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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE ARTES VISUAIS
ARQUITETURA E URBANISMO
PROJETO VII
PARTE 1 - REFERENCIAL TEÓRICO
GOIÂNIA , 2018
WEBSITE BIT.LY/COMEPOUFG
INSTAGRAM @COLETIVOMEIAPONTE
FACEBOOK COLETIVO MEIA PONTE
A cidade nasce da água. A história urbana pode ser traçada tendo como eixos as formas de apropriação das dinâmicas hídricas. A trajetória das relações entre cidades e corpos d’água reflete, assim, os ciclos históricos da relação entre homem e natureza. (MELLO, 2008)
RESUMO
O
Coletivo Meia-Ponte surge através de uma iniciativa dos professores e alunos da disciplina de Projeto 7, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Goiás. Busca discutir os problemas e articular soluções para o Rio Meia-Ponte, a fim de melhorar a relação da cidade com o rio e dessa forma preservá-lo. A partir das atividades desenvolvidas no primeiro semestre de 2018, foram elaborados três livretos, sendo o primeiro composto por discussões teóricas sobre o rio, o segundo abrange o levantamento elaborado no trecho do rio que cruza Goiânia, e o terceiro contendo projetos elaborados para diferentes locais dentro deste trecho.
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CONTEÚDO 11
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1. Rios Urbanos Um panorama geral sobre a relação da humanidade com os cursos d’água, e posteriormente dos aglomerados urbanos com os rios que os compõe.
2. O Rio Meia Ponte e sua inserção urbana A importância do Rio Meia-Ponte para a cidade de Goiânia, desde o seu surgimento, e sua relação com a metrópole em expansão.
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3. O Coletivo Meia Ponte A plataforma de estudos e projetos criada no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Goiás para discutir a relação da cidade com o rio, mostrando suas premissas, objetivos e metodologia.
4. Projetos Utópicos O exercício proposto em sala de aula para refletir sobre o Rio Meia Ponte.
5. Conclusão Conclusão dos estudos teóricos do Rio Meio Ponte.
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A cidade nasce da água. A história urbana pode ser traçada tendo como eixos as formas de apropriação das dinâmicas hídricas. A trajetória das relações entre cidades e corpos d’água reflete, assim, os ciclos históricos da relação entre homem e natureza. (MELLO, 2008)
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1. RIOS URBANOS
A história da civilização está diretamente ligada à água – rios, córregos, lagos e mares –, não só pela necessidade de seu consumo, mas por razões culturais, estéticas e comunicativas, sendo fundamental na criação das redes urbanas e da formação de identidade local. A relação do homem com os rios, do ambiente construído com o natural, segue um processo histórico complexo, ditado por essas necessidades e expectativas humanas variadas, sendo distintos as trajetórias da utilização de cada rio ao redor mundo. A grande questão é que em todos os casos, os cursos d’água se tornam o retrato dessas relações, muitas vezes materializando o contínuo descaso das cidades com seus recursos hídricos.
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A relação cidade rio No início do processo de sedentarização era essencial a presença de água potável em abundância no lugar escolhido, tanto para o uso pessoal como para a agricultura e pecuária que se iniciava. Com o tempo pequenos povoados cresceram em pequenas vilas que se transformaram gradualmente em cidades, aumentando o nível de complexidade nas relações entre as civilizações e os rios. Além da necessidade de água para o consumo e desenvolvimento agrícola, se tornou essencial a capacidade dos cursos hídricos para transporte e escoamento de mercadorias. Também desempenhavam forte papel no posicionamento estratégico das cidades, além de marcarem a paisagem e guiarem a conformação urbana.
Problemática Global No início dessas ocupações urbanas, na Idade Antiga e a Idade Média, os rios já recebiam grande quantidade de resíduos tanto das atividades comerciais como das águas residuais contaminadas do uso domiciliar. A densificação das ocupações marginais em áreas inundáveis, somado as repercussões da Revolução Industrial no século XVIII, impactaram na condição de salubridade dos rios urbanos.
A combinação desses fatores presentes no processo de urbanização, como o consumo descontrolado de água potável, o despejo de resíduos e contaminantes, a ocupação das margens e a impermeabilização e canalização dos rios, impactou diretamente no meio natural, notando-se uma perda progressiva das potencialidades da água, tanto para consumo como elemento de passagem e paisagem. Este prejuízo ambiental e os danos socioeconômicos severos colocam em questão a integração sustentável entre homem e natureza, cidade e rio.
No cenário atual brasileiro, a vazão dos cursos hídricos é diretamente afetada pelo processo de expansão urbana e predomínio da lógica automotiva, com a contínua impermeabilização do solo, canalização dos rios e uso das marginais como vias expressas. Dessa forma o crescimento e modernização das cidades reduziram o contato direto entre homem e a natureza. Os rios urbanos passaram a ser tratados como esgoto a céu aberto, minimizando o seu papel estético e visibilidade, tanto no aspecto geográfico como social.
Macedo (2012) afirma que eles são excluídos do cotidiano urbano, servindo para prática de despejo de dejetos domésticos e industriais, tendo como resultado a poluição da rede hídrica urbana, fato que ainda ocorre no início do século XXI. Macedo (2012) ainda afirma que esse fato “deve-se a ausência crônica de políticas públicas e investimentos públicos na constituição de redes de coleta e tratamento de esgotos ”.
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Restauração e conciliação A tomada de consciência da necessidade de uma restauração fluvial, impulsiona uma nova fase do relacionamento das cidades e seus rios, passando a integrar essa questão nas pautas políticas, ambientais, sociais, científicas e urbanísticas. De acordo com o Centro Ibérico de restauração fluvial, restaurar é restabelecer e recuperar um sistema natural a partir da eliminação dos impactos que o degradam, em um processo a longo prazo, que busca alcançar um funcionamento natural e autossustentável (CENTRO IBÉRICO DE RESTAURAÇÃO FLUVIAL, 2018, online). Juntamente com o processo de recuperação física e ecológica é necessário uma reconfiguração e integração das margens a lógica metropolitana, na busca de conciliar o meio urbano ao fluvial, tornando o contato e articulação entre essas duas escalas uma situação corriqueira, fácil e cotidiana, por meio de objetivos e pontos de vista de uso diversos. No cenário atual, diversas são as iniciativas concretas e tentativas válidas de resgate e compatibilização. Muitas experiências já são observadas, cada uma em diferentes estágios de consolidação e com diversas abrangências de uso e desdobramentos. Porém essa não é a realidade de muitos cursos hídricos, que não estão integrados nas pautas políticas e ainda não passaram pelo processo de renovação e integração ao tecido urbano, sendo essa a situação do Rio Meia Ponte em Goiânia, Goiás. 13
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2. O RIO MEIA PONTE E SUA INSERÇÃO NO MEIO URBANO
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O Rio Meia Ponte foi um elemento decisivo para a implantação da nova capital goiana, contudo, hoje se encontra em total esquecimento e negação. Ele foi vítima das consequências do crescimento desordenado da cidade, das más escolhas da gestão pública e falta de conscientização e educação ambiental que isolaram e negaram sua existência, desarticulando-o da estrutura e cotidiano da cidade. O Rio Meia Ponte nasce em Itauçu (GO) e deságua no rio Paranaíba no município de Cachoeira Dourada, também no estado de Goiás. Em seu percurso atravessa 37 cidades goianas, entre elas Goiânia, que pode ser vista como o ponto mais conflituoso de sua trajetória. É nela que o rio se torna “urbano”, poluído, e um problema ambiental. O rio limpo e fonte de água potável se transforma em um grande ponto de despejo de resíduos industriais e residenciais não tratados. Este rio abastece 58% da cidade, e os outros 42% utilizam as águas do ribeirão João Leite. Tal dado confirma por si só a importância deste corpo hídrico na escala local. Porém, em pontos abaixo do de captação o rio recebe parte de nosso esgoto: a Estação de Tratamento de Esgoto de Goiânia (ETE Dr. Hélio Seixo de Brito) recebe 89% de todo os resíduos contaminantes produzidos na cidade, mas consegue tratar efetivamente pouco mais da metade. O restante é lançado no Meia Ponte. Por esses motivos sua aparência é barrenta o ano inteiro, durante ou fora da época de chuvas, e seu odor desagradável é constante nas suas proximidades, e piorado durante o período da seca. Entre os outros problemas enfrentados pelo Meia Ponte é a retirada de água para irrigação de lavouras, a poluição por agrotóxicos, resíduos industriais e domésticos e o desmatamento e ocupação indevida de suas margens. O resultado disso é agravamento das condições biológicas, o que propicia mau-cheiro e apresenta riscos para a saúde da população. Além disso, esses fatores contribuem para erosões e assoreamento no leito do rio, comprometendo a vazão e e causando preocupação constante quanto ao fornecimento de água para a cidade. A crise hídrica no país o tornou um rio ainda menos caudaloso, de nível baixo, e seu curso possui aproximadamente 20 metros de largura em grande parte de seu comprimento. Este curso d’água é visto mais como um esgoto a céu aberto do que de um rio pleno e integrador da paisagem e infraestrutura urbana. Não existe aproveitamento dele para atividades de lazer e nem como instrumento de mobilidade urbana na cidade, por exemplo. A sua inserção no meio urbano se dá unicamente como um elemento da geografia da cidade, mesmo diante de seu potencial como elemento do imaginário urbano da população, da infraestrutura de transporte, lazer e conexão.
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3. O COLETIVO MEIA PONTE
A partir dessas questões discutidas globalmente e a inquietação com a situação dos cursos hídricos de Goiânia, professores e estudantes da faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Goiás tomaram a iniciativa em 2018 para a formação de um grupo que busque o estudo, reflexão, divulgação, conscientização e proposição de soluções para o estado degradante das águas urbanas goianas. Batizado de Coletivo Meia Ponte, o grupo se propõe uma plataforma de estudo com a contribuição inicial dos estudantes, sendo aberto à contribuição da comunidade, se transformando posteriormente em um projeto de extensão. Baseado no colaboracionismo ativista, o Coletivo busca ressaltar em seu trabalho a natureza social e política além de aspectos teóricos e científicos.
