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Carlos Cortes: O homem certo, no lugar certo, no tempo certo

A Saúde atravessa actualmente em Portugal uma fase de grande instabilidade, constatando-se necessidade urgente de promover medidas conjunturais e reformas estruturais. Este é um trabalho que cabe ao Ministério da Saúde mas que necessita da cooperação das várias estruturas profissionais do sector, nomeadamente da Ordem dos Médicos.

A progressiva deterioração do Serviço Nacional de Saúde (SNS), potenciada pela pandemia COVID-19, veio agravar as condições de trabalho dos serviços de saúde. Os médicos - sobrecarregados, mal remunerados, pouco reconhecidos e sem perspectiva de evolução na carreira - sentem-se cada vez menos motivados para carregar um SNS que, desde o início e durante décadas, deve grande parte do seu sucesso à dedicação e ao espírito de equipa e de missão dos seus profissionais, em particular da classe médica. Foi com empenho, entusiamo, competência e ética que os médicos foram o motor da construção de um SNS que perseguia o objectivo de prestar cuidados de saúde de qualidade a todos os Portugueses. Para retomar essa missão são necessárias mudanças no cenário actual da Saúde em Portugal.

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Nesta conjuntura, a Ordem dos Médicos desempenha um papel crucial, devendo assumir-se como parceiro por excelência da necessária mudança e também como o garante da qualidade da medicina praticada, reivindicando para os médicos as condições necessárias para o desempenho da sua missão.

O acto eleitoral em curso para escolha do bastonário da Ordem dos Médicos assume, assim, particular relevância, pois o perfil do eleito terá grande importância no futuro que se avizinha.

Deverá ser conhecedor da Ordem dos Médicos, dos problemas dos médicos, dos doentes e das instituições de saúde, mas também ser honesto, independente, dialogante, agregador, inovador, sensato, corajoso, respeitado pelos seus pares e com provas dadas.

O Dr. Carlos Cortes, o candidato mais votado na primeira volta das eleições, é o que reúne todas estas características. Durante a sua carreira profissional, de quase 30 anos, e nos nove anos como presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, comprovou todos estes requisitos. Na carreira médica, fez um trajecto seguro e reconhecido pelos seus pares de especialidade, tendo atingido cedo o topo da carreira. Na sua instituição, também cedo viu o seu mérito reconhecido através da sua nomeação para director de serviço.

Como presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, desenvolveu um trabalho de proximidade excecional, estando sempre presente em todos os locais onde foi necessário defender os médicos, os doentes e a qualidade da saúde. Não houve Hospital ou Centro de Saúde da Região Centro que não tivesse visitado, sempre se mantendo disponível para construir pontes e encontrar soluções para os problemas. Inovou no modo como apoiou a formação, como promoveu a criação de gabinetes temáticos de apoio aos médicos e aos doentes, como se aproximou de outras ordens profissionais, como estimulou a realização de eventos, como se associou a causas sociais ligadas à Saúde e não só.

Foi por este modo diferente de estar e de gerir a Secção Regional de Centro da Ordem dos Médicos que ganhou a confiança da classe, vencendo três eleições seguidas na sua região e na primeira volta das eleições para bastonário, mesmo pertencendo uma secção regional com menos de metade dos eleitores da Região Norte ou da Região Sul, ficou folgadamente em primeiro lugar. Por tudo isto, o Dr. Carlos Cortes, como Bastonário da Ordem dos Médicos, é o homem certo, no lugar certo, no tempo certo.

(*)Presidente eleito da SRCOM

Pescando informação sobre sustentabilidade

JOANA GIL

Como boa portuguesa, acho o peixe e o marisco uma perdição. Em Bruxelas, socorro-me da Noordzee/La Mer du Nord, assim chamada já que é o Mar do Norte o principal ponto de abastecimento daquele espaço. O local está bem considerado pelas melhores razões. Porém, não esqueço a minha decepção quando, já ciente da sua fama, a visitei pela primeira vez. Os peixes maiores e por tradição mais reputados figuravam no escaparate: robalo, salmão, dourada, atum, salmonete, tamboril, raia, acompanhados de umas prazenteiras trutas e cavalas. Mas faltava-lhe o ar de festa das peixarias portuguesas: onde estava o colorido de ver fanecas, bicas, gorazes, imperadores, pescadas, raias, sargos, pargos? Para mais, os belgas têm o triste hábito de apresentar, vender, cozinhar e servir muito do peixe em filetes, frequentemente mesmo sem pele. Perde o peixe em dignidade e o cliente em sabor.

