Canguru | SP | Março de 2018 | Número 11

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criando filhos melhores para o mundo

mar 2018 | nº 11 | São Paulo

Como falar de política

com os pequenos em tempos DE FAMÍLIAS POLARIZADAS QUANDO A

hipnose pode

ajudar as crianças SEU FILHO TEM

ciúmes do seu

celular?

QUERO SER

YouTuber

Canais mirins explodem em site, e essa se torna uma das profissões dos sonhos da nova geração; saiba como lidar e quais preocupações você deve ter

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Fale com a Porto Seguro www.portoseguro.com.br/redes-sociais - Acompanhe-nos nas redes sociais. (11) 3366 3377 (Grande São Paulo) | 0800 727 9393 (Demais Localidades). 0800 727 6464 (SAC). 0800 727 8736 (Atendimento Exclusivo para Deficientes Auditivos). 0800 727 1184 (Ouvidoria). porto.vc/chatonline (Chat). Porto Seguro Vida e Previdência S.A. – CNPJ: 58.768.284/0001-40. Al. Barão de Piracicaba, nº 618 – Torre B – 3º andar – Campos Elíseos – São Paulo – CEP: 01216-012. Informações reduzidas. Consulte o regulamento do plano contratado no site www.portoseguro.com.br/previdencia. Processo SUSEP Proteção Planejada: 15414.900482/2017-61. Fundo: Renda Fixa Soberano Diamante - CNPJ: 02.924.217/0001-13. O registro deste plano na SUSEP não implica, por parte da Autarquia, incentivo ou recomendação à sua comercialização. Nos termos da legislação vigente, o participante poderá optar ou não pelo critério de tributação por alíquotas decrescentes.


4nesta edição

seções Primeiras palavras Nossos leitores www.canguruonline.com.br Eles dizem cada coisa Missão Instagram Comprinhas Mundo Kids Canguru viu e curtiu Corrente do bem Moda, por Roberta Paes Passeios Kids, por Cá e Tatê Padecendo no Paraíso, por Bebel Soares Para ler com seu filho, por Leo Cunha

O YouTube é dos baixinhos: Amy faz sucesso com canal voltado para crianças com deficiência

24

[2]

Viagens, modo de usar, por Luís Giffoni Artigo, por Liliany Faicari Artigo, por Sidinei Rolim Crônica, por Cris Guerra

Reportagens 24

Sociedade | Como falar sobre política para os pequenos em tempos de tamanha polarização

28

Capa | Canais mirins explodem no YouTube, e fazer sucesso no site vira profissão dos sonhos da nova geração

34

Saúde | Hipnose pode ajudar crianças em tratamentos, mas é controversa

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Ideias | Projetos tiram as mães de casa quando ainda estão com bebês recém-nascidos

40

Comportamento | Celular tira tanto a atenção dos pais que filhos ficam com ciúmes

Eles se interessam: podemos falar de política até com os mais novinhos

36

[3]

Conexão no puerpério: projetos como o Dança Materna convidam as mães de recém-nascidos a se manterem ativas

Nossa capa Nanda Lima, 14 anos, é filha de Patrícia Garcia Lima e Emerson de Lima. FOTO: JULIANA FRUG

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FOTOS: [1] MARCO FURLAN / DIVULGAÇÃO; [2] JULIANA FRUG; [3] RICARDO BORGES

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[1]


FOTO: GUSTAVO ANDRADE

primeiras palavras

Uma realidade da nova geração Ivana e os filhos Pedro e Gabriel LOGO APÓS O Carnaval, chegou um coleguinha novo à sala do meu filho caçula. E ele veio animadíssimo me dar notícias sobre o crescimento da turma. “O Francisco tem um canal no YouTube”, me explicou. Entendi logo o recado: o menino é popular – faz sucesso na escola por causa dos seus vídeos. Na minha infância, muitos colegas sonhavam com profissões que os tornariam famosos. Uns queriam ser cantores, outros atores, jogadores de futebol. As meninas inventavam passarelas imaginárias, desejando uma carreira de modelo. Para os amigos dos meus filhos, no entanto, sinônimo de sucesso é se tornar um youtuber. Para meu espanto, descobri, há alguns meses, que existem cursos especializados em ensinar crianças de 6, 7 anos, que mal foram alfabetizadas, a criarem seus próprios canais! Segundo os coordenadores de uma dessas escolas, nem sempre é o filho que enlouquece o pai querendo ser matriculado. Muitas vezes são os próprios pais que incentivam os pequenos a mergulharem no mundo da edição de vídeos e a se exibirem na internet. Foi sobre esse estranho mundo novo (tão sedutor para nossas crianças) que a repórter Rafaela Matias se debruçou por semanas para a reportagem de capa da edição de março. O que há de perigoso nesse movimento mirim? E o que há de positivo? É bom entender. Pode ser que seu filho jamais pense em criar o próprio canal. Mas com certeza ele vai seguir (ou já segue) um monte de páginas produzidas por outras crianças. Evitar que meninos e meninas fiquem completamente seduzidos pelo excitante mundo on-line tem sido um grande desafio para a maioria das famílias. Mas e quando o problema não é o vício das crianças, e sim o dos pais? É sobre isso que trata outra reportagem desta edição. Se tem pai preocupado com o filho que não larga o celular, tem filho completamente enciumado porque o pai dá atenção demais ao seu telefone móvel... Enfim, esta é mais uma revista cheia de matérias para provocar reflexões na sua casa. Espero que elas ajudem você a cumprir esta grandiosa missão que é criar filhos melhores para o mundo.

Ivana Moreira, DIRETORA DE CONTEÚDO ivana@canguruonline.com.br

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Entrevista com Rossandro Klinjey

Esta é a melhor revista para pais do Brasil. — Denise Alves Brasileiro, pediatra de Belo Horizonte

Sobre filhos: se não pensar bem no bem que deseja fazer, você pode fazer grande mal. Sou grato à Canguru pelo diálogo. — Rossandro Klinjey, palestrante e escritor, psicólogo clínico, mestre em saúde coletiva e doutor em psicanálise, entrevistado na edição de fevereiro

Adoramos a revista Canguru. Eu e meu filho de 9 anos acompanhamos todas as matérias, lemos juntos, damos palpites nas histórias. Gosto do tipo de texto (leve, mas com ótimo conteúdo). Recomendo a todos os pais. — Fabiana Gaillardetz, de São Paulo Adoro a revista! Leio todas e participo dos eventos sempre que possível! — Juliana Sérgio, de Belo Horizonte Sempre leio a Canguru. Adoro as reportagens!!! Para quem tem filhos, é uma revista maravilhosa. — Simone Angélica, de Belo Horizonte Gosto muito da maneira como os temas são abordados pela Canguru! São assuntos sempre interessantes e úteis para o nosso dia a dia. — Mara Póvoa, de Belo Horizonte O conteúdo da Canguru enobrece a criação de nossos filhos!! Hoje são poucos os veículos que se comprometem seriamente com uma matéria. — Flavia Abreu Fernandes, de Lagoa Santa

Nova blogueira Ótima a iniciativa da Canguru [de reservar um blog focado nos educadores]. Que venham muitos frutos! — Ilda Gomes, de São Lourenço (MG)

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Reportagem de capa Eu amei as matérias da revista Canguru do mês de fevereiro! Parabéns, equipe! Vocês abordaram com louvor o tema “volta às aulas” e principalmente a lição de casa. Parabéns!!!! — Vilma Farias, de São Paulo

FALE COM A CANGURU Entre em contato pelo e-mail redacao@canguruonline.com.br ou deixe um comentário em nossas redes sociais.

Enquete: Qual é a melhor parte de ter mais de um filho? Veja algumas respostas dos nossos leitores: A melhor parte de ter dois filhos é que se tem tudo em dobro: trabalho, dificuldades, preocupações, mas, em compensação, alegrias, risadas, aprendizados e, principalmente, amor. Tudo em dose dupla. — Luciara Oliveira Ver o cuidado e o carinho de um pelo outro e saber que a parceria para a vida está sendo sedimentada dia a dia!!! — Juliana Ferreira Morais Muita bagunça, gritaria, algumas briguinhas, brinquedos pela casa afora, mesa de jantar completa, casa cheia, amor triplicado, companhia para tomar café da manhã, não sei viver sem! — Tatiane Nunes É saber que eles sempre terão um ao outro, não importa a circunstância!! — Cláudia Monteiro

Fique de olho em nossas novas enquetes!

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Elas são sempre divulgadas em nossa página do Facebook: www.facebook.com/canguruonline


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DIRETOR EDITORIAL: Eduardo Ferrari DIRETORA DE PROJETOS ESPECIAIS: Ivana Moreira

A Canguru é uma publicação mensal da Scrittore Comunicação e Editora Ltda. CNPJ 12243254/0001-10

CONSELHO EDITORIAL Cristina Moreno de Castro, Eduardo Ferrari, Guilherme Sucena, Ivana Moreira, Márcio Patrus, Suellen Moura e Thiago Barros DIRETORA DE CONTEÚDO Ivana Moreira (ivana@canguruonline.com.br) EDITORA-CHEFE Cristina Moreno de Castro (cristina@canguruonline.com.br) EDITORAS Luciana Ackermann (luciana@canguruonline.com.br) e Sabrina Abreu (sabrina@canguruonline.com.br) REPÓRTER Rafaela Matias (rafaela@canguruonline.com.br) ESTAGIÁRIAS Catarina Ferreira (catarina@canguruonline.com.br) e Gabriela Willer (gabrielawiller@canguruonline.com.br) EDIÇÃO DE ARTE Aline Usagi (aline@canguruonline.com.br) e Filipe Cerezo (filipe@canguruonline.com.br) PROJETO GRÁFICO Chris Castilho (Mondana:IB) (www.mondana.net) EDITORA MULTIMÍDIA Juliana Sodré (juliana@canguruonline.com.br) REVISORA Thalita Braga Martins COLABORADORES DESTA EDIÇÃO Bebel Soares, Cris Guerra, Leo Cunha, Luís Giffoni e Roberta Paes FOTÓGRAFOS Carlos Hauck, Gustavo Andrade, Juliana Frug e Ricardo Borges DIRETOR DE COMUNICAÇÃO E MARKETING Thiago Barros (thiago@canguruonline.com.br) DIRETORA COMERCIAL Suellen Moura (suellen@canguruonline.com.br) EQUIPE COMERCIAL Simone Dianni (simone@canguruonline.com.br) DIRETOR DE NOVOS NEGÓCIOS Guilherme Sucena (guilhermesucena@canguruonline.com.br) ATENDIMENTO A LEITORES E ESCOLAS PARCEIRAS Simone Dianni (simone@canguruonline.com.br) EQUIPE ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA Roberto Ferrari (roberto@canguruonline.com.br) e Gabriela Linhares (gabriela@canguruonline.com.br)

PARA FALAR COM A REDAÇÃO Belo Horizonte Avenida Flávio dos Santos, 372, Floresta CEP 31.015-150

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Evento

Você quer criar filhos melhores para o mundo? SE VOCÊ TEM filhos pequenos e anda preocupado com a formação deles, em como contribuir para que eles se tornem adultos equilibrados e bem-resolvidos, não perca essa oportunidade. A Canguru, em parceria com a rádio BandNews FM, vai reunir especialistas de diferentes áreas para discutir com os pais temas relacionados ao desenvolvimento das crianças. Os encontros para pais serão realizados em

São Paulo, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte e terão como moderadora a jornalista Ivana Moreira, diretora de conteúdo da Canguru e colunista da rádio BandNews FM e do jornal Metro. A entrada nos eventos é gratuita, mas as vagas são limitadas. Faça sua inscrição no site www. canguruonline.com.br. Confira a programação em cada cidade.

