UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
CAMILA LEONE
MODELAGEM PARAMÉTRICA: CONCEPÇÃO DE TORRES TORCIDAS E PROTEÇÕES SOLARES PARA ANÁLISE DE ILUMINAÇÃO NATURAL E RADIAÇÃO SOLAR EM EDIFÍCIO COMERCIAL NA CIDADE DE SÃO PAULO
São Paulo 2017
CAMILA LEONE
MODELAGEM PARAMÉTRICA: CONCEPÇÃO DE TORRES TORCIDAS E PROTEÇÕES SOLARES PARA ANÁLISE DE ILUMINAÇÃO NATURAL E RADIAÇÃO SOLAR EM EDIFÍCIO COMERCIAL NA CIDADE DE SÃO PAULO
Dissertação apresentada à Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo.
Orientador: Prof. Dr. Wilson Florio
São Paulo 2017
L583m Leone, Camila Modelagem paramétrica: Concepção de torres torcidas e proteções solares para análise de iluminação natural e radiação solar em edifício comercial na cidade de São Paulo. / Camila Leone – 2017. 255 f. : il. ; 30cm.
Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2017. Bibliografia: f. 226-234.
1. Modelagem paramétrica. 2. Conforto ambiental. 3.Simulação computacional. 4. Iluminaçăo natural. 5. Proteçăo solar. I. Título.
CDD 720.47
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.
E-mail: camilaleone.arq@gmail.com
DEDICATÓRIA
Aos meus pais Maria Cristina Fabretti Leone e Nilson Roberto Leone, À minha irmã Caroline Leone, Ao meu tio Welington Jorge Leone, À minha querida avó (in memorian) Wanda Ribeiro Leone.
AGRADECIMENTOS Ao Prof. Dr. Wilson Florio pela orientação de fundamental importância para o direcionamento da pesquisa, pelo empenho, paciência, dedicação e ensinamentos transmitidos ao longo deste trabalho. À Prof. Drª. Roberta Consentino Kronka Mülfarth pelos comentários e sugestões na banca de qualificação de mestrado que muito contribuiu para a direção a ser tomada na pesquisa e por gentilmente aceitar participar da banca final. Ao Prof Dr. Dominique Fretin por ter me recebido nas aulas de Conforto II Iluminação e Insolação como aluna de estágio docente, pela colaboração assertiva na minha banca de qualificação de mestrado com intuito de contribuir com o trabalho e por gentilmente aceitar participar da banca final. Aos Prof Dr. Adhemar Carlos Pala e Milton Vilhena Granado Júnior por ter me recebido nas aulas de Conforto I Térmica e II Iluminação e Insolação como aluna de estágio docente. À Prof. Drª Emilia Correia pelo auxilio na interpretação dos resultados referente à radiação solar. Ao Arquiteto e Mestre Rafael Peres Mateus pelas discussões dos textos sobre tecnologia na arquitetura e artigos publicados (entre outros que estão por vir), resultado de um trabalho em equipe e de troca de conhecimento. A todos os colegas da turma de mestrado que fizeram parte desta trajetória. Ao Fórum Grasshopper que permite a troca de informações entre todos os interessados pela ferramenta e colabora em aprendermos uns com os outros. Aos integrantes do Fórum, pela sabedoria em dividir conhecimento. Ao Victor Calixto, Filipe Campos, Breno Veiga, pelo auxílio às dúvidas sobre modelagem paramétrica. À minha família que sempre me deu todo suporte para enfrentar as dificuldades e aceitar os desafios. Pelo apoio incondicional, continuo incentivo e compreensão. Ao Ricardo Silveira Junior pelo companheirismo, carinho, motivação e incentivo durante esta pesquisa e pelo auxilio em relação aos gráficos. A todos que estiveram de alguma forma envolvidos e contribuíram para a realização deste trabalho, os meus mais sinceros agradecimentos.
Camila Leone
“The mind that opens to a new idea never returns to its original size.� Albert Einstein
RESUMO
solares distintas com o objetivo de identificar ambientes com melhores performances desde a fase de concepção.
O conforto ambiental é uma característica importante na edificação
O desenvolvimento do trabalho se dá através da modelagem
e o estudo a respeito do desempenho de projetos em arquitetura
paramétrica do edifício e proteções solares, impressão digital das
vem ganhando atenção e importância devido às preocupações com
geometrias e avaliação por meio de simulações computacionais.
questões ambientais, na qual as estratégias de projeto têm relação direta com a otimização do ambiente, tanto em promover um local confortável àqueles que o utilizarão, assim como redução de custos, resultando em eficiência energética. Entende-se por conforto em edificações, neste trabalho, as condições adequadas de projeto que levam em consideração o clima local e resultem no bem-estar do ser humano. Por estar relacionado a diversos fatores, caracteriza-se por abordar aspectos interdisciplinares. O trabalho visa analisar diferentes combinações entre percentual de aberturas em edifícios com formas não convencionais como as geometrias torcidas a fim de compreender o comportamento da iluminação natural no interior do ambiente e incidência da radiação solar na fachada. São efetuadas análises de soluções com proteções
O estudo é direcionado para a localização e condições climáticas da cidade de São Paulo com utilização do software Rhinoceros e seus plug-ins Grasshopper, Ladybug e Honeybee para simulação da radiação solar e iluminação natural no edifício respectivamente. A utilização de modelagem paramétrica colabora no processo da busca pela forma, da variação dos parâmetros, resultando na criação de não apenas um elemento, mas uma série de soluções para a investigação em estudo. E as simulações auxiliam nas tomadas de decisões, possibilitando verificar alternativas para projeto. Através dos procedimentos e análise dos resultados das simulações, quanto menor a torção da edificação, melhores são os resultados de iluminação natural no interior do ambiente. Já os resultados com relação à radiação solar incidente na fachada, demonstraram que
quanto maior a torção maior a exposição à radiação solar em
ABSTRACT
determinados pontos da fachada e maior o auto sombreamento em
The environmental comfort is one of the important features in
outros. Quanto ao dimensionamento das aberturas, observou-se
construction and the research concerning to architectural projects
melhores resultados nas janelas que apresentavam maior altura, se
is calling attention and importance due to environment concerns,
comparado à largura das mesmas.
which the project strategies are direct related to optimal ambience,
A avaliação do edifício com relação aos itens mencionados
not only regarding to a comfort place for those who will use it , but
possibilita maior assertividade em relação à disposição do layout no
also reducing the costs, resulting in energy efficiency.
interior do ambiente, assim como, soluções de fachada com
Confort in edification means in this piece of work, project suitable
utilização de placas fotovoltaicas colaborando para o melhor
conditions taking into consideration the local climate and resulting
posicionamento das peças, resultando em ganhos de conforto ao
in the human welfare. Being related to several factors is
usuário e eficiência energética na edificação.
characterized by approaching cross-disciplinary aspects. This project aims to analyze different combinations of percent
PALAVRAS CHAVES
building opening with unconventional shapes as twisted geometries to understand the performance of natural light in the room's
Modelagem
paramétrica,
conforto
ambiental,
simulação
computacional, iluminação natural, radiação solar, proteção solar.
interior and the solar incidence in the facade. The objective of solar protection analyzes is to identify spaces with better performance since conception stage.
The evolution of this project will occur through building parametric
The building evaluation related to the items mentioned above give
modeling and solar protection, geometric digital printing and
us higher assertiveness with regard to the layout disposition in the
evaluation by computer simulations.
room's interior, as well as, solutions of facade using photovoltaic
The study is focused on SĂŁo Paulo's location and climate conditions,
plates working to a better position of the parts, resulting in comfort
using the software Rhinoceros and its plug-ins Grasshopper,
gains to the users and energetic efficiency in the edification.
Ladybug e Honeybee to simulate the solar radiation and the natural
KEY WORDS
light in the building. The use of parametric modeling contributes to the shape process, parameter variations, resulting into the creation of not only one element, but also series of solutions to the study investigation. And the simulations assist in the decision-making processes, facilitating to giving alternatives to the project. Through these procedures and result analyze simulations, the less twisted the edification, better is the natural light results in the room's interior. The results related to the solar radiation incidence in the facade, show us that the higher twisted, the higher exposure to solar radiation in specific points of the facade and it is higher the auto shading in another places. As to the opening scaling, it was observed better results in windows with bigger height compared to their width.
Parametric modeling, environmental comfort, simulation analysis, daylight, solar radiation, solar protection.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1: Radiação Solar ............................................................... 32 Figura 1.2: Linha do tempo sobre produção de vidros ................... 38 Figura 1.3: Efeito da radiação solar no vidro ................................... 39 Figura 1.4: Vidro de controle solar .................................................. 39 Figura 1.5: Instalação Bloom de Doris Kim Sung ............................. 47 Figura 1.6: Principais Políticas de Eficiência Energética no Brasil – 1984 a 2011 ..................................................................................... 72 Figura 1.7: Consumo de energia por setor no Brasil 1990/2012. ... 73 Figura 1.8: Potencial Fotovoltaico/ Consumo Residencial no Brasil (Ano base 2013) ............................................................................... 74 Figura 2.1: Variação dos parâmetros e modificação da forma ....... 86 Figura 2.2: Painéis de revestimento da fachada ............................. 87 Figura 2.3: Processo Form finding ................................................... 88 Figura 2.4: Estudo de insolação com simulação computacional ..... 89 Figura 2.5: Estudo com variação da forma ...................................... 90 Figura 2.6: Algoritmo da definição da geometria ............................ 91 Figura 2.7: Canton Tower - desenhos técnicos ............................... 92 Figura 2.8: Sequência de estudo das torções .................................. 93 Figura 2.9: De cima para baixo e esquerda para direita: 9GG-9HH, Absolute Tower, Citilife Milano Office Tower, Kuwait Trade Center, Lakhta Center, Roche Tower, Torre Dinâmica, Turning Torso. ..... 102 Figura 2.10: Foto da impressão digital das formas torcidas: Twister (esquerda) e Tordo (direita) .......................................................... 116 Figura 2.11: Esquadrias para geometria torcida ........................... 117 Figura 3.1: Pavimento tipo do edifício modelo ............................. 130
Figura 3.2: Configuração das aberturas estudadas ....................... 131 Figura 3.3: Carta solar da cidade de São Paulo .............................. 131 Figura 3.4: Temperaturas da cidade de São Paulo até o dia 21/06 (esquerda) e após o dia 21/06 (direita) ......................................... 132 Figura 3.5: Variação da forma ........................................................ 141 Figura 3.6: Variação da torção ....................................................... 141 Figura 3.7a: Variação das aberturas na fachada ............................ 142 Figura 3.7b: Variação da porcentagem das aberturas na fachada 142 Figura 3.8: Máscara solar para período crítico e resultante da proteção solar – Fachada Norte..................................................... 170 Figura 3.9: Insolação e período crítico - Fachada Norte ................ 171 Figura 3.10: Possibilidades de proteção solar – Fachada Norte .... 172 Figura 3.11: Máscara solar – Fachada Sul ...................................... 172 Figura 3.12: Insolação e período crítico - Fachada Sul .................. 173 Figura 3.13: Possibilidades de proteção solar – Fachada Sul ........ 174 Figura 3.14: Máscara solar – Fachada Leste .................................. 176 Figura 3.15: Insolação e período crítico - Fachada Leste ............... 176 Figura 3.16: Possibilidades de proteção solar – Fachada Leste ..... 177 Figura 3.17: Máscara solar para período crítico e resultante da proteção solar – Fachada Oeste .................................................... 178 Figura 3.18: Insolação e período crítico - Fachada Oeste .............. 180 Figura 3.19: Possibilidades de proteção solar – Fachada Oeste .... 180 Figura 4.1: Radiação solar horizontal Global ao longo do ano na cidade de São Paulo ....................................................................... 203
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 2.1: Relação entre uso e quantidade de edifícios torcidos110 Gráfico 2.2: Localização dos edifícios ............................................ 111 Gráfico 2.3: Datas de construção dos edifícios. ............................ 112 Gráfico 2.4: Estratégias de proteção solar ou maximização da iluminação em edifícios torcidos para obtenção de conforto ...... 113 Gráfico 2.5: Quantidade de pavimentos e altura dos edifícios ..... 114
LISTA DE QUADROS
Quadro 1.1: Estratégias de projetos visando maior eficiência em envoltórias de vidro em busca de conforto .................................... 45 Quadro 1.2: Proteção solar horizontal ............................................ 51 Quadro 1.3: Proteção solar vertical................................................. 53 Quadro 1.4: Proteção solar mista .................................................... 55 Quadro 1.5: Proteção solar com geometria torcida........................ 57 Quadro 1.6: Proteção solar tipo camarão ....................................... 59 Quadro 1.7: Proteção solar em tela/ perfurado.............................. 60 Quadro 1.8: Proteção solar com elemento vazado ......................... 62 Quadro 1.9: Proteção solar como solução de fachada ................... 64 Quadro 1.10: Proteção solar mecanizada ....................................... 67 Quadro 2.1: Estudo de formas torcidas com modelagem geométrica (esquerda e centro) e impressão digital (direita) .......................... 100
Quadro 3.1: Configuração das aberturas e proteções solares a serem estudadas ............................................................................ 136 Quadro 3.2: Variações dos algoritmos para proteção solar .......... 139 Quadro 3.3: Algoritmo referente ao edifício modelo de estudo (passo-a-passo) .............................................................................. 144 Quadro 3.4: Algoritmo edifício base para as proteções solares (passo-a-passo) .............................................................................. 147 Quadro 3.5: Algoritmo proteção solar horizontal (passo-a-passo)150 Quadro 3.6: Algoritmo proteção solar vertical (passo-a-passo) .... 153 Quadro 3.7: Algoritmo proteção solar com painéis (passo-a-passo) ........................................................................................................ 155 Quadro 3.8: Algoritmo proteção solar mista (passo-a-passo) ....... 158 Quadro 3.9: Algoritmo da configuração da fachada como solução da envoltória (passo-a-passo) ............................................................. 161 Quadro 3.10: Algoritmo trajetória solar (passo-a-passo) .............. 163 Quadro 3.11: Algoritmo radiação solar com o edifício .................. 166 Quadro 3.12: Algoritmo iluminação natural .................................. 168 Quadro 4.1: Simulação de Iluminação natural 10h 0° de torção do edifício 1000 lux ............................................................................. 182 Quadro 4.2: Simulação de Iluminação natural 10h 3° de torção do edifício 1000 lux ............................................................................. 183 Quadro 4.3: Simulação de Iluminação natural 10h 6° de torção do edifício 1000 lux ............................................................................. 184 Quadro 4.4: Simulação de Iluminação natural 10h 0° de torção do edifício 50 lux ................................................................................. 185 Quadro 4.5: Simulação de Iluminação natural 10h 3° de torção do edifício 50 lux ................................................................................. 186
Quadro 4.6: Simulação de Iluminação natural 10h 6° de torção do edifício 50 lux ................................................................................. 187 Quadro 4.7: Simulação de Iluminação natural 10h 0° de torção do edifício 150 lux ............................................................................... 188 Quadro 4.8: Simulação de Iluminação natural 10h 3° de torção do edifício 150 lux ............................................................................... 188 Quadro 4.9: Simulação de Iluminação natural 10h 6° de torção do edifício 150 lux ............................................................................... 189 Quadro 4.10: Simulação de Iluminação natural 15.30h 0° de torção do edifício 1000 lux........................................................................ 190 Quadro 4.11: Simulação de Iluminação natural 15.30h 3° de torção do edifício 1000 lux........................................................................ 191 Quadro 4.12: Simulação de Iluminação natural 15.30h 6° de torção do edifício 1000 lux........................................................................ 192 Quadro 4.13: Simulação de Iluminação natural 15.30h 0° de torção do edifício 50 lux............................................................................ 193 Quadro 4.14: Simulação de Iluminação natural 15.30h 3° de torção do edifício 50 lux............................................................................ 194 Quadro 4.15: Simulação de Iluminação natural 15.30h 6° de torção do edifício 50 lux............................................................................ 195 Quadro 4.16: Simulação de Iluminação natural 15.30h 0° de torção do edifício 150 lux.......................................................................... 196 Quadro 4.17: Simulação de Iluminação natural 15.30h 3° de torção do edifício 150 lux.......................................................................... 196 Quadro 4.18: Simulação de Iluminação natural 15.30h 6° de torção do edifício 150 lux.......................................................................... 197
Quadro 4.19: Comportamentos da radiação solar na fachada período das 10:00h às 15:30h para 0°, 3° e 6° de torção do edifício ........................................................................................................ 199 Quadro 4.20: Comportamento da radiação solar na fachada às 10:00h para 0°, 3° e 6° de torção do edifício ................................. 199 Quadro 4.21: Comportamento da radiação solar na fachada às 15:30h para 0°, 3° e 6° de torção do edifício ................................. 200 Quadro 4.22: Comportamento da radiação solar na fachada às 10:00h e às 15:30h para 3° e 6° de torção do edifício ................... 203 Quadro 4.23: Iluminação natural às 10:00 e 15.30h 3° de torção do edifício 1000 lux ............................................................................. 205 Quadro 4.24: Radiação solar na fachada às 10:00h e 15:30h 3° de torção do edifício ........................................................................... 206 Quadro 4.25: Iluminação natural com proteção vertical às 10:00h e 15:30h 1000lux............................................................................... 207 Quadro 4.26: Radiação solar em edifício com proteção vertical às 10:00h e 15:30h ............................................................................. 208 Quadro 4.27: Iluminação natural com proteção vertical e horizontal às 10:00h e 15:30h 1000lux ........................................................... 210 Quadro 4.28: Radiação solar em edifício com proteção vertical e horizontal às 10:00h e 15:30h ....................................................... 212 Quadro 4.29: Iluminação natural com proteção tipo painel às 10:00h e 15:30h 1000lux ............................................................... 214 Quadro 4.30: Radiação solar em edifício com proteção tipo painel às 10:00h e 15:30h ............................................................................. 215 Quadro 4.31: Iluminação natural em edifício com variação do peitoril às 10:00h e 15:30h 1000lux............................................... 217
Quadro 4.32: Radiação solar em edifício com variação do peitoril às 10:00h e 15:30h ............................................................................. 218
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1: Iluminância recomendada pela Norma NBR 5413 por classe de tarefas visuais................................................................... 36 Tabela 2.1: Levantamento de torres com geometria torcida ....... 109 Tabela 3.1: Pesquisas antecedentes envolvendo modelagem paramétrica ou simulação, como estratégia de análise e avaliação de projetos..................................................................................... 127 Tabela 3.2: Análise das temperaturas da cidade de São Paulo no período de 21/12 a 21/06 ............................................................. 133 Tabela 3.3: Horários críticos para a cidade de São Paulo no período de 21/06 a 21/12 ........................................................................... 134 Tabela 3.4: Horários e ângulos do sol - Fachada Norte ................. 170 Tabela 3.5: Horários e ângulos do sol - Fachada Sul ..................... 172 Tabela 3.6: Horários e ângulos do sol - Fachada Leste.................. 174 Tabela 3.7: Horários e ângulos do sol - Fachada Oeste................. 178 Tabela 4.1: Radiação solar na fachada das 10:00h às 15:30h para 3° e 6° de torção do edifício............................................................... 201
ABREVIATURAS E SIGLAS
EIA Agência Internacional de energia (, ETFE Etileno Tetraflour Etileno
ABESCO Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia
FS Fator solar
ABRAVA Associação Brasileira de Refrigeração, Ar condicionado, Ventilação e Aquecimento
GC Generative Componentes
AG Geometria Arquitetural AIA American Institute of Architect ASHRAE American Society of Heating and Air-Conditioning Sociedade Americana de Aquecimento e Ar Condicionado ENGINEERS Sociedade Americana de Aquecimento, Refrigeração e Ar Condicionado Engenheiros CAD Computer-Aided Design - Desenho assistido por computador CAM
Manufacturing Aided Design Fabricação assistida por
Aided Tridimensional Interactive Application
CESP Campanha de eletricidade de São Paulo COE Código de Obras e Edificações do Município de São Paulo COMPET
IBA Information Based Architecture INMET Instituto Nacional de Meteorologia INMETRO
Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e
Tecnologia LABCON Laboratório de Conforto Ambiental PAF Percentual de abertura da fachada PNEE Plano Nacional de Eficiência Energética PSALLI
Permanent Supplementary Artificial Lighting in Interiors -
Iluminação suplementar permanente
computador CATIA
GBC Green Building Council Brasil
Programa Nacional de Racionalização do uso de
derivados do Petróleo e do gás Natural DRG Design Robotic Group
PBE Programa Brasileiro de Etiquetagem PEE Programa de Eficiência Energética PVB Polividrobutiral PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente PROCEL Programa Nacional de Conservação de Energia NURBS Non-Uniform Rational B-Splines
SAHMR South Australian Health and Medical Research Institute TL TransmissĂŁo luminosa WWR window too wall ratio
SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................... 19 OBJETIVO...................................................................................... 19
2.4 AS DIFERENTES GEOMETRIAS DO EDIFÍCIO TORCIDO E PROTOTIPAGEM RÁPIDA .............................................................. 99
JUSTIFICATIVA .............................................................................. 19
2.5 EDIFÍCIOS COM GEOMETRIA TORCIDA................................. 101
PROBLEMÁTICA ............................................................................ 20
2.6 PROJETO DE FACHADA ......................................................... 118
METODOLOGIA ............................................................................ 21
2.7 ORNAMENTO ........................................................................ 120
ESTRUTURA DO TRABALHO ......................................................... 23
CAPÍTULO 3 – PROCEDIMENTO METODOLOGICO DE INVESTIGAÇÃO ........................................................................................................ 124
CAPÍTULO 1 – ESTRATÉGIAS E CONCEITOS EM CONFORTO ............ 25 1.1 CONFORTO EM ARQUITETURA .............................................. 25
3.1 REFERÊNCIAS DE PESQUISAS ANTERIORES .......................... 124
1.2 INSOLAÇÃO, ILUMINAÇÃO E ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA . 29
3.2 DELIMITAÇÕES DA PESQUISA E CARACTERÍSTICAS DO LOCAL DE ESTUDO ................................................................................. 127
1.3 VIDROS E ENVOLTÓRIAS ........................................................ 37
3.3 CRITÉRIOS PARA ANÁLISE DE CONFORTO ............................ 129
1.4 PROTEÇÕES SOLARES ............................................................. 48
3.4 EXPERIMENTOS .................................................................... 134
1.5 ENERGIA E CONSUMO ENERGÉTICO...................................... 69 1.6 FONTES REFERENTES AOS QUADROS .................................... 75
3.4.1 ESTUDOS COM MODELAGEM PARAMÉTRICA E DEFINIÇÃO DAS GEOMETRIAS PARA ANÁLISE .............................................. 140
CAPÍTULO 2 – TECNOLOGIA DIGITAL ............................................... 78
3.6 - FERRAMENTAS DE SIMULAÇÃO ......................................... 164
2.1 TECNOLOGIA DIGITAL ............................................................ 78
3.6.1 PLUG-IN LADYBUG ............................................................. 165
2.2 E MODELAGEM PARAMÉTRICA E ALGORITMOS APLICADOS AO PROJETO ARQUITETÔNICO .................................................... 80
3.6.3 PLUG-IN HONEYBEE ........................................................... 167
2.2.1 EXEMPLOS DE PROJETOS PARAMÉTRICOS ......................... 85
CAPÍTULO 4 – RESULTADOS OBTIDOS E DISCUSSÃO ..................... 181
2.3 SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL: CONCEITOS E DEFINIÇÕES . 94
3.7 – ESTUDO DE PROTEÇÃO DAS FACHADAS ........................... 169
4.1 SIMULAÇÃO DOS EXPERIMENTOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS: TIPOS DE ABERTURA ........................................... 181 4.2 SIMULAÇÃO DOS EXPERIMENTOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS: PROTEÇÃO SOLAR ............................................... 204 4.1 DISCUSSÃO ........................................................................... 219 CAPÍTULO 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................... 223
5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................ 225 REFERÊNCIAS .................................................................................. 226 GLOSSÁRIO ..................................................................................... 235 APÊNDICE ....................................................................................... 237
INTRODUÇÃO
JUSTIFICATIVA
OBJETIVO
A relevância da pesquisa está na contribuição da aplicação da modelagem paramétrica e ferramentas de simulação como
O objetivo da pesquisa é avaliar a iluminação natural e o
instrumentos para alcançar estratégias projetuais otimizadas e que
desempenho térmico de um edifício modelo com geometria não
valorizem o projeto.
ortogonal a fim de identificar diferentes configurações de geometrias de proteção solar com intuito de alcançar melhores resultados no desempenho do edifício e melhor qualidade aos usuários da edificação. Seus objetivos específicos são: 1. Estudar a relação entre forma retilínea e torcida quanto ao percentual de abertura da fachada e proteção solar; 2. Descrever as principais características e contribuições da Modelagem Paramétrica como ferramenta computacional; 3. Investigar as variações paramétricas como meio de exploração de diferentes configurações geométricas; 4. Comparação entre a geometria retilínea e curvilínea, através da modelagem e das simulações.
Pesquisas anteriores investigaram edifícios com geometria regular, ortogonal, com pavimentos-tipo que se repetem na vertical. Na presente investigação o objetivo é estudar diferentes soluções de projeto para edifícios não ortogonais, cujos pavimentos são voltados a diferentes quadrantes. Além disso, são investigadas configurações variadas de proteção solar, assim como dimensões de aberturas a fim de alcançar melhor performance. Outras pesquisas com relação à iluminação natural, térmica e modelagem paramétrica foram realizadas, porém há uma lacuna em estudos sobre investigação de edificações com geometrias torcidas e a não repetição dos elementos em todos os pavimentos como um pavimento tipo. A geometria não ortogonal é entendida de acordo com a classificação de twister e tordos. Twister são superfícies 19
paraboloides hiperbólicas que possuem repetição e rotação em
proteções solares com soluções distintas quanto à forma,
torno de um eixo, enquanto que tordos são superfícies
comprimento, largura, espessura, geometria e espaçamento entre
paraboloides hiperbólicas que se ligam a uma estrutura ortogonal.
seus elementos.
(VOLLERS, 2001)
A simulação computacional é aplicada para estudo da relação entre
A escolha pela forma não ortogonal do edifício é uma aproximação
as dimensões de aberturas (janelas) e proteções para análise de
às concepções contemporâneas de edificações que propõem
desempenho térmico e lumínico com o propósito de compreender
projetos com formas inusitadas e orgânicas, que tem sido frequente
a variação dos parâmetros do ambiente para alcançar melhorias a
nos últimos anos.
partir dos resultados obtidos. A ideia da utilização de tecnologias
A pesquisa adota a modelagem paramétrica para desenvolvimento
digitais é permitir a avaliação do objeto de estudo desde a fase de
dos elementos (edifício e proteções solares). Após a definição
concepção do projeto.
geométrica, tal edifício é investigado por meio de programas
O estudo é realizado para a cidade de São Paulo, situado na latitude
gráficos que simulam a iluminação natural no ambiente interno e o
23º30’ sul e clima subtropical úmido de altitude.
desempenho térmico da radiação solar incidente na fachada da
PROBLEMÁTICA
edificação. Para isso, são avaliadas diferentes configurações de geometrias de proteções solares e diferentes percentuais de
A porcentagem da abertura da fachada estabelece a área que será
aberturas na fachada, a fim de identificar estratégias de projeto que
iluminada através da abóboda celeste e consequentemente, a
apresentem melhor performance, resultando em ambientes
inserção dos raios solares no interior do ambiente que resultam na
confortáveis e energeticamente mais eficientes.
absorção de calor. Enquanto por um lado, a iluminação é uma
O percentual de abertura da fachada (PAF) é configurado de
característica desejada para realização das atividades internas, a
maneira que suas dimensões sejam variáveis. E o sistema de 20
tendência é evitar o calor através de mecanismos como, vidros de
Dessa maneira, está intrínseca a investigação a respeito do porquê
alta performance e proteções solares.
da quantidade de edifícios torcidos e se há uma relação funcional,
É justamente para o conhecimento do comportamento da
qualitativa do ponto de vista do conforto, ou apenas estética.
iluminação natural e radiação solar através da relação entre
Não faz parte desta investigação, estudo sobre aspectos
aberturas e proteções solares, e pela busca de soluções otimizadas
psicológicos e conforto visual em decorrência do uso de proteções
para arquitetura, que contribuam para um ambiente confortável,
solares.
resultante no bem-estar dos usuários e redução dos gastos com
METODOLOGIA
iluminação artificial e ar condicionado, que esta pesquisa é proposta.
A seguir foram enumeradas as etapas que balizarão a realização da
Com isso, faz-se necessárias pesquisas que contribuam para estudo
pesquisa.
da edificação e da fachada como meio de maximizar a iluminação
1ª. Etapa: Levantamento bibliográfico
natural e minimizar a radiação solar no ambiente. O grande número de edifícios torcidos que tem sido construído ou proposto em projetos, tem chamado atenção. Em vista das pesquisas anteriores, destinadas ao assunto proposto, terem como objeto de estudo edificações retilíneas e com pavimentos tipo,
2ª. Etapa: Leitura programada dos textos e fichamento dos mesmos. 3ª. Etapa: Identificação dos conceitos básicos norteadores da pesquisa.
busca-se compreender as diferenças em relação a uma geometria
4ª. Etapa: Estudo de caso de diferentes configurações geométricas
na qual o pavimento não possui as paredes ortogonais às lajes do
de edifícios curvilíneos de dupla curvatura na arquitetura
piso, e que cada andar possui características especificas.
contemporânea. Elaboração de um texto parcial. 21
5ª. Etapa: Modelagem paramétrica de edifícios curvilíneos de dupla
etapa anterior para a obtenção das variações paramétricas dos
curvatura a partir da definição de um conjunto de parâmetros.
vários tipos de proteção solar. Elaboração de um texto parcial.
Elaboração de um texto parcial.
12ª. Etapa: Combinações entre os parâmetros estabelecidos nas
6ª. Etapa: Planejamento do algoritmo, e encadeamento dos
etapas anteriores para a obtenção das variações paramétricas do
parâmetros, relativo a diferentes tipos de aberturas para os
edifício, das aberturas, dos caixilhos e das proteções solares.
edifícios curvilíneos estudados na etapa anterior.
Elaboração de um texto parcial.
7ª. Etapa: Combinações entre os parâmetros estabelecidos na
13ª. Etapa: Aprendizado e aplicação do plug-in Ladybug e Honeybee
etapa anterior para a obtenção das variações das configurações das
para Rhinoceros.
aberturas. Elaboração de um texto parcial.
14ª. Etapa: Definição dos parâmetros no Ladybug e Honeybee para
8ª. Etapa: Planejamento e definição dos parâmetros relativos aos
a
tipos de caixilho.
respectivamente.
9ª. Etapa: Combinações entre os parâmetros estabelecidos na
15ª. Etapa: Simulações da iluminação de acordo com as variações
etapa anterior para a obtenção das variações paramétricas dos
paramétricas do edifício, das aberturas, dos caixilhos e das
caixilhos. Elaboração de um texto parcial.
proteções solares. Elaboração de um texto parcial.
10ª. Etapa: Planejamento e definição dos parâmetros relativos ao
16ª. Etapa: Geração de imagens dos principais tipos de situações
algoritmo dos vários tipos de proteção solar (horizontal, vertical,
identificados.
mista e painéis).
17ª. Etapa: Análise dos resultados obtidos. Elaboração de um texto
11ª. Etapa: Combinações entre os parâmetros estabelecidos na
parcial.
devida
simulação
de
conforto
térmico
e
iluminação
22
18ª. Etapa: Discussão sobre os resultados obtidos. Elaboração de
energética e consumo de energia, fatores que estão diretamente
um texto parcial.
correlacionados às práticas projetuais em arquitetura.
19ª. Etapa: Elaboração do texto final.
No capítulo 2 são apresentadas definições sobre modelagem
20ª. Etapa: Revisões, correções e complementações do texto final.
paramétrica, discussões sobre o processo de projeto na atualidade, principalmente sobre o impacto das novas tecnologias, e a
21ª. Etapa: Diagramação final do trabalho.
colaboração do uso de ferramentas computacionais para análises e
Devido à variação do clima ao longo do ano, de acordo com as
tomadas de decisões no que diz respeito à iluminação natural e
estações, a edificação será estudada nos períodos de solstícios e
térmica em uma edificação.
equinócios, por apresentarem características distintas. Será
A pesquisa apresenta um levantamento de obras existentes, em
analisado o desempenho da edificação de acordo com o
construção e projetos ao redor do mundo que possuem geometria
posicionamento do edifício com relação às trajetórias do sol.
torcida e análises de alguns tipos de torção com materialidade
ESTRUTURA DO TRABALHO
através da prototipagem rápida. No capítulo 3 são desenvolvidas abordagens quanto aos softwares
No capítulo 1 são apresentados os conceitos referentes ao conforto
utilizados, justificativa da sua utilização, entendimento de seu
em edificações, explorando questões como proteções solares,
funcionamento e sua devida aplicação aos objetos da pesquisa. São
sendo elas vidros, quebra-sol, persianas etc. e expostos exemplos
realizadas as simulações computacionais e suas respectivas
dessas configurações.
combinações.
São abordadas as estratégias de aproveitamento dos fatores
O capitulo 4 demonstra as discussões a respeito dos resultados das
naturais na edificação, como técnicas bioclimáticas e a ênfase da
simulações, e os questionamentos a respeito do tema.
importância dessas questões a partir de dados quanto a crise 23
O capítulo 5 apresenta as considerações finais e apontamentos para
Grasshopper, em que são realizados os ensaios de energia (radiação
futuros trabalhos.
solar) e iluminação natural, seguindo os critérios estipulados pelas
Para desenvolvimento do trabalho, as etapas envolvidas são:
normas e desempenho ABNT NBR 15220-1 (2005), ABNT NBR
Inicialmente a pesquisa é desenvolvida a partir do levantamento de
ISO/CIE 8995-1 (2013) e ABNT NBR 15215-1 (2005).
dissertações, teses, artigos, periódicos e normas técnicas
As normas são consultadas, de modo a embasar e balizar os
pertinentes ao estudo. A importância da revisão bibliográfica se
parâmetros e inputs do software, consequentemente, identificar se
expressa a partir do conhecimento de ferramentas de simulação de
o edifício possui bons resultados quanto aos itens estudados.
desempenho e na identificação de linhas de pesquisas e estudos
A partir da análise dos resultados, é avaliada a necessidade de
semelhantes.
modificações ou intervenções nos projetos de maneira a otimizar os
Para embasamento sobre o uso das novas tecnologias digitais, são
índices de conforto e assim, propor alterações no projeto.
realizadas revisões bibliográficas sobre a utilização de softwares
As etapas da definição do algoritmo até as análises das simulações
paramétricos como ferramenta para análises de projetos em
ocorrem através dos estudos dos conceitos de parametrização
arquitetura, a fim de apontar a importância desse recurso na
aplicada à arquitetura, estudo de diferentes tipos de edifícios
concepção
torcidos, modelagem de geometrias distintas de superfícies
de
edifícios
e
de
simulações
digitais
na
contemporaneidade.
curvilíneas, seguida pelas definições dos parâmetros referente às
O trabalho é realizado a partir da modelagem paramétrica de um
aberturas, proteção solar, combinações dentre as soluções, e por
edifício com geometria torcida que servirá como modelo para o
fim, simulações e análises.
estudo. As ferramentas utilizadas serão o Grasshopper, plug-in para o programa Rhinoceros da McNeel, no qual é desenvolvido um edifício modelo, e os plug-ins Ladybug e Honeybee para 24
CAPÍTULO 1 – ESTRATÉGIAS E CONCEITOS EM CONFORTO
iluminação natural. Permitiram dimensões maiores do ambiente interno, tornando as áreas mais internas à edificação, mais escuras.
1.1 CONFORTO EM ARQUITETURA
(SCHMID, 2005) O conhecimento a respeito do desempenho energético avançou
“O conforto disputa com a arte o poder de satisfazer as pessoas. ”
quanto às soluções de isolamento térmico e ventilação. Por outro
(SCHMID, 2005)
lado, adaptações quanto a clima local, foram se tornando questões
A palavra conforto deriva do termo latino “confortare”, que
secundárias. (SCHMID, 2005)
significa fortificar, consolar, em outro contexto, foi aplicada com
São poucos os edifícios contemporâneos que são capazes
significado de prosperidade “confortable fortune”, depois em
passivamente de prover conforto ambiental a aqueles que irão
contexto psico-espiritual, e por fim integrada ao contexto
utiliza-lo. Dessa maneira, a necessidade por uma arquitetura
ambiental. (SCHMID, 2005)
independente de energias mecânicas como o ar condicionado é um
O conceito de conforto nem sempre fez parte da concepção e
desafio para arquitetos brasileiros. (CORBELLA; YANNAS, 2003)
preocupação com ambientes construídos. Até o final do século
Segundo Corbella e Yannas (2003) o período entre 1920 e 1950 se
XVIII, não era aplicado à edificação e ao longo do século XIX passou
caracterizou por projetos que haviam preocupações com relação ao
a ser utilizado, tendo início na Europa. Já no século XX, o
meio ambiente, porém a partir da década de 60 os edifícios
movimento moderno encarava essa questão como algo impróprio.
comerciais tiveram a necessidade da utilização de ar condicionado
(SCHMID, 2005)
para atingir níveis satisfatórios de conforto a seus usuários. Essas
No movimento moderno, as plantas livres, permitiram maiores aberturas nas fachadas, porém não significou melhor uso da
mudanças na arquitetura originaram-se de um padrão globalizado cujo edifício era totalmente envidraçado, não considerando, portanto, o clima no qual estariam inseridos. 25
Após a II Guerra Mundial, o impulso pela tecnologia e expansão de
O conforto térmico é definido pela American Society of heating,
técnicas de construção associados aos baixos custos de energia
refrigerating and air condicioning engineers, ASHRAE (Sociedade
contribuíram para que questões ligadas ao consumo energético de
Americana
uma edificação fossem ao passar dos anos, atribuindo as soluções
intrinsecamente relacionado à sensação de conforto devido ao
de projeto aos engenheiros através da necessidade de estudos
equilíbrio termo fisiológico do corpo humano. Representa a
complementares a fim de atingir um ambiente mais agradável por
interação de variáveis ambientais como temperatura do ar,
meios mecânicos. O primeiro marco que despertou a necessidade
temperatura radiante média, umidade e velocidade do ar, com as
de diminuição dos gastos com energia foi a crise do petróleo em
variáveis pessoais que são representadas pela taxa metabólica e
1973, que impulsionou o uso de energia solar na edificação e
vestuário. (MONTEIRO, BITTENCOURT, YANNAS, 2015)
consequentemente, foi renascendo uma arquitetura preocupada
A ASHRAE já reconhece o valor da ventilação natural em edifícios de
com as questões ambientais com adequação ao clima local.
escritórios como forma de criar ambientes térmicos aceitáveis à
(CORBELLA; YANNAS, 2003)
produtividade. (MONTEIRO, BITTENCOURT, YANNAS, 2015) A
Atualmente existem vários locais de estudos (nacionais e
exploração da ventilação natural na edificação denota uma
internacionais) que inter-relacionam os conhecimentos climáticos
mudança na noção de conforto ambiental.
