Canguru | BH | Janeiro de 2016 | Número 04

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www.cangurubh.com.br | jan 2016 | nº 4

Criando filhos em BH

E S P EC I A L F É R I A S • E X E M P L A R G R AT U I TO PA R A PA R C E I R O S

O QUE LEVA

nossas crianças à terapia CONHEÇA A

dor do crescimento e saiba aliviá-la

COMO ENSINAR

hábitos sustentáveis aos filhos

amigos para sempre Os benefícios e as alegrias de ter um animal de estimação para chamar de seu



nesta edição3

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seções

Paris, de 5 meses, e a tartaruga Casquinha: interação desde que a pequena estava na barriga de sua mãe

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4 6 10 13 14 16 18 20 22 41 42 44 45

Primeiras palavras

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Padecendo no Paraíso, por Bebel Soares e Tetê Carneiro

47 48 Marcos Aurélio Loureiro, Juliana Amaral e Samuel, de 9 anos: sessões com a terapeuta fazem o menino “apelar menos”

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50

Nossos leitores www.cangurubh.com.br Missão Instagram Canguru viu e curtiu Eles dizem cada coisa Mundo Kids Moda Comprinhas História de mãe, por Marina Vasconcellos Viagens, modo de usar, por Luís Giffoni Para ler com seu filho, por Leo Cunha Na Pracinha, por Flávia Pellegrini e Miriam Barreto

Artigo, por Jamil Nahass Artigo, por Alba Lúcia Dezan e Beatriz Neves Braga Crônica, por Cris Guerra

Reportagens

Ana Martins Panissete, com João, de 6 anos: na casa deles, lixo orgânico é transformado em adubo para a horta

Nossa capa Na foto com o labrador Bug, Maria Eduarda, de 9 anos, é filha de Sara Caren e Carleno Alves Araújo. FOTO: Gustavo Andrade

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Terapia | Quando procurar a ajuda de um psicólogo é essencial para os pequenos

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Comportamento | Como a convivência com animais de estimação pode estimular as crianças

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Saúde | Saiba o que é e aprenda a identificar a dor do crescimento

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Carnaval | Confira as datas e horários dos ensaios do Bloco Infantil Padecendo no Paraíso

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Negócios | Desejo de presentear a filha faz mãe belo-horizontina abrir empresa de sucesso

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Meio ambiente | Na hora de ensinar hábitos sustentáveis, nada melhor do que o exemplo


Para começar o ano com ideias novas EU NUNCA TIVE bicho de estimação. Meus pais chegaram a ter cães em casa e no sítio, motivados pela preocupação com segurança. Eram dobermanns, que não passaram muito tempo conosco. E se eles estavam soltos, eu estava presa. Morria de medo. Vivia tendo pesadelos com cachorros que me atacavam. Também não tinha simpatia por outros animais. Nunca desejei ter um gato, um passarinho, um peixinho que fosse. Quando meu filho mais velho chegou, Pedro, nem cogitei a possibilidade de adotar um pet. E ele nunca pediu para ter um: parece ter herdado minha insensibilidade para com os bichinhos. Sinceramente, sempre vi os animais de estimação como um trabalho doméstico a mais, para o qual me faltava tempo. O caçula, porém, sempre me pediu um cachorrinho. Como moramos em casa, nem a desculpa da falta de espaço eu tinha. Ainda assim, resisti bravamente. Cansado de ouvir negativas, Gabriel aparentemente deduziu que a questão era a falta de dinheiro. E me saiu com a seguinte: “podemos alugar um?”. Mas você acha que eu amoleci? Não. Pensei: isso passa. E passou mesmo. Aos 7 anos, meu menino não quer mais saber de bichos. E aí encontro, na reportagem de capa desta edição, a veterinária Marcela Diniz dizendo: “Toda criança merece uma mãe e um pai que a deixem ter um bichinho de estimação”. Ela e outros especialistas falam, na matéria, sobre como as animais podem ajudar os pequenos a lidarem com as próprias emoções e situações essenciais, como a morte. Meu coração ficou pequenininho, do tamanho de uma uva-passa. O que foi que fiz com meu Gabriel? Talvez ele vá se queixar de mim no divã, outro tema desta edição: terapia para as crianças. Fui por muito tempo resistente (preconceituosa até) em relação à terapia, mesmo para adultos. Mas entendi como esse processo pode ser positivo para o amadurecimento emocional de qualquer pessoa. Incluindo o dos nossos filhos. Nada como começar o ano tirando as teias da mente e permitindo-me mudar de ideia sobre velhos conceitos. Se a infância é o alicerce para uma vida saudável — com maturidade emocional, corporal e psíquica —, quero abrir a cabeça, ouvir o que os especialistas têm a dizer, me inspirar nas experiências de outros pais e tentar garantir a meus meninos a melhor base que eu puder. É o que desejo a você também: um 2016 cheio de ideias novas para fazer da sua casa um lar realmente feliz.

Ivana Moreira, DIRETORA DE REDAÇÃO ivana@cangurubh.com.br

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Canguru

. JANEIRO 2016

FOTO: GUSTAVO ANDRADE

4primeiras palavras

Ivana e os filhos Gabriel e Pedro


DIRETOR EXECUTIVO: Eduardo Ferrari DIRETORA DE PROJETOS ESPECIAIS: Ivana Moreira

www.cangurubh.com.br DIRETORA DE REDAÇÃO: Ivana Moreira EDITORES EXECUTIVOS: Alessandro Duarte e Paola

Carvalho

EDITORA DE ARTE: Christina Castilho PROJETO GRÁFICO: Christina Castilho (Mondana:IB) REPÓRTER: Rafaela Matias COLABORADORES DESTA EDIÇÃO: Cris Guerra, Cristiane

Miranda, Isabel Borges, Isabella Grossi, Leo Cunha, Luís Giffoni, Nara Montezano FOTÓGRAFOS: Gustavo Andrade e Victor Schwaner REVISORA: Shirley Souza Sodré COORDENADORA DE MARKETING E PLANEJAMENTO DIGITAL: Camila Capone ESTAGIÁRIA DE MARKETING E PLANEJAMENTO DIGITAL:

Juliane Ferreira

GERENTE COMERCIAL E ADMINISTRATIVA: Suellen Moura ASSISTENTE ADMINISTRATIVA: Laura Ramos

A Canguru é uma publicação mensal da Scrittore Comunicação e Editora Ltda. CNPJ 12243254/0001-10, Rua Alberto Bressane, 223, Belo Horizonte/MG, CEP 30240-470 TIRAGEM: 25 000 exemplares IMPRESSÃO: Artes Gráficas Formato Ltda. DISTRIBUIÇÃO: Gratuita na rede de escolas parceiras*

e vendida em bancas de BH.

* Instituições particulares de educação infantil que se encarregam de enviar a revista aos pais de seus alunos na mochila dos estudantes. A relação das escolas parceiras pode ser consultada por anunciantes. ESPECIAL FÉRIAS: DISTRIBUIÇÃO GRATUITA EM CLUBES E COLÔNIAS DE FÉRIAS DE BH.

PARA ANUNCIAR Suellen Moura: (31) 3546-7818 . (31) 98651-2047 suellen@cangurubh.com.br PARA FALAR COM A REDAÇÃO: mande e-mail para redacao@cangurubh.com.br ENDEREÇO: Rua Paul Bouthilier, 207, Mangabeiras, Belo Horizonte – MG – CEP 30315-010. (31) 4109-0825 . 3546-7818 Artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam, necessariamente, a opinião da revista e de seus responsáveis.

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Criando filhos em BH

www.cangurubh.com.br | dez 2015 | nº 3

E X E M P L A R G R AT U I TO PA RA E SCOLAS PARC E IRAS

ESPECIAL FÉRIAS 12 colônias

PARA A MENINADA SE ESBALDAR

18 produtos

PARA CURTIR O VERÃO NA PRAIA, NA PISCINA, NA RUA E EM CASA

6 dicas

PARA NÃO ESTRESSAR COM AS CRIANÇAS ANTES E DURANTE AS VIAGENS

espiritualidade Como transmitir valores e princípios eternos aos nossos filhos

Espiritualidade Parabéns à direção da revista, bem como à repórter Sabrina Abreu, pela sensibilidade com que foi conduzida a pauta sobre espiritualidade na infância (“Herança de fé”, dez. 2015). Parabenizo ainda todos da Canguru pela excelência da publicação, que desbrava um segmento carente de informações de qualidade e que fala ao leitor de forma prática. — Erika Pessoa Amei a reportagem de capa de dezembro. Acredito tanto nesse conceito que chego a ser parcial para dizer que foi tiro certo. Parabéns! — Claudinei Franzini, diretor de comunicação e expansão da Rede Batista de Educação

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Sou uma leitora assídua da Canguru e estou cada vez mais encantada com a linha editorial e com a qualidade das matérias e artigos. Especialmente com esta última edição, que nos presenteou com o artigo da Mariana Rosa (acompanho essa bela história desde o nascimento da Alice), a reportagem de capa sobre espiritualidade (tema atual e fundamental na transmissão de valores aos nossos pequenos) e, por último, as valiosas dicas de entidades para direcionarmos as nossas doações de Natal. Meu marido e eu estávamos em busca de instituições para receber todos os brinquedos que selecionamos em conjunto com as crianças. — Danielli Soares Melo Gaiotti

Mundo Kids Após ler a nota “Um Bom Velhinho de verdade” (dez 2015), eu e meu filho fomos ao BH Shopping. Quando ele foi ao colo do Papai Noel, disse: “Sei que você se chama Bráulio e é bombeiro hidráulico. Não é bombeiro que trabalha no caminhão vermelho. E também sei que você está aqui porque o Papai Noel de verdade ainda está no Polo Norte com os duendes embalando nossos brinquedos!” — Elga Tatiane Meira Barbosa

História de mãe Mariana Rosa empresta sua experiência de vida com um desprendimento que nos ensina, com uma simplicidade mágica, que os problemas têm sua dimensão conforme a perspectiva que queremos enxergar (“A filha ideal”, dez. 2015). — Jose Marcelo Ribeiro Sou fã. Mariana Rosa escreve de maneira única, emocionante! — Letícia Murta Surpreendentemente, a cada relato de nossa mamãe ainda temos o que aprender. Simplesmente Alice... linda de viver! Ela nasceu em um lar aconchegante e cheio de amor, por isso é tão feliz. — Claudia Lima

Mãe Prematura Achei bom texto o “Que mãe você quer ser para seu filho?”. Só discordo da parte em que fala que não devemos ser exemplo para nossos filhos. É claro que devemos! Exemplo de pessoas de bem, com caráter, senso de justiça, amor e outras características essenciais para o bom convívio em sociedade. — Ana Paula Novato Raris Sempre lembrarei do texto “Aproveite, que dá saudade”, quando bater o cansaço. Muito lindo! — Clarice Mendes


Ciranda Lindo o texto “Junto e misturado”, de Fernanda Agostinho (dez. 2015). Os meus filhos também são assim. Ela, mais tímida, perfeccionista, brava e exigente. Ele, boa-praça, cavalheiro, bagunceiro e apaixonado por cavalos e dragões. No mais, tudo lindo, junto, misturado e... complementar. — Romina Farcae É absolutamente adorável ter um casal de filhos. Concordo em

gênero, número e grau. Mais um texto delicioso de ler. Parabéns. — Fabiana Giuntini Amei! Aqui em casa é bem assim: ela é supermandona e ele é supertranquilo. — Grazielle Clarindo Que texto lindo e perfeito. Você conseguiu, com toda a propriedade de mãe, nos mostrar que os filhos, apesar das diferenças, são todos iguais em nossos corações. Parabéns! — Maria Helena Cardoso Danin

Mães de Consultório Amo os seus textos, Flávia Rios! Não sou mãe ainda, mas me emociono e vivencio tudo com suas histórias. Obrigada por me proporcionar essas emoções. — Roberta Borato

FALE COM A CANGURU Entre em contato por e-mail: redacao@cangurubh.com.br ou deixe um comentário em nossas redes sociais.

