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AL CI EN ID NF CO CARACTERIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE ESTABILIDADE DA ESCARPA DA MARGEM DIREITA DO RIO DOURO, ENTRE AS PONTES D. LUÍS E D.ª MARIA PIA

RELATÓRIO 393/2011 – NGEA



AL CI EN CO

NF

ID

DEPARTAMENTO DE GEOTECNIA Núcleo de Geologia de Engenharia e Geotecnia Ambiental

Proc. 0504/001/18348

CARACTERIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE ESTABILIDADE DA ESCARPA DA MARGEM DIREITA DO RIO DOURO, ENTRE AS PONTES D. LUÍS E D.ª MARIA PIA

Trabalho realizado para a Gestão de Obras Públicas da Câmara Municipal do Porto, EEM

Lisboa • Dezembro de 2011

I&D GEOTECNIA

RELATÓRIO 393/2011 – NGEA



CARACTERIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE ESTABILIDADE DA ESCARPA DA MARGEM DIREITA DO RIO DOURO, ENTRE AS PONTES D. LUÍS E D.ª MARIA PIA

STABILITY ASSESSMENT OF THE CLIFF LOCATED IN THE RIGHT MARGIN OF THE RIO DOURO, BETWEEN D. LUÍS AND D.ª MARIA PIA BRIDGES

CARACTÉRISATION DES CONDITIONS DE STABILITÉ DE L’ESCARPEMENT DE LA RIVE DROITE DU RIVIÈRE DOURO, ENTRE LES PONTS D. LUÍS ET D.ª MARIA PIA



ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1 2. ELEMENTOS BIBLIOGRÁFICOS .................................................................................... 2 3. ENQUADRAMENTO DO PROBLEMA ............................................................................. 4 4. SECTORIZAÇÃO DA ESCARPA ..................................................................................... 7 4.1 Generalidades............................................................................................................... 7 4.1.1 Caracterização geológico-geotécnica da escarpa ................................................. 8 4.2 Metodologia .................................................................................................................. 9 4.2.1 Sector 1 ................................................................................................................ 15 4.2.2 Sector 2 ................................................................................................................ 15 4.2.3 Sector 3 ................................................................................................................ 16 4.2.4 Sector 4 ................................................................................................................ 17 4.2.5 Sector 5 ................................................................................................................ 18 5. PROPOSTA .................................................................................................................... 19 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 22 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 23 ANEXO 1 ............................................................................................................................... 27 ANEXO 2 ............................................................................................................................... 31

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I


ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 – Enquadramento geográfico (A) e geológico (B) da área de estudo. ................................................... 7

ÍNDICE DE TABELAS Quadro 1 – Compilação dos trabalhos de prospecção e de instalação de instrumentação realizados na escarpa das Fontaínhas................................................................................................................................ 6 Quadro 2 - Caracterização dos sectores individualizados para a escarpa das Fontaínhas. ............................... 11

II

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CARACTERIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE ESTABILIDADE DA ESCARPA DA MARGEM DIREITA DO RIO DOURO, ENTRE AS PONTES D. LUÍS E D.ª MARIA PIA

1. INTRODUÇÃO A empresa Gestão de Obras Públicas da Câmara Municipal do Porto (GOP, EEM) solicitou ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) a elaboração de um estudo sobre a caracterização das condições de estabilidade da escarpa da margem direita do rio Douro, entre as pontes D. Luís e D.ª Maria Pia, de forma a assessorar o Município do Porto em eventuais processos de tomada de decisão relativos a futuras intervenções no local. No presente relatório apresentam-se os estudos realizados para a persecução do objectivo referido, que compreenderam designadamente, (i) a recolha, análise e interpretação de elementos bibliográficos e cartográficos sobre a escarpa, sobretudo, disponibilizados pela GOP, EEM, (ii) a realização de visitas de inspecção que permitiram proceder

à

caracterização

actualização/compilação/registo

da

situação

da

informação

actual

da

relativa

escarpa, aos

mediante

aspectos

a

geológico-

-geotécnicos dos maciços, aos trabalhos de prospecção e de monitorização efectuados, às intervenções de estabilização executadas na escarpa, à ocupação urbanística e ao coberto vegetal, entre outros, e (iii) a definição de proposta que recomende as intervenções a realizar para as situações de risco reconhecidas na escarpa, bem como os condicionamentos geológico-geotécnicos a ter em conta para diferentes cenários de uso da escarpa.

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2. ELEMENTOS BIBLIOGRÁFICOS Na realização do presente estudo foram consultados os seguintes elementos bibliográficos, documentais e cartográficos, na sua maioria disponibilizados pelo GOP, EEM:

a) Bibliografia 1. Borges, L. e Correia, A. (2003) - Escorregamentos de terra e queda de blocos - o exemplo do passeio das Fontaínhas (Porto). Seminário “Riscos Geológicos”, A.P.G.- Associação Portuguesa de Geólogos, pp. 35-46. 2. Campos e Matos, A., Borges, L. e Correia, A. (2002) - Escarpa das Fontaínhas Porto. Escorregamentos 2001. Registo histórico e estudos geológicos. 8º Congresso Nacional de Geotecnia, pp. 1651-1661. 3. COBA, SA/FCUP (2003) - Carta Geotécnica do Porto. Câmara Municipal do Porto, Volume I, 2ª edição. 4. GEG (2005) - Escarpa marginal do Douro entre as pontes Luiz e Maria Pia. Relatório geológico-geotécnico efectuado para a Câmara Municipal do Porto, 18 p. 5. LNEC (1954) - Estudo da estabilidade do maciço de granito entre a ponte D. Luiz e Campanhã, no Porto. Proc. III-II-439, II Serviço, Secção de estradas e aeródromos. Ministério das obras Públicas, 4 p. 6. Nascimento, Ú., Bravo, J., Andrade, A., Resende, M., Barata, M. (1955) - Comissão de estudo da estabilidade da escarpa dos Guindais, no Porto. Relatório Proc. III-II 439. Ministério das Obras Públicas, 10 p. 7. Neves, Jorge Manuel P. Pacheco (1999) - Geomorfologia e geotecnia da zona das Fontaínhas (Porto): uma contribuição para o seu ordenamento. Dissertação apresentada à Universidade do Minho para a obtenção do grau de Mestre em Ciências do Ambiente (Qualidade Ambiental), Braga, 106 p. 8. Neves, J.P. (2002) - Classificação geomecânica e análise preliminar da estabilidade de taludes rochosos na zona das Fontaínhas. 8º Congresso Nacional de Geotecnia, pp. 255-264. 9. Noronha, F. (2005) - Geologia, tectónica, geomorfologia e sismicidade da cidade do Porto. Workshop sobre a Carta geotécnica do Porto - Geologia, sismicidade e geomorfologia, 8 p. 10. Pereira, P., Veiga, I. e Campos e Matos, A. (2006) - Análise de queda de blocos. Escarpa das Fontaínhas. 10º Congresso Nacional de Geotecnia, pp. 1651-1661, 10 p.

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11. Tecnasol - FGE (2001) - Talude das Fontaínhas. Estudo geológico-geotécnico efectuado para a Construtora do Tâmega, S.A, 12 p. 12. Tecnasol (2004a) - Escarpa marginal do Douro (entre as pontes Luís I e Maria Pia). Prospecção geológico-geotécnica e instrumentação. Relatório efectuado para a Câmara Municipal do Porto, 11 p. 13. Tecnasol (2004b) - Bairro da Capela. Relatório parcial composto por quatro boletins individuais de sondagens e efectuado para a Sofranda, SA. 14. Tecnasol (2008) - Escarpa Marginal do Porto (entre as pontes Luís I e Maria Pia). Estudo

geológico-geotécnico,

instrumentação,

levantamento

topográfico

e

software aplicacional. Relatório O2840/P179/08, 47 p. 15. Tecnasol (2011) - Limpeza e reabilitação da escarpa das Fontaínhas. Empreitada de instrumentação. Relatório O3538/P1211/11, 10 p. 16. Boletins individuais de 8 sondagens realizadas com data de 2002. Documentação fornecida pela GOP.

b) Cartografia 1. Serviços Geológicos de Portugal (1957) - Carta Geológica de Portugal na escala 1:50 000, Folha 9-C (Porto). Direcção Geral de Minas e Serviços Geológicos. 2. Ortofotomapa das margens direita (Porto) e esquerda (Gaia) do Rio Douro entre a Ponte D.ª Maria Pia e Miragaia. Entregue em conjunto com o relatório realizado pela Tecnasol em 2008. 3. Planta urbanística da área de estudo cedida pela GOP em formato digital. 4. Instituto Geográfico do Exército (1999) - Carta Militar de Portugal na escala 1:25 000, Série M888 – Folha 122 - Porto.

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3. ENQUADRAMENTO DO PROBLEMA De acordo com os elementos consultados, estão registadas desde 1879 várias ocorrências de instabilizações na escarpa da margem direita do rio Douro, entre as pontes D. Luís e D.a Maria Pia. Os eventos mais relevantes do historial de instabilizações para esta escarpa são, por ordem cronológica, os seguintes:

1879 - Derrocada nos Guindais;

1947 - Queda de blocos e deslizamentos de terras na zona dos GuindaisFontaínhas;

1954 - Queda de blocos na zona das Fontaínhas;

1959 - Queda de blocos na escadaria dos Guindais (Muralha Fernandina);

1983 - Deslizamento de terras na Escarpa dos Guindais;

1992 - Queda de blocos e deslizamentos de terras na zona Guindais - Corticeira;

1994 - Queda de blocos e deslizamentos de terras na zona Guindais - Corticeira;

1995 - Queda de blocos e deslizamento de terrenos na zona dos Guindais Corticeira;

1996 - Desprendimento de pedras na Av. Gustavo Eiffel;

1997 - Queda de blocos na zona da Muralha Fernandina, junto à ponte D. Luís;

2000 - Deslizamentos de terras nos Guindais - Corticeira;

2001 - Danos observados no pavimento da rua do Passeio das Fontaínhas, movimentos do muro de suporte do referido arruamento, deslizamento de terras e queda de blocos nos Guindais;

2005 - Queda de blocos no Bairro Nicolau, junto à ponte do Infante.

