BEJA | A cidade portuguesa como maior potencial

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s+ negócios mais. suplemento

BEJA A cidade portuguesa com o maior potencial B OA S P R Á T I C A S Partilha de informação garante sucesso Este suplemento é da responsabilidade editorial do departamento comercial da Cofina Media, é parte integrante do Jornal de Negócios nº 2588, de 19 de Setembro de 2013, e não pode ser vendido separadamente

VEJA MAIS EM NEGOCIOS.PT

Cidades como motor de crescimento de uma região Num mercado cada vez mais global a diferença é agora um factor chave. Especialização ou diversificação o importante é atrair investimento e fomentar a economia.


II | Suplemento | Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 19 de Setembro de 2013 .

Congress of European Emerging Regions

REG I ÕE S E M E RG E N TE S N O CON TE XTO G LOBAL

Editorial

Regiões emergentes num quadro em transição

Apostar na diferenciação

O sucesso competitivo de uma cidade depende da valorização dos seus activos Acapacidade de cooperação, diferenciaçãoeliderançanasredesglobais é umactivo crítico das cidades e regiões face aos desafios dacompetitividade,dodesenvolvimentoe do crescimento. Hojeacompetiçãoéglobaletorna-seimprescindívelqueumacidade ou região consiga ter um factor diferenciador,capazdeatrairinvestimentos, turistas e residentes. Bejae o Baixo Alentejo têmrespondido a esse desafio através de umapersistente estratégiade promoção dos seus activos regionais, nosquaissedistingueminfra-estruturassignificativas,edamaximizaçãodosseusimpactosnodesenvolvimento económico. O sucesso competitivo da região depende da adequada valorização desses activosregionais,entreosquaissedestacao Alquevae o regadio, o Aeroporto e as oportunidades de localização empresarial, a proximidade aoPortodeSines,acapacidadetecnológicaeformativaeaofertaturística.Dadoopotencialdecrescimento daregião, essapolíticalocal tem relevânciaeimpactonacional.Convém não esquecer que estes empreendimentos foram considerados como sendo projectos PIN. Aintegração, cooperação e liderança de redes europeias correspondeàvisãoestratégicasegundoa qual aprojecção global do municípioedaregiãoédeimportânciadecisiva para o desenvolvimento. As Conferências de Beja e a rede CoEER, assim como os projectos internacionais, em que agentes locais se têm envolvido, confirmam essavocaçãoeafirmamacapacidade daregião se diferenciarnacompetição global – em que cada vez maissedecideofuturodascidades

e das regiões – pelaatracção de recursos, investimento, inovação, quadros, ideias e oportunidades. O expectável desenvolvimento, combasenaparticipaçãonessasredes, de um cluster aeronáutico local exemplifica, de formacategórica, o significado dessavisão e aimportância da projecção global dos factoresdediferenciaçãocompetitivadacidade e dasuaregião. O significado das infra-estruturas e das estratégias regionais para a fixação de investimentos, recursoseempregos,paraoqualinsubstituivelmentecontribuemasautoridadeslocais,asempresaseospromotores–públicoseprivados–regionais permitem afirmar Bejae o Baixo Alentejo como uma região emergente no quadro das regiões europeias. No presente momento de transição convergem, temporalmente, alteraçõessignificativasnoquadro competitivo,noqualseafirmamas cidades e as regiões: inicia-se um novo quadro europeu de financiamentoestrutural,clarificam-sedesafiosglobais–emespecialoclimático - afirmam-se novos sectores económicos,intensificam-seasmutações tecnológicas, aprofundam-se as redes globais – de pessoas, empresas,cidades,gruposeregiões. Nestequadroemtransiçãodespontam (novas) oportunidades, decidem-se apostas competitivas e emergem novos paradigmas competitivos. Énestequadroemtransiçãoque as regiões europeias emergentes, nasquaissedistinguemBejaeoBaixoAlentejo,esperamencontrarargumentos que consolidem as suas aspirações de crescimento, desenvolvimento e futuro.

Ser diferente, quer através da especialização ou da diversificação. Essa é a solução para atrair investimentos e proporcionar o desenvolvimento.

Beja | Agricultura, infra-estruturas e turismo s

ALEXANDRA COSTA alexandra.costa@outlook.com

As cidades sempre foram o motor decrescimentodasregiõesondeestão inseridas. Adiferençaé que actualmenteconcorremnummercadoglobale,porisso,ofactordiferenciador assume maior importância. Hoje,nãosetratadeconseguirmais fundosdoqueoutracidadevizinha, massimdeprocurareatrairinvestimentos que, de outraforma, irão paraconcorrentesquepodemestar localizados no outro lado do mundo. Aquestão,vistadestaforma,érelativamenterecente.Edetalforma importante que suscitou arealizaçãodeumcongressointernacional, quedecorreuentre11e13deSetembro,emBeja,umadaspotenciaiscidades emergentes daEuropa. Com as novas regiões surgem tambémnovosnegócios.Ouformas diferentes de abordar um mesmo sector. Veja-se o caso daagricultura. Giuseppe Falco, da Masseria GioSole e antigo presidente daEuropeanCouncilofYoungFarmers,

Um posto de trabalho na cultura suporta directa ou indirectamente quatro empregos no turismo geral PABLO MORALES Câmara de Comércio de Sevilha

apontou a sua empresa como um exemplodeadaptaçãoàsmudanças domercado.LocalizadaemCapua, aantigaAziendaAgricolaRaffaele (só em 1986 assumiu adenominaçãoactual)cedoassumiuainovação comoumfactorchaveparaosucesso comercial. Em 1970 apresentou os kiwis ao mercado italiano e vinteanosdepois iniciouumprocesso de reprodução in vitro e produção emsistemahidroponia(semterra) deplantasornamentais.Seguiram-se as especialidades alimentares, osprodutosartesanais,aprodução de energiafotovoltaicae o negócio doagro-turismo.Areceitadosucesso, para Giuseppe Falco, está na constante análise do mercado e na interligação entre aempresa, acomunidade e as universidades. Destaformatodososintervenientesbeneficiam. A vantagem da especialização

Noutros casos, amelhor aposta passa pelo aproveitamento e aprimoramento do legado histórico da cidade. E pela aposta na especiali-


Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 19 de Setembro de 2013 | Suplemento | III .