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CAPA SEMIN

DATA: 4 de junho, no Ouro Minas Palace Hotel

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AS PALESTRANTES

LÍGIA GABRIELA LAURA KAPIM GUTMAN GUERRA

Nutricionista, apresentadora do programa “Socorro, Meu Filho Come Mal”, do canal pago GNT

Psicopedagoga argentina, autora dos best sellers “A Maternidade e o Encontro com a Própria Sombra” e “O Poder do Discurso Materno”

ASHLEY

FILOMENA

CAMILA DO VALE (DRA. FILÓ)

MERRYMAN

Escritora americana, autora do livro “Os 10 Erros Mais Comuns na Educação de Crianças”, colunista das revistas Time e New York

Pediatra especialista em cardiologia, médica do CTI Infantil da Santa Casa de Belo Horizonte

APOIO:

Psicóloga, autora do livro “Mulheres às Avessas” e apresentadora do programa de mesmo nome, na RPCTV, afiliada da Rede Globo, no Paraná

A MEDIADORA

CRIS

GUERRA

Publicitária, escritora, palestrante e colunista da rádio BandNews FM e das revistas Canguru e Pais&Filhos


www.cangurubh.com.br

evento

Todos os meses, a Canguru promove seminários gratuitos sobre temas relacionados à educação dos filhos. Fique atento à programação dos próximos eventos.

Educando com limites O Encontro Canguru de janeiro será com a psicóloga Clarissa Yakiara

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NÃO É FÁCIL lidar com a pirraça dos filhos. Entre o desejo de educar e o descontrole do momento, muitos pais se excedem na bronca e acabam perdendo a oportunidade de estreitar os laços familiares. É o que afirma a psicóloga Clarissa Yakiara, autora do e-book Limite na Medida Certa e fundadora da Escola de Pais Bee Family. Mãe de João, de 7 anos, e de Lucas, de 1, ela é a convidada do Encontro Canguru deste mês, que será realizado no dia 30, sábado, às 10h30, no Cineart Ponteio. Clarissa dará dicas sobre como lidar com os conflitos e impor limites corretos, garantindo paz e a segurança emocional para a família. O evento terá a participação da também psicóloga Viviane Pires. As inscrições são gratuitas pelo site cangurubh.com.br, mas as vagas são limitadas.

Promoção

Ganhe um fim de semana em Porto de Galinhas Quer passear de jangada até deslumbrantes piscinas naturais e mergulhar em meio a corais repletos de peixes multicoloridos? Ou se aventurar a bordo de um bugue e curtir um visual de cair o queixo? Na Praia de Porto de Galinhas, localizada no litoral de Pernambuco, é possível fazer tudo isso e muito mais. Ainda que a ideia seja apenas relaxar em um excelente resort, o Enotel Convention & Spa é o destino perfeito. Em parceria com a Master Turismo, a Canguru vai sortear um pacote de fim de semana nesse paraíso de águas claras e mornas para um casal e duas crianças em sistema all inclusive, ou seja, com todas as refeições e bebidas incluídas. As inscrições poderão ser feitas até o dia 29 de janeiro. Entre em cangurubh.com.br e confira as regras para participar da promoção.

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FOTOS: DIVULGAÇÃO; [1] GUSTAVO ANDRADE.

A Canguru vai sortear pacote de diárias para um casal e duas crianças


EDIÇÃO Alessandro

Duarte

teatro

Perigos no palco Canguru promoverá sessão gratuita de O que Mora no Escuro para seus leitores JÁ NÃO SABE mais o que fazer com as crianças para se divertir nas férias? Que tal ir ao teatro com a Canguru? No dia 23 de janeiro, às 16 horas, vamos receber nossos leitores no Teatro Bradesco para assistir à peça O que Mora no Escuro, da Cia O Trem. A história busca alertar, de forma lúdica, sobre os perigos que os pequenos encontram dentro de casa, com dicas para evitar acidentes domésticos. “Utilizamos a fantasia para ensinar as crianças”, conta Lívia Gaudencio, autora e diretora da peça. “Transformamos os perigos domésticos em monstros e os protagonistas, Nina e Theo, em super-heróis que precisam combatê-los de forma consciente, sempre lembrando de se proteger.” Os oito bonecos que compõem o espetáculo foram confeccionados pelo Grupo Giramundo e a trilha sonora original — executada ao vivo durante a apresentação — é de autoria de Leo Mendonza. Acesse o site cangurubh.com.br e saiba como ganhar entradas para essa sessão especial. Os bilhetes são limitados.

Detetives do Prédio Azul Mistério e muita diversão em Avant-première Canguru com Minas Shopping e canal Gloob Carro-chefe do canal infantil Gloob, o programa Detetives do Prédio Azul já fez muito guri sonhar em se tornar um investigador tão perspicaz quanto Tom (Caio Manhente), Mila (Letícia Pedro) e Capim (Cauê Campos). Na série, exibida de segunda a sexta, às 11h45 e às 18h30, o trio vive grandes aventuras para desvendar os mistérios do edifício onde moram, fugindo sempre da implicante síndica bruxa, Dona Leocádia (Tamara Taxman). Na Avantpre­mière Canguru, uma ação em parceira com o Minas Shopping e o canal Gloob, marcada para 8 de janeiro, leitores da revista foram convidados a brincar de detetives do Prédio Azul. A instalação inspirada no cenário do programa foi aberta especialmente para eles, para cumprirem uma missão em diferentes ambientes, inclusive na temida cozinha de Leocádia. Confira a galeria de fotos no site cangurubh.com.br. Pequenos de 4 a 10 anos poderão se divertir nesta versão do Prédio Azul até 7 de fevereiro. Para crianças de 0 a 3 anos (acompanhadas dos pais) haverá um espaço baby. As visitas são gratuitas, mas precisam ser agendadas na Praça de Eventos do Minas Shopping. O horário de funcionamento é das 10 às 22 horas, de segunda a sábado, e das 14 às 20 horas, aos domingos.

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www.cangurubh.com.br

fique ligado

Dicas de programas e colônias

viagem

Hospede-se com a criançada em meio às montanhas

Às vezes, falta criatividade e ideias para divertir a meninada. Para que ninguém precise passar o dia na frente da TV, reunimos em nosso site opções de teatro, cinema, shows e uma lista de colônias de férias em todas as regiões da cidade. Acesse cangurubh.com.br e divirta-se.

Confira boas opções de hotéis e pousadas para ir com os pequenos sem deixar os limites do nosso estado

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NA CBN Às terças e quintas, às 10h40, acompanhe ao vivo o boletim Canguru: criando filhos em BH. Todos os áudios estão disponíveis no portal cangurubh.com.br.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

EM SEU TEXTO deste mês, o escritor e viajante Luís Giffoni (pág. 42) mostra que Minas tem muitos atrativos para as famílias nestas férias. E ele tem toda razão. “Num único dia, pais e filhos podem fazer cavalgadas, caminhar, tomar banho de cachoeira, ver animais nas matas ou nas fazendas, pescar trutas, comer bem, conhecer nosso chão”, escreve. Em uma reportagem exclusiva para o site cangurubh.com.br, mostramos dez opções para os pais relaxarem enquanto as crianças se divertem para valer. Ou para todos se divertirem juntos. Entre as dicas, o Tauá Resort Caeté (acima), eleito o melhor resort para crianças do Brasil e localizado a 50 quilômetros de Belo Horizonte. Aproveite.


Pais de BH fotografaram seus filhos às vésperas das férias escolares e compartilharam os cliques usando a marcação #cangurubh. Confira algumas das imagens.

Giuseppe, de 8 anos, foi fotografado por @conceicaozulcom logo após receber uma medalha na festa de encerramento do ano letivo

@lucianeguirlandafotografia clicou a Amanda, de 4 anos, em uma apresentação na escola

FOTOS: REPRODUÇÃO INSTAGRAM

A mãe de @phburgarelli publicou um flagra da formatura de Pedro Henrique, de 6 anos

Próxima missão: eu e meu pet Gostou da nossa reportagem de capa? Então fotografe seu filho com seu animal de estimação e compartilhe a imagem no Instagram usando a marcação #cangurubh. Os melhores registros serão publicadas na edição de fevereiro da revista.

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EDIÇÃO Camila

Capone

O QUE ESTÁ ROLANDO DE ÚTIL, DIVERTIDO OU CURIOSO NA WEB E NAS REDES SOCIAIS

Notebook para os pequenos Um computador para crianças, com carcaça emborrachada, que funciona como tablet? Um aparelho que permite trocar a bateria, as câmeras, a tela e até o módulo central (placa-mãe, memória e processador)? Sim! Esse é o Infinity, projeto da One Education, empresa sem fins lucrativos, que está em busca de investimentos para tirá-lo do papel. Se o aporte for obtido, o notebook chegará as lojas custando cerca de 925 reais. Conheça mais sobre o Infinity no site da empresa: bit.ly/NoteInfinity

Política para baixinhos Parece que a política voltou a ser o assunto do momento, não é mesmo? Tendo isso em vista e a carência em materiais didáticos que introduzem as crianças no universo das ciências sociais, a Boitempo Editorial relançou dois livros pelo seu selo infantil, o Boitatá. A Ditadura É Assim e A Democracia Pode Ser Assim. Uma linguagem simples, voltada para crianças a partir de 8 anos. Cada livro custa R$ 39,00. Para saber mais sobre o livro A Democracia Pode Ser Assim, acesse bit.ly/boitatademocracia Para saber mais sobre o livro A Ditadura É Assim, acesse bit.ly/boitataditadura

Libras desde pequeno

Acesse bit.ly/1IujSEK ou use nosso QR code.

