Jornal Municipal - out | nov | dez'15

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SETÚBAL JORNAL MUNICIPAL.dezembro 2015.ano 15.n.º58

pág. 28

Olá, 2016!

Atração total no turismo

pág. 13

Concelho em bom ambiente

Estratégia da Câmara Municipal aponta para um crescimento sustentado de Setúbal

Baixa oferece magia de Natal pág. 20

págs. 4 e 5

Vem aí um ano cheio de eventos desportivos

União ajuda no combate a alcoolismo

pág. 21

Riso é remédio para a doença Palhaços levam ânimo ao hospital

Jornal Municipal assiste a reunião dos AA págs. 14 e 15

pág. 25


2SETÚBALoutubro|novembro|dezembro15

SETÚBAL 58 2015.ano 15.n.º IPAL.dezembro JORNAL MUNIC

pág. 28

sumário

Olá, 2016!

Atração total no turismo

pág. 13

Concelho em bomte ambien

Estratégia da Câmara Municipal aponta para um crescimento sustentado de Setúbal

Baixa oferecateal magia de N . 20 pág

págs. 4 e 5 pág. 21

s desportivos cheio de evento Vem aí um ano

União ajuda no combateo a alcoolism

io Riso é reméd para a doença Palhaços levam tal ânimo ao hospi

l Jornal Municipao assiste a reuniã dos AA

pág. 25

págs. 14 e 15

4  PRIMEIRO PLANO  A Câmara Municipal de Setúbal está a executar uma estratégia ambiental assente em políticas de desenvolvimento sustentável. Planos e ações permitem caminhar para um futuro melhor. 6  LOCAL  A zona da Bela Vista dá o exemplo ao resto do concelho em matéria de iniciativa para o aumento da qualidade de vida do coletivo. O Bairro Santos Nicolau também está empenhado. 10  FREGUESIA  A Junta de Freguesia de Azeitão tem uma nova sede. Já São Sebastião está a recuperar passeios, enquanto a União das Freguesias de Setúbal substitui abrigos de passageiros. 11  SEGURANÇA  Peritos internacionais avaliaram positivamente um treino da equipa de busca e salvamento em estruturas urbanas colapsadas formada por CBSS e GNR. Tudo numa cidade resiliente. 12  ECONOMIA  As Hortas Urbanas de Setúbal já contam quase centena e meia de parcelas, com o desenvolvimento da segunda fase. A Baixa volta a surpreender com feiras outlet que até fintam a chuva. 13  TURISMO  O número de turistas continua a crescer em Setúbal, graças a uma estratégia de captação de visitantes nacionais e estrangeiros. A produção municipal de vídeos promocionais alcança prémios. 14  PLANO CENTRAL  Os Alcoólicos Anónimos apostam na união de esforços e vontades e na espiritualidade para a resolução de um problema pessoal e social grave. A instituição mostrou-se numa reunião aberta. 16  CULTURA  As comemorações dos 250 anos do nascimento de Bocage resultam num programa preenchido de eventos culturais. A cidade também já tem festivais de acordeonistas e de música antiga. 19  EDUCAÇÃO  A receção à comunidade educativa permitiu revelar o reforço de Setúbal como cidade referência em matéria de educação. Já a ligação com o desporto justificou a obtenção de um prémio regional. 20  ESPECIAL  O Natal comemora-se por todo o concelho. Na Baixa da cidade, um mercado e animações para todos os públicos ajudam o comércio local, enquanto Azeitão festeja a quadra com muito espírito. 21  DESPORTO  Setúbal recebeu, no Parlamento Europeu, a bandeira oficial de Cidade Europeia do Desporto 2016 e agora venham daí os eventos. As pedaladas do Bike Tour podem servir de inspiração. 22  ACADEMIA  Jogos que divertem e ensinam foram criados por dois diplomados da Escola Superior de Tecnologia. O Instituto Politécnico de Setúbal impulsionou uma rede de partilha de conhecimento. 23  RUMOS  A criatividade de Ricardo Campos é movida a bichos-carpinteiros. O jovem setubalense de 23 anos pinta, desenha, escreve, representa e fotografa, mas esta lista peca por ser incompleta. 24  RETRATOS  A Mercearia Confiança de Troino reabriu no Largo da Fonte Nova com ligação ao passado. Os visitantes/clientes são transportados para uma época distante das correrias e filas do supermercado. 25  INICIATIVA  O Dr. Nano Sirene e do Dr. Avionet são dois dos sete doutores palhaços dos Remédios do Riso. É vê-los no hospital a deixar um rasto de humor que transforma a vida de todos. 26  MEMÓRIA  O Troino, um dos mais bairros mais antigos e castiços de Setúbal, deve o nome não se sabe com segurança a quê. Já o Convento dos Grilos é assim chamado devido aos frades que ali viveram. 28  PLANO SEGUINTE  O Ano Novo promete festa de arromba junto do rio, pelo quinto ano consecutivo, com fogo de artifício à meia noite. Mais recente é o evento de canto lírico Luísa Todi – Jovens Clássicos.

informações úteis

Setúbal - Jornal Municipal Propriedade: Câmara Municipal de Setúbal Diretora: Maria das Dores Meira, Presidente da CMS Edição: SMCI/Serviço Municipal de Comunicação e Imagem Coordenação Geral: Sérgio Mateus Coordenação de Redação: João Monteiro Redação: Hugo Martins, Marco Silva, Raquel Proença Fotografia: José Luís Costa, Mário Peneque Paginação: Humberto Ferreira Impressão: PROS – Promoções e Serviços Publicitários, Lda. Redação: SMCI - Câmara Municipal de Setúbal, Paços do Concelho, Praça de Bocage, 2901-866 Setúbal Telefone: 265 541 500 E-mail: smci@mun-setubal.pt

Câmara Municipal

Turismo

Paços do Concelho Praça de Bocage 265 541 500 | 808 200 717 (linha azul) Gabinete da Presidência gap@mun-setubal.pt Departamento de Administração Geral, Finanças e Recursos Humanos dafrh@mun-setubal.pt Gabinete da Participação Cidadã gapc@mun-setubal.pt

Casa da Baía de Setúbal Centro de Promoção Turística Av. Luísa Todi, 468 265 545 010 | 915 174 442

Edifício do Banco de Portugal Rua do Regimento de Infantaria 11, n.º 7 265 545 180 Departamento de Cultura, Educação, Desporto, Juventude e Inclusão Social Departamento de Recursos Humanos Edifício Sado Rua Acácio Barradas, 27-29 265 537 000 Departamento de Ambiente e Atividades Económicas daae@mun-setubal.pt Departamento de Obras Municipais dom@mun-setubal.pt Departamento de Urbanismo Gabinete de Apoio ao Consumidor Gabinete de Apoio ao Empresário Av. Luísa Todi, 165 Mercado do Livramento, 1.º andar 265 545 390

Tiragem: 8000 exemplares Distribuição Gratuita Depósito Legal N.º 183262/02

Sugestões e informações dirigidas a este jornal podem ser enviadas ao cuidado da redação para o endereço indicado nesta ficha técnica.

SEI – Setúbal, Etnias e Imigração Rua Amílcar Cabral, 4-6 265 545 177 | Fax: 265 545 174 sei@mun-setubal.pt Gabinete da Juventude Casa da Cultura Rua Detrás da Guarda, 28 265 236 168 gajuve@mun-setubal.pt

Posto Municipal de Turismo - Azeitão Praça da República, 47 212 180 729

Galeria Municipal do Banco de Portugal Av. Luísa Todi, 119 265 545 180 Casa Bocage Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro Rua Edmond Bartissol, 12 265 229 255

Loja municipal “Coisas de Setúbal” Praça de Bocage – Paços do Concelho coisasdesetubal@mun-setubal.pt

Museu Sebastião da Gama Rua de Lisboa, 11 Vila Nogueira de Azeitão 212 188 399

espaços culturais

Casa do Corpo Santo Museu do Barroco Rua do Corpo Santo, 7 265 534 402

Utilidade Pública Loja do Cidadão Av. Bento Gonçalves, 30 – D 265 550 200 Balcão CMS: 265 550 228/29/30 Piquete de água 265 529 800 Piquete de gás 800 273 030 Eletricidade 800 505 505

Urgências

SOS 112 Intoxicações 217 950 143 Biblioteca Pública Municipal Serviços Centrais SOS Criança Av. Luísa Todi, 188 808 242 400 265 537 240 Cinema Charlot – Auditório Municipal Linha Saúde 24 Rua Dr. António Manuel Gamito 808 242 424 Polo da Bela Vista 265 522 446 Rua do Moinho, 5 Hospital S. Bernardo 265 751 003 265 549 000 equipamentos Hospital Ortopédico do Outão Polo Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra desportivos 265 543 900 Estrada Nacional 10, Pontes 265 706 833 Complexo Piscinas das Manteigadas Companhia Bombeiros Sapadores Via Cabeço da Bolota 265 522 122 Polo de S. Julião 265 729 600 Pct. Ilha da Madeira (à Av. de Angola) Linha Verde CBSS 265 552 210 800 212 216 Piscina Municipal das Palmeiras Av. Independência das Colónias Bombeiros Voluntários de Setúbal Polo Sebastião da Gama 265 542 590 265 538 090 Rua de Lisboa, 11, V. Nogueira Azeitão 212 188 398 Proteção Civil Piscina Municipal de Azeitão 265 739 330 Rua Dr. Agostinho Machado Faria Fórum Municipal Luísa Todi 212 199 540 Av. Luísa Todi, 61-67 Proteção à Floresta 265 522 127 117 Complexo Municipal de Atletismo Capitania do Porto de Setúbal Casa da Cultura Estrada Vale da Rosa 265 548 270 Rua Detrás da Guarda, 28 265 793 980 265 236 168 Comissão Proteção Crianças Pavilhão Municipal das Manteigadas e Jovens de Setúbal Museu de Setúbal/Convento de Jesus Via Cabeço da Bolota 265 550 600 Praça Miguel Bombarda 265 739 890 PSP 265 537 890 265 522 018 Pavilhão João dos Santos Museu do Trabalho Michel Giacometti Rua Batalha do Viso GNR Lg. Defensores da República 265 573 212 265 522 022 265 537 880


editorial

3SETÚBALoutubro|novembro|dezembro15

Somos Cidade Europeia do Desporto Setúbal é a primeira capital de distrito portuguesa a receber o título de Cidade Europeia do Desporto. A Câmara Municipal de Setúbal tem assumido um papel decisivo no sentido de promover e estimular o aumento da oferta e das condições que permitam, à generalidade dos cidadãos, o acesso a formas qualificadas de desporto, aumentando os respetivos níveis de participação e frequência nas atividades desportivas e oferecendo-lhes segurança e um enquadramento técnico de qualidade, condições estas apoiadas por uma rede de equipamentos de excelência. Setúbal tem uma política de desenvolvimento desportivo sustentada na forte dinâmica do movimento associativo local e regional de forma transversal, etúbal tem uma política incluindo áreas desde a inclusão, passando pela promoção da saúde até ao alto rendimento. de desenvolvimento desportivo A Cidade Europeia do Desporto Setúbal 2016 pretende reforçar as iniciativas e dar continuidade a uma aposta de promoção da saúde sustentada na forte dinâmica através da prática da atividade física e desportiva, incentivando do movimento associativo local muito mais cidadãos e orientando os seus programas para as especificidades dos diferentes grupos etários em torno da adoção e regional de forma transversal de estilos de vida mais saudáveis. Devido à sua ligação com os recursos naturais que a rodeiam, a cidade de Setúbal e as vilas de Azeitão possuem elevado potencial de prática desportiva formal e informal, destacando­ ‑se a autenticidade do Parque Natural da Arrábida, espaço privilegiado para a prática de atividades da natureza como escalada, caminhadas e passeios de BTT. No Rio Sado e nas diversas praias existentes temos ao dispor os desportos náuticos como canoagem, vela, windsurf e o mergulho, entre outros. Enaltecendo os valores fundamentais protagonizados pela ACES Europe, Setúbal, como Cidade Europeia do Desporto 2016, apresenta-se determinada a prosseguir o desenvolvimento de projetos de cariz desportivo com elevado valor, adequando-os à realidade e às necessidades da população, na tentativa de promover a organização de um quadro de atividades físicas e desportivas nas vertentes de lazer, formação e competição. Neste contexto, tirando partido das condições naturais que Setúbal oferece, procuraremos aprofundar e desenvolver parcerias com as instituições (clubes, associações, federações e privados) no sentido de potenciar o concelho e a região como destino desportivo de excelência. Encaramos, por isso, esta distinção não apenas como uma honra, mas acima de tudo como uma oportunidade para promover e desenvolver a prática desportiva. Com desporto, também fazemos Mais Cidade, Mais Setúbal.

S

Feliz Natal Neste Natal, ofereçamos todos à nossa cidade as melhores prendas que pode ter: amor, trabalho e esperança. Feliz Natal e Bom Ano Novo!

Presidente da Câmara Municipal de Setúbal


4SETÚBALoutubro|novembro|dezembro15

Setúbal em tons de verde O clima está a mudar e, com ele, o mundo tal como o conhecemos. Já não se trata de previsões, mas sim de constatações. Consciente deste facto, a Câmara Municipal de Setúbal está empenhada em mudar a realidade ambiental do concelho. Quer-se mais e melhor ambiente de mãos dadas com mais poupança e desenvolvimento. Os planos já estão em marcha

primeiro plano

R

ede de transportes, iluminação, eficiência energética e sensibilização da população são apenas algumas de muitas áreas nas quais a Câmara Municipal de Setúbal está apostada em investir para que o concelho se desenvolva de forma sustentada. A forte estratégia ambiental da Autarquia assenta no lema “Setúbal – Rio Azul, Cidade Verde”, no qual se harmoniza a vontade de ter uma baía cada vez mais saudável e sedutora, juntamente com uma malha urbana voltada para o Sado e cujo desenvolvimento seja ambientalmente sustentável. O concelho está atualmente a criar, em parceria com a ENA – Agência de Energia e Ambiente da Arrábida, o ambicioso PAESS – Plano de Ação para a Energia Sustentável do Município de Setúbal, no âmbito do qual estão contemplados como setores de intervenção a construção, os transportes, as fontes de energia renováveis e a produção de energia, a construção pública, o ordenamento do território e as tecnologias de informação e comunicação.

Poupar o ambiente Sob o desígnio do PAESS estão também a ser traçados o Plano Municipal de Eficiência Energética e o Plano de Mobilidade Sustentável.

Só o Plano Municipal de Eficiência Energética representa um investimento global da ordem dos 624 mil euros que vai permitir uma poupança anual de energia de quase 375 mil quilowatts e de mais de 156 mil euros. Isto significa que, só em termos de eficiência energética, a Autarquia vai ter o retorno do investimento em menos de quatro anos. No total, este plano define medidas prioritárias de poupança energética e económica, com a respetiva redução de emissões de dióxido carbono, em sete setores de intervenção. Essas áreas incidem na iluminação pública, na iluminação interior de edifícios públicos com especial ênfase nas escolas, na rede de semáforos, no aquecimento de água, na produção de energia, na ventilação e climatização e na formação e comunicação. O Plano de Ação para a Energia Sustentável do Município de Setúbal, além de traçar as principais políticas e estratégias ambientais a implementar no concelho, traduz uma resposta a compromissos comunitários, como o Pacto de Autarcas, oficializado em outubro, no Parlamento Europeu, pela presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, e pelo vereador do Ambiente, Manuel Pisco (ver texto nestas páginas). O desenvolvimento sustentável do Município constitui uma “matéria que, num concelho como o de Setúbal, levanta muitas e complexas

questões”, sublinhou a autarca na segunda reunião do Conselho de Opinião Setúbal XXI, realizada a 29 de outubro, nos Paços do Concelho. No encontro, subordinado ao tema “Setúbal em Bom Ambiente: Estratégia Ambiental”, o Executivo apresentou e ouviu as perspetivas de um conjunto de personalidades e entidades de relevo da sociedade sadina sobre a estratégia ambiental traçada para o município. Maria das Dores Meira, acompanhada do vereador Manuel Pisco, recordou que no território municipal, ocupado pela Reserva Natural do Estuário do Sado, pelo Parque Natural da Arrábida e pelo Parque Marinho Professor Luiz Saldanha, “se gera parte significativa do Produto Interno Bruto”, o que lança “desafios constantes na gestão municipal”. “Valorização Ambiental”, “Educação Ambiental”, “Salubridade e Limpeza Pública”, “Qualificação do Espaço Urbano e Espaços Verdes” e “Qualidade Geral do Ambiente” são os cinco eixos fundamentais em que, sublinhou Manuel Pisco, assenta atualmente a estratégia ambiental traçada para o concelho.

Uma estratégia O Executivo tem atualmente definido o Plano Estratégico de Ambiente do Município de Setúbal, através do qual se preconiza um concelho

Recolha aproveita óleos alimentares Desde 2011 que a Câmara Municipal de Setúbal, em parceria com a ENA – Agência de Energia e Ambiente da Arrábida está a realizar a recolha de óleos alimentares usados. O projeto é representado atualmente por uma rede com setenta pontos de recolha, dos quais 32 se encontram na via pública e 38 em estabelecimentos de ensino do concelho. Os principais objetivos da iniciativa

prendem-se com a redução da quantidade de óleos alimentares usados introduzidos nos sistemas de drenagem e tratamento de águas residuais e a reciclagem destes óleos através da produção de biodiesel e de outros produtos. Pretende-se, igualmente, incrementar o uso de biocombustíveis e reduzir as emissões de dióxido de carbono associadas aos transportes. O projeto tem-se de debatido com algumas

adversidades, nomeadamente relacionadas com o aumento do vandalismo e roubo de oleões. O rendimento de produção de biodiesel manteve-se entre 70 e 85 por cento entre 2012 e 2014, mas, neste período, verificou-se uma quebra para cerca de metade dos valores na produção de biodiesel, na recolha total de óleos e nas emissões de gases nocivos evitadas para a atmosfera devido precisamente aos furtos registados aos conteúdos dos oleões.


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Pacto para o futuro formalizado em Bruxelas

sustentável, norteado por políticas ambientais internacionais e com uma política ambiental local de desenvolvimento integrado. Na lista dos principais objetivos encontram­ ‑se a proteção e valorização dos recursos naturais do concelho e a implementação de uma rede de parques, jardins e espaços verdes que valorize a fruição da malha urbana e se constitua como sumidouro de dióxido carbono.

A Câmara Municipal de Setúbal é uma das autarquias europeias que formalizaram a 15 de outubro, em Bruxelas, Bélgica, a redefinição dos objetivos do Pacto de Autarcas, programa comunitário que visa o cumprimento de metas ambientais por meio do Poder Local. Através do convénio europeu, a autarquia sadina, juntamente com mais de seis mil municípios e regiões da União Europeia, compromete-se a reduzir, localmente, em 40 por cento as emissões de dióxido de carbono para a atmosfera até 2030. As autarquias locais e regionais aderentes estão a desenvolver um conjunto de ações destinadas a assegurar o aumento da eficiência energética e da utilização de fontes de energias renováveis nos respetivos territórios. O Pacto de Autarcas assenta na premissa de que o Poder Local, pela proximidade com as respetivas realidades ambientais, é um das vias mais eficazes para que a União Europeia atinja os objetivos traçados no âmbito da proteção ambiental.

A Câmara Municipal de Setúbal pretende também aderir ao Compact of Mayors, iniciativa da ONU alargada a autarquias do

mundo inteiro, dependendo a apresentação da candidatura setubalense, atualmente, de deliberação da Assembleia Municipal.

O plano também pretende otimizar a gestão dos resíduos sólidos urbanos e a sustentabilidade do sistema municipal de recolha dos mesmos, reduzir a emissão de gases com efeito de estufa e implementar políticas municipais de eficiência energética e de valorização das energias renováveis. Além de procurar adaptabilidade do território do concelho às alterações climáticas, nomeadamente a partir do PIAAC – Plano In-

termunicipal para a Adaptação às Alterações Climáticas, a desenvolver juntamente com Palmela e Sesimbra, abrangidos pela Arrábida, e Grândola e Alcácer do Sal, a estratégia municipal procura reforçar a consciência coletiva da população no que concerne às questões ambientais. Neste sentido, está a ser estudado, por exemplo, o projeto Casa Verde, que consistirá num centro de educação ambiental a implementar

junto das instalações das Hortas Urbanas de Setúbal, localizadas nos Viveiros Municipais das Amoreiras. Assim, embora existam vários planos ambientais para o concelho, o objetivo do Executivo é apenas um: garantir o desenvolvimento sustentável de Setúbal, sem comprometer o crescimento económico do território e a qualidade de vida da população.

