lp

Page 1

Ficha 1 Ficha 3 Ficha 2

Noções sobre a Linguagem, Texto e Discurso

Ortografia Atualização I

Ortografia Atualização II

Ficha 4

Frente 2

Relações Lógico-Semânticas II

Ficha 5

Frente 1

Relações Lógico-Semânticas III

2

Relações Lógico-Semânticas I

8 10 12

Variação Linguística I

24

14 Linguagem Verbal e Não Verbal

6

Frente 3

Variação Linguística II

26

16 Funções de Linguagem I

Variação Linguística III

28

18 Funções de Linguagem II

20 Relações Intertextuais

22

Níveis de Linguagem

30 Variação Linguística e a Intencionalidade Discursiva

32


Fre n 01 te Fic h 01 a

Ortografia

Atualização

3. MUDANÇAS NO ALFABETO NA BOA, MAS ACHO

VEJAMOS AS OUTRAS REGRAS. AS LETRAS K, W e Y VOLTAM PARA O ALFABETO.

QUE ESSE POVO DA REFORMA TÁ COMPLETAMENTE DESINFORMADO

VIRA E MEXE USO

EXEMPLO: “GAR-

PALAVRAS COM ESSAS

ÇON UM WHISKY,

LETRAS.

POR FAVOR.

1. ACORDO ORTOGRÁFICO Ñ KERO K MXAM NA MNHA LNGUA, OK BRZUKAS ?

O Acordo Ortográfico foi pensado para uniformizar a grafia de certas palavras entre os países falantes de Língua Portuguesa e visa facilitar o comércio de livros e outras publicações entre estes países. Como é apenas ortográfico, ele não produz alterações significativas na língua, pois não interfere em sua estrutura, ou seja, em sua sintaxe. As letras K, W e Y voltam para o alfabeto.

4. MUDANÇAS COM O USO DO ACENTO AGUDO

Vejamos agora as principais alterações ocorridas na grafia.

2. O USO DO TREMA BOM, VEJAMOS AS NOVAS REGRAS.

O TREMA NÃO SERÁ MAIS USADO. EXEMPLO: “LINGÜIÇA” PERDE O TREMA E FICA “LINGUIÇA”.

VEJAMOS AS OUTRAS REGRAS. AS LETRAS K, W e Y VOLTAM PARA O ALFABETO.

2

n

LÍNGUA PORTUGUESA

NOSSA!!! QUE COISA... TÔ BESTA!!!

SABIA QUE “LINGUIÇA” TINHA TREMA.

VEJAMOS O QUE MAIS MUDA NESSE ACORDO.

NA BOA, MAS ACHO QUE ESSE POVO DA REFORMA TÁ COMPLETAMENTE DESINFORMADO.

VIRA E MEXE USO

EXEMPLO:

PALAVRAS COM

“GARÇOM, UM

ESSAS LETRAS..

WHISKY. POR FAVOR”.

ACENTO AGUDO DESAPARECE NOS DITONGOS ABERTOS “EI”

SÓ FALTA TU ACHAR AQUI

CERTO... CERTO... A REGRA PARECE BEM SIMPLES.

NESSA JOÇA, QUE DIACHO SIGNIFICA ISSO DE “DI-

TONGO” E “PAROXÍTONA”.

E “OI “ DAS PALAVRAS PAROXÍTONAS.

O trema deixa de ser utilizado na grafia de palavras.

www.portalimpacto.com.br

www.portalimpacto.com.br

n

LÍNGUA PORTUGUESA

3


5. MUDANÇA COM O USO DO ACENTO CIRCUNFLEXO 4 3

Algumas mudanças do Acordo Ortográfico

1

Cai o trema

Desaparece o acento circunflexo nos encontros de vogais oo e ee

vôo vira voo

Cai o assento que diferencia algumas palavras escritas de forma igual.

lêem vira leem 5

1

(do verbo parar, na terceira pessoa do singular, no presente do indicativo) vira

Elimina-se o hifen em palavras compostas cuja noção de composição se perdeu.

Pára-quedas vira

paraquedas 6

VAMOS RECAPITULAR !! SAIBA O QUE MUDA NA LÍNGUA PORTUGUESA

contra-regra vira

(Substantivo) vira

contraregra

Com o Acordo Ortográfico

auto-escola vira

ACENTOS

autoescola

EXEMPLO

NOVAS REGRAS

CIRCUNFLEXO

DIFERENCIAL

AGUDO NOS DITONGOS ABERTOS Ditongo: quando há duas vogais na mesma sílaba

AGUDO NOS HIATOS I e U Hiato: quando duas vogais ficam em sílabas diferentes AGUDO EM ALGUNS VERBOS

4

n

LÍNGUA PORTUGUESA

DESAPARECE: sempre que há letras dobradas

DESAPARECE: em quase todas as palavras CONTINUA: no verbo “pôr”, no infinitivo (pôr) e no pretérito perfeito de “poder” (pôde”) FACULTATIVO: para distinguir “forma” de “fôrma” (de bolo).

Elimina-se o hifen por palavras derivadas por prefixação, quando o prefixo terminar em vogal e o outro elemento começar por consoante (exceto o b) ou então por uma vogal diferente.

COMO ERA eles vêem eles lêem vôo; enjôo

COMO FICA eles veem eles leem vôo; enjoo

COMO ERA COMO FICA pára O trânsito sempre para Pêlo O pelo do animal caiu Pólo Faz frio no polo Norte Pêra Comi uma pera doce pára-brisa O parabrisa está sujo NÃO MUDA É preciso pôr a mesa. Ontem ele não pôde fazer.

DESAPARECE: nas paroxítonas (com acento tônico na penúltima sílaba) DESAPARECE: na letra U em algumas formas de verbos como apaziguar, arguir, averiguar, obliquar CONTINUA: nas palavras oxítonas (com acento na última sílaba) e nos monossílabos tônico (palavras com uma única sílaba, sendo ela tônica)

COMO ERA assembléia idéia heróico

COMO FICA assembleia ideia heroico

COMO ERA apazigüe averigüe argüi

COMO FICA apazigue averigue argui

DESAPARECE: quando o hiato é antecedido de ditongo CONTINUA: nas oxítonas terminadas em I e U, seguidas ou não de S

COMO ERA feiúra bocaiúva

DESAPARECE: o acento agudo desaparece na letra U em algumas formas de verbos como apaziguar, arguir, averiguar, obliquar.

COMO ERA apazigüe averigüe argüí

NÃO MUDA herói; Ilhéus; céu; dói

2

Desaparece o acento agudo nos ditongos aberto ei, oi, eu das palavras paroxítonas.

Inclui-se o hifen em palavras derivadas por prefixação, quando o prefixo termina com uma vogal igual a vogal inicial do outro elemento.

antiinflamatório vira idéia vira ideia paranóico vira paranoico

Teste

anti-inflamatório

seus conhecimentos sobre a nova ortografia em www.epoca.com.br

microondas vira

micro-ondas Aplicações no Caderno de Exercícios

ACORDO ORTOGRÁFICO

ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA

COMO FICA feiura bocaiuva

NÃO MUDA Piauí, tuiuiú, saúde COMO FICA apazigue averigue argui

www.portalimpacto.com.br

7

www.portalimpacto.com.br

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa traz alterações significativas na acentuação de algumas palavras, extingue o uso do trema, e padroniza a utilização do hífen. No Brasil, primeiro país da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa) a adotar oficialmente a nova grafia que entrou em vigor no dia 1º de 2009, a reforma ortográfica deve provocar mudanças em cerca de 0,5% das palavras. Nos demais países --Portugal, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Timor-Leste a mudança deve atingir aproximadamente 1,6% das palavras. Para facilitar a transição, o MEC (Ministério da Educação), estipulou que as instituições de ensino fundamental têm entre 2010 e 2012 para se adequar, enquanto no ensino médio a mudança entre em vigor a partir de 2012. Neste período, os alunos deverão conviver com a dupla grafia. A partir de janeiro de 2013, serão corretas apenas as novas grafias.

n

LÍNGUA PORTUGUESA

5


Atualização

ORTOGRÁFICA II

Fre n 01 te Fic h 02 a

1. MUDANÇA COM O USO DO HÍFEN Olha isso! Tô ferrado. Falta ver um monte de coisa ainda.

“situações que a palavra perde o hifen”.

Até 2012 ambas as Normas serão aceitas??!!

“situações que a palavra perde o hifen...” “exceções para

usar o acento diferencial”...

simbora Tomar um chopp.

“até 2012 ambas as normas serão aceitas”...

2. ALGUMAS PALAVRAS COMPOSTAS PEDERAM O HÍFEN

HÍFEN

Algumas palavras compostas perderam o hífen

PREFIXOS

FALSOS PREFIXOS E OS TERMINADOS EM VOGAIS

TERMINADOS EM B

CO

COMO ERA manda-chuva pára-quedas Pára-quedista

COMO FICA mandachuva paraquedas paraquedista

NOVAS REGRAS

EXEMPLO

PASSA A SER USADO: quando o segundo elemento se inicia por vogal idêntica à vogal final do prefixo ou por H. DESAPARECE: nos outros casos.

COMO ERA Microondas arquiinimigo

COMO FICA micro-ondas arqui-inimigo

CONTINUA E PASSA A SER USADO: quando o segundo elemento é iniciado por B, H ou R. DÚVIDA: O acordo não deixa claro se “subumano” passará a ser grafado como “sub-humano”.

COMO ERA infra-estrutura

COMO FICA infraestrutura

CONTINUA E PASSA A SER USADO: quando o segundo elemento é iniciado por H.

NÃO MUDA co-herdar

DÚVIDA: O acordo não deixa claro se “cohabitar” passará a ser grafado como “co-habitar”.

COMO ERA co-edição co-auto

3. PARA REFLETIR

TIVE UMA IDEIA, VOU PEDIR AJUDA AO MEU SOBRINHO PARA ENTENDER O TAL ACORDO.

PRA ESSA MOLECADA É MOLEZA. ESTÃO APRENDENDO AGORA NÃO TEM OS VÍCIOS DA GENTE, QUE JÁ USA AS ANTIGAS REGRAS FAZ TEMPO.

OLÁ SOBRINHO, BELEZA? POR ACASO VOCÊ ESTÁ POR DENTRO DAS REGRAS DO ACORDO ORTOGRÁFICO?

FALAAAAAAA TIUNNMMMM !! BLZ???!!!! :-) AXO QUE NAHUM É DIFICIUM NAUMM !!! PASSA AKI EM KSAAAAAA Q NOIS APRENDIHH JUNTUUUUM !!!!! ? HSUAHSUU HSUAHSUU HSUAHSUU MELHOR PENSAR EM OUTRA COISA.

COMO FICA coedição coautor

DESAPARECE: nos outros casos. AD

CIRCUM

MAL

BEM

TERMINADOS EM R

CONTINUA E PASSA A SER USADO: quando o segundo elemento é indicado por D, H ou R. ATENÇÃO: A palavra “adrenalina” continua igual, mas não está claro se “adenal” se torna “ad-renal”.

n

LÍNGUA PORTUGUESA

NO LUGAR DE RECLAMAÇÃO

PASSA A SER USADO: Quando o segundo elemento é iniciado por vogal H, M ou N

COMO ERA circumurado

COMO FICA circum-murado

CONTINUA E PASSA A SER USADO  : diante de I, H e vogal

COMO ERA mal limpo mal humorado

COMO FICA mal-limpo ml-humorado

DESAPARECE: nas palavras citadas no acordo e nas suas correlatas.

COMO ERA bem-feito bem-querer bem-querido

COMO FICA benfeito benquerer benquerido

CONTINUA: quando o segundo elemento é iniciado por

NÃO MUDA super-homem; inter-relação

H ou R.