às práticas projetuais em arquitetura. É neste contexto que a
Alguns estudiosos apontam que ocupantes de edifícios que
presente pesquisa visa colaborar.
possuem
Os elementos que balizam as condições quanto ao conforto em um
dificuldade, à homogeneidade da temperatura do ar, se comparado
ambiente são o desempenho térmico, acústico, lumínico, qualidade
aos ocupantes de edifícios cuja ventilação é natural, pois
do ar, entre outros.
desenvolvem habilidades de maior variabilidade climática e
de
Aquecimento
e
climatização mecânica
Ar
Condicionado)
se habituam,
com
como
maior
diversidade térmica quanto à amplitude de temperatura e 26
velocidade do ar. É importante que o edifício ofereça flexibilidade
exemplo, fachadas com aberturas controláveis, proteções solares
às variações climáticas viabilizando a adaptação do usuário,
flexíveis e ajustáveis, varandas, terraços, pátios, átrios, etc.
possibilitando que os ocupantes possam controlar os níveis de
(LAMBERTS et al., 2015). Resultando em uma arquitetura que
temperatura no interior do ambiente, como por exemplo,
caracteriza harmonia entre a estética, funcionalidade e os fatores
autonomia com relação à abertura das janelas, que colaboram com
climáticos e ambientais.
a economia de energia e maior satisfação dos usuários.
A relação de conforto em um ambiente em regiões tropicais está
(MONTEIRO, BITTENCOURT, YANNAS, 2015). Sendo assim, a maior
relacionada com a radiação, portanto, o controle da radiação é a
ou menor tolerância do usuário às mudanças climáticas está
maneira mais eficiente de se conseguir um ambiente confortável.
relacionada ao grau de adaptabilidade dado ao mesmo. (GONÇALVES; CAVALERI, 2015) O ser humano tem o potencial de se adequar ao clima e às
Como forma de garantir o acesso ao sol ou para o controle de acesso da radiação solar, tem-se os conceitos de envelope solar, que representa o maior volume que um edifício pode ocupar sem
variações climáticas, seja com relação às suas vestimentas, ou
causar sombreamentos indesejados nas edificações vizinhas, e o
através de modificações e adequações dos ambientes no qual
shadow umbrela, estratégia na qual se usa o desenho urbano para
frequenta. (FROTA, 2004)
sombrear ambientes, evitando o aquecimento das superfícies.
O conceito de adaptação em arquitetura passa pela ideia do usuário
(DUARTE, 2015)
ter a possibilidade de conduzir o controle de diversos fatores e
As estratégias de projeto relacionadas ao conforto devem ser
equipamentos para proporcionar um ambiente confortável. Por
específicas para cada tipo de clima. “Enquanto sombras e ventos
isso, propor um edifício com desempenho ambiental significa
são favoráveis para o conforto térmico em lugares de clima quente
facilitar a comunicação entre ambientes internos e externos,
e úmido, os mesmos efeitos são desfavoráveis nos climas mais frios.
através de espaços e componentes de transição, como por
” (GONÇALVES; MELLO; MIANA, ROSA, 2015 p. 190) 27
Proporcionar ambientes confortáveis às pessoas significa considerar
pois a claridade tende a diminuir rapidamente conforme o
o clima urbano, e, portanto, o meio no qual o edifício será
afastamento da abertura. (MASCARÓ, 1991)
implantado. O desempenho dos edifícios, assim como o conforto
Por outro lado, os fatores que causam desconforto aos ocupantes
para os ocupantes dependem das variáveis do clima a que ambos
em um edifício são a iluminância excessiva provindas da abóbada
estão expostos. (DUARTE, 2015)
celeste e da luz solar direta. (MASCARÓ, 1991)
Assim como a satisfação atingida pelos ocupantes, o controle das
Deve-se evitar o desconforto térmico causado pela exposição direta
condições ambientais alcançadas devido à possibilidade de
da luz do sol nos ambientes de trabalho, evitando que a radiação
manipulação de ajustes de iluminação, insolação, ventilação,
direta incida sobre os trabalhadores e ou nas superfícies do seu
aberturas e sombreamento agem de modo a favorecer o
campo de visão. (ABNT NBR 8995-1, 2013)
desempenho energético do edifício bem como condições de conforto.
A iluminação artificial é, quando bem empregada, um apoio fundamental à natural. (ABNT NBR 8995-1, 2013). Quando
As avaliações quanto ao desempenho luminoso e térmico podem
adequada a ambientes de trabalho, vai além de fornecer apropriada
ser aferidas através de fatores como percentual de temperatura,
visualização das tarefas, colabora para que possam ser realizadas
umidade, movimento do ar, insolação, sombreamento e níveis de
com conforto e bem-estar. (DIAS, SCARAZZATO, MOSCHIM,
iluminação. (GONÇALVES; MOURA; KUNIOCHI, 2015)
BARBOSA, 2014)
As aberturas na fachada proporcionam contato visual com o meio
Eficiência energética é entendida como a relação entre a
externo e possuem grande importância já que colaboram para a
“quantidade de energia final utilizada de um bem produzido ou
satisfação e rendimento dos funcionários. (COTTA; VIEIRA, 2015).
serviço realizado. ” (EPE, 2010). As referências para projetos
Além disso, permitem a incidência de iluminação natural ao meio
visando eficiência energética foram estabelecidas através de
interno, que é adequado para as áreas situadas próximas às janelas, 28
normas. Em 2005 foi aprovada a NBR 15.220 com diretrizes de
1.2 INSOLAÇÃO, ILUMINAÇÃO E ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA
desempenho térmico, indicando o zoneamento bioclimático e apresentando recomendações de projetos em consideração às diferenças presentes em cada zona climática. (ABNT, NBR 15.220, 2005)
O projeto arquitetônico primeiramente é criado para abrigar pessoas, e nesse sentido, soluções projetuais que levem em conta as necessidades físicas de seus ocupantes devem representar o fio condutor em busca da satisfação particular do ser humano, em
Em 2008, foi aprovada a ABNT NBR 15.575-1, voltada para edificações residenciais de até cinco pavimentos. Estabelece critérios sobre o desempenho térmico, acústico, luminoso e de segurança ao fogo. (ABNR NBR 15.575-1, 2013). Porém como não há normatizações com caráter de desempenho que se aplique a outras áreas, essa norma pode ser adotada como referência. As normatizações visam incentivar, balizar o desenvolvimento tecnológico e orientar a avaliação da eficiência das estratégias a serem utilizadas nas edificações a fim de promover redução do
edifícios, nas diferentes condições climáticas, sociais ou ambientais. E têm por finalidade prover boas condições quanto à demanda energética provinda da climatização e iluminação artificial, assim como considerações com relação às influencias do clima, podendo contribuir com a minimização do consumo de energia das edificações. Vários fatores afetam o nível de energia solar que atinge a superfície da Terra, tais como, as nuvens, latitude, longitude, orientação e inclinação da superfície.
consumo de energia, melhoria do conforto visual e bem-estar dos ocupantes. Para avaliação do nível de eficiência em edificações existem duas etiquetas: uma voltada para o projeto e outra para a construção.
A localização geográfica de uma região determina a distância que os raios oblíquos de sol percorrem através da atmosfera, determinam, portanto, a duração do dia e da noite ao longo do ano. Devido à posição da incidência dos raios solares com relação à latitude, os dias são mais longos em alguns períodos do ano. Esse fator resulta 29
em
altas
temperaturas,
abundante
iluminação
natural
e
céu, fornecem tanto a iluminação direta, quanto difusa através da
consequente armazenamento de calor na superfície nos trópicos.
abóbada celeste. E os edifícios recebem radiação solar direta,
(MASCARÓ, 1983)
refletida ou difusa em sua envoltória. (FRETIN, 2013)
“O maior ou menor aquecimento de um determinado ponto da
O Sol é a fonte primária de energia. Porém “do ponto de vista da
superfície da Terra depende primeiramente das condições
iluminação natural, a fonte de luz diurna considerada para o projeto
geométricas de exposição à radiação solar. ” (FROTA, 2004)
é a da abóboda celeste, pois a luz solar direta é considerada
Depende da latitude, que determina os ângulos de incidência do sol
excessiva. ” O sol é uma fonte de luz pontual, enquanto que a
e o período de permanência do sol acima do horizonte do lugar.
abóboda celeste possui grande área visível e pouca iluminância e
(FROTA, 2004; FRETIN, 2013)
pode ser classificada como clara, parcialmente encoberta e
A disponibilidade de luz natural é determinada através da
encoberta. (LABCON, 2009 b)
quantidade de radiação solar (luminosa) nas quatro estações. As
A luz é, portanto, vista pelo observador de forma direta ou
regiões que recebem os raios solares com grande angulação em
refletida, podendo ser: luz de sol ou luz de céu. A iluminação
relação à superfície da Terra, na maior parte do ano, são quentes e
natural refere-se ao fator de céu, ou seja, a luz de céu disponível
luminosas. Já aquelas que contêm pequeno ângulo de incidência
para o lugar a ser estudo, já a insolação condiz ao fator de sol, ou
durante curtos períodos, são frias e escuras. (MASCARÓ, 1983)
seja, a radiação solar incidente sobre o projeto. (LABCON, 2009 b)
É denominada luz natural àquela proveniente do sol, seja em forma
O estudo para o aproveitamento da iluminação natural está
direta, ou seja, através dos raios solares, ou indiretos, aquela
relacionado aos estudos geométricos da insolação, que podem ser
denominada difusa devido à reflexão da atmosfera. A luz
verificadas com o uso das cartas solares. Muitas obras de
proveniente de edificações, vegetação e outros objetos são
arquitetura demonstram a utilização desses estudos, por exemplo,
denominados luz refletida. (MASCARÓ, 1983). Portanto, o sol e o
quando a intenção é a incidência de raios solares em certos 30
períodos do ano, ou horários do dia em determinado local no
Noções climáticas, caraterísticas do sistema solar, e influências das
interior dos ambientes. A fim de serem tomadas decisões corretas
condições naturais são essenciais na formação do profissional que
nas diversas condicionantes que envolvem o projeto, é importante
trabalha com a criação de espaços, seja para casas isoladas ou na
aplicar conhecimentos quanto a geometria da insolação e o clima
escala da cidade. Sem o uso desses conhecimentos em projetos de
local. (FROTA, 2004)
arquitetura, o aumento da utilização de aparelhos elétricos de
Os fatores climáticos representam condições relevantes para
condicionamento de ar e fachadas envoltas com vidros de maneira
projeto e construção. O fato de considerar as condicionantes do
exagerada, têm se tornado cada vez mais essencial.
clima para desenvolvimento de partidos arquitetônicos torna-se
A investigação do trabalho está inserida em clima tropical, cuja
necessária ao observarmos a evolução do consumo de energia em
característica são regiões, na qual o céu possui abundante
relação à sua disponibilidade e valor. (MASCARÓ, 1991)
iluminação e por consequência as aberturas das edificações não
O clima é composto por fatores estáticos e dinâmicos, sendo os
necessitam de grandes vãos. Em contrapartida aos edifícios
estáticos representados pela posição geográfica e relevo, e os
europeus e norte-americanos em razão de um céu pouco luminoso,
dinâmicos pela temperatura, umidade, movimento do ar e
necessitam de aberturas maiores, com a finalidade de aproveitar
radiação. (MASCARÓ, 1991)
maior radiação solar. Em função dessas diferenças com relação à
A arquitetura está intrinsecamente ligada às condições climáticas e, portanto, pode apresentar melhor ou pior desempenho no que tange às estratégias de projeto para viabilidade do conforto. Cada tipo de clima contém particularidades específicas. E nesse sentido,
localização do edifício, torna-se claro que muitas vezes importamos soluções projetuais de outros países, porém, o desemprenho do edifício não atinge a mesma qualidade devido às diferenças climáticas. (CORBELLA; YANNAS, 2003)
as diferentes características do clima estabelecem partidos
A energia solar varia entre ondas curtas (ultravioleta) e ondas
arquitetônicos distintos.
longas (infravermelho), sendo que toda energia radiante produz 31
calor
quando
absorvida,
causando evaporação,
convecção,
A energia solar é uma fonte de iluminação e calor vantajosa às
condução de calor, radiação, reflexão entre outros. Por essa razão a
edificações e aos sistemas fotovoltaicos, pois além de fornecerem
luz solar direta não é adequada para a iluminação natural, sendo
energia limpa, não emitem CO2, porém, ainda são incapazes de
sua presença habitual nos trópicos e entorno. (MASCARÓ, 1983)
alimentar grandes equipamentos mecânicos. (ROAF, CRICHTON,
Considera-se que a radiação solar é composta de 3% de ultravioleta,
NICOL, 2009). Sistemas de captação de energia solar, muitas vezes
55% infravermelho e 42% radiação visível (OLIVEIRA, 2016). (Figura
são incorporados na própria pele do edifício, reduzindo custos de
1.1) E o calor solar é principalmente causado pela radiação do
instalação.
infravermelho e visível.
No quarto relatório realizado pelo Painel Internacional de Mudanças Climáticas, o setor de edificações foi identificado como líder mundial em emissão de CO2, no entanto é caracterizado o setor com grande potencial de redução de emissões em função das estratégias projetuais, avanços tecnológicos e comportamento dos usuários. (GONÇALVES, 2015) Os primeiros edifícios de escritórios que tentaram implementar os condicionadores de ar foram no Reino Unido e nos Estados Unidos na década de 1890, tornando-se mais comuns na década de 1930 em edifícios norte-americanos. Na década de 1940 os melhores hotéis norte-americanos passaram a utilizar o ar condicionado. Esse Figura 1.1: Radiação Solar Fonte: OLIVEIRA, 2016
mecanismo, fez com que de certa maneira, os projetos de edifícios, estivessem desassociados das condições climáticas externas. (ROAF, 32
CRICHTON, NICOL, 2009). E em muitos casos a arquitetura refletiu o
e alimentados por energias limpas e renováveis, projetar
uso dessa tecnologia de maneira a modificar estratégias de projeto
edificações que apresentem baixos ganhos térmicos com grande
que utilizavam técnicas passivas de conforto, uma vez que os
massa térmica e que possam gerar baixas taxas de calor. (ROAF,
equipamentos de condicionamento de ar, por si só, respondiam de
CRICHTON, NICOL, 2009)
maneira eficiente às necessidades com relação ao clima.
Quando a intenção é a redução de energia de um edifício é
As edificações se desenvolveram em direção a grandes desperdícios
necessário reduzir a dependência dos sistemas mecânicos seja para
de energia, uma vez que já na década de 1950 o “edifício moderno”
iluminação artificial ou controle da temperatura. Dessa maneira,
apresentava sérios problemas de projeto, inclusive a criação de
quanto maior a disponibilidade de iluminação natural, menor
condições internas desconfortáveis que obrigavam o uso do
utilização de energia elétrica, e quanto melhor a qualidade do ar,
condicionamento de ar. (ROAF, CRICHTON, NICOL, 2009)
menor a dependência de condicionamento do ar. A estratégia em
Edificações representam
leves,
finas,
um
problema
e
excessivamente na
atualidade,
envidraçadas sendo
que
o
otimizar a energia passiva em projeto resulta em um ganho econômico bem como o bem-estar. (LYNCH, 2015)
condicionamento de ar não será a solução para todos os problemas.
“A iluminação natural reflete em um aumento de até 40% na
Além disso, “a qualidade do ar interno pode ser pior nas edificações
produtividade, a ventilação natural, em um aumento de até 18%; e
climatizadas mecanicamente do que naquelas com ventilação
o controle localizado das condições térmicas, em um aumento de
natural. ” (ROAF, CRICHTON, NICOL, 2009, p. 250)
até 37%”, situação que demonstra os benefícios da adoção de
Maneiras de minimizar os aspectos negativos da utilização dos
critérios passivos, que vão além do retorno financeiro. LOFTNESS;
equipamentos mecânicos seriam utiliza-los apenas nos períodos
HARTKOPF; GURTEKIN (2003 apud BODE, TUBERTINI E GONÇALVES,
mais quentes do ano, evitando o uso da refrigeração sempre que as
2015, p. 575). Embora sejam reconhecidos os benefícios da luz na
condições naturais forem viáveis. Utilizar aparelhos mais eficientes
saúde, ainda há muito a ser estudado e aprendido a respeito de 33
seus efeitos principalmente para o sistema visual. (DIAS,
mais altas as edificações, maiores os ventos e as pressões exercidas.
SCARAZZATO, MOSCHIM, BARBOSA, 2014)
” (ROAF, CRICHTON, NICOL, 2009, p.267). Nesse sentido edifícios
Projetar edificações com técnicas passivas de conforto aos usuários
altos carregam o grande potencial de utilização de aero geradores
requer conhecimento. Os conflitos em um projeto não estão apenas
como meio de gerar energia. Os piores impactos climáticos em
entre condicionantes ambientais, funcionais, estéticos, econômicos,
edifícios altos estão relacionados aos ventos, dado que conforme a
muitas vezes residem nos conhecimentos teóricos, havendo uma
altitude a velocidade dos ventos aumenta, e assim, maior será a
interligação
entre
diferença de pressão entre a base e topo do edifício, elevando
desempenho da térmica, iluminação, ventilação, acústica entre
gradualmente as pressões do ar sobre as fachadas. (ROAF,
outros. Aberturas grandes nas fachadas colaboram para uma boa
CRICHTON, NICOL, 2009, p.275) Apesar da dificuldade da
iluminação, porém podem prejudicar aspectos térmicos. Proteções
construtibilidade de proteções em edifícios arranha-céu, o
solares quando má dimensionada pode prejudicar a iluminação
desenvolvimento de técnicas e tecnologia aplicada à envoltória
natural. O embasamento teórico serve, portanto, para minimizar
para alcance do desempenho e conforto são essenciais.
aspectos
(MONTEIRO,
Quanto mais exposto ao clima, maiores custos serão destinados à
BITTENCOURT, YANNAS, 2015) É indispensável a aplicação de
calefação e refrigeração, maiores serão as velocidades dos ventos
conhecimentos técnicos para dimensionamentos, podendo ser
que o atingem, mais difícil sua vedação e o aumento da pressão dos
explorado o potencial dos materiais para alcance de melhores
ventos sobre o fechamento aumentará as perdas térmicas. Quando
resultados.
o edifício está isolado, quanto maior seu gabarito mais exposto ao
“É extremamente difícil colocar elementos de sombreamento
sol ele estará e consequentemente maiores são as chances de
externos em uma fachada muito grande sem que se corra o alto
superaquecimento. Sendo assim, mais caro e difícil mantê-lo
risco de desprendimento, devido aos ventos e ao clima, e quanto
confortável internamente. Da mesma maneira, quanto mais alto,
direta
negativos
entre
e
resultantes
valorizar
os
de
estratégias
positivos.
34
maior será a sombra projetada por ele, ocasionando o
do ambiente ou do pé direito. E 48% das capitais não estabelecem
sombreamento de grandes áreas da vizinhança MEIR; ETZION;
nenhuma diretriz entre a relação das aberturas e profundidade.
FAIMAN (1998 apud ROAF, CRICHTON, NICOL, 2009)
(LARANJA, CAMPOS E ALVAREZ, 2014)
O pé direito e a relação entre profundidade e comprimento de um
No que diz respeito ao Código de Obras e Edificações do Município
ambiente são outros fatores que influem no desempenho da
de São Paulo (COE), (Lei nº 11.228/2008) há diretrizes quanto a essa
iluminação e ventilação. Essa questão é tratada de maneira
questão, estabelecendo profundidade igual a três vezes a largura do
diferente entre os autores, Barbosa (2010) estabelece a
ambiente e seu pé direito. Quanto às aberturas, deverão ter
profundidade do ambiente através da altura da abertura.
dimensões de 15 ou 10% da área do ambiente dependendo do uso.
(BARBOSA, 2010)
(COE, 2008)
Segundo Monteiro et al. pés direitos mais altos favorecem o
Para cada ambiente, é estabelecido pela Norma ABNT NBR 8995-1
conforto térmico, uma vez que o ar mais quente e denso tende a
(Iluminação de ambientes de trabalhos parte 1), valores adequados
subir e se afastar da área útil do ambiente, ainda criam maior
para o desempenho de cada função. Todo caso, em locais de
circulação do ar colaborando para renovação do mesmo.
trabalho contínuo, por exemplo, a iluminância mantida não pode
(MONTEIRO, BITTENCOURT, YANNAS, 2015)
ser inferior a 200 lux. (ABNT NBR 8995-1, 2013). Essas
O Código de obras é responsável por estabelecer regulamentações
especificações auxiliam o profissional arquiteto a projetar edifícios
e
utilizadas
pela
que sejam aptos a boas condições de utilização. O intuito seria
edifícios.
Em
maximizar o aproveitamento da iluminação natural, fazendo com
aproximadamente 52% das capitais brasileiras, a questão da
que o uso da artificial seja minimizado. Porém o que ocorre
profundidade do ambiente para promover boa qualidade de
atualmente é que em algumas concepções de espaços, a iluminação
iluminação natural é tratada como um valor variável entre a largura
artificial não tem sido empregada como maneira complementar,
promover
administração
diretrizes, municipal
que
são
para
também fiscalizar
35
desconsiderando, portanto, o potencial da iluminação natural no
Iluminação adiciona
2000 - 3000 -
Tarefas visuais exatas e
partido do projeto.
para tarefas visuais
5000
prolongadas, eletrônica de
difíceis
tamanho pequeno.
Conforme NBR 5413 (1992) são estabelecidos os valores
5000 - 7500 -
Tarefas visuais muito exatas,
recomendados para iluminação mínima necessária para realização
10000
montagem de microeletrônica.
das tarefas em um ambiente. (Tabela 1.1)
10000 - 15000 -
Tarefas visuais muito especiais,
20000
cirurgia.
Classe
Iluminânica Lux
Tipo de atividade
A Iluminação geral
20 - 30 - 50
Áreas públicas com arredores
para áreas usadas interruptamente ou
escuros 50 - 75 - 100
com tarefas visuais simples
Orientação simples para permanência curta
100 - 150 - 200
200 - 300 - 500
Recintos não usados para trabalho
Tabela 1.1: Iluminância recomendada pela Norma NBR 5413 por classe de tarefas visuais Fonte: NBR 5413, 1992
Nabil e Mardaljevic (2006) propõem que abaixo de 100 lux a iluminação é insuficiente, de 100 a 500lux são suficientes com possibilidade de iluminação artificial complementar, entre os
contínuo, depósitos.
valores de 500 a 2000 lux, são insuficientes e acima de 2000 lux são
Tarefas com requisitos visuais
excedentes (NABIL; MARDALJEVIC, 2006)
limitados, trabalho bruto de maquinaria, auditórios.
Segundo os estudos de Gonçalves et al. (2015) sobre os Canyos na
Tarefas com requisitos visuais
cidade de São Paulo, foi constatado que o indicado deveria ser
para área de
normais, trabalho médio de
manter as janelas com as dimensões suficientes para a iluminação
trabalho
maquinaria, escritórios.
natural e evitar a entrada excessiva de radiação solar difusa devido
1000 - 1500 -
Tarefas com requisitos especiais,
a grandes vãos sem proteções solares. Em sua pesquisa ele ainda
2000
gravação manual, inspeção,
Iluminação geral
500 - 750 - 1000
indústria de roupas.
constatou que as paredes paralelas oferecem condições mais 36
favoráveis para a iluminação natural do que em ambientes com
1.3 VIDROS E ENVOLTÓRIAS
recortes. (GONÇALVES; MELLO; MIANA, ROSA, 2015) A proteção solar em edificações apresenta relevância para o Técnicas que otimizam o edifício vêm ganhando visibilidade ao longo dos anos devido sua importância. A arquitetura bioclimática é um exemplo disso, pois leva em consideração técnicas passivas e condicionantes ambientais como meio de ampliar a eficiência da edificação.
controle de calor incidente no ambiente interno, e quando bem empregada, não apresenta prejuízo da qualidade e quantidade de iluminação natural necessária para desenvolver as atividades internas. Alguns tipos de proteção são: vidros especiais, persianas, brise soleil etc. Com relação ao vidro, sua utilização na construção
A orientação do edifício de maneira adequada interfere no
civil é aplicada em diversos elementos, sendo eles, esquadrias,
consumo de energia, assim como a distribuição interna do layout. O
fachadas de edifícios, escadas, pisos, utensílios decorativos, etc.
projeto deve tirar proveito das posições mais privilegiadas em relação ao sol, podendo tornar-se um partido para definição dos ambientes internos, aberturas, proteções, implantação, layout, inclusão de placas fotovoltaicas etc. Ao analisar quais as soluções de projeto que podem colaborar com melhores performances do edifício, uma série de itens pode ser listada dentre elas: materiais construtivos, revestimentos aplicados, protetores solares, entre outros.
Devido ao aperfeiçoamento tecnológico e a diversidade da oferta do produto, seu emprego em edificações tem sido aplicado em grande escala e contribuiu para maior liberdade nos projetos de arquitetura. Dessa maneira, tornaram-se possíveis edifícios mais complexos e que representem maior eficiência atrelada à estética. Porém o uso excessivo de vidros na envoltória resulta em alguns problemas, ocasionados devido às grandes aberturas, como ruídos externos, excesso de ofuscamento e incidência dos raios solares acarretando em superaquecimento. (MASCARÓ, 1991). Além disso, falta de privacidade, dificuldade na distribuição do layout no 37
interior dos ambientes e altos níveis de iluminação que prejudicam
Interiors) processo no qual ocorre o equilíbrio entre o excesso de
o uso de computadores devido ao ofuscamento, causando fadiga e
ofuscamento pela grande incidência de iluminação natural próximo
desconforto aos ocupantes. (ROAF, CRICHTON, NICOL, 2009)
às aberturas e necessidade de iluminação artificial à medida que se
A “iluminação natural de alto desempenho se refere à capacidade
distancia das aberturas. (GONÇALVES, BAKER, 2015)
técnica de equilibrar a utilidade da iluminação natural para realizar
Com o passar dos anos a indústria vidreira foi se desenvolvendo e
certa tarefa, com as vantagens da comunicação visual com o
criando novas tecnologias e possibilidades para utilização deste
exterior e sem o impacto do superaquecimento e do ofuscamento.
material na construção civil. A figura 1.2 demonstra a linha do
Isso é alcançado por meio de soluções de projeto como as bandejas
tempo dos tipos de vidros. Podemos observar quão recente é o
de
precisamente
desenvolvimento de vidros que apresentam melhor desempenho e
dimensionados, que melhoram a distribuição da luz natural no
variabilidade devido à aplicada da tecnologia. É um material que
ambiente. ” (GONÇALVES; BAKER, 2015)
oferece
Foram criadas também, estratégias como a iluminação suplementar
intempéries.
luz
e os
elementos de
sombreamento
transparência,
estanqueidade
e
proteção
contra
permanente (PSALLI, Permanent Supplementary Artificial Lighting in
Figura 1.2: Linha do tempo sobre produção de vidros Fonte: Adaptado por LEONE, 2017 de OLIVEIRA, 2016 38
Quando os raios solares atingem a superfície do edifício, parte da
expresso em um valor que varia de 0 a 1 ou 0 a 100%. (Como fator
radiação incidente é refletida, outra absorvida pelo vidro e outra é
de grandeza, um vidro incolor de 4mm apresenta um TL de 87%, em
transmitida ao interior do ambiente, conforme ilustração da figura
contrapartida um vidro de controle solar pode atingir valores de TL
1.3. A radiação solar resulta em luz e calor. (OLIVEIRA, 2016)
menor do que 10%, significa dizer que menos de 10% da luz passa pelo vidro). (OLIVEIRA, 2016). A figura 1.4 demonstra esquematicamente o comportamento da energia proveniente da radiação incidente no vidro de controle solar, na qual parte é absorvida, refletida, re-emitida e incidente diretamente ao ambiente interno.
Figura 1.3: Efeito da radiação solar no vidro Fonte: OLIVEIRA, 2016
O desempenho do vidro representa o equilíbrio entre os valores de transmissão luminosa (TL) e o fator solar (FS). (VIDRO IMPRESSO, 2015) A transmissão luminosa é a quantidade de energia luminosa que passa pelo vidro e o fator solar corresponde à quantidade de energia que passa diretamente mais uma parcela de energia que é re-irradiada para dentro do edifício. Quanto maior o fator solar, maior a entrada de energia através do vidro. Normalmente é
Figura 1.4: Vidro de controle solar Fonte: OLIVEIRA, 2016 39
sem grandes prejuízos da luz natural útil. ” (GONÇALVES; BAKER, Em climas quentes na qual há a necessidade de aquecimento no
2015)
inverno e resfriamento no verão, o menor fator solar deve ser
Em edificações contemporâneas pode-se observar a utilização de
privilegiado, enquanto que o TL é importante para não resultar em
fachadas dinâmicas, na qual os elementos das fachadas são
ambientes claros com ofuscamento. (OLIVEIRA, 2016)
modificados de acordo com as mudanças climáticas e necessidades
Quando o vidro absorve energia ele aquece e se deforma. A
do ambiente. Essa tecnologia engloba tanto os vidros como
condição ideal deveria apresentar transmitância de luz 100% e fator
protetores solares da edificação. Os vidros como revestimento de
solar 0%, porém, essa situação é inexistente uma vez que quando
fachadas
se passa luz, de alguma maneira há também calor. Na utopia
proporcionando integração entre o meio interno e externo através
humana, essa situação representaria um material o mais
da visibilidade. Existem vários tipos de vidros, e podem ser
transparente possível que não permitisse a entrada de calor.
garantem
o
aproveitamento
da
luminosidade,
denominados em:
Portanto, quanto mais o vidro se aproximar dessa realidade, melhor
Acidado – Vidros trabalhados de acordo com a aplicação de ácidos
ele será. (OLIVEIRA, 2016)
sobre o material.
Em climas quentes a maior preocupação é o fator solar, se
Aramado – Conhecido também como um vidro de segurança,
comparado à transmitância térmica (fator U), a carga térmica é
possui uma malha de aço internamente, que em caso de quebra,
muito maior por radiação do que por condução. No Brasil temos
evita o atravessamento. O ônus desse material é a oxidação da
abundância de luz, e de infravermelho. (OLIVEIRA, 2016)
placa de aço no seu interior. (OLIVEIRA, 2016)
“Vidros absorventes que reduzem a transmissão da parte invisível
Anti-Arrombamento – O propósito desse material é que com a
do spectrum exercem um efeito de redução dos ganhos solares,
quebra, o vão permaneça fechado, impedindo que a pessoa 40
atravesse para o outro lado. Não são robustos, mas contém
Curvo – A conformação do vidro, é realizada de acordo com o
películas de PVB.
aumento da temperatura da superfície. (OLIVEIRA, 2016)
Anti-reflexivo – Recebe em sua composição uma película que
Duplo insulado - Entre um vidro e outro, tem-se o espaçamento de
suaviza os reflexos de luz.
ar ou gás que dificulta a transmitância térmica entre uma superfície
Autolimpante – Processo no qual os raios solares desencadeiam a
do material e outra (valor U). Oferece ganhos em acústica, contribui
decomposição das sujeiras orgânicas presentes na superfície do
quanto ao isolamento térmico em até cinco vezes mais do que um
vidro, reduzindo sua aderência. (OLIVEIRA, 2016)
vidro convencional e diminui em até 30% o fator solar, sendo
Coloridos (fator solar) – Aumenta o grau de absorção solar devido aos óxidos metálicos coloridos, garantindo níveis de absorção de radiação solar maior e diminui uma porção da radiação solar
possível integrar persianas internas entre os vidros, podendo ser reguláveis, automatizadas ou manuais. (OLIVEIRA, 2016) podendo ser incorporadas ao caixilho com dois vidros para controle de ruído. (FROTA, 2004)
transmitida. (OLIVEIRA, 2016) Controle solar - O vidro denominado de proteção solar desempenha a função de atingir índices satisfatórios de conforto no
Espelho – Vidro com alto índice de reflexão de lux devido a camada de prata presente em sua composição.
ambiente, e colabora com a eficiência energética da edificação. O
Float ou comum - Representam um tipo de produção de vidro e
controle solar é proveniente da aplicação de partículas de metais
que servem como base para a produção de outros vidros.
em escala nanométrica, que revestem o vidro e o torna capaz de
(OLIVEIRA, 2016)
filtrar a radiação solar, visando a máxima transmissão de luz e
Fotovoltaico - É constituído por lâminas de células fotovoltaicas,
mínima radiação. O teor de metalização é o item responsável pela
permitindo a absorção da radiação solar e conversão da energia em
maior passagem de luz ou calor. (VIDRO IMPRESSO, 2014)
eletricidade. 41
Impresso – Produzido num processo diferente do vidro float. O
Vidros coloridos e refletidos também são utilizados com finalidade
material passa por uma calandra ao sair do forno, resultando em
de redução dos problemas causados pelo ofuscamento devido à
um design ao vidro. (OLIVEIRA, 2016)
diminuição da transmitância luminosa de até 25%. Porém nota-se o
Inteligente/ dimerizável/ Polarizado ou Cristal líquido - Também
escurecimento dos ambientes internos, e grande parte das ondas
chamado como Smart Glass controla a passagem de luz, brilho e
de calor continuam a passar, além disso, há efeitos negativos para o
calor. Seu funcionamento se dá através de uma corrente elétrica na
entorno devido à reflexão da radiação direta. (GONÇALVES; BAKER,
qual os polímeros dispersos se alinham de maneira uniforme,
2015)
permitindo assim a passagem da luz, ou quando dispersos,
Película climatizada – Aplicada na superfície do vidro (interna ou
impedem a passagem da mesma. (VIDRO IMPRESSO, 2014)
externamente) com a finalidade de filtrar os raios UV e bloquear
Jateado – Desenvolvido de maneira que areia ou pós-abrasivos
raios infravermelhos. (VIDRO IMPRESSO, 2015)
formam desenhos no vidro.
Resistente à bala – São vidros dimensionados a resistir a calibres de
Laminado – Composto por duas ou mais chapas de vidro, com
armas de fogo. (OLIVEIRA, 2016)
placas que os separam, sendo elas PVB (polividrobutiral), EVA, ou
Serigrafado - Processo de pintura no vidro a quente, com esmalte
resina de cura acética e catalítica. Em caso de quebra, os cacos
cerâmico a base de quartzo de sílica com pigmento que se funde na
ficam presos ao plástico (por exemplo, o PVB).
superfície do vidro através de um forno de têmpera. (OLIVEIRA,
Metalizado (Refletivo) – Podem ser produzidos através de dois
2016)
métodos de produção: Camada off-line ou on-line/ pirolítico.
Temperado – Vidro float submetido a um forno de têmpera. Esse
Consiste na aplicação de uma camada metalizada (diferentes metais
processo aumenta a resistência mecânica interna do material,
ou óxidos metálicos) no vidro. (OLIVEIRA, 2016)
sendo até cinco vezes superior se comparado a um vidro comum. 42
Ao quebra-lo, é rompido em pequenos pedaços. Tem por finalidade
A norma que estabelece a aplicação para cada tipo de vidro ou
manter a cor original do vidro e bloquear os raios ultravioletas e
mesmo a necessidade de combinação entre tipos de vidros e
infravermelhos. A adoção desse elemento em edificações já
películas é a NBR 7199. (VIDRO IMPRESSO, 2014)
construídas, se dá com grande ênfase devido aos custos mais baixos
A utilização de fachadas exclusivamente de vidros, podem não
se comparados a outros meios, resultando em menor investimento
resultar em uma boa opção, devido ao efeito estufa causado pelas
e intervenção. (VIDRO IMPRESSO, 2014)
radiações solares que atravessam o vidro e aquecem os objetos do
A importância da redução de calor advindo da radiação solar está
ambiente interno, que por sua vez, também irradiam calor. Desta
na busca em melhorar o conforto, reduzir o consumo de energia
maneira a temperatura interna tende a aumentar. (MASCARÓ,
elétrica com ar-condicionado, resultando em menores gastos
1983)
financeiros e menor emissão de CO2, reduzir a perda de energia
Mascaró (1991) cita estudos1 no qual comprova que “edifícios-torre
durante o inverno e aumentar a sensibilidade luminosa. (OLIVEIRA,
de fachadas envidraçadas e não protegidas da radiação solar (e,
2016)
consequentemente,
A escolha do tipo de vidro para o projeto deve adequar-se às
consumir, em média, durante sua vida útil, 23 vezes mais energia
necessidades particulares de cada situação, levando em conta
que a necessária para sua produção. Em pouco mais de dois anos
estética, dimensões do material a ser aplicado e a luminosidade
de uso, este tipo de edifício consome uma quantidade de energia
pretendida. A importância em fazer escolhas assertivas com relação
equivalente àquela gasta na sua construção; enquanto para prédios
à proteção solar do edifício está em alcançar conforto luminoso,
de escritórios com fachadas protegidas o tempo é de dez anos. ”
climatizados
artificialmente)
chegam
a
aquecimento adequado do ambiente e redução do consumo de energia. 1
Estudo realizado por MACARÓ J. Consumo de energia e construção de edifícios. São Paulo, SECOVI, 1980 43
(MASCARÓ, 1991, p. 113). Além disso, a insolação é a principal
apresentadas no quadro 1.1. As referências das imagens e
causa de desconforto térmico em edificações. (LABCON, 2009 a)
informações correspondentes às obras estão disponíveis no
Foi feito um levantamento a respeito das soluções inovadoras
Capítulo 1 item 1.6 Fontes referentes aos quadros.
abordando o uso de vidros na construção civil. Essas soluções são Obra
Sede Hanwha
La Defense
Beijing Greenland Center
École polyvalente + Haltegarderie
GreenPix
Arquiteto
Un Studio
UN Studio
SOM
Brenac+Gonzalez
Local/Ano
Almere, Holanda Países Baixos/ 2004 Escritório
Pequim, China/ 2016
Paris, França/ 2011
Uso
Seul, Coréia do Sul/ 2013 Não informado
Educacional
Status Imagem
Construído a
Construído b
Comercial, Escritórios e residencial. Projeto c
Construído d
Simone Giostra & Partners Beijing, China/ 20052008 Complexo de entretenimento Projeto e
Obra Arquiteto
Wanda Reign Hotel Make Architects
United States Courthouse SOM
Local/Ano
Wuhan, China/ 2013
HelioTrace ABI, SOM, e Grupo Permasteelisa -
Não informado IWU e Dep. Têxtil e Design de Superfície. Berlim/2017
Uso
Hotel
Los Angeles, Califórnia/ 2016 Tribunal
POLA Ginza Building SOM, Nikken Sekkei + Yasuda Atelier Tokyo, Japan/ 2009 Showroom Fabricante de
Edificações no geral
Edificações no geral 44
Status Imagem
Construído f
Em construção g
cosméticos Construído h
Projeto i
Projeto j
Quadro 1.1: Estratégias de projetos visando maior eficiência em envoltórias de vidro em busca de conforto Fonte: Elaborado por LEONE, 2017
A Sede Hanwha projetada pelo Un Studio, contém uma envoltória
teve o objetivo de melhorar o desempenho térmico do edifício e
de alta performance que se transforma com as mudanças da
obter redução do ganho de calor solar uma vez que as saliências
luminosidade, tornando-se opaca, translúcida ou transparente a
sombreiam as demais áreas. Segundo o escritório, a solução quanto
partir da observação por diferentes ângulos e pontos de vista.
à forma da fachada obtém melhores resultados se comparada com
La Defense, edifício também projetado pelo UN Studio possui o
o desempenho de uma fachada de vidro totalmente plana.
vidro integrado ao papel de alumínio multicolorido que, ao captar a
A
luz ao longo do dia, produz alternância de cores nas fachadas.
Brenac+Gonzalez utiliza vidro serigrafado translúcido com formatos
A fachada do Beijing Greenland Center do escritório Skidmore,
em círculos transparentes. A superfície translúcida funciona de
Owings, and Merrill (SOM) possui vidro trapezoidal. Essa estratégia
modo a filtrar a luz solar.
obra
École
polyvalente
+
Halte-garderie
do
escritório
45
O projeto GreenPix de Simone Giostra & Partners possui fachada
dispositivos de iluminação LED que fornecem várias cores à
em LED, que capta a luz solar durante o dia e ilumina o edifício no
fachada.
período da noite. Contém ainda, um sistema fotovoltaico integrado
O projeto HelioTrace desenvolvido por uma Joint venture entre a
em uma parede da cortina de vidro.
