UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO ORIENTADORA: MARIBEL ALIAGA FUENTES ALUNA:CAMILLA RIBEIRO DE ABREU
GILMORE HOUSE CO-HABITAÇÃO PARA MÃES SOLOS
BRASÍLIA 2017
2 | GILMORE HOUSE
“As a woman, I’m expected to want everything to be nice and to be nice myself. A very English thing. I don’t design nice buildings - I don’t like them. I like architecture to have some raw, vital, earthy quality.” Zaha Hadid
|3
Agradecimentos
Eu agradeço a Deus que ao longo desses sete anos não me deixou desanimar e permitiu que eu continuasse no caminho que Ele escolheu pra mim. Aos meus pais, que sendo minha âncora, me deram a estabilidade, tanto financeira, emocional e espiritual para que nunca me faltasse nada. A minha família, tanto a de sangue como a de coração, que sempre me inspiraram e entenderam que o meu curso requer uma dedicação excessiva. Aos amigos da faculdade, Marcelle, Feijão, André, e Carol Mignon , por terem me feito companhia nessa longa jornada e terem tornado ela menos cansativa e mais alegre! Aos amigos da vida, Bela, Caroline, Ellen, Marcela e Mayara, que me acompanharam nesse ano incrivel de tcc e entenderam e me ajudaram a ter uma vida social apesar da faculdade! Aos meus irmãos de orientadora, obrigada pela companhia e a ajudas , um pouco de cada um de vocês fizeram parte desse caderno. E por ultima a minha querida orientadora, Maribel, que tornou a minhas idéias acreditaveis, que sonhou comigo, que venceu os “degraus” e as dificuldades ao longo do caminho e que nunca me deixou desacreditar das minhas capacidades. Dedico esse projeto a todas mulheres fortes da minha vida.
Introdução
SU MÁ RIO
9
Objetivos
11
A mulher como mãe solo
14
Mãe e filhos
16
Frente a frente: as entrevistas
17
Programa de Necessidades
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Onde morar? A casa.
20
A casa unifamiliar e sua evolução
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A casa co-habitada e sua inovação
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Referências
25
LT Josai
26
Gap House
28
Salva 46
30
Gilmore House
32
Estudo do Terreno
34
Cohabitando entre mães
40
Diretrizes
42
Storyboard
43
O Projeto
46
Plantas
50
Cortes
72
Fachadas
80
Perspectivas
86
Vistas Internas
94
Marcenaria
Considerações Finais Bibliografia Anexos
108 113 114 115
IN TRO DU ÇÃO
Ser uma mãe que cria seu filho sozinha não é fácil, e assim como bem representado na ficção da vida de Lorelai e Rory Gilmore1, ser uma mãe dedicada a ensinar o seu filho apesar da sua situação e além disso não ter muitas vezes uma comunidade afetuosa e pronta para acolher essa mãe, em um momento de dificuldade. Lorelai1 teve a sorte de ter sido acolhida numa comunidade em que se apoiava e que criava junto com ela a sua filha. Porém, observando a vida real podemos encontrar muitas mães que vencem as dificuldades sozinhas e com pouca assistência, afinal nem todas podem contar com amigos ou parentes que possam ajudar. A verdade é quem não podemos continuar vendo esta situação em que cada um vive por si e todos por ninguém e viver em comunidade como demonstrado na série Gilmore Girls2 1
Personagens da série de tevê americana de comédia-drama criada por Amy Sherman-Palladino para o canal americano CW, Gilmore Girls.
2
A série conta a história do cotidiano da mãe solteira Lorelai Victoria Gilmore (Lauren Graham) e sua filha Lorelai “Rory” Leigh Gilmore (Alexis Bledel) que vivem no pequeno povoado fictício de Stars Hollow, em Connecticut, pequena cidade com personagens bem peculiares e localizada cerca de trinta minutos de Hartford. A série explora diversos assuntos como família, amizades, conflitos geracionais e classes sociais.
que é um exemplo de como juntos somos mais fortes. Sendo assim, como seria se estas mães solos se juntassem e dessem suporte uma para as outras? Como seria a experiência de mães solos e seus filhos vivendo juntos em uma casa e tendo maiores chances de vencer os desafios da vida? Este trabalho tem como proposta pesquisar e propor um tipo de residência se adapte melhor a estas mães. Para tanto, se estudará o tema da casa co-habitada, aqui aplicada no compartilhamento feminino do morar. O trabalho foi dividido em quatro partes, na primeira parte teremos a explicação do tema e de sua metodologia, na segunda parte teremos uma explicação mais profunda sobre o que é ser mãe solo e a compilação das entrevistas realizadas com as mães para uma melhor perspectiva. Na terceira parte teremos uma análise arquitetônica da casa e de sua evolução em diversos aspectos relacionados as mães assim como uma introdução da moradia co-habitada. Na quarta parte teremos exemplificação da moradia co-habitada assim como a proposta de uma co-habitação para as mães solos.
Introdução| 9
● Os objetivos desse trabalho são: ● Perceber o ponto de vista de uma mulher com filhos a respeito do seu dia a dia, relacionamentos e trabalho, mas também o quão sua moradia facilita ou dificulta os mesmos por meio de entrevistas. ● Analisar a evolução da casa unifamiliar segundo a modificação do papel da mulher na sociedade ao longo do tempo.
OB JE TI VOS
● Explicar a proposta de uma casa co-habitada, sua inovação e repercussão. ● Fazer um estudo de casas de uso compartilhado e observar pontos positivos e negativos e com isso obter repertório para proposta.
● A partir destas observações e das entrevistas, extrair conceitos norteadores para a elaboração de uma proposta de projeto de uma casa compartilhada para pelo menos três famílias de mães solos que tem como ponto característico a flexibilidade para no futuro se tornar uma tipologia.
Objetivos| 11
“O certo é que até aqui as possibilidades da mulher foram sufocadas e perdidas para a humanidade; já é tempo, em seu interesse e no de todos, de deixá-la enfim correr todos os riscos, tentar a sorte “ Simone de Beuavoir
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A MULHER COMO MÃE SOLO Mãe sf
1 – Mulher que deu à luz um ou mais filhos e os cria ou criou. (Dicionário Michelis) 2 – Mulher que tem ou teve filho ou filhos. (Dicionário Aurélio)
Para a mulher, ser mãe foi por muito tempo a única característica valorizada na sociedade, ser mãe era o cumprimento biológico de uma mulher, afinal fomos “feitas” para isso. Desde pequena, esclarece Beauvoir, a mãe procura transformar a menina como semelhante a si própria, impõe-lhe seu destino, fazem-lhe uma “mulher de verdade”, e prepara-a para como a sociedade acolherá mais facilmente. Para ser graciosa, continua Beauvoir (1980, p. 23) “ela deverá reprimir seus movimentos espontâneos; pedem-lhe que não tome atitudes de menino, proíbem-lhe exercícios violentos, brigas: em suma incitam-na a tornar-se, como as mais velhas, uma serva e um ídolo”. Além disso, a autora nos adverte que a boneca é um filho para a menina e ela desempenha seu papel de mãe, educa a boneca, afirma sobre ela sua autoridade, assim como sua mãe a faz, ela bate-a, tortura-a, ela aprende que o cuidado das crianças é A mulher como mãe solo| 15
responsabilidade da mãe e aprendem isso desde cedo, como também colocam em prática através de suas bonecas. Atualmente, as mulheres têm buscado cada vez mais serem valorizadas, mas também aprendendo a se valorizarem não só pelo que elas são mas pelo que elas podem fazer além do fator biológico. No entanto ainda há diversas barreiras a serem derrubadas na nossa sociedade quanto ao fato de ser mãe solteira. Como podemos observar na própria definição do termo solteiro no dicionário Michaelis: “diz-se de pessoa que ainda não se casou” e de forma mais coloquial: “que não está mais casado; divorciado, separado”. O seu estado civil deveria ser apenas uma realidade da sua vida como o de qualquer mulher, o fato de ter ou não um relacionamento com o pai, por que todo filho de mãe solteira também tem um pai solteiro, não deveria influenciar o modo de com essa pessoa é vista na sociedade. Do mesmo modo quando nós nos referimos a elas como mãe solo; o termo solo é definido pelo mesmo dicionário nesse caso como adjetivo, significa “realizado ou executado por uma só pessoa” (Dicionário Michaelis). Lembrando que é alegado o fato que ela realiza a responsabilidade de ser responsável por uma criança sozinha. Além de definir seu papel, podemos quantifica-las, pois de acordo com o IBGE, no seu estudo Estatísticas de Gênero, em 2000, as mulheres chefiavam 24,9% dos 44,8 milhões de domicílios particulares. Em 2010, 37,3% dos 57,3 milhões de domicílios registrados já eram comandados por mulheres (Tabela 1). Nesse mesmo estudo, mais de 42% destes lares, a mulher vive com os filhos, sem marido ou companheiro.
