Monografia TCC - Centro Público de Bem-estar animal para cães e gatos

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UNIDADE CENTRAL DE EDUCAÇÃO FAEM FACULDADE - UCEFF FACULDADE EMPRESARIAL DE CHAPECÓ – FAEM UCEFF FACULDADES ARQUITETURA E URBANISMO

CENTRO PÚBLICO DE BEM-ESTAR ANIMAL PARA CÃES E GATOS EM CHAPECÓ/SC

CAMILA CASSOL Trabalho de Conclusão de Curso

Chapecó (SC), julho de 2018.


CAMILA CASSOL

CENTRO PÚBLICO DE BEM-ESTAR ANIMAL PARA CÃES E GATOS EM CHAPECÓ/SC

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Curso de Arquitetura como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade Empresarial de Chapecó, UCEFF.

Professora Orientadora: Ma. Andriele Panosso Professor coorientador: Me. Ricardo Barros Marques

Chapecó (SC), julho de 2018.



A Deus, meu guia, meu socorro, meu tudo. À minha família, em especial minha mãe, Inez e meu pai, Olindo. Com amor.


AGRADECIMENTOS

Este trabalho é consequência de meses de pesquisa e, para ter um resultado satisfatório, várias pessoas foram importantíssimas nesse processo. Agradeço de antemão a todos que, de alguma forma, contribuíram nesta causa e também no meu crescimento como pessoa e futura profissional. Agradeço, primeiramente, ao bom Deus por ter me dado capacidade de alcançar mais este objetivo, por Ele ter me dado forças para superar as dificuldades e me permitir chegar até aqui. Por ter me dado vida, pais tão maravilhosos, família e amigos incomparáveis. A minha família, essencialmente meus pais, pelo amor, apoio, incentivo, força e paciência, por me ajudarem em todos os momentos, por me fazer crescer e me tornar uma pessoa melhor a cada dia. Obrigada pelo ensinamento do temor e amor a Deus e por serem pais presentes e estarem sempre comigo. A meus professores orientadores Andriele Panosso e Ricardo Barros Marques pela complacência, correções, dicas, por me ajudarem a evoluir como acadêmica e futura profissional e a desenvolver um senso crítico arquitetônico mais aguçado para encarar a profissão. Obrigada pelo incentivo em todas as orientações, por não me deixarem desistir quando os problemas vinham e por me ensinarem a confiar que, no fim, as coisas dão certo se lutarmos e insistirmos nisso. À professora e coordenadora de curso Adriana Baldissera que contribuiu enormemente no processo de pesquisa e acompanhamento do meu trabalho e desenvolvimento acadêmico, bem como pela disposição constante em ajudar. A todos os demais professores que me acompanharam nessa jornada e foram fundamentais no processo de aprendizado e formação profissional. Obrigada por compartilharem cada pitada de conhecimento e contribuir para a nossa evolução como alunos. Aos meus colegas e amigos, obrigada por todo incentivo, compreensão, paciência, ajuda, ideias e contribuições em todos os aspectos. Ao professor e médico veterinário Anderson Luiz de Carvalho da UFPR que, tão atenciosamente, supriu minhas dúvidas e dedicou seu tempo para me atender. Às clínicas veterinárias de Chapecó que contribuíram nas minhas pesquisas de campo. Ao meu chefe e colegas de trabalho pela compreensão, pelos dias de folga e por terem contribuído no meu aprendizado ao longo da vida acadêmica. Muito obrigada!


RESUMO

A cidade de Chapecó/SC possui uma carência muito grande no que se refere ao atendimento de cães e gatos abandonados e daqueles cujos tutores não possuem condições financeiras para custear um tratamento veterinário para seus pets. A convivência destes animais com o ser humano é muito comum, mas, muitas vezes, o descaso, falta de responsabilidade e até mesmo a maldade, ocasionam no abandono, maus-tratos e falta de cuidados básicos com a saúde dos animais. Isto, além de ser ruim para eles, influencia também na saúde pública, pois animais sem cuidados tendem a ser vetores de doenças infecciosas e contagiosas, as chamadas zoonoses, as quais o homem também é suscetível a adquirir. Além disso, animais abandonados que, geralmente, não são castrados tendem a se reproduzir incontrolavelmente e a situação agravase com a quantidade de animais cada vez maior nas ruas. Desta forma, este trabalho visa a criação de um anteprojeto de centro público de bem-estar animal, o qual comportará um abrigo, clínica veterinária e área de lazer para cães e gatos e atenderá a classe de animais referida com programas de tratamento de saúde, castração e adoção responsável. A pesquisa foi realizada através de material bibliográfico, livros, TCCs, dissertações e teses, como também artigos e entrevistas informais com profissional da área da medicina veterinária. O método utilizado foi o indutivo e o nível da pesquisa é exploratório com enfoque qualitativo. Além disso, a pesquisa realizada proporcionou uma visão ampla acerca das melhores alternativas para a proposta e os resultados adquiridos levaram à decisão final acerca do tema supracitado. Além da pesquisa realizada, foram coletados dados referentes ao município de inserção do anteprojeto, bem como do terreno escolhido para implantação a partir de observações in loco, em imagens de satélite, mapas disponibilizados pela prefeitura da cidade e, com isso, foram desenvolvidos mapas que contém informações relevantes e que influenciarão diretamente no projeto a ser feito. Além do mais, para o projeto, especificamente, também foi desenvolvido um programa de necessidades, estudos de manchas, fluxograma, conceito e partido arquitetônico para a proposta. Projeto arquitetônico; centro de bem-estar animal; abrigo de animais; arquitetura hospitalar veterinária.


LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Pintura de gato domesticado no Egito Antigo. ....................................................... 23 Figura 2 - Proporção de domicílios com cães e gatos. ............................................................. 26 Figura 3 – Cinco liberdades da boa qualidade de vida animal. ................................................ 28 Figura 4 – Primeiras escolas de veterinária do mundo. ............................................................ 31 Figura 5 - Escola Superior de Medicina Veterinária de São Bento e hospital veterinário da Escola. ...................................................................................................................................... 33 Figura 6 – Escola de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo. ...................................... 34 Figura 7 – Hospital Veterinário Rebouças. .............................................................................. 36 Figura 8 – Hospitais veterinários no Brasil (USP/UFPR/UFRPE). ......................................... 37 Figura 9 - Hospitais veterinários em Santa Catarina. ............................................................... 38 Figura 10 – Tipos de brises com o mesmo efeito. .................................................................... 50 Figura 11 – Brises metálicos. ................................................................................................... 50 Figura 12 – Exemplos de ventilação cruzada. .......................................................................... 51 Figura 13 – Estrutura da telha termo-acústica (sanduíche). ..................................................... 51 Figura 14 – Parede em drywall com isolamento acústico e sistema de parede mista. ............. 52 Figura 15 - Parede pré-moldada de concreto. ........................................................................... 53 Figura 16 – Piso epóxi. ............................................................................................................. 54 Figura 17 – Exemplo de sistema fotovoltaico. ......................................................................... 54 Figura 18 – Sistema de captação de água da chuva.................................................................. 55 Figura 19 – Ruídos causados por cães. ..................................................................................... 57 Figura 20 – Propagação das ondas sonoras em relação à barreira acústica. ............................. 57 Figura 21 – Materiais de barreiras acústicas. ........................................................................... 58 Figura 22 – Sistema de isolamento termo-acústico em janela com vidro duplo. ..................... 58 Figura 23 – Vista frontal do complexo. .................................................................................... 60 Figura 24 – Localização. .......................................................................................................... 61 Figura 25 – Setorização do projeto. .......................................................................................... 62 Figura 26 – Galeria principal e sala de exames. ....................................................................... 63 Figura 27 – Canil. ..................................................................................................................... 63 Figura 28 – Sistema de escamas proposto diagonalmente em toda a fachada e exemplo de escama de réptil. ....................................................................................................................... 64 Figura 29 – Planta baixa - South Los Angeles Animal Care Center & Community Center. .... 65 Figura 30 – Estacionamento. .................................................................................................... 66


Figura 31 – Elevação oeste e elevação vista da galeria. ........................................................... 66 Figura 32 – Circulação no canil................................................................................................ 67 Figura 33 – Iluminação natural nas elevações. ......................................................................... 67 Figura 34 – Iluminação natural em planta baixa. ..................................................................... 68 Figura 35 – Estudo de massa nas elevações. ............................................................................ 68 Figura 36 – Elevação na entrada principal. Junção dos dois blocos edificados. ...................... 69 Figura 37 – Linhas diagonais em planta. .................................................................................. 69 Figura 38 – Linhas diagonais na elevação. ............................................................................... 70 Figura 39 – Repetição. .............................................................................................................. 70 Figura 40 – Circulação. ............................................................................................................ 71 Figura 41 – Unidade e conjunto. .............................................................................................. 72 Figura 42 – Subtração. .............................................................................................................. 72 Figura 43 – Hierarquia nos acessos principais à edificação. .................................................... 73 Figura 44 – Centro Cirúrgico Veterinário OASIS. ................................................................... 73 Figura 45 – Localização. .......................................................................................................... 74 Figura 46 – Recepção. .............................................................................................................. 75 Figura 47 – Sala de exames, UTI, tratamento e hospitalização................................................ 75 Figura 48 – Sala de avaliação e sala de tratamento. ................................................................. 76 Figura 49 – Planta baixa e legenda. .......................................................................................... 76 Figura 50 – Setorização/manchas. ............................................................................................ 77 Figura 51 – Cortes. ................................................................................................................... 77 Figura 52 – Estrutura. ............................................................................................................... 78 Figura 53 – Iluminação natural................................................................................................. 78 Figura 54 - Estudo de massa nos cortes. ................................................................................... 79 Figura 55 – Fachada da clínica. Interior do edifício. ................................................................ 79 Figura 56 – Circulação. ............................................................................................................ 80 Figura 57 – Adição. .................................................................................................................. 80 Figura 58 – Vista da clínica. ..................................................................................................... 81 Figura 59 – Localização. .......................................................................................................... 81 Figura 60 – Ambientes da clínica abertos ao público............................................................... 82 Figura 61 – Ambientes privativos da clínica. ........................................................................... 83 Figura 62 – Implantação. .......................................................................................................... 84 Figura 63 - Planta baixa térreo e legenda. ................................................................................ 85 Figura 64 - Planta baixa 2º pavimento e cobertura. .................................................................. 85


Figura 65 - Cortes e elevação frontal........................................................................................ 86 Figura 66 - Entrada principal. ................................................................................................... 86 Figura 67 - Estudo de manchas pavimento térreo e superior. .................................................. 87 Figura 68 – Estrutura. ............................................................................................................... 87 Figura 69 – Iluminação natural................................................................................................. 88 Figura 70 – Janela da fachada principal. .................................................................................. 88 Figura 71 – Elevação principal e de fundos, respectivamente. ................................................ 88 Figura 72 – Estudo de massa. ................................................................................................... 89 Figura 73 – Estudo de maquete volumétrica. ........................................................................... 89 Figura 74 – Estudo planta/corte/fachada. ................................................................................. 89 Figura 75 – Circulações. ........................................................................................................... 90 Figura 76– Singularidade: vista frontal e fundos, respectivamente.......................................... 90 Figura 77 – Hierarquia na fachada. .......................................................................................... 90 Figura 78 – Localização geral da implantação do projeto. ....................................................... 91 Figura 79 – Mapa de inserção urbana dos lotes e ampliação da região.................................... 92 Figura 80 – Principais pontos nodais do munícipio. ................................................................ 93 Figura 81 – Área de estudo e terreno em destaque. .................................................................. 94 Figura 82 – Surgimento dos loteamentos em Chapecó. ........................................................... 95 Figura 83 – Terreno escolhido. ................................................................................................. 95 Figura 84 – Mapa do sistema viário. ........................................................................................ 96 Figura 85 – Mapa de figura fundo. ........................................................................................... 97 Figura 86 – Mapa de uso do solo.............................................................................................. 98 Figura 87 – Mapa de gabarito de pavimentos. ......................................................................... 99 Figura 88 – Mapa de zoneamento da área de intervenção. ..................................................... 100 Figura 89 – Mapa de condicionantes físicas........................................................................... 102 Figura 90 – Perfil do terreno................................................................................................... 102 Figura 91 – Posicionamento fotográfico. ............................................................................... 103 Figura 92 - Vista 1: Testada oeste. ......................................................................................... 104 Figura 93 – Vista 2: Talude. ................................................................................................... 104 Figura 94 – Vista 3: Passarela no acesso Plínio Arlindo de Nês. ........................................... 104 Figura 95 – Vista 4 - Testada norte. ....................................................................................... 105 Figura 96 – Vista 5: Testada leste (foto tirada da passarela). ................................................. 105 Figura 97 – Vista 6 – Entorno (acesso Plínio Arlindo de Nês). ............................................. 105 Figura 98 – Mapa de localização dos serviços veterinários em Chapecó. ............................. 107


Figura 99 – Modelo de consultório veterinário. ..................................................................... 116 Figura 100 – Modelo de sala de raio-X. ................................................................................. 116 Figura 101 – Modelo de laboratório clínico veterinário. ........................................................ 117 Figura 102 – Modelo de central de material esterilizado. ...................................................... 118 Figura 103 – Modelo de sala de pré-cirúrgico........................................................................ 118 Figura 104 – Sala cirúrgica..................................................................................................... 119 Figura 105 – Modelo de sala de pós-cirúrgico. ...................................................................... 119 Figura 106 – Baias de internamento. ...................................................................................... 121 Figura 107 – Baia de internamento isolado. ........................................................................... 122 Figura 108 – Modelo de sala de banho e tosa. ....................................................................... 125 Figura 109 – Esquema conceitual urbano............................................................................... 128 Figura 110 – Estudo de manchas. ........................................................................................... 129 Figura 111– Organograma. ..................................................................................................... 130 Figura 112 – Fluxograma. ...................................................................................................... 131 Figura 113 – Esquema de triagem do atendimento para cães e gatos. ................................... 132 Figura 114 – Ponto focal. ....................................................................................................... 132 Figura 115 – Croqui inicial..................................................................................................... 134


LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Índices urbanísticos da área de intervenção.......................................................... 101 Tabela 2 – Pesquisa de demanda semanal de serviços veterinários em clínicas. ................... 108 Tabela 3 –Setor de atendimento (prévio). .............................................................................. 110 Tabela 4 - Setor cirúrgico (prévio). ........................................................................................ 111 Tabela 5 - Setor de internamento (prévio). ............................................................................. 112 Tabela 6 - Setor administrativo (prévio)................................................................................. 112 Tabela 7 - Setor de sustentação (prévio). ............................................................................... 113 Tabela 8 - Setor de serviços gerais (prévio). .......................................................................... 113 Tabela 9 - Setor do abrigo (prévio). ....................................................................................... 114 Tabela 10 - Setor de educação e feirinha (prévio). ................................................................. 114 Tabela 11 - Pré-dimensionamento total (prévio). ................................................................... 115 Tabela 12 - Setor de atendimento da clínica (oficial). ............................................................ 117 Tabela 13 - Setor cirúrgico (oficial). ...................................................................................... 120 Tabela 14 - Setor de internamento (oficial). ........................................................................... 121 Tabela 15 – Setor administrativo (oficial). ............................................................................. 122 Tabela 16 - Setor de sustentação para a clínica e abrigo (oficial). ......................................... 123 Tabela 17 - Setor de serviços (oficial). ................................................................................... 123 Tabela 18 - Setor do abrigo (oficial). ..................................................................................... 125 Tabela 19 - Setor de educação e feirinha (oficial). ................................................................. 126 Tabela 20 – Pré-dimensionamento geral (oficial). ................................................................. 127


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABINPET – Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária APP – Área de Preservação Ambiental ASV - The Association of Shelter Veterinarians (Associação de Médicos Veterinários de Abrigos) CASAN – Companhia Catarinense de Águas e Saneamento CBMSC - Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Santa Catarina CELESC – Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A. CEPA – Centro de Esterilização de Pequenos Animais CFMV – Conselho Federal de Medicina Veterinária CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente FAWC - Farm Animal Welfare Council HV - Hospitais Veterinários IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IN - Instrução Normativa MBCAP - Macroárea da Bacia de Captação de Água Potável MV - Medicina Veterinária NBR – Norma Brasileira Regulamentadora NSCI - Normas de segurança contra incêndio OMS - Organização Mundial da Saúde ONG – Organização não-governamental PDC - Plano Diretor de Chapecó PN – Programa de necessidades PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNS - Pesquisa Nacional de Saúde


RDC - Resolução de Diretoria Colegiada SPCA - Society for the Prevention of Cruelty to Animals (Sociedade para a Prevenção da Crueldade aos Animais) UFDDB - Unidade Funcional de Descentralização do Desenvolvimento da Bacia UFPR – Universidade Federal do Paraná UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul UIPA - União Internacional Protetora dos Animais USP - Universidade de São Paulo UVB – Radiação Ultravioleta B WPA – World Protection Animal WSPA - World Society for the Protection of Animals


SUMÁRIO 1

INTRODUÇÃO........................................................................................................... 16

1.1

APRESENTAÇÃO DO TEMA DA PESQUISA ......................................................... 17

1.1.1 Questão problema ....................................................................................................... 18 1.2

OBJETIVOS ................................................................................................................. 18

1.2.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 18 1.2.2 Objetivos específicos ................................................................................................... 19 1.3

JUSTIFICATIVA ......................................................................................................... 19

2.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 21

2.1

ANIMAIS DOMÉSTICOS E O CONVÍVIO COM O HOMEM ................................ 21

2.2

PROBLEMAS ENFRENTADOS NA RELAÇÃO HOMEM-ANIMAL .................... 24

2.3

BEM-ESTAR ANIMAL ............................................................................................... 27

2.4

ESTABELECIMENTOS VETERINÁRIOS E ABRIGOS DE ANIMAIS ................. 29

2.4.1 Histórico da medicina veterinária no mundo ........................................................... 30 2.4.2 A medicina veterinária no Brasil............................................................................... 32 2.4.3 Arquitetura de estabelecimentos veterinários .......................................................... 39 2.4.4 Abrigos de animais ..................................................................................................... 43 2.5

LEGISLAÇÃO DE HOSPITAIS VETERINÁRIOS E ABRIGOS DE ANIMAIS ..... 47

2.5.1 Federal ......................................................................................................................... 47 2.5.2 Estadual ....................................................................................................................... 48 2.5.3 Municipal ..................................................................................................................... 49 2.6

SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS .................................................................................. 49

2.6.1 Iluminação natural ..................................................................................................... 49 2.6.2 Ventilação cruzada ..................................................................................................... 51 2.6.3 Cobertura (telha termoacústica) ............................................................................... 51 2.6.4 Fechamento ................................................................................................................. 52 2.6.5 Acabamento de piso .................................................................................................... 53


2.6.6 Água e Energia ............................................................................................................ 54 2.6.7 Acústica ........................................................................................................................ 56 3

METODOLOGIA ....................................................................................................... 59

4

RESULTADOS DA PESQUISA ............................................................................... 60

4.1

ESTUDOS DE CASO .................................................................................................. 60

4.1.1 South Los Angeles Animal Care Center & Community Center................................. 60 4.1.2 OASIS Veterinary Surgical Center ............................................................................. 73 4.1.3 Malpertuus Veterinary Clinic ...................................................................................... 80 4.2

DIRETRIZES DE PROJETO ....................................................................................... 91

4.2.1 Localização geral ........................................................................................................ 91 4.2.2 Análise urbana ............................................................................................................ 92 4.2.3 Área de intervenção .................................................................................................... 95 4.2.4 Sistema viário .............................................................................................................. 96 4.2.5 Uso e ocupação do solo ............................................................................................... 96 4.2.6 Gabarito ....................................................................................................................... 98 4.2.7 Legislação .................................................................................................................... 99 4.2.8 Condicionantes físicas e infraestrutura .................................................................. 101 4.2.9 Perfil e demanda ....................................................................................................... 106 4.2.10 Conceito ..................................................................................................................... 109 4.2.10.1 Programa de necessidades e pré-dimensionamento ............................................ 109 4.2.11 Estudo de manchas ................................................................................................... 127 4.2.12 Organograma e fluxograma..................................................................................... 130 4.2.13 Partido ....................................................................................................................... 132 4.3

PROJETO ARQUITETÔNICO.................................................................................. 134

5

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 135

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 137 APÊNDICES ......................................................................................................................... 145


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1

INTRODUÇÃO Os animais domésticos fazem parte do cotidiano do ser humano há muito tempo.

Complementarmente, acompanham os processos de crescimento dos centros urbanos. O aumento populacional desses animais é relativo ao desenvolvimento das cidades e isto ocasiona, muitas vezes, em grande quantidade de animais abandonados nas ruas. Por estarem expostos e sem proteção, podem tornar-se um problema social maior, já que são agentes transmissores de doenças. Além destes animais abandonados que não têm acesso ao tratamento de saúde, castração, cuidados e bem-estar, há também aqueles cujos tutores não possuem condições financeiras para proporcionar qualidade de vida para seus animais. Portanto, é de grande importância que hajam equipamentos públicos que ofereçam estes serviços em prol da saúde animal, pois isto influi diretamente na saúde pública, com o controle de zoonoses. A região oeste de Santa Catarina, especificamente, em Chapecó, que é a maior cidade desta área, tem a realidade dos animais abandonados e de rua bem presente. Estes são atendidos por ONGs e voluntários da causa animal, mas por ser uma quantidade muito massiva, eles não conseguem dar amparo para todos. Por causa destes fatores, faz-se necessário questionar qual é a melhor maneira de resolver, ou ao menos amenizar a situação, através de uma proposta de serviço público que atenda eficientemente as questões abordadas. Algumas cidades do Brasil oferecem serviços veterinários gratuitos para animais de rua e abandonados que não possuem amparo; ou de baixo custo para a população de baixa renda. Por conseguinte, é perceptível o quanto estes equipamentos são eficientes no atendimento às necessidades desses animais para tratamentos de saúde e controle populacional. A importância destes serviços públicos é formidável, pois, além deles proporcionarem melhor qualidade de vida para os animais, também garantem a castração destes para evitar o aumento populacional e possível abandono futuro. A fim de melhorar essa realidade na região de Chapecó, este trabalho tem como objetivo o desenvolvimento de um anteprojeto de um centro público de bem-estar animal que contenha abrigo de animais com área de lazer e clínica veterinária, e visará, primordialmente, o tratamento, acolhimento e preparo para adoção de cães e gatos que se encontram em situação


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de abandono, como também atenderá os animais cujos tutores são de classes menos favorecidas e não têm acesso a tratamentos médicos para seus pets. Esta proposta tem a intenção de trazer melhor qualidade de vida para a classe dos animais supracitados, de forma que o bem-estar animal seja uma realidade para eles, pois enfrentam inúmeras dificuldades nas ruas, como os maus-tratos, acidentes, doenças e a falta de alimento e abrigo. Além disso, importa em combater as doenças que os afetam, como também diminuir o número de animais abandonados nas ruas, evitar a superpopulação e promover a adoção consciente e responsável. Para a elaboração da revisão teórica será feita uma pesquisa bibliográfica através de livros, artigos, teses, dissertações e TCCs referentes ao assunto em questão, através de método indutivo qualitativo e de forma exploratória. Também serão feitos estudos de caso de clínicas veterinárias e abrigos de animais com a utilização de temas de composição, especificamente no método de Pause e Clark. Com base nisso, serão desenvolvidos seis capítulos que regem o assunto em questão, aplicado no ramo da arquitetura. Na fundamentação teórica, os três primeiros abordarão o contexto dos animais domésticos na evolução do homem, os problemas que são enfrentados por ambos na questão da urbanização e desenvolvimento das cidades, e também será tratado acerca do bem-estar animal; no quarto, será feita uma coletânea do histórico da medicina veterinária, juntamente com a criação de hospitais veterinários, que foram os primeiros estabelecimentos de tratamento de saúde animal, no mundo e no Brasil; no quinto capítulo serão estudadas as normativas e leis que abordam a arquitetura na área da medicina veterinária em nível federal, estadual e municipal; por fim, no sexto capítulo serão expostas soluções arquitetônicas para o melhor desenvolvimento deste projeto. A partir de toda esta pesquisa, será definido um conceito e partido arquitetônico para a proposta, de forma que o resultado final possa estar de acordo e supra esta necessidade que é tão recorrente na cidade de Chapecó/SC. 1.1

APRESENTAÇÃO DO TEMA DA PESQUISA O tema proposto para este trabalho é a criação de um anteprojeto de centro público de

bem-estar animal com enfoque em abrigo de animais com área de lazer e clínica veterinária para cães e gatos. Esta abordagem propõe a melhoria da qualidade de vida no que concerne à saúde e bem-estar no tratamento e acolhimento efetivo desses animais.


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1.1.1 Questão problema A cidade de Chapecó/SC está em constante crescimento e com isso surgem situações que, muitas vezes, tornam-se problemas para a sociedade. Exemplo disso é o progressivo aumento da população de cães e gatos nas ruas que acontece por conta do abandono irresponsável e também da falta de castração, que só contribui para a multiplicação dos animais. Consequentemente, eles ficam suscetíveis a acidentes, doenças e o próprio aumento populacional descontrolado. Por isso, a assistência por esses e outros fatores torna-se difícil de ser realizada pela grande quantidade de animais que necessitam de amparo. Comparada à significativa demanda, o número de assistências realizadas é ínfimo e, quando acontece, são feitas por ONGs e clínicas conveniadas que tratam casos mais urgentes. Outra problemática é que, apesar desses poucos animais serem tratados, a falta de abrigos ou lares temporários compele a esses profissionais mandá-los novamente para as ruas por não terem espaço apropriado para acolhimento, o que torna o caso um círculo vicioso. Outra situação recorrente é quando os tutores são de classes menos favorecidas e não possuem recursos financeiros próprios para conceder a seus animais tratamentos de saúde adequados ou mesmo a castração para evitar o aumento populacional; ou quando a falta de conscientização das pessoas provoca adoções irresponsáveis que refletem no abandono ou maus-tratos. Essas situações comumente acontecem e influenciam drasticamente na qualidade de vida dos animais. Diante disso: Como proporcionar uma estrutura de serviço público eficiente na melhoria da qualidade de vida de cães e gatos que não têm acesso ao bem-estar animal1? 1.2

OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral Desenvolver um anteprojeto de centro público de bem-estar animal para cães e gatos que seja referência no tratamento e acolhimento destes e lhes garanta melhor qualidade de vida.

1

O bem-estar animal, de acordo com Lima e Luna (2012, p. 35) “é definido como a destreza do animal de interagir e viver bem no ambiente em que é mantido”.


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1.2.2 Objetivos específicos 

Pesquisar o histórico de clínicas, hospitais veterinários e abrigos para animais no mundo e no Brasil, que aborde seu funcionamento, tipos de tratamento, entre outros aspectos, principalmente no que concerne a animais domésticos de pequeno porte;

Identificar e estudar as normativas e leis vigentes para clínicas e hospitais veterinários, bem como abrigos de animais; também as que tratam de aspectos urbanísticos e arquitetônicos para esta modalidade e que dispõem tratados a nível nacional, estadual e municipal, na cidade de Chapecó/SC;

Especificar soluções tecnológicas arquitetônicas gerais e específicas para clínicas e hospitais veterinários e abrigos de animais que possam ser empregadas para a concepção deste trabalho;

Estudar casos de clínicas ou hospitais veterinários e abrigos de animais construídos que funcionem de maneira efetiva, tanto para os profissionais envolvidos e tutores, mas, principalmente, que primem pela qualidade de vida dos animais;

Apresentar terreno compatível com a necessidade abordada de forma que a contextualização urbana para o desenvolvimento da proposta geral deste trabalho seja viável e eficiente para todas as esferas envolvidas, e para que haja uma aplicação condizente àquilo que é sugerido;

Elaborar proposta de conceito e partido arquitetônico para centro público de bem-estar animal para cães e gatos, para que estes e os profissionais da área sejam contemplados satisfatoriamente e o resultado final deste trabalho atenda a problemática exposta.