Na sequência da ocorrência de alguns destes eventos com maior expressão foi verificada a necessidade de proceder à adopção de medidas de estabilização em determinados troços da escarpa. Com esse objectivo foi constituída a Comissão de Estudo da Estabilidade da Escarpa dos Guindais, que integrou a Câmara Municipal do Porto, o Laboratório Nacional de Engenharia Civil e a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses. Esta Comissão, em documento redigido em 1955, concluiu que “...a escarpa dos Guindais, entre pontes, tem revelado estabilidade de conjunto que justifica o seu aproveitamento e valorização urbanística. No entanto, a estabilidade da zona superficial da escarpa sujeita às acções climatéricas sofre evolução no tempo que pode conduzir à instabilidade e desprendimento de alguns blocos, pondo assim em risco a segurança das edificações da escarpa e do tráfego na estrada marginal...”. Por recomendação da

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Comissão procederam-se, a partir de 1954, a várias intervenções, visando a estabilização desta escarpa, designadamente ao nível da drenagem e consolidação dos maciços, que incluíram ainda a observação de diversas zonas consideradas de maior sensibilidade. No final da década de 90, foi efectuado um estudo de carácter global [7] que incluiu a cartografia geotécnica dos taludes naturais constituintes da escarpa. Com base na informação recolhida procedeu-se, para diferentes zonas da escarpa, à caracterização do maciço

rochoso

segundo

as

classificações

Bieniawski/Romana

e

à

respectiva

parametrização das suas propriedades. O estudo concluí que globalmente os taludes constituintes da escarpa são parcialmente estáveis – classe III (razoável) da SMR – podendo, no entanto, ocorrer, com carácter local, roturas planares e/ou em cunha, que requerem, em consequência, a adopção de medidas de estabilização sistemáticas. Na última dúzia de anos, a escarpa da margem direita do rio Douro foi objecto de várias campanhas de trabalhos de prospecção geológico-geotécnica e de instalação de instrumentação, que tiveram início em 1999, aquando da reconstrução do Elevador dos Guindais, tendo sido posteriormente realizadas mais cinco campanhas - em 2001 (reconstrução do passeio das Fontaínhas), 2002, 2004 [2] e 2008. As várias campanhas efectuadas incluíram a execução de sondagens de furação (verticais, horizontais e inclinadas), algumas acompanhadas de ensaios de penetração dinâmica in situ (SPT), a medição/registo de níveis de água e a instalação de inclinómetros, extensómetros, piezómetros e células de carga nas ancoragens. No Quadro 1 apresenta-se uma compilação dos trabalhos de prospecção e de instalação de instrumentação efectuados nas campanhas referidas anteriormente, bem como a lista das designações adoptadas no presente relatório para a totalidade dos trabalhos efectuados nas diversas campanhas. A campanha de 2008, incluiu ainda a instalação de mini-prismas e de alvos topográficos, bem como a recolha de amostras de solos, de rocha e de águas com vista à realização de ensaios laboratoriais, nomeadamente, granulometria por peneiração, limites de consistência, resistência à compressão uniaxial e qualidade da água em termos de agressividade ao betão e de parâmetros físico-químicos e bacteriológicos. Os trabalhos mais recentes realizados nesta escarpa datam de Julho e Agosto de 2011 e tiveram como objectivo a limpeza e desmatação da zona intervencionada junto ao Bairro dos Guindais, bem como a avaliação do estado de conservação e de operacionalidade dos instrumentos instalados naquela zona. Apesar do envidamento de esforços na reabilitação da instrumentação, não foi possível recuperar a totalidade dos equipamentos, dado que alguns deles se encontravam danificados ou inacessíveis, designadamente, 1 dos 2 extensómetros, e 22 das 35 células de carga (63 %).

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Quadro 1 – Compilação dos trabalhos de prospecção e de instalação de instrumentação realizados na escarpa das Fontaínhas. Descrição

S1 a S7

Sondagens verticais

?

1999 (?)

SI1 a SI4

Sondagens verticais com inclinómetro

?

1999 (?)

SV1 a SV5, SV'1 e SV4-A

Sondagens verticais efectuadas em obra

?

2001 (?)

[4] (apenas localização e designação)

I1 e I2

Sondagens verticais com inclinómetro

Tecnasol FGE

2001

[11]

SFI 1 e SFI 2

IX1 e IX2

Sondagens verticais com inclinómetro e extensómetro

Tecnasol FGE

2001

[11]

SFIX 1 e SFIX 2

SV1, SV2, SV6, SV8 e SV10

Sondagens verticais

Tecnasol FGE

2001

[11]

SFV 1, SFV 2, SFV 6, SFV 8 e SFV 10

SE1, SE2 e SE3

Sondagens horizontais com extensómetro

Tecnasol FGE

2001

[11]

SFE 1, SFE 2 e SFE 3

SH3, SH4, SH5, SH7 e SH9

Sondagens horizontais

Tecnasol FGE

2001

[11]

SFH 3, SFH 4, SFH 5, SFH 7 e SFH 9

Sondagem 1 e Sondagem 4

Sondagens verticais efectuadas em obra

?

2002 (?)

[16]

SFVO 1 e SFVO 4

Sondagem 2, Sondagem 3, Sondagem 5, Sondagem 6 e Sondagem 7

Sondagens horizontais efectuadas em obra

?

2002 (?)

[16]

SFHO 2, SFHO 3, SFHO 5, SFHO 6 e SFHO 7

Inc1, Inc2, Inc3 e Inc4 (Ou FONTAI I1 a I4)

Sondagens destrutivas com inclinómetro efectuadas em obra

?

2002 (?)

[16]

SFIO 1, SFIO 2, SFIO3 e SFIO 4

SC8

Sondagem vertical efectuada em obra

Tecnasol FGE

2002 (?)

[16]

SFVO 8

SH2, SH3 e SH6

Sondagens horizontais

Tecnasol FGE

2004

[13]

SHBC 2, SHBC 3 e SHBC 6

SV4

Sondagem vertical

Tecnasol FGE

2004

[13]

SVBC 4

SP1 a SP13

Sondagens verticais com instalação de piezómetros

Tecnasol FGE

2004

[12]

SP 1 a SP 13

SI1 a SI14

Sondagens destrutivas com inclinómetro

Tecnasol FGE

2004

[12]

SI 1 a SI 14

Tecnasol FGE

2008

[14]

SIC 1 a SIC 7, SIC 2A, SIC 2B, SIC 2D e SIC 6A

Tecnasol FGE

2008

[14]

SHC 1 a SHC 7

Tecnasol FGE

2008

[14]

SPC 1

SIC1 a SIC7, SIC2A, SIC2B,SIC2D e SIC6A SHC1 a SHC7 (SHC3 não realizada) SPC1

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Sondagens verticais complementares com inclinómetro Sondagens horizontais complementares Sondagem complementar com piezómetro

Empresa

Data

Referência bibliográfica

Designação adoptada no presente relatório

Designação

[4] (apenas localização e designação) [4] (apenas localização e designação)

SGV 1 a SGV 7 SGI 1 a SGI4 SGVO 1 a SGVO 5, SGVO 1' e SGVO 4-A

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4. SECTORIZAÇÃO DA ESCARPA 4.1

Generalidades A área de estudo situa-se na zona urbana da cidade do Porto, na margem direita do

rio Douro, entre as pontes D. Luís e D.a Maria Pia, pertencendo em termos administrativos ao concelho do Porto (Figura 1). Apresenta uma configuração irregular, estendendo-se por 1200 m na direcção E-W e transversalmente por 35 a 95 m (direcção N-S), ocupa uma área de 76.900 m2 e encontra-se limitada a poente pela ponte D. Luís, a nascente pela ponte D.a Maria Pia, a sul pela Avenida Gustavo Eiffel e a norte pela ligação ferroviária entre as estações da Campanhã e de São Bento, pela Alameda das Fontaínhas, pela Rua do Sol, pelo Passeio das Fontaínhas e pela Rua do Miradouro, de leste para oeste, respectivamente. Sobre a escarpa individualizam-se 3 complexos habitacionais materializados pelo Bairro dos Guindais (situado junto à ponte D. Luís), Bairro das Fontaínhas e Bairro Nicolau (ambos localizados junto à ponte do Infante), ocorrendo ruínas dispersas ou em núcleos de dimensão muito variável.

Figura 1 – Enquadramento geográfico (A) e geológico (B) da área de estudo.

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A escarpa das Fontaínhas encontra-se densamente colonizada por vegetação do tipo rasteira e arbustiva. Observa-se igualmente alguma vegetação arbórea esparsa, em geral associada a pequenos jardins/pátios contíguos às habitações e à valorização paisagista da zona ribeirinha do Porto, nas imediações da Avenida Gustavo Eiffel. 4.1.1

Caracterização geológico-geotécnica da escarpa

Do ponto de vista geomorfológico, a escarpa em apreço, designada habitualmente por escarpa das Fontaínhas, desenvolve-se paralelamente ao rio Douro, numa extensão de 1200 m, entre as cotas (8,0) e (72,0), com uma altura média de 50 m e uma inclinação média para sul da ordem de 35-45º. No trecho da escarpa entre as pontes do Infante e Dª Maria Pia, observa-se, ao longo do seu perfil transversal, a presença de 1 ou 2 plataformas, geralmente de pequena dimensão (4-5 m de largura), associadas ao antigo Ramal da Alfândega e a áreas com ocupação residencial. De acordo com a Carta Geológica de Portugal à escala 1: 50 000, Folha 9-C (Porto), a área de estudo situa-se na unidade denominada Granito do Porto (m) (Figura 1B). Tratase de um granito alcalino, autóctone, de grão médio a grosseiro, leucocrata, de duas micas, cuja intrusão é contemporânea da 3ª fase de deformação Hercínica (sintectónica) [3] e se encontra geneticamente relacionada com os migmatitos e os granitos de anatexia para-autóctones. O maciço granítico, no seu conjunto, define um alinhamento NW-SE devido às estruturas hercínicas e encontra-se circunscrito por litologias metamórficas que a norte pertencem ao Complexo Xisto-Grauváquico e a sudoeste ao Complexo Metamórfico da Foz do Douro [3]. O contacto entre as diferentes litologias é materializado por auréolas migmatíticas formadas durante a intensa metamorfização dos xistos, aquando da intrusão granítica há 310-315 Ma (Pinto et al, 1987 in [7]). O maciço granítico encontra-se coberto, localmente, por depósitos superficiais (solos residuais, aterros e depósitos de vertente). Em virtude da morfologia escarpada da área de estudo, os solos residuais são, em regra, pouco desenvolvidos, sendo caracterizados por espessuras máximas de cerca de 4 m. Os aterros, nomeadamente os de enchimento do tardoz dos muros de alvenaria, podem atingir espessuras da ordem dos 20 m. O maciço rochoso apresenta-se, em geral, à superfície medianamente fracturado (F3), sendo cortado pelas seguintes famílias de diaclases principais referidas na bibliografia [3], [7] e confirmadas nos trabalhos de campo efectuados:

8

N50-65ºW; 76-90ºNE;

N38-56ºE; 75-89ºSE;

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N52-80ºW; 21-50ºSW;

N9-10ºE; 43-72ºWNW.