Ter e ser filho é um privilégio para todos, mas nem todos percebem isso, o Papa Francisco em uma de suas catequeses exprimiu bem como o papel de mãe é muito elogiado, mas pouco escutado: “Talvez as mães, prontas a tantos sacrifícios pelos próprios filhos, e não raro também por aqueles de outros, deveriam encontrar mais escuta. Precisaríamos compreender mais a luta cotidiana delas para serem eficientes no trabalho e atentas e afetuosas na família; precisaria entender melhor o que elas aspiram para exprimir os frutos melhores e autênticos da sua emancipação. ” (Catequese do Papa Francisco sobre o papel das mães, 2015) Como filhos, de mães solos ou não, é preciso ser sensível para perceber o quão ser mãe é uma negação de si mesmo. Afinal a mulher ao se tornar mãe tem ciência da sua realidade e consegue controla-la, mas no limite das suas capacitações. Há uma diversidade de mãe solos, por exemplo temos: ● Gravidez na adolescência; ● Gravidez e ter sido deixada pelo companheiro, ● Gravidez e se tornado viúva; ● Gravidez por escolha; ● Adoção por escolha; ● Criação de filhos dos filhos; Esses são apenas alguns exemplos sem relevar as questões financeiras e sociais que também ampliam as possibilidades dessas mães.
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Para esse trabalho foi escolhido, apesar do tamanho leque, as mães solos com independência financeira, de relacionamentos e social pelo fato do projeto ser prioritariamente uma residência em que todas colaboram e mantêm, mas também para redução do alcance deste projeto tornando o mais um projeto privado de um social, mas com o intuito de influenciar o alcance da arquitetura para todas. Após a redução do campo de alcance desse projeto, buscouse entender mais a realidade das mães por meio de entrevistas para que pudesse vivenciar a realidade de uma mãe solo e assim planejar um programa de necessidade conveniente.
Perceber o lado de mães solos não é fácil, principalmente quando você não é uma mãe. Talvez eu nunca entenda por completo a situação delas, mas escolhendo-as como clientes para esse projeto, utilizei as entrevistas como meio de compreender um pouco suas vidas e experiências.
As três entrevistadas são mães bem diferentes, cada uma lida com sua rotina de forma diferente, mas em todas eu captei a força de um relacionamento entre mãe e filhos. Elas são mães, mas também são amigas de seus filhos e os inspiram a sempre buscar mais.
FRENTE
FRENTE A
Elas não tiveram seus filhos antes dos vinte cinco anos, o que não impediu de ser uma experiência nova a chegada de um filho. Percebi que todas colocavam seus filhos em primeiro lugar e por isso muitas das vezes não conseguem ter tempo para elas. Seus filhos já não são pequenos, o que não impede de ainda darem trabalho.
As três também trabalham e tentam ao máximo conciliar isso com a casa, mas a prioridade sempre vem: filhos, trabalho e depois a casa (no sentido de “cuidar” da casa). Suas casas atualmente atende as suas necessidades, mas isso não as impedem de sonhar com algo melhor do que a realidade. Nem todas se imaginam morando com outras mães, uma inclusive já faz isso, principalmente pelo fato da individualidade de cada família, mas acham a ideia interessante mesmo não visualizando isso para suas realidades. No final das entrevistas, percebi como elas me inspiram, como mães mas principalmente como mulheres independentes.
A mulher como mãe solo| 17
PROGRAMA DE NECESSIDADES O programa de necessidades envolve as relações tanto de mãe e filho, mãe com mãe, filho com filho e família com família. As necessidades de cada relação foram estudadas para que o conforto, a privacidade e o compartilhar de vida sejam bem-sucedidos. Além disso buscou-se adaptar o plano de necessidades anterior com as conclusões feitas das entrevistas.
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Mãe e filho
Família toda
●
Solário| 29.71 m²
●
Quarto da Mãe | 9.65 m²
●
Ante Sala | 12.09 m²
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Piscina| 7.51 m²
●
Quarto do Filho (a) | 8.11 m²
●
Sala de TV | 10 m²
●
Total da área = 116,23 m²
●
Banheiro | 3.76 m²
●
Escritório| 6.62 m²
●
Sala | 13.88 m²
●
Biblioteca| 11 m²
●
Cozinha pequena | 10.35 m²
●
Cozinha Completa | 11.60 m²
●
Hall | 4.97 m²
●
Sala de Jantar | 20.2 m²
●
Total da área: 53.32 m² x 3 = 159,96 m²
●
Jardim Interno | 7.5 m²
Área Interna total da residência: 276.19m²
A mulher como mãe solo| 19
A CASA A CASA UNIFAMILIAR E SUA EVOLUÇÃO
ONDE MORAR?
Morar é uma necessidade de abrigo e proteção desde a pré-história e a
casa se tornou um refúgio do exterior que oprime seja pelo os animais ferozes, as guerras, trabalho, etc. “No espaço urbano o homem socializa-se, mas não se reconhece a sua sente-se inseguro por não poder dominá-lo, por isso o homem procurou cada vez mais enriquecer o seu espalho público. hoje em dia a residência tornou–se um dos bens mais valorizados na nossa sociedade atualmente. Descobertas cientificas como: a revolução industrial, a invenção do carro, invenções de eletrodomésticos transformaram a casa. Mas foi também a partir da mudança do papel da mulher que aconteceu a grande mudança. As guerras e a própria libertação da mesma dos padrões clássicos de comportamento, influenciando a evolução de alguns cômodos que podem ser vistos até hoje. “O passado revele que havia mais necessidade que capricho por trás das grandes decisões arquitetônicas” p.16 sendo assim, a casa evolui de uma caverna para uma residência no campo e então para uma escala ainda maior: a cidade, que “amplia todas as noções de anonimato, indiferença, reserva e solidão e medo que estão implícitas nas relações humanas principalmente no período pós Revolução industrial. ” (Miguel, 2000, p. 23) O tecido urbano das cidades foi formado essencialmente por casas unifamiliares. As casas urbanas representavam uma multiplicidade de funções e ocupações e desde a época medieval que o lugar de habitar era também o lugar de trabalhar, e somente a partir do século XVIII que a casa deixa de ser um local de trabalho para se tornar um lar. É quando surge uma nova unidade social – a família – com ela surge a domesticidade e o conforto como necessidade.
