Encarte da edição 176 do Jornal 360 Setembro 2020
É tempo de plantar A natureza é soberana e está cada vez mais provando quanto é importante na vida do homem moderno. Só ela pode manter o planeta capaz de abrigar o homem. Só ela é capaz de refrescar sem comprometer nossa saúde. Só ela pode nos prover daquilo que mais precisamos: água. Só ela também é capaz de deixar qualquer lugar mais belo. Aproveite a Primavera e plante árvores, arbustos e flores. 1_Escolha do Local Calçadas__ A árvore de calçada proporciona conforto ambiental, além de servir como filtro para a construção. • A calçada ser larga o suficiente para não impedir o trânsito de pedestres e usuários com necessidades especiais. A largura mínima recomendada é de 2,50m. • As construções preferencialmente não devem estar alinhadas à calçada. • Quando há fiação elétrica, exige espécies de porte pequeno para evitar acidentes. • É indicado verificar se há rede hidráulica no local escolhido da calçada. Quintais_ Neste espaço a árvore integra a área de lazer e convivência da família. • Geralmente possuem maior espaço, permitindo mais liberdade para a localização de cada espécie plantada e o plantio de árvores mais frondosas. • Em prédios comerciais, locais onde há árvores podem ser utilizados como local de descanso para os funcionários. Praças_ Proporciona conforto ambiental e valorização do cenário. • Geralmente as árvores de praças possuem canteiros generosos intercalados com acessos e iluminação. • Deve valorizar elementos construtivos (bancos, coretos, fontes etc.) ou esconder defeitos (caixas d’água, construções). 2_ESCOLHA DAS ESPÉCIES As interferências que a árvore pode causar devem ser analisadas previamente para que ela não se transforme em problema. Critérios de plantio ideal para cada lugar: • Raiz pivotante: para evitar danos às calçadas, redes hidráulicas e elétricas subterrâneas, alicerces, muros etc. • Porte adequado: deve ser pequeno se estiver embaixo de fiação aérea ou médio se não estiver. • Folhas miúdas: mais indicadas para evitar o entupimento de calhas. • “Caducas” ou “semi caducas”: derrubam as folhas na estação seca. • Frutos: pequenos e que não se desprendam com facilidade.
patrocinadores
• Atrativas: principalmente para as crianças. • Fonte para pássaros: Alimentar os pássaros urbanos é muito legal. • Aspecto compatível com a finalidade desejada.
Plantio sob fiação létrica
__ para CALÇADAS: PEQUENO porte: • Falsa Murta (Murraya exótica)_ exótica • Sabão de soldado (Sapindus saponaria) _nativa • Aroeira pimenteira (Schinus terebinthifolius)_nativa • Aroeira salsa (Schinnus molle)_nativa • Ipê verde (Cybistax antisyphilitica)_ nativa • Aleluia (Senna macranthera)_nativa Médio porte: • Merindiba rosa (Terminalia brasiliensis) _nativa • Algodão da praia (Hybiscus pernambuscensis) _nativa • Quaresmeira (Tibouchina granulosa) _nativa • Ipê amarelo (Tabebuia spp)_nativa • Canelinha (Nectandra megapotanica) _nativa
Exemplo de sobreposição de ár rematar,trepadeira para revesti
Tamanho e dimensões básicas da cova e espaçamento
__para QUINTAIS: Pequeno porte: • Cítricos em geral _para pequeno pomar • Marolo (Annona crassiflora) _ frutífera/ nat. • Grumixama (Eugenia brasiliensis)_nativa • Uvaia (Eugenia pyriformis)_nativa • Cabeludinha (Myrciaria glazioviana) _nativa • Cambucá (Plinia edulis)_nativa
Local para plantio em calçadas
MÉDIO porte: • Amora branca (Maclura tinctoria)_nativa • Cereja brasileira (Eugenia involucrata) _nat. Pequeno/Médio porte: • Pitanga (Eugenia uniflora) _nativa • Jaboticaba (Myrciaria trunciflora) _nativa • Araticum (Rollinia spp) _frutífera __ para PRAÇAS e locais amplos
Médio/Grande porte: •Sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides) • Canafístula (Peltophorum dubium) • Mulungu (Erithrina spp)_ várias espécies • Quaresmeira (Tibouchina granulosa) • Timburi (Enterolobium contortisiliquum) • Pau de viola (Cytharexyllum myrianthum)
• Araucária (Araucaria angustifolia) _risco de extinção • Ipê roxo (Tabebuia spp) _várias espécies • Ipê branco (Tabebuia róseo-alba) • Pau ferro (Caesalpinia ferrea (leiostachia) Var. férrea) • Olho de cabra (Ormosia arborea)
foto: Flavia Rocha | 360
Manutenção de grandes árvores
rvores de rua (sibipiruna, be maior) e cerca viva com três vegetações: canteiro para arr o muro e primavera para decorar, aumentar a altura e a segurança, pois tem espinhos
Muita gente promove a derrubada de árvores dentro da área urbana. Sob o argumento de que colocam em risco casas, carros e pessoas, árvores de grande porte que resistem ao tempo, como a Sibipiruna, muito comum na região, são extirpadas. As razões na maioria das vezes são causadas pela falta de manutenção anual que esse tipo de árvore requer, a fim de retirar pragas e outras doenças que possam comprometer sua integridade.
