UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – USP INSTITUTO DE ARQUITETURA E URBANISMO – IAU
TRABALHO DE GRADUAÇÃO INTEGRADO II . 2012 CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS URBANAS: reconstrução das camadas e conformação de novas percepções públicas da cidade
Caderno de registros dos processos
Camila Teixeira Gonçalves São Carlos
SUMÁRIO
7 11 131 149 257 Síntese do Pré TGI
Caderno de Universo Projetual Caderno de Ações Projetuais
Caderno de Croquis de Projeto Referências
SINTESE DO PRÉ-TGI
7
PRANCHA
OBJETO
PRÉ-TGI
Faz-se necessário uma apreensão não imediata tanto da Arquitetura quanto do Urbanismo, tornando-os processos investigativos para os seus usuários, através das vivências, dos usos e desusos no tempo, das percepções. Neste sentido, o fluxo (sangue) exerce papel fundamental como condutor de diferentes percursos interessantes e instigantes através desses espaços. Esta busca investigativa pelo “o que existe além”, trás conotações de uma atmosfera um tanto quanto infantil do interesse pela descoberta, pela surpresa, gerando sensações de ansiedade e satisfação.
TEXTO
Nestes percursos, alguns marcos são importantes para a memória, não só a histórico-cultural, mas também como referenciais urbanos do cotidiano das pessoas. Não existe arquitetura sem memória. A complexidade se dá pela sobreposição, adição, subtração e tantas outras operações de camadas, compostas por elementos técnicos, construtivos, referenciais, memoriais e sensitivos, sendo o fluxo o eixo norteador. O tempo agrega muitas camadas.
OBJETO PRÉ-TGI
CADERNO DE UNIVERSO PROJETUAL
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Geometrizações Reflexões sobre a cidade, sobre a ausência de estruturas e camadas urbanas, ou perda da memória. Daniel Libeskind -> arquiteto de simbologias e figurações, reflete sobre o espaço vazio e a ausência. Projetos do Museu Judaico de Berlim e Ground Zero de New York. Michel Arad -> projeto “Refletindo a Ausência” no local das Torres Gêmeas do World Trade Center, destruídas no atentado terrorista do 11/09. O espaço ressoa com o sentimento de perda e ausência.
Linhas Reflexões sobre a cidade, sobre a tensão existente entre sistemas e limites.
Texturas Sobreposição de texturas naturais e do design gráfico. Efeitos sensoriais. Ilusões
Camadas Cidade como sobreposições de camadas políticas, sociais, culturais e de infraestrutura. O traçado da cidade frequentemente se alinha aos interesses da especulação imobiliária e territorial. É na justaposição dos bairros, os quais seguem diretrizes próprias de planejamento, que encontramos as sobras. Evolução desordenada, “tabuleiros de xadrez” mais ou menos autônomos, justapostos ou separados por vazios. Dinamismo Anárquico (Bruand).
Vazio Reflexões sobre a cidade, sobre a ausência de estruturas e camadas urbanas, ou perda da memória. Referências -> John Maeda, designer gráfico. Imagens. Configurações do Vazio, Arquitetura e Não-Lugar. Anja Pratschke ->Transformação da desordem caótica da metrópole em uma ordem diferente. Redefinição da paisagem de forma crítica e poética. Rever potencial das sobras das grandes cidades, que deve dialogar com o entorno.
Feridas Urbanas Permanência do vazio ou cicatrização através das camadas sobrepostas pelo tempo. Cidade - Camada + Fluxos -> Percursos Retirada brusca das camadas e posterior cicatrização ou permanência do vazio.
PRANCHAS PRE TGI
ANÁLISES TEÓRICAS ALDO ROSSI
No pós guerra, a busca por uma disciplina arquitetônica que fosse coerente a essa nova época, deu origem a diversas experimentações, mas Aldo Rossi, sobretudo, conseguiu refinar a critica e desenvolver uma ideia de cidade até então não profundamente elaborada. A Itália passa então, por uma revisão da arquitetura moderna: Rogers, por exemplo, discorre sobre o espírito da época, a pré existência histórica e ambiental, a arquitetura como não ruptura, questionando a universalidade da arquitetura moderna. No livro “Arquitetura da Cidade”, Rossi questiona a Arquitetura Moderna a partir da esfera funcional, da forma seguindo a função, notando a incoerência que se daria caso a função se extinguisse e a forma deixasse de ter sentido. O arquiteto identifica que muitas obras abrigam diversas funções e mantiveram a mesma forma original, sem prejudicar seu uso. A forma é, portanto, autônoma e permanente e Rossi é contra o funcionalismo ingênuo. Rossi tem uma visão analítica da cidade, fazendo conexão entre historia do lugar e historia universal da arquitetura, de modo a completar, com um novo projeto, aquilo que já está dado pelas pré-existências, com formas consagradas historicamente, trabalhando com uma matriz clássica greco-romana e agregando novos elementos. A arquitetura para Rossi é disciplina autônoma, perene, que transcende a sua época e não mais se vincula a esse espírito. Rossi compõe com formas sintéticas históricas, dando um ar pessoal nas referencias usadas, ainda que sejam formas universais. Rossi utiliza esses elementos em uma colagem, utilizando a base da memória, que funciona por flashes, fragmentos, manejando-os como parte de um todo, justapondo-os como em uma colagem. A noção de “tipo”, da tipologia, seria a “essência da arquitetura”, uma forte permanência que guarda uma certa essência da ideia que não se encerra na função e pode ser reconfigurada e reelaborada ao longo do tempo, sempre guardando uma característica principal e carregando informação cultural. Ele trabalha com uma série de tipos que aparecem ao longo da história buscando reconstruir os tipos que a arquitetura moderna eliminou. Esse caráter de permanência e autonomia do tipo,é verificado por Rossi ao observar a variação de função de um edifício no decorrer do tempo. Isso comprova que o que constrói a essência do edifício é de fato a forma, entendida como elemento caracterizador. A Belas Artes normatizou os tipos criando “modelos”, que é a simples reprodução, algo rígido para ser copiado. Os “tipos” seriam diferentes na medida que podem ser maleáveis e trabalhados e retrabalhados e mesmo encontrando nos “tipos” uma geratriz, esta não é uma copia. Um exemplo de obra onde Rossi utiliza a formulação do tipo arquitetônico que constrói uma disciplina autônoma em relação ao lugar, tempo e espírito da época, é o projeto para o concurso para o bairro San Rocco em Monza. Rossi articula um “tipo pátio” e dispõe a construção ao redor deste para criar uma estrutura autônoma. As construções se articulam de forma a definir espaços públicos e privados de forma clara, pela utilização dos pátios. Rossi entende a cidade como um artefato, uma somatória de narrativas e processos que constroem uma autonomia do tecido urbano e da arquitetura. A cidade passa a ser uma produtora de memória em si mesma. Alguns elementos na cidade se constitui como “fatos urbanos”, isto é, edifícios significativos e relevantes, não só pela forma que abrange diversas funções e se monumentaliza perante a população, sendo reconhecido pela coletividade (devido sua forma potente e significado social); mas também pelo seu signo, na identificação da cidade como característica de uma memória coletiva. Esta noção esta alinhada a constituição de uma narrativa e se apresenta como elemento importante para a caracterização do “espírito do lugar”, o genius locci, uma arquitetura que se relaciona diretamente com o entorno, em contraposição ao espírito da época. Há uma marca pessoal, individual em cada produção arquitetônica, uma apreensão de cada sujeito que contribui para o todo, para a memória coletiva. A memória coletiva é subjetiva e não é só do sujeito. A construção de uma cidade analógica é a representação da cidade que estabelece uma relação direta do individuo com o lugar. A memória lida com o imaginário, extrapola os limites da realidade. Rossi deseja que a subjetividade aflore, que haja uma legibilidade da forma urbana. A coletividade se reconhece em cada projeto quando reconhece os “fatos urbanos”. Todo edifício que se constitui um “fato urbano”, faz parte da historia da arquitetura. Assim, a cidade análoga de Rossi é a experimentação que mais exemplifica a noção de fato urbano, visto que são colocados como uma síntese de toda uma estrutura, que se constrói ao longo do tempo. As duas vertentes se complementam, já que a tipologia agrega a obra uma identificação e proximidade da cidade, uma essência arquitetônica que pode ser trabalhada pelo tempo e os fatos urbanos também guardam em si a noção de rearticulação ao longo dos anos, podendo abrigar várias funções. Assim, ele consegue ao buscar elementos na história, transformar sua colagem em uma produção autônoma, somatória de narrativas importantes para a caracterização do lugar. Essa relação pode ser observada no Teatro Del Mondo, onde a forma do edifício e a implantação em plataformas flutuante sobre o canal de Veneza, se identificam como constituintes de elementos da cidade, exaltando as particularidades de cada trecho. Realizado para a Bienal de Veneza, cujo tema foi “um futuro para nosso passado”; Rossi faz um projeto muito simples onde ele queria mostrar uma grande densidade e síntese de tudo aquilo que há de inerente na cidade mas que passa desapercebido. Rossi não recria o que existe, mas faz seus projetos a partir de uma reflexão contextual, relacionando pesquisa e pratica. Na sua obra Teatro del Mondo, Rossi utiliza elementos encontrados na arquitetura de Veneza e os articula com elementos autônomos. Dessa forma, cria uma arquitetura autônoma, mas fortemente ligada ao entorno.. É impossível se pensar em uma obra não-contextualista em um país como a Itália. Estamos acostumados a viver em um país novo onde se buscam formas novas, uma identidade nova e não há preocupação histórica existente nos países europeus. A Arquitetura de Rossi, como uma pesquisa, uma busca por essa articulação, serviu como base para o pensamento da arquitetura na Itália das gerações futuras.
ANÁLISES TEÓRICAS ALDO ROSSI
Aproximação de Rossi e Lynch se dá na definição de elementos marcantes e configuradores de uma lógica peculiar urbana e de uma memória coletiva. Rossi faz uma interpretação coletiva da cidade a partir de um método quase científico de leitura e análise da cidade, procurando um tipo de legitibilidade da forma urbana. Entre Rossi e Kahn há caminhos semelhantes, mas que vão ocupar posições distintas: a ideia de transcendência de tipos os aproxima, porém, o simbolismo de Rossi é diferente do de Kahn: este está preocupado com os detalhes construtivos, os materiais, etc. e aquele usa o concreto, por exemplo, sem se preocupado com isso. Há uma proximidade entre Rossi e Loos. Rossi se aproxima de valores racionalistas e da discussão de uma arquitetura autônoma. Ex. Escola de Amicis – formato panótipo, vigia das crianças, rigor, disciplina. Para ele, a sociedade contemporânea é consumista, massificadora, etc – por isso que ao fazer uma escola ele colocou um panóptico, pois acha que dizer que a escola é um local de controle não é tão ruim assim. Rossi desenha com giz pastel, pois ele permite uma densidade, profundidade – isso mostra uma forma de percepção, pois é isso que a técnica do desenho representa.
