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CARO ALUNO O Hexag Medicina é referência em preparação pré-vestibular de candidatos à carreira de Medicina. Desde 2010, são centenas de aprovações nos principais vestibulares de Medicina no Estado de São Paulo, Rio de Janeiro e em todo Brasil. O material didático foi, mais uma vez, aperfeiçoado e seu conteúdo enriquecido, inclusive com questões recentes dos relevantes vestibulares de 2017. Esteticamente, houve uma melhora em seu layout, na definição das imagens, criação de novas sessões e também na utilização de cores. No total, são 88 livros, distribuídos da seguinte forma: §§
18 livros Ciências da Natureza e suas tecnologias (Biologia, Física e Química);
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12 livros Ciências Humanas e suas tecnologias (História e Geografia);
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06 livros Linguagens, Códigos e suas tecnologias (“Entre Textos” – Estudo da Gramática, Literatura e Interpretação de Textos);
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06 livros Matemática e suas tecnologias;
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03 livros “Entre Pensamentos” (Sociologia e Filosofia);
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03 livros “Entre Aspas” (Obras Literárias Fuvest e Unicamp);
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01 livro “Entre Aspas” (Obras Literárias da UERJ);
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01 livro “Entre Aspas” (Obras Literárias UEL e UFPR);
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03 livros “Entre Frases” (Estudo da Escrita – Redação);
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03 livros “Between English and Portuguese” (Língua Inglesa para os vestibulares e Enem);
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03 livros “Entre Espanõl y Portugués” (Língua Espanhola para a UERJ);
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12 livros UTI – Unidade Técnica de Imersão (revisão ao término de cada dois livros);
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04 livros RPA BREVIÁRIO (sinopse de todas as matérias);
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04 livros RPA ENEM (Revisão para o Enem);
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01 livro de exercícios RPA UNESP (Revisão para a Unesp);
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01 livro de exercícios RPA UNICAMP (Revisão para a Unicamp);
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01 livro de exercícios RPA FUVEST (Revisão para a Fuvest) ;
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01 livro de exercícios RPA UNIFESP, FAMEMA e FAMERP (Revisão para os vestibulares da Unifesp, Famema e Famerp);
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01 livro de exercícios RPA FUVEST. UNESP e UNICAMP 2ª FASE (Revisão para 2ª Fase dos vestibulares da Fuvest, Unesp e Unicamp);
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01 livro de exercícios RPA FACULDADE DE MEDICINA ABC;
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02 livros RPA UERJ QUALIFICAÇÃO (Revisão para os exames de qualificação da UERJ);
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01 livro RPA UERJ DISCURSIVO (Revisão para o exame discursivo da UERJ). O conteúdo dos livros foi organizado por aulas. Cada assunto contém uma rica teoria, que contempla de forma objetiva e clara o que o aluno
realmente necessita assimilar para o seu êxito nos principais vestibulares do Brasil e Enem, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Os capítulos foram finalizados com nove categorias de exercícios, trabalhadas nas sessões de Estudo Orientado (E.O.), como segue: E.O. Aprendizagem: exercícios introdutórios de múltipla escolha, para iniciar o processo de fixação da matéria estudada em aula; E.O. Fixação: exercícios de múltipla escolha, que apresentam grau médio de dificuldade, buscando a consolidação do aprendizado; E.O. Complementar: exercícios de múltipla escolha com alto grau de dificuldade; E.O. Dissertativo: exercícios dissertativos seguindo a forma da segunda fase dos principais vestibulares do Brasil; E.O. Enem: exercícios que abordam a aplicação de conhecimentos em situações do cotidiano, preparando o aluno para esse tipo de exame; E.O. UERJ-Exame de Qualificação: exercícios de múltipla escolha, buscando a consolidação do aprendizado para o vestibular da UERJ; E.O. UERJ-Exame Discursivo: exercícios dissertativos nos moldes da segunda fase da UERJ; E.O. (Unesp, Unicamp, Fuvest e Unifesp)-Questões Objetivas: exercícios de múltipla escolha, das Faculdades públicas de São Paulo; E.O. (Unesp, Unicamp, Fuvest e Unifesp)-Questões Dissertativas: exercícios dissertativos da segunda fase das Faculdades públicas de São Paulo. A edição 2017 foi elaborada com muito empenho e dedicação, oferecendo ao aluno um material moderno e completo, um grande aliado para o seu sucesso nos vestibulares mais concorridos de Medicina. Herlan Fellini
LIVRO 1
ENTRE PENSAMENTOS FILOSOFIA Aula 1: Introdução à Filosofia Grega Aula 2: Introdução ao pensamento de Sócrates Aula 3: Introdução aos conceitos segundo Platão Aula 4: Introdução aos conceitos segundo Aristóteles
7 19 31 41
SOCIOLOGIA Aula 1: Sociedade e sociologia Aula 2: Introdução aos clássicos da sociologia: Auguste Comte e Émile Durkheim Aula 3: Introdução aos clássicos da sociologia: Karl Marx Aula 4: Introdução aos clássicos da sociologia: Max Weber
57 67 79 93
INFOGRÁFICO: Abordagem da FILOSOFIA nos principais vestibulares.
FUVEST – A abordagem desse vestibular é de âmbito interdisciplinar. O aluno deve associar os principais autores e escolas de pensamento aos seus respectivos contextos históricos. Ao estudar para essa prova, foque sobre o período em que cada autor viveu e quais foram as suas conclusões teóricas sobre o mesmo.
UNICAMP – Exige clara compreensão do espaço físico e das transformações do espaço pelo ser humano.
ENEM / UFRJ – Cobra-se a capacidade de interpretação de texto do aluno. Este deverá ater-se aos excertos expostos nos enunciados e, juntamente com seu conhecimento, encontrar a resposta nos próprios textos. Para essa prova, é imprescindível o conhecimento dos autores propostos.
UERJ – A abordagem busca integrar o contexto histórico de cada autor com temas das Ciências Sociais, tanto de História quanto Geografia. É necessário compreender os conceitos básicos de cada autor para vinculá-los a temas contemporâneos. Há, ainda, a necessidade de se comparar as visões de dois ou mais autores a partir da interpretação de excertos dados pelos exercícios.
FILOSOFIA Aula 1: Aula 2: Aula 3: Aula 4:
Introdução à Filosofia Grega 7 Introdução ao pensamento de Sócrates 19 Introdução aos conceitos segundo Platão 31 Introdução aos conceitos segundo Aristóteles 41
Aula
1
Introdução à Filosofia Grega Competências 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 15, 16, 18, 20, 22, 23, 24 e 25
Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades. H1
Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.
H2
Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
H3
Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos
H4
Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.
H5
Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder. H6
Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
H7
Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
H8
Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.
H9
Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial
H10
Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade histórico-geográfica.
Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais. H11
Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
H12
Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
H13
Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
H14
Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.
H15
Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social. H16
Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
H17
Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
H18
Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.
H19
Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
H20
Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade. H21
Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.
H22
Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
H23
Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.
H24
Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.
H25
Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.
Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos. H26
Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
H27
Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.
H28
Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócioambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.
H29
Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.
H30
Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.
Filosofia Grega Pode-se perceber que os dois primeiros períodos da Filosofia grega têm como referência o filósofo Sócrates de Atenas, dividindo a Filosofia em pré-socrática e socrática.
Período pré-socrático ou cosmológico Os principais filósofos pré-socráticos foram: filósofos da Escola Jônica: Tales de Mileto, Ana-xímenes de Mileto, Anaximandro de Mileto e Heráclito de Éfeso; filósofos da Escola Itálica: Pitágoras de Samos, Filolau de Crotona e Árquitas de Tarento; filósofos da Escola Eleata: Parmênides de Eleia e Zenão de Eleia; filósofos da Escola da Pluralidade: Empédocles de Agrigento, Anaxágoras de Clazômena, Leucipo de Abdera e Demócrito de Abdera. A cosmologia é uma explicação racional e sistemática sobre a origem, a ordem e a transformação da Natureza da qual os seres humanos fazem parte. Ela tem como objetivo, ao explicar a Natureza, refletir sobre a origem e as mudanças da vida humana. Afirma que não existe criação do mundo, isto é, nega que o mundo tenha surgido de um vazio, de um nada. Por isso diz: “Nada vem do nada e nada volta ao nada”. Isto implica duas conclusões. A primeira é que o mundo, ou, em outras palavras, a Natureza, é eterno. A segunda, que no mundo, ou na Natureza, tudo se transforma em outra coisa sem jamais desaparecer, embora a forma particular possa desaparecer com ela, mas não sua matéria. O fundo eterno, perene, imortal, de onde tudo nasce e para onde tudo volta é invisível aos olhos humano e visível somente para o olho do espírito, isto é, para o pensamento. Tal fundo chama-se Physis (em grego, physis vem de um verbo que significa fazer surgir, fazer brotar, fazer nascer, produzir). A physis é a Natureza eterna e em perene transformação. Contudo, mesmo que a Physis seja não perecível, ela dá origem a todos os seres infinitamente variados e diferentes do mundo; seres que, ao contrário do princípio gerador, são perecíveis ou mortais. É evidente que diferentes filósofos escolheram diferentes noções de physis, isto é, cada filósofo encon-
trou motivos e razões para dizer qual era o princípio eterno e imutável que está na origem da Natureza e de suas transformações. Assim, Tales dizia que o princípio era a água ou o úmido; Anaximandro considerava que era o ilimitado sem qualidades definidas; Anaxímenes, que era o ar ou o frio; Heráclito afirmou que era o fogo; Leucipo e Demócrito disseram que eram os átomos.
Parmênides de Eleia (530–460 a.C.)
Efígie de Parmênides
Nascido na cidade de Eleia, ao sul da Magna Grécia, o filósofo Parmênides é considerado o grande pensador do imobilismo universal. O filósofo eleata se preocupou em entender a questão da transformação. Ele dizia que tudo aquilo que existe sempre existiu e continuará a existir. Esta era, aliás, uma ideia bastante difundida pela Grécia antiga de maneira geral. Os gregos acreditavam que o universo não poderia simplesmente ter vindo do nada, e que, portanto, sempre esteve ali.
O imobilismo de Parmênides Partindo dessa ideia, Parmênides afirma que nada pode surgir do nada. Da mesma maneira, dizia, tudo aquilo que já existe não pode simplesmente se transformar em nada. O filósofo desenvolve ainda mais seu raciocínio: para ele, nenhuma transformação substancial pode realmente ocorrer na natureza.
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Para Parmênides, o ser, ou a via da verdade, era uno, indivisível, pleno e eterno (imutável, portanto). Não há espaço para o não ser. Este não ser, ou aquilo que não é, não pode nunca existir, nem mesmo ser dito ou pensado. Para haver algo como o não ser, dizia o filósofo, ele teria que se originar do nada, ou de algo que já é – o que reafirmaria sua crença de que tudo que existe, necessariamente sempre existiu.
O método de Parmênides
O filósofo conhecia, naturalmente, os processos naturais que ocorrem no mundo, colocando a natureza em estado de constante transformação. Parmênides, entretanto, era um racionalista – o que significa que ele rejeitava o empirismo como método válido para a busca do conhecimento. Parmênides acreditava que nossos sentidos têm a propriedade de distorcer a realidade, impedindo-nos de alcançar a verdade. Para o filósofo, qualquer percepção sensorial não passava de ilusão – e somente a razão humana poderia ser uma fonte satisfatória de conhecimento sobre o universo.
Heráclito de Éfeso (535–475 a.C.)
Efígie de Heráclito de Éfeso
Nascido em Éfeso, na Ásia Menor, o filósofo Heráclito viveu na mesma época do filósofo Parmênides.
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Assim como seu contemporâneo eleata, Heráclito também se preocupou com a questão da transformação. Diferentemente dele, porém, Heráclito adotou outro entendimento sobre os processos naturais.
A teoria de Heráclito Radicalmente oposta à ideia do imobilismo universal de Parmênides estava a filosofia de Heráclito. Para o filósofo, tudo na natureza se encontra em constante movimento, e nada poderia ser para sempre. Se nos banhamos em um rio, dizia, não podemos fazê-lo duas vezes; “quando me banho pela segunda vez“, as águas do rio já não são as mesmas, assim como nós também não somos”.
Tudo está em permanente mudança ou transformação, afirmava Heráclito. Sua frase mais emblemática é “tudo flui”. Em sua visão, o mundo era um fluxo constante, onde nada permanece idêntico, e tudo é mutável. A este incessante processo de mudança, Heráclito deu o nome de devir. E é este devir, que Heráclito entendia como uma eterna batalha entre os contrários, que o mundo encontra sua unidade harmoniosa. A essa unidade Heráclito dá o nome de logos.
Metodologia de Heráclito
A percepção de que o mundo é cheio de contradições é muito importante na filosofia de Heráclito. O filósofo costumava afirmar que só damos valor à paz por conhecermos a guerra. Só damos valor ao alimento, pois
conhecemos a fome. Em sua visão, este duelo entre bem e mal são importantíssimos para o funcionamento do mundo.
nas premissas de que partiam – a crença na existência de uma única substância fundamental, que comporia tudo o que conhecemos no universo.
Para o filósofo, é dessa síntese entre pares opostos (o dia que se torna noite, que novamente se torna dia; a vida que se converte em morte, e a morte que se converte em vida etc.) que se alcança o equilíbrio e a unidade harmoniosa. É dela também que se origina o conhecimento e a possibilidade de entendimento do mundo. Podemos dizer, portanto, que Heráclito possuía uma visão dialética do funcionamento do universo. A percepção de que a natureza está em constante transformação foi concebida por Heráclito por meio de seus sentidos. Diferentemente de Parmênides, que considerava que os sentidos distorciam a realidade, Heráclito acreditava que os sentidos e a experiência empírica também eram importantes fontes de conhecimento.
A filosofia de Empédocles
Empédocles (490–430 a.C.)
Empédocles dizia que, se fosse verdade que tudo aquilo que conhecemos é composto por apenas uma substância elementar, jamais poderíamos conciliar aquilo que nos diz a razão (que algo não pode simplesmente se transformar em outra coisa) com aquilo que nos dizem nossos sentidos (todos os processos observados na natureza). O filósofo pensava que, de fato, uma substância pura jamais poderia simplesmente se transformar em outra substância pura. A água não se transforma em pedra, por exemplo. Isso era o que lhe dizia sua razão. Por meio de seus sentidos, porém, Empédocles podia perceber a natureza em um processo de constante mudança. Assim, o filósofo formula que a natureza deveria ter mais substâncias primordiais (e não apenas uma) que, combinadas, dariam origem a tudo que conhecemos. Dessa forma, a afirmação de que a água pura não pode simplesmente se transformar em uma pedra continua válida – mas agora é possível afirmar que a água, combinada a algum outro elemento, pode se transformar em outra substância; em outras palavras, os processos naturais observados por ele se tornam possíveis, sem que, para aceitá-los, seja necessário abdicar da razão.
As quatros substâncias fundamentais Quais seriam, então, estas substâncias que, combinadas de diferentes maneiras, dariam origem a tudo aquilo que conhecemos – e que, de quebra, colocariam fim no impasse de Parmênides e Heráclito? Efígie de Empédocles
Foi o filósofo siciliano Empédocles, que conseguiu conciliar as ideias de seus antecessores Parmênides e Heráclito. Para Empédocles, tanto Parmênides quanto Heráclito possuíam seus méritos, e estavam certos em ao menos um dos seus argumentos. O filósofo dizia que a culpa da enorme divergência entre seus colegas residia
Para Empédocles, esses elementos seriam quatro: o fogo, a água, o ar e a terra. Combinados em dife-
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rentes proporções, eles originariam tudo o que conhecemos, dos seres vivos aos objetos. As transformações observadas na natureza seriam decorrentes da mistura ou da separação destes elementos. Ocorridos os processos, os elementos permaneceriam intocados. Assim, nada se transforma de fato – os elementos permanecem os mesmos, inalterados, apenas combinados de
Demócrito (460–370 a.C.)
maneira diferente.
Causa das transformações Mesmo considerando os quatro elementos fundamentais que permeiam todas as transformações, para Empédocles uma dúvida permanecia: por qual motivo estes processos aconteciam? Para o filósofo, as transformações eram motivadas por duas forças que atuavam nos processos da natureza: o Amor e o Ódio. Estas duas forças seriam a verdadeira causa do movimento de reunião e separação das substâncias.
O pluralismo de Empédocles Vimos que, a partir da ideia de que o amor e o ódio têm o poder de aproximar ou afastar os seres humanos, Empédocles elevou os dois sentimentos à categoria de força cósmica. Para o pensador, eram essas forças que estariam por trás dos fenômenos naturais e possibilitariam o processo de atração e repulsão. Esse processo, de movimento constante, era considerado pelo filósofo como um eterno ciclo. Neste ciclo, quando o amor atua, a harmonia prevalece. Quando o desequilíbrio se manifesta, é porque o ódio é a força atuante. É a partir desta concepção de mundo que Empédocles, em oposição aos primeiros filósofos da natureza (que acreditavam ser apenas um o elemento constituinte da realidade), inaugura o pluralismo como forma de pensar o universo e os fenômenos naturais.
Consequências do pensamento de Empédocles A diferenciação entre forças e elementos proposta por Empédocles, vale notar, é utilizada pela ciência até os dias atuais. A ciência moderna acredita que todos os fenômenos naturais podem ser explicados como um equilíbrio entre forças naturais e substâncias fundamentais.
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Efígie de Demócrito
O filósofo Demócrito, nascido em uma cidade ao norte do mar Egeu, foi o último grande expoente dos chamados filósofos da natureza. Sabemos que se chamam filósofos da natureza os pensadores que tinham como projeto filosófico o entendimento dos processos naturais. Eles partiam da ideia de que sempre existiu alguma coisa (ou de que o universo não surgiu do nada). Acreditavam também que deveria existir alguma substância elementar que permeasse todos os processos e transformações observados na natureza.
Teoria Atomista de Demócrito Demócrito concordava com alguns de seus antecessores, que diziam que as coisas eram compostas de partículas minúsculas, invisíveis a olho nu e, acima de tudo, indivisíveis. A estas partículas, Demócrito deu o nome de átomo – que, em grego, significa justamente algo que não pode ser partido ou dividido. O filósofo afirmava também que estas partículas eram eternas (já que, segundo os filósofos da natureza, nada poderia surgir do nada) e dizia que era impossível que fossem divididas indefinidamente – ou o universo inteiro correria o risco de se desintegrar.
átomo de Demócrito
O filósofo foi o primeiro a afirmar a existência de uma infinidade de átomos diferentes, todos com formas e tamanhos variados. Somente assim poderia existir tamanha infinidade de coisas no universo, dos metais à agua, de pedras a seres vivos. Eram as diferentes combinações entre estas peças elementares que davam forma a tudo que se conhece e se pode observar na natureza. Ele afirmava ainda que quando um animal morria, por exemplo, no processo de decomposição os átomos que o compunham se separavam e ficavam livres para compor outro ser vivo. Assim, a natureza continuava seu curso.
Metodologia de Demócrito É importante ressaltar que o método do qual se utilizava Demócrito era a observação, ou empirismo. O filósofo acreditava que somente a observação dos processos naturais pode nos levar ao entendimento dos mesmos. Hoje em dia, a ciência sabe que os átomos podem ser divididos em partículas ainda menores, como os prótons e elétrons. Ainda assim, é impressionante imaginar que um filósofo como Demócrito tenha chegado a conclusões tão elaboradas contando apenas com a observação da natureza – sem o auxílio da tecnologia de que hoje dispomos, como microscópios eletrônicos e afins.
Materialismo e a alma humana Para Demócrito, todos os processos naturais se davam de acordo com as leis da natureza. Essas leis, diziam, eram inquebrantáveis. Não havia nenhuma intenção por trás dos átomos – apenas a ação mecânica regida por leis naturais. Não há, na visão deste pensador, um espírito ou força sobrenatural que rege os processos ou seu comportamento. Por isso, diz-se deste filósofo que é um filósofo materialista, isto é, que atribui todos os processos a causas materiais. Quando se trata da consciência humana, porém, qualquer explicação não pode ser de origem material. O filósofo diz, então, que quando se trata do assunto, há um tipo especial de átomo – o átomo da alma. Assim, quando um ser humano morre, seus átomos se dividem novamente e ficam livres para dar origem a um novo homem. Podemos afirmar, portanto, que para Demócrito o ser humano não possuiria uma alma imortal.
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INTERATIVIDADE ASSISTIR Vídeo
Os Pré-Socráticos Fonte: Youtube
LER Livros Introdução a história da Filosofia – Marilena Chauí Às vésperas de seu aniversário de quinze anos, Sofia Amundsen começa a receber bilhetes e cartões-postais bastante estranhos. Os bilhetes são anônimos e perguntam a Sofia quem é ela e de onde vem o mundo. Os postais são enviados do Líbano, por um major desconhecido, para uma certa Hilde Moller Knag, garota a quem Sofia também não conhece. O mistério dos bilhetes e dos postais é o ponto de partida deste romance fascinante. De capítulo em capítulo, de “lição” em “lição”, o leitor é convidado a percorrer toda a história da filosofia ocidental, ao mesmo tempo que se vê envolvido por um enredo que toma um rumo surpreendente.
O mundo de Sofia – Jostein Gaarder Nesta série, a professora Marilena Chauí acompanha o trajeto da cultura filosófica desde os pré-socráticos até os pensadores modernos. O objetivo é oferecer informações básicas sobre a história do pensamento filosófico, dirigidas aos leigos e aos que se iniciam nos estudos de filosofia. Por seu caráter pedagógico, o livro é um estímulo aos estudantes no exercício do pensamento e pode auxiliar os professores a preencher lacunas bibliográficas na preparação de suas aulas.
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Aprofunde seus conhecimentos 1. (Unifesp) “Vamos, vou dizer-te – eu tu escuta e fixa o relato que ouviste quais os únicos caminhos de investigação que há para pensar: um que é, que não é para não ser. é caminho de confiança (pois acompanha a realidade); o outro que não, que tem de não ser, esse te indico ser caminho em tudo ignoto, pois não poderá conhecer o não ser, não é possível, nem indicá-lo [...]” PARMÊNIDES. Da Natureza. São Paulo: Editora Loyola, 2002.
Com base no fragmento, o texto se refere: a) Parmênides faz um contraponto, em relação aos pensamentos de Heráclito, no qual contradiz a teoria de que tudo está em uma constância perpétua de movimento e mudanças. b) Parmênides faz um contraponto, em relação aos pensamentos do não ser, pois ser pode não ser, possibilitando o conhecimento do não se conhece. c) Parmênides defende a teoria de que tudo está em uma constância perpétua de movimento e mudanças. d) Parmênides fundamenta que o ser, somente pode ser o que é, entretanto pode possibilitar o conhecimento da realidade através do que não se sabe, fomentando o conhecimento do não ser. e) Parmênides faz um contraponto, a não identidade, pois o ser é impossível de saber ou compreender o que o constitui. 2. (Enem – adaptada) Na antiga Grécia, o teatro tratou de questões como destino, castigo e justiça. Muitos gregos sabiam de cor inúmeros versos das peças dos seus grandes autores. Na Inglaterra dos séculos XVI e XVII, Shakespeare produziu peças nas quais temas como o amor, o poder, o bem e o mal foram tratados. Nessas peças, os grandes personagens falavam em verso e os demais em prosa. No Brasil colonial, os índios aprenderam com os jesuítas a representar peças de caráter religioso. Esses fatos são exemplos de que, em diferentes tempos e situações, o teatro é uma forma: a) de manipulação do povo pelo poder. b) de diversão e de expressão dos valores e problemas da sociedade. c) de entretenimento popular. d) de manipulação do povo pelos intelectuais que compõem as peças. e) de entretenimento, que foi superada e hoje é substituída pela televisão.
3. Em relação ao fenômeno Religioso e a história do desenvolvimento do homem é correto afirmar que: a) a manifestação do sagrado envolve os aspectos religioso que precede a razão. b) a razão possibilitou o desenvolvimento da religião. c) o sagrado é invenção para apenas conduzir as massas d) o discurso racional criou a religião. e) a moral é inata ao âmago do homem e precede ao fenômeno do sagrado que esta coligado a estrutura religiosa. 4. (Unifesp – adaptada) O conceito de hierofania consiste no âmbito sagrado, entretanto qual seu significado em relação a vivencia do mundo. Assinale a alternativa correta. a) Hierofania significa constatação da razão. b) Hierofania significa constatação da ação do homem. c) Hierofania significa constatação do sagrado. d) Hierofania significa lógica da ação natural. e) Hierofania significa constatação da história. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO De onde vem o mundo? De onde vem o universo? Tudo o que existe tem que ter um começo. Portanto, em algum momento, o universo também tinha de ter surgido a partir de uma outra coisa. Mas, se o universo de repente tivesse surgido de alguma outra coisa, então essa outra coisa também devia ter surgido de alguma outra coisa algum dia. Sofia entendeu que só tinha transferido o problema de lugar. Afinal de contas, algum dia, alguma coisa tinha de ter surgido do nada. Existe uma substância básica a partir da qual tudo é feito? A grande questão para os primeiros filósofos não era saber como tudo surgiu do nada. O que os instigava era saber como a água podia se transformar em peixes vivos, ou como a terra sem vida podia se transformar em árvores frondosas ou flores multicoloridas.
Adaptado de: GAARDER, J. O Mundo de Sofia. Trad. de João Azenha Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p.43-44.
5. (UEL) Com base no texto e nos conhecimentos sobre o surgimento da filosofia, assinale a alternativa correta. a) Os pensadores pré-socráticos explicavam os fenômenos e as transformações da natureza e porque a vida é como é, tendo como limitador e princípio de verdade irrefutável as histórias contadas acerca do mundo dos deuses. b) Os primeiros filósofos da natureza tinham a convicção de que havia alguma substância básica, uma causa oculta, que estava por trás de todas as transformações na natureza
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e, a partir da observação, buscavam descobrir leis naturais que fossem eternas. c) Os teóricos da natureza que desenvolveram seus sistemas de pensamento por volta do século VI a.C. partiram da ideia unânime de que a água era o princípio original do mundo por sua enorme capacidade de transformação. d) A filosofia da natureza nascente adotou a imagem homérica do mundo e reforçou o antropomorfismo do mundo dos deuses em detrimento de uma explicação natural e regular acerca dos primeiros princípios que originam todas as coisas. e) Para os pensadores jônicos da natureza, Tales, Anaxímenes e Heráclito, há um princípio originário único denominado o ilimitado, que é a reprodução da aparência sensível que os olhos humanos podem observar no nascimento e na degeneração das coisas. 6. (UEAP) ...que é e que não é possível que não seja,/ é a vereda da Persuasão (porque acompanha a Verdade); o outro diz que não é e que é preciso que não seja,/ eu te digo que esta é uma vereda em que nada se pode aprender. De fato, não poderias conhecer o que não é, porque tal não é fatível./ nem poderia expressá-lo. (Nicola, Ubaldo. Antologia ilustrada de Filosofia. Editora Globo, 2005.)
