O grito do morador de rua em meio à arquitetura

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“Nasci como nascem todos os reis e mendigos, da barriga de uma mulher. Morrerei como morrem todos os reis e mendigos, voltando para o ventre da mãe natureza.” Miral Pereira dos Santos

Figura 1 – morador de rua e seu cachorro de estimação.Fonte: Edu Leopro



Camila Carvalho da Costa

O GRITO DO MORADOR DE RUA EM MEIO À ARQUITETURA

Projeto de pesquisa apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda para cumprimento das exigências parciais para a obtenção do título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo sob a orientação da Prof. Mestra Fabiana Mori

RIBEIRÃO PRETO 2017


Camila Carvalho da Costa

O GRITO DO MORADOR DE RUA EM MEIO À ARQUITETURA

ORIENTADORA:______________________________________ Fabiana Mori EXAMINADOR:_________________________________________ Domingos Guimarães EXAMINADOR CONVIDADO:_____________________________ Nome: RIBEIRÃO PRETO 2017

___/____/2017



Primeiramente, a Deus que me deu a luz, a força e a coragem para enfrentar os obstáculos durante toda esta longa caminhada. “Eu sou filha de Deus, criada para vencer!” Aos meus pais maravilhosos, por todo amor e carinho que sempre me deram, por terem me apoiado emocional e finaceiramente, por acreditarem em mim. Sem vocês, esse sonho não seria possível. Aos meus irmãos mais velhos e minhas cunhadas, apesar de distância, sempre estiveram torcendo por mim.

agradecimento

À minha tia Bruna, uma mulher brilhante e poderosa que sempre sigo os seus passos desde cedo! Um dia, quando crescer, quero ser igual à você. Eu te amo! Ao meu melhor amigo, Lucas, que eu ganhei da faculdade, desde o primeiro ano, tem me ajudado com carinho e confiança. Obrigada, parceiro!

Figura 2 – morador de rua e seu cachorro de estimação.Fonte: Edu Leopro

À minha orientadora, Fabiana, tão linda e inteligente, pela sua paciência, confiança e compreensão. Em especial, em memória, ao meu querido mestre Francisco Gimenes, que sempre vive em nossos corações [que descanse em paz]


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

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ESPAÇO PÚBLICO E O MORADOR DE RUA

13

EQUIPAMENTOS URBANOS E MICROARQUITETURA

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3

QUADRO DE REFERÊNCIAS PROJETUAIS 3.1 ABRIGO/ MANIFESTO 3.2 URBAN CATERPILLAR 3.3 HOMELESS SHELTER 20-20 3.4 TENT CART

20 21 23 25 27

4

LEVANTAMENTOS DE ÁREA: QUADRILÁTERO CENTRAL DE RIBEIRÃO PRETO 4.1 MAPA DE USO DO SOLO 4.2 MAPA DE HIERARQUIA VIÁRIA 4.3 MAPA DE EQUIPAMENTOS 4.4 MAPA DE FLUXO E CONCENTRAÇÕES 4.5 MAPA DE ATIVIDADES POR PERÍODOS

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5 6 7

PROGRAMA DE NECESSIDADES

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PARTIDO ARQUITETÔNICO 6.1 BANHEIRO PÚBLICO E PARKLETS

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PROJETO 7.1 ABRIGO INDIVIDUAL 7.2.ABRIGO COLETIVO 7.3 MATERIALIDADE 7.4 BANHEIRO PÚBLICO

