Canguru | RJ | Dezembro de 2017 | Número 8

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criando filhos melhores para o mundo

dez 2017 | nº 8 | Rio de Janeiro

Papai Noel

passa pela sua casa? Tania Zagury:

‘Filhos são projeto para, NO MÍNIMO, 20 ANOS’

Galinha Pintadinha

faz aniversário com

MOTIVOS PARA COMEMORAR

Aloha!

Surfe também é coisa de criança + Onde os pequenos podem fazer aulas no Rio + ‘Família Nalu’ vive aventuras em alto-mar




4nesta edição

seções Primeiras palavras Nossos leitores Missão Instagram www.canguruonline.com.br Comprinhas Mundo Kids Moda, por Roberta Paes Corrente do bem Eles dizem cada coisa Canguru viu e curtiu Viagens, modo de usar, por Luís Giffoni Nosso Quintal

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Padecendo no Paraíso, por Bebel Soares Para ler com seu filho, por Leo Cunha Artigo, por Iara Mastine Artigo, por Taissa Beltrão Borges Artigo, por Cíntia Aleixo Crônica, por Cris Guerra

Reportagens

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Para encarar o calorão: surfe é esporte completo, sustentável e refrescante

Comportamento | Papai Noel não é unanimidade nas famílias e nas escolas

Criação de sucesso: como a Galinha Pintadinha espera chegar triunfante à segunda geração de fãs

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[3]

Verão | Aulas de surfe são indicadas para crianças, como a Belinha, da ‘Família Nalu’ Entrevista | Tania Zagury fala sobre criação de filhos e educação Entretenimento | A história de sucesso da Galinha Pintadinha, que faz aniversário neste mês Diversão | Onde as crianças podem fazer aulas de circo no Rio

Arte circense: crianças perdem a timidez e se desenvolvem com acrobacias

Nossa capa Vitória, de 5 anos, é filha de Bruna Uzêda e Jonas Paulino do Nascimento. FOTO: DANIEL MELLO

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FOTOS: [1] DANIEL MELLO; [2] RICARDO DETTMER; [3] RICARDO BORGES

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Carinho e aconchego para sentir o maior amor do mundo.


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DIRETOR EDITORIAL: Eduardo Ferrari DIRETORA DE PROJETOS ESPECIAIS: Ivana Moreira

A Canguru é uma publicação mensal da Scrittore Comunicação e Editora Ltda. CNPJ 12243254/0001-10

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FSC


FOTO: GUSTAVO ANDRADE

primeiras palavras

O melhor está por vir Ivana e os filhos Pedro e Gabriel

E, DE REPENTE, o ano acabou. Já estamos com a cabeça em 2018, com planos e sonhos para o novo ano. Adoro este espírito de esperanças renovadas que dezembro traz. Se o balanço não é exatamente o que eu esperava, tudo bem: tenho um calendário em branco, novinho em folha, para escrever outra história. O ano de 2017 não foi fácil lá em casa. E estou tentando transmitir aos meus dois filhos essa confiança no recomeço e na possibilidade de aprendermos com os erros e de construirmos coisas muito boas a partir de tudo que assimilamos, de nos tornarmos melhores a cada dia. E eu, como mãe, aprendi muito, demais. Por causa da Canguru, estive, nos últimos meses, com especialistas que me marcaram profundamente, que mexeram com as minhas convicções e que acenderam ainda mais dentro de mim o desejo de mudança, de renovação. Em novembro, tive o privilégio de participar de um fim de semana de treinamento para coaches de pais e filhos com a inglesa Lorraine Thomas. Tudo que aprendi com ela não cabe nesta página de revista. Mas posso garantir: entendi que posso (e quero, e vou conseguir!) tornar minha relação com os meninos mais harmônica. E muito, muito, muito mais divertida. Consultora da Disney em filmes como o megassucesso Divertida Mente e considerada uma das pioneiras mundiais neste trabalhado de coaching parental, com quatro livros publicados, Lorraine virá ao Brasil no próximo mês de maio, como palestrante do 4º Seminário Internacional de Mães. Estou ansiosa por essa oportunidade de ver outras mães serem tão tocadas quanto eu fui. Não importa quantos anos seus filhos tenham, se eles mal saíram das fraldas – ou se eles já até saíram de casa. Sempre é tempo de repactuar – para melhor! – a relação entre pais e filhos. O próximo ano será sensacional lá em casa, tenho certeza. E, na Canguru, 2018 também será incrível, cheio de novidades (que em breve anunciaremos) para os leitores e para as escolas parceiras. Independentemente de quais sejam suas convicções religiosas, de como você escolhe celebrar o Natal e o Réveillon ou outras tradições, transformem esse momento em uma oportunidade para inspirar esperança e fé nas suas crianças. O melhor está por vir!

Ivana Moreira, DIRETORA DE CONTEÚDO ivana@canguruonline.com.br

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Canguru Não podia deixar de elogiar e agradecer pelo envio da Canguru, repleta de matérias úteis, atuais e de muito esclarecimento. Ficamos encantados, e o retorno de vários responsáveis aumentou o meu desejo de escrever parabenizando pela iniciativa tão válida e valiosa. A qualidade da impressão e a sabedoria dos textos tornaram imperiosos os elogios que a Canguru merece. — Maria da Glória Vasconcellos, em nome da direção e do corpo docente das Escolas Paraíso Infantil Popeye, na Lagoa e no Leblon, no Rio de Janeiro

Acompanho a revista Canguru e estou apaixonada pelo trabalho de vocês! — Tatiane Guimarães

Aplaudo de pé o texto! Realmente, nossa sociedade ainda precisa evoluir muito. Criar nossos filhos passando para eles a certeza de que serão respeitados, independentemente de suas escolhas, é um ato de amor extremo. — Érika Figueiredo Gomes, de Belo Horizonte

Hoje a vida das meninas é mais fácil do que era no meu tempo. Minhas filhas jogam futebol, têm pista e carrinho. Tiveram fantasias de super-heróis e, claro, muitas bonecas! — Jane Gusmão Freitas, de Belo Horizonte

FALE COM A CANGURU Entre em contato pelo e-mail redacao@canguruonline.com.br ou deixe um comentário em nossas redes sociais.

Missão cumprida! Próxima fase! Estou agradecido pela oportunidade de colaborar com a reportagem de capa da edição de novembro. Aproveito para saudar o excelente trabalho realizado! — Cássio Frederico Veloso, psicólogo e psicopedagogo, criador do Núcleo de Desenvolvimento Bora Brincar em Belo Horizonte

Enquete Canguru Qual a pergunta que você mais odeia que te façam sobre seus filhos?

14%

Mistérios por toda parte A matéria sobre Detetives do Prédio Azul ficou demais, Canguru! Adorei! Beijo para vocês.

12%

39%

11%

— Pedro Henriques Motta, ator de D.P.A.

4% 4% 8%

Padecendo no Paraíso Belo texto, “Filhos e as questões de gênero” [publicado na edição de novembro da Canguru]. Minha filha brinca de varrer a casa e de boneca, joga futebol, brinca com carrinhos. Ela não tem 2 anos ainda e tem o direito de se interessar por atividades diferentes. Quero criá-la para ser feliz, desenvolvida... não tirada de um molde, engessada. — Bruno Valle

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Ele/ela ainda mama no peito? Ele/ela é grande/pequeno demais para a idade, não? Quando vem o próximo? São gêmeos? É seu/sua? Parece mais com o pai/a mãe, não? Será que ele/ela não está com fome? Ele/ela é sempre agitado/agitada assim? Outras

Fique de olho em nossas novas enquetes!

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Elas são sempre divulgadas em nossa página do Facebook: www.facebook.com/canguruonline


@fernanda.bandeira22

É impressionante a quantidade de pequenos músicos que existe por aí! Nossa timeline ficou cheia de crianças tocando (ou brincando com) violões, flautas, baterias, violinos, guitarras e tambores. Você vê todas as imagens em nosso site e redes sociais.

São Paulo / SP

@teia_rosa São Paulo / SP

Diogo, de 7 anos adora dançar e cantar e não se cansa de ouvir Despacito.

@felipeporai Belo Horizonte / MG

Cecília, de 3 anos, viajando em sua flautinha!

Felipe, também de 3, tem tanto orgulho de seus instrumentos musicais que enfileirou todos eles e pediu para a mãe, Mariana, fazer uma foto!

FOTOS: REPRODUÇÃO INSTAGRAM

Próxima missão: Tem criança na cozinha! Você já deixou seu filhote te ajudar em alguma receita especial? Fotografe seu filho ou filha, sozinho(a) ou ao seu lado, e poste no Instagram com a hashtag #canguruonline. Seu mestre-cuca pode sair na próxima revista Canguru e em nossas redes sociais.

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www.canguruonline.com.br

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Promoção

Brinque de montar sua própria casinha com a Canguru A PROMOÇÃO DE dezembro é para aqueles que adoram usar a imaginação. A Canguru, em parceria com a empresa Eu Amo Papelão, vai sortear uma casinha. Mas não é qualquer casinha: esta tem 1,10 m de altura e faz a festa da criançada. E tem um detalhe divertido e sustentável: é toda feita de papelão e pode ser montada e desmontada quantas vezes as crianças quiserem, além de pintada e enfeitada à vontade pelos pequenos. A empresa gaúcha Eu Amo Papelão nasceu em 2013 com a proposta de criar e produzir brinquedos e móveis a partir do material, que é versátil, resistente, leve e sustentável. A ideia do novo negócio partiu de uma necessidade do casal Thiago Cestari da Costa e Simone Buksztejn Menda de curtir mais momentos de comunicação com os filhos, Renato e Roberta, na época com 6 e 3 anos, respectivamente. “Chegávamos em casa do trabalho e sentíamos falta de momentos de maior interação com as crianças, do olho no olho, de brincar e aprender juntos. Nós nos demos conta de que esses preciosos momentos estão cada vez mais escassos neste mundo cada dia mais corrido e tecnológico”, explica Simone, sócia do empreendimento. Hoje a empresa vende, além de casinhas tão fofas

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quanto a que sortearemos na promoção de dezembro, mais uma porção de brinquedos, como carrinho, foguete, avião, castelo e fazendinha. Também produz móveis de papelão, como cadeira, mesa infantil e bancos. E tem até árvore de Natal de papelão! Acesse o portal da Canguru e saiba como participar dessa superpromoção: www.canguruonline.com.br. Ah, e quem ganhar a casinha não pode se esquecer de fotografar para mostrar como ficou a obra-prima! E TEM MAIS! Os leitores da revista têm 10% de desconto nas compras realizadas na loja virtual da Eu Amo Papelão. Basta utilizar o cupom de desconto: CANGURUEAP no e-commerce loja.euamopapelao.com.br.