O texto anterior expressa o pensamento de qual filósofo? a) Aristóteles, que estabelecia a distinção entre o mundo sensível e o inteligível. b) Heráclito de Éfeso, que afirmava a unidade entre pensamento e realidade. c) Tales de Mileto, que afirmava ser a água o princípio de todas as coisas. d) Parmênides de Eleia, que afirmava a imutabilidade de todas as coisas e a unidade entre ser e pensar, ser e conhecimento. e) Protágoras, que afirmava que o homem é a medida de todas as coisas, que o ser é e o não ser não é. 7. (Unicentro) Leia o fragmento de um texto pré-socrático: “Ainda outra coisa te direi. Não há nascimento para nenhuma das coisas mortais, como não há fim na morte funesta, mas somente composição e dissociação dos elementos compostos: nascimento não é mais do que um nome usado pelos homens”.
8. (UFU) A relação entre mito e filosofia é objeto de polêmica entre muitos estudiosos ainda hoje. Para alguns, a filosofia nasceu da ruptura com o pensamento mítico (teoria do “milagre grego”); para outros, houve uma continuidade entre mito e filosofia, ou seja, de alguma forma os mitos continuaram presentes – seja como forma, seja como conteúdo – no pensamento filosófico. A partir destas informações, assinale a alternativa que NÃO contenha um exemplo de pensamento mítico no pensamento filosófico. a) Parmênides afirma: “Em primeiro lugar, criou (a divindade do nascimento ou do amor) entre todos os deuses, a Eros...” b) Platão propõe algumas teses como a teoria da reminiscência e a transmigração das almas. c) Heráclito afirma: “As almas aspiram o aroma do Hades”. d) Aristóteles divide a ciência em três ramos: o teorético, o prático e o poético.
A respeito da relação entre mythos e logos (razão) no início da filosofia grega, analise as assertivas e assinale a alternativa que aponta as corretas. I. O fragmento acima denota a “luta de forças” opostas na massa dos membros
9. (UFU) Heráclito de Éfeso viveu entre os séculos VI e V a. C. e sua doutrina, apesar de criticada pela filosofia clássica, foi resgatada por Hegel, que recuperou sua importante contribuição para a Dialética. Os dois fragmentos a seguir nos apresentam este pensamento. – “Este mundo, igual para todos, nenhum dos deuses e nenhum dos homens o fez; sempre foi, é e será um fogo eternamente
EMPÉDOCLES. Apud ARANHA/ MARTINS. Filosofando: Introdução à Filosofia. 3ª Ed., São Paulo: Moderna, 2006 - p. 86.
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humanos, que ora unem-se pelo amor – no início todos os membros que atingiram a corporeidade da vida florescente –, ora divididos pela força da discórdia, erram separados nas linhas da vida. Assim ocorre também com todos os outros seres na natureza. II. A verdade filosófica apresenta-se no pensamento de Empédocles através de uma estrutura lógica muito distante da “verdade” expressa nos relatos míticos dos gregos arcaicos. III. Nascimento e morte, no texto de Empédocles, são apresentados por meio de representações míticas que o filósofo retira de uma tradição religiosa presente ainda em seu tempo. Essas imagens, consequentemente, se transpõem, sem deixarem de ser místicas, em uma filosofia que quer captar a verdadeira essência da realidade física. IV. O fragmento denota continuidade do pensamento mítico no início da filosofia, pois estão presentes ainda o uso de certas estruturas comuns de explicação. a) Apenas II, III e IV estão corretas. b) Apenas I, III e IV estão corretas. c) Apenas I e II estão corretas. d) Apenas I e IV estão corretas. e) Apenas I, II e IV estão corretas.
vivo, acendendo-se e apagando-se conforme a medida.” (fragmento 30). – “Para as almas, morrer é transformar-se em água; para a água, morrer é transformar-se em terra. Da terra, contudo, forma-se a água, e da água a alma.” (fragmento 36). De acordo com o pensamento de Heráclito, marque a alternativa incorreta. a) As doutrinas de Heráclito e de Parmênides estão em perfeito acordo sobre a imutabilidade do ser. b) Para Heráclito, a ideia de que “tudo flui” significa que nada permanece fixo e imóvel. c) Heráclito desenvolve a ideia da harmonia dos contrários, isto é, a permanente conciliação dos opostos. d) A expressão “devir” é adequada para compreendermos a doutrina de Heráclito. 10. (UFU) O fragmento seguinte é atribuído a Heráclito de Éfeso. “O mesmo é em (nós?) vivo e morto, desperto e dormindo, novo e velho; pois estes, tombados além, são aqueles e aqueles de novo, tombados além, são estes”. Os Pré -Socráticos. Trad. de José Cavalcante de Souza, 1ª ed. São Paulo: Abril Cultural. 1973, p. 93.
A partir do fragmento citado, escolha a alternativa que melhor representa o pensamento de Heráclito. a) Não existe a noção de “oposto” no pensamento de Heráclito, pois todas as coisas constituem um único processo de mudança que expressa a concórdia e a harmonia do “fluxo” contínuo da natureza. b) A equivalência de estados contrários com “o mesmo” exprime a alternância harmônica de polos opostos, pela qual um estado é transposto no outro, numa sucessão mútua, como o dia e a noite. Todas as Coisas são “Um”, toda a multiplicidade dos opostos constitui uma unidade, e todos os seres estão num fluxo eterno de sucessão de opostos em guerra. c) Se o morto é vivo, o velho é novo, e o dormente é desperto, então não existe o múltiplo, mas apenas o como verdade profunda do mundo. A unidade primordial é a própria realidade da phvsis e a multiplicidade, apenas aparência. d) A alternância entre polos opostos constitui um fluxo eterno, regido pela “guerra” e pela “discórdia”, que ocorre sem qualquer medida e proporção. A guerra entre contrários evidencia que a phvsis é caótica e denota o fato de que o pensamento de Heráclito é irracionalista.
Gabarito 1. A
2. D
3. A
4. A
5. B
6. D
7. A
8. D
9. A
10. B
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Aula
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Introdução ao pensamento de Sócrates Competências 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 15, 16, 18, 20, 22, 23, 24 e 25
Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades. H1
Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.
H2
Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
H3
Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos
H4
Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.
H5
Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder. H6
Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
H7
Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
H8
Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.
H9
Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial
H10
Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade histórico-geográfica.
Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais. H11
Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
H12
Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
H13
Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
H14
Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.
H15
Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social. H16
Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
H17
Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
H18
Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.
H19
Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
H20
Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade. H21
Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.
H22
Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
H23
Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.
H24
Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.
H25
Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.
Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos. H26
Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
H27
Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.
H28
Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócioambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.
H29
Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.
H30
Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.
A Pólis, o Estado e o indivíduo em Atenas Com o desenvolvimento das cidades, do comércio, do artesanato e das artes militares, Atenas tornou-se o centro da vida social, política e cultural da Grécia, vivendo seu período de esplendor, conhecido como o Século de Péricles. É a época de maior florescimento da democracia. A democracia grega possuía, entre tantas outras, duas características de grande importância para o futuro da Filosofia. Em primeiro lugar, a democracia afirmava a igualdade de todos os homens adultos perante as leis e o direito de todos de participar diretamente do governo da cidade, da polis. Em segundo lugar, e como consequência, a democracia, sendo direta e não por eleição de representantes, garantia a todos a participação no governo, e os que dele participavam tinham o direito de exprimir, discutir e defender em público suas opiniões sobre as decisões que a cidade deveria tomar. Surgia, assim, a figura política do cidadão. É preciso salientar, contudo, que estavam excluídos da cidadania o que os gregos chamavam de dependentes: mulheres, escravos, crianças e velhos, além dos estrangeiros.
aristocratas. Esse padrão afirmava que o homem ideal ou perfeito era o guerreiro belo e bom. Belo: seu corpo era formado pela ginástica, pela dança e pelos jogos de guerra, imitando os heróis da guerra de Troia (Aquiles, Heitor, Ájax, Ulisses). Bom: seu espírito era formado por meio da educação através da filosofia de Homero e Hesíodo, aprendendo as virtudes admiradas pelos deuses e praticadas pelos heróis, a principal delas sendo a coragem diante da morte, na guerra. A virtude era a Arete (excelência e superioridade), própria dos melhores, os
aristoi – origem do sufixo da palavra Aristocracia. Quando, porém, a democracia se instalara e o poder foi retirado paulatinamente dos aristocratas, esse ideal educativo ou pedagógico também foi substituído por outro. O ideal da educação do Século de Péricles é a formação do cidadão. A Arete é a virtude cívica. Ora, qual é o momento em que o cidadão mais aparece e mais exerce sua cidadania? Quando opina, discute, delibera e vota nas assembleias. Assim, a nova educação estabelece como padrão ideal a formação do bom orador, isto é, daquele que sabe falar em público e persuadir os outros cidadãos na política.
Sócrates e a defesa da Filosofia Para dar aos jovens essa educação, substituindo a educação antiga dos poetas, surgiram, na Grécia, os sofistas, que são os primeiros filósofos do período socrático. Os sofistas mais importantes foram: Protágoras de Abdera, Górgias de Leontini e Isócrates de Atenas. Que diziam e faziam os sofistas? Diziam que os ensinamentos Cena do filme Sócrates, 1971. Interpretado pelo ator Jean Sylvère.
dos filósofos cosmologistas estavam repletos de erros e contradições e que não tinham utilidade para a vida da pólis. Apresentavam-se como mestres da oratória ou
Para conseguir que a sua opinião fosse aceita nas assembleias, o cidadão precisava saber falar e ser capaz de persuadir. Com isso, uma mudança profunda ocorreu na educação grega. Quando não havia democracia, mas dominavam as famílias aristocráticas, senhoras das terras, o poder lhes pertencia. Essas famílias, valendo-se dos dois grandes poetas gregos, Homero e Hesíodo, criaram um padrão de educação próprio dos
retórica, afirmando ser possível ensinar aos jovens tal arte para que fossem bons cidadãos. Que arte era esta? A arte da persuasão. Os sofistas ensinavam técnicas de persuasão aos jovens, que aprendiam a defender uma posição ou opinião, depois aprendiam a defender uma posição contrária, de modo que, numa assembleia, soubessem ter argumentos a favor ou contra uma posição para ganhar a discussão.
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O filósofo Sócrates, considerado o patrono da Filosofia, rebelou-se contra os sofistas, dizendo que não eram filósofos, pois não tinham amor pela sabedoria nem respeito pela verdade, defendendo qualquer ideia que fosse vantajosa para eles. Corrompiam o espírito dos jovens, pois faziam o erro e a mentira valer tanto quanto a verdade. Como homem de seu tempo, Sócrates concordava com os sofistas em um ponto: por um lado, a educação antiga do guerreiro belo e bom já não atendia às exigências da sociedade ateniense, e, por outro lado, os filósofos cosmologistas defendiam ideias tão contraditórias que também não eram uma fonte segura para o conhecimento verdadeiro. Historicamente, há dificuldade em conhecer o pensamento dos grandes sofistas, uma vez que não possuímos seus textos. Restaram fragmentos, apenas. Por isso, nós os conhecemos pelo que deles disseram seus adversários – Platão, Xenofonte, Aristóteles – e não temos como saber se estes foram justos com aqueles. Os historiadores mais recentes consideram os sofistas verdadeiros representantes do espírito democrático, isto é, da pluralidade conflituosa de opiniões e interesses, enquanto seus adversários seriam partidários de uma política aristocrática na qual somente algumas opiniões e interesses teriam o direito para valer para o restante da sociedade. Diante disso, se Sócrates discordava dos antigos poetas, dos antigos filósofos e dos sofistas, o que ele propunha? Defendia que, antes de querer conhecer a Natureza e antes de querer persuadir os outros, cada um deveria, primeiro e antes de tudo, conhecer-se a si mesmo. A expressão “conhece-te a ti mesmo” que estava gravada no pórtico do templo de Apolo, patrono grego da sabedoria, tornou-se a máxima de Sócrates. Por fazer do autoconhecimento ou do conhecimento que os homens têm de si a condição de todos os outros conhecimentos verdadeiros, é que se diz que o período socrático é antropológico, isto é, voltado para o conhecimento do homem, particularmente de seu espírito e de sua capacidade de conhecer a verdade. O retrato que a história da Filosofia possui de Sócrates foi traçado por seu mais importante aluno e discípulo, o filósofo ateniense Platão. Platão descreveu seu mentor como um homem que andava pelas ruas e praças de Atenas, pelo mercado e pela assembleia, indagando a cada um: “Você
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sabe o que é isso que você está dizendo?”, “Você sabe o que é isso em que você acredita?”, “Você acha que está conhecendo realmente aquilo em que acredita, aquilo em que está pensando, aquilo que está dizendo?”, “Você diz”, falava Sócrates, “que a coragem é importante, mas: o que é a coragem? Você acredita que a justiça é importante, mas: o que é a justiça? Você diz que ama as coisas e as pessoas belas, mas o que é a beleza? Você crê que seus amigos são a melhor coisa que você tem, mas: o que é a amizade?” Isto é, Sócrates fazia perguntas sobre as ideias, sobre os valores nos quais os gregos acreditavam e que julgavam conhecer. Suas perguntas deixavam os interlocutores embaraçados, irritados, curiosos pois quando tentavam responder ao célebre “o que é?”, descobriam, surpresos, que não sabiam responder e que nunca tinham pensado em suas crenças, seus valores e suas ideias. O mais intrigante é que as pessoas esperavam que Sócrates respondesse por elas ou para elas, que soubesse as respostas para as perguntas, como os sofistas pareciam saber, mas Sócrates, para desconcerto geral, dizia: “Eu também não sei, por isso estou perguntando”. Donde a famosa expressão atribuída a ele: “Sei que nada sei”. A consciência da própria ignorância é o começo da Filosofia. O que procurava Sócrates? Procurava a definição verdadeira do que era uma coisa, uma ideia, um valor. Procurava a essência verdadeira da coisa, da ideia, do valor. Procurava o conceito e não a mera opinião que temos de nós mesmos, das coisas, das ideias e dos valores. Qual a diferença entre uma opinião e um conceito? A opinião varia de pessoa para pessoa, de lugar para lugar, de época para época. É instável, mutável, depende de cada um, de seus gostos e preferências. O conceito, ao contrário, é uma verdade atemporal, universal e necessária que o pensamento descobre, mostrando que é a essência universal, atemporal e necessária de alguma coisa. Por isso, Sócrates não perguntava se tal ou qual coisa era bela – pois nossa opinião sobre ela pode variar e sim: O que é a beleza? Qual é a essência ou o conceito do belo? Do justo? Do amor? Da amizade? Sócrates perguntava: “Que razões rigorosas você possui para dizer o que diz e para pensar o que pensa?” “Qual é o fundamento racional daquilo que você fala e pensa?”. Ora, as perguntas de Sócrates se referiam a ideias, valores, práticas e comportamentos que os atenienses
julgavam certos e verdadeiros em si mesmos e por si mesmos. Sócrates acreditava, portanto, no poder da maiêutica. Maiêutica é justamente a sua técnica: fazer perguntas às pessoas até que elas descubram verdades e conceitos latentes em suas consciências. É a crença no poder da dialética em revelar as essências das coisas.
A Morte de Sócrates – Jacques-Louis David
Ao fazer suas perguntas e suscitar dúvidas, Sócrates os fazia pensar não só sobre si mesmos, mas também sobre a polis. Aquilo que parecia evidente acabava sendo percebido como duvidoso e incerto. Sabemos que os poderosos têm medo do pensamento, pois o poder é mais forte se ninguém pensar, se todo mundo aceitar as coisas como elas são, ou melhor, como nos dizem e nos fazem acreditar que elas são. Para os poderosos de Atenas, Sócrates tornara-se um perigo, pois fazia a juventude pensar. Por isso, eles o acusaram de desrespeitar os deuses, corromper os jovens e violar as leis. Levado perante a assembleia, Sócrates não se defendeu e foi condenado a tomar um veneno – a cicuta – e obrigado a suicidar-se. Mas por qual motivo Sócrates não se defendeu? “Porque”, dizia ele, “se eu me defender, estarei aceitando as acusações, e eu não as aceito. Se eu me defender, o que os juízes vão exigir de mim? Que eu pare de filosofar. Mas eu prefiro a morte a ter que renunciar à Filosofia”. O julgamento e a morte de Sócrates são narrados por Platão numa obra intitulada Apologia de Sócrates, isto é, a defesa de Sócrates, feita por seus discípulos, contra Atenas. Sócrates nunca escreveu. O que sabemos de seus pensamentos encontra-se nas obras de seus vários discípulos, e Platão foi o mais importante deles. Se reunirmos o que esse filósofo escreveu sobre os sofistas e sobre Sócrates, além da exposição de suas próprias ideias, poderemos apresentar como características gerais do período socrático:
§§ Filosofia se volta para as questões humanas no plano da ação, dos comportamentos, das ideias, das crenças, dos valores e, portanto, se preocupa com as questões morais e políticas. §§ O ponto de partida da Filosofia é a confiança no pensamento ou no homem como um ser racional, capaz de conhecer-se a si mesmo e, portanto, capaz de reflexão. Reflexão é a volta que o pensamento faz sobre si mesmo para conhecer-se; é a consciência conhecendo-se a si mesma como capacidade de conhecer as coisas, alcançando o conceito ou a essência delas. §§ Como se trata de conhecer a capacidade de conhecimento do homem, a preocupação se volta para o estabelecimento de procedimentos que nos garantam que encontramos a verdade, isto é, o pensamento deve oferecer a si mesmo caminhos próprios, critérios próprios e meios próprios para saber o que é o verdadeiro e como alcançá-lo em tudo o que investiguemos. §§ A Filosofia está voltada para a definição das virtudes morais e das virtudes políticas, tendo como objeto central de suas investigações a moral e a política, isto é, as ideias e práticas que norteiam os comportamentos dos seres humanos tanto como indivíduos quanto como cidadãos. Cabe à Filosofia, portanto, encontrar a definição, o conceito ou a essência dessas virtudes, para além da variedade das opiniões, para além da multiplicidade das opiniões contrárias e diferentes. As perguntas filosóficas se referem, assim, a valores como a justiça, a coragem, a amizade, a piedade, o amor, a beleza, a temperança, a prudência, etc., que constituem os ideais do sábio e do verdadeiro cidadão. É feita, pela primeira vez, uma separação radical entre, de um lado, a opinião e as imagens das coisas, trazidas pelos nossos órgãos dos sentidos, nossos hábitos, pelas tradições, pelos interesses, e, de outro lado, as ideias. As ideias se referem à essência íntima, invisível, verdadeira das coisas, e só podem ser alcançada s pelo pensamento puro, que afasta os dados sensoriais, os hábitos recebidos, os preconceitos, as opiniões. A reflexão e o trabalho do pensamento são tomados como uma purificação intelectual, que permite ao espírito humano conhecer a verdade invisível, imutável, universal e necessária.
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A opinião, as percepções e imagens sensoriais são consideradas falsas, mentirosas, mutáveis, inconsistentes, contraditórias, devendo ser abandonadas para que o pensamento siga seu caminho próprio no conhecimento verdadeiro. A diferença entre os sofistas, de um lado, e a filosofia socrática e platônica, de outro, é dada pelo fato de que os sofistas aceitam a validade das opiniões e das percepções sensoriais e trabalham com elas para produzir argumentos de persuasão, enquanto Sócrates e Platão consideram as opiniões e as percepções sensoriais, ou imagens das coisas, como fonte de erro, mentira e falsidade, formas imperfeitas do conhecimento que nunca alcançam a verdade plena da realidade.
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INTERATIVIDADE ASSISTIR Vídeo
A Vida Examinada de Sócrates Fonte: Youtube
Filme
Sócrates (1971)
Com direção do mestre italiano Roberto Rossellini (Roma, Cidade Aberta), esta superprodução europeia é a cinebiografia de Sócrates, um dos maiores filósofos da Humanidade. Rossellini mostra o final da vida de Sócrates, em especial seu julgamento e sua condenação à morte, com destaque para os célebres diálogos socráticos: “Apologia”, discurso de defesa do filósofo; “Críton”, em que um dos seus discípulos tenta convencê-lo a fugir da prisão; e “Fédon”, com seus últimos ensinamentos antes de tomar a cicuta. Inédito no Brasil, Sócrates é mais uma aula de cinema de Rossellini e um programa obrigatório para os interessados em Filosofia.
LER Livros Apologia de Sócrates – Platão O julgamento de Sócrates foi um dos fatos históricos mais importantes da Grécia Antiga e até hoje inspira escritores, artistas e filósofos. Em 399 a.C., Atenas estava se recompondo após a derrota para Esparta na Guerra do Peloponeso, tentando consolidar o ainda frágil regime democrático.
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Aprofunde seus conhecimentos 1. (PUC) Sócrates era cidadão comum de Atenas, até o oráculo de Delfos indicar que ele era o homem mais sábio de seu tempo. A partir daí, ele tomou como missão a maiêutica, que significa a arte de trazer a luz, através de longas conversas com interlocutores de todas as classes sociais. O que significa essa arte: a) Sócrates, que também era médico, auxiliava nos partos de Atenas. b) A luz do pensamento de Sócrates ofuscava o conhecimento da outras pessoas. c) Nenhuma das anteriores alternativas está correta. d) Através do diálogo promovido por Sócrates, a pessoa podia formular suas ideias e pensamentos. e) A Luz indica que a pessoa não precisava se esforçar para adquirir conhecimento. 2. O surgimento da filosofia entre os gregos está associado à passagem do pensamento mítico ao pensamento racional. A grande preocupação nesse momento era com questões: a) À história. b) À tristeza humana. c) Ao cosmo. d) À religião. e) À política. 3. Sócrates inaugura o período clássico da filosofia grega, também chamado de período antropológico. O problema do conhecimento passou a ser uma problemática central na filosofia socrática, pois “a briga” de Sócrates com os sofistas tinha por objetivo resgatar o amor pela sabedoria e a valorização pela busca da verdade. Nesse contexto, Sócrates inaugura seu método que se fundamenta em dois princípios básicos, que são: a) A indução e dedução das verdades lógicas; b) A doxa e o lógos convergindo para o conceito racional. c) A ironia e a Maiêutica enquanto caminhos para conhecer a verdade através do auto-conhecimento (conhecer-te a ti mesmo). d) O diálogo e a dúvida dialética. e) A amizade e a justiça social. 4. A filosofia ocidental teve início com os pensadores anteriores a Sócrates, por isso chamados de pré-socráticos, dos quais a maioria viveu em colônias gregas distantes de
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Atenas; destes pensadores pode-se dizer que: a) Com os pré-socráticos a filosofia se constitui numa ciência particular e não mais no estudo da realidade total. b) A mitologia tradicional grega fazia parte das suas doutrinas. c) Pitágoras e os seus discípulos dedicaram-se ao estudo da política e recusaram a interferência da matemática no estudo da cosmologia. d) Heráclito defendeu s idéia de permanência substancial e constante do ser, contra a noção de devir. e) Os naturalistas, ou fisiólogos da Jônia, dedicavam-se sobretudo ao estudo do cosmo, e muitos deles buscavam o princípio constitutivo do mundo em algum de seus elementos: ar, água, terra, ou fogo. 5. (PUC) Leia os enunciados abaixo a respeito do pensamento filosófico de Sócrates. I. O texto Apologia de Sócrates, cujo autor é Platão, apresenta a defesa de Sócrates diante das acusações dos atenienses, especialmente, os sofistas, entre os quais está Meleto. II. Sócrates dispensa a ironia como método para refutar as acusações e calúnias sofridas no processo de seu julgamento. III. Entre as acusações que Sócrates recebe está a de “corromper a juventude”. IV. Sócrates é acusado de ensinar as coisas celestes e terrenas, a não acreditar nos deuses e a tornar mais forte a razão mais débil. V. Sócrates nega que seus acusadores são ambiciosos e resolutos e, em grande número, falam de forma persuasiva e persistente contra ele. Assinale a alternativa que apresenta apenas as afirmativas CORRETAS. a) II, IV e V. b) I, III e IV. c) I, III e V. d) II, III e V. e) I, II e III. 6. (Unicamp) Apenas a procriação de filhos legítimos, embora essencial, não justifica a escolha da esposa. As ambições políticas e as necessidades econômicas que as subentendem exercem um papel igualmente poderoso. Como demonstraram inúmeros estudos, os dirigentes atenienses casam-se entre si, e geralmente com o parente mais próximo possível, isto é, primos coirmãos. É sintomático que os autores antigos que nos
informam sobre o casamento de homens políticos atenienses omitam os nomes das mulheres desposadas, mas nunca o nome do seu pai ou do seu marido precedente. Alain Corbin et al. História da virilidade. v. 1. Petrópolis: Vozes, 2014, p. 62.
Considerando o texto e a situação da mulher na Atenas clássica, podemos afirmar que se trata de uma sociedade a) na qual o casamento também tem implicações políticas e sociais. b) que, por ser democrática, dá uma atenção especial aos direitos da mulher. c) em que o amor é o critério principal para a formação de casais da elite. d) em que o direito da mulher se sobrepõe ao interesse político e social. 7. (UEA) O sofista é um diálogo de Platão do qual participam Sócrates, um estrangeiro e outros personagens. Logo no início do diálogo, Sócrates pergunta ao estrangeiro, a que método ele gostaria de recorrer para definir o que é um sofista. Sócrates: – Mas dize-nos [se] preferes desenvolver toda a tese que queres demonstrar, numa longa exposição ou empregar o método interrogativo? Estrangeiro: – Com um parceiro assim agradável e dócil, Sócrates, o método mais fácil é esse mesmo; com um interlocutor. Do contrário, valeria mais a pena argumentar apenas para si mesmo. Platão. O sofista, 1970. Adaptado.
É correto afirmar que o interlocutor de Sócrates escolheu, do ponto de vista metodológico, adotar: a) a maiêutica, que pressupõe a contraposição dos argumentos. b) a dialética, que une numa síntese final as teses dos contendores. c) o empirismo, que acredita ser possível chegar ao saber por meio dos sentidos. d) o apriorismo, que funda a eficácia da razão humana na prova de existência de Deus. e) o dualismo, que resulta no ceticismo sobre a possibilidade do saber humano. 8. (UFU) O diálogo socrático de Platão é obra baseada em um sucesso histórico: no fato de Sócrates ministrar os seus ensinamentos sob a forma de perguntas e respostas. Sócrates considerava o diálogo como a forma por excelência do exercício filosófico e o único caminho para chegarmos a alguma verdade legítima.