ANÁLISES TEÓRICAS
KEVIN LYNCH. A Imagem da Cidade. Martins Fontes: São Paulo, 2006. Foi uma grande surpresa e satisfação ao ler “A imagem da cidade” de Kevin Lynch, meses após a entrega das minhas primeiras ideias e bases conceituais para formulação do meu TGI (Trabalho de Graduação Integrado). Baseando-me em referências visuais diversas, meu universo projetual abrangeu desde o design gráfico, das artes plásticas em geral e da própria Arquitetura e Urbanismo, até o cinema e o sistema sanguíneo humano. Ao sintetizar meus pensamentos em uma prancha e posteriormente em um não-objeto, algumas interlocuções foram ressaltadas: “Faz-se necessário uma apreensão não imediata tanto da Arquitetura quanto do Urbanismo, tornando-os processos investigativos para os seus usuários, através das vivências, dos usos e desusos no tempo, das percepções. Neste sentido, o fluxo (sangue) exerce papel fundamental como condutor de diferentes percursos interessantes e instigantes através desses espaços. Esta busca investigativa pelo “o que existe além”, trás conotações de uma atmosfera um tanto quanto infantil do interesse pela descoberta, pela surpresa, gerando sensações de ansiedade e satisfação. Nestes percursos, alguns marcos são importantes para a memória, não só a histórico-cultural, mas também como referenciais urbanos do cotidiano das pessoas. Não existe arquitetura sem memória. A complexidade se dá pela sobreposição, adição, subtração e tantas outras operações de camadas, compostas por elementos técnicos, construtivos, referenciais, memoriais e sensitivos, sendo o fluxo o eixo norteador. O tempo agrega muitas camadas” (GONÇALVES, Camila T.) Ao citar em meu texto de pré-tgi palavras como fluxos e marcos eu estaria me aproximando em demasia e inconscientemente dos conceitos apresentados por Kevin Lynch. Daí a surpresa de ler este extraordinário livro e conseguir associar minhas ideias as suas. Apesar de publicado em 1960, “A imagem da cidade” trás questionamentos ainda muito pertinentes sobre a psicologia das cidades e a maneira como os moradores percebem a fisionomia do espaço ao seu redor. A forma visual da cidade é um problema especial de design, relativamente recente, e este livro propõe alguns princípios básicos de como apreender os elementos urbanos e possibilidades de modificar a paisagem. A cidade está, em linhas gerais, estável por algum tempo, mas sempre se modificando nos detalhes. “O design de uma cidade é, portanto, uma arte temporal... Em ocasiões diferentes e para pessoas diferentes, as sequências são invertidas, interrompidas, abandonadas e atravessadas”. (p.1) A legibilidade ou clareza é uma qualidade visual específica. Uma cidade legível seria aquela cujos bairros, marcos ou vias fossem facilmente reconhecíveis e agrupados num modelo geral. Perder-se completamente talvez seja uma experiência rara para a maioria das pessoas. Contamos com recursos espaciais para nossa orientação: mapas, sinais de trânsito, placas, etc. A orientação é importante para nossa sensação de equilíbrio, bem estar e segurança emocional. Além disso, uma imagem clara do entorno, constitui uma base valiosa para o desenvolvimento individual. “Potencialmente, a cidade é em si o símbolo poderoso de uma sociedade complexa. Se bem organizada em termos visuais, ela também pode ter um forte significado expressivo”. (p.5) A minha intenção projetual com o “elemento-surpresa”, se encontra no caráter investigativo que as cidades e a arquitetura deveriam assumir, de modo a proporcionar maiores expectativas, sensações e emoções. O fluxo seria o condutor de instigantes percursos através desses espaços. Lynch disserta a respeito: “A surpresa deve ocorrer dentro de uma estrutura geral, a confusão deve dar-se em pequenas regiões dentro de um todo visível. Além disso, o labirinto ou o mistério deve conter, em si, alguma forma que possa ser explorada e apreendida no devido tempo. O caos total, sem qualquer indício de conexão, não é nunca agradável” (p.6). Sendo assim, veremos que as vias são elementos predominantes, senão os mais importantes nas análises de Lynch sobre as cidades. Elas são ordenadoras, e devem ser claras e legíveis, pois conformam todos os outros elementos urbanos. Como pode ser observado, na prancha conceitual de pré-tgi, utilizei uma base de fluxos e percurso, e então adicionei e sobrepus as outras camadas urbanas (cores, texturas, infraestrutura, relações políticas, sociais e culturais, arquitetura, etc). Apesar da aparente desordem abstrata da prancha, a intenção de ter o fluxo como primeira e principal camada ordenante das demais, é clara no texto produzido. A imaginabilidade é uma definição utilizada ao longo de todo o texto, com densidade elevada e de essencial definição para a formação da imagem da cidade. Ela seria definida como: “a caracteristica, num objeto fisico, que lhe confere uma alta probabilidade de evocar uma imagem forte em qualquer observador dado. È aquela forma, cor ou disposição que facilida a criação de imagens mentais claramente identificadas, poderosamente estruturadas e extremamente úteis do ambiente” (p.11). A cidade seria assim apreendida como um modelo complexo, mas contínuo e com muitas partes distintas interligadas. O observador sensível e familiarizado poderia absorver novos impactos sensoriais sem a ruptura de sua imagem básica e elementos já existentes.
ANÁLISES TEÓRICAS
KEVIN LYNCH. A Imagem da Cidade. Martins Fontes: São Paulo, 2006. “Precisamos aprender a ver as formas ocultas na vasta extensão de nossas cidades” (p.14) O observador deve ser facilitado a identificar as partes da cidade e a estruturação do todo. O ambiente deve tornarse visível. A baixa imaginabilidade manifesta sintomas de insatisfação, falta de orientação e incapacidade de descrever ou diferenciar partes de uma cidade pelos seus moradores. Uma paisagem passível de imaginabilidade seria aquela coerente, clara e visível. Aumentar a imaginalidade do ambiente urbano significa facilitar sua identificação e estruturação visuais. Análise das Cidades O autor desenvolve uma pesquisa com base em três cidades norte americanas: Boston, Jersey City e Los Angeles, com objetivo de desenvolver ideias e métodos sobre as formas das cidades existentes e seus efeitos sobre os cidadãos. Foram feitas duas análises básicas: uma avaliação subjetiva com base na aparência imediata de diversos elementos de campo como visibilidade, força ou fragilidade de sua imagem, suas conexões, desconexões e inter-relações; e outra avaliação com base em entrevistas a moradores da cidade com o objetivo de fazê evocar suas próprias imagens do meio físico em que vivem, por meio de passeios imaginários, identificação de lugares, etc. Sintetizando a imagem geral da cidade com base em cinco elementos - ruas, limites, pontos nodais, marcos e bairros - seria um primeiro passo para a criação de um projeto de design urbano. As principais dificuldades da imagem da cidade aparecem como: confusões, pontos oscilantes, limites pouco nítidos, lugares isolados, quebra de continuidade, ambiguidades, ramificações, falta de características próprias ou diferenciações. Os pontos fortes e as potencialidades das regiões também aparecem e, somando-as com as dificuldades, os primeiros traçados criativos para intervir na cidade, podem ser realizados. Alguns temas são comuns a estas (e provavelmente a todas) as cidades: •As pessoas de adaptam ao seu entorno e extraem estrutura e identidade do material ao seu alcance. •As vistas amplas provocam reação de prazer emocional. •Até mesmos os espaços vazios ou disformes parece ser admirável, ainda que não necessariamente aprazível. Isso se dá pelo contraste com a estreiteza dos outros espaços urbanos. •Os aspectos paisagísticos da cidade (vegetação ou agua) eram frequentemente citados com carinho e prazer. •A posição socioeconômica e contrastes de status são citados com constância. O autor ressalta que no design atual, a forma deve ressaltar o significado, e não negá-lo. O conteúdo da imagem das cidades pode ser classificado em cinco tipos de elementos: vias, limites, bairros, pontos nodais e marcos. A classificação parece um tanto quanto restrita, apesar das possíveis conexões entre elementos e as mudanças de classificação de uma determinada realidade física de acordo com os modos de observar a cidade. Vias – canais de circulação ao longo dos quais o observador se locomove de modo habitual, ocasional ou potencial. Geralmente ao longo dessas vias, os outros elementos se organizam e se relacionam. As vias são elementos urbanos predominantes que podem adquirir importância pelo fluxo, pelos usos e atividades especiais a elas destinados, pelas qualidades espaciais características (largura, estreiteza, longividade, etc), pelas fachadas com características singulares, por se constituírem limites, pelas exposições visuais (vistas) por elas permitidas, pelos detalhes de arborização, pelas texturas dos pavimentos, pela importância estrutural, etc. No geral, as vias com origem e destinos claros e bem conhecidos tem identidade mais forte, ajudam a unir a cidade e dão ao observador mais senso de direção. Bifurcações ambíguas geram problemas de percepções. A mudança de um sistema de quadricula regular a outro sistema de quadricula ou de não quadricula, provoca confusão de ruas e desorientações. As vias devem possuir clareza direcional, não precisando ser necessariamente retas, mas possuírem curvas bem definidas de mais ou menos noventa graus ou curvas ligeiras que, ainda assim, nunca perde sua direção básica. A imagem fica mais nítida se todas as vias que correm para um mesmo sentido topológico ou seguindo um dos pontos cardeais, forem visualmente diferenciadas das outras vias. Neste caso, o autor revela que a rede de linhas habituais ou potenciais deslocamentos através do complexo urbano são o meio mais eficiente pelo qual a totalidade pode ser ordenada. Esta perspectiva se aproxima muito dos conceitos utilizados pela autora, desde a formulação do pré-tgi até as ações projetuais. O autor ressalta ainda que as vias principais devem ter singularidades que as diferencie dos outros canais circundantes como a concentração de algum uso ou atividade especial, uma textura de pavimento ou de fachada, uma iluminação em particular, cheiros, sons ou detalhes de vegetação. Isso nos leva a uma hierarquia visual das ruas e dos caminhos análoga a hierarquia funcional. Este é o esqueleto da imagem da cidade. No caso em que o trajeto apresenta uma série de elementos distintivos, pontos de referencias, sinestesias de movimento, o percurso em si adquire um significado e se torna uma experiência. Existe ainda a maneira “melódica” de organizar uma via ou um conjunto e vias: os elementos e as características ao longo destas, poderiam ser organizados como uma linha melódica, podendo ter a sequencia clássica de introdução-desenvolviment- climax-conclusao ou assumir formas mais sutis que evitem as conclusões finais. Locais de interrupção de fluxo de transito como cruzamentos e pontos de tomadas de decisão, é um lugar onde nossa percepção se torna mais intensa e um local em potencial para a instalação de um marco ou ponto nodal. Limites - São elementos lineares não usados ou entendidos como vias para o observador. São fronteiras entre duas fases, quebras de continuidade lineares: praias, margens de rios, lagos, etc, ferrovias, espaços em construção, muros e paredes. São referencias laterais. Podem se constituir barreiras que separam regiões, mas também costuras que relacionam regiões através da visibilidade e continuidade.
