Edição 12: A mulher e cannabis medicinal: um vínculo sem preconceito

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Equipe editorial e de jornalismo Cannabis World Journals

Cannabis World Journals é uma publicação quinzenal sobre as últimas tendências na indústria da cannabis medicinal.

Editores de conteúdo: Anne Graham Escobar. Daniel Santos V. Design gráfico e editores de arte: Katerin Ozuna Robles. Jannina Mejía Diaz Equipe de pesquisa, jornalismo e redação : CannaGrow: Daniela Montaña. Na sala do especialista : Sandra Loaiza. CannaCountry: Sandra Loaiza CannaLaw: Anne Marie Graham, Alibert Flores e Hamid Tagadirte CannaTrade: Jennifer Simbaña, Rosangel Andrades e Lorena Díaz CannaMed: Yumaira Rojas, Rosangel Andrades, Jennifer Salguero e Nazareth Becerra CannaGraphics: Daniel Santos V.

Tradução: Inglês: Sandra Loaiza, Rosangel Andrades e Maria José López. Italiano: Daniela Araujo. Árabe: Hamid Tagadirte. Português: Lorena Diaz. Colaboradores edição 12: Sandra Coronimas. Leonardo Mesa. Dra. Maria Fernanda Arboleda. Psicólogo Leticia Laranjeira. Assine cannabisworldjournals.com Info@cannabisworldjournals.com

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- Editorial: Mulher e cannabis medicinal: um vínculo sem preconceito Artigo de opinião: - Mulheres argentinas e sua contribuição para a regulamentação do uso de cannabis. Pág 5

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SECCIÓN CANNAGRAPHICS: - Ativista canábica/ Radio canábica / Evento. Pág 6

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CANNAGROW - O lado feminino da cannabisPág7

10 Nossas Revistas CannaMed Magazine e CannaLaw Magazine, dedicadas à área terapêutica e à área da regulamentação legal da cannabis, respectivamente; decidiram unir forças para oferecer a vocês uma nova revista quinzenal mais completa: A Cannabis World Journals. A revista CannaMed e a revista CannaLaw tornam-se seções dessa Nova Revista, juntamente com elas você poderá encontrar duas novas seções que lhe oferecerão uma visão global sobre a planta no mercado: CannaTrade, cujo objetivo será destacar o ritmo dos negócios que se estabelecem em torno da cannabis; e CannaGrow, dedicado à botânica e cultivo dela. Cannabis World Journals é a revista de cannabis mais abrangente para leitores exigentes como você. Sem mais delongas, lhe damos as boasVindas.

NA SALA DO ESPECIALISTA: - Entrevista com Jennifer Marqués, Enfermeira Especialista em Oncologia e Educadora de Cannabis Medicinal. Pág10

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CANNACOUNTRY: - Argentina, um país que avança passo a passo com a cannabis medicinal. Pág 15

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CANNALAW - O papel da mulher "Rife" na produção de cannabis em Marrocos. Pág 17 - Nos Estados Unidos, algumas mulheres lutam pelos reclusos envolvidos em casos relacionados à cannabis. Pág 19 - Mulheres e a indústria da cannabis; liderança que quebra limites. Pág 21 - Mães que usam cannabis medicinal: Deve ser um direito?. Pág 23

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CANNATRADE -Grandes mulheres, grandes negócios. Pág 25 -Equidade de gênero na indústria da cannabis: desenvolvimento e desafios. Pág 27 - Sugar and Kush, marca feminina de mulheres para mulheres Pág 30

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CANNAMED

- Cannabis como tratamento para câncer de mama. Pág 31 -Cannabis na maternidade. Pág 33 - “Cannabis de perto”: Blueberry Space Cake. Pág 34


EDITORIAL

Mulher e cannabis medicinal: um vínculo sem preconceito Em um webinar que realizamos o dia 2 de julho sobre como entrar com sucesso na indústria da cannabis, uma de nossas palestrantes: Carolina Cuervo, cofundadora da Fundação Meraqui e mãe de um jovem de 14 anos que começou de criança a apresentar episódios de epilepsia e deficiência cognitiva; contou para a gente o que para ela se tornou uma lição de vida, fé e luta. Abertamente, sem vergonha e com muito, Carolina revelou tudo o que vivenciou; do choro, desamparo e resignação, à solução que veio de repente. Disse que, sem dúvida, o amor de uma mãe e a perseverança de uma mulher lhe deram luz em meio a uma doença em que todas as esperanças se esgotaram na tentativa de encontrar um tratamento para seu filho. Com esta história curta, mas impressionante, com muitas alegrias; esta advogada de Bogotá, Colômbia, não hesitou em considerar que a única cura para seu filho era a cannabis

medicinal. A história de Carolina nos conecta com a luta constante das mulheres, e que só elas sabem o esforço de superar qualquer adversidade. No dia 19 de outubro foi comemorado o Dia Internacional de Luta contra o Câncer de Mama, e apesar da história de Carolina não ser relacionada a uma mulher que padece dessa doença, queremos fazer a analogia e destacar o papel que as ativistas tiveram, médicos, promotoras, cultivadoras, amigas, mães, tias, acompanhantes e todas aqueles que a cada dia contribuem para o crescimento deste setor, e que se tornam esperança de tratamento ou cura para alguns pacientes. Há quem é a favor e contra a cannabis medicinal, mas sem dúvida o gênero feminino é o que mais expressa disposição para usar a planta em diferentes apresentações como remédio, principalmente para aliviar cólicas e desconfortos menstruais, melhorar seu vida sexual, tratamento de sintomas da menopausa, ansiedade e estresse; os dois últimos, e de acordo com uma pesquisa da JWT Sonar, a maioria das mulheres nos Estados Unidos sofre de ansiedade e a cannabis parece ser uma solução para esse problema. Esta edição é dedicada a todas as mulheres que, de uma forma ou de outra, veem a cannabis medicinal como uma alternativa de qualidade de vida e, especialmente, para aquelas que tiveram de carregar a dura realidade de viver com o câncer de mama. Esta edição mostra que a mulher e a cannabis tem um vínculo sem preconceito.

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ARTIGO DE OPINIÃO

Mulheres argentinas e sua contribuição para a regulamentação do uso de cannabis Felizmente, o instinto maternal da espécie humana mantém sua coerência com a mãe terra e mais uma vez nos mostra o caminho a seguir. Tarefa nada fácil no contexto da crise internacional que o mundo vive. Foram anos difíceis, não apenas pelos 2 últimos, senão datando os últimos 50, quando as ditaduras militares proibiram o uso da planta e praticamente extinguiram a indústria do cânhamo. Ao mesmo tempo, foram as mães que se organizaram para reivindicar os filhos desaparecidos. Assim nasceram as Mães da Praça de Maio, em favor da memória, a justiça e a verdade. Anos depois, na mesma região da América do Sul, as mães são mais uma vez as que se manifestam a favor da vida e do cultivo da cannabis, pela saúde de suas filhas e filhos, surgindo assim Mamá Cultiva. Ou seja, com o passar do tempo (o curto espaço de tempo entre a proibição e a atualidade) a mulher em mais de uma ocasião se organizou para defender os direitos humanos, passando por discriminação, preconceito e deixando para trás sua versão mais dócil, mesmo assim, em meio disso tudo triunfou. Foi na rua e contra o discurso oficial essa luta. Com esses exemplos, quero dizer, a América do Sul tem sido o berço de mulheres corajosas, que deram suas vidas pelo bem de sua comunidade e que transcenderam por si mesmas. Não eram diretoras de organizações

subsidiadas por entidades multinacionais ou filantropos bilionários, nada disso. É uma mulher, a guerreira que está conquistando as liberdades e que vai continuar na luta por queles que ainda precisam. Os prisioneiros e as leis antidrogas fazem parte da dívida do estado com a comunidade da cannabis, sem dúvida, e em particular com as mulheres.

