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O Rio dos Sinos que temos E o que queremos Abril/ Maio e Junho de 2015
Jornal online
Foto: Cássios Schaab
Ano IV/ Edição 34
Foto: Tatiane Lopes
Foto: Liceo Piovesan
O
famoso rio Tâmisa, que banha Londres, é hoje um dos mais limpos do mundo – ao menos um dos mais limpos em uma cidade grande. Nem sempre foi assim. De acordo com Peter Ackroyd, em seu livro Tâmisa – uma biografia, ele era considerado sujo por quem vivia às suas margens desde os tempos dos romanos, quando já servia como escoamento de esgoto cloacal. Contudo, a situação se agravou muito em meados do século XIX. Naquela época, além do excremento, resíduos de fábricas eram lançados diretamente lá. Em 1858, o parlamento deixou de se reunir no Palácio de Westminster porque seus membros simplesmente não aguentavam o cheiro que emanava do curso d’água, que passa a alguns metros de distância. Um século depois, a situação ainda era complicada. O rio foi considerado biologicamente morto nos anos 1950, quando os níveis de oxigênio caíram tanto que não havia nenhum peixe em um raio de 77 quilômetros. O renascimento data do fim dos anos 1960. Na década de 1970, os animais começa-
ram a voltar. Atualmente, há mais de 100 espécies de peixes nadando por ali, e até golfinhos e lontras podem ser vistos. Essa mudança não foi fruto do acaso: diversas medidas foram tomadas, como a recuperação de ecossistemas ao longo das margens, a adoção de regulamentações mais rigorosas e monitoramento constante. E o investimento de muitas, muitas libras. Por que contamos esta história aqui? Porque ela mostra que a deterioração das águas não é um destino certo, um triste – porém inevitável – efeito colateral do progresso, e que até os rios nas piores condições podem ser recuperados. Mas, para que isso ocorra, precisamos de engajamento político. Sim, precisamos de política! Por mais que ações individuais sejam necessárias – como tomar banhos mais curtos e dar a destinação correta ao nosso lixo –, a questão do esgoto e de outras formas de poluição deve ser abordada coletivamente, por meio de legislações específicas, investimento em obras necessárias e fiscalização adequada.
O nosso Sinos ainda vive. Sua nascente, em Caraá, é cristalina. São nossas escolhas e, principalmente, nossas omissões que o transformam em um rio extremamente poluído ao longo dos seus 190 quilômetros. Em 2006, mais de um milhão de peixes morreram naquela que é considerada uma das maiores tragédias ambientais do Rio Grande do Sul, resultado de alta concentração de esgoto cloacal e de poluição gerada por empresas num curso de pouca vazão. Isso não representou a morte do rio, mas serviu de alerta para os municípios que prosperam em sua bacia de que algo precisava ser feito. Nas páginas centrais desta edição, abordamos algumas das ações políticas que têm como objetivo salvar o Sinos, muitas das quais contam com o apoio e a participação da Câmara de Novo Hamburgo. É preciso conhecer essas alternativas, para que possamos acompanhar e cobrar sua execução – e até, quem sabe, propor novos caminhos. A melhor maneira de termos um final feliz para a nossa história é assumirmos o papel de protagonistas.
Saiba mais sobre as ações que podem salvar o Rio dos Sinos na central
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