acre – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Acre – FEDERACRE Presidente: George Teixeira Pinheiro Avenida Ceará, 2351 Bairro: Centro Cidade: Rio Branco CEP: 69909-460

Paraná – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná – FACIAP Presidente: Rainer Zielasko Rua: Heitor Stockler de Franca, 356 Bairro: Centro Cidade: Curitiba CEP: 80.030-030

Alagoas – Federação das Associações Comerciais do Estado de Alagoas – FEDERALAGOAS Presidente: Kennedy Davidson Pinaud Calheiros Rua Sá e Albuquerque, 302 Bairro: Jaraguá Cidade: Maceió CEP: 57.020-050

Pernambuco – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Pernambuco – FACEP Presidente: Jussara Pereira Barbosa Rua do Bom Jesus, 215 – 1º andar Bairro: Recife Cidade: Recife CEP: 50.030-170

Amapá – Associação Comercial e Industrial do Amapá – ACIA Presidente: Nilton Ricardo Felgueiras Faria e Sousa Rua General Rondon, 1385 Bairro: Centro Cidade: Macapá CEP: 68.900-182

Piauí – Associação Comercial Piauiense - ACP Presidente: José Elias Tajra Rua Senador Teodoro Pacheco, 988, sala 207. Ed. Palácio do Comércio 2º andar - Bairro: Centro Cidade: Teresina CEP: 64.001-060

Amazonas – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Amazonas – FACEA Presidente: Valdemar Pinheiro Rua Guilherme Moreira, 281 Bairro: Centro Cidade: Manaus CEP: 69.005-300 Bahia – Federação das Associações Comerciais do Estado da Bahia – FACEB Presidente: Clóves Lopes Cedraz Rua Conselheiro Dantas, 5. Edifício Pernambuco, 9° andar Bairro: Comércio Cidade: Salvador CEP: 40.015-070 Ceará – Federação das Associações Comerciais do Ceará – FACC Presidente: João Porto Guimarães Rua Doutor João Moreira, 207 Bairro: Centro Cidade: Fortaleza CEP: 60.030-000 Distrito Federal – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Distrito Federal e Entorno – FACIDF Presidente: Francisco de Assis Silva SAI Quadra 5C, Lote 32, sala 101 Cidade: Brasília CEP: 71200-055 Espírito Santo – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropastoris do Espírito Santo – FACIAPES Presidente: Amarildo Selva Lovato Rua Henrique Rosetti, 140 - Bairro Bento Ferreira Vitória ES - CEP 29.050-700 Goiás – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias do Estado de Goiás – FACIEG Presidente: Ubiratan da Silva Lopes Rua 143 - A - Esquina com rua 148, Quadra 66 Lote 01 Bairro: Setor Marista Cidade: Goiânia CEP: 74.170-110 Maranhão – Federação das Associações Empresariais do Maranhão – FAEM Presidente: Domingos Sousa Silva Júnior Rua Inácio Xavier de Carvalho, 161, sala 05, Edifício Sant Louis. Bairro: São Francisco- São Luís- Maranhão CEP: 65.076-360 Mato Grosso – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Mato Grosso – FACMAT Presidente: Jonas Alves de Souza Rua Galdino Pimentel, 14 - Edifício Palácio do Comércio 2º Sobreloja – Bairro: Centro Norte Cidade: Cuiabá CEP: 78.005-020 Mato Grosso do Sul – Federação das Associações Empresariais do Mato Grosso do Sul – FAEMS Presidente: Antônio Freire Rua Quinze de Novembro, 390 Bairro: Centro Cidade: Campo Grande CEP: 79.002-917 Minas Gerais – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Minas Gerais – FEDERAMINAS Presidente: Wander Luís Silva Avenida Afonso Pena, 726, 15º andar Bairro: Centro Cidade: Belo Horizonte CEP: 30.130-002 Pará – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Pará – FACIAPA Presidente: Olavo Rogério Bastos das Neves Avenida Presidente Vargas, 158 - 5º andar Bairro: Campina Cidade: Belém CEP: 66.010-000 Paraíba – Federação das Associações Comerciais e Empresariais da Paraíba – FACEPB Presidente: Alexandre José Beltrão Moura Avenida Marechal Floriano Peixoto, 715, 3º andar Bairro: Bodocongo Cidade: Campina Grande CEP: 58.100-001

Rio de Janeiro – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Rio de Janeiro – FACERJ Presidente: Jésus Mendes Costa Rua do Ouvidor, 63, 6º andar - Bairro: Centro Cidade: Rio de Janeiro CEP: 20.040-030 Rio Grande do Norte – Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Norte – FACERN Presidente: Itamar Manso Maciel Júnior Avenida Duque de Caxias, 191 Bairro: Ribeira Cidade: Natal CEP: 59.012-200 Rio Grande do Sul – Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul - FEDERASUL Presidente: Ricardo Russowsky Rua Largo Visconde do Cairu, 17, 6º andar Palácio do Comércio - Bairro: Centro Cidade: Porto Alegre CEP: 90.030-110 Rondônia – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado de Rondônia – FACER Presidente: Gerçon Szezerbatz Zanatto Rua Dom Pedro II, 637 – Bairro: Caiari Cidade: Porto Velho CEP: 76.801-151 Roraima – Federação das Associações Comerciais e Industriais de Roraima – FACIR Presidente: Jadir Correa da Costa Avenida Jaime Brasil, 223, 1º andar Bairro: Centro Cidade: Boa Vista CEP: 69.301-350 Santa Catarina – Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina – FACISC Presidente: Alaor Francisco Tissot Rua Crispim Mira, 319 - Bairro: Centro Cidade: Florianópolis - CEP: 88.020-540 São Paulo – Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo – FACESP Presidente: Rogério Pinto Coelho Amato Rua Boa Vista, 63, 3º andar Bairro: Centro Cidade: São Paulo CEP: 01.014-001 Sergipe – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropastoris do Estado de Sergipe – FACIASE Presidente: Alexandre Santana Porto Rua Jose do Prado Franco, 557 Bairro: Centro Cidade: Aracaju CEP: 49.010-110 Tocantins – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado de Tocantins – FACIET Presidente: Pedro José Ferreira 103 Norte Av. LO 2 - 01 - Conj. Lote 22 Prédio da ACIPA Bairro: Centro Cidade: Palmas CEP: 77.001-022

• O conteúdo desta publicação representa o melhor esforço da CACB no sentido de informar aos seus associados sobre suas atividades, bem como fornecer informações relativas a assuntos de interesse do empresariado brasileiro em geral. Contudo, em decorrência da grande dinâmica das informações, bem como sua origem diversificada, a CACB não assume qualquer tipo de responsabilidade relativa às informações aqui divulgadas. Os textos assinados publicados são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.


PALAVRA DO PRESIDENTE José Paulo Dornelles Cairoli

Um novo espaço de atuação

A

Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) ganha, pela primeira vez, no governo federal, um espaço nobre com a chegada do ministro Guilherme Afif Domingos na Secretaria da Micro e Pequena Empresa. Depois de tantas lutas e batalhas assumidas pela CACB, nossa entidade recebe a consideração da presidente da República, Dilma Rousseff, que vinculou a CACB como representante do micro e do pequeno empresário e também do próprio ministro, que agradeceu a presença maciça e o apoio recebido em sua posse, configurado na presença de tantas federações e associações comerciais do Brasil no Palácio do Planalto. Temos muito ainda a andar e não acreditamos em milagre. Mas com Afif Domingos, nosso presidente de honra, à frente da pasta podemos aguardar as necessárias mudanças para nosso setor, chegando mais rápido nas soluções de que tanto necessitamos. Sabemos, sem dúvidas, que nem tudo pode ser feito e que não bastam boa vontade e compreensão das necessidades. Tudo é uma questão de circunstâncias e possibilidades. Mas do primeiro titular da pasta que disse que serve a uma causa, que tem absoluta sintonia conosco, poderemos esperar da nova Secretaria a melhora do cenário atual, cujo índice de mortalidade é ainda grande. De cada cem micro e pequenas empresas abertas no Brasil, 73 permanecem em atividade após os primeiros dois anos de existência. O ministro vai nos ajudar a reduzir esse índice: seja na criação de políticas públicas, no financiamento adequado, no capital de giro ou na redução da carga tributária, esperamos amenizar esses impasses desanimadores para todos. Aprimorar a legislação do SuperSimples para facilitar a sobrevivência, reduzir a informalidade e atrair novos empreendedores seriam um bom caminho a ser seguido pela nova Secretaria para um setor que, sem qualquer dúvida, tem sustentado a economia e garantido os indicadores num razoável patamar de crescimento. Necessitamos de uma agenda de mudanças que inclui a questão da substituição tributária, que vem, silenciosamente, roubando postos de trabalho e aumentando o desemprego; o direito do trabalho precisa também de ajustes, pois não é justo ter a mesma legislação para as grandes e microempresas. Temos muito a conversar com o ministro sobre o assunto. Na área da inovação também esperamos uma abertura. Acreditamos que podem existir maiores incentivos em P&D, com linhas de crédito mais em conta. Nossos empreendedores, muitas vezes, não têm conhecimento das tecnologias que poderiam permitir maior produtividade. Temos tantas frentes a seguir e consideramos essencial a presença de nosso presidente de honra capitaneando nossas necessidades. Além de ampliar todas as possibilidades de trabalho e sobrevivência, queremos também desejar ao ministro Afif sucesso e nos colocar à disposição para seguir em frente em busca das necessárias e vitais soluções.

José Paulo Dornelles Cairoli, presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil

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ÍNDICE Foto: Carlos Silva

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3 PALAVRA DO PRESIDENTE

17 CONJUNTURA

Com Afif Domingos, nosso presidente de honra, à frente da Secretaria da Micro e Pequena Empresa podemos aguardar as necessárias mudanças para nosso setor, chegando mais rápido nas soluções de que tanto necessitamos.

Governo desafia a inflação e mantém política expansionista.

5 PELO BRASIL Facesp e ACSP reelegeram o empresário Rogério Amato como presidente.

8 CAPA

17 CONJUNTURA

Em entrevista a Empresa Brasil, o secretário da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos, afirma que vai reduzir a burocracia e criar um Simples Trabalhista para facilitar a formalidade.

EXPEDIENTE

Coordenação Editorial: Neusa Galli Fróes fróes, berlato associadas escritório de comunicação Edição: Milton Wells - mwells@terra.com.br Projeto gráfico: Vinícius Kraskin Diagramação: Kraskin Comunicação Foto da capa: Divulgação Revisão: Flávio Dotti Cesa Colaboradores: Cyntia Menezes, Rosângela Garcia e Thaís Margalho. Execução: Editora Matita Perê Ltda. Comercialização: Fone: (61) 3321.1311 - comercial@cacb.org.br Impressão: Arte Impressa Editora Gráfica Ltda. EPP

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Empresa Brasil

Entidade abre novo espaço para solução de conflitos empresariais.