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CAMILO AMARAL coordenador
PABLO PAULSE coordenador
ANNA LAURA PRADO
CAROLINA JULIANO
EDUARDO DRÁVIO
GABRIEL GUIMARÃES
LAURA CARVALHO
LORENA PASSOS
MARIANA MARTINS
SARAH DOMINGOS
BEATRIZ COLLIER
JÉSSICA PINHEIRO
MARINEIDE OLIVEIRA
PEDRO AUGUSTO
SARAH VENCIO
TALITA VIANNA
WASHINGTON AIRES
ISANONE FILHO
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3.1. PARTICIPANTES
CAMILA LOUREDO
FELIPE VELOSO
HARIEL REVIGNET
JÉSSICA PENIDO
PEDRO PRAXEDES
RAFA LUSTOSA
RODRIGO VIEIRA
SELMA MAGALHÃES
BIA SABOIÁ
HIDEO WATANABE
JOSEMAR CORREIA
LAÍS OLIVEIRA
LORENA DE PAULA
LUCAS CINTRA
MARIA GABRIELLA ST.
MURILO SOUZA
PEDRO FELIPE DE OL.
ROBERTO COCIELLO
VINÍCIUS MOURA
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3.2. MISSÃO, VALORES E OBJETIVOS
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Coletivo Meia Ponte se propõe a estudar a relação da cidade de Goiânia com o Rio Meia Ponte no presente momento, as questões pertinentes a um rio urbano, suas conexões e desconexões, conflitos e possíveis soluções. Acredita-se que através da produção destes estudos, da identificação de pontos críticos e reflexão acerca das potencialidades existentes pode-se melhorar a interação da cidade com o rio e, principalmente, das pessoas com o Rio Meia Ponte. Além disso, podese pensar em formas de atuação efetivas que tenham impacto positivo nas pessoas que convivem com o rio, e por final, na sociedade.
A partir disso, nossa ação se baseia na proposição de ações e na criação de projetos que permitam uma maior integração da sociedade à natureza, buscando melhorar as condições socioambientais do Rio Meia Ponte e de sua rede de afluentes que se inserem no espaço urbano. A elaboração, e por conseguinte, o desenvolvimento contínuo destas ações e projetos, tem como foco principal a conservação do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida da população. Isso permitiria valorizar as mais diversas formas de atuação, seja por meio do ato de projetar em si, ou por meio de ações educativas, ou até mesmo da produção artística. A relação subjetiva da população com o rio também seria valorizada.
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MISSÃO DISCUTIR, ESCUTAR REFLETIR E CONCIENTIZAR PLATAFORMA PARA CRIAR PRODUTOS QUE INTEGRAM A SOCIEDADE À NATUREZA
VALORES
Nossos valores são fundamentados na coletividade, na intenção de agregar pessoas e criar redes de pensamento e trabalho, que fortaleçam as relações comunitárias, dando mais possibilidades a estes coletivos. Busca-se a sustentabilidade, pretendendo alinhar o desenvolvimento social à conservação do meio ambiente, e a educação, buscando informar e conscientizar, fazendo com que a população repense as suas interações com os rios urbanos, e busque formas de melhorá-la.
VISÃO
COLETIVIDADE, SUSTENTABILI- REFERÊNCIA DE INICIATIVAS E SOLUÇÕES À FAVOR DA DADE, REFLEXÃO, CONCIENTIZAÇÃO E RECUPEIDENTIDADE LOCAL, RAÇÃO DE RECURSOS HIDRICOMPROMETIMENTO COS INOVAÇÃO
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3.3. OBJETIVOS •
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Estudar e levantar o trecho urbano do Rio Meia Ponte, bem como a relação com sua Bacia Hidrográfi- • ca, entendendo-o por meio de suas características naturais, geográficas, espaciais, sociais, econômicas, políticas, e as diversas formas de atuação no território e seus componentes. • Obter dados quantitativos e informativos relativos às características acima citadas, para complementar estudos e apoiar futuras intervenções. •
incentivando um trabalho interdisciplinar. Possuir determinado banco de dados que contribua para estudos e pesquisas futuros, sejam eles de quais queres cunhos. Criar e incentivar atividades extensivas na universidade que promovam os ideais do Coletivo, como atuante não só no meio acadêmico, como também na cidade e comunidade.
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Estudar os aspectos históricos e culturais, bem como a construção de um imaginário coletivo e a criação de memórias afetivas, da sociedade goiana e de seu ambiente, seja ele urbano ou não, e sua conexão com o Rio.
Incentivar o relacionamento entre a academia, instituições e órgãos de capacidade técnica e científica relevantes, e a sociedade como um todo, considerando a participação conjunta de seus componentes como fundamentais para agregar valor às questões ecológicas, sociais, políticas, econômicas, entre outras.
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Envolver a comunidade acadêmica em prol da proteção e recuperação • de um bem natural comum e vital, entendendo como necessária e importante a contribuição de todas as áreas do conhecimento, e, portanto,
Promover o pensamento crítico e reflexivo a respeito da condição, do uso e da preservação do Rio Meia Ponte e sua bacia hidrográfica.
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Conscientizar e educar os leitores, • espectadores, participantes e envolvidos, no que se diz respeito à preservação e uso da água e do rio, como recursos naturais finitos e essenciais para geração atual e para as que estão por vir. • Contribuir na disseminação de ideais sustentáveis e criar um sentimento de identificação entre o rio e mais recursos naturais e a população que • deles dependem. Levar a comunidade e gestores a se preocuparem, refletir e discutir sobre a promoção de um ambiente urbano • salubre, em harmonia com o ambiente natural, sendo este preservado e protegido de acordo com a legislação e normas vigentes.
Promover um guia de atuação no estudo, recuperação, preservação e intervenção no que diz respeito a rios urbanos e suas contribuições na vida de determinada comunidade. Oferecer alternativas de pensamentos e modos de atuação, que sejam mais didáticos, mais próximos da comunidade e mais acessíveis. Ser um tipo de base teórica para a elaboração de projetos de intervenção urbanos e arquitetônicos, mas também sociais e políticos. Apoiar e guiar os projetos de intervenção propostos pelo Coletivo, bem como a atuação deste enquanto instrumento de valor para a recuperação e preservação do Rio Meia Ponte.
Atuar como coletivo, cujo principal objetivo é a preservação e salvação do Rio Meia Ponte em Goiânia, seguindo sua missão, se baseando em seus valores e focando em sua visão e objetivos.
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3.5. METODOLOGIA
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omo metodologia para o desenvolvimento do projeto, a sala adotou a técnica Live Project (Projeto Vivo/Ao Vivo, em tradução livre do inglês) como instrumento de atuação. A abordagem consiste em trabalhar
com limitadores reais - tais como orçamento, demanda e tempo - em direta relação com as necessidades da comunidade afetada, e questões técnicas de execução. A ferramenta é definida pela organização Live Projects Network como:
“Um projeto ao vivo compreende a negociação de um programa de necessidades, escala temporal, orçamento e produto entre uma organização educacional e um colaborador externo para benefício mútuo. O projeto deve ser estruturado para garantir que os alunos obtenham aprendizado que seja relevante para o seu desenvolvimento educacional.” (About. Liveprojectsnetwork.org, 2017. Disponível em: <https://liveprojectsnetwork.org/ about/>. Acesso em: maio 2018.)
E
sse sistema permite que sejam exploradas questões mais próximas da realidade da cidade e de seus habitantes, e também a colaboração direta de agentes externos através de ferramentas interativas como as plataformas digitais (blogs, sites, mídias, redes sociais, etc).
Nesse contexto, essa ferramenta está frequentemente ligada à formação participativa, colaborativa, interdisciplinar, profissional e educação em construção/tecnologia, servindo também como um meio pedagógico para ampliar os limites institucionais do ateliê de projeto.
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Estudo Metodológico: Jardim Baobá
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m exemplo de live project é o Jardim do Baobá dentro do Parque Caparibe em Recife, Pernambuco. O espaço teve como desenvolvedor o grupo de pesquisa INCITI da Universidade Federal de Pernambuco, em acordo com a Prefeitura de Recife. Contou com mais de cinquenta alunos colaboradores de diversos cursos da universidade, e dez professores tutores, todos buscando solucionar as seguintes perguntas: Como
engajar a população em um projeto urbano? Como construir uma visão compartilhada da cidade, com o intuito de criar um plano para uma cidade sustentável e inclusiva para os anos futuros? Como engajar os grupos multidisciplinares da universidade com o governo e a comunidade locais em práticas participativas para se alcançar hábitos sustentáveis? Como incitar um novo urbanismo colaborativo?
Fonte: Website Parque Capibaribe Acessado em: 15/04/2018 Link: http://parquecapibaribe.org/premissas/
Iniciado em 2016 e finalizado em 2017, o projeto faz parte de uma proposta em escala urbana de revitalização do parque, cuja premissa é a integração de diferentes contextos urbanos com as margens do rio Caparibe. A reabilitação tem como base cinco diretrizes para a coerência na atuação na área, sendo elas: percorrer, atravessar, chegar, abraçar e ativar.
Sendo um espaço de convivência, lazer e contemplação, o Jardim do Baobá se enquadra no contexto da diretriz sobre abraçar. A intervenção surge da necessidade em integrar o Baobá centenário e patrimônio da cidade de Recife à própria cidade, uma vez que se encontrava marginalizado por um muro de estacionamento.
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4. PROJETOS UTÓPICOS
A origem grega da palavra utopia é uma aglutinação entre o prefixo de negação “ou”, e lugar “topos”. Um “não-lugar” pode significar algo intangível no presente, porém possível no futuro. Constantemente usado para designar modelos econômicos, esse termo no meio arquitetônico/urbanístico pode adquirir um sentido mais amplo, concatenando diversos fatores históricos, socioeconômicos, técnicos, científicos e informacionais, à suas projeções espaciais. Portanto, o exercício de concepção utópica pode evidenciar os contextos do lugar, caricaturizando sua complexidade, para que se faça possível a especulação de ações críticas que - além de imaginar um cenário ideal para questões atuais – clarifiquem o conflito de interesses presente naquela situação específica. Essa atividade pode ser dada por meio de uma abstração que leve
à uma resolução harmônica ou desarmônica, como é o caso da distopia. A contrapartida antagônica do ideal é o caótico, onde o embate não é resolvido mas sim exacerbado a níveis que impossibilitem qualquer visão favorável à conjectura proposta. Nesse contexto, foram elaborados sete cenários fantasiosos cujo tema central é a relação cidade-natureza, evidenciando o embate entre a sociedade e o corpo d’água que a faz margem. Têm como paisagem em questão o rio Meia-Ponte no trecho urbano da cidade de Goiânia, e foi explorada através de cinco pontos de vista utópicos, e dois distópicos. Partem do ponto da presente negligência e descaso, explorando possíveis cenários resultantes de ações que alterariam ou perpetuariam essa relação com o Meia-Ponte, e o desenrolar dessas atuações.