Outro conceito que traz alterações à organização do espaço da habitação é a privacidade. A possibilidade de um indivíduo usufruir de um espaço apenas seu, um quarto, impulsionou uma evolução da organização do espaço doméstico. No livro tudo sobre a casa, Anatxu Zabalbeascoa relata que as mulheres “desempenharam um papel decisivo na história da decoração de interiores, seja como organizadora do trabalho doméstico – e, portanto, de sua localização – anfitriã ou instigadora de mudanças. ” (p.19). Durante boa parte do século XIV, muitos livros de decoração foram publicados para mulheres, mas elas não se sujeitaram apenas a leitura mais também a produção desses manuais. Cômodos como a cozinha, mudaram pelo fato dos eletrodomésticos começarem a evoluir para que não causasse danos a casa – a maioria de incêndios dessa época foi devido ao mal-uso de fogões – além de serem repensados para que houvesse uma modulação e composição de armários. Mas foi por causa de duas mulheres, Catherine Beecher1 e Christine Frederick2, que a renovação da cozinha começou por meio de um estudo sociológico e não arquitetônico.
equipamentos que atendessem devido a mulher começar a trabalhar e ainda assim administrar a sua casa, tudo isso pensando na casa unifamiliar composta por pai, mãe e filhos. Hoje em dia os padrões estão mudando, aos pouco a casa está sendo menos vista como um bem que servia para posicionar “ o individualismo como um fenômeno característicos das sociedades modernas”3. Hoje temos uma sociedade atual se tornando menos possessiva, mais em busca de experiências e aberta a possibilidade para novas tipologias. Os seus valores estão se invertendo e com isso procura-se inovar nos dispositivos para responder a essas solicitações, numa constante procura de resposta aos modelos sociais que apresentam novas necessidades, se propõem a casa co-habitada.
Foi Frederick, por exemplo que propôs que se abrisse a cozinha“ que a pessoa que cozinhava (a mulher) não ficasse isolada do resto da vida familiar e pudesse ao mesmo tempo vigiar as crianças” (Zabalbeascoa, 2013). Ela também influenciou arquitetos como Frank Llyod Wright, Mies van der Rohe e também a escola Bauhaus. As mulheres influenciaram também a alturas dos mobiliários – as ergonomias de muitas áreas foram estruturadas pela altura média da mulher estadunidense –, nas produções de eletrodomésticos que diminuíssem o tempo de cocção, e mais tarde 1 Catherine Beecher era uma educadora americana conhecida por suas opiniões diretas sobre educação feminina 2 Christine Frederick foi uma economista doméstica americana. Ela realizou experiências voltadas para melhorar a eficiência dos agregados familiares, além de defender o papel vital das mulheres como consumidores em uma economia de produção em massa.
3
Texto retirado de A casa, de Jorge Marão Carnielo Miguel, onde ele ressalta uma citação do livro de Helena Béjar, El âmbito íntimo, privacidad, individualismo y modernidad,
Onde morar? A casa| 21
A CASA COHABITADA E SUA INOVAÇÃO 22 | GILMORE HOUSE
A cidade precisa se adaptar ao surgimento de pequenas famílias jovens ou pessoas que moram sozinha. Morar num apartamento pequeno muitas vezes é um custo muito alto para apenas uma pessoa. A co-habitação entre pessoas que dividem o mesmo padrão social e econômico já é uma realidade em muitas cidades. Nos estados unidos, cada vez mais os subúrbios americanos1, estão aumentando o preço e se localizam em áreas caras, impedindo que estes sejam uma “habitação a preços acessíveis 1
Condomínios fechados de casas unifamiliares
para famílias jovens. ” (Riley, 2017) por isso os mesmos estão sendo adaptados, onde as casas por eles constituídas já não abrigam apenas uma família, mas duas ou três dependo do tamanho. As cidades e as moradias têm que se adaptar aos padrões que a sociedade está se tornando. Nas palavras do Departamento de Preservação e Desenvolvimento Habitacional da Cidade de Nova York, é preciso começar a desenvolver “habitações que atendam às necessidades de como os nova-iorquinos vivem hoje é fundamental para o sucesso econômico futuro da cidade “. A cidade de Nova York em uma análise do departamento, tinha apenas ‘um milhão de estúdios e um quarto, muito menos do que os 1,8 milhões de lares que consistem em um ou dois pessoas”. (Riley, 2017), 50% do necessário para a cidade. Para enfrentar esta necessidade, no ano passado, o prefeito Michael Bloomberg iniciou um concurso de design para “micro apartamentos” na East 27th Street, em Manhattan. Equipes de desenvolvedores e arquitetos foram convidados a participar. O requisito do código de zoneamento de um mínimo de 400 pés quadrados (aproximadamente 40 metros quadrados) por unidade foi dispensado. (Frearson, 2017)
da mesma família e compartilham a maior parte dos espaços – com exceção, na maior parte das vezes, dos quartos. ” (Veiga, 2017) Em tempos de crise econômica e imobiliária, a vontade de morar bem e pagar um preço justo ainda persiste. Como saída, o uso de casas compartilhadas vem sendo visto como opção de moradia. O termo utilizado nessas reportagens é o de “casas compartilhadas” mas para melhor adaptação num contexto arquitetônico, utilizasse do termo co-habitação. Nas reportagens os moradores afirmam que estão implantando de São Paulo o conceito de co-housing – surgido nos anos 1970 na Dinamarca e popularizado nos Estados Unidos, na Inglaterra, na França e em outros países da Europa a partir do fim dos anos 1980. A arquiteta Lilian Lubochinski2 acredita que os lares compartilhados têm ganhado espaço no Brasil. “É uma tendência por causa do desejo da geração, com pessoas entre 30 e 40 anos, da afetividade e do compartilhamento. É também prova da mudança dos núcleos familiares onde eu conheço casas compartilhadas que possuem como residentes mães solteiras ou divorciadas e suas respectivas filhas (os). (...) As pessoas querem mais do que rachar os custos, no conceito de casa compartilhada elas querem convivência, elas querem comunidade” (Estadão, 2017)
O esquema vencedor, com 55 novos micros apartamentos que medem entre 250 e 370 pés quadrados (25 e 37 metros quadrados respectivamente) , foram submetidos por nARCHITECTS. Cada unidade no design vencedor compreende duas zonas distintas: a cozinha, banheiro e área de armazenamento na parte traseira e, na frente, uma área flexível e bem proporcionada que serve como a principal área de estar e dormir. No Brasil, já há casos observados em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde pessoas dividem uma casa grande de 4-6 quartos não por aperto financeiro, mas por se “consideram parte
que estão lá por opção, por intenção. “Elas resolvem diminuir seu custo fixo de vida para poder ter mais liberdade”, define. “São pessoas de bastante brilho, inteligência e cultura. Que se equacionam dentro de um mercado imobiliário em que há um número grande de casas espaçosas vazias e disponíveis para aluguel”.
Lilian, que também é coordenadora do Cohousing Brasil, lembra que as “casas compartilhadas” são experiências que, ao contrário das repúblicas ou dos cortiços, unem pessoas 2 Onde morar? A casa| 23
RE FE RÊN CIAS Referências| 25
Nome: LT Josai Tipo: Casa co-habitada Localização: Japão
LT JOSAI
Arquitetos: Naruse Inokuma Architects LT Josai se encontra num bairro de classe alta predominantemente residencial, onde o gabarito máximo para edifício é de prédios de 31 metros de altura, felizmente o terreno utilizado ainda não tem em seu entorno prédios que possam impedir a vista como também a insolação recebida e bem planejada desse projeto. Esse terreno trouxe ao arquiteto um leque de possibilidades para que ele criasse uma residência agradável. Ao observar o posicionamento do edifício, percebesse que sua posição tornou possível a criação de um jardim na parte de trás da casa onde os moradores podem usufruir para plantio e jardinagem própria. O objetivo do projeto era que a co-habitação pudesse ser confortável a todos os moradores tornando o compartilhamento da residência possível. As áreas, tanto comuns com privativas, foram adaptadas de forma tridimensional, ou seja, os níveis utilizados pelos arquitetos tornaram possível uma renovação de fluxos. Os quartos foram posicionados tridimensionalmente, nas conexões entre eles, foi onde ficou estabelecido algumas áreas comuns para os moradores. Além disso, como plano de necessidade, a casa possui uma área de refeições, cozinha ampla e bem iluminada e áreas de estar que, apesar de serem áreas comuns, não deixaram de permitir a individualidade de cada um. Durante o design do projeto, os tamanhos dos quartos foram 26 | GILMORE HOUSE
projetados com uma área maior, algo incomum, porém possível devido o edifício não estar localizado na área de Tóquio. Um dos aspectos interessantes dos quartos é que a privacidade é mantida pelo posicionamento deles, impedindo que, quem esteja na área comum, tenha visibilidade do interior deste. Para a iluminação da casa, a direção e o número de janelas foram pensadas de forma que cada quarto tivesse luz natural suficiente. Com trinta janelas no total, incluindo a área compartilhada, o projeto consegue um aproveitamento da luz direta solar e reduzindo assim a necessidade de luz artificial em boa parte do dia. Em complemento ao bom uso dos espaços, outros aspectos sustentáveis foram escolhidos para o projeto como: ser bem insolado termicamente reduzindo assim a perda de calor durante o inverno, o uso de madeiras certificadas e um ambiente “saudável”- menos passível de doenças ou alergias que se propagam pelo ar – buscando com que a renovação de ar seja o mais natural possível reduzindo o uso continuo de ar condicionado.