20 EVENTO 23º Congresso da CACB reunirá empreendedores em Porto de Galinhas.

22 NEGÓCIOS O valor do patrimônio que permanece invisível no balanço.

24 PROGERECS CACB facilita exportações das micro e pequenas empresas.

26 ECONOMIA

12 DESTAQUE CACB

Como sair da armadilha da elevação dos salários reais.

CACB representou o Brasil no Congresso Mundial de Câmaras de Comércio.

28 TRABALHO

14 FEDERAÇÕES 24 PROGERECS

18 CBMAE

Para o presidente da Faciapes, Amarildo Lovato, o setor empresarial brasileiro sempre contribuiu para o desenvolvimento do país, mas é chegada a hora de o governo acenar com a redução da carga tributária.

Impacto da desoneração da folha no comércio é restrito.

3O LIVROS O pensamento de André Lara Resende.

31 ARTIGO Ativos intangíveis, o grande valor da nova economia, por Paulo Afonso Pereira.

SUPLEMENTO ESPECIAL

Empresários apostam na criatividade para surpreender clientes


PELO BRASIL

Rogério Amato agradeceu à presidente Dilma Rousseff a coragem de não ter vetado a lei ‘De Olho no Imposto’ que estabelece a discriminação da quantidade de impostos nas notas ficais de venda

Facesp e ACSP reelegem presidente A Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp) e a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) reelegeram o empresário Rogério Amato como presidente. A sessão solene de posse ocorreu no dia 6 de maio, no Clube Atlético Monte Líbano, na capital paulista. No evento, estiveram presentes a presidente da República, Dilma Rousseff, o governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, o secretário da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos, e o presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), José Paulo Dornelles Cairoli.

Sugestões à comissão de reforma da Lei de Arbitragem podem ser enviadas pela internet O Senado Federal abriu um espaço para que o público possa apresentar sugestões à comissão de juristas encarregada de elaborar o anteprojeto de reforma da Lei de Arbitragem e Mediação (Lei 9.307/96). De acordo com o órgão, ainda não há prazo para o envio das propostas, mas a estimativa é de que a comissão receba sugestões até o dia 3 de outubro. Não perca a oportunidade e acesse: http://www.senado.gov.br/ senado/alosenado/arbitragem.asp Junho de 2013

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PELO BRASIL

Associação Comercial de Florianópolis comemora 98 anos A Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (Acif) comemorou 98 anos de história no dia 15 de maio, em evento no Teatro do Centro Integrado de Cultura (CIC). Perto de completar um século de existência, a Acif reafirma sua posição de protagonista nas discussões dos grandes temas da cidade e de maior entidade voluntária de base empresarial do Estado, com mais de 3 mil associados. Os cerca de mil convidados assistiram ao show de Ed Motta e à entrega das medalhas Ordem do Mérito Empresarial, e das medalhas Carl Hoepcke e Emílio

Blum para empresas, instituições e personalidades de destaque. Também foi entregue o Prêmio Acif de Jornalismo e empossada a nova diretoria da entidade. “Não há grande tema discutido sem o envolvimento dos empresários por meio da Acif”, diz o presidente da Associação, Doreni Caramori Jr. Nos últimos quatro anos, a entidade dobrou o número de associados e aumentou em cinco vezes a participação de voluntários. São cinco Sedes Regionais, 16 núcleos setoriais fortalecidos, além de serviços, projetos, soluções e na oferta de dezenas de cursos de capacitação.

Nos últimos quatro anos, Acif dobrou o número de associados e aumentou em cinco vezes a participação de voluntários

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Empresa Brasil

Impostômetro chega a R$ 600 bi no início de maio O Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) alcançou, às 6h10 do dia 6 de maio, R$ 600 bilhões em impostos federais, estaduais e municipais pagos pelos brasileiros desde o 1º dia do ano. Em 2012, esse valor só foi alcançado no dia 22 de maio – 16 dias mais tarde na comparação entre os dois períodos. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), o percentual de impostos no preço final dos produtos mais visados para o Dia das Mães pode chegar a 78,43%, como é o caso dos perfumes importados. Para os nacionais, o percentual fica em 69,13%. Maquiagens nacionais e importadas são taxadas em 51,04% e 69,04%, respectivamente. Entre os produtos menos taxados estão buquê de flores (17,71%) e passagens aéreas (22,32%).


Empresário baiano Rodrigo Paolilo é o novo presidente da Conaje O empresário baiano Rodrigo Paolilo tomou posse como presidente da Confederação Nacional dos Jovens Empresários (Conaje) no dia 16 de maio, às 19 horas, no auditório José Carlos Carvalho, na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília (DF). Ex-diretor de Planejamento e Gestão da entidade, Rodrigo assume a presidência da Conaje para o período de 20132015, tendo como vice-presidente Fabrizio Guaglianone, que foi conselheiro da Confederação e presidente do Conjove-PA. Com mais de 36 mil jovens e representação em 21 unidades federativas, a Conaje atua no fomento ao empreendedorismo, fortalecimento, criação e manutenção de novas empresas

– principalmente geridas por jovens –, articulação e divulgação de práticas capazes de fortalecer a disseminação de novos e sólidos negócios no país e estabelecimento de políticas públicas e práticas institucionais que incluam os micro e pequenos empreendedores nas primeiras categorias de estratégias de desenvolvimento do país. De forma independente e apartidária, a Conaje desenvolve ações que se baseiam em três pilares: capacitação, relacionamento e representatividade. Por meio de uma atuação integrada em rede com seus núcleos estaduais, municipais e setoriais, a Conaje realiza seus projetos com o apoio de parceiros institucionais.

Ações da Conaje se baseiam em três pilares: capacitação, relacionamento e representatividade

Começaram as avaliações do Empreender Competitivo 2013/2015 O Empreender já recebeu as propostas das federações de Alagoas, Goiás, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Bahia, Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Santa Catarina e Pará. A equipe já começou a analisar os projetos, e o resultado está previsto para julho de 2013. A CACB, em parceria com o Sebrae, recebeu as propostas

para o Empreender Competitivo 2013-2015 até o dia 3 de maio. Foram aceitos projetos de núcleos setoriais de todo o Brasil, desde que com mais de dois anos de existência. O objetivo do Empreender Competitivo é apoiar ideias e iniciativas capazes de promover mudanças nas micro e pequenas empresas agrupadas em núcleos

setoriais, vinculados a entidades empresariais do sistema CACB. Os projetos deverão ter a duração entre 18 e 24 meses, além da exigência de uma contrapartida mínima de 44% do valor total do projeto. A escolha dos projetos será feita por uma banca examinadora composta por representantes da CACB e do Sebrae.

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CAPA Foto: Carlos Silva

Em seu discurso de posse, Afif destacou seu principal objetivo: ajudar a realizar o sonho de milhões de brasileiros que querem trabalhar por conta própria

“Mais crédito e menos burocracia, pela liberdade de empreender” Novo ministro pretende facilitar e simplificar o acesso à formalização. Também vai estimular a competitividade entre as MPEs como forma de aumentar os seus lucros

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Empresa Brasil

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residente de honra da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), entidade presidida por ele entre 1993 e 1997, Guilherme Afif Domingos vai definir e levar adiante a política para os micro e pequenos empreendedores. Desde sua posse, como secretário da Micro e Pequena Empresa, no último dia 9 de maio, no Palácio do Planalto, em Brasília, Afif começou a elaborar a execução de seu projeto para o setor que ele conhece bem, especialmente, os gargalos que ain-

da impedem seu desenvolvimento. A CACB comemora a nova secretaria porque reconhece no novo ministro o domínio necessário pela causa dos empreendedores e, especialmente, do associativismo. A posse foi presidida pela presidente da República, Dilma Rousseff, e contou com a presença de representantes de todas as Federações filiadas à CACB. A nova secretaria é uma promessa de campanha da presidente, para atender às necessidades dos mais de 6 milhões de micro e pequenas empresas brasileiras – número cor-


Foto: Carlos Silva

Ministro Afif Domingos com equipe da CACB

respondente a 99% dos negócios formais. O setor gera 15 milhões de empregos formais e movimenta 22% do PIB. A CACB defende que será neste espaço que serão discutidas as demandas das MPEs brasileiras. A Secretaria da Micro e Pequena Empresa é o 39º ministério do governo federal e terá estrutura deslocada do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Com isso, todas as atribuições que o MDIC tem atualmente referentes a esse assunto passarão para o novo ministério. Da mesma forma, os servidores e o patrimônio que constavam da secretaria, que antes era ligada à pasta do Desenvolvimento, agora servirão ao novo ministério. A presidente deixou bem claro, ainda, que reconhece a importân-

cia do setor, que, na verdade, vem sustentando o desenvolvimento do país e mantendo bons indicadores. Ela disse que o papel das MPEs é essencial à sociedade, pois cria um tecido social e econômico mais fortalecido. “As empresas de pequeno porte são o local de geração e difusão de tecnologia e inovações. A posse traz para a questão da MPE a pessoa certa para o lugar certo”, ressaltou. Dilma fez questão de cumprimentar todas as micro e pequenas empresas brasileiras, citando o presidente da CACB, José Paulo Dornelles Cairoli, no discurso durante a cerimônia. Afif, que também é vice-governador de São Paulo e presidente emérito da CACB desde 1997, presidiu a Associação Comercial

de São Paulo (ACSP), foi deputado federal constituinte e ex-presidente do Conselho do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O novo ministro agradeceu o apoio da CACB e de todas as associações comerciais que o acompanham há mais de 30 anos. Para ele, será um desafio ser o primeiro ministro da pasta recém-criada, que deve abrigar 81 cargos: – Não se trata de um ministério de execução, mas de integração e articulação. Tem que ser pequeno, porém inteligente – declarou Afif. A proposta do ministro é reduzir a regulamentação e a burocracia para facilitar e simplificar o acesso à formalização. Além disso, pretende incentivar a competitividade entre as MPEs com o objetivo de aumentar os lucros. Junho de 2013