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1/2 + 1/2 URBE A EQUIDADE ENTRE HOMEM E AMBIENTE
Desde o início da vida em sociedade o homem vem utilizando a natureza como fonte inesgotável de recursos para o seu desenvolvimento. As cidades consomem seus rios, destroem suas matas e sugam toda e qualquer forma do meio ambiente que possa lhe servir. A natureza é considerada apenas o meio para se alcançar o progresso. Contudo, esta postura perante o ambiente se tornou insustentável. Desastres, mortes, mudanças climáticas começaram a ocorrer tornando evidente que o que era considerado apenas o meio traria o fim ao homem.
homem (1/2) e o meio ambiente (1/2) é o propósito dessa nova estrutura urbana. Apoiada no conceito de “unidades funcionais diversas e dispersas” desenvolvida por Frank Loyd Wright na Broadacre city (1934) juntamente com a necessidade de se pensar “cenários urbanos alterativos, que elevem sobre a face do formalismo” idealizado pelo grupo Archigram para a Plug-IN City em 1964, a 1/2 + 1/2 URBE busca repensar a estrutura formal da cidade e modo com essa interage com o meio ambiente a sua volta. Idealizada a partir de módulos funcionais que quando unidos formam toda a infraestrutura urbana necessária, essa nova cidade, se eleva do solo buscando tocar ao mínimo o meio ambiente, desejando que esse reestabeleça.
1/2 + 1/2 URBE é uma proposta de nova organização urbana que critica a forma atual de ocupação, uso e expansão das cidades e dos recursos naturais. Esta sociedade almeja se reconciliar e reconectar com a natureza. Gerar o equilíbrio entre 31
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Diante do amplo desenvolvimento tecnológico do homem e da necessidade mudança de postura desse para com o meio a sua volta, a URBE foi idealizada formalmente como uma cidade suspensa feita de contêineres de armazenamento.
recuperar toda a superfície terrestre que pelo homem foi devastada. Os contêineres são unidades funcionais autônomas. Cada cor possui uso ou função e quando unidos formam uma cidade completa. Residências, transporte, escola, comercio e outros serviços se unem e transitam por toPerante a devastação que o homem das a superfície terrestre através de provocou quando vivia ao lado da guinchos, dirigíveis e flutuantes. natureza, viu-se necessário que essa nova organização urbana ocorra Como as sociedades passadas que afastada do meio ambiente. Com tiveram seus primeiros assentamenmedo da falta de água, da extinção tos baseados nos rios, a 1/2 +1/2 URBE das florestas a sociedade se tornou retoma seu vínculo com estes. Elobcecada pela preservação dos re- evada do solo urbano, essa apenas cursos naturais e por isso optou retorna a superfície terrestre através por se desenvolver tocando mini- do rio. Antes invisível para a sociemamente o solo terrestre. A cidade dade, agora os rios são a ponte entre agora ocorre elevada, toda a in- homem e ambiente. É através dele fraestrutura urbana está em módu- que a sociedade busca se reconectar los (contêineres) que se acoplam e com a natureza. Torna-se o centro movem conforme a necessidade. A agregador das unidades funcionais cidade não é fixa ela se move pelo e uma forma de locomoção dos habglobo, para aos poucos conseguir itantes e dos contêineres. 32
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REAGROBITAR
AUTOSSUFICIÊNCIA E ECOLOGIA UNIDAS EM FORMA DE VIVER
floresta é um sistema em equilíbrio que promove o seu próprio sustento e cria bases para seu desenvolvimento e recuperação do solo e áreas degradas. Combinando o plantio de árvores nativas do Cerrado e produção de alimentos, o sistema combate a lógica da monocultura, coexistindo roça e floresta, e promove a riqueza do solo e produção sustentável, criando uma cadeia econômica que beneficia economicamente diversos trabalhadores diretos e indiretos. A cidade se tornou referência em sistemas agroflorestais, mas não apenas pela seu êxito na implantação, mas também por ter aliado de forma criativa produção rural em núcleo urbano consolidado com economia e identidade. Foram formadas cooperativas para a comercialização dos produtos gerados pelas agroflorestas, em principal, nas feiras permantentes, projetadas para receber a demanda de alimentos da população, suprida pelas agroflorestas, gerando renda e promovendo a cultura das feiras.
A proposta de utopia se dá num futuro onde o governo e a população de Goiânia decidem mudar a relação da cidade com o rios urbanos. Diversas ações são tomadas para conscientizar a população da importância dos corpos hídricos para a cidade, fortalecendo assim os laços das pessoas com os rios, desecadeando um movimento para a recuperação do rios, em especial, o Rio Meia Ponte. Como medida mais expressiva para a despoluição dos rios, foi adotado o conceito de eclusas filtrantes, sistema ambicioso, que desvia porção do curso da água para realização de filtragem e despoluição química. O sistema de eclusas em conjunto com as medidas educativas e demais sistemas de despoluição garantiu a revitalização dos corpos hídricos da cidade de Goiânia. A cidade também adotou o conceito de Agroflorestas, mais conhecido como SAF’s (Sistemas Agroflorestais), para realizar a manutenção do rio e renaturalizar suas margens e áreas de proteção. A Agro33
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ECLUSA água RESERVATÓRIO SÉPTICO água material decantado FILTRO MISTO arroz brita terra água plantas aquáticas água brita
RESERVATÓRIO ANAERÓBICO
FILTRO MISTO plantas aquáticas pedriscos brita
Para implantação das SAF’s foi necessário decretar o fim da expansão urbana do munícipio e a remoção da população das áreas de proteção. Dessa forma, foi planejado habitações coletivas para recondução dos moradores das áreas, liberando área verde e adensando pontos próximos ao sistema de eclusas filtrantes. A proposta de habitação próxima as eclusas cria um ritmo e estabelece uma paisagem distinta para o curso do rio.
turas criadas foram implantados sistemas de ciclovias, transporte público e parque lineares (ao longo dos rios e em principal em seus pontos de contato com a malha urbana reprojetada) .
Com o esgotamento do sentido das eclusas, foram propostos diversos usos para as estruturas ociosas, como piscina natural para práticas esportivas, psicultura, produção de arroz, estimulando o contato da população com o rio e ampliando a Para viablizar a conexão das estru- variedade de produção da cidade. 34
terra areia água
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SOBRE - VIVER UMA NOVA FORMA DE VIVER O RIO
SOBRE VIVER, é um novo jeito de vivenciar o Rio. Com a proposta de três novos olhares sobre a cidade que circunda o Rio, a ideia é a de vivenciar em todas as esferas de sentidos o que o Meia Ponte tem a proporcionar. Através de estratégias arquitetônicas e urbanísticas, tentamos voltar os olhos da população para as qualidades do Rio Meia Ponte, de modo a criar seu marco visual e de memória no imaginário de Goiânia.
portes públicos de modo a facilitar o acesso ao Rio. A partir das interferências propostas, espera-se que a população tenha maior relação afetiva com o Rio, para que assim, possa ter incentivos suficientes para que sua requalificação continue e a ideia de preservação para novas gerações se amplie. As escalas de intervenção são do Rio, do entorno e da cidade, cada uma com estratégias de visualização e alcance dos objetivos do projeto.
Com um olhar voltado para a esfera urbana, o transporte intermodal visa maior dinâmica no sistema de trans35
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RIO Para a escala do rio, o objetivo é fazêlo ser percebido, vivido e sentido. Para ser percebido, há a criação de passarelas elevadas, para pedestres sobre o rio, com transporte através de elevadores, e com plataformas de observação, focando em pontos de enfoque da cidade e do ambiente ao entorno do rio.
ENTORNO As passarelas criadas sobre o rio, visam sua maior visibilidade e de seu entorno, valorizando assim as áreas conservadas, para maior preservação do recurso hídrico.
E para ser sentido, a proposta de decks ao decorrer do leito, para embarque e desembarque de pessoas,do transporte através de canoas, e espaço para banhistas como forma de lazer
Tais propostas, tem como objetivo de impactos a limpeza do rio, a partir da valorização de sua importância, e a marca na memória da cidade, fazendo com que a população tenha mais interesse em cuidar do bem hídrico que tem, trazendo para ele os olhos do rio.
CIDADE Para relação e ligação do rio com a cidade, houve a proposta de percursos realizados através de dirigíveis, Para ser vivido, sugere-se a insta- que ligariam pontos de interesse lação de um túnel subaquático, para turístico, cultural e social, próximos ser percorrido por baixo do rio, para aos terminais,com o rio, para que que sua vida seja vivenciada de per- possa haver relação entre diferentes to. meios de transporte.
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AQUÁRIO (U/DIS) TOPIA DE GOIÂNIA
No passado, numa cidade já ‘’afogada em seu próprio mar de féu’’, cujos recursos naturais encontravam-se abatidos pelos anos de exploração e negligência, houve a necessidade de criar novas condições que dariam sentido ao sentimento de pertencimento, entre sociedade e espaço habitado.
em seu percurso, uma grande estrutura cilíndrica, com a mais renomada tecnologia de ponta, que permite o acesso saudável ao rio. O seu sistema de manutenção do ciclo da água garante que o rio superior esteja sempre limpo, livre de impurezas e pronto para o uso da população. O rio superior, devidamente isolado e protegido, recebe os dejetos e O Aquário é um modelo de apro- resíduos do esgoto urbano para dar priação do rio que o coloca no cen- início ao adequado tratamento santro da vida de organização urbana. itário da cidade e também garantir A cidade agora é moldada pelos o funcionamento do ciclo da água benefícios de se viver às margens do induzido. Meia Ponte revitalizado. Foi instalado 37
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Esse novo estilo de vida tem seu sucesso expresso as atividades diárias do goianienses e na qualidade de vida por eles adquirida. A natureza faz parte da cidade e envolve seus moradores, pois a criação de parques lineares em inúmeros trechos do rio garante a manutenção e preservação do ambiente natural e sua relação com o rio e com a cidade.
de atividade, o qual possui ligação com as TCTs (Turbinas Centrífugas de Tratamento). As TCT’s são grandes centrífugas, que funcionam com energia solar ou hidráulica, cuja tecnologia de ponta avançada capta os resíduos e os degeneram a nível molecular, para que uma reciclagem e reaproveitamento completos da matéria possam ser realizados. Cada TCT possui em suas turbinas vias de escape para proteção contra um possível desequilíbrio no controle desses dejetos. Essas vias de escape são chamadas de PADs (Portal de Acesso entre Dimensões), que permitem o descarte de dejetos fora do padrão de reaproveitamento, para outras dimensões seguras.