Adaptive Building Initiative (ABI), com Skidmore, Owings, and
No projeto Wanda Reign Hotel autoria de Make Architects, foram
Merrill (SOM), e o Grupo Permasteelisa desenvolveu um sistema de
utilizados vidros no qual cada módulo é composto por alumínio
fachada de cortina cinética responsivo.
altamente reflexivo e angular, tanto em planta como em corte, para
Os pesquisadores do Institute for Machine Tools and Forming
proteger os quartos do ganho solar.
Technology IWU em Dresden e do Departamento de Têxteis e
No projeto United States Courthouse do escritório Skidmore,
Design de Superfície em Weissensee School of Art, desenvolveram
Owings, and Merrill (SOM) foram utilizados painéis transparentes
um sistema de sombreamento passivo e automático no qual
na fachada voltada para o Norte e Sul com objetivo de maximizar a
delicadas flores de tecido se desdobram na fachada, quando
entrada da luz do dia, enquanto que os painéis opacos e
aquecidas pela luz solar, ajudando a manter edifícios de vidro em
semitransparentes localizados a leste e oeste minimizam o ganho
uma temperatura agradável. Espera-se que esteja comercialmente
de energia solar térmica. Segundo o escritório esta estratégia reduz
disponível em 2017.
as cargas térmicas em nove por cento.
Apenas o vidro como elemento de vedação da edificação é incapaz
A obra POLA Ginza Building desenvolvida pelos escritórios
de proporcionar um bom nível de controle ambiental sendo
Skidmore, Owings, and Merrill (SOM), juntamente com o escritório
necessário ser reforçado com camadas ou áreas de opacidade como
Nikken Sekkei + Yasuda Atelier possui painéis de policarbonato
estratégia para aumentar o desempenho térmico. (MOUSSAVI,
cinéticos instalados entre o vidro duplo, juntamente com os
2008) A pele dos edifícios tem adquirido maior complexidade à 46
medida que novas tecnologias digitais e mecânicas se incorporam em suas camadas. (KOLAREVIC, 2003) Estudo relevante a respeito da envoltória dos edifícios vem sendo desenvolvidos pela arquiteta e bióloga Doris Kim Sung, que trabalha com termo-bimetais, explorando a bioarquitetura, fazendo uma associação entre a envoltória do edifício e a pele humana. Estuda materiais inteligentes (lâminas formadas por metais) que dependendo da quantidade de calor que recebem através da radiação solar, se deformam, não necessitando de controle ou energia. (Figura 1.5) A pele humana é o órgão responsável por regular o calor no corpo, trabalhando de forma dinâmica e eficiente. Estas características correlacionam o interesse pela aproximação da pele do edifício à
Figura 1.5: Instalação Bloom de Doris Kim Sung Fonte: http://blog.ted.com/four-very-fresh-ideas-about-air-conditioning/
humana. A partir deste conceito foi criada a instalação “Bloom”, com aproximadamente 14 mil lâminas que reagem ao sol. A pesquisa tem a finalidade de se aplicar a fachadas dinâmicas de edifícios. (MAY, 2012)
47
1.4 PROTEÇÕES SOLARES
especiais, toldos, cortinas e persianas, elementos vazados e pérgolas.
No cenário internacional, apenas nas décadas de 1960 a 1980, a arquitetura comercial em cidades americanas e europeias não utilizavam
estratégias
de
sombreamento,
considerando-as
inconvenientes à imagem dos edifícios, que poderiam ser substituídas pelo uso de sistemas de ar condicionado. (GONÇALVES; BAKER, 2015) Os brises soleils ou quebra sol são dispositivos que desempenham a função de proteger o edifício dos raios solares, fazendo com que minimize ou impeça a entrada direta da radiação solar auxiliando quanto ao controle da incidência de luz solar, sombreiam os
“Mais do que uma simples adaptação ou apêndice às fachadas, ele é fruto de uma longa evolução dos sistemas de proteção contra uma radiação solar intensa, às vezes excessiva”. (FRETIN, 2009). Frequentemente são utilizados em envoltórias de vidro, mas podem também, serem utilizados em paredes e coberturas com a mesma finalidade de reduzir a incidência da radiação solar. (FROTA, 2004) Estudos com relação às possíveis variações de proteção são utilizados no processo de projeto para alcançar soluções alternativas com o objetivo de otimizar desenhos e execução. (BOLLINGER, GROHMANN, 2013)
espaços, resultando no controle de ganho de calor solar, melhorando as temperaturas internas do edifício. Podem apresentar diversos formatos e estarem dispostos em ângulos variados, sendo caracterizados como proteções horizontais, verticais e mistos (vertical e horizontal). E quanto suas características mecânicas, podem ser fixos ou móveis. Outras maneiras de proteção destacam-se, varanda, marquise, telas
Quando posicionado no ambiente externo, controla a radiação antes que ela alcance a envoltória do edifício. Visto que as trocas de energia mais intensas ocorrem antes da energia solar atingir o corpo do edifício. Já a proteção interna, representadas por persianas e cortinas, também desempenham a função do bloqueio dos raios solares diretos, porém nesse caso, o controle torna-se menos eficiente, pois a radiação já atravessou o vidro e alcançou o interior do ambiente. (FROTA, 2004) A adoção desses elementos 48
resulta em ambientes mais escuros e por consequência, maior
estreitas e envoltórias que pudessem colaborar com a iluminação.
necessidade de iluminação artificial. (GONÇALVES; BAKER, 2015)
Ao tratar-se de um edifício, a fachada não representa apenas uma
Portanto, ao analisar as estratégias de projeto para bloqueio dos
parte da arquitetura, mas uma interface com o meio externo e
raios solares e consequente massa térmica, as disposições de
dessa maneira integra a área interna e externa da edificação.
elementos de sombreamento externos ao edifício são mais
Na atualidade, com a inovação quanto à forma das edificações, as
eficientes se comparados à implementação de persianas internas
proteções passaram a ser incorporadas às soluções estéticas e
para a mesma finalidade. Enquanto o sombreamento externo é
acompanharam estratégias tecnológicas para desenvolvimento e
capaz de barrar a radiação solar, sua configuração pode não
aplicação do seu conceito. Nas zonas climáticas do Brasil,
prejudicar a iluminação natural, nem as vistas para o exterior, já os
elementos para proteção solar de sombreamento, desenhados de
mecanismos internos não possuem essa propriedade. (COTTA;
forma adequada, resultam em uma das estratégias mais
VIEIRA, 2015). Porém as diferentes possibilidades de composição do
importantes para o bom desempenho ambiental dos edifícios,
sombreamento externo apresentam resultados distintos com
quando comparado às possibilidades de redução da demanda
relação ao aproveitamento da iluminação natural, acesso ao sol,
energética. (GONÇALVES; BAKER, 2015)
comunicação visual, ventilação natural assim como no microclima
A escolha pela solução de proteção solar é aplicada conforme dados
criado no entorno imediato (GONÇALVES, BAKER 2015). Portanto,
da latitude, orientação das fachadas, entorno imediato que possa
esses fatores devem ser avaliados no processo de projeto.
obstruir a abóboda celeste ou causar sombreamento. Os materiais
Com a ocupação dos ambientes internos em edifícios para trabalho,
mais utilizados para os dispositivos são: placa de concreto armado,
a iluminação natural mostrou-se de grande importância e em busca
placas de concreto celular, chapa de aço, chapa de aço perfurada,
de aperfeiçoar as estratégias arquitetônicas, foram desenvolvidos
perfis de alumínio, podendo ser utilizadas telas, vidro, entre outros.
diferentes tipos de janelas, claraboias, pátios e plantas com formas
(FROTA, 2004) 49
As proteções são denominadas Fatores de Sombra. Sua eficiência é
ambiente e também deve ser estudado quanto ao seu aspecto
resultante do desenho geométrico, (altura solar cuja radiação deve
geométrico.
ser protegida pelo fator de sombra) e do fator de reflexão do
Alguns exemplos com utilização variada de tipos de proteção solar
material utilizado, (quantidade de luz que incide indiretamente por
podem ser vistos no quadro 1.2. O critério de escolha das obras
reflexão por meio das superfícies do fator de sombra). (MASCARÓ,
consistiu na multiplicidade das formas de exploração de um
1991).
determinado elemento na arquitetura. Os exemplos apresentam
Em aberturas que não contêm proteção solar, a luz natural
obras que se encaixam nos critérios determinados, não excluindo o
transmitida depende da transmissão do vidro e do ângulo de
fato de um mesmo projeto poder se adequar em mais de uma
incidência da luz. Porém o uso de componentes de proteção solar
posição. Nessa pesquisa, foram denominadas ‘solução de fachada’,
pode modificar a trajetória da luz natural, alterando a iluminação
as proteções solares que se integram à estética e concepção da
no interior do ambiente, devido aos múltiplos processos de
forma do edifício. Já as ‘proteções solares tecnológicas’ são aquelas
reflexões entre os elementos de controle solar. (BOGO; PEREIRA;
na qual a tecnologia está intrínseca à sua função.
CLARO, 2009). Uma alternativa de proteção horizontal é a prateleira de luz (light shelf), que distribui a iluminação no interior do
50
PROTEÇÃO HORIZONTAL Obra
Dynamic Tower
Galeria de Centro Tecnológico Leitat
Edifício Niemeyer
Edifício Aqua
Centro de Salud Mediterráneo Norte
Arquiteto
Pich Architects
Oscar Niemeyer
Studio Gang
Ferrer Arquitectos
Barcelona, Espanha/ 2015
Almería, Spain/ 2010
Centro de Tecnologia
Minas Gerais, Brasil/ 1954 Residencial
Chicago, EUA/2010
Uso
Guido Bondielli Architects Rússia - São Petersburgo/ 2005 Residencial
Saúde
Status Imagem
Projeto A
Projeto B
Construído C
Misto – Residencial, Hotel e Escritórios Construído D
Local/Ano
Construído E
Quadro 1.2: Proteção solar horizontal Fonte: Elaborado pela LEONE, 2017
51
O quebra-sol horizontal está presente no projeto Dynamic Tower,
resultando em uma fachada sombreada, em decorrência da
de autoria do escritório Guido Bondelli Architects; Galeria de Centro
geometria da proteção, cujos elementos também estão dispostos
Tecnológico Leitat, autoria de Pich Architects; Edifício Niemeyer, do
de maneira não uniforme.
Oscar Niemeyer; Edifício Aqua do Studio Gang e Centro de Saúde
O Edifício Niemeyer apresenta proteções contínuas, de mesma
Mediterrâneo Norte, de Ferrer Arquitectos.
espessura e comprimento em toda sua extensão e pavimentos.
É possível notar que a utilização de proteção horizontal em edifícios
Diferentemente do Edifício Aqua, que apesar de utilizar proteções
contemporâneos explora variações da composição, seja na
em todo o pavimento, possuem geometrias curvilíneas fixas
espessura das peças, na continuidade ou descontinuidade da forma,
diferentes entre si. Desta forma, há locais em que a luz solar
ou na largura das peças, inserindo muitas vezes, elementos
penetra mais facilmente nos ambientes internos e áreas mais
curvilíneos e trazendo ao projeto uma estética que não consiste
protegidas.
apenas na repetição de elementos no decorrer dos pavimentos,
O Centro de Saúde Mediterrâneo Norte apresenta proteções
quebrando a monotonia da repetição.
móveis com mesmas dimensões, mas criam dinamicidade na
As aplicações de proteções solares estão relacionadas à criatividade
fachada, pois com a manipulação dos mesmos, novas configurações
dos arquitetos, podendo resultar em diversas soluções. O projeto
estéticas são apresentadas.
Dynamic Tower explora esse elemento com laminas fixas de pouca
As proteções verticais são empregadas nos edifícios Burton Barr
espessura e espaçadas de forma variada. Não apresenta a
Central Library do escritório Bruder & Partner; Biblioteca e Centro
continuidade da geometria como costumavam ser explorados há
Cultural Nembro do Studio Archea; FRAC Centro de Arte
algum tempo atrás.
Contemporânea de Kengo Kuma; Edifício Charles David Keeling
A Galeria do Centro Tecnológico Leitat utiliza os elementos de
Apartments de Kieran Timberlake e Unites States Census Bureaus
proteção com larguras maiores se comparados a Dynamic Tower, 52
Headquarters do escritório HKS e Skidmore, Owings & Merril (SOM), conforme quadro 1.3.
PROTEÇÃO VERTICAL Obra
Burton Barr Central Library
Biblioteca e Centro Cultural Nembro
FRAC (Centro de Arte Contemporânea)
Charles David Keeling apartments
United States Census Bureau Headquarters
Arquiteto
Bruder+Partners
Studio Archea
Kengo Kuma
Kieran Timberlake
Local/Ano Uso
Phoenix, EUA/ 1995 Biblioteca
Bergamo, Itália/ 2002 Biblioteca
San Diego, EUA/ 2011 Residencial
Status Imagem
Construído A
Construído B
Marseille, França/2012 Museu, sala de conferências, habitação, escritórios e café Construído C
HKS Skidmore, Owings & Merrill Suitland, EUA/ 2007 Agência federal
Construído D
Projeto E
Quadro 1.3: Proteção solar vertical Fonte: Elaborado pela LEONE, 2017
53
A biblioteca Central Burton Barr contém proteções solares verticais
As proteções mistas, ou seja, com utilização simultânea de proteção
de tecido acrílico e revestidas com teflon na fachada Norte, para
horizontal e vertical podem ser vistas nas obras A’Beckett Tower de
proteção contra os raios solares. Sua geometria foge do padrão
Elenberg Fraser; Mokuzai Kaikan de Nikken Sekkei; Galeria de PMT
retilíneo, assemelhando-se ao desenho de sequências de triângulos,
de Mestura Arquitectes; Residência em Miami do Estúdio Gang e
com
Galeria de Torre Olmo do LEAP Laboratório. (Quadro 1.4)
instalação
intercalada
proporcionando
um
resultado
interessante na fachada. A Biblioteca e Centro Cultural Nembro utilizam-se da plasticidade móvel da proteção para fazer alusão aos livros da biblioteca, dispostos de maneira dispersa. O edifício FRAC Centro de Arte Contemporânea contém proteções solares móveis de painéis independentes, ou seja, cada uma das peças pode ser manuseada da maneira que for mais eficaz. O Edifício Charles David Keeling possui quebra-sol verticais com formato retilíneo em chapas perfuradas O Unites States Census Bureaus Headquarters faz uma composição com elementos de geometria curvilínea de pouca espessura, similares, porém diferentes entre si.
54
PROTEÇÃO MISTA Obra
A’Beckett Tower
Mokuzai Kaikan
Galeria de PMT
Residencial em Miami
Galeria de Torre Olmo
Arquiteto
Elenberg Fraser
Nikken Sekkei
Mestura Arquitectes
Studio Gang
Local/Ano
Shinkiba, Japão/2009
Barcelona, 2011
Miami, EUA/2014
Uso
Melbourne, Victoria Austrália/ 2010 Residencial
LEAP Laboratorio en Arquitectura Progresiva S. C. México/ 2015
Escritório
Residencial
Residencial
Escritórios
Status
Construído
Construído
Construído
Projeto
Construído
Imagem
A
B
C
D
E
Quadro 1.4: Proteção solar mista Fonte: Elaborado pela LEONE, 2017
55
A Beckett Tower é composta por proteções solares fixas na parte
Dentre as proteções com elementos torcidos, estão: Tienda
superior e uma das laterais da abertura, com repetição em todos os
Departamental Altabrisa de Iñaki Echeverria; Office Building de
pavimentos, é explorada a composição de cores aplicadas na parte
Tago Architects; Tony´s organic House de Playze Architects;
interna dos elementos.
Addenbrookes Hospital MSCP cuja fachada foi idealizada pelo
Mokuzai Kaikan é um edifício de escritórios na qual as proteções
escritório James&Taylor e Policlínica St. de 3LHD Architects.
são resultado da saliência das lajes dos pisos, que formam molduras
(Quadro 1.5)
ao redor das aberturas explorando diferentes variações ao longo do edifício. Galeria de PMT contém proteções fixas na parte superior e nas duas laterais das aberturas, formando composições idênticas nos pavimentos. O edifício Residencial em Miami apresenta proteções em todas as janelas, porém com uma composição diferenciada, através de recortes que aumentam e diminuem a largura dos elementos. A Galeria de Torre Olmo contém uma pele de folhas de metal multiperfurada com formato triangular que funciona como uma tela e colabora no controle da incidência solar e consequentemente diminui o ganho de calor no interior dos ambientes. 56
TORCIDO Obra
Office Building
Tony's Organic House
Arquiteto
Tienda Departamental Altabrisa Iñaki Echeverria
Policlínica St.
Playze Architects
Addenbrookes Hospital MSCP Fachada – James&Taylor
Tago Architects
Local/Ano
Tabasco, México/2012
Istanbul, Turquia/ 2010
Shangai, China/ 2013
Cambridge, Reino Unido/
Split, Croácia / 2010
Uso
Escritório
Clínica
Construído
Showroom e Restaurante Construído
Hospital
Status
Loja de departamento Altabrisa Construído
Construído
Projeto
Imagem
A
B
C
D
E
3LHD Architects
Quadro 1.5: Proteção solar com geometria torcida Fonte: Elaborado pela LEONE, 2017
57
A Tienda Departamental Altabrisa apresenta proteção com
Instituto do Coração de Nikl & Partner; Golf’s Tower de
geometria torcida no sentido vertical em todas as orientações,
Hackenbroich Architekten; Café-Restaurant OPEN de De architekten
ocupando a área envidraçada edificação.
Cie e Apartaments Wilanowska Warsaw de JEMS Architekci.
A obra Office Building explora esteticamente a solução, uma vez
(Quadro 1.6)
que no topo do edifício, funciona como um revestimento externo da envoltória e à medida que se aproxima da base muda de posição, dando o aspecto de rotação. No edifício Tony´s organic House, o quebra sol em posição vertical, não apresenta configuração contínua, ele é independente em cada pavimento. Addenbrookes Hospital MSCP possui proteção horizontais fixa com geometria torcida, e explora as cores, que ficam visíveis na fachada. Policlínica St. apresenta rotações dos elementos apenas em alguns pontos da fachada, criando um desenho interessante e uma relação entre interior e exterior que pode ser alterada de acordo com a alteração entre abertura e fechamento dos elementos. As proteções que apresentam articulações resultando no modelo camarão são: Departamento de Física e Astronomia de Böge Lindner K2; Universidade de Potsdam Hospital das Crianças e 58
PROTEÇÃO CAMARÃO Obra
Arquiteto Local/Ano Uso Status Imagem
Departamento de Física e Astronomia Universidade de Potsdam Böge Lindner K2
Hospital das Crianças e Instituto do Coração
Golf’s Tower
Café-Restaurant OPEN
Kiefer Technic Showroom
Nikl & Partner
De architekten Cie
Potsdam, Alemanha/2008 Universidade Construído A
Innsbruck, Áustria, 2008
Hackenbroich Architekten Lima, Peru/2008
Ernst Giselbrecht + Partner Styria, Áustria/ 2007
Hospital Construído B
Residencial Construído C
Amsterdam, Holanda/ 2007 Bar e Restaurante Construído D
Escritório e exposição Construído E
Quadro 1.6: Proteção solar tipo camarão Fonte: Elaborado pela LEONE, 2017
A Universidade de Potsdam e edifício Golf’s Tower possuem
Hospital das Crianças e Instituto do Coração possui proteções com
proteções móveis que se abrem no sentido vertical.
aspectos
de
portas
camarões,
que
abrem
e
fecham
horizontalmente.
59
No Café-Restaurant OPEN os brises se movem de maneira dinâmica
As proteções com telas e elementos perfurados são vistas nas obras
e automatizada, resultando em efeitos interessantes na fachada.
do SECC & Hydro Arena Park de KKA; Gallery of Edogawa Garage
O edifício Kiefer Technic Showroom possui proteções solares
Club Renovation de Jun’ichi Ito Architect & Associates; De Cope de
articuláveis, que variam de posição conforme a trajetória solar, e
JHK Architecten, Waurn Ponds Library and Community Hub de
mantém uma relação intrínseca com a estética do edifício.
Whitefield McQueen Irwin Alsop e Museu San Telmo de Nieto Sobejano Arquitectos. (Quadro 1.7)
TELA/ PERFURADO Obra
SECC & Hydro Arena Park
Gallery of Edogawa Garage Club Renovation Jun’ichi Ito Architect & Associates Tóquio, Japão/ 2009
De Cope
Estacionamento
Armazém
A
Construído B
Estacionamento e escritórios Construído C
Arquiteto KKA Local/Ano Uso Status Imagem
JHK Architecten Utreh, Holanda/ 2008
Waurn Ponds Library and Community Hub Whitefield McQueen Irwin Alsop Victoria, Australia/ 2012
Museu San Telmo
Biblioteca
Nieto Sobejano Arquitectos San Sebastián, Espanha, 2011 Cultural, Museu
Construída D
Construído E
Quadro 1.7: Proteção solar em tela/ perfurado Fonte: Elaborado pela LEONE, 2017 60
Os edifícios SECC & Hydro Arena Park e De Cope possuem painéis de revestimento perfurados de alumínio que desempenham a função de proteção das áreas internas do edifício. Na Gallery of Edogawa Garage Club Renovation os painéis são de aço e possuem alterações graduais na perfuração. No Waurn Ponds Library and Community Hub a superfície externa perfurada auxilia na absorção e bloqueio da radiação solar direta. O Museu San Telmo possui placas de alumínio fundido com perfurações de variados diâmetros na fachada resultando em uma situação interessante no interior da obra. As placas não possuem o mesmo padrão, possuem quantidades distintas de furos e disposições dos mesmos na fachada. Os elementos vazados, conhecidos também como cobogós estão presentes nas obras Cap Progrés Raval de BAAS Arquitectura; Módulo Bruxelas de Gui Mattos; Lantern Hotel de ZLG Design; Parque Eduardo Guinle de Lucio Costa e Hotel Qing Shui Wan de Nota Design International pte Ltd. (Quadro 1.8)
61
ELEMENTO VAZADO/COBOGÓ Obra
Cap Progrés Raval
Arquiteto
BAAS Arquitectura
Local/Ano
Badalona, Barcelona/ 2010
Uso Status a
Edifício Comercial Módulo Bruxelas Gui Mattos Arquitetura
Lantern Hotel
Parque Eduardo Guinle
Hotel Qing Shui Wan
ZLG design
Lucio Costa
Nota Design International pte Ltd
São Paulo/ 2012
Kuala Lampur, Maladia/ 2015 Hotel Construído c
Rio de Janeiro, Brasil/ 1948 Residencial Construído D
China/ 2010
Comercial Construído B
Hotel Projeto E
Quadro 1.8: Proteção solar com elemento vazado Fonte: Elaborado pela LEONE, 2017
Essa estratégia otimiza além da entrada de iluminação no
deste componente, ora em toda a fachada, como é o caso das obras
ambiente, a ventilação. Podendo resultar em desenhos bastante
Cap Progrés Raval e Módulo Bruxelas, como em partes da fachada,
variados. As obras selecionadas demonstram utilizações distintas
utilizando-o em algum ponto especifico como nas obras Lantern 62
Hotel, Parque Eduardo Guinle e Hotel Qing Shui Wan de Nota
intrinsecamente relacionado com a exploração estética do edifício,
Design International.
como solução da envoltória. Tornando-se, portanto, essencial
As obras identificadas como ‘soluções de fachada’ representam
quanto à forma, estética e desempenho da função. (Quadro 1.9)
soluções projetuais nas quais o elemento de proteção está SOLUÇÃO DE FACHADA Obra
Sede Central - Centro de Tecnologia Hispasat Herreros Arquitectos Madrid, Spain/ 2010
Seine Arche Nanterre X-TU Architects Nanterre, França/ 2012
Gallery of Messe Basel New Hall Herzog & de Meuron Basel, Suíça/ 2013
Biblioteca Nacional King Fahad Gerber Architekten
Escritório Construído A
Residencial Construído B
Centro de exposições Construído C
Biblioteca Construído D
Centro de Convenções Sipopo Tabanlioglu Architects Malabo, Guinea Equatorial/ 2011 Centro de convenções Construído E
Uso Status
Obra
Sir Duncan Rice Library
High-Rise Office Tower
Liverpool
Nozul Lusail Marina
Suites Avenue Hotel
Arquiteto
Schmidt Hammer Lassen Architects
Ateliers Jean Nouvel
Rojkind Arquitectos
SOM/2015
Toyo Ito
Local/Ano
Aberdeen, UK/ 2012
Qatar/ 2011
Distrito Federal, México/ 2010
Doha, Qatar
Barcelona, Espanha/ 2009
Arquiteto Local/Ano
Riad, Arábia Saudita/ 2014
63
Uso
Biblioteca
Escritórios
Loja de departamento
Status
Construído F
Construído G
Projeto h
Escritório, comércio e hotel Construído i
Hotel Constrído j
Quadro 1.9: Proteção solar como solução de fachada Fonte: Elaborado pela LEONE, 2017
Exemplos desta categoria são: a Sede Central Centro de Tecnologia
O projeto do Centro de Tecnologia Hispasat, contém uma segunda
Hispasat de Herreros Arquitectos; Seine Arche Nanterre de X-TU
pele com um padrão em chapa de alumínio cujo espaçamento entre
Architects; Gallery of Messe Basel New Hall de Herzog & de
cheios e vazios variam de acordo com a necessidade de maior ou
Meuron; Biblioteca Nacional King Fahad de Gerber Architekten;
menor quantidade de luz no ambiente interno e como maneira de
Centro de Convenções Sipopo de Tabanlioglu Architects; Sir Duncan
dissipar a energia da radiação.
Rice Library de Schmidt Hammer Lassen Architects; High-Rise Office
No complexo residencial Seine Arche Nanterre foi utilizado o
Tower de Ateliers Jean Nouvel; Liverpool de Rojkind Arquitetos;
sistema Shadowglass, na qual foi impresso no vidro cinco padrões
Nozul Lusail Marina do escritório Skidmore, Owings, and Merrill
de desenhos diferentes.
(SOM) e Suites Avenue Hotel de Toyo Ito. 64
Gallery of Messe Basel New Hall, apresenta uma solução de fachada
O edifício Liverpool possui uma fachada de camadas com padrão de
diferenciada, com elementos articulados modulares que segundo os
formatos hexagonais com tamanhos diferentes. A fachada contém
arquitetos do projeto, servem para regular a quantidade de luz
fibra de vidro, vidro, alumínio e aço.
natural.
Nozul Lusail Marina possui uma fachada com revestimento em fibra
Na Biblioteca Nacional King Fahad a fachada é composta por
de cobre que colabora na redução do ganho de calor. O projeto fez
material têxtil suportada por um sistema estrutural tensionado de
uso de simulações computacionais para radiação solar para
aço. Formando um desenho que remete a tradição árabe de
definição das aberturas nas placas, vinculado a sua localização na
estruturas de tendas e tem a função de proteção contra os raios
fachada.
solares. Ao mesmo tempo em que protege, parte da fachada
O Hotel Suites Avenue possui envoltória com formas ondulantes
transparente é deixada à mostra, permitindo o visual do interior ao
irregulares de chapa de ferro. Ao mesmo tempo em que permite
exterior e vice-versa.
iluminação nas áreas vazadas, promove sombreamento e proteção
O Centro de Convenções Sipopo apresenta uma malha metálica do
nas áreas que contém o revestimento.
lado externo do edifício que se comporta como protetor solar.
Quanto às proteções mecanizadas alguns exemplos são: South
Sir Duncan Rice Library, contém na envoltória um padrão irregular
Australian Health and Medical Research Institute (SAHMRI) de
opaco que minimiza a área envidraçada do edifício.
Woods Bagot; Instituto do mundo Árabe de Jean Nouvel; Sede do
High-Rise Office Tower contém fachada dupla, cuja pele externa
Conselho de Investimentos de Aedas; Q1 ThyssenKrupp Quartier
possui elementos de alumínio de escalas variadas e desempenha a
Essen de JSWD Architetken; Kolding Campus da Universidade do Sul
função de proteger a fachada do edifício da radiação solar direta.
da Dinamarca de Henning Iarsen; Barcelona Media-Tic de Enric Ruiz Geli Arquiteto; Museu do Amanhã de Santiago Calatrava; Hazzan 65
Bin Zayed Stadium de Pattern Design; Sede do Barclays de Manuelle
Gautrand e EXPO Pavilhão do escritório SOMA. (Quadro 1.10)
MECANIZADO/ RESPONSIVO Obra
South Australian Health and medical research institute (SAHMRI)
Instituto do mundo Árabe
Sede do Conselho de Investimentos
Q1 ThyssenKrupp Quartier Essen
Kolding Campus da Universidade do Sul da Dinamarca
Arquiteto Local/Ano
Woods Bagot Adelaide, Austrália/ 2014 Centro de Saúde Construído A
Ateliers Jean Nouvel Paris, França/ 1987
Aedas Abu Dhabi, Emirados Árabes/ 2012 Escritórios Construído C
JSWD Architetken Essen, Alemanha/2010
Henning larsen Dinamarca/ 2014
Escritórios Construído D
Universidade Construído E
Obra
Barcelona Media-ICT
Museu do Amanhã
Sede do Barclays
EXPO Pavilhão
Arquiteto
Santiago Calatrava
Manuelle Gautrand
SOMA
Local/Ano
Enric Ruiz Geli Arquiteto Barcelona/ 2010
Hazzan Bin Zayed Stadium Pattern Design
Rio de Janeiro/ 2015
Emirados Árabes/ 2014
Paris, França/ 2012
Uso Status
Mediateca Construído
Museu Construído
Estádio Construído
Escritório Construído
Yeosu, Coreia do Sul/ 2012 Pavilhão Construído
Uso Status
Centro Cultural Construído B
66
F
g
H
I
j
Quadro 1.10: Proteção solar mecanizada Fonte: Elaborado pela LEONE, 2017
As proteções mecanizadas são aquelas na qual o elemento de
A fachada do Instituto do mundo Árabe possui 240 painéis
proteção se adequam às necessidades dos ambientes de forma
quadrados com diafragmas mecânicos que são conectados a
automática, alterando sua configuração com a intenção de filtrar os
sensores fotossensíveis, que controlam a abertura e fechamento
raios indesejados do sol buscando um ambiente mais confortável.
das peças de acordo com a disponibilidade de iluminação.
A utilização de fachadas com proteções dinâmicas pode ser
Sede do Conselho de Investimentos é composto por componentes
utilizada em muitos contextos e edificações de usos distintos,
móveis chamados de “Mashrabuia”, revestidos por fibra de vidro,
podendo ser, residências, comércios, serviços ou corporativos.
que se abrem e fecham, movimentando-se de acordo com o
South Australian Health and Medical Research Institute possui
posicionamento do sol. Quando acionados bloqueiam os raios
elementos em formato triangular que se adaptam e alteram sua
solares. Além disso, a forma da torre otimiza o sombreamento,
posição de acordo com a posição do sol.
resultando em um sistema inteligente controlado por computador. 67
Q1 ThyssenKrupp Quartier Essen possui proteção móvel, na qual
camada de mármore sobre o vidro duplo, que tem por finalidade
seus componentes se abrem (impedindo a passagem da radiação)
filtrar os raios solares.
ou se fecham (tornando visível a área transparente do vidro).
O EXPO Pavilhão possui uma envoltória dinâmica, na qual brises
O projeto Kolding Campus da Universidade do Sul da Dinamarca
verticais se abrem assemelhando-se a uma torção, desempenhando
possui uma fachada com elementos em formato triangular de aço
a função de controlar a incidência de luz.
perfurado que se movimentam de acordo com as alterações do
Vale ressaltar que apesar da variedade de possibilidades de
movimento do sol. Essa movimentação dinâmica é realizada através
exploração da forma das proteções solares, há maneiras de otimizar
de sensores que medem os níveis de calor e luz com regulagem do
seus desenhos, seja através de estudos com a carta solar e a
posicionamento das persianas através de um motor.
utilização da geometria solar, ou através de simulações
Barcelona Media-ICT possui revestimento plástico de bolhas
computacionais. É possível utilizar racionalmente esses elementos
infláveis que atuam como revestimento móvel e ajudam a filtrar a
sem perder o interesse plástico como forma de composição das
luz que entra no edifício. A pele de Etileno Tetraflour Etileno (ETFE)
fachadas do edifício.
possui características pneumáticas na qual através de sensores faz
Fica evidente através da compilação dessa variedade de exemplos,
com que ocorra a inflação e deflação de acordo com a quantidade
que a repetição, apesar de muito utilizada, não tem sido
de energia solar disponível. No Museu do Amanhã, o telhado se
permanente nas obras mais atuais. A arquitetura contemporânea
movimenta de forma dinâmica a fim de proteger o edifício dos raios
tende a colaborar novamente com o uso da racionalização das
solares.
tomadas de decisões, priorizando as necessidades, e explorando
Hazzan Bin Zayed Stadium possui uma envoltória com painéis de
criatividade
tecido. Na Sede do Barclays, a fachada possui painéis com uma
combinações.
em
uma
gama
enorme
de
possibilidades
e
68
1.5 ENERGIA E CONSUMO ENERGÉTICO
Porém devido à crise energética, na década 1970, pressões econômicas e ambientais, colaboraram para o retorno da
A arquitetura relacionada às boas condições ambientais tem um papel muito mais profundo no que diz respeito à eficiência energética do que apenas a redução kWh/m² ou níveis de
preocupação com relação à ventilação natural em edifícios, na busca por ambientes internos de maior qualidade. (GONÇALVES; CAVALERI, 2015)
iluminação e climatização preestabelecidos em normatizações. A partir da década de 1970, com a escassez de fontes de energia Nos anos 1950, a utilização de lâmpadas fluorescentes e fornecimento de energia elétrica baratos, possibilitaram plantas mais profundas. Porém as características das grandes cidades nas décadas de 1960 e 1970, representadas pela baixa qualidade urbana e cidades barulhentas e poluentes, serviram como uma premissa
para
a
disseminação
de
edifícios
fechados,
consequentemente, dependentes da instalação em larga escala de equipamentos de condicionamento artificial de ar e ventilação mecânica. (GONÇALVES; CAVALERI, 2015). Essas condições quanto à
convencionais (combustíveis fósseis, como carvão, gás natural e óleo, assim como energia nuclear), e o aumento do impacto ambiental devido à utilização de combustíveis à base de carbono, juntamente com o aumento da necessidade da demanda energética resultante do desenvolvimento econômico e urbano foram determinantes para ponderar as necessidades de rever os padrões urbanos. Com isso, medidas de redução do uso de energia em edifícios tornou-se fundamental em novas propostas de projeto. (MONTEIRO, BITTENCOURT, YANNAS, 2015)
qualidade do ar e à acústica urbana, de fato, não colaboram para a ventilação natural, mesmo em situações na qual o clima seria satisfatório.
Os primeiros regulamentos visando questões de desempenho foram criados na Europa na década de 1970. (LAMBERTS et al., 2015)
Entre os anos 1960 aos 1980 as fachadas dos edifícios passaram cada vez mais a utilizar o vidro como material de revestimento.
No Brasil o Programa Nacional de Conservação de Energia (PROCEL), Centrais Elétricas de São Paulo, Campanha de 69
eletricidade de São Paulo (CESP), Agência para aplicação de energia
2015). E têm por finalidade colaborar em acelerar a busca por
entre outras, têm valorizado a utilização pelos recursos naturais
eficiência energética em edificações. (FRETIN, 2013). Possuem o
com a finalidade de diminuir o consumo de energia e melhorar o
papel de balizar, estabelecer critérios e parâmetros aos quais os
desempenho da edificação. (FROTA, 2004)
edifícios deverão, através do acúmulo de pontos, atingir metas a
O selo azul da caixa também é outro incentivo governamental à
fim de obter certificados que expressam que o edifício está dentro
sustentabilidade em edificações residenciais visando critérios de
dos critérios necessários de desempenho.
projeto, eficiência energética e conforto. (LAMBERTS et al., 2015)
Essa pesquisa não descarta a importância do uso de certificações
As medidas relacionadas à eficiência energética no Brasil tiveram
como balizador e incentivador de condutas que melhoram a
início em 1984 com o Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)
qualidade do edifício e colaborem para a redução do consumo
cuja contribuição caracteriza-se pelo fornecimento de informações
energético, porém não é foco deste trabalho analisar a eficiência da
a respeito do consumo energético de equipamentos disponíveis no
aplicação de certificados.
mercado. Em 1985 foi criado o Programa Nacional de Conservação
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA),
de Energia Elétrica (PROCEL) pela Eletrobrás, cuja contribuição
desde a década de 1990, busca informar políticas públicas e
consistiu na formulação de leis e regulamentações com objetivo de
iniciativas
auxiliar o uso eficiente e combater o desperdício de energia.
socioeconômica associada a investimentos em prol de um melhor
Estima-se que em 2015 a economia de energia tenha sido de
desempenho ambiental do setor de edificações. (GOLÇALVES, 2015)
aproximadamente 11.680 bilhões de kWh (PROCEL, 2016).
Em 1991 foi criado o Programa Nacional para Uso Racional de
As regulamentações e certificações energéticas surgiram na década
Derivados do Petróleo e Gás Natural (CONPET) que atua em
de 1990 como uma maneira de redução do consumo energético e
promover uma cultura anti-desperdício do consumo de energia.
emissão de gases causadores do efeito estufa. (LAMBERTS et al.,
Com relação a equipamentos de consumo elétrico foi criado o
privadas
sobre
o
potencial
de
transformação
70
PROCEL, e para aparelhos a gás o selo CONPET. (LAMBERTS et al.,
Em 2008 foram estabelecidos índices mínimos de eficiência
2015)
energética para aquecedores de água a gás pela Portaria
Em 2000, com a crise energética foi criada a Lei 9.991/2000 que
Interministerial Nº 298. Em 2009 foi publicado o regulamento
determina a obrigatoriedade em investimento em pesquisas por
Técnico de qualidade para o nível de eficiência energética de
parte das empresas concessionárias, permissionárias e autorizadas
edifícios comerciais, de serviços e públicos (BRASIL, 2009). Em 2010,
do setor de energia elétrica. (EPE, 2014 a). A criação da Lei
a criação da Portaria Interministerial nº 1.007/2010 (MME, MCTI,
10.295/2001 (“Lei de Eficiência Energética”) em 2001 estabelece
MDIC) estabeleceu regulamentos para edificações residenciais
níveis máximos de consumo de energia, e níveis mínimos de
quanto
eficiência energética para equipamentos.
incandescentes, proibindo a comercialização dos produtos que não
A Eletrobrás desenvolveu no Brasil a avaliação de utensílios domésticos com a finalidade de orientar o consumidor com relação aos gastos energéticos de seus equipamentos elétricos. Por outro lado, criou o selo edifica em 2003 através do programa Procel
a
níveis
mínimos
de
consumo
para
lâmpadas
estiverem de acordo com os dados desta portaria. (EPE, 2014 a) (LAMBERTS et al., 2015) O Plano Nacional de Eficiência Energética (PNEE) de 2011 promove ações para que as metas sejam atingidas a longo prazo. (EPE, 2014a)
Edifica – Eficiência energética em edificações, como uma forma de
Nota-se na Figura 1.6 que a implantação de regulamentações
orientar projetos. (HERNANDEZ, 2015)
quanto à obrigatoriedade de investimentos em pesquisas,
Em 2006 a Portaria Interministerial Nº 132, estabeleceu índices mínimos de eficiência energética para lâmpadas fluorescentes. Em 2007 foi criado o Plano Nacional de Energia 2030 (PNE) que
padronização de equipamentos e informação ao consumidor é recente no Brasil, visto que tais diretrizes demonstram maior regularidade a partir dos anos 2000.
representa o primeiro documento oficial com metas a longo prazo para o país a fim de se obter menores gastos com energia. 71
Figura 1.6: Principais Políticas de Eficiência Energética no Brasil – 1984 a 2011 Fonte: Elaborado por LEONE, 2017 a partir de EPE, 2014 a.