O aperfeiçoamento do artigo 8 da Lei 27350 que autorizou o cultivo pessoal e em rede na Argentina foi essencial para promover um movimento mais nacional que tornasse visíveis diferentes ativistas, frentes de cannabis e conectasse os setores; logo surgiu uma câmara de empresários seguindo seu curso "natural", levando em conta o teor dessa nova indústria, mas com pouca intenção de reformular seu caráter ilegal. Levando em conta o perfil feminino nas lutas sociais, não tenho dúvidas de que também serão as mulheres que conseguirão a reformulação da Lei 23737 que continua a nos criminalizar neste país.

Leonardo Mesa Locutor de rádio comercial e institucional. Atualmente trabalha na Rádio Cannabis de Argentina como produtor e operador, em sua própria estação de rádio online, onde publica conteúdo de cannabis atual e em alta. Compartilha o espaço com outras produções. Tem mais de 20 anos de experiência em transmissão.


CannaGraphics Ativismo cannábico @sandracorominas é proprietária de um perfil no Instagram e no Facebook com publicações de uma ativista em favor do uso adequado da cannabis. “Minha ideia é reunir pessoas que estão com a construção da paz e da educação como motor social, e motivar aqueles que me seguem para que juntos possamos fazer a mudança sob uma sociedade mais livre, solidária e menos egoísta. Eu compartilho e abro espaços saudáveis para o debate. Leio com atenção e respeito o que as outras pessoas pensam. Primeiro eu penso e depois público. A paz se constrói com honestidade, mas sem agredir quem é diferente de nós”.

Oficina: “Prescrição responsável e segura de canabinóides”” A Dra. Maria Fernanda Arboleda; anestesiologista, especialista em dor crônica, cuidados paliativos e experiente em cannabis medicinal; vai realizar nos dias 19 e 20 de novembro a oficina: “Prescrição responsável e segura de canabinóides”. Este ciclo acadêmico é apoiado pelo Escola de Medicina do Tecnológico de Monterrey e do Centro Algia para a Educação em Saúde. Para mais informações acesse em:: www.drmaferarboleda.com

Radio canábica na Argentina Radio Cannabis é a primeira estação de cannabis online com 24 horas de música selecionada para os amantes do blues, reggae, chill out, rock, electro e sons para acompanhar as tarefas diárias, isso, graças ao apoio comercial de importantes empresas do setor. Em termos de informação, os melhores “podcasters” colaboram com o seu cunho criativo e com entrevistas nacionais e internacionais com os protagonistas da cultura cannabis. Você pode desfrutá-la em: www.radiocannabis.com.ar CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 12 |

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CannaGrow

O lado feminino

da cannabis:

uma analogia do trabalho das mulheres na indústria da cannabis medicinal. O papel das mulheres em relação à planta feminina de cannabis, sem dúvida, coincide em mais de uma característica. Ambas são geradoras de vida, resilientes, trazem felicidade, curam, entre outras. Descobrindo a parte feminina da planta de cannabis Algo que não é tão comum aos olhos, mas que se esconde atrás da planta cannabis, é a sua categorização dióica pelo sexo das flores que apresenta: masculinas ou femininas. Desta vez, vamos fazer ênfase nas flores femininas para entender sua importância.

O primeiro passo é identificá-la e diferenciá-la por meio de sua forma e desenvolvimento. Quando a planta está em estado vegetativo, os traços masculinos e femininos não são diferenciados: o motivo: até a fase de prefloração é quando se formam os órgãos sexuais e é aí que é possível descobrir a que gênero pertence. A planta feminina começa com a formação do cálice que é gerado na quarta semana de

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CannaGrow

crescimento vegetativo. As pré-flores aparecem atrás das estípulas que são formações em cada lado de uma base foliar, no quarto ou quinto entrenó do caule. A pré-flor feminina mostra um par de pelos longos e brancos chamados pistilos. “Em geral, os pistilos são formados após o desenvolvimento de outra parte da pré-flor: a bráctea verde-clara, que abriga a semente” (Cervantes, 2007). A fase de prefloração dura de uma a duas semanas antes de finalmente começar um dos seus processos mais incríveis: a floração. Durante esta fase a planta torna-se muito arbustiva com folhagem densa, inicialmente as flores surgem perto do ápice do broto terminal (parte mais alta), a seguir desenvolvem-se nos ramos inferiores.

Aqui o fotoperíodo é importante porque a planta se prepara para produzir sementes ou flores sem sementes. Nesta fase, a planta é geralmente exposta a um período de 12 horas de luz durante o qual faz fotossíntese para converter luz em energia (ATP) que é utilizada para seu metabolismo, respiração, nutrição, crescimento, reprodução; e, assim, finalmente liberar o oxigênio. Nas outras 12 horas, a planta no escuro realiza o ciclo de Calvin, onde toda aquela energia solar armazenada é processada e convertida em carboidratos; é neste período que mais tricomas são produzidos com boas concentrações de canabinóides. Das flores podem ser geradas duas coisas: a primeira é a produção de sementes que se originam da reprodução sexual com o espécime masculino, pois seu pólen fertiliza o órgão sexual feminino, dando origem a sementes com material genético de ambos os progenitores.

Segundo: flores sem sementes, que são de grande interesse na indústria da cannabis; pois através deles os melhores rendimentos de resina são obtidos com uma grande variedade de canabinóides e outros compostos da planta que são usados como remédio ou para uso adulto. Sem dúvida, a planta mais importante para muitos é aquela com flores femininas. A partir delas surgem compostos como terpenos, flavonoides e, claro, os fitocanabinóides, que têm a contribuição terapêutica para o tratamento de diversas doenças e distúrbios e com o qual interagem em nosso sistema endocanabinóide. 8 CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 12 |

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CannaGrow

Plantas com flores femininas são aquelas que mantêm a sobrevivência da espécie por meio da fertilização, que cumpre a função de gerar a maior quantidade de sementes que sejam viáveis e se desenvolvam adequadamente para serem mantidas por diferentes gerações. Ao fazer uma analogia que evoca o papel da mulher em relação à planta feminina de cannabis, sem dúvida elas coincidem em mais de uma característica. Ambas são geradoras de vida, resilientes, trazem felicidade, curam, entre outras características. Se levarmos para a indústria, destaca-se o trabalho de mulheres médicas, biólogas, advogadas, engenheiras, veterinárias, cultivadoras, projetistas, químicas e mais profissões que dão tudo para gerar e oferecer o melhor de si, onde na execução de seus trabalhos são focados e determinados a produzir e oferecer os frutos de seu trabalho, assim como as plantas femininas de cannabis fazem em seu momento de escuridão em que produzem o mais importante e valioso da planta para a indústria.

Referências Cervantes, J. (2007). Marihuana: Horticultura del Cannabis la Biblia del Cultivador Médico de Interior y Exterior (Illustrated ed.). Van Patten Publishing.

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Enfermeira no Brasil trata pacientes com câncer com cannabis medicinal "Durante os primeiros dias de terapia com cannabis, o paciente mostra uma evolução no seu humor, aumento do apetite, melhora a qualidade do seu sono e da sua estabilidade emocional”. “Somos ensinados na escola que a cannabis pode afetar o cérebro ou é uma droga maligna que causa danos, pois não existe um modelo educacional de cuidado e comunicação sobre o uso medicinal da cannabis”. Como mencionamos em nosso editorial, esta é uma edição especial porque em outubro o Dia Internacional do Câncer de Mama foi homenageado. Propusemo-nos a investigar as mulheres que, de uma forma ou de outra, contribuíram para o tratamento desta doença através da cannabis medicinal. Jennifer Marqués, enfermeira brasileira, que atende pacientes que padecem não apenas de câncer de mama, mas também de outras patologias. Ela revelou a Cannabis World Journals os benefícios do uso de cannabis medicinal em pessoas com câncer, e que além de ser um tratamento é “um alívio, não só da dor física, mas também da dor emocional”. Entrevista.