45 49 53 57 58

CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

73 74


INTRODUÇÃO

Este trabalho final de graduação faz uma abordagem dos moradores de rua e a sua relação com o espaço urbano e as atividades da cidade que são inventadas e transformadas em dia a dia pela sobrevivência. O tema deste trabalho surgiu através das minhas observações diárias no centro da cidade de Ribeirão Preto, graças à empatia, analisando as possibilidades de melhorar a condição das pessoas em condição de rua. O tema abrange questões envolvendo diversos conceitos como segurança, conforto, entretenimento, integração população x cidade, entre outros. Nota-se a presença deles bastante no centro de Ribeirão Preto, nas praças públicas e nas calçadas perto do Mercadão Municipal. E no inverno, piora a situação ainda mais, até pode levar a morte também pois não possuem alguns equipamentos para dormir com conforto e segurança. Com pobreza extrema, problemas com alcoolismo e outras drogas, violência, desentendimentos familiares, despejo e entre tantos motivos diferentes. O objetivo geral dessa pesquisa é enfocar as características da vivência dos moradores de rua e o desafio de conciliar múltiplos critérios urbanos para a concepção do projeto arquitetônico e urbanístico para os moradores de rua.


12 Este trabalho final de graduação serve como processo, também é um percurso para que possamos analisar como os moradores de rua percebem os espaços urbanos e passam a criar mecanismos de sobrevivência e adaptação à sua condição social. E, geralmente ficam no bairro central da cidade onde há bastante comércio e serviços que atraem as possibilidades de conseguirem alguns alimentos e esmolas, e de abrigarem, à noite, nesses locais como portas do estabelecimentos comerciais, praças, etc. O tema escolhido foi proposto pelo fato de que a consciência não é uma quesFigura 4 – morador de rua se protegenFigura 3– morador de rua e seu cachortão de ignorância pela existência dos moradores de rua, mas uma grande neces- ro de estimação.Fonte: Santa Catarina do de frio em São Paulo. Fonte: Folha de sidade que os moradores de rua tentam lutar para sobreviver nas ruas, não têm 24hrs S.Paulo onde dormir e sofrem com o frio nas madrugadas geladas, até são removidos da rua à força para manter a aparência do espaço público bem limpa. albergues exigem as regras a seguir como os horários para entrar e sair que A arquitetura pode, que é importante, fazer que o meio externo e os espaços apresentam limites e dificultam o dia a dia do morador de rua; não há priva(íntimos e públicos) entrassem em sintonia permitindo que sejam feitos e adap- cidade nos quartos e banheiros que deixa os moradores de rua se sentirem tados às necessidades (estéticas e práticas) dos usuários, de maneira sustentá- inseguros e desconfortáveis; não tem como guardar os pertences, não é permitido entrar com bebidas alcoólicas e drogas; não há espaço para guardar os vel e respeitável. carrinhos do trabalho que uns moradores de rua trabalham catando uns mateA pesquisa nacional mostra que a maioria dos moradores de rua ainda prefere riais para poder se sustentar com comidas ou alguma coisa necessária; dentre viver nas ruas (69,9%) do que dormir em albergues ou outras instituições (BRA- outros motivos que os levam a preferir a rua. SIL, 2008). Então o albergamento pode ser uma das alternativas mas não se resolveria a questão do morador de rua, porque os


O arquiteto Herman Hertzberger apresenta público e privado nos seguintes termos:

1 espaço público e o morador de rua

“Uma área acessível a todos a qualquer momento; a responsabilidade por sua manutenção é assumida coletivamente. Privada é uma área cujo acesso é determinado por um pequeno grupo ou por uma pessoa, que tem a responsabilidade de mantê-la”.

Nesse caso, o espaço público permite o acesso de todos, independentemente das atividades ali desenvolvidas, para isso, é necessário que todos conservem esse espaço. Hertzberger argumenta que o coletivismo visa à sociedade. “O individualismo vê a humanidade apenas na relação consigo mesmo, mas o coletivismo não vê o homem de maneira nenhuma, vê apenas a “sociedade‟. Ambas as visões de mundo são produtos ou expressões da mesma condição humana.”