Segundo dados do Balanço Energético Nacional de 2015 da
pesquisa realizada pela ABESCO, Green Building Council Brasil (GBC)
Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de
e Associação Brasileira de Refrigeração, Ar condicionado, Ventilação
Energia (ABESCO) o setor industrial, comercial, residencial, público
e Aquecimento (ABRAVA). (ABESCO, 2015)
e serviços representam 50% da eletricidade consumida no Brasil.
Segundo Lamberts, Dutra e Pereira (2014), no setor comercial, no
(POTENCIA
fontes
Brasil o consumo de energia por condicionamento de ar representa
consumidoras, a iluminação e climatização das edificações segundo
47% do consumo de energia elétrica do país, em segundo lugar a
2015).
Destacam-se
como
as
maiores
72
iluminação artificial que representa 22%. Destacam que o ar condicionado vem ganhando visibilidade no consumo de energia e conforme o aumento de poder aquisitivo da população, este cenário tende a aumentar. (LAMBERTS, DUTRA, PEREIRA, 2014). Sendo que a dependência dos edifícios do condicionamento do ar vem acompanhada de altos níveis de emissão de CO2. (GONÇALVES; CAVALERI, 2015). Em regiões de clima quente os custos com o uso de aparelhos de ar condicionado superam os gastos com energia elétrica. (PROCEL, 2007) Em edifícios comerciais nota-se, independente do contexto climático, a predominância dos sistemas ativos de refrigeração como característica dos ambientes de trabalho em todo o mundo. (GOLÇALVES, 2015) No Brasil, o consumo energético no setor de comércio e serviços praticamente não alterou desde a década de 1990, conforme mostra a Figura 1.7.
Figura 1.7: Consumo de energia por setor no Brasil 1990/2012. Fonte: Adaptado por LEONE, 2017 de EPE, 2014 a
No campo de arquitetura tornam-se cada vez mais importante, soluções projetuais que visam alcançar menor consumo de energia. A valorização de condições adequadas de conforto térmico, ventilação e iluminação natural, e iluminação artificial através de lâmpadas com menor consumo, aquecimento de água por meio da energia solar e o reaproveitamento de águas, são algumas das características que devem ser empregadas no projeto com o objetivo de contribuir para melhores resultados em eficiência. 73
O Brasil possui um valor expressivo de radiação solar podendo utilizar essa característica para exploração de energia. Porém ainda
Figura 1.8: Potencial Fotovoltaico/ Consumo Residencial no Brasil (Ano base 2013) Fonte: Adaptado pela LEONE, 2017 de EPE, 2014 b
não é utilizada em larga escala devido aos altos custos, se comparado ao poder aquisitivo da maioria da população. (EPE, 2014b)
Estima-se que com a implantação do PROCEL, em 2015 a economia em relação ao consumo total de energia elétrica no Brasil seja de 2,5 %, no qual apenas o setor residencial tenha economizado 8,9%.
Segundo o relatório da Empresa de pesquisa energética (2014), “Considerando todo o país, o potencial é 2,3 vezes maior que o consumo. ” O que demonstra que no Brasil há condições favoráveis para implantação de sistemas de captação de energia solar em grande escala. A figura 1.8 demonstra a relação entre o potencial fotovoltaico e o consumo de energia por Estado, que varia de 1,4 a 4 vezes.
(PROCEL, 2016). Contudo segundo dados do relatório do Procel de 2016, no período de 18 anos (1998 e 2015), houve redução de até 33% no consumo de equipamentos de ar condicionado do tipo janela devido ao desenvolvimento tecnológico. (PROCEL, 2016). Ao longo dos anos, o selo Procel tem contribuído para o aumento dos índices de eficiência energética de diversos equipamentos e redução do consumo de energia elétrica. (PROCEL, 2015) As questões que relacionam os impactos ambientais estão intrínsecas a todas as fases de projeto, mas possui maior intensidade no estudo preliminar, fase na qual o partido arquitetônico é concebido. (MONTEIRO, BITTENCOURT, YANNAS, 2015). Resultados positivos de eficiência energética para a edificação são baseados na inter-relação entre sistemas de
74
engenharia e arquitetura no sentido de apresentarem um projeto
1.6 FONTES REFERENTES AOS QUADROS
integrado. QUADRO 1.1 ESTRATÉGIAS PARA MAIOR EFICIÊNCIA EM VIDROS
O edifício verde, assim denominado pela Agência Internacional de energia (EIA), é aquele que apresenta maior eficiência energética e menor consumo de água e materiais resultando em melhor qualidade do ambiente interno. (EIA, 2008) Conforme apontado no relatório do Programa Ambiental das Nações Unidas, The green economy report, são necessárias reduções muito mais significativas do consumo de energia das edificações no cenário global. (Unep, 2011). “A eficiência energética é, frequentemente, o indicador mais importante de desempenho ambiental da edificação, pelo fato de a energia representar grande parte dos custos de operação, por ter alto impacto no conforto térmico e visual dos ocupantes e pelo potencial de oferecer ao consumidor informações sobre os gastos com energia. ” KORDJAMSHIDI; KING (2009 apud LAMBERTS et al, 2015)
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77
Na atualidade a forma arquitetônica expandiu-se além da
CAPÍTULO 2 – TECNOLOGIA DIGITAL 2.1 TECNOLOGIA DIGITAL
No final do século XX, o projeto ganha novo alcance com o uso do computador. (SCHMID, 2005). Os softwares inicialmente foram utilizados para produção de navios e aeronaves, e posteriormente para a construção civil. Por volta da década de 1980, possibilitaram uma maior liberdade de criação de formas complexas. (VOLLERS, 2001) A arquitetura foi fundada nos princípios e ideologias dos sistemas cartesianos e euclidianos. Geometrias euclidianas utilizam-se de linhas, arcos, ângulos e intersecções sem direta relação com o meio espacial. Caracterizando-se por um sistema linear, contínuo e singular. Já o sistema cartesiano coloca a forma como uma função algébrica em pontos de coordenadas que são numerados no espaço. O Sistema euclidiano/ cartesiano é identificado como funções tridimensionais e espaços numerados. (SHELDEN, a 2011)
geometria euclidiana, tornando-se não euclidianas, fractal, processual e a paramétrica. (SHELDEN, a 2011) com a modelagem digital foi possível alcançar novas possibilidades. (KOLAREVIC, 2003) Portanto, a concepção de arquitetura sempre foi baseada na exploração da geometria, sob a forma de representação em desenhos com base na geometria descritiva. Já a arquitetura contemporânea contribui com a exploração de formas livres e, portanto, a geometria tem se tornado mais complexa e desafiadora. O design digital permitiu um novo nível de experimentação com relação às formas livres. (POTTMANN, 2010) O computador entra no final do século XX como uma ferramenta fundamental para lidar com a complexidade dos edifícios. Atualmente o projeto digital é baseado em fórmulas matemáticas. (SCHODEK et al., 2004). Podemos notar que há uma relação direta entre o desenvolvimento das ferramentas de representação de desenho e formas complexas em arquitetura. Com o avanço do desenho digital foi possível alcançar soluções que antes, eram obstáculos para representação de formas complexas.
78
Nos anos 80 surge a capacidade de modelar formas orgânicas, e
fruto de uma criação coletiva, em que uma série de pessoas e
com isso, as técnicas de modelagem de superfícies contínuas
agentes projetam e alimentam o banco de dados.
baseadas em polinômios de terceiro e quarto grau, mudam a
As tecnologias digitais muito têm colaborado para as práticas
concepção e geometria das formas. Alguns softwares fazem
arquitetônicas, muitas vezes viabilizando o meio de projetar,
representações de objetos que poderiam ser desenvolvidos através
através de formas e soluções almejadas pela equipe técnica, mas
de desenhos convencionais, na prancheta. Já outros não, e assim, a
também criam um desafio quanto à possibilidade de fabricação e
participação da tecnologia é maior no resultado do projeto, e o
construção. (KOLAREVIC, 2003)
computador passa a não ser apenas um meio de representação, mas também um parceiro no resultado do projeto. Até o início da década de 90, geometrias sofisticadas eram sinônimo da presença de paraboloides e hiperboloides. (PICON,
O meio de produção através do desenho assistido por computador (CAD) e a fabricação assistida por computador (CAM) apenas começaram a ter impacto em projetos e construções nos últimos anos, eles abriram novas oportunidades com relação às formas em
2010) O computador permitiu novas formas, algo que não poderia
arquitetura, viabilizando produções complexas que até pouco
ser feito no método tradicional. Da mesma maneira, o ofício do
tempo atrás eram difíceis tanto para projetar como execução.
arquiteto muda devido à capacidade de gerar famílias de formas e
(KOLAREVIC, 2003) (POTTMANN, 2010)
não uma forma única. A exploração de formas complexas conseguidas através da Mark Burry (2005) relata que o futuro da arquitetura passa por
modelagem digital baseada em Non-Uniform Rational B-Splines
scripts, que correspondem a codificação do conhecimento de uma
(NURBS) permitiu ampliar as possibilidades da geometria, que com
maneira abstrata e expressam o poder do conhecimento que as
a utilização de CAD ou CAM eram difíceis de conseguir. NURBS
pessoas têm, e que são passados para uma máquina, e não para
representam a capacidade de controlar as formas geométricas
outra pessoa. Nesse contexto, o projeto não é de uma pessoa, e sim
através da manipulação interativa de pontos de controle. Com o 79
alcance de novas geometrias, passou-se a buscar formas viáveis
desempenha um papel totalmente digital desde a concepção até a
economicamente para produção. (KOLAREVIC, 2003) As Splines e
fabricação, inclusive para geometrias complexas. A Geometria
NURBS foram desenvolvidas nos laboratórios da Citroen e Renault
Arquitetural tem fortes raízes em matemática aplicada, ciência
para definições matemáticas de curvas e superfícies nos anos de
computacional e engenharia. E a tendência em alcançar
1950. A partir da década de 1990 começaram a ser utilizados nos
complexidade geométrica estabelece uma relação direta ao
softwares CAD utilizados em arquitetura. (SCHEURER, 2010)
aprendizado de geometria na arquitetura. Os usos efetivos de
A indústria da construção é uma das últimas a absorver as novas
softwares geométricos para realizar desenhos paramétricos exigem
tecnologias, as primeiras a adotar novas ferramentas tecnológicas
maior conhecimento de geometria. (POTTMANN, 2010). Um
são o setor automobilístico, aeroespacial e naval. A arquitetura
exemplo disso é o uso da ferramenta computacional Computer
apropria-se de materiais, métodos e processos de outras indústrias
Aided Tridimensional Interactive Application (CATIA) que já estava
com o objetivo de incorporar à arquitetura aquilo que for
sendo utilizado há 20 anos quando o arquiteto Frank Gehry
necessário para gerar avanço e inovação no setor. (KOLAREVIC,
começou a utiliza-lo em projetos de arquitetura. (KOLAREVIC, 2003)
2003) (POTTMANN, 2010) Pesquisas oriundas das indústrias do automóvel e da aviação resultaram em estudos sobre matemática para aplicação em
2.2 MODELAGEM PARAMÉTRICA E ALGORITMOS APLICADOS AO PROJETO ARQUITETÔNICO
soluções algorítmicas. Essa aplicação à arquitetura é nomeada de “Geometria Arquitetural” (AG), que consiste no desenvolvimento de novas ferramentas para a criação de modelos digitais que atendam aspectos da forma, e já incorporam requisitos quanto à estrutura, materiais, construção... Devido a essas características,
O parametricismo tem surgido apenas nos últimos anos, devido ao desenvolvimento
de
sistemas
de
desenhos
paramétricos
avançados. Os mais recentes aperfeiçoamentos da ferramenta baseiam-se em sistemas paramétricos avançados e técnicas de 80
scripts. “Esse estilo está reivindicando hegemonia dentro da
de acordo com parâmetros e padrões. (SCHUMACHER a, 2010) A
arquitetura de vanguarda. Sucede o modernismo como uma nova
arquitetura contemporânea é caracterizada por apresentar
onda de inovação sistemática. ” (SCHUMACHER a, 2010)
predominância da heterogeneidade, diferenciação, singularidade e
Tem sido tão utilizado que atualmente está presente em inúmeros
individualidade.
seguimentos da arquitetura, desde projetos de interiores até planos
A modelagem paramétrica contribui para a exploração de
urbanísticos das cidades. Quanto maior a escala do projeto, maior
diferentes configurações geométricas devido à possibilidade de
sua complexidade programática. (SCHUMACHER a, 2010)
variações das dimensões, proporções e formas. Esse tipo de
A novidade na utilização das superfícies NURBS é a criação de
abordagem em arquitetura contribui com soluções inesperadas e
formas contínuas sem depender da álgebra, dessa maneira, não se
inovadoras obtidas com a manipulação e combinação dos
sabe a equação que está por trás da ferramenta, mas através desse
parâmetros criados. (FLORIO, 2009). A definição da geometria por
recurso torna-se possível criar superfícies inovadoras. Esse conceito
meio de parâmetros permite a criação de infinitas possibilidades de
carrega como característica atender o heterogêneo, devido a
formas, sendo elas, euclidianas e não euclidianas. (FLORIO, 2012)
sociedade caracterizar-se por apresentar interesses distintos e
Uma das grandes vantagens caracteriza-se pela viabilidade dessas
únicos. Nesse sentido, a arquitetura e o urbanismo vão de encontro
múltiplas formas e combinações já nas etapas iniciais de projeto.
a atender essa demanda da sociedade através de técnicas de
(BEAURECUEIL; LEE, 2015)
desenho paramétrico.
No desenho parametrizado “parte-se de uma base geométrica
É proposto, portanto, a identificação de um novo estilo, e não
virtual à qual se ligam todos os elementos isolados do desenho.
apenas de um conjunto de regras. O estilo paramétrico inspirou
Essa base é determinada por parâmetros a que se atribuem valores
novas ambições e valores na qual são explorados aspectos além da
variáveis. Conforme são dados esses valores, todas as partes
estética, devido à procura por gerar diferentes soluções que variam
conectadas da base geométrica são atualizadas automaticamente. ” 81
A utilização de softwares com esse conceito otimiza a produção,
“Computação paramétrica constrói ligações entre
uma vez que permitem a diminuição do tempo de projeto e
fatores como os ângulos da geometria solar e os
colabora para que um mesmo modelo possa resultar em várias
parâmetros formais que definem o edifício e seus
possibilidades de modificações e variações, tornando ágil a
componentes. Nesse sentido os ângulos solares podem
visualização dessas variáveis no desenho. A utilização da
ser usados para a geração da forma do edifício (...). O
modelagem paramétrica possibilita a redução do tempo de
mesmo pode ser aplicado ao projeto de componentes
execução das alterações mesmo em geometrias complexas.
de fachada e coberturas visando ao dimensionamento
(HUDSON; SHEPHERD; HINES, 2011)
de soluções mais localizadas e próximas da relação
Essa ferramenta garante maior autonomia dos arquitetos, pois
entre a abertura e o espaço interno. ” (BEAURECUEIL;
possibilita fazer alterações na proposta de projeto de maneira mais
LEE, 2015 p 314)
eficaz se comparado a outros softwares, sendo possível avaliar o
O diferencial da modelagem paramétrica está em podermos
melhor desempenho e auxilia no processo de concepção do
embutir informações quanto às intenções esperadas no campo do
projeto. O grande diferencial, portanto, é que com a modelagem
design, engenharia e fabricação de maneira independente da
paramétrica é possível alterar os parâmetros, testar configurações
geometria, e de acordo com as alterações no modelo, essas
diversas sem recomeçar do início.
intenções permanecem. Nesse sentido, os algoritmos contribuem
Podem ser explorados vários fatores, como por exemplo, o estudo
para a tectônica do modelo. (SHELDEN, b 2006)
da trajetória solar, como auxilio para desenvolvimento do projeto.
No que diz respeito às novas ferramentas computacionais, é visado
As medidas dos componentes de proteção solar podem ser
o desenvolvimento de softwares que satisfaçam requisitos quanto à
dimensionadas com relação a variáveis da geometria solar.
construção, materiais aplicados, tecnologia para fabricação e propriedades estruturais. (POTTMANN, 2010). Com isso, os projetos 82
gerados digitalmente carregam maiores informações através de
realizado através de restrições estabelecidas que impeçam com que
bancos de dados, garantindo maior controle sobre a construção.
as soluções alcançadas recaiam em padrões já estabelecidos,
(KOLAREVIC, 2003)
ultrapassados ou que precisam ser evitados. Esse processo é
Na atualidade a inserção da tecnologia digital na concepção do
chamado de heurística negativo. Por outro lado, podem ser criados
edifício significa a incorporação de banco de dados no modelo, que
e estabelecidos princípios orientadores que permitem com que o
são responsáveis por mudar significativamente a forma como a
trabalho siga uma direção em particular. Esses são chamados de
arquitetura é projetada e feita na contemporaneidade. Além disso,
heurísticas positivos. (SCHUMACHER a, 2010)
a mudança está no paradigma dos idênticos, pois atualmente
Esse modo de projetar só existe devido aos avanços da geometria
prevalece o interesse pela variabilidade.
computacional. Técnicas de scripting e modelagem paramétrica
Na arquitetura contemporânea o uso de tecnologias digitais
têm se tornado uma realidade generalizada a ponto que não ser
emprega uma série de dados e informações ao projeto
mais possível competir no meio da arquitetura contemporânea sem
transcendendo o mesmo de uma apresentação meramente visual.
dominar e aperfeiçoar tais procedimentos. (SCHUMACHER a, 2010)
Articulam-se aos projetos variáveis, ou seja, várias possibilidades.
Trabalhar com modelagem paramétrica é poder criar peças
Esse processo viabiliza que as equipes de profissionais possam
similares, porém diferentes entre si, sabendo que o que há de
realizar escolhas de maneira adequadas visando a melhor opção
comum entre as soluções viáveis, é o entendimento de como os
dentre as restrições estabelecidas. (KOLAREVIC, 2003)
elementos serão definidos geometricamente e com precisão dentro
As ferramentas como o parametricismo e scripts colaboram em
de um algoritmo. A maneira com a qual combinamos os parâmetros
acelerar, resolver e refinar permitindo formulações e execuções
na modelagem paramétrica pode induzir a imaginar um conjunto de
complexas entre sistemas e subsistemas de forma precisa. O
soluções na qual, possivelmente, o profissional não havia pensado
processo de estabelecimento de regras no modelo paramétrico é 83
anteriormente. Portanto, esse modo de trabalho favorece a
manusear uma série de desenhos. Porém a programação e
descoberta por formas inusitadas.
configuração das variações de um desenho requer conhecimentos
Algoritmos são compostos por conjuntos de regras e operações que
específicos, uma vez que essa possibilidade carrega como pré-
alcancem soluções para um problema estabelecido, são formados
requisito saber programar. (SCHEURER, 2010). Portanto, a
pela definição dos dados de entrada, ícones necessários que
necessidade de arquitetos por inovação formal e sistemas baseados
completam a operação e os dados de saída. Sua utilização em
em simulações exigiu dos profissionais novos processos que se
projetos de arquitetura permite uma postura investigativa e
estendem para além das capacidades da modelagem 3D e pacotes
exploratória
BIM. (MILLER, 2011)
no
processo
de
projeto,
possibilitando
a
reconfiguração e recombinação dos parâmetros com o objetivo de
Na elaboração de um algoritmo é possível configurar variações nos
gerar diferentes experimentos, a fim de obter diferentes soluções.
parâmetros com a intenção de gerar diferentes possibilidades de
O advento da tecnologia digital permite aos arquitetos codificar
combinações entre eles. A variação acontece de acordo com a
projetos com expressões algorítmicas e geométricas, resultando em
recombinação ou redefinição dessas variáveis gerando em novas
precisão e ampla exploração da forma. (CECCATO, 2012). Com isso,
combinações e por consequência novas soluções. Resultando,
a personalização tem se tornado uma constante na atualidade.
portanto, em um conjunto de definições que vão gerar diferentes
Um algoritmo carrega propriedades que definem um componente
soluções no espaço. ou conjunto de parâmetros de entrada, e assim, proporciona um
O uso da modelagem paramétrica muda os resultados obtidos com
modelo 3D como saída, ou seja, como resultado. Podendo otimizar
o projeto, uma vez que não é projetada uma geometria específica,
tarefas, como evitar o desenvolvimento de inúmeros desenhos
mas um conjunto de princípios em equações paramétricas que
diferentes, facilitando, portanto, o processo de projeto, uma vez
podem ser variadas de acordo com a necessidade. Por isso a grande
que manusear um algoritmo torna-se mais fácil e eficiente do que
mudança na estratégia do projeto passa a ser a exploração das 84
potencialidades desses infinitos parâmetros de variáveis que
2.2.1 EXEMPLOS DE PROJETOS PARAMÉTRICOS
podem ser criados, e não deixar o projeto preso a apenas uma solução. (KOLAREVIC, 2003) O conceito versoning representa a ideia de criar várias versões da mesma ideia, explicitando um controle de versões, é um termo operativo, que descreve mudanças significativas na maneira de arquitetos e designers utilizarem a tecnologia para expandir no tempo e no espaço os efeitos potenciais do desenho. Na
O projeto do Aviva Stadium localizado em Dublin de autoria dos arquitetos Scott Tallon Walker e Populous, em 2010, foi o primeiro projeto a utilizar a modelagem paramétrica em todas as etapas do processo, através da ferramenta Generative Components (GC) como meio de otimização do desenho da forma, estrutura e soluções de fachada de modo interativo. (HUDSON; SHEPHERD; HINES, 2011)
arquitetura paramétrica, é possível alterar os parâmetros e obter
O desenvolvimento do modelo do estádio foi realizado pelas
diferentes versões e possibilidades através da exploração de um
equipes de arquitetura e engenharia de forma mútua, permitindo a
mesmo algoritmo. Esse conceito expressa a recombinação dessas
interação entre as equipes nas tomadas de decisões através das
geometrias, na qual a precisão da construção se dá com a
avaliações quanto à envoltória e estrutura, podendo analisar as
modelagem paramétrica. E assim, são atingidas diferentes versões
mudanças e suas implicações como um todo. Por um lado, a
de modulações a partir dos mesmos elementos. (SHoP, 2002)
estrutura era avaliada com relação a sua eficiência e desempenho
O processo de concepção através da modelagem paramétrica exercita a busca pela originalidade e o inesperado na forma arquitetônica.
estrutural, por outro, a arquitetura com relação ao resultado estético. (HUDSON; SHEPHERD; HINES, 2011) A interação entre as equipes foi uma maneira de viabilizar a criação, através da racionalização e posterior construção da envoltória do edifício. Para solução da mesma, foram envolvidas as equipes de arquitetura, engenharia mecânica, empreiteiro e prestadores de 85
serviços de revestimento. O trabalho em conjunto visou cumprir os
A elaboração do revestimento da fachada envolveu diversos
requisitos quanto à ventilação sem comprometimento estético.
profissionais como: equipe de arquitetura, cliente, especialistas em
(HUDSON; SHEPHERD; HINES, 2011). Nesse sentido é evidente que
design de fachada e o contratante do revestimento (profissional
o modelo paramétrico teve a função de partilhar informações
responsável pela fabricação das peças). O método adotado para o
através de uma base de dados única entre as diversas disciplinas
desenvolvimento do projeto é chamado de Chandrasekaran que
envolvidas no projeto.
significa uma sequência de “propor – criticar - modificar” (HUDSON;
Para definição da forma da edificação foram utilizadas curvas de
SHEPHERD; HINES, 2011) A ideia é justamente um processo no qual
controle ou “curvas de lei”, que servem para controlar a geometria
são propostos elementos, testadas situações a fim de verificar seu
e expressam a interação do projeto. (HUDSON; SHEPHERD; HINES,
desempenho no conjunto e por fim, modificações para se obter
2011) A exploração da modelagem paramétrica permitiu não
melhores resultados. A figura 2.2 exemplifica o estudo da fachada
apenas um resultado quanto à forma, mas vários desenhos
através de softwares no qual foram avaliados conceitos estéticos e
possíveis para estudo. (Figura 2.1)
funcionais como a ventilação.
Figura 2.1: Variação dos parâmetros e modificação da forma Fonte: HUDSON; SHEPHERD; HINES, 2011
86
automatizar seus posicionamentos ao longo de toda a fachada através de cálculos dos ângulos em função na posição dos painéis adjacentes. Anteriormente à construção o sistema foi testado com a execução tridimensional (protótipo) para avaliar se o algoritmo funcionou ao longo de todo o edifício, possibilitando alterações e refinamentos do mesmo. (HUDSON; SHEPHERD; HINES, 2011) Os painéis de revestimento têm um eixo lateral de rotação assemelhando-se a um telhado de cascalho. Esse eixo também possibilita a fixação em posição aberta para proporcionar a entrada de ar. A definição de quantidade e localização dos painéis com Figura 2.2: Painéis de revestimento da fachada Fonte: HUDSON; SHEPHERD; HINES, 2011
A modelagem paramétrica ainda colaborou em impor restrições geométricas ao modelo a fim de não ultrapassar os custos estabelecidos, de maneira que fosse possível a visualização do modelo a todo o momento. Um exemplo disso está na modulação dos painéis da fachada, no qual precisavam ser planos, utilizar perfis padrão e suportes para a fixação da fachada. Foram desenvolvidos suportes padronizados para apoiar conjuntos de painéis através de algoritmos que foram criados com a função de
possibilidade de abertura foram definidas com base nos estudos estéticos através de modelos físicos entre as equipes de arquitetura e engenharia mecânica. (HUDSON; SHEPHERD; HINES, 2011) Em um projeto de edificações um único algoritmo pode ser referência para diversos aspectos, no caso do estádio, o projeto da fachada tinha por objetivo conciliar três critérios, sendo eles: ventilação da fachada, entrada dos ventos, chuva e estética. (HUDSON; SHEPHERD; HINES, 2011). Nesse sentido, os resultados no desenho da fachada implicam diretamente na interdependência e otimização desses fatores para atingir uma boa solução. 87
O emprego da modelagem paramétrica foi além da produção e desenvolvimento do projeto, sendo também utilizado para gerar a documentação de construção. A fachada foi dividida em sete seções, e por fim, subdivididas em compartimentos estruturais. (HUDSON; SHEPHERD; HINES, 2011) Outro exemplo da utilização da modelagem paramétrica é a obra City Hall de autoria do escritório Foster & Partner, que abriga a Assembleia de Londres e os escritórios do prefeito e funcionários da Greater London Authority inaugurado em 2002. O processo de projeto se deu através da busca por uma forma eficiente, sendo decorrência da otimização do desempenho energético. (Figura 2.3) (KOLAREVIC, 2003)
Figura 2.3: Processo Form finding Fonte: FOSTER & PARTNERS, 2016
Sua forma foi concebida de maneira a maximizar sombreamento e minimizar a exposição à luz solar direta, alcançando economia de energia que representa um quarto do consumo de um edifício de escritórios climatizado em Londres. O processo da busca pela forma passou por alterações após simulações de acústica. (KOLAREVIC, 2003; FOSTER & PARTNERS, 2016) A figura 2.4 demonstra os estudos com relação a trajetória solar e níveis de radiação solar na envoltória do edifício.
88
Outro projeto com utilização de modelagem paramétrica é o Tennis Center Hangzhou do escritório NBBJ localizado em Hangzhou na China, concluído em 2013. A envoltória do edifício possui sistema modular de treliças de aço estruturais que também desempenham a função de sombreamento da edificação. A parametria foi utilizada para conceituar, simular e documentar sistemas geométricos complexos. No âmbito da conceituação, as ferramentas Rhinoceros 3D e o plug-in Grasshopper foram utilizados no projeto para concepção e documentação do estádio. O algoritmo foi criado para definir e controlar a geometria da superfície e estudar as variações formais e as simulações foram utilizadas para testar a estrutura. (MILLER, 2011) (Figura 2.5)
Figura 2.4: Estudo de insolação com simulação computacional Fonte: FOSTER & PARTNERS, 2016 89
Figura 2.5: Estudo com variação da forma Fonte: MILLER, 2011
A demanda pela inovação em arquitetura tem exigido profissionais
desportivos também foram criados para chegar à forma final
cada vez mais completos, com domínio de modelagem 3D e pacotes
(MILLER, 2011) (Figura 2.6)
BIM. Um algoritmo foi desenvolvido no Grasshopper com a finalidade de definir a geometria do estádio. A avaliação quanto à estética foi possível através da exploração da forma de acordo com as alternativas e variações criadas. Parâmetros para avaliação de sombra, drenagem, desempenho estrutural e sistemas técnicos
90
Para o projeto da envoltória foi desenvolvido um algoritmo paramétrico com o objetivo de visualizar e quantificar a superfície. E assim, as pétalas foram panelizadas (divisão em peças) para viabilidade construtiva. O revestimento foi estudado para obter maior precisão na definição da aparência visual das costuras do painel, espaçamento e perfuração. (MILLER, 2011) A implantação de novas tecnologias no processo de projeto ocorre de forma lenta, visto que as produções de escritórios de arquitetura atualmente tanto em projeto como processos de produção estão em vigor há décadas ou mais. Por outro lado, os avanços em informação baseados nas necessidades econômicas exigem que arquitetos desenvolvam sistemas e processos que sejam adaptáveis e flexíveis. O estádio Hangzhou é um exemplo na qual novas tecnologias foram criadas, desenvolvidas e aplicadas ao projeto com o objetivo de obter melhor qualidade da obra. (MILLER, 2011) O sistema estrutural foi analisado através de simulações computacionais para visualizar as forças de tração e compressão e identificar áreas de tensão máxima. (MILLER, 2011) Figura 2.6: Algoritmo da definição da geometria Fonte: MILLER, 2011 91
Nota-se que esse projeto utilizou a parametria de forma ampla, a fim de analisar diversos aspectos da obra e que estabelecem relação direta entre si. O projeto do edifício Canton Tower também utilizou técnicas de modelagem paramétrica para concepção e desenvolvimento do projeto. A torre é de autoria dos arquitetos Information Based Architecture (IBA), localizada em Guangzhou na China. Foi inaugurada em 2010, e representa a maior torre da China. (HEMEL; KUIT, 2013) (Figura 2.7)
Figura 2.7: Canton Tower - desenhos técnicos Fonte: http://www.arch2o.com/case-study-parametric-twist-canton-tower/ 92
A ideia da equipe foi conceber uma forma arquitetônica com
arquitetônicas na estrutura e avaliação da própria estrutura quanto
possiblidade de fabricação levando em consideração a economia. A
à rigidez e estabilidade. A forma final da edificação é resultado da
O projeto obteve consultoria estrutural da empresa ARUP,
integração entre as necessidades da envoltória e estrutura,
renomada na área estrutural de obras conhecidas e complexas
deixando mais densas áreas necessárias a desempenhar um
como o Sydney Opera House.
comportamento estrutural mais reforçado e mais abertas as áreas
A forma da edificação tem por objetivo fugir da geometria angular,
na qual eram pretendidas maiores aberturas e ambientes com
simplista e baseada por repetição. A utilização da modelagem
maior luminosidade. (HEMEL; KUIT,2013) (Figura 2.8)
paramétrica envolveu tanto a forma arquitetônica como as
Os autores expressam que o avanço tecnológico criou espaço para
soluções estruturais como estratégia de controlar a inter-relação
maior integração da arquitetura e disciplinas complementares,
entre forma e estrutura. Foi desenvolvida um algoritmo que
através da grande contribuição de softwares de simulação. A
mapeou a geometria da estrutura através da utilização de dez
modelagem paramétrica, por ter permitido rápidos estudos de
parâmetros. Com base nestes parâmetros, uma série de
diferentes soluções, colaborou para tomadas de decisões
combinações puderam ser criadas a fim de estudar as implicações
assertivas.
Figura 2.8: Sequência de estudo das torções Fonte: http://www.arch2o.com/case-study-parametric-twist-canton-tower/ 93
2.3 SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL: CONCEITOS E DEFINIÇÕES
importância na formulação de respostas sobre o desempenho ambiental do edifício, uma vez que não há fórmulas para soluções
As simulações computacionais obtêm um papel fundamental nas
arquitetônicas
escolhas do projeto. (AMORIM, LIMA, 2001). Juntamente com as
desempenhar um bom resultado à edificação. (GOLÇALVES, 2015)
ferramentas de avaliação e procedimentos analíticos colaboram
Ao contrário da representação, a simulação é dinâmica, porque
quanto ao aperfeiçoamento de decisões e avaliações, muitas vezes,
garante respostas diferentes dependendo da maneira como se
abrindo espaço a soluções tecnológicas e estratégias inovadoras de
interage com o elemento em estudo. Enquanto a representação é
projeto. Por outro lado, não são dos resultados analisados nas
bidimencional, a simulação é tridimencional. Nesse conceito, a
simulações que teremos as soluções ótimas, ou seja, aquelas que
arquitetura produz seus modelos através da prototipagem virtual,
desempenham a melhor solução, na qual encontraremos as
na qual o edificio é virtualmente construído, contendo informações
respostas às questões ambientais e energéticas, mas os resultados
de todas as diciplinas, antecipando a visualização da obra.
expressam uma compilação entre diversos fatores. (GOLÇALVES, 2015)
ou
tecnológicas
predefinidas
que
possam
Na etapa de anteprojeto as ferramentas de simulação são de grande importância para avaliar o desempenho do projeto,
As simulações são veículos com finalidade de testar, validar e aferir
diferente da etapa de estudo preliminar na qual não se tem todas
situações com o objetivo de alcançar resultados que poderão ser
as
facilitadores nas tomadas de decisão e escolhas em projeto.
BITTENCOURT, YANNAS, 2015)
Podendo ser empregadas desde pequenas escalas de projeto até à cidade.
informações
necessárias
para
simulação.
(MONTEIRO,
A antecipação está relacionada ao desenvolvimento do partido arquitetônico desde a concepção. Quando testadas apenas nas
A busca pelo novo seja nas formas inusitadas, materiais
fases finais de projeto, as estratégias se restringem apenas a
tecnológicos
correções e ações de reparo tornam-se restritas. (GONÇALVES;
e
soluções
inesperadas,
representam
grande
94
MOURA; KUNIOCHI, 2015). Sendo assim, a probabilidade de serem
rapidamente
atingidos melhores resultados quanto ao desempenho é maior
BITTENCOURT, YANNAS, 2015).
quando utilizados softwares que avaliam as diversas funções no
A última década do século XX marcou o início de uma geração de
edifício desde as fases iniciais, desta forma, as abordagens das
edifícios que levavam em consideração o melhor desempenho
ferramentas computacionais não funcionarão como uma adaptação
ambiental. (GONÇALVES, BRUNELLI; BODE, 2015). Nos anos 90
da forma e sim uma solução de projeto na qual estejam vinculados
arquitetos e pesquisadores passaram a utilizar o conceito de
à interligação entre desempenho, função e forma da edificação.
desenvolvimento sustentável, interessando-se pelo alcance da
(LYNCH, 2015, NATIVIDADE, 2010)
eficiência energética através de técnicas passivas para iluminação e
Todo caso, o que pode ser verificado em fase de projeto são
ventilação, uso de células solares turbinas eólicas e fachadas
tendências, o real desempenho da edificação só pode ser
duplas. (UMAKOCHI, 2008)
averiguado, de fato, na fase de pós-ocupação.
a
mecânica
da
computação.
(MONTEIRO,
Ao longo dos anos 2000 essas ferramentas de avaliação têm se
Os primeiros experimentos relacionados à simulação ocorreram nas
aperfeiçoado, esse processo se dá através do aumento da agilidade
décadas de 1960 e 1970 avaliando a envoltória do edifício através
do processamento das máquinas, nas mudanças de interface dos
do desempenho energético, que corresponde “ao comportamento
softwares, que vem se tornando cada vez mais visuais e de fácil
do perfil de consumo de energia da edificação e seus sistemas
compreensão ou mesmo na agilidade das operações. (MONTEIRO,
(iluminação, climatização, elevadores) durante um período de
BITTENCOURT, YANNAS, 2015)
tempo (dias, meses ou anos). ” (HERNANDEZ, 2015 p 286) A partir
Desde a década de 2010 os softwares de simulação envolvendo
dos anos 1980 as experiências com relação ao ensino de simulações
questões de desempenho evoluíram muito. Até então, a integração
computacionais têm demonstrado que o arquiteto tem dominado
entre eles não era muito desenvolvida, a conversão de modelos paramétricos para os softwares de simulação resultava em um 95
processo complexo. Com o aprimoramento dos programas as
técnico do projeto. ” (GONÇALVES; CAVALERI, 2015 p 77) O uso de
avaliações foram facilitadas e permitiu a interpretação de
métodos de avaliação por simulação não invalida processos
geometrias complexas. (BEAURECUEIL; LEE, 2015)
convencionais para análises, esse processo apenas tende a
Possibilita situações comparativas entre diversos resultados da
contribuir na averiguação de múltiplos fatores que podem ser
avaliação de dados e variáveis distintas, podendo enriquecer as
testados.
soluções de projeto. Por outro lado, a interpretação dos resultados
No Brasil estão sendo utilizadas normas que indicam diretrizes
requer conhecimento crítico a respeito do desempenho ambiental
como referência. Na busca por construções mais eficientes do
de edifícios para alcançar os requisitos necessários a um projeto
ponto de vista energético foi criada a norma internacional ASHRAE
satisfatório ambientalmente.
189.1 (HERNANDEZ, 2015)
Simular acarreta em incorporar complexidade e aprimoramento nos
A American Institute of Architect (AIA), em 2006 adotou o desafio
projetos como, por exemplo, para viabilizar edifícios que não
2030, que estabelece que novos edifícios devam atingir a
dependam de sistemas mecânicos de condicionamentos de ar, é
neutralidade em emissões de carbono até o ano de 2030. Como
preciso projetos capazes de combinar variações diárias e sazonais
maneira de avaliar e acompanhar o andamento das metas, a cada
de ocupação e clima. Essa estratégia é chamada de arquitetura
ano são emitidos relatórios que relatam o consumo de energia e
adaptativa, na qual a forma e envoltória tem a capacidade de se
descobertas a respeito do assunto. No ano de 2015 foi abordada a
ajustar e possuir propriedades variáveis. YANNAS (2013 apud
inserção da utilização de softwares de simulação já nas etapas
MONTEIRO; BITTENCOURT; YANNAS, 2015, p51).
iniciais do projeto. No resultado da análise dos relatórios, foi
O entendimento do edifício com relação ao desempenho que ele
constatado
pode vir a ter está atrelado a “simulações computacionais, que
computacionais de simulação no ano de 2014 ultrapassaram as
auxiliam na visualização do fenômeno físico e no aperfeiçoamento
metas estabelecidas. (LYNCH, 2015)
que
os
projetos
que
utilizaram
ferramentas
96
O uso de simulações para desempenho energético possibilita um
O interesse pela exploração do design em fachadas com utilização
melhor entendimento dos fatores climáticos e relações com o
de menor quantidade de material, menor consomo de energia,
entorno. O alcance do melhor desempenho da edificação está
facilidade de manutenção, contribui para que formas ortogonais
relacionado também às condições favoráveis de habitabilidade
sejam vistas de forma monótona, (VOLLERS, 2001) despertando o
juntamente com a otimização dos consumos de energia.
interesse pela customização em massa.