ANÁLISES TEÓRICAS
KEVIN LYNCH. A Imagem da Cidade. Martins Fontes: São Paulo, 2006. As ferrovias e metros elevados são chamados de “limites elevados”: os limites muito acima do solo, que não são barreiras no nível deste, poderiam futuramente tornar-se pontos de orientação bastante eficientes dentro do espaço urbano. Bairros - São regiões medias ou grandes de uma cidade que possuem características comuns que os identificam. São também usados como referências externas quando visíveis de fora. Os nomes dos bairros também ajudam a conferir identidade. Os limites podem estabelecer regiões limítrofes de um bairro e reforçar sua identidade. Esses limites podem aumentar a tendência dos bairros de fragmentar a cidade de um modo desorganizado. È comum um bairro com um núcleo forte e cercado por um gradiente temático que vai desaparecendo aos poucos. Um ponto nodal pode criar um bairro simplesmente por “radiação”, pela sensação de proximidade com esse ponto. Hà regiões introvertidas, voltadas para si e extrovertidas, com ligações com a cidade. Pontos Nodais – Lugares estratégicos numa cidade através dos quais o observador pode entrar, são os focos intensivos para os quais ou a partir dos quais ele se locomove. Podem ser junções, locais de interrupção do transporte, um cruzamento ou uma convergência de vias, momentos de passagem de uma estrutura para outra, praças, rotatória e estações. Podem ser meras concentrações que adquire importância por serem a condensação de algum uso ou de alguma característica física, como um ponto de encontro numa esquina ou praça fechada. Podem ser foco ou síntese de bairros. Podem ser chamados núcleos. Os pontos nodais mais bem sucedidos parecem ser de algum modo singular e intensificar uma característica do espaço circundante. Se tiver um limite nítido e fechado, se tiver um ou dois objetos focos de atenção, e se tiver uma forma espacial coerente, o ponto nodal será ainda mais definido. Marcos - Referência externa ao observador, elementos físicos de escala variável. Objeto físico definido de maneira muito simples: edifício, sinal, loja ou montanha. Alguns marcos são altos, vistos de muitos ângulos e distâncias. Outros são locais como anúncios, fachadas de lojas, arvores e outros detalhes urbanos. A maioria dos marcos distantes são “sem base”, isto é, o topo é mais importante no horizonte geral, mas a localização exata de sua base não são tão importantes. Os marcos possuem singularidades memoráveis no contexto. Os marcos parecem mais claros de identificação quando possuem uma forma própria, clara, que contrasta com seu plano de fundo e se sobressai. Há contrastes de localização, idade, escala, etc. A atividade associada a um elemento também pode transformá-lo em um marco. Assim, alguns marcos podem vir a ser ordenadores do caos, pois são referencias espaciais memoráveis aos moradores. A sequência de marcos facilita o reconhecimento e a memorização. “Quando uma historia, um sinal ou um significado vem ligar-se a um objeto, aumenta o seu valor enquanto marco” (p.90). Cuidados devem ser observados com relação aos marcos: os atributos destes podem ser tao estranhos à especificidade de um bairro a ponto de levar a dissolução da continuidade regional, podem por outro lado podem acentuar esta continuidade exatamente por sua natureza contrastante. O conceito de marco de Lynch também muito se aproxima as ideias de Aldo Rossi, outro autor pesquisado e analisado por esta pesquisadora para melhor elaboração de suas ideias. Qualidades de forma 1.Singularidade ou clareza da figura – plano de fundo: nitidez dos limites, fechamentos e contrastes. 2.Simplicidade da forma: clareza da forma visível em sentido geométrico. 3.Continuidade: continuação de limites e superfícies, repetição de ritmos, harmonia de superfície, forma ou uso. 4.Predomínio: predomínio de uma parte sobre as outras em decorrência do tamanho, da intensidade ou do interesse. 5.Clareza de junção: visibilidade das ligações e costuras 6.Diferenciação direcional: gradientes, assimetrias e referencias de diferenciam uma extremidade da outra ou um lado do outro. 7.Alcance visual: transparências, sobreposições, vistas e panoramas que aumentam a profundidade de visão, concavidades, alturas, etc. 8.Consciência do movimento: sentidos visuais e cinestesicos que tornam sensível ao observador seu próprio movimento. 9.Series temporais: series percebidas com o passar do tempo 10.Nomes e significados: características não físicas que podem aumentar a imaginabilidade de um elemento e são importantes para cristalização da identidade. Assim, para o autor, uma região inconfundível seria aquela: “que tivesse uma forma simples, uma continuidade de tipo e uso de suas edificações que fosse única na cidade: nitidamente demarcada, claramente ligada à região vizinha e visualmente côncova” (p.121). Há a necessidade de haver harmonia entre as partes da cidade, para possibilitar sentimento de satisfação, presença e certeza na contemplação dos espaços. É necessário uma plasticidade do ambiente perceptivo. “Na verdade, a função de um bom ambiente visual pode não ser apenas facilitar os deslocamentos rotineiros, nem confirmar significados e sentimentos preexistentes. Seu papel como guia e estímulo de novas explorações pode ter a mesma importância” (p.122). A imagem de uma realidade pode variar significativamente entre observadores diferentes. Cada indivíduo reconhece sua própria imagem, mas parece haver um consenso substancial entre membros de um mesmo grupo. São essas imagens grupais que interessam aos planejadores urbanos, dedicados a criar um ambiente que seja útil a muitas pessoas.
ANÁLISES TEÓRICAS
KEVIN LYNCH. A Imagem da Cidade. Martins Fontes: São Paulo, 2006. As “imagens públicas” seriam aquelas imagens mentais da cidade consensuais a um vasto contingente de habitantes. Pode se esperar que elas surjam da interação de uma única realidade física, de uma cultura comum ou de uma natureza fisiologica básica. É a sobreposição de muitas imagens individuais. Aldo Rossi dissertará, por sua vez, sobre a memória coletiva, sobreposição de memórias individuais. Para Lynch, “Um problema comum é a reformulação sensível de um ambiente já existente: descobrir e preservar suas imagens fortes, resolver suas dificuldades perceptivas e, acima de tudo, extrair a estrutura e a identidade latentes na confusão” (p. 129). O processo de design urbano deve assim reforçar a imagem pública, preservando ou sugerindo a localização de marcos, desenvolvendo uma hierarquia visual de vias públicas, o estabelecimento de unidades temáticas para bairros, os esclarecimentos de pontos nodais e, enfim, as interelações dos elementos. O observador deve aprender a olhar sua cidade, observar a multiplicidade de suas formas e perceber de modo elas se misturam. A forma da cidade deve ser aberta a mudanças de função e significados e receptivas a formação de novas imagens. O ambiente não deve ser apenas bem organizado, mais poético e simbólico.
ANÁLISES TEÓRICAS
GORDON CULLEN. Paisagem Urbana. Edições 70: Lisboa, 1971. Cullen apresenta visões bastante semelhantes à de Kevin Lynch e que se encaixam nos pensamentos conceituais sobre projeto da autora. Para ele, três aspectos devem ser considerados no meio ambiente (pp.9-14): ÓPTICA – A paisagem urbana surge, na maioria das vezes, como uma sucessão de surpresas ou revelações súbitas. O autor entende isso por Visão Serial, isto é, o percurso do transeunte ao atravessar uma cidade é impactado emocionalmente por uma série de elementos e imagens que devem ser estimuladas. A cidade torna-se visível pelos seus contrastes, pela fuga da monotonia. LOCAL – A nossa posição no espaço também nos fazem ter reações. As percepções do espaço aberto e do espaço fechado (que nas suas manifestações mórbidas são agorafobia e claustrofobia) nos trazem sensações diversas. Ao supor que nossos centros urbanos são desenhados segundo a logica da pessoa que se desloca, independente do meio, a cidade passará a ser uma experiência plástica, percursos através de zonas de compressão e de vazio, contrastes entre espaços amplos e delimitados, alternância de situação de tensões e tranquilidade. A sensação de localização é essencial às pessoas, que sentem necessidade de se identificar com o local em que se encontram. CONTEÚDO - Aspecto que se relaciona com a própria constituição da cidade: sua cor, textura, escala, personalidade e tudo o mais que a individualiza. A cidade é constituída por morfologias de diferentes períodos de construção e estilos arquitetônicos, o que evidenciam uma amalgama de materiais, estilos, etc. Deve-se evitar o convencionalismo, o conformismo e as generalizações. Dentro de um enquadramentos, é possível jogar com seus elementos constituintes (cor, textura, tipologia arquitetônica, etc) e formar algo novo, um todo que beneficie a comunidade. O convencionalismo é fonte de tédio. O autor alerta para a necessidade de decompor o ambiente, pois é mais difícil lutar por um principio geral que defender casos particulares. A comunicação com o público pelos urbanistas se faz necessária pela via emocional. Deste modo, Cullen traça uma série de análises subjetiva a respeito das diferentes percepções dos locais e das diferentes formas de observar um contexto. Alguns dos escritos que considerei mais interessantes para este trabalho, descreverei a seguir: Visão Serial – Percurso revela sucessão de pontos de vista. Os contrastes tem grande impacto visual e dão vida ao caminho. Desvios de alinhamento, variações de volumes, de saliências e reentrâncias, desníveis e transparências, enriquecem o percurso do transeunte. Apropriação do Espaço – As pessoas se apropriam do espaço como melhor lhes convém. Abrigo, sombra, conveniência e ambiente aprazível são as causas mais frequentes de apropriação do espaço. A ocupação pode ser estática e periódica (como pessoas em convívio na saída de uma missa), mas se insere de forma permanente no tecido urbano através do recurso ao pavimento. Mobiliários e sinais de ocupação conferem a cidade um caráter mais humano e diverso. A apropriação também pode se dar pelo movimento como alamedas e escadas. Quando o lugar é simultaneamente objeto de uma ocupação estática pelo equipamento, e ocupação pelo movimento surge a viscosidade. Os enclaves são espaços interiores abertos para o exterior que permite acesso livre e direto entre ambos, normalmente se caracterizam por espaços tranquilos, de luminosidade atenuada e se desfruta do exterior. O recinto é o objetivo da circulação, o local para onde o trafego nos conduz. O ponto focal seria um símbolo vertical da convergência (como coluna ou cruz), designa a ocupação de um determinado espaço. Este conceito parece um tanto restrito e semelhante ao conceito de marco de Kevin Lynch, o qual tem maior amplitude de significados e possibilidades. Os elementos da cidade, os enclaves, viscosidades, os recintos e os percursos, devem formar uma unidade urbana e sua desorganização acarreta combinações caóticas. O exterior é um meio destinado ao ser humano em sua totalidade, que o poderá reclamar para si, ocupando-o quer estaticamente, quer pelo movimento. A emoção e o dramatismo de tudo que nos rodeia se faz surgir através da arte do relacionamento. O edifício barreira é de conceptualização bastante interessante: ele não impede trafego de veículos ou pessoas, mas funciona como elemento de pontuação ou delimitação. As barreiras podem permitir o acesso visual, mas impedir o físico como fossos escondidos, desníveis, gradeados e vegetação. Espaços intangíveis são aqueles que, pela interposição de cortinas, espelhos ou outros elementos ilusórios, nos dão a ideia de dissolução do espaço. Uma vez que parte considerável da paisagem urbana reside na simplicidade do trivial e do cotidiano há que ser aproveitado o talento local, as iniciativas locais. O autor também ressalta a importância dos acidentes numa rua –torres, campanários, elementos que criem efeitos de silhuetas, cores vivas, etc. – e sua capacidade de prender o olhar e evitar a monotonia. A disposição estratégica dos acidentes tendem a ressaltar as formas de uma rua e a individualiza-la. Tal conceito também se aproxima aos marcos de Lynch. Cullen faz criticas ao planejamento urbano em grelhas ortogonais uniformes de ruas, julgando ser contrario a natureza humana e ser ilógico uma vez que parece não se basear no caráter intrínseco das cidades tal como a conhecemos.
ANÁLISES TEÓRICAS
GORDON CULLEN. Paisagem Urbana. Edições 70: Lisboa, 1971. Assim, a racionalização dos espaços deve ser vista com cautela, uma vez que as flutuações e ondulações conduzem a maiores impactos emocionais e revelam toda a gama de possibilidades contidas numa dada situação. A expectativa e o mistério são aspectos que despertam nossa curiosidade quanto ao cenário que iremos nos deparar ao longo do percurso. O autor disserta sobre a aparente necessidade das pessoas em querer fugir uma das outras, de abandonar os pontos nodais em favor de uma ocupação esparsa de todo o território, com usos sobrepostos. A vida na rua é enquadrada por paredes, estradas e céu. Os trajetos de automóveis e pedestres devem ser sinalizados com diferentes materiais e cores de pavimentação, consoantes com o uso que se lhes pretende conferir. Assim como Kevin Lynch, o autor sente necessidade de um código universal de cores e padrões indicando ruas de um sentido único, estacionamentos, travessia de pedestres, etc., permitindo uma leitura mais clara das ruas e introduzindo uma nova estética funcional na paisagem. As paredes também tem função na paisagem urbana como cativar o olhar, tirar partido de superfícies e texturas e até mesmo ser suporte de publicidades, que segundo o autor, se trata de uma contribuição para a paisagem urbana. Em suma, o livro se trata de uma caixa de conceitos e uma gama de jogadas possíveis de composição do cenário urbano, preocupando-se com as inquietações subjetivas de forma a tornar coerente e organizado visualmente o emaranhado de edifícios, ruas e espaços que constitui o ambiente. É um livro para se recorrer e sempre encontrar relações e descrições entre elementos visuais da cidade.
ANÁLISES TEÓRICAS
ROB KRIER. El espacio urbano. Proyectos de Stuttgart. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 1985.