A mobilidade urbana se dá de uma maneira mais fluída e lúdica, as pessoas podem usufruir de tobogans rápidos e seguros para alcançarem seus destinos diários, desafogando assim o transito intenso de demais veículos na cidade. Os dejetos produzidos são descartados no rio interno, pronto para receber este tipo 38
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ARCHIMIND HISTÓRIA EM QUADRINHOS
Com a recuperação da nascente e a despoluição do primeiro trecho do Rio Meia Ponte em Goiânia, ainda em 2021 foram leiloados para a iniciativa privada todos os lotes e reservas ambientais da porção purificada. Tendo em vista o crescimento da metrópole e a especulação imobiliária, na região surge uma série de condomínios de alto padrão, onde se vendem lotes e construções dentro do afluente.
avanços recentes e ao Archimind, o governo concluiu a recuperação da nossa sociedade, tanto no aspecto físico quanto social.
Os montes de lixo e outdoors que estavam espalhados pela cidade e principalmente ao longo do curso d’água, hoje deram lugar ao que o rio é em sua forma mais real e natural, assim como as praças e jardins públicos. - Pelo menos assim seria, se o meu implante não tivesse sido Como esperado, essa ocupação danificado por uma corrente elétrica trouxe como resultado danos irre- enquanto dava manutenção no chuversíveis para o restante do rio e, de veiro. certa forma, a cidade. Graças aos 39
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coisas ao nosso redor e tudo acaba parecendo normal. Nunca entendi muito bem como edifícios tão reduzidos eram capazes de abrigar 50 andares e tantas pessoas depois que o Archimind surgiu - da mesma forma que talvez as pessoas da Era do Smartphone talvez não compreendiam como apesar de cada vez mais próximos de todo mundo nas redes sociais, na realidade eles estavam cada vez mais distantes das pessoas ao seu redor. São pequenas coisas, pequenos trechos de sanidade que nos foram tomados aos poucos todos os dias e por um bom tempo, até acharmos que tudo vai bem, que é tudo normal. A epopeia do Jardins Meia Ponte é pra mim a parte mais engraçada de toda a farsa. Como chegamos ao ponto de imaginar que um condomínio dentro do rio A verdade é que com o tempo par- era “ok”? amos de nos questionar sobre as Nas primeiras semanas confesso que enfrentei uma profunda crise ao ver que tudo era manipulado pela realidade aumentada do tão aclamado Archimind. O receio de ser flagrado fora do sistema e sofrer sanções médicas me mantiveram firme em minha jornada diária de trabalho, embora fosse difícil lidar com o mundo em seu estado real verdadeiro. Não há mais céu azul em Goiânia, não é possível sentir outro aroma que não seja o de enxofre. Há lixo acumulado por toda parte. Outdoors antigos e abandonados marcam presença em todos os lugares, assim como as fachadas e sinalizações antigas, que antecedem o Archmind. É insano ver como fomos guiados à um mundo perfeito e completamente impossível através de toda essa tecnologia.
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ARUANDA O NOVO MUNDO
apenas com mutirões de limpeza e nem com um ideal de “volta ao passado” capaz de reverter processos de poluição e densidade urbana.
Durante o levantamento do Rio Meia Ponte a percepção principal foi a vulnerabilidade da população de baixa-renda, muita poluição ambiental e descaso do poder público são consequências diretas de um sistema de estado capitalista, que valoriza o capital em detrimento da vida das pessoas e do meio-ambiente.
A utopia foi pensar que a partir da revolta contra a hierarquia urbana, a conscientização da população geraria uma mudança revolucionária de sistema. Onde seria possível justiça social, com reapropriação da terra, com usos que uniriam agrofloresta com tecnologias sustentáveis. Haveria uma cisão entre os tecnopatas e os naturalistas, que para a conservação da vida percebem que os naturalistas deviam ficar com o solo, e os tecnopatas deveriam criar cidades suspensas para não interferirem na recuperação dos ecossistemas.
As consequências disso na cidade é uma hierarquização da cidadania, onde os que possuem dinheiro vivem nos centros e têm acesso à saneamento, educação, saúde, mobilidade urbana e cultura. O resto é marginalizado, principalmente os que moram às margens de um rio poluído. Nossa proposta utópica foi pensar que os problemas não se resolveriam 41
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A população que vivia nas bordas do Rio Meia Ponte não aguentava mais poluição, perdas, doenças e mortes causadas pelas enchentes. Eles se uniram e causaram uma revolta, mobilizando vários grupos de revolta popular contra o descaso do governo com a população das margens. Com o tempo, a revolta se espalhou e se consolidou fazendo pressão política suficiente para destruir o Estado e propor uma nova ordem ecológica.
As pessoas abandonaram o sistema capitalista e a poluição, com o ideal de terem uma vida simples voltada à natureza e a vida em comunidade, mantendo as tecnologias que os ajudariam nesse processo. Com o tempo, a nova ordem se mostrou benéfica, onde criaram cidades suspensas para aqueles que queriam viver com as tecnologias avançadas e corporativas, e a terra foi devolvida aos nativos e para as comunidades que queriam viver de forma holística. 42
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IGOR - 13 HISTÓRIA EM QUADRINHOS
Em um futuro distante, em uma cidade que não se chama mais Goiânia e sim GYN-153, o Rio Meia Ponte torna-se tóxico, graças aos mals cuidados da população goiana que começou nos tempos de hoje. O Rio torna-se motivo para uma luta entre dois lados: uma sociedade super avançada tecnologicamente, que coloca em primeiro plano seu desenvolvimento em detrimento do Rio, e outra, com intuito de restaurar a natureza e as águas. Com isso, um muro é criado, instaurando uma divisão física e imponente entre as duas diferenças culturais. A Saneago tornou-se uma usina nuclear
com o passar dos anos, pregando a despoluição do Rio. Contudo, não era bem isso. Um funcionário descobre que na verdade a Usina usa a poluição do Meia Ponte como fonte energética. Essa descoberta causa uma revolta interna. A presidência da Usina Saneago persegue o funcionário que foge por medo com sua família. Na perseguição, sua esposa policial é morta a tiros. Enquanto ele segue seu caminho na tentativa de salvar seu filho. Em uma cena trágica, o pai morre deixando Higor-13 sozinho no Rio, que viverá uma aventura trágica de descoberta.
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6. CONCLUSÃO
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O Rio Meia-Ponte apresenta um papel vital para a região goiana que abrange a sua bacia, e principalmente para a capital, Goiânia. Estudá-lo é, sobretudo, buscar evidenciar essa importância e fomentar cada vez mais discussões e debates sobre as questões que afetam o rio, a cidade e a população. Fazer com que esse curso d’água seja visto, e principalmente respeitado é algo imprescindível para que haja a preservação desse recurso natural, e também para que a cidade tenha uma conexão direta e positiva com o rio. O Coletivo surge como uma plataforma onde se busca gerar articulações para que este debate sobre o rio aconteça de fato, o desenvolvimento de ações de conscientização ambiental e a criação de projetos que salientem a relação rio/cidade.
Através da adoção de métodos de trabalho colaborativo, esta plataforma se baseia nos princípios de coletividade, sustentabilidade, cooperatividade e na educação, a fim de agregar pessoas, criar conexões e mobilizações, que tenham um impacto social. Com a transformação do Coletivo em um projeto de extensão da Universidade Federal de Goiás, este projeto continuará atuando, no campo social, teórico e educacional, procurando criar parcerias e novos projetos. Evidenciando cada vez mais a enorme importância do Rio Meia-Ponte, e criando estratégias para que ele seja preservado e respeitado. A preservação deste rio é essencial para o futuro da cidade de Goiânia e pode ser realizada com a colaboração de todos.
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PARTE 02
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE ARTES VISUAIS
ARQUITETURA E URBANISMO
PROJETO VII
PARTE 2 - LEVANTAMENTOS
GOIÂNIA , 2018
WEBSITE BIT.LY/COMEPOUFG
INSTAGRAM @COLETIVOMEIAPONTE
FACEBOOK COLETIVO MEIA PONTE
A cidade nasce da água. A história urbana pode ser traçada tendo como eixos as formas de apropriação das dinâmicas hídricas. A trajetória das relações entre cidades e corpos d’água reflete, assim, os ciclos históricos da relação entre homem e natureza. (MELLO, 2008)
RESUMO
O
Coletivo Meia-Ponte surge através de uma iniciativa dos professores e alunos da disciplina de Projeto 7, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Goiás. Busca discutir os problemas e articular soluções para o Rio Meia-Ponte, a fim de melhorar a relação da cidade com o rio e dessa forma preserválo. A partir das atividades desenvolvidas no primeiro semestre de 2018, foram elaborados três livretos, sendo o primeiro composto por discussões teóricas sobre o rio, o segundo abrange o levantamento elaborado no trecho do rio que cruza Goiânia, e o terceiro contendo projetos elaborados para diferentes locais dentro deste trecho.
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CONTEÚDO 10
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1. Metodologia de Levantamento Neste capítulo será exposto a metodologia de levantamento do Rio Meia Ponte no meio urbano. O porquê das áreas escolhidas e a proposta dos mapas temáticos de cada região.
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A terceira e maior região determinada pelo coletivo foi em parceiria com os moradores, pois situa-se em um local que posteriormente previa-se um parque no qual engloba os setores: Jaó, Negrão de Lima, Parque industrial de Goiânia e o Bairro Feliz.
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2. Região 1: Parceria com a UFG A primeira região denominada “parceria com a UFG” localizase no Bairro Chácaras Califórnia. Devido sua proximidade com a instituição e o potencial do local foi selecionada para possível intervenção agregando o viés acadêmico para o programa local.
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4. Região 3: Parceria com os Moradores
5. Região 4: Parceria com AMMA A quarta região localiza-se no Jardim Dom Fernando. Sabendo da existência de um projeto já visionado pela Agência Municipal do Meio Ambiente - AMMA, o Coletivo Meia Ponte pôs-se a disposição de realizar um projeto conjunto no local.
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3. Região 2: Parceria com os Bombeiros A segunda região selecionada, localiza-se no Setor Goiânia 2. Foi entitulada a parceria com os bombeiros devido a proximidade do Comando da Academia e Ensino Bombeiro Militar - CAEBM e a possível troca de experiências com o Rio e uma instituição pública.