NA BANDNEWS FM às terças e sextas-feiras, às 13h40, com reprise às 16h17 e também aos sábados e domingos, ouça a coluna de Ivana Moreira, diretora de conteúdo da Canguru. Ouça as gravações em www.canguruonline.com.br/radio.



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Novidade

Novas blogueiras no time A Canguru anuncia, com orgulho, a criação de dois novos blogs, com estreia agora, em dezembro: Coaching para Pais, de Iara Mastine, e Entre Batons e Crayons, de Laura Ladeira e Priscila Peres. Iara é psicóloga e coach de pais e filhos, com extenso currículo: formada pela UNESP e pela Sociedade Brasileira de Coaching, possui forte parceria com Lorraine Thomas, pioneira em coach para pais e considerada a número 1 do Reino Unido, representando-a e coordenando os treinamentos no Brasil. É considerada a primeira facilitadora brasileira treinada presencialmente pela médica americana doutora Amy Saltzman, precursora da técnica. Coordenou e escreveu o livro Coaching para Pais: Estratégias e Ferramentas para Promover a Harmonia Familiar. Laura e Priscila são amigas-irmãs há 17 anos, têm trabalho premiado na Disney, mas o que mais curtem é a criação das filhotas de 3 anos, Sofia e Valentina, que as inspiraram a criar o blog. Na Canguru, elas vão ensinar a produzir brinquedos feitos em casa ou falar de suas dores e alegrias, sempre com muito amor. Leia nossos blogs em www.canguruonline.com.br.

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Roteiro

Uma das prioridades da Canguru é oferecer serviços completos e atualizados para seus leitores. Por isso, já trouxemos os melhores restaurantes com estrutura de espaço kids na cidade e todos os dias atualizamos a programação local em nosso site (www. canguruonline.com.br/roteiros). Neste fim de ano, estamos fazendo uma compilação de quase todos os programas natalinos, como lugares com decoração bonita para visitar ou para tirar foto com o Papai Noel. Também vamos informar as programações de colônias de férias e as festas de Réveillon mais apropriadas para levar crianças pequenas. Acompanhe tudo em www.canguruonline.com.br.

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FOTO: [1] DIVULGAÇÃO; [2][3] ARQUIVO PESSOAL; [4] MATEUS BARANOWSKI

Papai Noel, colônias de férias e Réveillon na cidade


#bombounoano

As 10 notícias mais lidas no site da Canguru em 2017 Você pode ler todas estas reportagens em www.canguruonline.com.br

#1 PROFESSORA MUNICIPAL DE BEAGÁ CRIA ENGENHOCA QUE REVOLUCIONA LEITURA EM SALA DE AULA E a TV Canguru foi lá mostrar como o sussurrofone funciona.

#2 OS 15 MELHORES RESTAURANTES PARA LEVAR CRIANÇAS NO RIO DE JANEIRO #3 TODOS OS BLOQUINHOS DE CARNAVAL PARA LEVAR AS CRIANÇAS EM BEAGÁ #4 OS 50 PEDIATRAS MAIS QUERIDOS DE BELO HORIZONTE Levantamento foi feito pelo grupo Padecendo no Paraíso, que reúne mais de 7.000 mães.

#5 HOTÉIS E POUSADAS PARA IR COM CRIANÇAS A MENOS DE 200 KM DE BEAGÁ #6 CONHECE A DISCIPLINA POSITIVA? VEJA OS SEUS PRINCÍPIOS E AS FERRAMENTAS PARA APLICÁ-LA #7 HISTÓRIA DE MÃE: ‘O DIA EM QUE ACHEI QUE TINHAM ROUBADO MEU FILHO NO PARQUE’ #8 SEIS VACINAS TÊM AMPLIAÇÃO DE PÚBLICO-ALVO: VEJA O QUE MUDOU #9 ‘SEMPRE LAMENTAREI POR NÃO TER TIDO MAIS TEMPO COM VOCÊ, MEU FILHO’ O emocionante depoimento de um pai que havia acabado de perder o filho.

#10 CONFIRA ALGUMAS DICAS PARA CAPRICHAR NA MERENDEIRA DO SEU FILHO TV Canguru A Crise da Academia foi o vídeo mais visto da série #50Crises, com Cris Guerra. “Ir à academia, para mim, é um exercício de fé”, começa a colunista da Canguru, com seu bom humor de sempre. “Toda a minha vida se resume a tentar fazer academia”. Muitos leitores se identificaram. Assista na íntegra ao vídeo de três minutos em youtube.com/TVCanguru. “Disciplina positiva” foi o tema com mais visualizações na série Canguru Entrevista. Ivana Moreira, diretora de conteúdo da Canguru, conversou com a pediatra Juliana Franco, de Belo Horizonte.

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EDIÇÃO Cristina

Moreno de Castro

Em clima de Natal As crianças geralmente adoram enfeitar a casa para as festas de fim de ano! Por isso, demos uma mãozinha neste mês, com sugestões para a família se divertir junto neste momento.

LIVRO-PRESÉPIO Montagem dispensa tesoura e cola

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32,30

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LET IT SNOW! R$

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

PAPAI NOEL Com 1,80 m de altura, toca sax e dança quando detecta movimento por perto


GUIRLANDA BONECO DE NEVE R$

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LUZES DE LED Com 20 bolinhas coloridas

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MICKEY MOUSE R$ MEU CALENDร RIO DE NATAL

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Com minilivrinhos que viram enfeites para a รกrvore

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59,90

www.saraiva.com.br

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POR Rafaela

Matias e Luciana Ackermann

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CONSULTAS DE PRÉ-NATAL são o mínimo indicado, conforme a Organização Mundial da Saúde.

É moda ou saúde? VOCÊ PODE ATÉ não saber o que é ou para que serve o colar de âmbar, mas é improvável que ainda não tenha visto bebês desfilando por aí com o acessório de cor amarelada. A correntinha, feita com pedrinhas de âmbar (uma resina fóssil, com consistência de cera, derivada de uma espécie de pinheiro) ficou famosa por apresentar supostas propriedades terapêuticas. Isso porque o princípio ativo do material é o ácido succínico, substância usada para fortalecer o sistema imunológico e melhorar a atividade cerebral, além de ter funções analgésicas e anti-inflamatórias que poderiam amenizar as dores das cólicas e da dentição. Apesar das crenças, a comunidade médica alerta para a falta de estudos científicos que comprovem os benefícios da peça. Além disso, um estudo realizado pela Sociedade de Pediatria Canadense mostrou que ela causa riscos de estrangulamento por ficar pendurada no pescoço da criança, que também pode se engasgar caso uma pecinha se solte.

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Se você for o socorrista O choque anafilático é uma reação alérgica grave, de evolução rápida e que pode causar a morte. De acordo com o Departamento de Alergia e Imunologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), até 25% dos óbitos ocorrem na escola, e a maior parte deles é pelo atraso no socorro. Por isso, é importante saber identificar e lidar com uma criança nessas condições, para garantir os primeiros socorros imediatos. Conheça os principais sintomas:

» urticária, inchaço, coceira, vermelhidão; » dor de barriga, náusea, vômitos e diarreia; » coriza, espirros, obstrução nasal, coceira na garganta, inchaço nos lábios e na língua, dificuldade para engolir, mudança na voz, tosse, aperto no peito, chieira e falta de ar;

» queda de pressão, desmaio e taquicardia.

VEJA MAIS INFORMAÇÕES SOBRE CAUSAS E TRATAMENTO EM: wwww.canguruonline.com.br

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eu já fui

criança

A febre do momento

Rita Lee

O hand spinner parecia ser o brinquedo mais almejado de todos os tempos e dava indícios de que seria a sensação de 2017. Mas o objeto rotatório parece já ter sido substituído por um novo (mas nem tão novo assim) sonho de consumo da criançada. A febre do bate-bola começou na época dos vovós e volta de tempos em tempos para a porta das escolas. Ele ganhou um nome mais moderno – thumb chucks –, mas a simplicidade do artefato ainda é à moda antiga: duas bolinhas conectadas por um cordão. O desafio é fazer manobras com os pés e as mãos e propôr competições que tornem o jogo interativo. Se o seu filho ainda não te pediu um, é provável que em breve a novidade também chegue por aí. A Canguru encontrou o brinquedo à venda na internet a partir de R$ 4,50.

FOTO: [1] PIXABAY; [2] REPRODUÇÃO / DIVULGAÇÃO; [3] ARQUIVO PESSOAL

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ELA ACHAVA QUE iria fazer cinema. Chegou até a declarar que gostava mais da sétima arte do que da música. Mas, fala sério, dá [3] para imaginar o nosso velho e bom rock’n’roll sem a ovelha negra da família? Impossível! De franja, loirinha, ruivinha ou grisalha, Rita Lee Jones sempre brilha. É a cantora que mais vendeu discos no Brasil: 55 milhões. Seja na fase d’Os Mutantes, inclusive com direito a participar da Tropicália, seja na banda Tutti Frutti, seja na carreira solo, Rita trouxe vigor, atitude e irreverência à cena musical e cultural brasileira. Em 2016, a roqueira brilhou mais uma vez ao apresentar o livro Rita Lee – Uma Autobiografia, um best-seller, com mais de 200 mil exemplares vendidos, narrando fatos curiosos, divertidos e dramáticos de sua vida. Foi por meio da escrita que Rita diz ter conseguido superar a violência sexual que sofreu na infância pelo técnico que fora consertar a máquina de costura de sua mãe. Em sua honesta narrativa, não falta humor: “Contavam que eu, ainda bebezinha dormindo no bercinho, quase morri asfi xiada quando Virgínia [uma de suas irmãs] despejou uma lata de talco na minha cara. Sister dearest”, escreve Rita. As letras e as músicas da roqueira fazem parte da trilha sonora da vida de muitos, embalando diferentes gerações. Há tempos, Rita leva uma vida sossegada, em meios a bichos e hortas. Quis aposentar-se dos palcos, mas não da música: segue compondo e gravando demos caseiras. A roqueira é uma avó daquelas e não esconde que foi a chegada da neta Isabella, há 12 anos, que a fez parar definitivamente com as drogas. No dia 31 de dezembro, a capricorniana completará 70 anos. E 2018 promete fortes emoções, já que Rita será vovó de novo, desta vez de um menininho. Curta muito, Rita! Você já fez um monte de gente feliz.

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moda

Tropical

cool

O tema tropical está sempre presente no verão, mas, neste ano, vem repaginado com um ar latino e grande inspiração em Cuba. As roupas têm cores quentes e estampas de flores, como hibiscos, carros antigos e motivos de praia. Para os nossos pequenos, babados, bordados e ombros de fora para meninas e peças estampadas e superlavadas para meninos. Vamos entrar nesse clima de otimismo e altoastral e deixar esse final de ano tropical bem “cool”!