AG RI CU LTU RA

O regresso aos campos Irrigação constante trouxe novas culturas ao Alentejo

são três dos factores diferenciadores da região

zação de um determinado sector. Foi o que aconteceu com a cidade Rzeszów,naPolónia.Aregiãoéconhecidapelasuaforte vertente industrial,nomeadamentenaquímicae farmacêuticae aviação. Curiosamente tudo começou em 1936, quando o governo polaco decidiu desenvolver umaregião industrial nazonacentro do país. O objectivo era“simples”: industrializar as regiõespobreseapostarnadefesado paísfaceàsameaçasdaAlemanhae da então União Soviética. Para tal foramcriadosclustersdeindústria militar – aviação, artilharia, munições. Adecisão não foi a tempo de impedir a II Guerra Mundial, mas permitiu juntar todo um conjunto de infra-estruturas, onde se destacam quatro aeroportos (um deles internacional), universidades técnicas (onde existe o único simuladorparaaaviaçãocivil)ecentrosde investigação. Numa região considerada das maispobresdaPolónia,aindústria aeroespacialrevela-seessencialno desenvolvimentoeconómico,social

e humano, sendo o segundo maior sectoracontribuirparaaeconomia local, atrás apenas do comércio, transportes, turismo e comunicações.Maisimportanteéopotencial inerente,nãosóaoníveldoemprego(actualmenteosectordaaviação jáempregamaisde23milpessoas), comodainvestigaçãoemtermosde investimento.Osnúmerosindicam queháumpotencialparavendassuperiores a mil milhões de dólares. Hoje,amaioriadaproduçãojátem comodestinoaexportação,nomeadamente para os Estados Unidos, Venezuela,Indonésia,Itália,Canadá, Espanha, Alemanha e México. Semesquecerqueissosignificauma reestruturação daeconomiadaregião. Investir na cultura, ganhar no turismo

Mas nem todas as regiões têm umsectortãoespecializadocomoo daaviação. É o caso daAndaluzia,. onde, como explicou Pablo Morales, daCâmarade Comércio de Sevilha, a solução passou por uma

selecção criteriosa dos projectos a apoiar.Nãovaleapenaapostarnum programaquenãosobreviverácom otrémitodosfundoscomunitários. Dado o contexto específico da AndaluziafoicriadooCHORD,um programaque aproveitaaherança cultural para desenvolver oportunidadesdedesenvolvimentorural. Implementadoentre2009e2011o CHORDpromoveueventostípicos, de forma a diversificar a oferta turísticaeconquistarnovospúblicos. Paratalprimeiro foramidentificadas as necessidades e constrangimentosculturaisecriadasparcerias de longo prazo. Aapostanaculturaculminouno recuperardealgumastradições,na criação de novas ideias e na diminuição dataxade desemprego, nomeadamente dos jovens. Tão oumais importante é o facto de os resultados terem provado que o investimento na criação de um posto de trabalho na cultura pode, indirectamente, suportar ou criarquatroempregosnosectordo turismo emgeral.

Nosúltimostemposverificou-se um regresso ao sector primário, não só por parte da população maisjovem,mastambémdosinvestidores.Arazão,maisdoquea crise económica, deve-se, no Alentejo, à disponibilidade de água,vindadoAlqueva.Afaltade irrigação anterior condicionava asplantações,fazendocomqueos produtoresoptassemporcereais desequeiroealgunsolivais.Agora são possíveis novas culturas, como as de regadio, e produções intensivas,comoosnovosolivais. ComoreferiuaoJornaldeNegócios Luís d’Argent, da ACOS – AgricultoresdoSul,agrandevantagem é a de “hoje podermos fazertudooquequisermos”.Exemplodissosãoasnovasplantações de frutos vermelhos, como as romãs, e de marmeleiros. Apesardeofenómenoseestar a verificar um pouco por todo o País, o Alentejo tem a vantagem de seraregião commaiornúmerodehorasdeluzsolar,oque,aliadoàáguadisponíveldabarragem, lhe confere uma vantagem para plantações intensivas. Não é por acasoquemuitadaproduçãojáse

destinaàexportação. Também a bovinicultura de carne tem vindo ater resultados positivos.Empartedevidoaofacto de, como explicaJosé Pais, da ACBM-AssociaçãodeCriadores de Bovinos Mertolengos, desde 2008 os produtores não necessitarem de terceiros paraentregar os vitelos no matadouro. O que, aliadoàexportaçãodeanimaisvivos paraEspanhafez comque os preços se tenham mantido em alta.Noentantoaindaháalgumas questões a resolver. Em termos técnicos Portugal aindaestá, segundoJoséPais,muitolongedos parceiroseuropeus,comoaFrança,Itália,Inglaterra,entreoutros. Para José Pais é necessária uma intervençãourgentenasáreasda reprodução,genéticaealimentação animal. Asolução passapela criação de “programas de apoio, ligadosaregrasdeproduçãobem delineadas e objectivas”. Masistodenadavalesenãose conseguircomercializar.Eoproblemaéquefaltao“últimoeloda cadeia,entreosagrupamentosde produtoresdebovinoseoconsumidorfinal”.


IV | Suplemento | Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 19 de Setembro de 2013 .