SÃO PAULO Dia 10 de março (sábado), das 10h30 às 12h30, no Teatro do Morumbi Shopping. PROGRAMAÇÃO:

“Como a disciplina positiva pode mudar a relação com seus filhos”

“Conexão familiar, a chave para a felicidade na sua casa”

Palestrante: Bete Rodrigues, educadora há 30 anos, é a única trainer brasileira em disciplina positiva e tradutora dos três livros da norte-americana Jane Nelsen (que é a criadora do conceito de disciplina positiva) já publicados no Brasil.

Palestrante: Iara Mastine, psicóloga e coach de pais e filhos com certificação pela The Parent Coaching Academy (Reino Unido), diretora da Sociedade Brasileira de Coach e idealizadora dos programas Mamãe Coach e Escola de Sentimentos.

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“Mitos e verdades do TDAH” Palestrantes: doutor Daniel de Barros e Inês de Castro. O psiquiatra e a jornalista comandam duas atrações na BandNews FM, o programa Humanamente e a coluna Isso É Coisa da Sua Cabeça, nos quais discutem temas relacionados ao desenvolvimento psíquico das pessoas.


RIO DE JANEIRO Dia 17 de março (sábado), das 10h30 às 12h30, no Teatro dos Quatro (Shopping da Gávea: rua Marquês de São Vicente, 54). PROGRAMAÇÃO:

“Como a disciplina positiva pode mudar a relação com seus filhos” Palestrante: Bete Rodrigues, educadora há 30 anos, única trainer brasileira em disciplina positiva e tradutora dos três livros da americana Jane Nelsen (criadora da disciplina positiva) já publicados no Brasil.

“Conexão familiar, a chave para a felicidade na sua casa” Palestrante: Iara Mastine, psicóloga e coach de pais e filhos com certificação pela The Parent Coaching Academy (Reino Unido), diretora da Sociedade Brasileira de Coach e idealizadora dos programas Mamãe Coach e Escola de Sentimentos.

“Coisa de menino e coisa de menina: como falar de gênero na infância” Palestrante: Nicole Spohr, fundadora do Fala Frida. A administradora é fundadora da plataforma Fala Frida, que tem por objetivo informar e empoderar mulheres para a construção de um mundo mais igualitário.

BELO HORIZONTE Dia 24 de março (sábado), das 10h30 às 12h30, no Novo Teatro do Pátio Savassi. PROGRAMAÇÃO:

“Como (e por que) falar sobre emoções com seus filhos” Palestrante: Thaís Moraes, psicóloga, especialista em terapia cognitivo-comportamental e coordenadora do Instituto TRI BH. Palestrante: Iara Mastine, psicóloga, especialista em gestão das potencialidades humanas, coach de pais e filhos com certificação pela The Parent Coaching Academy e membro da Sociedade Brasileira de Coach. Idealizadora dos programas Mamãe Coach e Escola de Sentimentos.

“O que seu filho come hoje define o adulto que ele será” Palestrante: Lucas Penchell, médico, atua nas áreas de Medicina do Esporte e Nutrologia.

NA BANDNEWS FM, às terças e sextas-feiras, às 13h40, com reprise às 16h17, e também aos sábados e domingos, ouça a coluna de Ivana Moreira, diretora de conteúdo da Canguru. Ouça as gravações em www.canguruonline.com.br/radio.

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

“Conexão familiar, a chave para a felicidade na sua casa”




POR Cristina

Moreno de Castro

Mote

léu m ho româ t ntico el ?

RODRIGO, de 6 anos, é filho de Valdinéia Nascimento e Antônio Ricardo Nascimento.

CLARA, de 3 anos, é filha de Rosaline Cristina Figueiredo e Silva e Glauber Fullana de Assis

Mamãe, o céu é feito de papel?

Agora eu sei por que você chama minha avó e meu avô de “pai” e “mãe”. É porque quando você era neném eles eram os seus pais!

Se es fazer tá cansad op ad mãe, apel da c e h faz o pape ata, l do meu pai!

Feliz saudade, Juju!

FELIPE, de 8 anos, é filho de Bebel Soares e Alexandre Lorentz.

LIS, de 2 anos, filha de Cristina Andrade Sampaio e César Rota Júnior, ao rever a irmã mais velha depois de uma viagem de fim de ano.

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Se seu filho também diz pérolas, envie a frase para o e-mail redacao@canguruonline.com.br.

FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

LORENZO, de 5 anos, é filho de Marília Frederigue e Christianno Inácio.


Busca

Busca

Mari Coutinho no Instagram: “����‍�� Totoia professorinha! �� #canguruonline #professorinha #Voltaasaulas #Escolinha #ElaAma @canguruonline”

As crianças já estão preparadíssimas para Busca Busca encarar o ano letivo, e isso é ótimo! Veja algumas imagens que chegaram até nós dos pequenos brincando de aulinha.

@entrebatonsecrayons Entrar Patrocínio (MG)

entreb pra tir night ningu @agn sem e Éramo Hoje s que vi nadica Hoje f Ahhh

@maricoutcam Contagem (MG) Seguir maricoutcam • Seguir

Arvoredo

maricoutcam ����‍�� Totoia professorinha! Ciria#canguruonline Duarte�������� no Instagram: “Aula com a professora Marcella #canguruonline” #professorinha �� #Voltaasaulas #Escolinha #ElaAma 47 cur @canguruonline canguruonline Que fofura! Qual o nome, idade e cidade da professorinha?

4 DE FEV

Busca

Busca

Entrar

maricoutcam @canguruonline Victoria Lima, 1a11m, Contagem

Valentina, de 3 anos, dando aula para os pais.

38 curtidas 6 DE FEVEREIRO

@ciriaduarte19 Belo Horizonte (MG)

Entrar para curtir ou comentar.

SOBRE NÓS

Victoria, de quase 2 aninhos, ensinando às bonecas.

CARREIRAS

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TERMOS

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#cang

janain

IDIOMA

https://www.instagram.com/p/Beyb6IKHXO1/?tagged=canguruonline[20/02/2018 14:49:25]

SOBRE NÓS SUPORTE BLOG IMPRENSA Vamos fotografar nossos filhos vestidos de coelhiTERMOS DIRETÓRIO nhos para entrar bem noCARREIRAS clima da PRIVACIDADE Semana Santa? IDIOMA Vale colocar orelhinha de papel, fantasia completa © 2018 INSTAGRAM ou até flagrar uma brincadeira com pura imaginação! Poste a foto em sua conta do Instagram com a https://www.instagram.com/p/Be3_wiznV93/?tagged=canguruonline[20/02/2018 14:50:29] hashtag #canguruonline, e ela pode sair na próxima revista Canguru e em nossas redes sociais.

cangu da Ma

ciriadu Rosa S

ciriadu mamã

API PERFIS

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FOTOS: REPRODUÇÃO INSTAGRAM

Próxima missão: Coelhinhos da Páscoa

© 2018 INSTAGRAM

HÁ 1 DIA

Entrar

Marcella, de 4 anos, incorporou a professora.

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EDIÇÃO Cristina

Moreno de Castro

Para esperar o Coelhinho O domingo de Páscoa é só no dia 1º de abril, então temos um mês inteirinho para comprar ovos deliciosos e preparar a casa para a chegada do Coelhinho! Vamos nessa? CESTINHO COM CHOCOLATE

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apresenta

Primeiros passos

FOTO: IVULGAÇÃO

Entenda a importância de as crianças andarem descalças ou com sapatos adequados desde pequenas

NÓS EVOLUÍMOS PARA crescer junto à natureza – toda nossa estrutura muscular e óssea se desenvolveu em resposta ao ambiente em que nossos ancestrais viviam. Porém, há pouco mais de cem anos, passamos a viver em um ambiente urbano com estímulos totalmente diferentes, e isso vem prejudicando nosso desenvolvimento natural. “Atualmente, 75% das crianças chegam aos 7 anos com algum problema nos pés, desde pés planos e pisada torta até questões mais complexas, sendo que somente 2% das crianças nascem com algum problema”, diz Ana Paula Lage, designer e pesquisadora da Noeh Baby, que desenvolve projetos de produtos com foco na saúde infantil, e pesquisadora do Medical Pediatric Device Consortium do Mott Children’s Hospital, na University of Michigan Health System. “Essa alta taxa de anormalidade adquirida durante o desenvolvimento motor infantil tem grande relação com o ambiente em que vivemos e com os calçados que usamos”, completa. A natureza oferece características fundamentais para o desenvolvimento motor, incluindo consciência corporal, equilíbrio e percepção espacial. “Na fazenda, no quintal ou na pracinha, a criança amplia a percepção do mundo a sua volta, expandindo a capacidade de aprendizagem. Ela tem à disposição diversos tipos de superfícies para

caminhar, se equilibrar e tem mais espaço para se movimentar”, diz Ana Paula. Aprender a andar descalço, principalmente em solo natural, causa uma instabilidade que provoca os músculos e articulações dos pezinhos. Estimular isso desde a primeira vez que os bebês ficam de pé, mesmo com ajuda de apoios, pode influenciar na qualidade e velocidade do desenvolvimento motor, além de auxiliar a formação normal dos músculos e articulações dos pezinhos. No entanto, atualmente, os bebês urbanos aprendem a andar em superfícies pavimentadas, planas e duras, e ainda usam calçados inadequados. “Uma vez que não há superfícies irregulares e móveis sob os pés para estimular a formação normal da musculatura, a caminhada não natural pode tornar-se um hábito muito difícil de mudar, podendo vir a ser uma fonte de incapacidades na vida adulta, gerando anormalidades nos próprios pés e reverberando nos joelhos, quadris, coluna etc”, explica Ana Paula. Portanto, é de extrema importância para a criança aprender a andar descalça, se possível em solos naturais, ou usar calçados que proporcionem essa experiência.  Saiba mais em www.noeh.com.br

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POR Cristina

De 33% a 40%

Moreno de Castro e Juliana Sodré

das gestantes CONSOMEM BEBIDA ALCOÓLICA EM ALGUM PERÍODO DA GRAVIDEZ, e de 10% a 21% o fazem durante toda a gestação, segundo estudo divulgado pela Sociedade Brasileira de Pediatria.

#GravidezSemÁlcool É TRISTE QUE ainda hoje precisemos fazer uma campanha para que gestantes não bebam durante a gravidez, mas é o que entidades como a Sociedade Brasileira de Pediatria, a Sociedade de Pediatria de São Paulo e a Academia Brasileira de Neurologia se viram obrigadas a fazer. O motivo é simples: evidências médicas demonstram que um só gole pode acarretar ao bebê problemas graves e irreversíveis, que podem revelar-se logo ao nascimento ou mais tardiamente e perpetuam-se pelo resto da vida. A Síndrome Alcoólica Fetal pode levar a malformações congênitas faciais, neurológicas, cardíacas e renais – e as alterações comportamentais estão sempre presentes. No mundo todo, existem de um a três casos da síndrome por mil nascidos vivos. Uma pesquisa apontou que a incidência do risco de desordens de neurodesenvolvimento relacionados ao álcool chega a 34,1 bebês a cada mil nascidos vivos. Fica a dica: o melhor é prevenir! Se a vontade de participar de um brinde for grande, as grávidas devem optar pelas bebidas sem álcool.

Receitas seguras A pedido da Canguru, a gastrônoma Luzia Fiorini criou receitas de drinques sem álcool, especialmente pensados para as gestantes e as lactantes (e, por que não, para os motoristas da rodada). Anote aí: PINÃ COLADA Ingredientes: » 50 g de abacaxi » 30 mL de água de coco » 15 mL de leite de coco » 3 colheres de sopa de leite condensado » 3 punhados de gelo Modo de preparo: FOTO: DEPOSITPHOTOS

Coloque o abacaxi na coqueteleira e amasse, até desmanchar, com um socador. Ponha três punhados de gelo, água de coco, leite de coco e leite condensado para adoçar. Mexa bastante a coqueteleira e sirva a seguir.