6

NÃO MUDA ad-digital

www.portalimpacto.com.br

AÇÃO

COMPREI UM LIVRO COM TUDO SOBRE A REFORMA ORTOGRÁFICA

www.portalimpacto.com.br

VOU ESTAR LENDO DIARIAMENTE

VOU ESTAR APRENDENDO CADA VEZ MAIS.

BEM QUE PODIAM TER APROVEITADO A REFORMA PARA ESTAREM LIMANDO  O GERÚNDIO.

VOU ESTAR ME SUPERANDO A CADA DIA

n

LÍNGUA PORTUGUESA

7


RELAÇÕES LÓGICO-

SEMÂNTICAS I

Fre n 01 te Fic h 03 a

1. FRASE, ORAÇÃO, PERÍODO SIMPLES, PERÍODO COMPOSTO, SUBORDINAÇÃO, COORDENAÇÃO Chamamos de sintaxe ao estudo das linguagens como um todo, voltada para a organização harmônica dos elementos (no caso, as palavras) que constituem os enunciados. Todas as línguas necessitam ter uma sequenciação lógica, organizada de maneira que haja produção de sentido nas interações comunicativas, especificamente as verbais. Todos temos dentro de nós uma gramática interna, absorvida durante o processo de aquisição da língua/ linguagem – embora não saiba o que é “sujeito” ou “predicado”, cada indivíduo faz uso desses termos oracionais diariamente, mesmo aqueles que nunca frequentaram a escola.

______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________

ESTRUTURA DOS TERMOS ORACIONAIS Frase é cada um dos enunciados que exprimem uma ideia, uma emoção, uma ordem ou apelo, resumindo: frase é um enunciado de sentido completo. Oração é uma frase (ou parte dela) que pode ser constituída de sujeito e predicado (ou apenas predicado) e contem um verbo (ou locução verbal). Já o período é uma frase constituída de uma ou mais orações. Deste modo, o período será simples – também denominado de oração absoluta – ou composto, dependendo de quantas orações o compõem. As frases que fazem parte de qualquer enunciado expressam um conteúdo por meio de elementos e combinações entre esses elementos. Sempre que falamos (ou escrevemos), falamos do mundo, das pessoas, das coisas. E tudo tem nome. Falamos de como tudo é ou pode vir a ser, ou do que as coisas ou as pessoas fazem. Por isso, o modelo básico da oração se estrutura a partir de um sujeito e de um predicado, os chamados termos essenciais da oração.

No quadro da charge há um enunciado, separe o seu sujeito de seu predicado.

Foram ao drinque, ele recuperou não só a alegria de viver e fazer anos mas também começou a fazê-los pelo avesso, remoçando. Saiu bem mais jovem do bar, e pegou-lhe do braço. No apartamento, ela apontou-lhe o banheiro e disse-lhe que o usasse sem cerimônia. Dentro de quinze minutos ele poderia entrar no quarto, não precisava bater — e o sorriso dela, dizendo isto, era uma promessa de felicidade.

Na escrita, ele é marcado por letra maiúscula no início e ponto-final, de exclamação ou de interrogação no fim. Não raro é encontrarmos, nos textos, períodos compostos por coordenação e subordinação, pois o modo de articulação das orações no discurso ocorre por determinações semânticas.

CASO DE SECRETÁRIA

Foi trombudo para o escritório. Era dia de seu aniversário, e a esposa nem sequer o abraçara, não fizera a mínima alusão à data. As crianças também tinham se esquecido. Então era assim que a família o tratava? Ele que vivia para os seus, que se arrebentava de trabalhar, não merecer um beijo, uma palavra ao menos! Mas, no escritório, havia flores à sua espera, sobre a mesa. Havia o sorriso e o abraço da secretária, que poderia muito bem ter ignorado o aniversário, e, entretanto o lembrara. Era mais do que uma auxiliar, atenta, experimentada e eficiente, pé-de-boi da firma, como até então a considerara; era um coração amigo. Quando a surpresa passou, sentiu-se ainda mais borocochô, pois o carinho da secretária não o curara, abrira mais a ferida. Pois então uma estranha se lembrava dele com tais requintes, e a mulher e os filhos, nada? Baixou a cabeça, ficou rodando o lápis entre os dedos, sem gosto para viver. Durante o dia, a secretária redobrou de atenções. Parecia querer consolá-lo, como se medisse toda sua solidão moral, o seu abandono. Sorria e tinha palavras amáveis; e o ditado da correspondência foi entremeado de suaves brincadeiras da parte dela.

n

LÍNGUA PORTUGUESA

Ele nem percebeu ao certo se estava se arrumando ou se desarrumando, de tal modo os quinze minutos se atropelaram, querendo virar quinze segundos, no calor escaldante do banheiro e da situação. Liberto da roupa incômoda, abriu a porta do quarto. Lá dentro, sua mulher e seus filhinhos, em coro com a secretária, esperavam-no cantando "Parabéns pra você.” Carlos Drummond de Andrade

“Quando a surpresa passou, sentiu-se ainda mais borocochô, pois o carinho da secretária não o curara, abrira mais a ferida”. O enunciado acima é um período composto por três orações, o que é indicado pela presença das três formas verbais assinaladas. No texto lido, há alguns elementos linguísticos destacados que estabelecem relações semânticas no discurso.

PERÍODO COMPOSTO.

O período composto pode ser estruturado de várias maneiras:

● Período composto por coordenação: é formado por orações coordenadas. ● Período composto por subordinação: é formado por uma oração principal e uma ou mais orações subordinadas. ● Período composto por coordenação e subordinação (ou misto): é formado por uma oração principal e por orações coordenadas e subordinadas.

Aplicações no Caderno de Exercícios

OBSERVE OS EXEMPLOS SEGUINTES:

2. LEIA O TEXTO ABAIXO

8

— O senhor vai comemorar em casa ou numa boate? Engasgado, confessou-lhe que em parte nenhuma. Fazer anos é uma droga, ninguém gostava dele neste mundo, iria rodar por aí à noite, solitário, como o lobo da estepe. — Se o senhor quisesse, podíamos jantar juntos – insinuou ela, discretamente. E não é que podiam mesmo? Em vez de passar uma noite besta, ressentida — o pessoal lá em casa pouco está me ligando —, teria horas amenas, em companhia de uma mulher que —reparava agora — era bem bonita. Daí por diante o trabalho foi nervoso, nunca mais que se fechava o escritório. Teve vontade de mandar todos embora, para que todos comemorassem o seu aniversário, ele principalmente. Conteve-se, no prazer ansioso da espera. — Onde você prefere ir? – perguntou, ao saírem. — Se não se importa, vamos passar primeiro em meu apartamento. Preciso trocar de roupa. Ótimo, pensou ele; – faz-se a inspeção prévia do terreno, e, quem sabe? — Mas antes quero um drinque, para animar — ela retificou.

www.portalimpacto.com.br

“Quando a surpresa passou, sentiu-se ainda mais borocochô, pois o carinho da secretária não o curara, abrira mais a ferida.” ● Quando a surpresa passou – oração subordinada adverbial temporal. Sorria e tinha palavras amáveis. ● e tinha palavras amáveis – oração coordenada sindética aditiva.

www.portalimpacto.com.br

n

LÍNGUA PORTUGUESA

9


FrFer netnt 00 ee FicFi 1 1 hc 0404aha

RELAÇÕES LÓGICO-

Semânticas II 1. COORDENAÇÃO DE ORAÇÕES II

Uma oração chama-se coordenada quando não funciona como termo de outra e nem tem outra que funcione como termo dela. Ou seja, as orações coordenadas são sintaticamente independentes entre si. As orações coordenadas podem ser sindéticas ou assindéticas. O adjetivo sindético deriva do substantivo síndeto, que vem do grego e significa “o que serve para ligar”. Portanto, a oração coordenada ligada por uma conjunção é sindética. Se não apresentar conjunção é assindética (o prefixo a- indica ausência). Quanto à classificação das orações coordenadas, temos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas Sindéticas. Coordenadas Assindéticas: coordenadas entre si, não são ligadas através de nenhum conectivo. Estão apenas justapostas. Coordenadas Sindéticas: ligadas através de uma conjunção coordenativa. Esse caráter vai trazer para esse tipo de oração uma classificação. Assim teremos orações coordenadas que estabelecem relações semânticas por meio de alguns conectores.

1. Adição, acréscimo e, nem, não só... mas também, não só... como, assim... como. 2. Oposição, contraste mas, contudo, todavia, entretanto, porém, no entanto, ainda, assim, senão 3. Alternância, exclusão ou... ou; ora...ora; quer...quer; seja...seja 4. Conclusão logo, portanto, por fim, por conseguinte, consequentemente 5. Explicação pois, que, porquanto, porque, isto é, ou seja, a saber, na verdade

2. SÃO MESMO INDEPENDENTES? É comum encontrarmos as orações coordenadas definidas como estruturas independentes. E de fato são, já que não pertencem à estrutura de outra oração. Do ponto de vista gramatical, está correto. Mas, do ponto de vista semântico, não há como deixar de notar certa relação de dependência em um período composto por coordenação (relação essa que pode ser mais ou menos intensa, dependendo do tipo de oração). As orações aditivas podem ser consideradas independentes; o mesmo não podemos afirmar das demais coordenadas. Pensemos na frase famosa de Descartes. Penso, logo existo. Seria desvirtuar seu sentido (e o da premissa básica do pensamento cartesiano) separá-la em duas unidades autônomas: eu penso; eu existo. A idéia de conclusão contida na segunda oração só pode ser entendida se levarmos em consi-

● Somatório em: “Vim, vi, venci.” Cantou, emocionou, foi aplaudido de pé. ● Adversidade em: Eles partiram, eu fiquei.

10 n LÍNGUA PORTUGUESA

A conjunção mas é coordenativa, une elementos considerados equivalentes no plano sintático. No entanto, essa equivalência não se mantém no plano semântico. No poema acima, temos uma sequência de seis adjetivos “negativos” (ladrão, mentiroso, tarado, fanático, covarde, traidor) a que se opõe apenas uma informação aparentemente “positiva” (do nosso lado). O que tem mais peso? É evidente que a informação que vem logo após o mas tem mais peso, é a que fica. Se trocássemos a ordem, tudo mudaria: Do nosso lado, mas ladrão, mentiroso, tarado, fanático, covarde, traidor.

informação que prevalece

É notório que há complexidade nas noções semânticas das conjunções. Além do tipo de relação apresentado, a coordenação sem o uso de conjunções, estas ainda podem estabelecer outros tipos de relação que não os “convencionais”, ensinados há tempos na escola tradicional, pois esses operadores do discurso são elementos versáteis e assumem diferente significados, por vezes extremos e contraditórios. Observe.

Conjunção mas (adversativa) com valor aditivo.

Meus alunos são jovens estudiosos, mas principalmente esforçados.

Note também o que ocorre com a conjunção e em

cada um dos casos abaixo. - valor adversativo, oposição: (e = mas) "É ferida que dói e não se sente."

Ele comprou um carro e não sabe dirigir. valor conclusivo:

Meus alunos estudam muito e serão aprovados no vestibular! valor distintivo, contrastivo:

Há políticos e políticos! - valor de sucessão temporal:

Estudou e passou e comemorou. (primeiro estudou, depois passou, no final comemorou) - valor implicação, consequência:

Estude bastante e serás aprovado.