Luz ajuda a poupar na cidade LED ilumina novo caminho

Um novo equipamento de iluminação LED, com lâmpadas de formato convencional mas energeticamente mais económicas e eficazes, está a ser testado pela Câmara Municipal através de um projeto-piloto em desenvolvimento no centro histórico de Setúbal. O projeto, um investimento camarário de cerca de 11 mil euros, é concretizado no âmbito do Plano de Otimização Energética Municipal, iniciativa que, além de vantagens económicas para o Município, aponta à melhoria da sustentabilidade ambiental e do conforto urbano. A ação consiste na substituição de lâmpadas de vapor de sódio por outras de tecnologia LED, resultando em situações de diminuições de consumo de energia de 150 para 70 watts. As lâmpadas LED, além de energeticamente mais eficientes, com consequências imediatas na redução das faturas de energia pagas pela Câmara Municipal, garantem um fluxo luminoso contínuo no espaço público, o que proporciona maior conforto urbano.

Tecnologia oferece energia certa

Uma tecnologia inovadora que permite a melhoria dos índices de eficiência energética, com benefícios para o ambiente e reduções nos custos de energia, foi instalada, em outubro, em edifícios com gestão municipal. O Wattguard, a funcionar no Mercado 2 de Abril e no Pavilhão João dos Santos, foi implementado pela Câmara Municipal no âmbito da ação “A Luz Certa no seu Município”, dinamizada pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos através do Plano de Promoção de Eficiência no Consumo de Energia Elétrica. A colocação desta tecnologia materializa um investimento global de 14.732,67 euros, com a Autarquia a assumir 12.863,58 euros e a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos a assegurar o remanescente, no valor de 1.869,09 euros. A tecnologia, também designada de “green box”, compatível apenas com sistemas de iluminação menos eficientes, é composta por um conjunto de características inovadoras baseadas em transformadores com núcleos de contenção em metal.

Boas práticas na indústria

A região de Setúbal reforça a aposta na política de desenvolvimento ambiental sustentável através de várias ações, como a adesão da AICEP Global Parques à ENA – Agência de Energia e Ambiente da Arrábida, formalizada a 8 de outubro. Na cerimónia realizada no Centro de Negócios BlueBiz, a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, salientou que a adesão, além de profícua tanto para a AICEP como para a ENA, é vantajosa para o próprio concelho, “que quer um bom desenvolvimento económico e empresarial, com preservação e proteção do ambiente natural”. O acordo, assinado pelo presidente do Conselho de Administração da ENA, Manuel Pisco, e pelo presidente da Comissão Executiva da AICEP Global Parques, Francisco Mendes Palma, especializada em gestão e localização de parques empresariais, traduz a intenção de disseminar boas práticas ambientais e de eficiência energética no setor industrial.

Um pouco por todo o concelho, mas principalmente na zona do centro histórico, a Câmara Municipal tem desenvolvido esforços no sentido de atualizar os sistemas de iluminação em conformidade com padrões modernos. Na Praça de Bocage, no Largo da Misericórdia e nas ruas da Baixa, por exemplo, as lâmpadas de vapor de sódio já deram lugar a outras de LED, mais eficientes e económicas. Em concurso encontra-se o projeto de requalificação e melhoria da iluminação pública nos bairros do Montalvão e de S. Domingos, o qual prevê a intervenção em 404 luminárias, um investimento de 73 mil euros através de sistema de renting, o que se irá traduzir numa poupança energética e financeira de mais de 118 mil quilowatts e superior a 16.500 euros. Outro exemplo de futuro próximo é o concurso que está a decorrer para atualização da iluminação interior em dez escolas do 1.º ciclo do ensino básico para lâmpadas LED. A poupança anual prevista com esta iniciativa ronda os 32 mil quilowatts/ hora e quase os 20 mil euros.


local

6SETÚBALoutubro|novembro|dezembro15

Orçamento com rigor financeiro

O Orçamento para 2016 demonstra a intenção de prosseguir estratégia municipal de rigor e de maior contenção da despesa pública. A melhoria da qualidade de vida da população é outro objetivo da Câmara Municipal de Setúbal

As Grandes Opções do Plano e Orçamento para 2016 da Câmara Municipal de Setúbal, com uma dotação inicial de 116 milhões e 970 mil euros, revelam a preocupação de reforço da consolidação das finanças, a par do desenvolvimento sustentável e harmonioso do concelho. A Educação consolida-se como uma das principais prioridades do Município e reafirma-se como dimensão estratégica do desenvolvimento do concelho, privilegiando-se o desenvolvimento da escola no seu contexto integral. A Cultura assume-se como outra das áreas fundamentais das políticas municipais em 2016, em grande parte graças ao vasto programa das Comemorações dos 250 Anos do Nascimento de Bocage, a decorrer ao longo de um ano. A Juventude continua a observar um caráter transversal, através do

cruzamento com todas as políticas municipais, mas mantendo a sua natureza específica e de apoio à atividade autónoma do movimento juvenil e à iniciativa dos jovens. Destaque ainda para a crescente centralidade do Desporto, de que Setúbal é Cidade Europeia em 2016, nas políticas municipais, orientadas para o estreitamento das relações de cooperação e parceria com os clubes, coletividades e demais movimento associativo. Em matéria de Urbanismo, é prosseguida uma aposta na melhoria dos serviços prestados e no estudo, acompanhamento e orientação das operações de caráter urbanístico, com especial atenção às intervenções em edifícios nos núcleos antigos com o objetivo de preservar elementos históricos tradicionais. No setor da Higiene Urbana e Jardins é mantida a forte aposta na

qualidade dos serviços urbanos prestados na conservação dos parques e espaços de lazer e recreio, com um aumento da operacionalidade dos serviços, enquanto ao nível da Energia e Iluminação Pública salientam-se as auditorias energéticas a edifícios e os estudos sobre a diminuição de encargos, numa ótica de eficiência energética e de redução de custos. Quanto ao Turismo, as Grandes Opções do Plano para 2016 apontam o prosseguimento da realização de feiras e certames e a constante procura de mais qualidade, com vista à afirmação de Setúbal a nível regional e nacional. A conservação e a requalificação do Parque Habitacional continuam a merecer atenção, numa conjugação com os programas municipais Nosso Bairro, Nossa Cidade e Setúbal Mais Bonita.

Edifício justifica classificação A Câmara Municipal de Setúbal aprovou a classificação do antigo edifício do Banco de Portugal como Imóvel de Interesse Municipal. A Autarquia salienta que o imóvel é um dos “mais emblemáticos no conjunto urbanístico delimitado pela importância da Avenida Luísa Todi” e que contribuiu para que esta se transformasse na “principal artéria sadina”. A “imponência e elegância” do edifício, com construção concluída em 1928, e a forma como, configurando um quarteirão, estruturou e nor-

malizou a zona onde está implantado “foram determinantes também no desenvolvimento de todo o ‘novo’ território urbano que se formou no recém­ ‑construído aterro ribeirinho”. A Câmara Municipal justifica ainda a classificação com o valor artístico e arquitetónico do imóvel que alberga atualmente a Galeria Municipal do Banco de Portugal, um edifício, com projeto de Arnaldo Adães Bermudes, que revela “traços de revivalismo” e alia “influências dos estilos manuelino e barroco com elementos decorativos contemporâneos”.

DIPLOMACIA. A embaixadora de Marrocos em Portugal, Karima Benyaich, reuniu, a 20 de novembro, com a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, com o objetivo de estreitar as relações culturais. Um dos tópicos abordados no encontro foi a vontade de conferir maior dinamismo ao protocolo de geminação existente entre Setúbal e Safi, nomeadamente com a realização de eventos artísticos e culturais marroquinos no concelho sadino.

SAUDÁVEL. A bandeira da Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis foi hasteada a 30 de outubro na varanda dos Paços do Concelho. O gesto simbólico, realizado no dia em que a rede completou o 18.º aniversário, destacou a importância desta plataforma que procura o empenhamento e compromisso político e estratégico dos municípios em assegurar as melhores condições de saúde possíveis para as respetivas populações, atualmente com 29 membros.

Bandeira Azul inspira cidade

O trabalho de reaproximação da cidade ao rio foi destacado no V Seminário Nacional Bandeira Azul 2015|2016, realizado a 24 e 25 de novembro, no Fórum Luísa Todi, com o objetivo de refletir sobre os critérios de atribuição do galardão. A presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, indicou que esse trabalho é visível, por exemplo, tanto “na melhoria das condições das praias, o que resulta, aliás, na concessão da Bandeira Azul à Figueirinha, como na abertura ao público de vastas áreas ribeirinhas antes enclausuradas entre o mar e usos industriais e navais”. A autarca alertou para a existência de várias tutelas administrativas sobre as praias locais, o que, constatou, faz com que a Autarquia, apesar de ser a entidade “que mais investe nestes territórios, seja quem menos lá manda”. Um contrassenso que, sublinhou, impõe “várias limitações nos processos de decisão sempre que a Câmara Municipal quer ir mais longe”, refreando a “muita vontade de intervir nestes territórios e de qualificar as praias”, mesmo que, reconheceu, exista “boa vontade das tutelas para resolver os problemas”.

José Archer, presidente da ABAE – Associação Bandeira Azul da Europa, realçou na abertura do seminário que, em trinta anos, já foram atribuídos perto de cinco mil galardões em Portugal, o que originou mudanças “abissais” nas praias e marinas portuguesas. O seminário incluiu a entrega de prémios dos concursos de Práticas Sustentáveis e de Códigos de Conduta, promovidos pela ABAE. O vereador do Ambiente da Câmara Municipal de Setúbal, Manuel Pisco, recebeu, em nome da Autarquia, o primeiro prémio atribuído no âmbito da categoria “Vídeos” do concurso sobre Práticas Sustentáveis, distinção que se junta a outras na área dos audiovisuais (ver pág. 13). Manuel Pisco participou ainda, a 25 de novembro, na Casa da Baía, no III Seminário Nacional Green Key 2015|2016, promovido igualmente pela ABAE, sobre programa internacional que reconhece os estabelecimentos turísticos e de restauração que implementam boas práticas que valorizam a gestão ambiental e promovem a educação ambiental para a sustentabilidade.


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Alta da Azeda beneficia rede de água

A rede de distribuição de água na zona alta do Bairro da Azeda está a ser reabilitada numa intervenção liderada pela Câmara Municipal de Setúbal destinada a assegurar uma melhor qualidade do serviço prestado à população. A empreitada, orçada em mais de 40 mil euros, com conclusão prevista para janeiro, inclui a renovação de 440 metros de condutas, assim como a reabilitação de meia centena de ramais de abastecimento de água, a colocação de um sistema de descarga de fundo e a instalação de dois hidrantes.

Imagem urbana renovada

Santo António requalifica dois edifícios

Uma operação urbanística está a requalificar um talude e algumas zonas verdes de um loteamento junto da Estrada de Santas, intervenção que inclui ainda a plantação de arbustos e de uma árvore. As obras, com conclusão prevista até ao final do ano, representam um investimento superior a 3 mil euros e englobam também a pavimentação de caleiras.

S. Gabriel recupera passeios

O Largo Campo das Flores, no Bairro de São Gabriel, foi beneficiado numa intervenção liderada pela Autarquia, orçada em mais de 15 mil euros, para a criação de novas condições de usufruto urbano. Os trabalhos incluíram a construção de acessibilidades pedonais, a criação de bolsas de estacionamento e a reabilitação da faixa arbórea, agora integrada no espaço.

Um bloco de dois edifícios da Quinta de Santo António, na zona da Bela Vista, está a ser intervencionado numa operação que visa assegurar melhores condições de conforto para os inquilinos. A empreitada, um investimento superior a 23 mil euros, com conclusão prevista para fevereiro, centra ações nas coberturas dos imóveis e inclui a execução de operações de reparação de rebocos, fissuras, fendas e juntas de dilatação, a par de impermeabilizações e de arranjo de caleiras e guarda-fogos.

Desafio radical na Bela Vista Um circuito de parkour, inédito no concelho, testa a destreza atlética de adolescentes na superação física de obstáculos. A infraestrutura radical integra um novo equipamento infantojuvenil instalado no Parque Verde da Bela Vista, um investimento municipal de cerca de 30 mil euros que inclui ainda um circuito rodoviário para crianças, a instalar em breve A Câmara Municipal de Setúbal está a instalar na Bela Vista um equipamento infantojuvenil, inédito no concelho, que inclui uma área com um circuito rodoviário para crianças e outra com um percurso de parkour, já em funcionamento, para jovens. A obra, num investimento de perto de 30 mil euros, reativa, com valências adaptadas às exigências atuais das crianças e dos jovens, o espaço onde funcionou um parque infantil, no Parque Verde da Bela Vista, demolido há perto de dois anos por razões de segurança. No âmbito desta intervenção, enquadrada num vasto investimento de requalificação de parques infantis e espaços de jogos e de recreio no concelho, desenvolvido pela Autarquia, foi já instalada uma área que dispõe de um programa completo de parkour. Trata-se de uma infraestrutura inovadora em Setúbal, que permite o desenvolvimento de uma atividade desportiva radical muito apreciada pelos adolescentes, que consiste na deslocação rápida e eficiente entre diversos pontos com recurso à destreza atlética para a

superação de obstáculos, apenas com o uso do próprio corpo, em qualquer tipo de ambiente, urbano ou natural. A outra área do novo equipamento infantojuvenil, destinada às crianças, ainda em instalação, consiste na criação de um circuito de triciclos, trotinetes e bicicletas, desenhado por meio de marcação decorativa em material termoplástico, aplicado no pavimento existente. Os mais novos podem utilizar os seus veículos para circularem num percurso dotado de ruas, rotunda, passadeiras e faixa para peões, bomba de gasolina e sinais de trânsito, num estímulo à criatividade e à descoberta da brincadeira segundo princípios da educação rodoviária. A área para crianças do mais recente espaço infantojuvenil da cidade, instalado num dos parques verdes do concelho com maior fruição, possuirá ainda uma casinha de madeira destinada a simular um restaurante. Estas duas novas áreas juntam-se à oferta para os jovens existente no Parque Verde da

Forte testa integridade Um teste à integridade estrutural do Forte de Albarquel foi realizado com o objetivo de apurar com precisão o estado de conservação da antiga instalação militar, a reativar num projeto em desenvolvimento com valências culturais após obras de reabilitação. A operação, conduzida no final de setembro, consistiu na realização de um ensaio de carga, com vista à validação da integridade estrutural da laje e das paredes do imóvel. O ensaio integra um conjunto de estudos preliminares que acompanham o desenvolvimento do projeto de reabilitação que valoriza

Bela Vista, a maior zona verde da cidade, com dez hectares, que, nomeadamente, possui uma das mais modernas pistas portuguesas de BMX, inaugurada em abril. O Parque Verde da Bela Vista, aberto ao público desde 2003, inclui extensos relvados, polvilhados pelas sombras de inúmeras árvores que convidam a piqueniques e merendas.

O desporto marca igualmente forte presença naquele equipamento de lazer, existindo para o efeito pistas de manutenção, campos de jogos e balneários, além, naturalmente, dos relvados, onde é possível praticar os mais variados desportos de campo, assim como atividades de corrida e de preparação física.

Operação reforça encosta da Fortaleza de São Filipe a antiga instalação militar localizada junto da Praia de Albarquel, no Parque Natural da Arrábida. Além do ensaio de carga, foram já realizados testes geológicos e geotécnicos junto do imóvel, a que se juntam outros, de características semelhantes, a executar num futuro próximo.

O processo de reabilitação da Fortaleza de São Filipe, monumento nacional da responsabilidade do Poder Central a necessitar de urgente intervenção estrutural, conheceu novos avanços, após a Câmara Municipal ter encetado contactos e negociações com vários organismos governamentais. A Autarquia foi incluída num aviso-convite da Autoridade de Gestão do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (PO SEUR) para apresentar candidatura a fundos comunitários para realizar as necessárias obras de sustentabi-

lidade da encosta onde está situado o edifício. A dotação financeira máxima destinada a esta intervenção prioritária é de três milhões de euros, com uma taxa de cofinanciamento de 85 por cento de fundos comunitários provenientes do PO SEUR. A Autarquia vai agora desenvolver e contratualizar serviços da especialidade para elaborar o projeto de estabilização da encosta que apresenta instabilidade e lançar o concurso para os respetivos trabalhos. A obra apresenta um prazo total da intervenção de 24 meses.


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local

Igreja celebra com bispos setubalenses

Moradores ativos em Santos Nicolau A política de município participado continua a dar frutos. A população do Bairro Santos Nicolau está empenhada, juntamente com as instâncias autárquicas, em encontrar soluções que contribuam para o aumento da qualidade de vida local

Moradores do Bairro Santos Nicolau responderam ao desafio feito pela Câmara Municipal de Setúbal para serem interlocutores, contribuindo na identificação de questões a solucionar naquela zona da cidade. A presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, reuniu a 24 de novembro, no Grupo Desportivo “Os Amarelos”, com cerca de meia centena de moradores do bairro, a quem fez uma apresentação sobre situações que estão sinalizadas, assim como de projetos a implementar com o objetivo de melhorar aspetos da malha urbana.

Cruz Vermelha centenária

O centenário da Delegação de Setúbal da Cruz Vermelha Portuguesa, assinalado a 20 de novembro, incluiu a cerimónia de tomada de posse da nova direção, presidida por Duarte Machado, uma conferência e um apontamento cénico, no Salão Nobre dos Paços do Concelho. A presidente da Autarquia destacou o papel da instituição em áreas como a emergência social, as migrações, a igualdade de género e a prevenção da violência.

D. José Ornelas de Carvalho foi ordenado bispo de Setúbal em cerimónia realizada a 25 de outubro com a presença de representantes de várias entidades e instituições do concelho, incluindo a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira. A cerimónia, presidida pelo cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, realizada na Sé de Setúbal, instituiu D. José Ornelas de Carvalho como sucessor de D. Gilberto Canavarro dos Reis na gestão da diocese setubalense. O bispo é o terceiro na Diocese de Setúbal, tendo D. Manuel Martins sido o primeiro prelado a assumir o cargo, em 1975, o que originou a celebração do 40.º aniversário da sua ordenação episcopal e tomada de posse, com uma missa evocativa realizada a 26 de outubro, igualmente na Sé.

A sessão, na qual também participou o presidente da Junta de Freguesia de S. Sebastião, Nuno Costa, além de servir para serem indicadas questões locais, teve a finalidade de encontrar voluntários que sirvam de interlocutores junto da Câmara Municipal para apresentar, de forma mais célere e precisa, casos em que se sinta a necessidade de intervenção. Doze moradores responderam positivamente ao desafio e disponibilizaram-se, logo na reunião, para representar as ruas ou zonas onde residem, participando em visitas de trabalho que envolvem igualmente técnicos municipais. “Não estamos a pedir que paguem alguma coisa. Estamos apenas a pedir que todos deem um bocadinho de si e do seu tempo. É da união que se fazem grandes coisas. Só assim teremos um bairro melhor. E só assim se faz uma cidade melhor”, sublinhou Maria das Dores Meira. O envolvimento da população como agente ativo na resolução de situações na cidade resulta de uma política de participação cidadã, transversal a todo o trabalho municipal, que tem vindo a ser implementada noutros pontos do concelho, como na zona da Bela Vista. “O levantamento está feito e há questões que necessitam de diferentes abordagens. O envolvi-

mento dos moradores será uma ajuda muito importante para que a maioria destas questões seja ultrapassada”, acentuou o presidente da Junta de Freguesia de S. Sebastião. Entre as problemáticas levantadas na sessão, tanto por moradores, como pela apresentação feita por Maria das Dores Meira, a autarca referiu, ainda, projetos que estão previstos para o Bairro Santos Nicolau. Um deles é a criação do Jardim Multissensorial das Energias. O projeto, a concretizar no Jardim Camilo Castelo Branco, constitui um investimento de 300 mil euros e está a ser desenvolvido em colaboração com várias associações representantes de pessoas com deficiência. O principal objetivo é criar um jardim acessível a todos, pensado para cidadãos com mobilidade reduzida, mas que inclua também estímulos diversos, como cores e sons. O espaço deverá ser incorporado por um percurso pedagógico e interpretativo, através do qual se promoverá a interação dos visitantes com temáticas de natureza ambiental, com referências, por exemplo, a diferentes tipos de energias, como solar, hídrica, eólica e geotérmica.