Referências| 27
Tipo: Conjunto de Apartamentos Área: 181. 31 m² de 367.8 m² Área Interna: 596.64 m² Duração: 08/2014 – 03/2015 Localização: Coréia do Sul Arquitetos: Archihood WXY A localização do projeto fica em Bokjeong-dong, Coreia do Sul, e seu entorno é composto por algumas universidades tornando-o atraente para a maioria das pessoas que transitam em sua volta. A demanda de apartamentos tipo estúdio é muito grande, sendo assim, é muito comum encontrar nesse bairro prédios de apartamentos pelo fato de tanto para os estudantes como para trabalhadores buscarem esse tipo de acomodação próximo aonde trabalham ou estudam. Sendo assim, ao propor não apenas mais um edifício nessa área, mas algo que se a próxima a uma casa, o arquiteto traz de volta um pouco do conforto que morar em uma casa tem.
28 | GILMORE HOUSE
Além disso, o conceito da casa é manter o estilo de vida jovial para os moradores, dando a sensação de privacidade com os pequenos apartamentos, mas também trazendo as áreas comuns mais equipadas como sala de estar, cozinha e sala de jantar, o conforto de uma casa “de verdade” mostrando que o enfoque dos arquitetos era que equilibrando o privado-público da residência permitiria uma melhor vivencia. O nome do projeto, Gap – buraco ou vazio em português – House, tem origem devido a praça criada no centro do edifício além de ser por pilotis no térreo, o que garante uma boa ventilação e trazendo uma área de “respiro”, para os moradores, com um paisagismo congruente com o espaço. As seis varandas são mais um “gap” do projeto, a solução encontrada pelos arquitetos, para evitar o incomodo que ocorrem quando as varandas acabam sendo posicionadas de frente a edifícios vizinho o que pode ocorrer algum constrangimento, foi o de posiciona-las para dentro do prédio, ou seja, as varandas têm como vista a área interna da praça.
GAP HOUSE Referências| 29
30 | GILMORE HOUSE
Área: 65 m² Duração: 2013-2014 Localização: Barcelona Arquitetos: Miel Arquitectos & Studio P10 Fotografia: Asier Rua SALVA46 foi um projeto-exercício com o intuito de estimular a experiência meio turística meio alguém usando a sua casa enquanto você viaja e cuidando das suas coisas, mas ele é um ótimo estudo de caso pelo fato de serem dois quartos e uma área comum. Este também teve o aproveitamento das três dimensões para melhor adaptação do programa de necessidades. O programa de necessidades consiste em dos quartos com área para trabalho e banheiro incluso dividindo no centro do apartamento a área da cozinha e sala de jantar. A premissa do Projeto é ter o equilíbrio da privacidade, pontos muitos fortes em todos os estudos de caso citados aqui, onde os moradores podem aproveitar a luz natural da área comum assim com a noite podem se isolar em seus respectivos quartos. O pé direito de 3,40m permite que os quartos pudessem ter um mezanino em que cada um pudesse ter uma área de descanso sem ser necessariamente a cama. Os banheiros são voltados para as janelas de ambos os quartos uma escolha inusitada porem coerente a cultura assimilada aqui. A recuperação e substituição do mosaico hidráulico original do apartamento com a reutilização de uma cozinha completa estava definindo o resto das decisões: perímetro hidráulico, desenho e texturas utilizadas, parquet industrial para o restante do piso, uma pátina branca permitindo que a textura na reforma pudessem ser mantida e por fim, móveis descontraídos estilo IKEA1 completam este projeto.
SALVA 46
Tipo: Reforma de Apartamento
1 IKEA é um grupo multinacional com base nos Países Baixos, que projeta e vende mobiliário pronto-pra-montar, eletrodomésticos e acessórios para casa, como a Tok Stok no Brasil. Referências| 31
GILMORE HOUSE
ESTUDO DO TERRENO O terreno se localiza na RA I – Plano Piloto em Brasília, Distrito federal, nas quadras 705 do Setor de Habitações Individuais Geminadas Sul – SHIGS – com o seu principal acesso sendo realizado pela via da W3 sul. A escolha deste local foi pela disposição de escolas, transporte público e serviços, necessários para um dia a dia corrido como o das clientes. Atrás do terreno é onde se encontra a melhor vista por causa dos jardins públicos. As casas geminadas tornam a iluminação natural difícil pela impossibilidade de janelas nas fachadas laterais e também pela projeção das sombras, sendo assim outras estratégias como claraboias serão utilizadas. A ventilação natural, apesar de mais acessível que a iluminação, também terá que ser bem pensada para o maior aproveitamento possível.
34 | GILMORE HOUSE
vista frontal do terreno
vista posterior do terreno
Estudo do Terreno| 35
vistas internas do terreno escolhido 36 | GILMORE HOUSE
LEGISLAÇÃO
O coeficiente de aproveitamento é de 1.8, sendo assim a área total construída permitida é de 337,5 m² não considerando a área construída do subsolo. O total alcançado da residência projetada foi de 307 m² ficando abaixo permitido da área,
Estudo do Terreno| 37
ÁREA CONSTRUÍDA Piso Jardim: 72.55 m²
322 m² x R$2.000,00 = R$ 644.000,00
Térreo Elevado: 44.24 m²
R$ 644.000,00 / 3 familias = R$: 215.000,00
Pavimento 1: 58.68 m²
322 m² / 3= 107 m²
Pavimento 2: 43.92 m²
Valor médio de 107 m² na Asa Sul: R$: 1.166.000,00
Pavimento 3: 58.68 m²
R$: 1.700.000,00 para 156 m²
Solário: 43.92 m²
R$: 499.000,00 para 70 m²
Área total construída: 322 m²
38 | GILMORE HOUSE
ANÁLISE BIOCLIMÁTICA
0
5
10
20 m
Estudo do Terreno| 39
40 | GILMORE HOUSE
3% 3%
3%
3%
COHABITANDO ENTRE MÃES Co-habitando entre mães| 41
42 | GILMORE HOUSE
O equilíbio é quando há igualdade de força entre duas ou mais coisas e de uma forma harmoniosa, e para uma residência para três famílias, é de fato um dos maiores objetivos. Equilibrar faz parte da vida de uma mãe solo. Ela equilibra suas tarefas da casa e do trabalho além de equilibrar o preconceito que ainda existe com o seu dia a dia.
Buscando o equlíbrio para o projeto adotou-se as seguintes diretizes projectuais:
● Equilíbrio entre o privado e público: ● As áreas separada para cada família tem o mesmo peso que as áreas separadas para o convívio de todas.