- valor causa, efeito:

A professora faltou e não houve aula. (e = por isso) - valor de intensidade:

Gritou e gritou. (gritou muito)

deração o que vai dito na oração anterior. O mesmo se pode afirmar de: Ia ao cinema, mas choveu. Aqui, é nítida a dependência semântica na oração adversativa em relação à oração anterior. Anunciar “uma opinião ou um desejo é expô-los, ao mesmo tempo, às eventuais objeções dos interlocutores”. Assim, é possível dizer que as conjunções imprimem teor argumentativo, e recebem, neste sentido, o nome operadores argumentativos, palavras que podem orientar o leitor a chegar a determinada conclusão. A clareza do parágrafo depende, além da ordenação lógica das ideias nas frases, do estabelecimento de relações entre elas. Os nexos são um dos principais recursos utilizados para tal finalidade.

3. COORDENAÇÃO SEM CONJUNÇÃO Outro ponto a ser discutido é o fato de que, embora a conjunção não exista (por isso a coordenada assindética não apresenta classificação), podemos perceber relação semântica entre as assindéticas.

4. CONJUNÇÃO (Cont.)

● Explicação em: Chegue cedo, precisamos conversar.

Aplicações no Caderno de Exercícios

CONJUNÇÃO

C

onjunção é uma das dez classes de palavras definidas pela gramática. As conjunções são palavras invariáveis que servem para conectar orações ou dois termos de mesma função sintática, estabelecendo entre eles uma relação de dependência ou de simples coordenação.

● AS ADVERSATIVAS Poeminha solidário Ladrão, mentiroso, tarado, Fanático, covarde, traidor. Mas do nosso lado.

Millôr Fernandes, L&PM, 1984

www.portalimpacto.com.br

www.portalimpacto.com.br

n

LÍNGUA PORTUGUESA

11


RELAÇÕES LÓGICO -

Semânticas iiI

Fre n 01 te Fic h 05 a

1. COORDENAÇÃO DE ORAÇÕES III

Para que servem as orações coordenadas? As orações coordenadas estabelecem relações sintáticas e lógicas bem mais simples que as das orações subordinadas, por isso mesmo elas são utilizadas, frequentemente, em textos que visem a comunicação direta com o Casal desfila nu em uma das mais movimentadas avenidas do DF

Flagra aconteceu na noite de domingo, na avenida W3, em Brasília. Homem e mulher usavam apenas chapéu.

De 01, com informações do Bom Dia DF

público. É o que ocorre em textos de receitas, folhetos informativos, cartazes e até mesmo no jornal falado na televisão. Nesses textos, quando não se emprega o período simples, prefere-se o período composto por coordenação. Um casal flagrado como “Adão e Eva” surpreendeu os motoristas que trafegavam por uma das mais movimentadas avenidas de Brasília, a W3. O homem e a mulher usavam apenas chapéu.

Quem passava no local buzinava. Eram 22h de domingo quando o casal foi descoberto abaixado perto dos arbustos na calçada. À luz da câmera da TV Globo, começaram a caminhar tranquilamente.Abraçadinhos, tomaram o caminho de casa.

Para mostrar que esta é uma análise interessante, veja-se a diferença entre "a casa é grande, mas é cara" e "a casa é cara, mas é grande". Pode-se apostar que todo mundo entende que não vai ser alugada no primeiro caso, mas que talvez seja alugada no segundo. Ducrot propôs mais tarde outra explicação, ainda mais interessante. Sua tese não só dá conta de casos como os mencionados. Explica ainda melhor os casos em que sequências como as acima são proferidas por dois locutores,como por exemplo: CORRETOR: A casa é grande! LOCATÁRIO: Mas é cara! Sua análise fica ainda melhor se for estendida a "textos" com um só locutor (como no caso de alguém contando a outra pessoa que não alugou uma casa porque é grande, mas é cara; ou que não escalou um jogador porque ele é alto, mas é lento - ou que o escalou porque é lento, mas é alto). É que, mesmo tratando-se de texto proferido por um só locutor, apresentam-se dois pontos de vista: um a favor e outro contra (alugar a casa/escalar o jogador etc.). A questão pode ser tratada em termos de polifonia: há duas vozes que se opõem, em uma cultura que é o pano de fundo em relação ao qual as sequências fazem sentido.

4. CONFRONTO Mas os melhores exemplos para mostrar que as gramáticas contam só uma parte da história são de outro tipo. Se o leitor voltar ao início deste texto, verá que o terceiro período começa com “Mas”. Seria um erro grosseiro? Ou as gramáticas são mesmo parciais, já que não tratam de casos assim? Vejamos um caso ainda mais radical. A coluna de Fernando Rodrigues no jornal Folha de S. Paulo do dia 30/11/2009 falava do então mais recente escândalo político. Não cabem aqui longas citações, mas considerem-se aspectos dos primeiros três parágrafos, para que o argumento fique claro: 1) “O Democratas nasceu de uma costela do PDS...” (o parágrafo tem 6 linhas); 2) “Adversários dos “demos” pensam de forma diferente...” (o parágrafo tem 7 linhas); 3) “A fórmula pefelista deu certo por muitos anos...” (o parágrafo tem 9 linhas).

2. LENDO UM POUCO MAIS As muitas camadas do “mas” Por certas sutilezas de sentido, essa conjunção pode realçar conclusões implícitas e marcar oposição entre visões diferentes. Sírio Possenti

A frase “O sanduíche é grande, mas é caro” tem sentido diferente de “O sanduíche é caro, mas é grande”:a ideia de que o lanche não será pedido se altera.

3. EXPLICAÇÕES O que provavelmente se pode dizer é que os três predicados se opõem a outros que estão associados (são estereótipos) a loiras, a ingleses e a argentinos: loiras seriam burras, ingleses seriam frios e argentinos seriam orgulhosos. Assim, inteligente, caloroso e modesto opõem-se não ao que é dito na primeira oração, mas a um implícito associado a elas. O sentido expresso pelo termo "adversativa" faz sentido, claro, mas não se manifesta na superfície do dito. O dicionário Houaiss é mais claro do que as gramáticas, neste caso. Fornece dez acepções de "mas" como conjunção, uma como advérbio e uma como substantivo. Duas das dez acepções, se bem interpretadas, parecem mais adequadas: "mas" classifica o que foi dito como irrelevante, ou contrasta uma interpretação. Ou: "mas" indica que se vai passar para outro assunto diferente. Isto parece estar mais próximo ao funcionamento de "mas" que os leitores devem ter percebido adequadamente nos exemplos citados.

12 n LÍNGUA PORTUGUESA

Aplicações no Caderno de Exercícios

Considerem-se sequências como “É loira, mas é inteligente”, “É inglês, mas é caloroso”, “É argentino, mas é modesto”. Selecionei propositalmente exemplos de estereótipos e de pelo menos um preconceito. Mas o objetivo não é discutir essas questões, culturais ou ideológicas, e sim o funcionamento do “mas”. As gramáticas e os livros didáticos repetem que se trata de uma conjunção adversativa que “une” duas orações para formar um período composto por coordenação. (Desafio os leitores a mostrarem um manual em que “mas” apareça introduzindo uma adversativa que se “oponha” a diversas orações anteriores.) Nos exemplos acima, a segunda oração não é uma adversativa da primeira: parece impossível que alguém sustente que “inteligente” se opõe a “loira”, que “caloroso” se opõe a “inglês” e que “modesto” se opõe a “argentino”.

OPOSIÇÃO O semanticista francês Oswald Ducrot propôs uma boa explicação para o “mas”. Ele não contrasta as duas orações que une, mas opõe a segunda (ou o que se conclui dela) ao que se conclui da primeira. Seus exemplos são relativos ao quotidiano. Seja “a casa é grande, mas é cara”. Em culturas como a nossa, o fato de a casa ser grande é um argumento para comprar ou alugar (casas grandes são valorizadas) e o fato de ela ser cara é um argumento para não comprar ou alugar. Assim, se alguém diz “é grande”, aceita que seria bom comprar/alugar. Se acrescenta “mas é cara”, dá a entender que não vai ou que não pode comprar ou alugar. Assim, o funcionamento da conjunção “mas” é o seguinte: opõe as conclusões implícitas e faz a segunda ser mais forte do que a primeira.

www.portalimpacto.com.br

O

DISCURSIVO

quarto parágrafo começa assim: "Mas ninguém engana a todos o tempo todo" (seguem-se outras 9 linhas). O que isso significa? Como esse "mas" pode ser analisado?

Uma sugestão: "mas" marca a oposição entre dois pontos de vista. Eles podem ser expostos em duas orações simples, é claro, mas também podem sê-lo em dois longos trechos. Assim, "mas" é um marcador discursivo.

AÊ FESSÔRA, EU E OS BRÓDER TUDO, TIPO ASSIM, NUM TAMO ACHANO MANÊRO AS PARADINHA DO NEW PORTUGUÊIS!

Uma de suas particularidades é que também pode funcionar - e com o mesmo sentido - em um período com duas orações simples. Mas esse é apenas um dos casos, o mais simples de todos. E não o único, como se dá a entender. Sírio Possenti é professor associado do departamento de linguística da Unicamp e autor de Os Humores da Língua (Mercado de Letras) Revista Língua Portuguesa, fevereiro/2010

www.portalimpacto.com.br

n

LÍNGUA PORTUGUESA

13


NOÇÕES SOBRE LINGUAGEM,

TEXTO e DISCURSO 1.

Fre n 02 te Fic h 0011 a

SIGNO LINGUÍSTICO

Segundo Ferdinand Saussure, o signo linguístico é formado pelo significado, a que corresponde um conceito e, pelo significante, a que corresponde uma imagem acústica ou gráfica do conceito. Deste modo, podemos dizer que o signo e uma entidade de duas faces, o significado e o significante, intimamente ligadas, que se reclamam reciprocamente quando comunicamos. O texto de Marilena, Chauí, no box ao lado, atenta para o fato de que uma das maiores distinções entre o ser humano e os demais seres é o fato de que aquele possui a faculdade da linguagem. Observe que na tira acima uma das personagens observa e formula reflexões sobre os elementos observados. Se não possuísse linguagem, o ser humano não teria a capacidade de retratar o mundo que está a sua volta, não seria capaz nem de perceber a sua própria existência.

Ler é uma atividade bastante complexa e não se resume a junção e decodificação de sinais, vai muito além: a leitura pressupõe investigar, analisar, interpretar, decifrar e produzir sentidos. Por isso dizemos que há leitores e leitores. Explica-se. Há os leitores competentes, aqueles que conseguem compreender o que está dito e o que está nas entrelinhas do texto, escondido em camadas e camadas de intenções e sugestões. Contudo, o que aqui buscamos é um leitor que ainda consegue ir adiante: ele não é apenas um construtor de sentidos, ele também consegue posicionar-se criticamente diante do que lê, pois sua leitura é de análise do texto e das condições de produção (quem fala, para quem fala, em que contexto e momento histórico, em que meio ou suporte de divulgação, com qual intenção, etc.). Para entender este texto, é necessário fazer uma série de associações entre o conteúdo do texto, o aspecto simbólico das personagens, o gênero textual e suas intenções comunicativas.

SIGNIFICANTE

Para entender completamente um texto, o leitor/ouvinte precisa ativar uma série de conhecimentos que possui sobre práticas interacionais diversas, histórica e culturalmente constituídas.

EM HOMENAGEM

Baseando-se neste conhecimento o leitor: AO MELHOR

O texto é uma unidade linguística concreta, percebida pela audição (na fala) ou pela visão (na escrita), que tem unidade de sentido e intencionalidade comunicativa. Já o discurso é a atividade comunicativa geradora de sentido desenvolvida entre interlocutores.

CHAUI, Marilena, convite à Filosofia. São Paulo: Atica,1994.