com o tamanho do torrão e construir uma mureta em volta com a profundidade necessária para que a raiz cresça para baixo evitando estragos a calçadas e edificações. Quando isso não acontece e a raiz cresça para a calçada, deve-se fazer uma poda bastante criteriosa para que a árvore não perca a estabilidade.
Outra questão importante é o replantio. Quando realmente afetada por podridão ou cupins, é indicado replantar mudas da mesma espécie já em tamanho adequado para que cresçam com segurança. A substituição por mudas de árvores de menor porte ou menos frondosas resultará no aumento da temperatura daquele espaço. E quando isso é feito em larga escala, afetará toda a cidade. Confira as dicas do saudoso especialista Elias Sahade Jr para evitar a derrubada das árvores:
1- A cada ano, fazer a poda de formação, quando se dá à muda a configuração desejada, como galhos altos e ramificações acima de 2,5m. 2- Na poda anual também devem ser retirados os galhos secos e os que “cruzam” a muda de um lado para outro. 3- Nos cortes de galhos vivos deve-se passar algum produto para cicatrizar, como calda bordalesa, encontrada pronta no mercado. Obs.: É importante que a prefeitura ou empresa contratada para fazer a manutenção das árvores, incluindo as podas, conte com um técnico que realmente conheça os problemas e possa apontar soluções de preservação eficazes.
Plantio de árvores de grande porte 1- Fazer uma cova (buraco) compatível
Árvores adultas e em crescimento:
Viveiros municipais e particulares fornecem mudas para quem vive no campo e na cidade Viveiros municipais de mudas nativas criados para suprir moradores das áreas rural e urbana é uma prática bastante comum e capaz de promover a arborização de forma acessível e adequada. Confira como funcionam os viveiros de algumas cidades da região 360: Assis: a retirada de mudas é gratuita e obtida através de requerimento junto à Secretaria de Meio Ambiente. O morador deve apresentar também documento com foto e comprovante de endereço. CONTATO: Secretaria de Meio Ambiente – f: 18 3324.2556. Flora Vale: credenciada na Secretaria Estadual do Meio Ambiente, a Associação de Recuperação Florestal do Médio Paranapanema Flora Vale promove a reposição florestal na região. Além do viveiro florestal, atua no fomento florestal junto aos
proprietários rurais. Promove doação de mudas nativas e exóticas. CONTATO :www.floravale.com.br – f: 18 3322-2996 Cândido Mota: O viveiro funciona junto com uma horta e atende moradores da cidade. A retirada de mudas é gratuita mediante apresentação de requerimento que pode ser retirado na Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente. CONTATO: Secretaria de Meio Ambiente – f: 18 3341-5237 (Wilson). Ibirarema: o viveiro oferece cerca de 26 espécies de mudas nativas para área urbana e rural, distribuidas gratuitamente para moradores da cidade. Também atende pessoas da região. Neste caso, o morador deve fazer um requerimento junto à prefeitura da sua cidade e depois entregar para a retirada da muda direto no viveiro. CONTATO: Departamento do Meio Ambiente – fone 14 99886.3659.