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CAIPIRINHA DE ROMÃ Ingredientes: » 1 xícara de chá de semente de romã » 1 limão-taiti espremido » 100 mL de suco de romã » 2 colheres de sopa de hortelã fresca » Gelo moído » Açúcar ou adoçante a gosto Modo de preparo: Em uma coqueteleira, coloque as sementes, o açúcar, a hortelã e o suco de limão. Macere bem com um pilão. Adicione o suco de romã e o gelo. Mexa a coqueteleira por um minuto. Coloque mais gelo em um copo e complete com o drinque. VEJA MAIS RECEITAS EM www.canguruonline.com.br


eu já fui

criança

FOTO: REPRODUÇÃO

Xuxa Meneghel NO DIA 27 de março, Xuxa (Maria das Graças Meneguel), a eterna “Rainha dos Baixinhos”, completa 55 anos. No dia de seu nascimento, o pai dela, Luiz Floriano Meneghel, ao saber que a vida da mulher e da filha corria risco, teve que escolher entre elas. Ao dar preferência pela vida da mãe, rezou para Nossa Senhora das Graças e fez a promessa de que, se tudo desse certo, daria o nome da santa à filha. Mas foi o irmão Bladimir que a batizou com o apelido, incorporado oficialmente ao nome dela em 1988, que a tornaria reconhecida mundialmente. A infância de Xuxa em Santa Rosa (RS) teve muita brincadeira de rua, banhos de rio e subidas em árvore para comer frutas, mas também um lado sombrio: em entrevista concedida ao Fantástico em 2012, Xuxa revelou que sofreu abusos sexuais até os 13 anos. Aos 7, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, acompanhando o pai, militar. Com 15 anos, foi descoberta por um funcionário da Bloch Editores e, aos 16, posou para a capa da revista Carinho. O sucesso foi tão grande que, no ano seguinte, ela estampou a capa de mais de 50 revistas do país, trabalhando como modelo no Brasil e no exterior, onde foi contratada pela Ford Models, uma das maiores agências do mundo. Aos 20 anos, trocou a carreira internacional de modelo pelo programa Clube da Criança, na extinta TV Manchete. Depois foi convidada pela TV Globo, onde se consagrou e marcou gerações com o programa Xou da Xuxa. Após 29 anos de Globo, mudou-se para a Record TV, em 2015. Os números de sua carreira são expressivos: 17 filmes infantis, 217 discos de ouro, 80 de platina, 35 de platina duplos, 18 de platina triplos, 11 discos de diamante e cinco discos de diamante duplo. As vendas de seus LPs, CDs e DVDs alcançaram 40 milhões de cópias. Xuxa é mãe de Sasha Meneghel Szafir, que vai fazer 20 anos em julho.


EDIÇÃO Cristina

Moreno de Castro

O QUE ESTÁ ROLANDO DE ÚTIL, DIVERTIDO OU CURIOSO NA WEB E NAS REDES SOCIAIS

Parto Inusitado

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A FOTÓGRAFA TAMMY Karin tinha sido contratada para fazer as fotos do parto de Jesica Wright Hogan, que já era mãe de cinco meninas e estava grávida do primeiro menino. Mas ela não imaginava que presenciaria o nascimento de Maxwell ainda nos corredores do hospital. Leia o emocionante depoimento e veja as fotos usando nosso QR Code Canguru ou pelo site bit.ly/PartoInusitado.

IMAGENS: [1] REPRODUÇÃO / FACEBOOK LITTLE LEAPLING PHOTOGRAPHY; [2] REPRODUÇÃO / INSTAGRAM; [3] REPRODUÇÃO

Gêmeas mais famosas do ano A gestação de Ivete Sangalo foi acompanhada pelo Brasil inteiro, e, logo que suas gêmeas nasceram, ela recompensou a torcida com várias fotos das bebês em sua conta no Instagram. A primeira imagem teve mais de 3 milhões de curtidas. Em outra, a cantora aparece amamentando as duas pequenas ao mesmo tempo. Nesta foto, a homenagem aos médicos que fizeram seu parto: “Anjos lindos! Fui muito bem cuidada por eles desde o comecinho. Obrigada a vocês pelo comprometimento e carinho! Minhas pequenas são lindas, saudáveis e muito gulosas”. Veja as imagens pelo QR Code Canguru ou pelo link bit.ly/IvetenaCanguru.

[2]

Mais que Rihanna

[3]

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Você viu? A brasileiríssima Galinha Pintadinha quebrou o recorde de Rihanna no YouTube. Até então, a cantora era a personalidade que possuía em seu canal oficial o maior número de clipes (29) com mais de 100 milhões de visualizações. Depois que os hits Coelhinho da Páscoa e Fui à Espanha passaram da casa dos 100 milhões de views, a Galinha ultrapassou a marca, chegando a 30 vídeos com essa quantidade de acessos. Assista aos vídeos da Galinha no link www.youtube.com/ galinhapintadinha ou acesse usando nosso QR Code Canguru.


POR Gabriela

Willer

Em todo o Brasil A FUNDAÇÃO ABRINQ atua em todo o Brasil há 27 anos, garantindo que crianças e adolescentes tenham seus direitos assegurados. Saúde, educação, proteção contra a violência e contra o trabalho infantil são algumas das áreas de atuação em diferentes programas de diversas instituições que recebem apoio da Abrinq. Saiba como ajudar em: doe.fadc.org.br.

Desde 1994, o Instituto da Criança atua como uma plataforma que articula diversos atores sociais. Nela, pessoas físicas e jurídicas investem recursos financeiros, humanos, materiais, além de conhecimentos técnicos, promovendo o desenvolvimento social. Anualmente, patrocina projetos em instituições no Rio de Janeiro e em São Paulo. Também realiza programas educacionais e de desenvolvimento comunitário. Saiba mais em www.institutodacrianca.org.br.

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Instituto da Criança


apresenta

Chegou a série Rockidsa Aplicativo Kidsa lança nova série que apresenta temas como bullying, amizade e o desejo de reconhecimento na internet

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já participaram de vários programas educativos do aplicativo Kidsa, além de, frequentemente, protagonizarem comerciais de TV. Davi Caetano, o Juninho, fez parte do elenco da novela Velho Chico. O lançamento da série aconteceu no último dia 24 de fevereiro, em uma sessão exclusiva no Cineart Boulevard, em Belo Horizonte, sendo que os dois primeiros episódios foram disponibilizados no mesmo dia no YouTube. Os seis episódios completos da primeira temporada estão disponíveis no Kidsa (Android e iOS). Rockidsa é a segunda série produzida para o aplicativo. Além de mais de mil programas educativos voltados para o público infantil, o app também é responsável pela divertida série Partiu Aventura, estrelada pela Cia. de Artes Partiu. 

CONFIRA: No YouTube: www.bit.do/rockidsa. No aplicativo Kidsa (android e iOS): Primeira temporada completa.

FOTO: DIVULGAÇÃO

TRÊS AMIGOS INSEPARÁVEIS enfrentam todos os dias o tão temido bullying na escola. Unidos por um interesse em comum, o rock 'n' roll, eles formam uma banda e, com ela, buscam o reconhecimento dos colegas na internet. Assim é a história de Rockidsa, a nova série infantil produzida pelos Estúdios Kidsa. Juninho (Davi Caetano), Prego (Lucas Diniz) e Guto (João Neto), alunos do Colégio 14 Bis, lidam todos os dias com a rejeição por serem “diferentes” dos demais colegas. A trama começa quando os meninos decidem buscar um novo integrante para sua banda. Quando Mia (Maria Laura Mattar), uma patricinha de muito talento, entra para o grupo, eles recebem uma herança misteriosa, que realizará o desejo que eles têm em comum: serem astros do rock na internet. O ambiente escolar retratado na série contém temas presentes no dia a dia de toda criança: amizade, bullying e a vida conectada às redes sociais. Para o idealizador do projeto, João Chequer, é importante falar para as crianças sobre respeito e convivência: “O uso do smartphone pelas crianças é praticamente inevitável. Precisamos mostrar para elas que é possível usar a internet para estreitar laços, e não para afastar”. Para contar a história desses quatro amigos, a música é usada como uma ferramenta de narrativa muito importante. Ao todo, foram produzidas quatro músicas e clipes autorais, interpretados pelos próprios atores da série. As canções dão o tom às questões e aos dramas vividos pelos protagonistas, como a aceitação, o poder da amizade e o relacionamento com os pais. As crianças do elenco possuem entre 7 e 10 anos e



moda

Rasgado e

puído Já faz um tempo que sabemos que o jeans rasgadinho e puído é moda, e sabe o que é melhor? Vai continuar sendo. É claro que, para as crianças, temos que tomar o cuidado de garantir que a roupa realmente vai cumprir seu papel de aquecer quando o frio chegar, mas, enquanto o inverno não vem, vamos deixar as crianças bem fashion. Dê uma olhada nas opções que escolhemos para você! LEVADA DA BRECA A pequena Gabriela de Castro Pedrosa de Andrade, de 3 anos, se diverte com o shortinho da Algoritmo, loja que atende pelo Instagram em todo o país.

R$ 49,90 www.instagram.com/algoritmo_luxury_brands FOTO: GUSTAVO ANDRADE

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FOTO: ARQUIVO PESSOAL

BARRA DESFIADA

Calça Colcci Kids para meninas, com a barra toda desfiada, entrou de vez para o mundo fashion!!

R$ 174,93

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Roberta Paes

COM RENDINHA

Além dos rasgadinhos, esta calça para meninas tem um forro de renda branca... lindaaa!

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BURACO NO JOELHO

Os rasgadinhos desta calça jeans para meninos ainda têm os fios brancos que, com as lavagens, vão abrir um buraquinho. Muito legal!

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MAIS NO JOELHO

Este corte desfiado no joelho está sendo muito usado!!!

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PUÍDO PARA MENINOS

Chamamos de puído aquele jeans que foi apenas “desgastado”, sem chegar a rasgar. Ótima opção para o inverno.

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PUÍDO PARA MENINAS

Também tem calça com puídos para as meninas! Neste modelo, eles estão discretamente espalhados. Também vale!!!

R$ 189,99 Sobre o puído, uma costura em ziguezague para fechar bem e, ao mesmo tempo, deixar o jeans superestiloso.

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Roberta Paes é consultora de moda, estilista e palestrante. Atua no mercado de moda infantil há mais de 20 anos, em grandes empresas do varejo. Viaja para a Europa e os Estados Unidos conferindo as tendências de moda infantil que compartilha nesta coluna. www.robertapaes.com.br

* Preços pesquisados em fevereiro de 2018. A Canguru não se responsabiliza pela alteração de preços ou pela falta de produtos. Imagens ilustrativas.

@rpkids

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FOTO: DIVULGAÇÃO

ZIGUE-ZAGUE


4Sociedade

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Pequenos

cidadãos Num país tão polarizado, veja qual é a melhor maneira de responder às dúvidas dos filhos sobre política POR Catarina

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ASSUNTOS COMO IMPEACHMENT, eleições, manifestações e reformas políticas podem parecer muito distantes do universo infantil. Mas engana-se quem acredita que os pequenos não estão atentos às discussões que acontecem em reuniões de família ou aos noticiários aos quais os pais assistem. A pequena Valentina, de 5 anos, por exemplo, aumentou o bombardeio de perguntas para sua mãe, a economista paulistana Kelly Cristina Nascimento, no último ano: “Começou na época do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Tina ouvia as pessoas batendo panela e gritando xingamentos e queria saber o que estava acontecendo”. Debater assuntos políticos em casa é parte da rotina da família – por isso, sempre que surgem dúvidas, Kelly não foge das explicações à filha. O mesmo acontece na casa da advogada Juliana Guimarães Nogueira, de Belo Horizonte. Ela também costuma assistir ao noticiário junto de seu marido e do filho Daniel, de 4 anos. “A política sempre aparece na TV, e, apesar de pequeno, Daniel é muito atento. Talvez não tenha a compreensão exata do que está sendo falado, mas presta atenção em tudo”, diz Juliana. O importante é responder às perguntas dos peque-

nos apenas quando elas forem formuladas, defende a psicóloga Viviane Rossi, graduada pela Universidade Federal de São Carlos. Isso porque as dúvidas surgem de acordo com o amadurecimento das crianças. “Neste momento de discussões acaloradas, os pais podem acabar se apressando e querendo falar mais do que a criança está pronta para ouvir”, diz ela. Segundo Viviane, o essencial é explicar à criança os fatos, com respostas objetivas que se aproximem do universo que ela conhece. Uma boa maneira de passar às crianças pequenas alguns conceitos de política é utilizando metáforas, desenhos animados, exemplos da própria casa e jogos infantis. “Qualquer jogo é bem-vindo, já que, tanto em uma partida de xadrez quanto num jogo de futebol, regras devem ser cumpridas para que as pessoas estejam, em sua maioria, de acordo com a situação”, exemplifica a cientista política Daniela Rezende, que tem pós-doutorado pela UFMG. Também é fundamental, diz Daniela, que os pais se informem antes de tentar sanar as dúvidas mais complicadas dos filhos. Se eles perguntam sobre processos de formação de leis ou questões de cidadania, por exemplo, vale consultar sites como os das Câmaras Municipais antes de dar qualquer resposta. 4

FOTOS: [1][2] JULIANA FRUG

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Questionadora: A pequena Valentina, de 5 anos, passou a perguntar mais sobre política para a mãe depois do impeachment da ex-presidente Dilma M A R Ç O 2 01 8 .