Na sala do especialista: Entrevista con Jennifer Marqués Enfermera, Brasil

Cannabis World Journals (CWJ): Como surgiu o seu interesse pela cannabis medicinal? Jennifer Marques (JM): Além de estudar cannabis medicinal, fui paciente e usei óleo de CBD por um tempo, usei a flor vaporizada com acompanhamento psiquiátrico para o tratamento da depressão. Pude notar o progresso e a melhora significativa que me levaram a interromper a medicação com antidepressivos. Passei de um tratamento com duração estimada de um ano e meio para apenas 9 meses. Isso me fez pensar na importância de dar a conhecer a minha experiência e poder criar um Instagram e começar a falar sobre o que vivi. CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 12 |

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Sou enfermeira de educação continuada, trabalho na atenção primária à saúde com foco no paciente oncológico, acompanho pacientes que fazem uso de Nebatil ™ (THC e CBD) e em seus relatoss me contam que apresentaram alívio e evolução contra os sintomas de câncer. Portanto, nós, enfermeiros, somos educadores em saúde e grande parte da educação sobre a cannabis vem de nós, não apenas de médicos, também precisamos descentralizar esse papel deles. CWJ: Por que você considera importante falar sobre o câncer de mama no Brasil?

JM: Nas últimas décadas, o Brasil passou por uma transição epidemiológica e segundo dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer) e do instituto Oncoguia; o câncer é a segunda causa de morte no Brasil, ficando atrás das doenças circulatórias, como ataques cardíacos e complicações cardiovasculares. Estima-se que em 2022 haverá cerca de 600.000 a 625.000 novos casos de câncer e o câncer de mama representa 30%. Por isso precisamos nos conscientizar e 'Outubro Rosa' falar sobre conscientização, rastreamento e detecção precoce, mas é muito importante falar também sobre prevenção, uma vez que existem fatores que estão envolvidos no desenvolvimento do câncer, tais como: mà alimentação, tabagismo, estilo de vida e de educação em saúde, para lembrar às pessoas que a prevenção começa bem antes. CWJ: Que tipo de informação está à disposição do paciente ao receber o diagnóstico e como é conduzido ao tratamento? JM: Quero enfatizar que na verdade um fator de risco que contribui para a evolução do câncer é o estilo de vida da pessoa, é muito importante levar isso em consideração. Outro aspecto muito importante, e é que, apesar de haver um estigma muito grande em relação à doença e um medo totalmente compreensível, é que o câncer tem cura. A atenção primária à saúde é importante para entender os fatores de risco e como alguém pode enfrentar e desenvolver a doença, hoje existem terapias avançadas e por isso surgiu a

campanha “Outubro Rosa”. Se a pessoa conhece os sintomas e faz os exames na hora certa, o tratamento será iniciado precocemente, otimizando o tempo de cura. CWJ: Quais são os tratamentos tradicionais que existem hoje para o tratamento do câncer de mama? Existem consequências ou efeitos adversos dos tratamentos já conhecidos? JM: Antes de falar sobre os tratamentos, quero primeiro dizer que, se você descobrir algo estranho no seu seio, como um corte, secreção, pele com uma textura enrugada conhecida como casca de laranja, nódulos, não só nos seios, mas nas axilas ou pescoço, é importante ir ao médico e não adiar o diagnóstico. Agende uma consulta e caso receba o diagnóstico da doença precocemente, o médico poderá orientar qual tratamento será o mais adequado dependendo de cada caso. Apenas para lembrar e entender um pouco melhor, existem 4 tipos principais de câncer de mama: luminal A, que cresce lentamente, mas pode levar meses e até anos para se desenvolver; o luminal B, que se desenvolve mais rápido e se alimenta de hormônios produzidos pelo próprio corpo e é altamente invasivo, pois pode atacar outros órgãos; HER2 positivo ou triplo negativo, que não possui receptores hormonais e nem para HER2 positivo; finalmente, um câncer que depende de receptores hormonais que crescem dependendo dos níveis de progesterona e estrogênio. Portanto, dependendo de cada tipo de câncer, existem protocolos de tratamento que consistem em radioterapia, quimioterapia e cirurgia. Depois de passar por um desses procedimentos, em alguns casos são utilizados bloqueadores hormonais e para cada um desses tratamentos existem momentos e sintomas colaterais diferentes. A quimioterapia tem efeito sistêmico, ataca não só as células tumorais, mas também outras células do corpo, causando queda de cabelo, pois células desse tipo se renovam constantemente e os quimioterápicos bloqueiam parte do ciclo celular, causando náuseas, vômitos e unhas quebradiças. A radioterapia tem efeitos colaterais na pele, portanto, o paciente é orientado a evitar a CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 12 |

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exposição ao sol e a cuidar da pele para evitar queimaduras por ser altamente sensível. Alguns pacientes, dependendo do estágio do câncer, precisarão de bloqueadores hormonais por anos, tem mulheres que deverão tomar por até 10 anos dependendo da agressividade da doença, junto com sintomas relatados semelhantes aos da menopausa, calor excessivo, ressecamento vaginal, perda da libido, entre outros sintomas que afetam a nós como mulheres. É necessário ir a medicamentos alternativos e por que não fitoterapeutas, como a cannabis medicinal, pois já existem evidências científicas de seu uso no tratamento de pacientes com câncer e, especialmente, câncer de mama. CWJ: Qual é a diferença entre o uso de medicamentos sintéticos e o uso de cannabis e suas implicações médicas? Conte-nos sobre os benefícios da cannabis medicinal? JM: Os medicamentos sintéticos desempenham um papel muito importante, apresentam alívio imediato dos sintomas e atenderão as necessidades do paciente naquele momento, como é o caso dos antieméticos para tratar náuseas e vômitos causados pelas terapias; no entanto, a indústria farmacêutica - e na minha opinião como enfermeira - é que não é a favor de tratamentos alternativos devido às implicações econômicas e lucrativas, portanto; não são a favor de uma planta medicinal que cura e alivia os sintomas para os quais existe um medicamento sintético no mercado, como é o caso da cannabis. A proposta da cannabis é muito diferente dos medicamentos sintéticos, a cannabis não é paliativa e não é apenas específica para estes sintomas. Nosso corpo humano possui um sistema endocanabinóide, o que significa que o óleo ou qualquer outra forma de uso de cannabis ajudará a regular esse sistema, que é uma característica que os sintéticos não têm.

A melhora dos efeitos colaterais é gradativa, conforme você toma o óleo na dose recomendada pelo médico, especificamente para o seu quadro, com o passar dos dias você

sentirá um alívio desses sintomas pois o CBD tratará a origem e identificará o que está fora de equilíbrio em seu SE. Às vezes, durante a quimioterapia, que geralmente é realizada a cada 21 dias, o paciente passa 14 dias sentindo mal-estar, desconforto, náuseas, vômitos e terá uma semana apenas para se recuperar para a próxima sessão, e simplesmente não consegue viver de remédios, porque às vezes há pacientes com outras doenças e não tomam medicamentos apenas para tratar o câncer, mas para tratar outras condições. O uso da cannabis é importante para regular o SEC devido à sua ação anti-inflamatória e antioxidante que previne a progressão do câncer, além de receber o diagnóstico de uma doença que representa um tabu por ser vista como sinônimo de morte e tragédia, que leva à depressão e ansiedade dependendo da fase em que se encontra, pois é um desafio para cada pessoa. A cannabis medicinal ajuda no alívio, não só da dor física, mas também da emocional, algo que os medicamentos sintéticos não podem fazer, é essa a visão deve ser promovida pelo grupo médico que deve se posicionar e abrir sua mentalidade.