À eucaristia seguiu-se um jantar celebrativo na tenda panorâmica do Santuário do Cristo Rei, em Almada, durante o qual a presidente da Autarquia elogiou a “singular coragem de D. Manuel Martins” durante o bispado que conduziu na Diocese de Setúbal, estrutura eclesiástica que “viria a tornar-se modelar”, respondendo ao que se esperava da Igreja “perante as novas e gritantes necessidades humanas, das famílias e dos indivíduos”.

Luz contra pena de morte

Cancro da mama preocupa

Flores honram soldados

Setúbal é uma das mais de duas mil cidades de todo o mundo que se associaram ao movimento contra a pena de morte, ato simbólico assinalado a 30 de novembro com a iluminação do pelourinho para destacar uma faixa criada para o efeito. “Cidade contra a pena de morte” é a frase que constava nessa faixa, numa resposta solidária da Câmara Municipal de Setúbal ao desafio lançado pela Comunidade de Sant’Egídio e pela Amnistia Internacional.

A importância de sensibilizar a população para os primeiros sinais de alerta do cancro da mama foi destacada numa sessão realizada a 27 de outubro, na Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal. A iniciativa, promovida pela Liga dos Amigos do Hospital de S. Bernardo, em parceria com a Câmara Municipal, entre outras entidades, reuniu no mesmo espaço médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, voluntários e representantes de instituições.

O 97.º aniversário do armistício da I Guerra Mundial foi assinalado a 11 de novembro no monumento da Praça Almirante Reis, onde decorreu uma cerimónia evocativa, organizada pelo Núcleo de Setúbal da Liga dos Combatentes, que contou também com a presença de responsáveis militares e civis, incluindo o vereador Carlos Rabaçal. Coroas de flores foram depositadas em honra dos soldados portugueses mortos no conflito de 1914-18.


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Bairros com iniciativa Semana a pensar em todos

“Com Arte” deu tema à 7.ª Semana Temática da Deficiência, entre 30 de novembro e 4 de dezembro, com cinema, música, teatro e workshops. O programa, organizado pela Câmara Municipal e pelo Grupo Concelhio para as Deficiências – Setúbal, promoveu um encontro que apontou caminhos para a criação do cargo do provedor municipal para a deficiência, no qual participaram, entre outros, responsáveis de associações com intervenção na área social, técnicos municipais e o vereador da Inclusão Social, Pedro Pina. A semana terminou com o espetáculo “Arte com Todos”, de teatro e dança inclusiva.

Os moradores da zona da Bela Vista continuam ativos e a dar o exemplo à cidade em termos de iniciativa. Uma reunião mostrou a vontade de prosseguir o trabalho de criação de medidas de melhoria da qualidade de vida do coletivo Novas ações a dinamizar no território da Bela Vista foram apresentadas a 29 de novembro, na EB+S Ordem de Sant’Iago, no 3.º Encontro Nosso Bairro, Nossa Cidade, com cerca de duas centenas de moradores a participar ativamente com novas propostas. O Nosso Bairro, Nossa Cidade, que decorre desde 2012 na Bela Vista, Forte da Bela Vista, Alameda das Palmeiras, Manteigadas e Quinta de Santo António, tem desencadeado “inúmeras ações que se sentem nos bairros” e “conseguido manter as melhorias que foram feitas e essa é, sem dúvida, uma grande transformação que todos fizeram”, acentuou a presidente da Câmara Municipal de Setúbal. Após uma sessão de abertura, em que participaram igualmente o vereador Carlos Rabaçal e o presidente da Junta de Freguesia de S. Sebastião, Nuno Costa, os participantes reu-

niram-se em grupos de trabalho para debater e avaliar o resultado das iniciativas saídas do segundo encontro anual e perspetivar novas ações para os próximos dois anos. No encontro, em que participaram ainda os vereadores Pedro Pina e Carla Guerreiro, a Alameda das Palmeiras, além de obras nos edifícios de habitações, anseio comum a outros bairros, apontou a inauguração do espaço “A Nossa Casinha” com um mural de graffiti, a constituição de um banco de bens para cedência a moradores, a remoção de raízes de árvores e a colocação de uma paragem de autocarro na Avenida Belo Horizonte. A Bela Vista indicou a criação de um banco de tempo para troca de serviços e tarefas, a substituição de contentores convencionais por moloks e uma campanha porta a porta de sensibilização de questões de higiene e limpeza.

Já no Forte da Bela Vista, as ideias incluem a reabilitação do espaço verde junto da escultura “Autocarro” e a recuperação da zona de circulação pedonal na barreira. As Manteigadas sugeriram o encerramento dos túneis para iniciativas culturais, formações de saúde para os mais novos e exploração de espaços comuns para a comercialização de produtos, enquanto a Quinta de Santo António pretende a recuperação de espaços verdes, a colocação de pilaretes para evitar o estacionamento abusivo, formações na área da saúde e a reorganização do grupo de caminhadas. Finalmente, uma secção de jovens propôs workshops de primeiros socorros, maquilhagem, capoeira, padaria e costura, colónias de férias, um “foto-paper” pela cidade, atividades de ocupação de tempos livres e um desfile de moda.

Lei afeta rendas sociais Moradores de habitações sociais de Setúbal, com o apoio da Câmara Municipal, apresentaram a 3 de dezembro, em conferência de imprensa, as principais propostas de alteração à Lei do Arrendamento Apoiado e ações de contestação por um regime legal mais justo. “Este é um processo de participação ímpar, em que um conjunto de pessoas que se sentem afetadas por uma nova legislação que lhes é desfavorável decide fazer algo para mudar essa lei”, sublinhou a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, no encontro, realizado no Salão Nobre dos Paços do Concelho. Aspetos relacionados com o cálculo das rendas, com a mobilidade e com o despejo administrativo são aqueles em que o grupo de

Festival com arte inclusiva

Teatro, música e dança foram algumas das expressões artísticas trabalhadas e apresentadas, entre 20 de novembro e 3 de dezembro, no XVI ExpressArte – XVI Encontro de Expressões Artísticas, festival dedicado à promoção de atividades pela APPACDM de Setúbal, entidade que organizou o evento, e por instituições congéneres. Destaque, a 30 de novembro, para uma manhã dedicada à dança, com a apresentação de coreografias de dois grupos vindos de associações. Na abertura do festival, houve diversas apresentações e entrega de prémios de dois concursos de poesia, um da comunidade escolar.

São Martinho aquece Troino

trabalho, formado por quatro dezenas de moradores eleitos em representação dos 13 bairros camarários setubalenses, faz propostas de alterações, as quais vão merecer insistência junto dos grupos parlamentares. Maria das Dores Meira afirmou que este é “um procedimento de pura cidadania a que a Câmara Municipal de Setúbal se aliou”, tendo dinamizado reuniões nos bairros com mais de seiscentas pessoas para discussão da nova

legislação, porque, tal como os inquilinos, e ainda que, neste caso, a Autarquia seja a senhoria, considerou que “a Lei do Arrendamento Apoiado tem de ser melhorada”. Paulo Leal, morador na Quinta do Freixo, vincou que este movimento não diz respeito apenas aos setubalenses e, por isso, a mensagem será passada aos outros bairros sociais do País. “Esta é uma luta de todos os bairros sociais de Portugal por uma lei mais justa.”

A Praça Machado dos Santos, no coração do bairro do Troino, esteve em festa a 11 de novembro, com um magusto em ambiente comunitário, de partilha de castanhas e jeropiga pelos moradores. A terceira edição da Festa de S. Martinho no Bairro do Troino foi animada com música e bailarico. A iniciativa, organizada pelo Centro de Cidadania Ativa e pelo grupo de voluntariado Toma Lá Dá Cá, com as parcerias da Câmara Municipal e da União das Freguesias de Setúbal, contou com a ajuda de moradores e comerciantes locais, que deram apoio financeiro e em géneros para o evento, além de voluntariado.


freguesia

10SETÚBALoutubro|novembro|dezembro15

Casa nova junta Azeitão

A sede da Junta de Freguesia de Azeitão mudou. E para melhor. Está mais central, no coração de Vila Nogueira, mas também mais funcional e muito mais acessível a quem realmente interessa, a população

A sede da Junta de Freguesia de Azeitão abriu ao público no dia 2 de novembro na Rua José Augusto Coelho, em Vila Nogueira, em instalações completamente novas, depois da exe-

cução de um projeto de recuperação e modernização de um edifício cedido pelo Município. “São agora instalações modernas, aptas a atender o público e com todas as condições para os

funcionários”, assinala Celestina Neves, presidente da Junta de Freguesia de Azeitão. A nova sede da Junta de Azeitão é constituída por dois pisos e, entre outras valências, as-

segura a acessibilidade a pessoas portadoras de deficiências motoras e inclui um posto de atendimento da empresa Águas do Sado mediante pagamento de renda à autarquia azeitonense. O projeto arquitetónico é da autoria da Câmara Municipal de Setúbal e a empreitada levou aproximadamente quatro meses a ser executada, sendo o investimento global de cerca de 200 mil euros suportado pela Junta de Freguesia de Azeitão. Na cerimónia oficial de inauguração, a 31 de outubro, na qual estiveram presentes centenas de pessoas, a presidente da Câmara Municipal de Setúbal sublinhou que a nova sede reflete “os efeitos positivos do trabalho do Poder Local”. Maria das Dores Meira salientou que a concretização do projeto “é também um símbolo da dinamização que se pretende para esta rua histórica e central da freguesia [José Augusto Coelho] e toda a envolvente” e saudou o trabalho desenvolvido pela Junta de Freguesia e pela presidente Celestina Neves, “pela constante evolução que se sente em Azeitão provocada pela ação desta autarquia, pela qualidade das ações desenvolvidas, pela resposta pronta aos interesses destas populações”. Além da sede em Vila Nogueira, a Junta de Freguesia tem mais um espaço de serviços técnicos e administrativos em Vendas de Azeitão e uma delegação em Brejos de Azeitão.

S. Sebastião anda melhor A Junta de São Sebastião está a desenvolver uma operação de melhoria geral dos acessos pedonais na freguesia, com a recuperação e construção de passeios. A intervenção, com meios próprios decorrentes da delegação de competências da Câmara Municipal de Setúbal nas freguesias, constitui um dos principais objetivos definidos pela Junta de S. Sebastião para este mandato. Sem qualquer interregno, já decorreram obras em bairros como Camarinha, Manteigadas, 25 de Abril, Terroa, Peixe Frito, Monte Belo Norte e Fonte do Lavra. Algumas das principais vias intervencionadas no âmbito deste plano de melhoria da mobilidade e acessibilidade pedonal, num investimento de perto de 200 mil euros, foram as ruas da Cevedeira, Manteigadas, João Mota, Rosmaninho, Adriano Correia de Oliveira,

Valverde, Júlio Dinis, Álvaro Cunhal, Fialho de Almeida, Diogo Cão e Pintassilgos. A operação soma já centenas de metros quadrados de passeios construídos ou reconstruídos e prossegue noutros pontos da freguesia, com a colocação de pavimentos em pavet, a par de reparações de áreas de calçada. As requalificações resultam, principalmente, da necessidade de solucionar situações anteriores a 2001, ou seja, antes do programa de delegação de competências nas freguesias, em que não se realizaram as infraestruturas devidas na construção de edifícios particulares e públicos. “Tem sido uma aposta ganha com resultados no aumento da qualidade de vida das populações por força da melhoria da mobilidade e da imagem urbana”, destaca o presidente da Junta de Freguesia de S. Sebastião, Nuno Costa.

Aldeia Grande abrigada A União das Freguesias de Setúbal procedeu recentemente, na Aldeia Grande, à substituição de uma paragem de autocarro por um equipamento moderno com maior comodidade para a população e que oferece mais segurança. O novo abrigo, instalado no âmbito de um investimento de perto de 1500 euros, vem substituir a paragem existente ao quilómetro 32 da Estrada Nacional 10, destruída na sequência de um acidente de viação. Os danos verificados na estrutura, a qual havia sido construída pelos moradores da área da Aldeia Grande na década de 70, motivou a intervenção da União das Freguesias de Setúbal, realizada no final de setembro. O novo abrigo possui painéis de policarbonato alveolar com proteção contra os raios ultravioleta, suportado por aro em calha de alumínio anodizado. O banco é feito de chapa de

aço pitonada, galvanizada e lacada em estufa a resina de poliéster. Está prevista a instalação de uma nova paragem, igualmente na EN 10, perto da zona intervencionada, que substituirá um abrigo construído em moldes antigos. As novas paragens terão estruturas com informação e imagens sobre os antigos abrigos, construídos pelos habitantes, como forma de homenagear o trabalho popular. O presidente da União das Freguesias de Setúbal destaca a importância destas intervenções para a população. “A renovação das paragens em Aldeia Grande vem ao encontro das necessidades dos moradores da zona, tal como já foi efetuado na Rasca e nas zonas envolventes. Substituímos os abrigos que já não oferecem segurança e que estão desajustados em relação ao traçado da via.”


11SETÚBALoutubro|novembro|dezembro15

Sismo a fingir testa escolas

segurança

Mais de duas centenas de crianças da EB da Azeda participaram, a 13 de outubro, num simulacro de sismo e incêndio integrado no Dia Internacional para a Redução de Catástrofes. O exercício, realizado em todas as escolas do concelho, teve como objetivo testar a resposta da comunidade num cenário de catástrofe, com o envolvimento de alunos, docentes e pessoal não docente.

Trabalho debate segurança

A importância da comunicação entre entidades no sentido de dar respostas mais eficazes para a segurança no local de trabalho foi apontada no seminário “A Cultura de Segurança – Como Comunicar?”, realizado a 8 de outubro, no Cinema Charlot – Auditório Municipal, no qual ficou patente a preocupação municipal com as questões da segurança no contexto laboral.

Voluntários fazem 132 anos

A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Setúbal assinalou, a 19 de outubro, o 132.º aniversário da instituição com uma cerimónia de hastear da bandeira e um moscatel de honra. Na cerimónia marcaram presença o comandante dos Voluntários, João Ferreira, e o vice-presidente da Autarquia, André Martins, entre outros representantes de entidades convidadas.

Peritos partilham proteção

Um grupo de dez peritos suecos na área da proteção civil visitou a 19 de novembro a cidade e a região no âmbito de um programa europeu de partilha de boas práticas em matéria de resiliência e redução de catástrofes. O vereador Carlos Rabaçal deu as boas­‑vindas aos especialistas e apresentou as medidas adotadas para a criação de um território mais seguro.

Resiliência é aposta na cidade

Busca e resgate testa eficácia

A consolidação de procedimentos e o trabalho em equipa foram reforçados numa iniciativa que juntou bombeiros e militares num treino de busca e resgate. O exercício, avaliado por peritos internacionais, abre caminho para a formação da primeira equipa portuguesa certificada pela ONU nesta área do salvamento A equipa de busca e salvamento em estruturas urbanas colapsadas formada por elementos da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal (CBSS) e da GNR foi avaliada positivamente por peritos internacionais no EU SETEX – USAR 2015, exercício realizado nos dias 20, 21 e 22 de outubro. A equipa, uma parceria dos Sapadores sadinos e do GIPS – Grupo de Intervenção, Proteção e Socorro, da GNR, efetuou um exercício, em larga escala, de simulação de uma catástrofe no concelho. O comandante da CBSS, Paulo Lamego, adiantou no final das operações que “tudo correu como esperado”, realçando que a atuação da equipa, a que se juntou um contingente da Associação Nacional dos Alistados das Formações Sanitárias, cumpriu as expectativas dos vários peritos internacionais de proteção civil que acompanharam o exercício. “O grande objetivo era saber se estamos em condições de socorrer os nossos cidadãos numa catástrofe em Portugal que envolva estruturas co-

lapsadas. Todas as avaliações indicam que sim. Isso deixa-nos contentes”, sublinhou o comandante da CBSS. O SETEX juntou cerca de uma dezena de peritos de proteção civil de vários países da União Europeia, que, além de avaliar o desempenho da equipa portuguesa, partilhou conhecimentos e apontou caminhos e estratégias possíveis para que Portugal forme a primeira equipa do País certificada.

Paulo Lamego afirmou que, “talvez daqui a três anos”, se existir o desejo dessa candidatura, poderá ser possível a equipa da CBSS e do GIPS vir a ser certificada pela ONU, através do INSARAG – International Search and Rescue Advisory Group, como uma equipa USAR (Urban Search and Rescue) de média escala, o que viabilizará intervenções internacionais. Um seminário técnico, na Escola Superior de Ciências Empresariais do Instituto Politécnico de Setúbal, com módulos de treino para que os elementos das diferentes unidades otimizassem procedimentos em conjunto, deu início ao SETEX, a que se seguiu o exercício de larga escala. O simulacro, que envolveu a preparação de cenários nas antigas instalações da Metalimex e junto dos Armazéns Municipais de Poçoilos, incluiu a movimentação e o corte vertical e horizontal de peças de betão com mais de dez toneladas, a atuação em escombros de alvenaria e, por fim, o resgate de vítimas.

Os principais riscos, as ocorrências registadas e as boas práticas implementadas em sete municípios portugueses que integram a campanha “Construir Cidades Resilientes: A minha cidade prepara-se!” constam de uma publicação lançada a 13 de outubro, Dia Internacional para a Redução de Catástrofes. Setúbal, Cascais, Funchal, Lisboa, Odivelas, Torres Vedras e Amadora integram o documento que apresenta os principais riscos identificados bem como as ocorrências registadas naqueles territórios, assim como os exemplos de boas práticas implementadas e os resultados alcançados. Cheias e inundações, sismos e tsunamis, acidentes no transporte de mercadorias perigosas e em parques industriais, assim como incêndios florestais são os principais riscos naturais e tecnológicos do território de Setúbal. Como exemplos de boas práticas implementadas ao nível da redução do risco de catástrofe, Setúbal destaca, entre outros, a adoção de um conjunto de instrumentos de gestão da prevenção e de planeamento, assim como a concretização de um investimento médio anual de 3,5 milhões de euros na estrutura e atividades municipais de proteção civil e bombeiros. Ações de formação e treino de funcionários municipais são outras boas práticas impulsionadas em Setúbal, cidade onde funciona um sistema protótipo para deteção, comunicação e alerta de risco de tsunamis.


economia

12SETÚBALoutubro|novembro|dezembro15

Empresa nova na Sapec Bay

A atração e fixação de investimentos qualificadores no território foi destacada pela presidente da Câmara Municipal a 17 de novembro na inauguração da Alfa Laval no Parque Industrial Sapec Bay. O centro de produção, serviços e reparações da empresa sueca em Portugal, destinado ao fabrico e à reparação de peças para caldeiras e outros componentes para navios, gerou vinte postos de trabalho, que podem ascender às três dezenas.