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Em casa e na escola: Thaise se desdobra para responder às dúvidas da filha, Catarina, de 4 anos, e dos alunos na sala de aula

Discussões na escola É comum que as escolas abordem noções de cidadania e educação cívica no ciclo infantil. Poucas, porém, tratam da política atual, mesmo em ano de eleições presidenciais, como Anderson Santos, cirurgião dentista e pai das meninas Isabelle, 8 anos, e Isadora, de 5 anos, gostaria que fosse feito. Morador da cidade de Maricá, região metropolitana do Rio de Janeiro, ele acha que os educadores deveriam abordar temas do noticiário para ajudar os pequenos a compreenderem, pelo menos em parte, o que ouvem nos jornais e para incentivar a discussão entre as crianças mais velhas. A escola onde a blogueira Thaise Pregnolatto leciona redação para alunos do primeiro ciclo do ensino fundamental, na Zona Leste de São Paulo, é uma das que preferem que não se aborde a política contemporânea em sala de aula. Mas, quando o assunto surge entre os alunos ou nas perguntas da filha mais velha, Catarina, de 4 anos, ela usa jogo de cintura: “Procuro explicar da maneira mais imparcial que eu consigo, focar sempre a cidadania, nunca falar algo que possa ser visto sob um

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viés partidário”. Doutora em ciência política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Íris Gomes sempre quis que seu filho, Gabriel, de 8 anos, estudasse em uma instituição que abordasse tópicos políticos. A escola do filho tinha esse perfil, mas resolveu encerrar completamente as abordagens sobre política depois que os discursos mais extremos se fortaleceram no país, principalmente durante o processo de impeachment de Dilma. Nessa época, as crianças foram proibidas de usar vermelho na escola onde a pequena Valentina estudava. “Um pai parou um aluno, de pouco mais de 2 anos, na porta da escola por estar com uma roupinha vermelha, que é associada ao PT”, conta Kelly. O ideal, segundo os especialistas ouvidos pela reportagem, é ensinar aos pequenos aquilo que nem todos os adultos conseguiram aprender ainda: que é preciso respeitar aqueles que pensam diferente de você. “A política é apenas um dos lados da vida do ser humano. Mostrar que podemos conviver com pessoas de diferentes opiniões é essencial, principalmente quando há o surgimen-


FOTOS: [3] LETICIA FELIX; [4][5][6][7] DIVULGAÇÃO [4]

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to de discursos de ódio”, diz a psicóloga Viviane Rossi. Ela também defende que crianças não precisam se posicionar politicamente, pois ainda estão em processo de formação e devem ter contato com diferentes pontos de vista: “A criança precisa ser livre, pois no futuro ela pode assumir uma posição diferente da que tem sua família”. É também o que diz a cientista política Íris Gomes, que chegou a levar o filho para manifestações de rua, mas depois decidiu suspender os assuntos políticos em casa porque percebeu que seu próprio desalento estava afetando o garoto de 8 anos. Como mãe e especialista, ela ressalta que acha interessante a possibilidade de inserir as crianças em discussões políticas desde cedo, uma vez que o assunto é parte constante da vida do cidadão. Entretanto, prefere retomar questões mais complicadas com o filho quando ele for um pouco maior. maior 

5 dicas para tratar de política com as crianças » » » » »

Não impor o diálogo; responder quando a criança perguntar Utilizar metáforas e jogos como exemplos Informar-se em fontes confiáveis antes de responder às dúvidas mais difíceis Mostrar que podemos conviver com pessoas de diferentes opiniões Não atribuir ou forçar posicionamento político aos pequenos

Fonte: Cientista política Daniela Rezende, pós-doutora pela UFMG, e psicóloga Viviane Rossi.

Livros também são bem-vindos A cientista política Daniela Rezende, da UFMG, aponta que os livros são uma ferramenta interessante para auxiliar os pais na difícil tarefa de ensinar política às crianças pequenas. Ela destaca o crescimento de publicações sobre o tema: “Acredito que isso seja um indicador de que pais e professores, e até mesmo as crianças, estão procurando falar mais sobre política”. Não por acaso, algumas editoras estão investindo em selos inteiramente dedicados

ao assunto. O selo Boitatá, da editora Boitempo, por exemplo, tem publicações apenas com tópicos políticos para o entendimento das crianças. “O objetivo dos livros é plantar a semente da dúvida na cabeça dos pequenos e responder às perguntas delas sobre o funcionamento das coisas”, diz Thaísa Burani, coeditora do selo. Veja abaixo alguns títulos que tratam de política para os pequenos:

QUEM MANDA AQUI?: A partir de

A DITADURA É ASSIM: Com

figuras como rei, rainha, presidente e outros títulos ligados ao poder, o livro busca explicar aos pequenos diferentes formas de hierarquia. Indicado para crianças a partir de 4 anos. Cia. das Letrinhas

analogias e metáforas, o livro exemplifica o funcionamento de uma ditadura. Indicado para crianças a partir de 7 anos. Editora Boitempo

A DEMOCRACIA PODE SER ASSIM: Um guia ilustrado explica

EU TAMBÉM QUERO PARTICIPAR!: Mostrar

o funcionamento do regime democrático a partir de associações com jogos e brincadeiras. Indicado para crianças a partir de 7 anos. Editora Boitempo

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que política faz parte da vida de todos é o objetivo desse livro, que foca a importância da participação dos jovens. Indicado para crianças a partir de 8 anos. Editora Moderna

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Ele fisgou a

criançada Plataforma voltada, a princípio, para adultos, YouTube já tem mais da metade de seus principais canais brasileiros feitos por ou para baixinhos POR Rafaela

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FOTOS: [1] WILLIANS MORAES; [2] VIVIANE SARAIVA / ARQUIVO PESSOAL

4capa

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FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Para a família: Mineira Julia Silva começou vídeo de forma despretensiosa e hoje é uma das mais vistas do país

BASTA UMA CÂMERA na mão e um pouco de desenvoltura para criar uma conta no YouTube e inaugurar o seu próprio canal. Sim, é tão simples quanto parece e bem diferente das complicações dos cursos de teatro para formação de atores mirins e das agências de modelos, velhos conhecidos dos pais que veem potencial em seus filhos. A simplicidade da plataforma, a princípio voltada para maiores de 18 anos, vem atraindo uma legião de crianças que desejam consumir vídeos ou até mesmo produzir os seus próprios conteúdos. Um estudo desenvolvido pela pesquisadora Luciana Corrêa, coordenadora do ESPM Media Lab, laboratório da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) que investiga as principais transformações na comunicação contemporânea e na cultura digital, buscou mapear esse acesso e revelou uma tendência de crescimento exponencial nos canais infantis da plataforma. Realizada anualmente, a pesquisa “Geração YouTube: um mapeamento sobre o consumo e a produção infantil de vídeos para crianças de 0 a 12 anos no Brasil” teve início em 2015, e os números da última edição foram divulgados com exclusividade à Canguru. Alguns desses dados chamam atenção. Entre os cem maiores canais da plataforma existentes atualmente no Brasil, 52 são infantis, incluindo aqueles de youtubers mirins e teens que fazem vídeos educativos e de outras categorias, como Minecraft (veja o aumento dos números de acessos por categoria no quadro da página seguinte). Ao todo, o mapeamento definiu que existem atualmente cerca de 200 canais de youtubers mirins em que estrelam crianças de 0 a 12 anos, além de outros 300 apresentados por adultos e que oferecem conteúdos voltados para baixinhos. “Os números dobraram desde a última pesquisa. Os resultados publicados no ano passado mostravam um número de visualizações de 62 bilhões. Hoje já são 115 bilhões”, ressalta Luciana. 4


Cada vez maiores Veja os números e os últimos dados registrados pela pesquisa “Geração YouTube: um mapeamento sobre o consumo e a produção infantil de vídeos para crianças de 0 a 12 anos no Brasil” Canais infantis mapeados 500* canais

Crescimento de visualizações por categoria de 2016 para 2017

»

Unboxing (vídeos que mostram a prática de abrir caixas e embalagens de brinquedos): de 7 bi para 12 bi;

»

Youtubers mirins (vídeos apresentados por youtubers crianças, de 0 a 12 anos, com ou sem um adulto junto): de 7 bi para 20 bi;

»

Youtubers teens (vídeos com youtubers teens. Essa categoria, em boa parte, migrou de um canal de game infantil para um de assuntos gerais e importou a audiência que envelheceu junto com o youtuber e mudou seus interesses): de 4 bi para 22 bi;

»

Minecraft (canais relacionados ao jogo, com dicas e experiências): 26 bi para 30 bi;

»

Não TV (conteúdos de animação, que estão principalmente dentro do YouTube Kids): 7 bi para 13 bi;

»

TV (conteúdo exibido na televisão convencional, que é reproduzido no YouTube): 10 bi para 16 bi;

»

Educação: 1 bi para 2 bi.

