Jornal Municipal

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SETÚBAL

Construção do Alegro pág. 6 embeleza entrada

JORNAL MUNICIPAL.outubro | novembro | dezembro 2012.ano 12.n.º 47

Convívio de artes págs. 16 e 17

Emoção de volta ao palco do Fórum Margens do Sado festejam ano novo págs. 4 e 5

pág. 28

Orçamento de contenção mostra obra

Memórias do trabalho abrigadas em museu págs. 14 e 15

pág. 7

pág. 24

Talento navega na Baixa


2SETÚBALoutubro|novembro|dezembro12

SETÚBAL bro | L.outubro | novem JORNAL MUNICIPA

sumário

do Alegro pág. 6 Construção da embeleza entra

o 12.n.º 47 dezembro 2012.an

Convívio de artes

págs. 16 e 17

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Margens do Sado festejam ano novo

págs. 4 e 5

pág. 28

pág. 7

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Memóriaso do trabalh abrigadas em museu págs. 14 e 15

pág. 24

Talento navega na Baixa

4  PRIMEIRO PLANO  A Casa da Cultura acolhe todas as expressões artísticas. O modelo de gestão, com a participação de agentes culturais do concelho, garante programação regular, para satisfação dos públicos. 6  LOCAL  A ampliação do Jumbo permite a criação de um centro comercial com 115 lojas. É mais um investimento num concelho que, apesar da contenção orçamental, conta ainda com o apoio de mecenas. 11  FREGUESIA  O pinhal de Belcampo, em S. Lourenço, vai ter circuitos de manutenção. Uma rotunda melhora a fluidez nas Praias do Sado e a requalificação da Quinta do Bom Pastor, em S. Simão, é uma realidade. 12  AMBIENTE  A substituição das lâmpadas do Parque de Vanicelos por tecnologia LED reduz muito a fatura da iluminação pública. Noutro jardim, no Quebedo, é possível gastar menos e melhor em produtos biológicos. 13  SEGURANÇA  A capacidade de resposta a um acidente industrial grave na Mitrena foi testada à escala real. Um seminário, no dia seguinte, apresentou resultados do exercício e debateu a proteção e socorro. 14  PLANO CENTRAL  Um quarto de século depois, o Museu do Trabalho Michel Giacometti não para de crescer. As memórias do povo e da terra estão preservadas para que a comunidade possa usufruir deste património. 16  CULTURA  As grandes produções artísticas estão de regresso à principal sala de espetáculos da cidade. O palco do renovado Fórum Municipal Luísa Todi tem recebido alguns dos melhores intérpretes nacionais. 19  TURISMO  Festivais promovem a excelência da gastronomia da região, vindo das águas que banham Setúbal. A natureza e o vinho são outros protagonistas num município apostado em rentabilizar a vocação turística. 20  EDUCAÇÃO  Um livro editado pela Autarquia mostra o esforço de quase vinte milhões de euros feito nos últimos dez anos a favor de um ensino melhor. O Superior é reforçado com um centro de pós-graduações. 22  DESPORTO  A Escola Municipal de Desporto é um berço de campeões na área do pentatlo moderno. Um jovem conquistou recentemente um título mundial e entre os mais velhos há aspirações olímpicas. 23  ACADEMIA  Dois professores da Escola Superior de Tecnologia participam num projeto europeu de redução do impacte ambiental dos veículos elétricos. Três alunos propõem consultas de saúde oral à distância. 24  RETRATOS  José Fernando fartou-se de fotografar casamentos e batizados e lançou-se na construção de miniaturas de barcos. Muitas horas de arte e paciência gastas numa loja da Baixa originam réplicas perfeitas. 25  INICIATIVA  Uma antiga habitação de família é hoje um polo de divulgação cultural, com exposições, música, literatura, ateliers e encontros. A Casa d’Avenida, na Luísa Todi, tem as portas abertas a quem vier por bem. 26  MEMÓRIA  Setúbal era uma das principais colónias balneares portuguesas no século XIX, com praias das Fontainhas ao Troino. A arquitetura é outro valor local, como atesta o edifício do Clube de Amadores de Pesca. 28  PLANO SEGUINTE  A entrada em 2013 é comemorada com festa de arromba nas duas margens do Sado, em Setúbal e Troia, à semelhança do ano passado. Animação também não falta com o programa de Natal.

informações úteis

Setúbal - Jornal Municipal Propriedade: Câmara Municipal de Setúbal Diretora: Maria das Dores Meira, Presidente da CMS Edição: DICI/Divisão de Comunicação e Imagem Coordenação Geral: Sérgio Mateus Coordenação de Redação: João Monteiro Redação: Hugo Martins, Manuel Cordeiro, Marco Silva, Susana Manteigas Fotografia: Mário Peneque, Rui Rosado Paginação: Humberto Ferreira Impressão: Daniel & Lino, Lda. Redação: DICI - Câmara Municipal de Setúbal, Paços do Concelho, Praça de Bocage, 2901-866 Setúbal Telefone: 265 541 500 E-mail: dici@mun-setubal.pt Tiragem: 15.000 exemplares Distribuição Gratuita Depósito Legal N.º 183262/02

Sugestões e informações dirigidas a este jornal podem ser enviadas ao cuidado da redação para o endereço indicado nesta ficha técnica.

Câmara Municipal

Turismo

Paços do Concelho Praça de Bocage 265 541 500 | 808 200 717 (linha azul) Gabinete da Presidência gap@mun-setubal.pt Departamento de Administração Geral e Finanças | daf@mun-setubal.pt Gabinete da Participação Cidadã gapc@mun-setubal.pt

Casa da Baía de Setúbal Centro de Promoção Turística Av. Luísa Todi, 468 265 545 010 | 915 174 442

Edifício da Praça do Brasil Praça do Brasil, 17 265 547 900 Departamento de Cultura, Educação, Desporto, Juventude e Inclusão Social Departamento de Recursos Humanos Edifício Sado Rua Acácio Barradas, 27-29 265 537 000 Departamento de Ambiente e Atividades Económicas daae@mun-setubal.pt Departamento de Obras Municipais dom@mun-setubal.pt Departamento de Urbanismo Gabinete de Apoio ao Consumidor Praça Almirante Reis 265 534 086 Gabinete de Apoio ao Empresário Av. Belo Horizonte – Escarpas de Santos Nicolau 265 545 150 gae@mun-setubal.pt SEI – Setúbal, Etnias e Imigração Rua Amílcar Cabral, 4-6 265 545 177 | Fax: 265 545 174 sei@mun-setubal.pt Gabinete da Juventude Casa da Cultura Rua Detrás da Guarda, 28 265 236 168 gajuve@mun-setubal.pt

Posto Municipal de Turismo - Azeitão Rua José Augusto Coelho, 27 212 180 729 Loja municipal “Coisas de Setúbal” Praça de Bocage – Paços do Concelho coisasdesetubal@mun-setubal.pt

espaços culturais Biblioteca Pública Municipal Serviços Centrais Av. Luísa Todi, 188 265 537 240 Polo da Bela Vista Rua do Moinho, 5 265 751 003 Polo Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra Estrada Nacional 10, Pontes 265 706 833 Polo de S. Julião Pct. Ilha da Madeira (à Av. de Angola) 265 552 210 Polo Sebastião da Gama Rua de Lisboa, 11, V. Nogueira Azeitão 212 188 398 Fórum Municipal Luísa Todi Av. Luísa Todi, 61-67 265 522 127 Casa da Cultura Rua Detrás da Guarda, 28 265 236 168 Museu de Setúbal/Convento de Jesus Galeria de Pintura Quinhentista Rua do Balneário Dr. Paula Borba 265 537 890

Museu do Trabalho Michel Giacometti Utilidade Pública Lg. Defensores da República 265 537 880 Loja do Cidadão Av. Bento Gonçalves, 30 – D Casa Bocage 265 550 200 Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro Balcão CMS: 265 550 228/29/30 Rua Edmond Bartissol, 12 265 229 255 Piquete de água 265 529 800 Piquete de gás 800 273 030 Museu Sebastião da Gama Eletricidade 800 505 505 Rua de Lisboa, 11 Vila Nogueira de Azeitão Urgências 212 188 399 SOS 112 Casa do Corpo Santo Intoxicações Museu do Barroco 217 950 143 Rua do Corpo Santo, 7 SOS Criança 265 534 402 808 242 400 Cinema Charlot – Auditório Municipal Linha Saúde 24 Rua Dr. António Manuel Gamito 808 242 424 265 522 446 Hospital S. Bernardo 265 549 000 equipamentos Hospital Ortopédico do Outão desportivos 265 543 900 Companhia Bombeiros Sapadores Complexo Piscinas das Manteigadas 265 522 122 Via Cabeço da Bolota 265 729 600 Linha Verde CBSS 800 212 216 Piscina Municipal das Palmeiras Bombeiros Voluntários de Setúbal Av. Independência das Colónias 265 538 090 265 542 590 Proteção Civil 265 739 330 Piscina Municipal de Azeitão Rua Dr. Agostinho Machado Faria Proteção à Floresta 212 199 540 117 Capitania do Porto de Setúbal Complexo Municipal de Atletismo 265 548 270 Estrada Vale da Rosa Comissão Proteção Crianças 265 793 980 e Jovens de Setúbal 265 550 600 Pavilhão Municipal das Manteigadas PSP Via Cabeço da Bolota 265 522 018 265 739 890 GNR Pavilhão João dos Santos 265 522 022 Rua Batalha do Viso 265 573 212


editorial

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Prioridades Nos últimos tempos têm-nos dito que priorizamos de mais a cultura do nosso concelho. Quem o diz tem razão, exceto quando afirma que é demasiado. Nunca será de mais o apoio que possamos dar à promoção de atividades culturais, porque é na cultura que está a chave do sucesso das sociedades modernas e desenvolvidas. É no saber das pessoas que está o poder de fazer, o poder de ser melhor, de construir mais e com mais qualidade. Sabemos, por isso, que estamos no bom caminho. Porque nunca é de mais apoiar estas atividades, mas também porque temos demonstrado que temos outras prioridades em que apostamos. Apostamos no desenvolvimento económico, como se pode comprovar pela abertura, em dezembro, do centro logístico da Decathlon, que cria mais de 900 postos de trabalho diretos e indiretos. Este foi, aliás, um investimento pelo qual a Autarquia batalhou bastante, tendo de vencer variados obstáculos, e com o qual aproveitou para construir uma nova via rodoviária, a Avenida José Saramago, de crucial importância para a melhoria de acessibilidade a uma zona de indústria ligeira que está em crescimento, em Poçoilos, e entre a autoestrada e a cidade.

Priorizámos muitas vertentes da vida da cidade e do concelho, e isso está à vista

Apostámos na requalificação da nossa zona ribeirinha, bem patente na obra do passeio ribeirinho da Praia da Saúde, agora aberta à fruição de todos, na requalificação de boa parte do nosso centro histórico, com a obra da zona nascente de Troino. Apostámos na criação de condições para que o nosso setor hoteleiro possa ter mais competitividade, com a aquisição do antigo Quartel do Onze para a instalação da escola de hotelaria e de um hotel de aplicação, entre outras valências, além de, assim, recuperarmos um espaço importantíssimo da cidade.

Apostámos, como nunca antes, na construção, reequipamento e reabilitação do nosso parque escolar, porque é aí, tal como na cultura, que reside o sucesso das sociedades. A nossa prioridade nesta área é visível na nova Escola Básica da Brejoeira (Azeitão), na qual investimos 4,276 milhões de euros, no Jardim de Infância de Azeitão, investimento de 698,5 mil euros, no Centro Escolar Luísa Todi, que custou 2,4 milhões de euros, no Centro Escolar da Gâmbia, mais um investimento municipal na educação, este no valor de 932,8 mil euros, ou, ainda, no Centro Escolar do Bairro Afonso Costa, no qual se investiu 2,5 milhões de euros. No total, investimos nestes equipamentos escolares 11,3 milhões de euros, com uma parcela de financiamento de fundos comunitários que atingiu 3,8 milhões de euros. A Autarquia é, também, responsável pelo apoio a múltiplas instituições de cariz social e tem um papel de enorme relevância no apoio às crianças em idade escolar, com o pagamento de parte substancial das suas despesas em alimentação nos refeitórios escolares e em transportes para os estabelecimentos de ensino. Priorizamos a cultura com o Fórum Municipal Luísa Todi, o Auditório Municipal Cinema Charlot, a Casa da Cultura, a Casa da Baía, a Casa do Corpo Santo, o Convento de Jesus ou o apoio às coletividades? Sim, é verdade. Mas priorizámos muitas outras vertentes da vida da cidade e do concelho, e isso está à vista. Esta é a melhor forma de combater a crise: apostando no desenvolvimento, na geração de riqueza, na criação de emprego, na criação de saber. Porque Setúbal merece. Os setubalenses e os azeitonenses merecem-no. Com todos, queremos continuar este processo de mudança e de transformação que se vê um pouco por todo o concelho. A todos e a todas, a Câmara Municipal agradece. Setúbal agradece.

Presidente da Câmara Municipal de Setúbal


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Gestão inovadora na cultura

Espaço de concentração das artes, a Casa da Cultura recebe eventos para todos os públicos e idades. Assente num modelo de gestão inovador que dá primazia às parcerias na criação e promoção artística, o equipamento recorda momentos da memória setubalense e projeta novas páginas da identidade cultural da cidade

primeiro plano

N

o coração da cidade funciona um novo espaço para artes. É um local de partilha, debate e reflexão, mas também de aprendizagem e criação, tudo num edifício histórico onde o passado e o presente se cruzam. Música, cinema, teatro, artes plásticas, literatura e outras tantas formas de manifestação artística convergem na Casa da Cultura, com atividades regulares para todos os públicos. O equipamento municipal, localizado na Rua Detrás da Guarda, junto da Praça de Bocage, abriu portas a 5 de outubro, sendo dinamizado pela Câmara Municipal de Setúbal em parceria com instituições da cidade, algumas responsáveis por assegurar valências com atividades dirigidas aos públicos. Totalmente renovado, o imóvel impressiona logo de fora. Traços originais do edifício onde outrora funcionou o Círculo Cultural de Setúbal, instituição ligada à luta antifascista, à promoção da cidadania e ao incremento do acesso à cultura, convivem harmoniosamente com soluções arquitetónicas modernas. No piso térreo, uma das entradas dá acesso direto a uma ampla galeria de exposições, área multifuncional que pode assumir-se como um espaço único ou dividido, permitindo a exibição de duas mostras em s­imultâneo, estreada com uma sobre José Afonso, intitulada “Geo­ grafias de uma Vida”, sempre com novas manifestações culturais a descobrir. Mesmo ao lado, funciona um espaço de comercialização de produções do equipamento, com uma livraria, uma discoteca, uma videoteca onde se fica a conhecer alguns dos novos projetos artísticos da cidade, seja um álbum de música, um livro ou uma peça de arte. No mesmo local, se houver alguma dúvida sobre o equipamento, é possível dissipá-la na área de receção ao público. Ainda no piso térreo está instalado o Gabinete da Juventude da Autarquia, agora com mais serviços ao dispor dos jovens, como informa-

ções úteis sobre atividades a decorrer, cursos a frequentar, orientações para a implementação de novas iniciativas e ações de formação. Aqui funciona um centro de informação e divulgação de iniciativas nacionais e internacionais para jovens e um espaço multimédia dotado de equipamento informático multiuso. Mais uns passos, cruzando o elevador que serve todos os pisos do edifício, chega-se ao Café das Artes, área de cafetaria que pode funcionar como café-concerto apto para acolher iniciativas de menor dimensão logística, em articulação com o Pátio do Dimas, uma esplanada a céu aberto. Este é um local de eleição para momentos de convívio e lazer. Sem pressas, há que aproveitar para saborear um moscatel de Setúbal ao mesmo tempo que se aprecia uma mostra artística ou desfruta de um espetáculo mais intimista, no interior ou no Pátio do Dimas.

Diversidade de valências No primeiro piso, área com diversos elementos decorativos originais restaurados, surge o Salão Nobre, ex-líbris da Casa da Cultura, que assume utilizações diversas como o acolhimento de pequenos recitais e apontamentos artísticos. Um fresco pintado no teto, um antigo lustro agora eletrificado e as paredes forradas a tecido são elementos singulares desta sala de visitas, também usada para apoio às atividades desenvolvidas no auditório multiusos. Neste auditório, a Sala José ­Afonso, com capacidade para cerca de sessenta pessoas, assiste-se a uma conferência, um filme ou um concerto, tudo numa área multifuncional apetrechada com várias soluções tecnológicas. Mais à frente, oportunidade para conhecer algumas das personalidades da cidade ligadas ao Círculo Cultural de Setúbal, com imagens afixadas nas traseiras da escada de acesso ao último piso.

PORMENORES DO EQUIPAMENTO Multiartes

Cinema, literatura, teatro, artes plásticas, encontros e música integram a programação regular da Casa da Cultura, a que se juntam atividades dinamizadas pelo serviço educativo do equipamento e mostras culturais na Galeria de Exposições, no Espaço das Artes e no Café das Artes, algumas organizadas pelas instituições parceiras da Autarquia, o que assegura um funcionamento pleno do equipamento.

Horário

O mais recente equipamento cultural da cidade funciona de terça a quinta-feira das 10h00 às 24h00, às sextas e sábados das 10h00 à 01h00 e aos domingos das 10h00 às 20h00, embora possa haver adaptações nos horários das diferentes valências asseguradas pelas instituições parceiras neste modelo de gestão original – Capricho Setubalense, Centro de Estudos Bocageanos, Associação José Afonso e Artiset.

Custos

A “Refuncionalização do Edifício do Círculo Cultural de Setúbal – Casa da Cultura”, do programa ReSet – Regeneração Urbana do Centro Histórico de Setúbal, representa um investimento de 2 milhões, 540 mil e 212,32 euros, comparticipado por fundos comunitários a 65 por cento, através do PORLisboa – Programa Operacional Regional de Lisboa, ao abrigo do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional.


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Ao longo de praticamente três meses de funcionamento, a Casa da Cultura tem sido palco de diversas atividades regulares, sobretudo com cinema e música, mas também artes plásticas, teatro e encontros.

