VinĂcius Brum
songbook luiz carlos borges
A ALMA
ATADA NA
GAITA
2016
Atando a Alma na Gaita O velho Vergilino Borges, provavelmente jamais ouvira falar em rito de passagem, que, sem adentrarmos pelas searas da psicologia, pode se tratar de cerimônia através da qual, nas culturas ameríndias e em tantas outras da antiguidade, o jovem membro da comunidade transita do universo infanto-juvenil para o mundo adulto - note-se que na cultura guarani tal acontecimento se dá de maneira não agressiva, muito diferente do que se realiza noutros povos, cujas provas de coragem e perseverança nestes rituais impõem sofrimentos extremos. O menino Luiz, com quatro para cinco anos, recebe a gaitinha do pai que lhe ensina a tocar a primeira música. Dias depois, o gaiteirinho apresenta ao mestre o seu aprendizado, toca uma vez sem titubear. Toca de novo! – diz Vergilino. Mais uma vez, sem retoques. Outra vez! – e o guri obedece, sem erros. O velho gaiteiro decide naquele momento não mais tocar nos botões da gaitinha. O menino Luiz havia aprendido a vaneirinha do Amândio. O velho pai consolidou a cerimônia, instaurou o rito e o menino fez a passagem. Muito cedo?! Talvez, mas o velho intuía por certo que aquilo que então se celebrava era um pacto com o futuro. Da primeira vaneira ao primeiro baile, tocando junto com os irmãos, o tempo voou, ou quase não passou o que terrivelmente é muito parecido. Aos nove anos, Luiz inicia sua trajetória “profissional” como integrante do conjunto Irmãos Borges. Aqui mais uma vez se faz necessário não ceder à tentação de contar a história toda num só fôlego: o conjunto Irmãos Borges é uma página que em seguida se escreverá. Voltemos ao menino e à gaita. A pouco, a narrativa fez breve digressão e de passagem referiu a cultura guarani. A história da formação do Rio Grande do Sul nos conta sobre a genuína experiência implantada pelos padres da Companhia de Jesus nas duas margens do rio Uruguai. No solo gaúcho foram edificados os Sete Povos das Missões: São Francisco de Borja, São Luiz Gonzaga, São Nicolau, São Miguel Arcanjo, São Lourenço Mártir, São João Batista e Santo Ângelo Custódio. A utopia da sociedade sem classes na qual o coletivo era preponderante e o
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individual, mera ferramenta para o bem comum. Já na chegada, os jesuítas, impregnados pelo “desígnio divino” de salvar os gentios - desprovidos de alma, na visão hegemônica da Europa regida pela Santa Inquisição - das chamas do inferno, perceberam que através da música essa tarefa seria mais eficaz do que a imposição pela força ou pelo castigo. E assim o fizeram. E os guaranis, cantando e tocando, os hinos gregorianos e os violinos, erguiam-se aos céus pela maestria do talento no rumo da salvação. A excelência musical dos índios demonstra a grandeza de alma de que eram providos aqueles que não a tinham sob o prisma do branco colonizador. Muita lágrima o céu derramou sobre o rio e muito o Uruguai cresceu e vazou pelos dias e pelas noites que se sucederam até o velho gaiteiro encontrar seu sucessor. A tarefa de, através da música, perpetuar a elevação da alma, de cingir mais um elo à corrente missioneira, herança índia e branca daqueles remotos sete povos, estava agora nas mãos do menino Luiz. Ninguém, por certo, disso suspeitava. A não ser, talvez, o velho Vergilino Borges que para eternizar o encanto jamais quebrou a promessa, jamais voltou a tocar a vaneira do João Amândio. Mesmo porque sabia que pelas mãos do piá, haveria de continuar tocando. Por certo, neste momento, cabe a indagação sobre a capacidade de um guri interiorano, naquele limiar dos anos 60 do século passado, de estar apto a apreender o significado íntegro daquela prova, daquele rito, daquela entrega. E mais. O que leva um pai, músico amador, com filhos mais velhos também músicos já enveredando para o profissionalismo, a entregar a uma criança tal responsabilidade a ponto de sufocar o artista e a música que lhe haveriam de continuar habitando a alma e o coração? Sem a palavra, agora irremediavelmente, do velho Borges ficase sem resposta. Digo agora, pois, creio que se possa intuir que por todos os dias que se seguiram àquele mágico momento do pacto, Vergilino deve ter posto à prova uma a uma de suas razões, ainda que nunca tenha tido consciência de quais seriam esses motivos e menos ainda os seus porquês. Talvez seja melhor para a nossa história que se envolva este episódio no inevitável manto do mistério que ronda e rondará a existência humana. Seus avios e seus desvios. Sem insistir em tocar ad infinitum os semitons que faltam numa determinada escala diatônica. De certeza, sobra-nos agora talvez apenas uma origem, um ato inaugural, um fiat lux: o menino Luiz, refém da sua precocidade e do seu talento musical, atava o nó que jamais conseguiria desatar, a trama sem desenlace, e de posse deste cadeado, a alma atada na gaita seria a sua incontornável condição: clausura e liberdade, gaiola e bater de asas. E a alma e a gaita voaram. E a vaneirinha ganhou asas, e embalou outros sonhos, outras descobertas, e tocou profundamente outros corações.
