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ROTAS | Rotas de liberdade
A memória de José Afonso persiste em Setúbal tão forte como no resto do país, com o cantor e poeta de Abril a marcar o compasso da liberdade com que respiramos, hoje, a cada instante.
Em Setúbal, esse legado de insurgência contra tirania cega ocupa um espaço físico. Vários, até.
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À cidade do Rio Azul chegou em 1967. Na bagagem, já trazia cadastro nos arquivos do Estado, que o seguia de perto, receando subversão de pensamentos.
Dava aulas e lecionou no Liceu, hoje Escola Secundária du Bocage. Pouco tempo. O medo déspota inventou desculpa para o expulsar do ensino, num período de fragilidade, em que estava de baixa médica.
Inócuo, tanto o medo, como a expulsão.
Zeca era voz de liberdade. Voz que crescia em surdina com outras tantas em pontos de encontro sadinos, como em cafés como o Tamar, Avenida 5 de Outubro, e o Central, Praça de Bocage.
No Círculo Cultural, um dos expoentes no país da revolta contra a ditadura, que chegou a funcionar no edifício da atual Casa da Cultura, ouviu-se, por várias vezes, Zeca Afonso.
Porque não esquece o legado do cantor da liberdade, Setúbal eterniza a sua memória de várias formas, como com o Largo José Afonso, na cidade, ou a rua homónima, em Azeitão.
“Em cada rosto igualdade”, cantou Zeca, que, coerente, também musicou o pedido de “campa rasa” para a hora da partida. O povo ordenou e fez-lhe a última vontade, no Cemitério de Nossa Senhora Piedade.