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CAPA

O Simples precisa ser aperfeiçoado CACB: Quais são as maiores dificuldades enfrentadas pela MPE? E como seu ministério planeja atuar para reduzir os obstáculos enfrentados por essa classe? Guilherme Afif Domingos: Tenho já uma divisão muito clara dos pontos fundamentais. Primeiro é a Redesim (Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios) e a abertura e fechamento de empresas. Já existe uma legislação, o que falta é integração e articulação para que aconteça, porque é necessário unir o fisco federal com os fiscos estaduais e municipais. O DNRC (Departamento Nacional de Registro do Comércio) virá para o nosso ministério para poder potencializar nosso projeto e agilizar o trabalho das Juntas Comerciais. E além do mais, você tem que chamar, nos Estados, corpo de bombeiros, vigilância sanitária, meio ambiente, porque são as áreas que influenciam no licenciamento de uma empresa. Como cada um trabalha por si, cria um embaraço danado para o cidadão. Hoje, com a moderna informação e a era digital, os dados viajam, as pessoas não. Qual a sua posição sobre a criação de leis trabalhistas e tributárias específicas para o setor? A Constituição não inseriu o dispositivo do tratamento diferenciado no campo trabalhista, mas foi inserido o tratamento diferenciado no campo administrativo. Temos hoje cerca de 35 operações coincidentes da área do próprio Ministério do Trabalho em termos de exigências feitas por

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“Dinheiro, como dizia JK, não sai do bolso, sai da cabeça, da criatividade da pessoa”

departamentos sem levar em conta a simplificação. Então, no campo administrativo, podemos pregar, sim, um Simples trabalhista que não mexa nos direitos do trabalhador. No tributário, temos o Simples que precisa ser aperfeiçoado, ampliado, e inclusive discutir a substituição tributária, que acabou anulando o efeito de benefício da micro e da pequena empresa.

de embaraçar o comércio internacional. Isso vem desde os tempos da colônia. Hoje, globalização é coisa de grande empresa. As pequenas empresas não conseguem enfrentar as barreiras burocráticas, tarifárias e portuárias impostas no nosso comércio internacional. E a internet deixa o povo livre para conversar, se entender e trocar bens e serviços.

Atualmente, as MPEs representam apenas 1% da exportação nacional. Como alterar esse quadro? Um dos nossos projetos é desenvolver um grande portal que deve ser construído junto a outros países. Temos que criar uma classificação única de aproximação de produtos. Esse pequeno empresário tem que ficar livre das barreiras alfandegárias. É importante que se diga que, no Brasil, a alfândega, quando você vai tirar uma mercadoria do porto, o termo técnico é embaraçar. Nós temos uma cultura

É possível criar uma educação empreendedora nas escolas? A economia criativa tem encantado o mundo, porque parte do seguinte princípio: se você quer emprego, construa e crie. Dinheiro, como dizia JK, não sai do bolso, sai da cabeça, da criatividade da pessoa. Então é preciso estimular isso. Não adianta querer ser professor, é necessário deixar a pessoa potencializar o seu talento. Quero liberdade e quero crédito. O resto eu faço por minha conta, não precisa ficar me ensinando.


Um histórico de realizações a favor da MPE Nascido em São Paulo, no dia 18 de setembro de 1943, Afif viveu no município de Casa Branca até os 7 anos de idade. No começo da década de 50, a pequena indústria de tecidos, de propriedade do pai, foi o projeto incentivador para que a família fosse em busca de novos sonhos na capital. Foi lá, inclusive, que Afif candidatou-se à Presidência da República, em 1989. Casado, pai de quatro filhos e seis netos, aos 69 anos de idade, traduz, em poucas palavras, a própria personalidade. “Empreendedorismo é amar riscos. E eu vou continuar arriscando”, diz. Descendente de libaneses e italianos, Afif teve importante passagem pela Confederação das Associações Comerciais do Brasil (CACB), quando foi eleito presidente da entidade, em 1993, e reeleito em 1995. O trabalho desenvolvido rendeu o título de presidente emérito da CACB, homenagem conferida no último ano de mandato, em 1997. A trajetória de liderança, no entanto, se iniciou ainda na faculdade. Já aos 17 anos, mostrou que tinha muitas ideias e começava a aflorar a sua vocação natural para articular, liderar, discursar e mobilizar. Na época, o universitário organizava, na capital paulista, animados bailes de calouros ao som da orquestra de Dick Farney. No campo político vivenciou momentos marcantes da história brasileira. Um deles aconteceu em 1989, quando se candidatou à Presidência da República. Sua campanha o projetou em nível nacional e fez de Afif um dos destaques do pleito. Naquele ano,

o administrador de empresas concorria pelo PL e ficou em sexto lugar, com mais de 3,2 milhões de votos, à frente de nomes como Ulysses Guimarães, Roberto Freire e Fernando Gabeira. O jingle “Juntos chegaremos lá/Fé no Brasil/Com Afif juntos chegaremos lá”, é lembrado até hoje. Na esfera profissional, o Afif do ambiente familiar abre espaço para o empresário dinâmico que acumula realizações pela mobilização em favor das pequenas empresas do Brasil. Entre os feitos, estão o Estatuto da Pequena Empresa como uma das suas criações, quando esteve na Associação Comercial de São Paulo, em 1984. Assim como o Impostômetro, enquanto presidente da Associação Comercial de São Paulo, e o Microempreendedor Individual (MEI). Afif também carrega passagens por diferentes siglas partidárias. Começou a vida política com o cargo de secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, ao lado do então governador Paulo Maluf. Em 1981 ingressou no PDS. Saiu do partido em 1985 para ingressar no PL. No ano seguinte foi eleito deputado da Constituinte. E em 1990 passou para o Partido da Frente Liberal. Oito anos mais tarde, Afif acompanhou o prefeito Celso Pitta, como secretário municipal do Planejamento. Já em 2007, assume a pasta de secretário de Emprego e Relações de Trabalho de São Paulo, no governo José Serra. Em 2011, acompanhou Gilberto Kassab, na fundação do PSD, partido a que está filiado atualmente.

Afif Domingos com sua mãe, Henriette, na posse da presidência da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) realizada em 2003

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DESTAQUE CACB

Presidente José Paulo Dornelles Cairoli (E) e equipe da CACB no evento promovido pela International Chamber of Commerce (ICC), na capital do Qatar

CACB representou o Brasil no Congresso Mundial de Câmaras de Comércio Empresários brasileiros fortalecem espaço internacional de debates e marcam presença junto a lideranças do setor de mais de cem países

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Empresa Brasil

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a oitava edição do Congresso Mundial de Câmaras de Comércio, uma comitiva de executivos representa o Brasil com a liderança do presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), José Paulo Dornelles Cairoli. A equipe, composta por nove membros, participou do evento promovido pela International Chamber of Commerce (ICC), que ocorreu na capital do Qatar, entre 22 e 25 de abril. O encontro reuniu lideranças empresariais e políticas de mais de cem países para debates e oportunidades de negócios. Cairoli apresentou o case brasileiro da rede CACB de Certifica-

ção Digital e expôs o perfil de micro, pequenas e médias empresas no Brasil dentro da economia nacional. O grupo brasileiro também se reuniu com autoridades como o primeiro secretário da Embaixada do Brasil no Qatar, Fábio Meneghetti Chaves, o presidente da Confederación Colombiana de Cámaras de Comercio (Confecámaras), Julian Domingos, o presidente da Federação Mundial de Câmaras (WCF), Peter Mihok, e representantes da Federação Mundial de Câmaras (WCF). Na reunião com Meneghetti, a entidade foi representada pelo presidente José Paulo Dornelles Cairoli e pelos vice-presidentes Luiz Carlos Furtado Neves e Sérgio Papini Uchoa. O


primeiro secretário esteve presente na apresentação da CACB realizada no painel Chambers Online, sobre a rede de Câmaras de Conciliação, Mediação e Arbitragem da CACB. Na apresentação, compareceram representantes das Câmaras de Comércio de Paris (França), Bangkok (Tailândia), Dhaka (Paquistão) e Sydney (Austrália). Já no encontro com o presidente da Confecámaras, Julian Domingos, foi discutido o lançamento do projeto de Redes Empresariais de Negócio, que deve acontecer em junho de 2013. Termos de cooperação semelhantes estão sendo desenvolvidos pelo programa Empreender Internacional para outras entidades da América Latina. Com o tema “Oportunidades para todos”, esta edição do Congresso abordou assuntos que estão no centro da agenda nacional e internacional das Câmaras: educação, desemprego, mulheres no mundo dos negócios, pequenas e médias empresas no contexto da economia global e jovens empreendedores. Foram mais de 1.000 participantes, entre líderes empresariais, dirigentes de câmaras de comércio, entidades de apoio a empresas e órgãos governamentais de todo o mundo. Além desses, participam também técnicos graduados e consultores responsáveis pela administração das entidades empresariais e pela condução de projetos. Concurso Mundial de Câmaras Na Competição Mundial de Câmaras, o presidente Cairoli atuou como juiz na seleção do melhor projeto de comércio internacional. O Concurso Mundial de Câmaras é o único progra-

ma de prêmios globais a reconhecer os projetos mais inovadores realizados por câmaras de todo o mundo. Em 2013, o concurso elegeu modelos de projetos não convencionais, empresa de pequeno porte, empreendedorismo jovem, responsabilidade social corporativa e projeto internacional de comércio. O trabalho vencedor foi apresentado pela Bristol Chamber of Commerce, que desenvolveu uma plataforma web de suporte aos exportadores com todos os aspectos do comércio internacional. “Ela reúne soluções inova-

doras que ajudam materialmente o cliente em suas transações, permitem o cumprimento dos regulamentos, além de assegurar o pagamento e desenvolver os seus conhecimentos e habilidade”, explica Cairoli. Em concursos anteriores a CACB foi premiada pelo melhor projeto de cooperação internacional, ao apresentar o Capacitar Nordeste, em 2007, na Turquia. Anteriormente, ficou em segundo lugar, na África do Sul, na categoria de melhor projeto para micro e pequenas empresas.

Brasil é candidato a país-sede do 10º Congresso Mundial de Câmaras Com 27 federações, 2,3 mil entidades empresariais e 2,5 milhões de empresários associados, a capilaridade da CACB incluiu o Brasil como candidato a país-sede do 10º Congresso Mundial de Câmaras de Comércio, que ocorrerá em 2019. O anúncio do país-sede só será definido em 2016. Cairoli afirma que o Brasil está bem representado: “O nosso trabalho é levar o Congresso de 2019 para nosso país”. Como estratégia para fortalecer a imagem do Brasil e aumentar as chances de sediar o evento em 2019, foi montado um estande no local do evento com informações sobre os produtos e serviços da CACB, apresentando os últimos resultados nas áreas de Mediação e Arbitragem (CBMAE), Certificação Digital (PROGERECS), além de Gestão e Competitividade para micro e pequenas empresas (Empreender).