A circulação de água no maciço rochoso é controlada pelo diaclasamento, ocorrendo algumas exsurgências de água, que sazonalmente originam escorrências de água com caudais significativos. Segundo a carta hidrogeológica do Porto à escala 1:10 000, incluída na Carta Geotécnica do Porto [3], a área de estudo enquadra-se na Unidade 2, descrita como "formação superficial permeável a semipermeável fissural (maciço mediamente alterado a são com fracturas abertas) sobrejacentes a formação impermeável (maciço mediamente alterado a são com fracturas fechadas)".

4.2

Metodologia A caracterização da situação actual da escarpa das Fontaínhas foi realizada com

recurso a um conjunto de descritores, definidos e ajustados aos elementos bibliográficos de natureza diversa recolhidos (mapas, estudos, memórias, etc.) e às observações de campo efectuadas mediante a realização de reconhecimentos pormenorizados. A sectorização da escarpa das Fontaínhas foi efectuada tendo como principais critérios para a individualização das áreas de estudo, designadamente a existência de intervenções de estabilização importantes, o tipo e a distribuição do edificado (áreas residenciais e ruínas), a morfologia da encosta e a vegetação (tipo/distribuição). Os descritores adoptados na caracterização dos sectores individualizados na escarpa das Fontaínhas foram os seguintes:

Identificação:  Identificação da ficha;  Identificação do sector;  Mapa de localização e delimitação do sector;  Data das observações de campo.

Caracterização geométrica:  Direcção média da escarpa no sector identificado;  Extensão da escarpa no sector identificado;  Altura média da escarpa no sector identificado;

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 Desenvolvimento longitudinal da escarpa no sector identificado;  Perfil topográfico transversal.

Caracterização Geológica-Geotécnica:  Geologia – litologia, estrutura e descontinuidades;  Dados geotécnicos – perfis interpretativos com informação de sondagens, resultados de ensaios in situ e piezométricos, estado de alteração e de fracturação [14];  Tipos de instabilizações – identificação dos mecanismos de instabilização responsáveis pela evolução actual da escarpa;  Hidrogeologia/Drenagem – classificada em termos da ocorrência de exsurgências de água na face dos taludes e da direcção do escoamento superficial (paralelo e/ou transversal à direcção de desenvolvimento dos taludes);  Vegetação – classificada em função do tipo (rasteira, arbustiva e arbórea) e da sua densidade (elevada, média e fraca);  Situação actual – descrição e caracterização das situações observadas e/ou de situações de instabilidade potencial, reconhecidas nas visitas de inspecção.

Intervenções/Edificado:  Identificação e caracterização sumária das intervenções de estabilização executadas e do tipo/distribuição de edificado (áreas residenciais e ruínas).

As características dos vários sectores estão descritas nas secções seguintes, sintetizadas na planta do Anexo I e compiladas nas fichas de inspecção apresentadas no Anexo II. Além da informação intrínseca aos descritores foram ainda incluídos nas fichas de inspecção imagens fotográficas e elementos gráficos, mapas, perfis, etc., com o objectivo de ilustrar aspectos gerais e/ou particulares que ajudem a caracterizar o sector em causa. No Quadro 2 sintetizam-se os aspectos mais relevantes de cada sector individualizado para a escarpa das Fontaínhas.

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Quadro 2 - Caracterização dos sectores individualizados para a escarpa das Fontaínhas. Topografia/Morfologia

Sector 1

Arriba entre as cotas (13,00) e (57,00), com declive médio de 35º;

(Bairro dos Guindais)

Sector 2 (Zona intervencionada em 2002)

Sector 3 (Ruinas do Bairro da Capela e encosta a oeste da ponte do Infante)

Arriba entre as cotas (11,00) e (72,00); na parte W do sector: perfil transversal materializado pelas banquetas da solução de contenção, com inclinação média de 38º; na parte E do sector: perfil transversal sem banquetas, com declive médio de 53º;

Arriba entre as cotas (12,50) e (63,00); perfil transversal com plataformas às cotas (42,00), (50,00), (59,00) e (63,00), com declive médio de 39º; taludes subverticais junto à Av. Gustavo Eiffel;

Sector 4

Zona ligeiramente inclinada (26º) entre as cotas (29,00) e (71,00);

(Bairro das Fontainhas)

Trabalhos de Prospecção e Ensaios

Instrumentação

Características Geológico-Geotécnicas

Hidrogeologia/Drenagem

Vegetação

Sondagens (2001/02 séries SGV(2); SGVO(4); SFV(1); 2008 série SIC(1)+SPT);

Depósitos superficiais (ds) com 3-4 m de espessura; maciço granítico medianamente alterado (W3) até 22 m, Inclinómetros (2004 série SI(2); Arbustiva e arbórea nos passando a pouco alterado (W2) a maiores profundidades; Exsurgências de água no maciço 2008 série SIC(1)); alvos jardins/pátios das fracturação medianamente afastada a próxima (F3-F4) até granítico; topográficos; habitações; 16,5 m e afastada (F2) abaixo dessa profundidade; N SPT 813; % de recuperação: 100%; R.Q.D.: 60-90%;

Sondagens (2001/02 séries SFV(4)+SPT(SFV2 e SFV8); SFVO(3); SFH(4); SFHO(5); SFE(3); SFI(2); SFIX(2); 2004 série SP(1)); ensaios laboratoriais de qualidade da água (agressividade ao betão, físico-químicos e bacteriológicos);

Depósitos superficiais (ds) com 0,5-4 m de espessura; maciço granítico medianamente alterado a decomposto (W3Inclinómetros (2001/02 SFI(8); W5) até 13-19 m e pouco a medianamente alterado (W1/2Exsurgências de água no maciço 2004 série SI(1); 2008 série W3) a maiores profundidades; fracturação medianamente granítico; captação e drenagem SIC(1)); Extensómetros (2001 afastada a muito próxima (F3-F5) até 18-19 m e afastada a de caudais através dos sistemas série SFIX(2) SFE(3)); medianamente afastada (F2-F3) a profundidades de drenagem interna e Piezómetros (2004 série SP(2)); superiores; Zona oeste: NSPT 7-14 (ds) e 9 (granito); superficial; níveis de água Células de carga colocadas maciço W4 - % de recuperação: 60-100%; R.Q.D.: 0-50%; medidos às cotas (52,00) e 35, operacionais em 2011 - 13; maciço W2 - % de recuperação: 100%; R.Q.D.: 60-100%; (32,00); Alvos topográficos; Zona este: NSPT >60 (granito); maciço W4 - % de recuperação: 30-90%; R.Q.D.: 0-25%; maciço W2-W3 - % de recuperação: 100%; R.Q.D.: 30-90%;

Rasteira e arbustiva (desmatações periódicas);

Depósitos superficiais (ds) com 0,5-2,0 m de espessura; Sondagens (2004 séries granito medianamente alterado (W3) até 37 m de Exsurgências de água no maciço SH/VBC(4)+SPT(SVBC4); 2008 série SHC(1); Inclinómetro (2008 série SIC(1)); profundidade, passando a pouco alterado (W2) a maiores granítico (taludes junto à Avenida SIC(1)); profundidades; fracturação medianamente afastada (F3); Gustavo Eiffel); NSPT >60; % de recuperação: 100%; R.Q.D.: 50-80%;

Rasteira e arbustiva intensa; arbórea esparsa;

Sondagens (2004 séries SP(4); 2008 série SPC(1)+SPT; SIC(5)+SPT(SIC2); SHC(1)); ensaios laboratoriais de identificação de solos e de controlo da qualidade da água (agressividade ao betão, físico-químicos e bacteriológicos);

Inclinómetro (2004 série SI(4); 2008 série SIC(5)); Piezómetros (2004 série SP(4); 2008 série SPC(1));

Depósitos superficiais (ds) com 0,7-4 m de espessura; granito medianamente alterado a muito alterado (W3-W4); fracturação medianamente afastada a próxima (F3-F4); Exsurgências de água no maciço Zona oeste: % de recuperação: 100%; R.Q.D.: 50-75%; granítico (talude W da Calçada da Zona central: NSPT 17 (ds) e >30 (granito); % de Corticeira); níveis de água recuperação: até 10-24 m de profundidade <30% e 100% medidos às cotas (47,00), a maiores profundidades; R.Q.D.: 75-100% a (36,00) e (23,00); profundidades superiores a 25 m; Zona este: % de recuperação: 100%; R.Q.D.: 25-75%, 75-90% (sondagem SIC3);

Inclinómetros (2004 série SI(4)); Piezómetros (2004 série SP(3));

Depósitos superficiais (ds) com 0,5-18 m de espessura (enchimento do tardoz dos muros de alvenaria); granito medianamente alterado (W3); fracturação medianamente afastada (F3); NSPT 12-19; % de recuperação: 50-100%; R.Q.D.: 25-60% (SP9 e SP11 até 11m de prof.), 75-100% (SP11 a prof. >11 m e SP13);

-

Zona oeste: arriba entre as cotas (10,00) e (65,00); perfil transversal com duas plataformas correspondentes ao antigo Ramal da Alfândega e ao Bairro Nicolau às cotas (26,00) e (55,00), respectivamente, com inclinação média de 44º; taludes contíguos às plataformas subverticais;

Sector 5 (Zona entre as pontes do Infante e D. Maria Pia)

Zona central: arriba entre as cotas (8,50) e (53,00); perfil transversal com plataforma correspondente ao antigo Ramal da Alfândega à cota (31,00), com inclinação média de 53º; taludes contíguos à plataforma subverticais;

Sondagens (2004 séries SP(3)+SPT(SP8 e SP13); 2008 série SHC(2)); ensaios laboratoriais de controlo da qualidade da água (agressividade ao betão, físicoquímicos e bacteriológicos);

Exsurgências de água no maciço granítico (talude rochoso superior confinante com as habitações do Bairro Nicolau e taludes junto à Avenida Gustavo Eiffel); escoamento de caudais; níveis de água medidos às cotas (23,00) e (18,00);