No que diz respeito à eficiência energética, a simulação quanto à
As simulações representam um design interativo na exploração de
radiação solar incidente em uma superfície da fachada é importante
estratégias, e a utilização de ferramentas computacionais CAD
inclusive para verificar melhores posicionamentos de instalação de
(Computer-Aided Design) tem aumentado nas duas últimas
placas solares para geração de energia, uma vez que os resultados
décadas. As vantagens da modelagem computacional estão na
demonstram as zonas que a superfície recebe maior radiação ao
rápida produção, possibilidade de alterações e edições no modelo e
longo de todo o ano. Podendo ainda, combinar o ângulo de
por representarem orçamentos menos onerosos do que a produção
proteção solar através do quebra-sol para sombreamento dos
de modelos físicos. (BUDIG, LIM, PETROVIC, 2014) As informações
ambientes internos com a instalação de placas solares sobre a
de dados climáticos do local a qual se pretende estudar são
plataforma de proteção.
inseridas nos softwares possibilitando a aproximação com
Os métodos que utilizam programas computacionais viabilizam
resultados mais coerentes.
medições em vários pontos simultaneamente, e possibilitam a
O estudo através de maquetes carregam vantagens particulares.
realização de complexos cálculos com agilidade, facilitam avaliações
Mas no que envolve o meio computacional, a quantidade de
dos modelos com precisão de processamento. Além do que
detalhes que podem ser inseridos no modelo são infinitamente
algoritmo oferecem resultados confiáveis. (FONSECA, PEREIRA,
maiores se comparado ao modelo físico. (BUDIG, LIM, PETROVIC,
CLARO, 2010)
2014) 97
Além das simulações estarem se tornando habito no contexto de
dessa maneira, pode-se buscar vistas privilegiadas, as quais de
avaliação do edifício ainda enquanto projeto, elas tendem a
acordo com o mapeamento dos edificios do entorno, é possivel
incorporar cada vez mais a multidisciplinaridade, na qual deverá
projetar as aberturas garantindo que os ambinetes internos tenham
colaborar para a melhoria da qualidade das edificações.
cones visuais interessantes. Visar um edifício dentro de um
(HERNANDEZ, 2015)
contexto urbano consolidado. (SCHODEK, 2004)
O
renomado
escritório
Bollinger+Grohmann,
localizado
na
Abordar aspectos energéticos significa uma inter-relação entre
Alemanha é um exemplo da utilização da inovação tecnológica, no
diversos condicionantes do projeto, desde a relação com o entorno
qual se aplica a interdisciplinaridade entre profissionais, uso de
e
ferramentas computacionais e realização de estudos e pesquisa a
equipamentos (refrigeração, aquecimento), escolha de formas
fim buscar melhores resultados às áreas de arquitetura e
(proteção solar) e componentes (aberturas, paredes). (LAMBERTS
engenharia.
et al, 2015). Ou seja, “exige o planejamento adequado destes
Realizam, portanto, simulações computacionais, por exemplo,
sistemas no projeto da edificação, para melhor adequação às
quanto à iluminação natural em fases iniciais do projeto, para aferir
condicionantes geográficas e físicas locais de modo a alcançar um
regiões na qual há grande exposição aos raios solares. Essa conduta
desempenho energético satisfatório – calor e luz natural. ” (FRETIN,
orienta precocimente as decisões em fase de concepção.
2009)
(BOLLINGER, GROHMANN, 2013)
Na simulação o software é alimentado por comandos, e são
À medida que se busca a melhor solução para insolação, busca-se
extraídas das ferramentas, pré-programadas, resultados em buscar
otimizar a iluminação natural, ao mesmo tempo em que a forma da
da forma à qual corresponda satisfatoriamente ao que está sendo
edificação é definida. Muitos outros aspectos são importantes na
estudado (form-fiding). Portanto, não se sabe exatamente qual será
definição do projeto, atualmente, há o interesse pela visão única, e
a forma resultante, mas certamente expressará a conciliação de um
o
terreno
(implantação
e
orientação),
instalações
de
98
conjunto de aspectos técnicos e estéticos com implicações de
no final do processo estão sendo antecipadas para o início do
custos previamente configurados.
projeto.
Na atualidade o conceito de Performance Based Design, está
É importante que as equipes envolvidas tenham diretrizes que
atrelado ao desenvolvimento do projeto a fim de avaliar a
sirvam para tomadas de decisões conscientes levando em
performance desde a fase de concepção, trazendo a caracteristica
consideração elementos econômicos e ambientais. (MÜLFARTH,
de antecipar as decisões arquitetônicas no projeto. (KOLAREVIC,
2006; AMORIM, PEREIRA, 2001)
2003) Ao mesmo tempo em que a forma é criada, é avaliada e
Os edifícios têm se tornado cada vez mais complexos e a integração
readequada.
entre as equipes destaca-se como um elemento fundamental.
A
integração
dos
diversos
profissionais
necessários
ao
desenvolvimento de um projeto expressa grandes chances em favorecer tomadas de decisão em busca de um melhor
(MÜLFARTH, 2006, NATIVIDADE, 2010) 2.4 AS DIFERENTES GEOMETRIAS DO EDIFÍCIO TORCIDO E PROTOTIPAGEM RÁPIDA
desempenho do edifício e resultando em soluções integradas. Quando trabalhamos parametricamente não há a possibilidade de não trabalhar em equipe. Porque o próprio desenvolvimento do algoritmo resulta em uma definição geométrica dos vários
A importância do protótipo está em estudar pormenorizadamente questões que envolvem o projeto e aferir se as propostas são viáveis do ponto de vista construtivo ou não.
componentes do edifício. Portanto, o inter-relacionamento entre os
Projetar a partir do protótipo faz com que o processo todo seja
profissionais envolvidos é essencial, desde o início do projeto. As
mais eficaz e produtivo. (BURRY, 2005) Para estudo da geometria
etapas de simulações de performance e desempenho seja do ponto
torcida foram desenvolvidos modelos digitais com diferentes tipos
de vista estrutural, ou lumínico, térmico, acústico também se
de torção e impressões 3D. (Quadro 2.1)
tornam necessárias. Uma serie de simulações que eram realizadas 99
Quadro 2.1: Estudo de formas torcidas com modelagem geomĂŠtrica (esquerda e centro) e impressĂŁo digital (direita) Fonte: LEONE, 2017
100
2.5 EDIFÍCIOS COM GEOMETRIA TORCIDA
exploradas para configuração do edifício. Dentre as plantas disponibilizadas, os edifícios possuem core central, na qual o núcleo
Os edifícios com geometria torcida têm por característica gabaritos
é ocupado pela circulação vertical e a área circundante é destinada
altos, inclusive para gerar visualmente a torção. Apresentam
ao uso dos ocupantes em áreas de permanência.
geralmente, tipologia com um núcleo central de circulação, chamado core, e áreas úteis de ocupação dispostas ao redor deste núcleo.
Alguns exemplos das plantas disponíveis, podem ser vistos na figura 2.9.
Através do levantamento realizado sobre edifícios com geometria torcida foi possível observar, a variedade de formas que são
101
Figura 2.9: De cima para baixo e esquerda para direita: 9GG-9HH, Absolute Tower, Citilife Milano Office Tower, Kuwait Trade Center, Lakhta Center, Roche Tower, Torre Dinâmica, Turning Torso. Fonte: Quadro Edifícios Torcidos em ‘Apêndice A’
102
“A altura de uma edificação afeta seu clima interno. Cada prédio
Segundo
levantamento
realizado
nesta
pesquisa,
foram
desenvolve seu próprio microclima, e o calor oriundo dos
identificados 61 edifícios com geometria torcida, conforme Tabela
pavimentos inferiores tende a subir por convecção, devido ao ar
2.1. Desses, 29 são construídos (sinalizados em verde), 13 em fase
aquecido ser mais leve, elevando a temperatura dos pisos
de construção (em amarelo) e outros 19 edifícios em fase de
superiores. Quanto mais alto for o edifício, maior será o consumo
projeto (em azul).
de refrigeração dos andares superiores e consequentemente maior o problema de estratificação térmica e energia necessária para a refrigeração dos andares superiores. ” (ROAF, CRICHTON, NICOL, 2009, p. 278) Ou seja, quanto mais alto, mais elevada a temperatura próxima à cobertura, o que significa um maior consumo de energia com a finalidade de prover refrigeração à edificação. Sendo assim, além dos altos custos, para depender do fornecimento de energia elétrica as características do edifício podem colaborar ou prejudicar o conforto dos ocupantes, como com o uso de peles finas e herméticas, com vedos sem possibilidade de manuseio ou abertura. (ROAF, CRICHTON, NICOL, 2009). Dessa maneira, é imprescindível a retomada de estudos sobre técnicas que possam colaborar para um melhor desempenho da edificação, como iluminação natural e térmica. 103
ABSOLUTE TOWERS (TORRE A) Arquitects MAD BURKA Architects INC. 2006-2012
ABSOLUTE TOWERS (TORRE B) Arquitects MAD BURKA Architects INC. 2006-2012
AL BIDDA TOWER GHD Global 2006 – 2009
AL HAMRA TOWER Skidmore, Owings and Merrill 2004-2011
AL MAJDOUL TOWER Consolidated Consultants Group; Zeidler Partnership Architects 2007-2013
AVAZ TWIST TOWER ADS Studio 2006-2006
BBI INFO TOWER Kusus + Kusus Architekten 2007
CANTON TOWER IBA Information Based Architecture 2005-2010
CHICAGO SPIRE Santiago Calatrava 2011
EUROPEAN CENTRAL BANK (ECB) (TORRE NORTE) Coop Himmelblau 2014
EUROPEAN CENTRAL BANK (ECB) (TORRE SUL) Coop Himmelblau 2014
EVOLUTION TOWER Gorproject, RMJM, Kettle Collective 2008-2015
104
GEHRY TOWER Frank Gehry 2001-2008
OPUS HONG KONG Frank Gehry 2012
INFINITY TOWER SOM Skidmore, Owings & Merrill 2006-2013
KUWAIT TRADE CENTER Arquiteto: NORR
REGENT EMIRATES PEARL Dennis Lems Architects Associates 2014
REVOLUTION TOWER Pinzon Lozano & Asociados Arquitectos 2008-2011
2005-2009
MODE GAKUEN SPIRAL TOWERS Nikken Sekkei Makoto Wakabayashi 2005-2008
NAZA & LTH TOWER RSP Architects Sdn Bhd 2011-2014
NAZA & LTH TOWER RSP Architects Sdn Bhd 2011-2014
ROCHE TORRE Herzog& de Meuron 2008-2011
SAMA TOWER WS Atkins & Partners 2006-2009
SHANGHAI TOWER Gensler 2008-2015
105
STRATA TOWER
Asymptote 2009
CITYLIFE MILANO OFFICE TOWER Zaha Hadid 2004-2015
THE POINT Christian Wiese Architects 2011-2014
TRUMP INTERNATIONAL HOTEL & TOWER VANCOUVER Arthur Erickson 2016
TURNING TORSO Santiago Calatrava 2001-2005
YOUNG MEMORIAL MUSEUM Herzog& de Meuron 2002-2005
BALTIMORE TOWER SOM Skidmore, Owings & Merrill
COCO GROVE AT GRAND BAY (TORRE NORTE) Bjarke Ingles Architects (BIG) 2015
COCO GROVE AT GRAND BAY (TORRE SUL) Bjarke Ingles Architects (BIG) 2015
DALLAS ROLEX TOWER Kengo Kuma 2016
DIAMOND TOWER Buruoj Engineering Consultant 2011-2019
LAKHTA CENTER • Design Gorproject; RMJM 2012-2018
106
PwC TOWER LYT Architecture Concepts 2015-2018
SUPERNOVA SPIRA Benoy 2012-2017
TAPEI TOWER Vincent Callebaut 2016
UNITED TOWER Aref Sadeq Design Consultants 2011-2016
VANCOUVER HOUSE BIG Architects 2012
ZHUHAI OBSERVATION TOWER RMJM N達o informado
9GG - 9HH Killa Design 2006
DANCING TOWER Studio Libeskind N達o informado
DANCING TOWER Studio Libeskind N達o informado
DANCING TOWER Studio Libeskind N達o informado
FOLSOM BAY TOWER Studio Gang
GREEN8 Agnieszka Preibisz Peter Sandhaus 2012-2013
107
HUNTINGDON ESTATE AL_A 2009
NEW YORK TOWER Coop Himmelblau 2006
NINGBO BANK OF CHINA HEADQUARTERS SOM Skidmore, Owings & Merrill 2016
PENANG GLOBAL CITY CENTER PGCCAsymptote Architecture 2006-2008
SKY-ARC Coop Himmelblau 2005
SKY-ARC Coop Himmelblau 2005
SPECIALTY RESIDENCIAL TOWER Corgan Não informado
THE WATERLINE Kettle Collective Não informado
THE WAVE TOWER A-cero Não informado
TORRE DINÁMICA David Fisher 2008-2010
TURM MIT TAILLE MVRDV 2014-2018
UNIT FUSION Y Design Office Não informado
108
XUHUI BINJIANG MEDIA CITY 188 SG-1 Aedas 2015
Tabela 2.1: Levantamento de torres com geometria torcida Fonte: LEONE, 2017
109
Os usos são bastante variados, sendo eles: torre de tv, residencial, plataforma de observação, museu, uso misto, hotel, escritórios e
Gráfico 2.1: Relação entre uso e quantidade de edifícios torcidos Fonte: LEONE, 2017
comercial, conforme pode ser visto no Gráfico 2.1 que expõe usos e
Após o levantamento ficou evidente que a predominância desse
quantidades.
tipo de construção, está localizada na região dos Estados Unidos Plataforma de observação Torre de TV
35
30 1 1
Residencial
25
15
com esse tipo de geometria. (Gráfico 2.2). Outro fato interessante é que geralmente, arquitetos renomados são os responsáveis pelo desenvolvimento desses projetos, e em alguns casos, possuem mais de um projeto ou obra com essa característica.
7 20
com nove edifícios e Emirados Árabes Unidos com oito edifícios
Museu 1 8
10
Hotel
4
10
Misto
1
6
5
7
0
1
2 1
Construído
Em construção
11
Escritórios
Comercial Projeto
110
10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
9 8 5
5 4 3
3
2 1
2 1
1
1
2 1
2 1
1
1
2 1
1
1
1
1
1
Gráfico 2.2: Localização dos edifícios Fonte: LEONE, 2017
O Gráfico 2.3 demonstra as datas de construção das edificações e
gráfico refere-se aos projetos e obras em construção, portanto,
com isso, é possível notar quão recente esse tipo de geometria está
ainda não foram concluídos.
presente na arquitetura contemporânea. O ícone com 21 itens no
111
25
21 20 15 10
2
1
1
2006
2007
2
6
4
4
5
3
5
2
4
1
3 1
1
0 2005
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
_
Gráfico 2.3: Datas de construção dos edifícios. Fonte: LEONE, 2017
Quanto ao tipo de proteções solares utilizadas nas edificações,
desempenho
e
membrana
etileno
tetrafluoretileno
(ETFE),
foram utilizadas estratégias variadas, sendo elas: proteções
persianas, e sistemas mistos (utilização de mais de um mecanismo
horizontais, fachadas duplas que possam colaborar com a inércia
como forma de proteção). Nem todas as equipes de arquitetura
térmica, a própria geometria da edificação através de sua torção e a
responsáveis pelos projetos disponibilizam as estratégias projetuais
utilização de varandas, janelas salientes como o modelo bay
utilizadas para proteção, o Gráfico 2.4 demonstra os tipos de
window, perfis de painéis perfurados, utilização de claraboias,
proteção obtidos através das informações disponíveis ou
exploração das propriedades de materiais como o vidro de alto
identificação através do estudo dos projetos e obras.
112
34
Persianas
Persianas Geometria do edifício
4
1
Vidro Fachada dupla e Persianas
1
Vidro
1
Varandas
1
Painéis perfurados
1
Não informado
1
Membrana ETFE
Fachada dupla
2
Janelas bay window
2
Geometria da edificação
1
Difusão da luz pelo núcleo central
2
3
Clarabóias e persianas
7
Brise Horizontal
40 35 30 25 20 15 10 5 0
Gráfico 2.4: Estratégias de proteção solar ou maximização da iluminação em edifícios torcidos para obtenção de conforto Fonte: LEONE, 2017
O levantamento demonstrou inclusive as características dos
pavimentos até arranha-céus com 150 pavimentos, com alturas
edifícios com relação a sua altura e número de pavimentos. Foram
desde 30,80m a 632m de altura respectivamente, conforme Gráfico
identificados, portanto, edifícios com geometrias torcidas desde 9
2.5.
113
8
3
2
2 2
12
Não…
94m
93m
1 1 75m
43m
462m
432m
43,90m
427.5m
420m
412m
370m
307m
305m
300m
255m
30,8m
246m
245.9m
232m
230m
218m
215m
215,5m
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 206m
200m
194m
190m
1 1 1 189m
188m
185m
176m
170m
1 1 1 165m
163,4m
160m
155m
150m
121,9…
2
1 1 1
137m
1 1 1
632m
3
2
610m
3
106m
9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
10
10 8 6
4
4 2
1
1
1
1
2
1
2
1
1
2
1
1
5 3
1
2
1
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
2
2
1
1
1
1
1
0
Gráfico 2.5: Quantidade de pavimentos e altura dos edifícios Fonte: LEONE, 2017
As torções nos edifícios pesquisados apresentam propostas
possuem um ritmo padrão de rotação e outras variações ao longo
diferentes quanto ao grau e continuidade da mesma. Alguns
da torre. Foi identificada rotação total de 30° até 360° dentre os 114
projetos que disponibilizam essa informação. De acordo com as
Superfícies torcidas são divididas em superfícies regradas,
descrições disponíveis nas páginas oficiais dos arquitetos e demais
composto de linhas retas de base (regras) e superfícies curvas,
site de arquitetura é possível notar que projetos com essa
composto de uma base de linhas curvas. (VOLLERS, 2001)
característica envolvem a aplicação de grande tecnologia.
Superfícies regradas são formadas por rotação e deslocamento de
Desde a década de 1990, muitos escritórios de arquitetura têm
uma linha de base reta, no qual um componente do sentido de
desenvolvido edifícios com geometrias torcidas. Apesar dos meios
rotação é perpendicular à direção de um deslocamento. (VOLLERS,
computacionais viabilizarem a concepção da forma, são de difícil
2001) Superfícies regradas são formadas por linhas retas
execução. (VOLLERS, 2001)
apresentando vantagens na construção. (POTTMANN, 2010).
No início da concepção de projeto de arquitetura com o uso do
Inicialmente eram vistas como obsoletas justamente por limitar-se
computador,
a geometria de linhas retas, porém por outro lado são acessíveis se
as
características
dos
edifícios
eram
predominantemente com estrutura ortogonal com repetição das
comparadas às superfícies de dupla curvatura que poderiam ser
formas dos pavimentos bem como as soluções de fachada. A partir
construídas em pequena escala devido ao custo para execução.
do avanço do desenvolvimento da informática e softwares
(VOLLERS, 2001)
relativamente baratos e fáceis de usar, alguns arquitetos
Superfícies curvas são formadas por rotação e deslocamento de
apresentaram interesse nas volumetrias “blobs”. (VOLLERS, 2001)
uma linha de base curva, na qual as linhas não se encontram numa
As formas denominadas blobs expressam a busca pela não
superfície ou em paralelas, e não se interceptam no mesmo ponto
ortogonalidade, com soluções de projeto que não contém
de suas linhas (nesse último caso seria formada uma superfície de
repetitividade e formas industrializadas. (SCHEURER, 2010)
revolução). (VOLLERS, 2001) As geometrias torcidas são denominadas segundo Vollers (2001) como twister, caracterizadas pela repetição de um plano que possui 115
rotação em torno de um eixo e tordos, superfícies paraboloides
Quanto à viabilidade e custo de execução de uma superfície torcida,
hiperbólicos que se ligam a uma estrutura de edifício ortogonal.
essas geometrias são caras para serem executadas. Porém com o
(VOLLERS, 2001). (Figura 2.10)
desenvolvimento da tecnologia, as fachadas torcidas de concreto e aço têm se tornado viáveis. A torção de materiais é geralmente evitada. Porém as torções são mais fáceis de serem construídas do que as de dupla-curvatura. Todo caso edifícios de escritórios normalmente possuem amplo orçamento, essa muitas vezes é a razão pela qual uma forma particular torna-se viável. (VOLLERS, 2001) A concepção da geometria complexa, faz com que o arquiteto
Figura 2.10: Foto da impressão digital das formas torcidas: Twister (esquerda) e Tordo (direita) Fonte: LEONE, 2017
Juntamente com o desejo de arquitetos em viabilizar formas diferenciadas aos projetos há uma necessidade crescente no que diz respeito a otimizar a forma do edifício, e conjuntamente,
tenha uma relação estreita com a construção do elemento proposto. A superfície curvilínea tem um papel de destaque na arquitetura contemporânea. Nesse sentido as ferramentas digitais estabelecem uma relação intrínseca entre a construtibilidade e computabilidade. (KOLAREVIC, 2003)
minimizar o consumo de energia e consumo dos materiais
A transição entre o modo de projetar tradicional para a produção
aplicados, cargas dos ventos, sistema estrutural etc. (VOLLERS,
paramétrica envolve uma série de diferenças entre ambas, que
2001)
implicam em modificações da maneira de pensar e agir dos profissionais envolvidos. Enquanto o modo tradicional envolve traços
ambíguos
de
projeto,
problemas
mal
definidos, 116
informalidades das decisões, imprecisão com relação ao resultado
exemplifica um protótipo de 2.00 x 2.00 metros. (VOLLERS, 2012). É
esperado e marcado predominantemente por formas ortogonais, o
possível notar a contemporaneidade das investigações com esse
projeto paramétrico poderia ser apontado com características
tipo de geometria para viabilizar sua aplicação à arquitetura.
contrárias, explicitando um meio de produção diferente. Com a modelagem paramétrica os traços do desenho não apresentam ambiguidade, partem de um problema com características bem definidas, existe formalidade com relação às decisões do projeto, que são expressas através das variáveis definidas, apresentam precisão e são geralmente caracterizadas por formas não ortogonais. (SCHEURER, 2010) O conceito de objectile de Bernard Cache vai de encontro com o parametricismo, pois é remetido o sentido de criar variações contínuas de um objeto, e então poder sofrer modificações por meio de algoritmos. (CARPO, 2011) Investigações a respeito da forma torcida têm sido desenvolvidas, a fim de se alcançar eficiência quanto à construtibilidade de todos os elementos que a compõem, como por exemplo, caixilhos com dupla curvatura, vidros e materiais de revestimento. As pesquisas de Karel Vollers demonstram os protótipos realizados
Figura 2.11: Esquadrias para geometria torcida Fonte: VOLLERS, 2012
com caixilhos, apresentando diferentes dimensões. A figura 2.11 117
As fachadas duplas foram criadas na década de 1980 com a 2.6 PROJETO DE FACHADA
finalidade de melhorar o desempenho térmico das fachadas envidraçadas em regiões com clima temperado ou frio, de maneira
Em um edifício, as soluções que envolvem sombreamento,
que não fosse necessário reduzir a área das aberturas e assim
ventilação, e iluminação estão inter-relacionadas ao projeto da
permitir maior iluminação natural. Posteriormente foi modificada
envoltória. A fachada tem por finalidade funcionar como uma
para
interface entre as condições externas e internas com o propósito de
superaquecimento, e por fim, fachada dupla com aberturas para os
apresentar eficiência no que diz respeito às exigências físicas
meios internos e externos facilitando a ventilação natural. A
necessárias para proporcionar qualidade àqueles que irão ocupar o
inserção de componentes de proteção solar assim como a
ambiente interno.
ventilação da fachada tornou-se importante para o projeto com
O estudo da geometria solar permite estudar o aproveitamento da
fachadas
insolação e a necessidade de inserção de sombreamento. Sendo
(GONÇALVES; CAVALERI, 2015)
que os principais benefícios da energia solar para o ambiente
As fachadas duplas envidraçadas de um projeto contribuem para a
interno são: efeito bactericida, conforto térmico, aquecimento de
ventilação, porém desempenham principalmente a função de
água e geração da energia renovável. (GONÇALVES; MELLO; MIANA,
aumentar a resistência térmica da envoltória. Por outro lado, em
ROSA, 2015)
climas amenos, esse isolamento não é necessário, sendo mais
A arquitetura modernista apresentou grande contribuição à
apropriado o sombreamento da fachada. O alto isolamento térmico
bioclimática com relação às proteções solares nas fachadas visando
da fachada é desvantajoso, pois dificulta perdas térmicas da
atingir conforto, são exemplos, a utilização de quebra-sol e as
envoltória nos momentos em que a temperatura externa é mais
paredes com elementos vazados. (BEAURECUEIL; LEE, 2015)
baixa que a interna. Dessa maneira o Brasil por ser um país com
fachada
dupla
duplas
ventilada,
independentes
devido
do
aos
contexto
riscos
de
climático.
118
clima quente e úmido apresenta um desempenho maior do edifício
investigando dias e horários distintos ao longo do ano contribui
em situações de sombreamento da fachada do que nas propostas
para decisões assertivas quanto à orientação, forma, tratamento da
de fachadas duplas. (GONÇALVES; CAVALERI, 2015)
fachada, além de outras questões urbanas como o afastamento e
Em busca de um projeto que apresente melhores condições a seus
gabaritos entre edifícios. (GONÇALVES; MELLO; MIANA, ROSA,
ocupantes, as estratégias de projeto que se revelam satisfatórias
2015)
em
e
Com relação às dimensões das proteções, é ressaltada a falta de
consequentemente conforto às pessoas, são: utilizar pavimentos-
precisão analítica que pode acarretar em um sub dimensionamento
tipo com dimensões mais estreitas, fachadas mais complexas
ocasionando a perda de eficiência ou superdimensionamento
devido às estratégias de sombreamento e protegidas do sol,
prejudicando as vistas e iluminação natural. As vantagens da
ambientes internos com espaços de transição, cuja finalidade seria
utilização dos meios computacionais estão na possibilidade de
controlar o efeito chaminé, já que a força do vento tende a crescer
calcular com precisão geométrica os ângulos de proteção solar,
com a altura. (GONÇALVES; CAVALERI, 2015)
assim como as áreas de visão do céu a serem mascaradas.
As fachadas podem ser trabalhadas de maneira a impedir ou reduzir
(BEAURECUEIL; LEE, 2015)
a inserção dos ganhos excessivos de carga térmica advindas da
As aberturas em um edifício possuem diversas funções, dentre elas
temperatura externa ou da radiação solar. (BODE; HERNANDEZ,
o contato visual com o exterior, proporcionando vistas, iluminação
2015)
natural para os ambientes internos, aquecimento do interior do
“Seja qual for o material utilizado, a eficiência de um sistema de
ambiente devido à radiação solar que incide diretamente e a
proteção solar está diretamente ligada aos estudos geométricos da
possibilidade de ventilação natural. Portanto, há uma relação direta
insolação associados aos que tratam das questões relativas ao calor
entre as condições climáticas do local e o conforto do ambiente
solar incidente e ao clima. ” (FROTA, 2004) O estudo da insolação
interno da edificação. Dessa maneira, seu dimensionamento,
contribuir
para
a
ventilação
natural,
térmica
119
orientação e distribuição na fachada são fundamentais para
ambientais necessários para um bom projeto que envolve luz e
determinar boas condições de habitabilidade no edifício.
calor entre ambientes internos e externos.
Uma estratégia de projeto de grande importância é o estudo da
Estudos desenvolvidos pelo Design Robotic Group (DRG) investiga
proporção da área envidraçada da fachada como finalidade de
soluções de sombreamento de fachada e caracterizam-se por
bloqueio da radiação solar difusa window too wall ratio (WWR).
projetos com o objetivo de alargar o âmbito de design na
“O controle da radiação solar é o mecanismo mais importante para
concepção de sistema de sombreamento altamente performático
determinar os ganhos de calor pelo edifício, dai, a importância da
de fachadas arquitetônicas. (BECHTHOLD, 2004)
forma, da orientação solar e da proteção da envoltória onde necessária. ” (DUARTE, 2015 p 158). Resultando em menor carga
2.7 ORNAMENTO
térmica acumulada e em menor quantidade de calor que é irradiado ao entorno no período noturno. (DUARTE, 2015)
O ornamento é visto e utilizado de maneira diferente em cada
Algumas superfícies se aquecem mais ou menos com a exposição à
contexto histórico. No período do Renascimento e arquitetura
radiação solar, sendo que toda matéria emite energia radiante. A
Barroca, era aplicado em alguns elementos-chaves do edifício.
fração da radiação solar que é refletida por uma superfície é
Desde a Renascença os arquitetos utilizam ornamentos em
chamada de albedo. Dessa forma quanto maior for o valor do
arquitetura, tendo seu significado alterado ao longo dos anos.
albedo, mais energia é refletida e menos absorvida. (DUARTE, 2015)
A decoração, na arquitetura clássica, estava ligada aos conceitos
A preocupação com a envoltória passou a ser peça fundamental na
individuais de caráter e expressão, visto como necessário, pois um
composição do projeto devido aos requisitos energéticos e
edifício não conter elementos decorativos expressava um ar de
120
inacabado. Tinham a função de expressar um caráter ao espaço.
do arquiteto Jean Nouvel de 1987 colaborou para o início de uma
(SCHUMACHER, b 2010)
nova era do uso e exploração da simbologia através da solução de
No século XIX, esses elementos-chave eram relacionados às ordens
fachadas. (PICON, 2013)
arquitetônicas. Serviam para reforçar o ritmo da arquitetura, não se
Já para Schumacher (2010) seu retorno se deu na década de 1990
tratavam de decoração. Sua grande utilização foi decorrência da
com padrões e ornamentos no projeto de Herzog & de Meuron em
industrialização que tornou possível a pré-fabricação de peças
1993 Ricola Storage Building in Mulhouse-Brunstatt, localizado na
ornamentais. Desde o período do Renascimento até o século XX, o
França. Porém o conceito intrínseco no pensamento de Schumacher
ornamento havia uma relação intrínseca com a comunicação,
para ornamento é bastante divergente dos demais autores, ele
havendo o intuito de fornecer informações sobre o edifício, tanto
relata que sua utilização carrega o valor do desempenho e da
sobre sua natureza, quanto a respeito do proprietário. (PICON,
performance. (SCHUMACHER, b 2010)
2013)
No final da década de 1990 foram aplicadas novas possibilidades de
A crise na utilização de elementos ornamentais adveio da produção
padronização através de técnicas de mapeamento de texturas em
em massa de elementos decorativos, assim, novas possibilidades de
superfícies NURBS, e atualmente já foi substituída por scripts.
repetição
(SCHUMACHER, b 2010)
surgiram.
Sua
concepção
como
um
elemento
arquitetônico esteve presente durante todo o século XIX, que
A questão do ornamento é retomada na produção customizada na
caracteriza tanto o triunfo de sua utilização como o início de sua
atualidade, não representando, portanto, um ornamento postiço do
crise, devido a rejeição no movimento moderno. (PICON, 2013). No
século XIX da arquitetura clássica, e sim um ornamento que
qual era visto como sinônimo de atraso. (SCHUMACHER, b 2010)
apresenta um desempenho, uma performance. Deparamo-nos na
Nas décadas de 1970 e 1980 o pós-modernismo reintroduziu a
arquitetura contemporânea com a renovação do interesse pelo
questão do ornamento na arquitetura. O Instituto do Mundo Árabe
ornamento, pelo viés do desempenho. 121
Portanto, o ornamento explicitado nos textos de Schumacher
Os modelos paramétricos contribuem para o desenvolvimento de
(2010) é de que a beleza está na eficiência que ele irá
“personalização em massa” do sistema de construção. (SHELDEN, b
desempenhar, seja através da relação com os raios solares ou na
2006). Os projetos contemporâneos tendem a querer alcançar
eficiência para filtrar a luz do dia, por isso, é chamado de alto
soluções únicas, sem precedentes. A tendência é cada vez mais,
desempenho. Sendo essencial produzir elementos que vão além da
propostas arquitetônicas que busquem soluções individualizadas
beleza. Na contemporaneidade as aparências têm importância,
aos projetos.
porém dentro de um contexto de performance. (SCHUMACHER,
Um exemplo da utilização dos padrões é o edifício Civil Courts of
2009)
Justice do escritório da Zaha Hadid Architects, localizado em
A utilização de meios tecnológicos permitiu maior exploração de
Madrid, construído em 2007. Os componentes da fachada possuem
formas, como a utilização de formas complexas e até mesmo a
adaptação de acordo com as mudanças de posição dos raios
prototipagem rápida com a impressão de peças. A generalização do
solares, variando o tamanho das aberturas e dos elementos de
uso de padrões em fachadas é facilitada pelos softwares, e os
proteção para sombreamento. Nesse caso as variações funcionais e
projetistas podem gerenciar padrões complexos com deformações.
formais caminham juntas, pois com a variação da intensidade da luz
(PICON, 2013)
solar incidente sobre as fachadas, há uma implicação direta na
Com as tecnologias digitais foi possível produzir a customização em
forma do componente. (SCHUMACHER, b 2010)
massa em contraste com a produção em massa, permitindo
Na contemporaneidade a questão ornamental tem funções
personalizar
soluções
diferentes na arquitetura. A cultura digital, o desenvolvimento da
arquitetônicas diferenciadas que traduzam materialmente as
ciência dos materiais e a ascensão do uso do computador são
necessidades do ambiente.
fatores que influenciam a arquitetura como meio exploratório de
estratégias
projetuais,
espaços
e
possibilidades. (PICON, 2013) 122
Através do levantamento de obras contemporâneas é possível
forma. Os softwares utilizados para projetar, juntamente com a
observar o retorno da exploração pela ornamentação, que pode ser
fabricação digital assistida por computador contribuíram para novas
aplicado em diversos elementos arquitetônicos da edificação, como
perspectivas quanto à ornamentação em edifícios. Com as
revestimentos,
das
ferramentas computacionais, foi possível gerar padrões com maior
proteções solares, possibilidades estruturais, entre outros aspectos.
facilidade, se comparado a períodos em que não havia a
Neste novo conceito de padrões em arquitetura as soluções são
computação. Projetos que podem exemplificar tais ornamentações
reflexos da performance, e a aparência possui fundamental
são: a Torre Aqua de Jeanne Gang em Chicago (2010). Quanto à
importância,
de
abordagem estrutural, edifícios como Cubo d’agua em Pequim
desempenho. Entende-se por padrões na arquitetura os elementos
(2008) pela PTW Architects e o Ninho de pássaro do edifício
dispostos em qualquer superfície não se devendo esperar que
Olímpico de Herzog & de Meuron Estádio (2008). (PICON, 2013)
tenham qualquer finalidade bem definida. E dessa maneira,
A customização pode se enquadrar em uma arquitetura high-tech,
padrões perdem funções anteriores, adquirindo-novas funções ou
aquela na qual são utilizadas ferramentas computacionais e
mesmo sobrepondo-se a funções antecedentes. (SCHUMACHER, b
fabricação digital. (BEAURECUEIL; LEE, 2015) O ponto interessante
2010)
no uso da tecnologia digital é recriar elementos que estão presente
A arquitetura paramétrica é abordada por Schumacher (2010) na
na construção civil há muito tempo, e transforma-lo em algo
qual o padrão passa a ser um registro inovador resultando em
inovador, criando diferentes desenhos e diferentes padrões.
forros,
porém
fachadas,
vinculado
geometria
também
às
resultante
questões
ornamentação de caráter dinâmico e de alto desempenho. (SCHUMACHER, b 2010) Dessa maneira, o edifício e seus elementos ornamentais, como os protetores solares, possuem maior “liberdade” em atingir sua 123
O pesquisador Dong Kyu Lee (2013), em sua dissertação estudou a
CAPÍTULO 3 – PROCEDIMENTO METODOLOGICO DE INVESTIGAÇÃO
aplicação da modelagem paramétrica e softwares de simulação de
3.1 REFERÊNCIAS DE PESQUISAS ANTERIORES
obter soluções para a fachada da edificação. Foram criadas três
energia para um pequeno escritório em Seul, com a finalidade de
alternativas para fachada, simuladas e avaliadas. De acordo com os Alguns trabalhos vêm sendo desenvolvidos com a utilização de
resultados obtidos, foram propostas modificações nos algoritmos a
modelagem paramétrica e simulação computacional, como meio de
fim de alcançar melhores índices de iluminação natural.
melhorar a performance da edificação, a fim de alcançar otimização
O pesquisador Adhemar Carlos Pala (2014) desenvolveu pesquisas
do modelo em estudo.
de análise da iluminação natural em edifícios residenciais,
A dissertação de mestrado da pesquisadora Virginia C Vannini
construídos entre os anos 1940 a 1960 em São Paulo, identificando
(2011) utiliza algoritmos para estudos de fachadas otimizando a
através de simulações por softwares convencionais, os ambientes
utilização de placas fotovoltaicas no edifício e explorando o
adequados às funções que desempenham e áreas aquém dos níveis
potencial da radiação solar direta.
ideais de iluminação. Foram avaliados todos os cômodos dos
O estudo avalia a transformação geométrica na busca por soluções que correlacionam dados energéticos e geométricos. A pesquisa apontou
resultados
positivos
na
exploração
de
formas
apartamentos, e os resultados demonstraram que nem todos os ambientes apresentaram-se satisfatórios em relação à iluminação natural.
energeticamente eficientes de acordo com a geometria do edifício.
A dissertação de mestrado da pesquisadora Flávia Biccas da Silva
(VANNINI, 2011)
Polonini (2014), estuda a aplicação da arquitetura paramétrica em edificações curvilíneas. Busca descrever as características da modelagem e investiga as diversas configurações geométricas 124
alcançadas através das possíveis variações em uma obra
diversas combinações que consistem no cruzamento dos dados
arquitetônica. Concluiu-se que a utilização da parametrização
previamente determinados. E os diversos resultados são possíveis
viabiliza a construção de formas complexas.
devido às modificações dos valores embutidos nos parâmetros.