A sala de visitas da Casa da Cultura é ladeada por um Centro de Documentação Local, impulsionado pelo Centro de Estudos Bocageanos, recetáculo de conhecimento sobre Bocage, no qual é possível formalizar a inscrição num dos passeios históricos de Setúbal. O serviço, instalado numa sala com frescos pintados numa das paredes, dinamiza, igualmente, iniciativas centradas na investigação e conhecimento da vida e obra de Bocage. Ainda no primeiro andar, pode aprofundar-se conhecimentos sobre José Afonso ou outros autores de relevo no Centro de Documentação, Estudo e Promoção da Canção Popular Portuguesa, dinamizado pela Associação José Afonso, com várias ações centradas na preservação e divulgação da cultura musical. Ao lado, surge o Espaço das Artes, promovido pela Artiset – Associação de Artistas Plásticos de Setúbal, com ateliers de criação artística,

workshops criativos, oficinas de trabalho, aulas de pintura e pequenas exposições. O segundo e último piso da Casa da Cultura, uma das áreas mais complexas da intervenção, em virtude da ampliação e criação de novos espaços, é totalmente dedicado à vertente musical. O andar dispõe de uma Escola de Música, a qual está dotada de três salas de ensino individualizado, valência promovida pela Sociedade Musical Capricho Setubalense, outra instituição parceira da Câmara Municipal na dinamização da Casa da Cultura. No mesmo piso há também uma Sala de Ensaio, que pode ser utilizada, mediante marcação, com instrumentos musicais ao dispor das bandas, e um Estúdio de Gravação, equipamento apetrechado com modernas soluções acústicas de resposta às necessidades de projetos musicais emergentes na cidade.

A Casa da Cultura materializa um “espaço de evocação de memórias e de projeção do futuro”, assinalou a presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, na cerimónia de inauguração, a 5 de outubro, enaltecendo a forma revolucionária de utilização do espaço. “Estamos a criar, com um modelo inovador, mais condições para a promoção e fruição da cultura e das artes.” O equipamento renova a “construção permanente da cultura da cidade”, reforçou a autarca, frisando que “os setubalenses recuperaram um dos mais importantes espaços de história e cultura do concelho.”

A inauguração incluiu, ao longo do dia, diversos apontamentos artísticos, da música à poesia, passando pelo teatro e pelas artes plásticas, numa mostra da atividade que integra a programação regular deste equipamento cultural. A Casa da Cultura é um dos espaços criados ou requalificados recentemente pela Câmara Municipal, lista em que se inclui a Casa da Baía, espaço de divulgação cultural e turística do concelho, e os renovados Cinema Charlot – Auditório Municipal, Casa do Corpo Santo e Fórum Municipal Luísa Todi. Para o início de 2013, está programada a abertura de uma nova galeria de artes nas renovadas instalações do antigo Quartel do 11, adquiridas pela Câmara Municipal para albergar a Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal. “Esperamos ter, igualmente no decorrer de 2013, o nosso­ mais importante monumento nacional, o Convento de Jesus, onde sempre esteve instalado o Museu da Cidade, recuperado e pronto a funcionar, de novo, como espaço de cultura e de memória da cidade”, referiu Maria das Dores Meira.


local

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Uma nova e moderna área comercial vai nascer na cidade. É um investimento de 110 milhões de euros para criar o Alegro Setúbal e promover uma profunda renovação urbanística e paisagística na zona da Nova Azeda. Mais de cem lojas e dez salas de cinema de última geração integram o futuro equipamento, uma alavanca de empregabilidade para a região

Alegro Setúbal a caminho São dois anos para construir o Alegro Setúbal, edificado a partir da ampliação do Jumbo, mudando ­radicalmente a zona da Nova Azeda. A operação urbanística, que cria uma nova centralidade na cidade, inclui a reformulação de arruamentos e a construção de acessibilidades e projeta novas áreas habitacionais. O novo equipamento, com uma área de construção de 130 mil metros quadrados, representa um investimento de 110 milhões de euros da Immochan, empresa imobiliária do Grupo Auchan, e fica pronto no segundo semestre de 2014. O projeto do Alegro Setúbal, com obra física a ser iniciada em janeiro, contempla a criação de 115 lojas, em que estão presentes algumas das principais insígnias, duas dezenas de restaurantes, instalados numa área que se prolonga por uma zona de esplanadas ao ar livre, e dez salas

de cinema de última geração, totalmente digitais. A infraestrutura integra ainda uma área de lazer e entretenimento, com restaurantes temáticos e inovadores, e um heatlh club. O hipermercado atual, que se mantém em funcionamento durante o período de obras, é também renovado e modernizado no âmbito deste projeto, um investimento que permite a criação de mil postos de trabalho diretos e indiretos. A construção de mais um piso de estacionamento subterrâneo está

programada, operação que permite libertar a zona de parqueamento exterior para a utilização pública com áreas ajardinadas e espaços de estadia e recreio.

Reconversão urbana A materialização do Alegro Setúbal implica a realização de uma operação urbanística numa área com 221 mil metros quadrados na Nova Azeda, uma das principais entradas da cidade. A medida dota a zona de todas as condições necessárias à

implementação da futura área comercial. Os trabalhos de reforço e reformulação das infraestruturas gerais da área, no valor de 2 milhões, 902 mil e 184,23 euros, montante incluído no total do investimento, envolvem a beneficiação da rede viária e de sistemas de saneamento. A reestruturação do nó de interseção do final da A12 com a Avenida Antero de Quental, com a construção de uma rotunda de grandes dimensões, é uma das alterações mais visíveis a realizar em infra­‑estruturas

Troino renova atratividade A requalificação do Troino, numa obra com novos arruamentos, espaços públicos com locais de estadia, trânsito e estacionamento ordenados, iluminação pública reforçada e redes de abastecimento e saneamento requalificadas, dá primazia aos peões. O projeto, num investimento de perto de um milhão de euros concluído recentemente, realizado no âmbito do programa ReSet, beneficia os moradores e reforça a atratividade turística. No subsolo, o sistema de redes foi substituído, operação complexa que melhorou a qualidade do serviço de abastecimento de água e eliminou problemas

relacionados com inundações. À superfície, os arruamentos requalificados renovam a imagem do bairro. Os espaços públicos têm agora mais locais de estadia, enquanto as vias de circulação, com pavimento alcatroado e calçada portuguesa, aliam a modernidade à tradição. Em paralelo, a Autarquia vai avançar com uma empreitada de requalificação da Praça Teó­filo Braga, destinada a criar um novo arranjo urbanístico centrado no fontanário, com a redefinição das áreas ajardinadas, colocação de novo mobiliário urbano e renovação de passeios e lancis.

Fontainhas com rotunda A Câmara Municipal avançou, no final de novembro, com a construção de uma rotunda de grandes dimensões na zona das Fontainhas, de ligação rodoviária entre as avenidas Luísa Todi e Jaime Rebelo, elemento que visa melhorar a fluidez do tráfego automóvel na zona. A rotunda, orçada em mais de 150 mil euros, com conclusão prevista para fevereiro, visa

viárias, com conclusão prevista para junho de 2013. Outra das mudanças mais significativas surge na Avenida Antero de Quental. Um conjunto de soluções arquitetónicas, incluindo o reperfilamento da via, a criação de áreas ajardinadas e a definição de lugares de estacionamento, visa integrar esta artéria na malha urbana da cidade. A reconstrução do viaduto na Avenida Antero de Quental para a criação de uma passagem dupla de ligação aérea e subterrânea entre a área ­atual do Jumbo e uma nova resultante do projeto de ampliação da zona comercial está também programada, assim como o reperfilamento da Rua Nova Sintra. Nesta fase de obras está ainda prevista a construção de uma conduta adutora denominada Farol da Azeda – Pinheirinhos elevado – 1.ª fase, bem como a criação do coletor dos ­Ciprestes, para recolha de águas residuais domésticas.

facilitar a articulação entre as vias de circulação da área, promover uma melhor integração na malha urbana da cidade e contribuir para o aumento da segurança rodoviária. Durante a construção do elemento rodoviário, com duas vias no interior, o trajeto de ligação entre as avenidas Jaime Rebelo e Luísa Todi está encerrado, medida que leva à inversão do sentido de trânsito na Rua Engenheiro Ferreira da Cunha. Como alternativa ao encerramento, os automobilistas, no sentido N10-4/centro de Setúbal, devem utilizar a Avenida Jaime Rebelo e optar pela Rua Teotónio Banha e pela Avenida Jaime Rebelo se circularem na direção Setúbal/Mitrena. No âmbito desta obra, a Autarquia vai melhorar o sistema de drenagem de águas pluviais para resolução de problemas de retenção de águas.


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Orçamento reduzido garante investimento Com a conjuntura nacional marcada pela austeridade, o Orçamento municipal para 2013 retrai em relação a 2012. Mesmo perante as dificuldades sentidas no País, a Câmara Municipal enfrenta o futuro com investimentos estratégicos. Em causa está a melhoria das condições de vida dos munícipes O Orçamento e Grandes Opções do Plano para 2013 da Câmara Municipal de Setúbal, cifrado em 128 milhões e 200 mil euros, apresenta uma diminuição de 3 por cento em relação a 2012. O documento financeiro, aprovado em reunião pública da Autarquia, a 28 de novembro, com os votos favoráveis da CDU e contra do PS e PSD, prevê um aumento da despesa corrente em 6 por cento e uma diminuição da despesa de capital de 17 por cento, traduzindo-se no diferencial de 3 por cento face a 2012. O preâmbulo do documento expressa que o Orçamento “representa um esforço evidente na criação de condições de vida que permitam a todos os setubalenses e azeitonenses ter um concelho de que se orgulhem e que lhes permita, dentro das dificuldades diárias sentidas, dispor dos equipamentos desportivos, educativos, culturais e sociais necessários para a qualidade de vida desejada”. A carteira de investimentos, mesmo diminuindo em contraponto com 2012, contempla, no âmbito dos projetos do Quadro de Referência Estratégico Nacional, seis milhões e 200 mil euros, comparticipados em dois milhões de euros pelos fundos europeus do FEDER. A recuperação dos espaços comuns no Bairro da Bela Vista, o Projeto Integrado de Proteção Civil e Socorro, a recuperação e valorização do Convento de Jesus e a construção de uma escola no Bairro Afonso Costa são os projetos contemplados neste setor.

O preâmbulo sublinha a realização de outros investimentos previstos para o concelho, nomeadamente obras nos arruamentos de Vale de Cães, a execução de campos desportivos, a recuperação dos parques infantis, a eficiência energética na sinalização luminosa, a execução do Plano Estratégico de Setúbal Nascente e o pagamento de aquisições do Quartel do 11 e do imóvel do Banco de Portugal, ambos na Avenida Luísa Todi. A Câmara Municipal refere que “só será possível ultrapassar as dificuldades económico-financeiras estruturais que o Município há muito vem enfrentando, bem como a conjuntura económica e financeira vigente quando for possível de forma duradoura resolver o défice que existe entre as receitas e as despesas arrecadadas”.

Estado dificulta A Autarquia alerta que há um conjunto de medidas no Orçamento do Estado para 2013 que representa “um impacte significativo na estrutura da receita e despesa do Município de Setúbal”. Em relação a 2012, a Câmara Municipal vai receber a mesma verba de fundos provenientes da administração central, ou seja, 11 milhões e 546 mil euros. O aumento das taxas do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) poderá implicar, como consequência direta da crise, um incumprimento

no pagamento por parte dos munícipes na ordem dos 25 por cento nos casos dos edifícios que vão ser avaliados pela primeira vez. A Autarquia adverte ainda que o Orçamento do Estado estipula a canalização da verba proveniente do IMI para o abate da dívida bancária ou para a criação de uma conta remunerada a prazo, uma medida “desadequada, dado que a dívida bancária possui um plano de amortização com penalizações sobre a antecipação do pagamento do capital em dívida”. O Município recorda, igualmente, que continua estabelecida a retenção de 5 por cento das verbas cobradas em sede de IMI, o que, até outubro deste ano, já se traduz num valor retido de 766 mil e 91,32 euros. O Orçamento do Estado determina a manutenção do IVA a 23 por cento na eletricidade e no gás, o que significa um acréscimo nas despesas autárquicas. A gestão da Câmara Municipal está também influenciada por medidas governamentais relacionadas com a despesa com pessoal. Na saúde, a Autarquia sadina considera “totalmente ilegal” a transferência mensal e antecipada para o Estado, com base em estimativas, de um montante para financiar as despesas dos funcionários no Serviço Nacional de Saúde e na ADSE. A proposta do Orçamento para 2013 da Autarquia foi remetida para votação pela Assembleia Municipal.

Mercado combate carências O Mercado Social, plataforma logística com funções de captação, armazenamento e redistribuição de bens na comunidade, foi instalado recentemente na Bela Vista. O equipamento municipal, localizado na Rua da Figueira Grande, funciona como entreposto social de bens e serviços e tem como objetivo a posterior distribuição de materiais não perecíveis, como vestuário, móveis e eletrodomésticos. O abastecimento de lojas sociais é uma das tarefas do novo equipamento, que pretende contribuir para a supressão de necessidades básicas de famílias em dificuldade. O Mercado Social da Bela Vista assegura um acesso digno aos bens, apoiando de maneira eficaz e responsável outras necessidades fundamentais da comunidade. O equipamento está preparado para a implementação de outros serviços comunitários, como lavandaria e oficina de reparações. A gestão partilhada entre a Autarquia e instituições particulares de solidariedade social promove o reaproveitamento de recursos. O projeto, integrado no programa RUBE – Regeneração Urbana da Bela Vista e Zona Envolvente, representa um investimento de 189 mil e 750 euros, comparticipado em 65 por cento do montante elegível por fundos comunitários canalizados pelo PORLisboa – Programa Operacional Regional de Lisboa, no âmbito do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional. Em paralelo, a Câmara Municipal aprovou, em julho, a celebração de um contrato de comodato com a Associação Jardim de Infância “O Sonho”, medida que pretende operacionalizar o funcionamento do Mercado Social.

Reforço de descentralização nas freguesias A Câmara Municipal mantém em 2013 as áreas das competências delegadas nas oito freguesias do concelho, reforçando em mais de 150 mil euros, em relação a 2012, a verba total a atribuir às juntas. Aquele que é “um dos projetos mais eficazes e eficientes colocados ao serviço das populações”, ­segundo refere o texto da proposta aprovada a 28 de novembro em reunião pública ordinária da Câmara Municipal, apresenta “um balanço extremamente positivo” dez anos após o arranque do projeto, em 2002. As áreas delegadas em 2013 mantêm-se as mesmas de 2012 para todas as juntas de freguesia, envolvendo um reforço dos serviços nalgumas áreas, nomeadamente no ensino, limpeza de zonas verdes e na manutenção de edifícios autárquicos.

No total, a Câmara Municipal atribui 2 milhões, 447 mil e 46 euros às juntas de freguesias, constituindo a área da limpeza de zonas verdes, com 1 milhão, 572 mil e 475 euros, o setor que mais absorve os recursos distribuídos no âmbito da delegação de competências. O texto da deliberação assinala que, “apesar das medidas impostas pelo Governo, forçando uma reorganização administrativa, atacando o Poder Local Democrático, com prejuízo para a participação e qualidade de vida das populações”, a Autarquia “assume a vontade de tudo fazer, no plano político e institucional, para que Setúbal mantenha as suas freguesias”. Sublinha igualmente que a delegação de competências permite a execução de trabalhos “com mais eficiência, rapidez e economia de custos, sobretudo por razões de proximidade”.


8SETÚBALoutubro|novembro|dezembro12

Setúbal ganha nova entrada A Avenida José Saramago está instalada numa área de expansão comercial de Setúbal. Com quatro vias de circulação e uma ciclovia, esta nova entrada da cidade liga também as estradas de Algeruz e de Poçoilos A Avenida José Saramago, um troço com 854 metros de comprimento, na zona de Algeruz, e que serve diretamente dois novos polos de comércio em Setúbal, foi inaugurada a 20 de outubro, na presença de Pilar del Rio, viúva do escritor português. Para a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, a nova avenida “é a principal via urbana de Setúbal construída nos últimos anos”, trajeto que representa “uma nova entrada na cidade”, desenhado com o objetivo de estruturar a rede viária de uma área em expansão, que engloba o Polo Comercial do Monte Belo e o Polo de Serviços, Logística e Indústria Ligeira de Poçoilos. “Esta é uma obra que acrescenta valor, que contribui para o crescimento económico e valoriza postos de trabalho já criados e a criar”, sublinhou Maria das Dores Meira na inauguração. A nova artéria faz a ligação ao novo prolongamento da autoestrada A12 e é primeira fase da

Aldeia de Irmãos melhora rede

Um investimento da Autarquia superior a 30 mil euros melhorou o funcionamento da rede de abastecimento de água em Aldeia de Irmãos, Azeitão, para eliminar ruturas e aumentar a fiabilidade e qualidade do serviço. A empreitada, finalizada em novembro com trabalhos centrados na Rua Serra do Marão, incluiu a instalação de cerca de 400 metros de condutas de distribuição de água, a substituição de uma válvula redutora de pressão e a instalação de um contador de água, equipamento que possibilita o controlo do caudal no sistema de abastecimento.

conexão desta zona à frente ribeirinha, constituindo o troço inicial da “Via Urbana P1”, um investimento global de 2 milhões, 61 mil e 906,09 euros. Pilar del Rio revelou-se sensibilizada com a homenagem feita pela Câmara Municipal e sublinhou que a nova via, “muito bonita”, representa a crença e a aposta no desenvolvimento, contrariando a tendência da conjuntura atual do País. Na cerimónia de inauguração, a qual contou com a participação da fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Setúbal, foi descerrada, por Pilar del Rio e Maria das Dores Meira, uma placa a assinalar a obra, na rotunda central da nova Avenida José Saramago.