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IMAGENS: REPRODUÇÃO

Olha aqui um patinho, um elefantinho, um gatinho... Muito fofo o vídeo deste menino aprendendo a linguagem de sinais. É de morrer de amores!


autoral atemporal versรกtil

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POR Rafaela

Matias

Por que e aprender u preciso matem se existe ática calculado m ras?

ANA LUÍSA, 9 anos, filha de Viviane Martins e Gilmar Luciano Santos

Manhê, achei a sua fralda aqui no supermercado!

Sonhei com o sol e ele disse que você precisa me levar à praia.

EDUARDA, 6 anos, filha de Henrique Vieira Campos e Geilyane Pinheiro

GIOVANA, 4 anos, filha de José Antônio Toledo Dias e Quênia Oliveira Macedo

Que b está c om que h Os hip ovendo. opótam precis am na os dar!

HEITOR, 3 anos, filho de Juan Ramon Espinoza Centeno e Flávia Regina Gobbi von Randow

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Se seu filho também diz pérolas, envie a frase para o e-mail redacao@cangurubh.com.br.

FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

JULIANA, 5 anos, filha de Gilmar Felix Junior e Aline Miranda Felix, correndo com um pacote de absorventes noturnos nas mãos

Minha mãe não é novinha assim, não. Isso é maquiagem que ela usa muita.


apresenta

Volta às aulas: o momento ideal para deixar a vacinação em dia

FOTO: VICTOR SCHWANER

Rede pública x rede privada Apesar de boa parte das vacinas estar disponível na rede pública de saúde, existem diversos benefícios de se recorrer à rede privada. O primeiro deles é o acesso a esquemas de vacinação mais diversificados e abrangentes que no sistema público, com melho-

O médico Adelino de Melo Freire Jr., na unidade da Savassi: sistema de refrigeração com monitoramento a distância

res resultados em termos de proteção individual. De acordo com o doutor Adelino, algumas vacinas disponíveis na rede privada são mais modernas, o que causa menos efeitos colaterais. A tecnologia é uma aliada e tanto. No São Marcos, as vacinas são mantidas em um sistema de refrigeração com monitoramento a distância. “Qualquer alteração na temperatura nos é informada imediatamente pelo celular, para ser corrigida”, diz o médico. Esse cuidado faz com que as substâncias estejam sempre em perfeito estado.

Mantenha o calendário vacinal do seu filho em dia. Acesse saomarcoslaboratorio.com.br/calendario-vacinal e baixe o calendário atualizado de acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM).

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Para o conforto da mamãe e do bebê, atendemos em domicílio.

LOGGIA

Na escola, as crianças aprendem coisas novas, fazem amigos e começam a conviver em grupo. Mas é ali também que os pequenos mais se expõem a vírus e bactérias responsáveis por uma série de doenças. Como o sistema imunológico das crianças ainda está em desenvolvimento, o organismo infantil não é capaz de se proteger sozinho. Manter o calendário de vacinação em dia, então, é essencial. “A vacina é uma das maiores descobertas da história da medicina”, afirma o médico infectologista Adelino de Melo Freire Jr., gerente de vacinas do laboratório São Marcos e coordenador de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Felício Rocho. Segundo o doutor Adelino, o momento de volta às aulas é ideal para que os pais confiram os cartões de vacinação e se certifiquem de que renovaram todas as doses. “O ambiente escolar favorece o aparecimento de surtos de doenças, por isso a prevenção é tão importante”, explica. A fase mais crítica vai de 1 a 6 anos, quando algumas vacinas precisam ser reforçadas. “Muitas escolas pedem os cartões de vacinação no início do ano letivo, e os pais devem aproveitar esse incentivo para deixar as doses em dia e garantir a saúde dos filhos.”


POR Rafaela

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Matias

em cada sete crianças

acredita que dinheiro é uma das coisas mais importantes da vida, segundo a pesquisa Voz das Crianças, realizada pela Officina Sophia.

Brincando de ficar bonita

Chá de bebê virtual Especialmente para os que têm família em outras cidades, o chá de bebê pode ser um evento complicado. Afinal, como se dividir entre organizar uma festa e receber parentes? Tudo isso na correria dos últimos meses de gravidez. A internet pode ser a salvação. Idealizado pelos empreendedores mineiros Ricardo Diamante e Camila Piovesana, o SITE EUNENÉM permite que os papais e mamães realizem um chá de bebê virtual, no qual amigos e parentes podem enviar em dinheiro o valor dos presentes. Assim, os pais usam a quantia para comprar aquilo que realmente estão precisando. Para acessar, basta entrar no endereço www.eunenem.com e se cadastrar.

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Cor de pele de verdade A fabricante de giz de cera Koralle parece ter encontrado a solução para um antigo problema: a falta de opções de lápis e giz de cera “cor de pele” no estojo das crianças. Até pouco tempo atrás, a oferta se resumia ao rosa-claro e ao ocre, ignorando os diversos tons que compõem a variedade étnica de um país como o Brasil. Diante disso, a empresa lançou a LINHA “UNIAFRO”, que reúne mais de doze tons de “cores de pele”. A ideia surgiu a partir de uma ação realizada no Rio Grande do Sul, que encomendou as caixas para professores de escolas infantis, como parte de um curso sobre história e cultura africana. O sucesso foi tanto que a fabricante decidiu expandir as vendas para todo o país. Cada caixa com doze gizes de cera custa 18 reais. As encomendas podem ser feitas pela loja virtual da empresa, no site www.koralle.com.br.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Desde cedo, as meninas se interessam por batons, esmaltes e penteados. Mas, se antes tudo isso precisava ser pego emprestado das mamães, agora elas têm um espaço próprio. Em outubro, foi inaugurado em Belo Horizonte um salão de beleza exclusivamente infantil, com maquiadoras, manicures, cabeleireiros e até depiladoras — para meninas acima de 11 anos. O PETIT SALON MAGIC tem decoração inspirada na Disney. Serviços extras, como festas de aniversário temáticas, spa day, dia fashion e café da manhã com as princesas também estão entre as opções. O espaço fica no BH2Mall (Avenida Luiz Paulo Franco, 500, Belvedere, tel. 3140-6087).


eu já fui

criança Daniel de Oliveira Hoje um ator consagrado, Daniel de Oliveira bem que poderia estar fazendo gols pelo Clube Atlético Mineiro. Quando criança, o atleticano assumido ficava dividido entre a paixão pela bola e o gosto pelo teatro. Aos 14 anos, as artes cênicas falaram mais alto e ele passou a frequentar o Núcleo de Estudos Teatrais em Belo Horizonte. Mesmo assim, o amor pelo Galo continua vivo e ele é visto constantemente vestindo a camisa de seu clube do coração.

Camila Alves A modelo Camila Alves leva uma vida de glamour nos Estados Unidos ao lado de seu marido, o astro hollywoodiano Matthew McConaughey. Realidade que se parece pouco com a infância da gata, em Belo Horizonte. Filha caçula de um casal de classe média, Camila viveu no bairro Cidade Nova até os 15 anos de idade e costumava passar as férias de fim de ano no interior de Minas. No Natal, ela aprendia a preparar os pratos típicos da época e saboreava as invenções culinárias da mãe.

Isis Valverde A paixão pelo mato Isis Valverde herdou de sua infância na pequena cidade de Aiuroca, no Sul de Minas. Filha da também atriz Rosalba Nable, a morena estreou nos palcos com 5 anos, pela companhia de teatro da mãe. Isis veio para a capital estudar artes cênicas, contrariando a vontade do pai, que insistia que ela cursasse medicina. Em BH, foi contratada como modelo e se mudou para o Rio de Janeiro, onde estreou nas telinhas em 2006, na novela Sinhá Moça.=


4moda

Férias ao sol Verão é tempo de se divertir na praia ou na piscina. E as vitrines das lojas estão repletas de opções bacanas para a garotada arrasar no período mais quente do ano. Veja algumas dicas. POR Isabel

Borges e Nara Montezano ROUPÃO VAQUINHA, R$ 145,00, da Dani Lessa. www.tricae.com.br.

BOLSA GATINHO, R$ 49,90, da Renner. Boulevard Shopping.

BIQUÍNI, R$ 253,00, da Monnalisa. Rua São Paulo, 2150, Lourdes.

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SUNGA, R$ 34,95, da Tigor T. Tigre. Diamond Mall.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

CAMISETA COM FILTRO SOLAR, R$ 89,90, da Puket. Pátio Savassi.


apresenta

Cuidar da saúde oral é promover a saúde integral do seu filho

Atendimento na Odontologia Gribel: mais de cinquenta anos cuidando de crianças de BH e do interior de Minas

A ortopedia funcional dos maxilares é uma especialidade odontológica que previne e trata alterações do conjunto de músculos, dentes e ossos que compõem o nosso sistema mastigatório. Para uma criança que vai pela primeira vez ao consultório odontológico, o dentista, além da consulta para inspeção de cárie dentária e de doenças da boca, deve examinar outras estruturas que são responsáveis pelo correto funcionamento das funções orais. Embora pouco conhecida do público leigo, que a confunde com a ortodontia em razão do uso de aparelhos durante alguns tratamentos, a especialidade abrange muito mais do que a preocupação de apenas colocar os dentes em um alinhamento harmônico. Todo o tratamento e, às vezes, o gerenciamento da saúde oral da criança depende de um acompanhamento amplo sobre o desenvolvimento e o crescimento de sua face. A ortopedia evita que alterações surgidas na pri-

meira infância se consolidem e necessitem de tratamentos mais demorados e estressantes, o que melhora a qualidade de vida da criança e dos pais. Prevenção em um nível ótimo, implicando em harmonia da face, tendo sempre como objetivo a saúde geral e o bem-estar da criança, é o que buscamos como resultado de nossas ações. Juntamente com a odontopediatria, a ortopedia funcional dos maxilares e a ortodontia, desde o atendimento à gestante e ao bebê, são os diferenciais da clínica odontológica Gribel durante as consultas. Nosso envolvimento com o cliente traduz o carinho e a nossa vontade de oferecer as mais novas tecnologias somadas à consciência de conduzir a criança ao atendimento integral e humanizado. A clínica odontológica Gribel tem uma história de mais de cinquenta anos auxiliando crianças de Belo Horizonte e do interior de Minas Gerais. São anos de experiência aliados à excelência no atendimento infantil.