CACB apresenta modelo de certificação de origem No primeiro dia de evento, a Coordenadora de Certificação de Origem da CACB, Juliana Kampf, realizou apresentação sobre o Sistema ATA, que permite a emissão de um documento aduaneiro internacional usado na importação temporária de bens, livre de tributos e direitos aduaneiros. O Carnê ATA, como é chamado o documento, permite a inclusão de amostras comerciais, equipamentos profissionais e bens para demonstração e uso em exibições, feiras e outros tipos de evento. O sistema ATA funciona em mais de 60 países espalhados pela Europa, América do Norte, América do Sul, Ásia, África e Oceania, contudo, no Brasil, ainda é pouco conhecido pelos empresários. A executiva também organizou um workshop a fim de facilitar o contato dos empresários com o modelo.

Junho de 2013

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FEDERAÇÕES

A prioridade do momento é uma ampla reforma tributária Para o presidente da Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias do Espírito Santo (Faciapes), Amarildo Lovato, setor empresarial brasileiro sempre contribuiu para o desenvolvimento do país, mas é chegada a hora de o governo acenar com a redução da carga tributária

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Empresa Brasil


Empresa Brasil: Em sua opinião, quais devem ser as prioridades na agenda empresarial do país? Amarildo Lovato: A classe empresarial brasileira sempre se prontificou em contribuir para o desenvolvimento deste país e sempre respondeu positivamente quando demandada, e o que ela precisa nesse momento é de uma redução ampla na burocracia tributária, com maior simplificação das obrigações fiscais. Carecemos ainda de uma infraestrutura de serviços públicos condizentes com o momento econômico positivo hoje experimentado pelo país. Como está a aplicação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa no Espírito Santo? O Espírito Santo foi o primeiro Estado a implantar a Lei Geral em todos os seus 78 municípios, o que nos coloca na vanguarda da aplicação desse benefício para a micro e pequena empresa. Quais ferramentas podem ser usadas, em sua opinião, para sanar as lacunas ainda existentes na aplicação da Lei Geral? Ainda existem entraves a serem eliminados, como, por exemplo, alguns entraves burocráticos na liberação de alvarás. A Faciapes congrega mais de 38 mil empresas de todos os segmentos, especialmente micro e pequenas empresas. Quais os serviços que a entidade oferece para esses públicos? Hoje a Faciapes disponibiliza para a classe empresarial capixaba uma série de benefícios, com destaque para

os serviços oferecidos pelo sistema CACB, como o Certificado Digital Certisign, Certificado de Origem, Câmara de Conciliação e Arbitragem Cbmae e SCPC Boa Vista. Estamos construindo o que chamamos de Birô de Benefícios Faciapes, escritório onde o empresário poderá aderir a convênios médico-hospitalares, planos odontológicos, departamento de integração e estágio profissional - DIPE, treinamento e desenvolvimento e orientação jurídica. O setor de serviços é o principal responsável pelo PIB do Espírito Santo. Quais ações a Faciapes desenvolve para estimular os empresários dessa área? A Faciapes tem apoiado as associações estabelecidas em regiões de grande potencial turístico, como a Montanhas Capixabas, entendendo que o turismo é setor empresarial capaz de prover emprego e renda conciliando perfeitamente a questão ambiental.

“Existe um grande esforço e comprometimento das autoridades e empresários estaduais na busca de mais investimentos, contudo as constantes falhas do governo federal têm nos prejudicado bastante”

O porto de Vitória é um dos mais movimentados do país. Agora o porto de Tubarão está apto para operar navios maiores, a plena carga. Qual o impacto que o porto de Açu deve ter nas operações dos dois principais portos do estado? O surgimento do projeto do Porto do Açu, no Rio de Janeiro, está servindo, no meu entendimento, como ação estimuladora para a busca da melhoria na oferta de serviços pela infraestrutura portuária do estado do Espírito Santo. Nosso sistema prestigia historicamente a livre iniciativa, e a concorrência na oferta de serviços públicos de qualidade contribuirá em muito para o desenvolvimento empresarial. Junho de 2013

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FEDERAÇÕES “É necessário reduzir a burocracia e oferecer mais incentivos ao homem do campo, em especial no financiamento da produção”

Como estão os investimentos governamentais para o setor? É o suficiente? Existe um grande esforço e comprometimento das autoridades e empresários estaduais na busca de mais investimentos, contudo as constantes falhas do governo federal têm nos prejudicado bastante.

Temos um bom relacionamento com o governo estadual, em especial com o governador Renato Casagrande, que é um grande gestor, contudo gostaríamos de estar mais próximos das ações de governo, onde pleiteamos a nossa participação no conselho de vogais da junta comercial do Espírito Santo.

Como a Faciapes tem se posicionado a respeito das novas regras para os Royalties do Petróleo? Entendemos que aconteceu efetivamente a quebra do pacto federativo constitucional, com desrespeito a contratos e convênios já firmados, e estamos nos esforçando para minimizar os efeitos nocivos em nossa economia.

O ES é um estado com excelentes resultados para a Câmara de Mediação e Arbitragem. Quais são as perspectivas para a expansão do projeto? A nossa adesão ao projeto CBMAE/ CACB se deu com intuito de facilitar o acesso à Justiça pelo micro e pequeno empresários. Temos três câmaras de conciliação em funcionamento e até o final do ano pretendemos instalar outras três, ampliando a base de atendimento.

O ES é o segundo produtor nacional de gás natural. A infraestrutura é suficiente para esse mercado? Caso não, quais os gargalos? Como já destaquei, temos grande deficiência no investimento do governo federal. Depois de muito atraso, agora temos perspectivas de melhoria, por exemplo, no transporte rodoviário com a privatização da BR-101. Existe possibilidade para ampliar a participação no mercado externo de pequenos produtores rurais? Quais medidas poderiam ser tomadas para estimular esse cenário? Na minha opinião é necessário reduzir a burocracia e oferecer mais incentivos ao homem do campo, em especial no financiamento da produção. Quais são as principais demandas da Faciapes junto ao governo estadual?

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Empresa Brasil

A Faciapes já é uma autoridade de registro. Como seu serviço pode contribuir para a sustentabilidade da entidade? Essa ferramenta é importante para a sustentabilidade da entidade e suas afiliadas, porém nosso foco é na oferta de um serviço que garanta qualidade e rapidez no atendimento aos empresários. O que a Faciapes espera da atuação da nova gestão da CACB? Esperamos que a nova gestão mantenha a busca constante de meios para sustentabilidade do sistema e esteja alerta no acompanhamento das decisões político-governamentais que possam atingir e dificultar ainda mais o trabalho do empresariado.


JUNHO/2013 – SEBRAE.COM.BR – 0800 570 0800

Edmar Wellington

CAPACITAÇÃO E INOVAÇÃO Empresários apostam na criatividade para surpreender clientes

Sócios Renato Reno Pereira e Douglas de Castro

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AL IMENTA Ç Ã O

EMPRESAS DE FOOD SERVICE PARTICIPAM DE PROJETO DO SEBRAE Pequenos negócios do setor de alimentos de Juiz de Fora se preparam para conquistar novos mercados

AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS/ MG

Fred Valentim / Agência i7

Flávia Costa, diretora comercial da Condimentos Portuense

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EMPREENDER / SEBRAE

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s cidades estão cada vez maiores e as pessoas passaram a ficar menos em casa, resta pouco tempo para fazer atividades rotineiras, como cozinhar. De acordo com o estudo Alimentação Fora do Lar na Visão do Consumidor Brasileiro, da consultoria GS&MD Gouvêa de Souza, de São Paulo, 77% dos entrevistados em quatro capitais brasileiras utilizam constantemente o food service, isto é, serviços de alimentação pronta. Acreditando no potencial do município de Juiz de Fora, desde o início de 2012, o Sebrae Minas promove o projeto Desenvolvimento das Indústrias de Alimentos, visando ao aumento do lucro e da competitividade. “A iniciativa permite que o aglomerado produtivo desenvolva uma visão mercadológica”, afirma João Paulo Palmieri, analista do Sebrae Minas em Juiz de Fora. Receita de sucesso A Temperos Vieiras faz parte do projeto Desenvolvimento das Indústrias, e de acordo com sua diretora, Valéria Vieira, a empresa fabrica aproximadamente 15 toneladas de temperos por mês. As ven-

das para redes de supermercados, bares e mercearias totalizam R$ 500 mil por ano. Visando a uma administração mais eficiente, a empresária recebeu orientações dos consultores do Sebrae Minas. Uma das ações que ela destaca diz respeito à capacitação em Gestão Financeira. “Fazer parte dessa iniciativa trouxe mais planejamento para a minha gestão.” Conquistando novos mercados No mercado há 25 anos, a Condimentos Portuense busca se manter competitiva. Mas qual seria o diferencial para o alto desempenho diante da concorrência? “O fato de as diferentes etapas da cadeia de suprimentos estarem conectadas, direta ou indiretamente, ao atendimento do pedido do cliente”, responde a diretora comercial do empreendimento, Flávia Gonzaga Costa. Desde que a Condimentos Portuense participa do projeto, a organização de planos financeiros, a apuração do fluxo de caixa futuro, a análise das necessidades de financiamento, bem como o monitoramento e o controle dos indicadores operacionais e financeiros, ganharam um tratamento mais profissional na empresa. E


C R IATIV IDA D E

EMPRESA GOIANA DE DESIGN GRÁFICO CONQUISTA MERCADO Jovens criam empresa e já contam com portfólio de trabalhos importantes

FERNANDO DANTAS AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS/ GO

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riada por três jovens amigos – Douglas de Castro, Renato Reno Pereira e Victor Oliveira –, a Bicicleta Sem Freio é uma empresa na área de design gráfico, ilustração, animação e direção de arte. “Queríamos um nome que as pessoas não tivessem grande expectativa e, assim, pudéssemos surpreendê-las com nosso trabalho”, explica Renato. Os três começaram a trabalhar juntos no segmento em 2004 e, após alguns anos de experiência, concluíram que o ideal era ter a própria empresa. Assim, surgiu em 2011 a Bicicleta Sem Freio. “Investimos nessa área de atuação porque é um mercado bastante promissor, no qual as nossas características pessoais sobressaem. Ou seja, trabalhamos fazendo o que mais nos agrada, que é desenhar”, reforça Renato. Rotina é palavra que não faz parte do vocabulário da empresa. Pelo contrário, o dia a dia dos sócios gira em torno de pesquisas, desenhos e criatividade.