230 canais 110 canais

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*Sendo 200 estrelados por crianças e 300 voltados para crianças, mas sem estrelas mirins

Total de visualizações 115 bilhões

62 bilhões 20 bilhões 2015

2016

2017

Profissão youtuber São tantos acessos que a profissão de youtuber já foi consagrada e não para de produzir novas celebridades. Uma delas é Marco Túlio, do canal AuthenticGames. O jovem criou sua conta em 2011, quando tinha 14 anos, para mostrar seus gameplays do jogo Minecraft, e acabou se transformando em um dos mais rentáveis youtubers do Brasil, com 12,5 milhões de inscritos e mais de 5 bilhões de visualizações. “Publiquei Publiquei o primeiro vídeo sem grandes pretensões, nunca imaginei que tomaria essa proporção. O que começou como uma brincadeira hoje é a minha carreira”, conta. O sucesso já extrapola

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os limites da internet, e o youtuber faz shows, possui lojas físicas com produtos inspirados em seu canal e foi até tema da decoração de Natal do Minas Shopping, em Belo Horizonte, sua cidade natal, no último ano. Outro canal que chama atenção pela popularidade é o da paulista que cresceu em Minas Julia Silva. Aos 12 anos, a garota ostenta 3,2 milhões de inscritos e quase 800 milhões de visualizações. Ela começou a fazer vídeos durante uma viagem com a família para a França, em 2011. “Comecei a gravar os passeios junto com minha mãe e a postar para que a nossa família no Brasil visse como era o meu dia a dia”, conta a menina. Após


FOTO: DIVULGAÇÃO

sete anos, o canal se consagrou como um dos maiores da categoria e reúne uma legião de crianças interessadas em vlogs de viagens, brincadeiras e impressões da menina sobre brinquedos, maquiagem, moda e filmes. “Uma das experiências mais marcantes foi quando fomos procurados por uma ONG para realizar o sonho Um dos maiores: Marco Túlio tinha 14 anos quando criou o de uma menininha que tem uma canal AuthenticGames, que hoje é sua maior fonte de renda. doença grave, que poderia escolher qualquer coisa e escolheu conhecer a Julia. Foi muito emocionante”, conta o enNanda Lima, de São Paulo, teve um papel fundamengenheiro eletrônico Dreyfus Silva, pai da youtuber. Ele, tal para o crescimento do mercado de bonecas reborn aliás, é o câmera das gravações e se divide com a esposa, – aquelas que se parecem com bebês recém-nascidos a advogada Paula Queiroz, que edita os vídeos e moni– no Brasil. Nos Estados Unidos e em alguns países da tora os comentários. “A Julia ainda não tem idade para Europa, onde a boneca se popularizou antes de chegar utilizar sozinha as redes sociais. Por isso, tudo passa por à América Latina, os principais consumidores são adulnós antes de chegar até ela. É uma forma de protegê-la”, tos. Por aqui, ao contrário, são as crianças as principais explica o pai. adeptas, e acredita-se que seu canal, com 700 mil inscriO sucesso da menina chamou atenção da escritora tos e mais de 90 milhões de visualizações, seja um dos Camila Piva, de 36 anos, durante a Bienal do Livro de motivos. “A Nanda faz vídeos de cuidados com as bone2016. A imensa fila de fãs da youtuber se estendia pelo cas, e isso atrai os pequenos para o espírito da brincadeisalão e inspirou Camila a escrever um romance sobre ra. Até a Rafinha Justus, filha da Ticiane Pinheiro e do esse universo. Lançado no Brasil no ano passado em Roberto Justus, entrou em contato pedindo indicações coautoria com Julia Silva, o livro Quero Ser uma Youtuber de onde comprar”, conta a mãe, Patrícia Garcia Lima. conta a história de uma garota em busca de seu sonho e Discussões dignas de gente grande também são traacaba de chegar também ao mercado europeu. “O livro tadas nos canais mirins. Com apenas 6 anos, a youtuber foi sucesso de vendas, e percebi que esse assunto tamcarioca Elis MC fala sobre representatividade e autoaceibém pode ser uma ótima forma de incentivar as crianças tação. Fã de seus cabelos crespos, ela já atraiu 1 milhão no hábito da leitura”, conta Camila. A escritora ressalta de visualizações para sua conta no YouTube. “A Elis ama ainda que a paixão dos pequenos pelos youtubers e o deisso, para ela é fácil se comunicar, olhar para a câmera e sejo de se tornarem um deles não são diferentes daquilo falar ou dançar. Ela usa a arte e o talento para fazer esse que já acontecia em gerações passadas. “Crianças goslevante infantil a favor da autoestima e da valorização da tam de brincar imitando. Eu também gostava de imitar a estética natural. Todas as redes dela fazem parte de um Xuxa, falava que ia ser apresentadora. A novidade dessa movimento ativista, e a imagem quebra muitos padrões”, geração é que ela tem a facilidade de querer e realmente conta a mãe, a produtora cultural Renata Morais. No vífazer. Eles podem criar o próprio canal, sem esperar que deo que atraiu as atenções da internet para o canal, com uma mídia dê autorização para isso”, diz. 116 mil views, a menina é enfática: “Meu cabelo não é ‘peluca’, ele não é liso, e eu só uso ‘cleme’ se for pra deixar ele pro alto”. Fora da tela Outra que utiliza a internet para quebrar paradigmas O alcance dos youtubers mirins é tão grande que suré Amanda de Carvalho, de 13 anos. Surda desde o 4 te efeitos importantes no mundo off-line. Aos 14 anos,

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Vida de Amy: A paulistana Amanda, que nasceu surda e foi oralizada, ajuda muitas crianças com deficiência em seu canal

nascimento, ela foi oralizada por meio de um trabalho multidisciplinar e, hoje, é capaz de se comunicar perfeitamente através da fala. “Foi uma opção de comunicação que eu escolhi pra ela assim que soube da deficiência, ainda recém-nascida, e descobri que surdos também podem aprender a falar se houver um atendimento adequado, muita terapia e esforço da família e da criança”, conta a gestora de RH e fonoaudióloga Sheila Carvalho, mãe da youtuber. Aos 6 anos, a garota conheceu o YouTube e passou a acompanhar vídeos de crianças como ela. “Pedi pra minha mãe para criar uma conta para mim, e, após dois anos de insistência, ela deixou. Eu adoro quando meus seguidores descobrem que sou surda e que, ainda assim, falo como qualquer criança ouvinte, pois essa informação é muito importante e ajuda muitas crianças com deficiência. É uma responsabilidade ser comunicadora”, afirma Amy, como gosta de ser chamada. Hoje, a menina compartilha sua rotina e novas experiências com as quase 500 mil pessoas inscritas em seu canal. “A parte mais legal é levar informação, mostrar que uma criança surda profunda congênita é capaz de ter uma vida totalmente compatível com o mundo ouvinte e aproveitar tudo o que os sons oferecem. Por meio do canal, nós já ajudamos centenas de famílias”, conclui Sheila.

E a segurança? Para a pesquisadora Luciana Corrêa, responsável

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pela pesquisa “Geração YouTube: um mapeamento sobre o consumo e a produção infantil de vídeos para crianças de 0 a 12 anos no Brasil”, a Google, detentora do YouTube, vem se esforçando para adequar a plataforma à nova realidade e deve continuar tomando providências Para as crianças: Nanda Lima faz sucesso com canal que fala sobre as bonecas reborn

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para proteger o inegável público mirim. “Mesmo sendo uma plataforma para maiores de 18 anos, não dá para ignorar que mais da metade da audiência é formada por crianças. O YouTube Kids foi uma tentativa de solucionar isso, separando adultos de crianças, mas, como ele contempla apenas os bem pequenos, ainda há um buraco a ser preenchido”, defende. Segundo ela, há um movimento constante da empresa em relação ao combate a conteúdos pornográficos, mas também é preciso regulamentar melhor o espaço para publicidade envolvendo os pequenos. A reportagem procurou a Google para se posicionar sobre o assunto, mas a empresa não havia respondido até o fechamento desta edição. Outro ponto de atenção é a busca constante pela aceitação, que pode passar dos limites se não houver um olhar atento dos pais em relação ao mundo virtual. “A busca pela aprovação faz parte do processo de desenvolvimento da criança e do adolescente, mas, no mundo dos ‘likes’, pode ficar intensa demais. Devemos observar o impacto desse envolvimento e ver se as frustrações, as críticas e as rejeições estão sendo bem administradas”,

FOTO: [1] MARCO FURLAN / DIVULGAÇÃO; [2] JULIANA FRUG; [3] RICARDO BORGES

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orienta a psicóloga Juliana Aragão, especialista em crianças, adolescentes e famílias. De acordo com a profissional, é preciso explicar para os pequenos que a vida é maior que o mundo virtual e que existem outros meios para se sentir querido e aceito, além do número de seguidores ou de visualizações. 

Na mira da lei Em setembro de 2016, o Ministério Público Federal (MPF) em Minas Gerais entrou com uma ação civil pública contra a União e contra a Google Brasil pedindo a proibição de vídeos no YouTube que incluíssem a publicidade de produtos e serviços destinados ao mercado infantil. Na época, o órgão alegou que era frequente a exibição de vídeos protagonizados por crianças descrevendo aos seus seguidores os brinquedos, as roupas e outros itens que ganham de diversas marcas e lojas. O ato desafiaria a legislação brasileira e as resoluções do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR), que proíbem a publicidade na forma de merchandising protagonizada por crianças ou a elas destinada, por ser considerada potencialmente abusiva. “O público infantil é altamente suscetível a qualquer tipo de apelo emotivo e subliminar. As crianças não têm maturidade suficiente para discernir entre fantasia e realidade ou para resistir a impulsos consumistas”, disse o procurador da República Fernando de Almeida Martins, autor da ação, em entrevista na época. O pedido do Ministério Público Federal foi negado pela Justiça no ano passado, mas o órgão recorreu e agora aguarda uma posição do Tribunal Regional Federal em Brasília. Em nota enviada à Canguru na ocasião, a Google informou que o YouTube é uma plataforma destinada a adultos e que “o uso por crianças deve sempre ser feito num contexto familiar e em companhia de um adulto responsável”.

Para ativistas: A pequena Elis MC, carioca de 6 anos, posta vídeos sobre autoaceitação e representatividade

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4Saúde

O poder da mente Especialistas em hipnose defendem a aplicação da técnica em crianças, mas médicos e psicólogos fazem ressalvas. Veja os cuidados que precisam ser tomados POR Rafaela

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NA DÉCADA DE 80, um polêmico comercial de uma marca de chocolates circulava pelos canais de tevê aberta mostrando uma criança “hipnotizando” os espectadores para que comprassem o produto. O vídeo foi questionado pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária e deu o pontapé inicial para uma discussão sobre o uso de técnicas persuasivas e expressões de comando nos comerciais infantis no Brasil. A partir dali, uma série de propagandas foram proibidas e retiradas do ar. Porém, se na publicidade o acesso ao subconsciente foi vetado, na saúde ele é defendido por diversos profissionais e utilizado, inclusive, para fins terapêuticos. A Convenção Brasileira de Hipnose, realizada em Belo Horizonte entre os dias 25 e 28 de janeiro, reuniu vários especialistas para discutir assuntos relacionados à técnica. Um dos organizadores do evento, o hipnólogo e bacharel em psicologia Alberto Dell'Isola, defendeu a utilização da hipnoterapia em crianças e afirmou que ela pode tratar tudo o que está relacionado ao estresse. “Ansiedade, dificuldades de aprendizagem, problemas para dormir, fobias, xixi na cama. Tudo isso pode ser tratado com hipnose”, afirma. Segundo ele, a técnica usa a imaginação para alterar a percepção da realidade, e as crianças já fazem isso o tempo todo, haja vista os amigos imaginários. Por isso, para hipnotizar os pequenos, é preciso

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que o profissional entre no mundo deles. Um exemplo: se a criança tem medo de escuro porque acredita que monstros podem aparecer, o hipnotista vai entrar naquela fantasia e orientá-la a se imaginar segura mesmo na ausência da luz. “É uma visualização que vai alterar o estado emocional e gerar um ambiente mental mais tranquilo e adequado para o desenvolvimento”, explica Dell'Isola, afirmando ainda que a idade mínima para aplicação é aquela em que a criança já é capaz de se comunicar. Já a quantidade de sessões pode variar de uma a 20, de acordo com o tipo de problema a ser tratado. A americana Kelley Woods trabalha com crianças há 15 anos e explica que a técnica funciona até melhor com elas do que com adultos, já que os pequenos são bem mais suscetíveis à hipnose e podem ser influenciados por qualquer pessoa próxima. “As crianças vivem em estado de transe, o mesmo que os adultos demoram a alcançar. O inconsciente é aberto e está disponível para tudo o que ela vê e ouve. Somente a partir dos 8 anos a mente cria uma espécie de parede que protege essa parte”, afirma. Segundo ela, os próprios pais têm uma influência hipnótica muito grande sobre os filhos e nem sempre por meio das palavras. Por isso, eles precisam aprender a focar aquilo que querem que os filhos façam, e não o que não querem. “Fazer xixi na cama, por exem-