Portanto, o termo “público” demonstra uma área onde todos têm direito de acessar quando quiserem, a qualquer hora, mas a sua manutenção tem a responsabilidade assumida coletivamente. Quando se trata do morador de rua, a questão do espaço público é fundamental. Nesse caso, há uma confusão entre os âmbitos público e privado da vida porque se acham que o espaço público também é o privado, daí


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que surge um conflito que o espaço público é uma das ferramentas para o morador de rua sobreviver, mas pode depender dos assuntos políticos e do governo, porém, paradoxalmente, esse direito é negado aos moradores de rua. Podemos definir que o privado se relaciona com o individual e o público se relaciona com ideias de coletivismo, sendo o arquiteto, urbanista ou designer o responsável por trazer uma relação da população que esteja em harmonia com a área urbana. Se, porém, o individualismo compreende apenas parte da humanidade, o coletivismo compreende a humanidade como papel nenhum dele apreende a humanidade apenas na relação consigo mesmo, mas o coletivismo não vê o homem de maneira nenhuma, vê apenas a sociedade. Ambas visões de mundo são produtos ou expressam da mesma condição humana. (Hertzberger, 1999, p. 13)

Objeto de domínio público, o espaço urbano serve cotidianamente ao morador de rua como suporte explícito para o uso prático de necessidades normalmente realizadas na esfera privada. Morar na rua significa privatizar o que é público “publicizando” o que é privado. E sobre o corpo dos moradores de rua é uma das questões importantes nas ruas, porque os corpos não possuem um abrigo seguro, mesmo que

eles utilizam diversas formas de preservação do corpo, quando chove ou faz frio durante o dia, é comum ver eles enrolados em uns materiais de pano, plástico e papelões ou se protegendo em algum canto embaixo de marquises porque os estabelecimentos comerciais e residências não permitem eles permanecerem em seus ambientes internos. Durante a noite, eles aproveitam quando as lojas estiverem fechadas para ter o seu canto, se protegendo. Outra questão sobre a saúde dos moradores de rua, o corpo doentio para ser tratado necessita de ajuda urgente. Quando questionados sobre o assunto, disseram que ou alguma alma caridosa os levam para o hospital ou lhes compram, mas quando não acontece, dizem que o jeito é infelizmente ficarem sofrendo nas ruas mesmo. Mas os moradores de rua são ignorados pela sociedade e pelo poder público que nos últimos anos tem tomado poucas ações para solucionar esse problema. Muitas vezes os serviços disponíveis não atendem suas reais necessidades. Morando nas ruas, estas pessoas vão introduzindo as experiências vividas neste mundo e transformando-as em costumes, maneiras de pensar e disposições incorporadas ao longo de suas experiências na ambiência das ruas. Pela sua forma de viver, escapam aos mecanismos institucionais legalizados e legitimados, agrupando-se em pertencimentos excludentes.


2 equi p ame n tos ur b a n os e microarquitetura

Equipamento urbano, segundo a norma brasileira NBR 9284, é um termo que designa todos os bens públicos ou privados, de utilidade pública, destinados à prestação de serviços necessários ao funcionamento da cidade, implantados mediante autorização do poder público, em espaços públicos e privados. O mobiliário urbano é empregado como sinônimo de equipamento urbano. E nessa pesquisa, também será tratado como microarquitetura. A microarquitetura relaciona-se com a arquitetura e o design que recebem uma escala menor, porém de grande interesse em seu meio, no caso, a cidade, fazendo um todo. No glossário do Manual para Implantação de Mobiliário Urbano da Cidade da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (1996, p. 11), o equipamento urbano é tratado como um bem localizado no espaço urbano. Segundo Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), mobiliário urbano são todos “todos os objetos, elementos e pequenas construções integrantes da paisagem urbana, de natureza utilitária ou não, implantados mediantes autorização do poder público em espaços públicos e privados”. Portanto, todo mobiliário urbano, sendo microarquitetura inserida na cidade, é considerado um bem, e possui seu papel de atender a sociedade de forma prática, agradável e segura. São exemplos como abrigos de ônibus,


16 bancos, postes de luz, lixeiras, cabines, playgrounds, esculturas, etc. De acordo com Montenegro (2005): Os elementos urbanos desempenham um papel singular na medida em que podem ajudar o cidadão a utilizar de maneira mais efetiva seja através de suas funções explícitas associadas à contemplação, ao relaxamento e ao lazer, ou nas funções implícitas e abstratas relacionadas com a identificação e compreensão do espírito do local pelo usuário através de simbolismos representados naqueles elementos (MONTENEGRO, 2005, p. 48)