De acordo com a doutrina socrática: a) a busca pela essência do bem está vinculada a uma visão antropocêntrica da filosofia. b) é a natureza, o cosmos, a base firme da especulação filosófica. c) o exame antropológico deriva da impossibilidade do autoconhecimento e é, portanto, de natureza sofística. d) a impossibilidade de responder (aporia) aos dilemas humanos é sanada pelo homem, medida de todas as coisas. 9. (Unicamp) A sabedoria de Sócrates, filósofo ateniense que viveu no século V a.C., encontra o seu ponto de partida na afirmação “sei que nada sei”, registrada na obra Apologia de Sócrates. A frase foi uma resposta aos que afirmavam que ele era o mais sábio dos homens. Após interrogar artesãos, políticos e poetas, Sócrates chegou à conclusão de que ele se diferenciava dos demais por reconhecer a sua própria ignorância. O “sei que nada sei” é um ponto de partida para a Filosofia, pois a) aquele que se reconhece como ignorante torna-se mais sábio por querer adquirir conhecimentos. b) é um exercício de humildade diante da cultura dos sábios do passado, uma vez que a função da Filosofia era reproduzir os ensinamentos dos filósofos gregos. c) a dúvida é uma condição para o aprendizado e a Filosofia é o saber que estabelece verdades dogmáticas a partir de métodos rigorosos. d) é uma forma de declarar ignorância e permanecer distante dos problemas concretos, preocupando-se apenas com causas abstratas. 10. (UFU) Leia o trecho abaixo, que se encontra na Apologia de Sócrates de Platão e traz algumas das concepções filosóficas defendidas pelo seu mestre. Com efeito, senhores, temer a morte é o mesmo que se supor sábio quem não o é, porque é supor que sabe o que não sabe. Ninguém sabe o que é a morte, nem se, porventura, será para o homem o maior dos bens; todos a temem, como se soubessem ser ela o maior dos males. A ignorância mais condenável não é essa de supor saber o que não se sabe? Platão, A Apologia de Sócrates. In: HADOT, P. O que é a Filosofia Antiga? São Paulo: Ed. Loyola, 1999, p. 61.
Com base no trecho acima e na filosofia de Sócrates, assinale a alternativa INCORRETA. a) Sócrates prefere a morte a ter que renunciar a sua missão, qual seja: buscar, por meio da filosofia, a verdade, para além da mera aparência do saber. b) Sócrates leva o seu interlocutor a examinar-se, fazendo-o tomar consciência das contradições que traz consigo.
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c) Para Sócrates, pior do que a morte é admitir aos outros que nada se sabe. Deve-se evitar a ignorância a todo custo, ainda que defendendo uma opinião não devidamente examinada. d) Para Sócrates, o verdadeiro sábio é aquele que, colocado diante da própria ignorância, admite que nada sabe. Admitir o não-saber, quando não se sabe, define o sábio, segundo a concepção socrática.
Gabarito
30
1. D
2. C
3. C
4. C
5. B
6. A
7. A
8. A
9. A
10. C
Aula
3
Introdução ao pensamento de Platão Competências 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 15, 16, 18, 20, 22, 23, 24 e 25
Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades. H1
Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.
H2
Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
H3
Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos
H4
Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.
H5
Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder. H6
Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
H7
Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
H8
Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.
H9
Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial
H10
Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade histórico-geográfica.
Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais. H11
Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
H12
Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
H13
Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
H14
Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.
H15
Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social. H16
Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
H17
Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
H18
Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.
H19
Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
H20
Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade. H21
Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.
H22
Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
H23
Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.
H24
Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.
H25
Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.
Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos. H26
Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
H27
Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.
H28
Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócioambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.
H29
Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.
H30
Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.
Introdução Nascido em Atenas (428 a.C.), Platão é o primeiro grande filósofo da tradição ocidental a deixar uma obra escrita considerável. Tal obra, entretanto, só pode ser plenamente compreendida em função de pensamentos anteriores (ou mesmo contemporâneos) aos seus. É o caso do pensamento socrático (devemos lembrar que Sócrates foi professor de Platão, tendo, portanto, exercido enorme influência em sua obra). Um episódio envolvendo Sócrates, aliás, foi fundamental para a obra de Platão: ao ver o professor condenado à morte, Platão entende que a democracia ateniense estaria falida e inicia seu projeto de filosofia política.
Como se pode perceber com o mito da caverna, Platão afirma que os moradores da caverna são como nós, na vida cotidiana. Tomando as sombras como se fossem os próprios objetos, são incapazes de distinguir entre mera projeção de luz e aquilo que é real. Quando um dos moradores se convence da necessidade da busca pelo conhecimento e inicia o processo de libertação, chegando finalmente ao exterior da caverna, é ofuscado pelo sol (o conhecimento). Com o tempo, ele se acostuma à claridade e pode compreender a verdade que esta proporciona. Quando retorna, porém, é tido como louco e passa a ser odiado – afinal de contas, ele dizia aos demais que tudo aquilo que conheciam (seus valores, crenças e verdades) não passava de mera reprodução de algo muito superior.
O mito da caverna de Platão “Este famoso mito, extraído do livro VII de ‘A República’, exprime o dualismo fundamental no pensamento de Platão. As sombras projetadas na parede da caverna representam nossa experiência sensível, o mundo das aparências e do vir-a-ser. Os objetos verdadeiros, situados no exterior da caverna e iluminados pelo sol, simbolizam o mundo das verdades eternas, isto é, o mundo das ideias governadas pelo sol que é a ideia do bem. O prisioneiro, libertado da caverna e trazido para a luz do sol, representa a dialética ascendente. Note-se que ao retornar à caverna, ofuscado pelo sol, seus antigos camaradas o consideram cego. É o filósofo confundido no mundo da vida cotidiana ou o Albatroz de Baudelaire, caído no convés do navio: “Suas asas de gigante impedem-no de andar”.
A Teoria das Ideias de Platão O mito da caverna de Platão nos ajuda a entender sua teoria das Ideias. Para o filósofo, o mundo sensível, aquele que percebemos através dos sentidos, seria apenas uma cópia do mundo ideal. Platão parte do entendimento de que o homem, anteriormente à vida na terra, viveu em um mundo espiritual (o mundo ideal) e que seu corpo material é algo como uma prisão deste espírito. O ato de refletir, de pensar, é uma reprodução daquilo que experienciamos antes da vida, uma herança deste mundo espiritual.
VERGEZ, A.;HUISMAN, D. História dos Filósofos ilustrada pelos textos. 6. ed. Rio de Janeiro: Freiitas Bastos, 1984.
Estátua de Platão, em Atenas.
Quando olhamos para um objeto ou um ser vivo, por exemplo, na verdade estamos reconhecendo a ideia do objeto ou ser em questão. Esta ideia já estava gravada em nossa mente. Assim, Platão afirma que há ideias inatas. Já nascemos sabendo que um cachorro é um ca-
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chorro, pois tivemos contato com o “cachorro ideal”, perfeito e não degenerado no mundo espiritual. Quando vemos um cachorro neste plano, colocamos o animal nesta categoria pois o reconhecemos como tal – ainda que o cachorro visto aqui seja muito inferior ao cachorro ideal, pois é mera representação. Para Platão, as ideias não são formas abstratas do pensamento: são realidades objetivas, modelos eternos dos objetos e seres que podemos enxergar – e que não passam de meras cópias imperfeitas destes modelos. As ideias são como as formas de um biscoito, e o que vemos neste mundo são os biscoitos já assados. Os biscoitos prontos podem estar quebrados ou quei-
Academia de Platão
mados, e posteriormente podem ser comidos, deixando de existir – mas a forma está perfeita e intacta, eterna e imutável.
A moral
O filósofo dizia que a ideia de homem, por exemplo, é abstrata e perfeita, universal e imutável. Os seres humanos que conhecemos, contudo, são meras cópias degeneradas, imperfeitas e efêmeras. Um dia morrerão, deixando de existir – mas a ideia de homem, esta permanece.
O método Como se pode inferir do mito da caverna, no entendimento de Platão todo homem deve buscar o conheci-
Platão quer que a Ideia do bem seja derramada na natureza humana. A felicidade para ele não está identificada com o prazer, pois era isso que os sofistas pregavam. Falta ao prazer estabilidade e plenitude, pois novos desejos levam a novos sofrimentos em um movimento que parece não ter fim. Ele identifica a sabedoria com a felicidade, mas acredita na desigualdade das inclinações dos homens para a prática da virtude; uns se contentariam com a coragem, outros com a temperança; poucos, no entanto, buscariam a virtude perfeita. Esses possuiriam o germe divino da sabedoria.
mento (no mito, sair do mundo das ideias – a caverna – e alcançar o mundo ideal, exterior). Essa busca pelo desconhecido seria, na visão do filósofo, um processo, um caminho que deve ser percorrido com o auxílio de descobertas até o momento em que se estivesse preparado para compreender a verdade, aproximando-se do mundo ideal. Este processo, afirma Platão, se daria pelo diálogo – sendo, portanto, um método dialético. É clara a influência de Sócrates neste pensamento. Diferentemente de seu professor, porém, Platão afirma que o diálogo, por si só, não é suficiente. Para o filósofo, este apenas possibilita ao interlocutor perceber que a busca por conhecimento e a rejeição da ignorância são processos com diferentes etapas e que requerem alto esforço e uma postura filosófica muito além da vida cotidiana.
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A política para Platão A visão que Platão tem da política de sua época tem estreita relação com sua posição filosófica. Por entender que o homem deve buscar a verdade ao longo da vida, Platão também afirma que o homem deve buscar a educação política e da alma e que o filósofo, por estar próximo da verdade, deve participar ativamente da vida política da pólis. Em sua obra, Platão nota que há diferentes formas de regimes políticos, categorizando-as. São elas a Aristocracia, ou o governo dos melhores; a Monarquia, que Platão entende como o governo de um só; e a Democracia, ou governo cujo poder emana do povo. Platão afirma que, para cada uma destas formas de go-
verno, há uma forma degenerada. Deve-se lembrar que, para Platão, tudo aquilo presente no mundo sensível já é degenerado por si só. Assim sendo, a degeneração dos sistemas políticos seria igualmente inevitável. A aristocracia tende à oligarquia, um governo em que a elite governa de acordo com os próprios interesses. A monarquia se corromperia até se transformar em uma tirania. A democracia, por sua vez, tenderia à anarquia. Perceba que em todos os casos, o que define a forma degenerada é o fato de que aqueles que governam, o fazem em causa própria – e não em prol da coletividade, como Platão julga ideal. Em sua obra, Platão divide o povo em classes sociais. Para o filósofo, há a classe econômica, formada por agricultores, comerciantes e outros profissionais liberais; a classe militar, formada pelos guerreiros, e a classe legislativa. Cada classe tem interesses e atribuições muito próprias, segundo ele. É quando os interesses de uma classe se sobrepõem aos de outra que a injustiça se origina, afirma Platão. O filósofo defende ainda que a classe legislativa deve, necessariamente, ser composta por homens que tenham alcançado a ciência política por meio do saber filosófico (sempre a partir da ideia de processo do conhecimento desenvolvida no mito da caverna). Somente assim a política seria entendida como uma atividade que visa o bem coletivo, e não a busca por poder. Em seu pensamento político, Platão defende que a escravidão é um mal. Coloca-se ainda a favor da igualdade política entre homens e mulheres – um pensamento bastante avançado para a época.
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INTERATIVIDADE ASSISTIR Vídeo
Mito da caverna de Platão Fonte: Youtube
LER Livros Fédon – Platão Retrata a morte de Sócrates, elencando-se entre as principais obras de Platão. O principal tema abordado pelo livro é a imortalidade da alma.
A República – Platão Autor de vasta obra filosófica, Platão preocupou-se com o conhecimento das verdades essenciais que determinam a realidade e, a partir disso, estabe leceu os princípios éticos que devem nortear o mundo social. A República é uma das obras-primas de Platão. Nela o filósofo expõe suas ideias políticas, filosóficas, estéticas e jurídicas. Aqui se encontra a Alegoria da Caverna, uma das mais belas passagens de toda obra de Platão. O filósofo imaginou um estado ideal, sustentado no conceito de justiça. Leitura obrigatória.
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Aprofunde seus conhecimentos 1. (Uncisal) No contexto da Filosofia Clássica, Platão e Aristóteles possuem lugar de destaque. Suas concepções, que se opõem, mas não se excluem, são amplamente estudadas e debatidas devido à influência que exerceram, e ainda exercem, sobre o pensamento ocidental. Todavia é necessário salientar que o produto dos seus pensamentos se insere em uma longa tradição filosófica que remonta a Parmênides e Heráclito e que influenciou, direta ou indiretamente, entre outros, os racionalistas, empiristas, Kant e Hegel. Observando o cerne da filosofia de Platão, assinale nas opções abaixo aquela que se identifica corretamente com suas concepções. a) A dicotomia aristotélica (mundo sensível X mundo inteligível) se opõe radicalmente as concepções de caráter empírico defendidas por Platão. b) A filosofia platônica é marcada pelo materialismo e pragmatismo, afastando-se do misticismo e de conceitos transcendentais. c) Segundo Platão a verdade é obtida a partir da observação das coisas, por meio da valorização do conhecimento sensível. d) Para Platão, a realidade material e o conhecimento sensível são ilusórios. e) As concepções platônicas negam veementemente a validade do Inatismo. 2. (Unisc) Nos livros II e III, Platão, através de Sócrates, discute sobre as artes no contexto da educação dos guardiães. Já no livro X, ele trata de vários tipos de práticas artísticas, que devem ser consideradas na cidade como um todo, não somente nas instituições pedagógicas. Nesse último livro, Sócrates é duro ao afirmar que a poesia (imitativa) deve ser inteiramente excluída da cidade (595a). Em que obra essa recusa de Sócrates está registrada? a) No diálogo “Banquete”, de Platão, em que Sócrates trata dos diversos tipos de arte. b) No diálogo “Teeteto”, de Platão, em que Sócrates e esse personagem discutem sobre a natureza da arte, especialmente da poesia. c) No diálogo “Timeu”, de Platão, em que Sócrates discorre sobre o tema da arte, reportando-se à natureza da pintura e da poesia. d) No diálogo “Político”, de Platão, em que Sócrates apresenta a arte da política aos cidadãos atenienses. e) No diálogo “República”, de Platão, no qual Sócrates afirma que a poesia pode levar à corrupção do caráter humano.
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3. (UEL) Leia o texto a seguir. Para esclarecer o que seja a imitação, na relação entre poesia e o Ser, no Livro X de A República, Platão parte da hipótese das ideias, as quais designam a unidade na pluralidade, operada pelo pensamento. Ele toma como exemplo o carpinteiro que, por sua arte, cria uma mesa, tendo presente a ideia de mesa, como modelo. Entretanto, o que ele produz é a mesa e não a sua ideia. O poeta pertence à mesma categoria: cria um mundo de mera aparência. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria das ideias de Platão, é correto afirmar: a) Deus é o criador último da ideia, e o artífice, enquanto co-participante da criação divina, alcança a verdadeira causa das coistas a partir do reflexo da ideia ou do simulacro que produz. b) A participação das coisas às ideias permite admitir as realidades sensíveis como as causas verdadeiras acessíveis à razão. c) Os poetas são imitadores de simulacros e por intermédio da imitação não alcançam o conhecimento das ideias como verdadeiras causas de todas as coisas. d) As coisas belas se explicam por seus elementos físicos, como a cor e a figura, e na materialidade deles encontram sua verdade: a beleza em si e por si. e) A alma humana possui a mesma natureza das coisas sensíveis, razão pela qual se torna capaz de conhecê-las como tais na percepção de sua aparência. 4. (UENP) Platão foi um dos filósofos que mais influenciaram a cultura ocidental. Para ele, a filosofia tem um fim prático e é capaz de resolver os grandes problemas da vida. Considera a alma humana prisioneira do corpo, vivendo como se fosse um peregrino em busca do caminho de casa. Para tanto, deveria transpor os limites do corpo e contemplar o inteligível. Assinale a alternativa correta. a) A teoria das ideias não pode ser considerada uma chave de leitura aplicável a todo pensamento platônico. b) Como Sócrates, Platão desenvolveu uma ética racionalista que desconsiderava a vontade como elemento fundamental entre os motivadores da ação. Ele acreditava que o conhecimento do bem era suficiente para motivar a conduta de acordo com essa ideia (agir bem). c) Platão propõe um modelo de organização política da sociedade que pode ser considerado estamental e antidemocrático. Para
ele, o governo não deveria se pautar pelo princípio da maioria. As almas têm natureza diversa, de acordo com sua composição, isso faz com que os homens devam ser distribuídos de acordo com essa natureza, divididos em grupos encarregados do governo, do controle e do abastecimento da polis. d) Platão chamava o conhecimento da verdade de doxa e o contrapõe a outra forma de conhecimento (inferior) denominada episteme. e) Para Platão, a essência das coisas é dada a partir da análise de suas causas material e final. 5. (UEL) Leia o texto a seguir. Platão, em A República, tem como objetivo principal investigar a natureza da justiça, inerente à alma, que, por sua vez, manifesta-se como protótipo do Estado ideal. Os fundamentos do pensamento ético-político de Platão decorrem de uma correlação estrutural com constituição tripartite da alma humana. Assim, concebe uma organização social ideal que permite assegurar a justiça. Com base neste contexto, o foco da crítica às narrativas poéticas, nos livros II e III, recai sobre a cidade e o tema fundamental da educação dos governantes. No Livro X, na perspectiva da defesa de seu projeto ético-político para a cidade fundamentada em um logos crítico e reflexivo que redimensiona o papel da poesia, o foco desta crítica se desloca para o indivíduo ressaltando a relação com a alma, compreendida em três partes separadas, segundo Platão: a racional, a apetitiva e a irascível. Com base no texto e na crítica de Platão ao caráter mimético das narrativas poéticas e sua relação com a alma humana, é correto afirmar: a) A parte racional da alma humana, considerada superior e responsável pela capacidade de pensar, é elevada pela natureza mimética da poesia à contemplação do Bem. b) O uso da mímesis nas narrativas poéticas para controlar e dominar a parte irascível da alma é considerado excelente prática propedêutica na formação ética do cidadão. c) A poesia imitativa, reconhecida como fonte de racionalidade e sabedoria, deve ser incorporada ao Estado ideal que se pretende fundar. d) O elemento mimético cultivado pela poesia é justamente aquele que estimula, na alma humana, os elementos irracionais: os instintos e as paixões. e) A reflexividade crítica presente nos elementos miméticos das narrativas poéticas permite ao indivíduo alcançar a visão das coisas como realmente são.
6. O texto é parte do livro VII da República, obra na qual Platão desenvolve o célebre Mito da Caverna. Sobre o Mito da Caverna, é correto afirmar. I. A caverna iluminada pelo Sol, cuja luz se projeta dentro dela, corresponde ao mundo inteligível, o do conhecimento do verdadeiro ser. II. Explicita como Platão concebe e estrutura o conhecimento. III. Manifesta a forma como Platão pensa a política, na medida em que, ao voltar à caverna, aquele que contemplou o bem quer libertar da contemplação das sombras os antigos companheiros. IV. Apresenta uma concepção de conhecimento estruturada unicamente em fatores circunstanciais e relativistas. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e IV são corretas. b) Somente as afirmativas II e III são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas. 7. (Uepa) Leia o texto para responder à questão. Platão: A massa popular é assimilável por natureza a um animal escravo de suas paixões e de seus interesses passageiros, sensível à lisonja, inconstante em seus amores e seus ódios; confiar-lhe o poder é aceitar a tirania de um ser incapaz da menor reflexão e do menor rigor. Quanto às pretensas discussões na Assembleia, são apenas disputas contrapondo opiniões subjetivas, inconsistentes, cujas contradições e lacunas traduzem bastante bem o seu caráter insuficiente. CHATELET, F. História das Ideias Políticas. Rio de Janeiro: Zahar, 1997, p. 17
Os argumentos de Platão, filósofo grego da antiguidade, evidenciam uma forte crítica à: a) oligarquia b) república c) democracia d) monarquia e) plutocracia 8. (Unesp) O que é terrível na escrita é sua semelhança com a pintura. As produções da pintura apresentam-se como seres vivos, mas se lhes perguntarmos algo, mantêm o mais solene silêncio. O mesmo ocorre com os escritos: poderíamos imaginar que falam como se pensassem, mas se os interrogarmos sobre o que dizem (...) dão a entender somente uma coisa, sempre a mesma (...) E quando são maltratados e insultados, injustamente, têm sempre a necessidade do auxílio de seu autor porque são incapazes de se defenderem, de assistirem a si mesmos. Platão, Fedro ou Da beleza.
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Nesse fragmento, Platão compara o texto escrito com a pintura, contrapondo-os à sua concepção de filosofia. Assinale a alternativa que permite concluir, com apoio do fragmento apresentado, uma das principais características do platonismo. a) Platão constrói o conhecimento filosófico por meio de pequenas sentenças com sentido completo, as quais, no seu entender, esgotam o conhecimento acerca do mundo. b) A forma de exposição da filosofia platônica é o diálogo, e o conhecimento funda-se no rigor interno das argumentações, produzido e comprovado pela confrontação dos discursos. c) O platonismo se vale da oratória política, sem compromisso filosófico com a busca da verdade, mas dirigida ao convencimento dos governantes das Cidades. d) A poesia rimada é o veículo de difusão das ideias platônicas, sendo a filosofia uma sabedoria alcançada na velhice e ensinada pelos mestres aos discípulos. e) O discurso platônico tem a mesma natureza do discurso religioso, pois o conhecimento filosófico modifica-se segundo as habilidades e a argúcia dos filósofos. 9. (UFPI) A respeito da cultura grega, leia as sínteses filosóficas abaixo. I. A ciência, a moral e os credos religiosos eram criações humanas válidas para determinados grupos sociais em um determinado período. II. Sua principal contribuição filosófica foi a Teoria das Ideias, segundo a qual as ideias são a essência dos conceitos e das coisas e, portanto, transcendentes ao homem, que delas tem apenas um pálido reflexo. III. Defendia a existência de um conhecimento estável e válido para todos. Sua grande preocupação era o autoconhecimento que poderia ser obtido através da ironia e da maiêutica. As sínteses que você acabou de ler podem ser associadas, respectivamente, a: a) Platão, Aristóteles e Sócrates b) Platão, Sofistas e Aristóteles c) Sócrates, Sofistas e Platão d) Sofistas, Platão e Sócrates e) Platão, Sofistas e Sócrates 10. (IFSP) “– Mas escuta, a ver se eu digo bem. O princípio que de entrada estabelecemos que devia observar-se em todas as circunstâncias, quando fundamos a cidade, esse princípio é, segundo me parece, ou ele ou uma das suas formas, a justiça. Ora nós estabelecemos, segundo suponho, e repetimo-lo muitas vezes, se bem te lembras, que cada
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um deve ocupar-se de uma função na cidade, aquela para qual a sua natureza é mais adequada.” Platão. A República. Trad. de Maria Helena da Rocha Pereira. 7. ed. Lisboa: Calouste-Gulbenkian, 2001, p. 185.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a concepção platônica de justiça, na cidade ideal, assinale a alternativa correta. a) Para Platão, a cidade ideal é a cidade justa, ou seja, a que respeita o princípio de igualdade natural entre todos os seres humanos, concedendo a todos os indivíduos os mesmos direitos perante a lei. b) Platão defende que a democracia é fundamento essencial para a justiça, uma vez que permite a todos os cidadãos o exercício direto do poder. c) Na cidade ideal platônica, a justiça é o resultado natural das ações de cada indivíduo na perseguição de seus interesses pessoais, desde que esses interesses também contribuam para o bem comum. d) Para Platão, a formação de uma cidade justa só é possível se cada cidadão executar, da melhor maneira possível, a sua função própria, ou seja, se cada um fizer bem aquilo que lhe compete, segundo suas aptidões. e) Platão acredita que a cidade só é justa se cada membro do organismo social tiver condições de perseguir seus ideais, exercendo funções que promovam sua ascensão econômica e social.
Gabarito 1. D
2. E
3. C
4. C
5. E
6. B
7. C
8. B
9. D
10. D
Aula
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Introdução ao pensamento de Aristóteles Competências 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 15, 16, 18, 20, 22, 23, 24 e 25
Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades. H1
Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.
H2
Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
H3
Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos
H4
Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.
H5
Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder. H6
Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
H7
Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
H8
Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.
H9
Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial
H10
Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade histórico-geográfica.
Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais. H11
Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
H12
Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
H13
Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
H14
Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.
H15
Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social. H16
Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
H17
Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
H18
Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.
H19
Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
H20
Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade. H21
Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.
H22
Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
H23
Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.
H24
Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.
H25
Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.
Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos. H26
Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
H27
Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.
H28
Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.
H29
Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.
H30
Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.
Conceitos da Filosofia de Aristóteles Partindo como Platão do mesmo problema acerca do valor objetivo dos conceitos, mas abandonando a solução do mestre, Aristóteles constrói um sistema inteiramente original. Os caracteres desta grande síntese são: 1. Observação fiel da natureza – Platão, idealista, rejeitara a experiência como fonte de conhecimento certo. Aristóteles, mais positivo, toma sempre o fato como ponto de partida de suas teorias, buscando na realidade um apoio sólido às suas mais elevadas especulações metafísicas. 2. Rigor no método – Depois de estudar as leis do pensamento, o processo dedutivo e indutivo, Aristóteles os aplica, com rara habilidade, em todas as suas obras, substituindo a linguagem imaginosa e figurada de Platão, em estilo primoroso e conciso, e criando uma terminologia filosófica de precisão admirável. Pode considerar-se como o autor da metodologia e tecnologia científicas. Geralmente, no estudo de uma questão, Aristóteles procede por partes: a) começa a definir-lhe o objeto; b) passa a enumerar-lhes as soluções históricas; c) propõe depois as dúvidas; d) indica, em seguida, a própria solução; e, refuta, por último, as sentenças contrárias. 3. Unidade do conjunto – Sua vasta obra filosófica constitui um verdadeiro sistema, uma verdadeira síntese. Todas as partes se compõem, se correspondem, se confirmam.