Um novo acesso rodoviário e pedonal para o Cemitério da Paz, através da Avenida José

S­ aramago, foi criado pela Autarquia, com melhores condições de circulação e segurança para automobilistas e transeuntes na zona de Algeruz. A intervenção, um investimento de cerca de 160 mil euros, finalizado em novembro, incluiu a construção de um troço rodoviário, com acesso pedonal, numa extensão de cerca de 300 metros, a partir da ligação ao ramo poente de uma rotunda existente na Avenida José Saramago. Os trabalhos, centrados numa área com 1600 metros quadrados, contemplaram a construção de passeios e lancis, a execução de asfaltamento e a implementação de sinalização vertical. Apesar da entrada em funcionamento do novo acesso rodoviário e pedonal, a antiga ligação ao cemitério, a partir da Estrada de Algeruz, é mantida como uma via secundária e de menor utilização.

com os moradores e o Executivo municipal. “Esta foi uma obra de grande envergadura que tem de ser brindada”, sublinhou a presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, sobre a intervenção, um investimento de cerca de

650 mil euros com um benefício direto para cerca de duas mil pessoas. O projeto consistiu na aplicação de medidas corretivas nos sistemas de drenagem, nomea­ damente na separação das redes das águas residuais domésticas e pluviais, infra‑estruturas que, anteriormente, em determinadas áreas, eram comuns, o que gerava problemas de escoamento. Os trabalhos desenvolvidos aumentam a capacidade de recolha, transporte e encaminhamento das águas provenientes dos sistemas de drenagem pluvial e doméstico, evitando inundações em caso de ocorrência de períodos de chuva intensa. As obras, lideradas pela Autarquia, incluíram a substituição de coletores, um deles, entretanto colocado, de grandes dimensões e que implicou trabalhos de engenharia de elevada complexidade. A empreitada envolveu ainda intervenções ao nível paisagístico, com arranjos de calçadas e arruamentos, mais visíveis na Rua Serra de S. Luís, onde, próximo de um parque infantil, se procedeu à instalação de iluminação pública, arvoredo e variado mobiliário urbano.

Acesso ao cemitério

Prevenção de cheias na Terroa A conclusão da empreitada de correção dos sistemas de drenagem dos bairros da Terroa e do Peixe Frito, para prevenir inundações em habitações em períodos de chuva intensa, foi assinalada a 20 de outubro, numa celebração

Luísa Todi reformula semáforos

O sistema de semáforos da Avenida Luí­ sa Todi foi alterado para otimizar a circulação pedonal e rodoviária, sobretudo nas interseções de confluência com a Rua José Pereira Martins e a Avenida 22 de Dezembro, onde o equipamento luminoso permanece em verde para os automóveis, comutando para amarelo e vermelho apenas mediante a ativação feita por peões. Noutras áreas da avenida, o sistema mantém-se como estava, ou seja, com amarelo intermitente para os veículos, passando para amarelo fixo e vermelho quando premido o botão para atravessamento.

Ligação ciclável à zona ribeirinha

A ligação da ciclovia no separador central da Avenida Luísa Todi ao percurso da renovada frente ribeirinha é assegurada com trajetos novos. A ligação entre as ciclovias da avenida e da Rua da Saúde é feita, na zona poente, por um novo percurso a construir na Rua Barão do Rio Zêzere e na Travessa dos Galeões, enquanto na área nascente a ligação das ciclovias se procede pela Rua Barão do Vale, após o prolongamento da ciclovia da frente ribeirinha. A ciclovia fica com dois sentidos de trânsito, sem limitações de uso e/ou idade, devendo os ciclistas respeitar a sinalização.


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9SETÚBALoutubro|novembro|dezembro12

Festa mostra bairro forte

Os moradores do Forte da Bela Vista festejaram a conclusão da obra de requalificação do bairro. Renovado o azul dos prédios e pátios, novos projetos estão no horizonte da população, organizada numa associação, com várias atividades multiculturais, incluindo ações de sensibilização e de limpeza e iniciativas lúdico-pedagógicas A conclusão da obra de recuperação do Forte da Bela Vista, com pinturas e outros trabalhos de beneficiação executados por moradores com o apoio da Câmara Municipal, foi assinalada em ambiente de festa, a 21 de outubro, com várias iniciativas multiculturais. “Estamos perante um trabalho extraordinário de recuperação do Forte da Bela Vista, intervenção que a Autarquia, apenas com os seus atuais meios financeiros e humanos, não conseguiria ter realizado em tão pouco tempo”, destacou a presidente da Autarquia, vincando a importância da ação festiva, organizada pela comissão de moradores responsável pela beneficiação. “Aqui está a materialização do que idealizámos com o ‘Nosso Bairro, Nossa Cidade’”, um programa gerador da participação das pessoas nas decisões que a elas e à sua comunidade dizem respeito, promovendo a autonomia, a responsabilidade e o crescimento coletivo”, sublinhou Maria das Dores Meira. As obras efetuadas pelos moradores incluíram a pintura de fachadas, muros, chaminés e gradeamentos, o reboco de paredes, a reconstrução de floreiras, a impermeabilização de fachadas, empenas e telhados, a reparação de varandins e o emparedamento de espaços de arrumação dos pátios. A limpeza do anfiteatro, a demolição de muros construídos indevidamente em galerias do primeiro piso, a organização do estacionamento de viaturas e de arrumos nos pátios e galerias foram outras ações promovidas pelos moradores no âmbito desta iniciativa. A Câmara Municipal de Setúbal, com o apoio de mecenas, forneceu 7368 litros de tinta para a pintura de uma área com 36.840 metros quadrados e realizou diversos trabalhos complementares como a colocação de portas

de contadores de água e eletricidade, o reboco de fachadas, a desbaratização de caixas de esgoto e a execução de um projeto para reforço da iluminação pública. A reparação de varandins e de tubos de guarda de muros e de queda, a limpeza de algerozes e a reparação de coberturas, a remoção de viaturas abandonadas, a substituição de uma dezena de contentores de lixo, a replantação de floreiras e o emparedamento dos espaços de arrumação dos pátios foram outros trabalhos executados pela Autarquia. “Este é o Forte da Bela Vista que todos têm de conhecer, o bairro de gente que trabalha, gente séria e empenhada na melhoria da qualidade dos espaços onde reside, um espaço que é de todos e

que, acima de tudo, todos têm o direito e o dever de preservar”, vincou Maria das Dores Meira.

Animação de todos O empenho conjunto em torno de uma causa comum culminou numa festa com gastronomia, desporto, dança, música e variadas manifestações multiculturais para todas as idades, ações dinamizadas nos vários pátios do bairro e numa zona central, com um palco. Um torneio de futebol 7, jogos tradicionais, de raqueta, gincanas de bicicleta, street basket e jogos de mesa foram atividades desportivas promovidas ao longo de toda a tarde. Mas também houve pinturas faciais, mostra

MORADORES CONTINUAM ATIVOS Mudança

O “Renascer do Forte da Bela Vista”, exposição com fotografias do antes e depois das intervenções, centrou atenções na festa de celebração, onde um grupo de crianças entoou o “hino” do bairro “O Forte está Contigo”, agitando balões coloridos. O bairro, edificado em 1984, é composto por 12 lotes com 167 fogos, onde residem cerca de sete centenas de pessoas.

Reuniões

Onze reuniões conduzidas pelo vereador Carlos Rabaçal permitiram fazer um balanço do trabalho efetuado e discutir ideias com os moradores para futuras ações. Os encontros decorreram na área de intervenção do programa “Nosso Bairro, Nossa Cidade”, ou seja, Bairro da Bela Vista, Forte da Bela Vista, Alameda das Palmeiras, Manteigadas e Quinta de Santo António.

Iniciativas

A par da recuperação do edificado, iniciativas geradoras de dinâmicas sociais são implementadas na Bela Vista, como um atelier de tricot e crochet, semanalmente no polo local da Biblioteca, a constituição do “Grupo de Teatro do Oprimido” por jovens e ainda duas formações direcionadas para a comunidade cigana, de costura, na EB 2,3 + S, e de alfabetização.

de artigos artesanais e bancas com iniciativas de estética, demonstrações de artes marciais e a exposição fotográfica “Renascer do Forte da Bela Vista” com imagens do antes e o depois das intervenções. A festa, na qual também participou o vereador das Obras Municipais, Carlos Rabaçal, contou com a declamação de poesia pela moradora Adelaide Palmela e as atuações musicais de Jorge Nice, do coro da Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos de São Sebastião, dos artistas locais António Banza e Taquilha e dos DJ Marcelo e Cláudio.

Novas ações A organização de uma comissão de moradores do Forte da Bela Vista é uma das principais novidades desenvolvidas pela população do bairro, que pretende dinamizar, regularmente, mais ações e atividades ocupacionais para todas as idades. As novas iniciativas incluem sessões de formação para a correta deposição de lixos nos contentores de resíduos sólidos urbanos e ações de sensibilização para a necessidade de manutenção de limpeza e higiene no espaço público. A definição de regras de utilização das áreas de arrumo existentes no bairro e a possibilidade de colocação de portões na entrada dos edifícios, para uma maior segurança dos moradores, estão também em análise. Já em dezembro é dinamizada a primeira edição, no Forte da Bela Vista, da iniciativa “Férias no Bairro”, de ocupação de tempos livres para crianças e jovens, com atividades desportivas e visitas a espaços museológicos e de interesse cultural da cidade.


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10SETÚBALoutubro|novembro|dezembro12

Seminário estimula velhice ativa

União pelo concelho A procura de sinergias para o desenvolvimento local foi reforçada no encontro anual do Conselho de Mecenas. A Câmara Municipal apresentou os principais projetos a desenvolver em 2013 e renovou a importância do contributo mecenático. A participação recorde registada mostra que mesmo em tempos difíceis há disponibilidade para apoiar o progresso de Setúbal Figuras públicas, empresários e representantes de instituições de vários quadrantes sociais, num total de 172 participantes, conheceram, a 22 de novembro, no encontro anual de Conselho de Mecenas, os principais projetos a desenvolver pela Câmara Municipal em 2013. No momento de renovação de parcerias e de partilha de responsabilidades, este ano realizado na Quinta de Catralvos, em Azeitão, a presidente da Autarquia apelou a uma continuidade no apoio à concretização de ideias e projetos em prol do desenvolvimento de Setúbal. “Aqueles que apoiam, e são muitos, estão entusiasmados com esta mudança que está a acontecer no concelho e, mesmo em tempos de crise, não viram as costas. A comprovar temos o maior Conselho de Mecenas realizado até hoje. É um estímulo e uma grande mo-

tivação para continuar”, sublinhou Maria das Dores Meira. A autarca, aludindo às cerca de quatro dezenas de iniciativas programadas para 2013, as principais entre muitas outras organizadas regularmente, anunciou o desenvolvimento de uma nova ideia a implementar em torno do vinho. “Peço-vos que continuem este trabalho de transformação de Setúbal e Azeitão connosco, apoiando os projetos que aqui apresentamos”, reforçou, introduzindo o Festival Ibérico do Vinho como uma nova e original iniciativa de dimensão internacional. Trata-se de um certame de três dias, com várias atividades a decorrer em simultâneo, a grande maioria centrada na Casa da Baía, como a criação de uma bolsa de contactos estrangeiros, espetáculos musicais e artísticos, um concurso de vinhos

Entreajuda fomenta associativismo

ibéricos, um jantar vínico e uma feira com mostra e venda de produtos regionais. “Esta é uma aposta estratégica da Câmara Municipal na valorização dos produtos regionais e no fomento da economia local. Acreditamos que podemos ampliar este setor e ter ganhos significativos na atratividade turística”, frisou Maria das Dores Meira. O “Nosso Bairro, Nossa Cidade”, projeto “de extrema importância para Setúbal”, destinado a desencadear processos de participação ativa e desenvolver novas dinâmicas sociais, envolvendo as próprias pessoas nas tarefas, foi igualmente destacado pela edil setubalense. A iniciativa fomenta o envolvimento de moradores, com o apoio ativo da Autarquia, a colaborar na resolução dos problemas dos bairros da Bela Vista, Alameda das Palmeiras,

Forte da Bela Vista, Quinta de Santo António e Manteigadas. “A Autarquia tem as capacidades técnicas e os recursos humanos para mobilizar as vontades das pessoas, mas precisa de um pouco mais de apoio em materiais e outros recursos. É um investimento na mudança de perceções erradas e injustas que afetam a cidade.” O sucesso alcançado com a dinamização do projeto “Uma Escola, Um Amigo”, em que figuras públicas apadrinham estabelecimentos de ensino, foi igualmente destacado pela autarca. “O investimento na educação é fundamental”, afirmou. No final, lançou novamente o repto aos participantes no jantar anual do Conselho de Mecenas. “Vamos fazer mais e melhor cidade e cidadania. Assumam este desafio connosco, como têm feito, com as vossas possibilidades.”

A necessidade do trabalho em rede para a promoção da partilha de conhecimentos e da entreajuda entre instituições foi a nota dominante do 7.º Encontro de Dirigentes Associativos de Setúbal, realizado no dia 24 de novembro, no Fórum Municipal Luísa Todi. O presidente da Confederação Portuguesa das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto, Augusto Flor, considerou crucial o envolvimento em rede com instituições representativas dos restantes poderes sociais. “É importante que os dirigentes tenham noção da rede em que trabalham e que tirem proveito dela”, defendeu. O vereador Manuel Pisco reforçou a noção de que o trabalho em equipa é vital para o desenvolvimento do associativismo, acrescentando que

a Autarquia dá “apoio logístico a 155 eventos promovidos por coletividades no concelho, fora os apoios financeiros”. Para o autarca, “o que as associações fazem é uma verdadeira ação de inclusão social” e o apoio ao associativismo representa uma medida basilar para “uma Setúbal mais rica e mais dinâmica”, combatendo, em contraciclo, “o empobrecimento e a crise”. A iniciativa, dinamizada ao longo de todo o dia com vários painéis temáticos, contou ainda com a participação do vereador Carlos Rabaçal, que apresentou o programa municipal “Nosso Bairro, Nossa Cidade”, uma rede de parcerias da Autarquia e dos moradores que “continua a ser construída” e “resulta da ação entretanto desenvolvida”.

A alteração do paradigma social em relação à população sénior, que se pretende mais ativa na sociedade, foi uma das conclusões de maior visibilidade retiradas do seminário “Intergeracionalidades”, realizado­ a 21 de novembro, no Auditório Municipal Charlot. O encontro, promovido pelo Observatório Sénior, de que faz parte a Câmara Municipal, a Universidade Sénior de Setúbal e o Instituto Politécnico de Setúbal, teve como propósito a troca de experiências e o debate de estratégias para o envelhecimento dos cidadãos com mais qualidade de vida e, em simultâneo, maior protagonismo nos diferentes quadrantes sociais. A vereadora Carla Guerreiro, da Câmara Municipal de Setúbal, realçou a importância das atividades intergeracionais como um instrumento facilitador para uma relação saudável e construtiva entre as diferentes gerações e, inclusivamente, capazes de eliminar preconceitos vigentes. Transversal a todas as intervenções foi a constatação de que os idosos devem representar um papel ativo na sociedade, sem paternalismos associados à condição etária e integrando os seniores como elementos válidos e produtivos para o desenvolvimento social.

SENIORES. O Dia Internacional da Pessoa Idosa, assinalado a 1 outubro, foi celebrado em Setúbal com um programa variado ao longo de todo o mês, que incluiu visitas guiadas, atividades desportivas, teatro, música e rastreios de saúde. Uma tarde de convívio com um espetáculo de variedades, na Associação de Moradores do Bairro da Anunciada, foi outras das ações realizadas no âmbito da iniciativa, promovida pela Autarquia, juntas de freguesia e Grupo EnvelheSeres.


11SETÚBALoutubro|novembro|dezembro12

Pinhal preparado para lazer Os lixos e os matos que afetavam o pinhal de Belcampo foram retirados numa intervenção que contou com a ajuda preciosa da população. Esta área de Brejos de Azeitão, com mais de 20 mil metros quadrados, será transformada num espaço de recreio com circuitos de manutenção e percursos pedestres Uma operação de desmatação e limpeza no pinhal de Belcampo, em Brejos de Azeitão, melhorou as condições de segurança e utilização da área para a qual está prevista a criação de um espaço de lazer para usufruto da população. A intervenção no pinhal de Belcampo, um terreno com 20.500 metros quadrados localizado junto de uma área habitacional, foi promovida pela Junta de Freguesia de São Lourenço com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal e o envolvimento de três dezenas de voluntários.

Para aquele local, adianta a presidente da Junta de S. Lourenço, Celestina Neves, está prevista a criação de “um novo espaço de recreio, com circuitos de manutenção e percursos pedestres, que possa ser utilizado por moradores desta área e pela população em geral”. Os trabalhos centraram-se, numa primeira fase, na remoção de resíduos sólidos urbanos indevidamente depositados naquele espaço, como eletrodomésticos, lixos provenientes de obras e outros detritos indiferenciados.

A operação culminou no início de outubro com trabalhos de desmatação que incluíram corte de árvores secas, desbaste de ramos e copas e limpeza de matéria vegetal, assim como a execução de ações de terraplenagem e remeximento de terras. “Contámos com a participação de um munícipe que trouxe para o terreno um trator e alfaias agrícolas para ajudar nas operações”, refere Celestina Neves, enaltecendo a participação de vários voluntários. “É gratificante quando a população se envolve neste tipo de iniciativas.”

A presidente da Junta de S. Lourenço realça os benefícios desta operação no “aumento das condições de segurança do espaço” em face de situações potenciais de incêndio e na “melhoria da imagem do pinhal”, localizado junto de uma urbanização de Brejos de Azeitão. “Esta foi uma intervenção de grande importância e constitui uma resposta direta às necessidades da população”, destaca, esclarecendo que a operação surge de uma necessidade evidenciada pelas pessoas aquando das visitas realizadas pelo Executivo e

técnicos municipais à freguesia no âmbito do projeto “Ouvir a População, Construir o Futuro”. Para a desmatação e limpeza do pinhal de Belcampo, a Câmara Municipal de Setúbal disponibilizou meios humanos e recursos técnicos, como camiões para a remoção dos detritos vegetais e utensílios agrícolas. Da intervenção resultou a remoção, para tratamento adequado, de resíduos sólidos urbanos e matéria vegetal transportados em duas dezenas de trajetos de camião.

O novo espaço público de lazer na Quinta do Bom Pastor, Vila Fresca de Azeitão, com cerca de mil metros quadrados, foi inaugurado no final de setembro. Zonas verdes e de estadia e um palco para a realização de espetáculos ao ar livre são algumas das valências do novo espaço público graças à requalificação de uma quinta centenária. “O pavimento é em saibro porque, além de ter menores

custos de manutenção, mantém a imagem de terreiro antigo de aldeia, tal como era anteriormente”, salienta o presidente da Junta de Freguesia de São Simão, João Carpelho. A obra foi executada, na maioria, com meios técnicos e humanos da junta de freguesia, contando ainda com o apoio da Câmara Municipal e de ­várias empresas que contribuíram ao abrigo do mecenato.