CWJ: Na sua experiência, como as pacientes com câncer de mama reagem ao falar sobre o uso de cannabis ou seus derivados como tratamento para aliviar os sintomas? JM: Atualmente é muito raro ver o paciente buscar cannabis como tratamento por achar que é uma droga, mas a cannabis é usada medicinalmente, não estamos falando de cannabis para uso recreativo. Os pacientes não são educados em cannabis e os médicos não têm tempo nem interesse em dar essa informação, e muitos pacientes usam cannabis com medo e preocupação de ter algum efeito psicoativo ou sentir-se chapado ao momento de usá-la. No entanto, durante os primeiros dias de terapia com cannabis, o paciente apresenta melhora do humor, aumento do apetite, melhora a qualidade do sono e sua estabilidade emocional, e sabem que se trata de um óleo medicinal, não de uma droga. CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 12 |

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Eles mesmos passam a relatar sua experiência, a compartilhar suas experiências para outras pessoas e isso faz com que outros pacientes despertem o interesse por outra alternativa para o tratamento da doença. Somos ensinados na escola que a cannabis pode afetar meu cérebro ou é uma droga maligna que faz mal porque não existe um modelo educacional de cuidado e comunicação sobre o uso medicinal da cannabis. Devemos começar a nos mover, falar, informar, educar. Como enfermeira sou uma pioneira e tenho orgulho do papel que tenho como ativista da cannabis, precisamos oferecer cursos para profissionais de saúde, para pacientes, e poder falar abertamente sobre o assunto; no meu local de trabalho, atendemos milhares de pacientes. Aqui no Brasil é urgente que as pessoas entendam e liberem o uso medicinal da cannabis para que a saúde de milhares de pacientes não seja prejudicada.

Uma história que me chamou a atenção é a de uma amiga cuja mãe teve câncer, fez quimioterapia, cirurgia e passou por um processo emocional bastante complicado. Como minha amiga é veterinária e usa o CBD como tratamento para os animais com que trabalha, ela contou à mãe sobre essa alternativa, pois viu que sofria muito não só física, mas mentalmente. Ela então procurou o óleo e começou a usá-lo. Depois de um tempo ela me disse que a vida dela era diferente, ela se sentia muito bem, ela estava bem melhor, sua qualidade de vida era diferente, também usar a flor vaporizada como remédio na hora de dormir, trata a ansiedade, então é uma forma de estar bem fisicamente e emocionalmente. CWJ: Você considera que o câncer de mama pode ser tratado com cannabis medicinal e em que fases? Existem contraindicações para o uso de cannabis?

JM: Existem evidências científicas confiáveis e estudos em andamento relacionados ao poder anticâncer da cannabis medicinal; estou muito emocionada por poder dizer isso (risos), em pensar que a cannabis pode ajudar a prevenir o crescimento do tumor, induzindo apoptose ou morte celular programada.

Quando vemos o câncer de mama em estágio avançado, a paciente pode iniciar um tratamento com cannabis e isso ajudará consideravelmente a retardar sua progressão porque o câncer avançado é muito agressivo e pode atingir outros órgãos do corpo, mas foi demonstrado que a cannabis pode evitar que isso aconteça, portanto, é muito importante que sejam realizados mais estudos com cannabis. Em meados do ano 2000, um pesquisador descobriu que o CBD poderia ter ação antioxidante e antiinflamatória, e é importante que muitos médicos tenham conhecimento e estejam atualizados sobre o assunto. Os pacientes devem saber que podem solicitar tratamento medicinal de cannabis desde o início do diagnóstico para melhorar sua qualidade de vida. Quanto às contraindicações da cannabis, parece que existem em casos específicos mulheres na gravidez e nos casos de psicose-, mas por falar em câncer, não vi evidências relatando problemas relacionados ao seu uso. Nenhuma pesquisa surgiu comentando especificamente sobre o câncer de mama. Trabalho como enfermeira há 5 anos e nunca ouvi uma história sobre efeitos adversos. Para alguns, pode não ter tido efeitos significativos, mas da grande maioria recebi feedback positivo. CWJ: Como é feito o tratamento com cannabis medicinal em pacientes com câncer? JM: O tratamento com óleo de cannabis é personalizado. É realizado em terapia individual e depende da sintomatologia que cada paciente apresenta, a fim de determinar qual a quantidade ideal de fitocanabinóides e a concentração de CBD e THC, para isso alguns médicos realizam mapeamento genético para poder visualizar a situação oncológica do paciente e ser capaz de decidir que tipo de óleo usar, se é um óleo de amplo espectro contendo THC e CBD para aliviar a dor aguda, ou um óleo de CBD com teor de THC de 0,3%. Dependendo da prescrição médica, por se tratar de uma terapia personalizada dirigida a cada paciente, fica muito difícil apresentar efeitos colaterais.

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CWJ: Quais são as implicações médicas, culturais e legais do uso de cannabis no Brasil? Qual é a sua posição e comentários finais sobre a regulamentação e o uso de cannabis no Brasil? JM: Estamos lutando e esperamos que seja aprovado o projeto de lei 399/15 que visa legalizar o cultivo seguro de cannabis medicinal em pacientes e poder definir as regras para beneficiar associações que atuam em pequena escala e não farmacêuticas que buscam lucrar com o uso de cannabis. Essa etapa de legalização vai demorar um pouco. O Brasil precisa entender que a cannabis é segura, eficiente e economicamente favorável e que, nestes tempos de crise financeira, em que muitas pessoas passam fome, sem teto, sem roupa e sem trabalho, o mercado de cannabis surge como uma oportunidade de progresso para centenas de pessoas, por se tratar de um mercado sustentável e ecologicamente amigável. Já existem associações que estão gerando empregos, muitas mães que tratam seus filhos com óleo e cultivam suas próprias plantas e precisam estar com elas para atender suas necessidades e dar os cuidados especiais que esses pacientes requerem. Esse é um mercado que oferece abrigo, renda e um benefício financeiro muito grande para todos nós. CWJ: Como você vê o papel das mulheres na indústria da cannabis medicinal? JM: Nós mulheres estamos sempre abertas de alguma forma para falar sobre cannabis, principalmente quando nos referimos às mães que buscam no óleo CBD uma possibilidade de tratamento e cura para os males de seus filhos, e que sabem que ele proporcionará qualidade de vida. Elas buscarão de todas as formas possíveis o acesso a este medicamento, demonstrando entrega, dedicação, amor e compromisso com seus entes queridos. Graças a isso, estão surgindo movimentos de mulheres ativistas da cannabis, dispostas a lutar, resistir e falar sobre o assunto, que existem pessoas que defendem essa causa, e que as mulheres devem se unir e fazer parte do setor sendo empresárias e conscientes da importância do uso da cannabis medicinal.

Agradeço a oportunidade e por abrir as portas para falar sobre um assunto que precisa ser divulgado. A cannabis é uma planta incrível, de grande poder, usada desde a antiguidade e que precisa ser resgatada e reconhecida pelo importante papel que desempenha.


CannaCountry

Argentina, um país que avança passo a passo com a cannabis medicinal Como muitos países, a Argentina está em um caminho que permite expandir a legalização da cannabis para uso medicinal. Embora se trate de um tema que demandou anos de pesquisa e luta por parte de diversas associações, fez com que o preconceito de seus habitantes desaparecesse gradativamente. A seguir, informamos sobre a situação no país em relação à legalização da cannabis medicinal.

NORMATIVA

ACESSIBILIDADE

- A Lei nº 27.350 regulamenta a pesquisa médica e científica sobre o uso medicinal, terapêutico ou paliativo da planta de cannabis e seus derivados.

Os regulamentos na Argentina estabelecem especificamente que o Estado pode custear o uso de cannabis para aqueles que não têm cobertura fora do sistema público de saúde; além disso, as entidades que oferecem planos de saúde e de assistência social devem cobrir os tratamentos aprovados que são prescritos por médicos qualificados.

- Decreto 738 de 2017 pelo qual o uso de derivados de cannabis é aprovado.