Congress of European Emerging Regions F I N AN CI AM E N TO

A vantagem da partilha de conhecimento

Nem sempre é fácil para as PME conhecerem os vários mecanismos de financiamento existentes na União Europeia. O DIFASS foi criado com o objectivo de permitir a troca de informações entre parceiros europeus. ALEXANDRA COSTA alexandra.costa@outlook.com

Muitos dos projectos que promovemodesenvolvimentodeumacidade/região assentam em fundos comunitários. Mas nem sempre é fácil,nomeadamenteparaaspequenasemédiasempresas(PME)aobtenção desses fundos. A DIFASS pretende colmataressa“falha”. Através de uma rede de 26 parceiros, espalhados por20 países da UniãoEuropeia,aDIFASSpretendeserummeiodepartilhadeinformações que permitam ajudar as PME aobter os investimentos necessários. O projecto pretende trocar experiências e boas práticas comprovadas. Osresultados,segundoKathryn Havering,projectmanagernaWSX Enterprise, permitem que os parceiros conheçam as várias formas definanciamentoexistentesnasváriasregiões.Aideiaéadequesepromovaapartilhadedadosdeprojectos já implementados e testados. Por exemplo, uma ferramenta de GestãodeMicroFinanças,daHungria, estáaser “transferida” paraa Estónia,Espanha,ItáliaeRepúblicadaEslováquia.Ouoprogramade apoio à internacionalização das PME, desenvolvido pelo parceiro naAndaluzia, que estáaserimplementado,comoumprograma-piloto, naDinamarca, naItália, naRoméniae naSuécia. Paraconseguirconciliaras operações de 26 parceiros são realizadas inúmeros workshops com um programa pré-estabelecido. Tudo começa com a análise do trabalho feitonasessãoanteriorecomaobservação do tema em causa. Seguem-seasapresentações,asquestões e os debates. Só depois é estabelecido uma listagem com os feedbacks e com as boas práticas, que vão avotos. O objectivo é identificar as duas boas práticas de maior sucesso que possam ser implementadas,atravésdeumpro-

Implementação de boas práticas comprovadas assegura sucesso de projectos KATHRYN HAVERING WSX Enterprise

gramapiloto, emoito regiões. Sendo que tudo isto fica devidamente documentado, de formaaservirde baseatrabalhosfuturoseparaconsultaposterior.OsdocumentosestãoacessíveisatravésdositedoDIFASS, assim como os vídeos realizados. Estafoi aformaencontrada para que os parceiros tivessem, sempre,àsuadisposiçãotodootipo de informação e ajuda disponível. Porque essaé aprincipal“queixa”. Simplificar os processos

Programas locais potenciam um maior desenvolvimento das regiões que projectos de dimensão eurpeia PABLO MORALES Câmara de Comércio de Sevilha

Acontinuaçãodarealizaçãodos encontros permite aprender com os erros. No Workshop referente à internacionalização foi detectado que existemcondicionantes ao sucessodequalquerprojecto.Éocaso do excesso de papelada. O DIFASS recomenda que o processo seja o mais simples possível, que dê tempoàsempresasmaiscépticaseque apostenaqualidadedosagentesde negóciosnospaísesemcausa.Jáem relação aos micro-emprésticos as recomendaçõesincidiramemquatro pontos estratégicos: disponibilizar o máximo de formação e suportepossível,simplificaroprocesso, flexibilizar os termos dos pagamentoseutilizarosintermediários financeiros correctos. Independentementedocenário em causa as entidades competentes, quersejam os governos, abancaououtrainstituição,estastêmde ter em conta as vantagens da simplificação dos processos assim como da diminuição da papelada. Sem esquecer a formação. Esta nuncaédemais.Porvezesumaempresapodetertodasasferramentas necessáriasparaodesenvolvimento do seunegócio comexcepção do conhecimentonecessárioparaaobtenção do financiamento. É aqui que entra o DIFASS e os seus parceiros.Todasasreuniõesjárealizadaseprogramadastêmcomoobjectivo que os casos de sucesso sejam transmitidosereaplicadossempre quepossível.AAndaluziaéumcaso

paradigmático. O seu programade internacionalizaçãoestánestemomento a ser implementado na regiãoautónomadeSardenha,naItália;noTallinnScienceParkTehnopol, naEstónia; naregião daMacedónia, na Grécia; na Fundação Teknikdalen, na Suécia; e no Vaeksthus Central, naDinamarca. Pablo Morales, da Câmara de ComérciodeSevilha,explicouqueum dos erros recorrentes é o de investir em projectos que, findo os fundos comunitários, não terão possibilidade de seguir em frente. É por isso altura de repensar as estratégias aseguir. Programas regionais potenciam crescimento

Existem duas vias possíveis aquandodaimplementaçãodefundos comunitários. Aprimeiraconsiste na adaptação do projecto ao queaUniãoEuropeiaeaComissão pretendem, orientando aproposta de financiamento nesse sentido. O que só e possível com um conhecimento aprofundado das políticas europeias. Aoutra via utiliza a abordagem oposta. Assentanacriação de processosdecapitalizaçãoabertospela União Europeia para criar novas ideias, novos cenários. Isso poderá ser realizado através do recurso a inquéritos, grupos de especialistas… Aqui há mais liberdade para inovar. No entanto a possibilidade de obtençãodefundoscomunitáriosé mais limitada. O que aumentaaindamaisaimportânciadaescolhado projecto. Porquenãoimplementar/financiarumprogramaqueapostanolocal/regional? Ao contrário daideia geral as regiões não têm apenas de optarporprojectosinternacionais. Naverdade, paraPablo Morales, a aposta certa passa exactamente pelo oposto. Porque são os programas locais que vão desenvolver as regiões onde estão inseridos.

Alqueva | Hoje a barragem assegura a irri


Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 19 de Setembro de 2013 | Suplemento | V .

AG RI CU LTU RA

Os novos alentejanos

Condições específicas da região estão a atrair investidores nacionais e internacionais

gação a 68 mil hectares de regadio

A evolução do Porto de Sines, a abertura do Aeroporto de Beja e o “aparecimento”daBarragemdoAlquevatransformaramotecidoeconómico alentejano. Estão a surgir novos investimentos, alguns deles oriundosdeoutraspartesdopaís,e do globo. E, de acordo com um estudodaCâmaradeBeja,oconcelho pode ganhar 22 mil habitantes até 2021, tendo em contaaexploração daspotencialidadesdestestrêsempreendimentos. Aagriculturaeoenoturismosão uma das principais apostas desta novageração de investidores. Não sóaoníveldovinhocomaexperienciadenovascastasmastambémem termos de turismo. Hoje jáse procuraaliaronegóciovinícolacomoutros complementares. E novos projectos significam mais postos de trabalho. Que, segundooestudo,poderãoiraté15mil novos empregos até 2021. Por outrolado,edadoa“nova”população, prevê-senãosóumcrescimentopopulacionaldoconcelhocomoinclusive o seurejuvenescimento. Actualmente existem sete empreendimentos,aoredordeBeja,de agro-turismo. Todos eles com características, dimensões e ofertas distintas. O turistapode optarpelo ClubedeCampodacadeiaVilaGalé, aunidadecommaisquartosdisponíveis,pelaHerdadedosGrous,pelo MonteNovoeFigueirinha,pelarecentementeabertaHerdadedoVau entreoutrashipóteses.Muitasdestas unidades são investimentos de quem aprendeu aapreciar o Alentejo. Veja-se o caso de Miguel Sousa Otto. O que começou como um pequeno projecto começou a ganhardimensão e hoje abarcagrandepartedoquotidianodesteexecutivo do Norte. Embora o negócio principal assente no vinho este é complementado pelo do turismo e pelacomercialização de azeite e de ervas aromáticas. Todos os projectos financeiramente sustentáveis são benéficos parao desenvolvimento daregião. Um dos mais emblemáticos, pela suacomplexidade, é o daHerdade