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

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4terapia

Será que o seu filho precisa? Livre-se do sentimento de culpa e saiba o que fazer quando as crianças não conseguem expressar objetivamente o que estão sentindo e pedem atenção por meio de sintomas POR Isabella

Grossi

Leonardo, de 6 anos, com sua mãe, Aline Pereira, e a terapeuta Juliana Amaral: ajuda para lidar com mudanças

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FOI-SE O TEMPO em que terapia era coisa de adulto apenas. O número de crianças encaminhadas aos consultórios por causa de algum transtorno comportamental ou dificuldade pontual (confira as principais razões no quadro da pág. 26) aumentou drasticamente nos últimos anos. E, ao contrário do que muita gente pensa, não há nada de mau nisso. “As crianças de hoje são inundadas de informação e têm pouca maturidade para absorver o que é preciso”, afirma a psicóloga clínica Jane Ávila. O excesso de estímulos sem seu devido tempo de elaboração talvez seja o grande algoz do século. Como consequência, temos uma geração


FOTOS: GUSTAVO ANDRADE

A psicóloga Renata Tiburcio e Francisco, de 6 anos: a dificuldade no processo de aprendizado ficou para trás

mais agitada, questionadora e inquieta, que naturalmente passa a apresentar sintomas quando não sabe dizer objetivamente o que está sentindo. “O comportamento é apenas um aspecto do fenômeno, ele serve como ponto de partida para avaliarmos o problema de forma mais profunda”, esclarece a psicóloga especialista em educação social Juliana Amaral. É muito comum que os pais se apavorem diante de um conflito. Afinal, tudo o que querem é ver o filho feliz e bem resolvido. E, quando isso não acontece, eles se culpam por isso. “Desculpabilizar os pais é importante”, assegura Jane. “Eles procuram fazer o melhor, mas nem sempre se dão conta e erram, claro. Não é proposital.” O importante, nesse caso, é admitir o problema, livrar-se do sentimento de fracasso e saber a hora de procurar ajuda. Foi o que ocorreu com a estudante de direito Aline Pereira, de 33 anos. Depois que seu filho Leonardo, hoje com 6 anos, teve dificuldades no processo de retirada das fraldas, ela começou a ficar atenta. “Ele não conseguia fazer cocô, então o levamos ao pediatra, e ele, em consenso com a escola, indicou a terapia”, conta. O problema do

pequeno foi agravado pela morte da bisavó e pela separação dos pais, no mesmo período. “Nós também mudamos de casa, e para ele foi um momento muito difícil”, relembra Aline, que parou os estudos e saiu do trabalho para passar um ano dedicando-se somente ao filho. Leo, então, começou a evoluir.

O papel da escola Embora muitos pais sejam a ponte direta entre o filho e o especialista — seja ele o psicólogo, o psicanalista ou o psiquiatra —, na maioria das vezes as crianças chegam aos consultórios por encaminhamento escolar. “Isso costuma ocorrer quando o aluno está destoando da turma, se existe algum tipo de enfrentamento ou se ele está apenas arredio ou com dificuldade de cumprir regras”, explica Jane. É certo que nem todos os conflitos precisam de intervenção psicológica. “Muitas vezes, uma orientação aos pais é mais eficaz do que um processo terapêutico”, pontua a psicóloga clínica Anamaria Albuquerque. Em algumas situações, não. Francisco, de 6 anos, é exemplo disso. “A escola me chamou para dizer que ele4

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Os principais motivos que levam os pequenos ao divã SEPARAÇÃO DOS PAIS Tem sido comum os pais procurarem ajuda para auxiliar os filhos a lidar com a perda. “Hoje existe um consenso no intuito de preservar as crianças”, afirma o psicólogo clínico Carlos Alberto Gattini. O medo de ser abandonado gera um nível altíssimo de stress nos pequenos, principalmente nos menores de 4 anos.

MEDO Pode ser de bicho-papão, de palhaço, de fantasma ou até mesmo de mula sem cabeça. “Isso é a própria criança elaborando uma forma de lidar com a realidade que ela não dá conta de resolver”, revela Gattini. É um mecanismo de autopunição. Às vezes, pela falta de limites impostos pelos pais, ela não está se comportando bem e sabe disso.

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM Elas podem ter origem neurológica, como o caso da dislexia (transtorno relacionado à leitura) ou da disgrafia (relacionado à escrita), mas também comportamental. “As crianças têm modos de aprender diferentes. Um modelo pedagógico que serve para um pode não servir para outro”, enfatiza Anamaria Albuquerque.

HIPERATIVIDADE Apenas uma pequena parte das crianças que chegam ao consultório com uma suspeita de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) é realmente portadora do transtorno. Quando a criança

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é diagnosticada, ela precisa de ajuda psicológica e médica, sem dúvida. Em muitos casos, porém, o que faltam são ajustes na rotina familiar e escolar. “Crianças são ativas e criativas, é natural que brinquem, baguncem, desorganizem e precisem de auxílio para estabelecer uma rotina de tempo livre e de estudos e obrigações”, explica Anamaria.

PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO SOCIAL A timidez, a passividade — que impede, por exemplo, a criança de se impor diante de um grupo — e a agressividade são muito frequentes entre os motivos para fazer terapia. O comportamento agressivo, aliás, seja físico ou verbal, também pode estar associado à falta de limites.

BAIXA AUTOESTIMA Pais muito exigentes e controladores tendem, sem perceber, a minar a autoestima dos filhos. As crianças sentem que o que fazem nunca está suficiente para atender às expectativas. “Elas não gostam delas mesmas e não se aceitam, o que dificulta a interação com os pares”, diz o psicoterapeuta Eriberto Lemos.

DIFICULDADE DE LIDAR COM A FRUSTRAÇÃO Hoje em dia muitos pequenos precisam encarar o problema. “Eles têm tudo muito fácil nas mãos e acesso rápido às coisas”, comenta a psicoterapeuta Patrícia Guimarães. “Quando vão para o ambiente social externo, fica clara a dificuldade de lidar com o não.”

DISTÚRBIOS ALIMENTARES A criança não consegue ou se recusa a comer ou a beber de forma adequada. Em último grau, pode chegar à anorexia ou à bulimia. “Essa conduta pode vir como consequência de ansiedade, da falta de afetividade materna ou mesmo de problemas na escola”, descreve a psicanalista e psicopedagoga Cristina Silveira. Geralmente é preciso levantar uma série de hipóteses para fechar o diagnóstico.

DISTÚRBIOS DO SONO A dificuldade para dormir e medos difusos estão, em geral, relacionados à ansiedade. Mas em épocas específicas surgem, naturalmente, os pesadelos e os terrores noturnos. “Quando o pai ou a mãe percebem a necessidade de estar sempre por perto, é preciso criar um ambiente para que a criança se sinta segura sozinha”, explica Patrícia. Há ainda os medos justificáveis, decorrentes de stress pós-traumático, por exemplo. É o caso de perdas, acidentes ou doenças.

USO ABUSIVO DAS TECNOLOGIAS “As relações virtuais estão quase adormecendo os outros tipos de interação”, critica Juliana Amaral. Elas não têm de deixar de existir — e nem vão, com a profusão de videogames, smartphones e tablets —, mas é preciso criar filtros. Dessa maneira as crianças deixam de desenvolver comportamentos de exclusão e passam a ter vivências corporais e emocionais significativas.


Samuel, de 9 anos, com o pai, Marco Aurélio Loureiro: para que ele não seja “um fantoche no mundo”

estava com o desempenho abaixo do esperado no processo de alfabetização”, relata a gerente de marketing Flávia Louzada, de 43 anos. “No início foi um baque, mas depois entendemos que a terapia era o melhor para o amadurecimento dele.” A ação integrada com a escola e com a terapeuta, que já dura seis meses, vem rendendo frutos. “De maneira muito lúdica, o Francisco está aprendendo a ter mais autonomia, a ser mais dono de si e a entender melhor a noção de espaço e do outro também”, diz Flávia. Independentemente do tipo ou da duração do tratamento, uma coisa é certa: só funciona com o envolvimento da família. “Todos os membros são importantes para o processo de cura. A dificuldade que aparentemente era de um passa a ser compreendida como de todos”, afirma a psicoterapeuta familiar sistêmica e psicóloga educacional Fernanda Seabra. A psicóloga clínica Karina Loureiro, de 39 anos, mãe de Samuel, de 9 anos, e de Augusto, de 13, acha que todo mundo deve fazer terapia. Em sua casa, todos

fazem, inclusive o marido, o economista Marco Aurélio Loureiro, de 55 anos. “Desde cedo colocamos os meninos, porque queremos filhos verdadeiros, livres, que não sejam fantoches no mundo”, declara ela. O caçula, Samuel, é fã de carteirinha. “É o único horário que tenho só para mim, para falar da minha vida”, diz o garoto, cheio de maturidade. “Está me ajudando demais. Antes eu apelava muito, mas hoje converso com a minha mãe e explico que não estou gostando disso ou daquilo.” A comunicação dentro de casa, aliás, é o ponto-chave para que qualquer problema seja resolvido — ou até mesmo evitado. “As figuras de referência são os pais, é neles que as crianças confiam quando têm dúvidas do que é certo ou errado”, enfatiza Jane. É importante repassar os valores, a ética e a moral e, dia após dia, ajudar a construir a personalidade dos filhos. “A infância é o alicerce para uma vida saudável, com maturidade emocional, corporal e psíquica”, arremata Juliana Amaral.=

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4comportamento

Maria Luiza, Jesus Andrade, Maria Fernanda e Patrícia Alves Ávila, com seu minizoológico particular: convivência harmônica

FOTO: GUSTAVO ANDRADE

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Bons companheiros Tanto na ajuda em momentos difíceis quanto no aprendizado diário, a convivência com os animais é considerada positiva para a formação dos pequenos

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Duda, aos 8 anos (foto acima) e atualmente: o labrador Bug ajudou a menina a lidar com a perda da irmã

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FOTOS: GUSTAVO ANDRADE; [1][2] ARQUIVO PESSOAL.

QUANDO A ESTUDANTE de enfermagem Sara Caren Araújo teve uma gravidez interrompida no nono mês, em meados do ano passado, sua filha Maria Eduar­da ficou inconsolável. Duda, como a pequena de 9 anos é chamada, estava cheia de planos para a irmãzinha, Alice. “Quando veio a notícia da morte, ela se afastou de todo mundo”, conta Sara. “De certa forma, Duda me culpava.” Com a chegada das férias escolares, a situação se agravou. Por sugestão de uma psicóloga que acompanhava o caso, Sara e seu marido, o coordenador de transporte Carleno Alves Araújo, começaram a cogitar a possibilidade de dar à menina um animalzinho. Foi aí que entrou em cena “Bug”, um fofo labrador marrom de olhos verdes. A família comprou o bichinho e Duda começou a cuidar dele como se fosse um bebê — o que ainda não mudou nem mesmo depois de o animal ter atingido 50 quilos. “Nunca imaginei que um cachorro pudesse amenizar a dor de enterrar um filho”, diz Sara. “Ele não apenas conseguiu isso como trouxe a alegria de volta para minha casa.” O amor de Duda é demonstrado, principalmente, por meio dos cuidados. É ela quem prepara as refeições do pet e os dois dormem juntos. “Assim que vi o Bug, sabia que ele era meu”, lembra Duda. “Ele me faz feliz como um verdadeiro amigo.” A psicóloga Giselle Elediê aponta esse compromisso com o bem-estar do animal como um dos pontos positivos da convivência, além da grande ajuda que ele pode dar em situações específicas, como na de Duda. “Acompanhei crianças para quem o bicho de estimação tinha um papel significativo na maneira como lidavam com suas emoções, servindo, algumas vezes, de apoio em casos de luto e separação”, relata. Os animais também são essenciais em diversos tratamentos. Na equoterapia, por exemplo, a interação com os cavalos é utilizada para o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência ou com necessidades especiais. Estudos mostram que crianças com autismo que passaram por processo terapêutico com bichos de estimação apresentaram maior capacidade de interações sociais, segundo a psicóloga.