Edmar Wellington

E é isso que molda o caráter inovador da empresa, de acordo com Renato. “A particularidade está em criar, porque somos três pessoas com traços bastante distintos e que, juntos, chegamos a algo bastante diferenciado”, garante. O trabalho do grupo está estampado em cartazes de grandes festivais, revistas e CDs. Ficaram tão conhecidos nesse cenário que já desenharam para a Converse, que produz os tênis All Star. Para os sócios, o mercado é amplo e vem ganhando cada vez mais destaque, pois existe demanda em todos os segmentos de empresas e negócios. Os três empreendedores reconhecem a importância da qualificação e orientação, por isso buscaram o Sebrae em Goiás e se inscreveram no Empretec, capacitação que visa a aperfeiçoar as características do comportamento empreendedor do participante. Para o futuro, os jovens planejam mudanças não somente na área criativa, mas também na parte administrativa e burocrática da empresa. E

A Bicicleta Sem Freio foi criada em 2011 e é especializada em de design gráfico, ilustração, animação e direção de arte

“A PARTICULARIDADE ESTÁ EM CRIAR, PORQUE SOMOS TRÊS PESSOAS COM TRAÇOS BASTANTE DISTINTOS E QUE, JUNTOS, CHEGAMOS A ALGO BASTANTE DIFERENCIADO.” RENATO RENO PEREIRA, UM DOS SÓCIOS DA EMPRESA BICICLETA SEM FREIO

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INOVAÇ ÃO

EMPRESÁRIA FAZ SUCESSO COM SORVETE DE FRUTO DA CAATINGA Produto feito à base de fruta nativa do semiárido nordestino é o diferencial da sorveteria Sertão Gelado

PASSOS JÚNIOR AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS/ RN

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Eduardo Mendonça

Kaline de Castro apostou em sabores exóticos como diferencial do negócio

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EMPREENDER / SEBRAE

uem mora ou visita a cidade de Angicos, no Sertão Potiguar, localizada a 169 quilômetros da capital, se não provou, certamente já ouviu falar do pêlo, fruta nativa da caatinga comumente encontrada em toda a região do semiárido. Exótica, a fruta é proveniente da palma, uma espécie de cacto nativo, que tem se transformando em matéria-prima para a produção de sorvetes. A ideia vem de Kaline Cristine de Castro Felipe, empresária do município de Angicos e dona da sorveteria Sertão Gelado. A fábrica é uma das novas incubadas pela Incubadora Tecnológica e Multissetorial do Sertão do Cabugi, na Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa) - Campus de Angicos, que faz parte do programa de Incubadoras do Sebrae no Rio Grande do Norte. “Temos como diferencial a inovação de sabores aproveitando as frutas da região”, justifica a proprietária da sorveteria. Além das frutas mais típicas da região, como manga, caju, umbu e abacaxi, a novidade é o sorvete da

fruta do pêlo. “Iniciamos por sugestão de um vizinho, aceitei o desafio e quem degustou aprovou a novidade.” A sorveteria também já testou outros sabores regionais com sucesso, como milho, tapioca e rapadura. A empresa tem uma produção mensal de 750 litros de sorvetes e 6,5 mil picolés de diversos sabores. O desejo de montar o próprio negócio motivou a empresária a entrar no ramo da produção de sorvetes. Como acontece com a maioria dos donos de micro e pequenas empresas, as dificuldades eram proporcionais à vontade de vencer. “Começamos produzindo picolés para vender na escola, para depois fabricar o sorvete. Nem liquidificador nós tínhamos e todos os primeiros equipamentos foram comprados de segunda mão”, conta Kaline de Castro. A empreendedora teve a convicção de que estava no caminho certo ao participar, em 2010, do seminário Empretec. Posteriormente, a sorveteria passou a ser atendida pelo programa Agentes Locais de Inovação (ALI), desenvolvido pelo Sebrae no Rio Grande do Norte. E


STAR TU P

SOLUÇÃO COMPARA SERVIÇOS DE FRETE UTILIZADOS POR EMPRESAS Sistema é ideal para quem realiza cotações com frequência e precisa tomar decisões rápidas

RODRIGO LÓSSIO

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startup catarinense Axado acaba de colocar no mercado uma nova solução corporativa, capaz de comparar tabelas e serviços utilizados para transporte de mercadoria. O sistema, denominado Axado Empresas, é hospedado na internet e, para utilizá-lo, a empresa precisa enviar suas cotações de frete por meio do site. A partir daí, ela recebe um login e senha para visualizar a comparação de preços e prazos entre os serviços usados. Ao final, pode optar por contratar, automaticamente, o serviço que for o melhor para a rota desejada. A solução é interessante para empresas que realizam tomadas de preços com frequência para esse serviço e que precisam tomar decisões rápidas. Ao se cadastrar no Axado, a empresa tem

a possibilidade de monitorar todos os fretes contratados e, dessa maneira, evitar fraudes ou serviços cobrados indevidamente. De acordo com o diretor comercial e de operações da startup, Leandro Baptista, trata-se de uma solução que traz agilidade e segurança, reduz bruscamente o tempo desperdiçado na tarefa de cotação, contratação e monitoramento dos serviços de transportes utilizados pelas empresas. “Além disso, as tabelas de frete são cadastradas na nuvem, o que facilita o acesso remoto, por computador, tablet ou celular, com um simples login e senha”, afirma ele. Esta solução possibilita a economia de tempo, tendo em vista que a empresa não precisa fazer ligações para obter orçamentos ou resolver pendências com transportadoras. Também otimiza os custos relacio-

nados ao transporte de mercadorias ou insumos. Sobre o Axado A Axado é uma das empresas participantes do projeto Startup SC, realizado pelo Sebrae em Santa Catarina, juntamente com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDS), que visa ao fortalecimento das startups catarinenses. Concebido por dois jovens empreendedores de Florianópolis desde o início de 2011, o site Axado.com.br desenvolve tecnologia para facilitar a vida de quem precisa contratar o serviço de transportes de produtos e cargas para as diversas regiões do território brasileiro. Para os próximos meses, os empreendedores irão criar novos produtos, como a plataforma para cálculos de frete em e-commerce e portais de e-procurement. E

“AS TABELAS DE FRETE SÃO CADASTRADAS NA NUVEM, O QUE FACILITA O ACESSO REMOTO, POR COMPUTADOR, TABLET OU CELULAR, COM UM SIMPLES LOGIN E SENHA” – LEANDRO BAPTISTA, DIRETOR COMERCIAL E DE OPERAÇÕES DA STARTUP

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JUNHO DE 2013

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EMP R EEN D E D O R I S M O

RESTAURANTE DE IRECÊ CRESCE 300% EM UM ANO Empresária investe em capacitação e busca oferecer serviços diferenciados

NARA ZANELI AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS/ BA

Nara Zaneli

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jovem Ana Carla Rocha Dourado Marques sempre acreditou que seria uma empreendedora de sucesso. Formada em Administração de Empresas e com MBA em Gestão de Recursos Humanos, Ana Carla trabalhava na área de alimentação no restaurante dos pais. Desde essa época, já participava dos cursos e oficinas do Sebrae na Bahia. A decisão de ter o seu próprio negócio só foi tomada depois da participação no Empretec em

Empresária Ana Carla destaca a importância de se capacitar

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EMPREENDER

2010, quando ela resolveu montar um restaurante diferenciado em Irecê, a 490 km de Salvador. “Meu ponto de partida foi o Empretec. Só depois do seminário coloquei no papel e comecei a fazer o planejamento para ver a viabilidade do negócio. Costumo dizer que o Empretec deveria ser uma matéria na faculdade de Administração Admin e tenho certeza de que os se seis e dias de curso me valeram mais do que o último ano da minha graduação”, graduaçã ã destaca Ana Carla. Foi um m ano de planejamento até a inauguração do restaurante Ki Massasinaugura Macarrão. Macarrão o A proposta era inovadora e apresentava apresent a serviços inéditos na cidade, como a ppreparação de massas à vista do cliente, fo fornecimento o com exclusividade de comid comida d japonesa e bufê com opções diversas e cardápio temático. O restaurante rap rapidamente p virou referência e registrou registr r um crescimento de 300% em m relação ao ano passado. “O Ki Massas expandiu desde a sua implantação, e devo esse resultado à parceria com o Sebrae. Seb b Sei que a instituição foi fundamental no planejamento, na aberfundame

tura e na manutenção do meu negócio”, pontua a empresária. Além do Empretec, Ana Carla participou do Sebrae Mais, de cursos de atendimento, de vendas, de inovação e de gestão financeira, o que a auxiliou na condução do negócio. “O Sebrae me ajudou inclusive a lidar com o meu capital. Planejei durante esse período, e quando abri o restaurante não estava devendo a ninguém. Não precisei de empréstimo nenhum devido ao aprendizado que obtive durante os cursos que fiz.” O local escolhido para montar a empresa já está pequeno para a demanda, e Ana Carla pensa em expandir ainda mais o negócio ainda este ano. “O próximo passo é reformar o restaurante e inovar nos serviços oferecidos aos meus clientes”, enfatiza. Segundo a gestora de projetos do Sebrae em Irecê, Delian Mendes, a participação em cursos como o Empretec faz com que o empreendedor se diferencie e procure cada vez mais se reciclar e inovar em seus serviços. “A capacitação é fundamental para o sucesso do negócio. As capacitações sempre contribuem de forma positiva na gestão do empreendimento”, relata a gestora. E

INFORME SEBRAE. Presidente do Conselho Deliberativo Nacional: Roberto Simões. Diretor-Presidente: Luiz Barretto. Diretor-Técnico: Carlos Alberto dos Santos. Diretor de Administração e Finanças: José Claudio dos Santos. Gerente de Marketing e Comunicação: Cândida Bittencourt. Edição: Ana Canêdo, Antônio Viegas. Fone: (61) 3348- 7494


CONJUNTURA

Governo desafia a inflação e mantém política expansionista A alta de preços lança o governo em uma encruzilhada: com o baixo ritmo de crescimento, o espaço para subir os juros básicos e arrefecer o custo de vida fica limitado

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saída de um dos principais membros da equipe econômica do governo, Nelson Barbosa, secretário executivo do Ministério da Fazenda, esquentou o debate sobre a atual política de combate à inflação. Entre os economistas fora do governo, há um consenso de que é preciso adotar duras medidas para evitar-se o estouro do teto da meta de 6,5% – no acumulado de 12 meses, em abril, o IPCA ficou em 6,49% –, o que poderia representar o início de um novo ciclo inflacionário no país. A alta de preços, além de apertar o orçamento do brasileiro, lança o governo em uma encruzilhada: com o baixo ritmo de crescimento, o espaço para subir os juros básicos (Selic) e arrefecer o custo de vida fica limitado. E o pior: se o aperto monetário for forte demais, pode enterrar a retomada da atividade. O incômodo com o custo de vida é também disseminado no governo, que, na primeira semana de maio, levou a público os dois principais nomes da equipe econômica para assegurar que tudo está sob controle. Primeiro o ministro da Fazenda, Guido Mantega,