O pesquisador Jason Carlow (2014) propõe diferentes aberturas nas
(VANNINI, et. al., 2014)
fachadas de um edifício para a cidade de Hong Kong a fim de buscar
A modelagem paramétrica foi utilizada para desenho de um dos
a customização dos ambientes do edifício contrastando com a
módulos da fachada e do quebra-sol, com possibilidade de variação
realidade padronizada e de reprodução da arquitetura local.
dos parâmetros quanto à dimensão da largura e inclinação das
Através de variações em relação à altura das janelas, largura,
proteções. As análises dos resultados demonstraram que os
profundidade e orientação, são propostas unidades residenciais
espaçamentos dos dispositivos de proteção não influenciavam
diferentes entre si, ora demonstrando maiores aberturas e ora
melhores resultados, mas sim, com a variação da dimensão da
privilegiando a privacidade.
largura dos mesmos. (VANNINI, et. al. 2014)
A pesquisa desenvolvida por Virginia C Vannini et al. (2014) aborda
O doutorado do pesquisador Jarryer Andrade de Martino (2015),
o algoritmo evolutivo, o desenho paramétrico e dispositivos de
demonstra a utilização dos algoritmos evolutivos em algumas
proteção solar para o projeto de retrofit realizado na fachada Norte
situações do processo de projeto. Sua vantagem se dá em virtude
do edifício da Escola de Engenharia Nova da Universidade Federal
da arquitetura envolver diversas variáveis e os algoritmos
do Rio Grande do Sul (UFRGS).
evolutivos serem utilizados para solucionar problemas relacionados
Os sistemas generativos têm por finalidade a busca por múltiplas
a multi objetos. (MARTINO, 2015). Nesse sentido, o projeto
soluções e explorar formas distintas. O processo consiste em
arquitetônico trabalha com uma série de aspectos que devam ser
elaborar as diretrizes do que se pretende estudar e não o elemento
solucionados
final, ou seja, os resultados desse processo são consequência de
implantação do projeto no terreno, a orientação, critérios
mutuamente,
sejam
questões
relacionadas
à
125
ambientais e naturais, distribuição dos ambientes e layout, entre
análise da radiação solar na fachada e obtenção de proteções
tantos outros.
solares. Como resultado da investigação para a fachada, não foi
É um método que investiga a otimização de soluções possíveis
encontrado um formato da edificação que pudesse ser eficiente
através da modelagem e configuração de informações que
quanto à distribuição homogênea da radiação solar. Quanto as
orientam a busca e exploração de um conjunto de resultados.
proteções solares, o ambiente foi avaliado segundo a variação da
LINDEN (2008 apud MARTINO, 2015) A utilização de algoritmo
quantidade de componentes e inclinação dos elementos, e
evolutivo generativo ou genético consiste principalmente nas fases
posteriormente, em relação a largura. Para cada situação foram
iniciais do processo de projeto por representar o momento em que
encontrados valores diferentes como melhor resultado, ficando
diferentes possibilidades são abordadas para a solução de um
evidente que o algoritmo evolutivo pode auxiliar em escolhas para
problema, e poder identificar as alternativas que melhor atendem
a arquitetura.
às necessidades. Esse método possibilita gerar uma maior
As pesquisas apontadas possuem objetos distintos e uso de
diversidade e originalidade, e não a obtenção de um resultado
ferramentas computacionais diversas, porém assemelham-se
ótimo global que não havia sido imaginado anteriormente,
quanto ao objetivo de estudar estratégias projetuais que alcancem
excluindo a possibilidade da tomada de decisão de uma solução
melhores resultados quanto a performance da edificação,
tendenciosa dos problemas. (MARTINO, 2015).
demonstrando que esse tipo de análise pode ser aplicado em
O trabalho demonstra experimentos em relação à implantação de
diversas localizações geográficas, estilos arquitetônicos, e técnicas
edifícios em um lote, definições volumétricas de acordo com
construtivas. De acordo com as referências supracitadas o
insolação, configurações de quebra-sol, desenho da cobertura,
procedimento metodológico pode ser sintetizado na tabela 3.1.
definição volumétrica a partir da implantação, recuos e volume. Para essa pesquisa, destaca-se o experimento realizado com a 126
Autor
Divulgação
Ano
Geometria
Estudo Fachadas Placas fotovoltaicas Fachada Análise da iluminação natural residencial
Virginia C. Vaninni
Mestrado
2011
Modelagem paramétrica
Algoritmos
Dong Kyu Lee
Mestrado
2013
Modelagem paramétrica
Algoritmos
Adhemar Carlos Pala
Doutorado
2014
Simulação Computacional
Software convencional
Flávia Biccas da Silva Polonini
Mestrado
2014
Modelagem paramétrica
Algoritmos
Edificações curvilíneas
Jason Carlow
Artigo
2014
Modelagem paramétrica
Algoritmos
Fachada
Virginia C. Vaninni
Artigo
2014
Modelagem paramétrica
Algoritmo evolutivo
Proteção solar
Jarryer Andrade de Martino
Doutorado
2015
Modelagem paramétrica
Algoritmo evolutivo generativo
Implantação de edifícios em um lote, definições volumétricas, quebra-sol, cobertura, recuos e volume.
Localização Edifício modelo Seul São Paulo Edifício modelo Hong Kong Rio Grande do Sul Edifício modelo
Tabela 3.1: Pesquisas antecedentes envolvendo modelagem paramétrica ou simulação, como estratégia de análise e avaliação de projetos Fonte: LEONE, 2017
3.2 DELIMITAÇÕES DA PESQUISA E CARACTERÍSTICAS DO LOCAL DE ESTUDO
São Paulo apresenta condições para dia típico de verão com temperatura máxima de 31,9°C, amplitude diária de 9,2°C, temperatura de bulbo úmido de 21,3°C e radiação solar de 5180
Este trabalho visa o estudo da otimização da iluminação natural e térmica na cidade de São Paulo que tem por característica situar-se na zona bioclimática 3, latitude 23.5 S, Longitude 46.62W e altitude 792m.
Wh/m² e nebulosidade de 6 décimos. Para o dia típico de inverno temperatura mínima de 6,2°C, amplitude diária de 10°C, temperatura de bulbo úmido de 13,4°C e radiação solar de 4418 Wh/m² e nebulosidade de 6 décimos. Ventos predominantes a sudeste e clima subtropical úmido segundo classificação climática 127
de Koppen Geiger para latitude 23.5S e longitude 46.62W. (ABNT
do comportamento de uma determinada configuração de proteção
15.575-1).
solar.
O projeto com embasamento nas condições climáticas deve
Procedimentos paramétricos são aplicados para a geração da forma
considerar as condições típicas e normais, não as condições
da edificação, assim como, das aberturas e componentes de
extremas, por essa razão, são utilizados valores das médias mensais
proteção solar da fachada com o plug-in Grasshopper. A eficiência
das mínimas e máximas diárias para compor as referências
das geometrias propostas é aferida com o uso dos plug-ins Ladybug
climáticas de ano típico.
e honeybee do software Rhinoceros para análise da radiação solar e
É realizado um recorte para estudo do edifício em relação à análise
iluminação natural respectivamente.
de iluminação natural e radiação solar, porém em uma situação
Há uma tendência do conceito do edifício estar relacionado à
real, muitos outros fatores deverão ser levados em consideração
repetição da forma e posicionamento das lajes dos pisos através do
para se chegar a uma solução otimizada final.
uso de pavimentos-tipo, gerando previsibilidade, e simplificação
A definição de um elemento arquitetônico como as proteções
que se dá pela repetição. No processo proposto neste trabalho,
solares, envolvem diferentes variáveis e valores que compõem as
cada pavimento pode ser único, possuindo alguns elementos que
suas características. Encontrar uma configuração adequada para o
são comuns aos demais, mas levemente diferentes. O conceito
brise compreende buscar soluções cujo ângulo de inclinação,
passa a ser a criação por variação através da modificação das partes
largura, comprimento, quantidade de elementos e espaçamento
definidas pelos algoritmos.
entre eles, possam atender simultaneamente e satisfatoriamente o objetivo proposto. As simulações computacionais se mostram necessárias nesse processo da busca pela forma, pois geram informações que permitem a análise da sua eficiência e visualização 128
3.3 CRITÉRIOS PARA ANÁLISE DE CONFORTO
cerca de 50%, variando de 40 a 60% de área transparente da fachada (MARCONDES, 2010)
Para análise da iluminação natural e insolação na fachada, foi concebido um edifício modelo para as simulações desta pesquisa. As
dimensões
estabelecidas
levaram
em
consideração
a
predominância atual da configuração de projetos de arquitetura para escritórios. Para isso, foram estudados trabalhos como a tese de doutorado da Arquiteta Dr. Mônica Marcondes na qual são analisados edifícios contemporâneos de escritórios em São Paulo, dentre eles, Edifício Rochaverá, Eldorado Business Tower, Prosperitas, E-business, Ventura e Surubim. Embora o foco da pesquisa mencionada seja voltado à ventilação natural, as
Portanto, levando em consideração o estudo acima citado, sobre a configuração arquitetônica de escritórios em São Paulo, assim como, o levantamento dos edifícios com geometria torcida (apresentado no item 2.6), o edifício modelo para análise desta pesquisa possui planta em forma quadrada, com dimensões de 30x30 metros, e core central, na qual está contida a circulação vertical necessária ao funcionamento do edifício. Dimensão de piso a piso de 3.24 metros e pé direito de 2.64 metros, considerando a circulação vertical de 18 degraus com espelhos de 18cm cada. (Figura 3.1)
características levantadas dos edifícios possuem informações fundamentais a esta dissertação.
A relação de profundidade do ambiente foi adotada de acordo com as orientações estabelecida no Código de Obras do Município de
Um dos aspectos analisados foi a configuração formal das lajes dos pisos dos edifícios, que como resultado apresentaram a predominância de formas quadradas e retangulares, com layout
São Paulo, para melhor aproveitamento da iluminação natural. Essa relação estabelece que a profundidade do ambiente deve possuir até três vezes a altura do pé direito. (CÓDIGO DE OBRAS,2008)
livre e core central. Com relação às fachadas observou-se a redução de wwr de até 100% da área de transparência das edificações para
129
Para análise do comportamento da iluminação natural, foram estabelecidos cinco diferentes tipos de abertura. O primeiro caso com 29% de área translucida luminosa, o segundo caso, com área de 40% de área luminosa, o terceiro com 37% de translucidez, o quarto com 50% e o quinto com 81%. Essas definições representam configurações diferentes quanto a largura ou altura dos vãos na fachada. (Figura 3.2) De acordo com o levantamento das edificações com geometrias torcidas, dentre as informações disponíveis, foram identificadas Figura 3.1: Pavimento tipo do edifício modelo Fonte: LEONE, 2017
O modelo digital foi realizado parametricamente, ou seja, algumas dimensões foram pré-estabelecidas para que possam ser alteradas facilmente e modifiquem simultaneamente o modelo digital. Dentre as configurações, foram criados parâmetros quanto a aberturas das janelas que resultam na alteração da aparência do
torções de 0.48% a 8% por andar. Levando esses dados em consideração, foram escolhidas torções contidas nesses valores para avaliação. Portanto, será simulado um edifício com torção de eixo central de 3° e 6° por andar em comparação a uma edificação com geometria retilínea, ou seja, 0° de rotação. A rotação a partir de um eixo central justifica-se pela predominância de obras que possuem essa solução.
edifício e permitem maior ou menor incidência de iluminação no interior dos ambientes.
130
A figura 3.3 apresenta a carta solar para a latitude da cidade de São Paulo e a trajetória solar ao longo do ano. Através dela é possível visualizar os períodos de disponibilidade de insolação em todas as orientações.
Figura 3.3: Carta solar da cidade de São Paulo Fonte: LEONE, 2017 através do software SOL-AR Figura 3.2: Configuração das aberturas estudadas Fonte: LEONE, 2017 131
O software SOL-AR desenvolvido pela Universidade de Santa
vermelho demonstra o período crítico da radiação solar ao longo do
Catarina, (Laboratório de Eficiência Energética em Edificações),
ano. Com base nesses dados a pesquisa propõe o estudo de
demonstra as temperaturas presentes na cidade de São Paulo,
proteções solares que possam proteger a fachada nesses períodos.
através de um degrede de cores, no qual os períodos
A figura 3.4 (esquerda) expressa as temperaturas incidentes na
correspondentes à radiação solar amena são representados por
cidade de São Paulo para o período de 21 de dezembro a 21 de
cores frias, e radiação branda, cores quentes. Dessa maneira, o
junho, e (direita), o período de 21 de junho a 21 de dezembro.
Figura 3.4: Temperaturas da cidade de São Paulo até o dia 21/06 (esquerda) e após o dia 21/06 (direita) Fonte: LEONE, 2017 através do software SOL-AR 132
Os dados foram analisados para as oito orientações (Norte,
Os dias do ano adotados para realização da simulação foram os
Nordeste, Leste, Sudeste, Sul, Sudoeste, Oeste, Nordeste),
equinócios de outono (21/03), solstícios de inverno (21/06),
identificando os horários e meses correspondentes ao período
equinócio de primavera (23/09) e o solstício de verão (21/12) por
crítico, conforme Tabela 3.2 e 3.3.
representarem
De acordo com a análise dos períodos críticos na cidade de São
características específicas quanto às condições climáticas.
Paulo, foram definidos os horários para as simulações de radiação
Apesar da relevância de outros fatores para análise completa da
solar e iluminação natural, sendo eles: às 10h 00min. e 15h e 30
edificação, como desempenho dos materiais utilizados. A pesquisa
min, por compreenderem a horários contidos predominantemente
restringe-se ao estudo das aberturas e proteções solares.
altura
e
posicionamento
solar
distintos
e
nos períodos críticos apresentados pelas oito orientações do edifício.
Orientação NORTE NORDESTE LESTE SUDESTE SUL SULDOESTE OESTE NOROESTE
Período crítico 21/12 a 21/06 Solstício de inverno Equinócio de Outono 21.06 21.03 10:00 às 16:00 10:00 às 13:00 10:00 às 12:00 10:00 às 10:15 13:45 às 16:00 12:00 às 16:00 10:45 às 16:00
Solstício de verão 21.12 9:30 às 12:00 9:30 às 12:00 9:30 às 12:00 10:00 às 15:45 12:00 às 15:30 12:00 às 15:45 12:00 às 15:30
Tabela 3.2: Análise das temperaturas da cidade de São Paulo no período de 21/12 a 21/06 Fonte: LEONE, 2017 através do software SOL-AR 133
NORTE NORDESTE LESTE SUDESTE SUL SULDOESTE OESTE NOROESTE
Período crítico 21/06 a 21/12 Solstício de inverno Equinócio de Primavera 21.06 21.09 12:30 às 14:00 10:00 às 18:00 12:30 às 14:00 10:00 às 13:15 10:00 às 12:00 10:00 às 10:15 15:30 às 16:00 13:45 às 18:00 12:30 às 14:00 12:00 às 18:00 12:30 às 14:00 10:45 às 18:00
Solstício de verão 21.12 -
Tabela 3.3: Horários críticos para a cidade de São Paulo no período de 21/06 a 21/12 Fonte: LEONE, 2017
3.4 EXPERIMENTOS Os experimentos têm por objetivo investigar a inter-relação entre a radiação solar e iluminação natural no edifício através da configuração das geometrias com parâmetros, que variam dentre limites pré-definidos, para serem testados. O quadro 3.1 demonstra as ilustrações resultantes dos algoritmos desenvolvidos para proteção solar.
EXPERIMENTO 1 – FORMA E ABERTURAS O edifício modelo com geometria torcida, é rotacionado com diferentes graus (3° e 6° por andar) a partir de um eixo central a fim de se observar a radiação solar incidente na fachada e averiguar, se com a própria torção do edifício, é possível obter maior proteção sem a utilização de componentes externos, como brises. A comparação entre as torções é realizada com os resultados de um edifício de forma retilínea. 134
O estudo visa identificar se há uma relação direta entre a torção,
EXPERIMENTO 4 – PROTEÇÃO MISTA (VERTICAL E HORIZONTAL)
autoproteção solar e disponibilidade de iluminação natural. Será
Na proteção mista é possível variar a largura, espessura, quantidade
avaliado o tamanho das aberturas das janelas buscando identificar
de elementos horizontais e verticais.
as particularidades das orientações, a fim de se descobrir quais as fachadas mais favoráveis a possuir aberturas maiores ou menores.
EXPERIMENTO 5 – VARIAÇÃO DAS PLACAS DE PROTEÇÃO (FECHAMENTOS)
Essa averiguação é possível através da modelagem paramétrica e scripts, pois permitem um edifício mutável e adaptável a diversos contextos.
Solução na qual os painéis de fechamento possam variar seu posicionamento ao longo da fachada, largura dos painéis horizontais, verticais e a quantidade de elementos, resultando em
EXPERIMENTO 2 – PROTEÇÃO HORIZONTAL
maiores aberturas ou maior quantidade de painéis.
A proteção horizontal modelada parametricamente apresenta a
EXPERIMENTO 6 – FACHADA
possibilidade de variação dos parâmetros quanto à largura, espessura, espaçamento, quantidade de lâminas e inclinação. O algoritmo é configurado de maneira que cada uma das fachadas tenha soluções independentes, devido às necessidades específicas de cada orientação. EXPERIMENTO 3 – PROTEÇÃO VERTICAL
O algoritmo apresenta a possibilidade de variações quanto à altura do peitoril, porcentual de abertura, desenho da fachada e quantidade de elementos, resultando em uma solução funcional e estética ao edifício. Explorado o fato de que nem toda a envoltória do edifício possui as mesmas necessidades, parte da fachada pode ser mais protegida (menores aberturas), outras menos (maiores
A proteção vertical foi configurada de modo a possuir variações
aberturas).
quanto à largura, espessura, espaçamento entre os elementos e
O quadro 3.2 demonstra as possíveis variações configuradas nos
quantidade de elementos.
algoritmos desenvolvidos. 135
Abertura Janelas Imagem
H x L 1,2 x 4,00
1,2 x 5,00
1,65 x 4,00
1,65 x 5,00
2,65 x 5,00
Proteção Solar Imagem
Horizontal
Vertical
Misto
Painel
Fachada
Quadro 3.1: Configuração das aberturas e proteções solares a serem estudadas Fonte: LEONE, 2017
136
Proteção Solar Horizontal
Largura
Espessura
Espaçamento e quantidade de lâminas
Inclinação
Vertical
Largura
Espessura
Espaçamento
Quantidade de elementos
137
Misto
Largura
Espessura
Quantidade de elementos horizontais
Quantidade de elementos Verticais
138
Painel
Posicionamento
Largura painéis horizontais
Largura painéis verticais
Redução dos painéis
Fachada
Altura do peitoril
Porcentagem de abertura
Desenho na Fachada
Quantidade
Quadro 3.2: Variações dos algoritmos para proteção solar 139
Fonte: LEONE, 2017
3.4.1 ESTUDOS COM MODELAGEM PARAMÉTRICA E DEFINIÇÃO DAS GEOMETRIAS PARA ANÁLISE
perímetro da base, altura, largura, quantidade de pavimentos e porcentagens de aberturas através da variação dos parâmetros previamente estabelecidos.
A investigação a respeito das possíveis variações do edifício resultou no algoritmo que permite alterações quanto à forma,
A figura 3.5 mostra algumas das possíveis variações quanto à forma da edificação.
140
Figura 3.5: Variação da forma Fonte: LEONE, 2017
A figura 3.6 demonstra algumas possibilidades de torções a partir
A figura 3.7a demonstra diferentes dimensões quanto às aberturas
de um eixo central da geometria.
na edificação, porém de maneira homogenia, ou seja, mesmo desenho para aberturas desde o primeiro ao último pavimento. Já a figura 3.7b expõe variações da porcentagem de abertura ao longo das fachadas. Essa experimentação demonstra que o algoritmo passa a ser a representação do que se pretende estudar, na qual é possível configurar elementos que customizem o edifício. (Apêndice B). O algoritmo completo, ou seja, contendo todas as etapas
Figura 3.6: Variação da torção Fonte: LEONE, 2017
demonstradas ao longo do trabalho encontra-se no Apêndice C.
141
Figura 3.7a: Variação das aberturas na fachada Fonte: LEONE, 2017
Figura 3.7b: Variação da porcentagem das aberturas na fachada Fonte: LEONE, 2017
O quadro 3.3 representa o algoritmo correspondente ao edifício modelo utilizado para as análises. Seu desenvolvimento será apresentado em etapas representadas com cores. 142
PARTE 1
PARTE 2
PARTE 3
143
PARTE 4
PARTE 5
PARTE 6
Quadro 3.3: Algoritmo referente ao edifício modelo de estudo (passo-a-passo) Fonte: LEONE, 2017
PARTE 1 – DEFINIÇÃO DA GEOMETRIA DA BASE DO EDIFÍCIO
Foi criado um retângulo no plano XY, para delimitar o perímetro da base do edifício, com parâmetros variáveis, ou seja, foi configurado 144
um intervalo de valores, aos quais poderão ser modificados, tanto
Foram estabelecidos valores quanto à espessura das lajes dos
para X quanto Y. A dimensão utilizada no edifício modelo para
pavimentos com o comando Extrude.
análise possui 30x30metros.
PARTE 5 - DEFINIÇÃO SUPERFÍCIES
PARTE 2 – QUANTIDADE DE PAVIMENTOS
A forma da edificação foi definida através da divisão das curvas da
Foram criados os pavimentos através do comando Numbers to
superfície e pela interligação dos pontos das arestas com o
Points, na qual a base retangular do edifício foi movida no eixo Z em
comando Merge. Como resultado foi criado uma superfície Mesh.
série, ou seja, múltiplas vezes. E estabelecidas quantidades
PARTE 6 - DEFINIÇÃO DAS ABERTURAS
variáveis para quantidade de pavimentos, altura de piso a piso e pé direito. Para este estudo, serão adotados 60 pavimentos com valores de piso a piso de 3,24 e pé direito de 2,64 metros. A dimensão da base pode ainda ser modificada através de um
Após a desconstrução das faces da superfície, foram configuradas as dimensões das aberturas os pontos das aberturas, de modo que possam ser alteradas pelos parâmetros quanto a largura e altura.
parâmetro que a escalona, podendo aumenta-la ou diminui-la. PARTE 3 – ROTAÇÃO A torção dos pavimentos ocorreu através do eixo da base quadrada do edifício com rotação em série estabelecida em graus. Esse parâmetro também foi configurado de maneira variável. O edifício
FORMA DO EDIFÍCIO QUE SERÁ CONSTRUÍDA A PROTEÇÃO Foram criados algoritmos de proteções solares com formas variadas a fim de testa-las em simulações computacionais e averiguar seus respectivos desempenhos.
modelo possui rotação por pavimento que pode ser controlada de
Os algoritmos desenvolvidos para as proteções solares são
0°, resultando em uma geometria retilínea, até 6°.
apresentados e explicados também por etapas. O quadro 3.4
PARTE 4 - ESPESSURA PAVIMENTOS 145
apresenta o algoritmo que configura as dimensões do edifício, para definição posterior, dos elementos de proteção.
PARTE 1
146
PARTE 2
PARTE 3
PARTE 4
Quadro 3.4: Algoritmo edifício base para as proteções solares (passo-a-passo) Fonte: LEONE, 2017 147
PARTE 1 – EDIFÍCIO BASE PARA DESENVOLVIMENTO DAS
PARTE 4 – SELEÇÃO DE UM PLANO DA FACHADA
PROTEÇÕES SOLARES
A partir da criação dos planos externos do edifício com o comando
Para criar o modelo do edifício, foi criado um retângulo no plano
Loft, foi realizada a desconstrução desses planos, para que o
XY, com parâmetros variáveis para X e Y. Identificado no algoritmo
mesmo fosse configurado como faces, arestas e vértices. Dessa
como Base do edifício. As dimensões utilizadas para análise são as
maneira, pode ser escolhida apenas uma das faces para
mesmas definidas no edifício modelo relatadas anteriormente.
experimentação da proteção solar.
PARTE 2 – QUANTIDADE DE PAVIMENTOS
As etapas citadas acima servirão a base para todas as
Foram criados os pavimentos através do comando move, na qual a
experimentações das proteções solares do edifício.
base retangular do edifício foi movida no eixo Z em série. E
PROTEÇÃO HORIZONTAL
estabelecidos os valores de pé direito e quantidade de pavimentos.
O quadro 3.5 representa o algoritmo da proteção solar horizontal
PARTE 3 - ROTAÇÃO
inteiro e em partes.
A rotação dos pavimentos ocorreu através do eixo da base retangular do edifício, em série estabelecida em graus.
148
PARTE 1
149
PARTE 2
PARTE 3
PARTE 4
Quadro 3.5: Algoritmo proteção solar horizontal (passo-a-passo) Fonte: LEONE, 2017
150
PROTEÇÃO SOLAR
PARTE 3 – ESPESSURA
PARTE 1 – DIVISÃO DA SUPERFÍCIE
A partir da etapa anterior, com Surface Closest Point, Evaluate
A superfície foi desconstruída e dividida tanto para valores de x
Surface e Amplitude foram definidos valores variáveis para a
quanto de y, para determinar o número de lâminas para proteção
espessura da proteção horizontal.
solar, que podem ser modificados de acordo com os parâmetros.
PARTE 3 – INCLINAÇÃO DAS LÂMINAS
PARTE 2 - LARGURA
A inclinação das lâminas também pode ser alterada no limite de 0 a
A partir da subdivisão da face para quantidade de lâminas, foram
90 graus, permitindo maior adaptabilidade às necessidades de
definidos parâmetros para configuração da largura do brise, que
proteção.
podem ser modificados. Através do comando Perp Frames foram
PROTEÇÃO VERTICAL
criados planos com relação às normais da superfície para criação
O quadro 3.6 representa o algoritmo desenvolvido para proteção
das proteções solares, e configuradas parametricamente de forma a
solar vertical.
poder aumentar o número de subdivisões dos pontos da normal.
151
PARTE 1
152
PARTE 2
PARTE 3
Quadro 3.6: Algoritmo proteção solar vertical (passo-a-passo) Fonte: LEONE, 2017
PARTE 1 – DIVISÃO DA SUPERFÍCIE
Com Randon Reduce foram estabelecidos valores variáveis para a
Com o comando Offset, foi criado um distanciamento da superfície
quantidade de elementos que deveriam ser reduzidos dos
original, com definição de distância variável. A nova superfície foi
elementos criados na PARTE 1 – DIVISÃO DA SUPERFÍCIE,
dividida com dimensões variáveis, tanto no eixo horizontal como
possibilitando a variação dos elementos e criando uma fachada com
vertical, através do comando Divide Domain e Isotrim.
aberturas dinâmicas.
PARTE 2 – VARIAÇÃO
PARTE 3 – ESPESSURA 153
Foi estabelecida a normal com base na superfície original definida
PROTEÇÃO COM PAINÉIS
na PARTE 1 – DIVISÃO DA SUPERFÍCIE, para realizar a extrusão dos
O quadro 3.7 representa o algoritmo da proteção solar com painéis.
elementos, com dimensões variáveis na fachada, criadas na PARTE
Essa definição representa uma variação da proteção vertical.
2 – VARIAÇÃO.
154
PARTE 1
PARTE 2
PARTE 3
Quadro 3.7: Algoritmo proteção solar com painéis (passo-a-passo) Fonte: LEONE, 2017 155
PARTE 1 – DIVISÃO DA SUPERFÍCIE
PARTE 3 – EXTRUSÃO
Com o comando Offset, foi criado um distanciamento da superfície
Foi estabelecida a normal com base na superfície original definida
original, com distância variável. A nova superfície, foi dividida tanto
na PARTE 1 – DIVISÃO DA SUPERFÍCIE, para realizar a extrusão dos
no eixo horizontal como no vertical com dimensões variáveis com o
elementos com amplitude variável.
comando Divide Domain e Isotrim.
Este algoritmo é uma variação da configuração da proteção solar
PARTE 2 – VARIAÇÃO DOS ELEMENTOS NA FACHADA
vertical.
Com o comando Randon Reduce foram estabelecidos valores
PROTEÇÃO MISTA - HORIZONTAL E VERTICAL
variáveis para a quantidade de elementos que deveriam ser
O quadro 3.8 representa o algoritmo da proteção vertical e
reduzidos dos elementos criados na PARTE 1 – DIVISÃO DA
horizontal.
SUPERFÍCIE, criando uma fachada com aberturas dinâmicas.
156
PARTE 1
157
PARTE 2
PARTE 3
PARTE 4
Quadro 3.8: Algoritmo proteção solar mista (passo-a-passo) Fonte: LEONE, 2017
158
PARTE 1 – DIVISÃO DA SUPERFÍCIE (PROTEÇÃO VERTICAL)
Foram definidas as quantidades de lâminas horizontais em processo
A partir da superfície da fachada escolhida, com o comando Divide
semelhante à definição da proteção vertical.
Domain e Isotrim, a superfície foi dividida no eixo vertical com
PARTE 4 – PROTEÇÃO HORIZONTAL
dimensões variáveis, definindo a quantidade de elementos. Com
A partir da desconstrução das faces e do centro da geometria,
Construct Domain e Isotrim, foram estabelecidos valores para as
foram estabelecidas as normais de cada ponto para definição da
dimensões das superfícies em função das divisões do plano
direção da extrusão dos volumes e estabelecido o valor da
principal.
extrusão. A inclinação dos elementos, também foram configurados
PARTE 2 – PROTEÇÃO VERTICAL
de modo a serem variáveis.
Foram selecionados os pontos referentes às arestas das divisões da
DESENHO DA FACHADA
face, no qual foram configurados retângulos para geometria
O quadro 3.9 representa o algoritmo da solução de fachada que
referente à largura e espessura das lâminas. Através da rotação dos
resulta em uma solução estética diferenciada para o edifício.
planos, é feita a rotação dos brises 0 a 180 graus. PARTE 3 – DIVISÃO DA SUPERFÍCIE (PROTEÇÃO HORIZONTAL)
159
160
PARTE 1
PARTE 2
PARTE 3
Quadro 3.9: Algoritmo da configuração da fachada como solução da envoltória (passo-a-passo) Fonte: LEONE, 2017 161
PARTE 1 – LINHAS DE REFERÊNCIA
Com o comando Extrude e Amplitude foram criadas as espessuras
A superfície é subdividida com o comando Surface Frames com
dos elementos.
valores para X e Y que podem ser modificados nos parâmetros. São
TRAJETÓRIA SOLAR
criadas linhas que respeitarão a influência dos pontos de atração.
O algoritmo para definição da trajetória solar da cidade de São
PARTE 2 - PONTO DE ATRAÇÃO
Paulo foi realizado com as informações dos horários do nascer do
São criados pontos de atração e configurados valores variáveis para
sol, horário de pico, pôr do sol, respectivos azimutes para esses
a influência desses pontos na geometria da fachada, assim como
horários e altitude solar. Essas informações foram obtidas através
possibilidade de variação do início e término do domínio.
do site SunCalc, com definição para a cidade de São Paulo. (Quadro 3.10)
PARTE 3 - ESPESSURA DA GEOMETRIA
162
PARTE 1
PARTE 2
Quadro 3.10: Algoritmo trajetória solar (passo-a-passo) Fonte: LEONE, 2017
PARTE 1 - DEFINIÇÃO DO ARCO SOLAR
comprimento da distância do ponto inicial. A linha é criada com o
É definido um ponto através do comando Point e Construct Point e
comando Line SDL. Posteriormente é rotacionada com ângulo em
criada uma linha com a definição de valores (variáveis) para o
graus, que corresponde à medida do nascer do sol. Outra linha é 163
criada de acordo com o valor correspondente à posição do sol ao
3.6 - FERRAMENTAS DE SIMULAÇÃO
meio dia, e outra, para o pôr do sol. Para as linhas que representam o nascer do sol e o pôr do sol, são evidenciados seus pontos do final da linha com o comando End Points. Já a linha que representa a distância do sol ao meio dia, é rotacionada no eixo X com o valor em graus referente a altitude do sol ao meio-dia. E por fim, encontrados os pontos de início e final da linha.
Para o desenvolvimento desta pesquisa são utilizados dois plug-ins do Grashopper: Ladybug e Honeybee. O Ladybug realiza simulações da radiação solar na fachada do edifício e o Honeybee a distribuição da iluminação natural no ambiente, apresentando os resultados através de graduações de cores que indicam o fator de iluminância no ambiente interno. Esta maneira de visualização facilita identificar o comportamento dos elementos estudados no
A união dos pontos correspondentes à posição do nascer do sol, o zênite ao meio-dia e pôr do sol, definem o arco da trajetória solar.
ambiente e as necessidades de alterações do projeto a fim a proteger a fachada da radiação excessiva, através da utilização de
PARTE 2 - DEFINIÇÃO DOS HORÁRIOS DO DIA
protetores solares.
Com o comando Construct Domain são estabelecidos os valores dos
A solução otimizada consiste naquela que apresenta menor
horários de nascer e pôr do sol. Com Remap Numbers é criada uma
percentual de radiação solar direta e que contenha boas condições
equação X/60, estabelecendo como máximo, o valor do nascer do
de iluminação natural no interior do ambiente.
sol, e mínimo, o pôr do sol. Dessa maneira são identificados os horários ao longo do dia.
Foram encontrados obstáculos para realização das simulações no que diz respeito à adaptação dos algoritmos a torres torcidas, assim
Esse algoritmo auxilia as demais geometrias (edifício modelo e
como acesso a um software confiável para modelagem paramétrica
proteção solar) em relação ao posicionamento e trajetória solar, de
para desenvolvimento das análises.
maneira dinâmica devido à parametrização. 164
Esses plug-ins foram escolhidos devido à ampla utilização dos
portanto, o pesquisador passa a ter domínio e poder crítico na
mesmos em artigos e estudos acadêmicos estrangeiros, que
análise dos resultados obtidos nas simulações.
utilizam
modelagem
paramétrica
como
ferramenta
de
desenvolvimento de projetos. Em território nacional ainda são pouco utilizados, tendo maior destaque em alguns centros de pesquisa e universidades. Utilizam como base de dados, as informações disponibilizadas pelo
3.6.1 PLUG-IN LADYBUG
O quadro 3.11, demonstra o algoritmo utilizado para simulação da incidência de radiação solar na envoltória do edifício.
Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) divulgados pelo Professor Maurício Roriz.2 Desta maneira, é possível ter acesso aos dados referenciais, aos quais o software utiliza para fazer os cálculos de iluminação, radiação solar, entre outros. A relevância em disponibilizar essas informações é gerar confiabilidade nas pesquisas através da transparência das informações divulgadas. E,
2
INMET Arquivo elaborado por Prof. Maurício Roriz, DECiv - UFSCar, São Carlos, SP, Brasil. ANTAC – Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído Grupo de Trabalho sobre Conforto e Eficiência Energética de Edificações. Roriz, Maurício. 2012. Arquivos Climáticos de Municípios Brasileiros, Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído, São Carlos, SP, Brasil. O arquivo de extensão .epw utilizado é referente a São Paulo-Congonhas, arquivo disponível no site https://energyplus.net/weatherregion/south_america_wmo_region_3/BRA%20%20 165
Quadro 3.11: Algoritmo radiação solar com o edifício Fonte: LEONE, 2017 166
A cor cinza simboliza a geometria que será simulada, neste caso, o
simulações dos edifícios, e as legendas que as identificam
edifício com aberturas (janelas). A cor amarela, a etapa na qual são
respectivamente. O verde identifica o ícone que viabiliza a
importados os dados meteorológicos da cidade de São Paulo
simulação.
(arquivo extensão .epw). O vermelho corresponde aos dias e
3.6.3 PLUG-IN HONEYBEE
horários de simulação (10h00min e 15h30min). O ícone vinho demonstra o Norte Verdadeiro para definir a correta orientação do
O quadro 3.12, demonstra o algoritmo criado para realizar a
projeto. As cores rosa claro e escuro representam o resultado das
simulação referente à iluminação natural.
//
167
Quadro 3.12: Algoritmo iluminação natural Fonte: LEONE, 2017
A cor preta identifica o ambiente que será simulado (lajes do piso,
orientação do projeto. O vermelho representa os parâmetros em
teto e paredes), a cor azul escuro demonstra a geometria das
que são definidas as datas (solstícios e equinócios) e horários de
aberturas em todo o perímetro da envoltória. O azul claro refere-se
simulação (10h00min e 15h30min). A cor laranja representa a altura
ao ambiente com as definições das aberturas. O amarelo
de referência na qual a iluminação natural será avaliada, nesse
corresponde à etapa na qual são importados os dados
caso, foi configurado para 0,75 metros, dimensão descrita na norma
meteorológicos da cidade de São Paulo (arquivo extensão .epw), e o
ABNT NBR 8995-1 (2013). A cor roxa identifica as geometrias que
vinho demonstra o Norte Verdadeiro para definir a correta
serão consideradas para a simulação (apenas o edifício, ou edifício 168
e proteções). O verde claro representa os valores mínimos e
posicionamento e altura solar contidos no momento crítico, no qual
máximos de iluminância e espaçamento da malha na qual será
correspondem às simulações desta pesquisa.
realizada a simulação (Maior ou menor quantidade de cores). As
Para a fachada Norte, é necessária proteção com geometria
cores rosa claro e escuro representam o resultado das simulações
horizontal e vertical. Dessa maneira, toda área contida dentro do
dos edifícios, e as legendas que as identificam, respectivamente.
período crítico passa a ser protegida, e assim, os raios solares
Por fim, o verde escuro identifica o ícone que viabiliza a simulação.
referentes a esses horários não incidirão no interior do ambiente. A
3.7 – ESTUDO DE PROTEÇÃO DAS FACHADAS
máscara solar referente a uma possibilidade para proteção é representada através da figura 3.8.
A partir da análise da carta solar, e verificação do período de insolação das fachadas e momentos críticos estabelecidos pelos horários com maior temperatura (Figura 3.4), foram desenvolvidos estudos, que representam uma possibilidade de proteção solar,
Uma vez realizada a análise da máscara solar, a geometria da proteção pode resultar em uma série de possibilidades, (possuindo a mesma eficiência) implicando na variação das dimensões das placas, distanciamento da fachada, espaçamento entre elas, entre
para as orientações Norte, Sul, Leste e Oeste.
outros fatores. Possíveis configurações da proteção solar para A tabela 3.4 apresenta as datas e horários iniciais e finais dos
fachada Norte são demonstradas através da Figura 3.10.
períodos de insolação e crítico com respectivos ângulos do posicionamento
solar,
sendo
eles,
ângulo
horizontal
(posicionamento do sol na linha do horizonte) e ângulo vertical (altura solar em relação à linha do horizonte). É possível observar
As dimensões utilizadas para as proteções solares foram baseadas nas medidas disponíveis para fabricação, segundo referência da Sulmetais.
esses dados, na Figura 3.9, na qual são destacados em amarelo o período de insolação; vermelho, o momento crítico e o 169
ESTAÇÃO EQUINÓCIOS 21.03 E 23.09 SOLSTÍCIO INVERNO 21.06
FACHADA NORTE INSOLAÇÃO ÂNGULO HORÁRIO HORIZONTAL 6:00h 90° 18:00h 270° 6:45h 65° 17:15h
SOLSTÍCIO VERÃO 21.12
ESTAÇÃO EQUINÓCIOS 21.03 E 23.09 SOLSTÍCIO INVERNO 21.06 SOLSTÍCIO VERÃO 21.12
Fonte: LEONE, 2017
ÂNGULO VERTICAL 0° 0° 0º
296°
0º
Não pega sol PERÍODO CRÍTICO ÂNGULO HORÁRIO HORIZONTAL 10:00h 55° 18:00h 270° 12:30h 351° 14:00h
ÂNGULO VERTICAL 52° 0° 40°
327°
Figura 3.8: Máscara solar para período crítico e resultante da proteção solar – Fachada Norte Fonte: LEONE, 2017
34°
Não pega sol
Tabela 3.4: Horários e ângulos do sol - Fachada Norte
170
A fachada Norte apresenta período crítico em alguns horários dos equinócios e solstício
de
inverno.
A
figura
3.9
representa o período de insolação e momento crítico conforme dados da Tabela 3.4. A figura 3.10 exemplifica possibilidades de variações da proteção solar, para os mesmos valores de α, β, γ segundo dados analisados em relação ao posicionamento e altura solar. A máscara solar demonstra a utilização de proteção vertical e horizontal como estratégia para proteção Figura 3.9: Insolação e período crítico - Fachada Norte Fonte: LEONE, 2017
solar da edificação. (Figura 3.8)
171
Figura 3.10: Possibilidades de proteção solar – Fachada Norte Fonte: LEONE, 2017
ESTAÇÃO SOLSTÍCIO VERÃO 21.12 ESTAÇÃO SOLSTÍCIO VERÃO 21.12
FACHADA SUL INSOLAÇÃO ÂNGULO HORÁRIO HORIZONTAL 5:15h 116° 18:45h
244°
PERÍODO CRÍTICO ÂNGULO HORÁRIO HORIZONTAL 10:00h 97° 15:45h
ÂNGULO VERTICAL 0° 0° ÂNGULO VERTICAL 62°
258°
39°
Figura 3.11: Máscara solar – Fachada Sul Fonte: LEONE, 2017
Tabela 3.5: Horários e ângulos do sol - Fachada Sul Fonte: LEONE, 2017 172
Figura 3.12: Insolação e período crítico - Fachada Sul Fonte: LEONE, 2017
A figura 3.12 representa o posicionamento solar conforme dados da Tabela 3.5. É possível verificar algumas possibilidades de proteção solar, de acordo com os dados analisados em relação ao posicionamento e altura solar. A fachada Sul, apresenta o período crítico no solstício de verão, dessa maneira, uma possibilidade de proteção solar consiste na utilização de lâminas verticais, conforme apresentam as figuras 3.13 e máscara solar correspondente (Figura 3.11).