. Além de definir elementos compositivos da cidade, assim como Kevin Lynch, Rob Krier descreve uma série de manipulações formais no que diz respeito às composições das praças e ruas – elementos básicos do desenho urbano, segundo o autor – enriquecendo nosso vocabulário técnico e visual. Ao dissertar sobre reconstruções do espaço urbano destruído, a citar como exemplo o centro de Stuttgart, o autor penetra no foco das discussões deste trabalho, que são as feridas urbanas. No caso da cidade alemã, as feridas foram proporcionadas prioritariamente pela catástrofe da Segunda Guerra Mundial. Elementos tipológicos e morfológicos na definição do espaço urbano: No contexto das cidades modernas a definição tradicional de espaço urbano não se aplica mais. Para o urbanismo atual é necessário definir com exatidão o que se entende por espaço urbano e qual é a sua importância dentro do conjunto urbano. Definição de espaço urbano: A compreensão do espaço urbano depende de critérios estéticos e geométricos. Existem dois tipos de espaço urbanos, o interno e o externo. Para o autor, existem dois elementos que são básicos na definição do espaço urbano: a praça e a rua. A Praça: É a primeira criação humana de um espaço urbano. Resulta do agrupamento de edificações ao redor de um espaço livre e muitas vezes se converteu em um caráter simbólico (templos, ágoras, fóruns, claustro, etc.). Essa disposição permite um máximo de controle publico no espaço interior. A Rua: É o resultado do crescimento de uma localidade depois de ter rodeado a praça. A rua organiza a distribuição dos terrenos e possui um caráter utilitário. Na rua, a arquitetura é percebida de forma casual. A variedade de espaços resultantes dessa rede é inesgotável. São elementos de orientação, de fluxo. Estas definições de elementos básicos se apresentam muito mais simplificadas que aquelas propostas por Kevin Lynch em A Imagem da Cidade: vias, limites, bairros, pontos nodais e marcos. É interessante notar a visão do autor sobre a praça: espaço livre base para o urbanismo. Krier concebe a ideia do vazio projetado como espécie de célula-tronco da cidade, onde as civilizações tendem a se desenvolver ao redor. Assim, dentro deste estudo, a praça de Krier seria classificada como um “vazio implantado” – resultado de um processo projetual/conceitual do urbanismo. Nas residências, estes espaços se equivalem ao pátio ou ao átrio, que se apresentam como espaços públicos em relação aos privados (fechados). Portanto, as praças tem caráter predominantemente público, aberto as relações sociais, local de variadas destinações como mercado, feira livre, festividades, desfiles, etc. Funções características do espaço urbano: São aquelas que necessitam de um espaço público para se desenvolverem. Tipologias de espaços urbanos: Existem três tipos básicos: triângulo, quadrado e circulo que se desenvolvem em três escalas distintas. Processo de transformação de um tipo de espaço existente: Tendo início com um elemento básico o espaço existente pode variar de ângulo (acrescentando ou diminuindo) e mantendo as longitudes das linhas exteriores, ou mantendo o ângulo e os entornos variando na mesma medida ou os ângulos e entorno variando arbitrariamente. Alguns processos podem ser realizados como duplicação, soma, segmentação, compenetração e diferenciação. Efeitos das seções e das fachadas sobre o espaço urbano: Cada tipo de manipulação formal e de fachada dos edifícios influi de modo especial na medida do espaço urbano e cada uma gera um efeito diferente. Embocaduras (saídas) de ruas em praças: Todos os tipos de espaços podem ser alterados dependendo de como as ruas desembocam neste espaço (uma rua, duas ruas , três ruas...) e de que forma isto é possível (centralizado, descentralizado e vertical a uma das faces da praça, vertical em uma esquina e diagonal). Tipos de espaços e suas combinações: Sobre as três formas básicas (quadrado, circulo e triângulo), atuam as forças de transformação, tais como dobrar, dividir, somar, penetrar, sobrepor, mesclar e diferenciar. As novas formas podem ser geometricamente regulares ou irregulares. Sobre elas atuam as fachadas das casas. Os espaços podem ser abertos ou fechados. Por fim os três tipos básicos e suas variações podem dar origem a diversas formas mistas e a escala humana nunca dever ser esquecida. Coleção Morfológica de espaços urbanos: Praças retangulares; praças circulares; praças triangulares; praças fechadas ou abertas; praças semi-fechadas; praças semi-abertas; praças com construções internas; grandes composições continuas; sistemas de praças ortogonais; praças abertas com construções introduzidas; espaços de formas dobradas, dividias e sobrepostas; dentre tantas outras. A perda do espaço urbano no Urbanismo do séc. XX: Durante o século XVIII houve um desenvolvimento das cidades. Os novos bairros sugiram ao redor das antigas muralhas, seguindo o mesmo sistema reticulado. Até 1900 houve poucas alterações neste tipo de Urbanismo. As exceções seriam:
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ROB KRIER. El espacio urbano. Proyectos de Stuttgart. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 1985.
. E. Howard (Cidades Jardins do futuro - 1882 ) Soria e Mata (Idéia da Cidade Linear - 1882 ) Tony Garnier (Cidade Industrial - 1904 ) Camillo Sitte (Construção de Cidades segundo princípios artísticos - 1889 ) No séc 20: Le Corbusier, Mies van der Rohe, Lúcio Costa, Frank Lloyd Wright, J. J. P. Oud, Boullée e Durand, Alvar Aalto, etc despontam no urbanismo moderno. Le Corbusier: suas obras e projetos refletem as fases mais importantes do urbanismo moderno, o qual moderno dividiu tudo em unidades funcionais: viver, trabalhar, comprar, divertir-se. Este modelo se repetiu quase sem retificações por toda a década de 50. A cidade não pode ser planejada sobre ideologias subjetivas, mas sim sobreideologias sociopolíticas e técnico-construtivas. Para cada cidade existe uma solução diferente, não se pode planificar e nem achar que o urbanismo é a solução para todos os males. Reconstrução de espaços urbanos destruídos: o centro urbano de Stuttgart: A região situada ao sul da Alemanha é, para Colin Rowe, o exemplo típico da cidade europeia “que foi sucessivamente destruída pela indústria pesada, pelas bombas aliadas, pela miséria urbanística e pela simples estupidez de seus governantes e planejadores”. Assim, a antiga estrutura urbana correspondente às necessidades desta cidade, foi destruída catastroficamente. Stuttgart foi proclamada cidade na metade do séc. XIII ( +/- 1241), mas já existia como “lugar” desde o séc. X (940). 60% da cidade foram destruídas durante a 2º guerra, foram 53 ataques aéreos entre 1940-45. Após a guerra foram feitos diversos projetos por arquitetos diferentes para a reconstrução dos setores destruídos, que ao longo dos anos foram acrescidos de novos planos para atender as necessidades de crescimento da cidade. Em 1975 havia 632 000 habitantes, muitos problemas de trafego e novos bairros e ruas surgindo. O núcleo original, que chegava a 1000 metros de diâmetro, se dividiu em um grande número de pequenas ilhas urbanas, separadas por trafego intenso. As propostas precedem de um concurso para um novo centro urbano. A proposta de Krier consistia na criação de um sistema de espaço urbano, contínuo e diferenciado, conservando a escala humana em consideração a altura das edificações e sucessão de espaços livres e implantação de alguns elementos de grande importância que quebrarão esta escala. O transito e as zonas para pedestres se desenvolvem em níveis diferentes. Estes preceitos devem ser entendidos como planos básicos, que deverão orientar o processo de desenvolvimento e construção por isso, não podemos supor que tal projeto possa ser desenvolvido por um só arquiteto. Os novos projetos devem se sobrepor à camada de situação do espaço urbano, no vazio identificado pela ferida urbana. Nos projetos do autor para Stuttgart, há uma tentativa de colocar o centro urbano à disposição dos pedestres, sem eliminar o automóvel. Os pontos especialmente destacado, cuja importância para a zona de experimentação do pedestre se perdeu nos anos pós guerras, devido as obras de vias, serão cobertas com superestruturas de modo que voltem a unir os bairros separados entre si. A intenção é restabelecer a continuidade de experimentar o espaço na estrutura urbana. Ruas e praças são projetadas para o pedestre, perfeitamente adaptadas a estrutura existente, respeitando ao máximo a substancia histórica. Para Krier: “Na cidade, todos os projetos novos devem adaptar-se a estrutura total e corresponder com suas formas as preexistências no espaço” (KRIER, 1985, p. 89). O autor diz que o urbanismo atual, o qual nega o espaço, parece ser o que melhor corresponde a nossa situação social-política. Não é casualidade que se de preferência ao trafego e outros elementos técnicos do que a necessidade do homem de percepção do espaço urbano. Como em muitas cidades europeias, a segunda guerra revoltou pessoas e cenários. A consciência de valores históricos perdia a importância frente ao excesso de destruição de outras ordens e sentia-se uma impotência contra a pressão de reorganização dos elementos urbanos primários. A cidade se converte em algo muito evidente devido à indolência com que se trataram as necessidades da cidade com todos os seus componentes. Os projetos de cidade funcional perfeita se mostraram pouco perspicazes. É de se notar a preocupação do autor com as “camadas” urbanas danificadas ou perdidas com as “feridas” da guerra e do planejamento urbano moderno; e como o fluxo se torna organizador de percursos e experiências. As morfologias espaciais das praças, também acarretam diferentes sensações e formas de percepções do espaço urbano de uma mesma cidade, fato ressaltado nas obras de Cullen e Lynch.
