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Cortesia também entretem e rende audiência _ por *Fernanda Lira

Felipe Bronze é um show! Inteligente, leve, autêntico, competente, corajoso... é de uma simpatia que sempre faz pensar que ele deve ter sido aquele garoto fofo e alegre, disposto a ser amigo de todos que a gente encontra em toda infância, na rua onde moramos, na família ou na escola.

À primeira vista, o reality culinário parece até bobo. Três competidores, um julgamento inicial ali, ao lado, no pequeno cenário do estúdio. Você pode acabar deixando para assistir quando tiver esgotado toda a sua paleta de escolhas e paciência para vasculhar os portais que você assina. Mas pode se entregar de cara. É uma série longa. Você vai poder se entreter com ela por muito tempo. Permite intervalos de acordo com sua disponibilidade, porque são episódios completos. Sempre uma nova competição completa. Com início, meio e fim.

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Ao longo das temporadas, ao deparar-se com essa opção de novo em sua tela, você pode acabar assistindo a tudo como se fosse a primeira vez. E tirar novos bons proveitos.

De onde tiro tanta aprovação ao "Que seja doce"? Do que eu ouço durante o programa. E do que eu vejo. E, ainda do que eu observo. Felipe Bronze é adorável. Um mestre da delicadeza, de conhecimento e de generosa simpatia. Ele sorri sempre. Sem ser bobo ou se preocupar com o público que o assiste. Primeiro ele dedica a sua disposição em ser legal para quem está à sua frente. Olha a todos diretamente, conversa, o que significa que ouve muito, além de falar, dando, como brinde, muitas dicas técnicas e bons palpites. É leve sem ser bobo. Nos faz sorrir. E isso é maravilhoso.

"Que seja doce" é um refresco num cenário midiático povoado, em maioria, por bandidos da pior espécie, o que inclui desde políticos corruptos a jovens mimados que andam pondo em prática a fantasia do extermínio, algo que aprenderam a praticar desde os mais fofos jogos virtuais, a uma lista sem fim de crimes hediondos entre familiares e pessoas com algum vínculo afetivo. O que nos leva a crer que nossa sociedade anda mais mal resolvida e mal comportada do que nunca.

Em "Que seja doce", o público aprende o contrário. Aprende a ser sincero sem ser áspero. Aprende a ser crítico sem ser tóxico. É edificante. É leve, o que significa uma alta dose de espontaneidade entre pessoas que se respeitam, pelo menos em frente às câmeras, têm um senso de humor muito bem desenvolvido e uma empatia com os participantes que resulta, para eles, numa experiência de aprendizado e também de troca. Afinal, é bem comum ouvir-se comentários dos confeiteiros e chefs que julgam e conduz o show acerca de estarem se deparando com algo novo e bom.

A capacidade de troca e de deixar todos à vontade não significa que a avaliação seja superficial. Não é. Com notável e compreensível conhecimento técnico, aprendemos um pouco de culinária e de como podemos expressar questões objetivas e técnicas sem magoar as pessoas. Felipe, Carol e Lucas são mestres nessa capacidade. E o Roberto tem mostrado ao logo das temporadas que pode também ser delicado sem perder sua crítica tão peculiar e muito consistente. Está, inclusive, se expressando melhor.

Com todo esse astral, ouvir os depoimentos dos participantes e vê-los lidando com as provas e tudo que nelas reside, inclusive auxiliares, é outra ótima e saudável forma de se entreter diante da tela da TV, do computador ou do celular.

Muito interessante o trabalho de edição. Ouvimos o apresentador, jurados e participantes (incluindo assistentes) em frases ou breves depoimentos que nos mostram muito. De maneira concisa, objetiva e muito clara. Ou seja, tecnicamente é muito bom. O uso do cartum com uma locução ultra doce é além de lúdico e bastante informativo, bem digerível, não chegando ao possível incômodo do que algo muito doce produz. Ou seja, está na medida.

Em meio a essa diversão que informa, ensina e ainda entretem com um conteúdo que nos preenchem de tão bons sentimentos e boas ideias, “Que seja doce!” merece entrar para a lista de todo mundo. E pode ser também gostoso de se assistir em família!

*Jornalista paulistana que adora o interior

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