Outras formas de comunicação O animal favorece o aprendizado de questões essenciais da vida como o nascimento e a morte. “Muitas vezes, a morte de um bicho representa a primeira perda de uma criança”, afirma a médica veterinária Isabela Ferreira Pinto, sócia-proprietária do cemitério e crematório para animais Bosque das Águas Claras, em Macacos. “E é sempre importante contar a verdade ao pequeno, pois assim ele tem como superar a falta do amigo.” O bicho incentiva ainda o senso de responsabilidade e proporciona a possibilidade de entender outras formas de comunicação, que não a verbal. Mãe de Maria Luíza Boniar, com 17 anos, e de Maria Fernanda de Andrade, 3, a empresária Patrícia Alves Ávila sabe disso tudo por experiência própria. Na casa dela, convivem harmonicamente as duas filhas, dois papagaios, um passarinho, um gato, um coelho, cinco yorkshires e uma cadela da raça labra-

dor. Com o conhecimento prático de quem sempre teve animaizinhos em casa, desde que a filha Malu estava em sua barriga, Patrícia garante que esse convívio só fez bem, e muito. “Quando a Malu nasceu, eu tinha um pastor alemão, depois tive uma calopsita e um pato”, conta. “Na nossa casa sempre teve animais, todo mundo solto, todo mundo amigo.” A menorzinha, apesar da idade, é totalmente envolvida no cuidado dos bichos de estimação da família. “Agora estou com filhotinhos de uma das yorkshire e esse foi o segundo parto que a Maria Fernanda ajudou a fazer”, diz Patrícia. Além disso, Maria Fernanda sempre confere se tem ração para os bichinhos e ajuda a limpar o espaço em que eles vivem. “Toda criança merece uma mãe e um pai que a deixe ter um bichinho de estimação”, acredita a médica veterinária Marcela Ortiz, mãe de Paris, uma menina de 5 meses que convive de perto com os vários 4

Paris, de 5 meses, com a tartaruga Casquinha: herança de família

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A pequena Sofia, de 1 ano, e o gato Albino Gregรณrio: amizade desde a barriga da mรฃe

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bichinhos que circulam pela casa: tartaruga, cachorro, uma ave e até uma cobra. A tartaruga Casquinha tem 15 anos. Por ser um bicho dócil, a mãe sempre deixa que ela se aproxime da filha. “A bebê fica encantada com o bichinho. Como uma tartaruga vive mais de 80 anos, ela acabará sendo ‘herdada’ pela minha filha. Acho bom que sejam amigas.” Marcela acredita que os animais ensinam as crianças a conviver com as diferenças. “É um companheiro de brincadeiras que se comunica de outra forma, mas mesmo assim eles se entendem. Aprendem que é preciso dar carinho para receber”, considera. Os animais aceitam as diferenças bem melhor que os humanos, o que contribui na formação de crianças com necessidades especiais. Mas é extremamente importante escolher bem o bicho que vai fazer parte da família. “Um cachorro pode ser um excelente companheiro ou, sem o tempo de dedicação ao ensino das regras, causar dificuldades no ambiente familiar”, diz Giselle. Outra questão são as alergias ou problemas respiratórios. Nesse caso, explica Marcela, é importante fazer um teste médico para saber exatamente qual a alergia da criança. Se for aos pelos do gato, nada a impede de ter uma ave ou um roedor. Para não correr riscos durante a gestação de Isabel, atualmente com 1 ani-

nho, a educadora Poliana Braga procurou um médico e perguntou se precisaria se afastar do gatinho de estimação da família, Albino Gregório, durante os nove meses. “Descobri que muito do que se fala sobre os bichanos é mito. O médico me explicou que só é proibido que a grávida entre em contato com as fezes do gato, como as de qualquer outro animal”, conta. O mesmo vale para a pequena, que se tornou companheira inseparável de Albino. “Na gravidez, ele gostava de deitar na minha barriga ouvindo a Isabel. Hoje, costuma ficar embaixo do berço e corre para protegê-la sempre que ela chora.” Se ter um bichinho de estimação é tudo de bom para as crianças, a psicóloga Giselle Elediê e a médica veterinária Marcela Ortiz alertam, entretanto, que é fundamental a participação, a responsabilidade e a presença dos pais durante todo o processo. “As responsabilidades têm de ser compartilhadas, mas são dos pais em primeiro lugar”, afirma a veterinária. Marcela ressalta que muitos pais reclamam que os filhos não limpam a gaiola do passarinho ou esquecem de colocar comida para o cachorro. “Por mais que uma criança seja atenciosa com seu bichinho, os pais nunca podem esquecer que são eles os responsáveis por aquela criança, aquele bicho e por toda a família.”

Existe idade certa para ganhar um bichinho? A resposta para a pergunta acima é não. Segundo a psicóloga Giselle Elediê, especialistas indicam que a partir de 3 anos de idade a criança vive uma fase do desenvolvimento em que é capaz de entender as regras de convivência. Mas nos casos em que o animal já estava na família antes do nascimento, essa adaptação pode ser feita gradativamente, respeitando sempre a idade da criança. É o que recomenda também a veterinária Marcela Ortiz. De acordo com ela, não há idade certa para essa interação, mas tem de prevalecer o bom senso dos pais. “Minha filha vai fazer 4 meses e convive com várias espécies de animais desde que estava na minha barriga”, diz. “Quando os bichos se aproximam, ela sempre sorri e tenta tocá-los.” A primeira reação da menina é levá-los à boca. “Mas aí ela aprende que não pode, que existem regras e que nenhuma birra vai mudar isso.”=

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4saúde

Crescer dói? Às vezes, sim. Tire algumas dúvidas sobre o incômodo que ocorre principalmente à noite em crianças de 2 a 9 anos e saiba como aliviá-lo POR Cristiane

Miranda

O SEU FILHO vai dormir e começa a se queixar de dores nas pernas, principalmente atrás dos joelhos, na região da panturrilha e nas coxas? É possível que ele faça parte do contingente de crianças que sentem as chamadas dores do crescimento. A seguir, o ortopedista pediátrico Marcelo Sternick, do Hospital Felício Rocho e ex-presidente da seção Minas Gerais da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, responde a seis dúvidas sobre esse diagnóstico, que muitos acreditam se tratar de um mito da medicina.

Crianças de 4 ou 5 anos são mais propensas a apresentá-lo, mas a garotada entre 2 e 9 anos de idade pode se queixar.

# 3

# 2

EM QUAL HORÁRIO ESSAS QUEIXAS OCORREM?

Normalmente à noite, e não é raro a criança acordar de madrugada reclamando de dor, principalmente atrás dos joelhos, na região da panturrilha e nas coxas.

O QUE CAUSA A DOR?

Algumas teorias indicam que o crescimento dos ossos é maior que o dos músculos e tendões, o que os sobrecarrega. Outras, como a das linhas de crescimento Fise, afirmam que os ossos apertam a cartilagem por onde crescem. Mas não há um consenso na medicina.

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ILUSTRAÇÃO: JULIANE FERREIRA

# 1

EM QUE IDADE ESSE QUADRO CLÍNICO É MAIS COMUM?


# 4

QUAL O TRATAMENTO?

A dor do crescimento não é uma doença, mas sim uma ocorrência benigna. No meu consultório, eu brinco muito com os pais dizendo que umas gotinhas de analgésico trazem de volta a paz noturna. Se chegarmos à conclusão de que a criança tem alguma contratura muscular, a orientação é fazer exercícios de alongamento.

# 5

ALGO PODE AGRAVAR OS SINTOMAS?

Muitos pais contam que após um dia mais agitado os filhos tendem a sentir mais dor. Na maioria das vezes, ela se alterna entre os membros: num dia aparece na perna direita, em outro, na esquerda. Também pode se manifestar com maior intensidade em uma das duas. Não existe prazo determinado, mas normalmente as dores ocorrem uma vez por semana ou a cada quinze dias.

# 6

COMO SABER QUE NÃO SE TRATA DE OUTRA DOENÇA, MAIS GRAVE?

Criança que sente dor deve ser levada ao consultório médico, onde é aconselhada a fazer exames complementares para afastar outros diagnósticos. É imprescindível observar se o menino ou a menina não tem nenhum sintoma associado como febre e falta de apetite, assim como alterações em análises laboratoriais e de imagem. Também é necessário observar o padrão, se a dor muda de horário, se o filho aponta outras partes do corpo. Não desprezar as queixas dos pequenos é importante para um diagnóstico preciso e rápido. Já recebi uma criança que havia sido diagnosticada com dor do crescimento mas na verdade tinha leucemia.= JANEIRO 2016 .

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4carnaval

Vai começar o ziriguidum O Bloco Infantil Padecendo no Paraíso já tem datas marcadas para ensaios QUEM NÃO VÊ a hora de colocar o bloquinho na rua nem precisa esperar até o Carnaval para entrar no agito. O já tradicional Bloco Infantil Padecendo no Paraíso, que nos últimos dois anos reuniu 5 000 pessoas nas ruas da capital, está com tudo pronto para cair na folia mais uma vez. Antes da apresentação oficial, marcada para 31 de janeiro, das 10h às 13h, na Praça da Savassi, os “padecentes” farão ensaios todos os sábados de janeiro (confira os locais no quadro), sempre das 9h40 às 12h. A charanga é composta por 35 mães, que ensaiam desde novembro de 2014 e tocam rocar, surdo, caixa e agogô. No repertório, estão as tradicionais marchinhas carnavalescas, sambas, músicas infantis e a marcha autoral Padecendo na Folia. Além de pais e mães, são esperadas 2 000 crianças para acompanhar o bloco e se divertir em meio a confetes e serpentinas. “Todas as famílias são bem-vindas”, afirma Bebel Soares, uma das organizadoras do evento.

9 DE JANEIRO ::: Pampulha (praça a ser definida) 16 DE JANEIRO ::: Praça da Assembleia (bairro Santo Agostinho) 23 DE JANEIRO ::: Barragem Santa Lúcia (bairro Santa Lúcia) 30 DE JANEIRO ::: Barragem Santa Lúcia (bairro Santa Lúcia)

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Confira informações sobre outros blocos mirins em nosso site www.cangurubh.com.br

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FOTOS: [1] DIVULGAÇÃO; [2] ISTOCKIMAGE.