Produção aumenta nas hortas urbanas

As Hortas Urbanas de Setúbal estão a crescer. Quase centena e meia de parcelas estão entregues a munícipes que desenvolvem produções de agricultura sustentável. O projeto continuará a florir A prática da agricultura sustentada é promovida nas Hortas Urbanas de Setúbal, projeto de estímulo da convivência social e da economia das famílias que dispõe agora de uma segunda fase, inaugurada a 5 de outubro nos viveiros camarários, nas Amoreiras. “As hortas são um equipamento comunitário que permite uma forte ligação ecológica, social e económica entre os habitantes da cidade e uma atividade agrícola sustentada”, sublinhou a presidente da Câmara Municipal de Setúbal na cerimónia de entrada em funcionamento da segunda fase do projeto. No ato, assinalado com a assinatura dos acordos de utilização das novas 74 parcelas de terreno dis-

poníveis, com 30 metros quadrados cada, Maria das Dores Meira destacou a importância da prática da horticultura nas Hortas Urbanas de Setúbal para a satisfação da população urbana. “Permitem o cultivo de alimentos saudáveis ao ritmo da natureza, acrescentando qualidade ao quotidiano urbano e poupança à economia dos agregados familiares”, realçou, para destacar a importância do consumo de alimentos produzidos em modo biológico. A iniciativa municipal, além de estimular “a integração e a convivência social entre pessoas com variadas idades, aptidões físicas e heranças culturais e de promover as práticas ancestrais de trabalho do solo”, permite o fortalecimento

das relações sociais e da identidade cultural dos munícipes. A apresentação e assinatura dos contratos de utilização das novas parcelas de terreno para cultivo nas Hortas Urbanas de Setúbal decorreu no refeitório municipal, espaço no qual se cruzaram diferentes gerações, a maior parte a iniciar a primeira aventura na agricultura. Após a assinatura dos contratos de utilização das 74 novas parcelas de terreno para cultivo, alguns dos novos agricultores urbanos, apesar das condições meteorológicas adversas, não resistiram em fazer um primeiro contacto com os talhões destinados à agricultura biológica. Nas mãos traziam vasos com

plantas de cravos túnicos que servem de repelente de moscas e outros insetos, numa oferta feita pela presidente da Câmara Municipal e pelo vereador do Ambiente, Manuel Pisco. “Parece-me que vêm aí boas produções”, anunciou, confiante, o vereador, ao agradecer “o interesse demonstrado” por mais de uma centena de pessoas em utilizar a segunda fase das Hortas Urbanas de Setúbal. “Estamos orgulhosos deste projeto e não queremos ficar por aqui.” Com a inauguração da segunda fase do projeto, num investimento de mais de 20 mil euros, as Hortas Urbanas de Setúbal ficam com um total de 148 parcelas de terreno.

Preços especiais atenuam chuva outonal As lojas da Baixa da Setúbal acolheram a 24 de outubro a terceira edição da Feira Outlet, iniciativa de aumento da atratividade do centro da cidade, com artigos a preços vantajosos e animação para os diferentes públicos. O evento, organizado por comerciantes da Baixa comercial, com o apoio da Câmara Municipal e da União das Freguesias de Setúbal, contou com a participação de duas centenas de lojas, que aproveitaram para cativar os clientes neste sábado especial. Vestuário, acessórios de moda, perfumes e artigos de decoração foram alguns dos produtos vendidos a preços convidativos, num evento que tem como principal

objetivo o estímulo e a revitalização do comércio tradicional da Baixa da cidade. Os lojistas, desafiados a estender

as montras dos estabelecimentos até à rua e com decoração própria, incluindo balões coloridos, mostraram-se bastante satisfeitos com

as vendas, principalmente no período da manhã, enquanto a chuva não caiu. Com o agravamento do estado do tempo de tarde, houve necessidade de cancelar algumas das atividades musicais programadas, mas a maioria acabou por realizar-se para gáudio dos muitos visitantes. Esta edição da Feira Outlet segue­‑se a outras duas realizadas em março deste ano e em outubro de 2014, iniciativa que se enquadra nas novas dinâmicas criadas na Baixa de Setúbal, com o envolvimento dos comerciantes e a parceria da Câmara Municipal, zona alvo de ações de requalificação urbana destinadas a contribuir para um aumento das condições de atratividade.

Alegro festeja primeiro ano

O Alegro Setúbal festejou, a 12 de novembro, o primeiro aniversário com o marco de oito milhões de clientes num ano, o que equivale a mais de 23 mil pessoas por dia a entrarem nesta zona comercial com 114 lojas, que representou um investimento global de 110 milhões de euros, gerador de 1500 postos de trabalho. Ao longo do dia houve eventos para todos os públicos e, ao início da noite, foi cortado um bolo com cinco metros.

Pitéu de tremoço mostra-se

Com três variedades à venda e outras três em preparação, o “Taroço”, criado por três jovens setubalenses, foi apresentado a 17 de novembro no Mercado do Livramento numa iniciativa destinada a divulgar a marca do patê de tremoço. A vereadora Carla Guerreiro sublinhou que projetos com estas características, que marcam pela inovação e empreendedorismo, são sempre bem-vindos para a economia local e nacional.

Dia saudável no mercado

Os produtos frescos do Mercado do Livramento estiveram em destaque no Dia Mundial da Alimentação, a 16 de outubro, com visitas de crianças do pré-escolar e uma sessão de cozinha ao vivo dinamizada pelo chef Álvaro Santos, que demonstrou formas saudáveis e saborosas de se comer o pescado local. O ceviche, prato sul-americano à base de peixe cru marinado com citrinos, foi confecionado, o que atraiu as atenções.


turismo

13SETÚBALoutubro|novembro|dezembro15

Natureza atrai público

Um milhar de pessoas passou pelo ObservaNatura, de promoção do turismo de natureza, realizado no início de outubro na Mourisca, no qual foi firmada a adesão de lojas turísticas com gestão municipal à marca nacional Natural.PT. Observação de aves, workshops, palestras, passeios e atividades de educação ambiental foram atrativos do evento.

Total de turistas em crescimento

Setúbal prossegue a rota de crescimento turístico, a que não é alheio o aumento de visibilidade gerado por uma estratégia de aposta nos mercados interno e externo. A subida nas dormidas na hotelaria é superior a 5 por cento nos primeiros nove meses do ano em relação a 2014

Inovação em desfile Peças de roupa confecionadas com penas, metais e açúcar desfilaram na noite de 10 de outubro no Cais 3 do Porto de Setúbal, numa passagem de modelos da nova coleção de moda do estilista Filipe Blanquet. Pela passerelle do desfile da coleção “Mutant”, decorada com terra e sal, dez manequins setubalenses revelaram ao público uma produção com mais de três dezenas de modelos açucarados, metalizados e elaborados com penas. Com a coleção, composta por lingerie, macacões, vestidos e capas, Filipe Blanquet pretendeu demonstrar que o ser humano aprende a viver com a transformação, metamorfose que o indivíduo atravessa durante a vida, em termos pessoais e profissionais. As criações em açúcar, imagem de Filipe Blanquet, são utilizadas em peças de lingerie como forma de encarar, de maneira pura e cristalina, a passagem pelo imaginário e pela fantasia. Os metalizados, elaborados, entre outros, com latas de refrigerantes, recriam a fase da materialização, da maturidade, expressa com um material pesado, frio e duradouro. As penas, leves e com carga mística, simbolizam a espiritualidade. Além das criações de Filipe Blanquet, o espetáculo contou com um elaborado trabalho de esculturas de Pedro Marques.

O número de turistas continua a crescer em Setúbal, com os dados mais recentes, referentes ao período de janeiro a setembro, a indicarem um aumento de 5,3 por cento nas dormidas na hotelaria face a igual período do ano passado. A Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa, com base numa amostra de 87 por cento da oferta turística de Setúbal, revela que se registaram 172.599 dormidas no concelho nos três primeiros trimestres de 2015. Este total representa um crescimento de 5,3 por cento no comparativo com as 163.911 dormidas verificadas no período homólogo de 2014.

De salientar que esta subida é alcançada sobre um acréscimo assinalável de 23 por cento ocorrido em 2014 face a 2013 e apesar do encerramento de duas unidades hoteleiras, o Hotel Isidro e a Pousada de São Filipe, que, somadas, originavam à volta de 20 mil dormidas anuais. O encerramento destas unidades terá contribuído para a diminuição de 3,1 por cento nas dormidas de turistas estrangeiros no comparativo entre os nove primeiros meses de 2015 e de 2014, com, respetivamente, 76.992 e 79.487. Este decréscimo só não foi mais elevado devido ao esforço que a Câmara Municipal de Setúbal está a

realizar de divulgação do concelho em mercados internacionais, em particular em Espanha, que se traduz na captação de muitos turistas estrangeiros. Em contrapartida, o turismo interno cresceu 13,2 por cento, graças às 95.607 dormidas de portugueses em 2015, enquanto em 2014 houve 84.424. Neste particular é de admitir o efeito positivo no turismo interno gerado pela telenovela Mar Salgado, filmada em Setúbal, que a SIC transmitiu precisamente até setembro, o que demonstra a pertinência da aposta da Autarquia de trazer para o concelho esta produção, líder de audiências na televisão.

Vídeos municipais premiados Três vídeos promocionais da Câmara Municipal de Setúbal foram distinguidos recentemente, com um deles, produzido no âmbito da reabertura ao público do Convento de Jesus, a alcançar um primeiro prémio num festival internacional de cinema.

O Art&Tur – Festival Internacional de Cinema de Turismo, realizado no final de outubro no Porto, considerou o filme sobre o Convento de Jesus o melhor a concurso na categoria “Turismo Religioso”. No mesmo certame, que contou com

a participação total de 254 filmes provenientes de 54 países, a autarquia sadina recebeu, ainda, uma menção honrosa pelo vídeo promocional da candidatura de Setúbal a Cidade Europeia do Desporto, que concorreu em “Desporto e Ar Livre”, uma das 13 categorias da competição internacional. Outro filme promocional, igualmente produzido exclusivamente com meios da Câmara Municipal de Setúbal, alcançou o primeiro prémio da categoria “Vídeos” do concurso “Práticas Sustentáveis”, da Associação Bandeira Azul da Europa, entregue num seminário realizado a 24 e 25 de outubro em Setúbal (informações na pág. 6).

Promoção em Espanha

Os vinhos e as ostras do Setúbal foram apreciados em sessões de degustação no Iberovinac – 16.º Salão do Vinho e Azeitona da Extremadura, no final de novembro, em Almendralejo. A Autarquia promoveu o turismo de Setúbal, com a presidente a receber o prémio “Musa do Vinho”, entregue pelo trabalho de cooperação com o município espanhol.

Outono com bom sabor

O Moinho de Maré da Mourisca encheu a 8 de novembro com a Feira de Outono e Magusto, dedicada à promoção de produtos regionais e de época, que incluiu a degustação de castanhas e água­ ‑pé, com poesia e música a acompanhar. O certame contou com diversas atividades como passeios de barco e de charrete, que o bom tempo tornou apetecíveis.

Juventude na moda

Cerca de quinhentas pessoas assistiram a mais uma edição da Moda Sado, desfile que, a 18 de outubro, no Mercado do Livramento, apresentou as coleções de outono/inverno de lojas de roupa da Baixa de Setúbal. Entre as vinte raparigas e rapazes participantes, a Just Models selecionou Ana Pereira, 17 anos, e Tiago Pinto, 18, para agenciamento.


14SETÚBALoutubro|novembro|dezembro15

O direito de ser feliz O alcoolismo é uma doença e não existe comprimido que lhe faça frente. É crónico e dissimulado, pois a diferença entre o abuso e a dependência é ténue. O principal diagnóstico parte do próprio alcoólico, que se deve reconhecer como tal. Dado esse passo, os Alcoólicos Anónimos propõem a elevação da espiritualidade como o caminho para a recuperação. Sempre de portas abertas aos alcoólicos, a comunidade abre-se esporadicamente também ao mundo exterior. O objetivo é que a doença não seja motivo para se negar a felicidade

plano central

O

auditório tem mais de metade das cadeiras ocupadas. Lidera na sala o silêncio e a atenção que a plateia dedica por inteiro aos oradores da noite. Entre a generalidade das cabeças orientadas para a mesa veem-se duas mulheres sentadas lado a lado, de idades bem distintas, que empurram a lógica para a indução de que poderão ser mãe e filha. Quem fala para a plateia é Sónia, membro de Al-Anon, de Setúbal, que partilha, na primeira pessoa, o testemunho duro, mas preenchido com esperança, de quem conviveu ao longo da vida com alcoólicos. Al-Anon significa Alcoólicos Anónimos e é a sigla que representa a comunidade de parentes e amigos de alcoólicos. A atividade desta associação foca-se em prestar apoio àqueles que, sendo saudáveis, partilham as vidas com quem sofre de alcoolismo, levando, por inerência, uma vida também sofrida. O discurso de Sónia comprime o peito. Aparenta estar na casa dos 30 anos e o sorriso, bonito e aberto, não esconde trejeitos amargos. “Quando digo que sou familiar de alcoólicos, sou-o a vários níveis. Sou neta de alcoólico, filha de pai e mãe alcoólicos e sou casada com um alcoólico.” É assim, nesta reunião aberta de AA – Alcoólicos Anónimos, que Sónia se apresenta. A inconstância do equilíbrio familiar, a necessidade de fuga pessoal, a personalidade reservada e a preocupação latente, como que opressora, pelo bem-estar dos familiares moldaram-lhe o caráter. “Desenvolvi estratégias para conviver com o facto de que vivo numa casa de alcoólicos. Uma delas foi dedicar-me aos estudos e à escola. Não tinha muitos amigos. Na verdade, a maioria deles seria os livros. Eles ajudavam, como num escape à realidade”, continuou. Perante o relato, a suposta filha do início deste texto aperta a mão da suposta mãe, reconfortando-a. A

mulher mais velha está cabisbaixa. Soluça discretamente e afasta dos olhos lágrimas de desespero. É um dos exemplos evidentes na sala de quem se identifica com a história que está a ouvir. O relato de Sónia, não se tratando diretamente do de uma alcoólica, foi usado para o início desta reportagem devido a uma outra observação feita pela representante, naquela noite, de Al-Anon. “Quando entrei pela primeira vez numa sala da comunidade ia cheia de medo. Cheia de medo! Curiosamente, encontrei ali muita felicidade e alegria. Encontrei esperança.” O alcoolismo não é um vício, um capricho ou qualquer prova de personalidade leviana ou estouvada. O alcoolismo é uma doença cientificamente comprovada, sem cura e que destrói vidas. Pode atingir qualquer pessoa e, com ela, as que a rodeiam. Na reunião aberta desta noite chuvosa de outubro o ambiente no auditório da Cúria Diocesana de Setúbal é descontraído. Pode não ser amplamente feliz ou alegre, mas não coincide certamente com as realidades, pretéritas ou atuais, de cada uma das mais de quarenta vidas presentes. Começar esta reportagem pelo seu início, por este início descontraído, esperançoso e até sorridente, seria errado. Este não é – nunca é – o início de um alcoólico, seja já ele anónimo ou não. Mas este pode e deve ser o seu objetivo e o seu quotidiano.

Não há culpados A reunião de 26 de outubro a que o Jornal Municipal assistiu foi organizada pelos Alcoólicos Anónimos e tinha a característica de ser aberta. De norte a sul do País fazem-nas regularmente, sendo que em Setúbal se realizam a cada dois meses. Ao contrário das reuniões habituais, mais frequentes e destinadas unicamente a alcoólicos, qualquer pessoa pode assistir às abertas, constituindo uma forma que a comunidade encontrou para facilitar que quem sofra

ou conviva de perto com a doença possa quebrar barreiras e procurar apoio. Além de Sónia, de Al-Anon, a mesa do encontro conta com as participações de Vítor C., moderador, e José Luís, ambos AA, e de Marta Pratas, terapeuta na Unidade de Alcoologia de Lisboa. A técnica de saúde é também presidente nacional de Alcoólicos Anónimos e porque “os AA têm de ter alguém que dê a cara pela associação”, como explica à plateia Vítor C., não é alcoólica. “Não sou alcoólica só por hoje”, diz Marta Pratas em tom de brincadeira que serve também de explicação e de alerta. “Nada me garante que amanhã não esteja sujeita a esta doença.” O alcoolismo é uma doença primária, pois pode surgir espontaneamente, sem estar associada ou ser causada por outra doença. É também crónica, progressiva e potencialmente fatal, tanto pelas ações que o doente pode tomar enquanto ébrio, como pelas consequências diretas que o consumo em excesso e repetido de álcool pode ter no corpo humano. Numa pirâmide que retrate o consumo de álcool, a base é constituída pelos consumidores moderados, o meio, pelos abusadores e, o topo, pelos dependentes, estágio para o qual não existe cura conhecida. Marta Pratas sublinha uma necessidade primordial para se entender e combater o alcoolismo. “Esta doença não tem a ver com moral. Não há culpados. Mas um alcoólico tem a responsabilidade de se tratar.”

É precisamente aqui que reside a força dos AA. Para se integrar os Alcoólicos Anónimos é preciso, antes de tudo, reconhecer que o álcool é um problema e querer, efetivamente, resolver esse problema. A condenação social em relação ao bêbado dificulta substancialmente que uma pessoa se reconheça como um. Na verdade, um alcoólico nem precisa de estar permanentemente a beber. Alguns até podem passar anos sem consumir uma bebida alcoólica. Só que, quando o fazem, não conseguem parar. “A maioria das pessoas tem uma espécie de ‘patilha’ mental que aciona quando vê que atingiu determinado limite. Um alcoólico tem essa ‘patilha’ partida e não vê o limite. A partir daí as consequências podem ser dramáticas”, explica Marta Pratas. Um AA que queira singrar na terapêutica que abraçou tem, por isso, de se mentalizar de que nunca mais poderá quebrar a abstinência.

De corpo e alma José Luís aparenta estar na casa dos 40 e partilha com a plateia a sua vida como alcoólico. “Sempre fui muito reservado. Uma criança muito tímida. Não sabia falar com as pessoas. Em miúdo descobri numa festa, logo com uísque, que o álcool me soltava.” Seguiram-se anos de abuso no consumo do álcool e que levaram à dependência de José Luís. “Entrei para os AA e pouco depois tive


15SETÚBALoutubro|novembro|dezembro15

“É uma doença das emoções” Marta Pratas, terapeuta na Unidade de Alcoologia de Lisboa e presidente nacional de Alcoólicos Anónimos, alerta que o alcoolismo é uma doença que pode revelar-se em qualquer período da vida. O consumo em excesso acaba por estar ligado às emoções e à maior dificuldade de algumas pessoas em lidar com as adversidades da vida Nos AA, define-se um alcoólico como um doente. Essa é uma terminologia da comunidade ou trata-se de uma doença cientificamente comprovada? O alcoolismo é uma doença. Está assim designado nos livros de psiquiatria e também da medicina em geral. Tem critérios claros, específicos e característicos que o distinguem de um vício.

uma recaída. Isto porque nunca parei de beber. Não queria deixar de beber, mas antes aprender a beber”, ana­ lisa. Mudou o paradigma, encostou a bebida e, confessa, já não se imagina afastado de Alcoólicos Anónimos. “Estou nos AA de corpo e alma”, garante. A génese dos AA está intimamente ligada à experiência e às conclusões recolhidas pelos próprios alcoólicos no sinuoso percurso para se manterem sóbrios. A comunidade rege-se por um conjunto de regras e a página de internet www.aaportugal.org divulga, inclusivamente, uma lista de coisas que a associação não faz. Entre outras relutâncias, não publicita a comunidade, não mantém registo dos membros, não faz diagnósticos médicos nem psicológicos ou sequer serviços de desintoxicação. Não providencia qualquer tipo de serviço social, alojamento, alimentação, vestuário, trabalho ou dinheiro. Faz ponto de honra em manter autonomia institucional e, por isso, não aceita contribuições, financeiras ou outras, de fora da organização. Carlos Eduardo e o senhor B, dos AA, ilustram com o caso da reunião aberta, em que a associação podia ter usado o espaço gratuitamente, mas fez questão de alugá-lo, “nem que por um valor simbólico”. A comunidade organiza-se exclusivamente com as contribuições dos membros. Então, o que fazem os Alcoólicos Anónimos? Carlos Eduardo e o se-

nhor B apresentam-se como “servidores do grupo” e explicaram o conceito da comunidade. “Ajudamo-nos mutuamente. Praticamente só um alcoólico é capaz de entender outro alcoólico. Desde que se queira realmente parar de beber, a AA funciona como um local de partilha dos avanços e dos recuos, sem julgar ninguém e sem impor nada a ninguém”, resume Carlos Eduardo. Só esta declaração incorpora os três legados de AA: Unidade, Serviço e Recuperação. A humildade e a entreajuda constituem o núcleo de todo o conceito, “descoberto” por dois alcoólicos americanos na década de 30. Ao reconhecer as dificuldades por que passavam devido ao álcool, aperceberam-se de que conseguiam ficar mais tempo sóbrios se ajudassem outros alcoólicos nesse processo. Assim nasceu a “Unidade”. O “Serviço” é o seguimento natural desse método, em que um AA assegura questões técnicas ou logísticas para que, por exemplo, as reuniões se materializem. “É rotativo. Hoje fomos nós, mas da próxima serão outros membros”, reforça Carlos Eduardo. Esta dedicação alimenta o envolvimento com a comunidade e potencia as probabilidades de os membros se manterem sóbrios durante mais um dia. A soma desses dias acaba por resultar em anos. “O que se quer é viver sem beber, mas também viver com uma qualidade muito melhor. Felizes”, conclui Carlos. Eis a “Recuperação”. Os AA respeitam integralmente a

privacidade de cada membro. O anonimato permite quebrar barreiras e favorecer a ajuda de quem precisa. Não se tratando de uma seita ou de um culto, apelam a que o alcoólico procure uma espiritualidade com capacidade de lhes restituir a sanidade perdida. Este é o caminho proposto e que muitos aceitam, mesmo sendo agnósticos ou ateus. A crença na existência ou não de um deus não fulmina a espiritualidade de cada um. A doença sem cura que é o alcoolismo é assim combatida como podem e sabem. A solidariedade, entreajuda e humildade servem como poderosos profiláticos e que, no caminho árduo da recuperação, ajudam qualquer indivíduo, doente ou não, a ser também uma pessoa melhor.