O pensamento de Aristóteles “Mestre dos que sabem”, assim Dante se refere a ele na Divina Comédia. Com Platão, Aristóteles criou o núcleo inspirador de toda a filosofia posterior. Mais realista do que o seu professor, Aristóteles percorre todos os caminhos do saber: da biologia à metafísica, da psicologia à retórica, da lógica à política, da ética à poesia. Impossível resumir a fecundidade do seu pensamento em todas as áreas. A obra aristotélica só se integra na cultura
filosófica europeia da Idade Média, através dos árabes, no século XIII, quando é conhecida a versão (orientalizada) de Averróis, o seu mais importante comentarista. Depois, São Tomás de Aquino vai incorporar muitos passos das suas teses no pensamento cristão, a teoria das causas. O conhecimento é o conhecimento das causas: 1. Causa material (aquilo de que uma coisa é feita); 2. Causa formal (aquilo que faz com que uma coisa seja o que é); 3. Causa eficiente (a que transforma a matéria); 4. Causa final (o objetivo com que a coisa é feita). Todas pressupõem uma causa primeira, uma causa sem causa, o motor imóvel do cosmos, a divindade, que é a realidade suprema, a substância plena que determina o movimento e a unidade do universo. Mas para Aristóteles a divindade não tem a faculdade da criação do mundo, este existe desde sempre. É a filosofia cristã que vai dar à divindade o poder da Criação. Aristóteles opõe-se, frequentemente, a Platão e a sua Teoria das Ideias. Para o estagirita, não é possível pensar uma coisa sem lhe atribuir uma substância, uma quantidade, uma qualidade, uma a tividade, uma passividade, uma posição no tempo e no espaço, etc. Há duas espécies de ser: os verdadeiros, que subsistem por si, e os acidentes. Quando se morre, a matéria fica; a forma, o que caracteriza as qualidades particulares das coisas, desaparece. Os objetos sensíveis são constituídos pelo princípio da perfeição (o ato), são enquanto são e pelo princípio da imperfeição (a potência), através do qual lhes permite a aquisição de novas perfeições. O ato explica a unidade do ser, a potência, a multiplicidade e a mudança. Aristóteles é o criador da biologia. A sua observação da natureza, sem dispor dos mais elementares meios de investigação (como o microscópio, por exemplo), apesar de ter hoje um valor quase só histórico, não deixa de ser extraordinária. Apesar disso, Aristóteles cometeu alguns erros e incorreções. Alguns são célebres. Na zoologia, por exemplo, considera que o homem tinha oito pares de costelas, não reconhece os ossos do crânio humano, supõe que as artérias estão cheias de ar (como, aliás, supunham os médicos gregos), pensa que o homem tem um só pulmão. Não esqueçamos: Aristóteles classificou e descreveu cerca de quinhentas espécies animais, das quais teria dissecado cinquenta – mas nunca dissecou um ser humano. A grandeza genial da
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sua obra não pode ser questionada por tão raros erros, frutos da época – mais de 2000 anos.
Aristóteles, DE Francesco Hayez (1811).
Com isso, o que mais o interessava era a natureza viva. A ele se deve a origem da linguagem técnica das ciências e o princípio da sua sistematização e organização. Tudo se move e existe em círculos concêntricos, tendente a um fim. Todas as coisas se separam em função do lugar próprio que ocupam, determinado pela natureza. Enquanto Platão age no plano das ideias, usando só a razão e mal reparando nas transformações da natureza, Aristóteles interessa-se por estas e pelos processos físicos. Não deixando de se apoiar na razão, o filho de Nicómaco usa também os sentidos. Para Platão a realidade é o que pensamos. Para Aristóteles é também o que percebemos ou sentimos. O que vemos na natureza, diz Platão, é o reflexo do que existe no mundo das ideias, ou seja, na alma dos homens. Aristóteles dirá: o que está na alma do homem é apenas o reflexo dos objectos da natureza, a razão está vazia enquanto não sentimos nada. Daí a diferença de estilos: Platão é poético, Aristóteles é pormenorizado, preferindo, porém, o fragmento ao detalhe. Apesar de se saber que Aristóteles foi profícuo autor de várias obras, chegaram até nós 47 textos do fundador do Liceu, provavelmente inacabados por serem apontamentos para as lições. Um dos vetores fundamentais do pensamento de Aristóteles é a Lógica, assim chamada posteriormente (ele preferiu sempre a designação de Analítica). A Lógica é a arte de orientar o pensamento nas suas várias direções para impedir o homem de cair no erro. Sua obra “Organon” ficará para sempre um modelo de instrumento científico ao serviço da reflexão.
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O fim último do homem é a felicidade. Esta atinge-se quando o homem realiza, devidamente, as suas tarefas, o seu trabalho, na polis, a cidade. A vida da razão é a virtude. Uma pessoa virtuosa é a que possui a coragem (não a covardia, não a audácia), a competência (a eficiência), a qualidade mental (a razão) e a nobreza moral (a ética). O verdadeiro homem virtuoso é o que dedica largo espaço à meditação. Mas nem o próprio sábio se pode dedicar, totalmente, à reflexão. O homem é um ser social. O que vive, isoladamente ou é um Deus ou uma besta. A razão orienta o ser humano para que este evite o excesso ou o defeito (a coragem – não a covardia ou a temeridade). O homem deve encontrar o meio-termo, o justo meio; deve viver usando a riqueza com prudência, os prazeres com moderação, e conhecendo exatamente o que deve temer.
O mestre, o discípulo Havia várias escolas em Atenas. Mas a Academia de Platão era a mais acreditada. Aristóteles, apesar do seu aspecto elegante, requintado, barba raspada e cabelo cortado, é o provinciano na grande urbe, centro e farol do Mundo. Tem dificuldades na língua do povo com quem se acotovela nas ruas. Ninguém o conhece. A cidade é poeirenta, o ar sufocante, úmido, respira-se mal. Fala-se muito depressa, usam expressões que Aristóteles não decifra. Além do mais ciciava, quase gaguejava, sua voz era branda, fraca, tímida. Nunca seria um orador, mas um leitor. Na Academia descobriram que era de fora. Da Macedônia, perguntaram? Sim, nasci lá, responde Aristóteles, prudentemente, como se quisesse que o fato fosse ocasional. Para ele, a prudência é uma virtude que será fundamental na sua ética. Recomendará sempre: prevejam-se as saídas possíveis, imaginem-se as consequências, avaliem-se as dificuldades – antes da decisão. Estava em Atenas. Isso é o que importava. À noroeste, fora das portas da cidade, ficava a escola de Platão, um velho ginásio sob a proteção do herói Hecadémio. Não se entrava na Academia para tirar um curso de xis anos. Entrava-se, saía-se, ficava-se o tempo que se desejassem. Não havia carreiras, exames, cursos com limites. Frequentava-se para aprender, para ensinar. Uma palavra elogiosa do mestre, um estímulo, era o bastan-
te. Platão dizia que Aristóteles foi o melhor dos seus alunos, a Inteligência, o Cérebro, o Espírito puro. Por isso, o jovem macedônio ficou vinte anos na Academia, estudando, encarregando-se de disciplinas, ensinando. A escola era um minicosmos da cidade, da sociedade. Invejas, vexações, intrigas, conspirações, grupos. Toda Atenas cosmopolita, variegada de gentes, vivia uma vida versátil, animada, faladora, sulcada e fecundada pelos boatos, pelo diz que me diz que.
Busto de Aristóteles no Parque Aristóteles, em Estagira, cidade natal do Filósofo.
Aristóteles frequentava os pontos de encontro, os cafés, as tertúlias, mas também os artesãos, os comerciantes, os soldados, as gentes do porto, a boemia – gostava de vinho, de rir, de ouvir anedotas e historietas, de mulheres. Não se lhe conhece, de prova provada, pendor para a beleza e a graça masculinas que tanto seduziam os amigos de Platão (ainda assim, alguns autores dirão que também ele se deixou atrair pelos jovens, que teve em Atenas momentos de grande luxúria e devassidão). Partilha, isso sim, a amizade, a filia, essa afeição da alma, como dirá, necessária para um homem “completo e perfeito” e para a organização da polis. Teofrasto vai ser o amigo fiel que o acompanhará toda a vida e a quem confiará a execução do seu testamento e a continuação do Liceu que Aristóteles irá fundar. Xenócrates, outro colega, marrão e teimoso, fez parte dos seus amigos acadêmicos, até ao rompimento. Ao contrário de Platão, que despreza o rumor, o diz que me diz que, à opinião, o que se ouve, à doxa, Aristóteles deu-lhe sempre atenção, muitas vezes para a avaliar a contrário ou dela extrair o que é verossímil. Não será só quanto à doxa que se manifestará o desacordo com Platão, mais velho do que ele quarenta e três anos. Esse desacordo, todavia, jamais será conflito ou oposição violenta. Até ao último dos seus dias, Aristóteles foi pró-
-platónico, mesmo divergindo. Uma frase que se lhe atribui, embora não formulada exatamente desta forma: “amigo de Platão, mas mais amigo da verdade”. Diógenes de Laércio, seu biógrafo, não muito fiel nem muito admirador, conta inúmeras histórias e frases de Aristóteles. Qual a diferença entre os sábios e os ignorantes? O que há entre os vivos e os mortos. O que envelhece mais depressa? A gratidão. Que é a esperança? O sonho de um homem acordado. Que é um amigo? Uma só alma em dois corpos. Que comportamento devemos ter para com os amigos? Como gostaríamos que se comportassem conosco. A um fala barato que pedia desculpa por tê-lo incomodado respondeu: não tem importância, não estive a ouvi-lo. Alguém o censurou por dar esmola a um vadio: não dei ao indivíduo, dei ao homem. Quando Aristóteles completa trinta e sete anos, Platão morre. Espeusipo, filósofo e professor medíocre que viria a sucumbir de morte sinistra, devorado pelos piolhos, sobrinho de Platão e ateniense dos quatro costados, será, por testamento, o novo diretor da Academia. É provável que Aristóteles se tenha enfurecido. Não suporta a afronta. Na Ásia, em Assos, o seu amigo Hermias (que também passara pela Academia) eunuco e escravo liberto, rico, poderoso, amigo da filosofia, é, agora o tirano. Aristóteles parte para lá, a fim de fundar uma escola. O segundo exílio. Atenas fica para trás. Uma memória viva, uma experiência vivida que Aristóteles sonhara repetir. E repetiu.
A Ética No campo da ética, segundo Aristóteles, todos nós queremos ser felizes no sentido mais pleno dessa palavra. Para obter a felicidade, devemos desenvolver e exercer nossas capacidades no interior do convívio social. Aristóteles acredita que a autoindulgência e a autoconfiança exageradas criam conflitos com os outros e prejudicam nosso caráter. Contudo, inibir esses sentimentos também seria prejudicial. Vem daí sua célebre doutrina do justo meio, pela qual a virtude é um ponto intermediário entre dois extremos, os quais, por sua vez, constituem vícios ou defeitos de caráter. Por exemplo, a generosidade é uma virtude que se situa entre o esban-
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jamento e a mesquinharia. A coragem fica entre a imprudência e a covardia; o amor-próprio, entre a vaidade e a falta de autoestima, o desprezo por si mesmo. Nesse sentido, a ética aristotélica é uma ética do comedimento, da moderação, do afastamento de todo e qualquer excesso. Em outras palavras: “[A ética] é uma disposição interior constante que pertence ao gênero das ações voluntárias feitas por escolha deliberada sobre os meios possíveis para alcançar um fim que está ao alcance ou no poder do agente e que é um bem para ele. Sua causa material é o éthos do agente, sua causa formal, a natureza racional do agente, sua causa final, o bem do agente, sua causa eficiente, a educação do desejo do agente. É a disposição voluntária e refletida para a ação excelente, tal como praticada pelo homem prudente”. CHAUÍ, M. Introdução à história da filosofia, vol. I - Dos pré-socráticos a Aristóteles. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 455.
A Política Por contraste, o poder político se distingue do poder privado, ou doméstico. Este, para Aristóteles, seria o poder do senhor sobre o escravo, do pai sobre o filho e a mulher, da família sobre suas propriedades. Concentrar-se-ia no âmbito do oikos (casa), na qual se tomariam decisões de âmbito privado e, sobremaneira, econômico. A comunidade política, por sua vez, estaria em grau de relevância superior à privada, uma vez que suas ações e realizações recairiam sobre todos os membros da sociedade. Não seria concebível, portanto, para Aristóteles, confundir a esfera pública e privada. O poder político teria um agente e uma finalidade: o Estado e a felicidade pública, respectivamente. Indiferente às formas de governo, o Estado é o sujeito constante da política, é a única instituição existente que objetiva a vida feliz e em comunhão. Aristóteles estudou centenas de constituições políticas de seu tempo. Concluiu que havia tantas formas de governo quanto tipos de cidadãos. Aquele cidadão da democracia, por exemplo, não é o mesmo da oligarquia. Após longa reflexão, definiu cidadania como a possibilidade de direito de voto nas assembleias e de participação no exercício do poder público. A extensão da cidadania estaria circunscrita a cada forma de governo, sendo alguns mais abertos à participação do que outros. Quanto às formas de governo, haveria dois critérios distintivos: número e justiça. O governo pode ser exercido por uma, poucas ou muitas pessoas; pode governar para si ou para o bem comum. A tabela abaixo resume a sistematização das formas de governo feita por Aristóteles: Formas de governo para Aristóteles BONS REGIMES POLÍTICOS Monarquia
Governo de um só, que considera o bem comum
Aristocracia Governo de alguns, que considera o bem comum Politeia
REGIMES POLÍTICO DEGENERADOS Tirania
Governo de um que só considera o bem governante
Oligarquia
Governo de alguns, que só considera o bem dos ricos
Governo de muitos que considera o bem comum Democracia Governo de muitos que só considera o bem dos pobres
(Disponível em: <http://pt.slideshare.net/edivaldopinheironegrao/o-que-poltica-em-aristteles>, Acessado em: 25/01/2017)
Cabe ressaltar a distinção entre Politeia – ou República – e Democracia. O conceito de Democracia, para Aristóteles, é diferente do conhecido por nós. Seria um governo degenerado, pois concentrado apenas pela maioria pobre. A camada rica da população – que concentra boa parte dos intelectuais, artistas, etc. – sofreria inúmeras sanções e opressões dos pobres, gerando revanchismos e instabilidades. As mesmas vicissitudes se repetiriam na Oligarquia, que nada mais é do que o governo dos ricos que vilipendiam os pobres. Haveria, portanto, uma forma de governo mista e estável: a Politeia, uma junção entre Democracia e Oligarquia. Quanto mais cidadãos médios houvesse entre ricos e pobres, mais estável seria a Politeia. Tal estrato médio seria um amortecedor entre a ganância dos ricos e o ódio e a inveja dos pobres.
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Haveria, contudo, para Aristóteles, uma melhor forma de governo? Não. A melhor forma de governo é o melhor governo possível. Cada sociedade, determinada por sua história, costumes, geografia e valores erigiria uma forma de governo compatível às suas possibilidades e qualidades.
O papel da arte A poética tem, para Aristóteles, um papel importantíssimo nisso, à medida que é a arte – em especial a tragédia – que nos proporciona as grandes noções sobre a vida, por meio de uma experiência emocional. Identificamo-nos com os personagens da tragédia e isso nos proporciona a catarse, uma descarga de desordens emocionais que nos purifica, seja pela piedade, seja pelo terror que o conflito vivido pelas personagens desperta em nós. Tudo isso é, evidentemente, um resumo sintético do pensamento aristotélico. Sua obra é gigantesca, apesar de a maior parte dela ter se perdido ao longo dos tempos. O que chegou até nós corresponde a 1/5 de sua produção. São notas suas e de seus discípulos que passaram pelas mãos de estudiosos da Antiguidade, da Idade Média (parte dos quais em países islâmicos), e que foram reorganizadas para a posteridade.
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INTERATIVIDADE
ACESSAR Sites
História do mundo
historiadomundo.uol.com.br/asteca/ http://historiadomundo.uol.com.br/inca/
LER Livros A América Que Os Europeus Encontraram - Enrique Y. Peregalli Foi construída nesta obra uma História que leva em consideração a visão dos vencidos, e o autor busca mostrar com isso que a América possui uma História de desenvolvimento econômico, cultural, social e político que não precisou da tutela dos europeus. A Conquista da América - Tzvetan Todorov Ao mesmo tempo, essa pesquisa ética é uma reflexão sobre os signos, a interpretação e a comunicação, pois o semiótico não pode ser pensado fora da relação com o outro.
OUVIR
Músicas - Índios – Legião Urbana - Cara de Índio – Djavan - Todo dia era dia de Índio – Baby do Brasil - Brasil 1500 – Manduka - Eu sou Índio, eu Também sou Imortal – Vila Isabel (sambaenredo 2000)
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ASSISTIR Série
Série “Cosmos”. Produzida pelo astrônomo Carl Sagan... O segredo desta série de treze horas foi o talento de comunicador Sagan,decapaz de desmitificar o que Falamos a de invasão salvador e hoje vamos até então fora informação científica falar da invasão de Pernambuco, de inacessível. Nassau e daA versão escrita deste programa continua a ser o livro resistência. de divulgação científica mais vendido da história.
ACESSAR Sites
Site do Observatório Nacional do Rio de Janeiro
http://www.on.br/index.php/pt-br/
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Aprofunde seus conhecimentos 1. (UFPA) Tendemos a concordar que a distribuição isonômica do que cabe a cada um no estado de direito é o que permite, do ponto de vista formal e legal, dar estabilidade às várias modalidades de organizações instituídas no interior de uma sociedade. Isso leva Aristóteles a afirmar que a justiça é “uma virtude completa, porém não em absoluto e sim em relação ao nosso próximo” ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 332.
De acordo com essa caracterização, é correto dizer que a função própria e universal atribuída à justiça, no estado de direito, é a) conceber e aplicar, de forma incondicional, ideias racionais com poder normativo positivo e irrestrito. b) instituir um ideal de liberdade moral que não existiria se não fossem os mecanismos contidos nos sistemas jurídicos. c) determinar, para as relações sociais, critérios legais tão universais e independentes que possam valer por si mesmos. d) promover, por meio de leis gerais, a reciprocidade entre as necessidades do Estado e as de cada cidadão individualmente. e) estabelecer a regência na relação mútua entre os homens, na medida em que isso seja possível por meio de leis. 2. (UFU) Em primeiro lugar, é claro que, com a expressão “ser segundo a potência e o ato”, indicam-se dois modos de ser muito diferentes e, em certo sentido, opostos. Aristóteles, de fato, chama o ser da potência até mesmo de não-ser, no sentido de que, com relação ao ser-em-ato, o ser-em-potência é não-ser-em-ato. REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. Trad. de Henrique Cláudio de Lima Vaz e Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 1994, p. 349.
A partir da leitura do trecho acima e em conformidade com a Teoria do Ato e Potência de Aristóteles, assinale a alternativa correta. a) Para Aristóteles, ser-em-ato é o ser em sua capacidade de se transformar em algo diferente dele mesmo, como, por exemplo, o mármore (ser-em-ato) em relação à estátua (ser-em-potência). b) Segundo Aristóteles, a teoria do ato e potência explica o movimento percebido no mundo sensível. Tudo o que possui matéria possui potencialidade (capacidade de assumir ou receber uma forma diferente de si), que tende a se atualizar (assumindo ou recebendo aquela forma). c) Para Aristóteles, a bem da verdade, existe apenas o ser-em-ato. Isto ocorre porque o movimento verificado no mundo material
é apenas ilusório, e o que existe é sempre imutável e imóvel. d) Segundo Aristóteles, o ato é próprio do mundo sensível (das coisas materiais) e a potência se encontra tão-somente no mundo inteligível, apreendido apenas com o intelecto. 3. A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não devem estar separados como na inscrição existente em Delfos “das coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que amamos”. Todos estes atributos estão presentes nas mais excelentes atividades, e entre essas a melhor, nós a identificamos como felicidade. ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia. das Letras, 2010.
Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles a identifica como: a) busca por bens materiais e títulos de nobreza. b) plenitude espiritual e ascese pessoal. c) finalidade das ações e condutas humanas. d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas. e) expressão do sucesso individual e reconhecimento público. 4. (Enem) Segundo Aristóteles, “na cidade com o melhor conjunto de normas e naquela dotada de homens absolutamente justos, os cidadãos não devem viver uma vida de trabalho trivial ou de negócios — esses tipos de vida são desprezíveis e incompatíveis com as qualidades morais —, tampouco devem ser agricultores os aspirantes à cidadania, pois o lazer é indispensável ao desenvolvimento das qualidades morais e à prática das atividades políticas”. VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade-Estado. São Paulo: Atual, 1994.
O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles, permite compreender que a cidadania: a) possui uma dimensão histórica que deve ser criticada, pois é condenável que os políticos de qualquer época fiquem entregues à ociosidade, enquanto o resto dos cidadãos tem de trabalhar. b) era entendida como uma dignidade própria dos grupos sociais superiores, fruto de uma concepção política profundamente hierarquizada da sociedade. c) estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção política democrática, que levava
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todos os habitantes da pólis a participarem da vida cívica d) tinha profundas conexões com a justiça, razão pela qual o tempo livre dos cidadãos deveria ser dedicado às atividades vinculadas aos tribunais. e) vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles que se dedicavam à política e que tinham tempo para resolver os problemas da cidade.
6. (UEA) A sabedoria do amo consiste no emprego que ele faz dos seus escravos; ele é senhor, não tanto porque possui escravos, mas porque deles se serve. Esta sabedoria do amo nada tem, aliás, de muito grande ou de muito elevado; ela se reduz a saber mandar o que o escravo deve saber fazer. Também todos que a ela se podem furtar deixam os seus cuidados a um mordomo, e vão se entregar à política ou à filosofia.
5. (UEL) Aristóteles era pertencente à aristocracia e com isto defendia um sistema de pensamento que considerava a escravidão algo natural. Para ele, cada ser, somente poderia realizar-se em plenitude, seguindo suas aptidões naturais, isto é, seguindo uma natureza que lhes seria própria, assim, Aristóteles realizou a divisão da sociedade em classes. Nesta sociedade idealizada: a classe dos comerciantes era responsável por prover a cidade daquilo que fosse necessário para a sobrevivência; a classe dos guerreiros era responsável por proteger a cidade e a classe dos administradores que tinha como função.
O filósofo Aristóteles dirigiu, na cidade grega de Atenas, entre 331 e 323 a.C., uma escola de filosofia chamada de Liceu. No excerto, Aristóteles considera que a escravidão a) é um empecilho ao florescimento da filosofia e da política democrática nas cidades da Grécia. b) permite ao cidadão afastar-se de obrigações econômicas e dedicar-se às atividades próprias dos homens livres. c) facilita a expansão militar das cidades gregas à medida que liberta os cidadãos dos trabalhos domésticos. d) é responsável pela decadência da cultura grega, pois os senhores preocupavam-se somente em dominar os escravos. e) promove a união dos cidadãos das diversas pólis gregas no sentido de garantir o controle dos escravos.
Leia o texto a seguir. É pois manifesto que a ciência a adquirir é a das causas primeiras (pois dizemos que conhecemos cada coisa somente quando julgamos conhecer a sua primeira causa); ora, causa diz-se em quatro sentidos: no primeiro, entendemos por causa a substância e a essência (o “porquê” reconduz-se pois à noção última, e o primeiro “porquê” é causa e princípio); a segunda causa é a matéria e o sujeito; a terceira é a de onde vem o início do movimento; a quarta causa, que se opõe à precedente, é o “fim para que” e o bem (porque este é, com efeito, o fim de toda a geração e movimento). ARISTÓTELES. Metafísica. Trad. De Vincenzo Cocco. São Paulo: Abril Cultural, 1984. p.16. (Coleção Os Pensadores.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, assinale a alternativa que indica, corretamente, a ordem em que Aristóteles apresentou as causas primeiras. a) Causa final, causa eficiente, causa material e causa formal. b) Causa formal, causa material, causa final e causa eficiente. c) Causa formal, causa material, causa eficiente e causa final. d) Causa material, causa formal, causa eficiente e causa final. e) Causa material, causa formal, causa final e causa eficiente.
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ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia. das Letras, 2010.
7. (Enem) A felicidade é portanto, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não devem estar separados como na inscrição existente em Delfos “das coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que amamos”. Todos estes atributos estão presentes nas mais excelentes atividades, e entre essas a melhor, nós a identificamos como felicidade. ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia. das Letras, 2010.
Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles a identifica como a) busca por bens materiais e títulos de nobreza. b) plenitude espiritual a ascese pessoal. c) finalidade das ações e condutas humanas. d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas. e) expressão do sucesso individual e reconhecimento público. 8. (Unimontes) As ideias de Aristóteles são até hoje parte importante da cultura ocidental. A obra desse filósofo é vastíssima e compreende uma centena de volumes. Das obras abaixo, assinale a alternativa que indica obras de Aristóteles.
a) República, Ética a Eudemo, Organon, De Anima. b) Ética a Nicomaco, Ética a Eudemo, Leviatã, De Anima. c) Ética a Nicomaco, Utopia, Organon, De Anima. d) Ética a Nicomaco, Ética a Eudemo, Organon, De Anima. 9. (Unioeste) “A excelência moral, então, é uma disposição da alma relacionada com a escolha de ações e emoções, disposição esta consistente num meio-termo (o meio-termo relativo a nós) determinado pela razão (a razão graças à qual um homem dotado de discernimento o determinaria)”.
c) A ordem da natureza, que determina o hábito das ações humanas. d) A origem da virtude articulada, segundo a necessidade da natureza. e) A razão matemática, que assegura ordem à natureza.
Gabarito 1. E
2. B
3. C
4. B
5. C
6. B
7. C
8. D
9. B
10. B
Aristóteles Sobre o pensamento ético de Aristóteles e o texto acima, seguem as seguintes afirmativas: I. A virtude é uma paixão consistente num meio-termo entre dois extremos. II. A ação virtuosa, por estar relacionada com a escolha, é praticada de modo involuntário e inconsciente. III. A virtude é uma disposição da alma relacionada com escolha e discernimento. IV. A virtude é um meio-termo absoluto, determinado pela razão. V. A virtude é um extremo determinado pela razão e pelas paixões de um homem dotado de discernimento. Das afirmativas feitas acima a) somente a afirmação I está correta. b) somente a afirmação III está correta. c) as afirmações II e III estão corretas. d) as afirmações III e IV estão corretas. e) as afirmações IV e V estão corretas. 10. (UEL) Leia o texto a seguir. No ethos (ética), está presente a razão profunda da physis (natureza) que se manifesta no finalismo do bem. Por outro lado, ele rompe a sucessão do mesmo que caracteriza a physis como domínio da necessidade, com o advento do diferente no espaço da liberdade aberto pela práxis. Embora, enquanto autodeterminação da práxis, o ethos se eleve sobre a physis, ele reinstaura, de alguma maneira, a necessidade de a natureza fixar-se na constância do hábito. VAZ, Henrique C. Lima. Escritos de Filosofia II. Ética e Cultura. 3. ED. São Paulo: Loyola. (Coleção Filosofia.)
Com base no texto, é correto afirmar que a noção de physis, tal como empregada por Aristóteles, compreende: a) A disposição da ação humana, que ordena a natureza. b) A finalidade ordenadora, que é inerente à própria natureza.
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INFOGRÁFICO: Abordagem da SOCIOLOGIA nos principais vestibulares.