Rasteira e arbustiva intensa; arbórea esparsa;

Zona leste: arriba entre as cotas (9,00) e (57,00); perfil transversal com plataforma correspondente ao antigo Ramal da Alfândega à cota (35,00), com inclinação média de 41º; taludes contíguos à plataforma subverticais; parte superior da arriba com declive moderado (25º);

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Tipos de Instabilizações

Intervenções de Estabilização

Edificado

Situações de Risco

Proposta

Queda de pedras/blocos;

Intervenções localizadas; muros de alvenaria; paredes pregadas; pregagens; rede metálica; drenos;

Edificado denso e consolidado ao longo dos eixos viários Av. Gustavo Eiffel e Rua do Miradouro;

Perda de funcionalidade e rotura do sistema funicular dos Guindais; danos no edificado; ferimentos e/ou perdas de vida;

Intervenções - Visitas de inspecção e campanhas de leitura periódicas; limpeza e saneamento de pedras/blocos soltos; reforço do sistema de observação; manutenção do sistema de observação; análise dos dados de observação; intervenções de estabilização pontuais (betão projectado, rede metálica, pregagens);

Escorregamento de massas rochosas;

Intervenção global - paredes ancoradas (zona oeste), vigas ancoradas, ancoragens e pregagens (maciço rochoso), betão projectado, rede metálica de alta resistência (zona este), drenos, sistema de drenagem superficial e interna;

Queda de pedras/blocos; escorregamentos de depósitos superficiais;

Queda de pedras/blocos;

Queda de pedras/blocos;

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Inexistente;

Intervenções - Avaliação do estado das obras de contenção; reabilitação do sistema de drenagem e de outras componentes da solução de contenção; reforço do sistema de observação do maciço e das estruturas de contenção; Perda de funcionalidade do sistema de drenagem interna e superficial; desmatação e visitas de inspecção visual e campanhas de leitura periódicas; limpeza e manutenção dos sistemas de rotura local das estruturas de contenção; drenagem superficial e interna; manutenção do sistema de observação; análise dos dados de observação relativos a deslocamentos e à tracção nas ancoragens; reforço da solução de estabilização;

Desmoronamento da habitação no topo do extremo W do sector; perda de funcionalidade da barreira de retenção existente na base da arriba, Barreira de retenção na base da escarpa (extremo no extremo W do sector, junto à Av. Gustavo Eiffel; queda de Construção no topo do extremo oeste); muros de alvenaria (materialização do pedras/blocos da escarpa na Av. Gustavo Eiffel; desmoronamento de W do sector; ruínas dispersas; edificado); construções em ruínas para a Av. Gustavo Eiffel e Calçada da Corticeira; obstrução do trânsito e danos materiais em veículos, na Av. Gustavo Eiffel; ferimentos e/ou perdas de vidas;

Muros de alvenaria (materialização do edificado);

Maciço sobrejacente ao túnel do antigo Ramal da Alfândega - betão projectado, pregagens, rede metálica de alta resistência, geodrenos (obras de estabilização Outono de 2011); rede metálica de protecção (na base junto à ponte do Infante); muros de alvenaria (junto aos acessos da escarpa e para materialização de plataformas ferroviárias e/ou de implantação de construções);

Edificado denso e consolidado; "ilhas" na parte superior do extremo W do sector (Bairros da Tapada e Maria Vitória);

Edificado concentrado em pequenos núcleos (Bairro Nicolau) e disperso; ruínas dispersas;

Intervenções - Demolição da construção existente no topo do extremo W do sector [1]; verificação da funcionalidade da barreira de retenção existente na base da arriba [2], no extremo W do sector, junto à Av. Gustavo Eiffel; estudo de medidas de protecção à Av. Gustavo Eiffel [3] - remoção de blocos em condições de estabilidade precária, rede metálica, pregagens, betão projectado, demolição global/parcial das construções, contenção/reforço de paredes (adopção de estruturas de contenção provisórias, betão projectado), entre outras; estudo de medidas de protecção à Calçada da Corticeira [4] - demolição global/parcial das construções, contenção/reforço de paredes (adopção de estruturas de contenção provisórias, betão projectado), entre outras; delimitação de faixa de protecção à área de implantação da ponte do Infante lado poente [5]; reforço do sistema de observação; manutenção do sistema de observação; execução de campanhas de leitura periódicas; análise dos dados de observação; Definição de Cenários: a) requalificação como área non aedificandi - demolição da totalidade das construções em ruínas; desmatação, remoção dos escombros; saneamento de depósitos superficiais em condições de estabilidade precária; reperfilamento da escarpa e adopção de medidas de estabilização complementares integradas numa solução global de enquadramento paisagístico; trabalhos de prospecção e ensaios complementares; b) reurbanização da área estudo do ponto de vista técnico-económico de um projecto urbanístico que tenha em conta a solução global de estabilização do maciço rochoso para o sector; trabalhos de prospecção e ensaios complementares;

Desmoronamento de habitações/anexos/pátios, em particular, das construções confinantes com os taludes naturais e de escavação; ferimentos e/ou perdas de vidas;

Intervenções - Obras de estabilização pontuais nos taludes rochosos que delimitam este sector; demolição pontual de construções (habitações/anexos/pátios) existentes no perímetro W e SW do sector em condições de estabilidade precária; reforço do sistema de observação; manutenção do sistema de observação; execução de campanhas de leitura periódicas; análise dos dados de observação; . Definição de Cenários: não se antecipam nesta fase dos estudos condicionamentos de natureza geológicogeotécnica importantes para o desenvolvimento de soluções para futuros usos do espaço;

Queda de pedras/blocos do talude rochoso confinante com as habitações do Bairro Nicolau; escoamento descontrolado de caudais no talude até a Av. Gustavo Eiffel (sobretudo importante nos períodos de maior pluviosidade); queda de pedras/blocos na Av. Gustavo Eiffel; desmoronamento de construções/ruínas existentes no Bairro Nicolau, na crista do talude entre a plataforma do antigo Ramal da Alfândega e a Av. Gustavo Eiffel e na zona sobrejacente ao pequeno túnel daquela antiga linha ferroviária (adjacente a que foi intervencionada no Outono de 2011);obstrução do trânsito e danos materiais em veículos, na Av. Gustavo Eiffel; ferimentos e/ou perdas de vida;

Intervenções - Estabilização do talude rochoso superior confinante com as habitações do Bairro Nicolau [6] - remoção de blocos em condições de estabilidade precária, rede metálica, pregagens, betão projectado, geodrenos, entre outras; construção de um sistema de drenagem para as águas superficiais e sub-superficiais escoadas na escarpa; demolição das construções/ruínas existentes no Bairro Nicolau junto à crista do talude sobranceiro à antiga plataforma do Ramal da Alfândega [7], na crista do talude entre a Av. Gustavo Eiffel e a plataforma daquela antiga linha ferroviária [8] e no talude sobranceiro à plataforma do antigo Ramal da Alfândega a leste da passagem superior pedonal da linha ferroviária Campanhã - S. Bento [9]; estabilização dos taludes rochosos e dos muros de alvenaria que materializam o talude entre a Av. Gustavo Eiffel e a plataforma do antigo Ramal da Alfândega [10] - rede metálica, pregagens, betão projectado, reforço dos muros existentes; delimitação de faixa de protecção a área de implantação da ponte do Infante lado nascente [11]; reforço do sistema de observação; manutenção do sistema de observação; execução de campanhas de leitura periódicas; análise dos dados de observação; . Definição de Cenários: a) requalificação como área non aedificandi - demolição da totalidade das construções/ruínas; desmatação, remoção dos escombros; saneamento de depósitos superficiais em condições de estabilidade precária; reperfilamento da escarpa e adopção de medidas de estabilização complementares integradas numa solução global de enquadramento paisagístico; trabalhos de prospecção e ensaios complementares; b) reurbanização da área - estudo do ponto de vista técnico-económico de um projecto urbanístico que tenha em conta a solução global de estabilização do maciço rochoso para o sector; trabalhos de prospecção e ensaios complementares;

13



4.2.1

Sector 1

Este sector localiza-se no extremo poente da escarpa das Fontaínhas, no Bairro dos Guindais, sendo limitado a oeste pelo funicular dos Guindais. A arriba neste sector desenvolve-se entre as cotas (13,00) e (57,00), apresentando uma inclinação média da ordem de 35º. Foram realizadas diversas campanhas de trabalhos de prospecção (sondagens (2001/02 séries SGV(2)1, SGVO(4), SFV(1), 2008 série SIC(1)2+SPT) e de instrumentação (inclinómetros (2004 série SI(2); 2008 série SIC(1)) e alvos topográficos). As condições geológico-geotécnicas caracterizam-se pela ocorrência de depósitos superficiais, com 3-4 m de espessura, e por um maciço granítico medianamente alterado (W3) até aos 22 m, passando a pouco alterado (W2) a maiores profundidades, com fracturas medianamente afastadas a próximas (F3-F4), até 16,5 m, e afastadas (F2) abaixo dessa profundidade, com valores de NSPT entre 8-13 pancadas, nos níveis superficiais, e índices de percentagem de recuperação e de RQD de 100% e de 60-90%, respectivamente. Foram reconhecidas exsurgências de água. A vegetação é do tipo arbustivo e arbórea ocorrendo nos jardins/pátios das habitações. Instabilizações do tipo queda de pedras/blocos, compreendendo as intervenções já realizadas para seu controlo, nomeadamente, muros de alvenaria, paredes pregadas, pregagens, rede metálica e drenos. O edificado caracteriza-se por ser denso e se encontrar consolidado ao longo dos eixos viários da Av. Gustavo Eiffel e Rua do Miradouro. Como situações de risco foram identificadas a possibilidade de perda de funcionalidade e rotura do sistema funicular dos Guindais, danos no edificado e ferimentos e/ou perdas de vida. 4.2.2

Sector 2

Corresponde à zona intervencionada em 2002. A arriba neste sector desenvolve-se entre as cotas (11,00) e (72,00). Na parte oeste o perfil transversal da arriba caracteriza-se pela existência de banquetas executadas no âmbito da solução de contenção, com declive médio de 38º. Na parte leste a arriba apresenta um perfil transversal sem banquetas, com declive médio de 53º. Foram realizadas diversas campanhas de trabalhos de prospecção (sondagens (2001/02 séries SFV(4)+SPT(SFV2 e SFV8); SFVO(3); SFH(4); SFHO(5); SFE(3); SFI(2); SFIX(2); 2004 série SP(1)) e ensaios laboratoriais de qualidade da água (agressividade ao betão, físico-químicos e bacteriológicos)) e de instrumentação (inclinómetros (2001/02 SFI(8), 2004 série SI(1), 2008 série SIC(1)), extensómetros (2001