ILUSTRAÇÃO: DEPOSITPHOTOS (EDITADA)

plo, às vezes vira um problema tão grande que acaba estimulando a criança a fazer ainda mais. É melhor focar aquilo que queremos que aconteça ou os pontos positivos. Isso vai reduzir a pressão e facilitar que a criança se afaste do comportamento negativo”, defende. Outra convidada do evento, a americana Melissa Tiers, ensinou como unir a psicoterapia e a neurociência no atendimento de crianças: “Podemos tratar raiva, foco, procrastinação, ansiedade, performance atlética, autoconfiança. Tudo isso ensinando a criança a controlar o próprio cérebro, dando um senso de autonomia e de poder a elas”. Melissa conta ainda que ensina alguns de seus pacientes mirins a hipnotizar outras pessoas, como os amiguinhos da escola ou algum colega que esteja praticando bullying. “As crianças não têm poder, não tomam muitas decisões. Eu trabalho dando esse poder a elas e até ensino técnicas comportamentais e de programação neurolinguística. Quando elas estão sofrendo bullying, conseguem manipular quem está fazendo ou conseguem pregar as mãos dos coleguinhas na mesa, se quiserem”, conta. A pediatra Ana Maria Lopes, do Departamento de Desenvolvimento e Comportamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), questiona. “Do ponto de vista ético, uma criança não pode exercer ação sobre a outra sem consentimento prévio desta e dos pais”, defende. Embora a SBP não tenha um posicionamento específico em relação à hipnose, a médica Ana Maria Lopes explica que todo sofrimento psíquico na infância e seus tratamentos requerem uma avaliação ampla, com investigação de causas orgânicas e sobretudo do contexto familiar e social no qual a criança está inserida. “Qualquer tipo de tratamento de sintomas psíquicos deve ser realizado por profissionais habilitados. Os pais devem discutir com o pediatra a escolha de tratamentos alternativos e de preferência solicitar a indicação de profissionais devidamente regulamentados por seus conselhos de classe”, orienta a pediatra. De acordo com o mé-

dico Emmanuel Fortes Silveira Cavalcanti, psiquiatra e terceiro vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), a hipnose é regulamentada pelo órgão e não há objeções para utilizá-la em crianças. “É uma técnica reconhecida e à qual muitas pessoas respondem bem. Algumas alterações podem ser tratadas com hipnose, inclusive em crianças”, defende. O especialista ressalta, porém, que, para um profissional ser considerado qualificado para exercer a técnica, é preciso um treinamento que garanta conhecimento profundo sobre hipnose, neurofisiologia, eficácia do tratamento, locais onde pode ser aplicado e também sobre os efeitos colaterais. Outro ponto importante é que é proibido que médicos utilizem a hipnose para fazer exibições no Brasil – a chamada hipnose de palco. “Isso não é permitido. Não é uma técnica isenta, pode produzir sequelas psíquicas, por isso não deve ser tratada como uma brincadeira ou um show”, arremata Cavalcanti. 

Assista a um vídeo mostrando uma hipnose na prática em www.canguruonline.com.br.

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4Ideias

Nada de ficar em casa Conheça algumas atividades que podem oferecer o apoio emocional e físico que as mães precisam no primeiro ano do bebê POR Gabriela

Willer

QUEM É MÃE certamente viveu a delicada experiência do pós-parto, chamada de puerpério, que se inicia após o nascimento do bebê e dura de seis a oito semanas. Nesse momento, ocorre a queda nos níveis hormonais da mulher e pode acontecer o chamado “blues puerpe-

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ral”, com sintomas como cansaço, desânimo, insegurança, tristeza inexplicável e choro sem motivo. “É uma situação normal e esperada em que a mulher pode estar mais frágil e sentimental”, diz a ginecologista e obstetra Angélica Ferrari Dotore. É aí que as atividades físicas e


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culturais podem entrar como grandes aliadas para as mamães construírem suas redes de apoio, compartilhando experiências, servindo de inspiração umas Dança Materna: mães e para as outras e tornanbebês se conectam por do o momento mais meio da dança [1] leve, desde o pós-parto até os primeiros meses de vida dos bebês. No caso dos exercícios físicos mais intensos, como corrida e abdominais, a recomendação é que só sejam retomados 45 dias após o parto normal e três meses depois da cesárea, segundo a médica. Mas outras atividades exigem menos do corpo e podem trazer mais leveza a mães e pequenos em suas primeiras semanas juntos. É o caso do Dança Materna, projeto voltado para mulheres com bebês de colo, com aulas em várias cidades do país. No bairro Botafogo, na Zona Sul do Rio, elas são ministradas pela professora Fabiana Kasprczak. Ali, a reportagem encontrou um ambiente agradável, com música baixa, tapetinhos e fitas coloridas pela sala. Com o auxílio de uma bolinha, as mães se encostam na parede e começam a fazer massagem nas regiões das costas, da

lombar e das mãos, enquanto os bebês ficam deitados nos tapetes. Interação, exercícios de respiração e troca de experiências, como uma afetuosa roda de conversa, também fazem parte dos trabalhos. Ao final da aula, todas dançam e se divertem com os pequenos no sling, ao som de músicas animadas. “O Dança Materna possibilita a otimização da redução de peso e a reeducação corporal e incentiva o mútuo conhecimento entre mãe e filho. Para o bebê, há o conforto do balanço na dança, a proximidade com a mãe e é um momento de relaxamento”, diz a professora. Bebês a partir de 1 mês podem participar com suas mães. A pequena Maitê, de apenas 2 meses, já frequenta o espaço com a mãe, a jornalista Vanessa Andrade, que conheceu o projeto por meio de amigas. Vanessa conta que ali consegue se desconectar e exercer o melhor da maternidade. “É quando me acalmo da rotina de uma recém-nascida e consigo curtir o momento”. Fundado em 2008 pela bailarina Tatiana Tardioli, o projeto é desenvolvido em outras 39 cidades do país. Criado no mesmo ano por Irene Nagashima, o projeto CineMaterna tem salas especiais e sessões de cinema voltadas para mães com bebês de até 18 meses. Tudo é pensado para o bem-estar dos pequenos: ar-condicionado, som e iluminação são regulados para as crianças, e há, ainda, espaço abastecido com fraldas, pomadas e

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FOTOS: [1] RICARDO BORGES; [2] DIVULGAÇÃO

CineMaterna: sessões de cinema são pensadas para receber mães acompanhadas de bebês de até 18 meses


lenços umedecidos para uso gratuito, tapetes EVA e “estacionamento” de carrinhos. A programação geralmente é de conteúdo adulto, escolhida por votação das próprias espectadoras. “O CineMaterna tem o cenário perfeito para a mãe relaxar e voltar à vida social, sem abrir mão de estar com seu bebê. Amizades e grupos de amigos já foram formados por intermédio do projeto”, diz Irene. O sucesso foi tanto que hoje o evento já acontece em 112 cinemas de 16 redes de exibição espalhadas por 45 cidades em 17 Estados brasileiros.

carrinho próprio para o esporte. Ela acredita que seja um alívio para ela e, ao mesmo tempo, uma distração para o filho: “A prioridade é ele, se ele reclama, eu paro na hora. Também foi uma forma de eu conhecer melhor meu filho.” Já a professora de educação física e pedagoga Susanne Weber, quando ainda estava grávida, decidiu procurar outras atividades além da ioga para gestantes e do pilates. Em conversa com amigas da Alemanha, país onde nasceu, soube da existência de exercícios destinados à

Corrida e fitness Adepta da prática de esportes a vida toda, a belo-horizontina Luciana Machado queria voltar a se exercitar logo depois do nascimento do filho Ian. Mas o cansaço inicial, principalmente por causa da amamentação, além das mudanças físicas e emocionais, a deixaram exausta nos primeiros meses. Ela tinha consciência de que demoraria a retomar a rotina anterior, o que só aconteceu quando o filho estava com 3 meses. Sem ter com quem deixar o filho para ir à academia, Luciana teve a ideia de desenvolver um projeto para estimular as novas mamães a darem os primeiros passos na retomada da prática física, o Mamãe Saudável. É um treino funcional usando o carrinho de bebê – assim as mães não precisam se separar dos filhos para se cuidarem. “Quando nasce um filho, nasce uma mãe. Por mais que a gente goste desse novo papel, a rotina, principalmente no início, é muito desgastante. De repente, você se lembra que não é só mãe e é preciso um apoio para voltar [a dar conta de tudo o que fazia antes]”. Além do Mamãe Saudável, Luciana é a idealizadora do Corre Mamãe, um grupo de corrida que começou no WhatsApp para inspirar e motivar mães a correrem. O primeiro encontro foi em fevereiro, quando as participantes conheceram profissionais parceiros e ainda correram com os treinadores do projeto. Também receberam dicas de como administrar o tempo e deixar para trás o sedentarismo, apesar da correria após a maternidade. Luciana gosta tanto de correr que participa de corridas de rua levando o filho junto, num

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Dupla dinâmica: Luciana pratica corridas de rua junto com o filho


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FOTOS: [3] DOUGLAS MAGNO / ARQUIVO PESSOAL; [4] DIVULGAÇÃO

Carrinho Fit: mães se exercitam com ajuda dos carrinhos de bebê

recuperação da região pélvica no pós-parto. Viajou, pesquisou, aprendeu a técnica, adaptou-a para o Brasil e, a partir dela, elaborou os cursos Mama Fit e Carrinho Fit. “A gente fortalece a região pélvica e a lombar, que é tudo que a mamãe precisa, além de oferecer exercícios funcionais e localizados essenciais para voltar ao bem-estar”, diz a professora. As aulas do Mama Fit consistem em elementos de alongamento, fortalecimento da região pélvica, uma dança lúdica para a mamãe e o bebê, além da ginástica localizada. Os benefícios são múltiplos. Para os pequenos, inclui a parte de psicomotricidade, que estimula todos os sentidos, o contato e a interação com outras crianças e, claro, a conexão com a mãe. Em cada aula do Mama Fit, é possível perder cerca de 400 calorias. Já nas aulas de Carrinho Fit há caminhada, exercícios de agachamento, fortalecimento da região pélvica e equilíbrio usando os carrinhos dos bebês, como o próprio nome sugere, além de movimentos com os pequenos, que são um momento lúdico para eles. O gasto calórico é de aproximadamente 500 calorias por aula. 

Onde praticar »

Dança Materna Aulas em várias cidades do país. Informações: www.dancamaterna.com.br.

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Mamãe Saudável Informações: Instagram @saiadainercia / Facebook @blogsaiadainercia / site: www. saiadainercia.com.br.

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CineMaterna Programação da semana: www.cinematerna. org.br/sessoes. Geralmente as sessões ocorrem durante a semana, no horário da manhã e à tarde.

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Mama Fit e Carrinho Fit Aulas no Rio de Janeiro. Mais informações: BambooFamilyclub.com.br e mamafit.com.br.

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comportamento

Liga para mim, não liga para ele Deixar o telefone de lado durante os momentos com as crianças previne os ciúmes e favorece o aprendizado infantil POR Sabrina

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FOTO: DEPOSITPHOTOS

“CELULAR AQUI, NÃO.” O apelo do pequeno Augusto, de 2 anos, deixou impressionada a pesquisadora acadêmica Nicole Spohr, que se divertia com o filho num parquinho perto de casa, no mês passado, no Rio de Janeiro. “Como ele é muito pequeno, a fala foi chocante”, avalia. Ela já evitava usar o aparelho em momentos de lazer com a criança e estava apenas trocando uma mensagem rápida com seu marido, o engenheiro Carlos Eduardo Agnes. Mas, ainda que tenha sido um momento de distração, Nicole decidiu policiar com mais firmeza o uso do telefone na presença do filho. “Estou me controlando cada vez mais. Deixo acumular as mensagens e checo menos vezes por dia”, conta. Agora, Nicole passa por intervalos mais longos, de em média duas horas, sem olhar para a tela. E Augusto está gostando. “Quando ele me via usando o celular, tentava tirar o aparelho da minha mão, dizia ‘não’, muitas vezes”, relembra. A razão, como responsáveis por crianças podem facilmente deduzir, é que as crianças sentem ciúmes do olhar direcionado para a tela do telefone em detrimento da atenção que queriam canalizadas para elas. “Para a criança, é importante ter um tempo em que se sinta o foco, em que seja escutada e vista”, pontua a psicóloga Renata Silva. A dica da psicóloga é guardar o aparelho nos momentos separados para interação total com os filhos. “O celular não pode estar perto, a criança tem que perceber que ela ganhou, que a atenção vai para ela e que o ‘concorrente’ está longe. Se ele estiver ali do lado, fica parecendo que a briga por atenção continua”, ensina. Pais de Raul, de 6 anos, e de Madalena, de 5, os empresários Paulo Moura Leite e Heloísa Poletto, residentes em São Paulo, têm um combinado: não usam o telefone durante as refeições. As crianças sabem da regra. “Disse a elas que, na hora de comer, não podemos pegar o celular”, diz Heloísa. O menino gosta dessa limitação e até serve de “fiscal do celular” em outras horas do dia. “Tento ao máximo ficar longe do telefone quando estou com

eles. Mas, se tenho que responder a mensagens ou algo assim, logo ele chama minha atenção”, diz. O ciúme despertado nas crianças quando os pais estão ao celular é ainda mais complexo do que aquele que meninos e meninas de outras gerações experimentaram. Não é um sentimento que vem da relação da mãe com o irmão mais novo, com uma prima ou qualquer outra pessoa. “Esse ciúme entra no lugar do imaginário. Crianças de até 6 anos não conseguem entender direito o que é o telefone. Elas podem pensar: ‘Por que este objeto pequeno e brilhante é mais importante do que eu?’. É algo metafórico e, por isso, mais complexo”, explica Renata.