1.3

JUSTIFICATIVA Não é novidade que os animais domésticos fazem parte do cotidiano do ser humano e

que, entre eles, há uma conexão mútua de afeto. Há pesquisadores que afirmam que essa relação acontece há milhões de anos e que isso ajudou a moldar o modo como o homem viveu ao longo da história (STATE, 2010). Ao mesmo tempo, o antropocentrismo é dominador na sociedade no que se refere à cultura do homem e, sem dúvida, o seu bem-estar e conforto vêm em primeira instância, já que os animais são considerados irracionais. Os animais, porém, também fazem parte desse grande ecossistema e devem ter o devido respeito com suas vidas. A existência do equilíbrio entre a saúde humana e animal com o meio ambiente é primordial e isso ainda é considerado, de modo geral, uma dificuldade (I CONGRESSO BRASILEIRO... (a), 2008).


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Os cuidados à saúde dos animais domésticos, além de serem importantes para seu bemestar, também garantem qualidade à saúde pública, pois eles são suscetíveis a adquirir doenças que atingem também o ser humano. Por causa disso, é de suma significância garantir a esses animais o tratamento de saúde adequado, como também prevenir essa problemática através do controle populacional. O controle de fertilidade e de doenças destes é muito importante e ajuda a evitar problemas maiores. Entretanto, espaços públicos que enfrentam estas necessidades são poucos para a demanda existente de animais que se encontram em situação de rua e abandono. Na cidade de Chapecó/SC esta situação não é diferente. Há ONGs, juntamente com clínicas veterinárias, que atendem uma parcela destas necessidades dos animais que são casos emergenciais, mas comparada à grande quantidade de casos, fica difícil tornar esta condição mais amena. O número de cães e gatos que se encontram em situação de rua e abandono é exorbitante e a suscetibilidade à doenças e acidentes é equivalente. Sem tirá-los desta circunstância, o estado agrava-se, já que a grande maioria desses bichos não é castrada, e há aumento do número de casos a serem atendidos com os novos filhotes que surgem nesse ciclo. É também imprescindível a disposição de lugares de acolhimento, mesmo que temporários, pois, independentemente de os animais terem tratamento de saúde, sem abrigo eles voltam para as ruas onde ficam novamente suscetíveis aos mesmos problemas. Além da necessidade de atendimento veterinário a animais em situação de rua e abandono, é indispensável oferecer estes serviços para animais cujos tutores se encontram em situações financeiras menos favoráveis. Essas pessoas, por não terem condições de proporcionar atendimento médico para seus animais devido aos altos custos, tendem a não tratar a saúde de seus pets devido às dificuldades enfrentadas. Por esta mesma razão, geralmente a castração não é realizada, o que contribui para o aumento populacional desmedido e leva ao descontrole com animais abandonados. Diante destas questões, a proposta de um centro público de bem-estar animal que contenha abrigo, clínica e programa de adoção responsável é uma saída para ajudar a combater, de um modo geral, o aumento populacional através de programa de castração e, também, o controle de doenças através de tratamentos de saúde para proporcionar melhor qualidade de vida para esses animais que, em uma realidade bastante presente, muitas vezes sofrem e, infelizmente, morrem por não terem alguém responsável por eles para receber tratamento médico.


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2.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Para amenizar a dramática situação dos animais abandonados, é preciso entender,

primariamente, a maneira como se chegou a esta problemática, o modo que o homem lida com a situação e os problemas que são enfrentados para garantir a melhoria da qualidade de vida, tanto das pessoas, com a redução da disseminação de doenças zoonóticas, quanto dos animais, no mais amplo aspecto ao qual estão sujeitos nas ruas com os acidentes, maus-tratos, fome e sede, falta de abrigo, entre outros. Portanto, nos próximos tópicos, será falado sobre a relação entre o homem e animal doméstico, como aconteceu essa aproximação entre espécies, as adversidades que surgiram entre elas, principalmente por causa da urbanização, e alguns parâmetros que podem abrandar os problemas que existem em qualquer centro urbano, relacionados ao abandono de animais. Ainda, é trazido o histórico da atuação da medicina veterinária no mundo e no Brasil, bem como o surgimento de estabelecimentos de atuação e ensino voltados ao setor. Também é tratado sobre a definição do que é o bem-estar animal e são apontadas soluções construtivas para garantir este bem-estar e uma boa funcionalidade no projeto. Além disso, são apontadas as normas vigentes no setor para estar de acordo com os órgãos competentes. Diante disso, os próximos capítulos serão palco para um afunilamento destas abordagens. 2.1

ANIMAIS DOMÉSTICOS E O CONVÍVIO COM O HOMEM A relação homem-animal doméstico se sucede desde os primórdios dos tempos. Um

animal doméstico, segundo Juliet Clutton-Brock apud Serafim (2017) é “um animal que pode se reproduzir em cativeiro com o fim de lucros econômicos para uma comunidade humana que mantém o controle total sobre a sua reprodução, organização do território e alimentação”. Esta relação acontece, segundo o historiador Gordon Childe, desde a Revolução Neolítica, quando o homem passou de caçador-coletor nômade a produtor fixo através do desenvolvimento de técnicas agrícolas que possibilitaram o cultivo e domesticação de plantas e animais. Shipman (2010) cita que há três fatores históricos que influenciaram o estilo de vida do ser humano: a fabricação de ferramentas, no período paleolítico; o comportamento simbólico, em que se incluem as formas de linguagem, arte, adornos pessoais e rituais; e a domesticação de outras espécies, no período neolítico. Entretanto, a autora acrescenta ainda um quarto fator que foi muito relevante no desenvolvimento do comportamento do ser humano: a conexão animal. Esta, por sua vez, é o conjunto de interações entre os animais e humanos, e começou


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há cerca de 2,6 milhões de anos. Para a autora supracitada (2010, p. 521) a conexão animal “é universal entre os seres humanos, é capaz de transformar poderosamente o comportamento e está ausente, ou é extremamente raro acontecer entre outras espécies”, pois o ato de adotar e nutrir indivíduos de outras espécies dificilmente acontece entre animais não-humanos2, e isto influenciou muito no modo em que o homem viveu desde a pré-história até os dias atuais. Antigamente, os animais eram domesticados com o objetivo de adquirir vantagens, pois podiam ser usados como ferramentas vivas: possuíam mais força, podiam ser usados como transporte, matéria-prima para tecidos, rastreamento e abate de caças ou pragas, entre outros. Quando não eram mais úteis para este fim, tornavam-se fonte de alimento, pois são ricas fontes de proteínas. Os cães foram um dos primeiros animais a serem domesticados, e isso se deu a partir da coleta de conhecimentos que o homem adquiriu de que os animais poderiam, de fato, serem usados como recursos de trabalho. Ao mesmo tempo, o modo em que os cães foram domesticados, há cerca de 32 mil anos, revelou que o homem possuía a tendência em adotar animais selvagens desde os primórdios das civilizações, pois apesar de não ser uma escolha sensata a sua domesticação para obter alimento, eles poderiam ser úteis como ferramentas vivas pelo seu instinto de caça. Além disso, a domesticação dos animais selvagens tornou-se uma forma de relacionamento íntimo e recíproco com o homem (SHIPMAN, 2010). Segundo Fuchs (1987) apud Giumelli & Santos (2016) esta relação homem-animal pode ter tido origem da necessidade de retribuição. Enquanto o animal aquecia o homem, devido às baixas temperaturas, este lhe recompensava com restos de comida. Para Cardoso (1989), este vínculo está relacionado com o conceito de co-evolução, em que há benefícios para as duas partes. Os lobos, primeiros animais domésticos e ancestrais dos atuais cachorros, ganharam ao conviver com o homem proteção contra predadores, comida sem precisar disputála com outros carnívoros e até o abrigo aconchegante do calor das fogueiras. Os assentamentos humanos tornaram-se fonte abundante de sobras de alimentos, que atraíram pássaros, que por sua vez atraíram gatos e assim por diante. À medida que a convivência evoluía, os animais foram se tornando também objetos de estima, numa recorrência que permeia várias culturas e épocas (CARDOSO, 1989).

Quanto à domesticação de gatos, supõe-se que se se iniciou com o intuito de controlar a infestação de roedores em troca de comida, principalmente na região do Egito Antigo, há cerca de 9000 anos, apesar de estudiosos não poderem assumir em qual época específica eles possam ter sido domesticados. Uma pintura encontrada na parede do túmulo de Nakht, em 2

A autora considera que seres humanos são animais, portanto, animais não-humanos são todos as espécies, a exceção do homem.


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Tebas (Figura 1), mostra um gato comendo peixe debaixo de uma cadeira, o que sugere que eles já eram considerados animais “de casa” (SERAFIM, 2017). Figura 1 – Pintura de gato domesticado no Egito Antigo.

Fonte: Revista Público Porto3.

Há relatos de que os gatos eram tratados como divindades, justamente por acabarem com os ratos, que eram considerados a maior praga da região, pois acabavam com as colheitas de grãos e cereais e disseminavam doenças. Alguns deuses também eram retratados com traços felinos, como Bastet (deusa que representava a fertilidade, amor, prazer e música), Ra (deus sol) e Isis (deusa da vida). O culto aos gatos era tão significativo que, quando algum gato morria, os egípcios raspavam as sobrancelhas em sinal de luto (REDAÇÃO MUNDO ESTRANHO, 2011). Os animais no decorrer da história foram domados e amansados para serem domesticados, o que foi determinante no seu relacionamento com o homem, pois tiveram seu modo de comportamento transformado (SOS ANIMAL, 2008). Desde a domesticação dos cães e dos gatos, a interação com o ser humano foi mudando: os laços afetivos entre as espécies foram muito depurados. O comportamento de apego, mecanismo de coalizão essencial para a sobrevivência de animais sociais, foi o resultado de um processo evolutivo onde ser social mostrou-se vantajoso no vínculo entre o homem e os outros animais (TATIBANA & COSTAVAL, 2009, p. 13).

Segundo Tatibana e Costa-val (2009), a convivência do homem com animais domesticados desperta boas ações. As pessoas que se envolvem com eles tendem a se tornar mais afetivas, solidárias e sensíveis, portanto, essa relação torna-se recíproca, pois o animal,

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Disponível em: <https://www.publico.pt/2017/06/21/ciencia/noticia/como-e-que-os-gatos-conquistaram-omundo-e-foram-domesticados-1776302>. Acesso em: 30 ago. 2017


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muitas vezes, é o único recurso de interação que as pessoas possuem na civilização moderna por conta da corrida diária e, também, do isolamento social vivido nos dias atuais com a vida digital. As referidas autoras ponderam que, como os animais doam-se incondicionalmente aos seus tutores, não julgam e nem raciocinam acerca da comunidade humana, a solidão é mais prontamente resolvida e a transferência de apego é muito mais facilitada de uma pessoa a um animal, comparado às exigências sociais entre humanos e, por isso é que existe essa ligação tão forte entre eles. 2.2

PROBLEMAS ENFRENTADOS NA RELAÇÃO HOMEM-ANIMAL Apesar do afeto entre a relação homem-animal, a domesticação, infelizmente, também

trouxe ao homem o sentimento de dominação e a sedimentação de um pensamento autoritário que inferioriza os animais, o que o leva a maltratá-los (CARDOSO, 1989). Tratados ambivalentemente, esses animais sempre sofreram como vítimas de abandono e maus-tratos na sociedade. Isso enquadra, não somente cães e gatos, mas pássaros, répteis, os de grande porte e até mesmo os selvagens, simplesmente para satisfazer as vontades do homem (ALMEIDA M.; ALMEIDA L.; BRAGA (2015). Os tipos de maus tratos vão desde animais presos em gaiolas minúsculas, sem condições de higiene, cães presos em correntes curtas o dia todo, com alimentação precária, cavalos usados na tração de carroças que são açoitados e em visível estado de subnutrição, como também o uso de animais em tourada, circos e rodeios (ALMEIDA M.; ALMEIDA L.; BRAGA, 2015).

Para Franco (2001), o homem se tornou tão egocêntrico que não reconhece os animais como seres que têm sentimentos, dores e modos comportamentais e, simplesmente, pensa que animais são para lhe servir. A autora também ressalta que no processo de civilização, o homem trouxe um desequilíbrio geral nos ecossistemas ao exercer todo seu autoritarismo, poder e pensamento de que é o centro do universo, mesmo ao receber muitas vezes, o afeto desses animais em troca. Há situações, porém, que essa relação entre homem-animal acarreta malefícios para ambos. Quando os tutores são mal orientados para lidar com animais de estimação, estes podem se comportar de maneira agressiva e com atitudes incomuns, adquirir distúrbios psicológicos como o estresse e doenças como a depressão. O homem, por sua vez, caso não cuide devidamente da saúde desses animais, pode se tornar vítima de zoonoses (ALMEIDA M.; ALMEIDA L.; BRAGA, 2015). As zoonoses, segundo a Organização Mundial da Saúde


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(OMS), são as “doenças ou infecções naturalmente transmissíveis entre animais vertebrados e seres humanos”. O ser humano tem modificado constantemente o meio ambiente e, principalmente, por conta da urbanização não planejada. A disseminação de doenças é muito maior e afeta a qualidade de vida tanto humana, quanto animal. Por causa disso, se faz necessário planejar os vários âmbitos do meio ambiente, inclusive do controle e supervisão da população dos animais domésticos por parte da sociedade e, essencialmente, dos tutores através da guarda responsável desses animais (LIMA; LUNA, 2012,). O comportamento reprodutivo dessas espécies, o rápido amadurecimento sexual, as numerosas proles, a falta de medidas políticas eficazes e a falta de orientação sobre a guarda responsável para cidadãos que desejam conviver com um cão ou gato, o aumento excessivo da população humana e a falta de condições de educação e higiene propiciam inúmeras condições adversas, o que pode gerar abandono, aumentando os riscos que esses animais podem apresentar para a sociedade em termos de saúde pública e desequilíbrio ambiental (LIMA; LUNA, 2012, p. 33).

O aumento da população de animais se deve, primordialmente, pela falta de castração e da falta de planejamento e orientação acerca da posse responsável. Muitos animais que estão em situação de abandono são vítimas, muitas vezes, do impulso de consumir do homem, que acarreta em desinteresse quando percebe que criar um animal de estimação é muito mais do que ter uma simples mercadoria inanimada. Por consequência, o abandono aumenta consideravelmente o número de animais de rua pela não realização da castração, o que leva ao descontrole populacional das espécies (SANTANA et al, 2004). Em 2013, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou através da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) uma estimativa de que 44,3% das residências do país possuíam pelo menos um cachorro, com população total de cães de 52,2 milhões; e 17,1% com pelo menos um gato, com população total de gatos de 22,1 milhões. A Figura 2 exibe a proporção para cada região do país. Ressalta-se que a região sul é a mais populosa de cães e a região nordeste a mais populosa de gatos. Este número chega a ser maior que a quantidade de crianças de 0 a 14 anos no país, que são cerca de 50 milhões, com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), também de 2013. A estimativa de animais abandonados no mundo, segundo Machado (2017), é de 200 milhões. No Brasil, segundo a ABINPET (2016), a população de cães e gatos abandonados estimada pela OMS chega ao exorbitante número de 30 milhões4.

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Não foi encontrada a referência base da OMS para esta estatística, apesar de várias fontes fazerem esta afirmação.


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Figura 2 - Proporção de domicílios com cães e gatos.

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional de Saúde, 2013.

Segundo Santana et al (2004), desde 1990 as políticas públicas consideram que a existência de animais abandonados nas ruas vem, principalmente, pelo excesso de nascimentos advindos da falta de controle populacional. Desde esta década há uma preocupação com a superpopulação desses animais. A busca por esse controle aconteceu, primeiramente, pela captura e extermínio e, ao avaliar que essa medida era ineficaz e cruel, optou-se por decidir conter este problema com a prevenção ao abandono. Segundo Lima e Luna (2012, p. 34): A própria OMS, não considera a remoção e o abate de animais a forma mais eficaz para se lidar com o problema da superpopulação de cães e gatos. A entidade concluiu que em longo prazo, a educação para guarda responsável, aliada ao controle da reprodução por métodos cirúrgicos, são as estratégias mais eficazes de gestão da população canina e felina.

Com a percepção de que o extermínio dos animais não era realmente efetivo, foi instaurada a lei nº 12.916, em 2008, a qual proíbe a eliminação de cães e gatos nos centros de controle de zoonoses como forma de combate à superpopulação, e permite o abate somente em casos extremos, quando a saúde pública é comprometida ou que o animal possua doenças graves ou infectocontagiosas. Lima e Luna (2012) alegam que o controle da superpopulação de animais domésticos depende da população consciente acerca da guarda responsável, da necessidade de legislação eficaz ao combate do comércio e criação de animais, do envolvimento de médicos veterinários e, também, do interesse do poder público. É um esforço que envolve toda a sociedade e profissionais da saúde através de programas de conscientização e medidas contraceptivas para


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a diminuição e futuro controle deste problema que envolve o bem-estar animal, saúde pública e diminuição de acidentes. É notório enfatizar que as questões expostas são aspectos que influenciam diretamente no bem-estar animal, visto que, pela superpopulação, a falta de acesso às necessidades mais básicas se torna recorrente, e não permite que todos tenham uma boa qualidade de vida. Por causa disso, é necessário que haja a precaução através de métodos contraceptivos para que diminuam as incidências, e para os animais que estão em más situações, seja oferecido efetivamente este bem-estar, que é digno para todos esses bichos. Para isso ser possível, é de suma importância entender o que é o bem-estar animal, já que é um termo bastante amplo e atinge diversas modalidades na medicina veterinária (MV). 2.3

BEM-ESTAR ANIMAL Os animais são portadores de uma grande quantidade de necessidades que advêm dos

sistemas funcionais do corpo. Estas necessidades são uma deficiência que são compensadas por recursos particulares ou por estímulos ambientais ou corporais. Algumas delas são simples, como as fisiológicas. Outras são mais complexas, como as mentais. Mas em ambas são ativados estados motivacionais para gerar respostas que ajudam a manter a estabilidade mental e corporal do animal. Essas respostas, às vezes, podem ser obtidas sem esforços, então o bem-estar animal é alto. Caso haja dificuldade em obtê-las, há grandes indícios de que ele esteja exposto a algum tipo de sofrimento, no qual a qualidade do bem-estar não é adequada (BROOM, 1991). De acordo com Lima e Luna (2012, p. 35) o bem-estar “é definido como a destreza do animal de interagir e viver bem no ambiente em que é mantido”. Ele pode ser interferido por doenças, fome, falta de atenção e interação social, qualidade de moradia, manejo realizado erroneamente e, também, da falta de assistência de saúde. Ainda, ele é comprometido pelo não entendimento acerca das necessidades físicas, sociais, fisiológicas e comportamentais dos animais. Nos animais de rua, o bem-estar é agravado, pois eles não possuem alimentação adequada, abrigo, e ficam muito mais suscetíveis a adquirir doenças ou serem vítimas de acidentes, como os de trânsito. Além disso, a violência é constante e não há o entendimento e consciência por parte dos humanos de que são vidas e também possuem necessidades. Destacase que a falta de infraestrutura e de profissionais qualificados nos centros de zoonoses para atender toda a demanda gera adoções irresponsáveis, que impactam diretamente na qualidade de vida dos animais (LIMA E LUNA, 2012).


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Um critério essencial para uma definição útil de bem-estar animal é que a mesma deve referir-se a características do animal individual, e não a algo proporcionado ao animal pelo ser humano. O bem-estar do animal pode melhorar como resultado de algo que lhe seja fornecido, mas o que se lhe oferece não é, em si, bem-estar. O termo bemestar pode ser aplicado às pessoas, aos animais silvestres ou a animais cativos em fazendas produtivas e zoológicos, aos animais de experimentação ou aos animais nos lares [...]. O bem-estar de um animal pode ser expresso tanto por um estado de bemestar físico quanto psicológico e emocional. Esse bem-estar é observável e passível de ser avaliado por evidências comportamentais (PAULA, 2010, p. 17).

Para entender esse conjunto de fenômenos do comportamento animal, especialistas da Farm Animal Welfare Council (FAWC) definiram cinco princípios para conceituar o bem-estar animal chamado de “Cinco Liberdades”, demonstradas na Figura 3. Figura 3 – Cinco liberdades da boa qualidade de vida animal.

Fonte: ARPA – Associação Riograndense de Proteção aos Animais. Via Facebook5.

A avaliação baseada nas “Cinco Liberdades” possibilita que sejam identificados aspectos que comprometem o bem-estar animal, como a falta de comida e água, medo, dor, doenças ou alterações de comportamento, como estresse e isolamento. Essa avaliação é qualitativa e usa parâmetros que vão de “muito bom” a “muito pobre”. Este último resulta em expectativa de vida menor, habilidade de desenvolvimento reduzida, doenças, patologias de comportamento, entre outros problemas (SOUZA, 2006). Há uma preocupação muito grande com relação aos animais de produção (aqueles criados para fins econômicos, comércio e abastecimento para o mercado consumidor como o 5

Disponível em: <https://www.facebook.com/arpa.protetora/photos/a.1595093304035464.1073741827.1595093230702138/1767 485913462868/?type=3&theater>. Acesso em: 29 set. 2017


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gado, suínos, ovinos, etc.), no que tange ao bem-estar animal, mas também com os animais de companhia, os quais se incluem os cães, gatos, peixes, aves, répteis, entre outros, bem como os animais de trabalho (os que desempenham tarefas como os equinos e muares), e os de entretenimento, como os de circos, zoológicos e rodeios (I CONGRESSO BRASILEIRO...(b), 2008). As maldades que são acometidas com os animais despertou a atenção da sociedade e, a partir disso é que a preocupação em defesa dos animais passou a ser regida com mais seriedade, pois, muitas vezes, esses animais não recebem o mínimo de dignidade, ficam sem alimento suficiente, trancados em espaços minúsculos, e até mesmo são mutilados em favor de aspectos estéticos, ou para satisfazer vontades humanas, como cirurgias para retirada de cordas vocais ou outros fatores (I CONGRESSO BRASILEIRO...(b), 2008). Graças à grande preocupação da sociedade, o tema bem-estar animal possui, atualmente, uma abrangência muito maior. Para Improta (2007), o bem-estar animal é muito amplo e necessita ser abordado interdisciplinarmente através de visões multiprofissionais e é necessário que, principalmente, os médicos veterinários estejam preparados para promover, educar e fiscalizar as normas que regem o assunto. “Observa-se nas várias definições uma constante preocupação com a saúde física e mental dos animais, bem como a situação em relação ao ambiente onde vivem, a adaptabilidade às condições ambientais e os estados emocionais que possam apresentar” (IMPROTA, 2007, p. 21). 2.4

ESTABELECIMENTOS VETERINÁRIOS E ABRIGOS DE ANIMAIS Diante de todas as questões expostas, faz-se necessário pensar em soluções que possam,

efetivamente, amenizar essas problemáticas. Um dos recursos que têm ajudado a abrandar o cenário dos animais domésticos de rua é a implantação de hospitais, clínicas veterinárias e abrigos que os atendam e que permitam o acesso a tratamentos de saúde, bem-estar satisfatório, prevenção e controle de natalidade por meio de métodos de castração, principalmente àqueles que são vítimas do abandono e da irresponsabilidade de tutores. O Brasil é carente de equipamentos que sejam acessíveis a esses bichos desamparados e à população de baixa renda para tratarem seus pets. Pela demanda necessária é imprescindível que novos estabelecimentos deste setor sejam implantados para, futuramente, mitigar essa situação que afeta não somente os animais, mas, também, os humanos que são vulneráveis às zoonoses que atingem os bichos e vice-versa.


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2.4.1 Histórico da medicina veterinária no mundo As práticas da MV são tão antigas quanto a domesticação dos animais. Por causa da aglomeração de animais domesticados em vilas e cidades, as doenças, que antes não eram aparentes, vieram à tona e os pastores ficaram responsáveis de tratar essas doenças nos animais. A Bíblia relata que os antigos judeus e egípcios já conheciam patologias em animais. Os antigos egípcios eram grandes manejadores de animais ruminantes e há relatos nos Papiros de Kahoun, datados de 1850 a.C., de procedimentos de diagnóstico, prognóstico e tratamentos de doenças de diversos animais. Também, nos descritos de Eshn Unna e de Hamurabi, da Babilônia, aparecem denominações como “médicos para animais” ou “médicos para bovinos”. No século VI, em Bizâncio, foi encontrado uma enciclopédia chamada Hippiatrika, na qual continham artigos sobre a criação e tratamento de doenças de animais, escritos por Apsirtos, considerado o pai da MV no mundo ocidental. Por causa desta enciclopédia, na Grécia, o médico veterinário era chamado de hipiátrica. Aristóteles (384-326 d.C.), que também é considerado um precursor da MV, descobriu doenças de suínos, gado, cavalos, jumentos e cães, dos quais descreveu sintomas da raiva (BIRGEL & DEVELEY, 2015; CFMV, 2017; IOWA STATE..., 1939). Segundo o Dicionário Etimológico6, a palavra “veterinário” advêm do latim veterinarius, que se refere aos animais de carga mais velhos, os mais necessitados de cuidados. Veterinus era o adjetivo que designava esses animais. Vetus, que está na raiz de ambas as palavras, significa velho. A partir do período da Idade Média (séculos V ao XI), mais conhecida como Idade das Trevas, as áreas de artes e ciências entraram em estagnação. A Igreja Católica proibiu estudos de anatomia, como autópsias e dissecações, destruiu grande parte da literatura da MV existente na época e, por isso, não foram desenvolvidas novas literaturas. Nesse período, a pecuária foi afetada por muitas doenças e, por não poderem fazer estudos com os animais que morriam para descobrir as causas, grandes rebanhos foram dizimados pela febre aftosa, peste bovina, pneumonia e carbúnculo, o que refletiu em escassez de alimento para a sociedade (BIRGEL & DEVELEY, 2015; IOWA STATE..., 1939). A partir da Renascença, nos séculos XII e XIII, o interesse pelas ciências médicas ressurgiu, inclusive a MV, e foram escritas muitas literaturas de referência como, por exemplo, “De Medicina Equorum” de um nobre chamado Rufus. No século XIV, foi publicado o primeiro 6

Disponível em: < https://www.dicionarioetimologico.com.br/veterinario/>. Acesso em: 30 set. 2017


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livro de anatomia, de Ruini Bologna. No século XV aconteceu um crescente aperfeiçoamento da MV, em que os serviçais eram ensinados a tratar dos animais doentes ou enfermos. Portanto, constitui-se os primeiros ensinamentos formais da veterinária (IOWA STATE..., 1939). O século XVIII foi marcado pelo surgimento de escolas ou centros de ensino da veterinária. Essa necessidade surgiu em virtude de muitos lugares da Europa terem sido atingidos por pragas que dizimavam animais domésticos. Em 1762 foi instituída a primeira escola de veterinária, em Lyon, na França, mostrada na Figura 4A, datada do final do século XIX, criada por Claude Bourgelat, e com apenas oito estudantes. Figura 4 – Primeiras escolas de veterinária do mundo.