daMalhadinhaNova.Apropriedadefoiadquirida,em1998,pelafamília Soares, estando os terrenos abandonadoshámaisde30anos.O negócio assentamaioritariamente naproduçãovitivinícola.Noentanto é também importante a criação de animais de raças autóctones, a criaçãoetreinodocavalopuraraça lusitana,assimcomoasmaisrecentes apostas: o Hotel Rural – CountryHouse&SpaeoRestauranteda Malhadinha– Wine & Gourmet. A unidade, com 10 quartos, aliado ao serviço do restaurante e as operaçõesquotidianasdaHerdadefazem com que haja uma equipa permanente de mais de 30 pessoas. Osectordoturismoestáemcrescendo, estando a Câmara MunicipaldeBejaaanalisarnovosprojectos. Sendo por isso expectável o crescimento do número de camas. Mas Bejanão estásó aatrair investimento nacional. Omesmoacontececomointernacional.Eumdosmaisimportantes, não só velo valor mas também pelanotoriedadequetrazàregiãoé o promovido pela McFarland Smith, empresa que faz parte do grupo Johnson MatheyPLC, líder mundialnaproduçãodealcalóides opiáceos e outras drogas controladas. Acompanhiaestavaàprocura deterrenosparaaplantaçãodepapoila e a solução foi o Alentejo. O primeirocontactodeu-seháquatro anos.Descobriramumaregiãocom maishorasdesol,umterrenofértil e com boa irrigação, onde havia apoio técnico, boas acessibilidades e“umaportaabertaparaaexportação”. Com o potencial do terreno demonstrado há que passar à fase daimplementação. O projecto está distribuído por duasfases,comaprimeiraaterminarnopróximoanoearepresentar uminvestimento de cinco milhões deeuroseacriaçãodecincopostos de trabalho. Com a plantação do campodepapoilaserespectivoprocessamentoeextracçãooprograma contacontractar(até2018)mais30 pessoas, num investimento de 35 milhões de euros.

Projectos na agricultura e turismo poderão criar 15 mil novos empregos até 2021

McFarland Smith vai investir 40 milhões de euros, até 2018, na plantação e extração de um campo de papoilas


VI | Suplemento | Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 19 de Setembro de 2013 .

Congress of European Emerging Regions CRE SCI M E N TO E SU STE N TABI LI DADE

Envolver a comunidade

Quer seja na implementação de um projecto ou na elaboração de uma estratégia de diferenciação de uma cidade a sociedade civil tem uma palavra a dizer. Sem ela nenhum plano, por melhor que seja, tem sucesso. ALEXANDRA COSTA alexandra.costa@outlook.com

Não é fácilparaumacidade/região criar umaestratégiade sucesso do zero. Hoje aconcorrênciaé feroz e já há nomes implementados no mercado. Adefinição do caminho aseguir éoprimeiropasso.Odefiniraidentidadedacidadeeoqueadiferencia daconcorrência. Só depois se pode elaborar umaestratégia, optar por projectos de desenvolvimento e candidatar-se a fundos comunitários. AntonellaValmorbida,daAssociation of the Local Democracy Agencies (ALDA) reflectiu sobre o temae deu alguns conselhos. Para aexecutivaestáprovadoqueosmunicípioseasregiõessãooverdadeiro motordo desenvolvimento sustentáveledocrescimentoeconómico. No entanto isso só é possível se seconjugaremcomdoisimportantesfactores:asociedadecivileuma cidadaniaresponsável.Nãobastao poderpolíticoeosectorprivadoinvestirem dinheiro e tomarem medidas.Apopulaçãotambémtemde estar envolvida. Caso contrário os projectos poderão não ser os mais adequados ou criar-se um sentimento de resistência que pode levaraofalhançodosmesmos.Estaé aliásaáreadaactuaçãodaALDA.A associação serve de intermediária entreosváriosintervenienteseprocurapromoveragovernaçãoeaparticipação dos cidadãos ao nível local. PoroutroladoaALDA,naspalavrasdeAntonellaValmorbida,édefensoradadescentralizaçãoedaregionalizaçãodopoderpolítico.Para a executiva é essencial que haja

Envolvimento da sociedade em projectos de energia leva a uma utilização mais racional JOANA MUNDÓ Ecoserveis

Programas de desenvolvimento só terão sucesso se envolverem a sociedade civil ANTONELLA VALMORBIDA ALDA (Association of the Local Democracy Agencies)

Sociedade | O não envolvimento da comunidade na definição, elaboração e implemen

independência das autoridades locais ao orçamento de Estado. Só assim conseguirão desenhar e implementar as medidas necessárias àsuaregião. Investir nas energias sustentáveis

Joana Mundó, da Ecoserveis, umaNGOespanhola,especializada nos temas daenergia, também defendeuoenvolvimentodacomunidadeaquandodadefiniçãoeimplementaçãodasestratégias.Aorganização defende o relacionamento entre a sociedade e o sector como formade promover um modelo de energiaquesejajustoesustentável, quer do ponto de vista social, ambiental e cultural. Criada em 1992 permitiuoaproximarentreocampotécnico-científicoeasociedade, ao mesmo tempo que diminuiu as assimetrias informativas, aumentandooconhecimentosobreotema daenergia,nomeadamentearenovável.