É um fenómeno físico ou psicológico? Tem muitas consequências físicas. Nesse plano, por exemplo, há a síndrome de privação de álcool, aquilo que vulgarmente se chama de ressaca. Também tem fatores psicológicos, porque, se não fossem esses, a doença teria cura. Fazia-se uma desintoxicação e ficava tudo bem. Só que a pessoa é eternamente seduzida pelo álcool. À medida que o tempo passa sente menos craving, menos desejo intenso de beber. Esta é uma doença das emoções, porque normalmente o alcoólico bebe consoante os problemas do momento e com os quais não sabe lidar. O álcool é também usado por alguns para se esquecerem de que estão sós. É uma doença física, orgânica, psíquica, emocional. Uma multiplicidade de fatores pode fazer alguém ficar alcoólico aos 40 anos. Uma pessoa que adoeça mais tarde na idade adulta indica que já convivia com esse problema de forma latente?

Há um “terreno fértil” para algumas pessoas se tornarem alcoólicas. Sabemos de pessoas que abusam do álcool numa fase, mas depois regridem e bebem moderadamente. Um exemplo são os ex-combatentes da guerra em África. No período do conflito o consumo era imenso por fatores mais ou menos evidentes. Dessa franja de pessoas, neste caso homens principalmente, só uma parte se tornou alcoólica. Ninguém sabe quem tem “terreno fértil”. Estão definidas quantidades de consumo antes de se tornar alcoólico e quando uma pessoa começa a beber até ultrapassar essa linha está com um pé na dependência. É possível traçar um panorama da afluência de utentes no País? Os AA são mais procurados atualmente? Enquanto comunidade, a AA tem a particularidade de não se meter em controvérsias. Não emite opiniões sobre coisas de fora do seu círculo. Cada membro de AA está preocupado com a sua recuperação e em ajudar o alcoólico que chega à reunião. Isto é uma forma de proteção também dos próprios alcoólicos. Se começassem a falar sobre políticas de Saúde, o objeto e objetivo da reunião deixaria de ser esse. Enquanto técnica de saúde posso dizer que continuam a chegar pessoas a AA. Não sei se mais, se menos. Algumas fixam-se e fazem reuniões durante muitos anos. Outras param de beber e vão à sua vida.

Doze Passos O programa de recuperação proposto pelos Alcoólicos Anónimos a um doente é constituído por doze etapas. Funcionam como guias de orientação espiritual e não é obrigatório respeitá-los pela ordem sugerida ou, sequer, a todos. “Sejamos realistas. Não é possível segui-los a todos ao mesmo tempo, na perfeição, isto é, de forma permanente, constante. O primeiro é o mais importante. Os restantes são guias de vida”, afirma Carlos

Eduardo, sublinhando a relevância de ter de admitir a impotência perante o álcool e a ingovernabilidade pessoal que daí resultou. Os “Dozes Passos” foram criados a partir da experiência de outros alcoólicos. São uma espécie de compêndio de um conjunto de fatores que os ajudaram a recuperar o controlo dos próprios destinos. Embora não sejam infalíveis, apresentam-se como um caminho possível e que potencia bastante a recuperação.

Desde que seguidos com honestidade por um alcoólico, já deram provas de que podem melhorar a realidade quotidiana de muitos doentes. Da mesma maneira, a comunidade criou as “Dozes Tradições”, listagem de regras de funcionamento dos grupos para harmonizar o relacionamento entre pessoas de origens tão distintas, mas com um mal comum, assim como com a comunidade exterior a AA.


cultura

16SETÚBALoutubro|novembro|dezembro15

Bocage passa pela cidade As atividades em torno das Comemorações dos 250 Anos do Nascimento de Bocage continuam a marcar os eventos culturais de Setúbal. Das artes plásticas à literatura, da música ao cinema, da história às animações O recital dramatizado do projeto GoG “Aquele canta e ri; não se embaraça.”, apresentado a 5 de dezembro na Casa da Cultura, foi um dos últimos eventos do ano das Comemorações dos 250 Anos do Nascimento de Bocage, com atividades até 15 de setembro de 2016. Depois do Dia da Cidade, realizou-se, a 19 de setembro, uma “Noite Bocagiana”, com milhares de pessoas a passarem pelo centro histórico neste evento com jogos tradicionais, passeios a cavalo, degustação de vinhos, poesia itinerante, marionetas, concertos de música barroca e a tertúlia “Eis Bocage... Conversas de Botequim”. Neste momento decorre o projeto “Bocage na Rua – 30 Poemas”, que consiste na instalação de 15 estruturas de mobiliário urbano, a conceber por artistas plásticos que concorreram para o efeito, nas quais se poderá ler, em cada uma, dois poemas, acessíveis ainda por vídeo.

Verso inspira San Payo

Manuel San Payo mostrou na Casa da Cultura, em outubro, “Soma Agreste”, título para uma exposição de pintura e desenho inspirado num verso de “Era um Redondo Vocábulo”, numa evocação do antigo Círculo Cultural de Setúbal, instituição frequentada por José Afonso que funcionou naquele espaço. Na mostra, organizada pela Câmara Municipal de Setúbal e pelo atelier DDLX, o artista plástico apresentou um conjunto de trabalhos monocromáticos, num desafio pessoal em que quebrou a habitual utilização de cores. O autor esteve presente na inauguração.

Os artistas plásticos de diversas áreas dispõem também do concurso “Bocage Visto e Interpretado pela Arte Contemporânea, até 16 de janeiro, com um prémio pecuniário de 2500 euros e exposição das peças. Outras exposições, uma relacionada com o filme “Bocage”, realizado por Leitão de Barros

O programa, arquitetado pela Câmara Municipal de Setúbal e por uma comissão científica presidida por Daniel Pires, com diversas parcerias, ultrapassa as fronteiras do concelho, com Lisboa a registar, em novembro, um conjunto diversificado de iniciativas. A Biblioteca Nacional de Portugal recebeu as conferências ”Modernizar o que é obsoleto e iluminar o que é obscuro: Tentativas de refor-

mar e humanizar a Inquisição entre o Pombal e o Liberalismo”, por José Eduardo Franco, “Para além do Inferno Cristão do Marquês de Sade: Leituras surreal-abjecionistas de Bocage”, por Rui Sousa, e “Bocage e o Teatro do Século XVIII”, por Vanda Anastácio. O mesmo espaço foi palco da performance “Bocageana teatral: na diáspora dos sentidos (1765-2015)”, de Isabel Pinto, e antes, em outubro, Daniel Pires apresentou a conferência “A Transgressão em Bocage”, enquanto, em dezembro, Viriato Soromenho-Marques abordou “O Mundo Europeu de Bocage: das Luzes à Revolução”. De registar em Lisboa também a exposição “Bocage, 250 anos”, no Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e o lançamento da Fotobiografia de Bocage, na Imprensa Nacional – Casa da Moeda.

A influência de Flamengo

Vida conventual revelada

Museu dá arte ao objeto

em 1936, e outra da coleção de Adelino Noé, com peças inspiradas no poeta, estiveram patentes no Fórum Luísa Todi e no Museu do Trabalho Michel Giacometti. Um concerto do Quarteto de Cordas de Sintra e a conferência de Ana Margarida Chora “O Orientalismo em Bocage”, na Casa da Cultura, foram outros eventos realizados.

Lisboa também celebra poeta

Uma exposição sobre a vida e obra de Francisco Augusto Flamengo está patente, até 31 de janeiro, na Galeria Municipal do Banco de Portugal. “Francisco Augusto Flamengo [1852/1915] – Um Pintor de Setúbal” foi organizada, pela Câmara Municipal, no ano em que se cumpre o centenário da morte do homenageado, mostra que assinala a influência e o contributo que teve na dinâmica artística local da época, com painéis com imagens de obras e informação biográfica, recortes de jornais, documentos e diversos quadros, a maioria na vertente de retrato.

A forma como as freiras clarissas habitaram o Convento de Jesus foi explicada pela arqueóloga Maria João Cândido, da Câmara Municipal de Setúbal, em encontro realizado a 9 de outubro, na Casa da Cultura. A palestra “O Convento de Jesus de Setúbal: A intervenção arqueológica e a caracterização dos espaços conventuais” divulgou os resultados obtidos nas intervenções arqueológicas realizadas no âmbito da requalificação do monumento, que permitiram a recolha de contributos para um melhor entendimento do quotidiano das freiras que ali viveram.

A importância do objeto de arte enquanto peça de museu, não apenas para contemplação mas como testemunho da realidade humana, aspeto potencializado por pesquisas documentais, foi destacada numa palestra da técnica municipal Francisca Ribeiro, realizada a 3 de outubro, na Casa da Cultura. O encontro “O Objeto de Arte – Fonte de Conhecimento e Veículo de Comunicação” realçou a ideia de que, por contraponto a um artigo comum, uma peça de museu é dotada de renovadas características e relevância para a sociedade.


17SETÚBALoutubro|novembro|dezembro15

Acordeonistas com festival

Os acordeonistas passam a dispor de um festival próprio que exalta a sonoridade única de um instrumento intimamente ligado à cultura portuguesa. A primeira edição do certame contou com casa cheia Perto de duas dezenas de acordeonistas atuaram a 14 de novembro perante o auditório esgotado do 1.º Festival de Acordeão de São Sebastião. A primeira edição do evento levou 17 acordeonistas ao palco da sede do Grupo Desportivo Independente, que atuaram para uma plateia com cerca de 350 pessoas. O leque de participantes incluiu alguns dos melhores intérpretes da atualidade e com experiências muito distintas, com as idades dos acordeonistas a variar entre os 12 e os 72 anos. A iniciativa, que contou com as parcerias da Câmara Municipal de Setúbal e da Junta de Freguesia de São Sebastião, foi organizada pelos Amigos do Acordeão de São Sebastião, instituição formada Grupo Desportivo “Os Amarelos”, pelo São Domingos Futebol Clube, pelo Grupo Desportivo Independente e pelo Sadinos Futebol Clube.

Tiago Inácio, 20 anos, natural do Barreiro, ganhou o único galardão competitivo do ­certame, o Prémio Público a Jovem Acordeonista. O festival, que contou com a participação de acordeonistas da Escola de Música Maria Adélia Botelho, do Instituto Musical Patrício e da Associação de Acordeonistas de Portugal, teve vários momentos altos, como a entrega, pela vereadora da Câmara Municipal Carla Guerreiro, da distinção “Tributo” ao Instituto Eugénio Lima Rainha do Acordeão o Recanto – Espaço Museológico, de Rio Maior, recebida por António Coito. Ao longo das cerca de cinco horas de duração do evento foram ainda entregues o Prémio Consagração de Carreira a Tino Costa e Maria Adélia Botelho e o Prémio Dignificação e Divulgação do Acordeão a Manuel Patrício Ramos Aníbal e a Irlinda Viegas.

Fórum aberto a todos A Orquestra Metropolitana de Lisboa voltou a atuar diversas vezes no último trimestre do ano no Fórum Municipal Luísa Todi, a primeira a 1 de outubro, Dia Mundial da Música, com obras de Brahms, Schumann e Berio, que assinalou igualmente o início da II Temporada Sinfónica de Setúbal 2015/2016. Seguiu-se, a 25 de outubro, uma atuação da Orquestra Académica Metropolitana, com música de Ravel e Rameau, formação que, acompanhada do Coro da Universidade Nova de Lisboa, interpretou Mozart num Concerto de Natal, a 12 de dezembro. A Orquestra Metropolitana de Lisboa também atuou em dezembro, a 19, para um Grande Concerto de Natal, com a participação do Coro Lisboa Cantat, com “A Oratória de Natal”, de Bach. Outra formação de música clássica, a Orquestra Gulbenkian, deu um concerto a 17 de outubro, o segundo da II Temporada Sinfónica de Setúbal, com temas de Mozart e Mendelssohn. Na área da música de realçar ainda o espetáculo infantil “A Bela e o Monstro”, com várias sessões, entre 1 e 8 de novembro, numa produção da Yellow Star Company e de Paulo Sousa Costa. O cantor Miguel Guerreiro, regressado de mais uma digressão no Japão, apresentou o álbum “Até ao Fim” a 20 de novembro, véspera de completar 17 anos de idade. Na semana seguinte, no dia 28, José Afonso foi homenageado por amigos e músicos, num espetáculo que evocou a fase inicial da carreira do cantautor, com o fado e a balada de Coimbra. Em dezembro, entre os dias 1 e 4, o Fórum Municipal Luísa Todi recebeu as I Jornadas de Música de Câmara de Setúbal, com a participação de Olga Prats e Alejandro Elrich Oliva, de Agostinho Sequeira e Rodrigo Azevedo, Duo de

Percussões da Metropolitana, em conjunto com Sforzanduo, dupla constituída por Miguel Filipe e Tomás Moital, do pianista Bernardo Pinhal e do Stravinstrio, com Vítor Trindade, Miguel Elrich e Ana Pires. Uma gala de música e dança, no dia 8, assinalou os 148 anos da Sociedade Musical Capricho Setubalense, com uma atuação da Capricho Big Band e participações especiais de Toy, Deolinda de Jesus, Pedro Fragoso, Salsa Setúbal e Leónia Oliveira com as Danças do Mundo. A carreira de Rão Kyao foi percorrida do dia 18, espetáculo em que o músico se fez acompanhar de alguns cúmplices e amigos musicais de longa data e com convidados especiais, nomeadamente a instrumentista chinesa de pipa Lu Yanan. O Fórum Municipal Luísa Todi foi ainda palco, no último trimestre, entre outros, de espetáculos de Natal de instituições culturais do concelho, além das habituais sessões de cinema comentadas por Lauro António. Houve ainda diversos espetáculos de teatro, como o “Boeing Boeing”, a 9, 10 e 11 de outubro, comédia com João Didelet, Luís Esparteiro, Sofia Ribeiro, Melânia Gomes, Elsa Galvão e Bárbara Norton de Matos. Seguiram-se, a 21 e 22 de novembro, duas sessões de “Juntos em Revista”, encenação musicada que colocou pela primeira vez em palco Marina Mota e Carlos Cunha com a filha do antigo casal, Érika Mota. A migração foi o tema da peça “Vai Vem”, apresentada no dia 27, uma produção Gato SA, com encenação de Juan Carlos Agudelo. Em dezembro, nos dias 13 e 20, a principal sala de espetáculos de Setúbal apresentou “A Carochinha”, conto tradicional que tem encantado gerações, numa produção ProtagonizaMagia.


Moniz com sons da revolução

“Resistir de Novo” deu o título a um espetáculo de Carlos Alberto Moniz, a 14 de novembro, que esgotou a Sala José Afonso da Casa da Cultura. O músico apresentou canções inéditas e novos arranjos de temas conhecidos do 25 de Abril, homenageando compositores e poetas como José Afonso, Manuel Alegre, José Gomes Ferreira, Fernando Lopes-Graça, Manuel Freire, Sophia de Mello Breyner, José Mário Branco e Alfredo Vieira de Sousa.

Festival surpreende com sons antigos

cultura

18SETÚBALoutubro|novembro|dezembro15

Bocage e Agostinho em ciclo

A Casa Bocage recebeu, em novembro e dezembro, o ciclo de tertúlias “De Bocage a Agostinho da Silva”, inspirado no pensamento e obra dos dois autores. A 28 de novembro, houve as intervenções “Entre Bocage e Agostinho da Silva: o vagabundear por dentro”, por Maurícia Teles da Silva, e “Bocage... Um afrancesado”, por Álvaro Arranja, enquanto a 12 de dezembro Fernando Dacosta deu uma palestra e apresentou o seu livro “Viagens Pagãs”.

David Fonseca sobre rodas

David Fonseca deu um concerto surpresa para fãs, a 23 de novembro, numa autocaravana estacionada na Avenida Luísa Todi, evento no âmbito da promoção do álbum “Futuro Eu”. Ouvintes da Rádio Comercial tiveram a oportunidade de assistir ao vivo à atuação do cantor, que iniciou em Setúbal a digressão nacional intitulada “Concerto Mais Pequeno do Mundo sobre Rodas!”, com um total de dez apresentações em outras tantas cidades.

Academia promove música

A Academia de Música e Belas-Artes Luísa Todi atuou a 1 de outubro nas arcadas nos Paços do Concelho, na Praça de Bocage, iniciativa que assinalou o Dia Mundial da Música. Violino e violoncelo foram os instrumentos tocados no apontamento musical, que reuniu 25 crianças do pré-escolar e dos 1.º e 2.º ciclos, com a apresentação de três temas infantis acompanhados de canto, com o objetivo de refletir sobre a importância da música.

Setúbal foi, pela primeira vez, extensão do West Coast Early Music Festival, certame de referência na área da música antiga. Diversos espetáculos realizaram-se em espaços intimistas, como igrejas, mas também no Fórum Luísa Todi A música antiga esteve em destaque em Setúbal, concelho que funcionou entre os dias 10 e 31 de outubro como extensão do VIII West Coast Early Music Festival. O evento, que decorreu também em Oeiras, onde teve origem, e em Lisboa, é organizado pela MAAC – Música Antiga Associação Cultural. O programa desenvolvido em Setúbal, que, pela primeira vez, foi uma extensão do festival, incluiu espetáculos na Igreja de Jesus, integrada no Convento de Jesus, monumento nacional onde se podem apreciar as primeiras manifestações arquitetónicas do manuelino. O primeiro espetáculo na Igreja de Jesus ficou a cargo da orques-

tra barroca e coro misto Concerto Ibérico, que deu início ao certame em Setúbal a 10 de outubro. O cartaz sadino, desenvolvido com o apoio da Câmara Municipal, reservou, ainda, uma conferência e recital de clavicórdio a cargo de João Paulo Janeiro, no dia 16, na Casa da Cultura, e a atuação conjunta do grupo Differencias Ibéricas com o Coro Infantil de Setúbal e o Coro Infantil do Conservatório Regional de Setúbal, que esgotou, no dia 24, a Igreja de Jesus. Os Contágio Barroco protagonizaram um concerto pedagógico para escolas no dia 31, no Fórum Municipal Luísa Todi, enquanto, à noite, nas Caves José Maria da Fonseca, em Vila Nogueira de

Azeitão, voltaram a atuar, desta feita para o encerramento do certame, numa atuação constituída por sonatas de Galliard. A extensão de Setúbal do VIII West Coast Early Music Festival

integrou o Mês da Música, programa promovido pela Câmara Municipal que assinala, ao longo de outubro, com um vasto leque de atividades e espetáculos, o Dia Mundial da Música.