Entretanto, os anos habituaram-me a valorizar a banca de peixe fresco desta e de outras peixarias belgas. Mas nada se compara ao deslumbramento que traz a passagem por uma banca de peixe em Portugal. Com bancas tão tentadoras, não admira que os portugueses sejam dos maiores consumidores de peixe do mundo, consumindo à volta de 56kg de peixe por ano, o dobro do que consomem os belgas.

Criada em Novembro de 1898, a Associação dos Médicos Portugueses passou a denominar-se Ordem dos Médicos em Novembro de 1938. Foi seu primeiro bastonário, em 1939, o Prof. Elísio de Azevedo e Moura e tinha nos seus primeiros estatutos o estudo e a defesa dos interesses profissionais dos médicos.

Os médicos vão ser chamados a escolher na segunda volta o seu Bastonário para o próximo triénio 2023 /2026.

A actual participação dos médicos na escolha do seu bastonário, mantem-se incrivelmente baixa com uma abstenção superior a 60% na primeira volta, realizada em Janeiro deste ano.

As ilações que dai se retiram podem ser antagónicas. Desinteresse pela eleição do seu Bastonário, criado por anos de distanciamento entre a Ordem dos Médicos e os seus associados, ou porque o exercício da medicina se torna ela própria tão absorvente que não lhes permite disponibilidade para o fazer. O exercício da medicina é uma profissão de alto risco e desgaste rápido. Os médicos são apelidados de heróis, mas apenas cumprem a sua missão com resiliência, dedicação e espírito de missão, no entanto, são pessoas comuns.

Ser médico implica disponibilidade 24/24 h, 7/7 dias. É ser chamado diariamente a tomar decisões complexas e difíceis que afetam a saúde, o bem-estar e a vida humana.

Obrigados a trabalhar por turnos, frequentemente longos, mais de 12 horas, ficam privados da companhia da família em dias festivos e de descanso.

Ser médico, também é trazer para o seio familiar o cansaço, a tristeza e a alegria. Ser médico é não ver actualmente consagrado no seu horário, tempo para estudo dos seus doentes. Esse tempo é retirado à família, aos amigos, aos próprios. Dos vinte e um estados membros da União Europeia, os médicos portugueses encontram-se em 15º lugar no que diz respeito ao salário de médicos especialistas no SNS em relação ao salário nacional, atrás da Hungria, da República Checa e da Estónia. A carreira médica, criada em 1982, encontra-se estagnada há mais de 4 décadas e não pode ser esquecida pois são uma das garantias da formação médica.

Como é de esperar, estudos recentes, mostram que um número cada vez maior de médicos descontentes e insatisfeitos, contrapondo ao sucesso nas diversas áreas da medicina.

Mas nunca como agora urge mudar este paradigma e por isso a Candidatura do Prof. Rui Nunes surge para Afirmar e Unir a medicina e os médicos portugueses, valorizando as carreiras médicas, a formação médica e criando uma Ordem mais influente e mais prestigiada junto da opinião publica e do poder político.