1

Número de sondagens da série efectuadas no sector. Referência da sondagem efectuada no sector na qual foram realizados ensaios SPT em curso de furação. 2

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série SFIX(2), SFE(3)), piezómetros (2004 série SP(2)), células de carga (35 colocadas no total, estando 13 operacionais em 2011) e alvos topográficos). As condições geológico-geotécnicas caracterizam-se pela ocorrência de depósitos superficiais, com 0,5-4 m de espessura, e por um maciço granítico medianamente alterado a decomposto (W3-W5) até 13-19 m e pouco a medianamente alterado (W1/2-W3) a maiores profundidades, com fracturas medianamente afastadas a muito próximas (F3-F5), até 18-19 m, e afastadas a medianamente afastadas (F2-F3) a profundidades superiores. Na zona oeste os depósitos superficiais e o maciço granítico decomposto exibem valores de NSPT entre 7-14 e 9 pancadas, respectivamente, com índices de percentagem de recuperação e de RQD no maciço alterado (W4) e no maciço pouco alterado (W2), entre 60-100% e 0-50%, e de 100% e entre 60-100%, respectivamente. Na zona leste o maciço exibe valores de NSPT >60 pancadas interessando o maciço granítico decomposto, com índices de percentagem de recuperação e de RQD no maciço alterado (W4) e no maciço pouco a medianamente alterado (W2-W3), entre 30-90% e 0-25%, e de 100% e entre 30-90%, respectivamente. Verifica-se a ocorrência de exsurgências de água no maciço granítico, que são captadas e drenadas através do sistema de drenagem interna e superficial associado à solução de contenção. Os níveis de água foram medidos às cotas (52,00) e (32,00). A vegetação é do tipo rasteira e arbustiva, procedendo-se a operações de desmatação periódicas. A instabilização do tipo escorregamento de massas rochosas que determinou a intervenção de estabilização global já realizada incluiu paredes ancoradas (zona oeste), vigas ancoradas, ancoragens e pregagens (maciço rochoso), betão projectado, rede metálica de alta resistência (zona este) e sistemas de drenagem superficial e interna. A zona não tem edificações. As situações de risco identificadas são a perda de funcionalidade do sistema de drenagem interna e superficial e possibilidade de rotura local das estruturas de contenção. 4.2.3

Sector 3

Este sector localiza-se a nascente do sector anterior, correspondendo à área ocupada pelas ruínas do Bairro da Capela e a encosta entre a Calçada da Corticeira e a ponte do Infante. A arriba desenvolve-se entre as cotas (12,50) e (63,00), com declive médio de 39º, apresentando plataformas às cotas (42,00), (50,00), (59,00) e (63,00) e taludes subverticais junto à Av. Gustavo Eiffel. Foram realizadas diversas campanhas de trabalhos de prospecção (sondagens (2004 séries SH/VBC(4)+SPT(SVBC4), 2008 série SHC(1), SIC(1)) e de instrumentação (inclinómetro (2008 série SIC(1))). As condições geológico-geotécnicas caracterizam-se pela ocorrência de depósitos superficiais, com 0,5-2,0 m de espessura, e por um maciço granítico medianamente alterado (W3) até 37 m de profundidade, passando a pouco alterado (W2) a maiores profundidades, com fracturas

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medianamente afastadas (F3) e valores de NSPT >60 pancadas e índices de percentagem de recuperação e de RDQ de 100% e entre 50-80%, respectivamente. Verifica-se a ocorrência de exsurgências de água no maciço granítico, designadamente nos taludes junto à avenida Gustavo Eiffel. A vegetação do tipo rasteira e arbustiva é intensa, enquanto a do tipo arbórea é esparsa. Ocorreram instabilizações do tipo queda de pedras/blocos

e

escorregamentos

de

depósitos

superficiais, compreendendo

as

intervenções, já realizadas para seu controlo, uma barreira de retenção na base da escarpa (extremo oeste do sector) e muros de alvenaria que materializam/delimitam as áreas edificadas. Existe uma construção (em condições de estabilidade precária) no topo do extremo W do sector, bem como de ruínas dispersas. As situações de risco compreendem a possibilidade de desmoronamento da habitação no topo do extremo W do sector, a perda de funcionalidade da barreira de retenção existente na base da arriba, no extremo W do sector, junto à Av. Gustavo Eiffel, a queda de pedras/blocos da escarpa na Av. Gustavo Eiffel, o desmoronamento de construções em ruínas para a Av. Gustavo Eiffel e Calçada da Corticeira, a obstrução do trânsito e danos materiais em veículos, na Av. Gustavo Eiffel e ferimentos e/ou perdas de vidas. 4.2.4

Sector 4

Este sector compreende a área do Bairro das Fontaínhas. A arriba desenvolve-se entre as cotas (29,00) e (71,00), apresentando uma inclinação média da ordem de 26º. Foram realizadas neste sector diversas campanhas de trabalhos de prospecção (sondagens (2004 séries SP(4), 2008 série SPC(1)+SPT, SIC(5)+SPT(SIC2), SHC(1)), ensaios laboratoriais de identificação de solos e de controlo da qualidade da água (agressividade ao betão, físico-químicos e bacteriológicos)) e de instrumentação (inclinómetro (2004 série SI(4); 2008 série SIC(5)) e piezómetros (2004 série SP(4); 2008 série SPC(1))). As condições geológico-geotécnicas caracterizam-se pela ocorrência de depósitos superficiais, com 0,7-4 m de espessura, e por um maciço granítico medianamente alterado a muito alterado (W3-W4), com fracturas medianamente afastadas a próximas (F3-F4), com índices de percentagem de recuperação e de RQD na zona oeste do sector de 100% e entre 50-75%, respectivamente. Na zona central os depósitos superficiais e o maciço granítico decomposto exibem valores de NSPT de 17 e >30 pancadas, respectivamente, com índices de percentagem de recuperação até 10-24 m de profundidade <30% e de 100% a maiores profundidades, e de RQD entre 75-100% a profundidades superiores a 25 m. Na zona leste o maciço exibe índices de percentagem de recuperação e de RQD de 100% e entre 25-75%, (75-90% na sondagem SIC3), respectivamente. Ocorrem exsurgências de água no maciço granítico, designadamente no talude W da Calçada da Corticeira. Níveis de água medidos às cotas (47,00), (36,00) e

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(23,00). Os taludes não apresentam vegetação. Instabilizações do tipo queda de pedras/blocos

poderão

ocorrer.

Foram

detectados

muros

de

alvenaria

que

materializam/delimitam as áreas edificadas. O edificado caracteriza-se por ser denso e consolidado, constituindo "ilhas" na parte superior do extremo W (Bairros da Tapada e Maria Vitória). Como situações de risco foram identificadas o desmoronamento de habitações/anexos/pátios, em particular, das construções confinantes com os taludes naturais e de escavação, e a possibilidade de ocorrência de ferimentos e/ou perdas de vidas. 4.2.5

Sector 5

Este sector situa-se entre as pontes do Infante e D.ª Maria Pia. Na zona oeste a arriba desenvolve-se entre as cotas (10,00) e (65,00), com declive médio de 44º, apresentando plataformas às cotas (26,00) e (55,00) correspondentes à linha ferroviária do antigo Ramal da Alfândega e ao Bairro Nicolau, respectivamente, e taludes subverticais contíguos às plataformas referidas. Na zona central a arriba desenvolve-se entre as cotas (8,50) e (53,00), com inclinação média de 53º, apresentando uma plataforma à cota (31,00) correspondente à linha do antigo Ramal da Alfândega e taludes subverticais contíguos à plataforma mencionada. Na zona leste a arriba desenvolve-se entre as cotas (9,00) e (57,00), com declive médio de 41º. Em termos de perfil transversal a arriba apresenta na sua parte superior declive moderado (25º), uma plataforma à cota (35,00) correspondente à linha do antigo Ramal da Alfândega, e taludes subverticais contíguos à plataforma referida. Foram realizadas diversas campanhas de trabalhos de prospecção (sondagens (2004 séries SP(3)+SPT(SP8 e SP13); 2008 série SHC(2)), ensaios laboratoriais de controlo da qualidade da água (agressividade ao betão, físico-químicos e bacteriológicos)) e de instrumentação (inclinómetro (2004 série SI(4)) e piezómetro (2004 série SP(3))). As condições geológico-geotécnicas caracterizam-se pela ocorrência de depósitos superficiais, com 0,5-18 m de espessura (em que as maiores possanças correspondem provavelmente ao enchimento do tardoz dos muros de alvenaria), e por um maciço granítico medianamente alterado (W3), com fracturas medianamente afastadas (F3), com valores de NSPT entre 12-19 pancadas e índices de percentagem de recuperação e de RQD entre 50-100%, e entre 25-60% (nas sondagens SP9 e SP11 até 11 m de profundidade) e 75-100% (nas sondagens SP11 a profundidades >11 m e SP13). Verifica-se a ocorrência de exsurgências de água no maciço granítico, designadamente no talude rochoso superior confinante com as habitações do Bairro Nicolau e nos taludes junto à avenida Gustavo Eiffel, bem como de escoamentos de caudais em diversos pontos ao longo da escarpa. Os níveis de água foram medidos entre as cotas (23,00) e (18,00). A vegetação do tipo rasteira e arbustiva é intensa, enquanto a do tipo arbórea é esparsa.

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Para o tratamento de instabilizações do tipo queda de pedras/blocos, foram efectuadas o reforço do maciço sobrejacente ao túnel da antiga linha ferroviária do Ramal da Alfândega, no Outono de 2011, mediante betão projectado, pregagens, rede metálica de alta resistência e geodrenos, e a estabilização do maciço na base junto à ponte do Infante, com recurso a rede metálica de protecção, e dos acessos da escarpa, e das plataformas ferroviárias e/ou de implantação de construções através da construção de muros de alvenaria. O edificado caracteriza-se por ocorrer concentrado em pequenos núcleos (Bairro Nicolau), mas também de forma dispersa, encontrando-se parte das construções em ruínas. Como situações de risco identificadas a queda de pedras/blocos do talude rochoso confinante com as habitações do Bairro Nicolau, o escoamento descontrolado de caudais no talude até a Av. Gustavo Eiffel (sobretudo importante nos períodos de maior pluviosidade), a queda de pedras/blocos na Av. Gustavo Eiffel, o desmoronamento de construções/ruínas existentes no Bairro Nicolau, na crista do talude entre a plataforma do antigo Ramal da Alfândega e a Av. Gustavo Eiffel e na zona sobrejacente ao pequeno túnel daquela antiga linha ferroviária (adjacente a que foi intervencionada no Outono de 2011), a obstrução do trânsito e danos materiais em veículos, na Av. Gustavo Eiffel e a possibilidade de ferimentos e/ou perdas de vida.