Teatro ibérico amador partilha palcos O II Festival Ibérico do Teatro, iniciativa que, nos dias 2, 3 e 4 de outubro, espalhou a arte cénica por Setúbal e Palmela, apresentou, em estreia, “Quatro Mulheres para uma Ifigénia”, no Fórum Municipal Luísa Todi. A peça, a cargo da Theatron – Associação Cultural de Montemor-o-Novo, é uma adaptação da obra de Josep Maria Benet i Jornet “E.R.” e conta a história de uma jovem estudante de teatro à procura de referências sobre uma atriz mítica. O certame, que decorre alternadamente entre Portugal e Espanha, organizado pela Federação Portuguesa de Teatro e pela Confederácion de Teatro Amateur

“Escenamateur”, contou nesta edição com o envolvimento do GATEM – Grupo de Animação e Teatro Espelho Mágico e os

apoios das câmaras municipais de Setúbal e de Palmela. Para a diretora do GATEM, Céu Campos, grupo que estreou na

abertura oficial do certame a peça “O Principezinho”, num Fórum Luísa Todi esgotado, o evento foi “um sucesso” e “muito benéfico para a partilha de experiências entre os grupos de teatro”, apesar de ter coincidido “com uma semana de eleições legislativas”. O II Festival Ibérico do Teatro contou ainda com a participação do Teatro Independente de Loures, que apresentou “Histórias para serem contadas”, e dos espanhóis Grupo Alhama de Teatro, de Navarra, que subiu ao palco a comédia “El Burguês Gentilhombre”, e A.R.G.E.A Teatro, de Cáceres, com “Troyanas – Mujeres en el campo de batalha”.


Desporto escolar premiado O trabalho e o esforço no apoio a atividades no âmbito do desporto escolar valeram à Câmara Municipal de Setúbal um prémio de mérito, distinção entregue a 14 de outubro, em cerimónia realizada no Fórum Romeu Correia, em Almada. O reconhecimento enquanto “Parceiro do Ano” feito à Autarquia pelo apoio prestado a atividades dinamizadas no ano letivo 2014­ ‑2015 foi anunciado no II Encontro de Desporto Escolar, organizado pela Coordenação Local do Desporto Escolar – Península de Setúbal. “É um grande orgulho receber este reconhecimento da parte da equipa do Desporto Escolar”, realçou o vereador com os pelouros do Desporto e da Educação na Câmara Municipal de Setúbal, Pedro Pina, na cerimónia, na qual foram igualmente distinguidas outras entidades com Prémios de Mérito do Desporto Escolar – Península de Setúbal. Para o autarca, a atribuição do prémio pelo Desporto Escolar é o “reconhecimento de um trabalho que muitas vezes parece invisível, de quem persistentemente consegue lutar contra ventos e marés na procura de um bem essencial que começa nas gerações mais novas e, sobretudo, nas escolas”.

Pedro Pina afirmou que a atribuição do título de Cidade Europeia do Desporto a Setúbal em 2016 dá continuidade à promoção desportiva nas escolas. “O desporto escolar estará na base daquilo que nós queremos que seja este projeto. Não faz sentido ter este estatuto se, nas gerações mais jovens, o desporto não estiver também presente.” O vereador reforçou que “Setúbal é uma cidade ao dispor e ao serviço do desporto”, naquele que se constitui como um “pilar fundamental para o desenvolvimento social e para a coesão territorial” e uma “condição essencial para a dignidade e para o bem-estar das pessoas, que começa, precisamente, pelos mais jovens”. No encontro foi apresentado o balanço da atividade do Desporto Escolar na Península de Setúbal durante o ano letivo 2014-2015, período em que foi dinamizado um total de 613 eventos, nos quais estiveram envolvidos 16.476 alunos e 1594 árbitros/juízes em 28 modalidades desportivas.

Setúbal é referência na área educativa

educação

19SETÚBALoutubro|novembro|dezembro15

Setúbal mostrou que sabe acolher. O ano letivo começou com uma receção em que a comunidade educativa ficou a conhecer o trabalho feito nas escolas e a oferta que existe no concelho para os agentes do setor O reforço de Setúbal como cidade referência em matéria de educação e cultura foi partilhado pela presidente da Câmara Municipal na receção à comunidade educativa, cerimónia com a participação de cerca de sete centenas de pessoas. “Na construção deste futuro e no desenvolvimento das nossas populações, a preocupação com a qualidade da educação no concelho tem sido uma prioridade”, realçou Maria das Dores Meira no encontro que deu as boas-vindas à comunidade educativa, realizado do Convento de Jesus, a 8 de outubro. Maria das Dores Meira salientou o investimento concretizado “para dotar as escolas de condições condignas para uma aprendizagem de sucesso”, trabalho permanente cujo exemplo mais recente foi materializado na III Conferência Anual de Educação de Setúbal, que “constituiu o primeiro passo para a construção do Projeto Educativo Local”. Na receção que assinalou o início de mais um

ano letivo, na qual marcaram presença, entre outros, vereadores do Executivo municipal, presidentes de juntas de freguesia e o delegado regional de Educação de Lisboa e Vale do Tejo, Francisco Neves, a edil setubalense enfatizou a realização do encontro no renovado monumento nacional. Maria das Dores Meira destacou ainda o facto de, no próximo ano, Setúbal ostentar a bandeira de Cidade Europeia do Desporto. “As escolas e a comunidade educativa estarão, obrigatoriamente, envolvidas no extenso programa anual que estamos a ultimar e que brevemente tornaremos público.” Depois do ano zero, a cidade recebe, em junho, a primeira edição da Festa da Ilustração. “As escolas são convidadas mais uma vez a participar, em especial com ilustrações dos alunos do 1.º ciclo”, numa iniciativa com “dimensão local, nacional e internacional” que pretende tornar Setúbal na “capital nacional da ilustração”.

Além destas iniciativas, Maria das Dores Meira realçou um conjunto de projetos de educação pela arte e para a cidadania, que contam com o envolvimento de alunos e docentes, nomeadamente o Festival de Música de Setúbal, o Há Festa no Parque, a Semana da Segurança e Prevenção Rodoviária e o Mar Pedagógico. A cerimónia de receção à comunidade educativa, um momento de lazer e de divulgação de recursos educacionais que fomenta a integração da comunidade educativa no concelho e promove o património natural e cultural, contou ainda com um apontamento pelo Teatro Animação de Setúbal. A partir das janelas viradas para os claustros do Convento de Jesus, o TAS apresentou “Sonetos de Bocage”, declamados por José Nobre, na figura de Bocage, por Célia David, que personificou a marquesa de Alorna, e por Miguel Assis, na pele de António Bersane, poetas contemporâneos do setubalense.

Alunos pela igualdade contra a violência Pela igualdade e contra a violência, cerca de oitocentos alunos do Agrupamento de Escolas Lima de Freitas participaram, a 4 de dezembro, numa manifestação cívica integrada na campanha mundial “Orange Day”, das Nações Unidas, que incluiu uma marcha em Setúbal. A cor laranja dominou a indumentária dos participantes, alunos dos 3 aos 18 anos, dos três estabelecimentos de ensino daquele agrupamento escolar e nos quais é dinamizado o “Projeto Igualdade”, este ano convidado a integrar a iniciativa da Organização das Nações Unidas, com atividades ao longo de 16 dias.

O som do grupo de percussão “Bardoada” deu maior visibilidade à marcha pela igualdade, num percurso iniciado na EB+S Lima de Freitas, com tarjas e mensagens de consciencialização pela igualdade de género e contra os vários tipos de violência, que culminou na Praça de Bocage. “Este é já um projeto de referência para a cidade e cujo sucesso só é possível com o contributo dos alunos”, vincou o vereador com os pelouros da Educação e da Inclusão Social na Câmara Municipal de Setúbal, Pedro Pina, na receção aos participantes realizada nas arcadas dos Paços do Concelho.


especial

20SETÚBALoutubro|novembro|dezembro15

Mercadinho adoça moinho

Vinhos, queijos, doçaria, artesanato e ostras do Sado foram atrativos do Mercadinho de Natal, a 5 e 6 de dezembro, no Moinho de Maré da Mourisca. Mais de uma dezena de expositores marcaram presença na iniciativa, que incluiu um apontamento musical, uma sessão de cozinha ao vivo e atividades de turismo de natureza, como passeios de charrete e de barco.

Natal é motivo de festa. A quadra é festejada em Setúbal na Baixa comercial com um vasto programa cultural para setubalenses e visitantes. Um mercado natalício centrou atenções na Praça de Bocage, local que recebe, já em 2016, uma atuação em que são entoadas as tradicionais Janeiras

Animação de Natal leva público à Baixa Setúbal festeja o Natal com um programa de animação cultural, entre dezembro e janeiro, na Baixa comercial da cidade, organizado numa parceria entre Câmara Municipal, União das Freguesias de Setúbal e comerciantes da Baixa. O Pai Natal, presença obrigatória no “Natal na Baixa 2015”, levou, em vários momentos distintos, surpresas às muitas crianças que passaram pelo Largo da Misericórdia e pelas ruas daquela zona do centro histórico, iluminada a rigor para receber a quadra festiva. Na Praça de Bocage foi montado o “STB Christmas Market”, mercado com cerca de três dezenas de stands dedicados ao artesanato, artigos urbanos e produtos regionais. Em paralelo, os lojistas locais proporcionaram decorações especiais das montras durante o “Natal na Baixa 2015”, programa com vários eventos ao ar livre para todos os públicos.

Fado, música popular portuguesa e cante alentejano são alguns dos géneros musicais escolhidos para o programa de animação, no qual marcaram igualmente presença tunas e vários grupos de percussão, com atuações itinerantes.

Azeitão celebra com espírito Concertos, um mercado e até um bosque encantado deram outro brilho à quadra natalícia em Azeitão, onde decorre, até janeiro, o programa comemorativo Espírito de Natal em Azeitão. A iniciativa, organizada pela Junta de Freguesia de Azeitão, com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal, incluiu, entre 18 e 20 de dezembro, no Parque Urbano de Brejos de Azeitão, um mercado natalício e o “Bosque Encantado”. O mercado foi enriquecido por cerca de duas dezenas de stands de venda de artesanato e produtos regionais, incluindo bancas dedicadas à iniciativa Azeitão Solidária, para recolha de fundos para instituições de solidariedade

social e similares. O Bosque Encantado, inspirado no tema “Alice no País da Maravilhas”, consistiu num conjunto de animações para crianças, entre as quais a presença de um simpático Pai Natal, num recinto decorado por alunos de Azeitão. O Espírito de Natal em Azeitão, com entrada livre para todos os eventos, reserva ainda a Temporada Musical nas Capelas e Igrejas de Azeitão, a decorrer desde 6 de dezembro. Este programa cultural termina em janeiro, com o Toquivozes a entoar as janeiras dia 9, às 19h30, na Igreja de Vila Nogueira, e o Coro Bocage a apresentar o espetáculo “Um Concerto de Ano Novo” dia 10, às 17h00, na Igreja de Vila Fresca.

Malafamado, Quarteto de Fado Deolinda de Jesus, VisionEnsemble, Flickin’Through Bossa Nova, Joaquim Gouveia Urban Trio, Zé Zambujo e 2Jah Brothers foram nomes do programa de animação musical, assim como os DJ Monchique e BIX. A dança também esteve em destaque, com vários estilos para apreciar e experimentar. Além de diferentes demonstrações, como dança contemporânea, desportiva e tradicionais europeias, houve um vasto leque de aulas abertas, como zumba e ritmos latinos. Os mais novos não foram esquecidos. Das animações infantis “Os Amigos do Pai Natal – Serafim & Benjamina” e “O Mundo da Zingarela”, à leitura de contos de Natal e a música para crianças, muito houve por que escolher. O Natal na Baixa prolonga-se até 2016, com as tradicionais Janeiras a serem entoadas no dia 6 de janeiro, às 18h00, na Praça de Bocage.

Festa com todos no museu

Mais de 160 pessoas, entre utentes das várias valências da APPACDM de Setúbal e do Centro Comunitário de São Sebastião, participaram, a 11 de dezembro, na festa “Natal com Todos”, no Museu do Trabalho Michel Giacometti. A iniciativa incluiu a leitura de um conto e uma mostra de artesanato, a par de música e dança por utentes das instituições participantes.

Presentes em dia de aulas

Surpresa em dia de aulas. A Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Setúbal entregou, ao longo de 14 de dezembro, presentes de Natal a todos os alunos da Escola Básica dos Pinheirinhos. A iniciativa solidária dinamizada por aquela instituição setubalense, que apadrinha o estabelecimento escolar, foi desenvolvida no âmbito do projeto “Uma Escola, Um Amigo”.


Campeonato traz aves a exposição Perto de setenta criadores de aves participaram no V Campeonato Ornitológico da Costa Azul, entre 23 e 25 de outubro, na EB+S Ordem de Sant’Iago, na Bela Vista, numa mostra que reuniu mais de dois mil exemplares. A iniciativa do Clube Ornitológico de Setúbal e da Associação de Avicultores de Portugal, que recebeu o apoio da Câmara Municipal e outras entidades, incluiu uma exposição e uma feira de criadores, com representantes de norte a sul do País. Aves canoras, espécies como pintassilgo, milheiro e peito-camarim, bem como aves de criação híbrida puderam ser apreciados no evento.

Bandeira europeia distingue qualidade À descoberta da cidade em bicicleta Perto de três centenas de pessoas participaram a 11 de outubro no V Setúbal Bike Tour, evento que levou famílias a descobrir a cidade de bicicleta ao longo de um percurso com 16 quilómetros. Na iniciativa, com partida e chegada na Praça de Bocage e um trajeto em circuito urbano, de grau de dificuldade muito reduzido, os cicloturistas passaram por zonas da cidade em que é possível circular de bicicleta em segurança. O Setúbal Bike Tour, agora na quinta edição, foi criado com o objetivo de demonstrar e sensibilizar a população para as possibilidades que a planta urbana setubalense proporciona na deslocação através de meios de transporte amigos do ambiente e da forma física, tal como os velocípedes. O passeio contou com participantes dos 8 aos 80 anos, que percorreram o percurso em cerca de duas horas sem esmorecer, apesar da chuva que se fez sentir. O V Setúbal Bike Tour foi organizado pela Câmara Municipal de Setúbal e pelo Núcleo BTT Vila Fresca, no âmbito do calendário desportivo dos 13.os Jogos do Sado.

desporto

21SETÚBALoutubro|novembro|dezembro15

Setúbal é, oficialmente, Cidade Europeia do Desporto em 2016. O reconhecimento do trabalho de todos, Autarquia e movimento associativo, projeta um programa desportivo sem precedentes que alia eventos populares a provas de alta competição, que une a cultura e o conhecimento Setúbal recebeu a 18 de novembro, no Parlamento Europeu, em Bruxelas, Bélgica, a bandeira oficial de Cidade Europeia do Desporto 2016. “É o reconhecimento do trabalho de todos”, destacou, na cerimónia, a presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira. A comitiva sadina, liderada pela autarca sadina, recebeu o galardão juntamente com as outras 32 localidades europeias nomeadas pela ACES Europe como capitais, cidades ou regiões dedicadas ao desporto. “Setúbal tem uma grande política de desenvolvimento desportivo com base no movimento associativo, cuja promoção de um estilo de vida saudável é transversal a todas as atividades”, realçou. A presidente sublinhou ainda no momento da entrega da bandeira da Cidade Europeia do Desporto que o Município tem feito uma forte aposta no setor, tanto através da organização e apoio de eventos, quanto na requalificação de equipamentos locais destinados à prática das mais variadas modalidades.

Além de Maria das Dores Meira, a delegação de Setúbal contou com as participações, entre outros, do vereador do Desporto, Pedro Pina, da antiga atleta olímpica Rosa Mota e do ex-jogador de futebol Fernando Tomé. À delegação setubalense juntou-se ainda o eurodeputado João Ferreira e o presidente da ACES Portugal, Nuno Santos. O programa “Setúbal Cidade Europeia do Desporto 2016” foi apresentado, após a cerimónia oficial, numa sessão especial para eurodeputados portugueses e pessoal técnico do Parlamento Europeu. A ação de promoção do programa setubalense no Parlamento Europeu foi dinamizada por Maria das Dores Meira, mas também por Rosa Mota, patrona, tal como José Mourinho, do projeto sadino a desenvolver ao longo do próximo ano. O programa de Setúbal assenta em quatro princípios, como o “Setúbal 2016 #Inclui | Desporto para Todos”, no qual é reconhecida e

concretizada através do programa a importância da atividade física e desportiva para todos os cidadãos. No conceito “Setúbal 2016 #Transpira | Eventos Desportivos” o programa transpõe a vontade de organizar grandes competições desportivas, dedicadas a atletas de alto-rendimento e com forte componente de espetáculo para o público. Em “Setúbal 2016 #Ensina | Qualificação e Conhecimento” o programa procura promover o conhecimento e a qualificação de todas as pessoas e organizações envolvidas e interessadas na temática do desporto. Por fim, no âmbito da atribuição do galardão, é desenvolvida a área programática “Setúbal 2016 #Inspira | Desporto e Cultura”, através da qual o projeto setubalense vai apresentar o desporto visto como uma manifestação cultural, pela força universal da expressão, anulando barreiras culturais, como a língua, a religião e as fronteiras geográficas.

Associativismo envolvido no programa A Câmara Municipal reuniu no início de novembro com representantes de clubes, associações e coletividades para apelar ao envolvimento do movimento associativo do concelho no programa da Cidade Europeia do Desporto 2016. Em dois encontros, conduzidos pelo vereador com o pelouro do Desporto, Pedro Pina, na Casa da Baía, marcaram presença mais de setenta pessoas em representação de cerca de quarenta coletividades, clubes e associações de Setúbal. A iniciativa serviu para dirigentes e pessoal técnico se aperceberem da dimensão do

programa desportivo para todo o ano de 2016. Pedro Pina destacou que a Cidade Europeia do Desporto é um projeto do concelho e não apenas da Câmara Municipal, sendo crucial o envolvimento, nos mais diferentes níveis, da população e das instituições. O autarca adiantou a intenção de criar uma bolsa de voluntariado que possibilite ao movimento associativo um envolvimento ainda mais próximo na organização de eventos a desenvolver no âmbito do programa. A Autarquia realizou, também, um encontro semelhante com o setor privado desportivo do concelho, nomeadamente ginásios.


academia

22SETÚBALoutubro|novembro|dezembro15

Jogos que, simultaneamente, divertem e ensinam, para plataformas móveis, foram criados por dois diplomados da Escola Superior de Tecnologia. Uma rede de partilha de conhecimento, impulsionada pelo Instituto Politécnico de Setúbal e assente em sinergias, aponta ao desenvolvimento e inovação da região

A jogar também se aprende

A matemática, as línguas e a música desafiam crianças dos 3 aos 12 anos nos jogos digitais do projeto Play4Edu. Para já são quatro, disponíveis somente para plataformas móveis. Foram criados a pensar nas crianças, incluindo com necessidades especiais, mas também nos pais e professores. Lúdicos, pedagógicos e inclusivos. Estas são características diferenciadoras das criações de Francisco Fernandes e Carla Ventura, licenciados em Engenharia Informática pela Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Setúbal. São um casal, pais e empreendedores do projeto. Da adversidade surgiu a oportunidade. Francisco Fernandes, professor de informática, ficou desempregado enquanto frequentava o curso superior. A paixão pela educação e o gosto pela programação conduziram-no a uma primeira experiência no mundo dos jogos lúdico-pedagógicos.