Pode-se dizer que a linguagem é um sistema de signos capaz de representar, através de sons, letras, cores, imagens etc, significados resultantes de uma interpretação da realidade e da construção de categorias mentais representativas dessa interpretação.

“MOONWALK” QUE O MUNDO JÁ TEVE

Neste texto, o produtor sinaliza que a produção é uma homenagem ao cantor Michael Jackson, falecido em 2009.

● Compreende a escolha de uma dada variante linguística, bem como a seleção lexical feita pelo produtor.

Aplicações no Caderno de Exercícios O FALAR CARACTERÍSTICO DA REGIÃO NORTE

Arrumaram uma desculpa curiosa para piracema de violência que assola Belém. Agora, todas as mortes são por “acerto de contas”. Te mete !

Este texto constitui o falar característico da Região Norte para falar dos problemas desta região.

Um texto pode ser formado unicamente através do uso de imagens ou da associação de imagens e palavras.

Raymundo Mário Sobral - chacadeira@hotmail.com

Um órgão anárquico-construtivo

14 n LÍNGUA PORTUGUESA

● Compreende o objetivo ou propósito pretendido no quadro interacional desenhado.

DESCANSE EM PAZ MICHAEL JACKSON

“Dizer que somos seres falantes significa dizer que temos e somos linguagem, que ela é uma criação humana (uma instituição sociocultural), ao mesmo tempo que nos cria como humanos (seres sociais e culturais). A linguagem é nossa via de acesso ao mundo e ao pensamento [...].”

ÁRVORE

UM “MOONWALK

2. TEXTO e DISCURSO

SIGNIFICADO

3. LEITURA E TIPOS DE LEITOR

www.portalimpacto.com.br

www.portalimpacto.com.br

n

LÍNGUA PORTUGUESA

15


Fre n 02 te Fic h 02 a

LINGUAGEM VERBAL

e não verbal

3. A LINGUAGEM VERBAL Existem várias formas de comunicação. Quando o homem se utiliza da palavra, ou seja, da linguagem oral ou escrita,dizemos que ele está utilizando uma linguagem verbal, pois o código usado é a palavra. A linguagem verbal é a forma de comunicação mais presente em nosso cotidiano, mas não é a única.

1. CARTA ENIGMÁTICA

çã is

soura ísti

chorro rac -dio

e ien

frão d ai

bacaxi

rvore

lu mpa lvez dios lefone rra

Imagem 1

-dos

elho

irafa

cada son

TENTE DESVENDAR ESTE MISTÉRIO.

gre tu

vo cons

rda

Aa

capace ro

olão

rda-chuva

p

logio curso

Ia is

lijo

bacate

lhos garro oso miga nece

hu

Observe agora as imagens ao lado. Você notou que tanto na imagem 1 quanto na imagem 2 não há presença da palavra? O que está presente é outro tipo de código. Apesar de haver ausência da palavra, nós temos uma linguagem, pois podemos decifrar mensagens a partir das imagens. O tipo de linguagem, cujo código não é a palavra, denomina-se linguagem não-verbal, nela, usam-se outros códigos (o desenho, a dança, os sons, os gestos, a expressão fisionômica, as cores etc.) para expressar a mensagem desejada.

Ora, o que seria o pesadelo de qualquer dona-de-casa, torna-se fácil ao se utilizar o produto anunciado.O fato é que um leitor competente deve estar apto a decodificar a mensagem expressa através de uma imagem, lendo seus explícitos e seus implícitos.

caco nidade

UMA IMAGEM VALE MAIS DO QUE MIL PALAVRAS Você, certamente, já ouviu a expressão citada neste subtítulo e deve saber que ele se confirma quando se trata de interpretar textos como a publicidade ao lado. Observe que nela, a força da mensagem consiste em realçar a potência da máquina de lavar, através do exagero da imagem, em que a personagem está mergulhada em molho.

Imagem 2

4. QUANDO A IMAGEM É UM TEXTO Você já deve ter observado, durante a leitura de jornais e revistas, que há textos cujo sentido nasce da associação entre

a linguagem não verbal e os atos a que fazem referência. A este modelo textual chamamos de charges. Em outros, é a associação entre a linguagem não-verbal e a linguagem verbal que produz o sentido, este é o caso dos quadrinhos.

FERIADO: DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

A charge é um desenho humorístico, geralmente veiculado pela imprensa e tendo por tema algum acontecimento atual, que critica por meio da caricatura, uma ou mais personagens envolvidas. Nela, é imperativo a associação do contexto com o momento histórico vivido. VAMOS VER, MANOLITO, UMA PALAVRA QUE COMECE COM “P”

CHI, VAI VER QUE ELE VAI FALAR AQUELE

“POLÍTICA”

E FALOU MESMO !

PALAVRÃO.

2. LEITOR PREFERENCIAL - O QUE É ISTO? COMUNICACIÓN NO VERBAL ENTRE

CHICAS A foto abaixo mostra uma mímica, através da feição do protagonista tem um significado, uma mensagem. Aqui ocorre linguagem não-verbal.

COMPROBAR PELO AVALIAR PIEL

COMUNICACIÓN NO VERBAL ENTRE

TURAL? RNO NA

CHICAS

ES MODE

O

OI

A ND

AN

N

OS

FE

O

SE

RA

MI

PI

R

ER

PU

LS

S?

RA

RF AV O

LE

NA

S

FO

DE

NO

PI

EI

RA

DE

L

TO

LA

R!

O semáforo é um exemplo de linguagem não-verbal. Um objeto capaz de interferir na vida do ser humano de forma tão extraordinária, onde o sentido das cores comanda o trânsito.

DA

S

IL

LO

DE CI DE

16 n LÍNGUA PORTUGUESA

Nos quadrinhos, observe como é perfeita a integração entre a linguagem verbal e a não-verbal, além da presença de um fio narrativo que conduz a ideia central do texto, podendo ou não levar à reflexão acerca do assunto tratado.

PO

TE

SI

LO S

ZA

PA TO

S

SO

AN

EJ

CI

BO

EV

NU

UL

AD

O

O

SE

OP

NI TO

OS

S

GU

DE

?

M

S

No momento da produção de um texto, o autor cria um modelo mental do tipo de leitor que gostaria de atingir e, baseando-se neste modelo, faz todas as outras escolhas linguísticas, tais como o modelo textual a ser utilizado, o tipo de linguagem mais adequado à intenção comunicativa etc.

!

www.portalimpacto.com.br

www.portalimpacto.com.br

n

LÍNGUA PORTUGUESA

17


FUNÇÕES DE

Linguagem I

Fre n 02 te Fic h 03 a

3. A FUNÇÃO EMOTIVA ou EXPRESSIVA MUNDO MONSTRO - ADÃO ITURRUSGARAI O QUE VOCÊ ACHOU DO MEU NOVO NAMORADO?

EU ACHO ELE UM POUCO IMATURO !

THE HOMEM LEGENDA IS BACK RSRSRSRSRS

1. OS ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO A tirinha abaixo representa uma situação de comunicação, pois nela as personagens interagem pela linguagem, de modo que um modifica o comportamento do outro. Observe que a MENSAGEM (aquilo que se pretende comunicar) emitida pelo LOCUTOR (quem origina a comunicação) é plenamente compreendida pelo INTERLOCUTOR (a quem se destina a comunicação). Além disso, observe que ainda é possível perceber um CONTEXTO (o assunto a que se refere) e que esta comunicação somente existe visto que ambas personagens compartilham do mesmo CÓDIGO (a linguagem escolhido para produzir a mensagem) e que há um CONTATO, um canal físico e uma conexão psicológica entre eles. De acordo com a teoria da comunicação, toda mensagem tem uma finalidade predominante. Ao conjunto de finalidades comunicativas chamamos de funções de linguagem. Jakobson propõe o esquema didático ao lado para esclarecer a relação entre os elementos de comunicação e as funções da linguagem orientadas por eles. Perceba que nele se postula a existência de seis funções de linguagem: a função emotiva, a função referencial, a função conativa, a função poética, a função metalinguística e a função fática. Vejamos cada uma delas.

2. A FUNÇÃO REFERENCIAL ou DENOTATIVA UM MOMENTO

QUAL O SEGREDO DA LONGA VIDA?

A função referencial privilegia justamente o referente da mensagem, buscando transmitir informações objetivas sobre ele. Valoriza-se, assim, o objeto da situação de que trata a mensagem, sem que haja manifestações pessoais ou persuasivas.

MEU NOME ESTÁ ESCRITO ERRADO ! VOLTE ANO QUE VEM, BABACA!

www.g-sat.net/medico-1342/ acne-27785.html

VOCÊ É VELHA DEMAIS PRA ELE !

Por meio dessa função, o emissor manifesta no texto as marcas de sua atitude pessoal: emoções, opiniões, avaliações. Sente-se no texto a presença do emissor, a qual pode ser clara ou sutil. Aparece nas cartas pessoais, na resenhas críticas, na poesia confessional, nas canções sentimentais, etc.

A FUNÇÃO CONATIVA ou APELATIVA Essa função pro-

cura organizar o texto de forma que se imponha sobre o receptor da mensagem, persuadindo-o, seduzindo-o. Nas mensagens em que predomina essa função (as publicitárias, por exemplo) busca-se envolver o leitor com o conteúdo transmitido, levando-o a adotar um determinado comportamento. Esta indução pode ser construída de forma sutil, valendo-se de artifícios de linguagem que a mascaram.

A FUNÇÃO FÁTICA OU DE CONTATO

Essa função ocorre quando a mensagem se orienta sobre o canal de comunicação ou contato, buscando verificar e fortalecer sua eficiência. São exemplos típicos dessa função as formas de aberturas de diálogos que constituem frases feitas.

É a função que predomina nos textos de caráter científico. É também a função que muitos textos jornalísticos buscam privilegiar.

O QUE VOCÊ PERGUNTOU MESMO? NADA

18 n LÍNGUA PORTUGUESA

O objetivo do infográfico acima é informar o leitor acerca das transformações no corpo dos adolescentes ao longo da puberdade.

www.portalimpacto.com.br

A FUNÇÃO METALINGUÍSTICA

www.portalimpacto.com.br

Quando a linguagem se volta sobre si mesma, transformando-se em seu próprio referente, ocorre a função metalinguística. Dessa forma, nessa função, a mensagem se orienta para elementos do código, explicando-os, definindo-os ou analisando-os. É o que ocorre nos dicionários, nos textos que estudam e interpretam outros textos, nos poemas que falam da própria poesia, etc

A FUNÇÃO POÉTICA A linguagem exerce função poética quando valoriza o

texto na sua elaboração, ou seja, quando o autor faz uso de combinação de palavras, figuras de linguagem (metáfora, antítese, hipérbole, aliteração, etc.), exploração dos sentidos e sentimentos, expressão do chamado eulírico, dentre outros. Assim, é mais comum em textos literários, especialmente nos poemas que enfatizam com mais frequência a subjetividade. No entanto, podemos encontrar este tipo de função nos anúncios publicitários e na prosa, bem como aliada aos demais tipos de função, como da emotiva. É muito comum a utilização de palavras no seu sentido conotativo ao invés do denotativo.

n

LÍNGUA PORTUGUESA

19


FUNÇÕES

De Linguagem II

R

econhecer as funções da linguagem presentes nos textos

é identificar o objetivo primordial da comunicação e ter uma boa ideia dos recursos envolvidos na produção textual. Observe os textos abaixo.

1.FUNÇÃO CONATIVA Características: • verbos no imperativo; • verbos e pronomes na segunda ou terceira pessoas; • tentativa de convencer o receptor a ter um determinado comportamento; • presença predominante em textos de publicidade e propaganda;

Fre n 02 te Fic h 04 a

5. FUNÇÃO REFERENCIAL • Objetividade- linguagem direta, precisa, denotativa; • Clareza nas ideias; • Finalidade é traduzir a realidade, tal como ela é; • Presença predominante em textos informativos, jornalísticos, textos didáticos, científicos; mapas, gráficos, legendas, recursos representativos.