Alexandre Tombini, presidente do BC: autoridade monetária está vigilante e fará o necessário para reduzir a inflação disse que foram tomadas as medidas necessárias para impedir que os diversos setores da economia sejam contaminados pela elevação de preços. Depois, Alexandre Tombini, presidente do BC, voltou a afirmar que está vigilante e que fará o necessário para reduzir a inflação. Para ele, é preciso que haja uma retomada da confiança na economia brasileira para o país crescer de maneira mais robusta e sustentável. A inflação oficial do país subiu em relação ao mês de março e ficou em 0,55% em abril. O preço dos remédios foi o que mais subiu. Os remédios aumentaram 2,99% e tiveram um grande impacto na inflação de abril. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor) foi de 0,55%, contra 0,47% de março. Enquanto isso, nos países desenvolvidos a inflação média foi de

1,6%, a mais baixa desde 2010. Na zona do euro, desceu a 1,2% em abril. Na América Latina, Peru, Chile, Colômbia e México têm taxas menores que 3,5%. De acordo com as projeções do Itaú Unibanco, a inflação dos países da América Latina neste ano mostra um cenário favorável. Para o Peru, 2,5%. Colômbia, 2,8%. Chile, 2,5%. México, 3,3%. Já para o Brasil: 5,6% e sendo sempre reajustada para cima. A inflação anual na Colômbia foi de 2% em março. No Chile, a taxa em 12 meses até abril foi de 1%, abaixo da margem de tolerância do BC chileno, que é entre 2% e 4%, com a meta em 3%. A inflação chinesa foi de 2,4% em 12 meses até abril. Nos EUA, foi de 1,5% até março, com queda de 0,2% em relação a fevereiro. Junho de 2013

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CBMAE

Diretoria da CACB aprova o projeto Centro de Referência em Solução de Conflitos

Entidade abre novo espaço para solução de conflitos empresariais Além de discutir políticas públicas relativas aos métodos extrajudiciais de solução de controvérsias no âmbito empresarial, a CBMAE passa a ser mais uma oportunidade para dirimir conflitos

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Empresa Brasil

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om o intuito de facilitar a atuação entre as diversas câmaras integrantes da rede CBMAE – Câmara Brasileira de Mediação e Arbitragem Empresarial, da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), a entidade lança o Centro de Referência em Solução de Conflitos: um espaço de excelência na busca de soluções extrajudiciais. O objetivo é melhorar a comunicação com as filiadas e aprimorar o próprio projeto. A proposta e o estatuto foram aprovados na última reunião da diretoria da CACB, em maio. Além de administrar e coordenar ações e definições de políticas públicas relativas aos métodos extrajudi-

ciais de solução de controvérsias no âmbito empresarial, a CBMAE passa a ser mais uma oportunidade para dirimir eventuais conflitos entre os diversos organismos integrantes. O projeto será estruturado em cinco câmaras setoriais: Câmara Internacional; Câmara de Engenharia e Construção Civil; Câmara de Franquias; Câmara Cível; e Câmara de Mediação. “Separamos as câmaras a partir da nossa experiência sobre esse mercado, vimos as áreas prioritárias e pensamos no país e no que o setor empresarial estava precisando”, explica Valério Figueiredo, coordenador nacional da CBMAE. As câmaras temáticas têm como objetivo desenvolver e dar no-


toriedade ao atendimento de determinados nichos de mercado, além de promover palestras e capacitações. No Brasil, desde a implementação da Lei de Arbitragem (Lei 9307/96), em 1996, o crescimento médio anual do número de processos chega a 20%. Em valores, esse percentual salta para 1.000%. A rede CBMAE já atua com instituições da administração pública e privada, bem como com instituições internacionais – como a Câmara de Comércio Brasil Portugal, que mantém acordo com a rede CBMAE. Cenário Internacional No âmbito da arbitragem internacional, 10% das disputas registradas na câmara de comércio internacional já envolvem empresas brasileiras. Isso significa que, levando em consideração a utilização da arbitragem para resolução de conflitos em nível internacional, o Brasil é o 4º país que mais faz uso desse instituto. “Estamos prontos para o próximo passo. Queremos ser o espaço confiável de que as entidades e empresas internacionais necessitam para resolver seus conflitos”, avalia o diretor financeiro da CACB, George Teixeira. Internacionalmente, o Brasil respeita várias convenções e tratados, como a Convenção Interamericana sobre a Arbitragem Convencional Internacional do Panamá (1975); a Convenção Interamericana sobre a Eficácia Extraterritorial das Sentenças e Laudos Arbitrais Estrangeiros de Montevidéu; o Tratado Relativo à Cooperação Judiciária e ao Reconhecimento e Execução de Sentenças em Matéria Civil, entre o Brasil e a Itália (1989); e recentemente a Convenção de New York. No Brasil, a sentença arbitral estrangeira depen-

de da homologação do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A lei brasileira não estabelece procedimento específico para o desenvolvimento da arbitragem, porém existem dois caminhos possíveis: a assinatura da cláusula compromissória – uma convenção assinada pelas partes comprometendo-se a submeter à arbitragem em possíveis futuros litígios – e o compromisso arbitral, que ocorre quando já existe um conflito e as partes decidem pela arbitragem como função solucionadora. Atualmente, além da CACB/ CBMAE, a arbitragem é também desenvolvida em entidades fortes, como a Fundação Getulio Vargas e a Câmara de Comércio Brasil-Canadá, que há anos perceberam a possível arma para o desenvolvimento de seus associados, oferecendo um método rápido, econômico e sigiloso para a resolução pacífica de conflitos. A CBMAE A Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e o Sebrae firmaram, no ano 2000, um convênio para a disseminação dos MESCs. A parceria tem favorecido as microempresas e atendido o texto da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, que recomenda a adoção desses métodos para solução de litígios. A CBMAE é o órgão da CACB que executa o convênio com o Sebrae e dissemina os MESCs. A CBMAE propôs também uma agenda de capacitações de conciliadores e mediadores dentro das empresas. O objetivo é a expansão da rede de atendimento, disponibilizando serviços destinados à solução de conflitos.

A lei brasileira não estabelece procedimento específico de arbitragem, porém existem dois caminhos possíveis: a assinatura da cláusula compromissória e quando as partes decidem pela arbitragem como função solucionadora

Cláusula compromissória usada pela CACB “Todas as controvérsias originadas ou em conexão com o presente contrato, de sua execução ou liquidação, serão resolvidas por Arbitragem, de forma definitiva, nos termos do que dispõe o regulamento de Arbitragem da CBMAE (Câmara Brasileira de Mediação e Arbitragem Empresarial), adotado por uma de suas Câmaras de Solução de Controvérsias integrantes da Rede CBMAE, por um ou mais árbitros nomeados em conformidade com o mesmo Regulamento.”

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EVENTO Foto: Thiago Araújo

Em 2012, congresso da entidade foi realizado em Belém do Pará

23º Congresso da CACB reúne empreendedores em Porto de Galinhas Em 2013, a entidade reunirá empresários e lideranças políticas e econômicas para debater agenda de interesse. As inscrições já estão abertas

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Empresa Brasil

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Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) organiza os últimos preparativos para a 23ª edição do seu congresso anual, que acontecerá em Porto de Galinhas (PE), nos dias 12 e 13 de setembro, no hotel Summerville Beach Resort. A cada ano, o evento reúne empreendedores de todo o Brasil, com o objetivo de reforçar as discussões de interesse do empresariado e consolidar uma agenda para o setor. Os participantes do evento terão como atividades palestras, debates, workshops e city tour. Além de ouvir os filiados e buscar soluções, o Congresso reforça a firmeza e segurança do setor, tendo em vista seu papel na economia brasileira de garantir e sustentar o crescimento econômico. “Nossa preocupação é alinhar a comunicação com nossos filiados em todos os seus aspectos, pois como entidade representativa dos empreendedores dos mais diversos segmentos da economia – desde o agropastoril, passando pela indústria, chegando ao comércio e ao de serviços –, garantimos o reconhecimento por meio das parcerias estabelecidas”, garante José Paulo Dornelles Cairoli, presidente da CACB.


A 65km ao sul do Recife (PE), a praia tem 14 km de litoral

Um dos resultados de todo Congresso da CACB é um documento que traduz as expectativas dos empreendedores e traça um cenário sobre sua performance. O documento, que neste ano levará o nome de Carta de Porto de Galinhas, é formalmente entregue ao governo federal, aos deputados e aos senadores, para que tomem conhecimento do pensamento dos que fazem a economia acontecer. A mais recente edição do Congresso da CACB, ocorrida em Belém (PA), atraiu cerca de 1.500 pessoas. Além do Pará, o evento já passou pelas federações da Bahia, Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Distrito Federal, entre outras. Em breve, a programação e as inscrições estarão disponíveis no site www.cacb.org.br.

Temperatura média da água do mar é de 28ºC Porto de Galinhas já foi eleita pela revista Viagem e Turismo, da Editora Abril, a “Melhor Praia do Brasil” por dez vezes consecutivas. Localizada no município de Ipojuca, a 65km ao sul do Recife (PE), a praia tem 14 km de litoral, margeados por milhares de coqueiros. A temperatura média da água do mar e das piscinas naturais é de 28 ºC. Os pacotes estão disponíveis para compra no site da CACB e oferecem apartamentos Standard de 37 m², no hotel Summerville Beach Resort, podendo acomodar até quatro pessoas (dois adultos e duas crianças). Inclui passagens aéreas de ida e volta em voo TAM, três noites de hospedagem com pensão completa, transfer aeroporto/hotel/aeroporto e inscrição para o Congresso CACB. Os valores se alteram de acordo com a cidade de partida, variando entre R$ 1.915,05 e R$ 3.778,98 por pessoa em apartamento duplo. As tarifas não implicam bloqueios e estão sujeitas a disponibilidade e reajuste sem prévio aviso.