A instabilidade profissional também levou Carla Ventura ao projeto Play4Edu e ao ímpeto de criar algo lúdico com objetivos pedagógicos. Quando pesquisavam aplicações para a filha aperceberam-se de que ou não eram adequadas ou tinham publicidade imprópria. As capacidades técnicas e o conhecimento daquilo que deveria ser uma aplicação com conteúdos educativos de qualidade deram o mote para a maturação do projeto que, atualmente, caminha para o negócio, com o apoio do IPStartUp, incubadora de ideias do Politécnico de Setúbal. “Princess Agnes and Friends”, “Baby Feed Animals”, “Prisma” e “Children Play Music” são as aplicações de jogos disponíveis para os sistemas iOS e Android, todas com versões gratuitas, limitadas, que podem ser adquiridas totalmente desbloqueadas por preços que começam nos 0,99 euros. Os jogos, disponíveis em português, inglês, alemão e espanhol, dispõem

de configuradores de dificuldade, consoante as idades dos utilizadores, e incluem controlo de parentalidade, ou seja, opções que definem a amplitude de acesso das crianças às valências da aplicação. Através dos jogos, as crianças treinam números e letras, brincam com sons e fazem associações de formas. O sucesso no cumprimento dos desafios didáticos é recompensado com prémios que depois podem ser utilizados na vertente lúdica que faz as maravilhas dos mais pequenos. O Play4Edu já foi às escolas, com resultados positivos. “Pudemos ver a reação de crianças e educadores. A adaptação aos jogos correu bem, inclusive por alunos com necessidades especiais, o que nos dá ainda mais motivação para continuar”, realça Carla Ventura. Os mais de 10 mil downloads das quatro aplicações nos mercados nacionais e internacionais também ajudam, assim como alguns prémios já alcançados, nomeadamente

nos concursos Poliempreende regional e nacional e no InovPortugal.

Piratas à vista Entre as várias propostas para o futuro, a dupla tem em desenvolvimento a aplicação “Pirate Mike and Friends”, com sete jogos orientados para o ensino da música, letras, formas, matemática, animais, sequências e mecanismos de associação. “A ideia é a mesma das outras aplicações. Um jogo educativo que é divertido e que, ao mesmo tempo, dá às crianças as ferramentas de que esta necessita para aprender de forma autónoma, com motivação e atenção enquanto ­jogam”, explica Carla Ventura. A Play4Edu, que também elabora projetos de acordo com as necessidades específicas do cliente, tem em estudo aplicações destinadas a apoiar pessoas com dificuldades na comunicação oral, bem como ferramentas direcionadas a crianças com autismo e paralisia cerebral.

Já na área de iniciação à leitura, a dupla de empreendedores tem em desenvolvimento livros digitais animados, os quais permitem que a criança intervenha na construção da própria história. O projeto, dinamizado em colaboração com Luís Baião, da Cercigaia, inclui minijogos.

Do digital ao real Os empreendedores optaram por “dar vida” a uma das personagens. “Agnes” vai ser um brinquedo real, com o qual as crianças podem também brincar. “A ideia é não só promover os jogos, mas também associar algo físico ao jogo digital”, revela Francisco Fernandes. O protótipo já está a ser preparado, e de forma especial, com o brinquedo a ser concebido com a colaboração de uma artesã portadora de deficiência, que demora 15 dias úteis a fabricar uma boneca que respeita um conjunto de criteriosas regras de segurança europeias.

Oportunidades partilhadas em rede O desenvolvimento e inovação da Península de Setúbal está na mira do In2set, projeto lançado no início deste ano, com coordenação pelo Instituto Politécnico de Setúbal e que envolve uma rede de parceiros dos setores económico, social e ambiental em torno de um objetivo comum. Empresas, indústria, serviços, organizações e instituições sociais e ambientais fazem parte deste interface colaborativo que “procura contribuir ativamente para o conhecimento aprofundado e sistematizado da região”, explica Filipe Cardoso, coordenador do In2set. O projeto traduz-se em compilar “informação geral, temática e se-

torial que permita a todos os intervenientes neste processo tomar decisões estratégicas tendo em vista a identificação de prioridades de investimento” que aponte ao desenvolvimento e inovação da região, realça aquele responsável. O trabalho já desenvolvido no âmbito do In2set é materializado num site (www.in2set.ips.pt), no qual é disponibilizada “uma compilação de estudos que permitem perceber quais são as oportunidades reais de investimento prioritário na Península de Setúbal”, vinca Filipe Cardoso. “Acaba por ser a porta de entrada para o In2set.” O In2set, atualmente com cerca de uma dezena e meia de parceiros,

destinado a facilitar a tomada de decisão de investidores, está organizado em áreas temáticas, como o turismo, os setores de alta/média tecnologia e serviços de conhecimento intensivo e a economia azul. Das grandes áreas de intervenção do projeto fazem ainda parte o território e o ambiente, a eficiência energética e as energias renováveis, a mobilidade urbana sustentável, o envelhecimento ativo e a qualidade de vida, a par do empreendedorismo e inovação. Além da sociedade em geral, o In2set pode constituir uma ferramenta valiosa para os estudantes do Instituto Politécnico de Setúbal, em concreto no desenvolvimento e

concretização de projetos direcionados para as necessidades reais dos variados agentes da região. Através deste envolvimento, “é mais fácil adaptar, igualmente, o processo formativo e, por outro lado, indiretamente, garantir que os alunos quando terminam o percurso académico têm o conhecimento adequado daquilo que é expectável do lado das empresas”. Em suma, o In2set procura gerar informação e criar valor para a região, assim como revitalizar o tecido organizacional e empresarial. “Tudo isto com base na concretização de projetos colaborativos em que estejam envolvidos todos os atores”, destaca Filipe Cardoso.


rumos

23SETÚBALoutubro|novembro|dezembro15

“Expresso-me como sei” Ricardo Campos diz-se comandado por bichos-carpinteiros. São eles os responsáveis por estarem a definir o jovem setubalense de 23 anos como uma promessa nas artes plásticas do País. Multifacetado artisticamente, pinta, desenha, escreve, representa e fotografa, numa lista que fica incompleta por falta de espaço nesta página. A licenciatura na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa abriu-lhe portas. Por mérito próprio, foi escolhido pela universidade para representar os artistas plásticos jovens num evento sobre os 20 anos da TVI. Aí, o júri, com nomes como Joana de Vasconcelos e Marcelo Rebelo de Sousa, escolheu-o como o autor do melhor projeto, uma instalação artística. Também já foi eleito jovem revelação pela Câmara Municipal. Colabora com o Teatro Estúdio Fontenova, deu aulas, expõe e, não admira, diz ter a cabeça sempre a fervilhar com ideias. O atelier na Praça de Bocage, onde cria e dá cursos, chama-se “Desassossego”. Diz que a inspiração no livro de Fernando Pessoa o resume como artista e pessoa, pela vontade que tem em fazer. Licenciado em Pintura e multifacetado artisticamente, com trabalhos em áreas como fotografia, teatro e desenho. Que inspiração é esta? São as artes no geral. A licenciatura foi uma escolha numa altura em que nos dizem que temos de fazer opções. E há ainda a cenografia, a representação, a escrita. Estas até fogem um pouco dos parâmetros das Belas-Artes... Acredito que não. Está tudo interligado. Também escrevo e interpreto no meu trabalho de artes plásticas. Tem um caráter muito performativo, que reflete a fisicalidade do corpo. Portanto, há sempre pontos e elos em comum que têm que ver com esse caráter plástico. Como se dominam tantas linguagens artísticas?

Dominar daria origem a uma conversa bem diferente... Nesse caso, como se gerem as emoções que alimentam cada expressão? Através da vontade de fazer, de deixar uma marca. A minha vontade é tanta que acabo por ter vários bichos-carpinteiros. O trabalho molda-se ao longo do tempo. Começo com uma ideia e é ela que me direciona, mais do que o meio. Hoje uso uma tela, mas amanhã a mensagem talvez precise de vídeo ou de uma performance. Procuro a melhor via para comunicar. Por isso, deixo fluir esses bichos-carpinteiros. Acabam por ser bons. Não podem também prejudicar? A dispersão não compromete o domínio exigido em determinada vertente artística? Sim. Pode ter dois lados. No final, eu

decido o que devo ou não mostrar. É uma escolha do artista selecionar o que é seu e íntegro para comunicar para o mundo. Há muita coisa que faço neste atelier que não interessa a ninguém.

monólogo, o “Bom dia! E outros pensamentos.”, em que reflito sobre isso. O artista sempre viveu em crise e nesse espetáculo expressam­ ‑se preocupações que podiam ser de hoje ou de há quinhentos anos.

A propósito de atelier, as paredes estão decoradas com imagens e textos. A maioria sobre o corpo. Esta é uma temática transversal ou uma fase artística? Sempre me interessou direcionar o trabalho sobre o ser humano. Visualmente traço referências de caráter figurativo, em que procuro uma imagem mais universal, sem pontualizar no tempo e no espaço. Procuro a essência do Homem.

Como é que um artista encara essa e outras crises? Com preocupação. Já não existe o artista sonhador, romântico, que só pinta e desenha. Não faz sentido hoje. Esta área tem características que tornam difícil o início do percurso. Se as coisas estão complicadas, se a Cultura não tem mais do que 1 por cento [no Orçamento do Estado], temos de nos adaptar. Tende-se a esquecer a importância da Arte. É uma prioridade para quem a faz. E quem a faz não sabe fazer outras coisas. Falo por mim. Com outras qualidades, que proporcionassem mais trabalho, usava-as. É uma necessidade de expressão.

Trata-se de Existencialismo? Talvez, mas mais estético do que filosófico. Interessa-me o arrastamento do corpo no espaço, o abandono, a solidão. Escrevi um

Sou teimoso, por isso expresso-me como sei. Nos primeiros passos de uma carreira existem muitos rumos possíveis. Existe algum destino traçado? Num mapa, porventura? Nenhum em especial. Sou umbilical em relação a Setúbal, a Portugal, à família e aos amigos. Gostava de experimentar uma residência artística ou uma formação fora do País. Vejo muita gente que esteve lá fora e isso deu-lhes “frescura” no trabalho. Deve dar maior destreza. Sair da zona de conforto pode servir para ir buscar ideias a outras realidades e acabar enriquecendo a nossa. Vejo essa possibilidade como uma ferramenta, embora também tenha curiosidade. Não sou viajado. Se calhar, quando começar, já não paro, o que me parece difícil. Sinto necessidade de fazer algo por aqui e construir o meu caminho aqui.


Tulhas de cereais, máquina registadora e balanças antigas, medidas de latão. A Mercearia Confiança de Troino, de volta ao Largo da Fonte Nova, transporta quem a visita para uma época distante das correrias e filas do supermercado. Ponto de abastecimento noutros tempos é agora museu e café

Regresso ao passado Depois de muitas obras, a Mercearia Confiança de Troino, fundada em 1926, reabriu em setembro de cara lavada. A recuperação do antigo espaço, na Praça Machado dos Santos, o Largo da Fonte Nova, resultou de uma parceria entre a Câmara Municipal de Setúbal e Eduardo Silva, proprietário da antiga e tradicional mercearia do bairro (ver caixa). A essência da típica mercearia do “Sr. César”, restaurada como homenagem ao pai do proprietário, César Figueiredo da Silva, não mudou. Para muitos, é inevitável sentir que se recuou até aos tempos do Pátio das Cantigas. Uma placa branca de alumínio com a referência com o nome da mercearia e do antigo proprietário, juntando-lhe “mercearias, alumínios e louças” dá as boas-vindas aos visitantes do, agora, espaço museológico. A decoração é simbólica. O chão quadriculado marca essa “viagem” ao passado. Os armários são brancos, cópias das estantes e balcões das antigas mercearias. Dentro deles, não faltam os sortidos de bolachas e biscoitos Paupério, os clássicos boiões de creme Nívea, as embalagens de cereais All-Bran e do chocolate Cola Cao, com forma-

tos e imagens bastante diferentes em relação aos que vemos hoje nas prateleiras dos supermercados. Por cima das estantes, as paredes são forradas pela imagem do detergente Omo, que prometia lavar mais branco. “Foi tudo retirado, o pavimento é novo e foi feito um restauro de todos os móveis que existiam na mercearia”, explica Eduardo Silva, proprietário do espaço. Entre as conservas saltam à vista aquelas que lembram outros tempos – marcas como Alva, Prata do Mar e Tricana –, as que são feitas

com atum, azeite e tomate ou simplesmente sardinhas em óleo. Na Confiança de Troino cruzavam‑se moradores do bairro piscatório com pessoas das zonas rurais de Setúbal e tripulantes dos barcos que atracavam para se reabastecer. As bombas medidoras de azeite e óleo alimentar retratam uma outra forma de venda. Eram poucas as coisas que se compravam embaladas. Quase tudo se adquiria a granel. Outra das preciosidades expostas no espaço são as senhas de racionamento, do pós-II Guerra Mundial. Numa altura em que praticamente

todos os artigos de primeira necessidade faltavam ou estavam sujeitos a rigoroso racionamento, a Câmara de Setúbal entregava senhas de dois centavos. Mas as ideias que ali se concretizam não pertencem apenas ao passado. A mercearia, apesar de manter o desenho da antiga loja, conta com um toque de modernidade, aqui e ali, sempre ancorado numa estética vintage: de um lado a zona do freguês, de outro a do merceeiro. “O merceeiro não era só aquele que vendia os produtos alimentícios, mas também o homem a quem competia

Espaço com cogestão municipal Eduardo Silva e a Câmara Municipal de Setúbal juntaram-se para recuperar a Mercearia Confiança de Troino, criada nos anos 20, e dar-lhe um novo uso. No âmbito de um protocolo de cogestão, mediante a cedência do imóvel por um período de cinco anos pelo proprietário, a Autarquia recuperou as instalações para que passem a funcionar também como centro de divulgação e informação turística e de promoção e venda de produtos regionais,

incluindo serviço de cafetaria. O espaço, cedido a título gratuito, foi beneficiado com intervenções executadas pela Autarquia, nomeadamente ao nível das pinturas, sem custos para o proprietário, que também realizou melhoramentos. A Autarquia salienta que “o comércio tradicional, como as mercearias, eram locais de convívio onde as pessoas socializavam e passavam informação entre si” e que a Confiança de Troino “é um exemplo vivo e representativo desse fenómeno do passado, que

enriquece com a sua história e com a cultura ligada às vivências sociais e aos sabores e saberes regionais”. A mercearia tem ainda uma componente pedagógica, a cargo de Eduardo Silva, que serve para os mais novos terem a noção de como se vivia antigamente. As visitas, destinadas à comunidade escolar e ao público em geral, podem ser marcadas através dos serviços da Casa da Baía, localizada na Avenida Luísa Todi, contactável através do telefone 265 545 010.

retratos

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aferir comportamentos sociais das pessoas, que tinham de ter um carimbo da mercearia para atestar o seu grau de idoneidade”, nomeadamente para os “contratos de rendas de casas, de água e de eletricidade”, conta Eduardo Silva, engenheiro químico-industrial, aposentado da Inapa. E atrás, onde era o armazém da Confiança de Troino, há agora uma sala nova, que também pode ser visitada. Sacas, jarros para transporte e pesagem de mel, canastros para transporte dos avios à casa dos fregueses e piadeiras para corte dos enchidos são alguns dos apetrechos que completam o espaço. A Mercearia Confiança de Troino está agora voltada sobretudo para a divulgação e informação turística e a promoção e venda de produtos regionais, incluindo serviço de cafetaria. Há menus de refeição que variam entre os três e os dez euros. Tostas servidas com queijo de Azeitão ou paio, acompanhadas de azeitonas ou batatas fritas. São ainda servidos sumos naturais. Aberta de terça-feira a sábado das dez da manhã às seis e meia da tarde, a Mercearia Confiança de Troino oferece um conjunto de produtos nacionais e regionais para venda, como vinhos, moscatel e doçaria.


Doutores “profissionais”, não curam pernas partidas ou sequer ministram uma vacina. O estetoscópio não funciona e provavelmente não sabem como se faz uma radiografia. Mas sugerem um remédio que pode ser, muitas vezes, bastante poderoso. São palhaços e neles nasce o melhor antibiótico para a alma: o riso

A profilaxia do humor Os narizes verdes, únicos no mundo, parecem predadores pelos corredores do Hospital de S. Bernardo. Os doutores Nano Sirene e Avionet andam à caça. De gargalhadas. A equipa de serviço dos Remédios do Riso, por entre beijinhos, abraços e gracejos, tem uma vida social ativa no demorado percurso até ao quinto andar do hospital, na pediatria, onde se encontra o quarto que servirá de camarim. Do pessoal médico, técnicos, auxiliares e pacientes, conhecem a maioria das pessoas com que se cruzam. São raras as que não dispensam pelo menos uns segundos para os cumprimentar, mesmo que José Torres e Rui Ferreira ainda não tenham vestido a pele, respetivamente, do Dr. Nano Sirene e do Dr. Avionet.

José Torres e Rui Ferreira são dois dos sete palhaços profissionais que constituem a Associação Remédios do Riso – Doutores Palhaços e o S. Bernardo é um dos quatro hospitais, todos no sul do País, onde desenvolvem atividade. Os restantes são a CUF Descobertas, em Lisboa e o único de gestão privada, o Espírito Santo, em Évora, e o de Faro. “Um hospital não é um lugar para rir. Mas o riso deve estar no hospital”, explica José Torres, espanhol natural de Cádis, há vinte anos a viver em Portugal e um dos mentores do projeto. Sem fazerem do hospital uma palhaçada, fazem, isso sim, com que profissionais e pacientes, adultos e miúdos, se abstraiam por instantes das enfermidades que os fizeram encontrar entre as mesmas paredes. Uns minutos bem-dispostos ajudam a aligeirar horas ou dias de adversidades. Que o diga o novo governo que tomou posse na Sala de Tratamento de Quimioterapia, no Serviço de Oncologia do S. Bernardo. Sete pacientes foram prontamente empossados na visita de Nano Sirene e Avionet como ministros e ministras das Finanças, da Agricultura e, no caso de um utente apanhado a dormitar, do Alentejo. O humor deu um golpe de estado naquela sala onde todos aderiram à preciosa revolução.

Rir com regras

rosto Riso de ministra Quando entrou na sala de tratamento já os Remédios do Riso deliciavam pacientes e pessoal técnico. Hermínia Leal, 80 anos, passa horas a fio no Serviço de Oncologia desde o ano 2000. “Custa muito, mas estes momentos ajudam bastante.” Rapidamente os Doutores Palhaços a encaminharam ao “gabinete” da nova ministra das Finanças. “Pensa que lhe vou dar algum subsídio, mas daqui não leva nada”, graceja a octogenária ao alinhar na brincadeira com Nano Sirene. “Já os conhecia. Aos de hoje ainda não, mas já vi colegas deles. São sempre muito engraçados.” Hermínia Leal é um rosto deste projeto, como podia ser o senhor Frederico ou o pequeno Afonso. Todos pacientes do Hospital de S. Bernardo. Como também podia ser Francisco Vaz, enfermeiro-chefe do Serviço de Pediatria, que jura que “qualquer dia ainda faz parte da equipa de palhaços”. Porque estes rostos, entre doentes e profissionais, ficam iguais à passagem dos Doutores Palhaços, com sorrisos rasgados de alegria.

Colocado o tal nariz verde, único no mundo, são Nano Sirene e Avionet, mas quando o tiram, geralmente deslizando-o para debaixo do queixo, são José Torres e Rui Ferreira, mesmo que a maquilhagem e indumentária indique o inverso. Este pormenor faz a diferença entre o entretenimento do palhaço que jura, com ar insanamente provocador, que “a dona enfermeira está cada mais sensual” e a seriedade dos profissionais que perguntam aos técnicos quantos doentes há naquele dia e que enfermidades têm, importante etapa a que apelidam de “Transmissão”. “Pode haver doenças facilmente transmissíveis, particularidades sociais a respeitar ou até quem simplesmente não possa rir”, explica José Torres.

iniciativa

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“O não poder fazer rir, porque, por exemplo, o paciente foi operado a uma apendicite, é o mais complicado”, confessa Rui Ferreira. A dupla Nano Sirene e Avionet respeita um leque de regras seguido escrupulosamente por todos os palhaços profissionais da associação. “Antes de se ser um Dr. Palhaço, tem-se de ser um palhaço profissional”, é a primeira condição a respeitar, explica José Torres. As restantes, além da referida “Transmissão”, incluem, entre outras, não brincar com os problemas de saúde e, no caso das crianças, só entrar nos quartos mediante autorização expressa dos pequenos pacientes. “Médicos e enfermeiros levam o dia a invadir-lhes a privacidade sem perguntar nada. E tem de ser assim. Nós damos a liberdade de poderem dizer ‘não”, observa José Torres. Na maioria das vezes, todavia, os narizes, os tais que são únicos no mundo, recebem sinal verde de entrada. A Sofia, 9 anos, partiu uma perna e está na companhia do pai quando lhe batem à porta. Voam lenços pelo quarto, usam-se extravagantes óculos de sol, tiram-se fotos sem rolo. Reina a galhofa. “Sabia que existiam e que era uma possibilidade”, diz José Ribeiral sobre a eventualidade de inusitada visita. “Ajudam muito as crianças a passarem o tempo”, garante, enquanto a filha confirma a análise com um envergonhado, mas decidido, “diverti-me”. Este trabalho de louvor tem um custo. Não para os hospitais e muitos menos para os utentes. A associação vive de apoios institucionais e debate-se com problemas financeiros. Tanto que as duas visitas semanais ao S. Bernardo tiveram de ser reduzidas a uma. O projeto está amplamente explicado na página de internet www.remediosdosriso.pt e é possível contribuir-se para a causa através do número 760 307 777. Os 60 cêntimos da chamada ajudam o grupo e os seus narizes verdes, únicos do mundo pela cor, símbolo destes Doutores Palhaços que fazem rir e dão esperança.