DESCOLADÍSSIMO

Miguel Rodrigues, de 5 anos, veste esta blusa com linda estampa tropical, que ficou um charme com a bermuda jeans.

R$ 39,90

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www.malwee.com/malwee-kids . D E Z E M B R O 2 01 7

FOTO: GUSTAVO ANDRADE


FOTO: ARQUIVO PESSOAL

SUPERLAVADA

Olha que linda esta blusa da Calvin Klein Kids, superlavada e com uma discreta estampa floral e esportiva nas costas.

R$ 149,90 www.tricae.com.br

Roberta Paes

PEÇA CURINGA

Não dá para ficar sem a bermuda estampada. Esta em microfibra da Renner está superfashion com esse fundo cáqui e folhas azuis e laranjas contrastando!

R$ 69,90

www.lojasrenner.com.br

CHEIO DE BABADO

Floral, mas com inspiração étnica, este vestido longo da Lilica Ripilica arrasa pelo charme com os ombrinhos de fora. Com babado na parte de cima e na barra de baixo, tem bastante movimento e é superconfortável.

R$ 299,00

www.clubemarisol.com.br VENTANIA

Peça básica mas com estampa inspiradora. Assim é a Richards Kids, que é ótima para combinar com as bermudas bem estampadas.

R$ 89,00

www.richards.com.br PÔR DO SOL

E assim se faz o verão: muito sol, praia e diversão. Blusinha de malha linda da Fabula, com as cores quentes exatas da estação!!

R$ 89,00

www.afabula.com.br

Roberta Paes

PRODUTOS: DIVULGAÇÃO

SÓ NO BORDADO

Claro que não podia faltar a batinha super bordada. Essa da Animê fica linda com um shortinho jeans com muitos rasgadinhos e desfiados.

R$ 197,90

www.docedede.com.br

Preços pesquisados em novembro de 2017. A Canguru não se responsabiliza pela alteração de preços ou pela falta de produtos. Imagens ilustrativas.

é consultora de moda, estilista e palestrante. Atua no mercado de moda infantil há mais de 20 anos, em grandes empresas do varejo. Viaja para a Europa e os Estados Unidos conferindo as tendências de moda infantil que vai compartilhar nesta coluna. www.robertapaes.com.br @rpkids

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POR Gabriela

Willer

Doe e compartilhe amor 1. ALDEIAS INFANTIS SOS BRASIL: Mães sociais cuidam de crianças e jovens de 0 a 18 anos nas regiões de Jacarepaguá, Freguesia, Chatuba e Barra da Tijuca. Rua Jardim do Seridó, 200, Itanhangá  2493-2861 / 3593-8653. www.aldeiasinfantis.org.br

2.

7.

FUNDAÇÃO XUXA MENEGHEL: Oferece atividades a crianças e adolescentes em vulnerabilidade da comunidade de Pedra de Guaratiba. Rua Belchior da Fonseca, 1.025, Pedra de Guaratiba  2417-1925. www.fundacaoxuxameneghel.org.br

8. PROJETO UERÊ: Ajuda crianças e jovens em situ-

ação de rua e expostos a violência. Oferece aulas complementares de ensino formal no Complexo de Favelas da Maré. Rua Tancredo Neves, s/n, Qd 3, Bl 255 C 1, Bonsucesso  3881-6219. ww.projetouere.org.br

AFROREGGAE: ONG oferece oficinas de dança, balé, percussão, orquestra, bloquinho infantil etc. O projeto atende comunidades de baixa renda, mas é aberto para todos. Rua da Lapa, 180, cobertura, Centro  3095-7200 www.afroreggae.org

TETO: Melhora as comunidades precárias ao realizar construções de casas, oferecendo oficina de leitura para crianças e formando líderes comunitários. Rua Teresa Guimarães, 25, Botafogo  3546-9617. www.techo.org

OBRA DO BERÇO: Presta serviços de assistência social e educação. Atendimento de segunda a sexta, das 8h às 17h30. Rua Cícero Góis Monteiro, 19, Lagoa  2539-3902 www.aobradobercorj.org.br E-mail: contat@aobradoberco.org.br

SOCIEDADE BENEFICENTE DE ANCHIETA (SBA): Cuida de crianças e adolescentes com doenças crônicas, oferecendo serviços de psicologia, fonoaudiologia, fisiologia, terapia ocupacional e pedagogia. Avenida Nazaré, 2.336, Anchieta  2455-8110. mrr.org.br / E-mail: sba@mrr.org.br

3.

4. ORQUESTRA DE CORDAS DA GROTA: Desde a

década de 80, realiza atividades em prol da cultura, da música, da arte e da educação. Rua Otto Bastos, 23, Grota do Surucucu, São Francisco, Niterói  (21) 9178-0001 / 9463-7203. ecg.org.br

5. NÓS DO MORRO: Dissemina arte e cultura para crianças de 7 a 13 anos, sem se restringir aos moradores do Morro do Vidigal. Rua Dr. Olinto Magalhães, 54, Vidigal  3874-9412 www.nosdomorro.com.br

6. DANÇANDO PARA NÃO DANÇAR: Atende 13 comunidades do Rio desde 1995, dando às crianças suporte socioeducativo, aulas de dança e línguas e reforço escolar. Rua Frei Caneca, 139, Centro  97527-9000 www.dpnd.org

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9.

10.

ILUSTRAÇÃO: FREEPIK

NO RIO DE Janeiro, não faltam lugares confiáveis e que precisam de ajuda para beneficiar milhares de crianças. Por isso, listamos dez instituições que contam com seu apoio para celebrar o Natal e renovar a esperança para 2018.



POR Cristina

Moreno de Castro

O que você espera de 2018? A Canguru perguntou nas redes sociais e os filhotes dos nossos leitores responderam.

Quero q ue tenha muitos feriados, como ne ste ano, menos d everes d e casa e um presi dente m elhor pa ra o país.

ISABELA, de 10 anos, filha de Simone Santos e Wagner Martins.

STELLA, de 6 anos, filha de Adriane Diniz Cabral de Oliveira e Sergio Willian Miranda Santos.

Espero que não tenha muita tristeza no mundo. Estou cansada de ver tantas pessoas deitadas no chão, sem moradia, sem comida, pedindo dinheiro.

Quero um mundo melhor e ve r as pessoas so rrindo.

Eu quero que o Temer saia, que as pessoas sejam melhores e que não aconteçam mais assaltos.

MATHEUS, de 6 anos, filho de Cláudia Elizabete da Silva Barbosa e Cléber Ferreira Barbosa.

LAURA, de 9 anos, filha de Viviane Castro e Affonsinho Heliodoro.

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Se seu filho também diz pérolas, envie a frase para o e-mail redacao@canguruonline.com.br.

FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

Eu quero que acabem os preconceitos, o bullying, e que seja eleito um presidente bom pro país.

TERESA, de 9 anos, filha de Kely Cristine Aparecida Fonseca Lana e Marcílio José Sabino Lana.


EDIÇÃO Camila

Capone

O QUE ESTÁ ROLANDO DE ÚTIL, DIVERTIDO OU CURIOSO NA WEB E NAS REDES SOCIAIS

Joia materna Já imaginou poder eternizar o momento da amamentação? Essa é a proposta das “luas de leite” – pedras feitas a partir do leite materno, que são transformadas em pingentes e/ou anéis, para que as mamães possam carregar com elas esse momento especial. Cada pedra é única. Gostou? Confira mais detalhes usando nosso QR Code Canguru ou pelo link bit.ly/joiamaterna. [1] [2]

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Nada como um estímulo

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 Comportamento

O velhinho

sempre vem? POR Sabrina

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Abreu e Catarina Ferreira

ILUSTRAÇÃO: ALINE USAGI

Apesar de ser considerado um dos principais símbolos do Natal no mundo, Papai Noel não é unanimidade entre famílias e escolas


UMA DAS MAIS conhecidas canções natalinas conta a história de alguém que deixou o sapatinho na janela e recebeu, em troca, um presente do Papai Noel. Os versos da música dizem: “Seja rico ou seja pobre, o velhinho sempre vem”. Mas nem todas as famílias aceitam que Papai Noel seja atração principal nas celebrações do Natal. Curitibana residente em São Paulo, a cozinheira Priscila Fiori sempre estimulou Manuella, sua primogênita, hoje com 11 anos, a acreditar em Papai Noel. “Falava que íamos deixar a chupeta para ele, incentivava-a a escrever cartinha todos os anos, passeávamos no shopping para tirar foto, porque ela amava”, lembra. O resultado foi que, até o ano passado, Manuella continuou acreditando na existência do “bom velhinho” e curtindo essa fantasia. Porém, com a filha mais nova, Alice, de 4 anos, Priscila começou a notar outra reação a essa crença. A associação entre o Natal e o consumismo fez soar um alarme. “A pequena começou a falar coisas do tipo ‘se você não me der, o Papai Noel vai dar’, e isso me deixou incomodada”, conta. A saída encontrada pela mãe foi revelar parte do segredo. “Permito que ela pense que o Papai Noel vai trazer uma lembrancinha, mas deixo claro que os presentes mais caros são dados pelo papai Rodrigo”, conta, referindo-se ao marido, o bancário Rodrigo Victor Silva. Priscila crê que a diferença de personalidade entre as duas meninas contribuiu para a forma como cada uma lidou com a figura do Papai Noel, mas a mãe também credita o problema ao grande apelo do consumo na infância. Estimular a gratidão a quem de fato é responsável por presentear a criança é uma das razões pelas quais as instituições de ensino ligadas à logosofia preferem se manter neutras quando o assunto é Papai Noel. “Temos na escola famílias de diferentes orientações religiosas e também famílias não religiosas. Respeitamos a forma como cada uma escolhe tratar esse assunto em casa, mas, na escola, nossa opção é pela neutralidade”, explica a diretora do Colégio Logosófico de Belo Horizonte, Liara Moreira Salles. Pais de Helena, de 4 anos, a secretária Cíntia e o professor de inglês José Caetano são evangélicos e fazem questão de mostrar para a filha que Jesus é a razão do Natal. “Para não causar confusão, acabamos deixando

Papai Noel de lado”, explica Cíntia. Porém, se Helena fala algo sobre o “bom velhinho”, a mãe não reprime a imaginação. “Deixo bem à vontade, porque as crianças se desenvolvem a partir da fantasia. Até já a levei para tirar foto com Papai Noel no shopping, porque ela pediu”, conta.