Praias do Sado ordena trânsito A melhoria da fluidez do tráfego automóvel e o aumento das condições de circulação pedonal na Estrada Principal de Praias do Sado são asseguradas com uma intervenção que inclui a criação de uma rotunda e a construção de passeios e lancis. A obra, com conclusão prevista até ao final do ano, é promovida pela Junta de Freguesia do Sado, com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal, num investimento superior a 100 mil euros. Os trabalhos, centrados numa área de interseção das ruas da Liberdade e Ferreira de Castro, visam “ordenar o trânsito automóvel e reforçar a imagem urbana da área”, indica o presidente da Junta de Freguesia do Sado, Manuel Véstias.

A “melhoria da fluidez do tráfego automóvel e um maior controlo da velocidade de circulação na zona” são objetivos assegurados com a nova rotunda, a qual possuirá, no centro, pequenas áreas ajardinadas. A obra, a decorrer desde meados de outubro, inclui a requalificação e construção de passeios e lancis, numa extensão de cerca de 300 metros lineares. “Nesta ação está igualmente prevista a definição de áreas verdes para evitar o estacionamento abusivo que atualmente se verifica”, salienta Manuel Véstias. O reforço da iluminação pública na área e a consolidação de um muro de contenção de terras na Rua Cidade de Setúbal, próxima da zona intervencionada, são outros trabalhos programados.

REQUALIFICAÇÃO. Uma intervenção escultórica com características do antigo património edificado rural, com ênfase no Palácio da Bacalhôa, está patente numa das rotundas da Estrada Nacional 10, reforçando a atratividade urbana de Azeitão. A obra, num investimento da ordem dos 20 mil euros, financiado por apoios mecenáticos de uma empresa da região, está envolta por uma área verde criada pela Junta de Freguesia de S. Lourenço, com iluminação diferenciada que simboliza as cores dos vinhos tinto, branco e moscatel.

freguesia

Bom Pastor renovado


12SETÚBALoutubro|novembro|dezembro12

Iluminação reduz gastos em jardim Novas luminárias, mais económicas e com melhor desempenho energético, alumiam o Jardim de Vanicelos. A substituição das antigas lâmpadas por iluminação LED na totalidade daquele espaço verde reduz a fatura da eletricidade paga pela Autarquia e beneficia o ambiente urbano

ambiente

Iluminação pública mais económica e eficaz já funciona no Jardim de Vanicelos, iniciativa concretizada com a substituição de mais de oito dezenas de luminárias, que permitem uma poupança energética anual de 80 por cento naquele espaço público de Setúbal. A intervenção é uma das medidas do “Energia – Eficiência Energética de Iluminação Pública no Perímetro Urbano da Cidade de Setúbal”, projeto da Câmara Municipal aprovado pelo PORLisboa – Programa Operacional Regional de Lisboa, ao abrigo do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional. A operação, realizada no final de outubro, consistiu na remodelação integral da iluminação pública instalada no Jardim de Vanicelos, através da substituição de 82 luminárias que funcionavam com lâmpadas de

vapor de sódio de alta pressão por económicos LED. As lâmpadas de tecnologia LED, sigla inglesa para díodo emissor de luz (Light Emitting Diode), reduzem de forma assinalável o consumo de energia, pois, em vez das habituais potências de 100, 125 e 150 watts atualmente utilizadas na cidade, necessitam apenas de 26 watts em média, chegando, pontualmente, aos 60. A medida, que permite uma poupança na fatura energética paga pela Autarquia – o consumo de menos 41,1 megawatts representa uma redução de mais de quatro mil euros anuais –, contribui igualmente para a melhoria do ambiente, com a diminuição das emissões de dióxido de carbono para a atmosfera, num valor expectável de 18 toneladas por ano.

Os trabalhos desta operação, conduzidos por técnicos municipais com o apoio de funcionários da EDP, incluíram, além da instalação das novas luminárias, cada uma dotada de 16 lâmpadas LED, ações de manutenção nos postes de iluminação com a colocação de novas bolas opalinas. A substituição das luminárias no Jardim de Vanicelos, investimento de 34 mil e 485,27 euros da Câmara Municipal de Setúbal, comparti­ cipado em 50 por cento por fundos comunitários, materializa mais uma das ações programadas pela Autarquia no âmbito da modernização da rede de iluminação pública do concelho. Esta solução de luminárias com melhores índices de luz e energeticamente mais eficientes e económicas foi adotada noutros espaços

verdes de Setúbal, nomeadamente no Parque do Bonfim e no Jardim da Algodeia, local para o qual está programada a colocação de mais postes de iluminação pública. Em andamento está também a implementação de luminárias LED nas avenidas Mariano de Carvalho e Manuel de Arriaga e nas ruas Baluarte do Socorro, Joaquim Brandão e Alferes Pinto Vidigal.

Ação ambiciosa O projeto autárquico “Energia – Eficiência Energética de Iluminação Pública no Perímetro Urbano da Cidade de Setúbal”, investimento global de 210 mil e 519,96 euros, contempla a instalação de novos equipamentos noutros locais, embora com recurso a tecnologia diferente.

Para as avenidas 22 de dezembro, Dr. António Rodrigues Manito, Manuel Maria Portela e República da Guiné-Bissau, em vez de luminárias LED, está programada a colocação de balastros eletrónicos. Esta opção deve-se ao facto de, naquelas vias com tráfego rodoviário significativo, os postes de iluminação terem oito metros de altura, o que reduz o efeito das lâmpadas LED, mais eficientes até cerca de cinco metros. Os balastros eletrónicos permitem poupanças da ordem dos 40 por cento durante o arranque das lâmpadas convencionais, período em que o consumo de energia sobe acentuadamente. No total do projeto está prevista a intervenção em 531 candeeiros públicos localizados em espaços verdes e vias do centro de Setúbal.

Mercado biológico atrai clientes

MOBILIDADE. O incentivo ao uso de bicicletas foi uma das principais mensagens transmitidas com o programa de atividades dinamizado a 22 de setembro em Setúbal nas comemorações do Dia Europeu Sem Carros. E mesmo alguns funcionários da Câmara Municipal deram o exemplo, nomeadamente os do Edifício Sado (na foto), que foram a pedalar até ao trabalho. A iniciativa incluiu ainda, na Avenida Luísa Todi, uma exposição de diversos modelos de bicicletas, que a população teve oportunidade de experimentar, e várias animações de rua desenvolvidas no âmbito da Mostra de Artes de Rua de Setúbal – Move.AR.

A qualidade dos artigos e a relação de proximidade com os produtores são atrativos do Mercado Agrobio, a decorrer semanalmente, sempre às quintas-feiras, durante a tarde, no Jardim do Quebedo. Alfaces, beringelas, batatas, cebolas, ervas aromáticas e medicinais, morangos, tomates cherry e couves são alguns dos produtos biológicos que os consumidores podem adquirir no mercado, organizado numa parceria entre a Câmara Municipal e a Agrobio – Associação Portuguesa de Agricultura Biológica. “A nossa filosofia é fazer chegar os produtos biológicos a cada vez mais pessoas”, referiu Nelson Silva, representante da Agrobio, em relação à opção por um mercado de rua, onde “o consumidor estabelece uma relação muito próxima com o produtor”. Neste espaço de venda, que decorre nos meses de outono e inverno das 14h00 às 18h00 e na primavera e no verão das 16h00 às 20h00, os alimentos biológicos são mais baratos do que quando vendidos em estabelecimentos comerciais. Quem o diz são agricultores e clientes. Nas grandes superfícies “é mais do que o dobro”, afirma Silvério Branco, da Quinta da Represa, em Azeitão. Jill Novaes leva para casa “um bocadinho de tudo”, no valor de vinte euros, proveniente da Quinta do Paraíso, produtora que conhece bem. Habituada a

deslocar-se ao “Paraíso”, em Azeitão, prefere comprar os produtos aí, mesmo que isso signifique gastar mais dinheiro em combustível. Os chás também marcam presença no Mercado Agrobio, como o Jardim da Boa Palavra, de Palmela, de um jovem casal de produtores. Uma infusão de erva-príncipe com perpétua roxa, relaxante e boa para a voz, faz as delícias dos visitantes, atentos às explicações do produtor Eduardo Duarte. Morango biológico no ano inteiro produz a Alcides Henoch, de Águas de Moura, Palmela. “As pessoas ficaram surpreendidas por causa dos preços, que estão muito baratos”, confidencia o produtor, salientando a importância destas iniciativas para fazer passar mensagens de caráter ambiental e nutricional.


segurança

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Chamas intensas, onda de calor extremo, gases tóxicos e múltiplos trabalhadores feridos. O acidente industrial grave simulado no “Mitrex 2012” testou a capacidade de resposta das forças de proteção e segurança de Setúbal

“Mitrex” testa acidente industrial Um acidente industrial grave, com um incêndio de grandes dimensões e a libertação de gases perigosos na zona da Mitrena, foi o cenário criado no dia 8 de novembro para um teste às capacidades operacionais das forças de proteção e socorro de Setúbal. Ouviu-se um estrondo ensurdecedor. O ruído foi seguido de enormes labaredas que alastraram a um incêndio de charco. Instalou-se o pânico e o cenário era de risco, dada a proximidade a outras empresas a laborar. Milhares de trabalhadores estavam em perigo. Às 09h30, uma chamada de emergência alertou para a ocorrência de uma explosão de origem desconhecida num reservatório de combustível da UBAL – União Transformadora e Oleaginosa (empresa fictícia), instalada na península industrial da Mitrena. Este foi o cenário do “Mitrex 2012”, exercício organizado pelo Serviço Municipal de Proteção Civil e Bombeiros de Setúbal que testou a resposta operacional das forças de proteção e socorro a uma situação de perigo extremo,

assim como os planos de emergência das empresas instaladas na Mitrena.

O teatro de operações criado, com o envolvimento de 35 veículos e a instalação de um

Seminário debate socorro O reforço da comunicação entre empresas, forças de proteção e socorro e a própria população foi apontado no seminário “Hazmat e Fire Trainning” como fundamental em caso de catástrofe ou acidente grave. O encontro foi realizado no dia 9 de novembro, no Fórum Municipal Luísa Todi, com a participação de especialistas e investigadores portugueses e estrangeiros. A vereadora Carla Guerreiro frisou a necessidade de preparação para eventualidades de emergência. “A prevenção é a melhor resposta que o Município pode dar, sobretudo

Baixa reforça proteção

num concelho como Setúbal, com vários riscos.” No encontro foram revelados alguns dos resultados preliminares do “Mitrex 2012”, com o empenho dos participantes, a decisão de retirada de trabalhadores por via marítima e a organização e funcionalidade do posto de comando conjunto a serem alguns dos aspetos positivos identificados. O vereador Carlos Rabaçal destacou a “importância notável do exercício” e enfatizou a “troca e partilha e conhecimentos e experiências das empresas instaladas da Mitrena”, uma “conquista importante e sem precedentes”.

O sistema de proteção do centro histórico de Setúbal é reforçado com um conjunto de equipamentos de informação e comunicação de emergência, já totalmente operacional e instalado em locais estratégicos. O investimento da Câmara Municipal, executado no âmbito do Plano Municipal de Intervenção no Centro Histórico de Setúbal, incluiu a colocação de cinco colunas informativas nas avenidas Luísa Todi, General Daniel de Sousa e Manuel Maria de Portela e nas imediações do Parque do Bonfim, apetrechadas com um sistema sonoro de alarme e um avisador LED.

hospital de campanha e de um posto de comando operacional com ações de logística, planeamento e combate, incluiu a evacuação de fábricas, o resgate de 660 trabalhadores por via terrestre e marítima, dois mortos e 19 feridos.

Exercício com sucesso Os cenários e as intervenções planeadas para o exercício “Mitrex 2012” decorreram sem grandes falhas, havendo, contudo, algumas imprecisões a retificar, como referiu a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, a partir da sede da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal. “Os objetivos propostos foram concretizados com sucesso”, sublinhou, enaltecendo a importância do exercício, com o envolvimento de mais de 3500 pessoas, “para testar as capacidades operacionais da proteção civil e a segurança das empresas instaladas na península industrial da Mitrena”.

Estes equipamentos, com um mapa da cidade que assinala pontos de encontro e rotas de fuga, transmitem informações e instruções para a população, em caso de perigo, emitidas pela central de comunicações instalada no quartel da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal. O conjunto de novos equipamentos de proteção inclui ainda 21 Colunas SOS – Ponto de Encontro, que possibilitam a comunicação direta entre os cidadãos e a central. Uma das funcionalidades destina-se a obter informações requeridas. Outra refere-se a comunicações para participação de situações de emergência

ou solicitação de auxílio. Instaladas por todo o centro histórico, as colunas são, na maioria, energeticamente eficientes, aproveitando a energia solar para o funcionamento. A autonomia destes aparelhos chega às 120 horas. Além destes equipamentos, a Autarquia procedeu è instalação de 32 armários em zonas de difícil acesso a veículos, com materiais de primeira intervenção e equipamentos de sinalização e proteção individual, para uso das Brigadas de Apoio Local, na fase final de formação, constituídas por munícipes, comerciantes e moradores da zona do centro histórico.


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O trabalho faz o Um quarto de século depois, o museu ainda cresce. As memórias estão vivas e continuam a ser contadas para que não caiam no esquecimento. A preservação do património, palpável ou não, faz-se de portas abertas no Museu do Trabalho Michel Giacometti

plano central

M

emória. Substantivo feminino que, segundo o Grande Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, significa “função geral de conservação de experiência anterior, que se manifesta por hábitos ou por lembranças”. É esta a palavra-chave que abre as portas do Museu do Trabalho Michel Giacometti, quase literalmente. O vocábulo “memória”, traduzido em 27 línguas, incluindo braile, representando as várias culturas, grande parte da Europa Central, eleva-se sobre a cabeça do visitante, como se de um boas-vindas se tratasse. Memórias de um povo, os seus costumes e saberes, as suas vivências e sobrevivências, que têm sido conservadas, estudadas e acrescentadas ao longo de um quarto de século, neste espaço municipal. O trabalho deu o mote a um projeto ambicioso lançado por um ávido promotor do conhecimento popular que dedicou grande parte da sua vida ao estudo etnográfico do povo português. O corso Michel Giacometti lançou a semente, após um longo trabalho de campo, em 1975, com a recolha de cerca de 1200 peças utilizadas na agricultura, pesca e outros ofícios. Além das ferramentas de trabalho, como alfaias e debulhadoras, o etnólogo e a equipa de voluntários do Serviço Cívico Estudantil que coordenou registaram contos e cantos, provérbios e orações da literatura popular, testemunhando as condições de habitação e salubridade das povoações rurais, de norte a sul de Portugal. Com a semente a germinar, a pretensão da criação de um museu dedicado ao trabalho, tendo como ponto de partida a coleção etnográfica de Michel Giacometti – cedida à Câmara Municipal pelo Inatel, através de um protocolo de 28 de julho de 1979 –, materializou-se com a exposição “O trabalho faz o homem”, inaugurada a 25 de abril de 1987, no Museu de Setúbal/Convento de Jesus. Um espólio precioso da vida e da luta do povo português “para as gerações futuras”, chegou a fundamentar Giacometti.

Lavoura e arte sacra Depois da primeira e memorável exposição, muitas outras se seguiram com a chancela do Museu do Trabalho, embora realizadas em vários locais da cidade. Ao contrário do Museu do Trabalho, vocacionado para a preservação da memória de um povo, o Museu de Setúbal, que acolheu inicialmente o património de Giacometti, dedica-se ao estudo e à conservação da arte. Um “casamento” pouco provável entre instrumentos rudimentares utilizados no cultivo da terra e peças de arte sacra. Com missões museológicas tão distintas, encontrar casa própria para o Museu do

Trabalho foi, desde logo, um dos compromissos da Câmara Municipal com Michel Giacometti. Porém, o etnólogo corso não viveu tempo suficiente para visitar o espaço que, em 1995, abriu ao público na antiga fábrica de conservas Perienes, localizada num dos bairros típicos de pescadores e de operários de Setúbal, as Fontainhas. Michel Giacometti morreu em 1990, um ano antes de o Município adquirir as instalações da fábrica. A homenagem era mais que justa. De futuro, todo o projeto museo­ lógico passaria a denominar-se Museu do Trabalho Michel Giacometti, tendo como núcleo fundador, uma representação do setor primário na atividade económica, mais de um milhar de peças da coleção etnográfica que se encontra numa reserva técnica visitável, alvo de permanente conservação e investigação.

De secundário a terciário Tal como o encaixe das peças de um puzzle, em que as partes se vão achando, a escolha de uma fábrica de conservas para dar lugar a um museu dedicado ao trabalho não foi aleatória. Na Perienes estava uma atividade importante e um património valioso representativos do município e do apogeu da indústria conserveira em Portugal no final da década de 20 do século XX. Entre a aquisição da fábrica, em 1991, e a abertura como Museu do Trabalho Michel Gicometti, em 1995, a Câmara Municipal procedeu às obras do espaço para dar início ao processo de musealização. Contudo, não bastava o edifício e as memórias materiais da labuta conserveira, como as bancadas, os tanques de salgar e o forno. Era preciso cruzar a informação que esse património deixara com as memórias vividas por homens e mulheres que ali trabalharam. Testemunhos que permitiram compreender a cadeia operatória, do pescado levado para a fábrica pelo carregador de peixe à lata de conserva, sobretudo de sardinha, pronta para consumo. Sem esquecer, claro, a função do moço da bicicleta que a qualquer hora do dia ou da noite anunciava pelas ruas que havia peixe a chegar à fábrica. Depois da indústria das conservas de peixe,­ o Museu do Trabalho abriu portas ao setor terciário. A Mercearia Liberdade veio encerrar o ciclo das atividades económicas, ao tornar-se visitável em maio de 2002, no Dia Internacional dos Museus. O recheio da mercearia lisboeta, fundada no início do século XX e encerrada a 31 de dezembro de 2001, foi doado à Câmara Municipal pelo proprietário, neto do fundador da casa comercial da Avenida da ­Liberdade.