FUVEST – A abordagem desse vestibular é de âmbito interdisciplinar. O aluno deve associar os principais autores e escolas de pensamento aos seus respectivos contextos históricos. Ao estudar para essa prova, foque sobre o período em que cada autor viveu e quais foram as suas conclusões teóricas sobre o mesmo.
UNICAMP – Exige clara compreensão do espaço físico e das transformações do espaço pelo ser humano.
ENEM / UFRJ – Cobra-se a capacidade de interpretação de texto do aluno. Este deverá ater-se aos excertos expostos nos enunciados e, juntamente com seu conhecimento, encontrar a resposta nos próprios textos. Para essa prova, é imprescindível o conhecimento dos autores propostos.
UERJ – O vestibular trabalha em três eixos. O primeiro relaciona o pensamento dos autores clássicos com o desenvolvimento do capitalismo e das cidades. O segundo, com a questão da cidadania e da representatividade política. Já o terceiro eixo remete às questões puramente econômicas, como relações de trabalho e exclusão social.
SOCIOLOGIA Aula 1: Aula 2: Aula 3: Aula 4:
Sociedade e sociologia 57 Introdução aos clássicos da sociologia: Auguste Comte e Émile Durkheim 67 Introdução aos clássicos da sociologia: Karl Marx 79 Introdução aos clássicos da sociologia: Max Weber 93
Aula
1
Sociedade e sociologia CompetĂŞncias 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 15, 16, 18, 20, 22, 23, 24 e 25
Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades. H1
Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.
H2
Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
H3
Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos
H4
Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.
H5
Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder. H6
Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
H7
Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
H8
Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.
H9
Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial
H10
Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade histórico-geográfica.
Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais. H11
Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
H12
Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
H13
Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
H14
Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.
H15
Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social. H16
Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
H17
Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
H18
Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.
H19
Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
H20
Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade. H21
Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.
H22
Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
H23
Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.
H24
Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.
H25
Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.
Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos. H26
Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
H27
Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.
H28
Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.
H29
Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.
H30
Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.
O aluno na sociedade e a sociologia
Introdução A Sociologia, ciência que tem como pai o francês Augusto Comte, aparece em um momento em que o homem, motivado por uma infinidade de acontecimentos de natureza social e material, passa a nutrir interesse sobre si mesmo e pela sociedade em que vive.
(Augusto Comte, fundador da sociologia e do positivismo)
A era das revoluções trouxe consigo importantes alterações políticas, econômicas e sociais. No campo político, o Antigo Regime, na França, começa a ser questionado pelo Iluminismo e tem seu fim decretado pela Revolução Francesa, uma revolução profundamente ideológica; o absolutismo inglês tem, por sua vez, o mesmo destino assinalado pela Revolução Gloriosa; no novo mundo, os ideais iluministas de liberdade, igualdade e fraternidade repercutem e influenciam o movimento pela independência das treze colônias e também do Haiti. No campo econômico, a Revolução Industrial começa a ser posta em curso – e traz consigo alterações tão profundas no modo de produção que toda a sociedade europeia do século XVIII é virada de cabeça para baixo. É neste contexto de mudanças e questionamentos, que iremos estudar melhor a seguir, que surge o estudo da sociedade como ciência – a Sociologia.
O Iluminismo e o Século das Luzes Antes de entendermos todos os processos que culminaram na era das revoluções, contudo, é imprescindível entender o que foi o chamado iluminismo. No século XVII, o sistema político vigente na maioria dos países europeus era o chamado Antigo Regime, caracterizado principalmente pela existência de um monarca absolutista, isto é, um rei que detinha todo o poder político em suas mãos. Com o desenvolvimento e crescimento da burguesia, diversos setores (como o formado por comerciantes, burguesia financeira e burguesia industrial) passam a enxergar a existência de um Estado centralizador e intervencionista como uma barreira ao pleno desenvolvimento de suas atividades. Os integrantes destes setores almejavam, acima de tudo, maior liberdade econômica e política – e é aqui que os pensamentos iluministas começam a ganhar força. Influenciados pela filosofia cartesiana, expressão máxima do racionalismo francês, os primeiros iluministas passam a crer na razão e no esclarecimento como fonte de todo o progresso humano. O progresso social vem da ciência e da filosofia. Nega-se toda forma de obscurantismo e misticismo. O homem, colocado novamente como a medida de todas as coisas, adquire consciência de sua capacidade e se emancipa, abrindo espaço para o questionamento de toda forma de autoridade; o homem é autossuficiente, pode pensar por conta própria. A produção científica e filosófica é obra humana. Se um homem é capaz de exercer o livre pensar, todos são; não há mais a necessidade de uma autoridade religiosa que dite os rumos da fé, nem de uma autoridade política que controle as diferentes esferas da vida humana.
A Enciclopédia
Edição original da Enciclopédia, de Diderot e D’Alembert
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A expressão máxima do pensamento iluminista é o advento da Enciclopédia, por Diderot e D’Alembert – uma obra publicada em 1751 e que reunia as ideias dos principais pensadores da época de maneira prática e simplificada. Agora, todo homem poderia fazer sua pesquisa sobre temas diversos e ser também fonte de progresso humano, produzindo avanço técnico e científico – que, na visão iluminista, levariam a uma sociedade mais livre e igualitária. O monopólio do conhecimento não mais estava na mão do clero católico, era descentralizado, e acima de tudo, acessível.
Alguns importantes iluministas O Iluminismo foi um período de grandes avanços científicos. Não à toa, também é conhecido como Século das Luzes. Dentre alguns iluministas notórios, podemos citar Adam Smith (o pai da ciência econômica), Montesquieu (digno de nota por ser o idealizador da divisão dos três poderes), John Locke, Voltaire e Jean-Jacques Rousseau.
A Revolução Industrial Como vimos, o iluminismo inaugura uma nova forma de pensar na sociedade europeia e, com ela, muitos setores passam a demandar maior liberdade política, religiosa e econômica. Com o absolutismo cada vez mais enfraquecido, a burguesia industrial começa finalmente a experimentar a liberdade econômica e desenvolver suas atividades com menor intervenção estatal. Além do avanço do liberalismo político e econômico – impulsionado pelo Iluminismo e que culmina na Revolução Gloriosa, sendo responsável por aumentar o poder político da burguesia –, são vários os motivos que possibilitaram o advento da Revolução Industrial na Inglaterra. Entre os principais, figuram: §§ A existência de minas de carvão na ilha britânica, que seria utilizado como fonte de energia para o maquinário industrial; §§ O desenvolvimento do setor de transportes inglês, com ferrovias capazes de transportar matéria-prima e escoar a produção inglesa; §§ A expansão comercial inglesa, que conquistava e garantia mercados consumidores para seus produtos manufaturados;
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§§ A existência de um mercado interno robusto; §§ A expropriação de camponeses a promulgação de uma nova lei de terras (cercamentos), que garantiu a transformação de suas antigas propriedades rurais em terras para a criação de ovelhas (cuja lã serviria à indústria têxtil); §§ O desenvolvimento da indústria têxtil inglesa, principal atividade industrial do período.
As consequências da Revolução Industrial Com os avanços técnicos, a revolução industrial trouxe também importantes alterações na ordem social da Europa do século XVIII. Como denunciaria Marx mais tarde, a revolução industrial leva o capitalismo a uma nova fase e traz, como uma de suas consequências, a alienação dos trabalhadores – expropriando-lhes a condição humana e submetendo-os a condições indignas. Além disso, a expulsão dos camponeses do meio rural para as cidades (levada a cabo por meio dos cercamentos) fez com que a Inglaterra (e a Europa, de maneira geral) sofresse um violento processo de urbanização. As periferias dos centros urbanos passam a receber milhares de novos operários, e não raro as cidades possuem uma enorme população de mendigos, prostitutas e outros tipos que sofrem com o desemprego e a falta de qualquer assistência social. Mesmo os operários vivem em condições degradantes devido ao baixo nível salarial da época. Era comum que homens, mulheres grávidas e crianças pequenas trabalhassem durante longas jornadas de trabalho – muitas vezes ultrapassando 16 horas diárias.
imagem de Londres à época da Revolução Industrial
Escopo
crianças trabalhando na indústria têxtil
Era um cenário social desolador. A miséria era uma constante. A desigualdade social disparou como nunca. Não havia qualquer tipo de direito trabalhista para aqueles que conseguiam um emprego, e mesmo os direitos civis eram reduzidos. Não havia sufrágio universal – o voto era censitário e restrito aos homens. As doenças se propagavam facilmente graças à falta de saneamento básico. A poluição gerada pelos novos complexos industriais precarizava ainda mais a saúde e as condições de vida da população da época. Com todos estes elementos, as condições para o surgimento de agitações sociais era perfeita. Com a virada do século, muitos operários passam a se organizar e a participar de movimentos que tinham por principal objetivo reivindicar direitos civis (como o sufrágio universal masculino) e melhores condições de trabalho (redução das jornadas de trabalho, aumento salarial etc.). A repressão policial era duríssima, contudo. Logo os trabalhadores perceberam que a organização de sindicatos era a melhor chance de equilibrarem relações de produção (as relações entre patrões e empregados) tão desiguais.
A Sociologia tem como principais objetivos a análise e a previsão de fenômenos de natureza social. Por ser uma ciência, a sociologia é inteiramente baseada no método científico. Isso significa que qualquer explicação de natureza obscura ou mística é imediatamente descartada. Somente a razão e o conhecimento empírico devem ser levados em conta para se chegar a qualquer conclusão. Seu objeto de estudo é o comportamento humano em sociedade e suas manifestações.
Aplicações A Sociologia, enquanto disciplina, possui inúmeras aplicações no cotidiano. Sociólogos estão aptos a trabalhar com temas que vão desde pesquisas eleitorais até o lançamento de um determinado produto no mercado. Além disso, no campo da academia, a sociologia é responsável por uma vasta gama de estudos e teses que ajudam a desvendar problemas típicos de outras disciplinas (como Economia ou Psicologia), uma vez que todas as ciências humanas apresentam alto grau de interdisciplinaridade e têm como objeto de estudo o homem – acima de tudo, um animal social.
A sociologia como necessidade Com tantas alterações decorrentes da revolução industrial na sociedade europeia, a existência de uma ciência que se preocupasse em oferecer uma explicação satisfatória para os fenômenos sociais se impunha como uma necessidade. A ciência de então era incapaz de explicar mudanças tão profundas. O cenário europeu se alterava dia após dia, e a Revolução Industrial continuava a se expandir mundo afora. É nestas condições que surge a Sociologia.
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INTERATIVIDADE ASSISTIR Vídeos
Resumo de História: Revolução Industrial (Débora Aladim) Fonte: Youtube
Vídeos Fonte: Youtube
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O Que Foi a Revolução Industrial?
LER Livros A Era das Revoluções – Eric J. Hobsbawn Neste livro, Eric Hobsbawn mostra como a Revolução Francesa e a Revolução Industrial inglesa abriram o caminho para o renascimento das ciências, da filosofia, da religião e das artes, mas não conseguiram resolver os impasses criados pelas fortes contradições sociais, que transformaram este período numa conturbada fase de movimentos revolucionários. O livro da Sociologia - Rafael Longo Escrito por professores e pesquisadores, este livro apresenta as ideias de fundadores da sociologia como Comte, Durkheim, Marx e Weber – sem deixar de fora autores em atividade como Judith Butler, Zygmunt Bauman e Richard Sennett. Cada artigo inclui uma mini-biografia do pensador e linhas do tempo que contextualizam suas ideias de acordo com o momento histórico. ‘’O livro da sociologia’’ aborda temas como: as desigualdades sociais, a vida moderna, cultura e identidade, o papel das instituições e família e sociedade.
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Aprofunde seus conhecimentos 1. (Uepg 2015) A revolução industrial, que teve início na Inglaterra a partir do final do século XVIII, trouxe consigo um novo sujeito histórico: a classe operária. A respeito desse segmento social originado no mundo contemporâneo, assinale o que for correto. 01) No campo da literatura, o clássico Os Miseráveis, escrito por Victor Hugo, caracteriza-se pela apologia feita por seu autor ao modelo de sociedade que se originou com a revolução industrial europeia. 02) A exploração do trabalho infantil e da mão de obra feminina nas indústrias inglesas foi bastante comum durante as primeiras décadas da revolução industrial. 04) O Manifesto Comunista, escrito por Karl Marx e Friedrich Engels, serviu como inspiração para que muitos trabalhadores se organizassem contra o capitalismo e contra a forma de exploração do trabalho operário nas fábricas inglesas. 08) As longas jornadas de trabalho, a insalubridade das fábricas e a falta de legislação trabalhista são alguns dos elementos que explicam a formação e organização dos trabalhadores enquanto classe na Inglaterra do século XIX. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO “O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se a ferros. O que se crê senhor dos demais não deixa de ser mais escravo do que eles. (...) A ordem social, porém, é um direito sagrado que serve de base a todos os outros. (...) Haverá sempre uma grande diferença entre subjugar uma multidão e reger uma sociedade. Sejam homens isolados, quantos possam ser submetidos sucessivamente a um só, e não verei nisso senão um senhor e escravos, de modo algum considerando-os um povo e seu chefe. Trata-se, caso se queira, de uma agregação, mas não de uma associação; nela não existe bem público, nem corpo político.” Rousseau, Jean-Jacques. Do Contrato Social. [1762]. São Paulo: Abril, 1973, p. 28,36.
2. (Unicamp) Sobre Do Contrato Social, publicado em 1762, e seu autor, é correto afirmar que: a) Rousseau, um dos grandes autores do Iluminismo, defende a necessidade de o Estado francês substituir os impostos por contratos comerciais com os cidadãos. b) A obra inspirou os ideais da Revolução Francesa, ao explicar o nascimento da sociedade pelo contrato social e pregar a soberania do povo.
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c) Rousseau defendia a necessidade de o homem voltar a seu estado natural, para assim garantir a sobrevivência da sociedade. d) O livro, inspirado pelos acontecimentos da Independência Americana, chegou a ser proibido e queimado em solo francês. 3. (Uema) De acordo com a historiadora Maria Lúcia de Arruda Aranha, a Revolução Francesa derrubou o antigo regime, ou seja, o absolutismo real fundamentado no direito divino dos reis, derivado da concepção teocrática do poder. O término do antigo regime se consuma quando a teoria política consagra a propriedade privada como direito natural dos indivíduos. ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: Introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2003.
Esse princípio político que substitui a antiga teoria do direito divino do rei intitula-se a) Contratualismo. b) Totalitarismo. c) Absolutismo. d) Liberalismo. e) Marxismo. 4. (Enem) A filosofia encontra-se escrita neste grande livro que continuamente se abre perante nossos olhos (isto é, o universo), que não se pode compreender antes de entender a língua e conhecer os caracteres com os quais está escrito. Ele está escrito em língua matemática, os caracteres são triângulos, circunferências e outras figuras geométricas, sem cujos meios é impossível entender humanamente as palavras; sem eles, vagamos perdidos dentro de um obscuro labirinto. GALILEI, G. O ensaiador. São Paulo: Abril Cultural, 1978. (Coleção Os Pensadores.)
No contexto da Revolução Científica do século XVII, assumir a posição de Galileu significava defender a: a) continuidade do vínculo entre ciência e fé dominante na Idade Média. b) necessidade de o estudo linguístico ser acompanhado do exame matemático. c) oposição da nova física quantitativa aos pressupostos da filosofia escolástica. d) importância da independência da investigação científica pretendida pela Igreja. e) inadequação da matemática para elaborar uma explicação racional da natureza. 5. (Enem) Os produtos e seu consumo constituem a meta declarada do empreendimento tecnológico. Essa meta foi proposta pela
primeira vez no início da Modernidade, como expectativa de que o homem poderia dominar a natureza. No entanto, essa expectativa, convertida em programa anunciado por pensadores como Descartes e Bacon e impulsionado pelo Iluminismo, não surgiu “de um prazer de poder”, “de um mero imperialismo humano”, mas da aspiração de libertar o homem e de enriquecer sua vida, física e culturalmente. CUPANI, A. A tecnologia como problema filosófico: três enfoques. Revista Scientiae Studiae. São Paulo, v. 2, n. 4, 2004.
Autores da filosofia moderna, notadamente Descartes e Bacon, e o projeto iluminista concebem a ciência como uma forma de saber que almeja libertar o homem das intempéries da natureza. Nesse contexto, a investigação científica consiste em a) expor a essência da verdade e resolver definitivamente as disputas teóricas ainda existentes. b) oferecer a última palavra acerca das coisas que existem e ocupar o lugar que outrora foi da filosofia. c) ser a expressão da razão e servir de modelo para outras áreas do saber que almejam o progresso. d) explicitar as leis gerais que permitem interpretar a natureza e eliminar os discursos éticos e religiosos. e) explicar a dinâmica presente entre os fenômenos naturais e impor limites aos debates acadêmicos. 6. (UEM) Segundo o pensador francês Voltaire (1694-1778): “É verdade que os magistrados não são senhores do povo: são as leis que são as senhoras; mas o resto é absolutamente falso no nosso e em todos os Estados. Temos o direito, quando somos convocados, de rejeitar ou de aprovar os magistrados e as leis que nos propõem; não temos o direito de destituir os oficiais do Estado quando nos aprouver: esse direito seria o código da anarquia. O próprio rei da França, quando deu o cargo a um magistrado, não pode destituí-lo a não ser por um processo.” VOLTAIRE. Ideias republicanas por um membro do corpo. In: MARÇAL, J. (Org.). Antologia de Textos Filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 715.
A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 01) Os magistrados são os senhores do povo e não podem ser destituídos. 02) A lei deve estar acima de todos: reis, magistrados e povo. 04) A liberdade do povo, expressa no poder de aprovação ou rejeição das leis, inexiste contra os magistrados.
08) A destituição dos magistrados de seus cargos públicos deve ser algo previsto em lei e não ao arbítrio da vontade. 16) A liberdade da vontade de um indivíduo não pode estar acima das leis, sob o risco de cair-se na anarquia. 7. (Ueg) As suposições imediatas apontavam para um castigo divino. O Deus vingador que destruíra Sodoma e Gomorra demonstrava mais uma vez a sua cólera perante os pecados dos homens. A Europa recordava a orgulhosa Lisboa que dominara o comércio mundial e via-se castigada pelo mau uso que fizera de sua riqueza. DEL PRIORE, Mary. O mal sobre a Terra. Rio de Janeiro: Topbooks, 2003. p. 150.
A citação refere-se ao terremoto de Lisboa, que arrasou a capital portuguesa em 1º de novembro de 1755. Essa visão de que o terremoto foi um castigo divino expressa uma concepção de a) conhecimento geológico incompatível com o secularismo iluminista. b) divindade incompatível com o Deus misericordioso do catolicismo romano. c) moralidade portuguesa marcada pela tolerância à diversidade religiosa e sexual. d) natureza interligada ao sagrado, típica de uma concepção mecanicista do Universo. 8. (Uem) O século XVII engendrou uma revolução científica e filosófica, na qual é impossível separar os aspectos filosóficos dos científicos, pois ambos se mostram interdependentes e estreitamente unidos. Essa revolução caracterizou-se por uma transformação na antiga representação do Cosmos e no questionamento dos conceitos filosóficos e científicos que lhe davam sustentação. A esse respeito, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 01) Uma das principais características dessa transformação foi uma maior preocupação com o homem e sua vida terrena e com o estudo da natureza. 02) Embora tenha criado a ciência moderna, essa “revolução” espiritual não alterou as bases da filosofia que predominava até então. 04) Entre os principais cientistas do período, destacam-se Roger Bacon, Guilherme de Ockham e Giovanio Bocaccio. 08) Os princípios da física desenvolvidos por Galileu Galilei baseavam-se nos postulados de Aristóteles. 16) No século XVII, Francis Bacon critica a antiga filosofia por ser contemplativa. Para ele, conhecer é poder; portanto, o homem tem de agir sobre a natureza para transformá-la em bens úteis.
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9. (ESPM) Os textos abaixo referem-se a pensadores cujas obras e ideias exerceram forte influência em importantes eventos ocorridos nos séculos XVII e XVIII. Leia-os e aponte a alternativa que os relaciona corretamente a seus autores: I. “O filósofo desenvolveu em seus Dois Tratados Sobre Governo a ideia de um Estado de base contratual. Esse contrato imaginário entre o Estado e os seus cidadãos teria por objeto garantir os direitos naturais do homem, ou seja, liberdade, felicidade e prosperidade. A maioria tem o direito de fazer valer seu ponto de vista e, quando o Estado não cumpre seus objetivos e não assegura aos cidadãos a possibilidade de defender seus direitos naturais, os cidadãos podem e devem pegar em armas contra seu soberano para assegurar um contrato justo e a defesa da propriedade privada”. II. “O filósofo propôs um sistema equilibrado de governo em que haveria a divisão de poderes (legislativo, executivo e judiciário). Em sua obra O Espírito das Leis alegava que tudo estaria perdido se o mesmo homem ou a mesma corporação exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de executar e o de julgar os crimes ou as desavenças dos particulares. Afirmava que só se impede o abuso do poder quando pela disposição das coisas só o poder detém o poder”. a) I – John Locke; II – Voltaire; b) I – John Locke; II – Montesquieu; c) I – Rousseau; II – John Locke; d) I – Rousseau; II – Diderot; e) I – Montesquieu; II – Rousseau. 10. (Unimontes) O conhecimento científico é uma conquista recente da história da humanidade. Ele tem apenas pouco mais de trezentos anos e surgiu no século XVII com a revolução galileana. Durante vários séculos, as indagações humanas foram respondidas de forma mitológica e com conceitos filosóficos e teológicos. Quando estudamos a questão do conhecimento, temos a percepção de que somente a ciência tem a resposta definitiva para os problemas da vida humana. Das afirmações abaixo que se referem à ciência, marque a correta. a) A ciência não é a única maneira de responder às questões da vida. Podemos também encontrar respostas satisfatórias nos mitos e na religião. b) A ciência é a única forma absoluta de responder às questões do nosso tempo, pois somente ela possui a verdade.
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c) A ciência é irrefutável e somente ela possui a verdade. d) A ciência é a única via de resposta para a história da humanidade, pois somente ela possui métodos seguros e irrefutáveis.
Gabarito 1. 14 2. B
3. D
4. C
6. 26 7. A
8. 17 9. B
5. C 10. A
Aula
2
Introdução aos clássicos da Sociologia: Auguste Comte e Émile Durkheim Competências 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 15, 16, 18, 20, 22, 23, 24 e 25
Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades. H1
Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.
H2
Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
H3
Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos
H4
Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.
H5
Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder. H6
Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
H7
Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
H8
Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.
H9
Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial
H10
Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade histórico-geográfica.
Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais. H11
Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
H12
Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
H13
Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
H14
Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.
H15
Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social. H16
Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
H17
Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
H18
Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.
H19
Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
H20
Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade. H21
Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.
H22
Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
H23
Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.
H24
Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.
H25
Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.
Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos. H26
Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
H27
Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.
H28
Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócioambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.
H29
Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.
H30
Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.
Auguste Comte (1798-1857) Introdução Filósofo positivista francês e um dos pioneiros da sociologia. Nasceu em Montpellier, em 19 de Janeiro de 1798. Desde muito novo rechaçou o catolicismo e as doutrinas monárquicas. Em 1814, ingressou na Escola Politécnica de Paris, onde mais tarde seria expulso por participar de revoltas estudantis. Durante alguns anos, Comte foi secretário particular do teórico socialista Claude-Henri de Rouvroy, ou conde de Saint-Simon, sendo influenciado por suas ideias. Os últimos anos do pensador francês foram marcados pela insanidade, crises de loucura e sumiços repentinos. Morreu em Paris, em setembro de 1857.
O Positivismo O positivismo significou uma brusca mudança de rumo na cultura europeia e foi tributário do alto desenvolvimento científico dos séculos XVIII e XIX. O saber filosófico passaria a ser taxado de incapaz diante da tarefa de explicar a realidade. O pensamento científico e experimental seria o único guia do homem para a constituição de um pensamento objetivo, não havendo outra razão para além da razão científica. Os adeptos do positivismo atêm-se aos fatos e, por isso, seu modelo racional será o da ciência experimental. À época, isso marcou uma clara diferenciação com o então pensamento romântico. A contradição, contudo, vê-se na exaltação exacerbada dos positivistas em relação à ciência, uma vez que ao fazê-lo, passariam a se comportar como românticos.
Lema positivista “Ordem e Progresso” na bandeira nacional
O pensamento de Auguste Comte Para dar uma resposta à revolução científica, política e industrial de seu tempo, Comte ofereceu uma reorganização intelectual, moral e política da ordem social. Adotar uma atitude científica era a chave, assim pensou, de qualquer reconstrução da sociedade. Afirmava que pelo estudo empírico dos processos históricos – em especial do progresso das diversas ciências e formas de explicação da realidade – seria possível perceber uma lei histórica, que ele denominou de “os três estágios”. O pensador analisou tais três estágios em sua volumosa obra Curso de Filosofia Positiva, escrita entre 1830 e 1842. Dizia que dada a natureza da mente humana, cada uma das ciências ou ramificações do saber deveria passar necessariamente por estes três estágios teóricos distintos: Teológico (ou estado fictício), Metafísico (ou estado abstrato) e Positivo (ou estado científico).
Auguste Comte
Estado Teológico É fictício, provisório e preparatório. Nele, a mente humana busca as causas e os princípios das coisas, normalmente as mais profundas, distantes e inexplicáveis. Dentro desse estado, haveria três fases: o Fetichismo, quando se personificam as coisas, atribuindo-lhes um poder supostamente mágico ou divino; o Politeísmo, quando a vivificação das coisas materiais adquire status divino, podendo assumir poderes da natureza (rios, ventos, águas, etc.); o Monoteísmo, a fase superior do
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Estado Teológico, momento em que todos esses poderes divinos e naturais se reúnem na figura de um só Deus. Nesse estado, seria predominante a imaginação e corresponderia à infância da humanidade, segundo Comte. Seria também a disposição primária de nossa mente, quase que inapagável em qualquer tempo histórico. Significa dizer que mesmo avanços sociais, científicos e materiais não são capazes de juntos apagarem a religião e o pensamento mágico.
Estado Metafísico Trata-se de um estado abstrato, mas essencialmente crítico. É uma etapa intermediária entre o estado teológico e o positivo. Na metafísica, segue-se buscando os conhecimentos absolutos, mas tenta-se explicar a natureza dos Seres, suas essências e causas. Diferente do estado anterior, ela não recorre a agentes sobrenaturais para a explicação da realidade, mas a entidades abstratas, circunscritas na ontologia. As ideias básicas de princípio, causa, substância, e essência designam algo distinto das coisas, mas a elas inerentes. Comte definia a metafísica como a puberdade do pensamento humano, uma preparação para a vida adulta. Puberdade pelo fato de conter alto grau de abstração e proximidade com a Teologia. Qual seria a fase adulta do pensamento? Para metódico Comte, a fase da ciência.