6. Conclusão
Conclusão mento do
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do levantaRio Meia Ponte.
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1. METODOLOGIA DE LEVANTAMENTO
Inicialmente o trabalho tinha como objetivo reconhecer o Rio Meia Ponte dentro do perímetro urbano da cidade de Goiânia. Tendo em vista o objetivo a turma foi separada em três grandes grupos, os quais iriam se subdividir para assim percorrer o rio e analisar os pontos os quais foram notados como potenciais. Após a divisão em grupos com aproximadamente 15 pessoas em cada, os produtos e relatos ao longo do rio foram singulares. A situação ao qual o rio se encontrava, e a relação que a população de cada região estabelecia com o mesmo pode gerar o mapa geral colaborativo em sala. O mapa geral com a leitura de toda a equipe nos permitiu entender a complexidade do trabalho e os desafios a serem enfrentados.
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Devido as diferenças das regiões percorridas precisamos estabelecer um princípio básico para aprofundarmos os estudos dos locais. Tendo em vista que não havia um programa pré estabelecido para o projeto, entendemos o nosso foco inicial seria localizar as áreas públicas ao longo do rio.
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Após a análise das áreas pertinentes para o desenvolvimento do trabalho foram determinadas 4 regiões e suas parcerias. As parcerias foram determinadas pela proximidade e pelo carácter da região. Determinadas as regiões estabelecemos estudos básicos de análises por mapas, sendo: mapa básico, cheios e vazios, acessos e trânsito, área verde e conflitos – urbano e área verde, mapa de equipamentos urbanos – polos geradores de viagem, mapa psicogeográficos – sensações, subjetivo, areas potenciais – pontuando diferentes tipos de potenciais, mapa de usos, mapa de apropriações – apropriações irregulares e APP’s.
A necessidade de serem áreas públicas, se decorreu pois grande parte das áreas margeadas pelo Meia Ponte eram privadas, o que dificultaria o desenvolvimento do trabalho, pois o mesmo tem como viés principal o reconhecimento da importância do rio para a população goiana. Sendo assim, uma área pública faria maior sentido para o Coletivo Meia Ponte.
PARCERIA - UFG
PARCERIA - BOMBEIROS
Esse tipo de divisão teve em mente alguns dos princípios da metodologia live project , como a executabilidade, e a coparticipação com a comunidade. Em um futuro projeto de extensão, intervenções reais serão possíveis de serem realizadas nesses locais cujo potencial é explorado nos capítulos posteriores deste trabalho. Para tanto, foi necessário fazer uma investigação acerca das características citadas acima, não só sendo analisadas individualmente, mas em conjunto. O resultado dessas interpolações é o cenário real da cidade, e como ela se dá na escala das dinâmicas do cotidiano.
PARCERIA - MORADORES
Cenário esse que não se encontra atualmente em um quadro positivo. O rio é marginalizado e invisibilizado pela maior parte da população, que não estabelece contato significativo com o rio, o que é dado por impasses físicos de acessibilidade e salubridade. Pensamos que atuar em diferentes escalas possa potencializar a criação de diferentes usos para diferentes áreas, e dinamizar o rio como um protagonista da cidade.
PARCERIA - AMMA
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2. REGIÃO 1: PARECERIA COM A UFG
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MAPA BÁSICO
MAPA DE CHEIOS E VAZIOS
A primeira região denominada “parceria com a UFG” localiza-se no Bairro Chácaras Califórnia. Devido sua proximidade com a instituição de ensino Universidade Federal de Goiás e o potencial do local, foi selecionada para possível intervenção agregando o viés acadêmico para o programa do local.
em áreas públicas, próximo ás indústrias e ao corpo de bombeiros, que preserva a região de encontro entre os rios Meia Ponte e João Leite.
Essa região do Rio Meia Ponte é marcada por indústrias e pela Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). O contato da população com o rio passa a ser maior inclusive pela densidade que aumenta com a aproximação da região central.
Esta região da cidade por onde passa o rio Meia Ponte, possui áreas muito adensadas, em contraste com áreas de várzea. É importante ressalvar que ao norte do rio (à direita do rio no mapa acima) são rarefeitas as construções e nas áreas de proteção ambiental. Sendo um possível foco de projeto e intervenção social. Ao Sul o adensamento é mais forte e com isso há uma maior impermeabilidade do solo.
As áreas verdes vão ficando mais escassas e esparsas. Existe preservação perto do rio 20
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N COMÉRCIO/ SERVIÇOS
INSTITUCIONAL
OCUPAÇÕES IRREGULARES EM APP’S E ÁREAS DE VÁRZEA
RESIDENCIAL
INDÚSTRIAS
TRÍADE DE MAIOR IMPACTO AO RIO MEIA PONTE
MAPA DE USOS
MAPA DE APROPRIAÇÕES URBANAS
Área predominante residencial com pequenos polos comerciais a níveis de bairro e com destaque para a presença de grandes indústrias como Unilever e Hypermarcas.
Com base no índice do Estado Trófico (IET), que avalia a qualidade da água, esta região possui a vida aquática seriamente comprometida. Isso se dá, principalmente por ações diretas e indiretas das indústrias próximas, e da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) – que traz grande carga de esgoto ao rio. Outro forte equipamento presente na área é o Passeio das Águas Shopping, que, além de ter devastado uma APP que margeia o córrego Caveirinha – afluente do rio Meia Ponte – impulsiona o efeito da especulação imobiliária. Isto tem provocado um crescimento descontrolado da malha urbana, ocupando cada vez mais áreas de várzea e matas ciliares. 22
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AV. PERIMETRAL NORTE
MAPA DE POLOS GERADORES DE VIAGEM UNILEVER
ATACADÃO
PASSEIO DAS ÁGUAS SHOPPING
ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA
CEMITÉRIO PARQUE
AV. GOIÁS
AV. EURICO VIANA
MAPA DE ACESSOS E TRÂNSITO Situado na região do Passeio das Águas, esse ponto fica no cruzamento da Avenida Goiás e Avenida Perimetral Norte, um grande ponto nodal da região norte de Goiânia, sendo um ponto gerador e distribuidor de fluxo, tendo um eixo norte-sul e outro leste-oeste, se ligando a diversas áreas de Goiânia, como Setor Central, Campinas, região do Campus Samambaia e a região do entorno do Aeroporto.
PONTO DE ÔNIBUS
de ônibus. No entanto é preciso atentar-se ao fato de que a Avenida Perimetral Norte faz quebra no fluxo de pedestres, já que é uma via de fluxo intenso. O acesso de pedestre deveria ser muito bem trabalhado para que a área tenha seu potencial explorado ao máximo.
Esses três eixos indicados na imagem são abastecidos com linhas de ônibus que ligam a essas regiões já citadas, que por sua vez fazem ligação com outras regiões indiretamente, tornando esse ponto de acesso relativamente fácil, tanto de carro quanto 24
ÁREA POTENCIAL
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ODOR FORTE, AFLUENTE MUITO POLUÍDO, ANIMAIS.
SENSAÇÃO DESAGRADÁVEL INFRAESTRUTURA E POLUIÇÃO
SONORIDADE: TRANQUILO
TEMPERATURA AGRADÁVEL, BRISA, SOMBRA
LUMINOSIDADE NORMAL
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3. REGIÃO 2: PARECERIA COM OS BOMBEIROS
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MAPA BÁSICO
MAPA DE CHEIOS E VAZIOS
A segunda região selecionada, localiza-se no Setor Goiânia 2. Foi entitulada a parceria com os bombeiros devido a proximidade do Comando da Academia e Ensino Bombeiro Militar - CAEBM e a possível troca de experiências com o Rio e uma instituição pública.
Esta região do mapa é caracterizada por um adensamento contínuo e uniforme em todos os lados do rio. Com uma rarefeita mata ciliar protegida, as construções invadiram grande parte das áreas de proteção ambiental. Na porção mais ao norte do mapa, percebemos uma área de várzea, que pode ser estudada e rebatida em um projeto.
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COMÉRCIO/ SERVIÇOS
INSTITUCIONAL
OCUPAÇÕES IRREGULARES EM APP’S E ÁREAS DE VÁRZEA
RESIDENCIAL
INDÚSTRIAS
REGIÃO COM POTENCIALIDADES NEGLIGENCIADAS
MAPA DE USOS
MAPA DE APROPRIAÇÕES URBANAS cional onde se localizam instituições variadas como: CRER, ASSESGO, SEFAZ, CONAB, o clube SESI Ferreira Pachecho, Hospital Santa Genoveva, IFG, corpo de Bombeiros e outros.
Uma vasta área ocupada majoritariamente por áreas residenciais com destaque para pontos específicos de grande atividade comercial e para a presença de muitas instituições. Abrange um dos pontos de maior atividade comercial de Goiânia, que é a região da Praça do Trabalhador onde se concentra o comércio da rua 44, da Feira da Estação, a feira Hippie e a Rodoviária. Na proximidade também se destaca o comércio das avenidas Independência, e Avenida Goiás. Já nas áreas mais distantes, o comércio se restringe a pontos centrais dos bairros.
Região com forte influência de construtoras, com grandes edificações em APP’s e áreas de várzea, intensificando o crescimento dos setores Goiânia 2 e Negrão de Lima. Apresenta também extensas regiões com inúmeras potencialidades de relações harmoniosas com o rio, porém negligenciadas pelas ocupações irregulares.
Destaca-se a formação de um eixo institu34
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EIXO CAMPUS - CENTRO
CORPO DE BOMBEIR
AV. GOIÁS
ÁREA POTENCIAL PONTO DE ÔNIBUS
MAPA DE POLOS GERADORES DE VIAGEM
MAPA DE ACESSOS E TRÂNSITO O Corpo de Bombeiros está na Avenida Pedro Paulo de Souza, no setor Goiânia 2. Nessa avenida passam os ônibus que fazem a ligação entre o Campus Samambaia e o Setor Central.
CORPO DE BOMBEIROS HOSPITAL SANTA GENOVEVA CENTRO CULTURAL SESI
Essa área tem acesso limitado por esse eixo, tanto para carros quanto para ônibus. O acesso pela parte inferior é feito por ruas problemáticas, já que o bairro tem ruas estreitas caso haja a necessidade de aumento de fluxo de veículo nas mesmas.