- Decreto 830 de 2020 pelo qual o auto cultivo de cannabis é aprovado. - Resolução 654/2021 que aprova o Regime de Exceção de Acesso a produtos que contenham canabinóides ou derivados da planta de cannabis para uso exclusivamente medicinal.

Os pacientes que pretendam inscrever-se no Registo do Programa de Cannabis (Reprocann) dependente do Ministério da Saúde, podem fazê-lo pessoalmente ou através de familiares ou associações civis, CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 12 |

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CannaCountry com indicações médicas e salvaguardando o sigilo, “estão autorizados a comprar cannabis medicinal e seus derivados, bem como importar aqueles produtos que a Administração Nacional de Medicamentos, Alimentos e Tecnologia Médica - ANMAT autorizem .

CULTIVO As regulamentações mais recentes indicam que, por meio do Reprocann, quem tiver indicação médica poderá ter acesso à autorização legal para o auto cultivo, além de autorizar o Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet) e o Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária INTA cultivam cannabis para a produção de óleo medicinal e para pesquisas científicas. O Estado destinou um orçamento para o desenvolvimento de sementes, cultivos, estudos científicos, pesquisa e comercialização; além disso, colaborará na produção de cannabis com a Agência Nacional de Laboratórios Públicos (ANLAP) para a eventual industrialização para uso terapêutico e investigativo, e que chegará aos pacientes por meio do Banco Nacional de Medicamentos Oncológicos ou por meio de farmácias autorizadas. O Instituto Nacional de Sementes (INASE), é aquele cujas funções são a regulação da produção, difusão, manejo e condicionamento dos órgãos de propagação da cannabis que permite o controle da rastreabilidade das sementes.

ASSOCIAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS No que diz respeito às associações civis, a regulamentação na Argentina é muito clara, já que existe auto cultivo nas associações civis com reconhecimento legal e social, pelo que o governo deve forjar acordos e reconhecimento nas organizações públicas, privadas e civis que apresentem cultivos cujo proposito fortaleça o sistema de tratamento medicinal.

Aqui estão algumas das associações civis presentes no país: - Ciencia Sativa: Associação Civil sem fins lucrativos, criada em San Carlos de Bariloche, Argentina, que visa investigar, informar e acompanhar a comunidade nos diferentes usos da cannabis e outras plantas terapêuticas. - CAMEDA: Associação civil que busca acesso legal à cannabis medicinal para os pacientes. - CANNABIS Y MUJERES ARGENTINA: Organização não governamental dedicada a promover os usos múltiplos da cannabis. - ARGENCANN: é uma comunidade empresarial que visa promover a pesquisa, o desenvolvimento e a expansão da indústria da cannabis e seus derivados na República Argentina e no exterior.

EMPREGOS O governo argentino planeja gerar até 10.000 empregos na indústria da cannabis até 2025.

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CannaCountry

PROJETOS

De acordo com investigação realizada pela marca americana BDSA e apresentada no relatório do Ministério de Desenvolvimento Produtivo da Nação, a expectativa é que a Argentina possa ter um aumento no mercado internacional que chegue a 55,9 bilhões até 2026.

ATUALIDADE

Embora toda a indústria na Argentina apenas está começando, a produção de cannabis medicinal já tem negócios em andamento. María Laura Sandoval, consultora em negócios de cannabis e cânhamo no país, afirmou que “os principais laboratórios argentinos já trabalham com o tema da cannabis na fase de pesquisa e desenvolvimento de produtos. Eles podem se inscrever para obter uma licença do governo para pesquisa. Alguns laboratórios começaram a importar essa matériaprima farmacêutica, desenvolver seu produto e até registrá-lo”. Isso mostra que o país está em um momento muito importante para abrir suas portas e despertar o interesse de investidores estrangeiros para o desenvolvimento da indústria de cannabis na Argentina 17


CannaLaw

As zonas do ‘Rife’ em Marrocos que não se beneficiam das plantações de cannabis.

O papel da mulher do ‘Rife’ na produção de cannabis em Marrocos As mulheres nas regiões ‘RIFE’ de Marrocos são consideradas o primeiro apoio dos homens para garantir a renda familiar. Elas são consideradas um símbolo de trabalho árduo, especialmente porque a maioria das famílias RIF dependem do cultivo de cannabis como sua primeira fonte de renda devido ao cuidado que tem com a terra ao longo do ano para obter os melhores resultados no cultivo. No entanto, o gênero feminino nesta área do mundo não se beneficia economicamente e até mesmo suas condições de trabalho continuam a ser miseráveis, por isso a maioria dos trabalhadores espera que suas condições melhorem após a legalização da cannabis para uso médico e industrial. A área rural de Marrocos começou seu cultivo de cannabis por conta de produtos como cereais e leguminosas, com os que não conseguem se sustentar em decorrência da difícil orografia da região que limitava as

terras agricultáveis. No entanto, a maioria das mulheres concorda que a agricultura é lucrativa, e é a salvação de sua extrema pobreza. Fátima, uma trabalhadora de cânhamo da ‘RIF’ diz que desde jovem trabalha nos campos de cânhamo, tal como o seu pai e marido, enquanto o filho mais velho guarda o dinheiro que recebe do trabalho que faz nessas terras quando está de férias. Apesar de que para muitos ter emprego é sinónimo de estabilidade, este agricultor afirma que o salário é muito miserável porque só recebem 60 dirhans marroquinos por dia, o que equivale a cerca de 16 dólares americanos, considerado muito pouco para suprir suas necessidades ou de seus familiares, e a isso, segundo ela, deve-se somar o desgaste da saúde física e mental.

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CannaLaw Outra é a história de Bushra, uma trabalhadora da cannabis na “RIFE”. Uma jovem que cresceu e se casou nessa região. Ela diz que a primeira coisa que a impressionou desde que chegou ali foi a qualidade de vida, pois apesar de ter a capacidade para ganhar milhões em um ano plantando cannabis, ainda é uma realidade distante. “Esperamos que a regulamentação do uso de cannabis nos ajude, especialmente aos trabalhadores que fazemos parte das plantações de cannabis, que proporcione uma vida melhor e um futuro brilhante para nossos filhos pequenos. Os que preveem dizem que se perderá muito no futuro se continuarmos nesta situação de ver esta planta como droga ao em vez de usufruir dela como fonte de sustento”, indicou Bushra.

Hoje existem vários modelos de mulheres que se beneficiaram com produtos extraídos do cânhamo, como o óleo de cânhamo, que é usado em cosméticos, cuidados com a pele e também no combate às dores nas articulações. Projetos que foram liderados por mulheres corajosas no país, mas que infelizmente esqueceram seus compatriotas do 'RIF' para fornecer-lhes desenvolvimento e estabilidade financeira.

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Nos Estados Unidos, algumas mulheres lutam pelos reclusos envolvidos em casos relacionados à cannabis.

Aproximadamente

40.000 pessoas estão atrás das grades nos Estados Unidos por causa da cannabis.

Em alguns setores dos Estados Unidos ainda há rejeição em relação às pessoas que de uma forma ou de outra usam cannabis ou seus derivados para fins medicinais ou recreativos. A desinformação parece estar na ordem do dia, deixando várias pessoas atrás das grades por um crime relacionado com a cannabis. Este setor tornou-se fonte de renda e investimento. Na América do Norte já existem 17 Estados que regulamentaram seu uso, e embora isso revele a intenção de aumentar o espectro de legalização do uso da cannabis, ainda há aqueles que continuam com sua situação judicial

pausada, ou, cidadãos que não podem receber subsídios do governo porque seu registro criminal há um crime relacionado à cannabis. Diante dessas circunstâncias, qualquer um ficaria refletindo: se o sistema penitenciário funciona dessa forma, com a identidade e os dados do preso; então, , quantas pessoas estão na prisão por usar cannabis? Aproximadamente 40.000 pessoas estão atrás das grades. Esse número foi revelado por uma pesquisa com presidiários em 2004 realizada pela Bureau of Justice Statistics (BJS, na sigla em inglês), essa foi a última vez que dados sobre condenações específicas por delitos de drogas foram publicados, por isso pesquisar esse número é como tratar passar por um tsunami em barco de papel.