Fonte: AVMA7 (A);Wikiwand8 (B); British Museum9 (C).

Com essa crescente necessidade, foram implantadas novas escolas em diversos países, como em Alfort, na França (1766), mostrada na Figura 4B, Áustria (1768), Itália (1769), Dinamarca (1773), Suécia (1775), Alemanha (1778), Hungria (1781), Londres, Inglaterra (1791), ilustrada na Figura 4C, Espanha (1792), Suíça (1808), Escócia (1821), Canadá (1862), entre outras (BIRGEL & DEVELEY, 2015; IOWA STATE..., 1939).

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Disponível em: <https://www.avma.org/News/JAVMANews/Pages/110101a.aspx>. Acesso em: 09 out. 2017 Disponível em: <http://www.wikiwand.com/fr/Formation_des_v%C3%A9t%C3%A9rinaires_en_France>. Acesso em: 09 out. 2017 9 Disponível em: <http://www.britishmuseum.org/research/collection_online/collection_object_details/ collection_image_gallery.aspx?assetId=816598001&objectId=3276793&partId=1>. Acesso em: 09 out. 2017 8


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Nos Estados Unidas da América, o desenvolvimento da MV foi lento e surgiu a partir do século XIX, uma vez que o país ainda não havia tido epizootias10 em animais. Assim que a quantidade de animais domésticos aumentou, apareceu o interesse para a profissão de médico veterinário. O primeiro a estabelecer essa prática nos EUA foi Charles Clarck, em 1817, formado na Europa. A primeira escola foi instituída no país em 1857, a New York College of Veterinary Surgeons (Faculdade de Cirurgiões Veterinários de Nova York). Desde a Primeira Guerra Mundial, o médico veterinário desempenhou um papel importante. Os sistemas de ensino melhorados, equipamentos mais avançados e desenvolvimentos de pesquisas na área da veterinária possibilitou que fossem erradicadas doenças em animais, principalmente a tuberculose bovina (IOWA STATE..., 1939). Destes fatos, foi percebido o quanto a MV passa a ser importante, não só para os animais, mas também, para o ser humano. A partir do século XX, além dos ensinamentos padrão da MV em escolas e faculdades, os profissionais da área passam a atender também a demanda voltada para a saúde pública e epidemiológica, com o desenvolvimento de medicamentos, estudos científicos voltados à erradicação e controle de doenças zoonóticas pelas agências de saúde pública e higiene de alimentos. Na Europa, a contratação de médicos veterinários voltados para os departamentos de saúde pública iniciou-se somente em 1944 (COSTA, 2011; PFUETZENREITER, 2004). Desde então, a MV tem se aprimorado para atender constantemente as dificuldades que surgem relacionadas à saúde dos animais com o desenvolvimento de medicamentos e de novas técnicas de tratamento, bem como na saúde pública, com o controle de zoonoses e da população de animais domésticos. 2.4.2 A medicina veterinária no Brasil Em 1808, quando a corte portuguesa chega ao Brasil e traz, principalmente, a preocupação para o ensino de ciências, pois até então, não existiam bibliotecas, imprensa e ensino superior, houve a preocupação em instalar, posteriormente, a primeira faculdade de Medicina, implantada em 1815; em 1827 a faculdade de Direito; e em 1874 a faculdade de Engenharia Politécnica (CFMV, 2017). O ensino de ciências agrárias deu seu pontapé inicial no Brasil Imperial, em 1875, quando D. Pedro II retornou da França vislumbrado com a Escola Veterinária de Alfort. Apesar de seus esforços, o curso só foi implantado no início do século XX, sob o regime republicano 10

Epizootia é uma doença que ataca, ao mesmo tempo, muitos animais da mesma espécie na mesma zona.


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de Nilo Peçanha, através do decreto Nº 8.319/1910 que instituía o Ensino Agrícola no Brasil (CFMV, 2017; SILVA & BAIARDI, 2011). Neste contexto diversos fatores aceleraram a criação de escolas de agronomia e veterinária, dentre eles a crise na produção de alimentos, oscilações nas exportações de café, exportação de alimentos devido a primeira grande guerra e demanda por parte da sociedade de alimentos saudáveis, inspecionados por órgãos públicos. Devido ao crescimento dos centros urbanos estas providências eram inadiáveis. Demais, convém lembrar que várias atividades inerentes à profissão de veterinários eram exercidas por médicos, no caso o serviço de inspeção no Ministério da Agricultura (CAPDEVILLE, 1991; PARDI et al, 1993; SCHUCH, 2003 apud SILVA & BAIARDI, 2011).

Desta forma, duas instituições veterinárias foram instituídas no Rio de Janeiro, na época como capital do país, em 1910: a Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária e a Escola de Veterinária do Exército (SILVA & BAIARDI, 2011). Complementarmente, em Olinda, Pernambuco, a Escola Agrícola e Veterinária do Mosteiro de São Bento de Olinda (Figura 5A) foi aprovada para implantação em 1912, e inaugurada em 1914. Possuía laboratório químico, hospital para animais, que foi o primeiro do Brasil (Figura 5B). Em sua fachada possuía a inscrição em latim Infirmi sanos docent, que significa “os enfermos ensinam os sãos”. Esta figura também mostra um cavalo rodeado de cinco pessoas vestidas com longas batas. A Escola ainda continha estábulo contíguo para servir de posto de isolamento e sala de cirurgia. Em 1915, seu nome teve uma mudança e passou a chamar-se Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária de São Bento (BIRGEL & DEVELEY, 2015). “No final dos dois primeiros anos de atividades [...] 130 animais de diferentes espécies haviam sido hospitalizados e a casuística dera, aos monges beneditinos e aos alunos, boas oportunidades de aprendizado” (GERMINIANI, 1998, p. 3). Figura 5 - Escola Superior de Medicina Veterinária de São Bento e hospital veterinário da Escola.

Fonte: MELO, 2010.

Ainda, em 1915, esta escola formou e diplomou o primeiro médico veterinário do Brasil: o senhor Dionysio Meilli. Este era farmacêutico e solicitou que pudesse aproveitar as disciplinas


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de sua formação para conseguir dispensar as matérias equivalentes à MV. Sua solicitação foi deferida, e pôde obter diploma sem precisar cumprir os quatro anos do curso (CFMV, 2017). Em São Paulo o curso de MV foi o sexto a ser criado no país, e o segundo que ainda hoje exerce atividades. Com a criação do Instituto de Veterinária, no Instituto Butantã, em 1917, que, segundo Germiniani (1998, p. 4), tinha como objetivo “estudar problemas relacionados com a pecuária paulista, doenças de animais domésticos e deveria tratar, ainda, do combate às pragas das lavouras”, o curso de veterinária passou a ser ministrado com duração de três anos, a partir de 1920. A estrutura deste curso foi remodelada e, em 1928, criou-se a Escola de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (Figura 6), com duração, agora, de quatro anos.

Esta, em 1934, foi incorporada à recém-criada Universidade de São Paulo – USP, que tem seu primeiro regulamento datado de 1935 (BIRGEL & DEVELEY, 2015; GERMINIANI, 1998). Figura 6 – Escola de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo.

Fonte: APAMVET11.

De acordo com Germiniani (1998), além destes foram implantados cursos de medicina veterinária também em: 

Minas Gerais (1922): as aulas deram início somente em 1932 em Viçosa. Em 1942 foi extinta e criada a Escola de Veterinária de Belo Horizonte que, em 1961, foi federalizada e incorporada à Universidade;

Pernambuco (1947): com o fim da Escola de São Bento em 1933, uma nova instituição foi idealizada com a criação da Universidade Rural de Pernambuco em 1947, em Olinda. As aulas se iniciaram em 1949 e a Escola foi federalizada em 1956;

Bahia (1951): implantação da Escola de Veterinária da Bahia, em Salvador. Foi federalizada em 1967, quando foi incorporada à Universidade Federal da Bahia.

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Disponível em: < http://www.apamvet.com/apamvet10.html>. Acesso em: 02 out. 2017


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No sul do Brasil: 

Rio Grande do Sul (1913): em Porto Alegre, com o nome de Instituto Borges de Medeiros. Mais tarde, o curso sofreu alterações e foi integrado com a atual Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). As aulas não iniciaram de imediato e somente a partir de 1923 elas passaram a ser ministradas. O Instituto apoiava a produção animal e a agricultura com diagnóstico de moléstias infecciosas, preparo de soros e vacinas, orientando os criadores e estudando ectoparasitas, fitopatologia, fermentos utilizáveis nas indústrias de laticínio e na fabricação de vinhos, melhoramento do solo, bem como, insetos nocivos à agricultura e seu combate (GERMINIANI, 1998, p. 5).

Paraná: a veterinária, inicialmente, estava integrada ao curso de agronomia e química industrial. Somente em 1931 foi fundada a Escola Superior de Veterinária do Paraná. Em 1961, com a denominação de Escola de Agronomia e Veterinária, o curso passou a incorporar a Universidade do Paraná. Vale ressaltar que os cursos supracitados são os pioneiros no país e ainda funcionam

atualmente (GERMINIANI, 1998). Com relação aos conselhos, até 1932, não havia regulamentação para o exercício da MV no Brasil. Somente a partir de 09 de setembro de 1933, através do Dec. nº 23.133, do então Presidente da República Getúlio Vargas, é que as condições e os campos de atuação do Médico Veterinário foram normatizadas, conferindo-se privatividade para a organização, a direção e a execução do ensino veterinário, para os serviços referentes à Defesa Sanitária Animal, Inspeção dos estabelecimentos industriais de produtos de origem animal, hospitais e policlínicas veterinárias, para organizações de congressos e representação oficial e peritagem em questões judiciais que envolvessem apreciação sobre os estados dos animais, dentre outras (CFMV, 2017).

A partir da década de 1960, as escolas de MV apresentaram um fenômeno de interiorização e passaram a fazer parte de cidades brasileiras afastadas das capitais, entre elas em Santa Maria/RS, Botucatu e Jaboticabal, em SP, Londrina/PR e em diversas outras cidades (GERMINIANI, 1998). A fundação de hospitais veterinários (HV) no Brasil, primeiramente, aconteceu na Escola Agrícola e Veterinária do Mosteiro de São Bento de Olinda como parte do sistema de ensino, conforme já citado, na década de 1910, e em São Paulo, pela associação civil União Internacional Protetora dos Animais - UIPA, fundada em 1895. Em 1919 criou-se a clínica veterinária desta instituição, inaugurada como hospital veterinário (UIPA, 2017). Em 1960, foi criado o Hospital Veterinário Rebouças (Figura 7) e foi o primeiro a ter laboratório de análises clínicas e a trabalhar com anatomia patológica (HVR, 2017). Em 1976, em Londrina, é implantado o HV-UEL da Universidade Estadual de Londrina e tem como função primária


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servir de campo para o ensino, pesquisa e extensão e prestação de serviços com atendimento médico 24 horas (UEL, 2017). Figura 7 – Hospital Veterinário Rebouças.

Fonte: HVR (2017).

Complementarmente, novos hospitais foram sendo instituídos por todo o país, conforme segue:  HOVET FMVZ – USP (Figura 8A): O Hospital Veterinário (Hovet), criado em 1981, é considerado o maior da América Latina em relação ao número de casos atendidos. Presta atendimento clínico, cirúrgico e hospitalar aos animais domésticos de pequeno e grande porte com moléstias consideradas de interesse didático ou científico (HOVET, 2017; NETO, 2017); 

Hospital Veterinário Palotina – UFPR (Figura 8B): inaugurado em 1996, é local de ensino, treinamento, aperfeiçoamento e pesquisa para alunos da graduação em Medicina Veterinária e de pós-graduação cuja área de atuação seja diretamente relacionada ao Hospital Veterinário (UFPR, 2017), entre outros;

Hospital Veterinário Escola do Departamento de Medicina Veterinária da UFRPE HOVET/DMV/UFRPE (Figura 8C): é o único no Brasil que presta serviços totalmente gratuitos à comunidade, porém sua missão é essencialmente acadêmica, prevalecendo ações interconectadas entre ensino, pesquisa e extensão (UFRPE, 2017);


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Figura 8 – Hospitais veterinários no Brasil (USP/UFPR/UFRPE).

Fonte: USP Virtual12 (A); UFPR Palotina13 (B); PetBoop14 (C).

Em Santa Catarina, os principais HVs são: 

Hospital Veterinário Darabas – HVD (Figura 9A): inaugurado em 1996, em Palhoça;

Hospital Veterinário Jurerê – HVJ (Figura 9B): inaugurado em 2004, atua em Florianópolis;

Hospital Veterinário da Unoesc Xanxerê (Figura 9C): inaugurado em 2005, idealizado com o principal objetivo de favorecer a realização de atividades práticas do curso de medicina veterinária da instituição;

Hospital Veterinário Santa Catarina – HovetSC (Figura 9D): inaugurado em 2010, em Blumenau;

Hospital Veterinário Unisul – HVU (Figura 9E): inaugurado em 2013, fica localizado na Unidade Universitária Tubarão;

Hospital Escola Veterinário – HEV/Furb (Figura 9F): inaugurado em 2014, em Blumenau, com atendimentos em aula ou particulares.

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Disponível em: <http://www.uspvirtual.usp.br/unidades/FMVZ/images/01.jpg>. Acesso: em 09 out. 2017 Disponível em: <http://www.palotina.ufpr.br/portal/wp-content/uploads/sites/1/nggallery/portalpalotina/Campus-Palotina.jpg>. Acesso em: 09 out. 2017 14 Disponível em: <https://www.petboop.com/prestadores/Dois-Irmaos----PE/Hospital-Veterinario-Escola-doDepartamento-de-Medicina-Veterinaria-da-UFRPE/14250/>. Acesso em: 12 nov. 2017 13


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Figura 9 - Hospitais veterinários em Santa Catarina.

Fonte: Google StreetView15 (A); PetBoop16 (B); Unoesc17 (C); ABHV18 (D); Unisul19 (E); Furb20 (F).

É possível perceber o quanto a MV tem evoluído a partir do século XX no mundo todo com a quantidade significativa de estabelecimentos que ensinam, tratam da vida dos animais e lhes garantem melhor qualidade de vida. Apesar disso, ainda há muitas regiões carentes de serviços como esses que atuem de forma plena em prol da causa animal. Portanto, é de suma importância que, a cada dia mais seja exposto o benefício desses equipamentos para a saúde dos animais e também da população. É importante ressaltar que esses estabelecimentos precisam de uma arquitetura adequada para ter seu funcionamento garantido e seja de maior 15

Disponível em: < https://goo.gl/q8mF6t>. Acesso em: 12 nov. 2017 16 Disponível em: < https://goo.gl/siHFWv>. Acesso em: 12 nov. 2017 17 Disponível em: < https://goo.gl/UmCWib >. Acesso em: 09 out. 2017 18 Disponível em: <http://www.abhv.com.br/wp-content/uploads/2017/08/santa_catarina.jpg>. Acesso em: 12 nov. 2017 19 Disponível em:<http://50anos.unisul.br/timeline/img/galeria/2013_Veterinaria.png>. Acesso em: 12 nov. 2017 20 Disponível em: <http://www.furb.br/web/upl/noticias/especificas/hospital1.jpg>. Acesso em: 12 nov. 2017


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aproveitamento tanto para os profissionais que atuarão nesses espaços, quanto dos pacientes que serão atendidos. 2.4.3 Arquitetura de estabelecimentos veterinários A arquitetura hospitalar veterinária no Brasil é uma área praticamente inexplorada. A legislação, bibliografia e estudos que definem os critérios mínimos de construção é bastante resumida e isso prejudica os profissionais que desenvolvem este tipo de projeto, pois são complexos e necessitam de uma regulamentação mais assídua, já que o ambiente hospitalar veterinário envolve doenças infecciosas e contagiosas, não só para os animais, mas também para os humanos, e necessitam de muitos cuidados. Por causa disso, a abordagem realizada neste trabalho com relação a isto, é feita de uma forma generalizada, ou seja, quando se remete à arquitetura hospitalar veterinária, fala-se em hospitais veterinários, clínicas, ambulatórios e afins. É importante citar a definição que a Resolução 1015/2012 do CFMV dá para os tipos de estabelecimentos médicos veterinários, todos sob supervisão de profissional habilitado: 

Hospitais veterinários são os estabelecimentos que dão assistência médico-veterinária geral e trabalham com atendimento ao público em período integral (24 horas) com presença permanente de médico veterinário;

Clínicas veterinárias não atuam em período integral, necessariamente, e dão assistência para animais com consultas e tratamentos clínicos-cirúrgicos. Não é obrigatório ter internamento e atendimento cirúrgico;

Consultórios veterinários concedem atendimento básico como consultas, curativos, aplicação de medicamentos e vacinas. É proibida a atuação para a realização de procedimentos anestésicos e/ou cirúrgicos e a internação;

Ambulatórios veterinários são as dependências de outros estabelecimentos (comerciais, industriais, recreação, ensino) que atendem somente os animais que se encontram na respectiva instituição para exame clínico e curativos. Também é proibida a atuação para a realização de procedimentos anestésicos e/ou cirúrgicos e a internação;

Unidades de transporte e remoção são os veículos destinados exclusivamente ao transporte e remoção de animais que não necessitam de atendimento emergencial.


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Adicionalmente, a ANVISA (2010, p. 7) determina o que é um laboratório veterinário: “Estabelecimento destinado à realização de análises clínicas e/ou diagnósticas referentes à medicina veterinária, sob a responsabilidade técnica de Médico Veterinário”. Matia (2017) define que o conceito de arquitetura hospitalar, em geral, está vinculado ao processo de planejamento e, por isso, deve-se aplicar técnicas de conforto ambiental e sustentabilidade e também aproveitar as condições climáticas favoráveis ao local de implantação. Ainda, é imprescindível que se construa uma relação entre os indivíduos e o espaço hospitalar para que se favoreça o bem-estar, tanto dos pacientes, quanto dos profissionais que trabalham no local. O bom planejamento é aquele que é feito de forma proativa, elaborado de forma que vise o bom funcionamento e se atinja os objetivos estabelecidos, portanto, para se obter uma boa estrutura hospitalar, deve-se discutir sua programação e desenvolver um programa de necessidades funcional e adequado para a instituição. Isso acontece através do trabalho de profissionais da saúde em conjunto com arquitetos desde a concepção da ideia até a finalização da construção, e considera desde os critérios estéticos, mas, mais importante, critérios éticos e cuidados para oferecer um espaço adequado para todos (MATIA, 2017). Segundo Shekari (1977, p. 10), “um hospital veterinário é uma instituição que fornece serviços de exame, diagnóstico e profilaxia e tratamento médico e cirúrgico para animais de companhia, equipado para lhes fornecer cuidados de abrigo e enfermagem durante a doença e a convalescença”. Segundo o autor supracitado, é essencial que o arquiteto pesquise profundamente sobre a arquitetura hospitalar veterinária para entender as relações e funções dos diversos elementos do complexo, de forma que a arquitetura, em si, possa contribuir com instalações propícias à saúde animal. Além disso, é dever do arquiteto considerar a segurança e conforto do paciente, pois é para ele que o hospital é planejado. As unidades de atendimento e circulações precisam ser pensadas de forma a evitar a proliferação de infecções e, para isso, deve-se entender como funcionam os métodos de transferência de setores no atendimento hospitalar, pois durante a permanência do paciente dentro do complexo hospitalar, ele está sujeito a ir para outros departamentos de diagnóstico ou terapia, então a funcionalidade do espaço é primordial. Um ambiente de saúde animal deve ter uma arquitetura especializada adaptada às suas condições particulares desde as espécies de animais atendidas até os tipos de serviços empregados para garantir o bem-estar animal. Além disso, adaptações de projeto arquitetônico para ambientes de saúde animal para atendimento da resolução aplicado ao “Hospital Humano” trazem com certeza efetivas melhorias na proteção, promoção e recuperação da saúde animal, além da segurança aos humanos e ao meio ambiente (AMBIENTE PET, 2016).


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Shekari (1977) cita que os cuidados com animais abrangem técnicas de assistência em procedimentos de diagnóstico, procedimentos pré-cirúrgicos, cirúrgicos e de recuperação, como também cuidados de custódia, e estes devem ser indicados pela prática de medicina veterinária atual. O autor define quatro métodos de cuidados em animais dentro de um estabelecimento de saúde animal: 

Cuidados intensivos: para os pacientes que precisam de cuidados especiais e observação contínua pelo tempo necessário. Esta unidade requer uma equipe de veterinários especializados, uma unidade de tratamento própria para a máxima observação e equipamentos e suprimentos disponíveis a qualquer momento;

Cuidados intermediários: para os pacientes que são transferidos dos cuidados intensivos ou vêm diretamente da consulta. Necessitam de menos acompanhamento;

Cuidados domiciliares: para os pacientes que podem ser tratados em casa, ou fazem pequenas cirurgias e fazem check ups, posteriormente. Casos assim acontecem, geralmente, com gatos, pois não se ajustam facilmente a novos ambientes;

Cuidados preventivos: o paciente é mantido para teste para confirmar se tem alguma doença que possa ser perigosa para o meio ambiente. Caso de zoonoses. Com relação ao projeto arquitetônico, a base normativa é a resolução RDC nº 50/2002,

do Ministério da Saúde, que foi um marco para a organização e planejamento de estabelecimentos de saúde no Brasil. Matia (2017) ressalta que são feitas três etapas essenciais, segundo a RDC citada: 

Estudo preliminar: a partir do programa de necessidades (físico-funcional), é feito um estudo técnico de viabilidade com as soluções propostas a partir da observação de condições físicas e demais elementos relativos ao problema. Estabelece uma solução para as necessidades apresentadas e leva em conta os aspectos legais, técnicos, econômicos, e ambientais para o empreendimento;

Projeto básico: definição de critérios técnicos e dimensionais das soluções adotadas. Deve-se indicar todos os componentes, características e materiais para a edificação;

Projeto executivo: Apresentação da concepção da estrutura geral do projeto. Apresenta as atividades, número de leitos, materiais e equipamentos usados em cada ambiente. Dáse início aos projetos complementares para compatibilização (hidrossanitário, elétrico, climatização, iluminação, etc.).


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Há muitos fatores que influenciam no projeto arquitetônico e composição dos ambientes de um estabelecimento de saúde: o porte e tamanho do empreendimento, os tipos de pacientes, a realização das construções entre outros, e deve ser levado em conta as necessidades dos usuários que farão uso desse espaço para distribuir os ambientes coerentemente (MATIA, 2017). Lloyd (2017) cita que o ambiente hospitalar pode ser muito estressante ou trazer ansiedade para os animais em razão de ser um ambiente desconhecido, por não saberem o que lhes acontecerá e também por estarem com dor. Esse estresse, se prolongado, pode ser muito prejudicial no atendimento dos bichos, uma vez que a imunidade, comportamento e a saúde, em geral, podem ficar alterados. Nesse contexto, a autora afirma que o projeto do hospital ajuda os pacientes e clientes (tutores) a ficarem mais à vontade: não deixar gatos e cães no mesmo ambiente para minimizar os efeitos de medo, angústia e sensação de não poderem escapar do local; o tempo em salas de espera agradáveis também ajuda a minimizar a ansiedade em cães, pois necessitam de tempo para se acalmarem, já que, se movidos rapidamente entre ambientes do hospital, tendem a ficam mais estressados. Yin (2009) apud Lloyd (2017) defende a ideia de que a primeira coisa que o animal veja, quando chega ao hospital, é a recepção e não outros animais. Podem ser colocadas barreiras visuais na sala de espera, de forma que cada tipo de animal esteja em um ambiente propício a sua espécie. Além disso, o conforto do tutor também deve ser pensado no projeto, pois donos relaxados ajudam a manter a calma dos animais. No ambiente hospitalar deve-se aplicar soluções tecnológicas construtivas que minimizem os impactos influenciadores do comportamento dos animais. Por terem um sistema olfativo e auditivo muito mais apurado que humanos, podem se estressar mais facilmente, por isso, o hospital precisa adotar essas medidas para ajudar no tratamento dos bichos. Soluções químicas com odor são um problema, como por exemplo, a água sanitária que pode destruir os sistemas olfatórios e resultar em perda de informações no animal, o que causa grandes níveis de ansiedade (LLOYD, 2017). [...] Os níveis de ruído e os movimentos devem ser reduzidos ao mínimo. Os níveis de ruído podem ser minimizados pelo uso de tosquiadores silenciosos, materiais antiderrapantes em mesas para reduzir o ruído e o uso de espelhos unidirecionais para monitoramento de pacientes. No que diz respeito ao design hospitalar, Moser (2004) informou que o som pode ser absorvido pela instalação de produtos com altas classificações de coeficientes de redução de ruído, como telhas de teto acústico absorventes de som, defletores e painéis de parede. As portas sólidas absorvem mais som que as portas ocas e tetos altos minimizam o som que se reflete. Moser (2004) também sugeriu que os odores podem ser minimizados por boa higiene, boa drenagem e boa ventilação (LLOYD, 2017, p. 12).


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A visão de cães e gatos também é diferente dos humanos. Os cães enxergam com visão dicromática, enxergam melhor em baixa luz, e podem ver o espectro UVB ultravioleta. Da mesma forma, os gatos, porém, enxergam com visão tricromática. A possibilidade de enxergar o espectro UVB significa que os animais verão algumas cores como se fossem fluorescentes. O branco brilhante, em excesso, presente em papéis, paredes, plásticos e o próprio jaleco do profissional, pode causar irritação (LLOYD, 2017). Desta forma, Lewis (2015) apud Lloyd (2017) sugere que cores em matizes suaves de amarelo a violeta podem ser aplicados nos ambientes e cores de matizes de laranja, vermelho e cores escuras devem ser evitadas. Portanto, a minimização do estresse em animais no atendimento veterinário deve ser levada em consideração, uma vez que o ambiente estressante é indesejável pelas questões de bem-estar, efeitos imunológicos, recuperação dos bichos e diminuição de riscos de ferimentos na equipe, já que o estresse e ansiedade provocam alterações de comportamento por parte dos pacientes. Com o controle do estresse, o manejo dos animais pela equipe é melhorada e traz resultados benéficos para ambos. Neste quesito, é dever dos profissionais de projeto também aplicarem os conhecimentos em favor de uma ambiência adequada como princípios de organização do espaço hospitalar (LLOYD, 2017; MATIA, 2017). 2.4.4 Abrigos de animais Segundo Ramos (2017), (...) os abrigos de animais são lugares que fornecem cuidados e tratamento aos animais que necessitam de proteção, tentam encontrar lares para animais de rua e reunir animais de estimação perdidos com suas famílias. Quando necessário, os abrigos de animais proporcionam uma morte digna para os animais desabrigados ou não adotados.

A origem do acolhimento de pequenos animais indesejados iniciou-se para promover a saúde pública e segurança, com a preocupação recorrente de controlar as doenças e injúrias, e tentar resolver as necessidades voltadas a esse problema. Posteriormente, os abrigos se tornaram um local em que as pessoas interessadas pudessem adquirir um animal de estimação. As políticas públicas, inicialmente, trabalhavam em função do controle de animais e não voltadas à saúde e bem-estar do animal. Atualmente, a situação tem mudando bastante, tanto que existe a Medicina Veterinária de Abrigos, uma área voltada especificamente para o ensino, prática e pesquisa da promoção da saúde dos animais abrigados, mesmo que eles permaneçam nesse espaço por pouco tempo (ROCHA, 2013).