Cerqueira César: O viveiro não é municipal, mas atende moradores da cidade. Funciona por meio de uma parceria entre a Usina Rio Pardo e a APAE. Para retirar mudas é preciso levar 25 caixas de leite vazias. CONTATO: 14 3711.1010 (URP) ENDEREÇO: Rua dos Jaborandis, 319. Manduri: O viveiro municipal oferece mudas de árvores nativas e frutíferas para reflorestar a cidade. O plantio é feito pela própria comunidade, sem a distribuição de mudas diretamente para o interessado. O morador deve fazer o pedido na Secretaria de Meio Ambiente e então a muda será plantada com a presença de pessoal da secretaria e moradores da cidade. CONTATO: Secretaria de Meio Ambiente – f: 14 3356.9220 (Elenir).
Ourinhos: O viveiro oferece mudas nativas urbanas para reflorestamento de ruas. Distribuição gratuita para moradores, que podem levar até cinco mudas para plantio. CONTATO: Secretaria de Meio Ambiente e Agricultura - f: 14 3335.7911 (Áureo) – Parque Ferreira de Sá
levar até 6 mudas a cada 3 meses. Moradores da área rural podem levar até 20 mudas a cada 2meses. O viveiro também desenvolve mudas se o morador levar sementes. Neste caso, a produção é dividida entre o doador das sementes e o viveiro, para atender mais gente. CONTATO: Natalino – f: 14 3372.9425
Palmital: O viveiro da cidade pertence à Secretaria Estadual de Meio Ambiente e fornece mudas à população. CONTATO: Secretaria de Meio Ambiente – f: 18 3351-9335
Santa Cruz +Verde: Realizado pela ONG Rio Pardo Vivo em parceria com a prefeitura e empresas da cidade, o projeto distribui e planta mudas em calçadas e áreas verdes públicas. Iniciado em 2014, completou sua primeira fase este, alcançando plantio de 6 mil árvores. A partir de outubro/20, voltará a atender as solicitações pelo site. CONTATO: www.riopardovivo.org
Piraju: O viveiro EPR é especialista em mudas nativas e funciona na Fazenda Vó-Vô (rod. SP 261, km 4). CONTATO: f: 14 3351.7173 (Pérsio) Santa Cruz do Rio Pardo: O viveiro municipal tem dezenas de espécies e mais de 4 mil mudas disponíveis para atender a população. Quem mora na cidade pode
São Manuel: moradores da cidade podem retirar até 25 mudas gratuitamente, basta fazer um requerimento.CONTATO: Secretaria de Meio Ambiente – f: 14 3841-3882.
Na Special Dog, árvores e cercas vivas fazem todo o entorno externo e dividem setores internos
Cercas vivas para decorar e proteger O uso de cercas vivas aproxima ou afasta o olhar, aconchega, cria cenários. Um bom projeto de paisagismo ou um bom planejamento de áreas rurais vai, com certeza, fazer uso de algum tipo de cerca viva. Planejamento – Antes de qualquer plantio, é importante planejar a propriedade rural ou urbana. Procure um profissional o projeto de paisagismo e o planejamento das áreas agrícolas, tendo em mente que o aproveitamento de áreas livres, agricultá-veis ou não, devem sempre respeitar o meio ambiente, a água, a fauna e a flora. Utilidades – A cerca viva tem várias funções. Conheça os tipos de cerca vivas: • Barreira de Isolamento: geralmente implantada nas divisas para delimitar a propriedade. Pode ser plantada rente a uma cerca, por exemplo. Como é para impedir a invasão, é bom uma espécie que tenha espinhos e densa galhada. Espaçamento das covas: 30cm X 30cm. ESPÉCIES INDICADAS: sansão do campo, falsa murta, cedrinho, pingo de ouro, piracanta. • Barreira Visual: usada no entorno de áreas de lazer, empresas e sedes de propriedades rurais, promove sensação de maior conforto e privacidade. Espaçamento indicado: 50 X 50cm. ESPÉCIES INDICADAS: falsa murta, tumbérgia, ixora, hibisco, bananeira ornamental, legustro, bambu mimoso, bambu methake. • Barreiras de Composição: usadas com gramados e jardins, ora salientando, ora compondo com as plantas, ou ainda fazen-do a transposição de uma área à outra, não possuem a função de vedar. Geralmente são baixas, assumindo as vezes de “bordaduras” (junto a caminhos, por exemplo). Usadas também como maciços, numa repetição de touceiras. O espaçamento dependerá da intenção do paisagista, indo de 30cm a 3metros. ESPÉCIES INDICADAS: primavera, alamanda, hortênsia, azaléa, buxinho, espirradeira, strelitzia, capim dos pampas, entre outras. • Barreiras Lúdicas: Utilizadas em composições do tipo labirinto. O espaçamento é pequeno, entre 20 e 30cm. As espécies, na
