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Música sobre Santa Cruz é apresentada em festival

Uma música criada a partir de um antigo hábito em Santa Cruz do Rio Pardo tem ganhado destaque no seleto reduto da MPB paulistana. Originária de uma poesia de Roberto Rensi, “Rosas para Santa Cruz”, musicada pela compositora e cantora Karla Dallmann, foi apresentada ao grande público na segunda edição do FestClubeSP, Festival de Música Popular Brasileira do Sindi Clubes, integrando uma seleção de 36 canções inéditas, dentre 148 inscritas, que se apresentaram no Clube Hebraica, entre os dias 4 a 7 de maio.

Representando o tradicional Clube Pinheiros, da capital paulista, “Rosas para Santa Cruz”, conta a tradição que atravessou gerações na cidade, quando jovens românticos roubavam rosas das praças e jardins particulares para deixar nas janelas das moças que desejavam namorar. “A letra é totalmente baseada na minha juventude. Na cultura da cidade em jogar rosas para as moças de madrugada. Havia muita adrenalina envolvida”, conta Beto, paulistano que sempre passou férias e feriados na cidade, hospedando-se na casa de sua tiaavó, a saudosa e muito conhecida Noêmia Aloe. “Encontrar uma rosa bonita em um quintal de alguma casa, pular muros, cachorros latindo.... e depois invadir o quintal da casa da moça e escolher o lugar certo ela encontrar a rosa, preferencialmente antes do pai... tudo na madrugada da cidade, que estava em silêncio absoluto, só o rio Pardo fazendo barulho..., era uma aventura”, diz o autor do poema, garantindo que a canção é uma homenagem à cidade.

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Sucesso entre especialistas – Não foi apenas entre os organizadores do festival que a canção de Beto Rensi chamou a atenção. Ela também conquistou um dos mais notáveis músicos paulistanos, o premiado Renato Braz, que fez questão de gravá-la para o disco que Beto está prestes a lançar. “O disco nasceu totalmente por acaso. Há mais de cinco anos eu fiz uma letra homenageando meu grande ídolo Paulo Vanzolini, durante um curso de composição ministrado pelo Eduardo Gudin. Então o músico Mau Sant'Anna colocou melodia nessa poesia. E assim nasceu minha primeira música: “Samba pra Vanzolini”, conta Beto. Segundo ele, quem mais o incentivou a escrever foi sua principal parceira no projeto, Karla Dallmann, que defendeu a música no festival. “Karla é minha maior incentivadora”, afirma o letrista que é bastante conhecido no reduto da MPB paulistana, pois a música

Hábito do confinamento – Beto revela que sua verve para escrever ganhou força e tornou-se hábito cotidiano durante a pandemia. “Comecei a escrever como forma de rotina. Todos os dias, sem falhar nenhum, com bastante disciplina”, revela o autor que não tem ideia de quantas poesias já escreveu e as publica regularmente na sua página do Facebook, o que lhe rende elogios de muita gente.

Sucesso sem pretensão – Assim como a participação no festival surgiu quando sua mãe ouviu no rádio sobre o FestClubeSP, que rendeu a Beto a única composição a representar o Pinheiros no evento, o disco que está prestes a ser lançado em plataformas de música é resultado de um desejo sem grandes pretensões. “A ideia era gravar as duas primeiras músicas que fiz em estúdio, apenas para ter um registro para mim, sem ter pensado em lançar ou fazer qualquer tipo de divulgação. No entanto, no processo de gravação, outras músicas e parcerias foram brotando”, conta Beto, destacando que não sabe se há no mercado outro disco totalmente composto por poesias musicadas.

Assim como o disco, a participação de Renato Braz, que gravou “Rosas para Santa Cruz”, aconteceu sem grandes expectativas do autor: “Eu filmei a Karla Dallmann cantando a música no bar Paróquia, na Vila Madalena. Uma gravação de péssima qualidade, que mandei para amigos. Daí me deu a louca e mandei pro Renato Braz, achando que tinha feito uma grande bobagem. Em menos de meia hora ele me ligou. Atendi meio aflito e então ele rasgou elogios para música.”

Onde ouvir – Até que o álbum com 11 composições seja lançado, “Rosas para Santa Cruz” pode ser conhecida no Youtube, em interpretações de Karla Dallmann e de Renato Braz (basta escrever o título na linha de pesquisa da plataforma). Já a letra, o leitor poderá conferir no quadro em destaque. “Ver minha poesia ir tão longe é maravilhoso! Ainda mais em forma de música”, avalia Beto, um santa-cruzense de alma e coração.

www.graficaitauna.com.br

Rosas para Santa Cruz

* Roberto Rensi

Em noite sem lua Santa Cruz é deserta Sob o céu estrelado dorme tranquila Escuto o Rio Pardo minha companhia

Na madrugada a cidade é só minha Procuro jardins roubando rosas Pra cada flor escrevo um poema Retiro espinhos ajeitando pétalas Enlaço bilhetes com minha poesia Pra cada rosa um endereço

Paixões antigas e novas meninas Versos profundos que não assino Deixo uma pista com minha letra Como um carteiro distribuo flores Cubro de rosas casas e amores Desapareço na calada da noite Santa Cruz amanhece em novas cores

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