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Sabe-se que o recolhimento de animais nas ruas, por si só, não resolve o problema do controle de população de animais. A tendência é que, se não houver controle no local de retirada, novos animais migrarão e farão uso deste mesmo ambiente para se favorecer das condições existentes nesse meio. Por causa disso, os abrigos devem ser usados com o intuito de receber animais em difíceis condições, como aqueles que oferecem risco à saúde e segurança da população, através de um sistema de recolhimento seletivo, por exemplo, os agressivos, os com doença ou em estado de convalescença, os causadores de danos ao meio ambiente que ameaçam outras espécies, os que estão em sofrimento (com fraturas, hemorragias, impossibilidade de locomoção, mutilação, feridas expostas etc.), e os que estão em risco como as vítimas de acidentes, atropelamentos, rinhas, etc. (SÃO PAULO, 2009). O mesmo autor (2009, p. 107) define que “é competência legal dos municípios brasileiros o controle de animais em sua área de circunscrição, por meio de atividades programáticas, como é o caso de registro, captura e apreensão e eliminação daqueles que representem riscos à saúde humana”. Os tipos de abrigos, segundo Maddie’s Fund (2008) apud Rocha (2013), são variados. O tradicional, geralmente, é uma Sociedade para a Prevenção da Crueldade aos Animais (SPCA) e pode ser classificado em municipal, privado, de admissão aberta ou admissão limitada. Há também os santuários de animais, que cuidam destes pelo resto da vida deles, e grupos de resgate de animais que, normalmente, são de pessoas voluntárias, não possuem abrigos, mas fazem uso de lares temporários até que o animal encontre um lar permanente. O objetivo dos abrigos prima pela defesa do animal e tenta fazer a socialização deste com as pessoas. Também deve proporcionar um ambiente confortável e limpo, bem como minimizar o estresse e conceder uma dieta nutricional condizente ao porte de cada animal, promover exercícios e enriquecer o comportamento desses. Ainda, preza os cuidados médicos para tornar os animais saudáveis para serem mais facilmente adotáveis. Os abrigos também incluem o ensinamento de princípios humanitários para promover a adoção e guarda responsável (principalmente para crianças) e aplicar, efetivamente, as leis de proteção animal. O abrigo pode dispor programas educativos para o ensino de cuidados e treinamentos de animais de estimação e conceder aulas, eventos e palestras comunitárias que ajudam no fomento à conscientização e responsabilidade para com os pets (MULHOLLAND, 2011; ROCHA, 2013). Apesar disso, Mulholland (2011) afirma que os abrigos são lugares que têm um objetivo desagradável pois acolhem os animais que são esquecidos, indesejados e abandonados. Mesmo


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que a sociedade aceite a ideia de ter animais de companhia, as pessoas costumam adquiri-los de outras fontes, não de abrigos. Uma das causas que isso acontece é porque o ambiente do abrigo é deprimente. As pessoas adotam animais que atuam saudavelmente, são enérgicos e felizes e, para isso acontecer, o abrigo precisa oferecer um espaço adequado e confortável. Há muitos problemas nos abrigos de animais que acontecem por fatores como: falta de financiamento, projeto mal executado pelos profissionais, falta de consideração pelas necessidades básicas dos animais, entre outros. Isso pode levar à criação de um ambiente hostil para acolher os animais, que têm muita sensibilidade do espaço ao qual estão inseridos. Outros fatores também causam o estresse dos animais, como o estranhamento e imprevisibilidade no espaço, a presença de pessoas e outros animais desconhecidos, espaço reduzido e empobrecido e a privação de comportamentos naturais (DANTAS, 2010; LLOYD, 2017; MULHOLLAND, 2011). Segundo Mulholland (2011) as falhas na construção também influenciam no bem-estar e saúde física e mental dos animais que ocupam o espaço: 

Falta de luz natural: a luz do sol estimula o sistema imunológico, aumenta a produção hormonal, elimina a depressão e permite a estabilidade mental;

Falta de controle de ruído interno e externo: os ruídos provocam um efeito muito estressante tanto nos animais, quanto nos profissionais que trabalham no local;

Ventilação precária: a falta de ventilação dissemina muito mais facilmente as doenças;

Sujeira: o abrigo precisa ser feito com materiais que sejam fáceis para limpar e desinfetar. Materiais porosos e juntas podem abrigar germes. O material da superfície deve suportar produtos químicos sem se deteriorar. Materiais permeáveis devem ser evitados em ambientes que são lavados constantemente;

Aparência sombria: acontece com a má escolha de materiais que acabam deixando o ambiente mais escuro. O uso de cinza e marrom, que são muito comuns por facilitarem a limpeza, prejudicam no conforto do ambiente;

Espaços pequenos e superpopulosos: é um problema muito comum, mas o abrigo deve respeitar a quantidade máxima de animais para acolhimento, uma vez que isso influencia diretamente na qualidade de vida de todos que se encontram nesse espaço, pois causa estresse excessivo, problemas emocionais, e violência entre os animais, que tendem a ser gravemente feridos ou, até mesmo, mortos. Este problema pode ser resolvido com a inclusão de espaços modificáveis para a criação de ambientes extras em emergências.


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Deve-se prever espaços para animais que socializam, mas também para os que são antissociais; 

Espaços monótonos: os animais que se limitam em espaços pequenos por longos períodos de tempo tendem a desenvolver problemas sociais. Os animais precisam se exercitar e pegar sol para manterem-se saudáveis e, para isso, devem ficar em um lugar onde possam transitar por vários ambientes diferentes, ao invés de ficarem confinados nas gaiolas. Para manter a saúde dos animais em abrigos há vários parâmetros que são considerados.

Godoy (2011) afirma que a World Society for the Protection of Animals - WSPA (2011) define alguns pontos relacionados ao comportamento de cada espécie de animal que são importantes. Os cachorros, por exemplo, necessitam de mais área de piso em locais de confinamento e, o mínimo para abrigá-los deve ser um espaço de 2m² de área coberta, mais 2,5m² para solário. Além disso, eles necessitam de um espaço para soltura diária para a diminuição do estresse adquirido em cativeiro. Os gatos, por sua vez, precisam de espaço com a altura mais elevada nos ambientes, pois eles gostam de subir em prateleiras e ter um ângulo de visão maior do espaço. Também, cada uma destas espécies necessita ficar separada, tanto visualmente quanto acusticamente. Os gatos precisam de uma metragem cúbica de 2,20 metros de área coberta com solário. Segundo Kry e Casey (2007) apud Lloyd (2017, p. 10): Os gatos devem ser alojados separadamente dos cães, e ambos devem ser mantidos em canis que enfrentam paredes em vez de outros animais para diminuir o contato visual. O instinto natural de um gato quando exposto a uma situação ameaçadora é recuar, no entanto, se isso não for possível, ele tentará ocultar-se da visão. Fornecer gatos com esconderijos, como uma caixa de papelão (que eles também podem usar como uma plataforma elevada, se eles escolherem) permite que os gatos executem esse comportamento de enfrentamento, possivelmente proporcionando uma sensação de controle/autonomia sobre o meio ambiente e aliviar o estresse.

A Associação de Médicos Veterinários de Abrigos (The Association of Shelter Veterinarians – ASV, 2010) definiu diretrizes padrão para a execução de abrigos de animais. Eles devem, primordialmente, propiciar um ambiente que facilite a manutenção da saúde animal. As instalações devem ser adequadas para cada espécie, número de animais que recebem cuidados e período de permanência esperado para garantir o bem-estar físico e psicológico dos animais. O projeto deve separá-los adequadamente por estado de saúde, idade, gênero, espécie, temperamento e estado predador-presa e incluir espaço suficiente para as operações do abrigo (ingestão, exame, retenção, adoção, isolamento, tratamento, armazenamento de alimentos, lavanderia e, quando necessário, eutanásia). Além disso, os abrigos precisam proporcionar


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conforto e proteção de intempéries e os espaços que servirão para observação devem ser individuais e isolados do acesso do público (ASV, 2010; SÃO PAULO, 2009). Também as entradas e saídas, corredores e salas devem ser organizados de modo que a movimentação aconteça a partir de áreas de animais mais saudáveis, para os mais contagiosos. Ainda, há diretrizes que recomendam que, pelo menos 10% da capacidade de alojamento da instalação seja disponibilizada para o isolamento de animais diagnosticados ou suspeitos de ter doenças infecciosas (New Zealand, 1993 apud ASV, 2010). As organizações que prestam serviços a animais de propriedade privada (por exemplo, clínicas de esterilização/castração ou veterinária) devem separar esses animais dos animais de abrigo (ASV, 2010). Políticas rigorosas devem ser implementadas para garantir que as necessidades de bem-estar animal sejam atendidas, incluindo exigências de limpeza e desinfecção, adoção, admissão de novos cães e equipe. Para controlar e limitar o número de cães em canis e centros de adoção, é necessário incentivar a adoção de cães. Antes de os cães serem colocados para adoção, eles deverão ser esterilizados, vacinados e tratados para parasitas. Os possíveis novos donos devem ser informados sobre as exigências e responsabilidades da guarda de cães (WPA, 2017).

Por fim, “as interações tranquilas, contínuas e amigáveis melhoram o comportamento do animal e favorecem a socialização” (SÃO PAULO, 2009, p. 117). 2.5

LEGISLAÇÃO DE HOSPITAIS VETERINÁRIOS E ABRIGOS DE ANIMAIS

2.5.1 Federal 2.5.1.1 Ministério da Saúde e Agência Nacional de Vigilância Sanitária: 

Portaria nº 453 de 1 de junho de 1998 – “Aprova o Regulamento Técnico que estabelece as diretrizes básicas de proteção radiológica em radiodiagnóstico médico e odontológico, dispõe sobre o uso dos raios-x diagnósticos em todo território nacional e dá outras providências”.

Resolução RDC Nº 50 de 21 de fevereiro de 2002 – “Dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde”. A arquitetura hospitalar para humanos é definida por especificações regulamentadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), principalmente por essa resolução. Para a concepção de projetos de estabelecimentos veterinários, a ANVISA publicou uma Referência Técnica para o Funcionamento dos Serviços Veterinários e define alguns parâmetros de arquitetura baseados nesta RDC: o de iluminação, ventilação e climatização.


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Referência técnica para o funcionamento dos serviços veterinários - ANVISA (2010).

Resolução RDC Nº 306 de 7 de dezembro de 2004 – “Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde”.

2.5.1.2 CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente: 

Resolução Nº 283 de 12 de julho de 2001 - “Dispõe sobre o tratamento e a destinação final dos resíduos dos serviços de saúde”.

2.5.1.3 CFMV – Conselho Federal de Medicina Veterinária: 

Resolução N° 1015, de 09 de novembro de 2012 – “Conceitua e estabelece condições para o funcionamento de estabelecimentos médicos veterinários e dá outras providências”.

2.5.1.4 Ministério do Trabalho e Emprego: 

NR Nº 24 – “Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho”.

2.5.1.5 ABNT – Agência Nacional de Normas Técnicas: 

NBR 9050 de 11 de setembro de 2015 – “Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos”.

2.5.2 Estadual 2.5.2.1 Corpo de Bombeiros de Santa Catarina: 

NSCI 94: Normas de segurança contra incêndio - Fixa os requisitos mínimos nas edificações e no exercício de atividades, bem como estabelece normas e especificações para a segurança contra incêndios, no estado de Santa Catarina, e leva em consideração a proteção de pessoas e seus bens. Especifica no artigo 21 acerca de edificações hospitalares, laboratórios e similares.

Instrução Normativa (IN) 009 – Sistema de saídas de emergência - Estabelece e padroniza critérios de concepção e dimensionamento do Sistema de Saídas de Emergência, dos processos analisados e fiscalizados pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Santa Catarina – CBMSC.


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2.5.3 Municipal 2.5.3.1 Prefeitura Municipal de Chapecó/SC: 

Lei Complementar Nº 541 de 26 de novembro de 2014 – “Aprova o Plano Diretor de Chapecó – PDC”. É o instrumento básico e estratégico da Política de Desenvolvimento Territorial do Município e integra o sistema de planejamento municipal.

Lei Complementar Nº 546 de 22 de dezembro de 2014 – “Dispõe sobre o código de obras do município de Chapecó e dá outras providências”. As obras e edificações no Município de Chapecó devem obedecer às normas previstas nesta Lei Complementar, sem prejuízo da observância das demais que tratam da matéria.

2.6

SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS A arquitetura bem aplicada em estabelecimentos de saúde tem um papel

importantíssimo para seu funcionamento efetivo através da funcionalidade do projeto, circulações bem resolvidas, materiais e soluções adotadas que possibilitam a ergonomia do espaço e que também se aplicam como forma de evitar contaminações no ambiente. Uma das problemáticas mais importantes é a questão do conforto acústico e térmico do ambiente. Os animais são mais sensíveis a ruídos e ao calor do que os humanos e isto influencia diretamente no seu bem-estar, portanto, deve-se aplicar, diligentemente, soluções que abrandem estas condicionantes. Desta forma, para melhor conceituação do projeto, foram adotados alguns sistemas que podem trazer benefícios para todos os ocupantes do estabelecimento e também do entorno, já que o abrigo pode gerar patologias que atrapalham o bem-estar tanto das pessoas, quanto dos animais. O papel tradicional da arquitetura, nesta função de afastar os riscos de infecções dentro do hospital, é exercido por meio de barreiras, proteções, meios e recursos (físicos, funcionais e operacionais), relacionados a pessoas, ambientes, circulações, praticas, equipamentos, instalações, materiais e fluídos (FIORENTINI; LIMA; KARMAN 1995 p. 9 apud MATIA (2017, p. 217).

2.6.1 Iluminação natural Mulholland (2011) afirma que o uso da luz natural tem muitos efeitos positivos em um abrigo de animais, e estes refletem desde os custos poupados com iluminação artificial até na melhora do humor dos bichos. Isso repercute diretamente na facilidade da adoção.


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2.6.1.1 Fachadas de vidro Além da redução no consumo de energia com a iluminação natural, a luz solar propicia um ambiente mais saudável. Ambientes muito fechados tendem a trazer transtornos psicológicos, inquietação, ansiedade e depressão tanto em pessoas, quanto nos animais. Segundo o arquiteto, o corpo do ser humano é ‘programado’ para ser ativado pela iluminação natural. A luz estimula a região do cérebro responsável por avisar o restante do organismo que está no momento de acelerar as atividades vitais. Por outro lado, com a ausência de iluminação natural o corpo tende a funcionar como se estivesse no período de repouso, causando os sintomas de depressão. Para evitar esse tipo de problema e construir ambientes mais agradáveis, adotar soluções arquitetônicas que proporcionem melhor aproveitamento da iluminação natural é procedimento fundamental (BERTOLOTTI e NONATTO, 2017).

2.6.1.2 Bloqueio de luz natural excessiva A entrada de luz natural excessiva no interior da edificação causa desconforto e superaquecimento, principalmente em fachadas voltadas a oeste. Uma solução para esse fenômeno é o uso de brises (Figura 10 e Figura 11), varandas ou marquises que bloqueiam a radiação solar direta e ajuda no controle da temperatura interna (BERTOLOTTI e NONATTO, 2017). Figura 10 – Tipos de brises com o mesmo efeito.

Fonte: Brasilia Concreta21. Figura 11 – Brises metálicos.

Fonte: Cerpolo22. 21 22

Disponível em: < https://goo.gl/kmBKNP >. Acesso em: 17 out. 2017 Disponível em: < https://goo.gl/uwsPJd >. Acesso em: 17 out. 2017


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2.6.2 Ventilação cruzada É um sistema eficiente que se utiliza do recurso natural para promover melhor conforto térmico dentro das edificações. Faz uma troca constante do ar interior (Figura 12) e garante maior salubridade, principalmente quando se trata de ambientes com animais, que necessitam de boa ventilação por conta dos odores e precaução contra contaminações. Figura 12 – Exemplos de ventilação cruzada.

Fonte: Sustentarqui23.

2.6.3 Cobertura (telha termoacústica) São telhas metálicas fabricadas em aço galvanizado, alumínio, aço inox ou galvalume em diversos formatos: liso, ondulado, trapezoidal etc. Sua estrutura consiste em um “sanduíche” composto por duas camadas metálicas e entre elas é colocada uma camada isolante que pode ser de poliuretano, poliestireno (EPS), lã de vidro ou de rocha, com espessuras variadas (Figura 13). Estas características possibilitam maior eficiência térmica e acústica nas edificações, o que permite maior conforto interno. Figura 13 – Estrutura da telha termo-acústica (sanduíche).

Fonte: Hometeka24.

23

Disponível em: <http://sustentarqui.com.br/dicas/importancia-da-ventilacao-natural-para-arquiteturasustentavel/>. Acesso em: 17 out. 2017 24 Disponível em: <https://www.hometeka.com.br/aprenda/o-que-e-telha-termoacustica-sanduiche/>. Acesso em: 21 fev. 2018


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2.6.4 Fechamento Com o objetivo de aumentar a eficiência acústica nos ambientes, serão propostas tecnologias construtivas para diminuir os níveis de ruído como, por exemplo, as paredes de drywall (para a clínica) e de concreto (para o abrigo de animais). 2.6.4.1 Paredes de drywall São, basicamente, paredes feitas com chapas de gesso fixadas em perfis de aço (Figura 14A). Dependendo do tipo do emprego destes painéis, tornam-se uma simples e efetiva técnica para isolamento acústico em paredes (com o preenchimento da cavidade destas com lã mineral, lã de PET ou de vidro, por exemplo) e que ajudam também na eficiência energética do ambiente. Este sistema construtivo proporciona, dentre outras vantagens, ganho de área útil, obras mais rápidas, limpas e secas, além de favorecer o desempenho termoacústico. Com a colocação de lã mineral no espaço interno das paredes, forros ou revestimentos em drywall, o isolamento acústico é ampliado, pois a lã mineral age como uma barreira que amortece e limita a transmissão de ondas sonoras. Proporciona ainda, conforto térmico, que evita o desperdício de calor e ao mesmo tempo a isolação acústica, bloqueando a passagem do som (BONDE, 2011).

Ainda, é possível utilizar-se do método misto que é a alvenaria convencional de tijolos de cerâmica mesclada ao drywall para obter-se uma eficiência acústica melhor (Figura 14B). Figura 14 – Parede em drywall com isolamento acústico e sistema de parede mista.

Fonte: Gesso Perímetro25 (A); Adaptado de Greenlar26 (B)

25

Disponível em: <http://www.gessoperimetro.com.br/2016/08/divisoria-em-drywall-com-isolamento.html>. Acesso em: 22 jan. 2018 26 Disponível em: <http://www.greenlar.com.br/servico/isolamento-acustico-forro-parede-curitiba>. Acesso em: 22 jan. 2018


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2.6.4.2 Paredes pré-moldadas de concreto Mais utilizado em projetos residenciais e moradias populares (este último principalmente pelo potencial de velocidade da produção em série na construção) nada impede que o concreto pré-moldado estruture edifícios residenciais e industriais de qualquer proporção. Rapidez, custo-benefício, baixa perda de materiais, personalização, resistência e durabilidade são as características desse sistema (HOMETEKA, 2014). Como os abrigos precisarão de um sistema construtivo rápido e fácil de executar (Figura 15), o pré-moldado servirá como ferramenta para a montagem de todo o complexo de compartimentos do canil. Figura 15 - Parede pré-moldada de concreto.

Fonte: Hometeka27, 2017.

2.6.4.3 Parede baritada A solução de areia, cimento e barita (sulfato de bário hidratado) protege os ambientes com a absorção de radiação nos ambientes de raio-X, ressonância ou tomografia, pela sua alta densidade. É um recurso acessível com um ótimo custo-benefício, dispensa mão de obra especializada por sua fácil aplicação e é um material ecologicamente correto (AECWEB, 2017). 2.6.5 Acabamento de piso O piso epóxi (Figura 16) é um revestimento super-resistente, não possui juntas, é de fácil instalação e limpeza, durabilidade elevada e é antiderrapante. Em um ambiente que necessita de revestimento de baixa contaminação como uma clínica veterinária que realiza procedimentos cirúrgicos com frequência, este é bastante recomendado (ARCOLINI, 2017).

27

Disponível em: < https://goo.gl/kxkpj2>. Acesso em: 12 nov. 2017


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Figura 16 – Piso epóxi.

Fonte: Construindo Decor28, 2017.

2.6.6 Água e Energia 2.6.6.1 Energia solar (fotovoltaica) É um sistema em que “a energia solar é transformada através de células solares em energia elétrica” (NEUFERT, 2013, p. 476). Os estabelecimentos de saúde, em geral, necessitam de uma grande quantidade de energia para uso de equipamentos, limpeza, segurança, entre outros. A energia solar (Figura 17) é uma boa solução, já que é uma energia limpa, renovável e com um retorno financeiro bastante viável. Mesmo que o sistema não gere a energia suficiente, ele evitará que o abrigo adquira uma boa quantidade de energia elétrica, e reduzirá os custos operacionais (MULHOLLAND, 2011). Figura 17 – Exemplo de sistema fotovoltaico.

Fonte: Frizon Soluções29.

28

Disponível em: <http://construindodecor.com.br/piso-industrial/>. Acesso em: 21 fev. 2018 Disponível em: <http://frizonsolucoes.com.br/wp-content/uploads/2016/08/solar_casa.jpg>. Acesso em: 08 out. 2017 29


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2.6.6.2 Reaproveitamento da água da chuva É uma solução sustentável para economia de água. A água é uma das preocupações inerentes à manutenção do estabelecimento de saúde. Sua boa qualidade deve ser primordial tanto para beber quanto para limpeza, pois, se não tratada, ela é um dos vetores de contaminação e pode conter organismos patogênicos, como amebas, bactérias, vírus, entre outros. Além disso, a água é um dos recursos mais utilizados em um abrigo para manter a limpeza dos compartimentos e isso, geralmente, vem acompanhado de um alto custo. Por isso, a captação da água da chuva (Figura 18) é uma ótima alternativa para amenizar o consumo de água potável e, consequentemente, dos custos mensais para a manutenção do estabelecimento (MATIA, 2017; MULHOLLAND, 2011). Figura 18 – Sistema de captação de água da chuva.

Fonte: Tudo de Chapecó30.

30

Disponível em: < http://www.tudodechapeco.com.br/uploads/materias/1425422669_imagen_544.jpg>. Acesso em: 09 out. 2017


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2.6.7 Acústica Assim como os humanos, os animais domésticos também padecem com a poluição sonora e, às vezes, mais seriamente devido à maior capacidade auditiva que possuem. Os efeitos dos ruídos no meio urbano para os animais são vários, entre eles, a perda da audição e o estresse aumentado (MURGEL, 2007). Em virtude da capacidade de abrigar vários cães, gatos e os humanos que ali trabalham, o abrigo e clínica necessitam ter uma absorção de ruído bastante eficiente para ajudar a mitigar o ruído interno e externo para diminuir o estresse que o ambiente pode trazer (MULHOLLAND, 2011). Os animais que se recuperam da cirurgia precisam ter um ambiente de baixo estresse para garantir uma cura rápida. O escritório precisa manter baixos níveis de ruído para garantir que os trabalhadores possam se comunicar entre si, bem como os patrocinadores e/ou clientes. Também é importante que os veterinários possam realizar trabalhos médicos em condições controladas e que os trabalhadores do escritório possam se concentrar (MULHOLLAND, 2011, p. 66).

2.6.7.1 Painéis acústicos Os produtos para o mercado acústico de abrigo têm progredido e, hoje, há no mercado tipos de painéis acústicos que são antimicrobianos, fáceis de limpar e bastante eficientes na redução do ruído. Se o ruído puder ser reduzido, os animais serão mais tranquilos, bem como todos os outros ocupantes do estabelecimento (MULHOLLAND, 2011). Um material absorvente de ruído em tetos e paredes é uma estratégia simples e funcional que ajudará no conforto do ambiente do abrigo, em todas as áreas de serviço e de público. A Figura 19 demonstra como os painéis atuam para reduzir o ruído quando um cachorro late. Na esquerda, o cão late e esse ruído ecoa por todos os ângulos, o que causa estresse e desconforto no ambiente. Na direita, mostra o quanto os materiais conseguem absorver o ruído, de forma que ele não se espalha pelo ambiente e o torna mais agradável para todos os ocupantes (MULHOLLAND, 2011).


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Figura 19 – Ruídos causados por cães.

Fonte: MULHOLLAND, 2011, p. 67.

2.6.7.2 Barreiras acústicas A propagação do som acontece de forma linear e decai à medida que se distancia da fonte. Como forma de interromper esta propagação, as barreiras acústicas podem ser instaladas como obstáculos que levam ao decaimento do nível de ruído. Estes obstáculos podem ter características refletoras, absorventes ou de desvio (refratoras), como mostra a Figura 20. A reflexão e absorção do som são resultado do tipo de material empregado na barreira, que podem ser placas de madeira (Figura 21A) ou metálicas (Figura 21B), chapas transparentes de acrílico (Figura 21C), alvenaria convencional, concreto (Figura 21D), entre outros. Ainda, é possível empregar barreiras com cobertura vegetal agregadas a outros materiais (Figura 21E) (MURGEL, 2007). Figura 20 – Propagação das ondas sonoras em relação à barreira acústica.

Fonte: MURGEL, 2007.


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Figura 21 – Materiais de barreiras acústicas.

Fonte: PiniWeb31 (A); Acoustic Control32 (B); Indac33 (C); Ecopore34 (D); LandLab35 (E).

2.6.7.3 Isolamento termo-acústico em janelas Para as áreas em que as pessoas necessitam de maior concentração e sem ruído, será usado vidro duplo (Figura 22). Estas janelas impedem a troca de calor no verão e controlam o frio no inverno. Também, quando fechadas, impedem a entrada de ruídos externos. Figura 22 – Sistema de isolamento termo-acústico em janela com vidro duplo.

Fonte: Ideias para Decoração36. 31

Disponível em: < https://goo.gl/FEpHCG >. Acesso em: 21 fev. 2018 Disponível em: <http://www.acousticcontrol.com.br/barreira-acustica-rodovias>. Acesso em: 21 fev. 2018 33 Disponível em: <http://www.indac.org.br/barreiras-acusticas-em-acrilico/>. Acesso em: 21 fev. 2018 34 Disponível em: <http://www.ecopore.com/aplicacoes/barreiras-acusticas/>. Acesso em: 21 fev. 2018 35 Disponível em: <http://www.landlab.pt/pt/produto/barreiras-acusticas-prosilence>. Acesso em: 21 fev. 2018 36 Disponível em: < https://goo.gl/aB3w1i >. Acesso em: 08 out. 2017 32


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3

METODOLOGIA Este trabalho foi desenvolvido a partir de fatores observados na cidade de Chapecó/SC

que levam a perceber a carência que existe quando se refere a tratamentos de saúde dos animais de uma forma acessível para aqueles que se encontram em situação de rua e mesmo os animais cujos tutores são de classes menos favoráveis. Desta forma, o método científico utilizado será o indutivo que, segundo Marconi e Lakatos (2003) apud Figueiredo et al (2012), tem por objetivo “levar a conclusão cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais se basearam”. O nível de pesquisa aplicado é o exploratório. Para Gil (2010) apud Figueiredo et al (2012), ele objetiva “proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a tornálo mais explícito”, a partir de levantamento bibliográfico, estudos de caso e entrevistas informais, que servirão como instrumento de coleta de dados. A técnica de análise e interpretação dos dados terá enfoque qualitativo. O material bibliográfico utilizado será baseado em livros, normativas e leis, principalmente as que regem a área da medicina veterinária, e especialmente para clínicas veterinárias e abrigos de animais; teses e dissertações e TCCs que abrangem a arquitetura aplicada à medicina veterinária e também os dados coletados nas entrevistas informais (não documentadas) com os profissionais e voluntários que trabalham com animais de pequeno porte. Além disso, serão desenvolvidos estudos de caso relacionados às clínicas veterinárias e abrigos de animais com base no livro “Temas de composição” dos autores Michael Pause e Roger H. Clark. Com base nisso, foram desenvolvidos seis capítulos que embasam o tema aplicado à arquitetura e que abordam: animais domésticos na evolução do homem; problemas que são enfrentados por ambos nas cidades; bem-estar animal; histórico da medicina veterinária e criação de hospitais veterinários; também foram estudadas as normativas e leis que abordam a arquitetura na área da MV; e foram expostas soluções arquitetônicas para desenvolver o projeto arquitetônico. A partir desta pesquisa, será definido um programa de necessidades, conceito e partido arquitetônico para a proposta que será implantada em Chapecó/SC.


