Camaradas do tempo Boris Groys
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Deyson Gilbert 1.b teoria: Concentro-me para fazer parar uma escada rolante em Munich, 2001 Obra do artista brasileiro que integra a série O desconjuntamento da práxis 1.b theory: I concentrate in order to make an escalator stop in Munich, 2001 Work by the Brazilian artist from the series O desconjuntamento da práxis
arte contemporânea merece seu cia no coração da presença, e que a história, innome na medida em que manifesta cluindo a história da arte, não pode ser interpresua própria contemporaneidade – e tada como uma “procissão de presenças”, para isso não diz respeito somente a ter usar uma expressão de Derrida.1 sido feita ou exibida recentemente. Assim, a perMas em vez de analisar mais a fundo as engregunta “O que é a arte contemporânea?” implica nagens da desconstrução de Derrida, gostaria de a questão “O que é contemdar um passo atrás, e pergunporâneo?” Como poderia ser tar: O que há no presente – o De que modo o mostrado o contemporâneo aqui e agora – que nos interespresente se manifesta sa tanto? Wittgenstein já era como tal? Ser contemporâneo pode muito irônico em relação a em nosso cotidiano ser entendido como ser imeseus colegas filósofos que, de antes de ser uma diatamente presente, como tempos em tempos, repenestar aqui e agora. Nesse sen- questão de especulação tinamente se voltavam para tido, a arte parece ser verdaa contemplação do presenmetafísica ou de deiramente contemporânea te, em vez de simplesmente crítica filosófica? se é autêntica, se ela, por cuidarem de seus próprios exemplo, captura e expressa a assuntos e seguirem com o presença do presente de um modo que é radicalseu dia a dia. Para Wittgenstein, a contemplação mente inadulterado pelas tradições do passado passiva do presente, do imediatamente dado, é ou estratégias que visam o sucesso no futuro. Ao uma ocupação não natural ditada pela tradição mesmo tempo, no entanto, estamos familiarizametafísica, que ignora o fluxo do cotidiano – o dos com a crítica da presença, particularmente fluxo que sempre transborda o presente sem priconforme formulada por Jacques Derrida, que vilegiá-lo de modo algum. De acordo com Wittmostrou – de modo suficientemente convincengenstein, o interesse no presente é simplesmente – que o presente é originalmente corrompido te uma déformation professionnelle filosófica – e pelo passado e pelo futuro, que sempre há ausêntalvez também artística –, uma doença metafísi-