maioria das vezes, são somente verdes (cedrinhos). Em jardins simétricos, são usadas espécies de pequeno porte em composição de tabu-leiros, “rendas”. Neste caso, buxinhos são usados e os destaques são com cedros (referência: jardins do Museu do Ipiranga, Palácio de Versailles). • Muro Verde: quando não existe um muro, podem ser plantadas espécies que aceitam podas para a formação de topiaria, técnica que dá à planta qualquer conformação. E quando existe um muro, pode-se disfarçá-lo com plantas. Necessitam de tutoramento até atingir o topo do muro e daí devem receber poda constante. ESPÉCIES INDICADAS: primaveras, congeias, alamandas, tumbérgias, cipó de são joão, entre muitas outras. • Barreira Eólica: plantadas para vedarem culturas e construções rurais, protegendo de ventos prejudiciais à agrícultura.Muito indicadas para entorno de estufas, para proteger a cobertura plástica. Pode-se usar, inclusive, árvores com “saia” baixa para a função. No caso de árvores, usar espaçamento de 8m. Caso use espécies não arbóreas, usar espaçamento de 30cm, em 1 ou 2 linhas de plantio. ESPÉCIES INDICADAS: jambolão, amoreira, eucaliptos (árvores), capim elefante, tumbérgia, entre outras. Execução – Antes de plantar, vale ressaltar que as covas deverão ser preparadas com a adição de calcário, adubo enraizador. Com 30 a 60 dias, deverá ser feita uma adubação de cobertura, com NPK (prefira dias chuvosos). Na primavera e verão, repetir a adubação até que as mudas se “encostem” umas nas outras. Quando as mudas atinGirem de 1m a 1,20m faça uma poda de ponteiros. Isso favorece a brotação lateral e a encorpadura das mudas. Regularmente faça podas de formação para que atinja o porte desejado de maneira uniforme. Manutenção – A manutenção é muito importante para se alcançar o resultado esperado. Uma cerca viva necessita, no mínimo, de adubação, caso das que são deixadas crescerem livremente. Os outros tipos de cercas, além de adubação, exigem podas tanto para a formação, como para confor-
mação. Uma poda anual no inverno, depois de formada a cerca é o que basta. Um dia de jardineiro, com as ferramentas adequadas, mantém 50m, no mínimo, de cerca viva, considerando-se laterais e topo.
Conhecendo as espécies: • Alamanda: de flores amarelas ou vermelhas. Dependendo do projeto, tem a finalidade e uso da primavera. Não possuem espinhos, mas formam boa trama de galhos. Necessitam tutoramento e podas de formação. • Azaléa: arbusto perene com flores em variadas flores, usado como acabamento, arrematando um muro ou sebe. Floresce no inverno enquanto a maioria das plantas estão em estado de repouso. Experimente usá-las em caminhos, junto a espelhos de água. • Bambu mimoso: formam uma bonita cerca viva. Possui folhas verde-limão delicadas e numerosas. Seus troncos são bastante flexíveis e criam um movimento bastante delicado conforme a brisa. Se houver um “paredão” verde escuro atrás destes bambus, o cenário será harmonizado. • Bambu methake: muito usado em residências, rente a muros de divisa e com circulação estreita pelo fato de ser ereto e muito menos flexível que o bambu mimoso. • Bananeira ornamental: de crescimento rápido, desenvolve-se através de rizomas, “caminhando” e formando touceiras densas e com um colorido típico. Exige manutenção para o direcionar crescimento. Quando usada em jardins, em maciços, deixá-la crescer que formará um foco bastante interessante. • Buxinho: arbusto de folhas “duras” e verdes indicado para bordaduras. Não perde as folhas e tem um crescimento bastante lento. Aceita muito bem a topiaria. • Capim elefante: utilizado como quebra vento de estufas por terem um rápido crescimento e ótimo fechamento. Plante de 2 a 3 linhas no entorno das estufa • Capim dos pampas: suas folhas formam touceiras altas e plantadas em linhas destacam-se quando os pendões florais brotam, garantindo a estabilidade das plantas. • Cedrinho: uma das mais populares. Baixo custo da muda e possui vários tipos para serem usados em diversos tipos de cercas vivas. Aceita muito bem a topiaria. Em podas normais, não exagerar na base da planta porque a brotação inferior é quase inexistente ou muito lenta. • Falsa murta: espécie com muitos galhos. Crescimento de lento a médio. Floração branca e perfumada com frutificação abundante e atrativa de aves. Convém optar por mudas com porte mínimo de 50cm.