2. FUNÇÃO EMOTIVA

6. FUNÇÃO POÉTICA

• verbos e pronomes em pri- TEXTO 2 meira pessoa;

• presença comum de ponto de exclamação e interjeições; • expressão de estados de alma do emissor (subjetividade e pessoalidade);

“Posso te falar dos sonhos, das flores, de como a cidade mudou... Posso te falar do medo, do meu desejo, do meu amor... Posso falar da tarde que cai E aos poucos deixa ver no céu a lua Que um dia eu te dei”.

• Centralizada na mensagem, revelando recursos imaginativos criados pelo emissor. Afetiva, sugestiva, conotativa, ela é metafórica. Valorizam-se as palavras, suas combinações;

(A lua que eu te dei/Ivete Sangalo)

“Até onde existe amor De quem assume esta sina Viver é um voo para a felicidade e a voz da verdade”

• presença predominante em textos líricos, autobiografias, depoimentos, memórias .

TEXTO 1 “Preste muita atenção orque,na maior parte do tempo, a coisa mais importante é a que você não sabe.

(Daqui por diante/ Barão)

Aplicações no Caderno de Exercícios

4. FUNÇÃO METALINGUÍSTICA

3. FUNÇÃO FÁTICA

CRIEI, NÃO ... RESGATEI OS DOIS DA OBSCURIDADE PRA TRABALHAREM PRÁ MIM.

ORA...

QUER ME DIZER QUE VOCÊ ESTÁ POR TRAS DE TUDO? EU NÃO CRIEI VOCÊ TAMBÉM. OUTRA PESSOA FEZ ISSO.

VOCÊ CRIOU OS ALIENÍGENAS AMARELOS?

FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Para melhor compreensão das funções de linguagem, torna-se necessário o estudo dos elementos da comunicação.

OLHE SÓ. É TUDO FEITO AQUI.

Close n o dedo de Morrison apontando para a bola ... MAS AÍ EU APRARECI E BAGUNCEI TUDO!

EU POSSO OBRIGAR VOCÊ A FAZER E A FALAR QUALQUER COISA

MEIO SATÂNICO, NÃO?

ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO • • • • •

“ - Alô , alô, marciano. Aqui quem fala é da Terra. Pra variar estamos em guerra”. (Elis Regina)

20 n LÍNGUA PORTUGUESA

Close maior ainda no Homem-Animal, concentrando-se num olho. O olho se estreita. Está tudo aqui ! Onde eu escrevo os erros do mundo.

VOCÊ NÃO ME CONTROLA!

NÃO!

emissor - emite, codifica a mensagem receptor - recebe, decodifica a mensagem mensagem - conteúdo transmitido pelo emissor código - conjunto de signos usado na transmissão e recepção da mensagem referente - contexto relacionado a emissor e receptor canal - meio pelo qual circula a mensagem

Obs.: as atitudes e reações dos comunicantes são também referentes e exercem influência sobre a comunicação

NÃO!

www.portalimpacto.com.br

www.portalimpacto.com.br

n

LÍNGUA PORTUGUESA

21


RELAÇÕES

INTERTEXTUAIS

Fre n 02 te Fic h 05 a

4. PARÓDIA

A paródia já significa o extremo oposto da paráfrase. É quando citamos um trecho no intuito de negar seu significado, polemizar com ele, criticá-lo, e, geralmente, ridicularizá-lo. (O Casseta e Planeta faz isso direto...).

1. A PARÁFRASE E A PARÓDIA

5. EPÍGRAFE

É um fragmento de texto que serve de lema ou divisa de uma obra, capítulo, ou poema. Costuma existir um vínculo entre a epígrafe e o texto que vem abaixo dela; nesses casos, a epígrafe dá apoio temático ao texto - ou resume o sentido, a motivação dele. Massaud Moisés observa que o exame atento das epígrafes pode “nos fornecer uma ideia da doutrina básica de um poeta ou romancista, o seu nível intelectual etc.”.

Ex. DE EPÍGRAFE Canção do Exílio

Mona Lisa, Leonardo da Vinci. Óleo sobre tela, 1503., 1503.

Mona Lisa, Fernando Botero, 1978.

Mona Lisa, de Marcel Duchamp, 1919.

Mona Lisa, propaganda publicitária.

2. O QUE É INTERTEXTUALIDADE?

P

latão e Fiorin, nos dizem que:

“Com muita frequência um texto retoma passagens de outro. Quando um texto de caráter científico cita outros textos, isto é feito de maneira explícita. O texto citado vem entre aspas e em nota indica-se o autor e o livro donde se extraiu a citação. Num texto literário, a citação de outros textos é implícita, ou seja, um poeta ou romancista não indica o autor e a obra donde retira as passagens citadas, pois pressupõe que o leitor compartilhe com ele um mesmo conjunto de informações a respeito de obras que compõem um determinado universo cultural. Os dados a respeito dos textos literários, mitológicos, históricos são necessários, muitas vezes, para compreensão global de um texto.” Já Jéssica Calou, em seu artigo no Recanto das Letras complementa, afirmando:

Assim como as palavras de um texto não se juntam de forma isolada, os livros não são escritos ao acaso. Toda obra é fruto de influências contidas nas leituras anteriores de quem escreveu. O resultado é que as mesmas ideias, ou os mesmos temas circulam por aí na literatura do mundo, revestidos de roupagens diferentes segundo especifidades de época, autor, lugar... O fato é que existe um conjunto universo cultural, que engloba todos os textos: a literatura. E, por vezes, muitas vezes, um elemento desse conjunto estabelece relação de sentido com o outro. Temos aí uma intertextualidade. Basicamente, sempre que um texto faz alusão, cita ou dialoga com outro, temos uma relação intertextual. A cantora Pitty lançou um álbum intitulado “Admirável chip novo”, em clara referência a uma célebre música da MPB brasileira. A intertextualidade pode ocorrer basicamente sob duas formas: paráfrase e paródia. É simples.

Minha terra tem palmeiras Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossas vidas mais amores. Em cismar, sozinho à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores,

Que tais não encontro eu cá; Em cismar - sozinho, à noite Mais prazer encontro eu lá; Minha tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu¹inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá. * TRADUÇÃO: “Conheces o país onde florescem as laranjeiras? Ardem na escura fronde os frutos de ouro... Conhecê-lo? Para lá , para lá quisera eu ir!

”Kennst du das Land, wo die Citronen blühn, Im dunkeln Laub die Gold-Orangen glühn,Kennst du es woh? ¬ Dahin, dahin! Möcht’ich... Ziehn.” GOETHE

Aplicações no Caderno de Exercícios

PARA SE DIVERTIR E PENSAR GONÇALVES DIAS, “NOSSO CÉU TEM MAIS ESTRELAS...”.

NOSSAS VÁRZEAS TEM MAIS FLORES...

3. PARÁFRASE

...NOSSA VIDA MAIS AMORES.

PALMEIRAS ONDE

A paráfrase tem um sentido positivo.

CANTA O SABIÁ.

Ocorre quando um texto cita outro na intenção de reafirmar, reforçar, exaltar, concordar ou apropriar-se de seu significado para a construção de uma nova ideia.

22 n LÍNGUA PORTUGUESA

MINHA TERRA TEM

www.portalimpacto.com.br

PARA SABER MAIS: O SABIÁ SOU EU

www.portalimpacto.com.br

ESSA ERA A PALMEIRA.

• Para entender o texto – Platão & Fiorin, Ática • Literatura Brasileira- Milliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães • Língua, literatura e produção de textos – José de Nicola

n

LÍNGUA PORTUGUESA

23


Fre n 03 te Fic h 01 a

VARIAÇÃO

Linguística I

Agora compare o texto com a carta transcrita a seguir: Faculdades Unidas de guamaópolis Departamento de ciências exatas Coordenadoria de pós-graduação São Paulo, 5 de setembro de 2008.

Querida Mônica, Tô morrendo de saudade, mas ainda não será desta vez que vou conhecer seu novo refúgio. Não pude deixar o trabalho, pois meu chefe saiu de férias, e sobrou para mim. Aliás, como sempre, né? Para não lhe dar o cano por completo, estou mandando no meu lugar minha grande amiga Marli, que você não conhece, mas que vai adorar, com certeza. Ela é muito legal: bom papo, bem humorada, educada e culta. Excelente companhia. Tenho certeza de que vocês vão curtir muito esses férias juntas. O único risco é você daqui pra frente convidar só a Marli e não me convidar mais.

Um beijão,

Patrícia

F

atores culturais - o grau de escolarização e a formação cultural do indivíduo são também fatores que determinam usos diferentes da língua. Uma pessoa escolarizada utiliza a língua de maneira diversa da pessoa que não teve acesso à escolarização formal.

São Paulo, 5 de setembro de 2008

Prezada coordenadora, apresento-lhe Marli de Azevedo, que desenvolveu sua pesquisa de Mestrado sob minha orientação. Motivos de ordem pessoal a conduziram a optar por residir no interior do estado, razão pela qual, decidiu realizar se doutoramento também no interior. Trata-se de pesquisadora muito competente, responsável e séria, o que me deixa tranqüilo para indica-la à vaga de orientanda para doutoramento que a senhora oferece. Seu currículo lhe permitirá avaliar a magnitude de sua capacidade. Se julgar necessário, colo-me à disposição para quaisquer esclarecimentos. Atenciosamente, ___________________________ Prof. Dr Ricardo Albuquerque.

Coordenador de pós-graduação Universidade Estadual da capital

Fatores regionais - você já deve ter percebido que o português falado no Sul do país se difere do português falado no Norte. Mesmo dentro de uma mesma região, encontram-se variações no uso da língua.

F

atores contextuais - um mesmo falante altera o registro de sua fala de acordo com a situação em que se encontra. Numa roda de amigos em que discute futebol, o falante utiliza a língua de maneira diversa daquela que utilizaria ao solicitar emprego numa empresa.

Aplicações no Caderno de Exercícios

REGISTRO INFORMAL Cada situação comunicativa pede um grau de formalidade muito específica e o nível de linguagem deve estar adequado a esta formalidade. Quanto mais formal for a situação comunicativa, mais formal será a linguagem. Não há dúvidas de que possuímos um conhecimento intuitivo a esse respeito, mas, muitas vezes, nos esquecemos dele e acabamos por produzir textos recheados de marcas de oralidade, o que pode prejudicar a avaliação de nossos trabalhos. Além da situação comunicativa, vários outros fatores podem interferir na língua provocando variações. Estes fatores podem ser:

• • • • • • •

Poder igual; contato frequente; Envolvimento afetivo; Léxico coloquial; Emprego de apelidos e diminutivos; Expressão de afeto e despreocupação com a polidez; Uso de expressões que sugerem opinião.

REGISTRO INFORMAL • • • • • •

24 n LÍNGUA PORTUGUESA

Hierarquia de poder; Contato não frequente; Pouco envolvimento afetivo; Léxico formal; Emprego de títulos; preocupação com a polidez; Uso de expressões que indicam sugestão.

www.portalimpacto.com.br

A QUE REGISTRO VOCÊ ENCAIXARIA A TIRINHA, DE FERNANDO GONSALES? Fernando Gonsales é um cartunista brasileiro, cujo principal personagem é o rato Níquel Náusea – nome que também intitulada a tira de jornal em que aparece. Nascido em 3 de fevereiro de 1961, na cidade de São Paulo, formou-se em Veterinária, na turma de 1983 da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP e em Biologia, na turma de 1998/1999 do Instituto de Biociências da mesma universidade.