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museu

RURAL. Arados, semeadores e enxadas para o homem trabalhar a terra. Ferros de engomar e utensílios de cozinha utilizados pela mulher na lida doméstica. Tudo objetos simples e pobres, retratos da vida dura que Michel Giacometti encontrou junto do povo antes do 25 de Abril, em particular na ruralidade portuguesa.

INDUSTRIAL. Na galeria industrial do museu, são mostradas todas as etapas da produção da conserva, sem esquecer a litografia. Um trabalho árduo numa atividade complexa que obedecia a técnicas específicas desempenhadas por homens, mulheres e crianças que, desde cedo, aprendiam o ofício, transmitido entre famílias.

COMERCIAL. Retirada da Avenida da Liberdade, em Lisboa, esta é a Mercearia da Liberdade original. A caixa registadora obsoleta, os medidores de leguminosas e de café em grão e as balanças no balcão fazem recordar outros tempos, agora raros, em que o serviço de atendimento era acima de tudo personalizado.

Ao encontro da comunidade A polivalência do Museu do Trabalho Michel Giacometti vai além do estudo, da preservação e da divulgação de técnicas e conhecimentos relacionados com o mundo laboral, acolhendo e desenvolvendo uma panóplia de iniciativas nas mais variadas áreas. Das visitas guiadas, às tardes interculturais, das exposições temporárias ao Centro de Documentação, o museu é um espaço aberto à comunidade. Como que na peugada de Michel Giacometti, o Museu do Trabalho tem, ao longo destes 25 anos, desenvolvido pro-

jetos que abordam a multiculturalidade do concelho, como a pesquisa das várias etnias da Bela Vista e o curso de português para imigrantes do Leste. Num espaço lúdico que pretende formar crianças e jovens, o museu tem conseguido envolver os diferentes públicos através de animações que têm como ponto de partida as exposições permanentes, mas também promovendo espetáculos de música e dança, teatro e gastronomia, como acontece nas Tardes Interculturais.

Um quarto de século depois

Francisco Mateus foi um dos artesãos que trabalharam a matéria­ ‑prima, o barro, tal como o pescador coseu as redes e o cesteiro deu forma ao vime, ao vivo, na festa do 25.º aniversário do Museu do Trabalho. A festa, a 10 de novembro, serviu de reencontro de gerações que recordaram saberes em vias de extinção. Qual o interesse em mexer no barro? Esta terá sido a pergunta de Michel Giacometti ao mesmo oleiro, há precisamente 25 anos, na inauguração da exposição “O trabalho

faz o homem”. Já nessa altura, muito poucos aprendiam esta arte que faz a delícias das crianças, e também dos adultos, de olhos postos na moldagem de cada peça. Parece magia. Mágica é também a ternura da D. Ana, que, aos 94 anos, ajudou a apagar as velas do aniversário. Antiga operária da fábrica Perienes e de outras conserveiras, a figura frágil vestida de negro é memória viva daqueles tempos e que ao contar a sua história acrescenta um pedaço da identidade de toda uma população.

A ocasião foi propícia para a parceria Champanheria/Conservas Nero anunciar uma versão enlatada, que traz “água no bico”, de um produto da “terra”. A ostra de Setúbal gratinada, pré-confecionada, que em breve será comercializada em conserva. E foi em ambiente de festa, com muita música popular, que visitantes de todas as idades entraram pela primeira vez no Museu do Trabalho Michel Giacometti ou deram a conhecê-lo a alguém. Venham mais vinte e cinco.


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O lugar das artes O tempo não foi perdido. Antes pelo contrário. A profunda remodelação e modernização que forçou ao encerramento do Fórum Municipal Luísa Todi já está a dar frutos. Setúbal tem a principal sala de espetáculos recuperada e a fervilhar de atividade. A Cultura agradece. O Fórum Municipal Luísa Todi renasceu para as artes e, desde a reabertura, a 15 de setembro, a dança, a música e o teatro sobem e descem do palco com o destaque que sempre mereceram em Setúbal. Com o diretor João Pereira Bastos a anunciar que a partir de 2013 o renovado Fórum terá programas quadrimestrais, ainda para este ano foi preparada uma temporada artística que promete um futuro auspicioso à principal casa da espetáculos do concelho. No palco ampliado da sala principal, onde a acústica foi melhorada e o conforto para o público reforçado, já passaram, entre outros, Vitorino, Luís Represas e João Gil, com o programa de dezembro a reservar ainda nomes como Naifa, Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo e Orquestra Metropolitana de Lisboa. Mas o estrelato não se fica apenas por intérpretes sonantes a nível nacional. O Fórum Municipal Luísa Todi é também uma sala onde brilham na ribalta os melhores artistas de Setúbal, mostrando que o concelho é igualmente um importante viveiro de criatividade, engenho e, claro, de arte.

INTIMIDADE. Luís Represas e João Gil, fundadores dos Trovante, com carreiras consolidadas em projetos a solo, reuniram-se num concerto acústico em que tocaram alguns dos temas que os tornam dos principais e mais aclamados intérpretes da música portuguesa. O Fórum Municipal Luísa Todi encheu para assistir a um espetáculo em que a qualidade esteve de mãos dadas com o convívio ao jeito de jam session. A noite de 30 de novembro foi intensa e intimista mas também informal, para gáudio do público setubalense, brindado com um concerto inesquecível.


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AMIZADE. Vitorino, Janita Salomé, Francisco Naia, Manuel Freire e José Fanha foram apenas alguns dos mais de vinte artistas que fizeram questão de se associar às comemorações dos 25 anos da Associação José Afonso. Mas, mais do que um aniversário, o espetáculo que esgotou por completo o Fórum Luísa Todi no dia 18 de novembro serviu de tributo e, principalmente, para recordar as músicas e o espírito de José Afonso. No final do concerto “Às vezes não tenho jeito para falar de amigos”, artistas e público entoaram em uníssono “Grândola, Vila Morena”, enquanto cravos voaram livres pela sala.

cultura

ORIGINALIDADE. “Barco Negro”, “Loucura” e “Povo que Lavas no Rio” foram alguns dos temas interpretados pelas fadistas Deolinda de Jesus, Elsa Gomes e Ramiro Costa no original “Fado em Coro”, espetáculo do Coral Luísa Todi que apresenta um reportório de fados com arranjos específicos para coro misto a quatro vozes. Perante um Fórum Luísa Todi mais uma vez esgotado, fadistas e grupo coral prestaram uma homenagem criativa e diferente à música nacional, que também é agora da humanidade. No dia 17 de novembro fez-se silêncio e cantou-se o fado. Mas ao estilo do engenho e arte setubalense.

ELEGÂNCIA. A Academia de Dança Contemporânea de Setúbal (ADCS) festejou três décadas de atividade bem próximo do público, com espetáculos no Fórum Luísa Todi realizados no âmbito da “Semana da Dança”, que decorreu entre 23 e 27 de outubro. As primeiras atuações, no dia 24, foram protagonizadas pela Pequena Companhia/ Little Company da ADCS, com os bailarinos mais jovens a revelarem e ensinarem a elegância do corpo em movimento a crianças de escolas do 1.º e do 2.º ciclos do ensino básico. O 30.º aniversário foi comemorado em pleno, no dia 26, com um espetáculo de bailado que ocupou em toda a extensão o renovado e ampliado palco do Fórum.


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Expressões universais

Respirar teatro em permanência

Espetáculos, formação, homenagens, animação e convívio constituíram o X Fórum Permanente do Teatro, iniciativa que decorreu entre 5 e 7 de outubro, em Setúbal. O evento, promovido pela Federação Portuguesa de Teatro, tem uma periodicidade semestral e realizou-se pela primeira vez numa capital de distrito. Orientado para a formação e troca de experiências entre grupos amadores, o fórum contou com a participação de cerca de duas dezenas de companhias cénicas. O programa apresentou 14 painéis de formação, encenações, tertúlias e uma homenagem a Norberto Ávila, dramaturgo açoriano autor de “As Histórias de Hakim”, o texto português mais produzido e mais representado fora de Portugal.

O Festival ExpressArte­ – XIII Encontro de Tea­ tro e Dança da associação APPACDM de Setúbal, entre 9 de novembro e 7 de dezembro, voltou a apresentar um programa repleto de iniciativas culturais dinamizadas por pessoas com necessidades especiais. O festival, que se estendeu também a Palmela e à Moita, contou com a participação de utentes de várias instituições setubalenses, bem como de outros concelhos, nomeadamente Almada.

cultura

Ligado às ciências e às letras, fica na história como um dos principais responsáveis pela elevação de Setúbal a cidade. Domingos Garcia Peres, deputado e médico, foi um dos mentores do desenvolvimento sadino no século XIX. O concelho retribui e assinalou o bicentenário do nascimento

Autarquia apoia TAS

A Câmara Municipal aprovou em reunião pública um apoio financeiro de 45 mil euros para a realização de obras de remodelação do Teatro de Bolso, residência do Teatro Animação de Setúbal. O valor corresponde a uma primeira tranche a disponibilizar em 2012. As intervenções no Teatro de Bolso representam um investimento total de 113 mil euros e resultam de uma vistoria realizada pela Inspeção-Geral das Atividades Culturais, que referenciou um conjunto de melhorias a executar naquelas instalações.

Setúbal no coração

Domingos Garcia Peres, médico e deputado ligado ao processo de elevação de Setúbal a cidade no século XIX, foi recordado com um programa evocativo do bicentenário do nascimento. As comemorações, uma iniciativa desenvolvida pela LASA – Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão, com o apoio da Câmara Municipal, contaram com a exposição “Domingos Garcia Peres (1812-1902) – Um setubalense pelo coração”, na Biblioteca Pública Municipal. Entre 10 de novembro e 7 de dezembro, esteve patente ao público

um conjunto de elementos sobre a vida e a obra daquele que é um dos principais responsáveis pelo decreto de 1860 que oficializou a elevação de Setúbal a cidade. A mostra revelou episódios da vida de Garcia Peres, nascido em Moura a 4 de agosto de 1812, que, enquanto deputado, foi também um forte impulsionador em Setúbal da introdução de melhorias no saneamento público, da instalação do serviço de telégrafo, da construção da estrada para Azeitão e de várias causas de âmbito social. A exposição documental mostrou

À volta do jazz

ainda a ligação que o homenageado, que passou grande parte da vida em Setúbal, teve às letras, apresentando, entre outras peças, apontamentos pessoais e cartas trocadas com Marcelino Menéndez y Pelayo, escritor e erudito sobre a literatura espanhola e ibero-americana. Fotos de família e as icónicas mala de médico e bengala de Garcia Peres estiveram também em exibição na exposição, que incluiu o relato da viagem em que acompanhou Hans Christian Andersen de Madrid a Lisboa. A inauguração serviu igualmente

para a apresentação do livro com o mesmo título da exposição, “Domingos Garcia Peres (1812-1902) – Um setubalense pelo coração”, editado com a chancela da LASA, seguindo-se uma conferência conduzida pelo embaixador Francisco Falcão Machado, descendente de Garcia Peres. O programa evocativo integrou ainda a conferência “A Sociedade Arqueológica Lusitana e a participação de Garcia Peres”, apresentada, a 15 de novembro, na Biblioteca Municipal, pelo historiador Carlos Mouro.

A Casa da Cultura e o Club Setubalense encheram em novembro para a segunda edição do Círculo de Jazz de Setúbal, festival que, na segunda edição, apresentou os trios Júlio Resende e TGB. O Círculo de Jazz, que decorreu nos dias 16, 17, 23 e 24, começa a afirmar-se no panorama nacional como um festival dedicado não apenas ao jazz, mas também às inúmeras variantes musicais próximas deste género, como os blues e o folk. A representação dos ritmos mais independentes do jazz ficou a cargo, este ano, com um concerto na Casa da Cultura, do grupo A Jigsaw, banda portuguesa de folk que se está a destacar em toda a Europa como um dos projetos indie mais inovadores.

O jazz mais clássico saiu do piano de Júlio Resende e companhia no Club Setubalense, enquanto o improviso e a fusão marcaram presença, no mesmo local, através do coletivo TGB – Tuba, Guitarra e Baixo, com Mário Delgado, Alexandre Frazão e Lars Arens. A Casa da Cultura recebeu ainda a atuação do pianista Tiago Sousa, antigo elemento dos “Jesus, The Misunderstood” e, no Café das Artes daquele novo equipamento cultural da cidade, o DJ Elias apresentou um set com seleções de jazz. O Círculo de Jazz de Setúbal incluiu igualmente workshops, em que músicos mais e menos experientes tiveram oportunidade de aprender e tocar com os elementos de Júlio Resende Trio e TGB.


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Gastronomia que dá gosto O carapau manteiga, característico da costa entre Setúbal e Sines, está em processo de qualificação e teve honras de festival gastronómico. As ostras e os salmonetes estiveram também noutros certames do género, com propostas criativas e pratos de confeção tradicional

turismo

A intenção de qualificar o carapau manteiga, produto muito procurado para fins gastronómicos, foi anunciada no início de novembro pela presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, num encontro na Casa da Baía. “Falar de carapau manteiga é falar de Setúbal”, frisou a edil. A candidatura, que representa “um passo importante para a divulgação de mais uma riqueza do concelho”, é dinamizada com os objetivos de garantir o reconhecimento da origem do produto e a qualidade do mesmo e “reforçar o papel do turismo na região”, frisou a autarca. O carapau manteiga distingue-se das restantes variantes da espécie por apresentar uma camada de gordura, semelhante à manteiga, entre a pele e o lombo, o que lhe confere um sabor distintivo. Embora o processo de qualificação vá agora determinar se esta é uma espécie exclusiva da costa setubalense, o presidente da Sesibal – Cooperativa de Pesca de Setúbal, Sesimbra e Sines, Ricardo Santos, garantiu que este peixe só se encontra entre Setúbal e Sines em quantidades que permitam a captura e comercialização. “Neste território há uma grande quantidade de formações rochosas submersas junto da costa. Isto favorece a produção de algas e plâncton e, consequentemente, gera condições especiais favoráveis à alimentação das espécies”, salientou Ricardo Santos.

Moscatel celebra enoturismo

A apresentação de um novo moscatel, o António Saramago Moscatel Reserva 2007, envelhecido em carvalho francês durante cinco anos, foi um dos momentos altos do programa que assinalou, em Setúbal, a 11 de novembro, o Dia Europeu do Enoturismo. Na iniciativa, na Casa da Baía, os participantes degustaram iguarias da doçaria regional e apreciaram um momento musical por João Coutinho & Rita Rice, evento promovido pela Autarquia com o apoio de entidades vinícolas.

Já o delegado da Direção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo (DRAPLVT), Manuel Meireles, esclareceu que durante o processo se irá determinar o tipo de qualificação a ser atribuído ao carapau manteiga. “Pode ser uma IGP, Identificação Geográfica Protegida, ou uma DOP, Denominação de Origem Protegida.” Além do processo de qualificação, um conjunto de ações de promoção do carapau manteiga foi já realizada, como um colóquio, uma exposição, uma atividade de mostra e degustação e um festival gastronómico, com ementas especiais inspirados naquela espécie típica da Costa Azul. Sabores à prova A ostra e o salmonete foram outros produtos típicos da região que estiveram em destaque em dois festivais realizados. Entre 29 de setembro e 14 de outubro, as ostras setubalenses estiveram em des-

Cerca de duas mil pessoas passaram, nos dias 13 e 14 de outubro, na Herdade da Mourisca, pela quarta edição do ObservaNatura, evento dedicado ao turismo de natureza, em particular a observação ornitológica, de insetos e de flora. A iniciativa, organizada pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), com o apoio da Câmara Municipal, contou com mais 600 visitantes do que a edição de 2011, com João Farinha, do ICNF, a destacar a forte participação em atividades como a bolsa de turismo, as palestras e a exibição do

taque nas ementas de perto de quatro dezenas de restaurantes da cidade, com propostas mais criativas e inovadoras e outras preparadas de forma conven­ cional. Nesta iniciativa foi ainda dinamizado um encontro, na Casa da Baía, com mostra e degustação de receitas à base de ostra, conduzido pelo chef Mário Brito Pinheiro, que executou ao vivo algumas confeções. Mais recentemente, ementas especiais em 45 restaurantes e uma ação de live cooking conduzida pela chef Fernanda Amaro, também na Casa da Baía, preencheram o certame dedicado ao salmonete, entre 24 de novembro e 9 de dezembro. Os festivais integraram um ciclo de eventos promovidos pela Câmara Municipal ao longo de todo o ano, para a promoção e a valorização de produtos típicos da região, com o intuito de consolidar Setúbal nas rotas gastronómicas nacionais e incrementar uma dinâmica na restauração local.

filme “Entre os Céus e as Marés”, de Daniel Pinheiro. “As trinta empresas participantes na bolsa de turismo não pararam de dar informações ao longo da manhã, as palestras, principalmente as dinamizadas por responsáveis mais conhecidos, estiveram quase cheias, e o filme de Daniel Pinheiro, inicialmente para uma sessão, teve de ser exibido mais três vezes para satisfazer a curiosidade das pessoas”, sublinhou. João Farinha salientou igualmente que o ObservaNatura tem a capacidade de atrair não apenas os entusiastas do turismo de natureza, mas também de captar a atenção de quem nunca experimentou atividades como a observação de aves ou de insetos. Durante o ObservaNatura, dedicado ao tema do turismo ornitológico, realizaram-se debates, palestras, sessões de cinema e passeios, nomeadamente de barco, charrete, canoa e todo o terreno. O evento contou ainda com atividades de anilhagem, observação de aves e de biodiversidade, assim como de fieldsketching, que consiste no desenho de motivos naturais com base na observação no campo.

Turistas descobrem região

O Dia Mundial do Turismo foi assinalado, a 27 de setembro, com um programa comemorativo que incluiu diversas ações. Cerca de seis dezenas de turistas, oriundos de países como Rússia, República Checa, Estados Unidos, França, Alemanha e Canadá, foram presenteados com moscatel e bolos de amêndoa na Casa da Baía. A iniciativa da Autarquia incluiu ainda a realização do passeio “Rota dos Três Castelos”, com passagens pelo Forte de S. Filipe e pelos castelos de Palmela e Sesimbra.