Expediente: Edição e Design gráfico: Flávia Manfrin. Produzido a partir de matérias do saudoso colaborador
• Eucalipto: presta-se a quebra vento, mas com o inconveniente de derrubar espontaneamente galhos inferiores. Pode-se complementar com outra cerca viva, cobrindose, assim, os vazios da base dos eucaliptos. • Hibisco: bastante ornamental, de densa folhagem verde escura ou variegada, possui flores grandes e bastante coloridas. • Hortênsia: serve para bordaduras, com floração abundante azul, rosa ou branca na primavera. Deve ser podada antes do inverno (quando as folhas começam naturalmente a secar é momento de poda). Atinge no máximo de 1m a 1,5m. • Ixora: de crescimento lento, suas flores vermelhas ou amarelas, em buque, são abundantes. Para bordaduras, usar a espécie anã. • Jambolão: de porte arbóreo, de saia baixa (galhos desde o chão) é muito utilizado como quebra vento de estufas, casas, currais. Atingem até 10m de altura e seu diâmetro chega facilmente a 8m. Frutifica abundantemente e atrai muitos animais rasteiros e aves. • Legustro: exige espaçamento pequeno para que se forme uma cerca rapidamente. Há 2 espécies: de folhas pequenas verdes ou variegada. • Pingo de ouro: bastante popular, é muito usada em bordaduras. Se crescer à vontade, ati-ge até 3m de altura, devendo-se ajustar a “largura” das plantas. • Piracanta: possui galhos finos que se assemelham a espinhos. Seu fruto é uma maçã em miniatura. Para ser usada como cerca viva requer a poda dos ponteiros. • Primavera: espécie bem popular e das mais bonitas, emvárias cores, com brácteas simples ou dobradas. Possui espinho, forma boa trama de galhos, mas necessita de tutoramento e suporte (muro ou cerca). Pode ser plantada em cabeceiras de barrancos e ter crescimento livre, com podas anuais para formar toucerias. • Sansão do campo: planta espinhenta, de rápido crescimento, com muitos galhos. Resistente a queimadas e podas drásticas. Baixo custo por muda. A largura de uma cerca viva já formada pode chegar até a 8m (considerar esse fato). • Strelitzia: também conhecida como bico de papagaio e ave do paraíso,suas flores laranja e detalhes em roxo formam nitidamente a cabeça de uma ave. Há tipos de folhas largas e de folhas em forma de lança. Usadas em gramados, compõem muito bem a paisagem. Suas flores podem ser colhidas e usadas em vasos. • Tumbérgia: há dois tipos, sendo a ereta a mais usada. Sua floração atrai beija flor. O outro tipo é trepadeira, necessitando tutoramento até onde possa debruçar-se.
Elias Sahade Junior em edições de 2012 e 2013 do Jornal 360
6 • bem
viver
Por que a natureza faz bem para a saúde
fotos: Antoni Dalmatti Alves Lima Frigério
*Flávia Manfrin
* Daniela pedala no fundo da estrada da foto à esquerda e posa com o sobrinho Antony, companheiro de “pedal” *
Quem me conhece sabe o quanto gosto da natureza. E acho que posso resumir com uma frase: ela me basta. É pra ela que eu corro quando o meu mundo parece estar desabando. Quando me perco de meus planos ou me deixo levar pelo medo. Ela me cura. Profunda e imediatamente. Ela também me abriga quando me sinto incompreendida, sozinha, esquecida. Bastar estar em meio a ela para me sentir parte de um universo repleto de seres vivos. E isso me faz sentir parte desse todo especial. Ela também me inspira. E como. Já criei projetos, tive ideias, solucionei questões e fiz várias reuniões remotas enquanto percorria tranquilas estradas de terra, a pé ou no fusca, esse veículo que parece fazer mesmo parte dela por sua capacidade de superar qualquer terreno e proporcionar a melhor vista em todos os ângulos. Já fiz as melhores introspecções e orações no chão vermelho das estradinhas de terra da minha cidade, Santa Cruz do Rio Pardo, onde o céu é de um azul que não tem explicação. É intenso, é anil, é “azul lápis de cor”, como gosto de chamar essa imensidão divina, que é translúcida de dia e de noite. Inclusive quando há chuva e nuvens e lhe tomar em sua vasta totalidade. É da natureza, também, que tiro a melhor convivência que jamais poderia ter sonhado encontrar na vida: os animais. Meus filhos têm quatro patas e são, como eu, apaixonados pela terra, pelo mato, pelas águas. Como eu, eles se deixam levar pelo voo de um pássaro, de de muitos deles, se encantam com a correria de seriemas e com os saltos libres e leves de coelhos que fogem pela paisagem em busca de aconchego, alimento e diversão. Nesta época de epidemia, quando a sensatez nos lembra todos os dias que devemos fazer isolamento social, a natureza caiu como uma luva me salvar do stress da reclusão. Pelo menos duas ou três vezes por semana, me aventuro a percorrer novos e velhos trechos dos bairros rurais da cidade. Levo os cães e também a profissional que cuida da nossa casa. E saibam, ela não gosta de perder nenhum passeio. Criamos um hábito e sempre, no final de cada jornada diária, dedicamos nosso tempo livre para um passeio em meio às plantações e matas ao redor da cidade.