Actuandonasáreasdaeficiência energética,napoupançadeenergia enoseuimpactonoambiente,aorganização defende que o investimento nas energias renováveis podeterimpactosregionaispositivos.Atravésdaformaçãoedadisseminação da informação os consumidorestornam-semaisconscienteseefectuamumautilizaçãomais racionaldaenergia. Algo essencial, especialmente em tempo de crise económica.Masmaisdoqueisso.A apostanasenergiasrenováveiscria empregoeoportunidadesdenegócio. Um exemplo claro, para Joana Mundó, são as comunidades geradoras de energia. Quando um grupo de cidadãos se une e, de forma consciente, investe, por exemplo, em painéis fotovoltaicos, a fim de produzir energia para consumo próprioeparacomercialização.Ou, quando um conjunto de pessoas e/ouentidadesseunenosentidode

encontrare implementarsoluções de energia sustentável. É aqui que entraaEcoserveis.ANGOprocura facilitar apartilhade informação e ajudaradesenvolverosprojectosda comunidade. Apesar de a melhor abordagem seraque envolve acomunidade há aindaalgumasbarreirasaultrapassar.Porumladoestesprojectosrequeremumelevadoníveldeconhecimentotécnico.Oquepodecondicionar não só a aprovação como a implementaçãodosprogramas.Por outrolado,nãoétransparenteocusto totaldaenergiaconvencional. O não saberexactamente qualo preço dafacturadaenergiadificultaatomadade decisão dos utilizadores. Estes ficam sem perceber exactamentequaisoscustosenvolvidos e se vale, ou não, a pena investir nas energias alternativas. Mesmoporqueoinvestimentoinicial num projecto destanaturezaé avultado.Econvémnãoesquecera

burocracia que envolve levar por dianteumprojectodestanatureza. Não só são programas morosos como“nãohácoordenaçãoentreos vários organismos competentes”. Tãooumaisimportanteéofactode o temanão constarno planeamentohabitualdosgovernos,querlocais como centrais. Formas de financiamento

Tendo em conta que os projectosdeenergiasalternativasobrigam auminvestimento inicialavultado equenemtodosaspessoastêmesse montantedisponívelháqueconseguir financiamento. Para Ecoserveis eJoanaMundóháquatromodelosdisponíveis:ofinanciamento directo,omisto,orecursoaumfundo de energias renováveis ou o crowdfunding. O primeiro, ofinanciamentodirecto,claramentesópoderáserutilizadoouporpessoascomumaelevadadisponibilidade financeiraou


Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 19 de Setembro de 2013 | Suplemento | VII .

Melhor qualidade de vida = mais competitividade

ntação de projectos pode criar um sentimento de resistência e ao falhanço dos mesmos

para projectos mais pequenos, de carácterindividual. Ou, nacompra de acções de empresas que actuem naárea.Omisto,queenvolveinvestimento directo e instituições bancárias, por seu lado, permite uma maior abrangência mas obriga a umamaiorsupervisãoporpartede terceiros. Este é o modelo vocacionado para investidores com uma personalidade mais conservadora. Se prefere investir em diversos projectosasoluçãopassapelaaquisiçãodefundosdeenergiasrenováveis. Oriscoficadiluídoentreosváriosprogramasoqueatenuapossíveisperdas. Quanto ao crowdfunding este ainda é um modelo relativamente recente. Sendo que Joana Mundó só conhece uma plataforma especializada em energia. Trata-se da alemãcrowdEner.gy. Portugal é um dos países que mais tem investido, nos últimos anos,nasenergiasrenováveis.Para issocontribuiu,emanosanteriores,

osprogramasdeincentivo,porparte de particulares, e uma maior consciênciaporpartedasempresas. Aúltimalegislação sobre o consumo energético, que obrigou aalterações no desenho e construção dasedificaçõesnovase,agora,auma análise dos edifícios comercializados,está,lentamente,amodificaro cenário daconstrução nacional. Masaindahámuitacoisaafazer. O país não aproveitatodo o seupotencial fotovoltaico. Veja-se o caso daAlemanha,quetemumapercentagem mais elevada de habitações com paineis fotovoltaicos. Aexplicação assenta, porumlado, no custo inicial de aquisição das tecnologias, da crise económica, assim como dafaltade conhecimento de algunsconsumidores/construtores. Algoque,comaajudaecooperação dasváriasentidadesenvolvidas,poderá aumentar a independência energética do país, permitindo inclusive asuaexportação..

A alemã crowdEner.gy é, por enquanto, a única plataforma de crowdfunding especializada na energia JOANA MUNDÓ Ecoserveis

Investirnamelhoriadaqualidade devidanascidadeséinvestirnofuturo desenvolvimento territorial da Europa. Esta é a opinião de Simone d’Antonio, daCittalia. Convém lembrar que 75% da população vive em cidades e que 70% da energiaéconsumidanasmetrópoles. Mas, na Europa, o desenvolvimentoeaprimoramentodascidades envolve vários desafios. Quer aoníveldainovação,dacoesãosocial, daparticipação dos cidadãos, damobilidade,doemprego,doambiente, daenergia, daconstrução, dainclusão,daregeneraçãodosespaçospúblicos,dadimensãointernacionale do multiníveldo governo. Sendo que todos eles estão interligadosetêmimpactonoquotidiano das pessoas. Veja-se o caso da(quase)inexistenteparticipação doscidadãosnavidadacidade.Isso aconteceporquenãoháconfiança naspolíticas,quernacionaiscomo regionais.Poroutroladoamobilidade ganhou importância, não só pela necessidade de ligação a outrascidadesmastambémpelaexistência de novas necessidades. É o caso dos veículos eléctricos, por exemplo. E quanto à dimensão internacional?

Ela é tão importante porque hojeacompetiçãonãoésóentrecidades mas sim entre redes de metrópoles. A que for mais coesa e apresentar mais factores de diferenciaçãoestaráemvantagemnão sónaatractividadedenovosinvestidores mas também em turistas, visitantes, residentes… Mas o que faz com que as cidades sejam tão importantes no desenvolvimento das regiões?