Mourisca festeja outono

Sabores e aromas de produção tradicional com origem no Estuário do Sado estiveram em destaque na 5.ª edição da Feira de Outono, realizada em meados de outubro, na Herdade da Mourisca, também com workshops e atividades de educação ambiental. O certame contou com momentos de animação circense, artesanato, jogos tradicionais, desenho no campo, o workshop “O arroz como oportunidade” e a exibição do filme “Entre o Céu e as Marés”, de Daniel Pinheiro.

Moda desfila açucarada

Vestidos de noiva, lingerie e roupa adornada com peças feitas de açúcar foram algumas das propostas apreciadas numa passagem de modelos do estilista Filipe Blanquet, no final de setembro, no Mercado do Livramento. No “La Dolce Vita”, organizado com o apoio da Câmara Municipal, dez manequins inspiradas nas pin-up dos anos 40 e 50 desfilaram uma coleção com três dezenas de modelos açucarados, espetáculo encenado por Miguel Assis, com arranjo musical de Carlos Pinto.


20SETÚBALoutubro|novembro|dezembro12

Livro destaca investimento escolar O investimento de 19 milhões de euros na área da educação, em particular na renovação do parque escolar, realizado nos últimos dez anos é divulgado num livro apresentado em outubro pela presidente da Câmara Municipal na receção à comunidade educativa. “Este livro [A Minha Escola é um Mundo!], sem qualquer intenção doutrinária ou ideológica, apenas pretende dar a conhecer todo o trabalho desenvolvido por uma educação de qualidade em Setúbal”, sublinhou Maria das Dores Meira nas boas­ ‑vindas aos professores e técnicos a trabalhar nas escolas do concelho no ano letivo de 2012/2013. O investimento realizado na criação de condições de aprendizagem para os alunos, essencial para “uma verdadeira renovação do concelho e para a criação de condições de vida e de futuro”, destacou, é materializado num conjunto de equipamentos educativos ao serviço da população, como a criação de cinco centros escolares – Brejoeira, Vendas de Azeitão, Luísa Todi, Gâmbia e, brevemente, Bairro Afonso Costa – e a entrada em funcionamento da valência de jardim de infância na EB1 do Peixe Frito. “No presente ano letivo já contamos com quase 70 por cento das turmas do 1.º ciclo a funcionar em regime normal e passámos a oferecer a frequência da educação pré-escolar pública a todas as crianças de 5 anos e já a algumas de 4 anos.” A realização de obras de adaptação de espaços para copas e refeitórios e a aquisição de monoblocos climatizados para o funcionamento de atividades de enriquecimento curricular permitiram a plena aplicação do conceito escola a tempo inteiro, com a oferta de refeições escolares e ações educativas no 1.º ciclo para todos os alunos. Facto consumado nas escolas públicas é também o apoio às famílias, quer na educação pré-escolar, através do prolongamento do horário, da responsabilidade da Autarquia,

Mais de cem páginas mostram o mundo escolar de Setúbal, agora editado em livro. O investimento de quase 20 milhões de euros dos últimos dez anos na educação foi dado a conhecer na cerimónia de boas-vindas aos professores e técnicos que integram a comunidade de ensino no concelho

Câmara Municipal de Setúbal continua a “reclamar junto do Ministério da Educação” a requalificação da EB 2,3 de Azeitão e a dotação desta escola e da Secundária D. Manuel Martins com pavilhões gimnodesportivos. Outra reivindicação feita ao Governo é a construção de um bloco da carpintaria na EB 2,3+S da Bela Vista.

Receção aos professores

quer no 1.º ciclo, com a realização de protolocos com as associações de pais. Maria das Dores Meira destacou ainda o apetrechamento das escolas com novas tecnologias de informação e comunicação e a manutenção e conservação do parque escolar, com pequenas intervenções executadas no âmbito dos protocolos de delegação de competências com as

juntas de freguesia, e outras obras, de maior dimensão, asseguradas pela Câmara Municipal de Setúbal. A autarca referiu-se ainda às unidades de ensino especializado, destinadas às áreas de multideficiência e espetro do autismo, criadas com a adaptação e apetrechamento de seis espaços “para dar resposta às carências e proporcionar condições e meios de bem-estar e de desenvolvimento”

para crianças com necessidades especiais. “Apesar de as nossas competências e atribuições se centrarem a nível da educação pré-escolar e do 1.º ciclo do ensino básico, com um investimento já realizado que ronda os 19 milhões de euros, a nossa ação não se tem ficado por aqui”, assinalou. Maria das Dores Meira aproveitou a oportunidade para recordar que a

RETROSPETIVA. A obra educativa, uma edição da Câmara Municipal de Setúbal patrocinada pela Immochan, empresa imobiliária do Grupo Auchan, constitui uma retrospetiva da renovação realizada nos últimos dez anos na área da educação. “Tudo parece impossível até que esteja feito.” A citação pertence a Nelson Mandela e surge no início do livro, com 117 páginas, que dá conta de atividades e projetos desenvolvidos pela Autarquia, do esforço realizado na ação social escolar e dos investimentos, com dados pormenorizados, feitos no parque escolar, em particular ao nível do pré-escolar e do 1.º ciclo do ensino básico.

A cerimónia de receção à comunidade educativa, momento de convívio para professores, pessoal não docente das escolas, encarregados de educação e estudantes, com a presença de mais de 600 pessoas, incluiu um espetáculo de bailado pela Pequena Companhia da Academia de Dança Contemporânea de Setúbal e uma encenação pelo TAS – Teatro Animação de Setúbal de apelo à leitura pelas crianças e jovens. Os participantes na iniciativa visua­lizaram ainda um filme sobre o trabalho executado pela Autarquia no parque escolar concelhio, uma retrospetiva do investimento na construção de novos equipamentos e na manutenção, adaptação e apetrechamento de outros com vista à melhoria das condições de ensino de alunos e de trabalho para docentes e técnicos. No final, a presidente da Câmara Municipal e o diretor de promoção da Auchan, Miguel Martins, entregaram exemplares do livro “A Minha Escola é um Mundo!” aos diretores dos agrupamentos escolares e de estabelecimentos de ensino secundário, obra que posteriormente será enviada a todos as escolas. “Esta postura, esta relação de proximidade, este trabalho de articulação e parceria, que tornam única esta experiência, a nível nacional, deram origem ao conceito de ‘Autarquia na Escola’”, evidenciou Maria das Dores Meira, acrescentando: “É a bandeira da nossa ação educativa, com resultados muito positivos.”

Setúbal partilha conhecimento no estrangeiro As boas práticas do Município na área da educação e da cidadania são partilhadas numa rede internacional, com representantes dos cinco continentes. Setúbal é um dos mais recentes membros da Associação Internacional das Cidades Educadoras (AICE), plataforma de aprendizagem e divulgação das boas práticas implementadas no concelho. A participação ativa em intercâmbios de experiências e projetos educacionais e de cidadania é um dos fatores determinantes para a Autarquia ter aderido, em setembro, à AICE. O conceito de cidade educadora é um princípio comum a todos os associados desta entidade, atualmente são 447 cidades de 37 países, membros que têm acesso a duas fer-

ramentas de trabalho, uma delas a Carta das Cidades Educadoras, documento orientador e compromisso formal adotado por todos na adesão. “A cidade oferece elementos importantes para uma formação integral. É um sistema complexo e ao mesmo tempo um agente educativo permanente e plural”, indica o preâmbulo da Carta das Cidades Educadoras. O Banco Internacional de Documentos das Cidades Educadoras, outra ferramenta de trabalho, funciona como uma base de dados que contém informações sobre os programas de atuação geral no âmbito das políticas educadoras desenvolvidas, integrando, igualmente, projetos educadores dos vários

municípios que integram a associação. A adesão à AICE permite à Autarquia promover e divulgar os seus programas, atividades e investimentos realizados na rede escolar, como a construção de novos estabelecimentos de ensino, a adoção de normas de funcionamento ou a implementação de boas práticas de cidadania. A Câmara Municipal de Setúbal passa também a ter acesso a programas e iniciativas de vários organismos internacionais, como a Unesco, a Organização de Estudos Ibero­ ‑Americanos e a União Europeia, podendo participar e organizar congressos no âmbito da Associação Internacional das Cidades Educadoras.

A nível nacional, os membros da AICE constituem-se em núcleos, no nosso caso a Rede Territorial Portuguesa das Cidades Educadoras, da qual Setúbal faz parte com outros 47 municípios, que publica, anualmente, um boletim, impresso e em formato digital para reforçar a troca e partilha de experiências e promover a reflexão e o debate sobre temas de interesse educador entre as cidades. O movimento das cidades educadoras teve início em 1990 no “I Congresso Internacional de Cidades Educadoras”, em Barcelona, Espanha. Em 1994, formalizou-se como Associação Internacional das Cidades Educadoras, criada oficialmente na terceira edição do congresso, em Bolonha, Itália.


educação

21SETÚBALoutubro|novembro|dezembro12

Manuel Martins arrecada distinções

Convívio integra alunos

Um voto de louvor à Escola Secundária D. Manuel Martins pela qualidade do trabalho pedagógico, demonstrado recentemente na conquista de prémios em dois concursos, foi apresentado pela Câmara Municipal no início de novembro. A escola setubalense conquistou o primeiro prémio no concurso nacional “Japão Passado e Presente”, através do qual foi lançado o desafio de se criar um blogue dedicado àquele país. O louvor enaltece ainda o feito alcançado por um docente da mesma escola, considerado o melhor professor da Europa no mês de outubro no âmbito do projeto InGenious, competindo com cerca de 150 colegas oriundos de 15 nações. As “importantes melhorias na qualidade do ensino” e a “aposta forte na qualificação dos vários agentes envolvidos no processo educativo” são frisadas no voto de louvor atribuído.

Uma manhã de jogos no Auditório José Afonso, no final de setembro, contribuiu para a integração dos novos alunos da Fundação Escola Profissional de Setúbal, num ambiente lúdico, animado com música. Em torno de dez jogos para realizar num minuto, caloiros e veteranos do curso técnico de Comunicação, Marketing, Relações Publicas e Publicidade confraternizaram no “FEPSET Sem Fronteiras”, com a participação de cerca de 400 estudantes, além de professores e auxiliares do estabelecimento de ensino. Em simultâneo a esta atividade, decorreu um passeio de bicicleta em que participaram quarenta alunos, com passagem por diversas zonas da cidade, nomeadamente o centro e a área ribeirinha.

Pós-graduações reforçam oferta Cursos especializados de curta e média duração, formação profissional e pós-graduações integram um novo equipamento académico a ser criado em Setúbal no âmbito de um protocolo, com a duração de dez anos, celebrado no início de outubro entre a Câmara Municipal e a Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. No total são 12 cursos em funcionamento e duração variável de três a 11 meses no Centro de Pós-Graduações da Universidade Lusófona, equipamento a instalar num espaço da cidade ainda por definir, com um número expectável mínimo de 195 alunos. Na cerimónia de assinatura do protocolo, a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, sublinhou que o concelho, “desde o encerramento do Polo da Universidade Moderna de Setúbal, perdeu alguma da sua capacidade de atração académica”, problema que a Autarquia está a procurar ultrapassar com “uma oferta cada vez mais qualificada, que se junte à qualidade do ensino superior” existente. A oferta pedagógica do futuro polo de ensino tem como principal objetivo a formação de quadros superiores no sentido de responder às estratégias de desenvolvimento delineadas para a região de Setúbal e terá sempre em conta as expectativas e necessidades de mercado da população do concelho. O presidente da direção da COFAC/Universidade Lusófona, Manuel Damásio, salientou que os cursos do futuro centro têm a possibilidade de “ser adaptados consoante as necessidades manifestadas, tanto pela população, como por instituições ou empresas”. O centro será conduzido por uma Comissão de Gestão, constituída por representantes de ambas as instituições e responsável, entre outras tarefas, pela identificação de atividades a desenvolver.

Projeto ajuda a gastar corretamente A correta gestão das finanças pessoais e a importância de poupar são os temas centrais da mostra interativa “Educação+ Financeira”, projeto de âmbito nacional que em outubro passou por Setúbal, pela EB 2,3 de Bocage. A iniciativa, composta por um filme e um conjunto de jogos, incluiu a participação de alunos a partir dos 7 anos em várias ações interativas para testar e aprofundar os conhecimentos de gestão das finanças pessoais.

A presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, destacou o mérito desta ação ao permitir “aprender a poupar e a utilizar o dinheiro”, fundamental “designadamente em tempos de crise”. Aos alunos participantes nas atividades da exposição, a autarca advertiu para a necessidade de reterem a informação transmitida “para, quando forem crescidos, não terem alguém a dizer-lhes que gastaram de mais, como acontece agora com os adultos”.

Este projeto de literacia financeira, desenvolvido pela Caixa Geral de Depósitos e pela Universidade de Aveiro, através do Projeto Matemática Ensino, integrou ainda a conferência “Sensibilizar para uma educação financeira – dinâmicas locais”, realizada na Casa da Baía. A ação “Educação+ Financeira” começou este ano em Setúbal e percorre o País pelo terceiro ano consecutivo durante sete meses, registando mais de 40 mil visitantes nas duas primeiras edições.


22SETÚBALoutubro|novembro|dezembro12

Hábito de ganhar A atividade desportiva do Núcleo de Pentatlo Moderno soma e segue. O investimento na formação de jovens atletas é uma aposta ganha e os resultados estão à vista. João Valido conquistou um título mundial de infantis. A prestação de colegas mais velhos conduz a outras ambições, com esperanças olímpicas no horizonte

desporto

O Núcleo de Pentatlo Moderno da Escola Municipal de Desporto de Setúbal é um caso sério de sucesso. O projeto começou há perto de dez anos, assente num conceito de formação que alia as vertentes de pedagogia e de competição. A fórmula resulta e os campeões continuam a aparecer. Os lugares do pódio já não são estranhos para alguns dos atuais 12 atletas que representam a escola sadina na modalidade de pentatlo moderno, participando, em média, em oito provas anuais, como o Circuito Nacional SuperJovem, os Campeonatos Nacionais da Juventude e diversas competições europeias. Aos 12 anos, João Valido é um já um valor seguro na modalidade. O esforço e a dedicação valeram-lhe o título de campeão do mundo de biatle, na categoria de infantis, em prova realizada no início de novembro, no Dubai, Emirados Árabes Unidos. O jovem setubalense, a representar a escola desportiva sadina desde os 5 anos, tornou-se o primeiro português a alcançar um título mundial no pentatlo moderno.

Voluntários conservam troféus

João Valido completou em 4 minutos e 17 segundos o circuito de 1000 metros em corrida, intercalado por um percurso de 50 metros em natação, com sete segundos de vantagem em relação ao segundo classificado. O biatle, competição de atletismo e natação que se realiza de forma contínua, sem interrupções no momento de alternância entre as modalidades, ajuda a promover outros desportos semelhantes, como triatlo, biatlo e pentatlo moderno, sendo possível a participação, em simultâneo, de atletas provenientes de distintas disciplinas. A Câmara Municipal de Setúbal apresentou um voto de louvor ao atleta pelo “sucesso alcançado”, desejando que João Valido, com os seus triunfos desportivos, continue “a levar mais longe o nome de Setúbal”.

Esperança olímpica João Pedro Soares, 17 anos, é outro dos valores emergentes do Núcleo de Pentatlo Moderno, assim como Ruben Leitão, de 15, que consta

do leque de atletas em observação de potencial olímpico. Outro caso de sucesso desportivo é Pedro Valido, irmão mais velho do campeão mundial de biatle. Indicado como esperança olímpica, conta com vários títulos nacionais e internacionais. Na competição “Olympic Hopes”, realizada em meados de outubro, na cidade de Bystrice, na República Checa, Pedro Valido contribuiu decisivamente para o triunfo coletivo da seleção portuguesa de pentatlo moderno em juvenis masculinos. O jovem de 16 anos alcançou o terceiro lugar da classificação geral numa competição com duas provas – natação e combinado (tiro e corrida) –, tendo a equipa lusa conquistado o melhor resultado de sempre de Portugal no pentatlo moderno. O “Olympic Hopes”, organizado anualmente para seleções europeias, reúne os atletas mais talentosos do pentatlo moderno nos escalões de juvenis e juniores A, com aspirações de participação olímpica.

Cicloturistas descobrem cidade Mais de um milhar de pessoas participaram, a 7 de outubro, no “2.º Setúbal Bike Tour” e mostraram que a bicicleta pode ser um meio de transporte alternativo. A Praça de Bocage, no centro de Setúbal, foi o local de partida e chegada do percurso urbano, com cerca de 15 quilóme-

tros, realizado pelos cicloturistas participantes nesta iniciativa organizada pela Câmara Municipal e pelo Núcleo de BTT de Vila Fresca, integrada no programa desportivo dos “10.os Jogos do Sado”. “Superámos os mil participantes esperados. Contabilizámos mais de 900 inscrições e,

no dia do passeio, juntaram-se mais pessoas, que nos acompanharam ao longo de toda a manhã”, sublinhou Joaquim Dordio, da organização do “2.º Setúbal Bike Tour”. Em família, com amigos, em grupos organizados ou simplesmente sozinhos

O Vitória Futebol Clube e a Câmara Municipal estão a promover um projeto, aberto à população, de preservação e restauro do património da sala de troféus. Os interessados em participar podem inscrever-se como voluntários ou estagiários, tendo a oportunidade de trabalhar no processo de conservação das mais de três mil peças que constituem a Sala de Troféus Josué Monteiro, do ­Vitória de Setúbal. Devido à minúcia e responsabilidade das tarefas a desempenhar, é dada prioridade na inscrição aos maiores de 18 anos. No âmbito do protocolo de cooperação estabelecido entre o clube e a Autarquia, as equipas de voluntários são coordenadas por técnicos municipais de conservação e restauro, ficando os candidatos incumbidos de tarefas como registo, identificação, inventariação, recolha de imagens e conservação preventiva. Armazenamento, acondicionamento e acompanhamento dos trabalhos de limpeza dos espaços expositivos são ­outras funções a atribuir aos candidatos. As inscrições podem ser feitas pelo endereço vfc.patrimonio@gmail.com ou pelo telefone 265 537 890. Os trabalhos decorrem durante os dias úteis, das 09h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30, existindo ainda a possibilidade de escolha de participação em apenas um destes dois períodos.

numa forma diferente de realizar a habitual atividade matinal, os cicloturistas passaram por vários locais da cidade, como as avenidas dos Combatentes, da Europa e Luísa Todi, a Azinhaga de S. Joa­quim e a Praça do Brasil. A meio do percurso do “2.º Setúbal Bike Tour”, com passagem pela zona ribeirinha, houve um momento de pausa e confraternização dos participantes, de vários pontos do concelho e também do distrito, no Parque de Vanicelos, que ajudou a retemperar forças. “Muitos trouxeram os filhos, que acompanharam o percurso em bicicletas próprias ou nas cadeirinhas dos carros dos pais”, assinalou Joaquim Dordio, adiantando que a iniciativa serviu também para pôr algumas pessoas a pedalar. “Algumas pessoas decidiram tirar o pó das bicicletas guardadas nas garagens.” O passeio de cicloturismo, com passagens por edifícios e locais de relevância histórica, cultural e de lazer, deu ainda a conhecer aos participantes algumas das zonas cicláveis existentes na cidade, como na Avenida Luísa Todi e na renovada frente ribeirinha.