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4

RESULTADOS DA PESQUISA

4.1

ESTUDOS DE CASO A realização de estudos de caso no âmbito arquitetônico possibilita adquirir maior

conhecimento sobre a problemática abordada e amplia a visão de funcionalidade, técnicas construtivas, soluções tecnológicas, estéticas e arquitetônicas para o projeto a ser desenvolvido, bem como aumenta o referencial de edificações existentes na categoria pesquisada. Foram feitos três estudos nesta abordagem: um centro clínico veterinário com abrigo de animais e programa de adoção; um centro clínico veterinário com enfoque em ortopedia e neurocirurgia e; uma clínica veterinária convencional com área de laboratório. 4.1.1 South Los Angeles Animal Care Center & Community Center Com o intuito de aprofundar-se na elaboração do abrigo para cães e gatos, foi escolhido este projeto (Figura 23) que, além de possuir um espaço de serviço clínico veterinário, oferece aos visitantes a possibilidade de interação com os animais a fim de incentivar a adoção consciente. Há lugares apropriados para a socialização entre visitantes e animais com jardins e paisagens agradáveis para aumentar a permanência das pessoas dentro do abrigo e, possivelmente, instigá-las a adquirir um bicho de estimação. Ainda, os materiais predominantes são os pré-moldados na fachada, vidro e concreto. Figura 23 – Vista frontal do complexo.

Fonte: ARCHDAILY, 2013.


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4.1.1.1 Ficha técnica O South Los Angeles Animal Care Center & Community Center (Centro de Cuidados para Animais de South Los Angeles e Centro Comunitário) foi projetado em 2013, pelo escritório de arquitetura RA-DA em conjunto com o Los Angeles Animal Services, e está localizado nesta mesma cidade, na Califórnia, EUA (Figura 24). Figura 24 – Localização.

Fonte: Adaptado do Google, 2017.

4.1.1.2 O escritório O escritório RA-DA Arquitetos atua desde 1994 e trabalha, principalmente, com escolas, faculdades, hospitais, escritórios e complexos residenciais. Acumula diversos prêmios por projetos realizados em Chicago, que é a cidade em que mais atua, e também ao redor do estado de Illinois, EUA. 4.1.1.3 Descrição do projeto Este centro é um projeto que desafiou os preconceitos que os abrigos de animais enfrentam como tipo de construção, bem como envolve a comunidade de uma forma bastante positiva. Com o objetivo de reduzir o número de eutanásia em animais, que é bastante comum nos EUA, o escritório planejou um espaço que acomode confortavelmente os animais e visitantes e os incentive a adotar os animais que ali estão abrigados. O abrigo se localiza em


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uma região industrial cercada de zonas residenciais e avenidas movimentadas. Por causa disso, o edifício foi implantado em uma área em que ficasse o mais visível possível. Com uma área de quase 2230m², o Centro de Cuidados para Animais é conectado por uma galeria (Figura 25 e Figura 26A) que leva do estacionamento público até o prédio e, posteriormente, até a área do canil ao ar livre, que possui cerca de 3250m². Ao percorrer esse caminho o visitante consegue ter uma visão amplificada de grande parte do complexo: sala de exames (Figura 26B), os pequenos centros de espera de animais; as salas para gatos; salas para répteis. Todos estes ambientes apresentam animais para adoção (ARCHDAILY, 2013). Figura 25 – Setorização do projeto.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2013.


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Figura 26 – Galeria principal e sala de exames.

Fonte: ARCHDAILY, 2013.

Já na parte do canil (Figura 27A), os abrigos possuem paredes revestidas de vegetação e são orientados de maneira que os cães não fiquem frente a frente para evitar os latidos. Figura 27 – Canil.

Fonte: ARCHDAILY, 2013. A

vegetação e paisagismo são bastante presentes e estão dispostos nas ruas do canil

(Figura 27B) para ter melhor sombreamento e áreas de descanso para possibilitar que os visitantes fiquem mais tempo no canil e, assim, promover maior interação entre eles e os animais, com o objetivo de incentivo para a adoção (ARCHDAILY, 2013). 4.1.1.4 Conceito O edifício foi projetado para que a essência dos animais transparecesse, de alguma forma, em seu exterior. Em uma pesquisa acerca das peles de animais, os arquitetos ficaram intrigados com a sobreposição de escamas que os répteis possuem e, desta maneira,


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desenvolveram um “sistema de escamas”, indicado na Figura 28A que poderia ser facilmente fabricado e seria um conceito simples e versátil. Portanto, escolheram para os painéis da fachada o material pré-moldado para aplicar esse conceito. A Figura 28B mostra uma escama de réptil, que exemplifica a inspiração para ideia (ARCHDAILY, 2013). O edifício aplicou todas as etapas necessárias para obter a certificação LEED Silver. Foram tomadas medidas para regular a iluminação, controle de temperatura, ventilação interior e qualidade ambiental. Os materiais de construção do interior e exterior têm conteúdo reciclado e estão disponíveis regionalmente. As janelas Low-E e um telhado Energy Star reduzem o acúmulo de calor no interior. [...] Todo o paisagismo foi projetado com facilidade de manutenção e com baixo consumo de água em mente (ARCHDAILY, 2013). Figura 28 – Sistema de escamas proposto diagonalmente em toda a fachada e exemplo de escama de réptil.

Fonte: ARCHDAILY, 2013.

4.1.1.5 O projeto A planta baixa (Figura 29) é composta por dois blocos térreos: um para o Centro de Cuidados para Animais e outro para o Centro Comunitário. Ambos têm acesso pela galeria e, no primeiro, o público tem acesso para conhecer os animais do complexo, o qual, ao seu fim, dá de encontro com o abrigo para cães. Além disso, vê-se que o estacionamento público (Figura 30) foi implantado em uma área que facilitasse a entrada e o deixasse em um caminho mais acessível.


65

Figura 29 – Planta baixa - South Los Angeles Animal Care Center & Community Center.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2013.


66

Figura 30 – Estacionamento.

Fonte: ARCHDAILY, 2013.

Nas elevações (Figura 31) pode ser percebido o “sistema de escamas” proposto pelos arquitetos através das linhas diagonais que aparecem por toda a edificação para trazer sua identidade. É possível notar que as áreas de estar dos cães não se encontram frente a frente para evitar os latidos. A circulação entre os abrigos é representada na Figura 32, na qual se vê que os cães não ficam à vista uns dos outros (ARCHDAILY, 2013). Figura 31 – Elevação oeste e elevação vista da galeria.

Fonte: ARCHDAILY, 2013.


67

Figura 32 – Circulação no canil.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2013.

4.1.1.6 Temas de composição 

Estrutura: O sistema estrutural não é identificável através da planta baixa, nem nas fotos disponibilizadas, portanto, constata-se que há a possibilidade de ele estar embutido juntamente com as paredes;

Iluminação natural (Figura 33 e Figura 34): As entradas de luz natural acontecem por painéis de vidro dispostos diagonalmente nas elevações, como também por aberturas de vidro nas portas de acesso ao público; Figura 33 – Iluminação natural nas elevações.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2013.


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Figura 34 – Iluminação natural em planta baixa.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2013.

Massa: Apresenta duas situações: um retângulo com predominância de horizontalidade em bloco único, quando observados os blocos singularmente (Figura 35) e; horizontalidade predominante na junção dos dois blocos (clínica e centro comunitário) através da laje de cobertura (Figura 36). Há também elementos de fachada que se interrompem com o vidro disposto diagonalmente. Figura 35 – Estudo de massa nas elevações.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2013.


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Figura 36 – Elevação na entrada principal. Junção dos dois blocos edificados.

Fonte: Google StreetView37

Relação planta/corte/fachada: As plantas do conjunto não possuem relação, já que uma é disposta em ângulos e a outra é ortogonal. Um ponto em comum que se percebe é a presença de linhas diagonais que são presentes em todos os elementos. Na planta baixa do centro comunitário todas as linhas externas que compõem a planta são dispostas diagonalmente. Na planta do centro clínico, há uma única linha diagonal presente na entrada de pedestres. Pode ser um elemento considerado ínfimo, mas é o que o une ao restante do conjunto neste quesito. Já a disposição do caminhamento, desde o acesso principal ao canil, a presença de linhas diagonais é predominante (Figura 37). Nas elevações (Figura 38) a mesma característica se repete na disposição dos elementos prémoldados que compõem o “sistema de escamas” proposto pelos arquitetos. Figura 37 – Linhas diagonais em planta.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2013.

37

Disponível em: <https://goo.gl/8xPfLb>. Acesso em: 14 fev. 2018.


70

Figura 38 – Linhas diagonais na elevação.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2013.

Repetitivo e singular (Figura 39): a repetição é encontrada no sistema pré-moldado da fachada, já que a proposta foi baseada nos repteis que possuem uma sobreposição de escamas em ritmo constante. Além disso, as linhas diagonais permitem também que exista esse ritmo. Figura 39 – Repetição.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2013.

Circulação/espaço-uso (Figura 40): O acesso aos ambientes disponíveis ao público é dado, exclusivamente, pela circulação externa através da galeria principal que chega até o canil ao ar livre. Já para a equipe de trabalho, há vários acessos que chegam até uma circulação centralizada na clínica que distribui uniformemente por todos os setores da edificação. Da mesma forma, o uso da edificação pelo público externo acontece somente pelas laterais do centro clínico e comunitário, e através da galeria que leva ao canil. O restante é de uso de serviço pela equipe de trabalho.


71

Figura 40 – Circulação.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2013.

Unidade e conjunto (Figura 41): O abrigo de cães forma um conjunto, apesar de ser uma consequência do programa de necessidades. A presença de unidade é percebida na planta para diferenciar o espaço voltado para o centro comunitário e o centro clínico: uma delas é em formato diagonal e a outra ortogonal. Apesar disso, os dois blocos formam um conjunto através de características estéticas e também a partir da circulação central da galeria.


72

Figura 41 – Unidade e conjunto.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2013.

Simetria e equilíbrio: o conjunto como um todo não possui simetria, mas é equilibrado pela existência dos elementos diagonais que são presentes em todas as plantas, implantação e fachada.

Adição e subtração: é possível perceber uma subtração na planta do centro clínico. Presume-se que esse recorte foi feito para que o elemento em diagonal existisse em todo o restante do projeto. Essa característica consta em todos os componentes, portanto, ao considerar que o centro clínico era totalmente ortogonal, essa subtração única faz dele parte do conjunto todo (Figura 42). Figura 42 – Subtração.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2013.

 Hierarquia: é perceptível a forma que as entradas principais foram destacadas com os recortes feitos na parede da elevação com o uso de panos de vidros inclinados para identificar os acessos (Figura 43).


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Figura 43 – Hierarquia nos acessos principais à edificação.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2013.

4.1.2 OASIS Veterinary Surgical Center Este centro veterinário possui uma abordagem estético-funcional bastante alternativa, comparada com o sistema convencional que é utilizado regularmente. Por fazer uso constante de tons de cinza que partem de materiais como o concreto, cimento e aço, a proposta foge bastante dos princípios que tornam os ambientes de serviços veterinários mais aconchegantes para os animais e, por essa razão, pode tornar os espaços não tão confortante para eles. A iluminação interna repassa um ar de contemporaneidade que, de vários ângulos, possui uma característica espacial. A tubulação aparente na área pública impressiona, quando se parte de um ponto de vista humano e, com esse conjunto de particularidades, passa a impressão de estar dentro de uma aeronave. Contudo, possui traços marcantes e um programa de necessidades abrangente para o atendimento clínico veterinário. Por isso, este estudo tem muito a agregar como referência. 4.1.2.1 Ficha técnica Figura 44 – Centro Cirúrgico Veterinário OASIS.

Fonte: ARCHDAILY, 2017.


74

O OASIS Veterinary Surgical Center (Figura 44) foi projetado em 2017 pelo escritório de arquitetura Betwin Space Design e está localizado em Suwon-si, Gyeonggi-do, Coreia do Sul (Figura 45). Possui uma área de 363,00m² e está inserido em um edifício, por isso, não há imagens externas do projeto. Figura 45 – Localização.

Fonte: Adaptado de Google, 2017.

4.1.2.2 O escritório O escritório Betwin Space Design foi estabelecido em Seul por Hwan-Woo Oh e JungGon Kim em 2008. Seus conceitos de projeto baseiam-se na criação de experiências entre "espaço e pessoas", "pessoas e objetos" e "marca e design". Atuam em projetos de lojas de moda e cosméticos, salas de exposições, restaurantes, escritórios, cinemas e interiores residenciais. O escritório desenvolveu uma prática interdisciplinar especializada em projetos inovadores de design espacial e procuram, consistentemente, empurrar os limites do que define o espaço e explorar novos caminhos (ARCHITIZER, 2017; ECHOCHAMBER, 2017). 4.1.2.3 Descrição do projeto O OASIS é uma clínica veterinária (Figura 46) para ortopedia e neurocirurgia de animais e tem como base a filosofia "restaurar a função, salvar a vida e contribuir para a coexistência saudável de seres humanos e animais". Realiza tudo acerca de cuidados intensivos de animais de estimação, desde casos graves e tratamento de reabilitação até operações de alto nível. É uma clínica especializada em doenças nervosas e feridas externas graves de articulação, rotação e fratura (ARCHDAILY, 2017).


75

Figura 46 – Recepção.

Fonte: ARCHDAILY, 2017.

O designer planejou para que todos os processos de tratamento fossem expostos e produzisse a atmosfera espacial com profissionalismo, a fim de proporcionar sentimentos de confiança e alívio aos donos dos pacientes. Eles podem observar todos os processos, como os de exames (Figura 47A), UTI (Figura 47B), tratamento (Figura 47C), hospitalização, operação (Figura 47D), avaliação de caminhada (Figura 48A), tratamento de reabilitação (Figura 48B), e pesquisa, todos de forma natural (ARCHDAILY, 2017). Figura 47 – Sala de exames, UTI, tratamento e hospitalização.

Fonte: ARCHDAILY, 2017.


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Figura 48 – Sala de avaliação e sala de tratamento.

Fonte: ARCHDAILY, 2017.

4.1.2.4 Conceito Segue a ideia de Mies van der Rohe "Menos é mais" e a "Forma segue a função" de Louis Sullivan. 4.1.2.5 O projeto Figura 49 – Planta baixa e legenda.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2017.


77

A planta baixa (Figura 49) possui formato retangular e fica em um edifício no bairro Yeongtong-gu. A clínica tem acesso pela circulação principal do edifício: uma para o público, outra para a equipe de serviço, conforme se vê na Figura 50. Nos cortes (Figura 51) se percebe a indicação de altura de pé-direito: 3,60m na parte mais baixa (serviço) e 5,20m na parte mais alta (pública). Figura 50 – Setorização/manchas.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2017. Figura 51 – Cortes.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2017.

4.1.2.6 Temas de composição 

Estrutura (Figura 52): O sistema estrutural é identificável através da planta baixa disposto de maneira regular e padronizada em uma malha de cerca de 7x4m, que é bem


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distribuída nas extremidades e se encaixa juntamente com o fechamento das paredes, o que ajuda a ter uma circulação direta. Figura 52 – Estrutura.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2017.

Iluminação natural (Figura 53): As entradas de luz natural acontecem somente no lado superior da planta baixa. A faixa azul é composta por vidro translúcido, mas é voltada para a circulação geral do edifício, desta forma, a iluminação natural não é predominante e o uso da luz artificial é necessária em boa parte da clínica; Figura 53 – Iluminação natural.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2017.

Massa (Figura 54): É consequência da definição do edifício, com formato retangular, mas há uma adição ao pé-direito na área pública da clínica. A tipologia da massa é a horizontalidade predominante na edificação com acréscimo deste volume à altura. Na Figura 55 é possível ver essa configuração;


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Figura 54 - Estudo de massa nos cortes.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2017. Figura 55 – Fachada da clínica. Interior do edifício.

Fonte: Map Naver38

Circulação/espaço-uso (Figura 56): Há acessos diferenciados para o público e para a equipe de serviço a fim de facilitar a logística na clínica. Apesar disso, conforme o escritório diz, o projeto foi desenvolvido para que os tutores dos animais tivessem livre acompanhamento de seus pets nos vários ambientes de tratamento. Desta forma, presume-se que os clientes tenham acesso ao restante da clínica, mas não se tem certeza se, na prática, isso realmente acontece. Por isso, os ambientes foram separados nos setores público e de serviço, conforme a Figura 50, e a circulação (Figura 56) no diagrama segue esta mesma linha. Ainda, a circulação em todos os setores acontece de forma centralizada e a distribuição dos ambientes é feita pelas laterais dos fluxos.

38

Disponível em: <https://map.naver.com/local/siteview.nhn?code=83179092&_ts=1516585466556>. Acesso em 21 jan. 2018


80

Figura 56 – Circulação.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2017.

 Adição e subtração (Figura 57): A adição é presente no volume do corte, no aumento do pé-direito da área pública. Essa característica cria a sensação de amplitude no espaço e, portanto, se torna muito mais confortável e abrangente para o usuário. Como não foi possível encontrar imagens do edifício no qual a clínica está inserida, esta análise somente foi realizada com o material disponível. Figura 57 – Adição.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2017.

4.1.3 Malpertuus Veterinary Clinic O projeto desta clínica veterinária intriga. Suas características estéticas chamam a atenção pois são usados revestimentos e materiais bastante diferentes do que, usualmente, as clínicas possuem. Geralmente, espaços da categoria da saúde se utilizam de ambientes clean minimalista com cores claras e sem muita informação. Já a Malpertuus faz uso de materiais rústicos até mesmo no seu interior, como o tijolo em várias colorações, concreto aparente e


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madeira. A possibilidade de poder trabalhar métodos que fogem do comum em um ambiente como o de clínica e ainda tornar a edificação eficiente e diferenciada é a parte mais interessante de estudar esta edificação. Além disso, ela possui um programa de necessidades adequado e funcional. 4.1.3.1 Ficha técnica A Clínica Veterinária Malpertuus (Figura 58) foi projetada em 2009 pelo Architecten De Vylder Vinck Taillieu e está localizada na vila de Heusden, na Bélgica (Figura 59). Figura 58 – Vista da clínica.

Fonte: ARCHDAILY, 2013. Figura 59 – Localização.

Fonte: Adaptado de Google, 2017.

4.1.3.2 O escritório Architecten De Vylder Vinck Taillieu é o nome pelo qual os arquitetos Jan De Vylder, Inge Vinck e Jo Taillieu compartilham a visão sobre o que a arquitetura pode ser. Os projetos realizados por eles adotam o conceito de “fazer”, no sentido mais amplo possível e é através do


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entendimento de como construir algo que a arquitetura pode ser desempenhada em seu potencial crítico. O escritório concentra-se em projetar a realidade cotidiana e trivial, na qual encontra oportunidades de superação no resultado final através do senso de responsabilidade social e produção e sustentabilidade cultural (CHICAGO..., 2017). Possui sede na cidade de Gante, Bélgica. 4.1.3.3 Descrição do projeto O programa de necessidades dos clientes se volta para uma clínica veterinária que dá suporte para consultas, com um laboratório e instalações operacionais, organizadas de forma muito particular; uma parte aberta aos visitantes, com consultórios (Figura 60A); uma farmácia; uma recepção e uma sala de espera (Figura 60B); uma área de laboratório com ecografia e tomografia computadorizada (Figura 61A); instalações de abrigo de curta duração para animais (Figura 61B) e uma sala de operações (Figura 61C), administração de informações e instalações para estadias durante a noite. O edifício é prático em termos de uso, manutenção e higiene, e foi construído dentro do orçamento que os clientes desejavam. Está inserido em um bairro residencial. Os materiais predominantes são: madeira crua disposta horizontalmente na fachada e; interiores com revestimentos em várias texturas de tijolo e concreto aparente, conforme já citado. Figura 60 – Ambientes da clínica abertos ao público.

Fonte: ARCHDAILY, 2012.


83

Figura 61 – Ambientes privativos da clínica.

Fonte: ARCHDAILY, 2012 (A); DacMalpertuus39 (B,C).

39

Disponível em: <http://www.dacmalpertuus.be/index.cfm?Id=266>. Acesso em: 12 out. 2017


84

4.1.3.4 O projeto A clínica foi implantada em uma vila residencial, em um terreno que, antigamente, funcionava uma fazenda e deveria estar de acordo com a casa existente (Figura 62). Figura 62 – Implantação.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2012.

As plantas baixas são compostas por formatos geométricos: a do pavimento térreo (Figura 63) possui formato retangular com uma das pontas em ângulo, e a do segundo pavimento (Figura 64A) é quadrada. A cobertura (Figura 64B) é um elemento que interfere diretamente na fachada da edificação, com beirais em diagonal e formato diferenciado, como se vê na Figura 65 e Figura 66.


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Figura 63 - Planta baixa térreo e legenda.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2012. Figura 64 - Planta baixa 2º pavimento e cobertura.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2012 (A); ARCHITECTEN, 201740 (B).

40

Disponível em: <http://www.architectendvvt.com/projects/malpertuus/>. Acesso em: 12 out. 2017


86

Figura 65 - Cortes e elevação frontal.

Fonte: ARCHDAILY, 2012. Figura 66 - Entrada principal.

Fonte: ARCHDAILY, 2012.

Quanto à setorização, o pavimento térreo está dividido entre os ambientes de público, clínica e serviço (Figura 67) e no pavimento superior constam os setores de serviço e privativo, voltado para os funcionários.


87

Figura 67 - Estudo de manchas pavimento térreo e superior.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2012.

4.1.3.5 Temas de composição 

Estrutura: O sistema estrutural (Figura 68) é composto predominantemente por pilares de madeira nas extremidades, são dispostos uniformemente por toda a edificação e acompanham o fechamento externo. Na área pública há pilares de concreto aparente que se unem às vigas de mesmo material. Nas áreas de raio-X e tomografia, as paredes são estruturais de concreto aparente. Figura 68 – Estrutura.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2012.

Iluminação natural (Figura 69): As entradas de luz natural acontecem por janelas de tamanhos diversificados de vidro dispostos em praticamente todos os ambientes da edificação. Estas janelas influenciam diretamente na volumetria com uma “quebra” na disposição constante do ripamento da madeira horizontal (Figura 70 e Figura 71).


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Figura 69 – Iluminação natural.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2012. Figura 70 – Janela da fachada principal.

Fonte: ARCHDAILY, 2012. Figura 71 – Elevação principal e de fundos, respectivamente.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2012.

Massa (Figura 72): O volume em destaque se configura como elemento principal de fachada e é o que mais chama atenção do observador. Por ser um elemento ortogonal quadrado e diferente do restante, que segue o caimento do telhado diagonalmente, percebe-se sua singularidade. Essa característica traz imponência com relação às outras seções da fachada. Além disso, pela Figura 73, pode-se notar que com a quebra do volume ortogonal central, obtêm-se dois volumes adicionais nas extremidades e todos eles são diferentes um do outro. Portanto, a massa é disposta em três volumes distintos.


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Figura 72 – Estudo de massa.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2012. Figura 73 – Estudo de maquete volumétrica.

Fonte: ARCHITECTEN, 201740

Relação planta/corte/fachada (Figura 74): As plantas, cortes e fachadas possuem relação pela igualdade das angulações (em vermelho), que é uma característica presente em todo o conjunto. Percebe-se também a presença da ortogonalidade, além da angulação (em roxo). Figura 74 – Estudo planta/corte/fachada.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2012.

Circulação/espaço-uso (Figura 75): O acesso disponível ao público e de serviço é separado. A circulação de serviço acontece de forma centralizada nas duas laterais e distribui o fluxo. A circulação vertical se encontra em uma localização privada e dá acesso ao setor de apoio e serviço no pavimento superior.


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Figura 75 – Circulações.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2012.

Repetitivo e singular (Figura 76): as aberturas da clínica são dispostas de maneira singular, pois possuem tamanhos e alturas diferenciados. Figura 76– Singularidade: vista frontal e fundos, respectivamente.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2012.

 Simetria e equilíbrio: a edificação não possui simetria, mas é equilibrada pela existência dos elementos angulares que se apresentam em todo o projeto.  Hierarquia (Figura 77): é presente na fachada com a imponência do elemento ortogonal centralizado. Figura 77 – Hierarquia na fachada.

Fonte: Adaptado de ARCHDAILY, 2012.


91

4.2 DIRETRIZES DE PROJETO Para um melhor desenvolvimento de projeto arquitetônico, faz-se necessário identificar desde a escala macro (global) até a micro (entorno da área de intervenção) em função das várias características locais, físicas e legais e até culturais que cada localidade possui. Portanto, para aproveitar todas estas condicionantes em sua totalidade, são coletadas informações pertinentes que influenciarão na concepção do projeto. Desta forma, foram desenvolvidos mapas de localização geral e específicos para contextualizar a região de implantação deste projeto, com uma delimitação de raio de 350 metros. A partir de análise in loco e utilização de mapas disponibilizados pela prefeitura municipal de Chapecó, foram coletados dados para caracterizar as potencialidades e peculiaridades da região. 4.2.1 Localização geral A implantação do projeto proposto será feita na cidade de Chapecó, na região oeste de Santa Catarina, conforme os mapas da Figura 78. Figura 78 – Localização geral da implantação do projeto.

Fonte: Adaptado de Prefeitura de Chapecó, 2017.


92

4.2.2 Análise urbana Para a escolha do terreno, foram identificadas três possíveis áreas de inserção (Figura 79), com um critério primordial em mente: o de tornar o centro de bem-estar animal mais visível possível para o público da cidade, em prol do conhecimento da população acerca deste espaço para promoção da saúde dos animais e adoção responsável. Os terrenos são: no bairro Eldorado (nº 1, em vermelho), outro na divisa entre o bairro Cristo Rei e Eldorado (nº 2, em laranja), e outro no bairro Bela Vista (nº 3, em verde). A escolha desta região foi feita por ser uma área de fluxo intenso de veículos, já que se encontra em um dos principais acessos à cidade e também por ser região de menor concentração de residências para não causar transtornos aos moradores por conta de ruídos causados pelo abrigo de animais. A Figura 80 indica os principais pontos nodais do município relacionados à região de estudo para maior entendimento de sua localização e proximidades. Figura 79 – Mapa de inserção urbana dos lotes e ampliação da região.

Fonte: Adaptado de Prefeitura de Chapecó, 2017.


93

Figura 80 – Principais pontos nodais do munícipio.

Fonte: Adaptado de Prefeitura de Chapecó, 2017.