ParaSimoned’Atonioaresposta está no facto de conseguirem, por um lado, fazer um uso mais efectivo e nacional dos fundos europeuse,poroutro,deasuapolíticaterumimpacto directo no quotidiano dos cidadãos. Por outro lado podem criar ligações entre

A cidade que apresentar mais factores de diferenciação atrairá mais investidores, turistas e residentes SIMONE D’ANTONIO Cittalia

diferentes sectores daeconomiae criarem hubs de determinado conhecimento ouindústria. Sem esquecer que estaapostareflecte-se na promoção do capital humano, nomeadamenteaoníveldaformação e do emprego. Paraque umacidade sejacompetitivadeveráapostarnoqueadiferenciade todas as outras. E conjugar essas diferenças com as outrasmetrópolesdasuarede,deforma a disponibilizar uma “oferta” integrada. Simone d’Atonio apontou exemplos de diversas cidades europeias que estão aavançar nesse sentido. É o caso de Salerno, por exemplo,queestáautilizarosfundoseuropeuspararegenerarasua linhacosteiraeocentrodacidade. JáVitoria-Gasteiz,asegundacidade do país Basco, optou porinvestir no ambiente como motor de crescimento.Belfast,porseulado, está a criar comunidades seguras através daregeneração urbana. EmboranãotenhatidooportunidadedeconhecerBejaesótenha visitado de formasuperficialas cidades de Lisboa e Porto, Simone d’Atonioreferiuquetodasascidadesdeveriamencararomelhorara qualidade de vidacomo um factor competitivo.


VIII | Suplemento | Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 19 de Setembro de 2013 .

Congress of European Emerging Regions CASO DE E STU DO

Beja, a potencial região portuguesa

Infra-estruturas, economia diversificada, recursos humanos qualificados e projectos de âmbito nacional elevam a importância da cidade. ALEXANDRA COSTA alexandra.costa@outlook.com

Beja é uma região paradigmática portuguesa.Tendoporbaseonovo conceito de regiões emergentes comomotordecrescimentoencontra-se numaposição invejável face aoutras cidades nacionais. A agricultura, aliada às agro-indústrias, continua a ser o motor da economia, embora o turismo tenha crescido nos últimos anos. Este desenvolvimento devese,emgrandeparte,aoaparecimentodegrandesinfra-estruturasnaregião, como sendo o Aeroporto e a Barragemdo Alqueva. Terrenos que se encontravam abandonados,nalgunscasoshávárias décadas, foramrecuperados. Isto estáaimpulsionar um sectorjádesiimportante.Agarantiade águalevouaoaparecimentodenovasculturas.Ondeantesdominava oscereaisdesequeirocomeçahoje aaparecerumaculturade regadio. Comumaoutravantagem.Adepermitir plantações intensivas. Estas, para já, destinam-se maioritariamente ao mercado interno. Mas o objectivo é o de possibilitar o aumento das exportações. Faltauma maiorcoordenaçãonapromoçãoe comercialização dos produtos. Aconjunçãodeumadiversidade daeconomiaassentenosectorprimário e numarede de infra-estruturaséoquepermiteodesenvolvimento da região. Para que Beja alcancetodooseupotencialfaltaapenas uma coisa. As acessibilidades. AlgoqueestádependentedoGoverno Central e não das entidades locais. No entanto, o facto de muitos

dosprojectosjáemcursoouplaneadosseremconsideradosdeinteresse nacional pode facilitaro desbloqueiodestasituação.Osucesso(ou insucesso)doAeroportodeBeja,da BarragemdoAlquevaoumesmodo Porto de Sines não tem impacto apenasnaregiãodeBejamassimao nívelde todo o país. Oquepoderáfacilitarcriaçãoda ligaçãodeSinesaMadrid,essencial, nomeadamente para o transporte de mercadorias. E para um maior desenvolvimentodoPortodeSines, queestaránumaposiçãoúnicapara servir de “portade entrada” parao mercadoeuropeu.Poroutrolado,e dado que se pretende fomentar o transportedepassageirosnoAeroporto de Beja, é fundamental permitirarápidadeslocação dos mesmos. Querparaaregião do Algarve como paraLisboa. Comasinfra-estruturasemfuncionamento e projectos em curso prevê-seumaumentodacriaçãode postos de trabalho na região, nomeadamenteemtermosdoemprego qualificado. Arelaçãoentreasempresaseas universidadeséessencialparaoassegurardo mesmo. Sendo que esta relocalizaçãodapopulaçãovaicombaterofenómenodadesertificação dointerior.Enãosetratadeumcenário futurista. Hoje a taxa de desemprego jáé inferior àmédianacional. Número que deverá diminuir (aindamais)tendoemcontaosprojectosjáaprovados,queraonívelda agriculturacomo do turismo. Aregião, ao contrário de outras, ainda dispõe de financiamento disponí-

vel, ao abrigo do PRODER. Estão previstos vários programas que “vão entrar agora em obra”. Quer seja ao nível do ampliamento de unidadesjáexistentescomoàcriação de novos turismos rurais. Por outro lado, o facto de aeconomia social estar a crescer tambémpermiteacriaçãodenovospostosdetrabalho,nomeadamentena geração mais jovem. Estão asurgir novasoportunidadesenasfunções. Novos tempos, nova imagem, Beja está a mudar. Amodernizar-se.Atentarcaptar(ainda)maisinvestimentoeaatrairnovosresidentes.Peloquechegouentãoalturade lhe conferirumanovaimagem. O objectivo era provocar reconhecimento junto da população e apresentar uma marca que fosse agregadoradacidade,domunicípio e daregião. Umamarcaque reflectisse atradição e ahistóriade mais dedoismilanosdeBejacomumreflexo contemporâneo e moderno. Depoisdeanalisadoscasosinternacionais, como o de Amesterdão, CharlotteouCopenhagachegou-se aumresultado. O que se pretendia erapromoverosprodutosDeBeja, a história De Beja, as pessoas De Beja… e assimse chegouàdenominação “De Beja”. É o que distingue a cidade de todas as outras. E que permite criar uma espécie de selo de garantia. Avantagem,segundoaIvity,empresa responsável pela criação da novamarca, é ade que este conceitotantoseaplicaàcidadecomoàregião.ODeBejatemumaabrangênciavantajosa, que pode ser utilizadaportodos.

Beja | A capital do baixo Alentejo tem uma das baixas taxas de desemprego do país


Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 19 de Setembro de 2013 | Suplemento | IX .