Acompanhe a folia

Mães na brincadeira do ano passado: animação também para os maiores


PRIMEIRA ETAPA

Grande hospital do barreiro um novo tempo para a saúde em bh

100%

SUS

SERÃO 449 LEITOS, 100% SUS

Depois de 70 anos, BH ganha um novo hospital municipal: o Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro, também conhecido como Hospital do Barreiro. Como todo grande hospital, seu funcionamento vai acontecer em etapas. em dezembro, começou a funcionar o setor de urgência. Os demais setores entram em operação gradativamente. Quando toda a estrutura estiver funcionando, a população de BH terá um dos maiores e mais modernos hospitais do Brasil.

CAPACIDADE PARA 20 mil ATENDIMENTOS E 700 CIRURGIAS/MÊS

80 VAGAS NO CTI, 40 NA UNIDADE DE ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO E 16 SALAS DE CIRURGIA

Passo a passo, a Prefeitura faz uma grande transformação na saúde em BH.

enfermarias com o conforto de apartamentos: APENAS 2 LEITOS POR UNIDADE

1.700 PROFISSIONAIS DE SAÚDE, SENDO MAIS DE 400 MÉDICOS

N ÃO PA R A D E T R A BA L H A R P O R VO C Ê .

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4negócios

Empreendedorismo Designer belo-horizontina lança linha de cozinha para crianças depois de não encontrar um brinquedo do gênero que agradasse à sua filha

Alguns dos produtos comercializados pelo Ateliê Materno, com preços entre 400 e 900 reais: a pia e o fogão têm 63 centímetros de altura; a máquina de lavar, 71 centímetros; e a oficina, 1 metro

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Matias

QUANDO A PEQUENA Sofia, de 2 anos, pediu uma cozinha de brinquedo, Carol fez como quase toda mãe. Passou a pesquisar em lojas e sites atrás de produtos de qualidade com um preço justo. Mas, para a tristeza da menina, nada agradou à mãe zelosa. Carol encontrou até mesmo fogõezinhos e geladeirinhas que continham tinta tóxica em seu acabamento. Mas o desejo de Sofia e a persistência da mãe tiveram um resultado surpreendente: a brincadeira se transformou em uma ótima oportunidade de negócios. E, claro, em uma minicozinha de sonho. Carol é a designer belo-horizontina Ana Carolina Moreira, que resolveu colocar a mão na massa e construir ela própria o brinquedo da filha. Não demorou para receber encomendas. O sucesso fez com que ela abrisse a empresa ATELIÊ MATERNO, em julho de 2015. “Quando me dei conta, já tinha vendido dezoito cozinhas”, lembra. Além de ser a principal inspiração para o negócio da mãe, Sofia virou sua ajudante. “Ela participa de tudo, desde o corte da madeira até a pintura”, conta. Juntas, as duas confeccionam móveis em miniatura para montar ambientes de brinquedo que simulam a realidade da vida adulta. Entre os itens estão a minicozinha e a minioficina mecânica, com preços que vão de 400 a 900 reais. “É uma forma de continuar trabalhando e ser mãe em tempo integral.” Carol e Sofia moram atualmente em Florianópolis, mas o Ateliê Materno recebe encomendas de todo o Brasil (informações pelo tel. 48 9922-6729). Em média, a

FOTOS: DIVULGAÇÃO

POR Rafaela


materno empresa vende trinta produtos por mês. Diante do sucesso, Carol pretende ampliar o negócio. “Procurei o Sebrae para me ajudar a vender também para lojistas”, conta. O primeiro contrato já saiu: 180 produtos encomendados por uma empresa interessada em revenda. Outros projetos também estão por vir. Em breve, o Ateliê Materno vai lançar a mesa de desenho, com escrivaninha e cadeirinhas, e o quarto montessoriano, estilo de cômodo totalmente adaptado para a criança, com cama, guarda-roupa e móveis feitos sob medida para a idade e o tamanho de cada um. A história da designer Ana Carolina Moreira não é um caso isolado. Nos últimos três anos, o número de mulheres empreendedoras superou o de homens, chegando a 51,2%, segundo dados da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), do Serviço

Carol com sua filha Sofia: a menina foi a grande inspiradora da designer

Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). “Percebemos um crescimento no número de mães que procuram fazer o próprio horário de trabalho e conciliá-lo com a maternidade”, afirma Luciana Lessa, analista da Unidade de Atendimento do Sebrae. “Algumas delas descobrem, a partir da dificuldade para encontrar um produto ou serviço para os filhos, que existe um nicho de mercado, uma oportunidade de negócio.” Exemplos como o de Carol mostram que maternidade e empreendedorismo têm tudo a ver.=


4meio ambiente

Por um futuro melhor Pesquisa aponta que 94% dos pais da capital mineira consideram importante ensinar práticas sustentáveis aos filhos A TRAGÉDIA AMBIENTAL que assolou o Brasil em novembro, quando o rompimento de uma barragem da mineradora Samarco destruiu o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, e danificou o Rio Doce de forma irreversível, levantou discussões sobre o papel das empresas e da população na preservação ambiental. Uma afirmativa é recorrente: hábitos sustentáveis devem ser incentivados desde a infância. Os pais de Belo Horizonte concordam com essa linha de pensamento. Segundo uma pesquisa realizada pela empresa Sair do Casulo, especializada em gestão e educação para a sustentabilidade, 94% dos pais e mães com filhos entre 2 e 10 anos ressaltam que a sustentabilida-

de deve ser inserida na educação dos filhos (veja mais resultados no quadro abaixo). Um exemplo é o da professora Ana Martins Panissete. Mãe do pequeno João, de 6 anos, ela promove práticas como separar o lixo reciclável. “Ele aprendeu a descartar os diferentes materiais e entende a importância disso”, conta. A família também cria abelhas para extrair o mel de forma natural e conserva um minhocário que ajuda a transformar o lixo orgânico em adubo para a horta. Segundo Ana, esse exemplo é a melhor forma de ensinar. “Tenho certeza de que o João vai levar isso para a vida, porque já é algo natural para ele”, acredita. “A sustentabilidade faz parte do nosso dia a dia.” Se mais pessoas adotarem o mesmo pensamento dos pais belo-horizontinos, é possível que as próximas gerações consigam sonhar com um futuro melhor para o planeta.

Como pensam os belo-horizontinos Veja alguns dos dados apresentados pela pesquisa, com base nas respostas de 352 pais e mães da capital mineira

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acreditam que todas as pessoas devem adotar práticas sustentáveis. ressaltam que a sustentabilidade deve ser inserida na educação dos filhos. têm interesse em assuntos relacionados à sustentabilidade. realizam trabalhos voluntários ou adotam práticas que contribuem para a preservação do meio ambiente.=

FOTO: GUSTAVO ANDRADE

A professora Ana Martins e seu filho, João: minhocário e criação de abelhas

99% 94% 83% 65%


FOTO: ARQUIVO PESSOAL

4História de mãe

O pior dos pesadelos e o sonho mais doce POR Marina

Vasconcellos

NO MEU PRIMEIRO Dia das Mães, eu já estava grávida e não sabia... Poucas semanas depois, aqueles números no papel do laboratório confirmaram o que eu já imaginava: a minha vida nunca mais seria a mesma! Eu era aquela grávida que transbordava felicidade. Me sentia muito bem e a Sofia era tão “sossegada” que passamos de quarenta semanas e não tivemos nenhum sinal de que ela queria conhecer a vida aqui fora. Mas eu não via a hora de conhecê-la! Enfim, ela nasceu. E eu mal podia acreditar que tinha uma filha nos braços! A Sofia era um sonho, e eu, uma mãe apaixonada. Alguns anos depois, decidimos aumentar a família e logo em seguida engravidei pela segunda vez. Era um menino! Eu teria um casal... Não tinha como ficar melhor! Foi mais uma gravidez sem intercorrências e, com os exames todos normais, eu seguia com os preparativos e um novo amor crescendo dentro de mim. O Henrique nasceu grande, lindo e chorou alto. Fui invadida por uma sensação de realização e dever cumprido. Mas logo comecei a estranhar a demora em recebê-lo no quarto. Segundo os médicos, ele apresentava um “desconforto respiratório”. Um quadro passageiro. “Relaxa, mãezinha, ele está bem... Só está um pouco cansado!”, disseram-me. Como meu filho não podia sair da incubadora, fui levada até o berçário. Foi a segunda e última vez que o vi com vida. Ah, se eu soubesse qual seria o desfecho, teria ficado com ele até o fim! Teria amamentado. Teria lhe dito que o amava

imensamente e que, apesar da nossa dor, ele poderia ir em paz. Se tivesse ideia do que aconteceria, teria memorizado cada detalhe do seu rosto, o teria segurado em meu abraço, até ele partir. Mas na manhã seguinte meu filho faleceu, longe de mim, sem que eu soubesse o que ele tinha. A notícia do médico, meus gritos de dor, o enterro, o berço vazio... Explicar à Sofia, ainda tão pequena, que seu irmão não iria para casa... São lembranças que até hoje me deixam sem ar! Mas aos poucos eu aceitei a nossa história e entendi que nunca deixei de ser sua mãe, assim como ele nunca deixou de ser meu filho. Eu estava em paz, mas não estava feliz. Depois de tudo que passamos, ainda sofri um aborto, mas nunca desistimos. Pedimos a Deus que nos enviasse gêmeos, pois eu só poderia engravidar mais uma vez. E não é que fomos abençoados? Laura e Vitória chegaram cheias de saúde e devolveram a alegria (em dobro!) à minha vida. Hoje, como mãe, posso dizer que vivi o pior dos pesadelos, mas vivo, também, o sonho mais doce diariamente...=

Marina Vasconcellos é pedagoga, pós-graduada em alfabetização e com especialização em psicopedagogia. Trabalha como consultora materno-infantil. Como gosta de dizer, é mãe de “três princesas na terra” (Sofia, de 10 anos, e as gêmeas Laura e Vitória, de 4) e um “príncipe no céu”.