Em 55 grupos de pais e filhos observados, 40 tinham adultos que usavam o celular durante a refeição com as crianças Pais absortos Uma observação antropológica feita pela médica norte-americana Jenny Radesky, do Boston Medical Center, em 2014, revelou que crianças de pais que usam o celular enquanto estão com elas tendem a apresentar mau comportamento, possivelmente para chamar a atenção dos 

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erro gastar o tempo que poderia ser usado para se comunicar face a face com as crianças ignorando-as, porque a interação feita pessoalmente é essencial no processo de aprendizado infantil. E não é só isso. “A gente não quer que eles fiquem no celular, mas a gente não sai do telefone. Como vou pedir algo para o meu filho se eu mesma não der o exemplo?”, questiona-se a dentista belo-horizontina Ana Teresa Meireles Rezende dos Mares Guia, mãe de Arthur, de 4 anos. Como tantas outras mães atarefadas e, por que não, com vontade de assistir a um vídeo no celular ou curtir um meme de vez em quando, ela também está no processo de se privar do uso do aparelho, pelo menos enquanto está com Arthur. “Já entendi que ele tem ciúmes e claro que não quero provocar isso”, afirma. Além de manter a distância do aparelho nos momentos em família, Ana Teresa pensa em estratégias para que o pequeno tenha o mínimo de contato com a telinha. “Só deixo usar um pouquinho, quando a bateria está perto de descarregar. E se o telefone apagar, acabou a brincadeira”, conta. Outros cuidados consistem em pedir à funcionária da casa para não emprestar o próprio telefone para Arthur brincar. E negar-se a dar a ele um aparelho de presente. “Ele já pede um telefone, mas não vai ganhar tão cedo”.

FOTO: DEPOSITPHOTOS

responsáveis. Pediatra especializada no desenvolvimento infantil, ela começou a perceber como os pais ficavam absortos por aparelhos eletrônicos, sobretudo celulares, enquanto as crianças eram ignoradas. Ela decidiu, então, observar mais de perto esse hábito e se juntou a dois outros pesquisadores para um experimento – que fez questão de deixar claro que não era científico (por não ter o rigor necessário para receber esse título), mas sim uma observação antropológica. Em restaurantes do tipo fast-food, ao longo de todo um verão, ela ficou de olho na interação entre pais e suas crianças pequenas enquanto fazia apontamentos detalhados. O resultado não é exatamente chocante para quem quer que preste atenção nas mesas ao seu lado numa praça de alimentação qualquer, em alguma grande cidade brasileira. Em 55 grupos de pais e filhos observados, 40 tinham adultos que usavam o celular durante a refeição com as crianças. Desses, a maioria parecia mais interessada no aparelho do que nos pequenos com quem dividia a mesa. Ela percebeu que pais ao telefone pareciam mais irritados, porque as crianças interrompiam o que eles estavam fazendo ao celular. Os pequenos, por sua vez, pareciam ser mais barulhentos e bagunceiros se comparados aos meninos e meninas cujos pais não estavam concentrados no aparelho. Segundo a médica, é um



4passeios kids

O que eu aprendi com a volta às aulas POR Tatê

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biente em que passa horas diárias. O que percebi é que ela cresceu e amadureceu, do seu jeitinho. Pela primeira vez, não chorou ao voltar para a escola no seu primeiro dia de aula e acredito que tenha aprendido a dar valor ao que ela tem por ter passado tanto tempo longe. Ser mãe e pai não é fácil. Nem um pouco. Mas devemos ser mais leves e perceber os comportamentos dos nossos filhos. Muitas vezes sofremos sem razão, quando, na verdade, estamos lutando por algo que vai contra o que a criança quer. As férias para nós duas terão outro significado. Vamos curtir juntas por um tempo (não tão longo), mas terei a tranquilidade de deixá-la curtir o curso de férias quando tudo fica mais leve na escola.

Também quero aproveitar para dar um conselho: se seu filho chora para ir à escola, entenda se de fato está tudo bem por lá e, se estiver, saiba que esse choro uma hora cessa e dá lugar a um sorriso lindo ao entender que dá para ser feliz ao lado da família e também ao lado dos professores e amigos de classe. 

Cá é fisioterapeuta e apaixonada por leitura e escrita. É mãe de Júlia, de 3 anos. Tatê é jornalista de formação e blogueira por paixão. É mãe de Luiza, de 3 anos.

FOTO: SHUTTERSTOCK

COMO VOCÊS SE sentem quando os filhos estão de férias? É uma felicidade ou um martírio? Até agora, eu experimentava uma mistura de sentimentos. Como trabalho, bate um certo desespero por não saber o que fazer com a Lulu nesses dias. Minha mãe me dá um superapoio, mas também trabalha, então não está 100% disponível. A escola da minha filha tem curso de férias, que ela frequenta desde os 8 meses, mas eu sempre me questionava se essa era a melhor decisão. Então, pela primeira vez, meu marido, minha mãe e eu conseguimos nos dividir e não mandamos a Lulu para a escola nas férias – decisão que achei fantástica, só que não. Ela perguntou várias vezes quando voltaria para a escola, dizendo que estava sentindo falta da professora, dos amigos e do seu dia a dia. Claro que ela se divertiu. Passeou muito, viajou, brincou, fez novos amigos, teve mais tempo ao meu lado, mas, mesmo assim, sentiu falta da escola. Sim, muitas vezes acreditamos que estamos fazendo o melhor para nossos filhos quando na verdade eles querem tomar suas próprias decisões, mesmo que não tenham maturidade para isso. Neste caso, dá orgulho saber que escolhi a escola certa e que ela se sente bem no am-


NOS ÚLTIMOS 15 anos, eu me mudei sete vezes. A primeira foi saindo da casa dos meus pais e indo dividir um apartamento perto do trabalho com um amigo. Eu tinha 28 anos e queria ter mais independência. Oito meses depois, saí desse apartamento para ir morar com meu namorado (atual marido). E ele, assim como eu, não é apegado a lugares. Alugamos, cansamos, alugamos outro. E foi assim, de bairro em bairro, em Belo Horizonte: do Santo Antônio para o Sion, do Sion para o Funcionários, e muda outra vez, para outro apartamento a três quadras desse, e depois para o Lourdes, e, do Lourdes, deixamos Beagá e viemos para São Paulo. Meu filho, Felipe, que só tem 8 anos, já se mudou cinco vezes de casa e já passou por quatro escolas diferentes. A última mudança, de cidade e escola ao mesmo tempo, ele tirou de letra, porque a gente transmitiu tranquilidade e confiança. Tem gente que se sente mais seguro comprando seu apartamento, decorando do jeito que gosta e passando a vida ali. Eu não; eu me canso, quero tudo diferente. E vou me mudando. Mudo de apartamento, de vista, de barulhos, de vizinhos. A cada mudança, muitas coisas que a gente não precisa vão ficando

para trás, doadas, vendidas ou jogadas no lixo quando não servem para nada. As lembranças não estão nas coisas, estão no coração. Se hoje estou aqui, amanhã posso não estar. A vida é assim, a única certeza é a morte. E, me desapegando do velho, do ranço, vou deixando espaço para as coisas novas e boas irem entrando. Deixar espaço para o novo é

Bebel Soares e o filho Felipe

fundamental, ajuda a manter a mente jovem. A cada mudança levo esta frase: lar é onde o nosso coração está.

Bebel Soares é fundadora da plataforma de apoio a mães Padecendo no Paraíso. Na Canguru ela fala sobre educação, saúde, alimentação, sexo, inclusão e viagens. www.padecendo.com.br

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FOTO: DEPOSITPHOTOS

Lar é onde o nosso coração está

FOTO: MOACYR LOPES JUNIOR / MALAGUETA

padecendo no paraíso


FOTO: GUSTAVO ANDRADE

para ler com seu filho

Festas, reis e fantasias

leo cunha e os filhos, Sofia e André

Vem aí a festa do rei! Viva! Todo o reino se prepara para o grande dia. Mas fique esperto, caro leitor: nem tudo é o que parece. Lá nas últimas páginas, uma surpresa te espera...

O Dia da Festa anuncia,

já no título, a celebração. Ela é o resultado de uma velha profecia que garante: um belo dia, um unicórnio chegará à Terra, com seu chifre tão especial. O imperador que o montar se tornará muito poderoso, e o povo do reino terá prosperidade e saúde. O problema é que ninguém sabe quando o unicórnio chegará nem qual reino será o escolhido. Mas, enquanto todos se preparam para a grande chegada, outra festa está acontecendo, em outro lugar... Escrito e ilustrado por Renato Moriconi, o livro cria um delicado jogo com as aparências e as expectativas. SOBRE O AUTOR: Renato Moriconi, paulista, é escritor e ilustrador, com trabalhos publicados e premiados no Brasil e no exterior.

O DIA DA FESTA. Texto e imagens de Renato Moriconi. Pequena Zahar, 2017.

COM QUE ROUPA IREI PARA A FESTA DO REI?. Texto de Tino Freitas, ilustrações de Ionit Zilberman. Editora do Brasil, 2017.

O conto A Roupa Nova do Imperador, de Andersen, nos diverte há séculos, com a soberba do rei, a esperteza do alfaiate, a covardia dos adultos e a autenticidade do menino que grita “o rei está nu!”. Não por acaso, já foi recontado e recriado inúmeras vezes. Em Com que Roupa Irei para a Festa do Rei?, a celebração é na floresta, e o arauto já avisou: quem for ao palácio com a mesma fantasia do rei vai ganhar um prêmio. Eba! Toda a bicharada se alvoroça para tentar descobrir o tal traje real. Cada um solta a imaginação, e o leitor vai junto. A ilustração completa o mistério de forma criativa, explorando cores, texturas e transparências.

Leo Cunha publicou mais de 60 livros, como Cachinhos de Prata (Ed. Paulinas), Um Dia, um Rio (Pulo do Gato) e Só de Brincadeira (Positivo). Recebeu os principais prêmios da literatura infantil brasileira, como Nestlé, FNLIJ e Jabuti. leocunha@canguruonline.com.br

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IMAGENS: DIVULGAÇÃO

SOBRE OS AUTORES: Tino Freitas, cearense radicado em Brasília, é escritor, mediador de leitura e músico. Ionit Zilberman, israelense radicada em São Paulo, é ilustradora e artista plástica.