Personagens “As crianças pequenas vivem entre o mundo da fantasia e a realidade, um mundo cheio de super-heróis, princesas e vilões. Elas se identificam com alguns desses personagens e formulam histórias com eles, para amenizar seus medos e angústias”, esclarece a psicóloga Cristina Castro Aguiar, de Belo Horizonte. A especialista lembra que, a certa altura, os pequenos amadurecem e, naturalmente, param de crer, sem maiores transtornos. Ela não vê essa fantasia como algo nocivo: “Na atualidade, com tanta falta de respeito e tantos valores distorcidos, que mal há em utilizar a imagem do “bom velhinho” para incentivar a criança a ter respeito ao próximo, educação ligada à moral e bons costumes?”, questiona. A psicóloga carioca Luciana Genial alerta para o perigo de chantagens feitas em relação ao amor do Papai Noel.

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“Isso é uma maldade com a criança e com uma figura tão fofa”, define. Ela também reforça que, naturalmente, as crianças que deixam de acreditar passam para o outro lado, o daqueles que sabem o segredo. “Em casa, estou experimentando isso: meu filho não acredita mais e vai ajudar a construir a fantasia da irmã, tudo com leveza”, diz, sobre João, de 10, e Helena, de 4 anos. No Colégio Visconde de Porto Seguro, em São Paulo, Papai Noel é mero figurante. Graças à tradição alemã, base do currículo bilíngue da instituição, o destaque é o Menino Jesus, que é o responsável por colocar os presentes no sapatinho. Sim, num sapatinho, igual ao dos versos daquela canção de Natal, na qual quem presenteia é o Papai Noel. Esse exemplo só serve para mostrar como, ao longo dos séculos e até hoje, as tradições se misturam e, em família ou na sala de aula, com ou sem “bom velhinho”, os ritos e, especialmente, os desejos natalinos têm muito em comum.

A carta de Virginia Em 1897, chegou ao jornal The Sun, de Nova York, uma carta escrita por uma garotinha de 8 anos chamada Virginia O'Hanlon, com a seguinte pergunta: “Existe Papai Noel?". A resposta foi escrita pelo editor Francis Pharcellus Church e publicada pelo jornal como um editorial, no dia 21 de setembro daquele ano. Desde então, tornou-se um dos textos mais importantes da história do jornalismo mundial, com inúmeras traduções, tendo aparecido em vários livros, filmes e outras publicações ao redor do planeta. Leia essa famosa resposta na íntegra em nosso site: www.canguruonline.com.br.

Papai Noel dos Correios Há 28 anos, um grupo de funcionários dos Correios se uniu com um propósito: levar sorrisos às crianças que escreviam cartas ao “bom velhinho” no Natal. Hoje a campanha Papai Noel dos Correios está presente em praticamente todos os Estados do país e atende cartinhas por envio espontâneo de crianças e também de ONGs, escolas, abrigos e hospitais. As cartas podem ser adotadas por pessoas físicas ou empresas. Não há limite para a adoção de cartas, e os interessados podem retirá-las em agências dos Correios – neste ano também é possível adotar cartinhas pela internet em algumas cidades. Para proteger a identidade das crianças, a localização delas não é divulgada a quem adota, por isso os presentes devem ser entregues às agências dos Correios. As datas para adoção e entrega dos presentes podem variar de acordo com a localidade: no Rio de Janeiro, a adoção de cartas foi até o dia 30 de novembro; em Belo Horizonte, os pedidos podem ser adotados até o dia 2 de dezembro; já em São Paulo, as cartas podem ser adotadas presencialmente até o dia 15 de dezembro. No Blog dos Correios há informações sobre datas e pontos de entrega. TIRE SUAS DÚVIDAS E PARTICIPE: bit.ly/vceopapainoelCORREIOS 3003-0100 - capitais e regiões metropolitanas 0800 725 7282 - outras localidades

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4Verão Vitória nas ondas: garotinha de 5 anos começou a fazer aulas com o padrasto nas férias de julho

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Partiu

surfe?

As aulas de surfe são divertidas, atraem crianças de todas as idades, trabalham força, condicionamento aeróbico e equilíbrio e propiciam contato com a natureza

FOTO: DANIEL MELLO; ILUSTRAÇÕES: DEPOSITPHOTOS

POR Luciana

Ackermann

AH, O VERÃO... Já, já começa, oficialmente, a estação mais quente no ano. Nessa época, nada melhor que um mergulho no mar – refresca, revigora e traz uma deliciosa sensação de alma lavada. Que tal aproveitar a chegada das férias e o lindo cenário das praias cariocas e paulistas para oferecer uma atividade esportiva, lúdica e divertida para as crianças? Estamos falando das aulas de surfe! Seja nas praias do Rio – Arpoador, Barra da Tijuca e Recreio – ou no incrível litoral Norte de São Paulo – Baleia, Camburi e Maresias –, as aulas de surfe fazem o maior sucesso entre a criançada. Muito além de um simples exercício físico, o esporte proporciona relação íntima com a natureza, desperta respeito pelo mar e pelo meio ambiente e garante um enorme gasto de energia dos pequenos que, fatalmente, terão uma tranquila noite de sono no fim do dia. Isabelle Nalu, a Belinha das séries Nalu pelo Mundo e Nalu a Bordo (leia mais nas páginas 33), é uma das mais animadas representantes do surfe infantil: “É quase inexplicável. Quando se está no pico, é uma sensação de medo e, ao mesmo

tempo, de alegria e emoção. Quando dropo (desço) a onda, é uma das sensações mais legais que existem no mundo! Automaticamente, pego velocidade para fazer rasgadas e as outras incríveis manobras”, detalhou a menina, que viaja o mundo com a família. A cinegrafista Fabiana Nigol, mãe de Belinha, conta que, aos 7 meses, a pequena já ficava brincando com o pai Everaldo “Pato” Teixeira na beira do mar, no Havaí. Até que um dia, com boias de braço, eles foram se aproximando cada vez mais das ondas maiores. “Quando me dei conta, lá vinham os dois surfando a primeira onda dela. Estava começando a dar os primeiros passos, veio toda feliz, ainda de fraldas. Depois disso, sempre surfou com o pai. Passou por algumas fases de medo, mas agora está supermotivada”, relata Fabiana, que incentiva a prática para todas as idades. “O surfe alegra as pessoas, traz energia. Uma criança que surfa está conectada com o meio ambiente, quer preservá-lo e fica mais afastada da febre dos celulares, da internet, dos jogos e da TV. Pais e mães, vocês se surpreenderão com os benefícios! Quem sabe não se animam a aprender também? Nunca é tarde para se divertir!”, recomenda Fabiana. Bruna Uzêda, mãe de Vitória, de 5 anos, conta que, nas férias de julho, a caçula ficou animadíssima ao ver 4

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crianças do tamanho dela nas aulas de surfe no projeto social Favela Surf Clube, no Arpoador, onde trabalha o padrasto da menina, Fabiano da Silva Pereira, o “Bicudo”, que tem mais de 20 anos de experiência no esporte. Como a menina estuda em período integral, começou a fazer as aulas nos finais de semana. “Ela desde sempre é uma menina que fala e brinca muito, mas hesitava, dizia

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que não conseguia fazer algumas coisas. Depois do surfe, isso mudou. Fico orgulhosa com essa transformação. Ela sai do mar com aquele sorriso enorme de felicidade”, relata Bruna. O professor e padrasto de Vitória diz que o fundamental é respeitar o tempo de cada criança, que, aos poucos, adquirem confiança e vão treinando o equilíbrio, a coordenação e a respiração. Para Miguel Akkari, presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica (SBOP), professor da Faculdade de Ciências Médicas Santa Casa e chefe do grupo de ortopedia e


Akkari. Ele destaca a importância de se prestar atenção à hidratação, por causa da exposição excessiva ao sol, e ao uso permanente de protetor solar. Ivan Pacheco, especialista em medicina do esporte e diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE), faz coro e afirma que o surfe garante impacto positivo na saúde das crianças, inclusive na saúde futura. Acrescenta que se trata de um esporte com baixa incidência de lesões, mas que toda prática esportiva carrega um possível risco.

FOTOS: DANIEL MELLO; ILUSTRAÇÕES: DEPOSITPHOTOS

traumatologia pediátrica da Santa Casa em São Paulo, o surfe é uma opção muito saudável de esporte na primeira infância, com a vantagem de atrair o interesse dos pequenos por ser realizado num ambiente extremamente agradável: a natureza. “As crianças melhoram o condicionamento físico, ganham força muscular nos braços e nas pernas, treinam equilíbrio, aprendem a preservar a natureza e a respeitar os perigos de entrar no mar. Respeitando as regras de segurança, os riscos são mínimos”, avalia

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Onde fazer aulas no Rio SURF ARPOADOR Aulas para crianças a partir de 5 anos, que começam fazendo alongamentos na areia e exercícios que simulam as remadas e o subir na prancha e aprendem as principais posições do surfe e as orientações gerais sobre as ondas. As aulas individuais saem em torno de R$ 100; em grupo, R$ 80. São oferecidos equipamentos necessários para a atividade, como pranchas e lycras. » Contato: Fabiano Bicudo – 97230-1841

SURF RIO A partir dos 5 anos, as aulas de uma hora acontecem todos os dias, entre 7h e 16h, individuais (R$ 160) ou para grupos de duas a seis crianças (R$ 80 por aluno). Agendamentos devem ser feitos com ao menos um dia de antecedência por telefone ou WhatsApp. As aulas incluem técnicas de segurança, postura, remada e equilíbrio e noções de correntes, ventos e marés, que influenciam as ondas. Pacotes podem ser negociados. » Contato: Fábio Andrade – 99438-2980

CADES Centro de Aprendizagem e Desenvolvimento do Surfe, que oferece aulas nas praias da Barra da Tijuca e no Recreio. Aulas em grupo para crianças a partir de 7 anos e individuais para aquelas a partir de 3. São fornecidos os materiais para iniciação, como prancha, estrepe e lycra. As aulas em grupo têm duas horas de duração, a R$ 80 (por aula). Também há planos mensais: matrícula de R$ 100 + mensalidade de R$ 250 (uma vez por semana) ou R$ 400 (duas vezes por semana), na unidade da Barra. No Recreio, as mensalidades são R$ 280 (uma aula por semana) ou R$ 430 (duas aulas por semana). » Contato: Henry Cades – 99801-1485

SURF FAVELA CLUBE O projeto, que oferece aulas de surf para crianças e jovens de comunidades, começou há 32 anos, sendo estabelecido oficialmente em 1990. Iniciou atendendo aos moradores do Morro Cantagalo, em Ipanema. Fabiano Bicudo, professor e padrasto da Vitória, citada na reportagem, é cria do projeto, em que começou aos 8 anos. “Muitas mães nos contam que o desempenho escolar melhora. Tem de estar estudando e ter boas notas”, diz Bicudo. Já há algum tempo o Surf Favela Clube passou a dar aulas também para moradores de outras comunidades, como Rocinha e Marechal Hermes, segundo Alexandre Pretão, que está há quatro anos à frente da iniciativa. “Para nós, o mais importante não é formar um atleta, mas um cidadão, já que, através do esporte, você trabalha a integração, a consciência e a autoestima”, diz Pretão. As aulas acontecem nas segundas e quartas, entre 8h e 10h e de 15h às 17h. Nas férias ocorrem todos os dias, mas só no período da manhã, pois a praia fica muito cheia. » Contato: Fabiano Bicudo – 9 7230-1841