CEMITÉRIO PARQUE SHOPPING ARAGUAIA ASSESGO SECRETARIA DA FAZENDA
Já na parte superior do trajeto, acima do Corpo de Bombeiros o trânsito é mais controlado, as ruas são mais largas e tem pouca ocupação residencial até o momento.
ESTAÇÃO GOIÂNIA PARQUE MUTIRAMA
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ODOR FORTE, RIO MUITO POLUÍDO.
SENSAÇÃO ABANDONO INSEGURANÇA EM CRUZAR A PONTECOMO PEDESTRE
SONORIDADE: INQUIETA
TEMPERATURA MORMAÇO, (ASFALTO E SEM PLANÍCIE SEM CORRENTE DE VENTO)
LUMINOSIDADE NORMAL
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4. REGIÃO 3: PARECERIA COM OS MORADORES
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MAPA BÁSICO
MAPA DE CHEIOS E VAZIOS
A região da represa do Setor Jaó já foi um parque, hoje é parcialmente invadida e não possui equipamentos urbanos suficiente para ser devidamente apropriada. Porém, a região possui uma quantidade significativa de áreas verdes, inclusive outros parques menores dentro do setor Jaó.
Esta região é bastante adensada tanto nas porções norte quanto sul. Entretanto, existe uma extensa área de preservação não ocupada. Ainda que hajam pontos onde a ocupação (seja industrial, comercial ou habitacional) invada esse espaço e se aproxime exageradamente do rio. A parte nordeste do mapa já configura um quadro de áreas urbanas mais rarefeitas, especialmente ao norte do rio.
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COMÉRCIO/ SERVIÇOS
INSTITUCIONAL
OCUPAÇÕES IRREGULARES EM APP’S E ÁREAS DE VÁRZEA
RESIDENCIAL
INDÚSTRIAS
EXPANSÃO DO SETOR NEGRÃO DE LIMA
MAPA DE USOS
MAPA DE APROPRIAÇÕES URBANAS
Trecho predominantemente residencial. Há uma maior aproximação entre moradia e rio, o que possibilita uma relação diferente de uso. Além disso, a presença dos clubes Jaó e AABB atua como atrativo para as proximidades do rio.
Proximidade de residência do setor Jaó com o rio Meia-Ponte, com o grande potencial de intervenções visando a preservação dos extensos parques. Porém, ainda sim, notam-se muitas ocupações irregulares.
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Outra influência é o setor Negrão de Lima, um bairro recente. Contudo, sua rápida expansão é preocupante, uma vez que é notória a grande massa de edifícios em altura que surgem cada vez mais próximos ao rio. E, mais uma vez, também percebemos a presença de uma concentração de indústrias, propositalmente locadas, exigindonos uma atenção especial.
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BR - 153
CLUBE JAÓ
AV. GOIÁS
AV. PROF. VENERANDO DE FREITAS BORGES
MAPA DE POLOS GERADORES DE VIAGEM
PONTO DE ÔNIBUS
MAPA DE ACESSOS E TRÂNSITO Nessa área em potencial, o acesso é mais limitado pelo interior do setor Jaó. São duas linhas de ônibus que ligam essa área ao centro de Goiânia, sem integração por terminal. Contudo, há um segundo ponto com potencial para acesso, através da BR153, pela Vila Moraes. O acesso nesse ponto é mais fácil para carros, e também há uma linha de ônibus ligada ao terminal da Bíblia.
CAIS VILA NOVA
CLUBE JAÓ
IEG
ITAMBÉ
À esquerda, pelo eixo Centro/Campinas que vai até o setor Santa Genoveva, existem mais possibilidades de ônibus, porém afastado da potencial área de intervenção. Entretanto, o acesso de carro se dá por vias largas em ambos os acessos.
AEROPORTO
TCE
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ODOR FORTE,
ODOR NEUTRO,
RIO MUITO POLUÍDO.
RIO MUITO POLUÍDO. SENSAÇÃO
SENSAÇÃO SEGURANÇA
RUIM DEVIDO A
BASTANTE MOVIMENTO
IRREGULARIZAÇÃO SONORIDADE:
SONORIDADE:
TRANQUILA
ENSURDESCEDOR TEMPERATURA GRADÁVEL,
TEMPERATURA QUENTE,
BRISA FRESCA
LUMINOSIDADE BOA
N
LUMINOSIDADE BOA
N
ODOR FORTE,
ODOR FORTE,
RIO MUITO POLUÍDO.
RIO MUITO POLUÍDO.
SENSAÇÃO BOA SENSAÇÃO RUIM
SOSSEGO, PORÉM
POR SENTIR INTRUSO
ABANDONO
SONORIDADE:
SONORIDADE:
SONS AGRADÁVEIS
SONS AGRADÁVEIS
TEMPERATURA GRADÁVEL,
TEMPERATURA
BRISA FRESCA
GRADÁVEL, BRISA FRESCA LUMINOSIDADE BOA
LUMINOSIDADE BOA
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MAPAS PSICOGEOGRÁFICOS
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5. REGIÃO 4: PARECERIA COM A AMMA
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MAPA BÁSICO
MAPA DE CHEIOS E VAZIOS
A quarta região localiza-se no Jardim Dom Fernando. Sabendo da existência de um projeto já visionado pela Agência Municipal do Meio Ambiente - AMMA, o Coletivo Meia Ponte pôs-se a disposição de realizar um projeto conjunto no local.
A história da civilização está diretamente ligada à água – rios, córregos, lagos e mares –, não só pela necessidade de seu consumo, mas por razões culturais, estéticas e comunicativas, sendo fundamental na criação das redes urbanas e da formação de identidade local.
tínuo descaso das cidades com seus recursos hídricos. A história da civilização está diretamente ligada à água – rios, córregos, lagos e mares –, não só pela necessidade de seu consumo, mas por razões culturais, estéticas e comunicativas, sendo fundamental na criação das redes urbanas e da formação de identidade local.
A relação do homem com os rios, do ambiente construído com o natural, segue um processo histórico complexo, ditado por essas necessidades e expectativas humanas variadas, sendo distintos as trajetórias da utilização de cada rio ao redor mundo. A grande questão é que em todos os casos, os cursos d’água se tornam o retrato dessas relações, muitas vezes materializando o con56
A grande questão é que em todos os casos, os cursos d’água se tornam o retrato dessas relações, muitas vezes materializando o contínuo descaso das cidades com seus recursos hídricos.
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N COMÉRCIO/ SERVIÇOS
INSTITUCIONAL
RESIDENCIAL
INDÚSTRIAS
OCUPAÇÕES IRREGULARES EM APP’S E ÁREAS DE VÁRZEA
MAPA DE USOS
MAPA DE APROPRIAÇÕES URBANAS
Este trecho se destaca pela presença bastante expressiva de indústrias, principalmente ligadas à construção civil, transporte, e logística. Essas empresas ocupam grandes áreas próximas ao rio, com construções de baixos percentuais de área permeável. Nas proximidades dessas indústrias há uma concentração mais expressiva de comércio , enquanto as outras áreas são predominantemente residenciais.
Neste trecho destaca-se uma vasta área verde. Apesar das ocupações residenciais apresentarem um cenário diferente das demais áreas, é expressiva a presença de indústrias próximas ao rio Meia-Ponte.
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COMEPO A área possui grande potencialidade pois encontra-se próximo a uma nascente (de um dos afluentes do Rio Meia Ponte), que por muitos anos vem sendo degradada devido o negligenciamento do espaço. Contudo, sabendo que localiza-se em um bairro predominantemente residencial, há a possibilidade de despertar o sentimento de pertence caso o urbanismo próximo ao rio corrobore para que isso aconteça. O local denominado como “buracão” se tornou o principal enfoque do coletivo durante os meses de maio e junho de 2018. Tendo em vista uma proposta inicial da AMMA, para a preservação e melhoria do espaço urbano do setor.
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ANÁLISE SÍNTESES
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6. CONCLUSÃO
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O presente livreto foi a segunda parte de três publicações feitas pelo Coletivo MeiaPonte, criado pela 6a turma de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Goiás, na disciplina de Projeto 7. Neste fascículo foram abordados os mapas criados para o levantamento que delimitam a área em estudo, servindo como base para diagnóstico, e, por conseguinte, para as propostas. Mostra-se a extensão do rio Meia-Ponte em seu trecho urbano, dando ênfase às quatro fragmentações imaginadas como zonas de possíveis intervenções. O coletivo teve como metodologia análises ambientais, de usos, ocupação, e mapeamentos subjetivos, como sensoriais e psicogeográficos. Ainda que todas as áreas estudadas possuam forte potencial para intervenções urbanas, o presente coletivo avaliou que duas áreas nas quais a probabilidade de uma parceria seria mais concreta, e portanto, mais exequível. Foram elas as áreas 1 e 4, escolhidas respectivamente dadas as colaborações coletivo-UFG e coletivo-AMMA.
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ÁREA 1 MAPA SÍNTESE
ÁREA 4 MAPA SÍNTESE
Na área mais a norte destaca-se uma área potencial que abrange diferentes, com um grande adensamento de moradias. Contudo, há um grande contraste entre áreas de várzea e de ocupação. Há uma distância entre o fluxo de pessoas e o rio, onde cruzam-se em poucos pontos, mais predominantemente a sul. Embora haja loteamento a norte previsto pela prefeitura, se aproximando no limiar do recuo estabelecido pela APP. A região possui eixos arteriais de circulação, o que permite um fluxo fácil entre a área e outras partes mais afastadas da cidade, ressaltando o potencial de atração da região. Fatores positivos como a temperatura agradável e boa luminosidade podem favorecer a criação de vínculo com o local, além das demais facilidades já citadas.