FOTO: GUSTAVO ANDRADE

viagens, modo de usar

Budapeste, cidade das águas

primeiros banhos termais, mais tarde aperfeiçoados pelos turcos em luxuosas instalações. As crianças também se divertem a céu aberto, em escorregadores quilométricos. Os adolescentes se esbaldam nas piscinas que variam de 15°C a 42°C. Na Ilha Margarida, no centro da cidade, a água se une a outras atrações, como minizoo, fonte musical, parque e sítio arqueológico. Uma dica: não deixe de acompanhar o pôr do sol enquanto curte a piscina no topo do balneário Rudas e bebe da Fonte da Juventude. Do alto se vê toda a beleza do entardecer sobre o Danúbio. As crianças também adoram visitar o Museu das Maravilhas Científicas. Em Buda, há muitos palácios, museus e igrejas com histórias e objetos que fascinam e deixam todos arrepiados. Caminhar por lá é um esporte nacional. Debaixo das

construções, existem cavernas e túneis misteriosos, que salvaram muita gente durante os diversos ataques que o local sofreu. Em Pest, o Mercado Central pode revelar desde brinquedos típicos a comidas deliciosas, como o goulash. Ou chocolates que derretem na boca. Ou o tradicional Kürtös, uma saborosa massa doce assada na brasa. Budapeste possui atrações para muitos dias. Dias que marcarão os que a visitarem, não importa se criança ou adulto. Afinal, a água, seu grande fascínio, é a fonte da vida.

Luís Giffoni é cronista, romancista e palestrante. Autor de 26 livros, tem nas viagens uma de suas paixões. Nelas aprende a diversidade do mundo e das pessoas, experiência que acaba traduzindo em suas obras. Neste espaço, dá dicas sobre como aproveitar o mundo com os pequenos. giffoni@canguruonline.com.br

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FOTO: PIXABAY

BUDAPESTE, CAPITAL DA Hungria, um dos mais bonitos centros europeus, é pouco conhecida pelos brasileiros. No entanto, a cidade encanta e diverte adultos e crianças. A começar pela língua, o húngaro, uma coleção de palavras e sons estranhos, entremeados por reminiscências do alemão e do turco. Isso não quer dizer, porém, que os húngaros sejam difíceis como sua língua. Pelo contrário. Prestativos, conservadores, bons de garfo e de copo, curtem a vida com o requinte de quem já experimentou muitas culturas, dos romanos aos mongóis e otomanos. Budapeste se formou a partir de duas cidades, Buda (provável homenagem a um irmão de Átila, rei dos hunos) e Pest (“forno” em húngaro antigo, por causa dos muitos fornos para cal na região), que se fundiram com o crescimento e as arrojadas pontes que as ligaram, como a Ponte das Correntes – ou dos Cadeados, tantos são os trincos nela colocados pelos casais para prender suas juras de amor. Dividida pelo rio Danúbio, no qual são feitos cruzeiros com a tradição cigana dos violinos e de sua vigorosa dança, Budapeste é a capital dos spas. Tem spa para todos os gostos a preço de entrada de cinema no Brasil. A água quente foi descoberta pelos romanos, que construíram os

Luís Giffoni


FOTO: DIVULGAÇÃO

4artigo | Liliany Faicari

Nutrição na primeira infância

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primeira infância é o período que compreende os cinco anos iniciais na vida do indivíduo. Essa fase é marcada por um processo intenso de desenvolvimento, e, por isso, a atenção à alimentação adequada é essencial. Boas práticas alimentares nessa época da vida fornecerão os nutrientes indicados para suprir as necessidades nutricionais para o desenvolvimento biológico ideal. O aleitamento materno é a primeira prática alimentar a ser estimulada para promoção da saúde, formação de hábitos alimentares saudáveis e prevenção de muitas doenças. O leite materno fornece todos os nutrientes necessários ao desenvolvimento do lactente e, por se tratar de um alimento completo, é fundamental para a saúde da criança nos seis primeiros meses de vida. Nesse período, é desnecessário o consumo de qualquer outro alimento, inclusive água e chás – exceto em casos de indicação médica. O Ministério da Saúde recomenda aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida. Após o sexto mês, começa a transição, de forma gradativa, da amamentação para a alimentação semissólida e depois para a sólida. Quando bem conduzido, esse período permite à criança conhecer e, assim, aceitar diferentes sabores e amadurecer as suas preferências alimentares. Pais e cuidadores devem aproveitar a oportunidade para ensinar hábitos de alimentação saudável para os pequenos. Nessa fase, muitas crianças abdicam do leite materno, mas cada mãe e cada bebê decidem juntos a hora de parar. A introdução alimentar, normalmente, inicia-se com frutas oferecidas nos intervalos das mamadas. Importante lembrar que não é necessário adicionar açúcar. Após duas semanas, já se recomenda a inserção de papas salgadas nos horários do almoço e do jantar. Não

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é recomendado oferecer a refeição em forma de papa batida em liquidificador. Essa prática tão comum pode prejudicar o desenvolvimento do maxilar e da mastigação.

Uma criança que não se alimenta bem pode se tornar um adolescente ou um adulto gravemente doente Nesse período, é preciso levar em consideração a pequena capacidade gástrica dos pequenos. Por isso, é recomendado colocar pouca comida no prato e nunca forçar a criança a comer depois que ela sinaliza que está satisfeita. Também não é recomendado utilizar artifícios para estimular a continuidade da refeição, como aviãozinho, trenzinho, televisão, sobremesa, presentes, brincadeiras ou castigo. As crianças são espelhos dos pais. Desse modo, é muito importante que a família toda siga hábitos alimentares saudáveis a fim de estimular a garotada a fazer o mesmo. Uma criança que não se alimenta bem pode se tornar um adolescente ou um adulto gravemente doente. A alimentação ideal para toda a família, incluindo as crianças, deve ser repleta de verduras, legumes, frutas, cereais, tubérculos, leguminosas, carnes, leite e ovos, ou seja, comida de verdade. Já os alimentos industrializados devem ser estritamente evitados. 

Liliany Faicari é nutricionista, mestre em saúde da criança e do adolescente e coordenadora do curso de nutrição da Faculdade Anhanguera de Campinas – unidade Ouro Verde.


FOTO: DIVULGAÇÃO

4artigo | Sidinei Rolim

A importância do brincar na relação entre pais e filhos B

rincar é crucial para o desenvolvimento infantil. Muitos pais têm a tendência de subestimar a importância do brincar para as crianças porque acreditam que os pequenos estão perdendo tempo e, por conta disso, incentivam muito mais o desenvolvimento de outras atividades educativas. Porém, por meio de brincadeiras e jogos, sejam eles estruturados ou não, a criança pode aprender a lidar com o mundo. Brincar é uma atividade comum na infância, ou deveria ser, e faz parte dos mais diversos contextos, como o escolar e o familiar, e da interação com seus pares.

Por meio das brincadeiras, a criança trabalha as suas potencialidades A brincadeira é ainda uma excelente forma de comunicação. Por meio dela, a criança pode esboçar sua espontaneidade e o prazer que sente com esse ato. Além disso, a atividade alcança objetivos educacionais distintos, como socialização, transmissão de valores e desenvolvimento de autonomia. O brincar pode ter diversas formas de expressão, como brinquedos, desenho, conversas, jogos, entre outros, e oferece a oportunidade para o desenvolvimento da imaginação da criança. Na fantasia, os pequenos atribuem funções e características a objetos e personagens para além daquelas que poderiam ser observadas na realidade. Um palito de madeira se torna um super-herói, um boneco de massinha pode falar e andar, e o desenho de um animal, evocar uma longa narrativa sobre esse

personagem. Tudo isso respaldado na história de vida, nas vivências e nas percepções de mundo da criança. Como se não bastasse, o brincar também pode se tornar um aliado de pais, mães e cuidadores na educação das crianças. Por meio de um jogo, podem ser ensinados comportamentos cooperativos dentro da família e o seguimento de regras de casa, por exemplo. Em vez de palavras rudes para levar a criança para tomar banho, a garotada pode ser convidada a participar de uma brincadeira de trenzinho, em que uma das estações passa pelo banheiro. A hora da refeição pode se tornar uma ótima oportunidade para a fantasia e a elaboração de histórias sobre as comidas, ajudando a criança na alimentação e permitindo um espaço para o diálogo dentro de casa. Com certeza, pais e cuidadores que brincam com os pequenos têm uma melhor comunicação com eles. O brincar é um processo permanente de descoberta. Por meio das brincadeiras, sabe-se que a criança trabalha as suas potencialidades, limitações, habilidades sociais, afetivas, cognitivas e físicas. A criança que brinca será mais esperta, interessada e terá maior facilidade de aprender novas coisas. O brincar é uma necessidade que todas as crianças têm, e o que ficará na memória delas sobre a infância será o prazer proporcionado por esses momentos. Além disso, esses instantes memoráveis podem ser atrelados aos pais e aos cuidadores que participam do brincar. E aí, do que vamos brincar hoje? 

Sidinei Rolim é psicólogo, psicoterapeuta adulto e infantil e professor do curso de psicologia da Anhanguera de Jundiaí.

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Instruções para aprender a chorar

SOBRE CHORAR, FILHO: não vou dizer que acontece, porque nem sempre. Mas devia. O choro nem sempre é sono, fome, birra ou manha. É coisa de quem já aprendeu a cultivar nascentes em si para deixar escoar o que não cabe.

Melhor não confiar nesse mundo que insiste em nos treinar para sorrir. É que as dores do mundo vivem fugindo para dentro de nós. E nem sempre as palavras dão conta – para falar a verdade, quase nunca. A vida é uma troca desequilibrada, e chorar corrige a balança. Fazer da dor um suco, apurar a arte de sentir. Que bom que chorar não tem contraindicação. Melhor não confiar nesse mundo que insiste em nos treinar para sorrir. Evitar o choro é murar a porta de saída. Doer sem vazão. Engolir água salgada acaba irritando a garganta. Você pode achar estranho eu querer lhe ensinar o que tantas vezes tentei fazer você cessar. É que, para os pequenos, chorar é só um jeito de falar. Agora não, filho. O choro agora é a sua fala consigo, um caminho para se entender melhor. Com o tempo, lágrima vira mapa. É preciso abrir janelas por onde possa entrar o sol. Lavar a alma como se lavam os pés. Deixar correr as lágrimas sem nome, que nem sabem de onde vieram: só

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Canguru

. M A R Ç O 2 01 8

FOTO: FLÁVIO DE CASTRO

crônica

cris guerra e o filho, francisco

sabem que precisam ir. Chorar uma dor é chorar todas. Você pode não saber nada. Mas tudo sente. O pranto não é propriamente a dor, filho. É o caminho para o fim. A porta de saída, a cura, exercício obrigatório para nos humanizar de volta. Chorar anda lado a lado com o riso – e bem longe da sisudez. Crescer dói, deixar de ser criança não é assim tão doce, seguir em frente vai doer também. É um nascimento atrás do outro, e para nascer a gente chora. Treina os pulmões pra enfrentar o mundo, aprende a trovejar. Tem dias que é preciso chorar. Simples assim. Como quem abre as comportas de uma hidrelétrica. Libertar as dores represadas por anos, dissolvidas num caldo só. Chorar muito para voltar a sorrir fácil. Sozinho ou no colo de alguém. No banho ou no travesseiro. De tanto amar ou de ódio. Na cama, que é lugar quente. Por mais uma vez não ter dado certo ou por finalmente ter conseguido. Por vontade de desistir ou por determinação em insistir. Por relaxamento ou por fúria. De raiva ou de rir. Chorar para não represar a água. Para evitar desabamento. Carregar na intensidade, para voltar rapidinho ao céu da alegria. Como cortar as unhas, assoar o nariz, tomar um banho. Tirar uma soneca e acordar criança de novo.

Cris Guerra é publicitária, escritora e palestrante. Fala sobre moda e comportamento em uma coluna na rádio BandNews FM e a respeito de muitos outros assuntos em seu site www.crisguerra.com.br. Na Canguru, escreve sobre a arte da maternidade. crisguerra@canguruonline.com.br


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