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FOTOS: DIVULGAÇÃO; ILUSTRAÇÕES: DEPOSITPHOTOS

Alma de surfista da ‘Família Nalu’ ELA VIVE SOBRE as ondas. Nasceu em Honolulu, no Havaí (EUA), começou a surfar antes mesmo de andar, mergulhou com tubarões, navegou com os golfinhos, ajudou o pai a pescar o jantar da família e foi de standup paddle, com a mãe, comprar pão na ilha próximo ao veleiro, onde viveu por meses. Voou de helicóptero e pulou de pontes em rios de uma altura significativa – missão impossível para muita gente grande. Isabelle Nalu é filha do casal Everaldo Teixeira, conhecido como “Pato”, e Fabiana Nigol. Pato é surfista profissional, especialista em ondas gigantes. Fabiana é cinegrafista, registra o marido surfando e o dia a dia da família, pilota veleiros e dá aulas a Belinha. Os três estão sempre em lugares paradisíacos. Juntos, já atravessaram cinco continentes atrás de novas experiências, de culturas diferentes e, claro, de ondas perfeitas. Fiji, Polinésia Francesa, Indonésia, Austrália, África do Sul, China,

Portugal e França são alguns dos lugares que a família já desbravou. Com 1 mês e 20 dias de vida, Belinha viajou, de carro, do Sul do Brasil ao Chile, e, aos 10 anos, já conhece 38 países. A família leva um estilo de vida inspirador,

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e as incríveis cenas de suas aventuras transbordam amor, afeto, aprendizado, cumplicidade e um íntimo e encantador contato com a natureza – além de alguns perrengues. O reality show Nalu pelo Mundo tem sete temporadas, que foram exibidas pelo canal Multishow. Já o Nalu a Bordo, em que um veleiro se torna a casa da família, está na segunda temporada, no Canal Off, até janeiro. Quando Isabelle nasceu, em 2007, o casal já se aventurava pelo mundo havia cinco anos. Os dois decidiram que continuariam as viagens mesmo após a chegada da bebê, e é o que vem acontecendo até hoje. “O essencial para que tudo corresse bem foi a nossa decisão de nos adaptarmos a cada viagem, a cada fase da vida da Belinha, respeitando sempre as necessidades dela, levando ainda uma vida simples, sem muita frescura e com muita liberdade”, diz Fabiana. Sobre as constantes viagens na rotina da menina, é a própria pequena grande surfista quem responde: “Penso que sou muito sortuda por ter uma vida assim, mas eu queria que todo o UNIVERSO tivesse uma vida igual, porque é muito LEGAL mesmo. Todos os dias eu agradeço a Deus pela minha vida maravilhosa!”, escreve Belinha para a Canguru, grifando as palavras com letras maiúsculas.

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Fabiana explica que a filha frequenta escolas pelo mundo, especialmente nos países onde ficam por mais tempo. Isabelle estudou no Chile, na Indonésia, no Brasil e no Havaí, onde, anualmente, frequenta a mesma escola pelos meses em que a família Nalu se instala por lá. “Quando moramos no barco, fizemos homeschooling, ensino doméstico, e é uma experiência muito válida também”, afirma a mãe, que aparece em diversos episódios ensinando a pequena, com o maior carinho e entusiasmo. Fabiana reforça que, apesar de não ser comum no Brasil, os três conhecem muitas famílias com crianças que nunca foram à escola: “Estudam a distância e têm um conhecimento incrível do mundo como realmente ele é. Aprendem outras línguas, têm amigos de diferentes nacionalidades e estudam na prática o que muitos só veem nos livros. Acho importante frequentar a escola também, conviver com outras crianças. Mixar as duas coisas vem dando certo, e ela gosta, que é o mais importante para nós, como pais”. Em janeiro, Belinha voltará às aulas no Havaí. Para Fabiana e Pato, o mais importante nesse estilo de vida é conviver e acompanhar, de forma intensa e próxima, o crescer da filhota. “Temos tempo para ensinar e desfrutar de muitos momentos bacanas que nunca mais voltarão”, conclui a mãe.


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4Entrevista

‘Criar os filhos é um projeto de, no mínimo,

20 anos de trabalho’ Referência em educação e família no país, Tania Zagury fala com a Canguru sobre seu novo livro POR Juliana

Sodré

FILÓSOFA COM MESTRADO em educação, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e autora de 26 livros publicados no Brasil e no exterior, Tania Zagury é referência no quesito educação e família no país. Na entrevista a seguir, ela fala não só sobre o tema do seu novo livro, Os Novos Perigos que Rondam Nossos Filhos, mas também sobre ética e formação. Quais são os novos perigos que rondam nossos filhos?

TANIA ZAGURY – Os maiores perigos hoje são o mau uso das novas tecnologias pelos filhos e a acomodação dos jovens pais, já que uma criança com o tablet na mão dá muito pouco trabalho, mas corre muito mais risco. A geração de pais hoje é mais voltada para o próprio prazer do que para o dever, então, muitas vezes, os pais vão dizer que já orientaram o filho, mas, se é uma criança de 4 anos, ela é fácil de ser cooptada. Essa constante vigilância sobre os filhos dá muito trabalho, é cansativa e faz com que os pais tenham que abrir mão do seu próprio tempo. E não são todos que estão dispostos a isso. Os pais não estão preparados para abrir mão das próprias vidas pelos seus filhos?

Eles não precisam abrir mão da própria vida, apenas terão que dedicar uma parte dela. Lidar com criança é diferente, ainda mais se essa criança é seu filho e depende de você. Isso significa que você tem que se engajar nesse

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projeto, que é de, no mínimo, 20 anos de trabalho. Muitos se deixam levar pelo encantamento de olhar para o bebê de uma amiga no colo quando ele está todo fofo e de bom humor e não pensam que aquela mãe acorda até dez vezes na mesma noite, convive com vômitos na roupa, “caquinha” pra lá e pra cá, prisão de ventre, diarreia, médicos. Os novos pais têm que ter a consciência de que, ao decidir ter filhos, estarão abrindo mão de uma parte, pelo menos, de sua vida independente e pessoal. Uma frase chamou atenção no seu novo livro: ‘Nem sempre os pais são culpados por todas as falhas dos filhos’. Você pode comentá-la?

Numa mesma família com dois filhos, por exemplo, pode ter um filho que “deu certo” e outro que parou de estudar ou não quis trabalhar. A primeira coisa importante para você não se sentir culpado é você saber qual é o seu trabalho como pai/mãe. Porque ser pai/mãe não é muito mais dever do que prazer. Então, se ao longo dos primeiros sete anos de vida, que são os anos básicos para você fazer a formação ética do ser humano, você fez de tudo, mas o filho não correspondeu, você tem que entender que entra o livre-arbítrio. Principalmente depois que ele atinge a maioridade, quando ele se torna responsável perante a lei. Enquanto ele não é maior, você tem que continuar lutando, é um trabalho de longuíssimo prazo.


Guru da educação: Tania Zagury escreveu 26 livros para famílias

Na sua trajetória de educação, qual o maior erro que você viu os pais cometerem em relação às escolas? Seria a transferência de compromisso?

Eu tenho um livro que trata só disso, o Escola sem Conflito, em que tento mostrar para os pais que eles precisam entender o trabalho da escola e que cabe à família a formação moral e ética da criança, os hábitos, o desenvolvimento de competências. A escola complementa, aprofunda, fixa isso, mas ela não pode assumir esse papel. As famílias que estão inseguras, que não estão conseguindo educar, tentam transferir para a escola os itens nos quais elas não tiveram êxito. Também é preciso pensar que os valores do professor podem não ser os mesmos que os meus. É isso que eu quero que meu filho aprenda? É preciso que os pais tenham essa consciência: se eles vão delegar, vão ter que assumir as consequências.

FOTO: PAULA JOHAS; ILUSTRAÇÕES: DEPOSITPHOTOS

“Educando em tempos de crise” é o título de um dos capítulos do novo livro. Como ensinar que o mundo não é dos espertos e que a moral e a ética têm valor?

Primeiro: o pai tem que acreditar naquilo que ele está falando. Você não vai conseguir ensinar o que você não faz. Não é a primeira vez na história que temos governantes e legisladores desonestos. É a primeira vez, talvez, que isso chega a tanta gente de forma tão rápida. Não significa que os homens hoje estão menos honestos do que eram. Não! Sempre existiram desonestos, assim como pessoas éticas. O problema é que hoje, quando se desmascara um, isso fica muito visível, o que não era comum. Isso não pode abalar os seus próprios conceitos sobre ética.

Não só a corrupção, mas as pequenas coisas do dia a dia...

A formação da ética é feita com as pequenas coisas do dia a dia. É o seu exemplo que vai ensinar para o seu filho o que é certo e o que é errado, e pode ter certeza que a ética se ensina em todos os momentos: pelas suas atitudes, pelas suas falas. O slogan da Canguru, “Criando filhos melhores para o mundo”, vai ao encontro do que você fala no livro sobre “gente do bem”. Como criar filhos melhores para o mundo?

Primeira coisa: você quer um mundo melhor? Para poder concretizar essa ideia, você tem que melhorar, começando dentro da sua casa. Você precisa acreditar que você quer isso e não se pode deixar abalar. E precisa saber que isso tem um custo alto e afetivo. 