O terreno escolhido foi o de número um (Figura 81). Comparado aos outros, ele está melhor localizado para aplicar o contexto de maior visibilidade pois recebe tráfego intenso de veículos e de todas as regiões pelo acesso Plínio Arlindo de Nês (BR 480). Além disso, é uma região em que a especulação imobiliária não é tão assídua, então torna-se mais barato para implantar uma edificação de cunho público. Também tem uma metragem quadrada suficientemente boa para comportar o programa de necessidades, possui pontos de referência bastante relevantes e uma topografia favorável para implantar o projeto. Seu acesso é facilitado tanto por veículos quanto por pedestres, pois existe uma passarela elevada bem em frente à testada principal. Além do mais, a implantação deste projeto no bairro Eldorado poderá melhorar a vida dos animais que se encontram nesta área, que é bastante carente e, ainda, trará a possibilidade de melhorar a infraestrutura urbana na região para a comunidade, em geral. Consequentemente, trará maior valorização para a área em questão.


94

Figura 81 – Área de estudo e terreno em destaque.

Fonte: Adaptado de Bing Maps, 2017.

O bairro Eldorado foi implantado entre os anos de 1981 e 1990 (Figura 82) em Chapecó e tem crescido constantemente nos últimos anos. Comporta uma parcela numerosa de pessoas carentes. Por estar às margens do acesso Plínio Arlindo de Nês, sempre houve, predominantemente, edificações de uso comercial e industrial. Nos últimos dez anos, a região tem recebido bastantes edificações residenciais, mas mesmo assim, é um bairro que não recebe a devida atenção dos órgãos municipais. A coleta de lixo não acontece regularmente, a captação de águas pluviais é precária e causa alagamentos em algumas regiões. Também, em algumas localidades, a pavimentação é de baixa qualidade e não possui calçadas para pedestres. Por esta razão, a implantação de um órgão público municipal nesta área pode ajudar a melhorar estes aspectos que são necessários para a boa qualidade de vida da população.


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Figura 82 – Surgimento dos loteamentos em Chapecó.

Fonte: Prefeitura Municipal de Chapecó. Edição de Caroline Minozzo, 2012.

4.2.3 Área de intervenção O lote escolhido está destacado na Figura 83. É o lote 01 da quadra 2309 e possui uma área de 5584,23m². Confronta-se ao norte (82,01m) com a quadra 2302, na rua Águas de Chapecó; ao oeste (77,49m) com a quadra 2308, na rua Xavantina; ao sul (78,21m) com a quadra 2315, na rua Herval do Oeste e; ao leste (62,64m) com a quadra 2316, na Rua Nova Erechim (marginal do acesso Plínio Arlindo de Nês). Figura 83 – Terreno escolhido.

Fonte: Adaptado de Bing Maps, 2017.

Fonte: Adaptado de Prefeitura de Chapecó, 2017.


96

4.2.4 Sistema viário A via de acesso principal é a rodovia federal, do acesso Plínio Arlindo de Nês, que dá acesso às vias locais que rodeiam o lote. Há também via arterial, coletora principal e estrutural que circundam a região (Figura 84). Figura 84 – Mapa do sistema viário.

Fonte: Adaptado de Prefeitura de Chapecó, 2017.

4.2.5 Uso e ocupação do solo De acordo com os dados levantados, a área abordada é bastante densificada, mas também possui alguns espaços ociosos. Percebe-se na Figura 85 que, quanto mais próximo à rodovia, as edificações são de maior porte e, à medida que se adentra no bairro, as edificações


97

são menores. Isto é consequência dos tipos de ocupação que elas possuem. Conforme mostra a Figura 86, estas edificações maiores são voltadas, principalmente ao comércio e indústria, que se aproveitam do grande fluxo da rodovia de acesso. O terreno destacado, que é a área de intervenção para o projeto, tomará esta potencialidade para maior visibilidade. Já as edificações menores pertencem à área residencial do bairro. É possível notar que algumas destas residências, na rua Caçador, se encontram irregulares. Outras atividades se fazem presentes em menor proporção como: as institucionais, quem englobam o setor religioso e educacional e edificações de uso misto (comercial e residencial). Figura 85 – Mapa de figura fundo.

Fonte: Adaptado de Prefeitura de Chapecó, 2017.


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Figura 86 – Mapa de uso do solo.

Fonte: Adaptado de Prefeitura de Chapecó, 2017.

4.2.6 Gabarito As edificações são predominantemente térreas e de dois pavimentos, em que se incluem residências e barracões comerciais. Existem edificações de três e quatro pavimentos, mas em pequena quantidade, conforme mostra a Figura 87.


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Figura 87 – Mapa de gabarito de pavimentos.

Fonte: Adaptado de Prefeitura de Chapecó, 2017.

4.2.7 Legislação O PDC (CHAPECÓ (a), 2014) define regras de macrozoneamento urbano e rural como método para ordenar o território e manter as caraterísticas gerais da região, as quais se incluem as de “patrimônio ambiental, sistemas de circulação e infraestrutura, atividades de produção econômica, polos de indução do desenvolvimento e relações socioculturais das diversas regiões do município”. Dentro da macrozona urbana se encontram macroáreas que definem as unidades territoriais de cada região. O bairro Eldorado, como um todo, compreende a Macroárea da Bacia de Captação de Água Potável do Lajeado São José (MBCAP). Segundo CHAPECÓ (a), 2014:


100

Art. 55 A Macroárea da Bacia de Captação de Água Potável - MBCAP, compreende as áreas da Bacia do Lajeado São José [...], onde o processo de uso e ocupação do solo deve ser controlado a partir de critérios de desenvolvimento sustentável que priorizem a conservação dos potenciais hídricos do Município e permitam o desenvolvimento de atividades que não comprometam a preservação e conservação do ambiente natural existente.

Dentro da MBCAP há subseções. A área de intervenção (Figura 88) localiza-se dentro da Unidade Funcional de Descentralização do Desenvolvimento da Bacia (UFDDB). De acordo com CHAPECÓ (a), 2014, no artigo 75, a UFDDB: [...] é a unidade territorial urbana localizada sobre a bacia de captação de água potável do Lajeado São José, destinada à promoção de atividades econômicas, científicas, tecnológicas de ensino e inovação e ao desenvolvimento dos bairros e agrupamentos urbanos, priorizando a conservação ambiental dos potenciais hídricos. A Unidade Funcional de Descentralização do Desenvolvimento da Bacia terá proibições para atividades consideradas de grande potencial de degradação ambiental e restrições para as atividades de médio potencial de degradação ambiental. Figura 88 – Mapa de zoneamento da área de intervenção.

Fonte: Adaptado de Prefeitura de Chapecó, 2017.

Ainda, conforme o zoneamento determinado para esta Unidade, a Tabela 1 define os parâmetros para a área de intervenção, juntamente com os cálculos de aproveitamento, conforme são expostos no Anexo III do PDC para dimensionamento do projeto a ser realizado.


101

Tabela 1 – Índices urbanísticos da área de intervenção

Índices PDC

Unidade territorial

UFDDB Cálculo Área do para a área terreno: de 5584,23m² intervenção

Coeficiente de aproveitamento básico

Taxa de ocupação

2,6

Base: 70% Torre: 60%

14518,99m²

3908,96m²

3350,53m²

Taxa de Recuo Nº de permeabilidade (m) pavimentos. (%) 4 (a)

8

20%

1116,85m²

(a) Para os imóveis localizados de frente para rodovias Federais e Estaduais deverá ser observado o recuo mínimo de 15 metros, a partir do limite das faixas de domínio, em função das áreas non aedificandi às margens das rodovias. Fonte: Adaptado de Prefeitura de Chapecó, 2017

Ainda, o PDC afirma que nos lotes de esquina inseridos na UFDDB, um dos recuos de ajardinamento pode ser reduzido para dois metros e para a outra testada mantêm-se os quatro metros definidos (CHAPECÓ (a), 2014). 4.2.8 Condicionantes físicas e infraestrutura O terreno não possui vegetação considerável e sua topografia se encontra parcialmente plana com um talude acentuado de 4 metros de altura na testada sul, com um total de 7 metros de altura no terreno todo. A movimentação de terra já realizada no lote permite o desenvolvimento de diversas propostas de implantação, mas deve-se intervir no talude com contenções para não causar problemas maiores, como deslizamentos. A região não possui córregos ou afluentes, nem Áreas de Preservação Permanente (APP). A Figura 89 mostra as condicionantes físicas do local e indica a posição solar nos dois solstícios do ano, a origem dos ventos e as curvas de nível, nas quais pode-se ver o talude presente ao sul. Também indica a posição da passarela de pedestres presente na testada leste do terreno. A área possui abastecimento de água potável concedido pela CASAN, porém a rede de coleta de esgoto pública é inexistente, o que torna necessário a instalação de sistema de tratamento privativo. A concessão da rede elétrica é feita pela CELESC e também há cabeamento telefônico. Com isso, pode-se dizer que a região possui a infraestrutura básica para ocupação.


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Figura 89 – Mapa de condicionantes físicas.

Fonte: Adaptado de Prefeitura de Chapecó, 2017.

Quanto aos ventos predominantes, durante nove meses do ano os ventos prevalecem vindo do sudeste e no restante, eles vêm do nordeste. Já na Figura 90 vê-se o perfil do terreno: o corte AA mostra o talude e o corte BB mostra a planificação na parte central. Figura 90 – Perfil do terreno.

Fonte: Autora, 2017.


103

A Figura 91 indica os eixos visuais das fotos tiradas no local de intervenção. Figura 91 – Posicionamento fotográfico.

Fonte: Adaptado de Prefeitura de Chapecó, 2017.

Na Figura 92 tem-se uma vista geral do terreno, na qual se vê o talude na testada sul e a passarela de pedestres no acesso Plínio Arlindo de Nês. Percebe-se também que não há vegetações consideráveis no lote. A Figura 93 exibe o talude aos fundos e a Figura 94 possui uma vista aproximada da passarela, que interfere diretamente na visual da testada leste.


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Figura 92 - Vista 1: Testada oeste.

Fonte: Autora, 2017. Figura 93 – Vista 2: Talude.

Fonte: Autora, 2017. Figura 94 – Vista 3: Passarela no acesso Plínio Arlindo de Nês.

Fonte: Autora, 2017.


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A Figura 95 demonstra uma vista geral do terreno da testada norte e a Figura 96 indica a vista tirada diretamente da passarela, do terreno como um todo. Nela é possível notar a grande visibilidade que os pedestres terão do projeto a ser implantado. Já na Figura 97 vê-se o entorno da área de implantação, com vista para o acesso (BR 480), também tirada da passarela. Figura 95 – Vista 4 - Testada norte.

Fonte: Autora, 2017. Figura 96 – Vista 5: Testada leste (foto tirada da passarela).

Fonte: Autora, 2017. Figura 97 – Vista 6 – Entorno (acesso Plínio Arlindo de Nês).

Fonte: Autora, 2017.


106

4.2.9 Perfil e demanda De acordo com Santos (2017), a cidade de Chapecó tem recebido cada vez mais estabelecimentos veterinários. Entre 2007 e 2010, 16 novos estabelecimentos foram implantados, enquanto que, entre o período de 2011 a 2015, este número subiu para 33 (Gráfico 1). Isto se deve, principalmente, pelo aumento da procura por este tipo de serviço na cidade por conta do interesse das famílias do município em possuir algum animal de estimação. Ainda, isto é também reflexo direto do aumento da população chapecoense e expansão da cidade nos últimos anos. Apesar disso, não existe nenhum abrigo de animais na cidade e quando há essa necessidade, eles são levados em lares temporários, que são bastante difíceis de encontrar. Gráfico 1 – Histórico dos serviços veterinários em Chapecó/SC.

Fonte: SANTOS, 2017.

Com base nisto, constata-se que a cidade de Chapecó possui muitos estabelecimentos que oferecem serviços veterinários (Figura 98), porém, eles se concentram, em sua maioria, na região central da cidade, com exceção dos abrigos (SANTOS, 2017). As regiões periféricas que, geralmente, possuem mais animais de rua, são carentes destes tipos de serviço e, muito menos dispõem de serviços gratuitos para atender os animais da população mais carente e destes em situação de abandono. Esse atendimento acontece pelo trabalho de ONGs que aplicam recursos doados ou arrecadados em benefício desses animais. No bairro Eldorado, especificamente, não há registros de quaisquer estabelecimentos deste ramo, o que dificulta enormemente o atendimento aos animais desta região, sobretudo os de urgência.


107

Figura 98 – Mapa de localização dos serviços veterinários em Chapecó.

Fonte: SANTOS, 2017.

Por meio de conversas informais em alguns estabelecimentos veterinários, foi possível coletar dados de demanda de serviços, principalmente no que concerne a atividades cirúrgicas de emergência, castrações, internamento e também vacinações para prevenção de doenças. A Tabela 2mostra uma média da quantidade de atendimentos que cada estabelecimento realiza semanalmente e, ao fim, possui uma média geral entre cada estabelecimento de tipo de serviço


108

e espécie para se obter dados concretos e definir as necessidades para o Centro Público de BemEstar Animal. É importante ressaltar que a clínica C é uma das que mais atendem animais que dão entrada através de ONGs e, em sua maioria, são animais de rua. Por esta razão, alguns dados são mais elevados, comparados aos outros estabelecimentos abordados. Tabela 2 – Pesquisa de demanda semanal de serviços veterinários em clínicas. Clinica

Cirurgia geral

Internação

Castração

Vacinação

Atendimento de animais infectocontagiosos

Cães

Gatos

Cães

Gatos

Cães

Gatos

Cães

Gatos

Cães

Gatos

A

8

2

2

2

5

3

40

10

2

1

B

3

3

10

3

2

2

30

5

1

1

C

5

4

50

25

25

13

20

5

13

3

D

5

5

10

2

5

5

30

15

10

10

E F Média semanal

12 7

16 2

10 10

10 3

10 4

20 2

30 100

15 15

10 2

2 1

7

5

15

8

9

8

42

11

6

3

Fonte: Autora, 2017.

Além disso, é importante destacar que a cidade de Chapecó, em parceria com a ONG Voluntários Amigos dos Bichos, realiza cerca de 700castrações anuais em cães e gatos (média de 59 animais por mês), em parceria com o Centro de Esterilização de Pequenos Animais (CEPA), porém eles não recolhem os animais para abrigo, nem para atendimento de saúde, mas somente para tentar conter o aumento populacional, que ameniza, mas não supre a demanda necessária na cidade (FAVERO, 2017; PREFEITURA..., 2017). O Centro Público de Bem-estar Animal para Cães e Gatos terá porte para atender semanalmente, aproximadamente: 

60 animais no setor clínico (média de 12 animais/dia);

30 animais no setor cirúrgico (média de 6 animais/dia; levou-se em consideração os dados da clínica C que mais atende animais abandonados, em que se somam 38 animais/semana);

30 cães e 15 gatos no setor de internamento (pode-se considerar que há uma grande quantia de animais que ficam internados apenas por 24 horas para observação, principalmente nas cirurgias de castração);

Abrigar até 100 cães e 50 gatos.


109

A diferença na quantidade de cães e gatos atendidos se baseia na tabela apresentada acima. A quantia de gatos atendidos semanalmente é bem menor que a de cães e, por esta causa, a necessidade de espaço disponível para gatos é relativamente menor. Ainda, o Centro oferecerá um espaço educacional para ministrar aulas relacionadas à adoção e guarda responsável, bem como um espaço para promover aos cidadãos a doação de utilidades para o Centro revender e arrecadar recursos para realizar mais atendimentos e comprar alimento para os animais. Prevê-se ainda a implantação de áreas de lazer para os animais do abrigo e áreas de convívio para a interação entre usuários visitantes e animais, a fim de estimular a adoção. O Centro Público é direcionado para todo o município e atenderá, além dos animais de rua, os animais pertencentes às famílias, comprovadamente, de baixa renda. 4.2.10 Conceito A relação de afeto entre animais domésticos (principalmente cães e gatos) e humanos é absoluta. A forma que os animais enxergam os humanos, independentemente de como o homem o trata, é dotada de um amor incondicional. No homem, o animal vê o seu líder e, por isso, ele não mede esforços para agradá-lo. Ao mesmo tempo, quando o homem enxerga o animal como um ser que merece, além das necessidades básicas, o amor, carinho e afeto, esta relação tornase mútua e cria-se um elo que nunca poderá ser rompido. Desta maneira, faz-se um laço de amizade, reciprocidade e gratidão, um para com o outro. Por este motivo, adotou-se como conceito principal para a concepção deste projeto, o elo que liga o animal ao homem, de modo que um possa se integrar e interagir com o outro dentro deste Centro de Bem-estar Animal. 4.2.10.1

Programa de necessidades e pré-dimensionamento

A partir das pesquisas bibliográficas, conversas informais com profissional da saúde veterinária acerca da demanda necessária para a cidade de Chapecó e análises em projetos referenciais, foi desenvolvido um programa de necessidades (PN) básico para que o desenvolvimento deste projeto garanta a eficácia de todos os serviços e atendam satisfatoriamente à saúde dos animais. Inicialmente, foi desenvolvido um PN e pré-dimensionamento prévio (disposto da Tabela 3 à Tabela 11) que foi analisado pelo professor e médico veterinário Anderson Luiz de Carvalho, atuante no hospital veterinário da UFPR – Campus Palotina. As observações descritas pelo profissional (vide Apêndices) possibilitaram a otimização dos espaços e,


110

consequentemente, melhor adequação da realidade ao tema e das condições a serem enfrentadas pelos profissionais da medicina veterinária. A partir disso, obteve-se um PN e prédimensionamento mais palpável, enxuto e condizente àquilo que é proposto a um equipamento público voltado à medicina veterinária. Tabela 3 –Setor de atendimento (prévio). Setor

Equipamentos

Usuário

Recepção cães

Preenchimento de cadastro de animais

Mesa, cadeira balcão

Animais Humanos

1

8

8

Recepção gatos

Preenchimento de cadastro de animais

Mesa, cadeira balcão

Animais Humanos

1

8

8

Sofá, poltrona, mesa

Animais Humanos

1

20

20

Sofá, poltrona, mesa

Animais Humanos

1

20

20

Sala de espera gatos

Atendimento

Área total (m²)

Descrição

Sala de espera cães

Clínica

Qtde. Área prevista prevista (und.) (m²)

Ambiente

Local de espera até o atendimento ser realizado Local de espera até o atendimento ser realizado

Ambulatório/ Sala de emergência

Avaliação e atendimento de urgência

Mesa, computador, Animais cadeira, lavatório, Humanos desfibrilador, oxigênio

1

10

10

Consultório infectocontagioso

Avaliação e atendimento p/ animais infectocontagiosos

Mesa, Animais computador, Humanos cadeira, lavatório

1

10

10

Consultório

Avaliação e atendimento

Mesa, Animais computador, Humanos cadeira, lavatório

3

10

30

Aparelho de Raio-X, armário

Animais Humanos

1

10

10

Aparelho de ultrassonografia, armário

Animais Humanos

1

10

10

Bancada, cuba inox, autoclave, refrigerador, Animais bancada, Humanos lavatório, cadeira, armário, estufa

1

12

12

1

7

7

1

15

15

Raio-X

Ultrassom

Realização de exames radiográficos Realização de exames ultrassonográficos

Laboratório clínico

Realização de exames clínicos

Arquivo médico

Armazenamento de documentos

Farmácia

Estocagem de medicamentos

Armário, cadeira, mesa de apoio, Humanos PC Geladeira, armário, mesa de Humanos apoio, cadeira


111

Almoxarifado

Armazenamento material administrativo

Armário

Humanos

2

10

20

Sanitários públicos

˗

Bancada, cubas, bacia sanitária

Humanos

2

25

50

ÁREA TOTAL DO SETOR

230

Fonte: Autora, 2017. Tabela 4 - Setor cirúrgico (prévio). Ambiente

Descrição

Equipamentos

Usuário

Qtde. prevista (und.)

Área prevista (m²)

Área total (m²)

Preparo e tricotomia

Higienização do animal e raspagem de pelos

Balança, bancada, lavatório, armário, lixeira, mesa

Animais Humanos

2

7

14

Vestiário

Box, bancada, armário

Boxes, armário

Humanos

2

15

30

Rouparia

Estocagem de vestuário

Armário

Humanos

1

10

10

Antissepsia e paramentação

Lavatório p/ higienização précirúrgica

Lavatório

Humanos

1

7

7

Equipamentos p/ anestesia inalatória, equipamentos p/ monitorização Animais anestésica, foco Humanos cirúrgico aspirador cirúrgico, mesa cirúrgica, mesa auxiliar

2

12

24

Sala cirúrgica

Procedimentos cirúrgicos

Sala de utilidades (expurgo)

Limpeza, desinfecção e guarda dos materiais e roupas utilizados na assistência ao paciente e guarda temporária de resíduos.

Lavatório, bancada, pia

Humanos

1

10

10

Centro de material esterilizado

Recepção, preparo, esterilização, guarda e distribuição de materiais

Armários, autoclave, pia, destilador, bancada, lavatório

Humanos

1

12

12

Banco de sangue

Estoque de hemocomponentes

Humanos

1

7

7

Depósito

Estoque de material técnico-hospitalar

Humanos

1

8

8

Cirúrgico

Clínica

Setor

Armário


112

Eutanásia

Mesa, lavatório, armário

˗

Animais Humanos

1

8

ÁREA TOTAL DO SETOR

8 410

Fonte: Autora, 2017. Tabela 5 - Setor de internamento (prévio).

Internamento

Clínica

Setor

Ambiente

Descrição

Equipamentos

Usuário

Qtde. prevista (und.)

Área prevista (m²)

Área total (m²)

Área de higienização

Higienização do profissional

Lavatório

Humanos

1

5

5

Enfermagem

Área de procedimentos

Mesa, pia de higienização, armário, cadeira

Animais Humanos

1

10

10

Armazenagem de alimentos

Estoque de alimentos p/ os animais

Armários, prateleira, pia, lavatório, bancada

Humanos

1

10

10

Baia de isolamento

Tratamento de animais infectocontagiosos

Baias, mesas de apoio, bancada, Animais lavatório, armário

1

30

30

Baia de Área de recuperação Baias, mesas de internamento e internamento e/ou apoio, bancada, Animais recuperação pós-cirúrgico lavatório, armário

1

40

40

ÁREA TOTAL DO SETOR

95

Fonte: Autora, 2017. Tabela 6 - Setor administrativo (prévio). Setor

Ambiente

Usuário

Cama, mesa, cadeira

Humanos

1

12

12

Balcão, cuba, geladeira, mesa, cadeira

Humanos

1

15

15

Estar funcionários

Descanso plantonistas Preparo de alimentos e área de alimentação p/ funcionários Estar de funcionários

Poltronas, mesa, TV

Humanos

1

15

15

Reuniões

˗

Mesa, cadeira

Humanos

1

15

15

Administrativo

Rotinas administrativas

Mesa, cadeira, PC, armário

Humanos

1

10

10

Vestiário geral

˗

Boxes, armário

Humanos

2

15

30

Sanitários funcionários

˗

Bancada, cubas, bacia sanitária, chuveiros

Humanos

2

20

40

Copa/cozinha

Administrativo

Área total (m²)

Equipamentos

Quarto plantão

Clínica / abrigo

Qtde. Área prevista prevista (und.) (m²)

Descrição

ÁREA TOTAL DO SETOR Fonte: Autora, 2017.

125


113

Tabela 7 - Setor de sustentação (prévio).

Sustentação

Clínica / abrigo

Setor

Ambiente

Descrição

Equipamentos

Usuário

Qtde. prevista (und.)

Área prevista (m²)

Área total (m²)

Necrotério/ Necropsia

Armazenamento de cadáveres de animais, tecidos e órgãos

Bancada, cubas, refrigerador, mesa, cadeira, armário inox

Animais Humanos

1

15

15

Depósito

Estoque de material geral

Armário

Humanos

1

10

10

DML

Estoque de material de limpeza

Armário, tanque

Humanos

1

8

8

Guarita

˗

1

15

15

Lavanderia

Recepção das roupas sujas e lavagem das roupas

1

12

12

Cozinha

Preparo e cocção de alimentos p/ os animais

1

10

10

Sala de controle, Humanos WC Tanques, bancada, Humanos secadoras, armário Bancada, cubas, refrigerador, fogão,

Humanos

ÁREA TOTAL DO SETOR

70

Fonte: Autora, 2017. Tabela 8 - Setor de serviços gerais (prévio).

Serviço geral

Clínica / abrigo

Setor

Ambiente

Descrição

Equipamentos

Usuário

Qtde. prevista (und.)

Área prevista (m²)

Área total (m²)

Depósito separação resíduos

˗

˗

˗

1

40

40

Central climatização

˗

˗

˗

1

20

20

˗

˗

˗

˗ ˗ ˗ ˗ ˗ ˗

˗ ˗ ˗ ˗ ˗ ˗

˗ ˗ ˗ ˗ ˗ ˗

1 1 1 1 1 1

20 20 10 20 20 20

20 20 10 20 20 20

1

10

10 180

Manutenção Depósito geral DML Gerador Reservatório Central de gás Medidores

ÁREA TOTAL DO SETOR Fonte: Autora, 2017.


114

Tabela 9 - Setor do abrigo (prévio).

Gatil Apoio

Abrigo

Canil

Setor

Usuário

Qtde. prevista (und.)

Área prevista (m²)

Área total (m²)

Para grandes

Animais

50

6

300

Canil coletivo

Para grandes

Animais

2

50

100

Canil individual

Para pequenos e filhotes

Animais

40

4,5

180

Canil coletivo

Para pequenos e filhotes

Animais

1

50

50

Gatil individual

˗

Animais

30

5

150

Gatil coletivo

˗

Animais

1

100

100

Área de lazer pública

Área de estar p/ os animais (playground)

Solário, gramado, utensílios de lazer

Animais

2

150

300

Sala de banho e tosa

Local de higienização do animal

Lavatório p/ banho, mesas, secadores

Animais Humanos

1

40

40

Ambiente

Descrição

Canil individual

Equipamentos

Solário, área fechada, área de alimentação, gramado

ÁREA TOTAL DO SETOR

1220

Fonte: Autora, 2017. Tabela 10 - Setor de educação e feirinha (prévio).

Educação e feirinha

Setor

Ambiente

Descrição

Equipamentos

Usuário

Qtde. prevista (und.)

Área prevista (m²)

Área total (m²)

Sala de aula

Programa de conscientização

Cadeiras, mesas, projetor, quadro

Animais

1

45

45

Sanitários

˗

Bancada, cubas, bacia sanitária

Humanos

2

30

60

Sala de adoção

Cadastramento de famílias, diretrizes

Mesa, cadeiras, PC

Animais Humanos

1

15

15

Arrecadação de doações da Mesa, cadeira, população para prateleiras, araras Humanos revenda e aumento de de roupas recursos para as atividades do Centro

1

50

50

1

30

30

Feirinha de doações

Depósito da feirinha

Espaço para armazenamento das doações

Armários, prateleiras

ÁREA TOTAL DO SETOR Fonte: Autora, 2017.

Humanos

120


115

Tabela 11 - Pré-dimensionamento total (prévio). Área (m²)

Setor Clínica

Clínica/ abrigo

Atendimento Cirúrgico Internamento Administrativo Sustentação

230 410 95 125 70

Serviço geral Abrigo

180 1220

Educação e feirinha

120

TOTAL SETORES Paredes e circulações

Adiciona-se 30% da área total

ÁREA TOTAL

2450 30% 3185

Fonte: Autora, 2017.