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Wendy Sawyer Diretora de Pesquisa da Iniciativa de Política Penitenciaria,

disse: "Você pode se aprofundar em um conjunto de dados tão antigo, mas ainda é relevante?" Além da publicação de dados sobre presidiários, a BJS coleta apenas dados sobre o crime principal, ou seja: o mais grave pelo qual alguém foi condenado. Normalmente, em uma apreensão, as autoridades policiais acrescentam acusações adicionais ao que foi capturado, juntamente com a posse de cannabis.

Por suavez Kassandra Frederique, Diretora Executiva da Drug Policy Alliance (DPA) afirmou: “É difícil para nós demonstrar a onipresença da proibição das drogas no motor do sistema penitenciário se não tivermos os dados”, destacando que muitas vezes a polícia adiciona como motivo as drogas (neste caso, cannabis) com crimes que não estão relacionados.

Outra opinião foi dada por Wendy Sawyer, da Prison Policy Initiative, dizendo que um dos membros do Senado Estadual de Massachusetts tentou lutar contra a expansão das prisões e cadeias no estado. "“Precisavam de alguns dados sobre o encarceramento de mulheres em Massachusetts. É exatamente o tipo de informação que deveria ser facilmente acessível, especialmente para um legislador estadual, mas eles não conseguiram encontrar". Sem dados que indiquem o atual nível de encarceramento das mulheres no estado, é difícil discutir a construção de outro presídio.

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Mulheres e a indústria da cannabis:

liderança que quebra limites

N

os últimos anos, cada vez mais mulheres contribuíram para a indústria da cannabis, gerando contribuições por meio de sua liderança e empoderamento. A importância do impulso do gênero feminino tem sido um fator determinante nas mudanças sociais, e os estereótipos equivocados dos consumidores e de uma indústria ultrapassada dominada pelos homens foram deixados para trás. As mulheres que se relacionaram com a indústria da cannabis por muito tempo ficaram em segundo plano. Com a evolução dos modelos de negócios de sucesso e as mudanças na legislação, seu papel está passando por uma revisão imensa. Neste ponto, é crucial dar às mulheres o reconhecimento que elas merecem por se modernizarem e darem tanto à indústria da cannabis. À medida que o movimento em direção à legalização cresce internacionalmente, as mulheres começam a sair do “armário da cannabis”. Consequentemente, as representações da cultura popular sobre as mulheres que usam cannabis mudaram. Podemos ver exemplos disso, quando em 2018 foi inaugurada a exposição “We are Mary Jane: Mulheres e cannabis” no

Hash Marihuana & Hemp Museum de Amsterdã, cujo objetivo era exaltar o papel da mulher como vanguarda da cultura canábica, contando com grandes mulheres, como a deusa chinesa Ma Gu, e a pioneira na realização do haxixe Mila Jansen. Existem inúmeros cenários em que as mulheres ocupam cada vez mais espaço, e a indústria da cannabis é um deles. Aqui estão alguns ícones femininos que em seus diferentes tempos e de maneiras diferentes lutaram por uma sociedade mais justa, na qual a cannabis ganhou o lugar que realmente merece: Mary Jane Rathbun (1922 – 1999) Ela foi uma ativista reconhecida pelos

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direitos da cannabis medicinal, é possível encontrar referências a ela como a "Florence Nightingale do movimento da cannabis medicinal". Sua defesa da legalização do uso de cannabis começou na década de 1960, mas foi seu atendimento voluntário no Hospital Geral de São Francisco para pacientes com HIV durante a década de 1980 que a tornou famosa. No auge da epidemia de HIV, Rathbun usou sua famosa receita de brownies de cannabis para ajudar a aliviar algumas doenças causadas pela infecção e, assim, estimular o apetite dos pacientes.

Wanda James foi por muito tempo a primeira afroamericana em ser proprietária de um dispensário de cannabis no mercado legal do Colorado. Antes de tê-lo, James atuou no comitê de finanças de Barack Obama em 2008. Atualmente, trabalha como CEO da Simply Pure, um dispensário de cannabis medicinal.

Michka Seeliger-Chatelain que está na vanguarda desta indústria desde os anos 1970, é um exemplo claro da importância das mulheres neste campo. Especialista em cannabis e cânhamo, Michka é autora de artigos e livros traduzidos para vários idiomas. É também fundadora da editora Mama Éditions.

Elana Goldberg, é CEO da The Cannigma, uma empresa israelense cujo principal objetivo é educar as pessoas sobre o uso da planta ou seus derivados, respondendo a todas as perguntas sobre a cannabis usando informações baseadas em pesquisas e evidências científicas. Esta empresa cresce a cada dia e com isso a credibilidade e o apoio do seu público.

Chanda Macías é CEO da Women Grow, fundada em 2014 em Denver. A Women Grow é considerada a maior rede nacional de profissionais da cannabis nos Estados Unidos e Canadá.

As mulheres que participam abertamente dos debates sobre a cannabis têm tido um grande impacto no movimento a favor da legalização em diversos países como Estados Unidos, Itália, Canadá, Espanha, Argentina, entre outros. E embora ainda haja muito trabalho a ser feito para que a justiça e a igualdade reinem no setor, o trabalho árduo que levou anos está começando a dar frutos. Aos poucos, a indústria da cannabis vai oferecer um verdadeiro empoderamento para as mulheres no futuro.

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Mães que usam cannabis medicinal: deve ser um direito? A legalização e a expansão da indústria da cannabis andam de mãos dadas e há uma aceitação social cada vez maior dos benefícios proporcionados pela planta apoiada por pesquisas científicas e médicas. Como consequência do acima exposto, o uso de cannabis entre mulheres em idade reprodutiva aumentou, de acordo com o Sistema de Monitoramento de Avaliação de Risco de Gravidez (PRAMS). Diante do exposto, surgem várias questões e contradições dos direitos protegidos e

envolvidos em relação ao consumo de cannabis medicinal ou ao uso adulto. No universo dos direitos fundamentais, claro, o poder de decidir o que se consome é um deles. Na verdade, é na esfera do desenvolvimento da personalidade livre que vários países permitiram inicialmente o uso de doses pessoais de cannabis. No entanto, esses direitos são reconsiderados quando se trata de uma mulher em estado de gravidez e o alcance que a lei deve ter em proibir ou não o consumo de cannabis de qualquer forma.

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Cannabis e gravidez: Os problemas De acordo com a Dra. Kelly Young-Wolff, psicóloga e cientista pesquisadora da Divisão de Pesquisa Kaiser Permanente do Norte da Califórnia, mais e mais mulheres estão usando cannabis durante a gravidez para combater as náuseas. No entanto, não há indicações aprovadas para o uso de cannabis durante este período, de fato, pesquisas até o momento sugerem que a cannabis tem efeitos negativos na gravidez e está associada ao baixo nos recém nascidos e a deficiências neurocognitivas.

Também deve ser lembrado que a cannabis tem mais de 80 mil canabinóides e nem todos geram os mesmos efeitos. Embora a comunidade médica esteja quase inteiramente de acordo com os efeitos negativos que o THC tem sobre as mulheres grávidas, não é o mesmo para o CBD. É cada vez mais comum que as mulheres usem o óleo de CBD durante a gravidez para tratar dores musculares e inchaço.