Figura 5 - Mobiliário urbano “Macarao”, criado por AGA Estudio Creativo. Local: Venezuela

Com função decorativa ou não, o mobiliário está sempre relacionado a uma necessidade do individuo. O espaço urbano não deve ter objetos que tenham utilidade ou que não atendam adequadamente ás necessidades locais de cada cultura (CREUS, 1996). Para Francis (1991), o projeto e a implantação do mobiliário urbano nos espaços públicos podem trazem oportunidades para melhorar o relacionamento humano e a sua presença pode ser um aspecto influenciador do uso, por estar associada ao conforto dos ambientes públicos. A percepção do ambiente está relacionada com a maneira com que os habitantes os ocupam e com as atividades realizadas no mesmo. Logo, o mobiliário urbano, entendido como parte do espaço público influencia na ocupação e na escolha das pessoas por utilizarem um determinado local da cidade.

Figura 6 - Bancos na Universidade de Sydney, Austrália, desenhados pelo escritório Taylor Cullity Lethlean. Fonte: Ideias Diferentes



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Figuras 7, 8 e 9 -Bancos pertencentes a uma série chamada “Modified Social Benches” (bancos sociais modificados), criados com o objetivo de questionar a arquitetura, comunicação e comportamento social no espaço urbano. Desenvolvidos pelo artista Jeppe Hein. Fonte: Ideias Diferentes



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3 projetos de referência

Figura 10 – morador de rua e seu cachorro de estimação.Fonte: Edu Leopro

Existe diversas alternativas como projetos propostos criados por artistas, arquitetos, designers, etc., para que tenham uma solução de falta de moradia e de segurança, mas o mais importante é antes de propor algo, levantar as propostas e analisa-las, estudando a possibilidade de morador de rua se adaptar no meio de urbanismo. Cada projeto possui um conceito próprio. Os critérios de escolha envolvem o design e materialidade dos objetos, o individualismo, fazendo os moradores de rua leva-lo para qualquer lugar.


3.1 abrigo / manifesto

O “abrigo-manifesto” é uma barraca, feita de arame, lona, madeira, PVC com fibra de nylon, alumínio e rodas, foi criado para proteger seres humanos que se encontrem em lugares diversos e depois alterar a percepção daquelas que passam e não enxergam nada além de seus celulares. Atividades que abriga: dormir, sentar, mover (grupo pequeno).

PLACA DE ALÚMINIO (EXTERNO) VÃO LIVRE CIRCULAÇÃO DE AR

adriano carnevele domingues 2004 são paulo, brasil

PLACA DE ALÚMINIO (EXTERNO) MANGUEIRA/ ARAME TECIDO IMPEMEAVEL PVC COM FIBRA DE NYLON

BASE DE MADEIRA

Figura 11 - Desenho do projeto Abrigo/ Manifesto, São Paulo - Fonte: Vitrusvius 2004


22

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Figuras 12 a 24 (Ă esquerda) - passo a passo de abrir e fechar o abrigo. Fonte: Vitrusvius 2004

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Figura 25 e 26 (Ă direita) - Fonte: Vitrusvius 2004


3.2 urban caterpillar abby brazier 2010 inglaterra


24

A “casa” protege os moradores do frio e do vento e é prova d’ água. Outra vantagem do Urban Caterpillar é que ele é dobrável e leve, tornando-se portátil e prático. Feita de poliester e nylon. Atividades que abriga: dormir, sentar, mover (individual).

Figura 29 - Fonte: Globo 2010

Figuras 27 e 28 Fonte: Globo 2010


A estrutura móvel pode ser empacotada por uma única pessoa e transportada. Fléxivel e de baixo custo, a dobradura é reciclável e pode ser montada em curto tempo por qualquer pessoa que precisar. Feita de papelão. Atividades que abriga: dormir (individual).