O total de área final, neste primeiro estudo, ficou em 3185m². Segundo o profissional supracitado, havia muitos ambientes desnecessários, superdimensionados e irrelevantes para a prática eficiente dentro da clínica veterinária e abrigo. Desta forma, o PN foi reelaborado e adaptado às diversas ponderações do profissional, o que torna o projeto mais viável. O PN atualizado é apresentado em tabelas que contemplam os requisitos exigidos na resolução Nº 1.015/12 do CFMV, e estão divididos por setores. Eles contêm o pré-dimensionamento mínimo para todos os ambientes, descrição de uso dos ambientes, quais equipamentos são necessários, instalações de acordo com a RDC Nº 50/2002, bem como qual é o público que frequentará cada ambiente: animais e/ou humanos. A área de atendimento da clínica visa ser o primeiro contato que os tutores e pacientes terão dentro do Centro. Na recepção será feito o cadastramento inicial da entrada do paciente no complexo, o qual aguardará a chamada para o consultório, onde os profissionais farão o diagnóstico e tratamento e/ou procedimentos cabíveis como vacinação, exames, encaminhamento ao setor cirúrgico ou internamento. Os animais de rua estarão sujeitos a esse mesmo processo, mas serão castrados, tratados e instalados no abrigo para, quando estiverem preparados, irem para adoção. Ainda, na recepção será feita o cadastro de entrada e adoções de animais abandonados para controle do bem-estar dos animais do abrigo. Em comparação ao PN prévio deste setor as áreas de recepção/sala de espera foram reduzidas, porém com duas unidades separadas (uma para cada espécie), como forma de evitar provocar estresse nos animais desde a entrada no estabelecimento. O consultório para


116

infectocontagiosos e sala de emergência foram retirados e foi mantido dois consultórios convencionais (Figura 99): um para cães e outro para gatos. A sala de ultrassom também foi retirada, já que a ultrassonografia pode ser feita com aparelho móvel; o laboratório foi transferido para o setor cirúrgico, pois é um ambiente que deve haver privação de público e facilita diretamente na logística dentro da clínica; a farmácia e almoxarifado foram unidos em um só ambiente, por recomendação do profissional entrevistado. Desta forma, foi possível diminuir o setor de 230m² para 85m². A área de atendimento possui outros ambientes de apoio para melhorar a logística do projeto como a sala de raio-X (Figura 100), arquivo médico e sanitários. A Tabela 12 mostra detalhadamente os ambientes contidos no setor. Figura 99 – Modelo de consultório veterinário.

Fonte: RelaxPet41. Figura 100 – Modelo de sala de raio-X.

Fonte: UFLA42.

41 42

Disponível em: <http://www.relaxpet.com.br/rel-x-pet?lightbox=dataItem-ij1bk6op>. Acesso em: 19 jan. 2018 Disponível em: <http://www.ufla.br/ascom/wp-content/uploads/2016/07/raio-X.jpg>. Acesso em: 19 jan. 2018


117

Tabela 12 - Setor de atendimento da clínica (oficial). Setor

Ambiente

Atendimento

Clínica

Recepção/ triagem Sala de espera Consultório Arquivo médico Farmácia/ almoxarifado Sanitários públicos

Descrição

Equipamentos

Usuário

Preenchimento de Mesa, cadeira balcão cadastro de animais Alas separadas para Animais Mesa, cadeira balcão cães e gatos Humanos Avaliação e Mesa, PC, cadeira, atendimento geral lavatório Armazenamento de Armário, cadeira, documentos mesa de apoio, PC Armazenamento de Geladeira, armário, medicamentos e prateleiras mesa de Humanos material apoio, cadeira administrativo Bancada, cubas, ˗ bacia sanitária ÁREA TOTAL DO SETOR

Instalações

QP (und.)

AP (m²)

AT (m²)

AC

1

10

10

AC

2

8

16

HF, AC, EE

2

12

24

˗

1

7

7

EE

1

20

20

HF

2

10

20 97

Legenda: QP = Quantidade prevista | AP = Área prevista | AT = Área total | HF = Água fria | HQ = Água quente | FVC = Vácuo Clínico | FG = Gás combustível | FO = Oxigênio | FN = Óxido nitroso | FAM = Ar comprimido medicinal | AC = Ar condicionado | CD = Coleta e afastamento de efluentes diferenciados | EE = Elétrica emergencial | ED = Elétrica diferenciada | E = Exaustão | ADE = A depender dos equipamentos utilizados Fonte: Autora, 2017.

O setor cirúrgico é definido por ambientes de apoio para a realização de operações nos animais. O dimensionamento foi feito de forma que o espaço de trabalho seja compatível para cada função e para que os profissionais possam realizar os procedimentos de maneira confortável e efetiva. Tanto este setor, quanto o de atendimento, compartilham os espaços para os cães e gatos, e são considerados ambientes em comum para as duas espécies. Na adaptação do PN foram feitas algumas modificações: o laboratório (Figura 101) passou a fazer parte do setor cirúrgico, e a rouparia teve a área diminuída, pois consiste somente na guarda de utensílios pessoais dos profissionais. Figura 101 – Modelo de laboratório clínico veterinário.

Fonte: Laboratório Vitalli43. 43

Disponível em: <http://www.laboratoriovitalli.com.br/images/G1.jpg>. Acesso em: 19 jan. 2018


118

A central de material esterilizado (Figura 102) será simplificada, baseada na Resolução 1.015/2012 do CFMV que exige para estabelecimentos com atendimento cirúrgico somente “sala de lavagem e esterilização de materiais, contendo equipamentos para lavagem, secagem e esterilização de materiais”. Neste caso, não é aplicada a exigência da RDC nº 50/2002, pois a ANVISA exige adequações baseadas nesta RDC em sua referência técnica para estabelecimentos veterinários, exclusivamente, nos critérios de iluminação, ventilação e climatização.44 Figura 102 – Modelo de central de material esterilizado.

Fonte: Bonica45.

O ambiente de preparo e tricotomia foi renomeado para sala de preparo pré-cirúrgico (Figura 103), que é onde os animais serão pesados, tosados e anestesiados antes de irem para a sala de cirurgia (Figura 104). Figura 103 – Modelo de sala de pré-cirúrgico.

Fonte: Habitíssimo46. 44

Conforme contato e informações da Vigilância Sanitária Municipal de Chapecó em 22 de janeiro de 2018. Disponível em: <http://bonicahospitalbh.com.br/wp-content/uploads/2017/09/IMG_2462.jpg>. Acesso em: 20 jan. 2018 46 Disponível em: <https://fotos.habitissimo.com.br/foto/centro-cirurgico-vista-para-a-sala-de-recuperacao_ 1104490>. Acesso em: 19 jan. 2018 45


119

Figura 104 – Sala cirúrgica.

Fonte: UFLA47.

Foi também adicionado o ambiente de pós-cirúrgico (Figura 105), onde os animais serão transferidos para recuperação. O banco de sangue, sala de eutanásia e depósito foram removidos do PN, de acordo com as considerações do profissional veterinário entrevistado. A Tabela 13 exibe o programa e pré-dimensionamento para este setor. Figura 105 – Modelo de sala de pós-cirúrgico.

Fonte: Habitíssimo46.

47

Disponível em: <http://www.ufla.br/ascom/wp-content/uploads/2016/07/centro-cirurgico.jpg >. Acesso em: 19 jan. 2018


120

Tabela 13 - Setor cirúrgico (oficial). Setor

Ambiente

Descrição

Raio-X

Realização de exames radiográficos

Laboratório clínico

Realização de exames clínicos e estocagem de hemocomponentes

Preparo Précirúrgico

Preparo do animal, internamento précirúrgico, anestesia

Cirúrgico

Clínica

Vestiário barreira e rouparia Antissepsia e paramentação

Sala cirúrgica

Recuperação pós-cirúrgica Eutanásia Sala de utilidades (expurgo) Central de material esterilizado (CME) Necrotério

Equipamentos

˗

Aparelho de Raio-X, mesa de apoio Bancada, cuba, autoclave, refrigerador, bancada p/ microscopia, lavatório, cadeira, armário, estufa Balança, bancada, lavatório, armário, lixeira, mesa

Usuário

Instalações

Animais Humanos

E, ED

QP AP AT (und.) (m²) (m²) 1

10

10

HF, CD, ED, FG, Humanos EE, ADE, AC

1

14

14

HF, FO, Animais FAM, EE, Humanos ED, AC

1

7

7

HF

2

6

12

HF

2

5

10

2

20

40

2

7

14

1

7

7

1

8

8

1

8

8

1

10

10

Boxes, armário Humanos

Área p/ higienização pré-cirúrgica

Lavatório

FO, FN, FAM, Procedimentos FVC, EE, cirúrgicos ED, AC, ADE Animais HF, FO, Box, lavatório, Humanos ˗ FAM, EE, bancada de apoio AC Box, lavatório, Procedimento de bancada de apoio, HF, AC eutanásia armário Lavatório, Sala de lavagem e HF, HQ, bancada, descontaminação AC pia/armário Armários, Humanos Sala de esterilização/ autoclave, pia, estocagem de destilador, HF, E, AC material esterilizado bancada, lavatório Armazenamento de Bancada, cubas, cadáveres de refrigerador, Animais ˗ animais, tecidos e mesa, cadeira, Humanos órgãos armário ÁREA TOTAL DO SETOR Equipamentos p/ realização de procedimentos cirúrgicos

140

Legenda: QP = Quantidade prevista | AP = Área prevista | AT = Área total | HF = Água fria | HQ = Água quente | FVC = Vácuo Clínico | FG = Gás combustível | FO = Oxigênio | FN = Óxido nitroso | FAM = Ar comprimido medicinal | AC = Ar condicionado | CD = Coleta e afastamento de efluentes diferenciados | EE = Elétrica emergencial | ED = Elétrica diferenciada | E = Exaustão | ADE = A depender dos equipamentos utilizados Fonte: Autora, 2017.

O setor de internamento foi estabelecido para complementar o setor cirúrgico e o tratamento dos animais para que eles possam se recuperar satisfatoriamente de quaisquer


121

procedimentos realizados no Centro. Como a possibilidade de receber animais infectocontagiosos é elevada, propõe-se baias de internamento separadas dos animais não infectados em bloco separado. Com relação às mudanças no PN, a sala de enfermagem foi retirada, pois o atendimento aos animais é feito dentro do próprio ambiente onde ficam as baias. A Tabela 14 contém os ambientes necessários para este setor. Tabela 14 - Setor de internamento (oficial).

Internamento

Clínica

Setor

QP AP AT (und.) (m²) (m²)

Ambiente

Descrição

Equipamentos

Usuário

Instalações

Área de higienização/ antecâmara

Higienização do profissional

Lavatório

Humanos

HF

1

5

5

Sala internamento isolado

Tratamento de animais infectocontagiosos, área separada

FO, FAM, EE, ED, AC

2

8

16

2

15

30

2

20

40

1

10

10

Internamento geral

Baias, mesas de apoio, bancada, lavatório, armário

Animais

Recuperação pós-cirúrgica Preparo de alimentos

Para os animais Cozinha com internados com dieta fogão, geladeira, especial bancada, pia ÁREA TOTAL DO SETOR

HF, FO, FAM, EE, ED, AC FO, FAM, EE, ED, AC HF, HQ. FG

101

Legenda: QP = Quantidade prevista | AP = Área prevista | AT = Área total | HF = Água fria | HQ = Água quente | FVC = Vácuo Clínico | FG = Gás combustível | FO = Oxigênio | FN = Óxido nitroso | FAM = Ar comprimido medicinal | AC = Ar condicionado | CD = Coleta e afastamento de efluentes diferenciados | EE = Elétrica emergencial | ED = Elétrica diferenciada | E = Exaustão | ADE = A depender dos equipamentos utilizados Fonte: Autora, 2017. Figura 106 – Baias de internamento.

Fonte: Sena Madureira48.

48

Disponível em: <https://www.senamadureira.com/site/wp-content/uploads/Internacao1.jpg>. Acesso em: 19 jan. 2018


122

Figura 107 – Baia de internamento isolado.

Fonte: Animal Clinic49.

O setor administrativo (Tabela 15) foi adicionado separadamente para dar suporte às rotinas de negócios da clínica e abrigo. Tabela 15 – Setor administrativo (oficial). Setor

Ambiente

Descrição

Equipamentos

Rotinas administrativas

Mesa, cadeira, PC, armário

Usuário

Administrativo

Clínica/abrigo

Administrativo Financeiro Secretaria RH Dormit. Plantão Sanitários func.

Humanos Descanso funcionários

Cama, armário

˗

Instalações

QP AP AT (und.) (m²) (m²)

AC

1

8

8

AC AC AC

1 1 1

8 8 8

8 8 8

AC

1

8

8

HF

2

10

20

ÁREA TOTAL DO SETOR

60

Legenda: QP = Quantidade prevista | AP = Área prevista | AT = Área total | HF = Água fria | HQ = Água quente | FVC = Vácuo Clínico | FG = Gás combustível | FO = Oxigênio | FN = Óxido nitroso | FAM = Ar comprimido medicinal | AC = Ar condicionado | CD = Coleta e afastamento de efluentes diferenciados | EE = Elétrica emergencial | ED = Elétrica diferenciada | E = Exaustão | ADE = A depender dos equipamentos utilizados Fonte: Autora, 2017.

Ainda, há os setores de sustentação (Tabela 16) e o de serviços (Tabela 17) que prestam auxílio aos demais setores da clínica e abrigo nas atividades diárias, como a lavagem de roupas, 49

Disponível em: <http://www.animalclinic.com.br/site/wp-content/uploads/2014/10/isolamento-veterinariocuritiba-1.jpg>. Acesso em 19 jan. 2018


123

preparo de alimentos, manutenção geral do estabelecimento (limpeza e jardinagem), entre outros.

Sustentação

Clínica / abrigo

Tabela 16 - Setor de sustentação para a clínica e abrigo (oficial). Descrição

Equipamentos

DML

Estoque de material de limpeza

Armário, tanque

HF

1

5

5

Lavanderia

Recepção e lavagem das roupas sujas

Tanques, bancada, secadoras, armário

HF, HQ

1

12

12

Copa/cozinha

Preparo de alimentos e área de alimentação p/ funcionários

Balcão, cuba, geladeira, mesa, cadeira, sofá

HF

1

12

12

Estar funcionários

Área de descanso

Sofá, TV, poltronas

AC

1

11

11

Bancada, cubas, bacia sanitária, chuveiros

HF

2

5

10

Sanitário/banho funcionários

Usuário

Instalações

QP AP AT (und.) (m²) (m²)

Ambiente

Humanos

ÁREA TOTAL DO SETOR

50

Legenda: QP = Quantidade prevista | AP = Área prevista | AT = Área total | HF = Água fria | HQ = Água quente | FVC = Vácuo Clínico | FG = Gás combustível | FO = Oxigênio | FN = Óxido nitroso | FAM = Ar comprimido medicinal | AC = Ar condicionado | CD = Coleta e afastamento de efluentes diferenciados | EE = Elétrica emergencial | ED = Elétrica diferenciada | E = Exaustão | ADE = A depender dos equipamentos utilizados Fonte: Autora, 2017. Tabela 17 - Setor de serviços (oficial). Setor

Ambiente

Serviço geral

Clínica / abrigo

Depósito separação resíduos

Manutenção e depósito Reservatório Central de gases medicinais Central de gás de cozinha

Descrição

Equipamentos Usuário Instal.

QP AP AT (und.) (m²) (m²)

Grupo A (risco biológico) e E (perfurocortantes)

Lixeira

˗

˗

1

4

4

Grupo D (comum) Grupo B (risco químico) Grupo C (radioativo)

Lixeira Lixeira Lixeira

˗ ˗ ˗

˗ ˗ ˗

1 1 1

4 4 4

4 4 4

Conserto de materiais do complexo e armazenagem de utensílios de jardinagem etc.

˗

˗

˗

1

12

12

Caixa d'água

˗

˗

˗

1

20

20

˗

˗

˗

˗

1

3

3

˗

˗

˗

˗

1

3

3

ÁREA TOTAL DO SETOR

54

Legenda: QP = Quantidade prevista | AP = Área prevista | AT = Área total | HF = Água fria | HQ = Água quente | FVC = Vácuo Clínico | FG = Gás combustível | FO = Oxigênio | FN = Óxido nitroso | FAM = Ar comprimido medicinal | AC = Ar condicionado | CD = Coleta e afastamento de efluentes diferenciados | EE = Elétrica emergencial | ED = Elétrica diferenciada | E = Exaustão | ADE = A depender dos equipamentos utilizados Fonte: Autora, 2017.


124

O setor de serviços foi modificado consideravelmente. O depósito de resíduos necessita ter espaços separados, segundo a RDC 306/2004, por isso foram adicionados novos ambientes para suprir essa demanda. A central de climatização, gerador, medidores e DML foram retirados do PN, em cumprimento às recomendações do profissional veterinário consultado. Em contraponto, foi adicionado um ambiente para abrigo de gases medicinais. A sala de manutenção e depósito servirá como suporte aos serviços necessários no complexo, tais como consertos, jardinagem, entre outros. O abrigo (Tabela 18) faz parte do programa de acolhimento dos animais abandonados para prepará-los para adoção e conceder-lhes uma vida mais saudável, segura e feliz do que a que eles têm nas ruas. Para isso, o PN inclui vários tipos de ambientes para que eles possam se adaptar ao melhor espaço, de acordo com a personalidade de cada animal. Alguns deles preferem ficar sozinhos, outros preferem ter companhia, outros são mais ferozes, por isso precisam ficar separados. Desta forma, acredita-se que a qualidade de vida deles pode ser melhorada satisfatoriamente. Também, a fim de evitar o estresse por confinamento, são oferecidos espaços de lazer público, onde eles podem ter uma vida mais ativa e integrar-se com as pessoas que frequentarão o abrigo. Esse contato também possibilita que estas pessoas conheçam cada animal, o que ajuda na escolha da adoção. Para o PN final foram adicionados mais gatis coletivos e diminuídos os gatis individuais, pois julgou-se ser uma quantidade muito grande. A quantidade de canis coletivos foi aumentada e juntou-se os animais de pequeno e grande porte para um ambiente só (sem haver a separação entre eles) pois, independentemente do seu porte, cães podem viver amigavelmente no mesmo espaço. Foram também adicionados alguns canis para mães e filhotes, para o período de adaptação e crescimento destes animais. A sala de banho e tosa achou-se mais adequado dividi-la em duas unidades, pois pode haver separação de espécies: uma para cães e outra para gatos.


125

Tabela 18 - Setor do abrigo (oficial).

Atend.

Setor

Ambiente Recepção e cadastro de adoção

Descrição

Equipamentos

Usuário

Entrada do público para o abrigo, Mesa, cadeiras, PC cadastramento de famílias, diretrizes

Instalações

AC

Canil individual/duplo

Canil/gatil

Canil (materno)

Solário, área fechada, área de alimentação, gramado

Para mães e filhotes

Gatil individual/duplo

Lazer

Área de estar p/ os animais

Solário, gramado, utensílios de lazer

Depósito de ração

Estoque de alimentos p/ os animais

Armários, prateleira, pia, lavatório, bancada

Sala de banho e tosa

Local de higienização do animal

Lavatório p/ banho, mesas, secadores

1

10

10

20

5

100

5

50

250

10

6

60

10

5

50

4

30

120

2

150

300

2

15

30

2

15

30

Animais

Gatil coletivo p/ até 5 animais

Apoio

Abrigo

Canil coletivo p/ até 5 animais

QP AP AT (und.) (m²) (m²)

HF

Animais Humanos

ÁREA TOTAL DO SETOR

HF, HQ

950

Legenda: QP = Quantidade prevista | AP = Área prevista | AT = Área total | HF = Água fria | HQ = Água quente | FVC = Vácuo Clínico | FG = Gás combustível | FO = Oxigênio | FN = Óxido nitroso | FAM = Ar comprimido medicinal | AC = Ar condicionado | CD = Coleta e afastamento de efluentes diferenciados | EE = Elétrica emergencial | ED = Elétrica diferenciada | E = Exaustão | ADE = A depender dos equipamentos utilizados Fonte: Autora, 2017. Figura 108 – Modelo de sala de banho e tosa.

Fonte: Travel Pet50.

50

Disponível em: <http://www.travelpet.com.br/Arquivos/Hotel_pet/Cao_bala/banho02.jpg>. Acesso em: 19 jan. 2018


126

O setor de educação e feirinha é um complemento do abrigo. Serão ministradas aulas e palestras acerca da adoção e guarda responsável, vacinação, castração, cuidados com os animais, entre outros temas, principalmente para crianças, para que esse assunto os instigue a ter um sentimento pela causa animal desde pequenas. Isto é determinante na sua formação como pessoas. O Centro promoverá atividades como essas para que, cada vez mais, as pessoas sejam conscientes acerca dos animais que são abandonados nas ruas. As áreas voltadas à feirinha serão um suporte para promover a arrecadação de doações, como roupas, calçados, utensílios, para realizar estas feiras (estilo brechó) e vender as arrecadações para ter mais recursos para manter o Centro. Além disso, também servirão para receber arrecadações voltadas ao mantimento do abrigo, com o recebimento de rações, casinhas, medicamentos e quaisquer coisas voltadas à ajuda da comunidade com o Centro. A Tabela 19 mostra cada um desses ambientes. Tabela 19 - Setor de educação e feirinha (oficial).

Educação e feirinha

Setor

Ambiente

Descrição

Equipamentos

Usuário

Instalações

QP (und.)

Sala de aula

Programa de conscientização e reuniões

Cadeiras, mesas, projetor, quadro

Animais

AC, EE

1

45

45

Sanitários

˗

Bancada, cubas, bacia sanitária

HF

2

10

20

AC

1

50

50

˗

1

30

30

Feirinha de doações

Depósito da feirinha

Arrecadação de doações da população Mesa, cadeira, para revenda e prateleiras, araras Humanos aumento de recursos de roupas para as atividades do Centro Espaço para armazenamento das doações

Armários, prateleiras

ÁREA TOTAL DO SETOR

AP AT (m²) (m²)

145

Legenda: QP = Quantidade prevista | AP = Área prevista | AT = Área total | HF = Água fria | HQ = Água quente | FVC = Vácuo Clínico | FG = Gás combustível | FO = Oxigênio | FN = Óxido nitroso | FAM = Ar comprimido medicinal | AC = Ar condicionado | CD = Coleta e afastamento de efluentes diferenciados | EE = Elétrica emergencial | ED = Elétrica diferenciada | E = Exaustão | ADE = A depender dos equipamentos utilizados Fonte: Autora, 2017.


127

Em suma, o complexo possuirá nove setores para atender todas as necessidades para seu bom funcionamento. A Tabela 20 mostra a metragem quadrada de cada setor com a adição de 30% da área total para circulações e paredes. A partir disso, tem-se um pré-dimensionamento final para a proposta deste anteprojeto que resulta em 2076,10m². Tabela 20 – Pré-dimensionamento geral (oficial). Setor Clínica

Clínica/ abrigo

Atendimento Cirúrgico Internamento Sustentação Administrativo Serviço geral Abrigo

Educação e feirinha Área total dos setores Adiciona-se 30% Paredes e circulações da área total Área total

Área (m²) 97 140 101 50 60 54 950 145 1597 30% 2076,1

Fonte: Autora, 2017.

4.2.11 Estudo de manchas Para a implantação da proposta, foram analisadas todas as informações relevantes adquiridas para compor estudos de manchas que levam em consideração as várias condicionantes do munícipio e da área de intervenção. A Figura 109 exibe um mapa conceitual da cidade como um todo, a fim de comunicar as diretrizes essenciais a serem ponderadas para a evolução do projeto. Ele mostra as áreas mais densificadas, as condicionantes físicas gerais (insolação, ventos predominantes) e os principais fluxos.


128

Figura 109 – Esquema conceitual urbano.

Fonte: Autora, 2017.

Da mesma forma, a Figura 110 revela estes esquemas em uma escala local, de como estes indicadores atuam no terreno de intervenção. Ela apresenta um estudo de manchas primário com a divisão dos setores e a relação entre cada um deles, as condicionantes físicas e locais, os fluxos, os limites e barreiras para a proposta e os acessos principais. Representa também a divisão entre o atendimento de cada espécie de animal com o intuito de preservar o seu bem-estar durante o tempo que permanecerão no Centro.


129

Figura 110 – Estudo de manchas.

Fonte: Autora, 2017.

O estudo de manchas primário apresenta a divisão dos setores e a relação entre cada um deles, as condicionantes físicas e locais, os fluxos, os limites e barreiras para a proposta e os acessos principais. Representa também a divisão entre o atendimento de cada espécie de animal com o intuito de preservar o seu bem-estar durante o tempo de permanência no Centro. A fachada principal será voltada ao noroeste (Rua Águas de Chapecó), para aproveitar melhor a insolação nos ambientes de atendimento, que são de grande permanência. A entrada principal do Centro se dará pela parte mais baixa do terreno, a fim de facilitar tanto o acesso de veículos como o de pedestres. As áreas de lazer públicas (petplays) estão inseridas em um local que é de mais fácil acesso do público, tanto para a integração das pessoas com os animais nestes locais, como para elas chegarem ao abrigo de cães e gatos, que também terá um acesso interno pela clínica. Esta parte do lazer funcionará como uma área de encontro, em que a comunidade poderá levar seus animais para interagir com o ambiente do Centro.


130

O setor de internamento ficou interligado entre os setores de cirurgia e o abrigo para facilitar a transferência dos animais que chegam ao Centro para tratamento e, posteriormente, farão parte das dependências do abrigo. Além disso, será feito um muro de contenção aos fundos para que o terreno seja melhor aproveitado pelos profissionais e público. 4.2.12 Organograma e fluxograma O organograma foi organizado de acordo com o fluxo que o PN apresentado exige, com o objetivo de conectar cada ambiente adequadamente e trazer ao projeto a maior funcionalidade possível. De acordo com a Resolução 1.015/12, estabelecimentos veterinários necessitam ter cada categoria de serviço com acesso separado quando mais de um serviço diferente é proposto no projeto. Por esta razão, a clínica veterinária, o abrigo e o setor de educação e feirinha se encontram com acessos diferenciados. A Figura 111 exibe o organograma com o funcionamento geral do complexo por setores. Figura 111– Organograma.

Fonte: Autora, 2017.

Já a Figura 112 demonstra detalhadamente cada ambiente dos setores e como funciona a circulação entre eles.


131

Figura 112 – Fluxograma.

Fonte: Autora, 2017.

Com o intuito de separar as espécies (triagem) para amenizar seu estresse no préatendimento na clínica, foram previstas duas salas de espera (uma para cães e outra para gatos). Para compreender melhor a logística do atendimento inicial dos animais, foi feito um esquema (Figura 113) que mostra desde a entrada ao Centro, onde é realizado o cadastro do animal na recepção, cada espécie vai para a sua devida sala de espera e, posteriormente, é realizado o atendimento no consultório. Caso seja necessário, eles serão encaminhados para a realização de exames, ou seguirão para o setor de internamento/cirúrgico. Os animais abandonados, após o atendimento clínico, serão encaminhados para o abrigo.


132

Figura 113 – Esquema de triagem do atendimento para cães e gatos.

Fonte: Autora, 2017.

4.2.13 Partido Baseado no conceito usado para a concepção deste projeto, adotou-se como partido os pontos focais com o objetivo principal de unir todos os elementos de projeto e concordá-los entre si: a clínica veterinária, abrigo de animais e áreas de lazer. Figura 114 – Ponto focal.

Fonte: Adaptado de Dribbble51.