Estado Positivo Representa a realidade; é a forma definitiva e adulta de se pensá-la. Toda a imaginação deve subordinar-se à observação. A mente humana deve ater-se às coisas. O Estado Positivo busca os fatos, não causas nem princípios, tampouco essências ou substâncias, pois estas seriam questões inacessíveis. O positivismo foca na positividade, isto é, no que está dado: trata-se da filosofia dos fatos. O cientista renuncia aos seus valores e se detém diante deles, buscando leis e fenômenos observáveis. Para Comte, fundador da Sociologia, o espírito positivo teria de fundar uma ordem social. A constituição de um saber positivo – leia-se científico – é fundamental para apagar, ou pelo menos subjugar, todas as outras formas de pensamento. O positivismo de Comte, com isso, tem um caráter essencialmente
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histórico, pois visa a ser um fator organizador da política e da sociedade. Diante disso, a educação foi um dos temas sobre o qual Comte se debruçou, pois ela carregaria esse papel transformador. Após anos de estudos, viu que as sociedades eram regidas por leis que, quando descobertas, poderiam ser manipuladas pelos agentes políticos. Concluiu que havia dois princípios vitais na sociedade: o princípio dinâmico, representante das formas mais complexas da existência de uma estrutura social (urbanização e industrialização) e o princípio estático, correspondente às formas elementares de organização (religião, família, propriedade, linguagem). Para Comte, esses dois princípios completam-se, devendo ser dado privilégio ao estático como garantia de preservação da ordem e do bom funcionamento de uma sociedade. Assim, para o pensador, justifica-se a intervenção em uma estrutura social desajustada e desequilibrada por conflitos e revoltas se a intenção for a de dar-lhe equilíbrio e bom funcionamento. Com a resolução dos embates, a harmonia passaria a vigorar na área de intervenção – por meio do incentivo à coesão e ao bem-estar –, possibilitando condições para a sua evolução. Por fim, a influência do positivismo no desenvolvimento da Sociologia é inegável. É possível afirmar que ela nasceu com Comte, criador do nome da disciplina. Os sociólogos, estejam contra ou a favor, consideram que o pensamento científico foi disseminado a partir de suas ideias. Graças a ele, sem dúvida, a ciência ganhou o estatuto de fonte de conhecimento mais segura à população, embora outras formas de conhecimento ainda subsistam.
Émile Durkheim (1858–1917) Introdução Émile Durkheim foi um pensador do século XIX, que viveu durante a chamada Belle Époque. Este período começou em 1890, logo após o fim da Guerra Franco-Prussiana e caracterizou-se pelo otimismo e pela fé no progresso. Houve um grande crescimento econômico em toda a Europa, que promoveu robustos avanços tecnológicos. À época, acreditava-se que a satisfação material se estenderia a todas as classes sociais; toda-
via, isso não ocorreu. Se o progresso acelerado trouxe benesses inquestionáveis, também carregou consigo problemas sociais, como a pobreza, a violência e os conflitos entre as classes sociais. Após o acirramento das tensões, o desfecho inevitável e terrível foi a Primeira Guerra Mundial.
Trajetória do autor Durkheim graduou-se em filosofia, na École Normale Superieure de Paris, em 1883, ano em que começou a preocupar-se com as questões sociais. Dois anos depois, decidiu viajar para a Alemanha para estudar Ciências Sociais e colocar-se em contato com o alto grau de desenvolvimento econômico e tecnológico do país. Decidiu, então, consolidar a sociologia como uma ciência autônoma – em outras palavras, dar maior legitimidade à sociologia com a criação de um novo método de pesquisa.
Émile Durkheim
Sua tese de doutorado foi Da Divisão do Trabalho Social, de 1893. Em 1895 publicou As regras do método sociológico, onde definiu o objeto de estudo da sociologia – os fatos sociais – e o método que ela deveria seguir. Tal foi a principal contribuição de Durkheim à sociologia. Em 1913, essa ciência se transformou em cátedra.
uma força imperativa e coercitiva sobre os indivíduos. Esses fenômenos nascem no seio da sociedade e nela residem, a despeito do arbítrio de um sujeito isolado. Nas Regras do Método Sociológico, Durkheim estabelece as diferenças entre os fatos que pertencem à psicologia, que são internos ao homem, e os que são estudados pela sociologia, que são externos e coercitivos. Os fatos sociais são impostos por meio de normas oriundas da consciência coletiva e das regras do direito, isto é, estão tanto nos costumes como nas leis escritas. Funcionam, portanto, como reguladoras de conduta, dentro, é claro, dos limites da moralidade. Quando dissemos que os fatos sociais existem a despeito das consciências individuais, afirmamos que existe uma cronologia subjacente: os fatos sociais antecedem a existência de um indivíduo isolado. Significa dizer que já nascemos em uma sociedade organizada, com regras e valores preestabelecidos. Tais normas nos são impostas tanto pela educação escolar como pelo hábito coletivo, fazendo com que o indivíduo socializado as considere como naturais. Embebidos nesses valores, os sujeitos não percebem que os fatos sociais provêm deles mesmos. As instituições são criadas pelos indivíduos, mas com o passar do tempo, elas se consolidam e ganham certa autonomia. Assim, se forma a consciência coletiva, para Durkheim, que estaria longe de ser a soma das consciências individuais, mas algo exterior a cada um. A consciência coletiva seria a síntese de crenças e sentimentos comuns a uma sociedade. Sabemos que a força imperativa da consciência coletiva é sempre presente, uma vez que o indivíduo que resistir a ela é quase sempre coagido pela sociedade. Quem foge das crenças e sentimentos comuns é moralmente ou legalmente penalizado. Assim, desde cedo, aprende-se a respeitar o conjunto de normas da sociedade.
O Fato Social Os fatos sociais são maneiras de pensar, agir e sentir que existem independentemente das manifestações individuais, ou seja, são exteriores ao indivíduo e são generalizados na sociedade. Ademais, são dotados de
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Durkheim, portanto, notabiliza o poder da educação e diz que ela consiste em um esforço contínuo de imposição de modos de viver, sentir e agir. Ao passar do tempo, tal coerção educativa deixa de ser sentida pela criança e os novos aprendizados tornam-se normais para ela. Com isso, cria-se uma ordem natural de comportamentos e valores, passada e reproduzida pelas gerações. Cabe ressaltar que há duas formas de manifestação dos fatos sociais. A primeira representa condicionamentos sociais, como o idioma, os costumes, o sistema monetário, as formas de produção, entre outros; e as regras de direito que determinam como agir (código civil) e como punir (código penal). A segunda manifestação dos fatos sociais vê-se na morfologia dos espaços culturais, no ambiente cotidiano; trata-se dos sinais de trânsito, das regras do comércio, nas regras de comunicação, entre outras. Seriam maneiras de se comportar e agir compartilhadas pela coletividade
O Método Sociológico Durkheim defende que os fatos sociais devem ser vistos como coisas, uma vez que são realidades concretas e com grau de existência exterior ao homem. Todo objeto científico seria uma coisa. Para ele, devemos observar os fatos sociais como um físico observa a natureza. A sociologia, portanto, é uma ciência empírica e pouco introspectiva. O oposto da matemática, portanto. É necessário ao sociólogo suprimir seus juízos e valores pessoais para não chegar a conclusões precipitadas. O maior erro do pesquisador seria o de conduzir suas pré-concepções sobre o fato social durante a pesquisa. Por isso, o pesquisador deve ser neutro ao objeto analisado. Trata-se de uma concepção científica chamada de neutralidade axiológica, na qual o pesquisador prescinde de suas paixões e trata o objeto de pesquisa rigorosamente como coisa. É evidente a afinidade de Durkheim com o positivismo. Ele herdou toda a base empirista de Comte e, como tal, defendeu que a sociologia deveria realizar um retrato fiel da realidade, baseando-se nos fatos que a compõem. Tal seria a condição necessária para se criar um conhecimento objetivo e plausível sobre as relações sociais. Por conta dessa preocupação formal, e tendo como base tais premissas, a Sociologia se consolidou como disciplina autônoma.
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O suicídio como fato social Em sua obra O Suicídio, Durkheim define esse fenômeno como um fato social, pois as causas que o condicionam não são de âmbito orgânico nem psicológico. Não são orgânicos, pois o instinto do homem é de conservação da vida. Não são psicológicos, uma vez que não haveria desgraças pessoais suficientes na vida de um homem para que ele perca a vontade de viver. Por isso, o sociólogo encontrou uma relação entre a realidade social e o suicídio, estabelecendo a seguinte proposição: as taxas de suicídio variam em razão inversa ao grau de integração dos grupos sociais dos quais o indivíduo faz parte. Durkheim fez uma minuciosa classificação dos tipos de suicídio: o suicídio egoísta, o suicídio altruísta e o suicídio anômico. O suicídio egoísta é feito pelo indivíduo excluído das relações sociais. O suicídio altruísta é feito por aqueles que são altamente integrados na sociedade e são capazes de entregar-lhe suas próprias vidas para a conservação da coletividade. O suicídio anômico seria aquele promovido pelos que não aceitam as normas da sociedade e se frustram. Toda a pesquisa de Durkheim foi realizada por meio de dados coletados e observações empíricas criteriosas. A obra O Suicídio é um exemplo claro da metodologia durkheimiana aplicada e serviu de base para diversas gerações de sociólogos. Trata-se, efetivamente, de um clássico insuperável da Sociologia.
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O Fato Social – E. Durkeim Fonte: Youtube
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O Positivismo de Auguste Comte
LER Livros Durkheim - Organizado por José Albertino Rodrigues Tal obra é uma coletânea dos principais textos de Émile Durkheim. Leitura básica e fundamental para aqueles que estudam Sociologia.
O que é positivismo? João Ribeiro Junior Resumo conciso do surgimento e do desenvolvimento das ideias positivistas. Apresenta uma introdução concisa, mas robusta sobre o tema.
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Aprofunde seus conhecimentos 1. (UFF) O positivismo foi um sistema filosófico criado no século XIX por Augusto Comte e que exerceu grande influência no Brasil, especialmente entre militares, médicos, cientistas e em algumas correntes de republicanos que participaram diretamente da proclamação da República e ocuparam postos de governo no início do novo regime. Dentre as inovações adotadas no início do regime republicano brasileiro sob influência de ideias positivistas estão a) sufrágio universal, direito de voto do analfabeto e das mulheres. b) estatização das fábricas, coletivização da agricultura e partido único. c) liberdade sindical, leis trabalhistas e salário-mínimo. d) separação da igreja e do estado, liberdade religiosa e casamento civil. e) indenização aos proprietários de escravos, desestímulo à pequena propriedade e abolição de impostos rurais. 2. (UFU) Em 1987, a então Primeira-Ministra da Grã-Bretanha, Margaret Thatcher, deu uma declaração durante uma entrevista que resumia, em parte, o seu ideário político liberal: “A sociedade não existe. Existem homens, existem mulheres e existem famílias”. O governo de Thatcher ficaria conhecido como um dos precursores do chamado Estado neoliberal, que enfatizava, entre outros ideais, o individualismo. Assim, esta concepção de governo contradiz os fundamentos da Sociologia de Durkheim, segundo o qual a sociedade poderia ser identificada a) como a soma de indivíduos que definem seus valores em comum, unindo-se por laços de solidariedade voluntária. b) a partir da existência de um contrato social que dá origem ao Estado e à sociedade civil. c) como o resultado da ação da classe dominante, capaz de reunir e controlar as massas. d) pela síntese de ações e sentimentos individuais que originam uma vida psíquica sui generis. 3. (Enem) A sociologia ainda não ultrapassou a era das construções e das sínteses filosóficas. Em vez de assumir a tarefa de lançar luz sobre uma parcela restrita do campo social, ela prefere buscar as brilhantes generalidades em que todas as questões são levantadas sem que nenhuma seja expressamente tratada. Não é com exames sumários e por meio de intuições rápidas que se pode chegar a descobrir as leis de uma realidade tão
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complexa. Sobretudo, generalizações às vezes tão amplas e tão apressadas não são suscetíveis de nenhum tipo de prova. DURKHEIM, E. O suicídio: estudo de sociologia. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
O texto expressa o esforço de Émile Durkheim em construir uma sociologia com base na a) vinculação com a filosofia como saber unificado. b) reunião de percepções intuitivas para demonstração. c) formulação de hipóteses subjetivas sobre a vida social. d) adesão aos padrões de investigação típicos das ciências naturais. e) incorporação de um conhecimento alimentado pelo engajamento político. 4. (Unimontes) O Positivismo foi uma corrente de pensamento filosófico predominante no século XIX e início do século XX. Seu mais eminente representante foi Auguste Comte (1798-1857), que é considerado o precursor da Sociologia. No que tange às características fundamentais do Positivismo, pode-se afirmar, EXCETO a) Para o Positivismo, o conhecimento científico é a “bússola da sociedade”. Nesse sentido, é imprescindível que se tenha o conhecimento acerca dos fenômenos sociais, para que se consiga prever os mesmos e agir com eficácia. b) O Positivismo persegue um objetivo principal: descobrir as leis gerais que regem os fenômenos sociais. c) O Positivismo é uma doutrina filosófica que enfatiza a busca pelo conhecimento das singularidades sociais, dando ênfase ao estudo interpretativo das ações de indivíduos em uma determinada coletividade. d) O Positivismo preza pela regularidade, estabilidade e bom funcionamento das instituições sociais. 5. (UEL) O lema da bandeira do Brasil, “Ordem e Progresso”, indica a forte influência do positivismo na formação política do Estado brasileiro. Assinale a alternativa que apresenta ideias contidas nesse lema. a) Crença na resolução dos conflitos sociais por meio do estímulo à coesão social e à evolução natural da nação. b) Ideais de movimentos juvenis, que visam superar os valores das gerações adultas. c) Denúncia dos laços de funcionalidade que unem as instituições sociais e garantem os privilégios dos ricos. d) Ideal de superação da sociedade burguesa através da revolução das classes populares. e) Negação da instituição estatal e da harmonia coletiva baseada na hierarquia social.
6. (UEL) Um jovem que havia ingressado recentemente na universidade foi convidado para uma festa de recepção de calouros. No convite distribuído pelos veteranos não havia informação sobre o traje apropriado para a festa. O calouro, imaginando que a festa seria formal, compareceu vestido com traje social. Ao entrar na festa, em que todos estavam trajando roupas esportivas, causou estranheza, provocando risos, cochichos com comentários maldosos, olhares de espanto e de admiração. O calouro não estava vestido de acordo com o grupo e sentiu as represálias sobre o seu comportamento. As regras que regem o comportamento e as maneiras de se conduzir em sociedade podem ser denominadas, segundo Émile Durkheim (1858- 1917), como fato social. Considere as afirmativas abaixo sobre as características do fato social para Émile Durkheim. I. O fato social é todo fenômeno que ocorre ocasionalmente na sociedade. II. O fato social caracteriza-se por exercer um poder de coerção sobre as consciências individuais. III. O fato social é exterior ao indivíduo e apresenta-se generalizado na coletividade. IV. O fato social expressa o predomínio do ser individual sobre o ser social. Assinale a alternativa correta. a) Apenas as afirmativas I e II são corretas. b) Apenas as afirmativas I e IV são corretas. c) Apenas as afirmativas II e III são corretas. d) Apenas as afirmativas I, III e IV são corretas. e) Apenas as afirmativas I, II e IV são corretas. 7. (UFUB) Sobre o surgimento da Sociologia, podemos afirmar que: I. A consolidação do sistema capitalista na Europa no século XIX forneceu os elementos que serviram de base para o surgimento da Sociologia enquanto ciência particular. II. O homem passou a ser visto, do ponto de vista sociológico, a partir de sua inserção na sociedade e nos grupos sociais que a constituem. III. Aquilo que a Sociologia estuda constitui-se historicamente como o conjunto de relacionamentos que os homens estabelecem entre si na vida em sociedade. IV. Interessa para a Sociologia, não indivíduos isolados, mas inter-relacionados com os diferentes grupos sociais dos quais fazem parte, como a escola, a família, as classes sociais e etc. a) II e III estão corretas. b) Todas as afirmativas estão corretas. c) I e IV estão corretas. d) I, III e IV estão corretas. e) II, III e IV estão corretas.
8. (UFUB) Surgida no momento de consolidação da sociedade capitalista, a Sociologia tinha uma importante tarefa a cumprir na visão de seus fundadores, dentre os quais se destaca Auguste Comte. Assinale a alternativa correta quanto a essa tarefa. a) Desenvolver o puro espírito científico e investigativo, sem maiores preocupações de natureza prática, deixando a solução dos problemas sociais por conta dos homens de ação. b) Incentivar o espírito crítico na sociedade e, dessa forma, colaborar para transformar radicalmente a ordem capitalista responsável pela exploração dos trabalhadores. c) Tornar realidade o chamado “socialismo utópico”, visto como única alternativa para a superação das lutas de classe em que a sociedade capitalista estava mergulhada. d) Contribuir para a solução dos problemas sociais decorrentes da Revolução Industrial, tendo em vista a necessária estabilização da ordem social burguesa. e) Nenhuma das anteriores. 9. (UFUB) O surgimento da Sociologia foi propiciado pela necessidade de: a) Manter a interpretação mágica da realidade como patrimônio de um restrito círculo sacerdotal. b) Manter uma estrutura de pensamento mítica para a explicação do mundo. c) Condicionar o indivíduo, através dos rituais, a agir e pensar conforme os ensinamentos transmitidos pelos deuses. d) Considerar os fenômenos sociais como propriedade exclusiva de forças transcendentais. e) Observar, medir e comprovar as regras que tornassem possível, através da razão, prever os fenômenos sociais. 10. (IFA) “A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo. Ou seja, por ano, um milhão de indivíduos decidem tirar a própria vida. Atualmente, 55% destes têm menos de 45 anos idade - em 1950, por outro lado, 60% dos suicidas eram mais velhos que isto. Os dados são de um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS)”. Disponível em: <http://revistaepoca.globo. com>. Acesso em: 21/01/2013.
No final do século XIX, Émile Durkheim produziu um dos estudos clássicos da sociologia. A partir das análises de Durkheim, podemos afirmar que: a) Para Dukheim, o suicídio constitui um fenômeno ligado às sociedades marcadas pela solidariedade mecânica, caracterizada como um tipo de laço social onde não sobressaem as tomadas de decisões individuais.
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b) Para para Durkheim, os fatores psicológicos individuais alteram as taxas médias de suicídio. c) Para Durkheim, apenas a pobreza e as condições econômicas desfavoráveis promovem o aumento do número de indivíduos que cometem suicídio. d) Para Durkheim, o suicídio não é motivado apenas por decisões individuais, é um fenômeno ligado a causas sociais, ao contexto de vida, aos valores culturais. e) Para o sociólogo francês, é o desequilíbrio no funcionamento da sociedade que causa o aumento da taxa média de suicídios.
Gabarito
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1. D
2. D
3. D
4. C
5. A
6. C
7. B
8. D
9. E
10. E
Aula
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Introdução aos clássicos da Sociologia: Karl Marx Competências 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 15, 16, 18, 20, 22, 23, 24 e 25
Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades. H1
Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.
H2
Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
H3
Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos
H4
Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.
H5
Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder. H6
Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
H7
Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
H8
Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.
H9
Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial
H10
Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade histórico-geográfica.
Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais. H11
Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
H12
Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
H13
Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
H14
Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.
H15
Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social. H16
Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
H17
Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
H18
Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.
H19
Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
H20
Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade. H21
Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.
H22
Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
H23
Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.
H24
Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.
H25
Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.
Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos. H26
Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
H27
Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.
H28
Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócioambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.
H29
Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.
H30
Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.
Infraestrutura, superestrutura e o materialismo dialético de Marx Para Marx, entretanto, Hegel estaria equivocado: além de criticar o caráter transcendental da filosofia hegeliana, Marx afirmou que não seriam a cultura ou os pensamentos humanos – os pressupostos espirituais de Hegel – os responsáveis por criar condições suficientes para uma transformação nas condições materiais de uma determinada sociedade. Para ele, essa relação se daria de maneira
Karl Marx (1818-1883)
contrária: são fundamentalmente as transformações de natureza material que possibilitam o surgimento de no-
Introdução
vos pressupostos espirituais. Em última instância, são as forças econômicas os principais determinantes do avanço
Para entendermos o pensamento do filósofo, sociólogo, historiador e economista Karl Marx, é imprescindível que retomemos o pensamento de outro grande pensador alemão: Hegel. Para Hegel, a evolução do processo histórico seria decorrente da tensão entre pares de pensamentos opostos (tese e antítese), que posteriormente seria solucionada por uma terceira tese, a síntese. Segundo o filósofo, haveria uma força que movimenta o curso da história. A essa força, Hegel dá o nome de “espírito do mundo” – uma espécie de somatório de todas as manifestações humanas que está em constante marcha rumo a uma autoconsciência e um autodesenvolvimento cada vez maiores.
da história; são as relações e as condições materiais que apontam seus rumos. Cada etapa histórica, afirma Marx, é marcada por um modo de produção e suas peculiaridades. Às relações materiais de uma sociedade, Marx denomina infraestrutura. As instituições políticas, religiosas e morais, a reflexão filosófica e até a produção artística de uma sociedade, Marx chama de superestrutura. Na análise social marxista, a infraestrutura, isto é, as relações materiais, são como os pilares fundamentais de todas as ideias e pensamentos existentes em uma sociedade. A superestrutura não passa, portanto, de mero reflexo de sua base (a infraestrutura).
O meu método dialético não só difere, pela sua base, do método hegeliano, mas é exatamente o seu oposto. Para Hegel, o movimento do pensamento, que ele personifica com o nome de ideia, é o demiurgo da realidade, que não é senão a forma fenomenal da ideia. Para mim, pelo contrário, o movimento do pensamento é apenas o reflexo do movimento real, transposto e traduzido no cérebro do homem. (Karl Marx, em O Capital).
É importante ressaltar, porém, que Marx afirma haver uma relação dialética, isto é, uma relação de influência mútua, entre infraestrutura e superestrutura. É graças à percepção desta relação entre a matéria e o psicológico e o social que Marx inaugura uma nova concepção filosófica de mundo: o materialismo dialético – que, aplicado à análise histórica e social de Marx e Engels, é chamado de materialismo histórico.
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Componentes da infraestrutura
A luta de classes
Marx escreve que a infraestrutura é composta por três
A afirmação de que toda a infraestrutura de uma sociedade é determinada por sua classe dominante evidencia outro importante elemento da análise social marxista: a luta de classes. Para Marx, toda a história da humanidade pode ser contada pela perspectiva da luta de classes, isto é, pelas tensões e relações conflituosas entre classes dominantes e classes dominadas. Somente mudanças na infraestrutura social poderiam girar a roda da história; e estas mudanças, afirma, foram sempre conquistadas pelo choque entre estas duas classes. No feudalismo, por exemplo, a luta de classes teria se dado entre nobreza e campesinato. O choque decorrente daí teria possibilitado a superação do modo de produção feudal. Na sociedade capitalista, contexto em que se insere Marx, ela se daria entre burgueses (ou capitalistas) e proletariado. Em suma, é essa a visão marxista da história humana: trata-se do choque e da relação conflituosa entre os detentores dos meios de produção e aqueles que não os detêm.
níveis distintos: §§ As condições de produção, isto é, as matérias-primas ou recursos naturais disponíveis em uma sociedade – que por si só já seriam responsáveis por determinar o tipo de produção empregada por um país. Um país com terras férteis pode produzir itens agrícolas que um país sem essas condições teria dificuldades para produzir, por exemplo. §§ As forças produtivas, ou seja, os tipos de ferramentas e máquinas disponíveis em uma sociedade (ou, em outras palavras, a tecnologia disponível). Como exemplo, podemos pensar que sociedades que dispõem de energia elétrica para sua produção tendem a ser bem diferentes de sociedades que ainda não a descobriram. §§ Por fim, as relações de produção, isto é, quem detém os meios de produção (máquinas, fábricas etc.) de uma sociedade e como o trabalho é
A alienação do trabalhador
dividido na mesma. Uma sociedade feudal, em que o senhor detinha todo o capital produtivo, por exemplo, tem características diferentes de uma sociedade capitalista moderna. Como vimos, Marx afirma que é o modo de produção de uma sociedade (a combinação entre suas condições de produção, forças produtivas e relações de produção) que determina as suas relações ideológicas e políticas. A moral e os costumes de uma determinada sociedade são produtos da infraestrutura; por este motivo é inconcebível, por exemplo, que hoje um pai determine com quem sua filha irá se casar – como se fazia na Idade Média, marcada pelo modo de produção feudal. Marx vai além, contudo: ele afirma que a moral e os costumes de uma sociedade não só são produtos de seu modo de produção, como também são determinados por sua classe dominante, aqueles que detêm seus meios de produção. No caso do capitalismo, essa elite é identificada com a burguesia financeira ou industrial – os capitalistas.
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Pela maneira desigual que se dão suas relações de produção (dadas as vantagens dos capitalistas em relação ao proletariado pelo fato de deterem os meios de produção), Marx analisa que o capitalismo teria uma terrível consequência: a alienação do trabalhador. Seguindo a tradição hegeliana, Marx identifica o trabalho como uma atividade extremamente positiva, a origem da condição humana. Ele alerta, entretanto, de que no modo de produção capitalista o trabalhador não trabalha para si mesmo; trabalha, sim, para o capitalista – o detentor dos meios de produção. Assim, o trabalho, tão intimamente ligado à condição humana, torna-se externo ao trabalhador. Ao alienar-se em relação ao seu próprio trabalho, o trabalhador aliena-se também em relação à sua própria humanidade.
Exploração e mais-valia A partir do conceito de alienação do trabalhador fica claro que, na visão de Marx, o modo de produção capitalista se apresenta como um grande inimigo da condição humana. Mas a alienação traria ainda mais conse-
quências, segundo o autor. Uma vez alienado – e, portanto incapaz de perceber sua condição humana –, o trabalhador perde a capacidade de se enxergar como parte essencial da produção capitalista (veremos, mais à frente, que na visão marxista é o trabalho o grande responsável por qualquer geração de valor). Sem essa consciência, a percepção do papel fundamental que desempenha no processo produtivo, o trabalhador se torna ainda mais vulnerável à exploração pela classe detentora dos meios de produção. Marx chama esta exploração de mais-valia – a diferença entre o valor gerado pelo trabalhador e a remuneração que este recebe por seu trabalho. Em outras palavras, a mais-valia nada mais é do que o lucro auferido pelo detentor dos meios de produção. É, também, a confirmação da exploração sofrida pela classe trabalhadora; a consumação de um processo destrutivo causado pelo modo de produção capitalista.
