Nada parece mais fecundo ao poeta que tentar entender a capacidade da vida de produzir perguntas. Delas, a matéria é a poesia. Para Nietzsche, somente a experiência artística justifica a existência. Drummond escreveu que quando morre alguém, morre certa maneira de ver. Enfrentar o desafio de entender o que é a poesia é o que parece significativo neste livro.
A voz da poesia de Caio Resende poderia ser figurada pela imagem do jovem que se impõe o desafio de perscrutar a vida. Tal como Wilhelm Meister, tal como os errantes baudelairianos, este é o desafio que a poesia de Caio Resende entende e deixa entrever: desvelar os segredos do mundo. A experiência, por já nascer falida – diria Murilo Mendes, “Mundo, campo de experiência dos demônios” –, encontra um subterfúgio em entender o que é o poema.
Como correlato necessário de toda definição de poesia, nos versos se entreveem a capacidade que a vida tem de produzir segredos. Caio, ora verborrágico, ora conciso, tenta deslindá-los.