Você pode pensar que isso tudo é apenas o gosto pessoal de uma pessoa que mesmo já tendo vivido nos mais sofisticados ambientes e ter conhecido pontos turísticos paradisíacos, onde a natureza é, além de tudo, de suprema beleza exuberância, gosta do que é simples, muito muito simples e natural. Só que não. Essa minha visão também encontra fundamentos na ciência, que vem cada vez mais reafirmando a importância de se estar em meio à natureza. Não se trata apenas de procurar alimentos orgânicos, livres de agrotóxicos, não se trata apenas de distrair-se com animais de estimação. Nem de renovar as energias com o pôr do sol. Trata-se de curar mesmo. E também de se nutrir física, mental e emocionalmente.
eira no Paraná. Perfeito! Fluindo e fluídos. Sinto vários benefícios quando estou em contato com a natureza. Diminui dores nas costas, pernas, cólicas, dores no estômago e dores de cabeça. Parei com acompanhamento médico, com remédios psiquiátricos. Durmo muito bem e notei que a sensação de angústia é completamente diluída. O contato com a natureza contribui para um equilíbrio mais saudável, físico e metal”, relata Daniela. Esse é apenas um dos milhares de testemunhos sobre o efeito positivo da natureza na nossa vida. Então, plante sua árvore, regue seu jardim, olhe para o céu, acompanhe o voo de um pássaro. Seu corpo, sua mente e sua alma sentirão os efeitos positivos, pode aguardar!
Muitos estudos, todos disponíveis na internet, atestam a capacidade da natureza curar males do corpo e da mente. Também ela é capaz de contribuir para o desenvolvimento intelectual de crianças. Para ilustrar esse conceito, em vez de citar estudos, colhi o depoimento de uma amiga que não se deixa levar por tendências ou modismos. E não é devota da natureza. Daniela Dalmatti Alves Lima sempre andou de bicicleta. Há cerca de cinco anos, começou a fazer isso como tantas pessoas adultas hoje fazem: pedalando longas distâncias, devidamente equipada de acessórios de segurança. Isso a levou às estradas rurais ao redor de Tatuí, onde mora, e também pra onde viaja, como Santa Cruz do Rio Pardo. Perguntamos a ela se o convívio com a natureza lhe trouxe benefícios e ela deu o seu recado: “Me sinto evoluindo em relação a isso. Antes tinha medo e um certo nojo, hoje sou mais curiosa. Não gostava de nadar em rio porque achava extremamente perigoso e tinha nojo de encostar meus pés no fundo, sentir a lama. No mar ficava super incomodada com areia e água salgada no corpo...morria de medo dos bichos em geral. Hoje fico de boa em lagos, represas e mar. Vejo cobras, aranhas, vaquinhas, cachorros, coelhos fofos, entre outros animais. Nem sempre é contemplativo mesmo quando fico encantada. Em janeiro, fiz meus primeiros pedais em Santa Cruz e fiquei ainda mais apaixonada pela cidade e região. Um dos pedais terminou em uma cacho-
JORNAL 360 comprometido com a natureza.