VAZIOS DE FLUXOS LINEARES E PONTOS NODAIS
VAZIOS SISTEMICOS OU MAIS COMPLEXOS
VAZIOS EM QUADRAS CONVENCIONAIS
VAZIOS CONFORMADORES DE ESPAÇOS LATERAIS
VAZIOS PERMEÁVEIS
VAZIOS PRIVADOS
BOA PROPORÇÃO ENTRE ESPAÇOS PÚBLICOS E PRIVADOS
MUITO ESPAÇO PÚBLICO
POUCO ESPAÇO PÚBLICO
ANÁLISES TEÓRICAS LEON KRIER
. Assim como seu irmão mais velho, Rob Krier, Leon é arquiteto e teórico da arquitetura e do urbanismo e desde a década de 80 tem sido de grande influencia para este cenário e para o movimento do “Novo Urbanismo” nos EUA e na Europa. Novo Urbanismo surge na década de 80 nos EUA, após a Segunda Guerra Mundial, inspirado nos padrões utilizados antes da Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de resgatar a qualidade de vida e melhorar o relacionamento entre o homem e a cidade, num desenvolvimento sustentável de longo prazo pois em consideração estaria o impacto entre as novas e antigas intervenções urbanas e as suas repercussões nos planos social, ambiental e econômico. É um desenho urbano intimamente relacionado com o regionalismo, o ambientalismo e o conceito mais amplo de crescimento inteligente. A entidade organizadora para o Novo Urbanismo é o Congresso para o Novo Urbanismo, fundada em 1993. Seu texto fundamental é a Carta do Novo Urbanismo, a qual apoia o planejamento regional; apropriadas relações entre contexto, arquitetura e planejamento e o desenvolvimento equilibrado de empregos e moradias. Eles acreditam que suas estratégias podem reduzir os congestionamentos, aumentar a oferta de habitação a preços acessíveis, e conter a expansão suburbana. A Carta do Novo Urbanismo também aborda questões como a preservação histórica , ruas seguras, edifício verde , e do re-desenvolvimento de terrenos industriais . Até meados do século 20, as cidades eram geralmente organizadas em e desenvolvido em torno de usos mistos de bairros. Mas com o advento dos automóveis baratos e políticas governamentais favoráveis, a atenção começou a se afastar das cidades e para as formas de crescimento mais focadas nas necessidades do carro. Especificamente, após a Segunda Guerra Mundial, o planejamento urbano se deu em grande parte centrado em torno do uso de zoneamento para segregar residências de desenvolvimento comercial e industrial, e focada na construção de baixa densidade de casas unifamiliares geminadas como a opção preferida de habitação para a classe média crescente. A separação física de onde as pessoas viviam, de onde elas trabalhavam, compravam e muitas vezes gastavam o seu tempo de lazer, juntamente com baixa densidade de alojamento, que muitas vezes drasticamente reduzia a densidade populacional em relação às normas históricas, fez os automóveis indispensáveis para o transporte eficiente e contribuiu para o surgimento de uma cultura de dependência do automóvel . Este novo sistema de desenvolvimento, com a sua rigorosa separação de usos, ficou conhecido como "desenvolvimento suburbano convencional". A maioria dos cidadãos norte-americanos vivem agora em suburbanas comunidades construídas nos últimos cinquenta anos, e uso de automóveis per capita aumentou. Embora o Novo Urbanismo como um movimento organizado só surge mais tarde, uma série de ativistas e pensadores já começavam a criticar as modernas técnicas de planejamento que estava sendo colocado em prática como A Morte e Vida de Grandes Cidades Americanas, escrito por Jane Jacobs em 1960, que chama atenção dos planejadores. É com base nesses primeiros dissidentes, o Novo Urbanismo surgiu na década de 1970 e 80, com as visões urbanas e modelos teóricos para a reconstrução da cidade "europeia", proposto pelo arquiteto Leon Krier, e o "padrão de linguagem" teorias de Christopher Alexander . Novo Urbanismo é um movimento amplo que abrange um número de diferentes disciplinas e escalas geográficas. E enquanto o método convencional de crescimento continua a ser dominante, os princípios Novo Urbanismo tornam-se cada vez mais influente nas áreas de planejamento, arquitetura e políticas públicas. Assim, os projetos de Krier abrangem muitos conceitos do Novo Urbanismo, alguns elencados a seguir: •Considerar carros como parte da paisagem urbana e prescreve regras precisas para o estacionamento e mobilidade, tentando tornar possível uma convivência pacífica entre carros e pedestres. •As características específicas de um lugar deve ser ressaltada e reforçada pelo desenho da planta. •A forma das cidades e dos espaços públicos não pode ser objeto de experiências pessoais. •Os espaços públicos pode ser construído apenas sob a forma de vias espaços lineares) e praças (espaços nodais). Os espaços públicos, que são proporcionais ao tamanho de uma grande cidade, ou que possuem a intimidade de um espaço local, em qualquer caso, deve fornecer um caráter permanente e familiar, porque o seu tamanho e as proporções são baseados em uma cultura de séculos de camadas. •Quantidade insuficiente de espaços públicos é uma falsa economia, mas muito é um luxo falso. Os espaços públicos não devem ocupar, como um todo, mais de 35% e menos de 25% da área total de uma vizinhança. •Centros de grandes aglomeração geralmente deve ser conectado a caminhos e trilhas, permitindo caminhadas em campo sem ter que usar as estradas e o automóvel. •O aumento do tráfego não deve cruzar os bairros, mas ser tangente a esses distritos e deve ser multiplexados nas avenidas principais, que constituem seus limites físicos. •Os movimentos exigem espaços de veículos e pedestres em diferentes escalas e geometrias. O controle de velocidade dos veículos não deve ser regulado exclusivamente pelo sinal, mas também articulando as ruas civil e urbana e praças com a sua calçada, verde, luzes, móveis, arquitetura, geometria, etc. •Espaços públicos dentro da vizinhança (bem como ruas e praças) deve ter um elevado grau de intimidade urbana. •Os edifícios simbólicos devem ocupar lugares privilegiados, pontos de convergência de perspectivas urbanas. As diferenças de escala, materiais e volumes deve ser justificada com o tipo e estado dos edifícios cívicos e não deve depender unicamente do capricho do arquiteto ou do proprietário. •Algumas partes das vias devem ser fechadas ao tráfego por algumas horas. O estacionamento de veículos, paralelas ao pavimento, recomenda-se, pelo menos, de um lado, na maioria das vias. •As funções residenciais e outras serão distribuídos conjuntamente em cada bairro, por quadra ou por andar. Ao longo da rua principal e a praça central, as funções comerciais serão localizadas exclusivamente no piso térreo.
ANÁLISES TEÓRICAS LEON KRIER
. •O uso consciente dos modos vernáculos e clássicos e sua combinação com a rede geométrica adequada nos permite criar novos assentamentos, que competem com os melhores conjuntos do passado. •Critica a cidade especulativa ao dizer: "A harmonia arquitetônica conceitua a análise e manipulação da realidade arquitetônica e urbana que até agora foram consideradas produto de contingências sociopolíticas, em vez de uma intenção consciente estética”. •Mostra as combinações possíveis entre urbanismo e arquitetura clássica e vernácula. De fato, os exemplos são raramente encontrados puro, mas quase sempre combinações das categorias. O que é igualmente certo é que eles exigem muito diferentes formas arquitetônicas. Eu acho que geralmente os espaços públicos com regularidade geométrica e paralelismo requer um alto grau de ordem arquitetônica. Em geral, a arquitetura com fomalidades grandes não é apropriada para os espaços pequenos. •Os edifícios novos devem se harmonizar com as posições existentes. Ações Patrimoniais - Perspectivas Críticas “Vivemos, claramente, um período de excessos, um número excessivo de pessoas, urbanização excessiva, formas e tamanhos de edifícios excessivos, de sistemas de armamento, de crescimento económico, diferenças excessivas entre o que se tem e o que se não tem e, consequentemente, a sensação de perigo extremo, de colapso geral eminente, as guerras e cataclismos estão a tornar-se numa obsessão coletiva. A aceleração da história, de rivalidades continentais, interdependências globais, de ciclos construtivos e destrutivos, as explosões demográficas que não foram minimamente afetadas pelos terríveis holocaustos do século XX, todos estes fenômenos generalizam a percepção de que não comandamos o nosso destino. Que independentemente das decisões que forem tomadas, mesmo pelas entidades e indivíduos mais informados, não podem reduzir a ameaça eminente sobre todos os nossos valores, incluindo herança dos nossos edifícios e paisagens mais queridos. (...)”. Os princípios da Carta do Novo Urbanismo A Carta estabelece princípios associados à formação do espaço regional, da cidade, e do bairro, com a intenção de: organizar sistemas regionais articulando áreas urbanizadas centrais com as cidades menores em setores bem delimitados do território, evitando a ocupação dispersa; valorizar a acessibilidade por transportes coletivos; favorecer a superposição de uso do solo como forma de reduzir percursos e criar comunidades compactas; estimular o processo de participação comunitária, e retomar os tipos do urbanismo tradicional relativos ao arranjo das quadras e da arquitetura. Com atenção para a articulação do sistema de transportes e para conceitos de compacidade do espaço urbano e do projeto da paisagem como um todo, o novo urbanismo, depende de um bom planejamento urbano e regional, da qualidade dos projetos locais e do envolvimento das comunidades. O Novo Urbanismo no contexto dos Estados Unidos da América, EUA, é novo apenas no sentido de estabelecer princípios relacionando o espaço regional com o espaço local através do sistema de transportes, de estimular um tipo de parcelamento do solo e organização das áreas residenciais retomado conceitualmente das cidades-jardim, e de promover um processo de gestão dos espaços com a participação da comunidade. São referencia histórica importante os conceitos desenvolvidos por Ebenezer Howard, e aplicados por Raymond Unwin e Barry Parker, no projeto da primeira cidade-jardim em 1903: Letchworth, Inglaterra. É o prenuncio da era do planejamento inteligente – “smart growth” – e, do novo urbanismo assumindo nomes como: “transit-oriented development”, ”traditional neighborhood development”, ou “neotraditional design”, conforme a ênfase atribuída aos projetos. A leitura dos vinte e sete princípios da Carta do Novo Urbanismo permite a compreensão da maneira holística de ver a realidade segundo seus signatários. Os princípios são claros e alto explicativos, assim os transcrevemos de maneira completa. A região: metrópole, cidade grande e média, cidade pequena Princípio 01: A região metropolitana é uma unidade econômica fundamental no mundo contemporâneo. Cooperação do governo, política pública, planejamento físico, e estratégias econômicas devem refletir esta nova realidade. Princípio 02: Regiões metropolitanas são lugares finitos, limitados por divisas geográficas derivadas da topografia, nascentes (watersheds), faixas costeiras, fazendas, parques regionais, e bacias de rios. A metrópole é feita de múltiplos centros que são as cidades grandes, pequenas e vilas, com seu centro bem identificado e seus limites. Princípio 03: A metrópole tem uma necessária e frágil relação com a área rural e a paisagem natural. A relação é ambiental, econômica, e cultural. As terras agrícolas e a natureza estão para a metrópole assim como o jardim esta para a casa. Princípio 04: Os padrões (patterns) de desenvolvimento não devem tornar imprecisos os limites da região metropolitana. O desenvolvimento localizado dentro de áreas existentes conserva os recursos ambientais, investimentos econômicos e a trama social, na medida em que façam uso de áreas marginais ou abandonadas. As regiões metropolitanas poderão estabelecer estratégias para encorajar este tipo de desenvolvimento nas expansões periféricas. Princípio 05: Quando apropriado, a ocupação nova contígua aos limites urbanos, poderá ser organizada como vizinhanças e distritos (bairros), e ficar integrada com o tecido urbano existente
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. O crescimento não contíguo poderá ser organizado através de pequenas cidades (towns) e vilas com seu próprio perímetro urbano, e planejado para ter um equilíbrio entre residências e empregos e não ser apenas um subúrbio de dormir. Princípio 06: O desenvolvimento e re-desenvolvimento das pequenas e grandes cidades deve respeitar o legado histórico (padrões históricos), precedentes e limites (da urbanização). Princípio 07: As cidades (cities) grandes e as médias (towns) devem oferecer um uma larga oferta de serviços públicos e privados como apoio a economia regional, que beneficie pessoas de todas as faixas de renda. Habitação de interesse social deve ser distribuída na região para se mesclar com as oportunidades de emprego e evitar a concentração da pobreza. Princípio 08: A organização física da região deve se basear na infraestrutura de alternativas para o sistema de transportes. Transportes coletivos, pedestres e bicicletas poderiam melhorar o acesso e a mobilidade na região com a redução da dependência do automóvel. Princípio 09: Impostos e demais recursos podem ser divididos mais equitativamente entre os governos locais para evitar uma competição negativa no lançamento de impostos e promover a coordenação racional do sistema de transportes, recreação, serviços públicos, habitação, e instituições comunitárias. Bairro, setor, e corredor Princípio 10: O bairro, o setor urbano (1) e o corredor são os elementos essenciais para o desenvolvimento ou o re-desenvolvimento da metrópole. Eles formam áreas identificadas que encorajam as pessoas a ter responsabilidade sobre sua manutenção e sua transformação. Princípio 11: Os bairros devem ser compactos, acolhedores para estar ou caminhar das pessoas, e ter uso do solo do tipo misto. Os setores em geral dão ênfase a um tipo de uso principal, mas devem seguir os princípios de projeto dos bairros sempre que possível. Os corredores são os conectores regionais dos bairros e dos setores; eles variam desde as vias do tipo “boulevard” e linhas férreas, até os cursos de água e estradas-parque. Princípio 12: Muitas atividades do cotidiano podem acontecer a uma distancia possível de se percorrer à pé, possibilitando independência àqueles que não dirigem veículos, especialmente o idoso e o jovem. Uma rede interligada de vias pode ser projetada para encorajar o caminhar, reduzir o número e a distancia das viagens de automóvel, e conservar energia. Princípio 13: Nos bairros, uma grande variedade de tipos de moradia e preços, pode facilitar a interação no dia a dia de pessoas de diversas idades, raças, e níveis de renda, reforçando os vínculos pessoais e cívicos, essenciais para o crescimento de uma autêntica comunidade. Princípio 14: Corredores de transito quando bem planejados e coordenados, ajudam a organizar a estrutura metropolitana e revitalizam os centros urbanos. Por sua vez, os corredores das vias expressas não devem desalojar os investimentos dos centros existentes. Princípio 15: Densidades adequadas de edificações e do uso do solo podem estar a uma distancia possível de ser percorrida a pé desde os pontos de parada do sistema de transportes, permitindo que o transporte público seja uma alternativa para o uso do automóvel Princípio 16: A concentração de atividades de interesse público, institucionais, e comerciais, devem ocorrer nos bairros e nos distritos, e não em um conjunto específico isolado e mono-funcional. As escolas devem ser dimensionadas e implantadas de modo que as crianças possam chegar a elas a pé ou de bicicleta. Princípio 17: A vitalidade econômica e a evolução harmoniosa de um bairro, distrito ou corredor pode ser melhorado através de esquemas gráficos de desenho urbano que definam diretrizes para as transformações. Princípio 18: Uma diversidade de parques, desde as áreas para crianças e os pequenos espaços verdes das vilas residenciais até os campos de jogos e os jardins comunitários, podem ser distribuídos nos bairros. Áreas de preservação e áreas abertas podem ser usadas para definir e conectar diferentes bairros e distritos. Quadra, rua e edifício Princípio 19: A primeira tarefa de toda a arquitetura urbana e do paisagismo é a definição física das ruas e dos espaços públicos como lugares de uso comum. Princípio 20: Projetos de edificações isoladas podem ser perfeitamente ligados a seus vizinhos. Esta questão transcende as razões de estilo.