Leia a entrevista na íntegra em www.canguruonline.com.br

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4 Entretenimento

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Galinhas pintadinhas:

tradição, novidade e mais de uma década de sucesso À personagem veterana se uniu, há um ano, sua versão mini, e o balanço dessa mistura é aprovado pelas crianças e por seus pais POR Sabrina

Abreu

“QUE BOM ENCONTRAR você! Por sua causa tenho minutos de sossego em casa”, diz uma mãe para a Galinha Pintadinha. A cena, que faz parte do musical que leva o nome da personagem, é relembrada por Juliano Prado, administrador – que junto com Marcos Luporini, músico, criou a marca –, como um momento de grande identificação entre os pais e a galinha mais famosa do Brasil. “O público sempre ri muito nessa hora, mostrando que concorda”, conta. Desde 2006, a Galinha Pintadinha arranca sorrisos e tranquiliza o choro de milhões de crianças. O sonho dos empresários é que sua criação chegue à segunda

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geração de fãs, com os filhos dos primeiros admiradores ouvindo as músicas e divertindo-se com as histórias. E, pelo jeito, eles vão conseguir. Há mais de uma década os números não param de crescer, e, para manter seu público engajado, a Galinha Pintadinha, o Galo Carijó, o Pintinho Amarelinho e outros fiéis escudeiros sempre aparecem com alguma novidade. Neste mês, um especial natalino vai ser colocado no YouTube. Também em dezembro, completa-se um ano do mais novo membro da turminha, a Galinha Pintadinha Mini. Enquanto a personagem veterana estrela clipes musicais, a Mini se aventura em historinhas. Seria


FOTO:S: [1] DIVULGAÇÃO; [2] RICARDO DETTMER

isso mudar um time que está ganhando? “Na verdade, é ampliar esse time. Agora, contamos histórias com começo, meio e fim e com atividades educativas”, explica Marcos. A resposta positiva é vista em números: no canal exclusivo da caçulinha há mais de 850 mil inscritos. Já a Galinha Pintadinha original tem mais de 8,5 milhões de inscrições em seu canal. A dupla de criadores não consegue explicar o motivo do sucesso estrondoso da personagem, apesar de tentar responder a isso ao longo de mais de uma década dando entrevistas sobre o assunto. “Dizemos que é algo entre a Galinha e as crianças, só elas sabem a razão”, brinca Juliano. Mas os dois têm uma pista para explicar a parceria tão bem-sucedida. O maior diferencial da Galinha Pintadinha foi sua conexão com a cultura popular brasileira. Todos os primeiros clipes foram dedicados a versões do cancioneiro popular, com novos arranjos idealizados por Marcos. É inegável a capacidade de versos, como os de O Sapo Não Lava o Pé e Escravos de Jó, de atravessarem gerações e de uni-las. Juliano e Marcos se beneficiaram disso, ao mesmo tempo em que valorizaram essas canções, colocando-as de novo em evidência. Mesmo depois de a penosa redonda e azulzinha ter chegado ao mercado internacional, o cuidado para que sua raiz brasileira se mantivesse fez a diferença. Desde 2015, ela ganhou as versões Lottie Dottie Chicken e La Gallina Pintadita, sendo vista hoje nos Estados Unidos, no Canadá, no México e na Espanha, entre outros países de língua inglesa ou hispânica. A personagem chegou também à Alemanha e ao Japão e segue mirando novas conquistas, como a China. “Mas o nosso foco sempre é o Brasil, somos daqui, a Galinha nasceu dessa cultura”, afirma Marcos. Os “pais” da Galinha Pintadinha acompanham de perto as traduções para se certificarem de que a essência será mantida. O cuidado se dá, especialmente, em relação às canções. O trabalho é feito por nativos de cada língua, selecionados pessoalmente por Juliano e Marcos. Eles participam do processo, comparando as letras.

“Alguém traduz, por exemplo, para o alemão, depois mostra como foram as mudanças em português, para a gente entender o que aconteceu”, explica Juliano. “É muito trabalhoso criar as rimas, não sair do sentido, driblar as barreiras culturais”, afirma. Amigos desde a adolescência, os criadores, que nasceram e vivem em Campinas, no interior de São Paulo, foram membros da mesma banda de rock, moraram numa mesma república enquanto estudavam na capital paulista e se aproximaram ainda mais graças à sociedade. São eles que assinam o roteiro da série Galinha Pintadinha Mini e das peças musicais. O trabalho criativo é feito quando ambos fogem do escritório e se refugiam, ora na casa de um, ora na do outro. Donos de uma marca milionária, eles são discretos e evitam falar sobre números do faturamento e sobre a vida pessoal. Até pouco tempo atrás, nem revelavam se tinham ou não filhos. Hoje, continuam omitindo os nomes, mas já se sabe que têm dois filhos cada um. Juliano é pai de duas meninas, de 20 e 17 anos, e Marcos tem um casal, um menino de 6 anos e uma menina de 5. Ao contrário de sua criação, que no musical é perseguida por fãs que querem um autógrafo, Juliano e Marcos raramente são reconhecidos pelo público. “Só sabem quem eu sou na padaria do meu bairro”, diz o administrador. E Marcos completa: “É proposital, preferimos observar e ouvir a reação das pessoas sem chamar atenção. A estrela é a Galinha Pintadinha”. E a Galinha Pintadinha Mini também.  [2]

Dupla que deu certo: Juliano e Marcos são amigos desde a adolescência e hoje criam e gerenciam os negócios da Galinha Pintadinha

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Diversão

O Circo

já chegou

Conheça os projetos espalhados pelo Rio que oferecem aulas de circo para a criançada POR Gabriela

Willer

RESPEITÁVEL PÚBLICO, SUA majestade! Os nossos baixinhos chegaram e estão cheios de energia. Uma pirueta, muitas risadas, e, logo mais, eles estarão dando cambalhotas e subindo pelo trapézio e pelos tecidos. A garotada, que já chega animada, se solta ainda mais ao longo das aulas com pernas de pau, monociclo, acrobacia de solo, bambolê, chapéu e muito mais. De forma lúdica e sensorial, a artista circense Marjore Arruda, professora formada pela Escola Nacional de Circo, dá aulas aos pequenos no projeto Terraço do Circo, que fundou em 2015. “Uma das coisas bacanas do circo são as várias técnicas que fazem com que as crianças desenvolvam diferentes habilidades, como se pendurar e se equilibrar, explorando a psicomotricidade dos alunos”, disse Marjore, numa manhã ensolarada de segunda-feira, depois de trabalhar os movimentos dos pimpolhos com trapézio e pratinhos sendo equilibrados pelos dedinhos. Tudo com muita brincadeira e sorrisos. “O circo não deixa ninguém de fora, tem para qualquer um. A criança vai adquirindo confiança porque se vê fazendo algo fantástico", completa a professora. Bárbara Kaercher, mãe de Gabriel, de 3 anos, e de Isadora, de 5, diz que as crianças adoram o espaço e vivem muitas aventuras ali. “É algo diferente, que a gente não consegue fazer em casa, o circo é só aqui. Eles já

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possuem uma motricidade boa por natureza, mas com as aulas desenvolvem melhor o controle corporal e os movimentos de precisão, além da concentração. Gabriel tinha um pouco de medo de altura, mas já perdeu com as atividades”, relata Bárbara. Natália Pila, mãe de Maria Teresa, de 3 anos, decidiu matricular a filha, que já fez capoeira e dança, na atividade circense para que se soltasse, pois é extremamente tímida. Demorou um pouco, mas, durante os oito meses de aula, Maria Teresa foi ficando mais à vontade nas aulas. “Ela gosta de ir pela guia nas calçadas para se equilibrar, tenta pular com um pé só, coisas que foi aprendendo aqui e tenta reproduzir em casa, criando essa independência motora”, afirma Natália. Karla Fuchs, mãe de Beatriz, de 4 anos, está muito empolgada com as aulas que a filha vem fazendo desde os 2. Karla nota avanços e comenta: “No início, tinha muito medo dos brinquedos mais altos e, agora, já consegue fazer com tranquilidade. Ela diz que vai ter coragem para enfrentar desafios maiores”, gaba-se a mãe da menina. Aberto há um ano e seis meses na Tijuca, o espaço Circus Fit tem o intuito de desenvolver a autoconfiança, o trabalho em equipe, a coordenação motora, a flexibilidade e a lateralidade por meio das técnicas do circo, como a lira (aparelho destinado à modalidade de


Terraço do Circo: crianças aprendem a superar a timidez e os medos com as técnicas circenses

acrobacias aéreas), o tecido acrobático, o trapézio e a acrobacia de solo. A educadora física Mariana Mazullo diz que as aulas fazem com que as crianças superem seus próprios limites, vencendo os desafios que o curso oferece e os medos: “Eles aprendem várias habilidades de forma lúdica e se divertindo. Nas atividades circenses, sempre existe espaço para criação de novos desafios; com isso, dificilmente existe perda de interesse nas aulas.”

Onde praticar no Rio

FOTOS: RICARDO BORGES; ILUSTRAÇÕES: FREEPIK

Conheça alguns espaços que oferecem cursos e oficinas para os pequenos arrasarem no picadeiro ESPAÇO LUNÁTICO Os pimpolhos a partir dos 3 aninhos já podem se deliciar nessa atividade, em acrobacias aéreas, oficinas de solo e malabares. O valor da mensalidade é R$ 245. O espaço também possui aulas para adultos e um serviço de “festa com o circo”, no qual a criançada comemora o aniversário com oficinas artísticas. Rua Visconde de Carandaí, 6, Jardim Botânico. Tel.: 3114-0098. Site: espacolunatico.com.br

DEBORAH COLKER Os pequenos a partir de 4 anos já podem iniciar as aulas, que combinam de forma lúdica os fundamentos do balé com as técnicas circenses. Segundas e quartas, das 16h às 17h. Terças e quintas, às 16h. O valor da mensalidade é 2x R$ 230 + R$ 150 da taxa de matrícula. Rua Benjamin Constant, 30, Glória. Tel.: 3806-0660. Site: www.ciadeborahcolker.com.br

TERRAÇO DO CIRCO Há turmas para crianças de 2 a 12 anos. Nas quartas-feiras, alunos de 2 a 4 anos aprendem e se divertem nos turnos da manhã e da tarde (8h45 e 15h). As turmas para alunos de 5 a 8 anos são às 9h30. A aula dos menores tem duração de 45 minutos, e a dos maiores, de uma hora. Pode ser realizada uma vez por semana, no valor de R$ 155, ou duas vezes, por R$ 205. Rua Camuirano, 76/203, Botafogo. Tel.: 97264-2514. Site: www.facebook.com/ terracodocirco

CIRCUS FIT Existem cursos para crianças e adultos. Para a turminha Kids 1, dos 3 aos 5, há o plano semestral, por R$ 165 ao mês, e o mensal, por R$ 180. Segundas e quartas, das 10h às 11h, e no período da tarde, das 16h às 17h. Rua General Roca, 340, Tijuca. Tel.: 4113-6672. Site: www.facebook.com/circusfitbrasil FUNDIÇÃO PROGRESSO As aulas de circo envolvem oficinas de tecido, trapézio e cama-elástica. Crianças a partir de 6 anos já podem participar. Terças e quintas, das 8h às 10h e das 17h às 19h. Rua dos Arcos, 24, Lapa. Tel.: 3212-0800 Site: www.fundicaoprogresso.com.br 

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FOTO: GUSTAVO ANDRADE

viagens, modo de usar

Praia e paz Luís Giffoni

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Para quem pratica kitesurfe ou windsurfe, dizem que a Ponta do Santo Cristo é o melhor point no Brasil para o esporte. Se alguém preferir andar de bicicleta ou a cavalo, as opções de roteiros são muitas. Uma dica para todos, grandes e pequenos: a caminhada até a praia de Tourinhos compensa cada passada de seus 4 km. Ali se entende por que é tão louvada a beleza do Atlântico Sul. Com os pescadores, pode-se combinar uma saída ao mar de jangada, até os pesqueiros, e tentar a sorte com o anzol. As crianças também podem ajudar a puxar as enormes redes de arrastão e descobrir a variedade dos peixes. Para quem busca um proseado, a população local está sempre disposta a trocar ideias com seu jeito recatado que esbanja sabedoria.