As três infra-estruturas chave Aeroporto de Beja

Porto de Sines

Barragem do Alqueva

Os aeroportos são mais do que um pontodetransportedepassageiros. Mais do que um potencial meio de transportedeturistaséumaimportantefontedereceitaseumpólode desenvolvimento. O que a ANA – AeroportosdePortugalpretendeé criar um cluster de aeronáuticaao redordoaeroporto.Estepermitirá não só desenvolver a indústria como potenciará a economia. Isto aomesmotempoquepromoveráo trabalho especializado e criaránovos postos de trabalho. Inauguradohádoisanos,oaeroportoestáaserencaradocomosendoumpólodedesenvolvimentoda região, nomeadamente através da criação de um clusteraeronáutico. Pedro Beja Neves, director do AeroportodeBeja,dáoexemploda TAP, que iniciou as operações de manutençãodasuafrotanasinstalações de Beja. Por outro lado, em termosdotransportedecarga,háa destacarapresençado UTI.

Assumindoopapelde“portadeentrada” naligação ibero-atlântica, o PortodeSineséhojelídernacional em termos de mercadorias movimentadas e a principal porta de abastecimento energético do país (petróleo e derivados, carvão e gás natural).Adquire,porisso,primordial importânciaasuainterligação comossectoresindustriaisexistentesnaregiãoecomoutrosmeiosde transporte. O primeiro semestre deste ano trouxeumnovorecordeemtermos de carga movimentada. Números disponibilizados pelo Porto de Sines indicam um crescimento de 22%nasmercadoriase62porcento nos contentores. O que, traduzido em toneladas, significa que forammovimentadas17,4milhõesde toneladas mercadorias e 422 mil TEU. Mas tão ou mais importante do que os números recorde de carga transportadasão as notícias sobre

O maiorlago artificial daEuropa, e consequentemente amaior reservaestratégicade águadaEuropa, o Alquevagaranteadisponibilização deáguamesmoemperíodosdeseca extrema.Comumaáreadeinfluênciaquerondaos10milquilómetros quadrados e que abrange os distritos de Beja, Évora, Portalegre e Setúbal, o Sistema de Rega de Alqueva transformou o que antes era a agricultura alentejana. Onde antes imperavam os cereais de sequeiro hoje hámais liberdade para experimentarnovas culturas. Nafaseactualdeimplementação estãoemexploraçãocercade68mil hectaresderegadio.Deumtotalde 120 mil, previstos para 2015. Este garantedeáguaestáaabrirportasa novas produções. Quer de novos produtoscomodeplantaçõesintensivas, como sendo o olival. Estas permitiraminclusivequePortugal, nafileiradoazeite,setornasseauto-suficiente.

Ooperadorlogísticointernacionalefectuouoprimeirovoo,deBeja paraaAlemanha, este ano. “O primeiro passo – ter um operador no aeroporto – está dado”, refere Pedro BejaNeves. Esteéaliás,o“verdadeiro”negócio do aeroporto, dado que em termosdotráfegodepassageirososnúmeros “interessantes” só deverão surgirapartirde2018,quandoeste passaráaser uma“portade entrada regular”. O que só será possível se “a promoção do Alentejo, no mundo,continuar”.Mesmoassim, as expectativas são as de duplicar, em número, os cinquenta movimentos/voosrealizadosnoanopassado. Desdequeiniciouoperações, a13 de Abrilde 2011, o aeroporto já recebeu 160 movimentos, de sete companhias aéreas. Destes 110 eramoperaçõeschartere48devoos privados. Por enquanto são o transporte decargaeaindústriaossectoresque maiscontribuemparaasreceitasdo aeroporto. Que mantém, em permanência, uma equipa de quinze elementos atrabalhar nas instalações.

asparceriasefectuadas.EmMarço aAutoeuropaanunciou estar aestudar acriação de umaplataforma logísticaemSines.OPortoseriaassimutilizadocomoportadesaída(e entrada) para os mercados europeus, americanos e do Extremo Oriente.Aconcretizar-seonegócio significaumaumentodasexportações nacionais assim como um aumentodasuaimportâncianasligações América-Europa. Isto porque as características do Porto (águas profundas) permitem aatracagem de navios de maiorporte. Semesquecerasacessibilidades terrestres. Está previsto uma evoluçãorodoferroviáriaquepermitirádarrespostaaocrescimentoprevisto. Por outro lado convém não esqueceraredeGlobaldaRedeTranseuropeiadeTransportes(RTE-T). Foramfeitas iniciativas no sentido de incluir o Porto de Sines como porto estratégico. Aseraprovadaestaacçãopermitirápotenciarumaligaçãoferroviária de mercadorias entre Sines e Madrid e aumentar o tráfego de mercadorias.

As novas apostas passam pela plantaçãodemilhoassimcomotomate, cebola, alho, melão e melancia,papoila,fruteiras(pomardeclementinas, uvade mesa, e outros) e frutossecos(amendoeirasenogueiras). Ataxadeadesãoreferentea2012 foisuperiora60%,comasprevisões aapontaremparaumnovorecorde esteano.Emcausaestánãosóogarante do fornecimento de água como o apoio disponibilizado pelo SISAP - Sistemade Apoio àDeterminaçãodaAptidãoCultural,atravésdaEDIA,entidadegestoradeAlqueva.Esteserviçodeconsultoriaé especialmenteimportantenadefiniçãodenovasculturas.Sendoque, actualmente,estãoemdesenvolvimentoprojectosnasáreasde:olival, fruteiras, hortícolas, horto-industriais, medicinais, cereais de regadio, pecuária, proteaginosas, oleaginosas e especiarias. AinfluênciadoAlquevanãoterminanosectoragro-pecuário.Teve também influência no turismo. Queraoatrairturistasparaaregião envolventecomoaoimplicaracriaçãodeprojectosturísticosnáuticos.


Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 19 de Setembro de 2013 | Suplemento | XI .