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. Princípio 21: A revitalização de espaços urbanos depende de segurança (safety) e de proteção (security). O desenho das ruas e dos edifícios pode reforçar lugares seguros, mas não em prejuízo da acessibilidade e sentido de abertura. Princípio 22: Na metrópole contemporânea o desenvolvimento deve acomodar os automóveis de forma adequada. Isto deve ser feito de modo a respeitar os pedestres e a forma do espaço público. Princípio 23: Ruas e praças podem ser seguras, confortáveis, e interessantes para o pedestre. Bem configuradas elas encorajam o passeio, permitem os moradores se conhecerem e com isto protegerem sua comunidade. Princípio 24: O projeto de arquitetura e paisagismo deve desenvolver-se considerando o clima, a topografia, a história e a prática de construir. Princípio 25: Edifícios institucionais e lugares públicos de reunião requerem sítios significativos para reforçar sua identidade e a cultura da democracia. Eles merecem formas distintas, porque seu papel é diferente dos outros edifícios e lugares que constituem o tecido urbano da cidade. Princípio 26: Todos os edifícios devem proporcionar a seu ocupante um claro senso de localização, clima, e tempo. Processos naturais de calefação e ventilação podem ser mais eficientes como economia de recursos que os sistemas mecânicos. Princípio 27: A preservação e renovação de edifícios históricos, áreas urbanas significativas (distritos), e de espaços verdes (landscapes) garantem a continuidade e evolução da sociedade urbana.
CADERNO DE AÇÕES PROJETUAIS
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CONCEITUALIZAÇÃO – VAZIOS X FERIDAS CAMILA TEIXEIRA GONÇALVES | primeiro texto
O vazio enquanto consequência faz parte da lógica da cidade. Ele nasce com ela, nasce da especulação imobiliária, da sobreposição de interesses e malhas de planejamentos distintos, ou mesmo da ausência de planejamento ordenado, ocasionando “sobras”. É resultado de áreas desfuncionalizadas pelo tempo, como antigos galpões industriais e ferroviários ou a própria linha férrea vazio de usos e de fluxos, mas não de historicidade.O vazio também pode ser consequência de uma ferida urbana ou de demolições sem densidade. Em geral, os vazios são configurações da dinâmica urbana tipicamente metropolitana. Já o vazio enquanto ato sugere a implantação deste como processo projetual/conceitual do urbanismo ou da arquitetura. O vazio como ato projetual denota uma reflexão. Ele é pensado e esquematizado para acontecer. É racionalmente imposto. Se ocorrer de má fé, por profissionais pouco qualificados ou por planejamentos que desconsiderem a riqueza sensorial dos espaços; os vazios como ação projetual podem vir a se tornarem feridas, como no caso de demolições inapropriadas em áreas de interesse histórico, pedagógico, cultural, social, etc; ou nas vastidões de áreas livres das superquadras, espaços pouco qualificados que se tornam cansativos e monótonos. Se as demolições denotam pouca densidade de significados e desenlaces de camadas, elas se tornam apenas vazios físicos, de pouca influência na dinâmica urbana. O Museu Judaico de Berlim, projetado por Daniel Libeskind, é uma referência de atos de implantação do vazio como processo projetual/conceitual da arquitetura contemporânea. O edifício é um anexo do antigo museu em estilo barroco e rompe formalmente com este. Os vazios ocupam 1/3 da área total do projeto, configurados como espaços negativos, de ausência de matéria, os quais refletem os vazios deixados pela segunda guerra. Também é interessante notara visão de Rob Krier sobre a praça: espaço livre base para o urbanismo. O autor concebe a ideia do vazio projetado como espécie de célula-tronco da cidade, onde as civilizações tendem a se desenvolver ao redor. Assim, dentro deste estudo, a praça de Krier seria classificada como um vazio implantado – resultado de um processo projetual/conceitual do urbanismo – qualificado e multiuso (feiras, desfiles, reuniões,etc.), de caráter predominantemente público. Já as feridas urbanas são rupturas, interrupções, cortes de camadas. As feridas nunca são projetadas, sendo sempre consequências. Elas são resultados de catástrofes naturais ou não, de demolições equivocadas ou despropositadas, de vazios mal projetados, de maus projetos arquitetônicos e de políticas urbanas enfim, de perdas de camadas estruturais, sociais, políticas, arquitetônicas e urbanas em geral. Muitas vezes elas podem expor outras camadas como, por exemplo,descobertas de registros arqueológicos de uma cidade ou edifícios antigos, a partir de alterações morfológicas em solos atingidos por uma catástrofe. Assim, camadas históricas e arquitetônicas são reveladas através desta ferida. Os condomínios fechados implantados dentro do perímetro urbano da cidade consolidada podem se comportar como feridas urbanas, com quebras e interrupções dos fluxos de automóveis, de pedestres, da visibilidade da cidade, dentre tantas outras camadas. Carência de infraestrutura urbana ou elementos mal projetados, também podem ser vistos como feridas, uma vez que acarretam problemas graves de enchentes, interrupção de fluxos, precariedade sanitária, dentre outros;tornando o ambiente insalubre e colocando em risco a vida dos habitantes. Por sua vez, as feridas também podem causar e incorporar as áreas de vazios e inteferir nestas. A área do MASP, antes se configurava um vazio: o terreno era uma sobra na Avenida Paulista ao lado de edifícios empresariais que já começavam a demarcar e caracterizar a área. Se por ventura algum sinistro ocorresse nos edificios vizinhos a este vazio, ele também sofreria os danos desta ferida e assim, talvez, o MASP não mais fizesse sentido, caso implantado neste novo contexto.O caso do MASP de Lina Bo Bardi merece atenção enquanto implantação de um edifício em uma sobra de terreno que, ao mesmo tempo, tornou-se um marco urbano e destinou-se a abrigar um vazio. Ao dissertar sobre reconstruções do espaço urbano destruído do centro de Stuttgart, Kriertambém penetra no foco das discussões sobre as feridas urbanas.No caso da cidade alemã, as feridas foram proporcionadas “pela indústria pesada, pelas bombas aliadas, pela miséria urbanística e pela simples estupidez de seus governantes e planejadores”. Assim, os novos projetos de Krier devem se sobrepor à camada de situação do espaço urbano, no vazio identificado pela ferida. Nos planos, há uma tentativa de colocar o centro urbano à disposição dos pedestres, sem eliminar o automóvel. Os pontos especialmente destacado, cuja importância para a zona de experimentação do pedestre se perdeu nos anos pós guerras, devido as obras de vias, serão cobertas com superestruturas de modo que voltem a unir os bairros separados entre si. A intenção é restabelecer a continuidade de experimentar o espaço na estrutura urbana. Ruas e praças são projetadas para o pedestre, perfeitamente adaptadas à estrutura existente, respeitando ao máximo a substância histórica. Ele implanta o vazio das praças - áreas abertas de respiro na cidade - nos próprios vazios deixados pelas feridas urbanas. Como visto o vazio não é, necessariamente, consequência de uma ferida, podendo ser resultado de uma lógica capitalista especulativade produção do território, dentre outros. Quando o vazio resulta de demolições visando alimentar esta nova lógica sem se importar com as camadas alí presentes ou resulta de uma catástrofe, este passa a ser consequência de uma ferida urbana. Uma demolição equivocada e toda uma historicidade local desaparece, como foi o caso da Mansão Matarazzo na Avenida Paulista, ferida aberta até hoje. As demolições sanitaristas e estéticas de Pereira Passos, no Rio de Janeiro, acarretaram inúmeros problemas sociais e urbanos com consequências sofridas até a atualidade. Os vazios de áreas de remanescentes ferroviários e industriais, também acabam por serem consequências de feridas urbanas, já que rompem com as camadas de fluxos e de usos. Espaços residuais metropolitanos sem articulações com a territorialidade, muitas vezes são causadores de transtornos de ordem social, imobiliária e funcional, um a vez que abrigam ocupações indesejáveis e insegurança, desvalorizam a área, impedem o bom funcionamento dos fluxos locais, dentre tantos outros. As feridas causam sempre impacto nas camadas urbanas, por vezes irreversíveis. Feridas expostas trazem a estranheza de uma ausência, uma falta. Elas podem ser arquitetônicas, históricas, sociais, funcionais, ou a soma de muitos elementos, como na maioria dos casos, principalmente se forem ocasionadas nos “fatos urbanos”, definidos por Aldo Rossi como objetos dotados de qualidade e unicidade, como fatos artisticos que possuem o caráter típico de memória coletiva e imaginação. .
CONCEITUALIZAÇÃO – VAZIOS X FERIDAS CAMILA TEIXEIRA GONÇALVES | primeiro texto
Como então, arquitetos e urbanistas devem cicatrizar estas feridas? As feridas devem ficar expostas? O vazio deve ser mantido ou preenchido? Se a cicatrização for o caminho escolhido, as camadas a serem reimplantadas devem ser bem estruturadas e projetadas. Há camadas que podem e convém ser projetadas e outras que somente o tempo pode conferir ou retirar. Um monumento ou um obelisco já são projetados para receberem camadas históricas, assim como um memorial, o qual insere também camadas emocionais. Um palacete residencial do século XIX era edificado para uma camada social e hoje a camada histórica sobrepôs até mesmo os usos e funções antigas. Neste aspecto, vale ressaltar que frequentemente a camada funcional é sobreposta pela histórica, gerando novos usos. A camada estética muitas vezes está alinhada a camada social, como visto nas favelas e mansões. O abandono ou esquecimento é camada muitas vezes não esperada, imposta pelo tempo a um edifício ou a um cenário urbano. Retomar esta complexidade não é tarefa fácil. O local deve ser muito bem analisado e um distanciamento crítico da cidade se faz necessário. Há variados níveis de feridas (demolições parciais ou totais, devastação de cidades, ruínas, etc) e diversos tipos de vazios (especulativo, funcional, resultado de feridas, projetados, etc).A cicatrização insere novas formas de apreensão do espaço e novas relações espaciais, ao passo que é uma tentativa de reparar os danos sofridos de forma a favorecer os cidadãos e a cidade. De acordo com as especificidades do local, as camadas a serem refeitas terão níveis de prioridades. Deve-se, portanto, analisar o potencial de diversidade das grandes cidades e rever os potenciais das áreas atingidas pelas feridas ou vazios. A destruição pela guerra de um importante centro urbano como o de Stuttgart, na Alemanha, é um bom exemplo disso: a consciência de valores históricos perdeu a importância frente ao excesso de destruição de outras ordens e sentiu-se uma impotência contra a pressão de reorganização dos elementos urbanos primários. A cidade se converteu em algo muito evidente devido à indolência com que se trataram as necessidades da cidade, com todos os seus componentes (Krier). Em áreas de guerras e conflitos, a necessidade de reaver a “camada” da funcionalidade,acaba por se tornar prioritária, mas os projetos de cidade funcional perfeita se mostraram pouco perspicazes. Dialogar com o contexto nem sempre se trata de uma continuidade, podendo se configurar também uma ruptura. A paisagem pode ser redefinida de forma crítica e poética e há vazios que convém serem mantidos. A análise dos potenciais desses locais pode afirmar a viabilidade de projetos de intervenção de caráter público e social, como praças, parques, museus, habitações de interesse social,além da destinação aos municípios e entidades privadas sem fins lucrativos interessadas no uso dos imóveis e terrenos ociosos, como os ferroviários, por exemplo, para fins de implantação de programas, projetos e ações locais de desenvolvimento social, urbano e ambiental. Porém, sempre as camadas devem ser refeitas tendo o fluxo como base orientadora de novos percursos interessantes e instigantes e de novas dinâmicas. A arquitetura e o urbanismo não devem ter uma apreensão imediata, mas devem romper com a monotonia. Os patrimônios históricos, artísticos e culturais merecem um estudo mais cuidadoso e específico, para não se tornarem vazios como as áreas de edifícios industriais e ferroviários da Mooca; e para não se tornarem feridas, com demolições inapropriadas, perdendo camadas históricas e arquitetônicas importantes. Assim, diversas operações podem ser feitas, esperadas ou não, com essas camadas como justaposição, adição, subtração, composição e tantas outras. Elas sofrem operações constantemente no tempo, podem não ser inteiras em um mesmo território e possuírem densidades diferentes. As feridas urbanas mexem com as pessoas. Elas nos fazem refletir ou questionar a existência de um determinado fato ou marco urbano e a traçar relações de espaço não antes imaginadas. Uma ferida não cicatrizada causa não só impacto na dinâmica urbana e nas experiências memorialistas ou perceptivas dos moradores, mas também o esquecimento de muitas camadas que foram perdidas.