5. PROPOSTA Com base na análise e interpretação dos elementos disponibilizados e recolhidos nas visitas de campo procedeu-se à elaboração de uma proposta que compreende as intervenções a realizar para as situações de risco reconhecidas na escarpa para cada sector, bem como, para os sectores 3 a 5, os condicionamentos geológico-geotécnicos a ter em conta na definição de cenários com vista à consideração de eventuais diferentes futuros usos da escarpa. Apresentam-se nos parágrafos seguintes as propostas recomendadas para cada sector, que se encontram sintetizadas no Quadro 2 e referenciadas espacialmente na planta do Anexo I. Sector 1 Intervenções - visitas de inspecção e campanhas de leitura periódicas; limpeza e saneamento de pedras/blocos soltos;

reforço do sistema de observação;

manutenção do sistema de observação; análise dos dados de observação;

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intervenções de estabilização pontuais (betão projectado, redes metálicas e pregagens). Sector 2 Intervenções - avaliação do estado das obras de contenção; reabilitação do sistema de drenagem e de outras componentes da solução de contenção; reforço do sistema de observação do maciço e das estruturas de contenção; desmatação e visitas de inspecção visual e campanhas de leitura periódicas; limpeza e manutenção dos sistemas de drenagem superficial e interna; manutenção do sistema de observação; análise dos dados de observação relativos a deslocamentos e à tracção nas ancoragens; reforço da solução de estabilização. Sector 3 Intervenções - demolição da construção existente no topo do extremo W do sector [1]3; verificação da funcionalidade da barreira de retenção existente na base da arriba [2], no extremo W do sector, junto à Av. Gustavo Eiffel; estudo de medidas de protecção à Av. Gustavo Eiffel [3] - remoção de blocos em condições de estabilidade precária, rede metálica, pregagens, betão projectado, demolição global/parcial de construções em ruínas, contenção/reforço de paredes (adopção de estruturas de contenção provisórias e de betão projectado), entre outras; estudo de medidas de protecção à Calçada da Corticeira [4] - demolição global/parcial de construções em ruínas, contenção/reforço de paredes (adopção de estruturas de contenção provisórias e de betão projectado), entre outras; delimitação de faixa de protecção à área de implantação da ponte do Infante lado poente [5]; reforço do sistema de observação; manutenção do sistema de observação; execução de campanhas de leitura periódicas; análise dos dados de observação. Definição de Cenários: a) requalificação como área non aedificandi - demolição da totalidade das construções em ruínas; desmatação, remoção dos escombros; saneamento de depósitos superficiais em condições de estabilidade precária; reperfilamento da escarpa e adopção de medidas de estabilização complementares integradas numa solução global de enquadramento paisagístico; trabalhos de prospecção e ensaios complementares; b) reurbanização da área - estudo do ponto de vista técnico-económico de um projecto urbanístico que tenha em conta a solução

3

Identificação da intervenção para referenciação espacial nas plantas do Anexo 1.

20

LNEC - Proc. Int. 0504/001/18348


global de estabilização do maciço rochoso para o sector; trabalhos de prospecção e ensaios complementares. Sector 4 Intervenções - obras de estabilização pontuais nos taludes rochosos que delimitam este sector; demolição pontual de construções (habitações/anexos/pátios) existentes no perímetro W e SW em condições de estabilidade precária; reforço do sistema de observação; manutenção do sistema de observação; execução de campanhas de leitura periódicas; análise dos dados de observação. Definição de Cenários: não se antecipam nesta fase dos estudos condicionamentos de natureza geológico-geotécnica importantes para o desenvolvimento de soluções para futuros usos do espaço. Sector 5 Intervenções - estabilização do talude rochoso superior confinante com as habitações do Bairro Nicolau [6] - remoção de blocos em condições de estabilidade precária, rede metálica, pregagens, betão projectado e geodrenos, entre outras; construção na escarpa de um sistema de drenagem para as águas superficiais e sub-superficiais; demolição das construções/ruínas existentes no Bairro Nicolau junto à crista do talude sobranceiro à antiga plataforma do Ramal da Alfândega [7], na crista do talude entre a Av. Gustavo Eiffel e a plataforma daquela antiga linha ferroviária [8] e no talude sobranceiro à plataforma do antigo Ramal da Alfândega a leste da passagem superior pedonal da linha ferroviária Campanhã - S. Bento [9]; estabilização dos taludes rochosos e dos muros de alvenaria que materializam o talude entre a Av. Gustavo Eiffel e a plataforma do antigo Ramal da Alfândega [10] rede metálica, pregagens, betão projectado e reforço dos muros existentes; delimitação de faixa de protecção a área de implantação da ponte do Infante lado nascente [11]; reforço do sistema de observação; manutenção do sistema de observação; execução de campanhas de leitura periódicas; análise dos dados de observação. Definição de Cenários: a) requalificação como área non aedificandi - demolição da totalidade

das

construções/ruínas;

desmatação,

remoção

dos

escombros;

saneamento de depósitos superficiais em condições de estabilidade precária; reperfilamento da escarpa e adopção de medidas de estabilização complementares integradas numa solução global de enquadramento paisagístico; trabalhos de prospecção e ensaios complementares; b) reurbanização da área - estudo do ponto LNEC - Proc. Int. 0504/001/18348

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de vista técnico-económico de um projecto urbanístico que tenha em conta a solução global de estabilização do maciço rochoso para o sector; trabalhos de prospecção e ensaios complementares.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS A escarpa das Fontaínhas foi dividida em 5 sectores com base num conjunto de critérios, designadamente existência de intervenções de estabilização importantes, o tipo e a distribuição do edificado (áreas residenciais e ruínas), a morfologia da encosta e a vegetação (tipo/distribuição), que resultaram da análise da informação disponibilizada e dos elementos recolhidos durante as visitas de campo realizadas. Para cada sector procedeu-se à caracterização da situação actual e das situações de risco com base num conjunto de descritores organizados segundo aspectos de identificação, geométricos, geológico-geotécnicos e intervenções/edificado. Face às situações de risco identificadas em cada sector foi efectuada uma proposta com medidas de minimização a adoptar. As intervenções recomendadas foram identificadas espacialmente. No entanto, visando a sua adequada implementação, carecem de desenvolvimento e de pormenorização a efectuar em estudos/projectos específicos. Considera-se que a informação geológico-geotécnica disponível actualizada com a realização de reconhecimentos de campo e os dados da instrumentação entretanto obtidos é suficiente para a implementação das medidas recomendadas, não se antecipando, nesta fase dos estudos, a necessidade de proceder para esse efeito a trabalhos de prospecção e ensaios complementares. Os sectores 1 e 2 localizados na parte poente da escarpa interessam uma área urbana com valor patrimonial e histórico, e uma zona objecto de uma intervenção de estabilização de grande dimensão, respectivamente. Assim, com base nas razões referidas, na proposta para estes sectores recomendou-se apenas a implementação das medidas que visam a assegurar a estabilidade das áreas da escarpa respectivas. Nos restantes sectores - sectores 3 a 5 - a abordagem efectuada foi diferente da adoptada para os sectores 1 e 2, recomendando-se as medidas que visam a minimização das situações de risco identificadas, de implementação prioritária, bem como a identificação dos condicionamentos geológico-geotécnicos a ter em conta na definição de cenários com vista à consideração de eventuais diferentes futuros usos da escarpa.

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LNEC - Proc. Int. 0504/001/18348


7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] - Borges, L. e Correia, A. (2003) - Escorregamentos de terra e queda de blocos - o exemplo do passeio das Fontaínhas (Porto). Seminário “Riscos Geológicos”, A.P.G.-Associação Portuguesa de Geólogos, pp. 35-46. [2] - Campos e Matos, A., Borges, L. e Correia, A. (2002) - Escarpa das Fontaínhas Porto. Escorregamentos 2001. Registo histórico e estudos geológicos. 8º Congresso Nacional de Geotecnia, pp. 1651-1661. [3] - COBA, SA/FCUP (2003) - Carta Geotécnica do Porto. Câmara Municipal do Porto, Volume I, 2ª edição. [4] - GEG (2005) - Escarpa marginal do Douro entre as pontes Luiz e Maria Pia. Relatório geológico-geotécnico efectuado para a Câmara Municipal do Porto, 18 p. [5] - LNEC (1954) - Estudo da estabilidade do maciço de granito entre a ponte D. Luiz e Campanhã, no Porto. Proc. III-II-439, II Serviço, Secção de estradas e aeródromos. Ministério das obras Públicas, 4 p. [6] - Nascimento, Ú., Bravo, J., Andrade, A., Resende, M., Barata, M. (1955) - Comissão de estudo da estabilidade da escarpa dos Guindais, no Porto. Relatório Proc. III-II 439. Ministério das Obras Públicas, 10 p. [7] - Neves, Jorge Manuel P. Pacheco (1999) - Geomorfologia e geotecnia da zona das Fontaínhas (Porto): uma contribuição para o seu ordenamento. Dissertação apresentada à Universidade do Minho para a obtenção do grau de Mestre em Ciências do Ambiente (Qualidade Ambiental), Braga, 106 p. [8] - Neves, J.P. (2002) - Classificação geomecânica e análise preliminar da estabilidade de taludes rochosos na zona das Fontaínhas. 8º Congresso Nacional de Geotecnia, pp. 255-264. [9] - Noronha, F. (2005) - Geologia, tectónica, geomorfologia e sismicidade da cidade do Porto. Workshop sobre a Carta geotécnica do Porto - Geologia, sismicidade e geomorfologia, 8 p. [10] - Pereira, P., Veiga, I. e Campos e Matos, A. (2006) - Análise de queda de blocos. Escarpa das Fontaínhas. 10º Congresso Nacional de Geotecnia, pp. 16511661, 10 p. [11] - Tecnasol - FGE (2001) - Talude das Fontaínhas. Estudo geológico-geotécnico efectuado para a Construtora do Tâmega, S.A, 12 p. [12] - Tecnasol (2004a) - Escarpa marginal do Douro (entre as pontes Luís I e Maria Pia). Prospecção geológico-geotécnica e instrumentação. Relatório efectuado para a Câmara Municipal do Porto, 11 p.