23SETÚBALoutubro|novembro|dezembro12

Dois professores da Escola Superior de Tecnologia participam num projeto europeu de melhoria da eficácia ambiental dos carros elétricos. Da mesma instituição, três alunos foram premiados com um trabalho que permite consultas à distância na área da oftalmologia

Condução elétrica mais verde Uma equipa da comunidade científica setubalense está a trabalhar num projeto europeu que estuda soluções inovadoras de redução do impacte ambiental associado à produção e funcionamento dos carros elétricos. O projeto Green-Car ECO-Design, da União Europeia, desenvolvido entre janeiro de 2011 e o primeiro trimestre de 2013, visa, através de soluções de design, recolher propostas para a melhoria da performance de carros elétricos para depois serem apresentadas aos fabricantes como sugestões práticas que podem aplicar aos modelos que produzem. Em Portugal, envolve os docentes Aldina Soa­ res e José Maia, da Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Setúbal (EST/IPS), acompanhados pelo bolseiro de investigação Fernando Camilo, cabendo-lhes uma parte fundamental no projeto, a das baterias elétricas. O objetivo da União Europeia com este desafio, o qual envolve sete instituições de países comunitários, é reduzir o recurso aos derivados de petróleo através de um incentivo à opção pela aquisição de veículos elétricos desde que estes sejam alimentados por energias renováveis. Na fase de candidatura ao projeto, a equipa da EST/IPS contou com a experiência existente na instituição que representa, recolhida em projetos desenvolvidos há duas décadas nesta

área, que, mais recentemente, conduziram à construção de veículos totalmente elétricos, entre os quais constam um motociclo Vespa e um protótipo de um carro. As soluções até agora apuradas pelos portugueses apontam para a necessidade de reduzir para metade o peso das baterias atualmente em uso, com duzentos quilos – o que equivale a ter três pessoas no carro –, medida

que obriga, no entanto, a incorporar um extensor de autonomia no motor. Esta opção funciona como uma pequena central elétrica que fica de reserva para usar em deslocações mais longas, consistindo num pequeno motor a gasolina com um depósito de dimensão reduzida, o que, asseguram os investigadores, resulta na melhor solução ambiental.

O estudo também teve em conta os danos causados ao ambiente durante as diferentes fases da construção destes veículos, como a extração de materiais, produção, utilização e reciclagem. “A obtenção dos materiais para a conceção das baterias é o principal impacte, ainda que estes não sejam tóxicos para o ambiente”, aponta a engenheira do ambiente Aldina Soares, referindo-se ao níquel, lítio, fósforo, alumínio e cobre, os componentes atuais das baterias de última geração. O engenheiro eletrotécnico José Maia adverte que, a par destas melhorias tecnológicas, a meta ambiental depende também dos utilizadores de veículos elétricos, que, refere, devem evitar uma condução desportiva, devido às implicações no consumo e na saúde da bateria. “As baterias não gostam de intervenções muito repentinas, nem ao nível da condução, nem na utilização em vias com muito atrito”, salienta, acrescentando que “o carro elétrico deve ter uma utilização citadina, feita de modo suave”. A objetivo do Green-Car ECO-Design é a apresentação de um protótipo virtual resultante do contributo das instituições envolvidas, desenhado de forma ecológica, comparando-o com o veículo inicial. O produto final é depois mostrado aos construtores de automóveis como sugestão para poupar o ambiente.

academia

Óculos vigiam saúde da visão A inovação no modo de monotorização e tratamento do glaucoma deu a três alunos de Engenharia Biomédica da Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Setúbal (EST/IPS) o segundo lugar na edição 2011/2012 do concurso regional académico Poliempreende. Ruben Santana, Filipe Torrado e Solângela Varela apresentaram uma proposta de negócio assente no recurso às novas tecnologias de informação e comunicação, para atalhar, e muito, a relação entre o paciente e o médico. Uma consulta por ligação remota em que o paciente não tem de se descolar a um hospital central, equipado com todos os aparelhos de diagnóstico necessários à análise do glaucoma, é o objetivo proposto pelo grupo. A resposta é dada com a conceção de um protótipo virtual de uns óculos que funcionam como um tonómetro, um instrumento hospitalar que mede a tonalidade da retina, congregando as funcionalidades deste, sem que seja necessária a intervenção de um técnico de saúde.

O equipamento proposto é utilizado diretamente pelo utente, bastando colocar os óculos e, através de uma ligação à internet, a consulta pode ser realizada, com o médico a ditar as instruções, que o paciente deve aplicar num comando de mão. As vantagens apontadas pelos finalistas do curso de Engenharia Biomédica pelo uso da tecnologia incidem essencialmente na redução de custos para os utentes, concretamente na deslo-

cação da população idosa que não reside próximo dos hospitais centrais, onde todos os equipamentos estão reunidos num só local. A somar a isto há a considerar que é possível fasear os testes de avaliação da doença ocular já que o controlo pode ser feito consoante as necessidades de cada um, semanal ou diariamente. Há igualmente vantagens para os hospitais ao se libertar recursos humanos e materiais.

Ruben Santana frisa que “a prevenção é também uma medida económica já que o tratamento e a cirurgia se revelam mais caros”. O conforto na realização do exame, a facilidade de utilização, o baixo custo quando comparado com os aparelhos atuais e “o apoio a classes sociais delicadas, como acontece com os idosos”, são outras vantagens destacadas por Filipe Torrado. Ambos salientam a importância de se fazer atempadamente os rastreios do glaucoma, uma doença que se traduz no endurecimento do globo ocular, do qual resulta um afunilamento da visão que pode culminar em cegueira, a partir dos 35 anos, sendo em cerca de 6 por cento originada por causas hereditárias. Acresce que a frequência das análises aumenta com a idade. A realização do rastreio é um imperativo, na opinião dos alunos, para que a doença seja travada o mais cedo possível e porque a rea­lidade demonstra que metade das pessoas que sofre de glaucoma não sabe disso.


Cada modelo é uma réplica perfeita de embarcações reais. José Fernando transforma em miniatura o encanto que sente pelos barcos. Os modelos, ancorados numa loja da Baixa, podem ser pequenos, mas a arte é muito grande

Marinheiro à escala

O toldo sobranceiro à montra bem diz “Decoração Náutica”, mas ao entrar-se na loja de José Fernando, “O Hiate”, os barómetros, as lanternas, os relógios e os quadros são secundários perante o espanto causado pelas miniaturas de embarcações feitas pelo artesão setubalense. Ao centro da loja localizada na Baixa, na Rua de S. Cristóvão, José Fernando lixa o casco de uma futura traineira de popa de leque, típica de Setúbal para a pesca da sardinha. O ruído áspero do polimento, que encaminha o imaginário para o ambiente de um estaleiro naval, contrasta com as paredes da loja, preenchidas com elegantes e sumptuosos barcos em maqueta, na maioria veleiros. “Por favor note que o nome da loja é ‘Hiate’, com agá. Nada de i ou ípsilon. Tem a designação do barco típico de Setúbal”, ressalva José Fernando. O melindre justifica-se. As miniaturas são criadas à escala e réplicas perfeitas dos barcos originais, sendo que o artesão tem um gosto especial pelas embarcações sadinas. “É coisa de criança. Nasci no Troino e desde pequeno que tenho prazer em admirar barcos, principalmente os de Setúbal.” O deleite fica-se apenas na observação, uma vez que, embora até

goste de andar de barco, José Fernando é incapaz de ir para alto mar. “Há um grande problema: enjoo. Não há hipótese. Começa tudo a andar à volta, as náuseas surgem… é do pior”, desabafa, enquanto sorri à ironia. Por isso, admira os barcos em terra e, não só por isso, tem tanto prazer em reproduzi-los em miniaturas.

Perfeito na hora certa “Adepto da perfeição”, cada modelo leva três a quatro meses a concluir, embora trabalhe em várias miniaturas ao mesmo tempo. “Se um cliente quiser uma encomenda para daí a uma semana ou um mês, digo logo que não. Às vezes até chegam a dizer que não é preciso muito detalhe, que basta um esboço. Não pode ser. Eu saberia que era um trabalho imperfeito”, explica. A traineira setubalense da pesca da sardinha, aquela do casco por lixar, é exemplo dessa exigência. Havia sido encomendada em setembro, para um aniversário nesse mês. Data inviável. Virou prenda de natal. José Fernando sublinha que as miniaturas são feitas com a máxima precisão permitida pela escala definida. Cada peça, com exceção de algumas em metal, é concebida

pelo próprio, razão pela qual compreende que o descrevam como um artesão. No modelismo pode comprar-se kits de barcos para montar e até foi assim que começou, na década de 80. “O problema é que não se vendem embarcações típicas portuguesas”, que é do que gosta mais. Devido à lacuna no mercado, quando o nautimodelismo era somente passatempo, começou a falar com amigos entendidos na matéria, alguns, engenheiros navais, que lhe ensinaram a ler desenhos geométricos. Este conhecimento permitiu-lhe começar a fazer as peças de raiz e as embarcações que entende, desde que tenha os respetivos esquemas, algo difícil de conseguir. O empenho é tão grande que sente alguma consternação quando vende um modelo, mesmo aqueles com que faturou mil ou 1500 euros, os mais caros. “Esse é o negócio, mas fico sempre um bocadinho triste quando os entrego. Sei exatamente onde estão todos os barcos que fiz e vendi”, garante.

Traineira presidencial Desde que abriu a loja, há 14 anos, José Fernando guarda com especial

carinho algumas memórias em particular. Em 1999, numa visita do Presidente da República a Setúbal, foi convidado pela Navigomes a fazer uma embarcação típica para Jorge Sampaio, confesso admirador dos modelos tradicionais portugueses. A traineira setubalense de pesca da sardinha, que ofereceu com a mesma pena com que entrega qualquer outro barco a alguém, valeu-lhe, não pelo pequeno desgosto, mas pela arte, o reconhecimento da Câmara Municipal, que o distinguiu com a Medalha de Honra da Cidade na classe “Cultura”. “Zé dos Barcos”, como os mais chegados lhe chamam, recorda-se também com carinho do momento em que, a convite da Autarquia, foi um dos três artesãos locais que integraram uma comitiva de visita a Debrecen, na Hungria, cidade geminada com Setúbal. Hoje, encara o negócio e a crise como um marinheiro que se faz ao mar. “Depois da tempestade, há de vir a bonança. A verdade é que não tenho concorrência em Setúbal, a não ser a do dinheiro, ou, antes, a falta dele”, reflete. Efetivamente, ao passo que nos anos 90 todos os barcos em que trabalhava estavam imediatamente

retratos

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vendidos, agora não é bem assim. “A ideia é ir sobrevivendo até passar o temporal.” Avesso a modernismos, não tem telemóvel e “isso da internet é mais só para ver os jogos do Vitória”, brinca José Fernando. Homem metódico e de prazeres específicos, gosta igualmente de fotografia, analógica, claro, área em que trabalhou durante 25 anos, até se saturar dos casamentos e ­batizados. No modelismo, gosta ainda de figuras militares da era napoleónica. A coleção particular ronda as quatro centenas de soldados e cavaleiros que pintou à mão. Com 55 anos, domina as artes manuais depois de ter de reaprender quase tudo devido a um acidente de automóvel há 13 anos. Após seis meses internado no hospital, vários deles passados em coma, foi através da enorme determinação e do esforço de que se orgulha que recuperou a coordenação motora e, principalmente, mental. São tempos idos. As dificuldades foram contornadas e passa agora os dias, com felicidade de criança e destreza de artista, a construir barcos que são verdadeiras homenagens aos homens do mar.


25SETÚBALoutubro|novembro|dezembro12

Reencontro de amigos Paleta colorida

Razões pessoais e familiares abriram as portas da Casa d’Avenida. Primeiro aos amigos, depois aos conhecidos, que depressa se revelaram também amigos. Quem entra sente-se bem. E volta. Seja pela arte que ali se promove, seja pelo aconchego que o espaço provoca

Para quem conhece o segundo andar da Casa d’Avenida, a galeria do rés do chão parece pertencer a outro edifício. O cinzento das paredes em betão do piso térreo contrasta com a luz branca do piso superior. O que há de acolhedor na casa dá ideia de estar ausente na galeria. Essa sensação desvanece-se quando se compreende a complementaridade de um e do outro espaço. Ainda mais se a sala for ocupada pelo riso e pelas perguntas curiosas das crianças, como tem acontecido nos vários ateliers e animações ali realizados, ou pelos trabalhos expostos, de coloridas aguarelas por exemplo, que vestem as paredes.

rosto O edifício, construído pelo bisavô da atual proprietária, em 1897, é o rosto desta iniciativa, impulsionada por Maria João Frade. Sem ele, a Casa d’Avenida não existiria. Se ali não fosse, naquela casa, não seria em qualquer outro sítio. São os valores, as tradições, os laços familiares e de amizade que a tornam viva. E isso sente-se ao passar a porta principal. E começar a subir a escadaria é entrar numa outra dimensão. Por isso é tão bom visitá-la. É, sobretudo, no segundo andar recuperado, depois de vários anos alugado a uma escola de línguas, onde se desenrola todo o ambiente artístico­ ‑familiar. Um momento de hesitação. O que explorar primeiro com o olhar? A casa ou a exposição? Não interessa. Uma é intrínseca à outra. Divisões amplas, duas delas com janelas abertas para uma varanda, que em tempos se enchia de gente para assistir aos desfiles de Carnaval. Passados anos, há um reencontro de amigos, do liceu, outra geração, que recorda a casa e episódios vividos. A cozinha é, talvez, o ex-líbris deste espaço que faz esquecer a condição de visita para uma familiaridade tranquila. É difícil encontrar portas interiores entre divisões. Depende das exposições e das atividades que ali se desenvolvem, para que novas visões possam ser sugeridas e perspetivas discutidas a partir de vários ângulos.

Primeiro vieram os amigos. Depois os amigos dos amigos e os conhecidos. Agora, são turmas de alunos que visitam os números 286 e 288 da Avenida Luísa Todi. Em pouco mais de um ano, Maria João Frade conseguiu transformar a “casa da família” num espaço de divulgação das artes e de acolhimento a quem a visita. São, sobretudo, as memórias de infância, as conversas à mesa com a família e os amigos e o convívio na varanda do segundo andar, com uma vista privilegiada sobre a avenida, que motivaram a proprietária a avançar com o projeto. Professora na área das Letras, Maria João contou com o entusiasmo de uma “grande amiga, quase como uma irmã”, também professora, mas de Educação Visual, quando visitou a casa pela primeira vez. Assim nasceu a Casa d’Ave­ nida, um projeto resultante da vontade aliada à cumplicidade de duas amigas e dos diferentes saberes que se complementam, e que só poderia acontecer em Setúbal. Exposições de fotografia, escultura, desenho, pintura, ilustração, mas também encontros com a poesia, a música, a representação e as conversas, quer sejam na cozinha ou numa das salas, são bons motivos para se agendar uma visita. Mas não únicos. O reencontro de antigas amizades e a sensação acolhedora de quem está em casa são razões para voltar. Tal como acontece com a própria Maria

João Frade, que, aos 59 anos, regressa, praticamente todos os dias, às origens. Entre as aulas de formação de professores e o cuidar dos netos, a profissional e avó ainda consegue disposição para enfrentar o trânsito nas deslocações entre Lisboa e Setúbal, cuja distância parece encurtar com o passar do tempo. Se a Casa d’Avenida poderia ser noutra

localidade? Não, não poderia. “O facto de ser em Setúbal foi para mim muito estimulante”, confessa Maria João Frade. A beleza da cidade, as suas potencialidades e a oferta diversificada fizeram com que os primeiros amigos a visitar a Casa d’Avenida viessem de Lisboa. “Quem vinha almoçava ou jantava ou dava uma volta pela Baixa”, refere a professora, que só vê vantagens na proximidade entre as duas cidades.