3.3 homeless shelter 20-20Fernando resendiz 2013 espanha

Figuras 30 e 31 Fonte: Gabinete de Curiosidade, 2013


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Figuras 32 a 37 -Fonte: Gabinete de Curiosidade, 2013


3.4 Tent cart hao jing 2006 china


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Ele tomou o habitual carrinho de compras e dotou-as de alguns anexos extras para que se torne uma espÊcie de casa móvel. O Tent Cart tem dois lados da porta que pode ser aberta e estendida para converter o espaço em uma tenda. Atividades que abriga: dormir, sentar, mover, armazenar (individual).

Figuras 38 a 40 Fonte: Design Buzz, 2008

passo 1

passo 2

passo 3


4 Ă rea e levantamentos


30 O quadrilátero central de Ribeirão Preto foi escolhido como área de estudo por se tratar de uma área bastante adensada; por ter uma variedade de serviços e comércios; por possuir grande fluxo de pessoas, grandes fluxos de veículos, incluindo a alta confluência de ônibus (devido a presença dos terminais);

por conter locais muitas vezes considerados inseguros ou locais sem movimentação dependendo do horário.

Av. Francisco Junqueira Centro

Av. Jerônimo Gonçalves

Av. Nove de Julho

Figuras 41 e 42 Fonte: Google Maps / editados pela autora

Av. Independência


4.1 mapa de uso do solo


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O mapa de uso do solo mostra que nesse quadrilátero central, há predominância de comércio e serviço. A maioria dos estabelecimentos seguem o horário comercial de funcionamento, das 9h às 18h. Após esse horário, há uma queda grande de movimentação e locais totalmente vazios, sem fluxo algum.

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O quadrado preto em traços no mapa acima será feito um estudo mais aprofundado por se tratar de uma área problemática.

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Figuras 43 Fonte: Google Maps / editado pela autora


4.2 mapa de hierarquia viรกria


Av .F

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A maioria das vias do quadrilátero central são coletoras/ distribuidoras, pois essa região é delimitada por importantes vias arteriais que são Avenida Jerônimo Gonçalves, Francisco Junqueira, Independência e Nove de Julho, no qual a passagem pelo centro dá acesso entre elas. Há algumas locais que possuem movimentação e fluxo no horário de pico. O transito nesse horário de pico é bastante desordenado. Os corredores de ônibus mais movimentados não possuem vagas de estacionamento.

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34

Essa área possui três praças importantes que atraem muita gente como espaços de ponto de encontro, contemplação, lazer e descanso.

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Figuras 44 Fonte: Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto / editado pela autora


4.3 mapa de equipamentos


36 Os equipamentos existentes no quadrilรกtero central podem ser grandes companheiros dos elementos de รกrea compartilhada entre a cidade e os habitantes. Pois resultam a identidade da cidade e interagem com os habitantes da mesma.

Figuras 45 Fonte: Google Maps/ editado pela autora


4.4 mapas de fluxo e concentraçþes


38

O mapa maior de marca os pontos de maior concentração e fluxo de pessoas. São áreas de possíveis intervenções e implantações de projetos, além do calçadão que também possui grande fluxo de pessoas transitando. O mapa menor complementa mostrando a demarcação da centralidade principal e nela a área de maior concentração comercial e de serviços. Percebe-se no mapa maior que nem sempre onde há mais passagem de ônibus são os locais de maior concentração de pessoas. Em um dos pontos mais críticos circulam 9 linhas e no entanto há uma grande concentração de pessoas, pois essas linhas são importantes e seguem para bairros populosos da cidade. Outro aspecto que podemos observar é a alta concentração ligadas às praças, podendo ter relação com os espaços de descanso e lazer.