51

Disponível em: <https://dribbble.com/shots/96960-Focal-Point-Generative-Art-Layer-1>. Acesso em 28 jun. 2018


133

Através deste ponto de partida, foram definidas primariamente as plantas baixas, fachadas e implantação com a demarcação de caminhos, como forma de simbolizar aquilo que o Centro de Bem-estar Animal deseja retratar a todos os cidadãos que visualizarão o edifício: a unificação do elo que existe entre homem e animal. Desta forma, o resultado final envolve principalmente as linhas angulares como identidade do projeto apresentado. Outra iniciativa tomada para este projeto foi tornar o Centro o mais visível possível para os cidadãos do município. A escolha do terreno de implantação foi primordial para poder concretizar esta ideia. Com o fluxo intenso de veículos no acesso Plínio Arlindo de Nês, se torna uma facilidade para as pessoas tomarem conhecimento acerca da existência de um espaço que promove o bem-estar animal e a adoção responsável de cães e gatos. Além disso, os princípios de bem-estar, tanto para os animais, quanto para as pessoas que farão parte ou uso do Centro, também foram abordados com ideias como a transparência, áreas verdes, bem como a integração entre animais e humanos, como forma de tornar melhor a proposta. A transparência que vem através de fachadas de vidro e aberturas é um recurso simples, mas que facilita muito na diminuição dos níveis de estresse nas pessoas, principalmente em locais de trabalho que geram muita pressão como os estabelecimentos de saúde. As áreas verdes são elementos que ajudam a relaxar, independentemente de ser humano ou animal. O contato com a natureza para os animais, faz-lhes sentir em um ambiente livre e “em casa”, o que ajuda a eliminar o estresse adquirido no confinamento, como no abrigo. Ainda, a natureza é um remédio natural que ajuda na recuperação de pacientes e, para os bichos que estão em tratamento no complexo, é uma alternativa certeira para sentirem-se melhores. Já para as pessoas, é uma ótima ambientação para se relacionar e integrar-se com os bichos que estão no Centro, conhecer suas personalidades e, possivelmente, convencê-los à adoção de algum animal. Ademais, a vegetação também ajuda a evitar a dissipação dos ruídos gerados pelos animais do complexo. Desta maneira, foi concebido um croqui prévio (Figura 115) para lançar a proposta.


134

Figura 115 – Croqui inicial.

Fonte: Autora, 2017.

A busca pela ligação entre o conceito, partido arquitetônico e proposta formal está ligada a elementos de fachada que trazem a imponência e visibilidade que o Centro necessita. Desta forma, materiais como o concreto e vidro foram os elemento-chave para esta concepção, bem como a presença marcante de linhas angulares para diferenciar a edificação de seu entorno. 4.3

PROJETO ARQUITETÔNICO


135

5

CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho foi elaborado como uma forma de contribuição para o município de

Chapecó/SC e possível conscientização acerca da importância que se deve dar à saúde animal, que interfere diretamente na saúde humana com a transmissão de doenças zoonóticas, além de os animais domésticos serem muito importantes na convivência diária do ser humano. A elaboração deste trabalho foi pertinente para a prevenção de problemas relacionados à saúde animal e, consequentemente, do ser humano; traz maior conscientização acerca das dificuldades que os animais domésticos enfrentam ao estarem sem assistência nas ruas e ainda, a preocupação acerca do crescimento constante da população de animais pela falta de castração, que é um dos objetivos do centro de bem-estar animal: propiciar a maior quantidade de cirurgias de castração possível e promover a adoção responsável dos animais desamparados. Uma das dificuldades encontradas no processo de elaboração, foi encontrar referências bibliográficas relacionadas à arquitetura e urbanismo que contemplam a área da medicina veterinária, que é diferente da de humanos, mas não menos importante. Ainda, as legislações para o desenvolvimento de projetos de estabelecimentos de saúde veterinária são muito precárias e sucintas e isto interferiu diretamente no cronograma previamente estabelecido para o andamento da pesquisa. Por esta causa, foi necessário buscar conhecimento junto a profissionais da medicina veterinária, o que contribuiu imensamente na melhoria do trabalho, apesar de não ter sido possível através de documentos oficiais. Os estudos de caso realizados possibilitaram um conhecimento mais aprofundado e foram importantíssimos na escolha de algumas decisões de projeto, como no caso da clínica e do abrigo de animais, principalmente. Além disso, através destes estudos, o programa de necessidades foi mais facilmente desenvolvido, juntamente com referências de outros TCCs e conversas informais com profissional da MV. Através das pesquisas realizadas, foi possível obter maior compreensão acerca dos problemas enfrentados pelos animais domésticos e humanos e também acerca das políticas públicas que giram em torno deste tema, principalmente no que concerne ao controle populacional de animais, adoção e posse responsável. Na proposta final procurou-se abordar no Centro Público de Bem-estar Animal todas as soluções citadas nesta pesquisa, como forma de melhorar a qualidade de vida dos animais abandonados e trazer para a cidade de Chapecó uma ideia de poder tratar da saúde destes e dos


136

de famílias de baixa renda para trazer-lhes uma vida mais digna e feliz. Ainda, o Centro oferece opção de realizar programas educacionais como forma de amenizar o aumento populacional, futuros abandonos e incentivo de castrações em toda a comunidade chapecoense.


137

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APÊNDICES A partir de informações coletadas através de conversa por aplicativo de mensagens instantâneas, com o professor e médico veterinário Anderson Luiz de Carvalho52, foi possível definir relevantes diretrizes de projeto para um melhor desenvolvimento deste trabalho. Foi-lhe enviado o programa de necessidades e pré-dimensionamento prévio (dispostos entre a Tabela 3 e a Tabela 11), a fim de que ele compartilhasse sua opinião acerca destes tópicos. Isso permitiu que, a partir de sua análise, este conteúdo fosse desenvolvido de forma mais prática e correspondente à realidade de um profissional médico veterinário que atua em um órgão público. Faz-se necessário ressaltar que, assim que o material foi enviado, o professor achou que este projeto seria voltado, exclusivamente, como uma ONG para animais abandonados. Entretanto, foi explicado, posteriormente, que este trabalho seria voltado também aos tutores de baixa renda e, por isso, alguns pontos foram desconsiderados. A seguir, dispõe-se a transcrição do áudio enviado por ele: “Oi Camila, vou te responder por mensagem de voz. Para mim é um prazer colaborar com o teu trabalho, pois acho que faltam no Brasil propostas ou padronizações para esses locais de atenção a cães e gatos em situações de necessidades. Então, esse trabalho das ONGs é um trabalho importante, mas precisa ser sustentado tecnicamente com informações boas e acho que se tivéssemos projetos de como esses ambientes poderiam ser construídos, acredito que isso facilitaria muito para uma melhor condição para esses animais. Acho que é importante a separação do teu projeto em setores. Eu vi que você colocou clínica e a parte de clínica/abrigo interessante nesse sentido, mas tenho algumas considerações, porque acho que a área de todo esse ambiente possa estar um pouco elevada, e isso faz com que o projeto fique caro demais. E a gente sabe que a realidade das ONGs não é uma realidade de grande quantidade de recursos. Então, a minha recomendação é que essa edificação seja em blocos e que estes blocos possam ser viabilizados ou construídos de acordo com a possibilidade de cada um dos ambientes, mas ter como se fossem modelos que possam ser seguidos.

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Anderson Luiz de Carvalho é médico veterinário com graduação pela Universidade Federal do Paraná (2006) e Mestrado em Zootecnia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2010). É professor assistente I do Departamento de Ciências Veterinárias e responsável pelo atendimento de animais silvestres no Hospital Veterinário e pelo Programa de Residência em Medicina e Conservação de Fauna Silvestre. Currículo Lattes: <http://lattes.cnpq.br/5552430861037366>.


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Se pensarmos no projeto mais completo que seria o projeto com todas as áreas juntas, tanto da parte de clínica/abrigo, como clínica eu tenho algumas sugestões: Você separou aqui clínica/atendimento. A clínica/atendimento tem 230m² totais e alguns ambientes acho que são desnecessários pela característica de atendimento dos pacientes. Por exemplo: a recepção de cães e gatos e a sala de espera de cães e gatos totalizam 56m² totais, para um ambiente que não é para uma clínica em que pessoas aguardam para serem atendidas. Normalmente esses ambientes de abrigo, eles têm uma parte para atender efetivamente os animais doentes que, ou estão doentes porque estão internados ou estão doentes porque acabaram de chegar. Então, esses animais entram imediatamente dentro da clínica, eles não precisam de uma sala de espera ou uma recepção. Então não vejo a viabilidade de um ambiente tão grande. Talvez uma recepção que seja a própria sala de espera num tamanho bem restrito que caiba uma mesa com computador (se isso um dia for ter) que acho que a maioria dos lugares não tem, e algumas cadeiras, é suficiente. Então, tipo, 8m² é suficiente para esse conjunto que, atualmente, está em 56m². Essa é uma situação. A outra situação é que você fala de ambulatório/sala de emergência, consultório infectocontagioso e consultório. Dentro de um hospital veterinário grande, a gente tem a necessidade de sala de emergência, que é um ambiente que é uma sala convencional, de preferência usada exclusivamente para situações de emergência. Ou seja, ela tem que estar disponível para situação de emergência. Eu não posso usar ela para um atendimento de uma vacina, por exemplo, e chegar um animal e não ter o espaço para atender ele. E a diferença entre uma sala comum e uma sala de emergência, é que a sala de emergência tem equipamentos necessários à garantia da vida desse animal: monitoração anestésica, monitoração dos parâmetros fisiológicos e, às vezes, ventilação, coisas mais complexas que são muito caras. Não sei se é realmente necessário um ambulatório/sala de emergência. Talvez o consultório convencional, com os equipamentos necessários à rotina comum, possa suprir essa demanda. Então, aqui você separa em três consultórios. Talvez um ou dois consultórios possam ser feitos de uma forma separadamente, mas acho que na maioria dos casos, um consultório é suficiente. E o consultório chamado infectocontagioso, se a gente pensar: um consultório mais clean ou com pouca coisa, ele pode ser desinfetado, mas ter um ambiente exclusivo para atendimento de animais, de doenças infectocontagiosas talvez vai corresponder a 3% dos atendimentos; é uma coisa que não é tão comum, dependendo do lugar no Brasil. Então, finalizando, eu tiraria de três ambientes para dois, talvez, ou um mesmo. Não acho que só um seria um problema. Talvez


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dentro das clínicas você poderia ter a clínica comum, a clínica plus, que seria a clínica + alguma coisa, a clínica max, que seria + essa coisa + alguma adicional. Com relação ao serviço de raio-X e ultrassom, o raio-X existe uma regulamentação nesse sentido. Uma regulamentação é uma RDC da Anvisa, se não me engano, que determina de acordo com o tipo de aparelho de raio-X uma quantidade de metros quadrados, porque o raio-X tem uma área de emissão de raios e uma área de revelação. E a revelação pode ser digital ou convencional, e se for convencional tem uma quantidade de metros quadrados específica, você precisa confirmar isso nessa RDC. Mas... o raio-X digital vai ter uma outra área, mas são equipamentos caros e eles vão totalizar em torno de 100 mil reais, talvez, de um ambiente. Não sei se vale a pena ter esses equipamentos dentro de uma ONG. Eu acho que talvez uma ONG, a maior parte dos animais são animais abandonados, animais que vão precisar, às vezes, de um procedimento cirúrgico, então essa parte acho que é bacana de ter, mas talvez um diagnóstico por imagem poderia acontecer por parceiros em clínicas e em outros hospitais, outros ambientes dentro de uma cidade, porque às vezes você coloca dentro de um ambiente um equipamento muito caro, você gasta com a construção em si, mas você usa ele pouco e acho que isso não é muito bom, até porque os equipamentos precisam de manutenção, eles têm um tempo de vida útil que pode deteriorar com o tempo e você perder esse investimento. Mesma coisa para o ultrassom. Ele não é feito em todos os casos, é só nos animais que têm necessidade, então eu não sei se tem necessidade de uma sala específica para a ultrassonografia. O ultrassom, hoje em dia, ele é um equipamento móvel, você pode carregar ele de uma sala para outra. Então eu, com certeza, poderia fazer uma ultrassonografia num consultório convencional e acho que dessa forma seria bacana. O laboratório clínico é um local para processamento de amostras, 12m² você disse, talvez é interessante mantê-lo dessa forma. Um arquivo médico é interessante porque se não tiver um sistema informatizado é bacana ter esses arquivamentos do material. Agora, a farmácia e almoxarifado, você colocou que o almoxarifado é um material para “armazenamento de material administrativo”. Eu colocaria os dois juntos: farmácia e almoxarifado. Poderia, talvez, deixar 20m² os dois [...]. A parte de centro cirúrgico é uma parte bem importante, mas eu faria algumas modificações. Existe uma recomendação do CFMV que os animais que vão ser submetidos à anestesia precisam ficar num internamento pré-cirúrgico e depois da cirurgia passam para um internamento pós-cirúrgico. Isso acontece porque os animais que são anestesiados, no momento que eles retornam da anestesia, esse retorno tem que ser mais tranquilo. E se você coloca eles


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junto com animais que estão ativos ou não anestesiados, que podem latir, isso pode gerar uma interferência e uma perda de bem-estar daqueles animais que foram recentemente operados. Então eu colocaria, em vez de “preparo e tricotomia”, colocaria com o nome de “pré-cirúrgico” e a área total eu colocaria uma área menor, não tudo isso, porque 14m², talvez um ambiente com 10m² você poderia colocar algumas gaiolas tipo box para pequenos animais, de inox ou aço galvanizado, que cabem até 7 animais, cada um em seu nicho diferente. Então, esse “précirúrgico” seria importante e depois teria que ter um “pós-cirúrgico” que é uma sala separada para os animais que retornaram da anestesia. O vestiário, 30m² é muito. O nosso vestiário aqui, ele deve ter 3m² para homens e 3m² para mulheres. É só um local para tirar a roupa, pendurar e colocar o avental, o pijama cirúrgico e vai para dentro do bloco. Essa parte de rouparia e estocagem de vestuário, eu normalmente utilizo como a entrada de acesso ao centro cirúrgico, como se fosse uma antessala. Então essa própria rouparia poderia ser um ambiente de passagem que teria alguns armários para guardar os materiais pessoais dessas pessoas. Mas o dado que você colocou de 30m² de vestiário e 10m² de rouparia talvez seja uma situação, uma realidade para universidade, mas não uma realidade para um ambiente de uma entidade que vai manejar animais. Essas entidades vão trabalhar com no máximo 3 ou 4 pessoas para fazer o trabalho de castração. Então não vejo necessidade de um ambiente tão amplo. A antissepsia e paramentação, 7m² está adequado, a sala cirúrgica com 12m² você consegue desenvolver perfeitamente as atividades sem nenhum comprometimento. Você tem uma sala chamada “sala de utilidades” que é o expurgo, que é um local para limpeza dos materiais e para descarte de tecidos que foram utilizados/removidos numa cirurgia, 10m² acho que está legal. E aí ele teria que ter contato com uma central de esterilização e material esterilizado e um depósito, então eu colocaria esse expurgo com uma janelinha com um acesso, por exemplo, para o material esterilizado e com uma janelinha com espaço para o depósito, para fazer o fluxo de passagem de material anteriormente contaminado no expurgo, até ele limpo, no depósito. Banco de sangue não tem necessidade, eu retiraria isso imediatamente porque não tem necessidade. É uma coisa muito complexa de ser feita e ele poderia ser colocado junto com aquele laboratório que está na parte de clínica (atendimento), o laboratório clínico. Isso é uma geladeira. Tem outros equipamentos que podem ser colocados mas isso, um banco de sangue vai encarecer de equipamentos em quase 100 mil reais nesse espaço. O ambiente de eutanásia, acho que é totalmente desnecessário, porque a eutanásia pode ser feita no próprio ambulatório ou no consultório. Não vejo problema algum disso [...].


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Agora vou estar vendo, começar pelo clínica/abrigo. Você colocou necrotério/necropsia, depósito, DML, guarita, lavanderia e cozinha. Bem, na minha opinião, por exemplo, necrotério/necropsia não... é interessante mais para um nível de faculdade. Se houver necessidade de fazer uma necropsia, porque a necropsia, quando é por exemplo, de um cliente, você faz ela e emite um laudo. Mas às vezes esses animais vão a óbito e não é interessante fazer um laudo, então não é preciso fazer a necropsia. Se for uma situação talvez de maus tratos, que exige uma necropsia, eu prefiro mandar para uma universidade que faça um laudo histopatológico, que tem maior legalidade, então não vejo muita necessidade. Depósito/estoque de material geral acho que não é necessário. Acho que teria que ter um grande deposito na parte de ração, mas acho que isso você deve ter abordado em outro ponto. Mas depósito de medicamentos, normalmente a quantidade de medicamentos poderia ser estocada no próprio consultório, em algum armário. Guarita, não vejo necessidade. Se eu pensar em guarita como um local para proteção do ambiente, não [...]. Lavanderia, muito bacana, é importante, 12m² acho que está interessante. E a cozinha, com 10m², acho que tudo bem, tranquilo. Alguns animais precisam, realmente, de um preparo de dieta de mais fácil digestão do que simplesmente uma ração. Esse é o setor de sustentação. Clínica/abrigo (serviço geral): depósito de separação de resíduos, acho que isso está na legislação, tem que ter esse depósito de material, só que 40m² é muito grande. Acho que o ambiente do depósito que tem aqui, ele é mais ou menos... de menos de 5m². você coloca tudo em bombonas e sem problema algum. Se precisar descartar animais, tem uma câmara fria para descarte de animais em óbito. Mas o óbito não é tão frequente, não sei se vale a pena dessa forma. Isso é uma coisa que precisa ser discutida. Central de climatização não tem necessidade, acho que é melhor colocar climatização individual nos ambientes da clínica. Não faz ar-condicionado central. Ele não é bom para esses ambientes porque pode ter disseminação e contaminação de um ambiente para outro. Essa manutenção, depósito geral (sem necessidade, aqui), DML poderia ser menor, gerador... não vejo necessidade de ter um gerador, acho que o corte de energia nesses locais é muito raro e o corte de energia é significativo caso você venha a fazer uma cirurgia, mas tem equipamentos que conseguem manter a iluminação durante alguns períodos, uma hora, que é suficiente para castração. As cirurgias mais comuns nesses ambientes são as de castração, não outras cirurgias,


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então não vejo a necessidade de um gerador. No hospital, a gente tem um gerador no campus, mas gerador é uma coisa supercara de ser mantida. Então vai ser terrível [...]. A central de gás é muito grande 20m², e você precisa de cilindro de oxigênio, você pode ter uma casinha separada do ambiente, que vai uma tubulação de cobre que vai em cada um dos ambientes. Isso vai encarecer um monte e essa casa de gás pode ser de 3m² [...]. Bem, clínica/abrigo (internamento): essa parte acho que é bem bacana, porque ela é realmente o que é bastante utilizada. Baia de internamento e recuperação, 15 baias com área total de 4m²... Eu estive estimando que uma baia de 100x80cm é perfeita para um animal de grande porte. Então ter 15 baias desse tamanho está ótimo. Isso significa que são 15 animais doentes em um mesmo momento. A realidade de ONGs, às vezes, é 15 ou 20 animais, não doentes, mas esperando adoção. Então se pensarmos em uma proporção entre animais doentes e animais aguardando adoção, acho que essa proporção é muito baixa. A gente vai ter, por exemplo, um animal doente para cada 10 esperando adoção. Então nesse sentido, se você imaginar que está pensando em ter 400 animais aguardando adoção, você teria 40 animais doentes. No nosso hospital a gente interna cerca de 10 animais, no máximo, e isso é um hospital: tem bicho com câncer, tem atropelados, não é a realidade de ONGs. A realidade de ONGs é castrar o animal, tratar de uma sarna, deixar ele esperando alguém. Ou, no máximo, fazer uma cirurgia ortopédica, mas isso é raro, ou não tão frequente. Não é a maioria. Então as baias de internamento, acho que até poderia reduzir. Baia de internamento de doenças infectocontagiosas, o ideal é que seja um ambiente externo à clínica, digamos a uns 10, 20 metros separados do prédio. É um ambiente que pode ser de 10m² ou 20m² só para essa função, que é o tratamento de animais com doenças infectocontagiosas. Essa que seria a recomendação. Então se você for fazer de 30m², que para mim é muito, o do nosso hospital, ele dá em torno de uns 37m², mas acho que é muito. Eu faria ele a uns 20m de distância da clínica, separadamente, e só com as baias. Armazenamento de alimentos, se for para animais, uns 20m². Você colocou 10m² ali. Dependendo do nível de organização, 10m² é mais do que suficiente, mas caso exista uma quantidade muito absurda de animais, talvez 20m² seria suficiente. Enfermagem e área de procedimentos, no meu caso, dentro de um hospital, eu entendo que ela é no mesmo local das baias de internação, como se fosse duas mesas centrais ao ambiente de baia de internação e recuperação. Então, por exemplo, eu pegaria esses 40m² e


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colocaria no meio, uma parte central, com uma área de enfermagem. Área de higienização do profissional, lavatório, pode deixar com 5m², não ocupa tanto espaço. Com relação à parte administrativa, quarto do plantão, eu não vejo necessidade para o plantão. Isso é coisa de hospital. Animal [profissional] que precisa dormir. E isso é raro. E se for raro, a pessoa fica sentada, acordada, esperando na cadeira o animal melhorar ou piorar, não vejo necessidade de os caras dormirem. Isso é uma opinião minha, tá? Copa/cozinha para funcionários, tem que ver o que está na legislação mas acho que não é tão necessário um ambiente tão grande. Talvez 10m², 5m², a gente tem uma cozinha aqui, acho que é de 6m², nem isso. Um micro-ondas, um cooktop elétrico, para não ter passagem de gás, funciona perfeitamente. Sala de estar de funcionários, não vejo necessidade. Os funcionários que estão ali, eles estão para a atividade laboral deles. Essa sala de estar acho que é desnecessária. É um ambiente que não é de permanência de muita gente durante muito tempo. Sala de reuniões, sem necessidade também. Isso poderia ser uma área aberta, que se pode conversar e poderia utilizar o espaço de reuniões num espaço que achei bacana que você disse de educação e feirinha, que é uma coisa interessantíssima. Isso poderia ser a sua área de reuniões. Essa sala de rotina administrativa, eu colocaria junto com a parte clínica da recepção. É a própria administração. Vestiário geral, 30m² é muito e banheiros para funcionários, eu acho que a qualidade do banheiro dos funcionários deve ser a mesma dos visitantes, então fazendo junto acho que fica bom. Talvez fazer um banheiro com ducha seria bacana, mas um só. A pessoa entra, fecha a porta, toma banho, o homem espera a mulher, a mulher espera o homem e pronto. Acho que é mais viável. Estou chegando na última que é o abrigo. Então, canil individual, canil coletivo, canil individual para grandes, canil coletivo para grandes... canil para 50 animais... total de 300m²... acho que eles são separados, 6m², é 3x2m. É interessante, mas talvez 50 canis são muitos. Talvez é melhor ter vários canis coletivos. Você está comparando lá, 2 canis coletivos que totalizam 100m² e 50 canis individuais com 300m², talvez eu deixaria 100m² para canil individual com 6m² cada, que daria 16 canis e talvez 6 canis grandes, com a área total. Talvez nesse sentido, valeria a pena para você, pensando naquela questão do projeto, que a pessoa possa fazer em diferentes momentos de implantação, uma sugestão de abrigo, que vai conter 3 canis coletivos mais 10 canis individuais, que seriam para até 2 animais cada um deles, e com uma área de 6m². Para pequenos e filhotes, acho que é muito grande essa área, 4,5m², acho que


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o canil individual... Acho que é bacana discutir com uma pessoa que trabalha com esses animais também em uma ONG, que saiba melhor da realidade, mas que seja uma pessoa mais centrada. Mas acho que é muito canil para filhote, 40 canis para filhotes é muito. Acho que eu deixaria só canis individuais para filhotes, uns 10 no máximo, e tiraria os canis coletivos para pequenos e filhotes. Ou então deixaria canis coletivos só para pequenos. Na verdade, acho que a descrição para grandes e pequenos, isso não importa, eles convivem bem. Talvez tenha algumas restrições para algumas raças. Gatis individuais e coletivos, gatil... gatos é uma área bem diferente, gatos são bem mais complexos que cães. Talvez ambientes menores para eles não sejam problema, desde que sejam bem ambientados com algumas coisinhas que eles possam se esconder. Gato precisa de um ambiente totalmente diferenciado, mas acho que também são muitos 30 gatis e 1 gatil coletivo acho que é muito pouco. Talvez fazer dois gatis coletivos e uns 10 gatis individuais. E aí, por exemplo, você faz isso como módulos. Se a pessoa achar que em algum momento a quantidade cresceu demais, ela constrói outro módulo, implanta outro. Então isso faz com que o módulo abrigo, se você separar ele em módulos menores, ele vai ficar mais barato de ser executado, talvez com 100 mil reais a pessoa consiga construir. Mas da forma que está, talvez custaria 500 mil, porque você está com 1220m² de área [...]. Então, por isso que acho importantes os módulos, num valor economicamente viável. Pense em módulos talvez de 50 mil reais, essa é uma sugestão a ser discutida com o seu orientador. Mas isso é porque a realidade é diferente. A realidade é pouco dinheiro. A área de estar para os animais acho que é só um gramadão mesmo, e 150m² acho que está bacana. E tendo dois separados é bom. Sala de banho é tosa é muito bom, mas eu separaria entre duas salas, talvez. A sala de 40m² é muito grande, separaria em salas menores e talvez teria uma sala específica para gatos. Gatos normalmente não tomam banho, mas tem gente que dá banho. Uma coisa muito bacana que eu achei que você colocou foi a parte de educação e feirinha, porque é uma forma de instruir futuros adotantes, a manutenção desses animais, esses programas de conscientização e essa educação e feirinha não vai acontecer 7 dias por semana, 24 horas por dia, então por isso que acho que ela pode fazer parte do administrativo. Isso pode ser vinculado: a administração, ter um espaço para uma reunião, em que as pessoas sentam e vão ouvir uma palestra ou uma atividade educacional ou programa de conscientização. Isso meio junto. A sala de reunião é a própria sala de aula. Você pode fazer campanhas com crianças,


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que não vão adotar mas que façam parte, como se fosse uma educação ambiental, nesse sentido é interessante. Mas ela poderia ser menor porque nem sempre as pessoas adotam, seria uma maravilha, um sonho [...]. Sala de adoção com 15m², acho muito, eu vincularia ela à própria sala de atendimento, na recepção. Feirinha de doações, isso é interessante, mas talvez seja muito grande, teria que verificar. Então, essas são algumas das minhas opiniões sobre isso, acho que o teu projeto pode ajudar muito. Se é um projeto, um TCC que saia do papel, ajudaria muitas ONGs no Brasil, porque às vezes, o país tem dinheiro, recursos para construir, mas não tem projeto. E às vezes os projetos são hiper dimensionados em situações ótimas, mas efetivamente eles acabam virando elefantes brancos, que as pessoas acabam, em ambientes que eram previstos para ser um centro cirúrgico, coloca cachorro ali, porque virou um acumulador. Então, acho que se você fizer essa sua proposta de forma modular, talvez em ambientes menores, mas que você compre e possa tipo, colocar dois módulos de clínica, dois módulos de internação, três módulos de cirurgia, mas você pode começar com um, dois, três, fazendo assim, acho que vai ser ótimo. Parabéns pela iniciativa sua e do seu orientador e pode contar com a gente.


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