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NEGÓCIOS

O valor do patrimônio que permanece invisível no balanço Fatores de diferenciação, os ativos intangíveis contribuem sobremaneira para a conquista de vantagens competitivas

U

ma das razões pelas quais os ativos intangíveis do pequeno e microemprendedor quase sempre não são considerados deve-se ao fato de que existe pouca percepção para essas importantes fontes de valorização de empresas. Como consultor de comunicação e avaliação de intangíveis há 18 anos, José Roberto Martins, autor do livro Capital Intangível, ainda se surpreende com descuidos simples, como, por exemplo, o registro de uma marca ou patente. “Esses empreendedores, assim como aqueles que estão em outra faixa de crescimento, só dão conta da importância e valor dos intangíveis quando sofrem alguma ameaça comercial ou se encontram em processo de fusão ou aquisição”, relata. Ainda hoje, de acordo com Antônio Paulo de Oliveira, especialista em gestão de negócios, prevalece a intuição pessoal de alguns empreendedores, em vez da execução efetiva de uma prática de gestão voltada para a identificação e valoração dos ativos intangíveis, como potencial de geração de benefícios. Por um lado, é verdade que é difícil quantificar o estado moral do pessoal, a reputação da empresa ou a qualidade percebida de seus produtos. Mas isso não significa que essas questões devem ser ignoradas. Um

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Empresa Brasil

Experiência profissional é uma importante fonte de valorização

José Roberto Martins, autor do livro Capital Intangível, ainda se surpreende com descuidos como o registro de uma marca


caminho nesse sentido é realçar as diferenças em relação ao mercado, como as características de cada empresa, suas particularidades e estratégias, acrescenta o consultor. Dentre os ativos intangíveis que podem ser realçados, de acordo com Oliveira, o capital humano, ou as experiências individuais dos empregados e gerentes, é um dos mais importantes. Na sequência, ele cita o capital do cliente, que é o valor dos relacionamentos de uma empresa com os clientes, e o capital estrutural, que inclui aspectos como a qualidade e o desempenho dos sistemas de informação, tecnologias, inovações, processos, entre outros. “Cabe às áreas de gestão de pessoas, finanças, marketing e de serviços a responsabilidade pela criação de metodologias estruturadas e consistentes para a valoração dos ativos intangíveis”, recomenda. No século 20, uma empresa era composta de 80% de capital tangível e 20% de intangível. Neste século, esses percentuais inverteram-se. Hoje a empresa é composta de 80% de capital intangível e de 20% de tangível, aponta Oliveira ao referir-se a estudos sobre capital humano de autores como Eric Flamholtz, Thomas Stewart, Robert Kaplan e David Norton. “A conclusão deles é de que os ativos tangíveis estão rapidamente tornando-se commodities”, ressalta o consultor. Mas até que ponto os ativos intangíveis podem ser contabilizados pelas empresas? De acordo com Martins, a lei 11.638, que unificou a norma contábil brasileira com as normais internacionais, não inclui o intangível

como valor econômico. “O valor econômico é o valor de mercado, o qual está presente em todos os processos de fusões e aquisições”, observa. “Ninguém vende uma empresa com base no valor contábil. Não existe benefício da ativação contábil de um bem intangível, sem que tenha havido uma operação de fusão ou de aquisição de pequenos e médios.” No caso das pequenas e microempresas, de acordo com o especialsta, o que sempre pesa é a promessa de crescimento em um ou mais mercados, associada à estrutura e diferenciais do empreendedor para atingi-lo. Ele resume: “Só é bem intangível aquele que é de posse contratual de uma parte, e que pode ser cedido ou comercializado à outra”.

Oliveira destaca que os ativos tangíveis estão rapidamente tornando-se commodities

Ativos intangíveis

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PROGERECS

Exportações das MPEs representam apenas 1% do total dos embarques no país

CACB facilita exportações das micro e pequenas empresas Entidade oferece serviço de certificação de origem para rede, criando oportunidades de negócios

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m 2012, o Brasil exportou US$ 237 bilhões em produtos. Como forma de atender às necessidades da crescente exteriorização das empresas brasileiras, especialmente das micro e pequenas, a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) passou a oferecer o serviço de certificação de origem, Sistema ECO. Além de atestar a origem da mercadoria, o serviço especifica as normas de origem e as reduções tarifárias negociadas nos acordos comerciais. Recentemente, o modelo de certificação de origem da CACB, operado dentro do Programa de Geração de Receitas e Serviços (Progerecs), foi apresentado durante o 8° Congresso Mundial de Câmaras de Comércio, realizado pela International Chamber of Commerce (ICC), no Qatar, entre 22 e 25 de abril. A coordenadora de certificação de origem da CACB e especialista em comércio exterior, Juliana Kampf, explica que as vantagens na emissão de Certificado de Origem por meio do Sistema de Emissão da CACB são agilidade, segurança e confiabilidade.


“O Sistema ECO é sem dúvidas o mais prático e de fácil operacionalização do Brasil”, avalia Kampf. Os objetivos do sistema são: integrar as 27 Federações do sistema CACB e estimular o associativismo; desburocratizar o processo de emissão de Certificados de Origem; e propiciar agilidade e segurança às empresas exportadoras e Entidades emissoras. As entidades vinculadas à CACB são autorizadas a emitir Certificados de Origem para Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile, Bolívia, Guiana, Suriname, México, Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Cuba, Índia e Israel. Na maioria dos países, o certificado de origem é emitido por entidades representativas de classe, como a CACB. Entretanto, na contramão dessa tendência, no Brasil o documento do âmbito do Sistema Geral de Preferências (SGP) – chamado de Certificados de Origem Form A –, que permite a comercialização com Japão e União Europeia, ainda é emitido somente pelo Banco do Brasil. Como o foco de atuação da CACB são as microempresas e empresas de pequeno porte, que representam 89% dos associados, a emissão de certificados através da CACB é facilitada para esse público. Dessa forma, as empresas exportadoras são beneficiadas por meio de ganhos em competitividade no preço final do produto. Entretanto, a política de preço e comissão entre as federações e associações é livre. A CACB não interfere nesse sentido. “A entidade conta com profissionais qualificados em pontos de atendimento em diversos estados brasileiros, por meio da parceria com as

federações e associações comerciais. Além disso, a CACB disponibiliza a assessoria em Comércio Exterior, na qual as empresas podem sanar suas dúvidas com relação ao correto preenchimento do documento, utilização do Sistema Online de Emissão e demais questões relacionadas ao Comércio Exterior em geral”, explica Kampf. A emissão do documento é realizada em etapas que envolvem tanto a empresa exportadora quanto a Associação Comercial e Federação. A CACB disponibiliza para sua rede o Sistema Online para Emissão de Certificado de Origem, desenvolvido conforme padrões estabelecidos pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e Associação Latino-Americana de Integração (Aladi) – que reúne os países que aceitam o modelo de certificação. As Federações interessadas devem possuir acesso à Plataforma de Emissão, com identidade visual própria, e podem disponibilizar o serviço para que as associações comerciais filiadas também atendam o interior de cada estado. Para obter o documento, basta que o exportador ou despachante se cadastre no sistema, vinculando-se à federação do seu estado, e preencha todos os dados solicitados. A seguir, o documento é encaminhado para a entidade emissora, corrigido pelo funcionário habilitado e aprovado para impressão, que deverá ser feita obrigatoriamente por parte do exportador. Assim que o MDIC autorizar o uso de assinatura eletrônica (e-CPF e e-CNPJ), será possível que o documento seja emitido 100% online, proporcionando redução de custo e de tempo no processo.

Como se tornar um emissor do Sistema ECO As Federações e associações interessadas em emitir certificados de origem devem realizar um levantamento das empresas exportadoras de sua cidade e região (essa informação poderá ser solicitada à CACB). Caso existam empresas locais que vendam seus produtos para outros países, será possível obter retorno financeiro e institucional para a entidade. O investimento imediato é mínimo, visto que qualquer funcionário da associação pode realizar um treinamento para emissão do Certificado de Origem. De acordo com o volume de emissão, poderá ser necessária a contratação de funcionário específico para a atividade. Para se tornar um emissor do documento é necessário computador, internet e impressora (itens que todas as associações já possuem). A equipe responsável deverá, obrigatoriamente, realizar o treinamento para emissão do documento e habilitar sua assinatura junto à Aladi. Essa liberação de assinaturas pode demorar de 1 a 3 meses.

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ECONOMIA

Segundo a agência Conference Board, Brasil ocupa a 75ª posição mundial no ranking da produtividade

Para manter o crescimento da economia, governo deve incentivar a produtividade Manutenção de taxas contínuas de crescimento está ligada a fatores que permitem maior produção com a mesma quantidade de mão de obra

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“E

m um país perto do pleno emprego, não é o governo que puxa o crescimento da economia, mas a produtividade.” A declaração do economista Mansueto Almeida, justamente no momento em que o governo patina na tentativa de estimular a economia sem gerar inflação, resgata o velho debate sobre a questão da produtividade no Brasil.

Segundo dados da Agência Conference Board, entidade privada norte-americana de pesquisa, que estuda a produtividade mundial, o Brasil ocupa a 75ª posição mundial nesse ranking. De acordo com o levantamento, a média do trabalhador brasileiro equivale a 18,7% da produtividade do norte-americano. Na América Latina, o país aparece em 15º lugar, à frente apenas da Bolívia e do Equador.


Para os especialistas, a baixa produtividade explica o fato de a economia gerar empregos, mesmo com pouca expansão da atividade. Ocorre que esse quadro pode resultar em maior desemprego no futuro. Isso porque para a continuidade do crescimento no longo prazo é preciso produtividade. “É consenso entre economistas que a manutenção de taxas contínuas de crescimento está ligada a fatores que permitem maior produção com a mesma quantidade de mão de obra”, observa Almeida. De acordo com o relatório da The Conference Board sobre o assunto, a deficiência da produtividade brasileira reflete a falta de investimento público no ensino de base e a queda da qualidade na educação ocorrida nas últimas décadas. Dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o país teve um progresso importante em termos de anos de escolaridade da população, que atualmente é de 7,2 anos. Ocorre que a média da população brasileira não tem sequer o ensino fundamental completo, o que contrasta com a situação de países vizinhos, como Chile, Uruguai, México e Argentina. Outro ponto a considerar é que o Brasil ainda é uma economia fechada, com a menor relação importação e Produto Interno Bruto (PIB). Segundo o Banco Mundial, o Brasil é o país que menos importa no mundo, como proporção do seu PIB. Esse quadro não difere muito em relação às exportações. Em 2011, segundo o Banco Mundial, o Brasil teve exportações de bens e

serviços equivalentes a 13% do PIB, e numa lista de 179 países, o Brasil é o que tem a menor relação entre importações e PIB. No grupo dos Brics, por exemplo, a China tem importações de produtos e serviços de 27% do PIB, a Índia de 30% e a Rússia de 21%. Entre as principais economias da América Latina, o México tem importações correspondentes a 32% do PIB, a Argentina a 20% e a Colômbia a 17%. E mesmo os Estados Unidos apresentam uma proporção de importações sobre o PIB de 16%, maior do que a brasileira. “Se a economia se fecha, a escala de produção é menor, o país não importa as tecnologias mais avançadas e a produtividade é prejudicada”, diz o economista Edmar Bacha, um dos formuladores do Plano Real, atualmente diretor do Instituto de Estudos de Política Econômica/Casa das Garças (Iepe/ CdG).