O próprio FDA admite que não há nenhuma pesquisa abrangente estudando os efeitos do CBD no feto em desenvolvimento, na mãe grávida ou no bebê amamentado. O FDA continua a coletar e estudar dados sobre os potenciais efeitos prejudiciais do CBD durante a gravidez e a amamentação. No entanto, com base no que se sabe, há um motivo significativo de preocupação.

que surgem: Finalmente, no campo do direito, se é ilegal ou legal não resolve o problema do uso de cannabis de qualquer forma durante a gravidez ou a lactação. Em uma realidade onde conceitos conflitantes sobre os benefícios da cannabis continuam a ser “vendidos”, às vezes é difícil filtrar informações sobre o que está realmente comprovado e o que é mera especulação. Foi mesmo afirmado em ocasiões que poderia ser um caso de abuso infantil quando a cannabis é consumida durante a gravidez ou a lactação. Essas questões ainda são muito complexas quando se trata de contrastar direitos; de um lado, o direito ao livre desenvolvimento da personalidade e, de outro, o direito à vida e à saúde. Temos os direitos da mãe em uma escala e os direitos do feto ou bebê quando nasce, mas sem dúvida o maior problema que continua a persistir é que ainda precisamos de resultados conclusivos. Isso implica que deve haver uma responsabilidade por parte da comunidade médica de ter investigações mais decisivas que permitam às mulheres tomar uma decisão informada sobre a qual podem aliviar suas condições sem colocar em perigo a criança que está gestando. Esse cenário é um entre muitos complexos e continua sendo um desafio para a legislação. Enquanto não houver estudos, dados suficientes e 100% confiáveis, a lei continuará a navegar em um mar de possibilidades o que e quem está sendo protegido.

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A indústria da cannabis medicinal está ganhando impulso, embora os homens tenham começado a liderar essa indústria, o papel das mulheres tem sido decisivo para o seu desenvolvimento. Segundo relatório da Vangst, 17,6% das mulheres do setor ocupam funções de dirigentes, enquanto os homens ocupam 82,4%.

Mulheres com sua criatividade, inteligência e determinação; promovem fortemente as múltiplas facetas da indústria da cannabis e seus produtos.

Grandes mulheres, grandes negócios Cada vez mais mulheres estão ingressando na indústria da cannabis nas áreas jurídica, científica, agrícola ou de publicidade, sem descartar outras linhas de negócios. Aqui está um resumo das personalidades do gênero feminino que estão envolvidas.

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Brett Heyman

Designer de moda e fundadora da Edie Parker, marca de acessórios nova-iorquina usada por celebridades como Demi Lovato, Miley Cyrus, Kendall Jenner, Gigi Hadid e muitas outras. Em 2019, Heyman entrou na indústria da cannabis com Flower by Edie Parker, uma linha de acessórios para consumo de cannabis que foram integrados em vários dispensários nos Estados Unidos e foram incluídos na última coleção Edie Parker apresentada na New York Fashion Week.

Rebekah Hall

Banqueira que decidiu entrar na indústria de cannabis em 2018 por meio de sua empresa Botanic Lab, uma marca de bebidas saudáveis que lançou a primeira bebida com infusão de CBD no mercado do Reino Unido, que se expandiu gradualmente para se tornar uma empresa líder de bebidas de cannabis.

Giadha A. De Cárcer

Rosy Mondin

é advogada e diretora da World-Class Extractions Inc., uma empresa industrial pública em Vancouver, Canadá, especializada em tecnologias de extração de cannabis. Além disso, ela é cofundadora e CEO da Cannabis Trade Alliance of Canada (CTAC), uma organização que representa e defende empresas privadas de cannabis. Mondin tem se envolvido em processos e organizações que apoiam a regulamentação do uso de cannabis e promovem o acesso à cannabis medicinal.

Estrategista especialista, experiente em Segurança Internacional e formada em Relações e Comércio Internacional com cidadania europeia. Giadha é a primeira mulher imigrante a criar e liderar uma empresa de tecnologia financeira de cannabis, a New Frontier Data, nos Estados Unidos, que até agora opera em 4 escritórios encarregados de gerar estudos e relatórios financeiros sobre o setor.

Neste artigo, incluímos algumas das centenas de mulheres que foram pioneiras, fundadoras e líderes na indústria; demonstrando sua visão de negócios e liderança nos diferentes setores econômicos oferecidos pela cannabis medicinal. CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 12 |

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Equidade de gênero na indústria da cannabis: evolução e desafios

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oje, a indústria da cannabis é considerada uma das mais inovadoras e inclusivas, ainda mais quando se considera que uma grande percentagem das empresas é dirigida por homens. As estatísticas da presença de mulheres e homens na indústria variam entre os países; podemos tomar como referência os Estados Unidos, uma das potências mundiais no assunto. Segundo relatório do MJBizdaily em 2019, as mulheres ocupam 36,8% dos cargos na indústria, este número, embora superior aos registados na construção ou tecnologia, está ainda abaixo de outros como os imobiliários ou a educação em que 50% e 68% dos cargos respectivamente, são ocupados por mulheres.

E o desenvolvimento?

Pode-se precipitar a conclusão de que existe desigualdade no setor, porém, se o patrimônio líquido for tomado como ponto de partida, devemos incluir outras referências que não se limitem a estatísticas gerais, visto que 36,8% referem-se a posições no setor ... a seguir, alguns exemplos:

Mara Gordon: Fundadora do laboratório americano Aunt Zelda’s, uma organização sem fins lucrativos que desenvolve fitofármacos à base de cannabis orgânica. Funciona como uma clínica onde são estudados os efeitos da cannabis nos pacientes. Seu objetivo é desenvolver potência na eficácia e pureza da cannabis orgânica para que as farmácias desenvolvam mais medicamentos à base de cannabis. Amanda Ostrowitz: Fundadora do CannaRegs, plataforma que auxilia advogados, governantes e empresários com todas as ferramentas necessárias para enfrentar os desafios regulatórios do mercado. Cynthia Salarizadeh: Fundadora da AxisWire uma empresa líder em notícias e suítes de tecnologia para empreendedores. Seu principal objetivo é determinar e distribuir informações sobre a indústria de cannabis medicinal. CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 12 |

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Cristina Sanchez: Bióloga da Universidade Complutense de Madrid, a sua investigação centra-se no estudo do sistema endocanabinóide no contexto oncológico, com o objetivo final de compreender termos moleculares e explorar clinicamente a ação antitumoral dos canabinóides no câncer de mama. E a lista continua …

Kate Miller, cofundadora e CEO de Miss Grass Nidhi Lucky Handa, fundadora de LEUNE Kristi Palmer, cofundadora de Kiva Confections Brett Heyman, fundadorA de Flower by Edie Parker Mary Pryor, cofundadora de Cannaclusive Summer Frein, diretora geral nos Estados Unidos de Lord Jones e Happy Dance Catharine Dockery, fundadora y sócia geral de Vice Ventures Solonje Burnett, cofundadora de Humble Bloom

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Desafios a superar Estigma Social Este é um desafio geral para a indústria da cannabis que ainda enfrenta desinformação, preconceito social e tabus. No entanto, quem melhor do que uma mulher para entender as complexidades das indústrias e superar obstáculos?

Igualdade de gênero O sucesso continua incluindo especulações de que a cannabis pode ser a primeira grande indústria dominada por mulheres. Por fim, o que se busca dentro dela e que está sendo o exemplo a seguir é a inclusão, a diversidade e a equidade para todos.

Coerência A legalização é o primeiro passo e embora tenha sido constante nos últimos anos, ainda existem lacunas para que as necessidades do mercado sejam atendidas e amparadas pelos avanços legais. Ainda existem muitas

situações que terão que ser definidas, mas somente a experiência acompanhada das iniciativas dos atores envolvidos na indústria será capaz de criar uma indústria coerente e progressiva.

Conclusões …

A indústria é definitivamente um desafio, mas por trás de cada grande desafio existe uma grande mulher. Com sua liderança, perseverança e disciplina, o setor cresceu e deu um grande passo rumo à legalização. Basta dar uma olhada às profissionais que acompanharam os diversos governos de países que já regulamentaram a planta, empresárias que realizaram seus empreendimentos e militantes que informam e sensibilizam sobre os benefícios da cannabis medicinal.