173
Figura 3.13: Possibilidades de proteção solar – Fachada Sul Fonte: LEONE, 2017
ESTAÇÃO EQUINÓCIOS 21.03 E 23.09 SOLSTÍCIO INVERNO 21.06 SOLSTÍCIO VERÃO 21.12
FACHADA LESTE INSOLAÇÃO ÂNGULO HORÁRIO HORIZONTAL 6:00h 90° 12:00h 0° 6:45h 65°
ÂNGULO VERTICAL 0° 65° 0°
12:00h
0°
42°
5:15
116°
0°
12:00
0°
90°
ESTAÇÃO EQUINÓCIOS 21.03 E 23.09 SOLSTÍCIO VERÃO 21.12
PERÍODO CRÍTICO ÂNGULO HORÁRIO HORIZONTAL 10:00h 55° 12:00h 0° 9:30h 98° 12:00h
ÂNGULO VERTICAL 52° 65° 55°
0°
90°
Tabela 3.6: Horários e ângulos do sol - Fachada Leste Fonte: LEONE, 2017
174
A figura 3.14 representa o posicionamento solar conforme dados da tabela 3.6. Com base nos horários do momento crítico é proposta a máscara solar, segundo Figura 3.15. Na fachada Leste, a incidência de sol com maiores temperaturas, concentra-se nos equinócios e solstício de verão. Dessa maneira, uma possibilidade para proteção solar
é
a
implantação
de
lâminas
horizontais, em função do posicionamento e altura solar. (Figura 3.16).
175
Figura 3.15: Máscara solar – Fachada Leste
Fonte: LEONE, 2017
Figura 3.14: Insolação e período crítico - Fachada Leste Fonte: LEONE, 2017
176
Figura 3.16: Possibilidades de proteção solar – Fachada Leste Fonte: LEONE, 2017 177
A figura 3.18 representa o posicionamento solar conforme dados da
Tabela 3.7: Horários e ângulos do sol - Fachada Oeste Fonte: LEONE, 2017
tabela 3.7.
ESTAÇÃO EQUINÓCIOS 21.03 E 23.09 SOLSTÍCIO INVERNO 21.06 SOLSTÍCIO VERÃO 21.12 ESTAÇÃO EQUINÓCIOS 21.03 E 23.09 SOLSTÍCIO INVERNO 21.06 SOLSTÍCIO VERÃO 21.12
FACHADA OESTE INSOLAÇÃO ÂNGULO HORÁRIO HORIZONTAL 12:00h 0° 18:00h 270° 12:00 0°
ÂNGULO VERTICAL 65° 0° 40°
17:15h
296°
0°
12:00h
0°
90°
18:45h
244°
0º
PERÍODO CRÍTICO ÂNGULO HORÁRIO HORIZONTAL 12:00h 0° 18:00h 270° 12:30h 351°
ÂNGULO VERTICAL 65° 0° 40°
14:00h
327°
32°
12:00h
0°
90°
15:45h
258°
38°
Figura 3.17: Máscara solar para período crítico e resultante da proteção solar – Fachada Oeste Fonte: LEONE, 2017
178
A
fachada
Oeste
apresenta
altas
temperaturas tanto nos solstícios como equinócios, e por longos períodos, fazendo com que haja a necessidade de proteção solar vertical móvel, ou mista, conforme exemplos demonstrados na figura 3.19. A máscara solar (Figura 3.17) demonstra a definição da proteção solar horizontal e vertical (azul), e a possível variação da proteção móvel, indicado pela cor verde.
179
Figura 3.18: Insolação e período crítico - Fachada Oeste Fonte: LEONE, 2017
Figura 3.19: Possibilidades de proteção solar – Fachada Oeste Fonte: LEONE, 2017 180
CAPÍTULO 4 – RESULTADOS OBTIDOS E DISCUSSÃO
Quanto ao tipo de abertura, foram estudadas cinco configurações diferentes, envolvendo dimensões distintas para alturas e larguras. Comparando os resultados da primeira configuração de abertura,
4.1 SIMULAÇÃO DOS EXPERIMENTOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS: TIPOS DE ABERTURA
(PAF 29%), com a segunda e a terceira (37% e 40%)
O comportamento da iluminação natural nos ambientes internos com diferentes configurações de aberturas em edifícios retilíneos e geometria torcida com rotação em eixo central de 3° e 6° por andar pôde ser aferido através de simulações computacionais no 30° andar de um edifício modelo com 60 pavimentos. (Figura 4.1 a
respectivamente. Notou-se maior incidência de iluminação natural nas janelas em que as dimensões da altura são maiores, se comparadas à largura. É possível perceber com maior clareza, os resultados quando analisados com menor quantidade de lux incidindo no interior do ambiente. (Quadros 4.4 a 4.6 e 4.13 a 4.15.) A legenda expressa a quantidade de lux através de um degrade de
4.18). Podemos observar através da comparação dos resultados, que em todos os casos, nas áreas próximas às janelas há maior concentração de iluminância, que tende a decrescer à medida que se afasta das aberturas. Nos ambientes cuja envoltória apresenta torção, é possível observar assimetria do comportamento da iluminação causado pela angulação da fachada em relação ao piso.
cores, na qual a cor azul representa zero lux e a vermelha o máximo de lux simulado. Foram realizadas simulações com 1000 lux e 50 lux para identificar as situações na qual a abertura e torção apresentam melhores resultados. Experimentos com 150 lux foram necessários quando não era possível definir claramente as melhores performances.
As simulações demonstraram decréscimo de incidência da iluminação nos ambientes com maior torção.
1000
888.89
777.78
666.67
555.56
444.44
333.33
222.22
111.11
0 181
1000 Lux 10h Torção de 0°
21/03
21/06
23/09
21/12
1.2x4 0°
1.2x5 0°
1.64x4 0°
Quadro 4.1: Simulação de Iluminação natural 10h 0° de torção do edifício 1000 lux Fonte: LEONE, 2017
1.64x5 0°
2.64x5 0° 182
1000 Lux 10:00h Torção de 3°
21/03
21/06
23/09
21/12
1.2x4 3°
1.2x5 3°
1.64x4 3°
Quadro 4.2: Simulação de Iluminação natural 10h 3° de torção do edifício 1000 lux Fonte: LEONE, 2017
1.64x5 3°
2.64x5 3° 183
1000 Lux 10:00h Torção de 6°
21/03
21/06
23/09
21/12
1.2x4 6°
1.2x5 6
1.64x4 6°
Quadro 4.3: Simulação de Iluminação natural 10h 6° de torção do edifício 1000 lux Fonte: LEONE, 2017
1.64x5 6°
2.64x5 6° 184
50 Lux 10h Torção de 0°
21/03
21/06
23/09
21/12
1.2x4 0°
1.2x5 0°
1.64x4 0°
Quadro 4.4: Simulação de Iluminação natural 10h 0° de torção do edifício 50 lux Fonte: LEONE, 2017
1.64x5 0°
2.64x5 0° 185
50 Lux 10:00h Torção de 3°
21/03
21/06
23/09
21/12
1.2x4 3°
1.2x5 3°
1.64x4 3°
Quadro 4.5: Simulação de Iluminação natural 10h 3° de torção do edifício 50 lux Fonte: LEONE, 2017
1.64x5 3°
2.64x5 3° 186
50 Lux 10:00h Torção de 6°
21/03
21/06
23/09
21/12
1.2x4 6°
1.2x5 6°
1.64x4 6°
Quadro 4.6: Simulação de Iluminação natural 10h 6° de torção do edifício 50 lux Fonte: LEONE, 2017
1.64x5 6°
2.64x5 6° 187
150 Lux 10:00h
1.64x5 0°
Quadro 4.7: Simulação de Iluminação natural 10h 0° de torção do edifício 150 lux Fonte: LEONE, 2017
2.64x5 0°
150 Lux 10:00h
1.64x5 3°
2.64x5 3°
Quadro 4.8: Simulação de Iluminação natural 10h 3° de torção do edifício 150 lux Fonte: LEONE, 2017
188
150 Lux 10:00h
1.64x5 6°
Quadro 4.9: Simulação de Iluminação natural 10h 6° de torção do edifício 150 lux Fonte: LEONE, 2017
2.64x5 6°
150
133.33
116.67
100.00
83.33
66.67
50.00
33.33
16.67
0
O mesmo estudo foi realizado para o horário das 15:30h nos
torções, obtiveram melhores resultados para iluminância no
solstícios e equinócios. A incidência de iluminação no ambiente
ambiente.
apresentou o mesmo comportamento que o período da manhã, na qual as aberturas com maiores alturas e geometrias com menores
1000
888.89
777.78
666.67
555.56
444.44
333.33
222.22
111.11
0 189
1000 Lux 15.30h Torção de 0°
21/03
21/06
23/09
21/12
1.2x4 0°
1.2x5 0°
1.64x4 0°
Quadro 4.10: Simulação de Iluminação natural 15.30h 0° de torção do edifício 1000 lux Fonte: LEONE, 2017
1.64x5 0°
2.64x5 0°
190
1000 Lux 15.30h Torção de 3°
21/03
21/06
23/09
21/12
1.2x4 3°
1.2x5 3°
1.64x4 3°
Quadro 4.11: Simulação de Iluminação natural 15.30h 3° de torção do edifício 1000 lux Fonte: LEONE, 2017
1.64x5 3°
2.64x5 3° 191
1000 Lux 15:30h Torção de 6°
21/03
21/06
23/09
21/12
1.2x4 6°
1.2x5 6°
1.64x4 6°
Quadro 4.12: Simulação de Iluminação natural 15.30h 6° de torção do edifício 1000 lux Fonte: LEONE, 2017
1.64x5 6°
2.64x5 6° 192
50 Lux 15:30h Torção de 0°
21/03
21/06
23/09
21/12
1.2x4 6°
1.2x5 6°
1.64x4 6°
Quadro 4.13: Simulação de Iluminação natural 15.30h 0° de torção do edifício 50 lux Fonte: LEONE, 2017
1.64x5 6°
2.64x5 6° 193
50 Lux 15.30h Torção de 3°
21/03
21/06
23/09
21/12
1.2x4 3°
1.2x5 3°
1.64x4 3°
Quadro 4.14: Simulação de Iluminação natural 15.30h 3° de torção do edifício 50 lux Fonte: LEONE, 2017
1.64x5 3°
2.64x5 3° 194
50 Lux 15:30h Torção de 6°
21/03
21/06
23/09
21/12
1.2x4 6°
1.2x5 6°
1.64x4 6°
Quadro 4.15: Simulação de Iluminação natural 15.30h 6° de torção do edifício 50 lux Fonte: LEONE, 2017
1.64x5 6°
2.64x5 6°
195
50
44.44
38.89
33.33
27.78
22.22
16.67
11.11
5.56
0
150 Lux 15:30h
1.64x5 0°
Quadro 4.16: Simulação de Iluminação natural 15.30h 0° de torção do edifício 150 lux Fonte: LEONE, 2017
2.64x5 0°
150 Lux 15:30h
1.64x5 3°
2.64x5 3°
Quadro 4.17: Simulação de Iluminação natural 15.30h 3° de torção do edifício 150 lux Fonte: LEONE, 2017 196
150 Lux 15:30h
1.64x5 6°
Quadro 4.18: Simulação de Iluminação natural 15.30h 6° de torção do edifício 150 lux Fonte: LEONE, 2017
2.64x5 6°
150
133.33
116.67
100.00
83.33
66.67
50.00
33.33
16.67
0
Através da análise das imagens das simulações do edifício com
envoltória, e quanto maior a torção, mais protegidos alguns pontos
geometria torcida com rotação de eixo central de 3° e 6°, em
da fachada. Por outro lado, os locais de maior incidência da
comparação ao edifício retilíneo, é possível observar, que a torção
radiação, possuem maior ordem de grandeza da incidência
do edifício, contribui com menor área atingida pela radiação solar
kWh/m². Comparando horários e dias distintos, a radiação solar
incidente na fachada. As imagens demonstram que a própria
incidente no edifício, possui valores diferentes, que quando
geometria ocasiona sombreamento na fachada. Portanto, para
simulados em valores absolutos. Essa informação pode ser
radiação solar, a torção favorece o auto sombreamento da
verificada na tabela 4.1. (Quadro 4.19 a 4.21) 197
Comparando o período das 10:00h às 15:30h é possível perceber
perpendiculares à linha do horizonte, a mesma quantidade de
maior concentração da radiação solar incidente na fachada no mês
energia, se distribui em uma área menor resultando em maior
de junho. Embora saibamos que a maior radiação solar presente na
incidência de radiação.
atmosfera condiz aos meses iniciais e finais do ano, o resultado
Neste caso, a incidência da radiação está sendo estudada em
apresentado pelas simulações pode ser explicado pela Lei do
relação à fachada do edifício, a menor área de incidência se dá em
Cosseno ou Lei de Lambert, na qual a maior concentração de
relação à posição do sol no inverno, se comparado às outras datas
radiação se dá através do menor ângulo entre o zênite e o raio
estudadas.
solar. Isso ocorre, pois à medida que os raios solares ficam 21/03
21/06
23/09
21/12
Período das 10:00 às 15:30h 0°- kWh/m²
3°
6°
198
0.00
0.35
0.70 1.05 1.40 1.75 2.10 2.45 2.80 3.15 3.50 Quadro 4.19: Comportamentos da radiação solar na fachada período das 10:00h às 15:30h para 0°, 3° e 6° de torção do edifício Fonte: LEONE, 2017 21/06
23/09
21/12
21/03 Período das 10:00 0°
3°
6°
Quadro 4.20: Comportamento da radiação solar na fachada às 10:00h para 0°, 3° e 6° de torção do edifício Fonte: LEONE, 2017
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
0.35
0.40
0.45
0.50 199
21/03
21/06
23/09
21/12
Período das 15:30 0°
3°
6°
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
0.35
0.40
0.45
0.50
Quadro 4.21: Comportamento da radiação solar na fachada às 15:30h para 0°, 3° e 6° de torção do edifício Fonte: LEONE, 2017
200
10:00 às 15:30h Torção de 3° - kWh/m² 21/mar 0,41 0,59 21/jun 0,29 0,6 23/set 0,35 0,54 21/dez 0,47 0,6
0,76 0,91 0,73 0,74
0,93 1,22 0,93 0,87
1,11 1,53 1,12 1
1,28 1,84 1,31 1,14
1,46 2,16 1,51 1,27
1,63 2,47 1,7 1,41
1,8 2,78 1,89 1,54
1,98 3,09 2,09 1,67
2,15 3,4 2,28 1,81
10:00 às 15:30h Torção de 6° - kWh/m² 21/mar 0,3 0,53 21/jun 0,22 0,57 23/set 0,26 0,51 21/dez 0,33 0,55
0,76 0,92 0,76 0,76
0,99 1,27 1,02 0,97
1,22 1,61 1,27 1,18
1,46 1,96 1,52 1,39
1,69 2,31 1,78 1,6
1,92 2,66 2,03 1,81
2,15 3,01 2,29 2,03
2,38 3,36 2,54 2,24
2,61 3,71 2,79 2,45
Tabela 4.1: Radiação solar na fachada das 10:00h às 15:30h para 3° e 6° de torção do edifício Fonte: LEONE, 2017
O quadro 4.22 demonstra as rosas de radiação solar presentes nos
pelas nuvens. E o mês de dezembro, o oposto, por caracterizar-se
meses referentes aos solstícios e equinócios. Através delas,
por um mês em que o céu possui maior quantidade de nuvens.
podemos observar a direção e intensidade da radiação solar para os
A figura 4.1 demonstra a radiação global ao longo do ano, na qual
resultados da ‘Radiação Global’, ‘Radiação Difusa’ e ‘Radiação
podemos observar o comportamento da radiação com maior
Direta’.
intensidade no início e final do ano, e certa assimetria em relação
Os equinócios, meses de março e setembro são os meses que
ao primeiro semestre se comparado ao segundo semestre. Esses
apresentam resultados mais próximos com maior prominência de
dados serviram de input para as simulações, de acordo com as
radiação difusa. O mês de junho apresenta maior incidência de
informações disponibilizadas pelo Instituto de Meteorologia
radiação direta se comparada à difusa. Esse fenômeno acontece
(INMET) divulgadas pelo Professor Maurício Roriz mencionadas
devido aos fatores climáticos característicos desse período, no qual,
anteriormente no item 3.6 dessa dissertação.
se comparado aos demais meses, apresenta céu menos obstruído 201
Radiação Global
Radiação Difusa
Radiação Direta
Março
Junho
Setembro
202
Dezembro
Quadro 4.22: Comportamento da radiação solar na fachada às 10:00h e às 15:30h para 3° e 6° de torção do edifício Fonte: LEONE, 2017
Figura 4.1: Radiação solar horizontal Global ao longo do ano na cidade de São Paulo Fonte: LEONE, 2017
203
4.2 SIMULAÇÃO DOS EXPERIMENTOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS: PROTEÇÃO SOLAR
no interior do ambiente, devido ao clima frio, a fim de se conseguir maior conforto aos usuários. Contudo, este trabalho explora o exercício da busca por soluções quanto a proteção solar e
A aplicabilidade das proteções solares no edifício estudado tem a
composição da fachada em virtude da experimentação com
finalidade de exemplificar a utilização da modelagem paramétrica,
simulações computacionais, e por essa razão, foi definido o período
softwares para avaliação através de simulação de iluminação e
de junho como demonstração à proteção solar devido a apresentar
radiação solar como elementos facilitadores nas tomadas de
maior incidência da radiação solar na envoltória. Todo caso, para o
decisões em projetos de arquitetura, visando otimizar a iluminação
alcance de uma solução assertiva, todos os períodos do ano
e minimizar ganhos de calor. Para esta etapa da pesquisa, é
deverão ser considerados para definição da melhor estratégia de
utilizada a geometria torcida de 3° por representar a configuração,
projeto.
dentre as estudadas (3 e 6 graus), com melhor desempenho quanto à iluminação. Com configuração das aberturas de 81% de
EXPERIMENTO 1 – PROTEÇÃO HORIZONTAL
transparência, e seguindo os critérios previamente definidos,
A proteção horizontal foi aplicada ao modelo do edifício de modo
simulações em dois horários distintos 10:00h e 15:30h.
que todas as orientações resultassem na mesma configuração. A
As simulações para iluminação serão apresentadas para solstícios e equinócios, porém a radiação solar na fachada será exemplificada
proteção fixa possui 0.34 cm de largura e espaçamento de 0,5 metros.
no mês de junho por configurar-se pelo período que apresenta
Em virtude das necessidades específicas de cada orientação da
maior radiação incidente da fachada.
fachada, a opção em configurar todas as fachadas com as mesmas
Sabe-se que a radiação no período do inverno é explorada como uma estratégia de projeto a permitir a incidência dos raios solares
dimensões de proteção, faz com que a configuração escolhida seja muitas vezes superdimensionada para determinada face do edifício ou aquém das necessidades de outra. O intuito da personalização 204
das proteções baseia-se em alcançar resultados mais assertivos,
resultado, pode-se perceber que a proteção apenas foi eficaz para a
priorizando a proteção das fachadas que possuem maior
fachada Norte e Leste no período das 10:00h. Às 15:30h, apesar da
necessidade. Essa solução contribui para que os locais no qual as
proteção solar, a radiação solar está incidindo em toda a fachada.
proteções possam apresentar menor dimensão, o ambiente interno
(Quadro 4.23 e 4.24).
não se prejudique em relação a iluminação natural. Como
1000 Lux 10:00h Torção de 3°
21/03
21/06
23/09
21/12
15:30h Torção de 3°
Quadro 4.23: Iluminação natural às 10:00 e 15.30h 3° de torção do edifício 1000 lux Fonte: LEONE, 2017
205
Torção de 3° - kWh/m² - 21/06
Norte 10:00h
Norte 15:30h
Leste 10:00h
Oeste 15:30h
Quadro 4.24: Radiação solar na fachada às 10:00h e 15:30h 3° de torção do edifício Fonte: LEONE, 2017
EXPERIMENTO 2 – PROTEÇÃO VERTICAL
determinada face. Como resultado, as simulações demonstraram
A simulação da proteção vertical é demonstrada através do quadro
perda com relação à iluminação natural no interior do ambiente.
4.25 e 4.26. O critério de sua utilização foi através da análise dos
Porém, essa solução privilegia o posicionamento da proteção de
resultados da radiação solar incidente na fachada do edifício,
maneira a possuir maior concentração dos elementos apenas nos
priorizando o menor espaçamento entre as lâminas de proteção
locais que houver maior incidência de radiação solar.
nos locais em que as simulações de radiação solar indicaram maior
Em vista de cada andar possui necessidades especificas na
índice de Kwh/m².
geometria torcida, a proteção solar e soluções para as fachadas,
No algoritmo desenvolvido, o espaçamento entre os brises são
podem ser exploradas de maneira a contribuir também com a
variáveis, assim como a quantidade de elementos em uma
estética da edificação. Todo caso, outros fatores podem 206
complementar a solução proposta para proteção solar do
controle solar, materiais opacos que possam impedir a entrada da
ambiente, como a instalação de vidros especiais, que apresentem
radiação, entre outros.
10:00h Torção de 3°
1000 Lux 21/03
21/06
23/09
21/12
15:30h Torção de 3°
Quadro 4.25: Iluminação natural com proteção vertical às 10:00h e 15:30h 1000lux Fonte: LEONE, 2017
207
O quadro 4.26 apresenta a radiação solar na fachada do edifício, Torção de 3° - kWh/m² 21.06 Período das 10:00 às 10:00h 15:30h
demonstrando que o critério foi utilizado no edifício como um todo. 15:30h
Os locais que apresentam a cor vermelha possuem maior radiação solar incidente, portanto, são os pontos nos quais foram priorizadas maiores concentrações de proteção. Já a cor azul, representam locais com menor radiação, privilegiando espaços com maiores aberturas e com menor necessidade de proteção solar.
Quadro 4.26: Radiação solar em edifício com proteção vertical às 10:00h e 15:30h Fonte: LEONE, 2017
208
EXPERIMENTO 3 – PROTEÇÃO MISTA
que apresenta maior exposição à radiação com maior extensão ao
A experimentação com a proteção mista (horizontal e vertical)
momento crítico, seguida pela fachada Oeste e posteriormente a
partiu do princípio no qual cada orientação da fachada apresenta
Leste.
características específicas e, portanto, necessidades distintas de
Com base nesses dados, a aplicação do algoritmo da proteção
proteção. Segundo a análise do período crítico (Quadro 3.1 e
mista,
Quadro 3.2) é evidente os momentos do dia no qual há maior
adaptabilidade das variáveis criadas, e como resultado, foi simulada
incidência de radiação solar na fachada. A partir desse quadro é
uma opção de proteção solar para composição da fachada, segundo
possível identificar que a fachada sul é aquela na qual há menor
estudos apresentados no item 3.7 “Estudos de Proteção das
necessidade de proteção, visto que antes do dia 21/06 a situação
Fachadas”, para máscara solar nas fachadas Norte, Sul, Leste e
crítica concentra-se das 14:30 às 15:30 horas. Por essa razão a
Oeste. (Quadro 4.27 e 4.28.)
levou
em
consideração
o
momento
crítico
para
fachada Sul, em comparação às demais é a que possui menor necessidade de proteção. Em contrapartida, a fachada Norte é a
209
1000 Lux 10:00h Torção de 3°
21/03
21/06
23/09
21/12
15:30h Torção de 3°
Quadro 4.27: Iluminação natural com proteção vertical e horizontal às 10:00h e 15:30h 1000lux Fonte: LEONE, 2017
210
21/03 10:00 Norte
Leste
15:30 Norte
Oeste
21/06 10:00 Norte
Leste
15:30 Norte
Oeste
211
23/09 10:00 Norte
Leste
15:30 Norte
Oeste
21/12 10:00 Sul
Leste
15:30 Sul
Oeste
Quadro 4.28: Radiação solar em edifício com proteção vertical e horizontal às 10:00h e 15:30h Fonte: LEONE, 2017 212
EXPERIMENTO4 – PROTEÇÃO COM PAINEIS
envidraçados. Por outro lado, quando utilizados em locais
O experimento do algoritmo com painéis demonstra a composição
adequados, podem minimizar os ganhos de calor internos,
de uma fachada com cheios e vazios, no qual representa materiais de vedação e transparência (aberturas). A simulação da radiação
resultando em uma situação mais confortável devido a otimização da escolha do posicionamento dos mesmos. (Quadro 4.29 e 4.30)
solar na envoltória para os horários e datas estudados destacaram os pontos no qual há maior incidência de radiação solar na envoltória. A utilização de softwares de simulação, nesse caso, auxiliou nas tomadas de decisões com relação à customização da fachada. Uma vez que a proposta do edifício é conter elementos com materiais opacos (painéis) e transparência, o resultado dessa composição pôde ser assertivo em relação ao posicionamento dos painéis, priorizando sua utilização nos locais mais críticos devido a intensidade da radiação. Os resultados da simulação de iluminação natural no interior do ambiente demonstraram perda da iluminação no local em que os painéis são instalados, se comparado aos edifícios inteiramente 213
1000 Lux 10:00h Torção de 3°
21/03
21/06
23/09
21/12
15:30h Torção de 3°
Quadro 4.29: Iluminação natural com proteção tipo painel às 10:00h e 15:30h 1000lux Fonte: LEONE, 2017
214
Torção de 3° - kWh/m² 21.06 Período das 10:00 às 10:00h 15:30h
15:30h
Quadro 4.30: Radiação solar em edifício com proteção tipo painel às 10:00h e 15:30h Fonte: LEONE, 2017 215
EXPERIMENTO 5 – SOLUÇÃO DE FACHADA
adaptabilidade das lâminas, quando móveis, se adaptam às
A aplicação deste algoritmo, assim como nos demais, o critério
mudanças da trajetória solar. Essa solução, não apresenta essa
utilizado foi baseado nos resultados apresentados com relação à
característica. (Quadro 4.32)
radiação solar na envoltória do edifício. A iluminação interna
Conforme já mencionado anteriormente, a busca por melhores
apresenta um potencial de menor alcance, se comparado ao
resultados para o conforto no interior do ambiente, assim como
edifício todo envidraçado, devido a diminuição da transparência.
maior eficiência do edifício baseia-se em vários fatores, neste caso,
Por outro lado, a proposta conta com a estratégia de priorizar com
para se atingir resultados mais significativos, poderiam ser previstos
fechamentos as áreas que recebem maior radiação solar e maior
vidros com performances de melhor desempenho, como modelos
transparência nas áreas de menor incidência da radiação. (Quadro
especiais de controle solar.
4.31) As áreas na qual há maior concentração de Kwh/m² possuem maior percentual de áreas opacas, e aquelas nas quais há menor concentração, maior uso de transparências. Na proteção solar, a
216
10:00h Torção de 3°
1000 Lux 21/03
21/06
23/09
21/12
15:30h Torção de 3°
Quadro 4.31: Iluminação natural em edifício com variação do peitoril às 10:00h e 15:30h 1000lux Fonte: LEONE, 2017
217
Torção de 3° - kWh/m² 21.06 Período das 10:00 às 10:00h 15:30h
15:30h
Quadro 4.32: Radiação solar em edifício com variação do peitoril às 10:00h e 15:30h Fonte: LEONE, 2017
218
4.1 DISCUSSÃO
resulta em fachadas, na qual cada pavimento possui necessidades particulares.
A partir das simulações foi possível evidenciar a incidência da radiação solar na fachada do edifício e o comportamento da iluminação natural no interior do ambiente. Como resultado, ficou claro que a torção não favorece a iluminação natural no ambiente interno do edifício. O modelo com melhor desempenho, dentre os casos estudados, é o edifício com geometria retilínea para todos os casos de configuração das aberturas.
Para torção de 3° a envoltória fica mais exposta aos raios solares, sendo uma estratégia para minimizar os ganhos de calor internos ao ambiente, a exploração da geometria solar como proteções ao edifício. No entanto na torção de 6°, devido a inclinação das paredes, alguns pontos ficam prejudicados e expostos aos raios solares, porém outros, ficam protegidos, resultando em menor radiação solar na fachada, consequentemente menor acumulo de
Se por um lado a torção não favorece a iluminação natural, a
calor no material e menor massa térmica transmitida ao interior.
radiação solar na fachada apresenta resultados contrários. À
Nesse caso, pode-se utilizar maiores aberturas na fachada,
medida que o edifício é torcido maior a radiação solar direta
otimizando a iluminação natural.
incidente nos ângulos em que a fachada fica mais exposta. Por outro lado, a geometria colabora para o auto sombreamento da envoltória. Nesse sentido é possível constatar que à medida que a geometria é torcida menor a necessidade de instalação de proteções solares em toda a extensão do edifício. Seria possível pensar em soluções de projeto personalizadas, de acordo com as necessidades de proteção de cada andar, uma vez que a torção
Os resultados quanto a radiação solar incidente na geometria torcida, se aproxima da solução abordada na obra Beijing Greenland Center do escritório Skidmore, Owings, and Merrill (SOM).
Segundo
pesquisa
sobre
soluções
de
fachadas
contemporâneas, o vidro trapezoidal foi instalado na edificação com a finalidade de melhorar o desempenho térmico do edifício e obter redução do ganho de calor solar. A solução quanto à forma da
219
fachada obtém melhores resultados se comparada com o
demonstrado que os ambientes com maiores percentuais de
desempenho de uma fachada de vidro totalmente plana.
abertura na fachada possuem melhores resultados em relação à
Podemos observar a diminuição da quantidade de lux de maneira
iluminação natural, é necessário avaliar que esse fator também
rápida no ambiente à medida que se distancia das janelas e ganho
contribui com maior incidência de radiação solar, resultando em
de iluminação de acordo com maiores dimensões das aberturas.
ganhos de calor no interior do edifício. A boa solução passa a ser
Porém destaca-se melhores resultados em relação às alturas da
aquela que apresenta o equilíbrio entre as necessidades luminosas
janela, se comparado à largura da mesma.
e proteção solar.
A compreensão da radiação solar, pode ainda favorecer a opção
A simulação quanto ao desempenho do edifício pode colaborar
pela alternativa em prever varandas na edificação, dado que nas
como estratégia para organização do layout no interior dos
extremidades das plantas de piso, há maior incidência de radiação,
ambientes. O conhecimento de que determinada área do edifício
e com isso, as varandas poderiam ser ambientes favorecidos, como
possui maior ou menor concentração de calor, é decisivo na
ambientes externos com alto índice de radiação solar. No
definição do uso do espaço de maneira consciente e assertiva.
levantamento realizado sobre edifícios torcidos, foi observado que
Através dos algoritmos criados são possíveis várias outras
alguns possuem essa configuração nos pavimentos.
combinações dos parâmetros. Na modelagem paramétrica é
Conforme afirmação das autoras Corbella e Yannas, o clima tropical
alcançado o inesperado, uma vez que novas formas podem surgir
é caracterizado por possuir abundante iluminação e por essa razão
através das variações pré-definidas. Contudo, a intenção da
não apresenta a necessidade das aberturas das edificações
aplicação de algoritmos para proteção solar no edifício modelo, é a
possuírem grandes vãos. Essa reflexão se faz necessária quando
demonstração de uma solução possível para cada uma das
observamos o número de edifícios que possuem fachadas
proteções levando em consideração os resultados apresentados
totalmente
pelo momento crítico de radiação solar, bem como os resultados
envidraçadas.
Embora
as
simulações
tenham
220
das simulações de iluminação natural e radiação para a geometria
estudado, propostas correções, alterações, novas avaliações, e por
torcida.
fim, a decisão.
Conforme apontado por Mark Burry, cada vez mais, será necessário
É possível identificar o caráter contemporâneo pela exploração e
que o arquiteto seja um programador, ressaltando o perfil do
busca por respostas a respeito de uma melhor configuração da
profissional arquiteto que tem mudado ao longo do tempo, um dos
fachada, englobando os diversos componentes que a configuram,
fatores, consiste na inserção da modelagem paramétrica, que
sejam proteções solares, vidros ou materiais utilizados. Essa
envolve necessariamente uma mudança da maneira de pensar e
percepção está presente em escritórios de arquitetura, grupos de
desenvolver o projeto.
pesquisa científica e trabalhos acadêmicos muito recentes que vêm
Conforme apontado por Gonçalves e Baker (2015) a proteção solar
buscando respostas nesse sentido.
de sombreamento, no Brasil, resultam em uma das estratégias mais
As
importantes para o bom desempenho ambiental dos edifícios, em
computacionais como auxilio para desenvolvimento do projeto,
relação a redução da demanda energética.
avaliando as necessidades de proteção solar, satisfação de
Essa pesquisa visa colaborar com a ampliação da experimentação
iluminação no interior do ambiente e até mesmo propostas
através das ferramentas computacionais, em função de aumentar o
inovadoras para fachadas com modelagem paramétrica. Essa
potencial de variabilidade na qual a arquitetura pode trabalhar,
pesquisa desenvolve algoritmos específicos para estudar dimensões
alinhado à eficiência no que diz respeito aos resultados gerados por
distintas de abertura das janelas e proteções solares, para
simulações. Contudo as avaliações propostas são base de um
geometria torcida do edifício, no qual o comportamento da
contínuo processo, em que são realizadas as simulações, feitas
radiação solar incidente na fachada difere-se da de um edifício
análises dos resultados, voltando-se à forma do elemento
ortogonal. Com isso, as necessidades do edifício passam a ser
pesquisas
anteriores
estudam
o
uso
de
ferramentas
particulares. 221
Há dificuldades ao trabalhar com algoritmos e simulação com
acadêmico como profissional. A oportunidade de utilizar as
modelagem paramétrica, uma vez que a utilização desses softwares
tecnologias digitais colabora em expandir novas possibilidades.
é pouco explorada no Brasil. O uso dessas ferramentas está
Este trabalho visa colaborar com estudos a respeito da edificação
concentrado atualmente em alguns grupos de pesquisa vinculados
valorizando estratégias que otimizem a energia passiva em
às universidades ou em menor escala em escritórios de arquitetura.
projetos, resultando em ganhos com economia de energia
A própria medição dos dados meteorológicos passa a ser essencial
(eficiência energética) e com o bem-estar do ser humano. Na
para que possam ser utilizados de maneira a servir de input aos
contemporaneidade há uma mudança radical na maneira de
softwares, que antecipam as soluções via computador através das
projetar, construir e pensar formas no espaço. Edifícios de formas
simulações. Quanto maior e mais detalhado o mapeamento
curvilíneas e de dupla curvatura demonstram que estamos em
referente às questões climáticas da cidade, melhor e mais confiável
outra fase.
passam a ser os resultados das simulações. Atualmente a cidade de
Conforme afirma Schumacher, a beleza está vinculada à eficiência
São Paulo conta com algumas estações de medição, que têm seus
desempenhada pela edificação, seja através da relação com os raios
dados divulgados e aproveitados para serem utilizados nos
solares ou na eficiência em filtrar a luz do dia. É essa relação da
softwares, porém, muitos locais ainda não possuem acesso a essas
busca pela forma vinculada à performance, e estudos que
medições. No que diz respeito à área climática, é essencial a
correlacionam beleza ao desempenho funcional que esta pesquisa
medição a longo prazo, para que as informações de vários anos
está inserida.
possam ser comparadas. Outro aspecto que demonstra a atualidade da pesquisa está no surgimento e aprimoramento de softwares de análises ambientais que vêm, cada vez mais, sendo utilizados, tanto em meio 222
CAPÍTULO 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
colaboram para compreensão dos fenômenos estudados e consequentemente as tomadas de decisão.
A maneira convencional de projetar com o uso do computador consiste em utilizar softwares que disponibilizam todas as ferramentas necessárias para desenvolvimento do projeto. Neste trabalho foi desenvolvido um conjunto de procedimentos via algoritmos e scripts próprios para trabalhar em situações especificas e particulares, com a finalidade de investigar o comportamento da iluminação natural no interior do ambiente e
O uso dos algoritmos na área da arquitetura tem como característica exigir dos profissionais conhecimentos específicos de ciência da computação, por esse motivo sua exploração se ateve ao meio científico. Dessa maneira, é possível verificar que os estudos que envolvem essa aplicação à arquitetura ainda estão focados em alguns centros de pesquisas.
radiação solar incidente na fachada. Até os anos 90, as simulações
Há poucas pesquisas que utilizam plug-ins como ladybug e
eram feitas em softwares prontos, o que é contemporâneo nos
honeybee atualmente. A contribuição do trabalho está associada à
últimos 15 anos, é a criação de algoritmos resultando em uma
criação de algoritmos para dar soluções a situações que até então
solução contemporânea de projetar.
são pouco estudadas, em termos de geometria, investigação das
Atualmente é possível através do uso da modelagem paramétrica produzir uma série de combinações e, portanto, soluções diferentes
formas curvilíneas, estudo das proteções solares. Há contribuição original nos resultados obtidos, através do conjunto de simulações.
a uma mesma investigação. A dificuldade tem se tornado as
Diante da quantidade de novos edifícios com geometria torcida,
decisões frente às múltiplas escolhas necessárias para a realização
que tem surgido nos últimos anos, torna-se cada vez mais
de um projeto, que naturalmente, envolve grande quantidade de
importante e fundamental criar algoritmos para dar soluções únicas
variáveis. Nesse aspecto, a utilização do auxílio de programas de
a curvaturas únicas. E a disponibilidade das informações embutidas
computador que expressam resultados gráficos, como simulações,
nos softwares de simulação aos usuários favorece a interpretação e análise dos resultados. 223
Há muitas dificuldades, obstáculos e certamente muito mais
pensamento em um mundo de ideias paramétricas: conceber a
trabalho a ser desenvolvido nesta área. Muitas pesquisas serão
partir de parâmetros.
necessárias para poder entender e interpretar melhor esses novos
Alguns obstáculos ainda devem ser vencidos para a melhor
plug-ins.
aplicação da modelagem paramétrica, como a melhoria da
Os usos de tecnologias digitais possuem características específicas
formação tanto do ponto de vista do pensamento geométrico,
tanto para processo de projeto como para colaboração no
como do pensamento algorítmico, que hoje caracterizam-se
aprendizado
conhecimento,
insuficientes. É importante que o arquiteto tenha um bom
informações e aprendizado no que diz respeito ao entendimento da
conhecimento de geometria, para conceber edifícios com formas
ferramenta e um trabalho conjunto que resulta na criação de
complexas, sendo fundamental o pensamento tridimensional.
algoritmos.