Gostoso tem pousadas simples e sofisticadas, todas com o espírito acolhedor de quem optou por continuar em um lugar pequeno. Frutos do mar são presença constante no cardápio. Os restaurantes preservam a culinária local. São Miguel do Gostoso logo vai perder seu ar de paz e passado. É gostoso demais para ficar desconhecido e pacato. Aproveite enquanto ainda oferece o tempo a um ritmo que passa devagar, prolongando as férias na praia. Isso não tem preço, mas, infelizmente, não vai durar muito. 

Luís Giffoni é cronista, romancista e palestrante. Autor de 26 livros, tem nas viagens uma de suas paixões. Nelas aprende a diversidade do mundo e das pessoas, experiência que acaba traduzindo em suas obras. Neste espaço, dá dicas sobre como aproveitar o mundo com os pequenos. giffoni@canguruonline.com.br

FOTO: OTÁVIO NOGUEIRA / FLICKR

CHEGOU DEZEMBRO, CHEGARAM as férias. Quase sempre, a dúvida: aonde ir com as crianças? Que tal fugir com elas para um cantinho bem quieto, que faz questão de ficar quieto, tranquilo, sem barulho de rádio e som alto de carro? Um cantinho onde se escutam o vento e as ondas mansas do mar durante toda a noite? Um cantinho perfeito para um detox digital de toda a família? Esse lugar fica no Rio Grande do Norte e tem um nome que é uma delícia: SÃO MIGUEL DO GOSTOSO. É gostoso curtir Gostoso. No lugarejo, a 100 km de Natal, tudo é feito a pé. As crianças podem ficar soltas. Viram nativas desde o primeiro dia, sem preocupação com trânsito ou segurança, integradas ao clima tropical e hospitaleiro.


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4nosso quintal

Ilha Fiscal Gabriela Willer

COM UMA VISTA belíssima e localização privilegiada no centro da Baía de Guanabara, o Castelinho, como também é conhecido, já possuiu outro nome. Até 1882, chamava-se Ilha dos Ratos e, após a construção do posto de fiscalização alfandegária, mudou para Ilha Fiscal. O local faz parte do Complexo Cultural do Serviço de Documentação da Marinha e possui uma arquitetura no estilo gótico. Um lugar que mescla o tempo atual e o passado, pois une o novo e o velho para quem observa seus arredores e suas instalações. Foi palco de vários acontecimentos históricos, como “o último

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baile do Império”, alguns dias antes da proclamação da República, e hoje é uma das principais atrações turísticas do Rio. Os visitantes desfrutam de muita história. Guias especializados acompanham grupos e contam sobre as contribuições da Marinha para o desenvolvimento social e econômico do nosso país. Nela, há exposições permanentes – História da Ilha Fiscal, A Contribuição Social da Marinha e a Contribuição Cientifica da Marinha –, além de exposições temporárias, com destaque especial para o Torreão e a Ala do Cerimonial. O passeio até a ilha é feito com a escuna Nogueira da Gama e dura

aproximadamente dez minutos. Em caso de tempo chuvoso, o caminho é feito de van. Fiquem atentos, pois o Castelinho não possui cantina. Há banheiros e bebedouro. Uma boa pedida é esticar a visita até o Museu Naval e o Espaço Cultural da Marinha (ECM), que, juntos com a Ilha Fiscal, formam um circuito de museus e de exposições do Complexo Cultural da Marinha. 

QUER CONHECER? Avenida Alfred Agache, s/n, Centro Cultural da Marinha, Centro Funcionamento: de quinta a domingo, em três horários: 12h30, 14h e 15h30. Ingresso: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia)

FOTO: DIRETORIA DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E DOCUMENTAÇÃO DA MARINHA

POR


É VERDADE, MEU marido não me ajuda. Depois de 14 anos casados me dei conta disso. Talvez seja porque ele morou sozinho por muito tempo e tenha aprendido que: » As roupas não entram no cesto de roupa suja e aparecem limpas dentro do armário; » A casa não é autolimpante; » As louças não saem da mesa e aparecem, milagrosamente, limpas dentro da cristaleira; » As camisas não saem da máquina passadas; » A despensa e a geladeira não se abastecem sozinhas.

Meu marido não me ajuda. Ele divide as tarefas da casa comigo, porque a casa também é dele e ele também mora aqui. E quando nosso filho nasceu, ele também não me ajudou, ele fez a parte dele. Trocava fraldas, cuidou do umbigo, fazia mamadeiras, fazia a papinha. E continua fazendo o papel de pai. Pai que cuida, que trabalha, que paga contas e que também ensina a andar de bicicleta, que passeia, que dá bronca. Pai que não ajuda é exemplo para os filhos, os meninos. Eles veem o pai fazendo e entendem que cuidar da casa não é coisa de me-

Bebel Soares e o filho Felipe

nina, é coisa de quem vive naquela casa. Com o tempo, podemos dar pequenas tarefas para eles, como passar aspirador de pó no sofá, lavar vasilhas que não quebrem nem cortem, arrumar o quarto. Quando a mãe não tem ajudante, tem parceiro, não fica sobrecarregada e tem mais disposição para ser mulher, amante e companheira.

Bebel Soares é fundadora da plataforma de apoio a mães Padecendo no Paraíso. Na Canguru ela fala sobre educação, saúde, alimentação, sexo, inclusão e viagens. www.padecendo.com.br

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FOTO: DEPOSITPHOTOS

Meu marido não me ajuda

FOTO: MOACYR LOPES JUNIOR / MALAGUETA

padecendo no paraíso


FOTO: GUSTAVO ANDRADE

para ler com seu filho

A arte que nos envolve

leo cunha e os filhos, Sofia e André

A ARTE NOS mostra o mundo em outras cores e formas. Nos deixa ver a vida pelo olhar de narradores e personagens, cada um com dores, sonhos e desejos muito distintos dos nossos. Ela nos faz repensar nossas certezas, descobrir caminhos inesperados, sentir novas emoções. Quem tem medo da arte? Os livros infantis, felizmente, não têm.

Em Griso, o Único – publicado originalmente em 1997 e relançado recentemente pela editora Global –, o escritor e ilustrador Roger Mello nos convida a duas viagens. A primeira é a jornada do solitário Griso, o último dos unicórnios, em busca de um semelhante. A segunda é um deslumbrante passeio pela história da arte e por seus diversos estilos. Cada página dupla é criada em um estilo visual diferente, da arte rupestre ao surrealismo, da arte indiana à egípcia. Livro delicioso para o coração e para os olhos. SOBRE O AUTOR: Roger Mello, nascido em Brasília, é o mais premiado ilustrador brasileiro no campo da literatura infantil, com trabalhos publicados e expostos em diversos países.

GRISO. Texto e ilustrações de Roger Mello. Ed. Global, 2016.

A PEQUENA GILDA NO MUSEU. Texto de Flávia Azevedo, ilustrações de Bruno Nunes. Editora Aletria, 2017.

Em A Pequena Gilda no Museu, a personagem principal é uma menina que, todo dia, a caminho da escola, passa diante de um museu repleto de pinturas, esculturas e outras manifestações artísticas. Um dia, acaba entrando no imenso prédio e ali encontra o senhor Manuel, que explica a ela como funciona um museu e lhe mostra obras de grandes artistas brasileiros, como Guignard, Tarsila, Portinari, Volpi e Oiticica, além de artefatos indígenas e da cultura popular. Assim como em Griso, a produção gráfica é primorosa, digna da arte que nos envolve.

Leo Cunha O escritor Leo Cunha publicou mais de 50 livros, como Um Dia, um Rio (Ed. Pulo do Gato) e Cachinhos de Prata (Ed. Paulinas). Recebeu os principais prêmios da literatura infantil brasileira, como Jabuti, Nestlé, FNLIJ e João-de-Barro. leocunha@canguruonline.com.br

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IMAGENS: REPRODUÇÃO

SOBRE OS AUTORES: Flávia Azevedo, mineira, é curadora de artes e está estreando na literatura infantil. Bruno Nunes, mineiro, é ilustrador e designer, com trabalho em diversos livros.


FOTO: DIVULGAÇÃO

4artigo | Iara Mastine

Afinal, o que é coaching para pais?

C

oaching é um processo de desenNós nos deparamos com diversas teorias e literaturas volvimento humano, que prepara a para compreender melhor nossas dúvidas e angústias, pessoa para atingir seus objetivos de mamas a realidade é que não existe um manual. neira eficaz e mais assertiva. Possui o foco família em construção. no futuro do cliente, levando em conta o Então, o ideal é trocar os manuais por repertórios. aprimoramento das habilidades e das múltiplas compeSim, um repertório trará as diversas formas de atuação tências de cada indivíduo. perante um desafio familiar – e por que não pensar em Quando falamos em coaching para pais, visamos à um repertório para toda a sua vida? construção de estratégias para os diversos desafios do A questão é que existem, sim, muitas formas de mundo parental. E, quando falamos em diversos, são educar os filhos, e a mais correta é aquela que faz mais diversos mesmos, não são? Primeiro vem a questão do sentido para você, desde que vise ao crescimento pleno puerpério, os desafios da amamentação, as noites male ao desenvolvimento saudável da família. dormidas, os choros que não compreendemos, a falta Sendo assim, é importante que você tenha clareza de comunicação, a vontade de resgatar quem somos. E sobre quais princípios e valores quer transmitir aos seus quem somos nós, agora? filhos, e, para ter essa clareza, precisa se conhecer, olhar Nós nos deparamos com diversas teorias e literatupara dentro de si e tentar compreender suas necessidaras para compreender melhor nossas dúvidas e angúsdes. Precisa construir seu repertório. tias, mas a realidade é que não existe um manual. De O coaching para pais tem este objetivo, ou seja, te fato, se existisse um manual, esse manual não teria funajudar a exercer este papel da melhor maneira possível, damentos: um manual fala exatamente o que se deve possibilitando um autoconhecimento e uma visão clara fazer em uma situação específica. No caso, as relações de como transmitir uma educação de qualidade ao seu nunca serão pautadas em uma situação específica, cada filho, alinhada com os valores da sua família e com seu ser é único, e cada interação produz milhares de oupropósito de vida.  tros comportamentos e sentimentos que nem sempre entendemos. Eu defendo a teoria de que um manual não serviria para proporcionar harmonia familiar e conexão entre as pessoas, simplesmente pelo fato de estarmos em constante construção. Cada um possui sua maneira de ser, cada filho tem seu jeito de se expressar, de dividir suas particularidades. Existe, sim, uma ordem natural para o desenvolvimento humano, mas cada família é uma

Iara Mastine é psicóloga, coach de pais e filhos e a mais nova blogueira da Canguru. Formada pela UNESP e pela Sociedade Brasileira de Coaching, possui diversos cursos na área. Coordenou e escreveu o livro Coaching para Pais: Estratégias e Ferramentas para Promover a Harmonia Familiar. Também possui a certificação internacional em Mindfulness para Crianças. É a primeira facilitadora brasileira treinada presencialmente pela médica americana doutora Amy Saltzman, pioneira na técnica.