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Tropa de Osso De vez em quando no horizonte do passado,
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Surge uma nuvem de lembranças andarilhas,
ropa de osso, quem não teve quando piá, Ou não foi piá, ou não viveu como nós outros, Como era linda a gurizada se entretendo Com os ossitos que eram bois, ovelhas, potros.
Vai repontando para dentro do meu peito A minha infância com seus ossos em tropilha. Tinha mangueira com banheiro bem cuidado, Tinha piquetes e um campo onde invernava, A minha tropa era de puro pedigree Toda de ossos descarnados que campeava. Gado de osso que foi parte do meu mundo, Carro de lomba e trator de corticeira, O meu bodoque e o banho no açude Foram na infância, minha vida verdadeira. Tropa de osso, quem não teve quando piá, Ou não foi piá, ou não viveu com nós outros, Como era linda a gurizada se entretendo Com os ossitos que eram bois, ovelhas, potros. Noutras andanças, toco as reses dos meus sonhos, Por um estreito corredor feito esperança, Algumas vezes sou tropeiro, outras sou tropa, Mas sempre guardo os bois de osso na lembrança.
E lá estava indo pelo estreito corredor da esperança, pleno dela, rumo à fronteira, o piazito missioneiro, que certa feita - fugindo em busca de um sonho - entrara na Argentina de balsa por São Tomé, tropeiro e tropa de sua música encantada. Desde lá ele continua a tanger as reses do seu sonho. Perto do meio dia, a cidade de lona fervia de violões e cordeonas e assados pelas barracas que coloriam a paisagem do concorrido acampamento do festival. Os artistas e seus admiradores comungavam daquele espaço como se fervessem juntos dentro do mesmo caldeirão. Faziam história, ainda que não suspeitassem. A Cidade de Lona se tornaria lendária, e como
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A alma atada na gaita
as lendas sumiria na poeira do tempo, e, assim, haveria de permanecer em sua imaterialidade na memória dos que lá estavam e na curiosidade dos que jamais a conheceram. Pelas vielas de terra e sob a copa das árvores generosas que sublimavam a inclemência do verão da fronteira, mergulhados na paisagem do pampa, todos pareciam fazer parte dela. Não como uma colagem, mas como um pertencimento a ela desde sempre. Mesmo com a sensação de ser do lugar, as almas pareciam levitar sobre as barracas, as canções e os aromas de assado que se perdiam na fluência daqueles dias. Eram tempos verdes. Tempos de iniciação. Em tudo havia devoção à terra. Isso fazia reunir e significar. Conferia sentido e, ao mesmo tempo em que decifrava, era o enigma. Às primeiras horas da noite, esse ambiente migrava para o palco do Cine Pampa. Lá desfilavam os cantores e suas invenções: pequenos artefatos de fazer sonhar. Depois, nas madrugadas acolhedoras do acampamento, cada alma voltava a flanar pelos desvãos daquele onírico povoado. Naquela noite de dezembro, no palco do Cine Pampa, Luiz Carlos Borges apresentou mais uma vez, agora concorrendo à Calhandra de Ouro – o mais cobiçado troféu dos festivais nativistas do Rio Grande do Sul – a milonga Tropa de Osso. Entre os finalistas estavam alguns dos nomes mais significativos daquela primeira década do festival: Telmo de Lima Freitas, Marco Aurélio Vasconcelos, Luiz Coronel, Kenelmo Alves, José Fogaça, Kleiton e Kledir, Airton Pimentel, Leopoldo Rassier, Victor Hugo, Antônio Augusto Fagundes, Luiz Telles, Ivaldo Roque, Talo Pereyra, Raul Ellwanger. A premiação teve, na Linha Campeira, a mazurca de Telmo de Lima Freitas “Esquilador” na interpretação de Edson Otto e os Cantores dos Sete Povos; na Linha de Projeção Folclórica, a canção de Airton Pimentel e Luiz Coronel, inspirada nos ternos de reis, “Facho da estrela guia”, interpretada por Leopoldo Rassier, Victor Hugo e o Terno da Freguesia do Mundo Novo; na Linha de Manifestação Rio-grandense, a milonga “Tropa de Osso” de Luiz Carlos Borges e