7 • empresas
_agronegócio
Por que a natureza faz bem aos negócios e para o bolso A mecânica desse processo é bastante simples: internamente, os principais bancos brasileiros, como Itaú-Unibanco, Banco do Brasil e Bradesco, já operam com linhas de crédito mais vantajosas para quem adota boas práticas ambientais. Do mesmo modo, empresas que desmatam ou poluem o meio ambiente, comprometendo a capacidade de sobrevivência do planeta, já estão encontrando grande dificuldade para conseguir empréstimos para seus empreendimentos. A questão tem apoio da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e do Banco Central do Brasil, que acaba de divulgar sua nova política de sustentabilidade, que intensifica o foco em boas práticas ambientais por parte das empresas e do setor agro, destacando as vantagens financeiras da sustentabilidade. O mesmo acontece quando se trata de investimentos. Grandes fundos internacionais, que são hoje a fonte de rendimento para quem quer investir, estão tirando de apoiar financeiramente empresas que não adotam boas práticas ambientais. Neste contexto, tanto a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), como a Bolsa de Valores (B3) trabalham de modo a ampliar o foco em práticas ambientais de empresas com ações no mercado e a oferta de investimentos que cumpram as premissas ambientais do mercado internacional. Essa realidade, que ganha peso ainda maior quando se trata do país estabelecer bons acordos comerciais com países desenvolvidos, especialmente da Europa, não fica apenas nas esferas de grandes produtores rurais, grandes empresas e de quem tem capital investido. Ela chega até aos pequenos empreendedores e também a toda a gente que consegue juntar algum recurso para poupar e quer, naturalmente, vê-lo rendendo.
imagem: Pixabay.com
Não são apenas os ambientalistas ou os “ecochatos”, como muitos costumam chamar aqueles que lutam pela preservação e respeito ao meio ambiente que colocaram essa questão no topo da lista de prioridades, seja em termos empresariais ou na vida cotidiana. O mercado financeiro também está atento e focado a essa questão. A chamada Bioeconomia, que coloca boas práticas ambientais no topo da lista de prioridades para se avaliar um crédito ou investimento já é uma realidade que atinge em cheio empresários e investidores brasileiros.
360: Por que isso acontece? Alex Agostini: Com os eventos da globalização cultural, social e financeira, iniciado os anos 80, aumentou o contingente de pessoas engajadas nas causas de proteção ao meio ambiente, visto a ampla divulgação nos meios de comunicação (rádio, TV, jornais e, principalmente, a internet). Neste contexto, as instituições financeiras, que são o canal irrigador para o desenvolvimento das empresas por concederem crédito ou compra de títulos privados ou de ações, correm grande risco de ter sua imagem associada às empresas que não cumprem com as boas práticas de sustentabilidade e isso tem forte impacto sobre a percepção dos clientes dessas instituições e, portanto, correm grande risco de perderem clientes, que são a fonte de seus negócios.
Para nos explicar como essa questão afeta a todos, mais uma vez temos a ajuda do especialista em finanças Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, empresa multinacional que avalia os riscos que um país um uma instituição representa para investidores.
360: Quais empresas e produtores, de qual tamanho, devem se preocupar com a exigência dos bancos em relação a boas práticas ambientais para obtenção de crédito? Alex Agostini: É claro que há um grupo de empresas que estão, naturalmente, mais expostas à opinião pública sobre as questões socioambientais. Porém, todas as empresas, de qualquer tamanho, devem se preocupar com essas questões, visto que é um caminho sem volta a fiscalização e regulação quanto aos princípios de sustentabilidade: meio ambiente, o social e a governança; pois, uma empresa nasce pequena, mas tem objetivos de crescer e, um dos caminhos, é utilizar-se de recursos do mercado de capitais.
360: Desde quando o meio ambiente entrou na pauta das instituições financeiras? Alex Agostini:A preocupação sempre existiu, é fato. Mas foi no fim da década de 80 que as instituições começaram a entender que o sistema financeiro é um importante meio para ajudar na mudança de hábitos e focar na responsabilidade socioambiental. Vale lembrar a lendária campanha da ONG PETA, no início dos anos 90, contra o uso de peles de animais nas coleções de moda, ou mesmo as ações de combate ao trabalho escravo na produção de roupas de grife.