O Prof. Rui Nunes é médico, especialista em Otorrinolaringologia e foi o primeiro presidente da ERS. Licenciado em Medicina pela FMUP em 1985, obteve o grau de Doutor em Medicina em 1996. É Professor Catedrático na Universidade do Porto e o actual Presidente da Associação Portuguesa de Bioética. Recebeu diversos prémios na sua carreira, o último dos quais, em Janeiro deste ano pelo “empenho, dedicação e resiliência, em situações extremas de pandemia”, do Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos. Tem cerca de 20 livros publicados, onde se destacam; “Ética em cuidados de saúde”, “A Ética e o Direito no Inicio da Vida Humana”, “Prioridades na Saúde”, “Politica de saúde”, “Afetação de Recursos para a Saúde”, “Gestão da Saúde”, “Testamento Vital”. É defensor da criação e legalização do testamento vital, defensor do referendo sobre a eutanásia e da proposta à Unesco de uma Declaração Universal de igualdade de género, A sua candidatura pretende uma reforma estrutural e profunda no actual sistema de saúde defendendo a descentralização e autonomia da gestão na saúde, bem como a articulação entre os centros de saúde e os hospitais. Esta candidatura surge pela constatação da actual insatisfação dos médicos para o exercício da medicina e pela existência de deficiente acesso à saúde pela população portuguesa. Para acabar com a desigualdade no acesso à saúde, defende a criação de incentivos para a fixação dos médicos nas zonas mais carenciadas. Ao defender condições para que os médicos cumpram a sua missão, concretiza o direito universal à saúde. Pretende ainda uma Ordem dos Médicos desburocratizada, mais próxima da população e dos médicos e a criação de um sistema de saúde inclusivo no sector público, privado e social. Pretende aumentar a resposta do SNS sem comprometer a qualidade.

O médico, como pessoa, precisa de cuidado, atenção, valorização pessoal e profissional. É imperativo, Afirmar a profissão, com base na formação e diferenciação permitindo cumprir de forma sólida a nobre missão dos médicos: assistir e tratar os doentes. Acabar com o distanciamento entre a Ordem dos Médicos e os médicos, é outro dos objectivos, criando Proximidade, agilizando canais de comunicação entre cada Centro de Saúde e a OM.

Os conimbricenses não serão menos apreciadores que a média dos portugueses. Mas se hoje muitas recomendações são dadas sobre o valor nutricional do peixe, pouco se diz sobre a sua sustentabilidade. O programa “Todo o Peixe É Nobre” (uma verdade que tem de ser repetida por todos!) tem sensibilizado para a importância de reflectirmos na hora de decidir que peixe queremos ter no prato. Infelizmente, para um país com uma costa tão ampla, Portugal continua a importar mais peixe do que aquele que exporta. Com o mar aqui tão perto, justificar-se-á dar preferência a peixe pescado ao largo da África do Sul ou do Chile? Com uma lota a poucos quilómetros da cidade e sendo os portugueses devotos consumidores de peixe, valeria a pena que os conimbricenses dispusessem, à imagem do que sucede com os bruxelenses, de um guia sobre consumo sustentável de peixe. Em Bruxelas, o departamento da região responsável pelo ambiente emitiu uma brochura detalhada que, tendo em conta a oferta típica de pescado na região, elencou os peixes em três listas: verde, laranja e vermelha. Aí se recomenda o consumo descontraído de cavala, se aconselha cuidado na hora de escolher o robalo (apenas aceitável se for pescado à linha) e se proscreve o consumo do salmonete.

Como alguém que se preocupa com o consumo sustentável, dá-me tranquilidade ter ao meu dispor informação que me permite fazer escolhas conscientes. Em Bruxelas a brochura informa-me, por exemplo e para meu desgosto, de que a raia é totalmente não recomendada. Também em Portugal a raia está ameaçada, de acordo com a Associação Natureza Portugal. Mas para o saber tive de andar – lá está… - à pesca da informação. Para sabermos que peixes não devem ser pescados, era bom que essa informação não estivesse submersa.

Os médicos e doentes, mesmo pertencendo à mesma cultura, têm interpretações diferentes da relação saúde-doença, pois o doente e o médico encontram em diferentes patamares, em que o médico detém um corpo de conhecimentos do qual o paciente geralmente é excluído. Nesta perspectiva um dos objectivos propostos É a defesa e o respeito pelo Pluralismo de opiniões, quer da comunidade médica, quer da população em geral, aumentando o respeito e a confiança dentro do seio da população médica mas e também da população em geral para com os médicos. Ao desenvolver uma comunicação mais aberta entre médicos e doentes obtem-se maior qualidade na relação. Hoje mais do que nunca Afirmar e Unir deverá ser o lema dos médicos que pretendem uma Ordem dos Médicos prestigiada, dinâmica e unida. Chegou a hora de Afirmar e Unir!

(*) Médica Ortopedista - Leiria / Coimbra

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