ESTOU CANSADO DA VIDA DE MOSCA !

MAIOR DEPRê!!

www.portalimpacto.com.br

Tô pensando em suicidio !

GARÇOM ! Falô !

n

LÍNGUA PORTUGUESA

25


VARIAÇÃO

Linguística II

Fre n 03 te Fic h 02 a

GÍRIA

A gíria é uma linguagem peculiar oriunda de um determinado grupo (social ou profissional) que, por ser expressiva, normalmente passa a ser utilizada pela comunidade em geral. Há dois tipos de gíria: o de domínio técnico (jargão profissional) e o de domínio popular (social). O jargão é uma linguagem praticada por pessoas que exercem a mesma atividade, por exemplo, atores, jornalistas, bandidos, prostitutas, enquanto a gíria de domínio popular é praticada por um certo grupo social. A gíria nasce pela mudança de significado de palavras já existentes na língua (fumo, legal, perua), pela criação de palavras novas (brega, fofoca, ralé) e, até mesmo, por empréstimos de palavras estrangeiras (boy, cafona, suíngue).

1. GRAUS DE FORMALIDADE E SELEÇÃO LEXICAL

3. LINGUAGEM LITERÁRIA

A fim de enten- Turma do Xaxado MAS EU NÃO ABRI AS FOI, PATRÃO, MAS OS PATRÃOZIM, A EQUIPE dermos os diferentes níveis PORTAS DA MINHA CASA CABRA TAVA COM UMA DE NATAÇÃO DA CIDADE de linguagem e suas muPARA ELES TREINAREM SEDE... NUM VAI PRA FRENTE danças, temos de recorrer à NA MINHA PISCINA? NÃO! sociolinguística, ramo da linOXI! guística que tem como foco de estudos a relação direta entre língua e sociedade. O objetivo principal do estudo dos níveis de fala é encaminhar o estudante a reconhecer as diferenças entre a linguagem padrão e a linguaLINGUAGEM COLOQUIAL gem coloquial, para que possa selecionar o registro adequado nas mais diferentes situações de comunicação. A linguagem coloquial, utilizada na comunicação do dia-a-dia, caracteriza-se por uma certa flexibilidade gramatical e evidencia um LINGUAGEM PADRÃO aspecto mais simples da língua. A linguagem coloquial pode se dividida A linguagem padrão (ou culta), utilizada na comunicação forem dois tipos: informal e popular. O primeiro, regido pelas normas linmal, é controlada por um conjunto de hábitos linguísticos praticado por guísticas, revela a linguagem das classes privilegiadas com um índice uma comunidade sociocultural privilegiada, com bom índice de escolamaior de educação formal, enquanto o segundo, mais espontâneo, sem rização e acesso aos bens culturais das elites. Trata-se de um registro a preocupação de seguir uma gramática disciplinada, é praticado pelas marcado pela obediência às normas gramaticais rígidas, que evidenciam classes populares da sociedade, com acesso restrito à escolarização e aspectos elaborados da língua. É a linguagem que tem prestígio junto ao aos bens culturais da classe dominante. grupo social, servindo de modelo linguístico para a comunidade em geral.

2. DIALETO (REGISTRO VARIANTE) O dialeto é uma variação regional ou social de uma língua. É uma forma própria de uma língua, praticada por falantes de uma certa região ou de uma classe social específica, com diferenças linguísticas na pronúncia, na construção gramatical e na sintaxe, em como no uso do vocabulário. Normalmente, o falante de um dialeto entende um outro dialeto de sua língua. Há, no entanto, casos em que um dialeto se distancia tanto da linguagem padrão, que se torna difícil para o falante de outro dialeto entendê-lo, dificultando, assim, a comunicação entre falantes das duas variedades linguísticas em questão. BAIXO-ASTRAL

Para os salafrários e espertalhões que se aproveitam da ingenuidade e boa fé de nossos irmãozinhos do interior do Estado para ludibriá-los, aplicando-lhes todo tipo de golpes e armações. UMA COISA QUE NINGUÉM OUSA DISCUTIR: O PATO DO VIZINHO É SEMPRE MAIS GORDO DO QUE O MEU.

♦ VOLTA

Vou logo avisando: em Manga City pobre só consegue dar a volta por cima quando dá uma ‘ruladazinha’ na roda-gigante.

26 n LÍNGUA PORTUGUESA

A linguagem literária está para o escritor assim como as tintas e os pincéis estão para o pintor. É, pois, a linguagem do artista, variedade linguística que apresenta, normalmente, bastante rigor em relação às normas prescritas pela gramática. Em geral, a linguagem literária revela-se apurada e elegante com características diversas: ordenação especial do pensamento, clareza de ideias, vocabulário rico, precisamente selecionado, e estilo requintado. Trata-se de uma linguagem elaborada em função de uma gama bastante diversificada da experiência humana.

Ô ZECÃO! DEIXA DE CRIANCICE! NÓS VIEMOS AQUI POR UM MOTIVO MUITO SÉRIO! OPS! FOI MAL! DESCULPEM!

TODOS OS NOSSOS BONEQUINHOS DE HERÓIS !

WALT WHITMAN

ATENÇÃO! ESVAZIAR AS MOCHILAS!

UAU! VOCÊ AINDA TEM O BONECO DO HE-MENOS?

OLHA! EU NÃO CONHECIA ESSE SEU CAPITÃO PITOCO !

“Esta manhã, antes do alvorecer, subi numa colina para admirar o céu povoado, e disse à minha alma: Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos? E minha alma disse: Não, uma vez alcançados esses mundos prosseguiremos no caminho.

Aplicações no Caderno de Exercícios

♦ PEITO Na atual desconjuntura, pato e sutiã, para poder comprar,

antes de mais nada precisa ter muito peito.

DA STREETZ! Precisando melhorar seu vocabulário de gírias? Então, anote essas dicas . O Urban Dictionary (urbandictionary.com) é um glossário de gírias em inglês, alimentado pelos usuários. Você pode se cadastrar e receber no e-mail uma gíria fresquinha, todos os dias. Mas, se quiser ficar por dentro do vocabulário dos manos do Brasil, o lugar para buscar informação é a seção Dialeto do site capão.com.br. DO CAPÃO. COM.BR: Atolar o boné - encher minha cabeça de abrobrinhas, ideias erradas etc. Sem massage- não aliviar determinada situação. Talarico - aquele que cobiça a mulher do próximo. Bigode - ficar à toa: “Tá de bigode?” Coalhou - semelhante a “bombou”: “O busão coalhou!” Corda - colar de prata. DO URBAN DICTIONARY: Leave Britney alone! - é o mesmo que “Me esquece!” Sponge Bob - insinuar que alguém é homossexual. Jackass of all trades – alguém que é excepcionalmente ruim em tudo o que faz. Trendicutuous - alguém que se preocupa tanto com tendências que se torna ridículo.

www.portalimpacto.com.br

VARIAÇÃO

A

variação de uma língua é o modo pelo qual ela se diferencia, sistemática e coerentemente, de acordo com o contexto histórico, geográfico e sócio-cultural no qual os falantes dessa língua se manifestam verbalmente.

Variedade é um conceito maior do que estilo de prosa ou estilo de linguagem. Alguns escritores de sociolinguística usam o termo leto, aparentemente um processo de criação de palavras para termos específicos

www.portalimpacto.com.br

n

LÍNGUA PORTUGUESA

27


VARIAÇÃO Linguística III

Fre n 03 te Fic h 03 a

O MÉDICO Aquele lago me deixou um diagnóstico. Sua beleza era selvagem como uma crise aguda e suas águas viviam permanentemente és estado comatoso. O vento, como um bisturi, cortava a superfície das águas escarlatinadas pelo mercúrio que cobria todo o céu ao pôr-do-sol.

1. VARIAÇÃO LINGUISTICA E A INTENCIONALIDADE DIRCURSIVA VÍCIO NA FALA Para dizerem milho dizem mio Para melhor dizem mió Para pior pió Para telha dizem teia Para telhado dizem teiado E vão fazendo telhados

O que determina os níveis de fala? Os dois grandes níveis de fala, o

coloquial e o culto, são determinados pela cultura e formação escolar dos falantes, pelo grupo social a que eles pertencem e pela situação concreta em que a língua é utilizada. Um falante adota modos diferentes de falar dependendo das circunstâncias em que se encontra.

Identifique a região em que cada um dos assaltos teria ocorrido: Ei, bichim . Isso é um assalto . Arriba os braços e num se bula ....e num faça munganga. Arrebola o dinheiro no mato e não faça pantim se não enfio a peixeira no teu bucho e boto teu fato pra fora: Perdão meu Padim Ciço, mas é que eu tô com uma fome da moléstia. Ô sô, prestenção: isso é um assarto, uai: Levanta os braço e fica quetin quesse trem na minha mão ta cheio de bala . Mió passá logo os trocados que eu num tô bão hoje. Vai andando, uai! Ta esperando o que , uai! O gurí, ficas atento:. Báh, isso é um assalto: Levantas os braços e te aquieta, tchê ! Não tentes nada e cuidado que esse

facão corta uma barbaridade, tchê. Passa as pilas prá cá ! E te manda a la cria, senão o quarenta e quatro fala. Seguiiiinnte, bicho: Tu te. Isso é um assalto...Passa a grana e levanta os braços rapá:. Não fica de bobeira que eu atiro bem .... Vai andando e se olhar pra traz vira presunto. Ô meu rei . (longa pausa) Isso é um assalto.(longa pausa)Levanta os braços,mas não se avexe não .(longa pausa). Se num quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado:. Vai passando a grana, bem devagarinho (longa pausa) Num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado: Não esquenta, meu irmãozinho ( longa pausa ) Vou deixar teus documentos na encruzilhada. Ôrra, meu:. Isso é um assalto, meu . Alevanta os braços, meu:. Passa a grana logo, meu! Mais rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pa comprar o ingresso do jogo do Curintia, meu: Pô, se manda, meu:.

Língua Falada ● Palavra sonora. ● Recursos: signos acústicos e extralingüísticos, gestos, entorno físico e psíquico. ● Requer a presença dos interlocutores. Ganha em vivacidade. ● É espontânea e imediata. Uso de palavras-curinga, de frases feitas. ● A expressividade permite prescindir de certas regras. ● É repetitiva e redundante ● A informação é permeada de subjetividade

e influenciada pela presença do interlocutor ● O contexto extralingüístico é importante

Língua Escrita

● Palavra gráfica ● Pobreza de recursos não-lingüísticos; uso de letras, sinais de pontuação ● Comunicação unilateral. Ganha em permanência ● É mais precisa e elaborada. Ausência de cacoetes lingüísticos e vulgarismos ● Mais correção na elaboração das frases. Evita a improvisação ● É mais sintética. A redundância é um recurso estilístico ● É mais objetiva. É possível esquecer o interlocutor ● O contexto extralingüístico tem menos influência OBS: O estilo de cada um O nível coloquial ou popular é utilizado na conversação diária, em situações informais, descontraídas. É o nível acessível a qualquer falante e se caracteriza por: ● Expressividade afetiva, conseguida pelo emprego de diminutivos, au-

mentativos, interjeições e expressões populares. ● Tendência a transgredir a norma culta. ● Repetição de palavras e uso de expressões de apoio. - Que flor bonita. Me dá ela? - Se me disseres dá-ma, eu dou-ta! - Não poderei satisfazê-la. - Sentir-me-ia uma horrenda douta.