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FOTO: GUSTAVO ANDRADE

4viagens, modo de usar

Férias no topo luís giffoni

AS FÉRIAS CHEGARAM, e as crianças estão excitadas com a possibilidade de viajar. Aonde ir, sobretudo nestes tempos de crise, dúvida, com destaque para orçamentos curtos? A primeira opção do belo-horizontino, a praia, além de cara, se repete há anos. Sem falar na competição pela areia, pelo picolé, pelo restaurante. Gente demais, espera demais, qualidade de serviço de menos. Enquanto ficamos obcecados pelo mar, nos esquecemos de Minas Gerais. Somos o estado mais montanhoso do Brasil. Por que não conhecer nossas serras e vales, entre as mais belas paisagens do país, cantadas em prosa e verso por tantos quantos nos visitam? São imensas as possibilidades de relaxamento, contato com a natureza, bons hotéis, diversão para a garotada. Num único dia, pais e filhos podem fazer cavalgadas, caminhar, tomar banho de cachoeira, ver animais nas matas ou nas fazendas, pescar trutas, comer bem, conhecer nosso chão. Garantia de ar puro e fuga ao calor excessivo do verão. Quer mais? O preço é convidativo. Minha sugestão seria um rolé pela Mantiqueira, no Sul de Minas. Como as cidades são próximas, não seria arriscado demais tomar o caminho sem reservar hotel. Em todo o caso, não custa consultar um site (booking.com, decolar.com, kayak.com.br) para verificar disponibilidades. Um bom ponto de partida seria a pequena AIURUOCA, ao pé do Pico do Papagaio, elogiada desde que o botânico francês Auguste de Saint-Hilaire por ali passou, no século XIX. A região encanta com a fauna e a flora, sem mencionar o ritmo de vida alternativo dos habitantes do Vale do Matutu, devotado ao respeito à ecologia. As pousadas no campo, confortáveis na simplicidade, trazem a natureza para dentro do quarto.

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Um pouco à frente de Aiuruoca fica CAXAMBU com seu Parque das Águas e ritmo interiorano, com charretes, passeios nos arredores e boa comida nos hotéis, que servem até quatro refeições na diária. A 5 quilômetros dali, você pode conhecer BAEPENDI, a terra onde viveu Nhá Chica, beatificada pela Igreja Católica. Na cidade existem mais de 100 cachoeiras catalogadas, algumas usadas pelos andorinhões que vêm do Canadá para procriar. SÃO LOURENÇO é outra boa opção para conhecer, também com um Parque das Águas bem montado, com trilhas, pedalinho, muitas aves, muita paz. Dali eu seguiria rumo à parte mais íngreme da Serra da Mantiqueira, tomando a BR-354, que leva à Via Dutra (BR-116), uma sucessão de paisagens de tirar o fôlego, tantos os picos e escarpas e rios e matas que nos cercam em todo o trajeto. No alto da serra, há uma entrada secundária para o PARQUE NACIONAL DO ITATIAIA, o mais antigo do Brasil, marcado por campos verdes, vistas deslumbrantes do Vale do Paraíba e do Pico das Agulhas Negras. Na região há desde pequenas pousadas até um hotel de luxo. Quem quiser ir um pouco além, até o estado do Rio, pode entrar no parque pela portaria principal, em Itatiaia, e ali passar uns dias em clima europeu. Existe boa oferta de pousadas. As opções são muitas na Serra da Mantiqueira, porém a certeza é uma só: adultos e crianças vão adorar as férias no topo. Um topo que diverte e não incomoda o bolso.=

Luís Giffoni é cronista, romancista e palestrante. Autor de 26 livros, tem nas viagens uma de suas paixões. Nelas aprende a diversidade do mundo e das pessoas, experiência que acaba traduzindo em suas obras. Neste espaço, dá dicas sobre como aproveitar o mundo com os pequenos. giffoni@cangurubh.com.br


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FOTO: LUÍZA VILLARROEL

4para ler com seu filho

Deu a louca nos clássicos CONTA DE NOVO! Que adulto nunca ouviu essa frase ao terminar uma história? Toda criança adora ouvir duas, três, dez vezes o mesmo conto e, sem dúvida, a cada vez a história muda um pouquinho, sem deixar de ser igual. Muitos autores da literatura infantil aproveitam para não apenas recontar os clássicos, mas também reinventá-los. Se no cinema há filmes como Deu a Louca na Chapeuzinho, Shrek, Hotel Transilvânia, no mundo dos livros a paródia também corre desenfrea­ da. Monteiro Lobato já fazia isso, há quase um século. Depois Millôr Fernandes criou suas Fábulas Fabulosas, Ana Maria Machado lançou Uma História Meio ao Contrário, que começava com “E foram felizes para sempre”, Pedro Bandeira reuniu todas as princesas dos contos de fada em torno de sua Feiurinha. Os exemplos poderiam continuar por páginas e páginas, mas deixo dois como dica.

leo cunha e os filhos André e Sofia

Em Ervilina e o Princês, Sylvia Orthof vira de cabeça para baixo a história e a moral da história. O ponto de partida, claro, é o conto clássico de Hans Christian Andersen A Princesa e o Grão de Ervilha, no qual uma família real busca a moça mais delicada, mais sensível, mais feminina do reino, para se tornar princesa. Mas, numa divertida reviravolta feminista, Sylvia lança a provocação: e quem disse que a moça mais delicada quer casar com o tal do príncipe, ou melhor... princês? Será que ela não tem outros planos? SOBRE AS AUTORAS: Sylvia Orthof, carioca, foi uma das maiores autoras da nossa literatura infantil e juvenil. Seus mais de 100 livros transbordam humor, sonho, maluquice e poesia. Morreu em 1997, aos 64 anos. Laura Castilhos, gaúcha, é ilustradora e professora de desenho. Recebeu vários prêmios por seu trabalho.

CHAPEUZINHOS COLORIDOS. Texto de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta, imagens de Marília Pirillo. Editora Objetiva/Alfaguara, 2010.

ERVILINA E O PRINCÊS. Texto de Sylvia Orthof, imagens de Laura Castilhos. Editora Projeto, 2009.

Chapeuzinho Vermelho é, provavelmente, a história infantil mais recontada de todos os tempos, isso desde quando foi escrita por Perrault e logo reescrita (e amenizada) pelos irmãos Grimm, séculos atrás. No Brasil temos a versão cortante de Guimarães Rosa, no conto Fita Verde no Cabelo, a versão poética e metalinguística de Chico Buarque, em Chapeuzinho Amarelo, e, entre outras tantas, as seis variações que compõem Chapeuzinhos Coloridos. Cada Chapeuzinho — Azul, Verde, Lilás, Preta, Branca e Cor-de-Abóbora — é mais inesperada que a outra: da realista à surreal, da ingênua à questionadora. Usando o mote das cores, a ilustração mistura tinta, tecidos e colagens para redescobrir esse mundinho tão conhecido de todos nós. SOBRE OS AUTORES: José Roberto Torero, paulista, escreve livros para crianças, jovens

e adultos. É também jornalista e cineasta. Vários de seus livros são parcerias com Marcus Aurelius Pimenta, paulista, que é um dos roteiristas do seriado Peixonauta. Marília Pirillo, gaúcha, já ilustrou dezenas de livros infantis e juvenis e é também escritora.

Leo Cunha é escritor e publicou mais de cinquenta livros, como Vira-lata (Ed. FTD) e ABCenário (Ed. Autêntica). Já recebeu os principais prêmios da literatura infantil brasileira, como Jabuti, Nestlé e João-de-Barro. Na Canguru, dá dicas de livros para crianças. leocunha@cangurubh.com.br

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4na pracinha

Parque Mosteiro Tom Jobim O MAESTRO DAS águas de março inspirou o nome de um espaço que poucos conhecem, no bairro Luxemburgo: Parque Mosteiro Tom Jobim. Escondido e encantador. Chegando de carro, já dá para ter a dimensão do lugar: quanto verde, que lugar é esse? Na entrada, o vigia nos recebe de bom humor e diz: “o playground é aqui embaixo, mas tem muuuito parque ainda lá para a frente, aproveitem o dia!” Lindo paisagismo, espaços de contemplação em meio ao verde, tão acolhedor...! O parquinho tem os tradicionais brinquedos de madeira, uma amarelinha (amamos!) e um fantástico navio pirata, supercolorido e adequado para a curtição dos pequenos (a faixa etária indicada é de 3 a 7 anos). E mais: um grande quadrone­gro para as crianças soltarem

“Tempos de flores, de primavera Tempos de amores, de abrir a janela Tempos de luz, de sabiá Deixa o mato verde se espalhar Nosso planeta precisa carinho De muito ar puro e riacho clarinho Vamos tentar nossa Terra viver Deixa o mato verde florescer” Tom Jobim

a criatividade. Quadro-negro em parque ecológico? Então, eu não disse que era um parque surpreendente? E para fechar com chave de ouro: banheiros feminino, masculino e tro-ca-dor. Sim, senhor. Não é de primeiro mundo, mas é tudo conservadinho. Até um tan-

que funcionando direitinho tem no local. Este é daqueles parques estilo “super recomendamos”. Pessoal, levem seus filhotes, criem uma turminha para passar a manhã por lá. E lembrem-se de levar giz para aproveitar por completo o local :)

FOTOS: DUORAMA FOTOGRAFIA

“Se todos fossem no mundo iguais a você...” Tom Jobim =

Criado em 2011 pelas mães Flávia Pellegrini e Miriam Barreto, o blog tem o objetivo de incentivar brincadeiras ao ar livre em família. Na Canguru, as fundadoras do Na Pracinha dão dicas de passeios divertidos para a meninada. www.napracinha.com.br

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4padecendo no paraíso

Dicas de segurança para o Padecendo na Folia e outros bloquinhos de Carnaval Vai ser muito legal, mas ninguém quer perder os filhos no meio da festa! Fique ligado nestas dicas para não correr o risco

1.

Não esqueça da pulseira de identificação com os dados da criança e dos pais, incluindo telefone de contato. Serão distribuídas 3 000 pulseiras. Leve caneta para preencher, de preferência daquelas que escrevem em CD.

Tirar uma foto da criança antes de sair de casa ajuda a lembrar como ela estava vestida. Também dá para divulgar a imagem em caso de desaparecimento, apresentando-a aos seguranças do local.

2.

6.

Caso não tenha a pulseira, identifique a criança à caneta, no próprio antebraço.

3.

Uma boa dica são as tatua­ gens de segurança tempo-

rária

(www.cacarecosdacaca.com.br/ pd-28080-tatuagem-de-seguranca.html?ct=1f474&p=1&s=1).

5.

Vale usar mochila tipo coleira ou uma espécie de coleirinha que se prende no pulso da criança, evitando que ela se afaste dos pais.

7.

Não se distraia. Pisque com um olho só! E não tire os olhos das crianças!

8.

Invente uma música para ajudar a criança a decorar o número do telefone dos pais, o endereço de casa etc.

10.

Tem mãe que amarra balão no pulso da criança para que seja localizada de longe! Vale tudo para não correr riscos! Lembre-se: o ideal é que seu filho possua RG, pois a impressão digital dele fica registrada! No mais, vamos curtir muito, lembrando de usar roupas leves e beber bastante líquido!=

4.

As crianças deverão ir fantasiadas, e, claro, teremos fantasias repetidas. Cuidado para não confundir seu super-herói ou a sua princesa com um clone.

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Coordenado pela arquiteta Bebel Soares e pela designer Tetê Carneiro, o grupo Padecendo no Paraíso nasceu em março de 2011, no Facebook, e é formado atualmente por mais de 6 000 mães. Na Canguru, as fundadoras do Padecendo discutem assuntos como saúde, alimentação, sexo, viagens, educação, estética e beleza. www.padecendo.com.br

ILUSTRAÇÃO: JULIANE FERREIRA

9.