O estudo da iluminação no ambiente permite com que sejam
Na atualidade os arquitetos se apropriam de ferramentas para
adotados no projeto as soluções que melhor apresentaram
propor projetos melhores, concebendo o edifício e simulando.
desempenho, e dessa maneira, maximizar o aproveitamento da
Estão sendo conduzidos a criar scripts para simular. Um exemplo
iluminação natural, fazendo com que o uso da iluminação artificial
disso são os edifícios que foram apontados como estudos de caso,
seja minimizado.
no qual, muitos estão sendo concebidos com a auxilio dessas
Neste trabalho as simulações foram conduzidas para resultar no
ferramentas.
máximo aproveitamento da iluminação natural e minimizar a
Modelar parametricamente não é só gerar uma quantidade maior
incidência de radiação solar na fachada em todas as orientações do
de opções, é ter consciência sobre cada etapa do processo de
edifício, levando em consideração que cada uma delas possui
projeto. Matematicamente, poder definir uma curvatura no espaço,
características especificas. Em arquitetura, uma série de critérios
e todos os elementos necessários, culminando em introduzir o
são levados em consideração para tomadas de decisão, dessa
coletivo
através
da
troca
de
224
maneira, a solução a ser escolhida para o edifício, deve ser aquela
experimentos através do uso de algoritmos e investigação dos
atenda às necessidades estéticas, funcionais, ambientais, etc.
novos métodos de projetar com scripts na contemporaneidade.
Através das análises das simulações, quanto menor a torção da edificação, melhores são os resultados da iluminação natural no
5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
interior do ambiente, ou seja, o edifício torcido comparado à geometria retilínea não contribui para iluminação natural. Com
Novas pesquisas podem ser desenvolvidas em relação a
relação à radiação solar, quanto maior a torção, maior a exposição
investigação da performance da iluminação e radiação solar no
em determinados pontos da fachada e maior o auto sombreamento
edifício com proteções solares, utilizando parâmetros diferentes
em outros. Quanto ao dimensionamento das aberturas, observou-
dos utilizados nesta pesquisa. Poderão ser estudados outros
se melhores resultados nas janelas que possuem maior altura, se
critérios
comparado à largura.
complementação do trabalho realizado, em busca de melhores
Como já foi afirmado anteriormente, o que se propõe através deste
condições aos usuários.
estudo é justamente obter consciência do comportamento da
Estudo da tectônica, averiguando até qual altura é possível o uso de
iluminação natural e radiação solar no projeto, conhecimento do
proteção solar externa à edificação no que diz respeito aos ventos.
processo para utilização de softwares como subsídio e ferramenta
E desdobramentos em relação ao conforto visual devido ao uso
de trabalho, e a partir dos resultados obtidos, ser assertivo em
desses dispositivos.
de
conforto
como
a
ventilação
natural
como
relação à decisão final. A importância do trabalho, relaciona-se ao estudo da geometria, do uso de simulações, consciência do processo
de
projeto
na
contemporaneidade,
desenvolver
225
______. NBR 15.575-1: Edifícios habitacionais – Desempenho –
REFERÊNCIAS
parte 1: Requisitos gerais. Rio de Janeiro, 2013. ABESCO (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia). O consumo de energia elétrica nas Edificações
no
Brasil,
2015.
Disponível
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______. NBR 15.215: Iluminação Natural. Rio de Janeiro, 2005. ______. NBR 15.220: Desempenho térmico de edificações. Rio de
http://www.abesco.com.br/pt/novidade/o-consumo-de-energia-
Janeiro, 2005.
eletrica-nas-edificacoes-no-brasil/. Acesso em: 06.11.2015
______. NBR 8995-1: Iluminação de ambientes de trabalho. Rio de
AGÊNCIA INTERNACIONAL DE ENERGIA (EIA). Energy efficiency
Janeiro, 2013.
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BARBOSA, Claudia Veronica Torres. Percepção da iluminação no
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https://www.iea.org/publications/freepublications/publication/Buil
trabalho. 2011. Tese (Doutorado em Tecnologia da Arquitetura) -
ding_Codes.pdf. Acesso em: 10/08/2016
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo,
AMORIM, Arivaldo L.; LIMA, Thais B. S. Avaliação do uso da
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234
GLOSSÁRIO
F Fator de luz diurna – razão entre a luz natural direta ou indireta
A
provinda da abóboda celeste e a iluminação da abóboda celeste
Albedo – Porcentagem de energia refletida em relação a incidente.
totalmente obstruída.
Também chamado de refletância.
Fatores de sombra – Proteções solares
Algoritmo - Conjunto de regras e procedimentos lógicos
G
precisamente definidos que levam à solução de um problema.
Generative Components – Software CAD desenvolvido pela Bentley
B
Systems.
Blobs – Superfícies orgânicas, portanto, não ortogonais e sem
Geometria arquitetural - Desenvolvimento de novas ferramentas
repetição.
para a criação de modelos digitais que atendem aspectos quanto à
D
forma, e já incorporem requisitos quanto à estrutura, materiais,
Dia típico de verão – representa o dia mais quente do ano segundo
construção.
a média do período dos últimos 10 anos, considerando temperatura
P
do ar, umidade relativa do ar, velocidade do vento e radiação solar.
Prateleira de luz – componente posicionado no plano de abertura
Dia típico de inverno – representa o dia mais frio do ano segundo a
da fachada acima do nível de visão com finalidade de proteger da
média do período dos últimos 10 anos, considerando temperatura
incidência da radiação direta e redirecionar a luz natural no
do ar, umidade relativa do ar, velocidade do vento e radiação solar.
ambiente interno.
E
Performance Based Design - Performance da edificação desde a
Envelope Solar - O maior volume que um edifício pode ocupar sem
fase de concepção.
causar sombreamentos indesejados nas edificações vizinhas
R 235
Radiação infravermelha – Radiação de onda longa, com
Twist - Repetição de um plano que possui rotação em torno de um
comprimento entre 0,8 e 100 micras.
eixo.
Refletância – O mesmo que albedo.
U
Requisitos de desempenho – condições que expressam de forma
Umidade Relativa (UR) – Relação entre a quantidade de vapor de
satisfatória os requisitos que a edificação deve apresentar a seus
água existente no ar e a que poderia ocorrer sem ocorrer a
usuários.
condensação. É expressa em porcentagem.
T Tordo - São superfícies paraboloides hiperbólicas que se ligam a uma estrutura de edifício ortogonal. Transmissão luminosa – É a quantidade de energia luminosa que passa pelo vidro.
236
APÊNDICE APÊNDICE A – Tabela edifícios com geometria torcida
OBRA
NOME POPULAR
ABSOLUTE TOWERS (TORRE A)
"Marilyn Monroe Towers"
ABSOLUTE TOWERS (TORRE B)
"Marilyn Monroe Towers"
AL BIDDA TOWER
_
IMAGEM
ESCRITÍRIO
CLIENTE
ANO PROJ
INÍCIO CONSTR.
TÉRMINO CONSTR.
CIDADE
PAÍS
CONSTR/ PROJETO
USO
ALTURA
PAV
ÁREA PROJ
TORÇÃO
PROTEÇÃO SOLAR/ ESTRATÉGI A DESEMPEN HO
FONTES
Arquitects MAD, BURKA Architects INC.
Fernbrook / Cityzen
2006
2006
2012
Mississauga, Ontario
Canadá
Construído
Residencial
170m
56
Tower A: 45,000m²
Até 8° por andar
Varandas
http://www.archdaily.com/306566/absolute-towers-madarchitects http://www.i-mad.com/work/absolute-towers/?cid=4 http://edition.cnn.com/2013/09/18/travel/2012-bestnew-skyscraper/ http://www.urbanismo.com/arquitecturayurbanismo/deli cia-canadiense-absolute-towers-de-ma-yansong-y-susmad/ http://archinect.com/features/article/47034/upstartsmad-office IMAGEM http://www.arqhys.com/absolute-towers-por-madarchitects.html
Arquitects MAD BURKA Architects INC.
Fernbrook / Cityzen
2006
2006
2012
Mississauga, Ontario
Canadá
Construído
Residencial
150m
50
40,000m²
Até 8° por andar
Varandas
Idem Anterior
Não informado
http://skyscrapercenter.com/building/al-biddatower/1356 http://www.baminternational.com/sites/default/files/do main-616/documents/al_bidda_tower_dohaqatar-6161468246380664945624.pdf https://www.accsal.com/projects/al-bidda-tower/ http://www.ctbuh.org/Publications/CTBUHJournal/InNum bers/TBINTwistingTowers/tabid/7295/language/enUS/Default.aspx
GHD Global
Platinum Tower Company
_
2006
2009
Doha
Qatar
Construído
Escritórios
215m
44
Área construída 87.000m²
1.364° por andar Total 60°
237
AL HAMRA TOWER
_
AL MAJDOUL TOWER
AVAZ TWIST TOWER
BALTIMORE TOWER
Skidmore, Owings and Merrill
Não informado
2011
2004
2011
Cidade do Kuwait
Kuwait
Construído
Misto
412m
74
Área Terreno: 10.000 m² Área de Projeto: 195.000 m 2
Consolidated Consultants Group; Zeidler Partnership Architects
Al Daffah Group
_
2007
2013
Riyadh
Arábia Saudita
Construído
Comercial
232m
52
119.000m²
_
ADS Studio
_
SOM Skidmore, Owings & Merrill
HSB Malmö Dnevni Avaz
Baltimore Wharf
2006
2016
2006
_
2006
_
Saravejo, Bósnia e Herzegovina
Londres
Iugoslávia
Inglaterra
Construído
Em construção
Escritórios
Misto
176m
150m
Não informado
Geometria da edificação
http://www.alhamra.com.kw/business-tower/towerstructure/ http://www.som.com/projects/al_hamra_tower http://www.fierasdelaingenieria.com/al-hamra-tower-dekuwait/ http://www.archdaily.com.br/br/01-20490/al-hamrafirdous-de-som-uma-das-melhores-invencoes-segundo-arevista-times
2.5° por andar Total 135°
Não informado
http://www.ccjo.com/en/content/al-majdoul-tower http://skyscrapercenter.com/riyadh/al-majdoultower/14451/
Vidro
https://www.schueco.com/web2/ro/verarbeiter/produkt e/tueren/aluminium/schueco_ads_65_ni/refId:14495492?dd_produkte=0&dd_material=0&dd_seri e=0&dd_land=0&dd_bundesland=0&dd_standort=0 http://www.yourglass.com/agc-glasseurope/be/en/solar_control_glazing/stopsol/silverlight/pr ivablue/product_description.html http://www.avaztwisttower.ba/ http://www.bosnas.ba/File/bosna-ads/projects.htm http://free-d.nl/project/show/id/23/subCat/shape http://www.bosna-s.ba/File/bosna-ads/projects.htm
39
32.000 m²
Total 90°
45
Área do sítio 3.950m² Área do projeto 115.000m²
2.182° por andar Total 96°
Varandas
http://www.som.com/projects/baltimore_tower http://www.ctbuh.org/Publications/CTBUHJournal/InNum bers/TBINTwistingTowers/tabid/7295/language/enUS/Default.aspx
238
BBI INFO TOWER
CANTON TOWER
CHICAGO SPIRE
CITYLIFE MILANO OFFICE TOWER
_
Guangzhou TV & Sightseeing Tower
_
_
SOM Skidmore, Owings & Merrill
Baltimore Wharf
IBA Information Based Architecture
Guangzhou New TV Tower Co., Ltd.
Santiago Calatrava
Zaha Hadid Fachada ARUP
Related Midwest
City Life Consortium
2016
2004
2005
2004
_
2005
_
2004
_
2010
2011
2015
Londres
Guangzhou
Chicago
Milão
Inglaterra
China
Estados Unidos
Itália
Em construção
Construído
Construído
Em construção
Misto
Torre de TV
Residencial
Misto
150m
45
610m
Não infor mad o
610m
170m
Área do sítio 3.950m² Área do projeto 115.000m²
11.400m²
150
300.000m²
44
Sítio 122,700m² Torre de escritórios 67.000m² Comércio 15.000m² Estacionam ento 40.700m²
2.182° por andar Total 96°
Não informado
Total 360°
1.127° por andar Total 49.6°
Varandas
http://www.som.com/projects/baltimore_tower http://www.ctbuh.org/Publications/CTBUHJournal/InNum bers/TBINTwistingTowers/tabid/7295/language/enUS/Default.aspx
Não informado
http://www.cantontower.com/en/about.aspx?code=0101 http://www.archdaily.com/89849/canton-towerinformation-based-architecture http://www.arch2o.com/case-study-parametric-twistcanton-tower/
Não informado
http://www.arqbacana.com.br/internal/arquitetura/read/ 10307/santiago-calatrava-28 http://skyscrapercenter.com/building/chicago-spire/62 https://mswd.io/portfolio/podium-for-the-chicago-spire/ https://pt.wikiarquitectura.com/index.php/Ficheiro:Fordh am2.gif
Não informado
http://www.amusingplanet.com/2013/04/twistedskyscrapers-around-world.html http://www.zaha-hadid.com/architecture/citylife-milano/ http://www.silvanototi.it/mobile/en/default.aspx?id=335 http://www.ctbuh.org/Publications/CTBUHJournal/InNum bers/TBINTwistingTowers/tabid/7295/language/enUS/Default.aspx
239
COCO GROVE AT GRAND BAY (TORRE NORTE)
COCO GROVE AT GRAND BAY (TORRE SUL)
DALLAS ROLEX TOWER
DANCING TOWER
_
Bjarke Ingles Architects (BIG)
_
Bjarke Ingles Architects (BIG)
_
_
Terra Group
Não informa do
Terra Group
Não informa do
Kengo Kuma
Harwood Interntional
Não informa do
_
2016
Texas
Estados Unidos
Studio Libeskind
Sonho Hub, AMC Yongsan Developme nt Co., Ltd.
Não informa do
_
_
Seul
Coréia do Sul
_
_
2015
2015
Miami
Estados Unidos
Em construção
Miami
Estados Unidos
Em construção
Residencial
94m
21
58.900m²
1.843° por andar Total 38.7°
Varandas
http://www.big.dk/#projects-coco http://groveatgrandbay.com/ http://www.metalica.com.br/pg_dinamica/bin/pg_dinami ca.php?id_pag=345 http://www.miamiimoveisfl.com/grove-at-grand-bay/ http://www.ctbuh.org/Publications/CTBUHJournal/InNum bers/TBINTwistingTowers/tabid/7295/language/enUS/Default.aspx http://arquitectura.estudioquagliata.com/socializarq/thegrove-at-grand-bay-big
1.843° por andar Total 38.7°
Varandas
Idem Anterior
Residencial
94m
21
58.900m²
Em construção
Escritórios
Não informa do
Não infor mad o
Área total 12.714 m² Área de escritórios 5.241 m²
Não informado
Brise Horizontal
http://kkaa.co.jp/works/architecture/dallas-rolex-tower/ http://www.bizjournals.com/dallas/news/2015/08/11/har wood-international-unveils-rolex-building.html http://www.dezeen.com/2015/08/12/kengo-kuma-rolexbuilding-office-tower-underway-dallas-texas/
Projeto
Residencial
189m
41
265.000 m²
Não informado
Não informado
http://www.dezeen.com/2012/05/19/dancing-towers-bystudio-daniel-libeskind/ http://libeskind.com/work/dancing-towers/
240
DANCING TOWER
DANCING TOWER
DIAMOND TOWER
EUROPEAN CENTRAL BANK (ECB) (TORRE NORTE)
Studio Libeskind
Sonho Hub, AMC Yongsan Developme nt Co., Ltd.
Não informa do
_
_
Seul
Coréia do Sul
Projeto
Residencial
189m
41
265.000 m²
Não informado
Não informado
http://www.dezeen.com/2012/05/19/dancing-towers-bystudio-daniel-libeskind/ http://libeskind.com/work/dancing-towers/
_
Studio Libeskind
Sonho Hub, AMC Yongsan Developme nt Co., Ltd.
Não informa do
_
_
Seul
Coréia do Sul
Projeto
Residencial
189m
41
265.000 m²
Não informado
Não informado
http://www.dezeen.com/2012/05/19/dancing-towers-bystudio-daniel-libeskind/ http://libeskind.com/work/dancing-towers/
The Diamond
Buruoj Engineering Consultant
Al-Masarat Constructio n Co, Ltd
Não informado
http://skyscrapercenter.com/midrand/pwc-tower/25681/ http://www.ctbuh.org/Publications/CTBUHJournal/InNum bers/TBINTwistingTowers/tabid/7295/language/enUS/Default.aspx
Não informado
http://www.coophimmelblau.at/architecture/projects/the-new-premisesof-the-european-central-bank-ecb/
_
_
Coop Himmelblau
European Central Bank (ECB)
_
20032014
2011
_
2019
2014
Jeddah
Frankfurt
Arábia Saudita
Alemanha
Em construção
Construído
Residencial
Misto
432m
93
Não informado
3.871° por andar Total 360°
185m
Não infor mad o
Área do sítio 120.000m² Área do projeto 184.000m²
Não informado
241
EUROPEAN CENTRAL BANK (ECB) (TORRE SUL)
EVOLUTION TOWER
FOLSOM BAY TOWER
_
City Palace Tower, Wedding Palace
_
Coop Himmelblau
Gorproject, RMJM, Kettle Collective
Studio Gang
European Central Bank (ECB)
City-Palace LLC; ZAO Desenvolvi mento Snegiri; Transneft
Tishman Speyer
20032014
2005
Não informa do
_
2008
_
2014
2015
2018
Frankfurt
Moscow
São Francisco
Alemanha
Rússia
Estados Unidos
Construído
Construído
Projeto
Misto
Escritórios
Residencial
165m
245.9m
121,90 m
Não infor mad o
55
40
Área do sítio 120.000m² Área do projeto 184.000m²
Não informado
Não informado
http://www.coophimmelblau.at/architecture/projects/the-new-premisesof-the-european-central-bank-ecb/
169.000m² Sítio 82.000m² Área projeto
3º por andar Total 135°
Vidro
http://skyscrapercenter.com/moscow/evolutiontower/19725/ http://www.rencons.com/en/projects/evolution-tower http://megaengenharia.blogspot.com.br/2015_10_01_arc hive.html http://www.amusingplanet.com/2013/04/twistedskyscrapers-around-world.html http://www.rmjm.com/portfolio/city-palace-tower/ http://www.e-architect.co.uk/moscow/city-palace-towermoscow http://www.citytowers.ru/viewtopic.php?pid=18088 http://www.bdonline.co.uk/how-rmjm-does-the-twist-inrussia/3106332.article http://kettle.co/moscow-city-evolution-tower/
480,000 m²
Torção Variável nos diferentes lados da torre
Janelas bay window
http://studiogang.com/projects/architecture http://www.bdcnetwork.com/first-look-jeanne-gangreinterprets-san-francisco-bay-windows-new-skyscraperscheme
242
GEHRY TOWER
GREEN8
HUNTINGDO N ESTATE
INFINITY TOWER
_
_
_
CAYAN TOWER
Frank Gehry
Serviços de Transporte Hanover (USTRA)
Agnieszka Preibisz Peter Sandhaus
Não informado
AL_A
Londonewc astle
SOM Skidmore, Owings & Merrill
Cayan Investiment oe Desenvolvi mento
Não informa do
20122013
2009
2005
2001
_
_
2006
2008
Hanover
_
Alexanderpl atz, Berlim
_
Shoreditch, Londres
2013
Dubai
Alemanha
Alemanha
Inglaterra
Emirados Árabes Unidos
Construído
Projeto
Projeto
Construído
Escritórios
Não informa do
9
Residencial
Não informa do
Não infor mad o
Misto
Não informa do
Não infor mad o
Residencial
307m
75
Não informado
Não informado
Não informado
30.000 m²
Não informado
Não informado
16,220m²
Não informado
Brise Horizontal
3.026.50m² sítio 111.000 m 2
1.233° por andar Total 90°
Geometria da edificação
http://www.amusingplanet.com/2013/04/twistedskyscrapers-around-world.html
http://petersandhaus.blogspot.com.br/2013/11/green8vertical-garden-city-for-berlin.html http://www.apconberlin.de/projects/projectsdetail/controller/Project/id/1/ action/show/ http://www.dezeen.com/2013/10/24/green8-twistedskyscraper-by-agnieszka-preibisz-and-peter-sandhaus/ http://nomadaq.blogspot.com.br/2014/03/agnieszkapreibisz-y-peter-sandhaus.html
http://www.dezeen.com/2011/05/16/huntingdon-estateby-amanda-levete-architects/ http://www.ala.uk.com/wpcontent/uploads/2015/01/AL_A-Brochure.pdf
http://www.som.com/projects/cayan_tower#sthash.qulEr Saz.dpuf http://skyscrapercenter.com/building/cayan-tower/464 http://cayan.net/portfolio-more.php?project_id=1 http://www.architectmagazine.com/design/buildings/cay an-tower-designed-by-skidmore-owings-merrill_o http://jazztravels.com/twisted-skyscrapers-in-andaround-the-world/ http://www.ctbuh.org/Publications/CTBUHJournal/InNum bers/TBINTwistingTowers/tabid/7295/language/enUS/Default.aspx
243
KUWAIT TRADE CENTER
LAKHTA CENTER
MODE GAKUEN SPIRAL TOWERS
NAZA & LTH TOWER (TORRE A)
Al Tijaria Tower
_
_
Nome do complexo: Platinum Parque
NORR
Kettle Collective
Nikken Sekkei Makoto Wakabayashi
RSP Architects Sdn Bhd
Commercial Real Estate Company
Gazprom
Mode Gakuen
Naza Group NAZA TTDI Sdn Bhd
Não informa do
2011
Não informa do
2010
2005
2012
2005
2011
2009
2018
2008
2014
Cidade do Kuwait
Saint Petersburg
Aichi
Kuala Lampur
Kuwait
Rússia
Japão
Malásia
Construído
Em construção
Construído
Construído
Escritórios
Misto
Misto
Misto
218m
462m
170m
215,5m
40
86
36
50
60,386 m²
17 hectares 330,000m 2
3.540.06m² Sítio 2.365.75m² projeto
2.285m² Área útil 532.470 47.000m²
1° por andar Total 45°
1.047° por andar Total 90°
Não informado
Não informado
Não informado
http://www.norr.com/global/projects/al-tijaria-tower-58 http://www.amusingplanet.com/2013/04/twistedskyscrapers-around-world.htm http://skyscrapercenter.com/building/al-tijariatower/1373
Fachada dupla
http://kettle.co/lakhta-tower-2/ http://lakhta.center/en/about/project/ http://skyscrapercenter.com/building/lakhtacenter/12575 http://archinect.com/mariakuzminskaia/project/lakhtacenter http://www.ctbuh.org/Publications/CTBUHJournal/InNum bers/TBINTwistingTowers/tabid/7295/language/enUS/Default.aspx
Fachada dupla
http://www.nikken.co.jp/ja/work/projects/N030005.html http://www.ctbuh.org/TallBuildings/FeaturedTallBuildings /Archive2009/ModeGakuenSpiralTowersNagoyashi/tabid/ 4235/language/en-US/Default.aspx http://www.amusingplanet.com/2013/04/twistedskyscrapers-around-world.html http://www.nikken.co.jp/en/projects/education/buildings /mode-gakuen-spiral-towers.html http://openbuildings.com/buildings/mode-gakuen-spiraltowers-profile-3240 http://skyscrapercenter.com/nagoya/mode-gakuenspiral-towers/2761
Núcleo de forma cilíndrica
http://free-d.nl/project/show/id/23/subCat/shape http://www.theedgeproperty.com.my/content/helixnaza-tower-third-building-klcc%E2%80%99s-platinumpark http://skyscrapercenter.com/kuala-lumpur/naza-tower1/12510/ http://www.iproperty.com.my/propertylisting/4337503/p ersiaran-klcc-office-forrent#leCWRyc3e47Bt6R3.97 http://www.nazatower.com/
244
NAZA & LTH TOWER (TORRE B)
NEW YORK TOWER
NINGBO BANK OF CHINA HEADQUART ERS
OPUS HONG KONG
Nome do complexo: Platinum Parque
RSP Architects Sdn Bhd
Naza Group NAZA TTDI Sdn Bhd
_
Coop Himmelblau
Gladden Properties LLC Equities, New York, USA
_
SOM Skidmore, Owings & Merrill
Ningbo City investment and Developme nt Co.,Ltd.
_
Frank Gehry
Não informado
2010
2006
2016
Não informa do
2011
_
_
_
2014
_
_
2012
Kuala Lampur
Nova York
Ningbo, Zhejiang
Hong Kong
Malásia
Estados Unidos
China
Hong Kong
Construído
Projeto
Projeto
Construído
Misto
Residencial
Misto
Residencial
163,4m
305m
246m
43m
38
2.285m² Área útil 532.470 47.000m²
Não informado
Núcleo de forma cilíndrica
Idem Anterior
35
Área do sítio 4.314m² Área do projeto 77.300m²
Total 50°
Não informado
http://www.coophimmelblau.at/architecture/projects/new-york-tower/
50
Área sítio 11.200m² Área projeto 107.787m²
1.176° por andar Total 60°
Não informado
http://www.som.com/projects/ningbo_bank_of_china_he adquarters http://www.yxgac.com/en/proj_view.aspx?id=25 http://www.ctbuh.org/Publications/CTBUHJournal/InNum bers/TBINTwistingTowers/tabid/7295/language/enUS/Default.aspx
Não informado
http://www.amusingplanet.com/2013/04/twistedskyscrapers-around-world.html http://www.opushongkong.com/en/The_Building.html http://www.arcspace.com/features/gehry-partnersllp/opus-hong-kong/ http://www.friv5games.com/frank-gehry-floor-plans/
13
Não informado
Não informado
245
PENANG GLOBAL CITY CENTER PGCC
PwC TOWER
REGENT EMIRATES PEARL
REVOLUTION TOWER
_
PwC Gauteng
_
F&F Tower
Asymptote Architecture
Abad naluri Sdn. bhd. Desenvolve dor: Abad Naluri, uma subsidiária da Equine Capital
20062008
_
_
Penang
Malásia
Projeto
LYT Architecture Concepts
Attacq Waterfall Investment Company; Pricewaterh ouseCooper s
Não informa do
2015
2018
Midrand
África do Sul
Em construção
Dennis Lems Architects Associates DeSimone
Pinzon Lozano & Asociados Arquitectos
Arabian Constructio n Company
F&F Properties
Não informa do
2003
_
2008
2014
2011
Abu Dhabi
Cidade do Panamá
Emirados Árabes Unidos
Panamá
Construído
Construído
Misto
Não informa do
Escritórios
106m
Hotel
Escritórios
255m
230m
60
Área total: 1.000.000 m2 Construído 911.500 m2
Não informado
Persianas
http://www.asymptote.net/#!untitled/zoom/c1apb/imag e1zjz http://free-d.nl/project/show/id/23/subCat/shape http://www.arcspace.com/features/asymptotearchitecture/penang-global-city-center/
26
40.000m²
1.154° por andar Total 30°
Não informado
http://skyscrapercenter.com/midrand/pwc-tower/25681/ http://www.engineeringnews.co.za/article/pwc-toestablish-r15bn-26-storey-hq-at-waterfall-city-2015-01-27
60
51
1.400.000m ²
50.500m²
0.481° por andar Total 25°
Total 360°
Varandas
Não informado
http://www.metalica.com.br/pg_dinamica/bin/pg_dinami ca.php?id_pag=345 http://www.de-simone.com/projects/project/regentemirates-pearl-hotel/ http://www.dlarch.eu/projects/emirates-pearl-hotel-2 http://www.ctbuh.org/Publications/CTBUHJournal/InNum bers/TBINTwistingTowers/tabid/7295/language/enUS/Default.aspx
http://www.plasoc.com/revolution http://www.amusingplanet.com/2013/04/twistedskyscrapers-around-world.html http://arquitectobra.blogspot.com.br/2013/07/proyectodestacado-torre-f-revolution.html http://skyscrapercenter.com/building/ff-tower/953 http://www.buypanamarealestate.com/property/revoluti on-tower
246
ROCHE TORRE
SAMA TOWER
SHANGHAI TOWER
_
_
_
Herzog& de Meuron
WS Atkins & Partners
Gensler
Roche
2007
Não Informado
Não informa do
Shangai Constructio n Group
Não informa do
2008
2006
2008
2011
2009
2015
Basileia
Suíça
Dubai
Emirados Árabes Unidos
Lujiazui, Xangai
China
Construído
Construído
Construído
Misto
Residencial
Misto
165m
194m
632m
40
75.000 m2 de área bruta de construção ( GFA ) no estágio 1 • 25.000 m2 GFA na fase 2
50
Total de área bruta: 118,249m2
121
410.000m² acima da terra 166.000m² abaixo
Não informado
Não informado
0.938° por andar Total 120°
Não informado
Não informado
Fachada dupla
http://free-d.nl/project/show/id/436/subCat/shape http://forgemind.net/phpbb/viewtopic.php?f=24&t=9151 http://www.skyscrapernews.com/images/pics/1618Herzo gAndDeMeuronWriggleIntoBasel_pic1.jpg
http://www.e-architect.co.uk/dubai/sama-tower http://www.atkinsglobal.com/en-gb/projects/sama-tower https://br.pinterest.com/pin/291889619575961201/ http://skyscraperpage.com/cities/?buildingID=39533
http://du.gensler.com/vol6/shanghai-tower/#/technicalinnovation http://tecnologia.terra.com.br/noticias/0,,OI3367358EI12882,00Predio+torcido+sera+o+mais+alto+da+China.html http://du.gensler.com/vol6/shanghai-tower/ http://www.arcspace.com/features/gehry-partnersllp/opus-hong-kong/ http://www.friv5games.com/frank-gehry-floor-plans/ http://glasslaminatingsolutions.kuraray.com/laminatedglass-news/2016/enhanced-strength-edge-performanceand-visual-clarity-of-sentryglasr-interlayer-key-to-theshanghai-towers-unique-twisting-double-skin-glassfacade/ http://www.ctbuh.org/Publications/CTBUHJournal/InNum bers/TBINTwistingTowers/tabid/7295/language/enUS/Default.aspx
247
SKY-ARC
_
Não informado
http://www.coophimmelblau.at/architecture/projects/sky-arc-sci-arc/
Não informado
Não informado
http://www.coophimmelblau.at/architecture/projects/sky-arc-sci-arc/
Total 30°
Não informado
http://www.corgan.com/projects/tower-hermann-park/
Não informado
Persianas e Geometria do edifício
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1354 449&page=4 http://www.asymptote.net/#!raha-slide-show/ca5v http://www.baunetz.de/talk/crystal/pdf/en/talk17.pdf http://www.dezeen.com/2008/05/13/strata-tower-byasymptote/
2005
_
_
Los Angeles
Estados Unidos
Projeto
Misto
206m
30
Área do sítio 33.630m¹ Área do projeto 176.552m²
_
_
Não informado
Não informado
Projeto
Residencial
Não informa do
42
Não informado
Abu Dhabi
Emirados Árabes Unidos
2005
SKY-ARC
_
Coop Himmelblau
SPECIALTY RESIDENCIAL TOWER
_
Corgan
Houston, EUA
_
Asymptote
Aldar Properties, PJSC
Não informa do
_
Não informado
Coop Himmelblau
Meruelo Maddux California Fund LLP
STRATA TOWER
30
Área do sítio 33.630m¹ Área do projeto 176.552m²
Meruelo Maddux California Fund LLP
_
_
_
2009
Los Angeles
Estados Unidos
Projeto
Construído
Misto
Residencial
206m
160m
40
53.500m²
248
SUPERNOVA SPIRA
_
Benoy
Supertech
2011
2017
Noida
BES Engineering Corporation
2010
_
2016
Taipei
2011
2014
TAPEI TOWER
_
Vincent Callebaut
THE POINT
_
Christian Wiese Architects
Pronobis
2009
_
Kettle Collective
Não informado
Não informa do
THE WATERLINE
2012
_
_
India
Em construção
Misto
300m
80
465.000m²
1.825° por andar 146°
Da base ao 20° paviment o rotação de 90º . Depois 4,5º por andar.
Vidro Fachada dupla e Persianas
Não informado
http://skyscrapercenter.com/noida/supernovaspira/13538/ http://www.benoy.com/projects/supernova/ http://skyscrapercenter.com/noida/supernovaspira/13538/
http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvi mento/predio-sustentavel-imita-estrutura-dna737174.shtml http://vincent.callebaut.org/page1-img-taipei.html http://www.ctbuh.org/Publications/CTBUHJournal/InNum bers/TBINTwistingTowers/tabid/7295/language/enUS/Default.aspx
Taiwan
Em construção
Residencial
93m
20
42.335.34 m²
Guayaquil
Equador
Construído
Escritórios
137m
36
Não informado
5.833° por andar Total 210°
Não informado
http://skyscrapercenter.com/midrand/pwc-tower/25681/
Dubai
Emirados Árabes Unidos
Misto
Não informa do
Não infor mad o
Total 82,500m 2
Não informado
Varandas
http://kettle.co/the-waterline/
Projeto
249
THE WAVE TOWER
TORRE DINÁMICA
TRUMP INTERNATIO NAL HOTEL & TOWER VANCOUVER
TURM MIT TAILLE
_
A-cero
David Fisher
Não informado
Não Informado
Arthur Erickson
Não informado
MVRDV
BAI Bauträger Áustria Immobilien GmbH
Não informa do
20082010
2005
20142018
_
_
_
_
_
_
2016
_
Al Arab Distrito Madinat, Dubai
Dubai
Vancouver
Viena
Emirados Árabes Unidos
Emirados Árabes Unidos
Canadá
Áustria
Projeto
Projeto
Construído
Projeto
Misto
Misto
Misto
Misto
370m
420m
92
80
Não informado
Não informado
Área construção: 146 m²
Torção variável dinâmica. Cada andar gira 360°
188m
63
Não informado
0.714° por andar Total 45°
75m
Não infor mad o
Área do projeto 35,680 m² estacionam ento 3.112 m²
Não informado
Vidro
http://www.acero.com/index.php/es/proyectos/edificiossingulares/torre-wave https://bengalsfan1220.wordpress.com/the-wave-tower/ http://www.e-architect.co.uk/dubai/wave-tower-dubai http://inhabitat.com/dubais-wave-tower-is-a-spiralingseascraper/ http://www.future-is-now.info/the-wave-towergallery.html http://www.metaefficient.com/architecture-andbuilding/the-wave-tower-a-green-seascraper.html http://architizer.com/projects/wave-tower/
Não informado
http://www.taringa.net/post/imagenes/1662664/TorreDinamica-en-Dubai.html http://portalarquitetonico.com.br/arquitetura-dinamica/ http://www.plataformabim.com.br/2013/10/1410dynamic-towers-dubai.html
Não informado
http://www.arthurerickson.com/conceptualdesign/trump-hotel-&-residences/1/caption http://www.trumpvancouver.com/building.html http://www.ctbuh.org/Publications/CTBUHJournal/InNum bers/TBINTwistingTowers/tabid/7295/language/enUS/Default.aspx
Não informado
https://www.mvrdv.nl/en/projects/turmmittaille
250
TURNING TORSO
Santiago Calatrava
HSB Malmö
1999
UNIT FUSION
_
Y Design Office
Londonewc astle
Não informa do
UNITED TOWER
Cooperation Investment House, Wyndham Grand Manama
Aref Sadeq Design Consultants
Cooperation Investment House B. S. C
Não informa do
VANCOUVER HOUSE
Beach and Howe St.
BIG Architects
Westbank projects corp.
2012
2001
_
2011
_
2005
_
2016
_
Malmo
Hong Kong
Manama
Vancouver
Suécia
Hong Kong
Bahrain
Canadá
Construído
Projeto
Em construção
Em construção
Misto
Residencial
Misto
Misto
190m
427.5m
200m
150m
54
Área útil total: 18 mil m² Área residencial: 13,5 mil m2 Área de escritórios: 4 mil m2
1.579° por andar Total 90°
75
Não informado
Torção Variável dinâmica
47
Empreendi mentos 130.000m²
3.83° por andar Total 180°
49
60.600m²
Não informado
Não informado
Não informado
Não informado
Não informado
http://www.constructalia.com/portugues_br/galeria_de_ projetos/suecia/turning_torso#.V08aG_krKUk http://www.calatrava.com/projects/turning-torsomalmoe.html http://www.mundoark.com.pe/2014/03/articulo-turningtorso-el-edificio.html http://www.dac.dk/en/dac-life/copenhagen-xgallery/cases/turning-torso/ http://www.ctbuh.org/Publications/CTBUHJournal/InNum bers/TBINTwistingTowers/tabid/7295/language/enUS/Default.aspx http://www.igreenspot.com/unit-fusion-high-riseresidential-building-concept-can-be-the-newest-ecofriendly-building-in-hong-kong/#more-14204 http://tallbuildings.ru/en/neboskreb-konstruktor http://www.archivenue.com/unit-fusion-housing-projectby-y-design-office/ http://ktdesignsuccess.com/unit-fusion-for-hong-kong/ http://www.suckerpunchdaily.com/2012/01/24/unitfusion/ http://archinect.com/news/gallery/33232165/10/unitfusion-housing-project-by-y-design-office
http://skyscrapercenter.com/manama/unitedtower/14693/ http://wiesearquitectos.com/index.php/the-point#galería http://www.arefsadeq.com/Project-details.php?cat=13 http://www.bahrainbay.com/partners/investment-house/
http://vancouverhouse.ca/ http://www.big.dk/#projects-van http://vancouverhouse.ca/estate-series/ http://www.condoinvancouver.ca/vancouver-house-big http://noticias.arq.com.mx/Detalles/12897. html#.V0Sj8_krKUk http://vancouverhouse.ca/ http://www.dezeen.com/2012/04/13/beach-and-howest-by-big/
251
XUHUI BINJIANG MEDIA CITY 188 SG-1 Tower
188SG1 TORRE
YOUNG MEMORIAL MUSEUM
ZHUHAI OBSERVATIO N TOWER
9GG - 9HH
Aedas
Herzog& de Meuron
_
_
Não informado
Não informado
RMJM
Não informado
Killa Design
Não informado
2015
20002002
2014
2006
_
2002
_
_
_
2005
_
_
Shangai
São Francisco
China
Estados Unidos
Doumen, Zhuhai
China
Dubai
Emirados Árabes Unidos
Projeto
Construído
Em construção
Projeto
Misto
Não informado
Não informado
Vidro
http://www.dezeen.com/2013/07/29/aedas-to-designtwisting-skyscraper-podium-shanghai-china/ http://www.inspirativni.cz/zkrouceny-mrakodrap/
Clarabóias e persianas
https://www.herzogdemeuron.com/index/projects/compl ete-works/151-175/173-de-young-museum.html http://www.galinsky.com/buildings/deyoung/ http://www.arup.com/projects/m_h_de_young_memoria l_museum
155m
33
43,90m
Não infor mad o
293.000m²
Comercial
93m
Não infor mad o
Área 2.000m² Prédio 4.563m²
Não informado
Painéis perfurados
Misto
Não informa do
50
área total construída de 53.552 m²
1.8° por andar Total 180°
Não informado
Museu
Não informado
http://www.rmjm.com/portfolio/zhuhai-observationtower/ http://www.arqbacana.com.br/internal/projetos/read/14 116/rmjm-zhuhai-observation-tower http://www.dezeen.com/2014/08/15/doumenobservation-tower-skyscraper-rmjm-china/
http://www.atkinsglobal.com/~/media/Files/A/AtkinsCorporate/north-america/sectorsdocuments/buildings/library-docs/brochures/Atkinsbuildings-minibook.pdf http://www.killadesign.com/?portfolio=9gg-9hh
252
APÊNDICE B – Algoritmo referente às investigações a respeito da forma, torção e aberturas da edificação.
PARTE 1
PARTE 2
PARTE 3
253
PARTE 4
PARTE 5
PARTE 6
PARTE 7
254
APÊNDICE C – Algoritmo inteiro contendo a geometria do edifício, proteção solar, simulação de iluminação natural e radiação solar.
EDIFÍCIO
RADIAÇÃO SOLAR - LADYBUG
30º ANDAR
PROTEÇÃO SOLAR
ILUMINAÇÃO NATURAL - HONEYBEE
255