“Incentivar P&D e inovação em todos os setores é algo que também ajuda o crescimento da produtividade, ainda mais se incentivos à inovação forem acompanhados de maior concorrência decorrente da maior abertura comercial”, complementa Almeida. Outro ponto a considerar, de acordo com o economista, é a magnitude do efeito das “reformas econômicas” no crescimento do PIB. “A agenda de reformas não deve ser entendida como uma ‘força tarefa’ para mudar a economia em um ou dois anos, mas como um esforço contínuo para melhorar o funcionamento da economia de mercado”, considera. “No curto prazo, a melhor forma de aumentar o crescimento do Brasil é com o aumento do investimento privado e público. No longo prazo, que perpassa o governo atual, não há alternativa que não seja a retomada da agenda de reformas, mesmo que essa retomada ocorra de forma gradual.” Junho de 2013

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COMÉRCIO

Comércio prevê uma expansão de vendas de 6% para 2013

Impacto da desoneração da folha no comércio é restrito Efeitos da medida dependem do peso da folha de pagamentos em relação ao faturamento. Algumas empresas tiveram redução do encargo, mas outras podem ter aumento

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m abril, entrou em vigor a desoneração da folha de pagamento para o comércio varejista. Com a medida, o setor passou a pagar uma contribuição de 1% sobre o seu faturamento em troca dos 20% do pagamento da contribuição das empresas para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O objetivo do governo é estimular a geração de empregos. Para isso, irá deixar de arrecadar R$ 1,3 bilhão em 2013 e R$ 2,1 bilhões em 2014, informou o Ministério da Fazenda.

O processo de desoneração começou em 2011, com o lançamento do plano “Brasil Maior”, para aumentar a competitividade das empresas nacionais em meio à crise financeira internacional. Naquele momento, apenas quatro setores foram escolhidos. Em abril deste ano, 11 novos setores foram acrescentados, e em setembro, outros 25. Para se beneficiarem, as empresas tiveram de se comprometer a não demitir, além de aumentar os investimentos, a produção e as exportações.


Para Adalberto Pereira dos Santos, diretor de relações com investidores da Lojas Renner, a medida é positiva e deve resultar no repasse de preços em índices inferiores à inflação. “Essa deve ser uma tendência, e quem não seguir essa linha terá de repensar a sua posição”, avalia Santos. Sobre a expectativa do governo no que se refere ao aumento da contratação de mão de obra, o executivo argumentou que ainda é cedo para fazer tal projeção. Entretanto admitiu que, com a redução de custos, as empresas poderão fazer novos investimentos e gerar novos postos de trabalho. Quanto à eventual influência da medida no nível de atividades da economia, afirmou que a medida não tem peso suficiente para esse fim. “O crescimento da economia depende de questões estruturais”, disse. “Demasiadas alterações no marco regulatório podem assustar o setor produtivo e deixar inseguras as empresas.” Já o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Rogério Amato, informou que o impacto da desoneração da folha no comércio foi diferenciado, pois depende do peso da folha de pagamentos em relação ao faturamento. Algumas empresas tiveram redução do encargo, mas outras podem ter aumento de custos. “Por isso defendíamos que deveria ser opcional ficar no sistema anterior ou mudar para a sistemática de incidência sobre faturamento”, sustentou.

De acordo com Amato, o aumento das contratações não depende apenas do custo de mão de obra. “Mesmo as empresas que tiveram redução do encargo com a mudança não estão aumentando a oferta de emprego e de investimentos, porque as perspectivas de crescimento da economia não estão muito claras. Como os demais encargos sobre a folha ainda são muito altos, e os custos de demissão também, a desoneração não produziu o impacto esperado pelo governo.” Para o empresário, somente medidas mais gerais, que beneficiem todos os segmentos e que signifiquem redução efetiva dos custos, e não mudança da forma de cobrança, podem resultar em novos investimentos. “Precisamos de redução da carga tributária, simplificação do sistema e diminuição da burocracia, de um lado, e melhora da infraestrutura, de outro, criando um ambiente atrativo para os investimentos privados, aumentando a geração de empregos”, conclui.

Adalberto Pereira dos Santos: “Ainda é cedo para projetar eventual aumento na contratação de mão de obra. Entretanto, com a redução de custos, poderá haver novos investimentos no setor”

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LIVROS

O pensamento de André Lara Resende

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crise de 2008, que insiste em não terminar, pode não ser apenas mais uma crise cíclica das economias modernas, sempre ameaçadas pela insuficiência de demanda. É possível que o prazo de validade do remédio “keynesiano” tenha se esgotado. Não há mais como contar com o crescimento da demanda de bens materiais para crescer. O crescimento pode não ser mais a opção de saída para a crise. A conclusão é do economista André Lara Resende, doutor em economia pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) e um dos formuladores do Plano Real, que acaba de lançar o livro Os limites do possível. Na obra, que reúne seminários apresentados pelo autor na Casa das Garças (RJ), conferências e artigos publicados no jornal Valor Econômico e na revista Piauí, Resende defende a tese de que algo mais profundo que as costumeiras crises do capitalismo pode estar em gestação, o que tornaria muito difícil uma ‘saída harmoniosa para o impasse em que a economia mundial se encontra’. Na primeira parte do livro, o autor aborda questões relacionadas com os rumos do capitalismo, o que inclui uma série de reflexões sobre o crescimento como objetivo principal da política econômica de qualquer país. De acordo com Resende, será preciso superar o fosso profundo do preconceito ideológico para achar as respostas para as duas questões do nosso tempo, que lhe parecem as mais importantes. Primeiro, como reduzir a disparidade dos padrões de vida sem

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Empresa Brasil

aumentar a intermediação do Estado e restringir as liberdades individuais. Segundo, como reverter o consumismo, a insaciabilidade material, sem reduzir a percepção de bem-estar. Em artigos sobre a crise financeira, na segunda parte do livro, Resende analisa temas como o euro e o futuro, reiterando sua opinião sobre o anacronismo do Estado-nação. A tecnologia reduziu distâncias, eliminou fronteiras e integrou o mundo. O processo é irreversível, estamos todos definitivamente no mesmo barco. Ou os problemas são resolvidos para todos ou, simplesmente, não são resolvidos. Conviver de forma globalmente equânime e civilizada deixou de ser desejável para se tornar imperativo, assevera o autor. Na última parte, a obra reúne ensaios sobre a inflação e a taxa de juros, o que ele define como a jabuticaba brasileira. Em sua opinião, o Brasil perdeu uma grande oportunidade com a crise externa de 2008, ao adotar uma política fiscal expansionista e aumentar os gastos correntes do governo. Caso o governo não tivesse aumentado seus gastos, numa pretensa e equivocada reação ”keynesiana”, a economia brasileira teria hoje juros mais baixos e câmbio mais desvalorizado. Teríamos aproveitado a crise para escapar da armadilha brasileira, do binômio juro alto, câmbio sobrevalorizado, avalia o autor. Qual a saída? “Maior estímulo à poupança privada e redução dos gastos públicos. Políticas equivocadas agravam o problema e levam à perda de oportunidades, como a aberta pela crise de 2008”, conclui o economista.

“Será preciso superar o fosso do preconceito ideológico para achar as respostas para as duas questões-chave do nosso tempo: como reduzir a disparidade dos padrões de vida sem aumentar a intermediação do Estado e restringir as liberdades individuais. E como reverter o consumismo, a insaciabilidade material, sem reduzir a percepção de bem-estar”


ARTIGO

Ativos intangíveis, o grande valor da nova economia Paulo Afonso Pereira*

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sabido que muitas empresas possuem valor de mercado muito superior a seu valor contábil. A razão desta grande diferença pode estar em seus ativos intangíveis – representados por marcas, patentes, capacidade de inovação, modelo de negócios, capital humano, etc. Entretanto, apesar dos ativos intangíveis serem responsáveis diretos pelo desempenho de empresas de alta tecnologia, como Microsoft e Aple ou Coca-Cola e Nestlé, com forte participação no mercado de consumo, muito lentamente a maioria das empresas começa a entender que estabelecer seus valores consolida o patrimônio da empresa. Ainda são poucas as empresas brasileiras que sabem o real valor de suas marcas, as quais em alguns casos podem valer centenas de vezes mais do que o patrimônio tangível da mesma. Quando ocorre, por exemplo, a compra, venda, fusão ou cisão, conhecer o valor da marca é fundamental para estabelecer o real valor da empresa. Nem sempre a empresa vende sua existência pelo seu real valor, normalmente elege-se a auditoria física e contábil para se chegar a um valor de negociação; ocorre que nem sempre as marcas estão devidamente avaliadas, assim como as tecnologias, que são na re-

alidade as grandes molas propulsoras de qualquer empreendimento. Há mais de 15 anos, a Lei da Propriedade Industrial Brasileira, Lei 9.279, de 1996, dispõe em seu artigo 5º que “são considerados bens móveis, para efeitos legais, os direitos de propriedade industrial”. Levando-se em conta que os direitos de Propriedade Industrial são representados por registros concedidos de marcas e patentes, podemos assegurar que esses bens, como patrimônio que são das empresas, possuem valor e assim podem servir de suporte garantidor de operações financeiras. No Brasil, desde 2009 o BNDES passou a considerar os ativos intangíveis das empresas – aqueles bens que não têm representação física – como garantias de financia-

mentos, ao lado do exame do desempenho financeiro das empresas que buscam serviços do banco. Os elementos tangíveis sempre foram e sempre serão de grande valia para uma organização. Entretanto, para criar diferencial competitivo e acima de tudo alavancar receitas é de fundamental importância o foco nos itens intangíveis, pois eles trazem um crescimento acima da média e garantem sustentabilidade no mercado. A crescente importância das marcas, patentes e softwares, entre outros intangíveis, traz um novo desafio para as empresas: saber qual o valor dos mesmos e seu papel dentro das organizações. Saber com precisão valores de propriedade da empresa, como suas marcas, patentes, tecnologia de gestão de conhecimento, rede de relações, reputação, governança, inovação, design, parcerias tecnológicas e comerciais, criatividade é fundamental. Tudo isso vale, e muito, especialmente porque são importantes fontes de vantagem competitiva. Por isso, torna-se essencial gerenciá-los adequadamente. Pena que essa cultura da proteção e valoração ainda não está definitivamente entre as prioridades de muitas organizações. *Especialista em Propriedade Intelectual, ex-presidente do INPI, vice-presidente da Federasul, coordenador da Câmara da Propriedade Intelectual Junho de 2013

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