Um sensor à prova d’água pode ser instalado em pulseira, cordão, roupa ou mochila. Ele informa a localização da criança por meio de um aplicativo compatível com dispositivos do sistema iOS. Os pais visualizam em um mapa na tela do gadget onde a criança está (https://shop.beluvv.com).


FOTO: ARQUIVO PESSOAL

4artigo | Jamil Nahass

Os cuidados para bebês e crianças no verão NOS ÚLTIMOS ANOS, estamos convivendo com o aumento gradual das temperaturas, principalmente nas grandes cidades. Belo Horizonte, que no passado era conhecida pelo clima ameno, tem agora um ar abafado, quente e seco. Todos sofrem com essas mudanças perdendo líquidos pela perspiração insensível (respiração e suor), mas principalmente os bebês e crianças, que têm um organismo mais frágil e sem tantas defesas. Os pequenos possuem uma superfície corporal menor do que a do adulto, o que os predispõe a uma maior perda de líquidos, especialmente no verão. Por isso, os pais devem redobrar a atenção nessa época, já que a desidratação, quando muito severa, pode até levar a óbito. O ideal é que a criança beba pelo menos 2 litros de água por dia. Pode dar suco natural e água de coco, mas não a substitua por refrigerantes. Os bebês que são alimentados com leite artificial também devem tomar água durante o dia. No caso dos pequenos que recebem aleitamento materno, o número de amamentações deve aumentar, porque essa é a única fonte de líquido que recebem. É importante que os pais fiquem atentos aos sintomas de desidratação: boca seca, olho fundo, pele com elasticidade diminuída e moleira mais funda, no caso dos recém-nascidos. A diarreia também é motivo de preocupação, porque faz com que a criança perca líquido muito rápido. É importante fazer a hidratação oral com soro caseiro imediatamente. Se o quadro não melhorar, a criança deve ser levada ao serviço de urgência. As principais causas de diarreia são a ingestão de água ou alimentos contaminados, medicamentos (antibióticos, por exemplo), higiene pessoal incorreta, doenças inflamatórias do intestino e baixa imunidade. Para evitá-la, dê apenas água

É importante ficar atento aos sintomas de desidratação, como boca seca, olho fundo, pele com elasticidade diminuída e moleira mais funda nos recém-nascidos

filtrada, mineral ou fervida a seu filho, lave sempre as mãos quando for alimentá-lo, fique atento aos alimentos que se perdem mais facilmente com o clima quente e em nenhuma hipótese medique-o sem consultar um médico.

Roupas leves e protetor solar Pode estar um calor infernal, mas mesmo assim vejo muitas crianças agasalhadas pelas mães e pais em meu consultório. Claro que as intenções são as melhores, mas não duvidem: os pequenos também sofrem com as altas temperaturas. Por isso, opte por roupas leves e frescas. Os bebês, por exemplo, podem ficar apenas de fraldas. Também é importante evitar passeios nos horários mais quentes, das 10h às 17h. Sempre que a criança ou o bebê saírem de casa, aplique filtro solar nos pequenos. Existem alguns produtos específicos para recém-nascidos e eles devem ser passados com uma frequência maior. O ideal é que seja aplicado trinta minutos antes da exposição ao sol. Além disso, podem ser usados viseiras ou bonés, que ajudam a proteger os olhos.=

Jamil Nahass é médico pediatra há cinquenta anos, foi chefe do Serviço Ambulatorial e responsável pela Enfermaria de Semi-Internação do Hospital Infantil João Paulo II (antigo Centro Geral de Pediatria). É vice-presidente da área de saúde do Pampulha Iate Clube e atende na unidade da Unimed em Contagem.

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4artigo | Alba Lúcia Dezan e Beatriz Neves Braga

O melhor de você para seu bebê: amamentação e troca

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Mesmo que a mãe não amamente o bebê ao seio, o vínculo afetivo pode ser igualmente estabelecido entre a dupla enquanto o bebê está em seu colo sendo alimentado a partir da mamadeira

neira saudável, o que conta não é necessariamente a amamentação ao seio, mas a presença de uma mãe capaz de fornecer ao seu bebê o holding, ou, numa tentativa de tradução desse termo, o aconchego, o colo afetuoso, o carinho. Durante o momento da amamentação, ao fornecer o holding ao bebê, a dupla pode brincar pela primeira vez. Nesse fazer, o bebê constrói algo que lhe será fundamental: o espaço potencial, no qual ele poderá vivenciar as mais diversas experiências de onipotência que posteriormente, na vida adulta, darão lugar às vivências culturais. Dito de outra forma, é nesse fazer criativo dentro do espaço potencial, nesse brincar a dois, que começa com o encontro de olhares, que o sujeito irá constituir, pouco a pouco, sua forma de ser no mundo. E é a mãe suficientemente boa, como a chamou Winnicott, e não um seio ou uma mamadeira, que irá permitir ao bebê a possibilidade de se constituir um sujeito psíquico criativo e espontâneo. Simples assim.= Alba Lúcia Dezan é psicóloga clínica, mestre em psicologia

clínica e cultura pela UnB e professora do curso de psicologia do IESB — Brasília.

Beatriz Neves Braga é psicóloga clínica pela PUC Minas, especialista em diagnóstico infantil, ludoterapia e aconselhamento de pais. Pós-graduanda em gestão do conhecimento e neuroeducação.

FOTOS: [1] ARQUIVO PESSOAL; [2] DAVID BRAGA FOTOGRAFIA.

A AMAMENTAÇÃO AO seio proporciona à dupla mãe-bebê um momento de profunda intimidade e de construção de um forte laço afetivo. Além disso, incontestavelmente, o leite materno é o alimento mais completo que um bebê pode ingerir durante os seus primeiros meses de vida. No entanto, por motivos diversos, muitas mulheres não podem amamentar o seu bebê ao seio. É nesse momento que a dúvida e a culpa ganham lugar: o vínculo será quebrado? O desenvolvimento do bebê será prejudicado? A boa notícia: mesmo que a mãe não amamente o bebê ao seio, o vínculo afetivo pode ser igualmente estabelecido entre a dupla enquanto o bebê está em seu colo sendo alimentado a partir da mamadeira. Algo que se faz fundamental no momento da amamentação, seja ao seio, seja com a mamadeira, é que a mãe esteja disponível e inteira para o seu bebê, sem distratores. O olhar da mãe deve estar disponível para que o seu bebê o encontre. Se a mãe está inteiramente atenta às necessidades do bebê, o seu olhar durante a amamentação funciona como um espelho para ele: o bebê olha para a mãe, mas se vê no olhar dela! E isso não depende do meio pelo qual ele está sendo alimentado. Depende, antes, da afetividade que a mãe tem para com ele. Ao olhar para a mãe e se ver refletido nela, o bebê, progressivamente, é capaz de integrar-se, tornar-se uma pessoa inteira, espontânea e criativa. Se a mãe se preocupa com outras coisas enquanto alimenta seu bebê, ele irá buscar o seu olhar e não irá encontrá-lo. O trabalho junto a crianças e a suas mães permitiu a Winnicott, psicanalista e pediatra inglês (18961971), reconhecer a importância da relação entre a dupla para o desenvolvimento psíquico do indivíduo. Segundo ele, para que o bebê se desenvolva de ma-

[1]


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FOTO: MÁRCIO RODRIGUES

4crônica

Para aprender a vida O LIVRO ERA A Árvore Generosa, de Shel Silverstein, com tradução do nosso Fernando Sabino. Comecei a ler em voz alta, depois passei para ele e iniciamos o nosso revezamento de sempre. O desenho tinha nuan­ças de humor, mas parecia apenas mais uma história. Não demorou para que ela revelasse o seu delicado soco no estômago. A amizade entre uma árvore e um menino trazia duras reflexões. Os valores que se transformam à medida que crescemos. Relações em que um dá e o outro só recebe. O tempo que passa, o menino que cresce, e nós, pais, fazendo o papel da árvore: vendo os filhos seguir em frente, sem o direito (ou o poder) de detê-los. As lágrimas começaram a me embaçar a vista. Chorava a criança que mora em mim. Chorava a velha que ainda vou me tornar. Chorava a minha dor e a dele — tocado pela história e por seu impacto em mim, Francisco chorava também. E era uma vez mãe e filho lendo um livrinho antes de dormir. Aos 6 anos, meu filho estava diante da dor da vida. Não era cedo demais para isso? Mas logo me dei conta: não era a primeira vez que a vida real alcançava o menino. Beirando os 3 anos, ao entrar para a escola, ele observara a vida dos colegas e percebera que em sua casa faltava um personagem. “Cadê meu pai?”, perguntou-me naquele dia. Não medi as palavras. “Seu pai morreu, filho. Antes de você nascer. Ele não queria, mas a gente não manda nessa parte.” Uma pergunta foi pouco. “E como foi?”, ele quis saber. “O coração dele parou de repente e ele caiu.” Francisco se deitou no chão para demonstrar. “Assim mesmo, filho”. Ele se calou por um tempo. No final do dia voltou ao assunto: “Eu tô muito bravo que meu pai tá morrido.” Deixei claro que o sentimento era natural e justo. Onde já se viu morrer antes do nascimento do filho? “Coisas da vida, Fran. Não há nada que possamos fazer.”

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cris guerra e o filho francisco

Existe hora para falar com uma criança sobre o que faz sofrer? Provavelmente sim: o momento em que sua história pedir. Para cada um será um momento diferente

No vocabulário de Francisco, a palavra morte fica pertinho da palavra pai. É sua história, foi preciso lidar bem cedo com ela. E ele deu seu jeito. De olho em meus movimentos afetivos, achou um cara legal para chamar de pai. O namoro virou casamento, o casamento durou pouco, mas eles continuam pai e filho. Foram juntos para o Beach Park, lugar perfeito para quem tem urgência de vida nas veias. Francisco ama as férias de janeiro no sítio dos avós. Conta os dias para a chegada dos aniversários. Joga futebol, anda de bicicleta, é viciado em videogame. Tem um primo mais velho que é amigo e ídolo, além de dois ou três melhores amigos na escola. Odeia português, detesta aula de artes, é ótimo em matemática. Um menino como outro qualquer. Existe hora para falar com uma criança sobre o que faz sofrer? Provavelmente sim: o momento em que sua história pedir. Para cada uma será um momento diferente. Cedo ou tarde, todo menino confronta sua árvore generosa.=

Cris Guerra é publicitária, escritora e palestrante. Fala sobre moda e comportamento em uma coluna diária na rádio Band News FM e a respeito de muitos outros assuntos em seu site www.crisguerra.com.br. Na Canguru, escreve sobre a arte da maternidade. crisguerra@cangurubh.com.br



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