● Conexão entre as moradoras: ● Os niveis intercalados permitirão que as moradoras possam ter mais interação entre elas visualmente influenciando na interação como um todo.
● Ambiente equilibrado: ● Devido a escolha do terreno de casas geminadas a maior necessidade é que haja o equilibrio entre a luz natural, que é de dificil acesso nesse tipo de terreno, e a luz artificial além da ventilação natural. Para isso, os shafts de luz, a incliação das parede e as aberturas tornam possivel uma casa equilibrada.
DIRETRIZES
EQUI LÍ BRIO E CO HA BI TA ÇÃO
Proposta 1
Proposta 2
STO RY BOARD
Proposta 3
A evolução tridimensional do projeto foi ganhando aos poucos suas caracteristicas. Logo de inicio as parede em ângulo de 45 graus trouxeram uma maior iluminação para a casa. Os recortes feitos em todos os niveis foram modificando para que pudesse garantir internamente uma área razoável sem que a iluminação fosse prejudicada. Para que fosse grantido um acessibilidade mínima, o acesso mudou para um nivel pouco elevado ao nivel do terreno.
Proposta Final Co-habitando entre mães| 43
Proposta 1
N
Proposta 2
Internamente houve uma constante mudança das escadas devido, tanto a adaptação do pé direito como também da localização das áreas privadas e públicas. A separação do publico e privado acabou sendo definida de acordo com as fachadas. A fachada Norte, com vista para o jardim, mais quieta e tranquila ficou om os apartamentos enquanto que a parte mais agitada, do convivio ficou para o lado da fachada sul, com vista para W3.
N
Proposta 3v
N
Além disso com a mudança da fachada norte para algo mais retificado, os apartamentos ganharam, não só mais área útil mas também uma planta regular..
Proposta Final 44 | GILMORE HOUSE
N
+6.29 (N.A.) SOLÁRIO
+4.76 (N.A.) PAVIMENTO 3
+3.23 (N.A.) PAVIMENTO 2
+1.70 (N.A.) PAVIMENTO 1
+0.17 (N.A.) TÉRREO ELEVADO
+0.00 (N.O.) NIVEL TERRENO
-1.36 (N.A.) PISO JARDIM
Em corte onde se pode ver o maior número de adaptações: desde a mudança de que todo projeto era antes enterrado até ao semi entraado apenas na arte dos apartamentos, o numero de niveis até alcançar o pé direito ideal. A altura ds níveis se tornou múltiplo da altura do espelho das escadas para tornar a casa mais equilibrada e ganhando assim uma escada simétrica em todos os níveis.
privado público
Co-habitando entre mães| 45
O PROJETO
Perspectiva da Fachada Sul
O Projeto| 47
Perspectiva do Piso Jardim
48 | GILMORE HOUSE
O Projeto| 49
PLANTA BAIXA PLANTA HUMANIZADA PISO JARDIM ESC: 1:75 50 | GILMORE HOUSE
N
PLANTA TÉCNICA PISO JARDIM 44 50 12
12 1.90 2.77 87 15 158
5.59 1.35
1.67
G
6.22 m²
70 59
15
1.67
80 80
82
2.33 m²
BANHEIRO
45
1.74
39
46 4
21 36 28
50
24 15 1.34 15 2.09 15
15 1.34 15 2.09 15
P13 1
15 40 10
85
76
P15 1
86
90
15
15
19
47
26
67
36
0 1.0
72
60
26
36 15
15
4
1.45
P17 1
20
9 16 15
ESCADA
15
12
SALA
80
3
COZINHA
70
2.00
10.35 m²
P15 1
3.71
1.80
35
13.90 m²
87
F
59 96
1.26
1.00
59 12
1.20
2.45
1.08 8
4.68 m²
4.94 m²
HALL
98
15
50 12 36 37
12
28
15
60
1.86 1.74
12
ELEVADOR
2.00
9.65 m²
7.50 15 50 015 36
5
1.37
1.35
96
80
88
1.18
E
70 12 6 9
57 90
P18 1
2.40 80
50
29
D
88 1.05
1.41
P16 1
15 QT MÃE
8.11 m²
QT FILHO
017
3.34
P13 1
65
60
C
15 32 62
87
1511
50
2.00
1.71
P17 1
2
60 73
B
15 40
15
15
1
15 33
15
P14 1
A
4.56 1.60
Iniciar Piso
25 25 25 25 25 25 25
Iniciar Piso
2.77 15
3.88 8.87
N
ESC: 1:75 O Projeto| 51
P18 1
P16 1
P14 1
52 | GILMORE HOUSE
Perspectiva da Sala de Tv
O Projeto| 53
PLANTA HUMANIZADA TÉRREO ELEVADO ESC: 1:75 54 | GILMORE HOUSE
N
15
P18 1 70
97
21
98
15 34 0 1.8
.47
52
15
80
52 1
2.50
60
5
40
76
1.45
15
P15 1
6 1.3 5
2 1.7
60 12.09 m²
0
° 135
28
81
69
0 1.2
39 56
5 1.0
E
4.21
1.21
60
30
40
G
10.00 m²
90
56
P17 1
1.24
15
F
86
90
73
P13 1
15
67
15
30
6.62 m²
30
ESCRITÓRIO
ANTESALA
6 1.1
34
SALA DE TV
1.58
25 26 32
14 1.32
P18 1
D
P16 1
C
B
P14 1
In P i i ci a so r
98 97 50 1.03 2.45
1.25
1
59
A
2.87
15
80
2.39
P17 1
26 5 45
79
33
2
1.84
42
PLANTA TÉCNICA TÉRREO ELEVADO
° 225
21
11.00 m²
BIBLIOTECA
25 25 25 25 25 25 25 25
1.26
91
P13 1
3.71
P15 1
80
6 1.4
11
3
16 15 15 80
10 5 15
P16 1
P14 1
4
15
N
ESC: 1:75 www.projetoAcg.com
alanaraujo@projetoacg.com
O Projeto| 55
(83) 8862 5630 / 9908 7970 / 3244 5189
56 | GILMORE HOUSE
Perspectiva da cozinha do Apartamento
O Projeto| 57
PLANTA HUMANIZADA PAVIMENTO 1 ESC: 1:75 58 | GILMORE HOUSE
N
60
1.41
29
90
1.18
12
80
P18 1
15
12
P15 1 BANHEIRO
2.33 m²
15 1.08
59
20
70
59
15
80
82
HALL
28
15
2.00
P17 1
4.94 m²
1.37
9.65 m²
2.00
1.35 1.67
24 15
1.34
15
2.09
15
15
1.34
15
2.09
15
E
15 158
F
1511 87
2.77
P18 1
1.90
D
12
P16 1
A
50 12
C
70 2.40
P14 1
88
15
B
15
15 40
G
50
1.71
50
P13 1
76 12 1.86
87
85
59 12
21 36 28
1.74
90 5
QT MÃE
8.11 m²
Room
017
3.34
0
96
12 6 9
1.74
98
50 12 36 37
80
P17 1
15
1.45
60
62
SALA
88
15 60
13.83 m²
1.80
10.42 m²
57
2 1
9 16 15
26
74 11 COZINHA
50
1.26
1.05
1.35
50 015 36
15 33
96
7.50
15
1.00
65
15 32
PLANTA HUMANIZADA PAVIMENTO 1
1.20
0 1.0
36
72 47
80 35
70
2.60 m²
Varanda
3.71
P15 1
2.00
3 P13 1
8
26
87
P16 1
P14 1 73
60
15
15
36 15
4
82
N
ESC: 1:75 O Projeto| 59 www.projetoAcg.com
alanaraujo@projetoacg.com