Humberto Gabbi Zanatta, com a interpretação de Borges e o Grupo Horizonte. A Calhandra de Ouro – troféu máximo do festival – ficou com “Esquilador”. Até hoje Borges reconhece aquela premiação como uma das mais significativas de sua trajetória no movimento dos festivais gaúchos. Como num ritual iniciático, aqueles dias de dezembro na fronteira do Brasil com a Argentina – sempre a fronteira – Luiz Carlos Borges começava, no palco da Califórnia da Canção Nativa - um espaço que se consagrava e se tornava referência da cultura regional - a escrever seu nome como um dos mais importantes artistas gaúchos de todos os tempos. Mesmo com os seus vinte anos de animação de bailes com os Irmãos Borges, parecia que a carreira
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Em Paso de la Pátria Ctes/Argentina, com Cholo Aguirre e Aníbal Maldonado.
Fiesta Nacional del Chamamé Corrientes/Argentina.
Com Victor Heredia, em Buenos Aires/Argentina.
Fiesta Nacional del Chamamé Corrientes/Argentina.
A alma atada na gaita
A Luz se Chama Música Todos procuram seus lugares. As luzes da plateia acesas parecem dar calor à confusão e à ansiedade. Alguns minutos e a casa está repleta. Não há lugares vagos. O espetáculo está prestes a iniciar. Primeiro sinal, esmaecem-se os ruídos. Segundo sinal, praticamente todos sentados. Terceiro sinal, luzes apagadas. Sensíveis, só a escuridão, o silêncio e as respirações. Abrem-se as cortinas. O artista está no centro do palco sob uma luz branca que parece atravessá-lo. Com passos que não tocam o chão, alguém se aproxima. Imperceptível. Névoa invisível. Parece que tem intenção de subir ao palco. O show já começou. Todos os olhos estão inarredavelmente fixos ao cenário e aos acontecimentos musicais que prometem uma grande noite. Nada nem ninguém percebe o movimento que quase não é. Os passos de brisa mansinha, um silenciozinho de nada que anda na direção do músico. Vai desde o fundo da sala, mas num átimo hesita. Para. Olha para os lados como a procurar um rosto conhecido. Uma poltrona vaga. Sinto-me impelido a levantar e ir ao seu encontro. Desisto. Todos estão hipnoticamente conduzidos pelo gaiteiro. Contudo, aquele movimento, que por nada e por ninguém é percebido, continua. Estou desacomodado, ainda que o ambiente hipnótico da música também me abarque intensamente. Agora já não anda. Estremeço. Será pela sensação de encanto que vem do palco, ou por que pressinto que os passos que não tocavam o chão agora se transformaram num invisível vulto que flutua. Minha atenção está voltada para o espetáculo, mas aquela flutuação parece querer desviá-la. Temendo que minha inquietação seja percebida, quase não respiro. Tento, furtivamente, reconhecer um traço qualquer naquela transparência. O vulto não me nota. Será? Um rosto se esboça no vazio. Será? Aos poucos delineiase um dorso, um corpinho encurvado sobre si mesmo sentado no ar. Delírio?
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50 Anos de Música
Com Luciano Maia (E) e Samuca do Acordeon (D)
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Com Mauro Ferreira
Com Humberto Gessinger
Com Pirisca Grecco
Com Arthur Bonilla
Com Maria Cláudia
A alma atada na gaita
Com Juan Falú
Com Elodie Bouny e Yamandú Costa
Com César Oliveira & Rogério Melo
Com Shana Müller
Com Renato Borghetti
Com Alegre Corrêa
50 Anos de Música | 75
Discografia Luiz Carlos Borges completou em 2012, 50 anos de trajetória musical. É músico, multi-instrumentista, compositor, intérprete e arranjador. Participou de mais de duas centenas de álbuns com artistas dos mais variados segmentos e estilos musicais, além da participação em discos de Festivais Nativistas. Lançou em sua carreira mais de 30 discos autorais, estreando com os Irmãos Borges no início da década de 1970. Os discos (entre LP's e CD's) lançados até o início do segundo semestre de 2016 estão registrados neste livro, com informações básicas.