Valor de uso e Valor de troca Em O Capital, Marx inicia toda a sua análise do modo de produção capitalista pela mercadoria – isso porque, veremos adiante, em sua visão a mercadoria possuía um papel de destaque no capitalismo. Para Marx, a mercadoria é, antes de tudo, algo que satisfaz uma necessidade humana qualquer – seja ela material ou espiritual. Ele conclui, assim, que tudo aquilo que é ou foi uma mercadoria deve ter alguma utilidade para nós – um valor de uso, portanto. O valor de uso de uma mercadoria é dado por suas qualidades. Uma madeira resistente tem um valor de uso diferente de uma madeira flexível, por exemplo. A primeira pode ser usada para a construção, enquanto a segunda para a fabricação de objetos que exijam maior flexibilidade. Repare que toda mercadoria é valor de uso, mas nem todo valor de uso é uma mercadoria: embora tenha enorme utilidade para nós, o ar que respiramos não é adquirido por meio de trocas comerciais, por exemplo. Isso porque, para Marx, há uma característica fundamental nas mercadorias: além do valor de uso, toda mercadoria também possui um valor de troca. O valor de troca de uma mercadoria pode ser estabelecido como uma relação de proporção. No processo de troca comercial, necessariamente estabelecemos
esta proporção: uma quantidade x de uma mercadoria A vale uma quantidade y de uma mercadoria B. Atualmente, temos a moeda para facilitar este processo. O dinheiro padroniza as trocas comerciais, criando uma unidade comum a todas elas. Mas Marx observou que, mesmo em transações monetárias, esta proporção está implícita (se uma laranja custa R$ 1,00 e um casaco custa R$ 100,00, podemos dizer que um casaco vale 100 laranjas). Mas como é possível estabelecer uma proporção entre mercadorias com propriedades e, portanto, valor de uso tão distintos? Como é possível comparar um casaco, que tem a finalidade de proteger do frio (e também estética), com uma laranja, que tem como finalidade a alimentação? Para Marx, essa possibilidade se abre ao notarmos que há algo comum a todas as mercadorias: o trabalho humano. Do casaco manufaturado à laranja colhida pelo agricultor, diz ele, todas as mercadorias são produto direto ou indireto do trabalho humano. É somente a partir deste elemento comum a todas elas, o trabalho humano, que mercadorias qualitativamente tão distintas podem ser comparadas em termos quantitativos.
A reificação e o fetichismo da mercadoria de Marx Marx considerava que o valor real de uma mercadoria poderia ser expresso pela quantidade de trabalho social despendido em sua produção. O modo de produção capitalista, contudo, possuiria a terrível tendência a degenerar a relação identitária entre trabalho social e valor; ao alienar o trabalhador, roubando-lhe a própria condição humana, o capitalismo reduziria todas as formas de sociabilidade a meras relações de troca comercial, provocando a reificação (“coisificação”) das relações humanas. Se no capitalismo as relações sociais entre pessoas se transformam em relações sociais entre mercadorias (desumanizando-se, em uma economia de mercado o homem se relaciona apenas por meio de trocas comerciais!), o papel que estas assumem na sociedade passa a ser de destaque. Já não se observa mais o valor de uso das mesmas, mas tão somente o valor de troca; é o triunfo do valor de troca sobre o valor de uso, consequência do modo de produção preconizada por Marx em sua obra.
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Com esta inversão, o trabalho despendido na produção destas mercadorias fica em segundo plano, obscurecido pelos preços de mercado a que se sujeita o processo de troca comercial. Elimina-se a percepção do esforço social que se faz necessário para produzir um bem, e assume-se que este esforço se resume ao valor monetário pelo qual é trocado. De tal forma que as mercadorias, antes percebidas como mera produção humana, são agora objetos com existência própria, independentes de qualquer esforço humano. Personificam-se, assumindo posteriormente caráter divino. Passam, em última instância, a determinar as relações sociais. Este é o conceito marxista de fetichismo da mercadoria, consequência final do capitalismo. A relação entre os conceitos de alienação, exploração e mais-valia, reificação das relações sociais e fetichismo da mercadoria é intrínseca e fundamental para se entender a obra marxista. De maneira geral, pode-se dizer que a forma como o autor enxerga as relações sociais no sistema produtivo capitalista é explicada, em grade parte, pela maneira como estes conceitos se relacionam entre si e os demais elementos presentes em sua obra.
O Manifesto Comunista
precárias. Tomemos como exemplo o caso de mineradores das minas de carvão, que não raro morriam em decorrência das péssimas condições de trabalho (exposição à fuligem, alimentação inadequada, trabalho exaustivo etc.). Crianças pequenas e mulheres grávidas também eram obrigadas a trabalhar para garantir algum sustento. Não havia nenhum tipo de direito trabalhista que protegesse a classe trabalhadora e garantisse sua dignidade. É neste contexto que, em 1848, juntamente com seu colega Friedrich Engels, Marx publica o Manifesto Comunista. Com uma estrutura simples (uma breve introdução, três capítulos e conclusão) e linguagem acessível, o manifesto tinha como objetivo conscientizar a classe trabalhadora sobre as contradições do modo de produção capitalista e as desigualdades por ele geradas, bem como ressaltar a importância da união dos trabalhadores no processo de superação do capitalismo. Os comunistas recusam-se a ocultar seus pensamentos e intenções. Eles divulgam abertamente que seu objetivo só poderá ser alcançado mediante uma revolução capaz de abalar toda a ordem social vigente. Que as classes dominantes tremam diante da revolução comunista. Os proletários nada têm a perder além de seus grilhões. Eles têm o mundo a ganhar. Proletários de todo o mundo, uni-vos! Conclusão d’O Manifesto Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels.
O texto teve grande repercussão. Até os dias de hoje, o Manifesto Comunista continua a exercer grande influência em Partidos Comunistas mundo afora.
A revolução do proletariado e a implementação do Comunismo Edição inglesa de O Manifesto Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels
Na primeira metade do século XIX, as relações de trabalho e sociais, de maneira geral, se davam de maneira diferente daquelas observadas nos dias de hoje. Era comum, na Europa, que trabalhadores cumprissem jornadas de trabalho de mais de 14 horas diárias, em condições de trabalho insalubres ou bastante
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Como vimos, Marx enxergava a história mundial como a história da luta de classes. Em sua análise, todo o curso da história é marcado pelo embate entre a classe dominante, detentora dos meios de produção, e a classe dominada. A análise marxista baseia-se na observação de exemplos históricos. O Antigo Regime, notou Marx, somente foi superado pela Revolução Francesa – na-
turalmente, depois de muita resistência da aristocracia daquele país. Percebendo essa dinâmica, o autor afirma que, pelo fato de a classe dominante não desejar abdicar de sua hegemonia (privilégios, poder econômico e político etc.), somente uma ruptura violenta – uma revolução do proletariado – seria capaz de engendrar alguma mudança substancial na sociedade. Marx chama a atenção, contudo, para o fato de o capitalismo ser um sistema econômico autodestrutivo. Sendo um sistema produtivo de acumulação descentralizada, ao capitalismo falta qualquer tipo de racionalidade. A evolução do capitalismo, apontadas as suas contradições e falhas, é a sua própria destruição. É um processo endógeno, pois o sistema se mostra insustentável; Marx observa uma tendência de queda do nível salarial e do nível de emprego, que em última instância levariam a constantes crises de excesso de superprodução. Sua incapacidade de se estabilizar, sua tendência à criação de crises e caos social, portanto, são a sua ruína – pois o colocariam sempre na iminência de uma agitação revolucionária. O capitalismo enquanto sistema econômico, diz
Consequências do pensamento de Marx No campo da política, inúmeros movimentos socialistas e comunistas se espalharam pelo mundo por influência da obra marxista. Depois de Marx, podemos dizer que o movimento socialista se dividiu em duas vertentes principais: §§ A social-democracia, corrente que prega a via pacífica e gradual para uma sociedade mais justa e igualitária, alcançada por meio de reformas políticas e econômicas. Fortemente identificada com o Estado de Bem-estar Social, a social-democracia foi o sistema escolhido pela maioria dos países europeus (França, Alemanha, países nórdicos). §§ O leninismo, corrente que manteve a crença na ideia marxista de que somente uma ruptura violenta (isto é, a via revolucionária) possibilitaria a superação do modo de produção capitalista e suas mazelas. Com a Revolução Russa,
Marx, não passa de um estágio passageiro da história,
de 1917, que culmina na formação da União das
que avança rumo ao comunismo – uma sociedade
Repúblicas Socialistas Soviéticas, o marxismo-
em que qualquer classe social seria suprimida. Essa so-
-leninismo também se espalhou pelo mundo e
ciedade seria alcançada pela revolta dos trabalhadores
influenciou países como China (adaptado ao
e a tomada dos meios de produção por eles. Durante
Maoísmo), Cuba, Coreia do Norte (adaptado
um período transitório, diz Marx, a sociedade viveria o
à ideologia Juche) e alguns países africanos
que ele chama de ditadura do proletariado – perí-
como Angola e Moçambique.
odo em que a classe trabalhadora subjugaria a antiga
No campo da ciência, são vários os autores de
classe dominante, a burguesia. Numa primeira etapa, o socialismo, a sociedade, em um sistema de relativa igualdade e cooperação,
inspiração marxista. Rosa Luxemburgo, Lukács, Lênin, Gramsci, Eric Hobsbawm e Caio Prado Jr. (dentre tantos outros) figuram entre os nomes mais conhecidos.
teria controle sobre a produção e a distribuição dos
Com sua teoria, Marx é responsável por revo-
bens produzidos. Com o tempo, as bases classistas des-
lucionar a economia política de sua época. Ainda hoje,
sa sociedade se dissolveriam e o processo culminaria
sempre que o capitalismo entra em crise, Marx é lem-
no comunismo, sociedade sem classes em que todos
brado e se reafirma como um dos principais críticos des-
os bens de produção seriam de propriedade coletiva, e
te sistema econômico.
todo trabalhador seria proprietário de seu próprio tra-
Marx também influenciou positivamente o cam-
balho. Como consequência, teríamos o fim da alienação
po da filosofia – e da ciência, de maneira geral – ao
e a restauração da condição humana.
reinterpretar o papel do filósofo ou intelectual. Dizia que não bastava interpretar a realidade, era necessário transformá-la.
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INTERATIVIDADE ASSISTIR Vídeos
Fundamentos do MARXISMO - Prof. José Paulo Netto Fonte: Youtube
Vídeos
Clóvis de Barros Filho - Ética Marxista
Fonte: Youtube
Vídeos
A politica em Karl Marx | Clóvis de Barros | Aula Fonte: Youtube
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LER Livros Manifesto do Partido Comunista Karl Marx e Friedrich Engels O Manifesto Comunista, originalmente denominado Manifesto do Partido Comunista, publicado pela primeira vez em 21 de fevereiro de 1848, é historicamente um dos tratados políticos de maior influência mundial. Como mudar o mundo – Eric Hobsbawm Nesta coletânea de textos sobre Marx e o marxismo, o historiador britânico Eric Hobsbawm oferece uma visão panorâmica do legado intelectual e político do filósofo alemão e seu impacto decisivo na história dos séculos XIX e XX.
Marx, manual de instruções - Daniel Bensaïd Pouco mais de vinte anos atrás podia-se ouvir praticamente em uníssono que “Marx está morto”. Mas, diante de um cenário pautado por crises econômicas, ecológicas e ideológicas, de um desmonte institucional num contexto de mobilizações globais, Marx se afirma cada vez mais como o espectro incontornável de nossos tempos. Suas análises econômicas passam a ser cada vez mais levadas em conta pelos analistas de Wall Street e sua teoria do dinheiro discutida até pelos grandes meios de comunicação. Mas, afinal, o que disse Marx? Nesse pequeno curto livro, Marx, manual de instruções, o filósofo e ativista político francês Daniel Bensaïd (1946-2010) oferece uma divertida introdução à vida e obra do pensador alemão. Um claro e elucidativo panorama que combina filosofia e dezenas de quadrinhos do provocativo cartunista francês Stéphane ‘Charb’ Charbonnier, feitos especialmente para a obra; há humor e espírito de síntese, carregado de insights de um dos mais importantes teóricos anticapitalistas da contemporaneidade.
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Aprofunde seus conhecimentos 1. (UEG)
Algumas pessoas conseguem mais do que outras nas sociedades – mais dinheiro, mais prestígio, mais poder, mais vida, e tudo aquilo que os homens valorizam. Tais desigualdades criam divisões na sociedade – divisões com respeito a idade, sexo, riqueza, poder e outros recursos. Aqueles no topo dessas divisões querem manter sua vantagem e seu privilégio; aqueles no nível inferior querem mais e devem viver em um estado constante de raiva e frustração [...]. Assim, a desigualdade é uma máquina que produz tensão nas sociedades humanas. É a fonte de energia por trás dos movimentos sociais, protestos, tumultos e revoluções. As sociedades podem, por um período de tempo, abafar essas forças separatistas, mas, se as severas desigualdades persistem, a tensão e o conflito pontuarão e, às vezes, dominarão a vida social. TURNER, Jonathan H. Sociologia: Conceitos e aplicações. São Paulo: Pearson, 2000. p. 111.
A observação da figura e a leitura do texto permitem inferir: a) no plano social, a igualdade humana está explícita em dois setores bem definidos: na Justiça, segundo a qual todos são iguais perante a lei, e na educação, em que todos devem ter oportunidades iguais; essas práticas são vivenciadas pela sociedade brasileira. b) segundo Karl Marx, aqueles que possuem ou controlam os meios de produção têm poder, sendo capazes de manipular os símbolos culturais através da criação de ideologias que justifiquem seu poder e seus privilégios. c) a estratificação de classes existe quando renda, poder e prestígio são dados igualmente aos membros de uma sociedade, gerando, portanto, grupos culturais, comportamentais e organizacionais semelhantes. d) a estratificação, na visão de Karl Marx, mostra que a luta de classes não se polariza entre o ter e o não ter e envolve mais do que a ordem econômica.
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2. (UEL) A ópera-balé Os Sete Pecados Capitais da Pequena Burguesia, de Kurt Weill e Bertold Brecht, composta em 1933, retrata as condições dessa classe social na derrocada da ordem democrática com a ascensão do nazismo na Alemanha, por meio da personagem Anna, que em sete anos vê todos os seus sonhos de ascensão social ruírem. A obra expressa a visão marxista na chamada doutrina das classes. Em relação à doutrina social marxista, assinale a alternativa correta. a) A alta burguesia é uma classe considerada revolucionária, pois foi capaz de resistir à ideologia totalitária através do controle dos meios de comunicação. b) A classe média, integrante da camada burguesa, foi identificada com os ideais do nacional-socialismo por defender a socialização dos meios de produção. c) A pequena burguesia ou camada lúmpen é revolucionária, identificando a alta burguesia como sua inimiga natural a ser destruída pela revolução. d) A pequena burguesia ou classe média é uma classe antirrevolucionária, pois, embora esteja mais próxima das condições materiais do proletariado, apoia a alta burguesia. e) O proletariado e a classe média formam as classes revolucionárias, cuja missão é a derrubada da aristocracia e a instauração do comunismo. 3. (Uece) O século XIX foi marcado pelo surgimento de correntes de pensamento que contestavam o modelo capitalista de produção e propunham novas formas de organizar os meios de produção e a distribuição de bens e riquezas, buscando uma sociedade que se caracterizasse pela igualdade de oportunidades. No que diz respeito a essas correntes, assinale a afirmação verdadeira. a) O socialismo cristão buscava aplicar os ensinamentos de Cristo sobre amor e respeito ao próximo aos problemas sociais gerados pela industrialização, mas apesar de vários teóricos importantes o defenderem, a Igreja o rejeitou através da Encíclica Rerum Novarum, lançada pelo Papa Leão XIII. b) No socialismo utópico, a doutrina defendida por Robert Owen e Charles Fourrier, prevaleciam as ideias de transformar a realidade por meio da luta de classes, da superação da mais valia e da revolução socialista. c) O socialismo científico proposto por Karl Marx e Friedrich Engels, através do manifesto Comunista de 1848, defendia uma interpretação socioeconômica da história dos povos, denominada materialismo histórico.
d) O anarquismo do russo Mikhail Bakunin defendia a formação de cooperativas, mas não negava a importância e a necessidade do Estado para a eliminação das desigualdades. 4. (UEG 2017) Leia o texto a seguir. Árabes, Turcos, Mongóis, que sucessivamente invadiram a Índia, cedo ficaram indianizados, uma vez que, segundo uma lei eterna da história, os conquistadores bárbaros são eles próprios conquistados pela superior civilização dos seus súditos. Os Britânicos foram os primeiros conquistadores superiores e, por conseguinte, inacessíveis à civilização hindu. Destruíram-na, rebentando com as comunidades nativas, arrancando pela raiz a indústria nativa e nivelando tudo o que era grande e elevado na sociedade nativa. PRAXEDES, Walter. Eurocentrismo e racismo nos clássicos da filosofia e das ciências sociais. Revista Espaço Acadêmico. n. 83, abril de 2008. Disponível em: <www.espacoacademico. com. br/083/83praxedes.html>. Acesso em: 02 set. 2016.
O autor do texto citado foi Karl Marx (18181883), um dos mais destacados intelectuais da segunda metade do século XIX. Como documento histórico de uma época, o texto revela que a) o marxismo foi uma teoria que, apesar dos seus apelos socialistas, foi criada para defender os interesses colonialistas dos países capitalistas europeus. b) o hinduísmo é uma religião sofisticada e “elevada”, que garantiu a manutenção da identidade cultural hindu frente a todos os conquistadores. c) a universal “lei eterna da história”, apregoada pelo autor, retrata coerentemente a conquista de Roma pelos bárbaros e a invasão britânica na Índia. d) a concepção eurocêntrica do autor, um homem de seu tempo, levou-o a ressaltar a superioridade cultural britânica frente à civilização hindu. e) a dominação capitalista britânica não teve condições efetivas de desenvolver-se na Índia, em virtude da debilidade de sua indústria nativa. 5. (Udesc) “Um espectro ronda a Europa – o espectro do comunismo. Todas as potências da velha Europa unem-se numa Santa Aliança para conjurá-lo: o papa e o czar, Metternich e Guizot, os radicais da França e os policiais da Alemanha. Que partido de oposição não foi acusado de comunista por seus adversários no poder? Que partido de oposição, por sua vez, não lançou a seus adversários de direita ou de esquerda a pecha infamante de comunista: Duas conclusões decorrente desses fatos: 1. O comunismo já é reconhecido como força por todas as potências da Europa; 2.
É tempo de os comunistas exporem, abertamente, ao mundo inteiro, seu modo de ver, seus objetivos e suas tendências, opondo um manifesto do próprio partido à lenda do espectro do comunismo.” Marx; Engels. Manifesto Comunista. Edição Completa.
Com base no Manifesto Comunista de 1848, analise as proposições. I. Existem ao menos dois tipos de comunismo, um defendido pelos trabalhadores como ideologia com projeto político alternativo, e outro o comunismo como espectro inventado por instituições religiosas, políticas e militares para desqualificar a luta dos trabalhadores. II. O espectro do comunismo conseguiu unificar as forças mais conservadoras – “o papa e o czar, Metternich e Guizot, os radicais da França e os policiais da Alemanha” – em prol da democracia e do liberalismo. III. A multiplicação das fábricas nacionais e dos instrumentos de produção, o arroteamento das terras incultas e o melhoramento das terras cultivadas são partes do programa original do Manifesto Comunista. IV. O Manifesto Comunista inclui em seu programa – a centralização de todos os meios de comunicação e de transporte sob a responsabilidade do Estado. V. Consta, no programa do Manifesto Comunista, a supressão da família burguesa centralizada na figura autoritária do pai. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas II, IV e V são verdadeiras. b) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras. c) Somente a afirmativa V é verdadeira. d) Somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras. e) Todas as afirmativas são verdadeiras. 6. (Mackenzie) Ao analisar os acontecimentos e consequências de 1848, na França, Karl Marx denominou de “18 brumário de Luís Bonaparte” o golpe de Estado realizado por esse último. A denominação é historicamente possível, pois a) estendeu a ação de seu Império da França até o norte da África, incluindo regiões na Itália e Alemanha, territórios anteriormente também conquistados por seu tio. b) organizou um Império de caráter despótico absolutista, impôs a censura aos meios de comunicação e proclamou-se cônsul vitalício, atitudes já realizadas por Napoleão. c) assim como Napoleão, Luís Bonaparte legitimou seu golpe por meio de um plebiscito, extinguindo a República até então vigente para proclamar-se imperador.
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d) Luís Napoleão, assim como Napoleão, a princípio realizou reformas absolutistas para depois, já no Império, introduzir princípios iluministas de administração pública. e) assim como seu tio, Luís Bonaparte se auto coroou imperador, reduziu a interferência do alto clero no governo e limitou o direito ao voto a critérios censitários. 7. (IFSP) Por volta dos séculos XV e XVI, os artesãos tinham grande interesse pelo seu trabalho específico e pela habilidade de realizá-lo. Assim, por exemplo, vidreiros, especialistas na difícil arte de fazer garrafas, copos e contas de vidro se realizavam, chegando até a revelar certo senso artístico. Dessa maneira, cada artesão se integrava totalmente em seu trabalho, interessando-se por ele. MARX, K.; ENGELS, F. A ideologia alemã. São Paulo: Hucitec. 1986. p. 81.
Passados alguns séculos, a Revolução Industrial do século XIX trouxe aos trabalhadores a) a mesma satisfação que os artesãos dos séculos XV e XVI tinham em seu trabalho. b) uma maior satisfação, pois, com a produção industrial, o fruto de seu trabalho era de melhor qualidade. c) uma satisfação todo dia, pois, no século XIX, a jornada de trabalho era de apenas 6 horas diárias e sobrava muito tempo para o lazer. d) uma satisfação a todo mês, quando ele recebia seu salário e, ao final de um ano, quando ele podia ter férias. e) nenhuma satisfação, pois o operário não via o produto final de seu trabalho. 8. (Unicamp) A história de todas as sociedades tem sido a história das lutas de classe. Classe oprimida pelo despotismo feudal, a burguesia conquistou a soberania política no Estado moderno, no qual uma exploração aberta e direta substituiu a exploração velada por ilusões religiosas. A estrutura econômica da sociedade condiciona as suas formas jurídicas, políticas, religiosas, artísticas ou filosóficas. Não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, ao contrário, são as relações de produção que ele contrai que determinam a sua consciência. Marx, K.; Engels, F. Obras escolhidas. São Paulo: Alfaômega, s./d., v. 1, p. 21-23, 301-302.
As proposições dos enunciados acima podem ser associadas ao pensamento conhecido como: a) materialismo histórico, que compreende as sociedades humanas a partir de ideias universais independentes da realidade histórica e social.
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b) materialismo histórico, que concebe a história a partir da luta de classes e da determinação das formas ideológicas pelas relações de produção. c) socialismo utópico, que propõe a destruição do capitalismo por meio de uma revolução e a implantação de uma ditadura do proletariado. d) socialismo utópico, que defende a reforma do capitalismo, com o fim da exploração econômica e a abolição do Estado por meio da ação direta. 9. (UERJ) O permanente revolucionar da produção, o abalar ininterrupto de todas as condições sociais, a incerteza e o movimento eternos distinguem a época de todas as outras. Todas as relações fixas e enferrujadas, com seu cortejo de representações e concepções, são dissolvidas, todas as relações recém-formadas envelhecem antes de poderem ossificar-se. Tudo o que era estável se volatiliza, e os homens são por fim obrigados a encarar com os olhos bem abertos a sua posição na vida. MARX e ENGELS Adaptado do Manifesto do Partido Comunista
Em 1848, na defesa de uma nova sociedade, o Manifesto Comunista criticou as transformações advindas da modernização capitalista nos países da Europa Ocidental. Dois aspectos dessa modernização, então criticados, foram: a) crescimento industrial – garantia de direitos sociais b) aceleração tecnológica – aumento da divisão do trabalho c) mecanização da produção – elevação da renda salarial média d) diversificação de mercados – valorização das corporações sindicais 10. (UEL) “A casa não é destinada a morar, o tecido não é disposto a vestir, O pão ainda é destinado a alimentar: ele tem de dar lucro. Mas se a produção apenas é consumida, e não é também vendida Porque o salário dos produtores é muito baixo – quando é aumentado Já não vale mais a pena mandar produzir a mercadoria –, por que alugar mãos? Elas têm de fazer coisas maiores no banco da fábrica Do que alimentar seu dono e os seus, se é que se quer que haja Lucro! Apenas: para onde com a mercadoria? A boa lógica diz: Lã e trigo, café e frutas e peixes e porcos, tudo junto É sacrificado ao fogo, a fim de aquentar o deus do lucro! Montanhas de maquinaria, ferramentas de exércitos em trabalho, Estaleiros, altos-fornos, lanifícios, minas e moinhos: Tudo quebrado e, para amolecer o deus do lucro, sacrificado!
De fato, seu deus do lucro está tomado pela cegueira. As vítimas Ele não vê. [...] As leis da economia se revelam Como a lei da gravidade, quando a casa cai em estrondos Sobre as nossas cabeças. Em pânico, a burguesia atormentada Despedaça os próprios bens e desvaira com seus restos Pelo mundo afora em busca de novos e maiores mercados. (E pensando evitar a peste alguém apenas a carrega consigo, empestando Também os recantos onde se refugia!) Em novas e maiores crises A burguesia volta atônita a si. Mas os miseráveis, exércitos gigantes, Que ela, planejadamente, mas sem planos, arrasta consigo, Atirando-os a saunas e depois de volta a estradas geladas, Começam a entender que o mundo burguês tem seus dias contados Por se mostrar pequeno demais para com¬portar a riqueza que ele próprio criou.” BRECHT, Bertolt. O manifesto. Crítica marxista. São Paulo, n. 16, p. 116, mar. 2003.
Os versos anteriores fazem parte de um poema inacabado de Brecht (1898-1956) numa tentativa de versificar O manifesto do partido 35 comunista de Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895). De acordo com o poema e com os conhecimentos da teoria de Marx sobre o capitalismo, é correto afirmar que, na sociedade burguesa, as crises econômicas e políticas, a concentração da renda, a pobreza e a fome são: a) Oriundos da inveja que sentem os miseráveis por aqueles que conseguiram enriquecer. b) Frutos da má gestão das políticas públicas. c) Inerentes a esse modo de produção e a essa formação social. d) Frutos do egoísmo próprio ao homem e que poderiam ser resolvidos com políticas emergenciais. e) Fenômenos característicos das sociedades humanas desde as suas origens.
Gabarito 1. B
2. D
3. C
4. D
5. E
6. C
7. E
8. B
9. B
10. C
91
Aula
4
Introdução aos clássicos da Sociologia: Max Weber Competências 1, 2, 3, 4 e 5 Habilidades 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 15, 16, 18, 20, 22, 23, 24 e 25
Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades. H1
Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.
