FLORAÇÃO DO CAFEEIRO: UM ENIGMA Alemar Braga Rena Fisiologista Vegetal Cafeicultor há 30 anos abrena41@gmail.com
1996 INÍCIO DAS LOUCURAS NA FLORAÇÃO DO CAFEEIRO ARÁBICA
FLORAÇÃO 1999
FLORAÇÃO E FRUTIFICAÇÃO 2004
FLORAÇÃO E FRUTIFICAÇÃO 2006
FLORAÇÃO DE 2010
1. Introdução
Bases morfofisiológicas da floração do café e sua regulação • Grandes hiatos de ignorância.
FORMAÇÃO DA FLOR INICIAÇÃO FLORAL fevereiro até ...? Gema < 300 µm Indução .............................. (produção do estímulo floral) março até ...?
< 1 mm Evocação ............................. Botão (definição floral irreversível)
DIFERENCIAÇÃO DAS PARTES FLORAIS (E4) Botões de 4 - 8 mm
DORMÊNCIA DO BOTÃO FLORAL (quiescência?) COMPLETA CRESCIMENTO E DIFERENCIAÇÃO DAS PARTES FLORAIS ABERTURA DA FLOR OU ANTESE
Fatores que influenciam a floração
Genética Água Temperatura Luz DPV Minerais Etc.
Energia (ATP, Carboidratos) Substâncias de Crescimento
Indução Evocação Diferenciação
Antese
Efeitos na: Folha Gema Raiz
2. Aspectos morfol贸gicos
E0
E2 E1
E2
E3
E3 E4
E4 E5
E5
E6
Permanecem 20% a 30% de gemas seriadas dormentes para futuras ramificações • Não poderia parte delas ser transformada em flor na próxima safra?
3. Fases da floração
(i) iniciação floral
(ii) diferenciação floral
(iii) período de dormência do botão floral
(iv) abertura da flor, florada
E0 E1
E2
E2
FASE DE INICIAÇÃO E0
EVOCAÇÃO COMPLETA E1
FIGURA 4 RAMIFICAÇÃO PLAGIOTRÓPICA PRIMÁRIA
RAMIFICAÇÃO GLOMÉRULO
PLAGIOTRÓPICA SECUNDÁRIA
TODOS OS BOTÕES AINDA EM DIFERENCIAÇÃO DAS PARTES FLORAIS
5. Iniciação floral
Esse é o grande gargalo da pesquisa e onde a ignorância do processo concentra-se • Exames microscópicos e bioquímicos são imprescindíveis • Quantidade de material para estudo
Muitas pesquisas em fenologia têm adotado o E2 como ponto de partida
Em condições não controladas ficam confundidos as fases do processo e os efeitos de • Luz • Temperatura • Água • Déficit de pressão de vapor (DPV) da atmosfera
6. Formação do botão floral
Os primórdios florais recém diferenciados • Crescem continuamente por cerca de dois meses, até atingirem tamanho de 4 a 8mm (E4) • O E4 é o único sensível aos fatores ambientais que levam à abertura da flor
Ocorre, então, uma pausa de semanas ou meses de dormência • Dependendo das condições de seca / chuva / frio mínimos
A conexão do xilema no pedicelo do glomérulo dormente com o caule é precária • O lúmen dos vasos aumenta muito com a retomada do crescimento de E4 O aumento é maior nos botões que que sofreram tensão hídrica.
• Assim, como se dá a nutrição mineral do botão em formação, especialmente dos elementos imóveis no floema, como o cálcio e o boro? Esse aspecto tem gerado grande polêmica!...
7. Imposição e “quebra” da dormência
Normalmente, no campo, a pausa de crescimento do E4 coincide com • Seca e redução do crescimento vegetativo
Mas a importância do déficit de água na paralisação do crescimento de E4 é contraditória • Sob irrigação constante, próxima da CC, a dormência é em geral permanente •Necessário certo déficit hídrico prévio para a florada, após nova irrigação
Contudo, déficits internos de água podem ocorrer mesmo em cafeeiros irrigados • Como nos solos arenosos e no clima quente de algumas regiões marginais • Altas temperaturas parecem ajudar, via DPV alto do ar • Há ainda muitas contradições
O período de dormência parece ser fase bem definida do desenvolvimento do botão • E4 se torna “maduro” para reagir aos estímulos do ambiente
Não há florada até que E4 experimente um período de seca, seguido de água ou frio
Do ponto de vista prático, maior período de dormência faz com que • Botões iniciados em diferentes ocasiões alcancem E4, ao final • E com isso se estabelece a concentração das floradas e maturação dos frutos
Portanto, colheita de alta concentração de cerejas depende da uniformidade da • Iniciação floral • Desenvolvimento do botão floral • Abertura da flor
Acontece que os nós e as gemas seriadas de cada nó são hierarquizados !?
8. Abertura da flor (florada)
A maioria dos estudos da “floração do café” aborda apenas esta fase
Em condições naturais é provocada pelas primeiras chuvas , após seca, mas • Chuva / queda de temperatura / menor DPV estão geralmente associados Só estudo em condições controladas solucionará
9. Vingamento da flor e pegamento do fruto
Acima de 50% só em lavouras excepcionais
Em geral 30 – 40%
O problema das “flores estrelinhas” – mais pesquisas
10. Floração e maturação do fruto
A floração desordenada de agosto a janeiro dos últimos anos deve continuar ocorrendo • Solução somente na genética e na biotecnologia
Por quê não na fisiologia? • Há ordem cronológica e hierárquica entre os ramos plagiotrópicos, nós e gemas seriadas
Sua resposta fisiológica é fortemente influenciada pelo ambiente x genótipo
A não ser nas regiões marginais para a cultura do café, onde há pequena variação térmica, e o período seco do “repouso vegetativo” é absoluto, é possível concentrar a floração
Na região sudeste, em geral, pouco se pode fazer com certeza mínima
Mas ......?
Cafeeiros em Barreiras, BA, sob piv么 central
Nas condições brasileiras • O ideal fisiológico e agronômico seria ter mesmo floração parcelada para evitar Exaustão da planta em carboidratos Decadência fisiológica como * Morte de raízes * Seca-de-ponteiros
Não se deve depositar grandes esperanças no uso de reguladores de crescimento como • Amino-etoxivinilglicina (AVG) • Ethrel - gerador de etileno na planta
Razões • Primeiro, a ignorância é grande • Segundo, os preços são exorbitantes • Terceiro, erros podem ser desastrosos • Quarto, porque não resolvem mesmo!
11. Conclusões
A floração do cafeeiro compreende seqüência complexa de eventos de natureza • Genético-bioquímica • Fisiológica • Morfológica
E é influenciada por diversos fatores como •Luz •Temperatura • Disponibilidade hídrica • Relação carbono/nitrogênio • Carga de frutos • Dentre outros
Mas são eles críticos?
Quando?
Em que grau?
Como influenciam as várias fases?
Qual a função reguladora dos hormônios no processo global?
Todas as evidências até o momento são circunstanciais
Como será, então, possível controlar a floração nas condições de lavoura?
E, por via de conseqüência, a • Frutificação? • Produtividade? • Qualidade?
Este deveria ser o objetivo precípuo da pesquisa na área de fisiologia do cafeeiro!
E a pesquisa só será profícua se realizada em ambiente controlado
Infelizmente, essa meta não tem sido buscada • Primeiramente por falta de instituições e pesquisadores qualificados e interessados no tema • E, depois, porque os estudos são de médio a longo prazos e muito caros
MAS, ESTE É UM DESAFIO PARA PESQUISADORES JOVENS
OBRIGADO