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23


[13] - Tecnasol (2004b) - Bairro da Capela. Relatório parcial composto por quatro boletins individuais de sondagens e efectuado para a Sofranda, SA. [14] - Tecnasol (2008) - Escarpa Marginal do Porto (entre as pontes Luís I e Maria Pia). Estudo geológico-geotécnico, instrumentação, levantamento topográfico e software aplicacional. Relatório O2840/P179/08, 47 p. [15] - Tecnasol (2011) - Limpeza e reabilitação da escarpa das Fontaínhas. Empreitada de instrumentação. Relatório O3538/P1211/11, 10 p. [16] - Boletins individuais de 8 sondagens realizadas com data de 2002. Documentação fornecida pela GOP.

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ANEXO 1 Desenho 1

LNEC - Proc. Int. 0504/001/18348

27



-39800.000000

-39600.000000

-39400.000000

Queda de pedras/blocos

Escorregamentos de depósitos superficiais

Intervenção global (paredes ancoradas, vigas ancoradas, betão projectado, ancoragens, pregagens (maciço rochoso), rede metálica de alta resistência, drenos, sistema de drenagem superficial e interna)

-39200.000000

Muros de alvenaria

Queda de pedras/blocos

Rede metálica de protecção

Barreira de retenção

Escorregamento de massas rochosas

Muros de alvenaria

Queda de pedras/blocos

25

50

Queda de pedras/blocos na Av. Gustavo Eiffel

Zonas preferenciais de escoamento superficial

Desmoronamento de construções/ruínas

Ponte do Infante

Desmoronamento de construções em ruínas na Calçada da Corticeira; ferimentos e/ou perdas de vida

Obstrução do trânsito; danos materiais em veículos; ferimentos e/ou perdas de vida

100

150

Desmoronamento de construções/ruínas

Legenda

Obstrução do trânsito; danos materiais em veículos; ferimentos e/ou perdas de vida

Limite de sectores

Tipos de instabilizações

200

Aplicável globalmente ao sector

Intervenções de estabilização

metros

Aplicável localmente (referenciação espacial pontual)

Situações de Risco

Datum 73 Hayford Gauss IPCC Projecção: Transverse Mercator

163630.000000

Desmoronamento de habitação

Ferimentos e/ou perdas de vida

Perda de funcionalidade da barreira de retenção

Perda de funcionalidade e rotura do sistema funicular dos Guindais; ferimentos e/ou perdas de vida

0

Queda de pedras/blocos na Av. Gustavo Eiffel

Desmoronamento de habitações/anexos/pátios; ferimentos e/ou perdas de vida

Desmoronamento de construções em ruínas na Av. Gustavo Eiffel

Danos no edificado; ferimentos e/ou perdas de vida

163700.000000

Queda de pedras/blocos

163560.000000

Perda de funcionalidade do sistema de drenagem interna e superficial; rotura local das estruturas de contenção;

Ponte D.ª Maria Pia

Caracterização da situação actual e das situações de risco

- Reforço do sistema de observação; - Manutenção do sistema de observação; - Campanhas de leitura; - Análise dos dados de observação.

A A A

A AA

A A A A

A A A

A

A

AA A A A A A A A A AA A A A AA A A A A A AA A A A A A A A A A

A

A

A

A A

A A A

- Visitas de inspecção e campanhas de leitura periódicas; - Limpeza e saneamento de pedras/blocos soltos; - Reforço e manutenção do sistema de observação; - Análise dos dados de observação; - Intervenções de estabilização pontuais; (betão projectado, rede metálica, pregagens).

Ponte D. Luís

0

25

50

100

150

- Avaliação do estado das obras de contenção; - Reabilitação dos sistemas de drenagem e de outras componentes da solução de contenção; - Reforço e manutenção do sistema de observação; - Desmatação, visitas de inspecção visual e campanhas de leitura periódicas; - Limpeza e manutenção dos sistemas de drenagem superficial e interna; - Análise dos dados de observação; - Reforço da solução de estabilização.

200 metros

Estabilização do talude rochoso [6] (remoção de blocos, rede metálica, pregagens, betão projectado, geodrenos)

AA

A A

A

A A A

A A

A AA

A AA A

Construção de sistema de drenagem para águas superficiais e subsuperficiais

Demolição de construção [1]

A AA

-38800.000000

A

Verificação da funcionalidade da barreira de retenção [2]

A

A

A A

-39000.000000

163840.000000

A

A

-39200.000000

A

A

A

A

Estudo de medidas de protecção à Calçada da Corticeira [4] (demolição global/parcial de construções em ruínas, contenção/reforço de paredes) Estudo de medidas de protecção à Av. Gustavo Eiffel [3] (remoção de blocos, rede metálica, pregagens, betão projectado, demolição global/parcial de construções em ruínas, contenção/reforço de paredes)

A

Demolição de construções/ruínas [7]

A

Demolição de construções/ruínas [9]

Delimitação de faixas de protecção [5] e [11] Ponte do Infante

A

Estabilização dos taludes rochosos e dos muros de alvenaria [10] (rede metálica, pregagens, betão projectado, reforço dos muros existentes)

A A

Legenda - Obras de estabilização pontuais nos taludes rochosos que delimitam o sector; - Demolição pontual de construções (habitações/anexos/pátios).

A A

Sondagens de prospecção e instrumentação Áreas de intervenção Definição de cenários

a) Requalificação como área non aedificandi b) Reurbanização da área

Datum 73 Hayford Gauss IPCC Projecção: Transverse Mercator

Limite de sectores

163700.000000

A

-39400.000000

163630.000000

A

-39600.000000

163770.000000

-39800.000000

A

Demolição de construções/ruínas [8]

A

Aplicável globalmente ao sector Aplicável localmente (referenciação espacial de área)

Ponte D.ª Maria Pia

163560.000000

-40000.000000

±

Muros de alvenaria

Desmoronamento de construções

Queda de pedras/blocos na Av. Gustavo Eiffel

±

163770.000000

Queda de pedras/blocos

Intervenções localizadas (muros de alvenaria, paredes pregadas, pregagens, rede metálica e drenos)

Ponte D. Luís

-38800.000000

Intervenção no maciço rochoso (Outono de 2011) sobrejacente ao túnel da antigo Ramal da Alfândega (betão projectado, pregagens, rede metálica de alta resistência e geodrenos)

Muros de alvenaria

Queda de pedras/blocos

-39000.000000

163840.000000

-40000.000000

Proposta de intervenção e definição de cenários

Desenho 1

Caracterização da situação actual e das situações de risco Proposta de intervenção e definição de cenários LNEC - Proc. Int. 0504/001/18348



ANEXO 2 Fichas de inspecção

LNEC - Proc. Int. 0504/001/18348

31



Ficha n.º 1

Data da visita: Novembro 2011

1 Perspectivas gerais

Caracterização geométrica Direcção média da escarpa:

N70ºE - S70ºW

Extensão da escarpa:

200 metros (Av. Gustavo Eiffel) a 150 metros (Rua Miradouro)

Altura média da escarpa:

45 metros

Desenvolvimento da escarpa:

Desenvolvimento longitudinal rectilíneo e regular (edificado)

Perfil 1: Perfil entre as cotas (13,00) e (57,00), com declive médio de 35º. Edificado denso ao longo dos eixos viários da Avenida Gustavo Eiffel e Rua do Miradouro.

LNEC - Proc. Int. 0504/001/18348

33


Caracterização geológica-geotécnica Maciço granítico de grão médio a grosseiro (Granito do Porto), medianamente alterado a pouco alterado e medianamente fracturado (1 e 2); descontinuidades medianamente contínuas (3-6 metros) onduladas e planares (rugosas), fechadas ou abertas com preenchimento argiloso e terra vegetal (1, 2 e 3).

3

50 centímetros

3

10 centímetros

2

1 Dados geotécnicos Sem perfis interpretativos. Tipos de instabilizações Queda de pedras/blocos. Hidrogeologia/Drenagem Piezometria: sem instrumentação. Exsurgências de água: na face do maciço granítico (4).

Escoamento superficial: captação e drenagem de caudais através dos geodrenos das estruturas de contenção (5); escoamento superficial ao longo dos eixos viários.

1 metro

Tipo de vegetação Rasteira x

4 Arbustiva

50 centímetros

x

5 Arbórea

x

Densidade - elevada: xxx; média: xx; fraca: x

Situação actual Fissuração e escorrências na estrutura de contenção (6) e possibilidade de queda de pedras/blocos junto ao Funicular dos Guindais.

6

34

LNEC - Proc. Int. 0504/001/18348


Intervenções/Edificado Intervenções localizadas, designadamente muros de alvenaria (10); pregagens (3, 9); paredes pregadas (7 e 8); rede metálica nos muros de alvenaria (Fotografia 8, no topo).

9 8 10

7 5

9

8

7

10

Edificado denso e consolidado ao longo dos eixos viários Rua do Miradouro, Escadas dos Guindais e Avenida Augusto Eiffel (11 e 12); existência de habitações abandonadas (13).

11

LNEC - Proc. Int. 0504/001/18348

12

13

35



Ficha n.º 2

Data da visita: Setembro e Novembro 2011

1

Perspectiva geral

Caracterização geométrica Direcção média da escarpa:

N75ºE - S75ºW (1)

Extensão da escarpa:

105 metros de máximo (base escarpa) e 75 metros de mínimo (topo escarpa)

Altura média da escarpa:

60 metros

Desenvolvimento da escarpa:

Desenvolvimento longitudinal rectilíneo

Perfil 2: Topografia do local condicionada pela implementação da solução de estabilização (banquetas); declive médio de 38º.

Perfil 3: Perfil transversal sem banquetas, com declive médio de 53º.

LNEC - Proc. Int. 0504/001/18348

37


Caracterização geológica-geotécnica Maciço granítico de grão médio a grosseiro (Granito do Porto), medianamente alterado e fracturado (2) ; descontinuidades medianamente contínuas, onduladas e rugosas (maioria) a planares macias/rugosas, aberturas milimétricas a decimétricas e sem preenchimento, por vezes com indícios de percolação (4); individualização de cunhas (3).