Opinião Maria da Graça Carvalho Membro do Parlamento Europeu

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TURISMO Sector em crescimento é necessário efectuar estudos de benchmarking entre vários mercados/países/regiões. Só desta forma será possível partilhar informações e aprender com os melhores. Por outro lado há que estar atento às mudanças no mercado e ao surgimento de novas formas de turismo e de novos perfis de turistas. O conhecimento existe. Há que utilizá-lo para elaborar estratégias e implementar projectos. Num mundo em constante mutação as agências de viagens adquirem um papel novo, mas nem por isso menos importante. O seu conhecimento sobre as regiões e os turistas revela-se essencial aquando da comunicação e elaboração de estratégias. Sobre a comunicação, ainda mais imprescindível num mundo em que a concorrência é global, as regiões têm de perceber quais os seus pontos fortes/diferenciadores e comunicá-los. Criar reconhecimento, não só junto do público final como nos intervenientes do sector e nos órgãos de comunicação social.

ENERGIA E BIOENERGIA O sector que começa a ser relevante, principalmente em momentos de crise, exige, no entanto, planeamento. Não só a nível municipal como nacional. Há que definir quais as áreas de interesse e onde/quais os projectos a serem implementados. Sendo que o planeamento é a verdadeira ferramenta para a implementação da eficiência energética. Que é um tema cada vez mais importante para as empresas e os cidadãos. Com os custos da energia a aumentar cabe a cada um adoptar comportamentos que permitam uma mais eficiente utilização. Os municípios têm de reduzir os seus custos, o que poderá ser alcançado através da monitorização e de uma melhor utilização dos equipamentos. Em relação às novas formas de criação de energias, como os painéis fotovoltaicos a round table considera que é necessário avaliação dos custos. Isto porque há oportunidades e soluções onde o retorno justifica o investimento feito.

SUSTENTABILIDADE, AMBIENTE E QUALIDADE DE VIDA URBANA Uma cidade só poderá ser considerada um motor de crescimento da região onde esta inserida se tiver pessoas. E se oferecer uma boa qualidade de vida. Esta foi a conclusão a que chegaram os membros que estiveram a debater o tema nas round tables. É necessário investir na sustentabilidade das cidades. E isto passa por muito mais do que simplesmente “injectar” dinheiro num ou noutro programa. Estes têm de ser adaptados à realidade de cada cidade, combatendo problemas específicos. E, numa altura em que surgem novas formas de mobilidade, em que a população ganha nova consciência, as cidades têm de ser capaz de dar resposta. Quer seja através de uma mais eficiente rede de transportes públicos ou através da criação de condições à utilização de meios alternativos, como sendo a bicicleta ou os veículos eléctricos. Estas iniciativas terão impacto directo em algo básico como a qualidade do ar. E que deverá ser acompanhado por um correcto ordenamento do território, por uma eficiente gestão dos resíduos e do fluxo de água.

A posição única do Alentejo As regiões emergentes têmumpapel essencial no prepararaEuropa paraos desafios do século XXI. Estes vão desde saber diferenciar-se numaeconomiaemconstantemudança, enfrentar acompetição dos mercados internacionais ao aquecimento global e as consequências deterumapopulaçãocadavezmais envelhecida. Otimingdestecongressoéespecialmenteinteressantedadoqueestamos a finalizar a preparação da nova geração dos programas da UniãoEuropeia,queestarãoemvigor entre 2014-2020. Entre eles destaca-se o Horizon 2020, vocacionado para a investigação e desenvolvimento,comumorçamento de 70 mil milhões de euros. Realço tambémo Quadro Estratégico Europeu,queincluicincofundos:coesão,desenvolvimentoregional,fundosocialeuropeu,agriculturaepescas.Sendoque,sóparaPortugalforamalocados27milmilhõesdeeuros, que serão geridos pelas autoridades nacionais e regionais. Aindaem relação às verbas que serãodisponibilizadasaPortugal,o AlentejoCCDRestá,actualmente,a procederao planeamento de como investiressesfundos,deacordocom asprioridadesregionais.Asconclusões deste congresso serão um imputprecioso parao processo de decisãodessasmesmasprioridades. O Alentejo está numa posição única. Temumagrande riquezade recursos naturais e umdos melhoresconjuntosdeactivosdaEuropa, onde se incluem o Aeroporto de Beja,oPortodeSineseaBarragem do Alqueva. Aque se juntam instituições de ensino de elevadaqualidade,comoInstitutoPolitécnicode Bejaafazerpartedeumpólodeexcelênciaregional. Mas nem tudo são pontos positivos. Ainfra-estruturarodoviária alentejana ainda necessita de ser melhorada. Ao determinar as prioridades que beneficiarão dos fundos

comunitários é essencial que estas sejamestabelecidasdeacordocom o objectivo de estimular o crescimentoeconómicoedepromovero emprego. Os tópicos abordados no congresso – aeronáuticae aviação; agriculturaeagro-indústrias;turismo e as novas ruralidades; energia ebioenergia;sustentabilidade,ambienteequalidadedevidaurbana– são os apropriados parapromover o crescimento naregião, atenuar o desempregoecriarnovospostosde trabalho. Apesardefactorescomoainfra-estrutura, os recursos naturais, a qualidadedoensinoeosfundoseuropeusseremimportantesnofuturo da região, por si só não são suficientesparaasseguraroseucrescimento económico. Houve alturas em que Bejateve todo um conjuntodefactorespositivoseosresultadosobtidosnãoforamosdesejados. Paratalénecessárioasseguraras condiçõesmacroeconómicasfavoráveis, menos burocracia e uma maior aposta na inovação. Se conseguirmos juntar todos estes diferentes aspectos num“pacote” harmonioso creio que conseguiremos fazercresceraeconomiae baixaro desemprego. Mas,paraconseguiristo,éessencial prosseguir com o processo de reformas estruturais. E que estas não sejam encaradas apenas como exercíciosdepoupança.Todasasreformasestruturaispodemedevem serorientadascomoformadeatingireproporcionarascondiçõespara umcrescimentoeprosperidadefuturo. Emconclusão,osmunicípiosea região de Beja só conseguirão responderaosdesafiosdehojeseconseguirem explorar aos seus recursosnaturais,asinfra-estruturasdisponíveis,ocapitalhumanoearede de ensino existente no Alentejo. Condições que serão alavancadas pelacorrectaaplicação dos fundos disponibilizados pelo próximo orçamento daUnião Europeia.


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