VAZIO
COMO CONSEQUÊNCIA
FERIDA
COMO ATO
de especulações imobiliárias; do processo projetual/ conceitual da de sobreposição de planejamentos arquitetura contemporânea; diferentes; do processo projetual/ conceitual do de ausencia de planejamento; urbanismo; de áreas desfuncionalizadas pelo de demolições.
COMO CONSEQUÊNCIA de catastrofes naturais ou não; de demolições equivocadas os despropositadas; de vazios mal projetados; de perda de camadas estruturais,
tempo;
sociais, politicas, arquitetônicas,
de feridas urbanas;
urbanas, etc.
de demolições.
CONCEITUALIZAÇÃO - AÇÕES PROJETUAIS CAMILA TEIXEIRA GONÇALVES
Ações – Cicatrização de Feridas Urbanas: Reconstrução das camadas e conformação de novas percepções públicas na cidade. 1.Situação 1 : Preexistências. 2.Ferida (catástrofes naturais ou não; demolições equivocadas os despropositadas; vazios mal projetados; perda de camadas estruturais, sociais, políticas, arquitetônicas, urbanas, etc.). 3.Situação 2: Feridas + Preexistência do entorno. 4.Projeto 4.1. Fase de Análise Análise da Situação 1 – usos, ocupação do solo, densidade demográfica, fluxos, tipologias arquitetônicas, preexistências ambientais, preexistências históricas etc. Importância do contexto: fornecer os dados sobre as necessidades do local que foram afetadas, o que reimplantar, refazer, excluir, etc. Análise dos impactos da ferida e camadas perdidas: impacto na dinâmica urbana e nas experiências memorialistas ou perceptivas dos moradores. Análise de demolições e ruínas (o que manter, o que demolir de vez, o que construir). Análise das necessidades locais: habitações, comércios, vias, etc. Análise das potencialidades dos vazios, caso existentes ou ocasionados pela ferida; Análise das potencialidades locais em todas as suas esferas: visual, estética, funcional, etc... Métodos: levantamentos de campo, fotos, entrevistas, consulta a imagens antigas e plantas arquitetônicas, produção de croquis, etc. 4.2. Fase de Desenvolvimento Para as ações propostas, foram feitas análises de proposições teóricas de Kevin Lynch, Gordon Cullen, Rob e Leon Krier, Aldo Rossi e outros, de forma a transpor e contextualizar alguns ideais inerentes a contemporaneidade. Cicatrização Inicial – fluxos (espaços públicos): fluxo linear (circulação de pedestres e autos) + pontos nodais (encontro de fluxos, praças, parques, rotatórias, intersecções, etc.). A rede de linhas habituais ou potenciais deslocamentos através do complexo urbano como primeira e principal camada ordenadora das demais e o meio mais eficiente pelo qual a totalidade pode ser ordenada. Análise das morfologias dos espaços urbanos para identificar as melhores alternativas. A rua como espaço público também deve priorizar o pedestre de forma democrática. A valorização do percurso também revela novas apreensões da Arquitetura. Intenção: Faz-se necessário uma apreensão não imediata tanto da arquitetura quanto do urbanismo, tornando-os processos investigativos para os seus usuários, através das vivências, dos usos e desusos no tempo, das percepções. Esta busca investigativa pelo “o que existe além”, trás conotações de uma atmosfera um tanto quanto infantil do interesse pela descoberta, pela surpresa, gerando sensações de ansiedade e satisfação. Feridas urbanas que mexem com as camadas funcional/estrutural da cidade, como o trânsito, merecem atenção enquanto direcionamentos bem definidos e identificação com o local. Cullen - novas percepções da arquitetura e do urbanismo. A paisagem urbana como uma sucessão de surpresas ou revelações súbitas Visão Serial - o percurso do transeunte ao atravessar uma cidade é impactado emocionalmente por uma série de elementos e imagens que devem ser estimuladas. Desvios de alinhamento, variações de volumes, de saliências e reentrâncias, desníveis e transparências, enriquecem o percurso do transeunte. A cidade torna-se visível pelos seus contrastes, pela fuga da monotonia. As percepções do espaço aberto e do espaço fechado nos trazem sensações diversas. Ao supor que os centros urbanos são desenhados segundo a lógica da pessoa que se desloca, a cidade passará a ser uma experiência plástica, percursos através de zonas de compressão e de vazio, contrastes entre espaços amplos e delimitados, alternância de situação de tensões e tranquilidade. A apropriação do espaço pode ser estática e periódica (como pessoas em convívio na saída de uma missa) ou se dar pelo movimento (como alamedas, escadas, passarelas, etc.). Mobiliários, equipamentos e sinais de ocupação conferem a cidade um caráter mais humano e diverso. A sensação de localização é essencial às pessoas, que sentem necessidade de se identificar com o local em que se encontram. Os trajetos de automóveis e pedestres devem ser sinalizados com diferentes materiais e cores de pavimentação, consoantes com o uso que se lhes pretende conferir. Assim há a necessidade de um código universal de cores e padrões indicando ruas de um sentido único, estacionamentos, travessia de pedestres, etc., permitindo uma leitura mais clara das ruas. Lynch- “A surpresa deve ocorrer dentro de uma estrutura geral, a confusão deve dar-se em pequenas regiões dentro de um todo visível. Além disso, o labirinto ou o mistério deve conter, em si, alguma forma que possa ser explorada e apreendida no devido tempo. O caos total, sem qualquer indício de conexão, não é nunca agradável” (LYNCH, Kevin, p.6). As vias são elementos urbanos predominantes e devem ser claras e legíveis, pois conformam todos os outros elementos urbanos. As vias que podem adquirir importância pelas suas singularidades que as diferencie dos outros canais circundantes: como a concentração de algum uso ou atividade especial, pelas qualidades espaciais características (largura, estreiteza, longividade, etc.), pelas texturas de pavimento ou de fachadas, uma iluminação em particular, cheiros, sons ou detalhes de vegetação, por se constituírem limites, pelas exposições visuais (vistas) por elas permitidas, etc. Isso nos leva a uma hierarquia visual das ruas e dos caminhos. Este é o esqueleto da imagem da cidade.
CONCEITUALIZAÇÃO - AÇÕES PROJETUAIS CAMILA TEIXEIRA GONÇALVES
Novo Urbanismo - Princípio 12: Muitas atividades do cotidiano podem acontecer a uma distancia possível de se percorrer à pé, possibilitando independência àqueles que não dirigem veículos, especialmente o idoso e o jovem. Uma rede interligada de vias pode ser projetada para encorajar o caminhar, reduzir o número e a distancia das viagens de automóvel, e conservar energia. Princípio 19: A primeira tarefa de toda a arquitetura urbana e do paisagismo é a definição física das ruas e dos espaços públicos como lugares de uso comum. Princípio 23: Ruas e praças podem ser seguras, confortáveis, e interessantes para o pedestre. Bem configuradas elas encorajam o passeio, permitem os moradores se conhecerem e com isto protegerem sua comunidade. Rob Krier – A praça como a primeira criação humana de um espaço urbano. Resulta do agrupamento de edificações ao redor de um espaço livre e muitas vezes se converteu em um caráter simbólico (templos, ágoras, fóruns, claustro, etc.) As praças tem caráter predominantemente público, aberto as relações sociais, local de variadas destinações como mercado, feira livre, festividades, desfiles, etc. A Rua: É o resultado do crescimento de uma localidade depois de ter rodeado a praça. A rua organiza a distribuição dos terrenos e possui um caráter utilitário. Na rua, a arquitetura é percebida de diferentes formas. A variedade de espaços resultantes dessa rede é inesgotável. São elementos de orientação, de fluxo. Tentativa de projetar ruas e praças para o pedestre, perfeitamente adaptadas a estrutura existente, respeitando ao máximo a substancia histórica. Embocaduras (saídas) de ruas em praças: Todos os tipos de espaços podem ser alterados dependendo de como as ruas desembocam neste espaço (uma rua, duas ruas , três ruas...) e de que forma isto é possível (centralizado, descentralizado e vertical a uma das faces da praça, vertical em uma esquina e diagonal). Cicatrização das demais camadas: De acordo com as especificidades do local, as camadas a serem refeitas terão níveis de prioridades. Elas podem ser interligadas, sobrepostas, adicionadas, justapostas, subtraídas, etc. Deve-se, portanto, analisar o potencial de diversidade das grandes cidades e rever os potenciais das áreas atingidas pelas feridas ou vazios, de forma a atender as necessidades locais. Camada dos Vazios: Decisão de permanência, cicatrização ou construção de vazios: transformação ou construção de espaços prioritariamente públicos. Análise das morfologias dos espaços urbanos para identificar as melhores alternativas. Intenção: Uso dos vazios como estratégia de projeto arquitetônico/ urbanístico para destacar o caráter público dos espaços atingidos por uma ferida urbana, reforçando a reflexão e o questionamento por parte dos moradores da existência de um determinado fato ou marco urbano local e a traçar relações espaciais não antes imaginadas. Ênfase na multiplicidade dos espaços (usos, texturas, materialidades). Intenção de integração com o tecido urbano circundante e o aproveitamento de espaços intersticiais e residuais da cidade. Inserção de vazios que potencializem a urbanidade de forma que o espaço positivo não despreze o negativo. Aldo van Eyck - parques construídos, utilizando-se de técnicas de composição não hierárquica, traçando relações entre arquitetura e imaginação. Equipamentos propostos com caráter modular e minimalista dos seus elementos, com a intenção de estimular a mente e a criatividade das crianças para novos usos e ter possibilidades compositivas das mais variadas. Rob Krier - Praça: espaço livre base para o urbanismo. Ideia do vazio projetado como espécie de célula-tronco da cidade, onde as civilizações tendem a se desenvolver ao redor. Assim, dentro deste estudo, a praça de Krier seria classificada como um “vazio implantado” – resultado de um processo projetual/conceitual do urbanismo. Nas residências, estes espaços se equivalem ao pátio ou ao átrio, que se apresentam como espaços públicos em relação aos privados (fechados). Portanto, as praças tem caráter predominantemente público, aberto as relações sociais, local de variadas destinações como mercado, feira livre, festividades, desfiles, etc. Novo Urbanismo - Princípio 18: Uma diversidade de parques, desde as áreas para crianças e os pequenos espaços verdes das vilas residenciais até os campos de jogos e os jardins comunitários, podem ser distribuídos nos bairros. Áreas de preservação e áreas abertas podem ser usadas para definir e conectar diferentes bairros e distritos. marco simbólico.