3

2

3

4

10 centímetros

4 Dados geotécnicos Perfil interpretativo 1 (P1)

Tipos de instabilizações Escorregamentos de massas rochosas. Hidrogeologia/Drenagem Piezometria: níveis de água medidos às cotas (52,00) e (32,00). Exsurgências de água: no maciço granítico (5). Escoamento superficial: captação e drenagem de caudais através dos sistemas de drenagem interna (6) e superficial (7).

10 centímetros

Tipo de vegetação Rasteira xxx

Arbustiva

7

6

5 xx

Arbórea

x

Densidade - elevada: xxx; média: xx; fraca: x

38

LNEC - Proc. Int. 0504/001/18348


Situação actual Deteorizações localizadas do betão da estrutura de contenção (8 e 9); escoamento superficial obstruído (10).

9

8

10

Intervenções/Edificado

Zona oeste: Paredes e vigas ancoradas (11, 12 e 14). Sistema de drenagem superficial e interna (6, 7 e12). Betão projectado (12 e 13). Sem edificado.

11

12

14

13

Zona este: Vigas ancoradas (15 e 16). Ancoragens e pregagens (maciço rochoso) (16). Betão projectado, rede metálica de alta resistência (15 e 17). Furos de drenagem. Sem edificado.

16

17

15

LNEC - Proc. Int. 0504/001/18348

39



Ficha n.º 3

Data da visita: Setembro e Novembro 2011

± Perspectivas gerais

Caracterização geométrica Direcção média da escarpa:

N80ºE - S80ºW ; N85ºE - S85ºE

Extensão da escarpa:

350 metros (Av. Gustavo Eiffel) a 100 metros (Viaduto Duque Loulé)

Altura média da escarpa:

56 metros

Desenvolvimento da escarpa:

Desenvolvimento longitudinal relativamente rectilíneo e irregular

Perfil 4: Perfil entre as cotas (12,00) e (63,00), com declive médio de 39º; existência de muros de alvenaria que materializam plataformas onde se identificam ruínas e acumulações de depósitos superficiais (aterros de escombros e solos).

LNEC - Proc. Int. 0504/001/18348

41


Caracterização geológica-geotécnica Aterros (escombros) com espessuras métricas na parte superior da arriba (1); maciço granítico de grão médio a grosseiro (Granito do Porto), pouco alterado e pouco a medianamente fracturado; descontinuidades pouco a medianamente contínuas (2, 3 e 4), planares macias a rugosas, fechadas (maioria) a abertas sem preenchimento (2 e 3), pontualmente com diaclases húmidas ao tacto (na base da zona oeste, junto à Avenida Gustavo Eiffel (4)).

50 centímetros

1

2 50 centímetros

3

4

Taludes de escavação (5 e 6) subverticais, visando a inserção de construções e da Avenida Gustavo Eiffel (6).

5

5

6

6

42

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Dados geotécnicos Perfil interpretativo 2 (P2)

Tipos de instabilizações Queda de pedras/blocos (7, 8 e 9) e escorregamentos de depósitos superficiais.

50 centímetros

7

8

Hidrogeologia/Drenagem Piezometria: sem dados.

20 centímetros

9

Exsurgências de água: na face do maciço granítico, na zona leste, junto à Avenida Gustavo Eiffel (4). Escoamento superficial: escorrências localizadas e descontínuas.

Tipo de vegetação Rasteira xxx

Arbustiva

xxx

Arbórea

x

Densidade - elevada: xxx; média: xx; fraca: x

Situação actual Habitações no topo do extremo oeste do sector em condições de estabilidade precária (10 e 11); perda de funcionalidade da barreira de retenção existente na base do extremo oeste da arriba (13); possibilidade de queda de pedras/blocos, por vezes em consola, para a Avenida Gustavo Eiffel (7); construções em ruínas com possibilidade de desmoronamento para a Avenida Gustavo Eiffel e Calçada da Corticeira (11, 14 e 16).

11

10 LNEC - Proc. Int. 0504/001/18348

43


Intervenções/Edificado Zona oeste: Barreira de retenção na base da escarpa (12); muros de alvenaria (materialização do edificado); construções habitadas no topo do extremo oeste da escarpa (13); ruínas e acumulações de escombros, ao longo de toda a encosta (11 e 14 a 16).

12

13

Zona este: muros de alvenaria (materialização do edificado) e ruínas, dispersos por toda a encosta, cobertos por vegetação densa (11 e 14 a 16).

14

15 16

44

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Ficha n.º 4

Data da visita: Setembro e Novembro 2011

± Perspectivas gerais

Caracterização geométrica Direcção média da escarpa:

W-E

Extensão da escarpa:

130 metros (C. Corticeira) a 250 metros (Passeio e Alameda das Fontaínhas)

Altura média da escarpa:

40 metros (entre Passeio das Fontaínhas e Rua da Corticeira)

Desenvolvimento da escarpa:

Desenvolvimento longitudinal irregular (edificado)

Perfil 5: Perfil entre as cotas (29,00) e (71,00), com declive médio de 26º, materializando uma plataforma pouco inclinada, densamente urbanizada; taludes verticais na base do perfil (naturais ou muros de alvenaria) sobranceiros à Calçada da Corticeira.

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45


Caracterização geológica-geotécnica Maciço granítico de grão médio a grosseiro (Granito do Porto), medianamente alterado e fracturado; descontinuidades pouco contínuas planares e onduladas (1, 2 e 3), macias a rugosas, fechadas (1) a abertas (2 e 3) sem preenchimento ou com terra vegetal (2), pontualmente húmidas e com percolação (1, 2 e 3).

1 metro

1

1 metro

2

10 centímetros

3

Dados geotécnicos Perfil interpretativo 3 (P3)

Tipos de instabilizações Queda de pedras/blocos (Calçada da Corticeira (4)).

4 Hidrogeologia/Drenagem Piezometria: níveis de água medidos às cotas (47,00), (36,00) e (23,00). Exsurgências de água: na face do maciço granítico (1, 2 e 3). Escoamento superficial: sistema de drenagem das vias públicas. Tipo de vegetação: Rasteira x

Arbustiva

Arbórea

Densidade - elevada: xxx; média: xx; fraca: x

46

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Situação actual Possibilidade de desmoronamento de habitações, anexos e pátios, em condições de estabilidade precária, confinantes com os taludes naturais e de escavação existentes no perímetro oeste e sudoeste do sector (5 a 7).

6

5

7

Intervenções/Edificado Muros de alvenaria (materialização do edificado), principalmente ao longo da Calçada da Corticeira (8 a 10).

8

9

10

Edificado denso e consolidado (11 e 12); edificado ("ilhas") na parte superior do extremo oeste do sector (Bairros da Tapada (13) e Maria Vitória).

11

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12

13

47



Ficha n.º 5

Data da visita: Setembro e Novembro 2011

Perspectivas gerais

Caracterização geométrica Direcção média da escarpa:

N85ºW - S85ºE ; N60ºW-S60ºE

Extensão da escarpa:

550 metros

Altura média da escarpa:

45 metros (E) a 55 metros (W)

Desenvolvimento da escarpa:

Desenvolvimento longitudinal irregular a rectilíneo

Perfil 6: Perfil transversal entre as cotas (10,00) e (65,00), com declive médio de 44º e com duas plataformas correspondentes ao antigo Ramal da Alfândega e ao Bairro Nicolau às cotas (26,00) e (55,00) respectivamente; taludes contíguos às plataformas subverticais.

Perfil 7: Perfil transversal entre as cotas (8,50) e (53,00) com declive médio de 53º e com plataforma correspondente ao antigo Ramal da Alfândega à cota (31,00); taludes contíguos à plataforma subverticais.

LNEC - Proc. Int. 0504/001/18348

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Perfil 8: Perfil transversal entre as cotas (9,00) e (57,00) com declive médio de 41º, com plataforma correspondente ao antigo Ramal da Alfândega à cota (35,00), com inclinação média de 42º; taludes contíguos à plataforma subverticais; parte superior da arriba com declive moderado (25º).

Caracterização geológica-geotécnica Maciço granítico de grão médio a grosseiro (Granito do Porto), medianamente alterado a muito alterado e pouco fracturado a fracturado; descontinuidades pouco contínuas a contínuas (1 a 3) planares rugosas e onduladas rugosas (3), fechadas a abertas, por vezes com preenchimento (terra vegetal) (1 e 2), pontualmente com percolação (1 e 3).

1

2

50 centímetros

3

Dados geotécnicos Perfil interpretativo 4 (P4)

50

LNEC - Proc. Int. 0504/001/18348


Perfil interpretativo 5 (P5)

Tipos de instabilizações Queda de pedras/blocos. Hidrogeologia/Drenagem Piezometria: níveis de água medido às cotas (23,00) e (18,00). Exsurgências de água: no maciço granítico (talude rochoso sobranceiro às habitações do Bairro Nicolau (4) e taludes junto à Avenida Gustavo Eiffel (5 e 6)). Escoamento superficial: escorrências descontroladas no talude até à Avenida Gustavo Eiffel (8).

50 centímetros

4

Tipo de vegetação Rasteira xxx

Arbustiva

1 metro

20 centímetros

5 xx

Arbórea

6 x

Densidade - elevada: xxx; média: xx; fraca: x

Situação actual Possibilidade de queda de pedras/blocos do talude rochoso sobranceiro às habitações do Bairro Nicolau (7), de escoamento descontrolado de caudais no talude até a Avenida Gustavo Eiffel (sobretudo importante nos períodos de maior pluviosidade) (8), de queda de pedras/blocos na Avenida Gustavo Eiffel (9), de desmoronamento de construções/ruínas existentes na plataforma do antigo Ramal da Alfândega e na Avenida Gustavo Eiffel (10).

9 7 LNEC - Proc. Int. 0504/001/18348

10

8

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Intervenções/Edificado Maciço sobrejacente ao túnel do antigo Ramal da Alfândega - betão projectado, pregagens, rede metálica de alta resistência, geodrenos (obras de estabilização realizadas no Outono de 2011) (11 e 12). Rede metálica de protecção (na base junto à ponte do Infante) (13). Muros de pedra junto aos acessos a partir da Av. Gustavo Eiffel e para materialização de plataformas ferroviárias e/ou de implantação de construções (18 a 20).

12

11

13

14

15

16

Edificado concentrado em pequenos núcleos (Bairro Nicolau) (17 a 19) e disperso; ruínas dispersas (20).

17

52

18

19

20

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Divisão de Divulgação Científica e Técnica - LNEC


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