(83) 8862 5630 / 9908 7970 / 3244 5189
Perspectiva da Cozinha Principal
60 | GILMORE HOUSE
O Projeto| 61
PLANTA HUMANIZADA PAVIMENTO 2 ESC: 1:75 62 | GILMORE HOUSE
N
P18 1
P16 1
P14 1
15
4
1.45
38
2.50 36
59
15
2.50
34
15
P15 1
6 1.4
15
91
15 7 1.4 7 1.4
2
4
67
54
1.25
63
0 1.8
28
E
91
P18 1
11 15
D
P16 1
C
B
P14 1
A PLANTA TÉCNICA PAVIMENTO 2
2.09
9 1.1
F
1
9 1.2
15
G
0 1.5
15
15
P17 1
11.59 m²
P17 1
COZINHA MAIOR
48
15
P13 1
2 1.7
7.47 m²
JARDIM 20.19 m²
SALA DE JANTAR
P13 1
25 25 25 25 25 25 25 25
P15 1
80
3
15
1.65
40
0 1.8
16
15
87
N
ESC: 1:75 O Projeto| 63 www.projetoAcg.com
alanaraujo@projetoacg.com
(83) 8862 5630 / 9908 7970 / 3244 5189
PLANTA HUMANIZADA PAVIMENTO 3 ESC: 1:75 64 | GILMORE HOUSE
N
87
60
1.70
90
8
1.45
P18 1 0
26
10
P15 1
S
9 7
8
2.33 m²
6
14
1.51
5
1.14
P13 1
1
70
67
8
80
82
PLANTA TÉCNICA PAVIMENTO 3
87 2.77
15 158
1.35 1.67
24 15
1.34
15
2.09
15
15
1.34
15
2.09
15
E
1.90
D
12
P16 1
50 12
C
70 2.40
B
88
A
15
P14 1
15 32
P18 1
F
1511
15
15 40
G
50
P17 1
4.97 m²
2.00
HALL
28
15 1.37
2.07
9.65 m²
QT MÃE
8.11 m²
1.71
3
1.06
2
0
8
12
1.92
S
80
1.04
12 6 9
98
80
60
62
4
5
65
BANHEIRO
90 0
36 28
65
76
50 12 36 37
1.34 60
QT FILHO
017
P17 1
3.49
9 16 15
15
11 1.74
SALA
13.88 m²
1.74
2 1
1.20
0 1.0
51 67
1.26 1.80 88
0 15 33
1.42
50 015 36
1.00
2.77
96
7.50
8
12
10.35 m²
COZINHA
3.79
P15 1
2.00
2.53
3
P13 1
1.18 26
73
P16 1
P14 1 15
36 15
4
82
N
ESC: 1:75 O Projeto| 65 www.projetoAcg.com
alanaraujo@projetoacg.com
(83) 8862 5630 / 9908 7970 / 3244 5189
66 | GILMORE HOUSE
Perspectiva do Solรกrio
O Projeto| 67
PLANTA HUMANIZADA SOLÁRIO ESC: 1:75 68 | GILMORE HOUSE
N
34
15
15
P18 1
P16 1
P14 1
4
15
15 44 7 5.2
1.65
0 4.5
15 25 25 25 25 25 25 25 25
15
P15 1 15
P13 1
15
43
7.51 m²
PISCINA 29.71 m²
SOLÁRIO
15 3 1.5
15
P17 1
44 60 50
30
7 4.9
P17 1
15
2
91
P13 1
P15 1
80
15 3.71
3
5 1.4
G
60
8
1.29
60
55
60
F
1
86
1.11
PLANTA TÉCNICA SOLÁRIO
E
P18 1
D
P16 1
C
B
P14 1
A
4.16
N
ESC: 1:75 O Projeto| 69 www.projetoAcg.com
alanaraujo@projetoacg.com
(83) 8862 5630 / 9908 7970 / 3244 5189
3%
3%
3%
3%
PLANTA HUMANIZADA COBERTURA
N
ESC: 1:75 www.projetoAcg.com
70 | GILMORE HOUSE
alanaraujo@projetoacg.com
(83) 8862 5630 / 9908 7970 / 3244 5189
O Projeto| 71
CO CORTE PERSPECTIVADO 1 SEM ESCALA 72 | GILMORE HOUSE
ORTES CORTE PERSPECTIVADO 2 SEM ESCALA O Projeto| 73
+6.29 (N.A.) SOLÁRIO
+4.76 (N.A.) PAVIMENTO 3
+3.23 (N.A.) PAVIMENTO 2
+1.70 (N.A.) PAVIMENTO 1
+0.17 (N.A.) TÉRREO ELEVADO
+0.00 (N.O.) NIVEL TERRENO
-1.36 (N.A.) PISO JARDIM
CORTE A - P13 - HUMANIZADO ESC: 1:75 74 | GILMORE HOUSE
+6.29 (N.A.) SOLÁRIO
+4.76 (N.A.) PAVIMENTO 3
+3.23 (N.A.) PAVIMENTO 2
+1.70 (N.A.) PAVIMENTO 1
+0.17 (N.A.) TÉRREO ELEVADO
+0.00 (N.O.) NIVEL TERRENO
-1.36 (N.A.) PISO JARDIM
CORTE B - P14 - HUMANIZADO ESC: 1:75 O Projeto| 75
+6.29 (N.A.) SOLÁRIO
+4.76 (N.A.) PAVIMENTO 3
+3.23 (N.A.) PAVIMENTO 2
+1.70 (N.A.) PAVIMENTO 1
+0.17 (N.A.) TÉRREO ELEVADO +0.00 (N.O.) NIVEL TERRENO
-1.36 (N.A.) PISO JARDIM
CORTE C - P15 - HUMANIZADO ESC: 1:75 76 | GILMORE HOUSE
+8.50 (N.O.) COROAMENTO
+6.29 (N.A.) SOLÁRIO
+4.76 (N.A.) PAVIMENTO 3
+3.23 (N.A.) PAVIMENTO 2
+1.70 (N.A.) PAVIMENTO 1
+0.17 (N.A.) TÉRREO ELEVADO
+0.00 (N.O.) NIVEL TERRENO
-1.36 (N.A.) PISO JARDIM
CORTE D - P16 - HUMANIZADO ESC: 1:75 O Projeto| 77
+6.29 (N.A.) SOLÁRIO
+4.76 (N.A.) PAVIMENTO 3
+3.23 (N.A.) PAVIMENTO 2
+1.70 (N.A.) PAVIMENTO 1
+0.17 (N.A.) TÉRREO ELEVADO
+0.00 (N.O.) NIVEL TERRENO
-1.36 (N.A.) PISO JARDIM
CORTE E - P17 - HUMANIZADO ESC: 1:75 78 | GILMORE HOUSE
+6.29 (N.A.) SOLÁRIO
+4.76 (N.A.) PAVIMENTO 3
+3.23 (N.A.) PAVIMENTO 2
+1.70 (N.A.) PAVIMENTO 1
+0.17 (N.A.) TÉRREO ELEVADO
+0.00 (N.O.) NIVEL TERRENO
-1.36 (N.A.) PISO JARDIM
CORTE F - P18 - HUMANIZADO ESC: 1:75 O Projeto| 79
FACHADAS
Perspectiva da Fachada Norte
80 | GILMORE HOUSE
O Projeto| 81
FACHADA SUL ESC: 1:75 82 | GILMORE HOUSE
FACHADA NORTE ESC: 1:75 O Projeto| 83
FACHADA LESTE ESC: 1:75 84 | GILMORE HOUSE
FACHADA OESTE ESC: 1:75 O Projeto| 85
Perspectiva do Foรงo de luz
86 | GILMORE HOUSE
PERSPECTIVAS O Projeto| 87
88 | GILMORE HOUSE
Perspectiva da Ante Sala
O Projeto| 89
Perspectiva da Biblioteca
90 | GILMORE HOUSE
O Projeto| 91
FACHADAS EXPLODIDAS SEM ESCALA 92 | GILMORE HOUSE
PERSPECTIVA DA ESTRUTURA SEM ESCALA O Projeto| 93
94 | GILMORE HOUSE
VISTAS
Perspectiva da Ante Sala
O Projeto| 95
VISTAS INTERNAS DA SALA E COZINHA ESC: 1:25 96 | GILMORE HOUSE
VISTAS INTERNAS DA SALA E COZINHA ESC: 1:25 O Projeto| 97
VISTAS INTERNAS DO QUARTO DA MÃE ESC: 1:25 98 | GILMORE HOUSE
VISTAS INTERNAS DO QUARTO DA MÃE ESC: 1:25 O Projeto| 99
VISTAS INTERNAS DO QUARTO DO FILHO ESC: 1:25 100 | GILMORE HOUSE
VISTAS INTERNAS DO QUARTO DO FILHO ESC: 1:25 O Projeto| 101
VISTAS INTERNAS DO BANHEIRO ESC: 1:25 102 | GILMORE HOUSE
VISTAS INTERNAS DO BANHEIRO ESC: 1:25 O Projeto| 103
104 | GILMORE HOUSE
VISTAS INTERNAS PAVIMENTO 2 ESC: 1:25 O Projeto| 105
VISTAS INTERNAS TÉRREO ELEVADO ESC: 1:25 106 | GILMORE HOUSE
O Projeto| 107
108 | GILMORE HOUSE
MAR CE NA RIA O Projeto| 109
BANCADA CONZINHA MAIOR ESC: 1:50
BANCADA DA COZINHA DO APTO ESC: 1:50
MESA DO ESCRITÓRIO ESC: 1:50 110 | GILMORE HOUSE