Camada Histórica: Análise de diretrizes: conservar, preservar, restaurar, reutilizar, reabilitar. Anexo de memorial ou
Intenção: Resgate da memória, da identidade com o local, e de preservar arquiteturas de importância histórica, em oposição a sensação de perda de pertencimento. Projeto de um marco ou memorial remetendo a essa historicidade, caso toda a camada tenha sido perdida. Novo Urbanismo - Princípio 27: A preservação e renovação de edifícios históricos, áreas urbanas significativas (distritos), e de espaços verdes (landscapes) garantem a continuidade e evolução da sociedade urbana. Aldo Rossi – Alguns elementos na cidade se constitui como “fatos urbanos”, isto é, edifícios significativos e relevantes, não só pela forma que abrange diversas funções e se monumentaliza perante a população, sendo reconhecido pela coletividade (devido sua forma potente e significado social); mas também pelo seu signo, na identificação da cidade como característica de uma memória coletiva. Esta noção esta alinhada a constituição de uma narrativa e se apresenta como elemento importante para a caracterização do “espirito do lugar”, o genius locci, uma arquitetura que se relaciona diretamente com o entorno, em contraposição ao espírito da época.
CONCEITUALIZAÇÃO - AÇÕES PROJETUAIS CAMILA TEIXEIRA GONÇALVES
Camada Arquitetônica: revisão dos usos, ocupações, gabaritos e tipologias arquitetônicas locais e do entorno. Novos projetos arquitetônicos que valorizem as sensações da ambiência. Intenção: Ressaltar a importância do contexto na realização de intervenções pluralistas para melhor atender a demanda e as necessidades locais. Exploração de texturas, materialidades, volumetrias e fachadas para criar sensações diversas, justificadas pelo uso e estado dos edifícios e não pelo simples capricho do arquiteto. Libertação, mas não omissão ou supressão das formas racionalizadas ou purista, dando margem a uma arquitetura fluída e de multiplicidades, condizentes com o urbanismo contemporâneo, o qual foge do idealismo predecessor. Diante das dinâmicas da metrópole, marcos simbólicos e monumentos devem ser consolidados em pontos estratégicos para se tornarem referências externas ao observador, reforçarem a memória e identificarem usos específicos. Lynch - Edificar marcos simbólicos em pontos estratégicos, de forma a se tornarem referências externa ao observador, elementos físicos de escala variável. Alguns marcos são altos, vistos de muitos ângulos e distâncias. Outros são locais como anúncios, fachadas de lojas, arvores e outros detalhes urbanos. A maioria dos marcos distantes são “sem base”, isto é, o topo é mais importante no horizonte geral, mas a localização exata de sua base não são tão importantes. Os marcos possuem singularidades memoráveis no contexto e parecem mais claros de identificação quando possuem uma forma própria, clara, que contrasta com seu plano de fundo e se sobressai. Há contrastes de localização, idade, escala, etc. A atividade associada a um elemento também pode transformá-lo em um marco. Assim, alguns marcos podem vir a ser ordenadores do caos, pois são referencias espaciais memoráveis aos moradores. A sequência de marcos facilita o reconhecimento e a memorização. “Quando uma historia, um sinal ou um significado vem ligar-se a um objeto, aumenta o seu valor enquanto marco” (LYNCH, Kevin,p.90). Aldo Rossi - A coletividade se reconhece em cada projeto quando reconhece os “fatos urbanos”. Todo edifício que se constitui um “fato urbano”, faz parte da historia da arquitetura. Cullen – “Acidentes” numa rua – torres, campanários, elementos que criem efeitos de silhuetas, cores vivas, etc. – e sua capacidade de prender o olhar e evitar a monotonia. A dis posição estratégica dos acidentes tendem a ressaltar as formas de uma rua e individualizala. Novo Urbanismo - Princípio 25: Edifícios institucionais e lugares públicos de reunião requerem sítios significativos para reforçar sua identidade e a cultura da democracia. Eles merecem formas distintas, porque seu papel é diferente dos outros edifícios e lugares que constituem o tecido urbano da cidade. Camada Paisagística: Revisão de áreas ambientais afetadas pela ferida. Inclusão de vegetação para ressaltar qualidades sinestésicas dos espaços. Intenção: Reposição de vegetação de forma a mitigar ou compensar os impactos na natureza local. Áreas verdes usadas para definir, conectar e enriquecer visualmente os lugares. Novo Urbanismo - Princípio 18: Uma diversidade de parques, desde as áreas para crianças e os pequenos espaços verdes das vilas residenciais até os campos de jogos e os jardins comunitários, podem ser distribuídos nos bairros. Áreas de preservação e áreas abertas podem ser usadas para definir e conectar diferentes bairros e distritos. Camada Social: Analisar disposição e quantificação de áreas públicas, privadas e semi-públicas do entorno e balancear de forma mais equitativa no projeto de intervenção. Análise das morfologias dos espaços urbanos para identificar as melhores alternativas Considerar as multifuncionalidade dos bairros. Intenção: Atentar para as necessidades de espaços abertos públicos em todos os bairros. A multifuncionalidade dos bairros deve ser contraposta a cidade zoneada e mononucleada, de forma a reduzir deslocamentos e consequentemente uso do automóvel, demonstrando uma preocupação sustentável. A variedade de tipos de moradia facilita a interação de pessoas de diversas idades e níveis de renda. Necessidade de criar espaços semi-públicos e privados seguros e aconchegantes. Os espaços semi-publicos são uma transição entre domínios que depende de um dialogo estabelecido pela sociedade: a ocupação ocorre por grupos que se relacionam segundo regras que identificam o direito de acesso e uso do território. Novo Urbanismo: Princípio 07: As cidades (cities) grandes e as médias (towns) devem oferecer uma larga oferta de serviços públicos e privados como apoio a economia regional, que beneficie pessoas de todas as faixas de renda. Habitação de interesse social deve ser distribuída na região para se mesclar com as oportunidades de emprego e evitar a concentração da pobreza. Princípio 13: Nos bairros, uma grande variedade de tipos de moradia e preços, pode facilitar a interação no dia a dia de pessoas de diversas idades, raças, e níveis de renda, reforçando os vínculos pessoais e cívicos, essenciais para o crescimento de uma autêntica comunidade. Princípio 21: A revitalização de espaços urbanos depende de segurança (safety) e de proteção (security). O desenho das ruas e dos edifícios pode reforçar lugares seguros, mas não em prejuízo da acessibilidade e sentido de abertura. Camada Urbanística: Desenho urbano relacionado com o regionalismo, ambientalismo e crescimento inteligente. Importância do contexto na intervenção de caráter pluralista e relativista. Análise das morfologias dos espaços urbanos para identificar as melhores alternativas
CONCEITUALIZAÇÃO - AÇÕES PROJETUAIS CAMILA TEIXEIRA GONÇALVES
Intenção: Projeto urbano considerando o clima, topografia, história e praticas de construir, de forma a ressaltar o contexto na sustentabilidade dos edifícios. Pensar na intervenção a longo prazo, pois em consideração estaria o impacto entre as novas e antigas intervenções urbanas e as suas repercussões nos planos social, ambiental e econômico. Tentativa de agregar ao ambiente urbano dispositivos para suprir as novas necessidades e dinâmicas segundo especificidades da cultura, espaço e tempo (agente de mutação). Projetos que investiguem a possibilidade da urbanidade provocar sensações e experiências estéticas num espaço labiríntico em intenso movimento. Sonia Hilf Schulz - A metrópole contemporânea sinaliza uma descontinuidade, as fronteiras materiais e imateriais foram se desintegrando ao longo do processo urbano que resultou na anulação parcial das identidades das cidades. Há uma tentativa desde o classicismo grego até o modernismo de estruturar espaços controláveis, totalitários e universalizantes, submetendo e organizando o caos através de formas ideais. Hoje esta tendência é questionada, convidando o caos a participar dos processos de transformação das cidades existentes em outras cidades possíveis. As formas classicizantes dos espaços urbanos estão se convertendo em espaços labirínticos, desafiando constantemente a rigidez espacial, as delimitações, centralizações e hierarquizações do território. “A experiência estética na cidade é um mergulho no caos para retirar o infinito imaterial da inevitável finitude da matéria urbana (...)” (SCHULZ, 2008, p.241). O espaço regido pela geometria euclidiana perde a primazia nas topologias que expressam o tempo como agente de mutação. Métodos: Revisão crítica do contexto. Situação 3: Sobreposição do Projeto na Situação 2
VAZIOS X FERIDAS URBANAS - CONCEITUALIZAÇÃO
Resultado da sobreposição de malhas ortogonais. Resultado da sobreposição de lógicas de especulação imobiliárias sem planejamento ordenado. Resultado de áreas desfuncioalizadas, que perderam seus usos (ferroviárias e industriais). Resultado de atos de imposição do vazio através de “feridas urbanas”. Resultado de atos de implantação ou imposição do vazio através de demolições Resultado de atos de implantação do vazio como processo projetual/conceitual do urbanismo. Resultado de atos de implantação do vazio como processo projetual/conceitual da arquitetura. Resultado de de catástrofes naturais ou não; Resultado de demolições equivocadas os despropositadas; Resultado de vazios mal projetados; Resultado de maus projetos arquitetônicos e de políticas urbanas; Resultado de perda de camadas estruturais, sociais, políticas, arquitetônicas, urbanas, etc
AÇÕES PROJETUAIS
DESCRIÇÃO DAS AÇÕES PROJETUAIS
1 2 3 4 5
Situação 1: Preexistências
Feridas(catástrofes naturais ou não; demolições equivocadas ou despropositadas; vazios mal projetados; perda de camadas estruturais, sociais, políticas, arquitetônicas, urbanas, etc.) Situação 2: Feridas + Preexistência do entorno Projeto fase de análise> Métodos: Levantamentos de campo, fotos, entrevistas, consulta a imagens antigas e plantas arquitetônicas, produção de croquis, etc. fase de desenvolvimento> Métodos: Revisão crítica do contexto.
Situação 3: Sobreposição do Projeto na Situação 2
AÇÕES PROJETUAIS
DESCRIÇÃO DAS AÇÕES PROJETUAIS
AÇÕES PROJETUAIS
CADERNO DE CROQUIS DE PROJETO
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REFERÊNCIAS
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BIBLIOGRAFIA BENJAMIN, Walter. Obras Escolhidas, v. II, Rua de mão única, trad. de R.R. Torres F. e J.C.M. Barbosa, São Paulo: Brasiliense, 1987. CULLEN, Gordon. Paisagem Urbana. Lisboa: Edições 70, 1971. EISENMAN, Peter. Written into the void : selected writings, 1990-2004 / Peter Eisenman ; with an introduction by Jeffrey Kipnis. New Haven : Yale University Press, c2007. KOOLHAAS, Rem. Nova York Delirante: Um Manifesto Retroativo Para Manhattan . Cosac & Naify, 2008. LUCENA, Célia Toledo. Bairro do Bixiga: a sobrevivência cultural. São Paulo: Brasiliense, 1984 LUCENA, Célia Toledo. Bixiga, amore mio.São Paulo: Pannartz, 1983. LYNCH, Kevin. A Imagem da Cidade. São Paulo: Martins Fontes, 2006. MARZOLA, Nádia.Bela Vista. Prefeitura do Município de São Paulo, Secretaria Municipal de Cultura, Departamento do Patrimônio Histórico, Divisão do Arquivo Histórico, 1979 - 138 páginas. PAES, Célia da Rocha. Bexiga e seus territórios. Dissertação de Mestrado para a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo. São Paulo, 1999. PRATSCHKE, Anja. Configurações do Vazio – Arquitetura e Não-Lugar. Dissertação de Mestrado para o Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. São Carlos, 1996, 165p. ROSSI, Aldo. A Arquitetura da Cidade. SHULZ, Sonia Hilf. Estéticas Urbanas: da Pólis Grega à Metrópole Contemporânea:LTC, 2008. KRIER, Rob. El espacio urbano. Proyectos de Stuttgart. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 3 ed., 1985. Revistas El Croquis. Edições 121|122, 2004. Edição 99, 1999.
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