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Primeiro, chegaram os romanos, depois, muito mais tarde, a gente ligada ao mar e, atrás deles, os operários. O Troino não escapou ao terramoto e o cheiro a peixe encheu-lhe as ruas. O Largo da Fonte Nova, situado no coração do bairro, é a praça central que acolhe a maioria dos restaurantes. Nos dias de hoje, continua com forte ligação ao mar e à pesca.

memória

História

FASCÍNIO. Miúdos na Rua António Maria Eusébio a espreitar o cinema Casino Setubalense, nos anos 30 ou 40. Imagem do Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro

Bairro castiço de nome incerto É um dos bairros antigos de Setúbal, que remonta à época romana, e onde terá nascido a pronúncia “charroca”, localizado numa das zonas mais emblemáticas da cidade, mas persistem dúvidas quanto à origem do seu nome. Pinho Leal no “Portugal Antigo e Moderno” advoga uma explicação relacionada com Troia. Para o investigador, na outra margem do Sado, quando as areias começaram a invadir a cidade que lá existia, os habitantes ter-se-ão refugiado em sítios como Alcácer, Sesimbra e Palmela. No entanto, os pescadores apenas tiveram de atravessar o rio e, em frente de Troia, “fundaram, no século X, uma povoação e algumas marinhas de sal, dando a isto o nome de Troína, como quem diz Pequena Troia”, designação que, com o tempo, segundo o autor, se alterou, convertendo-se em Troino. Outra explicação dá-nos Almeida Carvalho nos registos manuscritos existentes no Arquivo Distrital de Setúbal. Segundo o investigador, a designação “Troino” apareceu depois do reinado de D. João I, entre 1385 e 1433. “Talvez nesse lugar ou arrabalde da vila estive assentado algum trom, máquina bélica de arremessar pedras”, aponta, explicando que nas imediações de Setúbal havia algumas fortalezas e que “bem poderiam ser que em algum lugar forte do sítio, que depois se chamou arrabalde de Troino, existisse algum trom”. Outra explicação do autor está relacionada com a configuração geomorfológica da zona. “Antigamente dizia-se arrabalde de Trouno, isto é, do Trono, nome derivado da serra em

forma de trono que fica no mesmo arrabalde, em forma de anfiteatro.”

O largo da fonte Alice Brito no livro “As Mulheres da Fonte Nova” alude a outra questão associada à geometria íntima deste bairro piscatório, em concreto do Largo da Fonte Nova, “inscrita na criançada, que ao jogar às escondidas interiorizava cada canto e recanto, cada rua que lá ia ter, cada esquina, cada pedaço de chão, sendo todo aquele território a casa lúdica da infância do Troino, na ausência de brinquedos, de saídas e de passeios”. Esta zona da cidade desenvolveu-se ao longo dos séculos XV e XVI, estendendo-se, junto do rio, desde o Sapal – atual Largo de Jesus – até à Fonte Nova. Com o terramoto de 1755 a Igreja Paroquial ficou destruída e, cerca de cem anos mais tarde, no sismo de 1858, esta zona da cidade também não escapou. “Nada ficou de pé. Todas as ruas que vão dar ao Largo se trans-

formaram em poucos minutos num mar de ruínas. No chão, muita parede decomposta em pedaços imprestáveis, muita telha de telhados que caíram pesados e perigosos, tábuas carunchosas e tábuas firmes, panelas de barro e fogareiros, meu deus, que inferno de perdição, que tristeza tão triste”, descreve o livro de Alice Brito. O Largo da Fonte Nova, actual Praça Machado dos Santos, é considerado um espaço determinante para o perfil urbanístico do bairro de Troino. “Este espaço polariza um traçado radial de vias que para ele confluem”, refere José Custódio Vieira no livro “Vilas e Cidades de Portugal”. O nome deve-se à existência de uma fonte, sempre conhecida por “nova”, apesar de não se saber a data da construção. No livro “Histórias da Região de Setúbal e da Arrábida”, João Ribeiro menciona uma crónica publicada em “Coisas de Setúbal”, na qual se explica que o nome atribuído à fonte constituía prova de “que havia uma fonte velha que estaria pouco mais ou menos perto daquele local”.

CENTRAL. Largo da Fonte Nova, a 20 de março de 1946. Imagem do Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro

Ao longo da história do Município, várias posturas têm tido a Fonte Nova como referência. Em 1561, era determinado que ninguém entrasse “dentro da Fonte Nova a tomar água dela, nem ali lavasse as mãos ou fizesse sujidade”. Dez anos depois, uma ordem de D. Sebastião mandou que fosse “lançada uma finta” sobre os setubalenses, na “importância de 300 mil réis, para se cobrar em dois anos e ser aplicada à mudança e conserto da Fonte Nova”. Ao escrever sobre a Fonte Nova, João Ribeiro evoca “os embarcadiços e mareantes que levavam para o mar o barrilinho de água da Fonte Nova”, porque a sua “cantante e fresca água tinha fama e viveu no folclore e na tradição popular”, de tal forma que, “entre os velhos setubalenses, era costume dizer-se de quem bebia água da Fonte Nova não saía de Setúbal”.

As gentes do Troino A indústria conserveira trouxe, entre meados do século XIX e início do século XX, grande empregabilidade aos habitantes do Troino, provenientes, principalmente, de Olhão e Tavira. Com a cidade a crescer, a Câmara Municipal aprovou, em 1886, um projeto de construção de um novo bairro social, na praia do Penedo, para albergar os pescadores e os industriais. “Porte altivo, desdenhos e um pouco desordeiros”, os pescadores do Troino “vestiam camisolas fortes, barretes grossos, calças de serrabeco, cinta preta, grandes botas altas de cabedal até acima dos joelhos e cujas solas são de madeira, grandes meias de lã dentro

delas”, caracteriza Augusto Martins, no livro “Breve História do Bairro de Troino e Zona Envolvente”. Já as mulheres “trajavam saias compridas e rodadas, blusas iguais ou cor diferente, um avental que acompanhava o comprimento da saia, lenço na cabeça e muitas ainda punham o lenço de cambraia e o capote”. Atualmente, o Troino usufrui de esplanadas, cobertas pela sombra das árvores, em que restaurantes têm vários menus de pratos de peixe. Próximo, na Praça Marquês de Pombal, está o pelourinho da cidade, erguido na segunda metade do século XVIII. Nas faces do pedestal, quatro legendas historiam a transferência do pelourinho para este local sendo, a par com o Pelourinho de Azeitão, um dos poucos que se conhecem. Alguns metros adiante, na Praça Teófilo Braga, encontra-se a Fonte do Sapal, em estilo barroco. Um pouco por todo o lado, com predominância nesta praça, encontram­ ‑se algumas das fachadas de prédios mais características de Setúbal, revestidas a azulejo e com varandas em ferro forjado em estilo arte nova. Fontes “As Mulheres da Fonte Nova”, Alice Brito, Editorial Planeta, 2012. “Breve História do Bairro do Troino e Zona Envolvente”, Augusto Martins, Setúbal, 2012. “Histórias da Região de Setúbal e Arrábida”, João Ribeiro, Setúbal, 2003. “Setúbal”, in Portugal Antigo e Moderno, vol. IX, Pinho Leal, Lisboa, Livraria Editora Matos Moreira & Cª. “Setúbal”, col. “Vilas e Cidades de Portugal”, José Custódio Vieira da Silva, Lisboa, Editorial Presença, 1990.


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Pessoa

O pintor da cidade

Artista sem escola, numa arte espontânea, individual, com uma modéstia muito sua, e sem o alarde de ostentação da obra que realizou, Francisco Augusto Flamengo, nascido a 27 de fevereiro de 1852 na freguesia de Santa Maria da Graça,

desenvolveu o seu trabalho na decoração de igrejas e capelas, e no retrato a óleo. Entre os vários trabalhos, destaque, em Setúbal, para a pintura decorativa do palco, sala e pano de boca do antigo Teatro Bocage, na sequên-

Edifício

Convento com diferentes funções

O edifício que alberga a Polícia Judiciária de Setúbal, na Praça General Luís Domingues, na zona de Palhais, é indissociável da história da cidade, graças às várias funções que já desempenhou. O Convento da Boa-Hora terá sido fundado no século de XVI, com alguns registos a apontarem como data o ano de 1566, passando, mais de um século depois, para a tutela da Ordem dos Agostinhos Descalços, um ramo da Ordem de Santo Agostinho surgido de um anseio de renovação espiritual, cujos frades adotaram o uso de sandálias como sinal externo de desprendimento. Este facto justifica que Convento dos Grilos seja outro nome por que aquele edifício também é conhecido, nomeadamente pela população de Setúbal, uma vez que a Ordem dos Agostinhos Descalços ficou conhecida por “Grilos”, por relação com o nome do local de Lisboa onde se instalou inicialmente em Portugal.

Maria Quintas e José Rebelo, no livro “Conheça um pouco mais sobre Setúbal”, dão conta de que, a 26 de janeiro de 1822, se realizou na igreja do Convento da Boa-Hora “uma grande pompa religiosa, uma festividade para comemorar o primeiro aniversário das cortes gerais, extraordinárias e constituintes”, na qual marcaram presença “todas as au-

ontem

cia de obras de melhoramento em 1884, e para a pintura que se encontra a enquadrar uma imagem de Nossa Senhora do Rosário, no topo norte do transepto – galeria transversal que numa igreja forma a cruz com a nave central – da Igreja de São Sebastião. A obra do artista plástico também pode ser encontrada noutras localidades do sul do País. Além de interiores de igrejas, foi muito solicitado para a decoração de casas particulares. Um desses trabalhos está numa sala situada no primeiro andar de um edifício localizado na Praça de Bocage. Nas obras que pintou estão incluídos quadros representando aves, peixes, frutos e flores, assim como espaços de Setúbal e arredores, como romarias, pastagens, lezírias e ranchos, e figuras típicas da cidade, incluindo Bocage e Manuel Maria Portela. “Alma simples de artista, com uma vigorosa técnica na execução dos trabalhos, consciência nos desenhos e no

toridades, ordens religiosas, clerezia, várias corporações e grande concurso de povo”, e “houve parada militar com descargas dadas pela tropa da guarnição; as fortalezas salvaram e à noite houve uma bonita iluminação”. Mais tarde, em 1858, parte do edifício foi concedido ao Município, que ali estabeleceu aulas do Liceu Municipal de Setúbal, o primeiro

conjunto, decorações típicas, pinturas de traços delicados, ia espalhando bocadinhos de oiro pelas suas telas”, escreveu o jornal “A Mocidade”, num artigo publicado em 1915 pelo jornalista setubalense João Cardeal Rocha.

Ligações ao teatro Francisco Augusto Flamengo teve como mestres José Maria Pereira Júnior e João Elói do Amaral, que o encontrou pelas ruas de Setúbal, de pé descalço, a desenhar com pedaços de carvão nas paredes dos prédios. Mas não foi só na arte da pintura que o artista se destacou. Teve um importante papel como cenógrafo, tornando-se um importante impulsionador da energia criativa do meio teatral e associativo local. Entre 1908 e 1912, tomou parte em revistas locais, em especial as de Manuel Envia, contando-se “Cenas e Quadras”, “Pião de Dois Bicos”, “No Reino do Pagode” e “Por Becos e Travessas”. Em “Setubalenses de Mérito”, João Francisco Envia alude à consciência que Francisco Flamengo tinha em

existente em Portugal, e as oficinas da abegoaria de limpeza da cidade. Foi ainda ocupado pelo Registo Civil e pelo Tribunal e, no rés do chão, teve também uma prisão. O imóvel, atualmente pertencente à Diocese de Setúbal, mantém o templo, no centro, denominado Igreja de Nossa Senhora da Boa-Hora, que celebra missas todos os dias, en-

O velhinho Campo dos Arcos, utilizado pelo Vitória Futebol Clube ao longo de quase meio século, até 1962, serviu de recinto desportivo de muitas gerações de jogadores, antes da construção do Estádio do Bonfim. É o caso desta equipa de juniores, captada pela objetiva do fotógrafo Américo Ribeiro em 1951, já lá vão quase 65 anos. O troço do Aqueduto dos Arcos, obra construída no reinado de D. João II, em 1487, com o objetivo de dotar Setúbal com um sistema eficaz de abastecimento de água potável, é testemunha nas duas fotos, a mais recente de Mário Peneque, referente a um tempo em que o campo deu lugar a uma zona verde de lazer, o Jardim da Algodeia.

relação ao valor dos trabalhos que pintava. “O grande mestre Columbano Bordalo Pinheiro pintou um quadro representando uma couve, que foi adquirido pelo então Presidente da República, Dr. Manuel Arriaga, pela importância de mil escudos, que, segundo a crítica, era um prodígio. Flamengo deslocou-se à capital para ver o célebre quadro, que se encontrava em exposição. No regresso a Setúbal, alguém lhe perguntou se se julgava com condições para levar a efeito uma obra igual. Por resposta disse-lhe: ‘Quantos quadros quer pintados a dez escudos?’.” No ano em que se cumpre o centenário da morte do artista, a Câmara Municipal organizou a mostra intitulada “Francisco Augusto Flamengo [1852/1915] – Um Pintor de Setúbal”, patente na Galeria Municipal do Banco de Portugal até 31 de janeiro, como forma de assinalar a influência e o contributo que teve na dinâmica artística local da época. Na exposição encontram-se quatro painéis com imagens de obras e informação biográfica, além de recortes de jornais contemporâneos do pintor e outros documentos, e vários quadros do autor, na maioria, retrato.

quanto um dos espaços laterais, independente, é ocupado pela Polícia Judiciária e o outro, com ligação interna ao local de culto, é a casa local da Congregação dos Missionários Claretianos. O edifício sofreu diversas alterações, em particular motivadas pelo terramoto de 1755, sismo que quase o destruiu. Praticamente o que existe atualmente é posterior a essa data e, por isso, o convento é de estilo neoclássico, com linhas mais direitas e com menos ostentação do que o original, barroco. De planta retangular, apresenta nave única para a qual abrem capelas laterais e a capela-mor. Na fachada neoclássica, o tímpano exibe as armas da Ordem de Santo Agostinho, partidas com as de Portugal e a águia de Hipona, alegoria a Santo Agostinho e emblema dos Eremitas Agostinhos. No interior, as paredes são revestidas por azulejos neoclássicos com cenas da vida de Santo Agostinho.

hoje


plano seguinte

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Ano Novo recebido junto do rio Pelo quinto ano consecutivo, Setúbal e Troia aproximam as margens do Sado para uma grande festa de passagem de ano, com fogo de artifício sobre o rio. Do lado de cá, a Doca dos Pescadores e a Praia da Saúde oferecem música. Os bares asseguram animação até de madrugada Setúbal recebe 2016 em festa de fim de ano que une as duas margens do Sado, numa noite de animação com música na frente ribeirinha e um espetáculo de fogo de artifício sobre o rio. A Câmara Municipal de Setúbal e o troiaresort organizam pelo quinto ano consecutivo o programa de réveillon “Venha Passar um Fim de Ano Azul Numa das Mais Belas Baías do Mundo”, com atividades centradas na noite de dia 31.

A frente ribeirinha de Setúbal volta a ser o local de excelência para receber o novo ano, com o programa “Azul”, dinamizado na Doca dos Pescadores e na Praia da Saúde, a proporcionar animações de participação gratuita. Numa tenda instalada na Doca dos Pescadores, a partir das 23h00, há um concerto com a banda Os Meus Meninos. Depois do fogo de artifício sobre o plano de água do rio Sado, à meia-noite, as primeiras horas da noite são animadas pelo DJ Tó Patronilho, num set mu-

sical a dinamizar entre as 00h30 e as 02h00. Nesta edição do programa “Venha Passar um Fim de Ano Azul Numa das Mais Belas Baías do Mundo”, a festa vai ainda até à renovada Praia da Saúde, local no qual a animação musical da noite de réveillon é assegurada por Jorge Nice, que atua entre as 23h00 e a 01h00. A festa da noite mais longa do ano também é feita nos bares e estabelecimentos de diversão noturna da frente ribeirinha e da Avenida Luísa Todi, que dinamizam, entre as 02h00 e

06h00, programas de animação para aqueles que escolhem Setúbal para a última noite de 2015. O programa “Azul”, organizado em parceria com a Águas do Sado, Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, Turismo do Alentejo, Atlantic Ferries e Casino de Troia, também se faz na outra margem do rio, na Marina de Troia, com o espetáculo pirotécnico sobre o rio Sado a centrar atenções da festa a partir da meia-noite.

Canto lírico com evento em Setúbal

A lente de Américo Ribeiro “Dizem que é Américo – Um fotógrafo | Outras Imagens | Novos olhares” é o título de uma exposição na Casa da Cultura por ocasião da comemoração do 110.º aniversário do setubalense, nascido a 1 de janeiro de 1906. Proximidades, enquadramentos pouco habituais e preocupações estéticas podem ser apreciados na mostra, patente entre 9 de janeiro e 5 de fevereiro na Galeria de Exposições da Casa da Cultura, que apresenta um conjunto de imagens inéditas. A iniciativa, organizada pela Câmara Muni-

cipal e o atelier DDLX, de contributo para um entendimento do vasto trabalho realizado pelo fotógrafo, inclui o lançamento de uma coleção de postais com base nas imagens da mostra, com inauguração a 9 de janeiro, às 16h00. Este é apenas um dos vários eventos a promover em 2016 de comemoração dos 110 anos de Américo Ribeiro, que perseguiu com a objetiva as ruas e os rostos de Setúbal, somando um espólio indispensável à compreensão de uma cidade que se transformou ao longo dos anos, reunido num arquivo municipal.

O Luísa Todi – Jovens Clássicos, evento nacional de promoção de carreiras do canto lírico, promove a segunda edição nos dias 28, 29 e 30 de dezembro, no Fórum Municipal Luísa Todi. A iniciativa, organizada pela Câmara Municipal, para jovens cantores líricos em início de carreira com sólida formação vocal, volta a impulsionar promessas do canto, depois de uma primeira edição realizada em 2013. O evento, com audições públicas de entrada gratuita, é dirigido a cantores nascidos entre 1 de dezembro de 1980 e 1 de dezembro de 1997. A segunda edição do Luísa Todi – Jovens Clássicos inclui audições nos dias 28 e 29, às 15h00, e uma gala final, a 30, às 21h30, com os mais promissores talentos do canto lírico. O evento funciona em parceria com o Prémio Jovens Músicos da RTP, o que permite formar elencos para apresentação pública remunerada dos artistas em espetáculos a apresentar no Fórum Luísa Todi e noutros locais do País.

O Luísa Todi – Jovens Clássicos goza ainda das vantagens de um protocolo que a Autarquia tem com a AMEC/Orquestra Metropolitana de Lisboa, abrindo portas à participação em espetáculos da instituição, especialmente no seu atelier de ópera. A iniciativa visa criar condições para artistas líricos abraçarem uma profissão de elevado nível de exigência e afirmar Setúbal como polo central da cultura musical erudita por inspiração da maior intérprete lírica portuguesa de sempre, Luísa Todi.


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