ARMÁRIO ALTO ESC: 1:50
BANCADA DO BANHEIRO ESC: 1:50
MESA DO QUARTO DA MÃE ESC: 1:50 O Projeto| 111
ARMÁRIO DA MÃE ESC: 1:50
MESA DO QUARTO DO FILHO ESC: 1:50
ARMÁRIO DO FILHO ESC: 1:50 112 | GILMORE HOUSE
No processo deste projeto, pude me deparar com complexidade de uma habitação coabitada. Ela pode ter inúmeras modalidades e possibilidades. O projeto alterou-se na medida em que visou pensar na metragem específica para cada moradora, estabelecendo áreas comuns confortáveis e atraentes para estabelecer possíveis interações. Na tentativa de entender as necessidades e diversidades das moradoras, realizei inúmeras modificações que se apresentam como soluções que interligam universos e demandas diferentes, fator de maior dificuldade na proposta. A residência apresentada é ainda uma arquitetura que deve respeitar a diversidade, pois coabitar vai além da simultaneidade de pessoas morando em um mesmo espaço, ela pode ser uma questão de balanceamento de interesses comuns, e ao mesmo tempo, uma possibilidade de estar aberto a um novo jeito de morar, de interagir entre pessoas e de lidar com a diversidade de moradores a tipologia.
A Gilmore House me expos a realidade de mães solos, parte fundamental nesta empreitada. De maneira especial, o convívio com a Profa. Dra Maribel Aliagas, mãe solo, me oportunizou a vivência de uma rotina em eterno malabarismo, que poderia ser suavizada em um espaço colaborativo de ajuda mútua, como por exemplo, suscita este projeto.
“Eu-Mulher Uma gota de leite me escorre entre os seios. Uma mancha de sangue me enfeita entre as pernas
A todas as mães solos que tiverem a oportunidade de participar desse projeto, eu agradeço pela inspiração e a oportunidade de olhar a fundo, ainda que limitado, a sua realidade. Deixo registrado o inspirador poema “ Eu-mulher” de Conceição Evaristo para nossa reflexão.
Meia palavra mordida
Nós-mulheres, somos “Moto-contínuos do mundo” de projetos, desejos e sonhos, e sendo ventre, nós-mulheres precisamos pensar em soluções práticas, seja na arquitetura, seja no dia-a-dia, para aliviar a realidade das mães solos, tão estigmatizadas em uma sociedade patriarcal. E ressalto: nós-mulheres “fêmea-matriz /força-motriz”, nós- mulheres- (futuras) mães!
inauguro a vida.
me foge da boca. Vagos desejos insinuam esperanças. Eu-mulher em rios vermelhos
Em baixa voz violento os tímpanos do mundo. Antevejo. Antecipo. Antes-vivo Antes - agora - o que há de vir. Eu fêmea-matriz.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Eu força-motriz. Eu-mulher abrigo da semente moto-contínuo do mundo.” (EVARISTO, 2017, p. 23) O Projeto| 113
114 | GILMORE HOUSE
28 de março de 2017). Fonte: Welcome to LT Castle West (tradução): http://lt-josai.com/%E3%82%B3%E3%83%B3%E3%82% BB%E3%83%97%E3%83%88-2/lt%E5%9F%8E%E8%A5%BF%E5%A4%96%E6%A7%8B%E5%9B%B3%E9%9D%A2%E3%81%A7%E3%81%99#main ABNT. (2014). Associação Brasileira de Normas Técnicas. Conheça a ABNT. Acesso em Novembro de 2016, disponível em http://www.abnt.org.br Beauvoir, S. d. (1980). O Segundo Sexo (2. A Experiência Vivida). Editora Nova Fronteira; 2nd edition (1980). Frearson, A. (15 de 06 de 2017). New York’s “micro-units” housing competition winners announced. Fonte: Dezeen: https://www.dezeen. com/2013/01/23/winners-announced-in-new-yorks-micro-units-housing-competition/ Gap House. (28 de março de 2017). Fonte: Archihood WxY: http://www.archihood.com/portfolio/gap-house/ Griffiths, A. (28 de março de 2017). Share House LT Josai by Naruse Inokuma Architects. Fonte: Dezeen: https://www.dezeen.com/2013/08/29/share-house-by-naruse-inokuma-architects/ Howarth, D. (29 de março de 2017). Miel Arquitectos and Studio P10 design Barcelona apartment for “shared micro living”. Fonte: Dezeen: https:// www.dezeen.com/2014/08/04/salva46-apartment-barcelona-shared-micro-living-miel-arquitectos-studio-p10/
BI BLIO GRA FIA
IBGE. (2014). Estatísticas de gênero : uma análise dos resultados do censo demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE.
Marçal, J. (5 de abril de 2015). Catequese do Papa Francisco sobre o papel das mães. Fonte: Canção Nova: http://noticias.cancaonova.com/especiais/ pontificado/francisco/catequese/catequese-do-papa-francisco-sobre-o-papel-das-maes-070115/ PISO SALVA46. (29 de março de 2017). Fonte: MIEL ARQUITECTOS: https://www.mielarquitectos.com/interior-projects/piso-salva46-2/ Riley, T. (2017). Living, Together: Architectural Cohabitation. Miami Rail, 8.
Veiga, E. (14 de 06 de 2017). Casa ‘compartilhada’ vira opção em SP. Fonte: Estadão: http://sao-paulo.estadao.com.br/blogs/edison-veiga/casa-compartilhada-vira-opcao-em-sp/ Zabalbeascoa, A. (2013). Tudo sobre a casa. São Paulo: Gustava Gili.
Disponível em: ‹https://dicionariodoaurelio.com/mae›. Acesso em: 13 Jun. 2017 Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=m%C3%A3e> Acesso em: 13 Jun. 2017 EVARISTO, Conceição. Poemas da recordação e outros movimentos. 3 ed. Rio de Janeiro: Malê, 2017
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ENTREVISTAS
Com quantos anos você teve seu filho?
Como você concilia casa e trabalho?