Já na área 4, mais a sul, a relação industrial entre o rio e a cidade é expressiva, fator que impossibilita a fruição do rio, e impacta diretamente em sua salubridade. Em contrapartida, a região pede por uma preservação delicada, uma vez que encontra-se perto a uma nascente de um dos afluentes do rio Meia-Ponte. Ponto esse, por sua vez, que há anos vem sofrendo os efeitos da negligência do espaço, do esquecimento por parte da população, resultando em um quadro de degradação. No entanto, este panorama é possível de ser alterado. Por se tratar de uma localidade predominantemente residencial, com diversas vias expressas para conexão, há chances de se desenvolver um vínculo afetivo com o rio, uma vez que o mesmo torne-se salubre e acessível.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE ARTES VISUAIS
ARQUITETURA E URBANISMO
PROJETO VII
PARTE 3 - EXERCÍCIO PROJETUAL
GOIÂNIA , 2018
WEBSITE BIT.LY/COMEPOUFG
INSTAGRAM @COLETIVOMEIAPONTE
FACEBOOK COLETIVO MEIA PONTE
A cidade nasce da água. A história urbana pode ser traçada tendo como eixos as formas de apropriação das dinâmicas hídricas. A trajetória das relações entre cidades e corpos d’água reflete, assim, os ciclos históricos da relação entre homem e natureza. (MELLO, 2008)
RESUMO
O
Coletivo Meia-Ponte surge através de uma iniciativa dos professores e alunos da disciplina de Projeto 7, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Goiás. Busca discutir os problemas e articular soluções para o Rio Meia-Ponte, a fim de melhorar a relação da cidade com o rio e dessa forma preservá-lo. A partir das atividades desenvolvidas no primeiro semestre de 2018, foram elaborados três livretos, sendo o primeiro composto por discussões teóricas sobre o rio, o segundo abrange o levantamento elaborado no trecho do rio que cruza Goiânia, e o terceiro contendo projetos elaborados para diferentes locais dentro deste trecho.
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1. Oficinas Atividades desenvolvidas pelo Coletivo Meia Ponte.
2. Diretrizes Urbanas As diretrizes urbanas que o Coletivo Meia Ponte definiu para a recuperação do rio.
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3. Exercício Projetual Exercício desenvolvido em sala, com o objetivo de projetar nas áreas diagnosticadas no levantamento.
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1. OFICINAS
AÇÕES AMBIENTAIS E SUBJETIVAS
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APRESENTAÇÃO NA AMMA PALESTRA
PALESTRA COM LORENA CAIXETA
INTERVENÇÃO RIO MEIA PONTE
EXPOSIÇÃO NA FAV
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ATIVIDADE NO JOÃO BRAZ
A
s oficinas foram realizadas com o intuito de gerar comunicação, e expor os dados do levantamento sobre o Rio Meia Ponte com a população, comunidade acadêmica e especialistas da área de meio ambiente. O objetivo era trazer um intercâmbio e interdisciplinaridade capaz de gerar mais visibilidade e reconhecimento sobre a importância que o rio tem para a cidade. As oficinas se dividiram em dois eixos: população geral e núcleo acadêmico.
Aconteceram duas oficinas junto à especialistas na área de Meio Ambiente, a primeira aconteceu na Semana de Meio Ambiente organizado pela faculdade de Engenharia Ambiental, onde integrantes do projeto apresentaram a proposta do Coletivo e os dados coletados no levantamento. A segunda oficina foi realizada também como seminário expositivo dos dados e ações realizadas pelo Coletivo Meia Ponte para os funcionários da AMMA que estão ligados com o projeto de revitalização do rio meia ponte, A primeira atividade foi realizada organizado pela arquiteta Lorena na escola municipal João Braz, que Caixeta. fica na Vila Jardim São Judas Tadeu. Voltada para as crianças do ensino As oficinas voltadas para a população fundamental, a proposta educativa geral se configuraram como as que foi construída para trazer consciência buscam chamar a atenção para sobre o rio meia ponte e também O Rio Meia ponte de forma lúdica gerar nas crianças o interesse de e artística. Então a proposta de pensar nas possibilidades de uso do intervenção surge com a perspectiva mesmo. de gerar estranhamento estético que chame atenção para a situação O trabalho feito com a comunidade do rio atualmente. Foi-se concebido acadêmica aconteceu na Faculdade o tecido de 12 m para trazer uma de Artes Visuais, onde a arquiteta evocação da percepção visual e Lorena Caixeta, que trabalha na sensorial, a partir dos sons, do AMMA (Agência Municipal de Meio contato com o rio. Esta intervenção Ambiente), apresentou para a turma aconteceu nas dependências do de arquitetura e urbanismo o projeto campus Samambaia da UFG. A partir de revitalização de algumas áreas do dessa intervenção foi gerado um rio meia ponte, que está aguardando vídeo-performance que foi exposto aprovação/ investimento pela na FAV prefeitura.
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2. DIRETRIZES URBANAS RECUPERAÇÃO DO RIO MEIA PONTE
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partir de pontos que estabelecem e tentam dirigir a cidade de uma forma mais justa e sustentável, que é o Plano Diretor do Município de Goiânia que tem como objetivo sustentar nos princípios da igualdade, oportunidade, transformação e qualidade, objetivando ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade, garantindo o bem-estar de sua população, a requalificação, a proteção e a manutenção do território do Município em sua totalidade e uma cidade mais justa e sustentável. E a Agenda 21 que propõe o planejamento e a
implementação de políticas para o desenvolvimento sustentável por meio da mobilização de cidadãos e cidadãs na formulação dessas políticas, a proposta é criar diretrizes pautadas nessas duas propostas para visando a qualidade do Rio Meia Ponte, seus afluentes e sociedade goiana como um todo. Portanto, visamos o tripé da sustentabilidade ambiental, econômica e social, responsabilizando os devidos órgãos na implementação deste processo que deve envolver toda a sociedade. Deste modo, foram criados 10 pontos para guiar o desenvolvimento urbano e a preservação ambiental ao longo do Rio Meia-Ponte, os quais são:
Combate à geração de vazios ur- VI. Criação de parques lineares nas banos e a retenção especulativa de áreas de preservação, providos de área urbana ciclovias e calçadões.
I.
Grandes empreendimentos ur- VII. Áreas de preservação maiores banos devem realizar estudos de im- ou menores de acordo com a necespacto urbano e oferecer contrapar- sidade. Ex. áreas de várzea, onde potidas direcionadas à preservação do dem ocorrer alagamentos. rio. VIII. Realocação dos moradores de III. Incentivos para que os mora- áreas de risco para mais seguras, dores e proprietários fiscalizem e porém próximas, em habitações suspreservem áreas verdes e nascentes. pensas sobre pilotis para preservar a permeabilidade do solo. IV. Legislação mais efetiva, idealizada e implementada em conjun- IX. Maior adensamento nas áreas to com a população na realização e próximas aos eixos de transporte comanutenção dos parques e equipa- letivo mentos. X. Estímulo à utilização de transV. Fomento à agroecologia e ao porte público e meios alternativos agroturismo não motorizados. Ex. bicicletas
II.
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Residências suspensas
Hortas
Calçadão Área de Preservação
Rio Meia Ponte
Áreas de adensamento
Calçadão
Hortas
Área de Preservação
Rio Meia Ponte
Via de Transporte Público
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3. EXERCÍCIO PROJETUAL
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PREMISSAS DE PROJETO
E
ntendendo a complexidade do assunto e a necessidade de sistematizar o trabalho pela quantidade de pessoas envolvidas foi estipulado inicialmente cinco premissas para o projeto, que permitiu a organização dos Grupos de Trabalho além de orientar as pesquisas e fundamentos teóricos, sendo elas:
•
pela divulgação do Coletivo e seus valores, principalmente por meio das mídias sociais. Um segundo grupo se responsabilizou pelo contato mais direto e pessoal com a população, promovendo oficinas, exposições e performances no espaço público. A etapa de levantamento da área e desenvolvimento de propostas de projetos de intervenção foi direcionado por um terceiro grupo. O Coletivo Meia Ponte como uma quarto Grupo de Trabalho organizou Plataforma com diversos meios e condensou toda a informação desenvolvida, elaborando um Livro de ação; como um dos produtos finais, se Complexidade e abrangência: a tornando meio de divulgação e base bacia como modo de intervenção de estudo para futuras pesquisas macro, para intervir no pontual. acerca do tema. Infraestrutura verde;
•
Invisibilidade do Rio Meia Ponte;
•
Definição de 4 áreas possíveis de intervenção.
•
•
Almejando a integração social e cooperação entre instituto de educação público e comunidade local o Coletivo Meia Ponte se organizou como uma Plataforma, com diversas meios de ação, que colaboram para uma melhor comunicação entre as partes envolvidas. Um grupo de trabalho se tornou responsável
Por meio do entendimento da lógica do funcionamento dos cursos hídricos é evidenciado a necessidade de se considerar uma intervenção e restauração que, de alguma forma, atinja toda a Bacia, uma vez que os problemas de assoreamento, poluição, desmatamento da mata ciliar e ocupações irregulares são recorrentes ao decorrer de todos os afluentes, e são responsáveis por uma cadeia de problemas interrelacionados entre si.
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É de grande importância a premissa de que o funcionamento do “todo” influencia no funcionamento das “partes”, e também o contrário. Sendo assim, uma visão multidisciplinar, abrangente e complexa, para se intervir no rioé essencial para que se possa também solucionar os problemas de macro escala, que se referem a bacia e sua relação com a região e características próprias. Falando em nível de projeto, estas questões se tornam a principal ponte, meio de conexão, entre a essência do Coletivo e a prática propriamente dita de suas propostas.
venção (infraestrutura verde) quando se compreende o problema de invisibilidade do rio, e as consequências negativas desta condição, não só do Meia Ponte, mas também do meio natural como um todo. É devido a falta de contato com os recursos naturais que se perde a noção de preservação e importância, a ser aplicada a eles, e consequentemente provoca-se o aumento do descaso. Ter como objetivo a busca pela aplicação de um projeto que considere as conexões complexas entre os agentes envolvidos, e que ligado a isto, problemas relacionados a escala macro também poderão ser tratados, implica na necessidade de reforçar essas mesmas conexões. Ter como guia a importância da visibilidade do rio, principalmente no meio urbano, pode ser considerado o inicio para alcançar tal objetivo.
Quando se fala de intervir e concretizar em projeto as ações e princípios visados pelo Coletivo, pensa-se na alternativa de uma infraestrutura verde, que reflete muito bem toda a complexidade da relações entre os agentes envolvidos, tanto nos meios naturais quanto nos urbanos, assim como suas vivências particulares e coletivas. Dá-se assim o caráter de unicidade e organicidade tanto objetivamente, que se refere ao modo de intervenção, quanto subjetivamente, que se refere à visão de mundo, à maneira de enxergar o rio e seu meio de participação/influência.