Figuras 46 e 47 Fonte: Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto / editados pela autora


4.5 mapa de Atividades por perĂ­odos


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Esse mapa demonstra como estão distribuídas as atividades por períodos no quadrilátero central e entorno imediato. Nota-se que a região tracejada possui atividades diurnas relativamente intensas e atividades até as 00h com certa intensidade também. Sendo assim, deve haver uma preocupação em se atender as necessidades das pessoas tanto pelo dia – com sombreamento, locais para descanso ou rápidas paradas – quanto pela noite, com iluminação. Não há atividades apresentadas pela madrugada, mas o local deve estar preparado levando-se em considerações mais uma vez

Figuras 48 Fonte: Google Maps/ editado pela autora


Em reportagem no site da A Cidade On (2013), Maria Sodré alega que não é suficiente a oficial, centrada em ações da Secretaria Municipal de Assistência Social, que está na recolha, abrigo e cuidados gerais de quem está “em situação de rua”. “É também uma luta inglória, porque grande parte não quer sair das ruas. ” (A CIDADE, 2013).

5 programa de necessidaDES

Por isso, optou-se por desenvolver algo necessário a atual realidade dos moradores de rua do bairro do Centro de Ribeirão Preto, de modo a dignificar a vida de quem está nas ruas, mesmo que temporariamente. A intenção não é incentivar as pessoas a morarem na rua, mas aceitar a situação dos que assim estão, e torna-la mais digna. Então, para elaborar um programa de necessidades adequado, é necessário entender seu perfil e suas necessidades. O projeto buscará dispor minimamente de realizar as necessidades do abrigo individual e coletivo: levar, carregar, sentar, deitar, levantar, dobrar, proteger do frio e da chuva, cobrir, abrir, fechar, enrolar, guardar, entre tantas coisas que se envolvem com o corpo. E criar e instalar um banheiro público nas vagas do estacionamento da praça das Bandeiras.


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6 partido arquitetônico

A análise do quadro de referências projetuais permite relacionar alguns pontos para serem utilizados como partido arquitetônico para o projeto que será proposto como resultado dessa pesquisa. A ideia inicial é a criação de um equipamento (individual e coletivo) que se envolve com o corpo do indivíduo com os materiais pesquisados desde quando se tratem de sustentabilidade, à busca de durabilidade e conforto. A ideia é distribuir o equipamento em quadrilátero central, com a forma de haver uma integração/relação entre o público/privado, pode ser uma das soluções que tornem o espaço harmonioso para que as pessoas possam movimentar no centro da cidade de Ribeirão Preto, sem ter que causar algum impacto pessoal, visual e emocional. E instalar os módulos (wc masculino, wc feminino e pne) de banheiro público nos parklets.


6.1 banheiro público e parklets

Pra realizar as necessidades fisiológicas, elaboramos um projeto do banheiro público para ser situado nas vagas do estacionamento da praça das Bandeiras, na frente da Catedral Metropolitana. Desenvolvemos cabines especificas para pessoas comuns e de deficiência física, não só moradores de rua, qualquer pessoa também tem direito de usar o banheiro público. Parklet foi pensado para inserir um banheiro público, que é a melhor opção, utilizando o uso do espaço de uma ou mais vagas de estacionamento para criação de pequenas praças espelhadas de modo a criar módulos de sanitários públicos em Ribeirão Preto. O piso do parklet deve ser de fácil, removível, seguro e acessível. O piso deverá, obrigatoriamente, seguir a inclinação natural da calçada garantindo a acessibilidade universal. Drenagem: as condições de drenagem e de segurança do local de instalação deverão ser preservadas, deverá ser preservada livre sob o piso uma faixa de no mínimo 20cm ao longo de toda calçada para escoamento da água da chuva.


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Figuras 49 - Implantação de Parklets – Manual - Gestão Urbana SP Fonte: Prefeitura de São Paulo

Figuras 50 - Parklet em Goiânia. Fonte: Prefeitura de Goiânia

Figuras 51 - Parklet em Copenhagen, Dinamarca. Fonte: Vegalandskab

Figuras 52 - Tipos de vagas possíveis de adquirirem o parklet – Manual Operacional para Implantar um Parklet em São Paulo. Fonte: São Paulo 2014

Figuras 53 - Manual Operacional para Implantar um Parklet em São Paulo. Fonte: São Paulo, 2014


Há diversos pontos de situação para serem pensados na possibilidade de implantação do abrigo à noite quando a área dos comércios estiver fechada. Essas cinco áreas mais próximas do quadrilátero central como Catedral, Praça das Bandeiras, Praça Carlos Gomes, Praça XV de Novembro, Praça do Pronto Socorro (ao lado da Rodoviária) e Praça Antártica. São pontos de espaço mais aberto e largo.