As informações completas da Discografia estão no site w w w. aalmaatadanagaita .com .br/d is co gra f ia
1971 - IRMÃOS BORGES – LP ARGENTINA Y BRASIL (Argentina y Brasil con Los Hermanos Borges)
Músicas: LADO A: 01. Atravessando as missões (Luiz Carlos Borges) 02. La Ratonera (Ernesto Montiel) 03. Vaqueano do pago (Irmãos Borges – Manuel Loreiro) 04. Misionero y Correntino (Luiz Carlos Borges) 05. Laranjeira (domínio público) 06. Pagos do quarto distrito (Antônio Borges) LADO B: 01. Tropilha Crioula (Luiz Carlos Borges) 02. Meus velhos tempos (Irmãos Borges) 03. 25 de março (Luiz Carlos Borges) 04. Serrana (Luiz Carlos Borges) 05. Sinuelo (Luiz Carlos Borges) 06. Velha Gaita (Antônio Borges)
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1974 - IRMÃOS BORGES – LP IMENSO POTREIRO Músicas: LADO A: 01. Destino de Caminantes (Luiz Carlos Borges) 02. Terra Missioneira (Luiz Carlos Borges/Antônio Borges) 03. CTG Farroupilha (Luiz Carlos Borges) 04. Presente de prenda (Luiz Carlos Borges) 05. Febre amarela (Luiz Carlos Borges) 06. Se o passado voltasse (Luiz Carlos Borges) LADO B: 01. Imenso Potreiro (Luiz Carlos Borges/Valentim P. Flores) 02. Serelepe (Luiz Carlos Borges) 03. Amanhecer na querência (Manoel Loureiro/Albino Borges) 04. Saudade de Jaguari (Luiz Carlos Borges) 05. Explicando meu pago (Luiz Carlos Borges) 06. Chamigo Mattana (Luiz Carlos Borges)
1976 - IRMÃOS BORGES - LP CHIMARRÃO E MILONGA Músicas: LADO A: 01. Chimarrão e milonga (Luiz Carlos Borges) 02. 24 de outubro (Luiz Carlos Borges) 03. Sete Regiões (Luiz Carlos Borges/Antônio Borges) 04. 400 Perus (Recolhido do Folclore) 05. Vocação (Luiz Carlos Borges) 06. Lançante abaixo (Luiz Carlos Borges) LADO B: 01. Gaúcho Solitário (Luiz Carlos Borges) 02. El Palanque (Luiz Carlos Borges) 03. Filho do Rio Grande (Luiz Carlos Borges) 04. Coxilha de Ronda (Luiz Carlos Borges) 05. São Luiz Gonzaga (Antônio Borges) 06. Alvorada na Fazenda (Luiz Carlos Borges)
Discografia | 79
Partituras As mais de trinta partituras contidas no livro, na sua maioria, estão transcritas como o autor as executa na atualidade. Qualquer diferença encontrada com relação às gravações originais, não deve ser considerada mudança na estrutura de melodia, harmonia ou arranjo da canção, mas sim, deve ser visto como um amadurecimento na interpretação e uma nova forma de acabamento da composição.
Mais informações sobre as partituras estão disponíveis no site: www.aalmaatadanagaita.com.br/partituras
Estão disponíveis no site www.aalmaatadanagaita.com.br/audios, gravações atuais do autor e compositor Luiz Carlos Borges, interpretando mais de 1/3 das partituras aqui editadas, com solos de acordeom e comentários do próprio artista. É importante ressaltar que essas gravações não seguem as gravações originais ou mesmo as partituras aqui registradas. Palavras do próprio artista: "nunca interpreto uma composição do mesmo jeito; se tocá-la 10 vezes no mesmo dia, certamente, as 10 interpretações serão diferentes, sem prejuízos na originalidade do tema como um todo."
Ouça no site os áudios gravados exclusivamente para este projeto: www.aalmaatadanagaita.com.br/audios
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A COPLA DE ASSOVIAR SOLITO Toada Milonga Transcrição: Gerson Antunes Transcrição e revisão: Lucas Araújo
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