2. NÍVEL CULTO O nível culto é utilizado em ocasiões formais. É uma linguagem mais obediente às regras gramaticais da norma culta. O nível culto segue a língua padrão, também chamada norma culta ou norma padrão. Diz a lenda que Rui Barbosa ao chegar em casa, ouviu um barulho vindo do quintal. Lá, encontrou um homem tentando levar seus patos de criação. Aproximou-se e lhe disse: “Oh, bucéfalo anácrono! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação para levar meus ovípa-

28 n LÍNGUA PORTUGUESA

Erro de português não existe A Gramática Tradicional abarca um conjunto de noções acerca da língua e da linguagem que representou o início dos estudos lingüísticos no Ocidente.

Ela é dotada de regras e normas que se sustentam até hoje em nomenclatura e definições estruturalistas da língua. Historicamente se constituiu com base em preconceitos sociais que revelam o tipo produto intelectual de uma sociedade aristocrática, escravagista, oligárquica, fortemente hierarquizada quando adotou como modelo

de língua “exemplar” o uso característico de um grupo restrito de falantes: do sexo masculino; livres (não escravos); membros da elite cultural (letrados); cidadãos (eleitores e elegíveis); membros da aristocracia política; detentores da riqueza econômica. Com isso, passa a ser visto como erro todo e qualquer uso que escape desse modelo idealizado, toda e qualquer opção que esteja distante da linguagem literária consagrada; toda pronúncia, todo vocabulário e toda sintaxe que revelem a origem social desprestigiada do falante; tudo o que não conste dos usos das classes sociais letradas urbanas com acesso à escolarização formal e à cultura legitimada. Assim, fica excluída do “bem falar” a imensa maioria das pessoas - um tipo de exclusão que se perpetua em boa medida até a atualidade. O processo de normatização, ou padronização, retira a língua de sua realidade social, complexa e dinâmica, para transformá-la num objeto externo aos falantes, numa entidade com “vida própria”, (supostamente) independente dos seres humanos que a falam, escrevem, lêem e interagem por meio dela. Isso torna possível falar de “atentado contra o idioma”, de “pecado contra a língua”, de “atropelar a gramática” ou“tropeçar” no uso do vernáculo.

Em contraposição à noção de “erro”, e à “tradição da queixa” derivada dela, a ciência lingüística oferece os conceitos de variação e mudança. Enquanto a Gramática Tradicional tenta definir a “língua” como uma entidade abstrata e homogênea, a Lingüística concebe a língua como uma realidade intrinsecamente heterogênea, variável, mutante, em estreito vínculo com a realidade social e com os usos que dela fazem os seus falantes. Uma sociedade extremamente dinâmica e multifacetada só pode apresentar uma língua igualmente dinâmica e multifacetada. Ao contrário da Gramática Tradicional, que afirma que existe apenas uma forma certa de dizer as coisas, a Lingüística demonstra que todas as formas de expressão verbal têm organização gramatical, seguem regras e têm uma lógica lingüística perfeitamente demonstrável. Ou seja: nada na língua é por acaso.

(Marcos Bagno - Revista EDUCAÇÃO, n. 26 - julho de 1999)

Aplicações no Caderno de Exercícios

AS PRIMEIRAS OBRAS GRAMATICAIS

Assim, os elaboradores das primeiras obras gramaticais do mundo ocidental definiram os rumos dos estudos lingüísticos que iam perdurar por mais de 2 mil anos:

ros à sorrelfa e à socapa. Se isso fazes por necessidade, transijo; mas, se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica bem no alto da sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à enésima potência do que o vulgo denomina nada”.

1. Desprezo pela língua falada e supervalorização da língua escrita literária;

E o ladrão, perplexo: “Tá bom, dotô, mas então me exprica: eu levo os pato ou deixo os pato?”. Temos em qualquer língua as chamadas variantes padrão e variantes não-padrão. Assim, temos variantes de prestígio e variantes estigmatizadas.

3. Criação de um modelo idealizado de língua, distante da fala real contemporânea, baseado em opções já obsoletas (extraídas da literatura do passado) e transmitido apenas a um grupo restrito de falantes, os que tinham acesso à escolarização formal.

www.portalimpacto.com.br

Todo esse discurso dá a entender (enganosamente) que a língua está fora de nós, é um objeto externo, alguma coisa que não nos pertence e que, para piorar, é de difícil acesso.

2. Estigmatização das variedades não-urbanas, não letradas, usadas por falantes excluídos das camadas sociais de prestígio (exclusão que atingia todas as mulheres);

www.portalimpacto.com.br

n

LÍNGUA PORTUGUESA

29


NIVEIS DE

LINGUAGEM

Fre n 03 te Fic h 04 a

3. ANOTAÇÃO GRAMATICAL

Na frase, temos o emprego de duas casses gramaticais (substantivo e preposição) e outras subentendidas (verbo).

Classes gramaticais • Substantivo: são palavras que designam tanto seres visíveis ou não, animados ou não (quanto as ações, estados, desejos, sentimentos e ideias);

1.CONSIDERAÇÕES GERAIS - SINTAXE DE CONCORD. VERBAL I

• Adjetivo: é a palavra que caracteriza os seres. Refere-se sempre a um substantivo explícito ou subentendido na frase, com o qual concorda em gênero e número;

A ilustração mostra de forma simples a confusão que fazemos quando pretendemos flexionar um palavra e exemplifica a maneira como a língua portuguesa faz uso de um mecanismo de concordância para marcar formalmente as relações de determinação ou dependência morfossintática existentes entre os constituintes dos sintagmas nominais e verbais.

• Numeral: é a palavra que expressa quantidade exata de pessoas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa determinada sequência; • Artigo: é a palavra que precede o substantivo, indicando- lhe o gênero e o número, ao mesmo tempo, determina ou generaliza o substantivo;

2. ANOTAÇÃO GRAMATICAL ● A presença da partícula apassivadora “SE” faz a frase ser passiva, ou seja, o sujeito é quem sofre a ação do verbo (= carro), e não quem pratica a ação de vender. É o mesmo que dizer “carros são vendidos”. ● Em “VENDE-SE carro usado”, o verbo fica no singular porque o sujeito (=o carro usado) está no singular; em “VENDEM-SE carros usados”, o verbo vai para o plural porque o sujeito (=carros usados) está no plural. Correspondem a: “Este carro é vendido” e “Carros usados são vendidos”.

Essa relação de ajustamento entre os termos da frase ou oração acontece sempre. A cada vez em que escrevemos um texto, quando não usamos esse mecanismo de forma intuitiva, nos esforçamos em efetuar sua revisão gramatical. Para tanto, faz-se necessária uma maior compreensão sobre a sintaxe da língua. Em outras palavras, carecemos de um melhor entendimento sobre a organização do português e as relações fundamentais decorrentes dessa organização, tais como regência e concordância. O enunciado que dá origem aos períodos de um texto não são decorrentes de um conjunto desorganizado de palavras. A cada vez que queremos formular uma sentença, fazemos uso de um mecanismo que regula a disposição espacial das palavras na frase. Uma frase está em ordem direta quando as palavras se dispõem na progressão do antecedente para o consequente, isto é: Na frase “O menino perguntou, durante a aula, a matéria ao professor”, identificamos a estrutura sintática pela qual as orações são compostas.

Observando o verbo, podemos inferir a estrutura projetada por ele. Por exemplo, o verbo “perguntar” permite pressupor que ‘alguém’ pergunta ‘algo’ ‘a alguém’, ou seja, é um verbo de 3 argumentos: admite sujeito e pede dois complementos. Assim, temos o primeiro contato com a noção de “padrões oracionais” que prevê determinados moldes sintáticos a partir dos quais toda e qualquer frase efetiva da língua é construída. Determinando a estrutura argumental do verbo, identificamos os elementos que compõem a informação básica. No exemplo, seriam eles: o sujeito ‘o menino’, o verbo ‘perguntou’, o objeto direto ‘a matéria’ e objeto indireto ‘ao professor’. Assim: O elemento que determina a concordância verbal é o sujeito. Logo, a melhor definição de sujeito seria “o elemento com o qual o verbo concorda”. Já o predicado seria “tudo o que se diz do sujeito”.

Regras, imposições e normas são formatadas para sinalizar o comportamento linguístico estabelecido pela gramática. Se repensarmos o texto, ele, na verdade, é o resultado final de um processo que começou com o vocábulo, que somado a outros formou orações, que somadas a outras, formou períodos e parágrafos sucessivamente.

30 n LÍNGUA PORTUGUESA

• Advérbio: é a palavra que basicamente modifica o verbo, acrescentando a ela uma circunstância;

• Pronome: é a palavra que substitui ou acompanha o substantivo, indicando a sua posição em relação as pessoas do discursou mesmo situando-o no espaço e no tempo;

É muito provável, no entanto, que você já tenha ouvido enunciados como “Os navio chegou agorinha mesmo no porto”, ou “Elas vende verdura nas feira da cidade”, ou “Eu não sei fazer as lição difícil”. Enunciados como esses são típicos de variedades da língua sem prestígio social, as chamadas variedades socialmente estigmatizadas. A primeira reação que temos, ao ouvir tais enunciados, é a de rotulá-los como formas erradas da língua. Se os vemos sob forma escrita, nossa reação é ainda mais negativa. A conclusão que você deve tirar dessas considerações sobre os mecanismos de marcação da concordância nominal ou verbal em diferentes variedades do Português é que, do ponto de vista estritamente linguístico, não há variedades “melhores” ou “piores”. Marcar redundantemente o plural, como na variedade padrão, ou marcá-lo de maneira formalmente mais econômica, como em variedades socialmente estigmatizadas, produz o mesmo resultado semântico, ou seja, a interpretação, em ambos os casos, será sempre a desejada pelos falantes. Mas onde reside, então, o problema? Por que se repete tanto, na escola, que a regra de concordância que prevê a marcação de plural em todos os elementos do sintagma—justamente a marcação mais redundante! — é a que deve ser seguida?

• Preposição: é a palavra invariável que une termos de uma oração, estabelecendo entre elas variadas relações; • Conjunção: é a palavra invariável usada para ligar orações ou termos semelhantes de uma oração; • Interjeição: é a palavra invariável usada para exprimir emoções e sentimentos; • Verbo: é a palavra que se flexiona em número, pessoa, tempo e voz. Em termos significativos, o verbo costuma indicar uma ação, um estado ou fenômeno da natureza. Depois da escolha morfológica partimos para organizar a nossa estrutura sintática. E é aí que entra a concordância, a regência e a colocação pronominal – bem como a crase, o processo de subordinação e coordenação. Vejamos um exemplo: Dormiu e sonhou. Um pé-de-vento de poeira a folhagem das imburanas, sinhá Vitória catava piolhos no filho mais velho, Baleia descansava a cabeça na pedra de amolar.

PALAVRAS→SINTAGMAS→ORAÇÃO→PERÍODO→TEXTO

ENCAIXE – SUBORDINAÇÃO: palavras que resumem o processo de concordância verbal e nominal.

• A concordância é decorrente das relações de dependência estabelecida entre os componentes da oração, - seja ela de número, gênero ou pessoa, numa oração.