Tinha 28 anos
Essa rotina de conciliar casa com trabalho é realmente uma loucura, principalmente quando a criança fica a tarde sozinha como o meu, você tem que ficar policiando o tempo inteiro, tem que deixar comida pronta tem que fazer aquilo outro. Liga para ver se está em casa mesmo se ele não desapareceu, vê se o menino comeu. Então assim é bem louco. Eu trabalho meio período de 12 até as 19. No ano passado ele estava estudando de tarde e eu trabalhando de tarde então era bem mais tranquilo. Esse ano está mais complexo.
Nome: Regina Célia
O que seu filho gosta de fazer?
Idade: 41 anos
O Lucas ama jogar (vídeo games), e fazer muito barulho e tocar bateria é o que ele gosta muito.
Profissão: Secretária
Qual o seu hobby?
Filho: Lucas, 13 anos.
Eu estou buscando o que é que eu gosto, porque a gente como mão acaba se anulando por causa dos filhos e deixa de pensar na gente. Então eu to começando a ter uma rotina de vida agora, mas eu gosto de cinema, andar no parque, olhando a natureza vendo a criação do Senhor e eu acho que é isso.
As mães escolhidas para essas entrevistas são mulheres que demonstram força e independência como mãe e mulheres, as três são pessoas que eu conheço um pouco da realidade delas e foram minha inspiração para esse trabalho.
Quando foi que você se viu mãe solteira? Eu me vi mãe solteira sempre, a minha situação foi de um casamento mal resolvido, o pai do Lucas foi embora e eu me vi mãe solteira desde o parto, desde o nascimento dele. Qual foi a situação mais difícil sendo mãe solo? Foi logo quando o Lucas nasceu, por que criança não vem com manual, e era o meu primeiro filho. É o meu único filho. Foi bem complicado apesar deu morar com a minha mãe, ela ter coisas arraigadas de 1900 que ela quer colocar para mim agora, na geração de agora que não vai funcionar de jeito nenhum por que são épocas diferente. Foi bem complicado para mim no início, tive problema na amamentação, então assim eu acho que devia vir com um manualzinho, até você se adequar perceber como funciona, ter que fazer desse jeito foi mais complicado. Como é o seu dia a dia? Eu trabalho à tarde, o Lucas estuda de manhã, então durante o dia a gente não está junto, mas a noite a gente está em casa e a rotina é isso aí: chegar em casa vai fazer dever com o menino vai ver se o menino comeu se fez o que tinha que fazer. Nesse período agora ele está sozinho a tarde com a bia (cachorrinha deles)
ANEXOS
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A sua casa atende a sua realidade? O que falta? Minha casa é bem prática, mas hoje eu vejo que ela atende perto de como eu vim, nos degraus, hoje ela atende muito a nossa necessidade, claro que a gente quer sempre mais, eu quero uma casa hoje eu tô morando em um apartamento, eu queria morar numa casa com piscina, sauna, hidromassagem (risadas) mas atende sim. Você dividiria uma casa com outra mãe solteira? Eu já divido né? Moro com a minha mãe que é mãe solteira, e é muito complicado. São duas opiniões diferentes, são duas pessoas que pensam diferente, uma pessoa que quer o vaso de rosas aqui e a outra que não quer o vaso de rosas entendeu? São coisas pequenas que acabam criando muito atrito, mas é bem complicado. Se fosse uma pessoa de fora eu jamais dividiria, porque se já é complexo com um familiar imagine com alguém de fora onde são opiniões completamente divergentes mesmo.
Com quantos anos você teve seu filho?
Nome: Maria Cristina Idade: 48 anos Profissão: Professora de escola pública Filhos: Leticia, 20 anos, Natanael, 9 anos e Renato, 29 anos.
Eu tinha 28 anos
Olha assim eu não vejo dificuldade né, mas eu hoje, com a idade que eu tenho com os meus filhos criados, eu acho que mãe não podia trabalhar, eu queria ficar em casa cuidando dos meus filhos.
O que seus filhos gostam de fazer?
A sua casa atende a sua realidade? O que falta?
A Letícia, por hora ela estuda, na hora que ela chega ela se enfia no quarto e fica e vai fazer os trabalhos dela, o Natanael, cantar e representar, e Renato, tocar violão e cantar.
Olha, a minha casa atende a minha realidade, tanto que a minha casa ela é bem básica, assim não tem muita frescura, ela é uma casa prática. Falta muita coisa, como que falta (risadas) na minha casa, mas atende.
Qual o seu hobby?
Você dividiria uma casa com outra mãe solteira?
O meu hobby.... Eu gosto de ler, eu gosto de ficar quieta sem ver ninguém, ficar sem fazer nada. Me deixar lá no canto quieta. Amo caminhar, amo ver gente bonita na rua, coisas simples, mas eu gosto muito de ficar na minha cama lendo e assistir series criminas, investigações criminais, Amo!
Não, acho que duas mães na mesma casa, a bomba explode, não tem como, isso deve ser muito bonito em filme, na teoria, mas na prática eu acho que não funciona. E casa é casa, você tem seu estilo, as vezes você não quer lavar louça, eu não dividiria.
Quando foi que você se viu mãe solteira? Na verdade, foi opção minha, eu quis ter a Letícia, eu quis ficar grávida. Eu tive um referencial de família horrível e eu decidi que quando eu tivesse um trabalho e uma grana legal eu ia ter um filho. Qual foi a situação mais difícil sendo mãe solo? Foi mais difícil quando eu fui para igreja e que foi quando eu percebi que a minha ideia de ter filho só foi errada, que não existe mãe que serve de pai nem pai que serve de mãe. Que a criança precisa de pai e mãe. Então eu notei como minha atitude tinha sido ridícula. Ninguém falo para mim foi quando eu comecei a ver o conceito e a realidade que minha opinião mudou. Como é o seu dia a dia? É uma loucura (risadas). Eu levanto cedo e vou trabalhar, a Leticia vai pra UNB deixa o Natanael na escola, o Renato sai para trabalhar. Quando chego do trabalho não tem ninguém em casa, aí eu fico só, aí quando dá cinco e meia da tarde começa as ligações: mãe tem comida? Mãe fez o que? Aí eles chegam cada um vai fazer as suas coisas, aquele negócio de dever de casa, e é assim a rotina daqui de casa. Como você concilia casa e trabalho? Anexos| 117
Com quantos anos você teve seu filho? 36 anos O que seus filhos gostam de fazer? Pouca coisa. Ver vídeos no youtube, filmes e jogar videogame. Qual o seu hobby? Queria ter um...em vista, cozinhar para os amigos, tocar piano e pintar. Quando foi que você se viu mãe solteira? Quando ele tinha quatro anos Qual foi a situação mais difícil sendo mãe solo? Nome: Maribel Aliaga Idade: 48 Profissão: arquiteta/professora Filho: Mateus, 12 anos
São várias, a mais complexa é saber que você é simplesmente tudo na vida de alguém. Como é o seu dia a dia? Corrido. Acordo sempre cedo para levar ele na escola ou preparar o lanche. Trabalho de manhã, almoço na rua pois é mais prático e o Mateus almoça na escola. No começo da tarde é ficar aflita com a hora de buscar ele na escola. No fim da tarde botar as mensagens em dia, ler e escrever. Preparar lanche da noite (bem que poderia ser janta…) brigar com ele pois já estou cansada e ele ainda se faz de louco para dormir. Ou seja, uma rotina, para lá de rotineira. Quero mudar… Como você concilia casa e trabalho? Na casa faço o mínimo, deixando para a Rita a maior parte das tarefas. Mesmo assim, o leva e traz e as demandas de mãe me impossibilitam aproveitar a tarde. A sua casa atende a sua realidade? O que falta? Atende bem. Ando descobrindo o prazer dos espaços pequenos. Acho que móveis mais adequados aos espaços, não uma colagem de mudanças de casas grandes. Um suíte não iria mal, assim como uma varanda só para mim. Você dividiria uma casa com outra mãe solteira? Sim. Desde que minha independência fosse garantida.
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