A definição de mais de uma área de projeto dá um caráter dinâmico e complexo para a proposta de intervenção, e provoca impactos maiores na sociedade e na cidade. Este tipo de ação pode funcionar de tal forma que outros problemas, não diretamente relacionados às áreas de intervenção, possam ser tratados de alguma forma, reforçando a inÉ possível perceber a importância tenção de abrangência e multidiscidessa alternativa de solução/inter- plinaridade visada pelo Coletivo. 21
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PROJETO BURACÃO PARQUE JARDIM DAS AROEIRAS
Localizado a quase 10 km do Centro de Goiânia, o Parque jardim das Aroeiras, mais conhecido como Buracão, carece de infraestrutura e apresenta ocupações irregulares. O projeto tem como objetivo a criação de um parque que revitalize a região, traga qualidade de vida, infraestrutura e recupere as áreas de proteção ambiental que foram degradadas e as áreas ocupadas irregularmente. Busca-se, também, conectar a comunidade com o Rio Meia Ponte, criando um observatório na área inferior mais próxima ao Rio. Com isso, propõe-se um parque linear que percorre o perímetro do Buracão, onde a topografia é menos acidentada.
Desse modo, cria-se uma multiplicidade de usos ao Parque para atender diversas demandas, como área de passeios, pista de corrida, ciclovia, parques infantis, academia pública e equipamentos que oferecem produtos e serviços. Sua concepção foi feita arravés de faixas de pisos modulares, os quais diferenciam-se por meio de cor e material, segundo seu tipo de uso. Contudo, na área central do parque, onde a topografia é mais acidentada, preserva-se e recuperar sua mata densa, intervindo pontualmente com pontes e passarelas para conectar o perímetro do Parque e criar um circuito.
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IMPLANTAÇÃO
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FAIXA TÉCNICA PERMEÁVEL PARA ARBORIZAÇÃO E INSTALAÇÃO DE POSTES DE ILUMINAÇÃO DE PEDESTRES, FIAÇÕES SUBTERRÂNEA
CALÇADAS DE CONCRETO PADRONIZADAS DE ACORDO COM EQUIPAMENTO PRÓXIMO PERMEÁVEL PARA ARBORIZAÇÃO
CICLOVIA PADRÃO CONCRETADA, DUAS MÃOS
FAIXA DE ROLAMENTO
FAIXA PARA ESTACIONAMENTO
300
300
500
300
180
2580
CALÇADAS DE CONCRETO PADRONIZADAS DE ACORDO COM EQUIPAMENTO PRÓXIMO
FAIXA TÉCNICA PERMEÁVEL PARA ARBORIZAÇÃO E INSTALAÇÃO DE POSTES DE ILUMINAÇÃO DE PEDESTRES, FIAÇÕES SUBTERRÂNEA
PERMEÁVEL PARA ARBORIZAÇÃO
PRESERVAR ÁR NOVAS MUDAS
CICLOVIA PADRÃO CONCRETADA, DUAS MÃOS
FAIXA DE ROLAMENTO
PARACICLOS
FAIXA PARA ESTACIONAMENTO
PERF IL DO TE NATURAL RREN O
300
300
150
300 2750
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POSTES DE ILUMINAÇÃO DIRECIONADA MIRANTE DE MADEIRA
GUARDA CORPO
PRESERVAR ÁRVORES NATIVAS, REPLANTIO COM MUDAS DO BIOMA CERRADO
1000
PERF IL DO T NATURAL ERRE NO
RVORES NATIVAS, DO BIOMA CERRADO FAIXA PERMEÁVEL PARA ARBORIZAÇÃO E INSTALAÇÃO DE EQUIPAMENTOS PUBLICOS E PAVILHÕES
PRESERVAR ÁRVORES NATIVAS, NOVAS MUDAS DO BIOMA CERRADO PRESERVAR ÁRVORES NATIVAS, NOVAS MUDAS DO BIOMA CERRADO
CALÇADAS DE CONCRETO PADRONIZADAS DE ACORDO COM EQUIPAMENTO PRÓXIMO
1500
200
PER F DO IL NATU TER REN RAL O
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PROJETO NÚCLEO DE AGROECOLOGIA EDUCAÇÃO AMBIENTAL E ENGAJAMENTO SOCIAL
O Núcleo de Agroecologia trata-se de um centro educacional e de engajamento social sobre a importância do Rio Meia Ponte, não só, para Goiânia, mas para toda sua bacia. O projeto tem como objetivo ser um ponto de informação na cidade, com workshops, palestras, exposições, feiras e quaisquer outras atividades ligadas à conscientização ambiental da O edifício foi projetado para ser montável e desmontável, de forma a percorrer toda extenção do Meia Ponte. No local que for instalado, terá a meta de engajar a população que ali vive e alcançar uma mudança de consciência, postura e ações, para que
ESTRUTURA METÁLICA
NÍVEIS
assim, a limpeza, cuidado e amor das pessoas com o rio seja algo espontâneo, natural e hodierna. Para isso a edificação foi toda modulada e sua estrutura metálica, com vedações em madeira compensada, facilitam seu transporte e instalação. Chapas metálicas atuam na ventilação e iluminação natural dentro dos blocos. O programa conta com salas de ateliê e trabalho coletivo, salas de exposição, sala de aula, cozinha experimental, anfiteatro e recepção, além de ambientes básicos de apoio. Por fim, as placas solares no telhado são responsáveis pela auto sustentabilidade da unidade.
RAMPA E TIRANTES METÁLICOS
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BLOCOS FUNCIONAIS
BLOCOS FUNCIONAIS
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IMPLANTAÇÃO
CORTE AA
CORTE BB
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2
3
1 4 SOBE
SOBE
PLANTA TÉRREO
6 5
DESCE
5
SOBE
PLANTA PRIMEIRO PAVIMENTO
7 2
6 DN SOBE
PLANTA SEGUNDO PAVIMENTO
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LEGENDA 1 - COZINHA EXPERIMENTAL 2 - BANHEIROS 3 - ADMINISTRAÇÃO 4 - PONTO DE INFORMAÇÕES 5 - EXPOSIÇÕES 6 - ATELIÊS 7 - ANFITEATRO 8 - SALA DE AULA 9 - LANCHONETE 10 - CAIXA D’ÁGUA 11 - PLACAS SOLARES
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7
8
SOBE
PLANTA TERCEIRO PAVIMENTO
2
10
9
PLANTA QUARTO PAVIMENTO
PLANTA COBERTURA
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PROJETO OBSERVATÓRIO MEIA PONTE NTEGRAÇÃO RIO-CIDADE
O Observatório sobre o Rio Meia Ponte se propõe um espaço de apoio às reflexões sobre o principal rio urbano de Goiânia. O que se busca aqui é ressaltar o rio e a natureza, mantendo-os intactos, e se aproximando de sua beleza. Partindo disso, o conjunto de três edificações é elevado do solo tocando-o somente por meio dos pilares estruturais. Parte-se da existência de um parque linear às margens do rio como um dos incentivos à sua condição de revitalização. O edifício se encontra imediatamente ao fim deste, buscando ser uma ponte entre a cidade, a população e a natureza. A imersão no natural foi claramente um princípio que guiou o projeto: ao longo
de todo o pátio descolado do solo, rasgos permitem o crescimento livre da vegetação e o seu contato com as edificações, além da criação de percursos e ambiências na grande área de convivência. Como citado, a convivência é outro princípio, e este levou os espaços a terem usos e formas flexíveis, atraindo e subsidiando atividades diversas de todos os tipos de públicos interessados no rio. Dentro da proposta de flexibilidade, a estrutura metálica foia a escolhida, tanto por trazer grandes vãos e grandes espaços, e permitir pouca interferência no terreno, quanto pela
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LEGENDA 1. Biblioteca 2. Coworking 3. Ateliê 4. Convivência 5. Laboratório 6. Sala Professor 7. Sala Multiuso 8. Incubadora 9. Ponto Nodal (Banheiro e bicicletário) 10. Cozinha 11. Sala Administração 12. Sala de reunião 13. Auditório 14. Midiateca 15. Café 16. Salão de exposição
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PROJETO OBSERVATÓRIO MEIA PONTE MEIA PONTE, RIO INTEIRO
O edifício tem a intenção de valorizar o Rio Meia-Ponte e conscientizar os usuários sobre sua importância, por meio de espaços informativos e vistas que valorizem a área de preservação. A pouca declividade do terreno levou a definição de um partido em blocos sobrepostos para atingir uma verticalidade que permita ao observador ter uma vista geral da área. Os pavimentos de 20 x 20 m são divididos em uma malha estrutural de 4 m x 4 m que define as áreas de circulação e o desenvolvimento do programa no espaço. Há uma graduação de espaços. O térreo livre é um convite à apropriação. No 1º pavimento, onde se situa
a administração, a circulação é periférica e cria um circuito onde se inicia a exposição. O 2º pavimento é uma área de permanência que permite a vista 360º da área e o 3º é o espaço de exposições sobre o rio, seus problemas e suas potencialidades. O projeto contempla um sistema de passeios e passarelas conectores, interligando diferentes áreas do parque, e também pontos de interesse (observatório, área de lazer, plataforma do BRT, e regiões com habitações). Isso incentivará o percurso pelo parque e também manterá a região ativa com o fluxo de pessoas.
CORTE AA
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IMPLANTAÇÃO
ESQUEMA DE FLUXOS
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PAVIMENTO TÃ&#x2030;RREO
PRIMEIRO PAVIMENTO
SEGUNDO PAVIMENTO
TERCEIRO PAVIMENTO
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PROJETO HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL VILA MEIA PONTE
A proposta de implatação de uma unidade de Habitação de Interesse Social surge a partir de um diagnóstico da área que demonstra os problemas ambientais, sociais e de mobilidade do local. Trata-se de uma área de vunerabilidade ambiental, com invasão da Área de Proteção Permanente do Rio Meia Ponte (APP), oferecendo risco aos imóveis e a seus moradores, além de contribuir para a poluição do rio com o despejo de lixo e entulho em suas margens, e promovendo o desmatamento da vegetação nativa, entre outros problemas. Para a correção dos problemas levantados, foi proposta a realocação dos moradores para uma área próxima a atualmente ocupada, evitando alterar drasticamente a rotina desses habitantes. A proposta de habitação
conta com uso misto entre comércio e lazer, integrando-se ao parque linear proposto a ser instalado às margens da APP, garantindo a permeabilidade do solo e a diversidade de usos a fim de se promover um maior fluxo e permanência de pessoas no local. Foram definidas duas áreas possíveis de intervenção, localizadas no Setor Santa Genoveva e Nova Vila, que permitem receber os usos propostos sem danos ao rio e sua APP. A proposta de Estudo Preliminar apresentada a seguir é referente a área situada no Setor Santa Genoveva, promovendo a integração entre habitação, lazer e comércio, de forma respeitosa ao meio-ambiente e a infraestrutura viaria pre-existente.
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