360: Quais são essas boas práticas ambientais no meio agro e quais são para empresas em geral? Alex Agostini: São inúmeras as práticas ambientais que as empresas podem adotar para ter mais impacto sobre a questão da sustentabilidade. Por exemplo, a adoção da rastreabilidade dos alimentos que possa garantir que toda a cadeia produtiva não esteja infringindo questões como o uso ilegal de terras desmatadas ou, ainda, o uso de produtos com risco de extinção como: palmito-juçara, melão de montreal, cebola sapporokii, entre outros.
360: Como funciona a exigência de boas práticas ambientais no caso de fundos de investimento ? Alex Agostini: Em geral, os prospectos dos fundos apresentam as bases legais e estratégias será enquadro. Ou seja, deixar claro ao investidor que o fundo segue a regulação da CVM e, dessa forma, o fundo seguirá exatamente o que determina a lei para o ativo que o fundo fará a gestão. Como a CVM está empenhada em ampliar as questões socioambientais na sua regulação, então as instituições utilizarão o cumprimento dessas normas como forma de captar recursos junto aos investidores.
CVM tanto para as operações de captação de recursos, como para a gestão de fundos. Neste sentido, a Austin Rating tem um grupo de trabalho empenhado em compreender como as avaliações de risco vão incorporar as questões, visto que são inúmeros os indicadores que podem ser utilizados e, por ora, ainda não há uma normalização desses indicadores, em nível regional e global, para que possam ser utilizados frequentemente como ocorre, por exemplo, com o uso dos indicadores financeiros como faturamento, endividamento, fluxo de caixa, inadimplência, entre outros.
360: Como a bioeconomia atinge o cidadão comum? Alex Agostini: São diversos impactos. Desde a questão relacionada a origem ilegal de produtos que afeta a qualidade e segurança alimentar do cidadão, até a questão de investimentos em empresas com responsabilidade socioambiental comprovada, que impacta diretamente na qualidade da saúde pública de uma cidade, país ou mesmo um continente, e isso tem efeitos diretos na gestão das contas públicas, visto os gastos com tratamentos de doenças. 360: No caso de pequenos produtores, a questão ambiental também pesa na hora de obter crédito? Alex Agostini: Sim. O pequeno produtor, em geral, está relacionado a uma cooperativa agrícola ao qual entrega sua produção e, em geral, utiliza-se de linhas específicas de
360: Que tipo de investidor deve dar atenção às boas práticas ambientais? Alex Agostini: Em geral, os investidores que têm consciência do impacto das boas práticas socioambientais sobre a condição da vida da população, ainda que o impacto de uma ou outra prática seja no médio e longo prazo. Afinal, uma sociedade saudável tem muito mais potencial de gerar riqueza e alimentar todo o ciclo de investimentos. 360: Para quem quer investir de 100,00 ou mais por mês, como essa questão deve ser observada e quais cuidados devem ser tomados? Alex Agostini: Mesmo sendo um valor relativamente baixo se comparado à média dos investimentos, qualquer centavo investido deve se considerar qual a posição da instituição em relação aos princípios básicos da responsabilidade social. Ou seja, é importante que o investidor, mesmo o pequeno, procure saber ou conhecer melhor a sua instituição de relação financeira, pois somente essa postura fará com que as atuais propostas se tornem realidade e consolidem, ao longo do tempo, todo o processo de conscientização por parte das empresas. 360: Como as agências de classificação de risco, como a Austin Rating, vão incorporar em suas avaliações essa ques-tão de responsabilidade socioambiental? Alex Agostini: Entendemos que todas as agências já estão incorporando em suas metodologias as questões de responsabilidade socioambiental, visto que há a regulação da
foto: acervo pessoal
imagem: Pixabay.com
crédito agrícola que tem juros muito menores que a média de mercado. Então, é necessário que o pequeno produtor seja bem orientado pelas cooperativas para que haja o cumprimento dos princípios básicos de responsabilidade socioambiental, pois, o não cumprimento pode incorrer na potencial perda de linhas de crédito e, consequentemente, elevados prejuízos, visto que a tendência é que as instituições financeiras determinem condições comprovadas para a concessão do crédito.
Alex Agostini é economista-chefe da Austin Rating, agência independente que classifica a capacidade de empresas, governos e países de pagar suas dívidas. Essa classificação serve de referência para as instituições financeiras avali-arem o risco de emprestar dinheiro para empresas e governos. Professor universitário, ele é fonte para jornalistas do setor de economia e finanças. Suas análises também podem ser encontradas em canais on line. www.austin.com.br