H2
Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
H3
Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos
H4
Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.
H5
Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder. H6
Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
H7
Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
H8
Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.
H9
Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial
H10
Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade histórico-geográfica.
Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais. H11
Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
H12
Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
H13
Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
H14
Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.
H15
Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social. H16
Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
H17
Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
H18
Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.
H19
Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
H20
Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade. H21
Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.
H22
Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
H23
Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.
H24
Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.
H25
Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.
Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos. H26
Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
H27
Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.
H28
Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócioambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.
H29
Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.
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Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.
Max Weber (1864–1920) Introdução Karl Emil Maximilian Weber nasceu em Erfurt, em 21 de abril de 1864 e faleceu em 14 de junho de 1920, em Munique. Filho de um destacado político e funcionário público, Weber cresceu em um ambiente cercado de relações políticas e de intelectuais desde seus 12 anos, dedicou-se ao estudo da história, com referências especiais ao império romano. Foi durante a adolescência leitor voraz de autores como Goethe, Immanuel Kant e Schopenhauer. Formou-se em direito na Universidade de Heidelberg, aprofundando seus estudos em economia, história medieval e teologia. Desde cedo ganhou notoriedade dentro do mundo acadêmico, conquistando uma cadeira de professor universitário já em 1894, com 30 anos de idade. Em 1903, deixa a universidade para publicar seu ensaio A ética protestante e o espírito do capitalismo, considerada por muitos como a principal obra do século XX. Em 1918, tornou-se consultor da comissão militar alemão no Tratado de Versalhes e ajudou a escrever a nova Constituição da República de Weimar. Nesse ano, volta a lecionar em Munique, sendo também diretor do primeiro instituto de sociologia em uma universidade alemã. A maioria de seus trabalhos foram publicados após sua morte.
bases para a edificação da sociedade feudal ocidental europeia, em um esforço interpretativo do passado para o entendimento das mudanças posteriores. Sempre defendeu, sobremaneira, a utilização de uma visão particularista do cientista social sobre a formação de uma sociedade, não deixando de lado os elementos mais gerais de tal formação, mas respeitando a história do processo.
Max Weber
Para Weber, a Sociologia é uma ciência que pretende entender a Ação Social. Esta, é aquela que se realiza em um sentido pensado pelos indivíduos e que se refere à conduta de outros. Toda ação social tem certos requisitos: I) o ator lhe dá um sentido; II) tal sentido se remete a outro. A inação também deve ser considerada uma ação social, mesmo quando o indivíduo não esteja dando-lhe sentido consciente. Mesmo diante dessa situação, o sociólogo pode interpretá-la.
Bandeira da República de Weimar
A realidade social, tomada em sua totalidade, para o sociólogo alemão, é incognoscível. Isso, porque o investigador nunca consegue apreendê-la completa-
A sociologia de Max Weber
mente, recorrendo a tipos ideais ao analisar um pro-
Como observador estudioso das sociedades, Weber analisa não as particularidades individuais, mas estruturas de uma sociedade, utilizando para isso o método compreensivo. Assim o faz, por exemplo, quando procura nas transformações da sociedade romana as
o objeto de estudo e são meios de pensamento com o
cesso e compará-lo a outros. Os tipos ideais localizam objetivo de dominá-lo teoricamente e empiricamente. Significa dizer que um conceito nunca pode refletir exatamente a realidade, sendo concebível apenas representá-la a partir de alguns pontos de vista.
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A ação social pode tipificar-se em quatro tipos ideais: §§ Ação Afetiva: determinada por sentimentos, sendo essencialmente irracional; §§ Ação Tradicional: determinada por costumes arraigados que se reproduzem irracionalmente pelo hábito; §§ Ação Racional com relação a Valores: a ação está determinada por um valor e se realiza pelo mesmo, independentemente de seus resultados; §§ Ação Racional com relação a Fins: determinada pelos fins que perseguem, sendo predominante na vida econômica. Para Weber, uma explicação que só detenha causas materiais de seu surgimento é tão insuficiente e unilateral como uma que só aponte para as causas ideais. A realidade é multicausal e complexa. Nela, as diferentes ações sociais, por exemplo, encontram-se misturadas e não muito bem definidas. O sociólogo, imerso nessa sociedade complexa, por mais empenho que tenha em manter-se imparcial, não consegue evitar e esquecer seus próprios valores. Com isso, difere-se dos positivistas, como Durkheim, que apregoam uma postura neutra do pesquisador. Isso não quer dizer que Weber desacredite na objetividade do conhecimento. Para ele, os valores e preferências do pesquisador estão inscritos no momento da escolha de seu objeto de estudo, mas não na efetivação da pesquisa.
A questão da dominação Weber define o poder como a oportunidade de um homem ou homens concretizarem sua própria vontade em uma ação de comando, ainda que seja contra a resistência de outros que estejam participando da ação. Esse conceito é evidentemente amorfo, visto que pode assumir formas muito diversas e, portanto, insuficiente para garantir a ordem social. Com isso, Weber define o conceito de dominação, que seria a probabilidade de se encontrar obediência. Outro conceito basilar para o pensamento do autor é o de legitimidade. Esta é a crença de que a dominação exercida é válida e quem a exerce tem os
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atributos materiais e morais para fazê-lo. Nesse viés, o Estado se define como a instituição que reivindica o monopólio legítimo da violência dentro de um determinado território geográfico. Somente o Estado tem a outorga dos indivíduos para executar o direito da violência.
O autor define as dominações legítimas em três tipos ideais: §§ Dominação Tradicional Devota-se a um patriarca ou senhor, que é colocado no governo segundo um costume ou tradição da população. É o caso, por exemplo, de monarquias hereditárias. Por ser pautados pelos costumes, a dominação tradicional tende a ser altamente estável. §§ Dominação Carismática Apoia-se no caráter supostamente extraordinário do governante, sendo seu carisma o fundamento da legitimidade da dominação. Governantes carismáticos tendem a promover muitas inovações sociais políticas, mas contêm um caráter instável e provisório. Em caso de vacância ou morte do líder, esse tipo de dominação tende a ruir. §§ Dominação Legal-Racional É um fenômeno essencialmente da modernidade e se baseia em normas e regras racionalmente definidas. Os direitos e deveres dos que mandam e obedecem estão sistematizados em leis escritas. Tendem a ser muito estáveis, mas pouco flexíveis diante de situações extraordinárias. É o caso das democracias modernas, por exemplo.
Weber e a religião “Max Weber além de textos sociológicos escreveu obras de epistemologia, história, direito e economia, dentre os quais se encontram: História agrária de Roma e sua significação para o direito público e privado (1891); As tendências da evolução da situação dos trabalhadores rurais da Alemanha Oriental (1894); O Estado nacional e a política econômica (1895); A ética protestante e o espírito do capitalismo – 1ª parte (1904); A ética protestante e o espírito do capitalismo – 2ª parte (1905); Estudos críticos para servir à lógica das ciências da cultura; As seitas protestantes e o espírito do capitalismo (1906); As relações de produção na agricultura do mundo antigo (1909); Ensaio sobre algumas categorias da sociologia compreensiva (1913); A ética econômica das religiões mundiais (1915); Sociologia da religião (1916-1917); Crítica positiva da concepção materialista da história (1918); A ciência e a política como vocação (1918); O sentido da neutralidade econômica nas ciências políticas e sociais (1918); A história econômica geral (1919); Publicação póstuma de Economia e Sociedade. Para o desenvolvimento desta resenha o livro escolhido foi “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, onde se priorizou principalmente o capítulo III – A concepção de vocação de Lutero; capítulo IV – Fundamentos religiosos do ascetismo laico; e, o capítulo V – A ascese e o espírito do capitalismo. No presente livro, Max Weber investiga sobre as “origens” do capitalismo, verifica qual a influência da religião na origem do moderno sistema econômico capitalista-industrial e mostra como se dá o progresso da racionalização no Ocidente, visando responder essas questões numa perspectiva específica da ética protestante. No capítulo III “A concepção de vocação de Lutero”, Weber inicia discorrendo sobre como essa concepção se desenvolveu em Lutero, o mesmo vai afirmar que para se obter a salvação, não era necessário se retirar do mundo para rezar, mas o contrário, o indivíduo deveria permanecer na sua posição social, valorizando o cumprimento do dever dentro de sua profissão, pois, era a única maneira de se agradar a Deus. É com Lutero que se difusa a ideia de que quanto mais as pessoas aceitassem as suas tarefas profissionais, mais aptas estariam para serem salvas, é nisso que se baseia a sua vocação. O conceito de vocação permaneceu em seu caráter tradicionalista, onde era aceito como uma ordem divina, em que cada um deveria se adaptar. É com as seitas protestantes que esse processo irá mais longe, são organizadas no IV capítulo “Fundamento religioso do ascetismo laico”, onde Weber destaca quatro doutrinas como as mais importantes, sendo elas: Calvinismo, Pietismo, Metodismo e as seitas Batistas. Segundo Max Weber “o Calvinismo foi a fé em torno da qual giraram os países capitalisticamente desenvolvidos – Países Baixos, Inglaterra e França – onde moveram-se lutas políticas e culturais dos séculos XVI e XVII [...]” (p. 67). O dogma mais característico do Calvinismo é a doutrina da predestinação, somente Deus, na sua sabedoria e bondade eterna, sabe e escolhe quem será salvo ou não. Nada do que o homem fizer por esforço próprio faz diferença: tudo depende de Deus.
’ João Calvino
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O Calvinismo operava em três direções: habilitar para uma vida alerta e inteligente; eliminar a espontaneidade do gozo impossível da vida; e, botar ordem na conduta de seus adeptos. Diferentemente da concepção tradicionalista, o Calvinismo ver o trabalho como fim absoluto, onde enxerga no emprego a finalidade da sua própria existência humana. Todavia, para os calvinistas as boas obras não eram meios de adquirir a salvação, mas sim os sinais de prosperidades, e, era nesse ponto que residia a diferença entre os calvinistas e os católicos. O conflito entre o “indivíduo” e a “ética” inexistia para o Calvinismo embora ele atribuísse ao indivíduo sua inteira autonomia em questões religiosas. De acordo com Weber, o Pietismo foi um movimento que permaneceu dentro da Igreja Reformada, e originou-se a partir do luteranismo e calvinismo. Seu dogma principal também era a predestinação da fé. Para a fundamentação dogmática da conduta religiosa sistemática, o Pietismo combina ideais luteranos com uma doutrina especificamente calvinistas das boas obras, empreendidas com a intenção de honrar a Deus. Assim, a tendência da busca do deleite na vida presente, de impedir a organização racional da vida econômica que depende da previsão do futuro, tem, em certo sentido, um paralelo no campo da vida religiosa. Para Weber, o Pietismo significou a penetração da vida ascética, até mesmo em zonas de religiosidades não calvinistas, com isso, criou-se um maior controle da conduta da vocação. Max Weber define Pietismo em dois pontos: santificação e perfeição. Santificação é o progresso trilhado pelo cristão até chegar à perfeição dependendo totalmente da providência de Deus. O metodismo, para Weber, é a combinação de um emocionalismo ascético religioso que é indiferente às bases dogmáticas do ascetismo calvinista, inclusive tendo certo repúdio às doutrinas. O nome “metodismo” provém, entretanto, da própria sistemática: método. Tal sistemática é no metodismo aplicado à conduta (ética) do ser humano. Neste sentido, o metodismo possui forte tendência emocional, especialmente na América, incluindo exaltações emocionais em reuniões públicas. Todavia, o metodismo de nada ajudou no desenvolvimento da ideia da vocação. Já sobre as Seitas Batistas, Weber afirma serem derivadas do calvinismo, elas se dividem entre os menonitas, batistas e principalmente os quackers. O sociólogo alemão não as considera igrejas, mas sim seitas. As seitas batistas regendo-se por princípios diferentes dos da Reforma Luterana, consideravam imprescindível o romper com uma alegria mundana e vidas simples. Celebravam dois sacramentos, o batismo e a comunhão. O seu caráter metódico baseava-se em “aguardar a ação de Deus”, ou seja, separar o instintivo e irracional do Homem, de forma a atingir a salvação. Dentre as seitas indicadas por Weber, é a religião calvinista que melhor nos ajuda a explicar a relação entre a ética protestante e a origem do capitalismo. No último capítulo de sua esplêndida obra, Weber fará as ligações entre os fundamentos da ética protestante e do espírito do capitalismo. A ética do trabalho influenciada pela religião acabou dando suporte nas origens do capitalismo. Com o passar do tempo, a busca inconstante pelo lucro se desligou da religião e se tornou independente. O problema da racionalização foi outra questão apontada por Weber, pois além do protestantismo ascético favorecer a origem do capitalismo, também favoreceu na racionalização da vida, onde as pessoas passaram a ser guiadas pelo sistema econômico. Os puritanos levaram mais adiante a racionalização do mundo do que os católicos, eles queriam tornar-se um profissional e todos tiveram que segui-lo. O ascetismo foi levado para fora dos mosteiros e transferido para a vida profissional, o que contribuiu fortemente para a formação da moderna ordem econômica, que determina de maneira violenta o estilo de vida de todo indivíduo nascido sob esse sistema. O ser humano, no puritanismo, é apenas guardador dos bens que lhe foram emprestados pela graça divina. Nesse caso, o indivíduo não pode se conformar com a pobreza, pois quanto maior a posse, maior é a manifestação da Glória de Deus, isso vem à demonstrar a racionalização no acúmulo de capital. Um dos componentes fundamentais do espírito do moderno capitalismo está na conduta racional baseada na ideia da vocação. Desde que o ascetismo começou a remodelar o mundo, os bens materiais assumiram uma
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enorme força sobre os homens, como nunca antes na História. “Hoje em dia – ou definitivamente, quem sabe – seu espírito religioso safou-se da prisão.” (WEBER, 2000, p. 131) Ao fim de sua obra, Weber destaca que ninguém sabe a quem caberá no futuro viver essa prisão de ferro capitalista. Da mesma forma, lança a pergunta se surgirão novos profetas para anunciar tais desenvolvimentos análogos entre religião e economia.” Disponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/ resenha-a-etica-protestante-e-o-espirito-do-capitalismo/140191/>
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INTERATIVIDADE ASSISTIR Vídeos
Café Filosófico: A Sociologia de Weber - Gabriel Cohn Fonte: Youtube
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A alegoria da jaula de aço | Max Weber e Karl Marx - Michael Löwy
LER Livros A ética protestante e o espírito do capitalismo - Max Weber A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo é para a sociologia o que A Origem das Espécies, de Darwin, é para a biologia, ou A Interpretação dos Sonhos, de Freud, para a psicanálise: um livro inaugural, um marco ao qual sempre convém retornar. Publicado pela primeira vez em 1905 e ampliado pouco antes da morte do autor, em 1920, este ensaio instaurou uma nova maneira de compreender o capitalismo – com cultura. Num texto breve e de escrita límpida, Max Weber identificou a gênese da cultura capitalista moderna nos fundamentos da moral puritana. O método exemplar e o rigor da análise que se vêem no livro fizeram de Weber um dos três grandes pilares da sociologia moderna, ao lado de Émile Durkheim e Karl Marx. Weber - Gabriel Cohn Coletânea organizada por Gabriel Cohn, que reúne os principais textos de Max Weber.
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Aprofunde seus conhecimentos 1. (UEG) Leia o texto a seguir. O desenvolvimento do racionalismo econômico é parcialmente dependente da técnica e do direito racionais, mas é ao mesmo tempo determinado pela habilidade e disposição do homem em adotar certos tipos de conduta racional prática [...]. As forças mágicas e religiosas e as ideias éticas de dever nelas baseadas têm estado sempre, no passado, entre as mais importantes influências formativas de conduta. WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do
capitalismo. São Paulo: Pioneira, 1981. p. 09.
Uma das mais conhecidas explicações sobre a origem do capitalismo é a do sociólogo alemão Max Weber, que postula a afinidade entre a ética religiosa e as práticas capitalistas. Essa relação se mostra claramente na ética do a) Catolicismo romano, que por meio da cobrança de dízimos e vendas de indulgências estimulou a acumulação de capital. b) Puritanismo calvinista, que concebe o sucesso econômico como indício da predestinação para a salvação. c) Luteranismo alemão, que defendia que cada pessoa devia seguir a sua vocação profissional para conseguir a salvação. d) Anglicanismo britânico, que, ao desestimular as esmolas, permitiu o incremento da poupança nas famílias burguesas. e) Catolicismo Ortodoxo, que, ao abrir mão dos luxos nas construções arquitetônicas, canalizou capital para investimentos econômicos. 2. (Fuvest) “(em) Massachussetts o espírito do capitalismo estava presente antes do ‘desenvolvimento capitalista’ ... neste caso, a relação causal é, certamente, a inversa daquela sugerida pelo ponto de vista materialista”.’ WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo.
A afirmação a) valoriza a visão do materialismo sobre o desenvolvimento do capitalismo na Nova Inglaterra. b) sustenta, ao contrário do marxismo, que o espírito capitalista foi o criador do capitalismo moderno. c) coincide com a crítica marxista ao materialismo sobre a existência do capitalismo na Nova Inglaterra. d) diverge do marxismo ao defender a existência de uma fase de acumulação primitiva de capital. e) defende uma concepção consensual entre os historiadores sobre a origem do capitalismo.
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3. (Fuvest) “Após ter conseguido retirar da nobreza o poder político que ela detinha enquanto ordem, os soberanos a atraíram para a corte e lhe atribuíram funções políticas e diplomáticas”. Esta frase, extraída da obra de Max Weber, política como vocação, refere-se ao processo que, no Ocidente: a) destruiu a dominação social da nobreza, na passagem da Idade Moderna para a Contemporânea. b) estabeleceu a dominação social da nobreza, na passagem da Antiguidade para a Idade Média. c) fez da nobreza uma ordem privilegiada, na passagem da Alta Idade Média para a Baixa Idade Média. d) conservou o privilégios políticos da nobreza, na passagem do Antigo Regime para a Restauração. e) permitiu ao Estado dominar politicamente a nobreza, na passagem da Idade Média para a Moderna. 4. (Unioeste) Max Weber (1864-1920) afirma que “devemos conceber o Estado contemporâneo como uma comunidade humana que, dentro dos limites de determinado território […], reivindica o monopólio do uso legítimo da violência física” (Weber, Ciência e Política: duas vocações. São Paulo: Cultrix, 2006, p. 56).
Assinale a alternativa CORRETA, a respeito do significado da afirmação de Weber. a) Para Weber, no caso do Estado contemporâneo, apenas seus agentes podem utilizar a violência de modo legítimo dentro dos limites do seu território. b) O Estado foi sempre o único agente que pode utilizar legalmente a violência com o consentimento dos cidadãos – a violência dos pais contra os filhos, por exemplo, sempre foi ilegal. c) Atualmente, o Estado é o único agente que utiliza a violência (ameaças, armas de fogo, coação física) como meio de atingir seus fins – assim a segurança de todos os cidadãos está garantida. d) Outros grupos também podem utilizar a violência como recurso – por exemplo, as empresas privadas de vigilância – independente da autorização legal do Estado. e) Todos os cidadãos reconhecem como legítima qualquer violência praticada pelos agentes do Estado contemporâneo – por exemplo, quando a polícia usa balas de borracha contra grevistas.
5. (Uem) “Obedece-se não à pessoa em virtude de seu próprio direito, mas à regra estatuída, que estabelece ao mesmo tempo a quem e em que medida se deve obedecer. Também quem ordena obedece, ao emitir uma ordem, a uma regra: à ‘lei’ ou ‘regulamento’ de uma norma formalmente abstrata”. WEBER, M. Os três tipos puros de dominação legítima. In: CASTRO, C. (Org). Textos básicos de sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 2014, p. 59.
Considerando o texto citado e conhecimentos sobre a perspectiva teórica de Max Weber, assinale o que for correto. 01) O trecho acima destacado apresenta a descrição de um tipo de dominação política que se dá em virtude das qualidades carismáticas, afetivas e intelectuais de líderes comunitários. 02) A obediência às regras e aos estatutos legais encontra na burocracia sua principal expressão histórica. 04) A dominação exercida pelo sistema jurídico legal é constituída por dois processos distintos. Do lado de quem exerce o poder, vigora a dominação constituída pela força, pela vontade e pela virtude. Do lado de quem se submete à lei, vigora o medo, o dever e a fidelidade. 08) A profissionalização, a valorização de competências técnicas e o direito de ascensão e negociação no trabalho são características que compõem o tipo ideal de dominação descrita no trecho citado. 16) Os Estados modernos, por princípio, organizam-se por meio de processos racionais de controle da violência, como os aparatos policiais e jurídicos. 6. (UEM) “A dominação, ou seja, a probabilidade de encontrar obediência a um determinado comando, pode fundar-se em diversos motivos de submissão. Pode depender diretamente de uma situação de interesses, ou seja, de considerações utilitárias de vantagens e inconvenientes por parte daquele que obedece. Pode também depender de mero ‘costume’, do hábito obtuso de um comportamento inveterado. Ou pode fundar-se, finalmente, no puro afeto, na mera inclinação pessoal do dominado. Não obstante, a dominação que repousasse apenas nesses fundamentos seria relativamente instável. Nas relações entre dominantes e dominados, por outro lado, a dominação costuma apoiar-se internamente em bases jurídicas, nas quais se funda a ‘legitimidade’, e o abalo dessa crença na legitimidade costuma acarretar consequências de grande alcance.” WEBER, M. Os três tipos puros de dominação legítima. In: CASTRO, C. (Org). Textos básicos de sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 2014, p. 58.
Considerando o texto e conhecimentos sobre o conceito de dominação de Max Weber, assinale o que for correto. 01) A obediência é uma força coercitiva que se impõe sobre os indivíduos como uma forma de lei natural que assegura a perpetuação histórica das formas de dominação. 02) As ações sociais orientadas pela obediência à tradição são as que melhor caracterizam as relações de dominação na Sociedade moderna. 04) A racionalidade jurídica expressa a forma mais elevada de pensamento humano; portanto, é raramente questionada pelos indivíduos. 08) A dominação é uma relação social, portanto envolve ações sociais recíprocas entre dominantes e dominados. 16) As ações humanas são orientadas por diversas motivações e finalidades que envolvem tanto relações de afeto quanto cálculos que avaliam ganhos e perdas de determinadas atitudes. 7. (UFU) Para Weber, “A dominação, ou seja, a probabilidade de encontrar obediência a um determinado mandato, pode fundar-se em diversos motivos de submissão.” (COHN, 1991. p. 128). Nesse sentido, as ações de Mahatma Gandhi, líder no movimento de independência da Índia, representam qual tipo de dominação na análise weberiana? a) Dominação Legal b) Dominação Anômica c) Dominação Carismática d) Dominação Altruísta 8. (UEM) Em termos sociológicos, é correto afirmar sobre o trabalho: 01) Segundo Karl Marx, o tempo de trabalho desempenha um duplo papel: de um lado, a divisão social planifica e regula as relações entre atividades produtivas e necessidades, e, de outro, o tempo de trabalho representa a cota individual dos trabalhadores na participação do produto total. Além disso, a parcela do trabalho não pago, que é a maior porção das riquezas produzidas pelos trabalhadores, é apropriada e vendida pelo empregador. É chamada de mais-valia. 02) Segundo Karl Marx e Friedrich Engels, os trabalhadores não devem participar da política porque não têm formação escolar adequada para isso. Desse modo, devem deixar o exercício das funções no legislativo, no executivo e no judiciário para jornalistas, médicos, advogados, engenheiros, delegados e militares.
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04) Segundo Émile Durkheim, as relações de parentesco, o crime e a educação são definidos no direito e no costume por forças externas à vontade individual. Durkheim chamou isso de “fato social”. 08) Segundo Max Weber, o moderno capitalismo desencadeia processos de secularização e de desencantamento do mundo social. 16) Segundo Max Weber, os valores forjados no interior da ética protestante, combinados com práticas econômicas específicas, geraram condições objetivas para o surgimento do moderno capitalismo. 9. (UPE) O objeto de estudo da Sociologia é caracterizado como a compreensão do ser humano nas suas relações sociais. No entanto, na história da sociologia, cada pensador elaborou uma maneira particular de investigar os fenômenos sociais. A seguir, encontram-se imagens dos principais teóricos da Sociologia.
Sobre o objeto de estudo elaborado por esses teóricos, é CORRETO afirmar que: a) o primeiro teórico entende a sociedade como um conjunto de relações de poder, controladas por luta entre classes sociais diferentes, caracterizando o objeto de estudo da Sociologia como fatos sociais. b) o sociólogo da imagem 2 entende a Sociologia como uma ciência preocupada em entender as relações humanas significativas, ou seja, algum tipo de sentido entre as várias ações sociais. c) as classes sociais são o objeto de estudo do sociólogo apresentado na imagem 2 que entende a sociedade como um grupo de indivíduos, ocupando uma mesma posição nas relações de produção. d) o terceiro teórico elaborou o objeto de estudo da Sociologia, visando compreender as relações sociais com base no modo de agir, pensar e sentir, exterior ao indivíduo e dotado de um poder coercitivo. e) a ação social é um conceito-chave utilizado pelo teórico apresentado na imagem 3. Esse conceito se refere à ação que, quanto ao sentido visado pelo indivíduo, tem como referência o comportamento de outros, orientando-se por estes em seu curso.
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10. (Unimontes) Para o sociólogo alemão Max Weber (1864-1920), a concepção de classe combina, na sua análise mais geral, a ação social do indivíduo no mercado e a sua posição nesse mercado. A ação econômica é definida como uma conduta humana que procura adquirir, por meios pacíficos, o controle de bens e serviços. A ação econômica competitiva, tendo em vista a obtenção de lucro, ocorre no mercado. Portanto, as classes surgem após se ter constituído esse mercado. Com base no texto e nas proposições desse autor, analise as afirmativas a seguir. I. As relações econômicas libertam-se dos laços e obrigações inerentes a uma estrutura comunitária local quando, no mercado, indivíduos desempenham ações competitivas em busca do lucro. II. Aqueles que se encontram em situações econômicas semelhantes, perante o mercado, formam um agregado de indivíduos que partilham da mesma situação de classe. III. Aqueles que possuem propriedade são classificados conforme o que possuem e a maneira como utilizam a sua propriedade para fins econômicos, como, por exemplo, os fazendeiros ou os banqueiros. IV. Mesmo com grande variedade de interesses de classes, a possibilidade de ocorrência de conflitos de classes é inexistente, pois a consciência de classe é objetivamente orientada pelo mercado. Estão CORRETAS as afirmativas a) I, II e IV, apenas. b) I, II e III, apenas. c) I, III e IV, apenas. d) II, III e IV, apenas.
Gabarito 1. B
2. B
6. 24 7. C
3. E
4. A
5. 26
8. 29 9. E
10. B