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A importância da psicomotricidade

A PSICOMOTRICIDADE OCUPA um lugar de O desenvolvimento psicomotor é um processo destaque no desenvolvimento infantil. Isso ocorre contínuo e dinâmico, em permanente evolução. porque existe uma grande interdependência entre Conheça alguns exemplos de brincadeiras para cada os desenvolvimentos motores, afetivos e intelectuais. faixa etária: Segundo a Associação Brasileira de PsicomotricidaATÉ OS 2 ANOS: nessa fase, a brincadeira tem que esde, essa é a ciência que tem como objeto de estudo o timular os sentidos. Correr, puxar carrinhos, escalar objetos homem através do seu corpo em movimento e em ree jogar com bolinhas estão entre as atividades recomendalação ao seu mundo interno e externo. Está relacionada das. Nesse período, a criança vai adquirindo competências ao processo de maturação, em que o corpo é a origem motoras e aumentando a sua autonomia. das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. É susDE 3 A 4 ANOS: começam as brincadeiras de faz de tentada por três conhecimentos básicos: o movimento, conta. As crianças respondem a simulações de casinha, de o intelecto e o afeto. Contribui de maneira expressiva trânsito, de escolinha e de outras atividades cotidianas. para a formação e a estruturação do esquema corporal DE 5 A 6 ANOS: os jogos motores e os de represene tem como finalidade principal incentivar a prática do tação (faz de conta) continuam e se aprimoram. Surgem os movimento em todas as etapas da vida de uma criança. jogos coletivos, de campo ou de mesa. A relação corporal é a linguagem que a criança utili7 ANOS OU MAIS: a criança está apta a participar e se za na primeira infância para expressar as suas sensações divertir com todos os tipos de jogos aprendidos, mas com e os seus desejos. É essencial que o adulto tenha um graus maiores de dificuldade. olhar atento para esse corpo que tem algo a dizer. Brincadeira e movimento são as formas lúdicas e Podemos dizer, então, que a psicomotricidade está adequadas de trabalhar corpo e mente das crianças. diretamente relacionada ao desenvolvimento infantil e Através do lúdico e de atividades sugeridas, a criança é ao processo de aprendizagem. estimulada a descobrir e conhecer o mundo que a cerca. O adulto tem um papel fundamental na mediação dessas atividades, respeitando o tempo de cada criança e incentivando-a. O desenvolvimento psicomotor é um processo conTaissa Beltrão Borges tínuo e dinâmico, em permanente evolução. Desde o é educadora física formada pela UFRJ e nutricionista formada pela nascimento, as crianças vão desenvolvendo progressiUniBennett, com especialização em Educação Psicomotora pelo IBMR. Possui 15 anos de experiência na área educacional e é sócia-fundadora do Brincarte vamente as suas capacidades motoras e intelectuais e a Movimento (www.brincartemovimento.com.br), onde coordena e administra relação com o que as rodeia. aulas de psicomotricidade.

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FOTO: ARQUIVO PESSOAL

4artigo | Taissa Beltrão Borges


FOTO: ARQUIVO PESSOAL

4artigo | Cíntia Aleixo

Quando buscar psicólogo para os filhos? Quando os filhos apresentam desajustes comportamentais ou sociais em suas relações, os pais sentem-se indecisos se devem encaminhá-los para um profissional de psicologia e iniciar a terapia infantil. A criança possui características pessoais que moldam sua personalidade. Se os pais se atentarem aos hábitos e aos gostos particulares de seus filhos, fica mais fácil diferenciar o que foge de sua realidade comportamental. É interessante pensarmos se a nossa visão de mundo influencia diretamente a autoridade sobre eles e a forma como esperamos que eles se comportem. A expectativa é que ajam como gostaríamos. Um exemplo disso é quando a criança escreve com a mão esquerda e isso não é aceito pelos pais. Ou seja, é um caso de aceitação, e não de recomendação de psicoterapia infantil. O sofrimento na família, os conflitos frequentes e prolongados e os constantes momentos de choro ou aflição são aspectos importantes que devem ser observados pelo adulto e colaboram para a decisão de buscar um psicólogo. A escola é uma grande aliada nessa observação e no encaminhamento para que o psicólogo assuma o diagnóstico. No fundo, os pais sabem quando há algo de errado com o filho, mas nem sempre se encorajam a levá-lo ao psicólogo, o que deveria ser naturalmente saudável. As queixas infantis mais comuns que chegam aos consultórios de psicoterapia são: dificuldade de aprendizagem, medos, ciúmes, agressividade, tiques, manias, mau comportamento, excesso ou falta de sono ou apetite, birra, timidez e atraso no controle do esfíncter.

Em geral, as sessões com crianças acontecem semanalmente, de acordo com o caso. A criança vai tendo mais tranquilidade para viver esse momento difícil e, num passo de cada vez, vai retomando ou encontrando o seu lugar. Quanto mais a gente puder trazer para dentro da criança essa segurança, mais rápido essa conexão vai acontecer.

No fundo, os pais sabem quando há algo de errado com o filho, mas nem sempre se encorajam a levá-lo ao psicólogo. Através do brincar, o psicólogo analisa diversos comportamentos, aspectos cognitivos, emocionais, anseios e vivências. Os pais participam das sessões em conjunto com o filho ou de sessões individuais, e, a partir da visão da dinâmica familiar e dos relatos dos pais, o psicólogo poderá traçar o caminho para que novas possibilidades surjam, aspectos importantes venham à tona e tudo se ajuste. Temos que delimitar responsabilidades às crianças de acordo com a sua idade e ter cuidado com a competição, o consumismo e outros tantos comportamentos que repassamos aos filhos mesmo quando não percebemos. Somos o espelho deles! 

Cíntia Aleixo é psicóloga há 13 anos, especialista em psicologia perinatal. Atua em consultório particular no Rio e é idealizadora e diretora do projeto Um Mundo de Possibilidades Maternas, cujo objetivo é oferecer apoio emocional às mulheres que são mães, mas que também exercem muitos outros papéis sociais e encontram-se perdidas, aflitas e/ou confusas. Também é colaboradora do blog nanamaternidadepreta.com.

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FOTO: FLÁVIO DE CASTRO

crônica

O presente cris guerra e o filho, francisco

VÉSPERA DE FERIADO. Aguardo minha amiga chegar à minha casa para uma noite de papo e vinho – só nós duas. Enquanto ela não chega, Francisco sai com três amigos e a mãe de um deles. Rumam a pé para o prédio vizinho, levando um colchão emprestado. Os quatro meninos vão passar a noite brincando e dormirão por lá. A mãe do amigo aproveita a visita para me apresentar o coelho Jack, mais novo integrante da família. Enquanto todos se movimentam, Jack esconde o focinho no colo da dona, aproveitando o chamego. Os meninos dão risadas da tentativa de carregar o colchão, pesado e molengo. Depois de muitas trapalhadas, finalmente compreendem que o melhor é saírem enfileirados, equilibrando o objeto sobre suas cabeças. Seguem cantarolando, animados para a farra que os aguarda. Fecho o portão e entro no prédio, deixando lá fora os sons que desenham uma noite tranquila. Crianças correm, cachorros latem, adultos conversam – harmonia interrompida por um ou outro carro que passa. Entro em casa com uma certeza: ela está aqui. E desta vez, olha que sorte, foi recebida de portas abertas, com um sorriso de quem confia. Ela, de cuja ausência sempre me ressinto e da qual passo a vida tentando adivinhar a fórmula. Sem aviso, chegou para mostrar que tudo pode ser simples. Eu só preciso aprender a prestar atenção. Ou serei feliz sem perceber, como das outras vezes. E de novo me postarei à espera de algo que nunca virá. Não ganhei na loteria, não estou apaixonada, nenhuma viagem à vista. Ainda não consigo ir à academia com frequência, dezenas de tarefas da agenda ficaram para amanhã. Na cabeceira da cama, livros novos me aguardam ansiosos. Não sei se poderei lê-los todos. O que importa é que me sinto feliz – e o reconheço no momento em que isso acontece, o que me deixa ainda mais feliz. E não encontro um motivo racional para isso, o que torna essa alegria ainda mais genuína.

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Tão bonito descrever os planos com todos os detalhes que prevemos para ele: felicidade ‘photoshopada’ e perfeitinha. Depois do brinde, eu e minha amiga filosofamos. Sobre essa felicidade que só encontrávamos no que já passou ou no que ainda virá – as pessoas que perdemos, a infância que não volta, a viagem que um dia será. É mais fácil emoldurar o passado, aplicar-lhe filtro e legenda para, então, tocar nele. Tão bonito descrever os planos com todos os detalhes que prevemos para ele: felicidade “photoshopada” e perfeitinha. Entre um argumento e outro, ouvimos um som da flauta vindo do apartamento de baixo. Meu vizinho e o tempo se dão muito bem. Amanhã ele estenderá a corda de slackline entre duas árvores da praça, sem pressa de se equilibrar. É sábio o vizinho. Sua maior ambição é viver o agora. Penso nesse aprendizado de hoje, que veio sem encomenda. Como fui capaz de percebê-lo, enfim, depois de tanto bater a portas erradas? Passei a vida buscando uma palavra com outro sentido, até me cansar da procura. E, então, aconteceu. Aquele espaço rápido entre uma ansiedade e outra, em que tudo parece perfeito. E é. Preciso ensinar para o Francisco. Estar ao lado dele e apontar, como quem chama atenção para uma estrela: “Sabe este momento brilhando, filho? A gente está sendo feliz agora”. 

Cris Guerra é publicitária, escritora e palestrante. Fala sobre moda e comportamento em uma coluna na rádio BandNews FM e a respeito de muitos outros assuntos em seu site www.crisguerra.com.br. Na Canguru, escreve sobre a arte da maternidade. crisguerra@canguruonline.com.br




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