7 locais de implantação

Figuras 54 - Fonte: Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto - editado pela autora


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2 - Praça das Bandeiras

1 - Praça do Catedral

Figura 55 Fonte: autora

Figura 58 – Fonte: autora

Figura 56 Fonte: Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto e editado pela autora

Figura 59 Fonte: Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto e editado pela autora

Figura 57 – Fonte: autora Figura 60 – Fonte: autora


3 - Calçadão e Praças XV de Novembro e Carlos Gomes

4 - Praça do Pronto Socorro

Figura 63 – Fonte: autora

Figura 66 – Fonte: autora

Figura 62 Fonte: Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto e editado pela autora Figura 64 – Fonte: autora

Figura 67 Fonte: Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto e editado pela autora

Figura 65 – Fonte: autora Figura 68 – Fonte: autora


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4 - Praça Antártica

Figura 69 – Fonte: autora

Figura 70 Fonte: Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto e editado pela autora

Figura 71 – Fonte: autora


CROQUIS

7.1 Equipamento Abrigo individual

Figura 72 – Fonte: autora


50 PROJETO

PLANTA

B

A

PROJETO ESTRUTURAL

PERSPECTIVA

A

B CORTES

ELEVAÇÕES

CORTE AA

ELEVAÇÃO FRONTAL

ELEVAÇÃO TRASEIRA

ELEVAÇÃO LATERAL

CORTE BB

Figuras 73 A 89– Fonte: autora


Figuras 90 A 95– Fonte: autora


52

Figura 96– Fonte: autora


CROQUIS

7.2 Equipamento Abrigo Coletivo

Figura 97 – Fonte: autora


54

PROJETO CORTES

PLANTA

ELEVAÇÕES

Figuras 98 a 106 – Fonte: autora



56

Figuras 107 e 108’ – Fonte: autora


7.3

Lona de caminhão

Tapete tatame

Velcro

Tubos PVC

Alça

Materialidade

Cinto

Tubo com curva

Rodinhas

Abrigos

Figuras 109 a 119 – Fonte: autora


58 Há um ponto importante de situação para se transformar num banheiro público se situando em algumas vagas do estacionamento da praça das Bandeiras, atendendo as necessidades fisiológicas, além de moradores de rua, das pessoas passantes que movimentam muito nesta área porque pegam ônibus e atravessam pela praça.

7.4 Banheiro público BANHEIRO PUBLICO

Figura 120 Fonte: Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto e editado pela autora


CROQUIS

Figuras 121 e 122 – Fonte: autora


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Figuras 123 e 124 – Fonte: autora


CROQUIS

Figuras 125 e 126 – Fonte: autora


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PROJETO

Figuras 127 a 128 – Fonte: autora


Figura 129 – Fonte: autora


64

Figuras 130 e 131– Fonte: autora


Figuras 132 e 133– Fonte: autora


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Figura 134 – Fonte: autora


Figuras 135 e 136– Fonte: autora


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Figura 137– Fonte: autora



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Figuras 138 e 139 – Fonte: autora



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Figuras 140 e 141 – Fonte: autora


considerações finais

Podemos concluir que nossa proposta projetual não se limita apenas ao município de Ribeirão Preto. A realidade dos moradores de rua é encontrada em muitas cidades pelo mundo todo. Os pontos focais podem ser introduzidos em qualquer urbano. Conclui-se também que seu uso não se restringe as pessoas em situações de rua. Todas as pessoas podem fazer uso do equipamento urbano. Afinal, todos temos as mesmas necessidades fisiológicas.


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