Promover a arte O sucesso do projeto deve-se também ao empenhamento, seriedade e, claro,

talento dos artistas que ali têm exposto. Aliás, muitos dos trabalhos têm sido concebidos a pensar no conceito da Casa d’Avenida. Esta é “a casa que recebe amigos”, mas é igualmente um refúgio, “onde se pode estar, ouvir música, trabalhar, descansar”. Maria João Frade frisa que a casa já foi de quem ali nasceu e cresceu. “Agora é de todos aqueles que quiserem passar por cá.” Artistas e visitantes. De quem quer expor os seus trabalhos e de todos aqueles que os apreciam. “As pessoas quando entram vão ficando, vão-se sentindo bem aqui”, comenta, satisfeita com a constatação. Perspetivas para o futuro são ir tornando o projeto um pouco mais profissional, aproveitando todas as potencialidades do espaço e, “à medida que vá crescendo”, conseguir um horário mais alargado de funcionamento, sem obedecer apenas à disponibilidade de Maria João Frade. Por enquanto, o melhor mesmo é marcar a visita, através do número de telefone 917 038 187, para grupos ou individualmente. As visitas de grupos de alunos, dos mais pequenos aos mais velhos, incluindo da Universidade Sénior de Setúbal, têm dado um prazer especial à professora, uma vez que a arte e a cultura devem estar presentes nas crianças para apurar o sentido crítico desde cedo.

iniciativa

A casa


História A zona ribeirinha nem sempre foi o que é hoje. A areia estendia-se ao longo da margem do Sado, desde a estrada da Graça, atravessando a cidade, até entrar nas enseadas da Arrábida. A água era a ideal para banhos fosse para diversão ou a conselho médico. Terapêutica e revitalizadora

Banhos de prazer

memória

26SETÚBALoutubro|novembro|dezembro12

PRAIA. Faixa ribeirinha das Fontainhas a Vila Maria, em foto de 1929 de Américo Ribeiro, antes da construção do porto de Setúbal

Terapêuticos, higiénicos ou recreativos, os banhos foram desde sempre um privilégio para a população setubalense, sobretudo quando na segunda metade do século XIX as idas à praia se tornaram moda. Setúbal foi uma das maiores colónias balneares do País, com areal das Fontainhas ao Troino, sem contar com as praias da Arrábida e com Troia do outro lado do Sado. Um rio azul, límpido, procurado não só pelos locais como pelos veraneantes vindos do interior alentejano e de Lisboa. Meia dúzia de praias existiram onde atualmente se desenvolve a zona urbana ribeirinha. A praia das Fontainhas, da estrada da Graça até ao baluarte da Conceição, onde se encontrava a doca, seguindo-se, para poente, a da Ribeira, que terminava junto do Mercado do Livramento. As praias continuavam até ao antigo Largo da Anunciada – praia do ­Caboz –, dali até ao ribeiro das carmelitas, a praia do Seixal, e a da Saboaria, conhecida também por praia do Troino ou da Saúde. A época balnear era tardia, começando só a 1 de julho, mas prolongava-se até finais de outubro. Durante estes meses, chegavam famílias de fora, muitas vindas de comboio, beneficiando de preços reduzidos para os veraneantes, estabelecendo-se em quartos particulares ou alugando casas quando a lotação do Hotel Escoveiro, no edifício do Governo Civil, estava esgotada.

Atualmente, pode adquirir-se água do mar pulverizada, em qualquer farmácia, para tratar sinusites, laringites ou bronquites. Maleitas que há 150 anos encontravam remédio na água do mar, em estado líquido. Os benefícios que o rio Sado poderia oferecer para a saúde eram promovidos através da imprensa, que tentava aliciar para o investimento sério de estabelecimentos de banhos, como salientou Rogério Claro em “Setúbal há 100 anos – 1879”. Nesse ano, a Gazeta Setubalense reproduziu um artigo de um periódico estrangeiro em que era descrito o uso terapêutico da água do mar pulverizada, em que “o primeiro efeito imediato de respiração (…) é uma excitação agradável, que produz alegria e abre o apetite (…)”. À semelhança dos estabelecimentos termais, os banhos no Sado tinham todo o rigor terapêutico, respeitando horários e número de mergulhos, uma vez que começavam a aparecer empresários que montavam barracas nas praias, prometendo “banhos a toda a hora, com o maior recato, comodidade e asseio”, como anunciava Maria do Carmo, que instalou negócio na praia do Troino, em 1877. No mesmo ano, outro empresário, José Maria Mendes, também citado pelo setubalense Rogério Claro, prometia que a sua barca tinha “todas as comodidades possíveis e pelo sistema ultimamente adaptado em

tais estabelecimentos”. O empresário, um entre uma dezena, referia que os banhos poderiam ser de “chuva e de choque”, a preços de primeira e segunda classe.

Há mar e mar O verão passado em Setúbal era, para as famílias, muito mais do que praia, sol e mar. À noite, os clientes ilustres vestiam-se para os bailes organizados nas associações ou caminhavam pelo passeio público da Rua da Praia, atual Avenida Luísa Todi, e do Lago. Finda a época balnear e na hora da despedida, eram muitas as mensagens deixadas, escritas a lápis, nas paredes das barracas da praia. A nostalgia da partida e o entusiasmo da chegada sentidos pelos jovens eram notados por jornalistas, escritores e poetas setubalenses e descritos em prosa ou em verso. Manuel Maria Portela escreveu um soneto intitulado “O primeiro banho”: “Ela treme ao despir-se e quase que desmaia / ao ver tão largo o mar, que dizem ser tão fundo, / e pondo o lindo pé na humedecida praia / chega a supor talvez que vai deixar o mundo.” A morte de um banhista no verão de 1886 veio reforçar as recomendações para a segurança dos veraneantes no mar. Alertas feitos pela Gazeta Setubalense, alguns diferentes do que hoje conhecemos, como é o caso de dever-se “entrar no banho não gradualmente, mas de

chofre”, mergulhando todo o corpo e a cabeça. Mas também já se aconselhava evitar tomar banho após as refeições, embora fosse durante duas horas e não três, como hoje é recomendado. Saber nadar ou não pouco importa. Dentro de água não se pode estar parado, devendo-se mexer braços e pernas. Era ainda aconselhado o uso de linho áspero para friccionar o corpo molhado e, assim, ativar a circulação.

Troia no horizonte Vista de Setúbal, na margem norte do Sado, Troia era no século XIX uma miragem para muitos. Só quem tivesse barco para fazer a travessia ou quem residisse em localidades como a Comporta é que tinha acesso àquela língua de areia. “Troia, presentemente, é uma linda praia de banhos tanto de mar como de rio, por ser, do lado da terra, orlada por um esteiro a que chamam lagoa de Troia, à beira do qual ainda há vestígios de um cais, decerto construído por romanos”, lia-se na publicação “As nossas praias – Indicações gerais para o uso de banhistas e turistas”, de 1918, uma edição da Sociedade Propaganda de Portugal. Antes do casino e da marina, dos modernos catamarãs e luxuosos hotéis e até à década de 60 do século passado, Troia foi a praia de muitos pescadores. que passavam o verão com as suas famílias, no lado

da Caldeira, em barracas montadas com madeira e lençóis. Na direção oposta, na Ponta do Adoxe, ficavam as famílias mais abastadas. No entanto, as diferenças sociais só se notavam pela maneira de vestir, nos passeios à beira mar. Após a Implantação da República, em 1910, os guardas-republicanos construíram uma colónia de férias, com alas de casas baixas, feitas de pedra e cal. Nos anos 50 e 60, na margem de Setúbal, as filas eram enormes de veraneantes, carregados de fartos farnéis, para passarem o dia em Troia. O regresso também era complicado. Até à década de 70, quando apareceram os velozes hovercrafts, as carreiras fluviais eram escassas, com lotação reduzida, entre 40 e 50 passageiros. Agosto era já o mês de enchente, sobretudo de pescadores, por causa da procissão de Nossa Senhora do Rosário de Troia. Mas era junto da água que se passeava trajado, principalmente as mulheres mais velhas, com saias e blusas de balão, embora mais cavadas do que no dia a dia. O fato de banho era já permitido, embora um cabo do mar se certificasse de que o tamanho respeitava os limites da lei. Isto até ao 25 de Abril de 1974. Ao longo de décadas, aquela faixa de areia fina foi um atrativo sobretudo para as gentes simples que, das barracas às tendas de campismo, encontraram um paraíso à beira-mar.


27SETÚBALoutubro|novembro|dezembro12

Edifício À pesca da beleza O edifício do Clube de Amadores de Pesca de Setúbal, no n.º 37 da Rua Augusto Cardoso, na Baixa da cidade, revela uma excelência decorativa que justifica uma visita demorada. No exterior, a fachada impressiona ao exibir uma forte imagem de arte nova, designadamente ao nível dos vãos trabalhados, com um tratamento plástico eclético, “realçando-se o neobarroco num frontão tripartido onde a parte central é mais elevada para dar lugar a um florão”, aponta a arquiteta municipal Manuela Tomé. O edifício, do início dos anos 20, tem desenho de Jorge Paiva Diniz, que assinou, entre vários trabalhos, o da sede do Club Setubalense. No interior do edifício, em qualquer direção, é possível encontrar elementos merecedores de mais do que um mero olhar. A quantidade e a qualidade de pormenores sucedem-se. É ali, na primeira sala, que as maravilhas “desfilam” em qualquer direção para onde se lance o olhar, sendo a presença feminina – projetada nos relevos de madeira revestida a gesso, da autoria de António Casimiro da Silva – muito forte. No centro do teto há um baixo-relevo “muito subtil, muito bem trabalhado”, com cinco figuras femininas, aponta a arquiteta municipal. Uma delas, a figura central, está em destaque e elevada num plinto, coroada e ostentando numa das mãos uma concha com um castelo e as armas de Sant’Iago, elementos do brasão de Setúbal. No mesmo baixo-relevo, duas figuras femininas estão de pé, ornamentadas simbolicamente. Mais abaixo duas figuras estão de joelhos envergando cestas de pão, o que faz transparecer a ideia de hierarquia, “pelo simbolismo que é representado ou pelas profissões que desempenham, ou por

ambas as razões”, conclui Manuela Tomé. Toda a decoração envolvente é composta por grinaldas de flores que fazem a ligação entre o teto e a parede. Esta sala, “aparentemente quadrada, é interrompida apenas pelas bases de apoio das colunas coríntias que subdividem as paredes em vários espaços, tratados de forma diferenciada”, explica a técnica municipal. Nas laterais da sala, as vitrinas embutidas nas paredes mostram os troféus e as taças obtidas pelo Clube de Amadores de Pesca de Setúbal (CAPS) nos campeonatos em que participou.

Padaria e café Da sala da entrada passa-se para um balcão onde há serviço de bar. Atrás deste está situada a cozinha, onde existe um grande forno, a toda a largura do compartimento, em que a abóboda abatida de fundo ainda se mantém. O tamanho do forno, com um diâmetro interior, em projeto, de quatro metros e meio, é indicativo do uso original do edifício construído em 1922, o de padaria. Funcionou igualmente ali o Café Império, nos anos 30, numa altura em que se fez uso do piso superior como salão de bilhar. Desde 1959, o n.º 37 da Rua Augusto Cardoso é o local onde funciona a sede do CAPS, apontado pela direção da agremiação como o melhor clube de pesca do País, já que por quatro vezes foi campão nacional e, em 2010, campeão mundial, num ano em que arrebatou igualmente o troféu nacional. O CAPS, fundado por João Envia, Fernando Fryxel e Vítor Pacheco, em 1957, funcionou nos primeiros dois anos de atividade numa sala da Capricho Setubalense.

Pormenor

Estória

Presumível bígamo

Estatueta irada

Três anos foi o tempo que o Tribunal do Santo Ofício, ou Inquisição, no ­século XVIII, levou para ilibar o galego Pedro Peres da acusação de bigamia. Uma heresia supostamente cometida pelo aguadeiro com pouco mais de 50 anos, natural de São Pedro de Serzeda, bispado de Lugo, do reino da Galiza, que se fixou em Setúbal. Acusado de ter casado segunda vez, com uma espanhola, estando viva a primeira mulher, galega, Pedro Peres foi preso. Este processo, que decorreu entre março de 1734 e julho de 1737, encontrado durante uma investigação feita pelo Museu de Setúbal nos arquivos da Torre do Tombo sobre o abastecimento de água, desenrolou-se em Évora, na Casa do Despacho da Santa Inquisição. Após a audição das inúmeras testemunhas, que em grande parte disseram desconhecer o aguadeiro, não ficou provado que Pedro Peres tinha cometido tal crime. O galego residente em Setúbal teve ainda a seu favor o facto de possuir o estatuto de cristão-velho, fazendo prova do batismo, e o bom comportamento demonstrado durante a audiência. A sentença de absolvição do crime de bigamia foi lida em julho de 1737, pela Mesa do Conselho Geral do Tribunal do Santo Ofício, em Lisboa, em sessão pública.

ontem

A velhinha Escola Oficial do Bairro Salgado, por onde passaram tantas gerações de rapazes, aqui numa foto de Américo Ribeiro de 1936, funcionou num edifício do início do século XX, construído para maternidade, na esquina das ruas Gama Braga e Capitão Tenente Carvalho Araújo. Com a desativação e demolição da escola primária, foi erguido no mesmo local um prédio de habitação, com lojas no rés do chão, como mostra a imagem de Mário Peneque.

Um deus ameaçador está exposto no Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal, agora já sem a lança ou dardo e o escudo, mas, apesar disso e dos dez centímetros de altura, mantém o ar guerreiro. A peça de bronze de forma humana dando a ideia de movimento, com origem cronológica situada em torno da segunda metade do século V a.C., chama-se São Romão de Alferrar, representando uma divindade ameaçadora de origem oriental, conhecida como smiting god, que abarca os deuses combatentes e ameaçadores. O artefacto, cujo nome está ligado ao local onde foi encontrado, por Arronches Junqueiro, em Alferrar, na base do outeiro de S. Romão, a poucos quilómetros de Setúbal, mostra uma personagem nua e fálica, com a cabeça desproporcionada relativamente ao corpo, destacando-se na face o nariz comprido e largo, como refere o arqueólogo Mário Varela Gomes num trabalho sobre a iconografia proto-histórica no Sul de Portugal. Estas peças, raras em Portugal, foram introduzidas por comerciantes e navegadores do Mediterrâneo Oriental na Idade do Ferro.

hoje


28SETÚBALoutubro|novembro|dezembro12

A entrada no ano de 2013 é celebrada com uma festa de arromba que liga Setúbal a Troia. O “programa azul”, dinamizado ao longo de quatro dias, tem música, cinema, teatro, passeios pedestres e um espetáculo de fogo de artifício sobre o plano de água do rio na noite mais longa do ano Setúbal e Troia voltam a juntar-se para assinalar um fim de ano dinamizando um programa com um conjunto variado de atividades, com muitos momentos de animação e iniciativas para as populações das duas margens do rio. Na zona da Doca dos Pescadores, epicentro das festividades em Setúbal, a animação musical é uma constante. Além de espetáculo com o DJ Rui Estêvão, da Antena 3, há concertos com as bandas portuguesas Mesa e doismileoito. Pouco antes das 12 badaladas, os olhares centram atenções no horizonte do Sado para um fogo de artifício inesquecível projetado sobre

o plano de água do rio. À hora certa, erguem­ ‑se os copos num brinde a 2013. A animação da noite mais festiva do ano, ao longo de toda a frente ribeirinha, envolve a participação dos bares da Avenida Luísa Todi e da zona à beira-rio, que promovem um programa especial de divertimento e folia que, nalguns casos, se prolonga até ao amanhecer. Com o tema “Venha passar um fim de ano AZUL numa das mais belas baías do MUNDO”, o réveillon, em Troia, inclui na noite de fim de ano a emissão de um programa de rádio ao vivo com Guilherme Fonseca, Daniel Lei-

tão e Joana Marques, a partir do Troiaresort, e animação musical com o DJ Nebur, no Casino de Troia. No primeiro dia do novo ano, há um concerto, às 16h00, no Troiaresort. O réveillon 2013 integra o “programa azul”, projeto iniciado no ano passado, o qual deu o arranque a uma parceria Setúbal-Troia na ­realização de eventos de aproximação das duas margens do rio. A iniciativa é organizada pela Câmara Municipal de Setúbal, Troiaresort e Turismo Lisboa e Vale do Tejo, em parceria com a Câmara Municipal de Grândola e a Costa Alentejana.

Natal anima concelho A quadra natalícia é assinalada, entre dezembro e janeiro, com várias iniciativas culturais, desportivas, ecológicas e de solidariedade para a população, dinamizadas um pouco por todo o concelho. O “Natal em Setúbal 2012” leva aos munícipes concertos, exposições, animação de rua, teatro, dança e artesanato, tudo num programa desenvolvido pela Câmara Municipal em parceria com várias associações, coletividades e juntas de freguesia. A tradicional iluminação, este ano em menos locais e com um investimento mais reduzido, da ordem dos 30 mil euros, já brilha em várias ruas e avenidas, sobretudo no centro histórico, onde é dinamizado o projeto “Cidade do Natal”, com um concurso de estátuas vivas e clown, marionetas, música ao vivo e street dance. Ao longo de mais de um mês, o concelho é palco de apresentações de livros, peças de tea­tro infantil e concertos de bandas filarmónicas, de grupos corais, de fado, entre muitos outros géneros. O programa integra ainda o “Natal Ecológico”, iniciativa no âmbito da ação “+ Ambiente”, com a colocação de árvores elaboradas com materiais recicláveis na Baixa da cidade, instaladas no dia 21 de dezembro, ficando patentes até 7 de janeiro. Nas freguesias do concelho são organizadas, localmente, iniciativas de natureza variada, com festas para as crianças, distribuição de cabazes, feiras de artesanato e atividades desportivas. Já em janeiro, o programa “Natal em Setúbal” reserva mais uma iniciativa musical, com o Grupo Coral Alentejano “Os Amigos do Independente” e o Toquivozes a cantar as Janeiras, no dia 4, às 17h30, nos Paços do Concelho.

Corpo Santo em vias de classificação A Casa do Corpo Santo está em vias de classificação como Monumento de Interesse Público, com uma zona especial de proteção, após a emissão de parecer favorável do Conselho Nacional de Cultura. O processo de classificação do imóvel situado no Largo do Corpo Santo ficou em fase de consulta pública até 13 de dezembro, como consta de uma lista publicada no sítio do IGESPAR – Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico. Após esta etapa, caso não sejam apresentadas observações, a classificação do imóvel e a respetiva zona especial de proteção, uma área de 50 metros fixada a partir dos limites exteriores do edifício, são oficializadas com a publicação em Diário da República. Os edifícios localizados na zona especial de proteção ficam ao abrigo das disposições legais em vigor, que

determinam, entre outras, o dever de comunicação de situações de perigo que ameacem ou possam afetar o seu interesse como bem cultural e o pedido de autorização de obras e intervenções nos bens imóveis. O processo de classificação da Casa do Corpo Santo como Monumento de Interesse Público resulta de uma proposta apresentada pela Câmara Municipal com base na relevância arquitetónica e artística do imóvel e fundamentada pela importância histórica no contexto da economia marítima local, ao ter ­albergado a Confraria dos Navegantes e Pescadores de Setúbal, com origem no século XIV. A Casa do Corpo Santo, um edifício de 1714, com um troço da muralha trecentista do lado nascente, onde está instalado o Museu do Barroco, foi alvo de intervenções lideradas pela Autarquia, com profundos trabalhos de recuperação.

plano seguinte

Réveillon festejado a azul


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