O fragmento é composto de três períodos. O primeiro período, “Dormiu e sonhou”, é composto por coordenação. Há adição de informações e ideias, marcada pelo emprego de conjunção coordenada aditiva E. O segundo período do fragmento acima é composto

www.portalimpacto.com.br

por coordenação, mas, ao contrário do anterior, a combinação entre as orações se dá sem a interferência de nexos conjuncionais. Nesse caso, a coordenação é assindética. Esse processo de estruturação interna da oração se difere da subordinação, pelo fato de as orações serem independentes sintaticamente, o que não ocorre na subordinação, em que a oração subordinada exerce função sintática na oração principal, numa relação de encaixe, dependência. “Mina, teus cabelo é da hora”, a oração é de uma música muito conhecida do grupo Mamonas Assassinas. E então? Como lhe parece o trecho? Absurdo, não? Na verdade, embora ele não chegue a perder completamente o sentido, apresenta um problema formal grave, porque o substantivo está flexionado para o número de maneira caótica. Bem como o verbo de ligação não corresponde às necessidades de flexão. Se explorarmos aleatoriamente os recursos morfológicos de marcação de gênero (masculino e feminino), número (singular e plural) e pessoa ( 1ª, 2ª e 3ª) de que dispõe a nossa língua, vamos momentaneamente desconsiderar que o substantivo e o verbo estão aqui relacionados a palavras específicas nos enunciados de que fazem parte, e que por manterem uma relação de dependência dentro da estrutura sintática deveriam se assim reescritos:

www.portalimpacto.com.br

Menina, seus cabelos são da hora.

Você já deve, a esta altura, ter refletido sobre a questão e chegado à conclusão esperada: a escola ensina as regras de concordância nominal e verbal que caracterizam a norma culta da língua portuguesa porque as pessoas costumam ser socialmente avaliadas também pela maneira como usam a língua, e — embora muito injustamente! costumam ser discriminados os falantes das variedades diferentes da norma. Veja que os exemplos que até agora comentamos são bastante simples, pois os falantes, ao usarem suas respectivas variedades, nunca têm dúvidas sobre a forma que devem assumir os elementos no interior dos sintagmas nominais. Existem casos mais complexos, no entanto, que costumam causar muitas dúvidas aos próprios falantes da modalidade culta da língua. Esses casos envolvem o número e a categoria morfológica dos elementos presentes nos sintagmas, bem como o gênero e o número dos elementos nucleares (determinados) com os quais devem concordar os determinantes. É a existência de tais casos que justifica a inclusão, nas gramáticas da língua, das regras de concordância nominal e verbal.

n

LÍNGUA PORTUGUESA

31


VARIAÇÃO LINGUÍSTICA e a Intencionalidade Discursiva

FFrre en 0033 nttee FFici ch 0045 haa

OBS: Estes verbos, quando são usados em sentido figurado, têm sujeito e admitem plural. Por exemplo, Chovam sobre vós as bênçãos de Deus.

1. Há - houve casos

Como se vê, estudar a principalmente quando o assunto envolve estruturas mais complexas como as orações que envolvem, por exemplo, os verbos impessoais.

Emprega-se o verbo como impessoal - isto é, sempre na 3ª pessoa do singular - quando tem o sentido de existir, Este é um dos casos de “oração sem sujeito”. Exatamente por isso o verbo haver fica neutro, impessoal, pois ele não tem um sujeito com quem concordar. Os substantivos que complementam o verbo haver são considerados seu objeto direto. Assim, para atender aos preceitos da língua culta, é preciso observar a forma no singular quando o verbo haver está conjugado nos tempos pretéritos ou futuros (no presente dificilmente se cometeria um engano: ninguém diria *hão outros caos).

Numa estrutura simples como “O menino caiu da calçada” é evidente a relação de ajustamento entre o verbo e o sujeito, mas e nas orações sem sujeito, como se composta a flexão verbal? Vejamos:

VERBO É a classe de palavras variáveis em pessoa, número, tempo, modo e voz, que indicam ação (correr), estado (ficar), fenômeno (chover), fato (nascer).

Uma boa cerveja deve descer redondo ou redonda? Se redondo é adjetivo, não deveria concordar com cerveja? Muitos leitores fazem a mesma pergunta, motivada pela campanha de uma de nossas grandes cervejarias. A frase da cerveja se tornou muito comum em nosso idioma. Dito de maneira mais simples: o adjetivo, em Português, pode ser usado como um advérbio: “A águia voava alto”; “Cães de fila custam caro”; “Ela não senta direito”. Dá para notar perfeitamente que esses adjetivos (aqui, no masculino singular - que é, na verdade, a forma neutra dos nomes flexionáveis) estão modificando o verbo, e não o substantivo.

A dúvida dos leitores quanto a essa estrutura, como bem diz Celso Cunha, nasce do caráter fronteiriço entre o adjetivo e o advérbio. Nas frases em que predomina o valor de adjetivo, o leitor interpreta o vocábulo como um predicativo do sujeito; somos levados a ler “eles chegaram tristes” entendendo “eles estavam tristes quando chegaram”. Nas frases em que predomina o valor de advérbio, no entanto, o leitor interpreta o vocábulo como um adjunto adverbial (geralmente de modo). Para mim, “ela desceu rápido” significa “ela desceu rapidamente”. Se testarmos a frase da cerveja com vários falantes – para captarmos a cor local, pode ser até numa mesa de bar-, tenho certeza de que a maioria entenderá que “redondo” descreve a maneira como ela desce (até porque redondo, aqui no sentido de “suave, macio”, não é um atributo relacionado normalmente com uma bebida, mas sim com seu trajeto e com sua passagem por nosso equipamento gustativo). Da mesma forma, não tenho dúvida de que uma frase como “a cerveja desceu gelado” será rejeitada por quase todos, pois aqui “gelado” é nitidamente um atributo do sujeito (“a cerveja estava gelada quando desceu”).

(Dr. Professor Cláudio Moreno)

32 n LÍNGUA PORTUGUESA

As mesmas frases, se construídas com existir, teriam o verbo flexionado de acordo com o substantivo, que aí é considerado o sujeito do verbo existir: Não existem soluções a curto prazo / se existisse mais justiça, existiriam menos descontentes / para que existam menos neuroses / as irregularidades que existirem etc.

Aprofundaremos o nosso estudo focalizando o verbo HAVER que é um dos verbos que mais traz dúvidas quanto a sua flexão:

1. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA e a INTENCIONALIDADE DISCURSIVA

Vamos apurar todas as irregularidades que houver, disse o relator da CPI.

• Não há / haverá / haveria soluções a curto prazo. • Não mudaremos o país se não houver transformações profundas na Educação Básica. • Se houvesse mais justiça, haveria menos descontentes. • Para que haja menos neuroses é preciso reeducar as pessoas.

Pessoa = Varia a forma verbal para indicar a pessoa gramatical a que se refere. 1ª pessoa - orador (que fala) 2ª pessoa - interlocutor (com quem se fala) 3ª pessoa - assunto (de que se fala). Número = varia a forma verbal para indicar o número de sujeitos a que se refere SINGULAR - refere-se a um único sujeito. Por exemplo, o menino fala. PLURAL - refere-se a mais de um sujeito. Por exemplo, os meninos falam.

Comecemos pelo estudo do verbo já que a concordância agora é relacionada a essa classe

gramatical:

VERBOS IMPESSOAIS = são os verbos que não têm sujeito. Como eles não possuem sujeito, não têm com quem concordar, ficando, então, obrigatoriamente, na terceira pessoa do singular, com exceção do verbo SER. Como exemplo, temos os verbos que indicam fenômenos naturais: chover, relampejar, ventar, nevar, gear, amanhecer, escurecer, esquentar. Por exemplo, Choveu muito ontem.

www.portalimpacto.com.br

• Se houver / ocorrerem problemas, teremos de devolver o dinheiro. • Não é natural que haja / aconteçam tantos distúrbios. • Às vezes, havia / encontravam-se vasilhas de cerâmica aos pés dos mortos.

3. Há nas locuções verbais

Exemplos:

FLEXÕES VERBAIS

Em algumas situações também se pode substituir ‘haver’ por outros verbos:

Deve haver outras técnicas para melhorar o cultivo.

• Pelas informações recebidas, está novamente havendo discussões clandestinas. • Está havendo coisas de arrepiar os cabelos. [Porém: estão acontecendo coisas] • Não sei se chegou a haver sessões no Senado naquele período. 2. Há - tem

A professora S.C.M.B., de São Paulo, consulta sobre o verbo ter quando utilizado como haver. Este é um uso bastante coloquial. Deve ser evitado em linguagem científica ou oficial. Mas como é muito comum no Brasil (basta ver os versos de Chico Buarque: “Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu”), é bom saber que ele segue o mesmo padrão de haver - não flexiona no plural.

www.portalimpacto.com.br

Quando o verbo haver no sentido de existir faz parte de uma locução verbal, ele transfere sua impessoalidade ao verbo auxiliar dessa locução, que permanece, por isso, no singular.

Portanto: • Na festa tinha mais mulheres que homens. • Tem pessoas assim em todo lugar. • Teve ocasiões em que me senti frustrado. • De segunda a sexta tem notícias quentes para você.

SER Indicando, data, hora, distância. Por exemplo: São dois de maio.

ESTAR e FAZER Indicando tempo ou fenômeno meteorológico. Por exemplo: Está frio no Sul e Faz calor aqui.

n

LÍNGUA PORTUGUESA

33


1) Em sociedades complexas convivem variedades linguísticas diferentes, usadas por diferentes grupos sociais, com diferentes acessos à educação formal; note que as diferenças tendem a ser maiores na língua falada que na língua escrita; 2) Pessoas de mesmo grupo social expressam-se com falas diferentes de acordo com as diferentes situações de uso, sejam situações formais, informais ou de outro tipo;

Toda língua possui variações linguísticas. Elas podem ser entendidas por meio de sua história no tempo (variação histórica) e no espaço (variação regional). As variações linguísticas podem ser compreendidas a partir de três diferentes fenômenos.

2. VARIAÇÕES REGIONAIS: OS SOTAQUES Se você fizer um levantamento dos nomes que as pes-

soas usam para a palavra "diabo", talvez se surpreenda. Muita gente não gosta de falar tal palavra, pois acreditam que há o perigo de evocá-lo, isto é, de que o demônio apareça. Alguns desses nomes aparecem em o "Grande Sertão: Veredas", Guimarães Rosa, que traz uma linguagem muito característica do sertão centro-oeste do Brasil: Demo, Demônio, Que-Diga, Capiroto, Satanazim, Diabo, Cujo, Tinhoso, Maligno, Tal, Arrenegado, Cão, Cramunhão, O Indivíduo, O Galhardo, O pé-de-pato, O Sujo, O Homem, O Tisnado, O Coxo, O Temba, O Azarape, O Coisa-ruim, O Mafarro, O Pé-preto, O Canho, O Duba-dubá, O Rapaz, O Tristonho,

3) Há falares específicos para grupos específicos, como profissionais de uma mesma área (médicos, policiais, profissionais de informática, metalúrgicos, alfaiates, por exemplo), jovens, grupos marginalizados e outros. São as gírias e jargões.. Assim, além do português padrão, há outras variedades de usos da língua cujos traços mais comuns.

O Não-sei-que-diga, O Que-nunca-se-ri, O sem gracejos, Pai do Mal, Terdeiro, Quem que não existe, O Solto-Ele, O Ele, Carfano, Rabudo.

LÍNGUA E STATUS Nem todas as variações linguísticas têm o mesmo prestígio social no Brasil. Basta lembrar de algumas variações usadas por pessoas de determinadas classes sociais ou regiões, para percebers que há preconceito em relação a elas.

Aplicações no Caderno de Exercícios

ANTIGAMENTE

D

rummond de Andrade, grande escritor brasileiro, que elabora seu texto a partir de uma variação linguística relacionada ao vocabulário usado em uma determinada época no Brasil.

"Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio." Como escreveríamos o texto acima em um português de hoje, do século 21? Toda língua muda com o tempo. Basta lembrarmos que do latim, já transformado, veio o português, que, por sua vez, hoje é muito diferente daquele que era usado na época medieval.

34 n LÍNGUA PORTUGUESA

www.portalimpacto.com.br


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.