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Sugar and Kush, marca de mulheres para mulheres

As habilidades, aptidões e competências das mulheres tornaram-se mais evidentes com o tempo; um exemplo é Laura Brenner e Danielle Papajan, que não apenas fundaram e criaram uma empresa, mas também desenvolveram produtos que fazem parte de uma indústria difícil e altamente controversa como a cannabis. Sugar ans Kush surgiu em decorrência do câncer que lhe foi diagnosticado a Laura com apenas 31 anos e que a levou a se submeter a uma cirurgia para remover os tumores, situação que a motivou a pesquisar alternativas que a ajudassem naturalmente, promovendo assim um a mudança de hábitos e a adoção de um estilo de vida em que descobriu o CBD, que segundo ela, a ajudou a superar sua doença e a série de desafios que ela acarreta. Por outro lado, Danielle, impactada com o processo de recuperação de sua melhor amiga Laura, decidiu por meio de uma plataforma compartilhar essa história para ajudar outras pessoas. A partir daí, essas

duas amigas juntaram suas ideias e habilidades com o único propósito de criar uma marca que não fosse apenas amigável, mas também divertida e com a qual as mulheres pudessem se sentir identificadas. O acima mencionado pode parecer simples, mas a realidade é que essas mulheres se arriscaram ao decidir empreender em um mercado dominado por usuários e empresários homens, e que também; ainda é altamente julgado e incompreendido. Esta não foi uma tarefa fácil, pois eles tiveram que educar as usuárias sobre os benefícios e características do CBD. Atualmente, entre seus produtos estão os óleos que ajudam a melhorar as condições de saúde; alimentos como biscoitos e balas de goma; produtos de higiene pessoal como esfoliantes e sabonetes, todos com o mesmo ingrediente em comum, o CBD. Assim, através da criatividade, esforço e dedicação de Laura e Danielle, conseguiram que Sugar and Kush representassem acessibilidade, feminilidade e diversão. CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 12 |

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CannaMed Com base em: Future aspects for cannabinoids in breast cancer therapy (Kisková et. al., 2010). International journal of molecular sciences, 20(7), 1673. doi:10.3390/ijms20071673

CANNABIS COMO TRATAMENTO PARA CÂNCER DE MAMA Os canabinóides derivados da planta cannabis são conhecidos por aliviar os efeitos adversos associados ao tratamento de quimioterapia em pacientes com câncer.

Os canabinóides já são administrados a pacientes com câncer de mama em estágios avançados da doença, mas também podem ser eficazes em estágios iniciais para retardar a progressão do tumor. Aspectos futuros dos canabinóides no tratamento do câncer de mama O câncer de mama é o maior câncer com prevalência de diagnóstico em mulheres em todo o mundo. Recentemente, há uma tendência crescente para subtipos agressivos, especialmente em mulheres mais jovens; embora os principais subtipos moleculares intrínsecos que foram identificados sejam tumores com receptores hormonais para câncer de mama, tumores luminais A e B negativos para o receptor do fator de crescimento epidérmico humano 2 (HER2), tumores positivos para HER2 e tumores triplo negativos, que geralmente são os mais agressivos. Uma vez que esses subtipos moleculares diferem no curso da doença e no desfecho clínico, as terapias individualizadas atingirão um desfecho melhor para cada paciente. Curiosamente, os dados de estudos préclínicos in vitro e in vivo identificaram várias

atividades antitumorais de canabinóides sintéticos e aqueles derivados da planta cannabis. Canabinóides derivados de Cannabis sativa são conhecidos por aliviar os sintomas associados a tumores (náusea, anorexia e dor neuropática) no tratamento paliativo de pacientes com câncer. Além disso, eles podem retardar a progressão do tumor em pacientes com câncer de mama. De fato, o delta-9tetrahidrocanabinol (THC), canabidiol (CBD) e outros canabinóides inibiram a progressão da doença em modelos de câncer de mama. Os efeitos dos canabinóides nas vias de sinalização nas células cancerosas são conferidos por meio dos receptores CB acoplados à proteína G: CB1 e CB2, mas também por meio de outros receptores e

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CannaMed independentemente do receptor. O THC é um agonista parcial de CB1 e CB2; o CBD é um agonista inverso para ambos. No câncer de mama, a expressão do receptor CB1 é moderada, mas a expressão do receptor CB2 é alta, o que está relacionado à agressividade do tumor. Os canabinóides bloqueiam a progressão do ciclo e o crescimento celular e induzem a apoptose das células cancerosas ao inibir as vias de sinalização pró-oncogênicas ativas constitutivas, como a via da quinase regulada por sinal extracelular. Reduzem a angiogênese e a metástase tumoral em modelos animais de câncer de mama. Os canabinóides não são apenas ativos contra o receptor de estrogênio positivo, mas também contra as células cancerosas de mama resistentes ao estrogênio. Em células de câncer de mama positivas para o receptor 2 e triplo-negativas do fator de crescimento epidérmico humano, o bloqueio da sinalização da proteína quinase B e da ciclooxigenase-2 através do receptor CB2 impede a progressão do tumor e metástases. Além disso, moduladores seletivos do receptor de estrogênio (SERMs), incluindo tamoxifeno, ligam-se aos receptores CB; este processo pode contribuir para o efeito inibidor do crescimento dos SERMs em células cancerosas que não possuem o receptor de estrogênio. Muitos componentes da planta cannabis, como CBD (canabidiol) e THC (tetrahidrocanabinol), têm propriedades anti-inflamatórias e antitumorais benéficas. Atuam através dos receptores CB1 e CB2. Esse último receptor está significativamente

presente nas células do sistema imunológico e ambos os receptores estão abundantemente presentes nas células do câncer de mama. A expressão e a atividade dos receptores CB determinam os efeitos dos canabinóides, mas também de outros fármacos aplicados no tratamento de câncer de mama sensíveis a hormônios, pois podem reduzir a inflamação, inibir o crescimento de células tumorais, induzir apoptose e causar autofagia.

Em resumo, os canabinóides já são administrados a pacientes com câncer de mama em estágios avançados da doença, mas também podem ser eficazes em estágios iniciais para retardar a progressão do tumor. Com base na capacidade dessas moléculas de inibir a inflamação e bloquear a proliferação de células cancerígenas, canabinóides sintéticos e derivados de plantas foram investigados para suas aplicações como fármacos antitumorais. Na verdade, um número crescente de relatórios sobre o papel dos receptores canabinóides em células tumorais sugere que canabinóides com diferentes propriedades que podem bloquear ou ativar os receptores CB podem ser úteis no tratamento do câncer.


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CANNABIS na maternidade O uso de cannabis ou seus derivados durante a gravidez e a lactação é um assunto delicado; no momento, tudo relacionado a este assunto ainda está em estudo e é necessário ter evidências e pesquisas adequadas para dar-lhe um uso seguro e responsável em qualquer uma dessas duas etapas. No entanto, a maternidade além de ser algo maravilhoso, está implícito neste papel que valorizar uma vida, ensiná-la a viver e educar com amor para que no futuro sejam adultos com valores e responsabilidades na sociedade de hoje; não é uma tarefa fácil e é desafiadora. Desempenhar com êxito o dia-a-dia desta função implica estar continuamente rodeado de momentos de felicidade e alegria, mas também de acontecimentos e situações estressantes que devem ser enfrentadas da melhor forma para não afetar a relação com as pessoas ao redor. Um dos elementos que podem ajudar no enfrentamento de alguns momentos que envolvem o controle do estresse é o uso de cannabis ou seus derivados. Falar sobre maternidade e cannabis pode ser tabu, mas muitas mães e mulheres chefes de família relatam que as demandas do trabalho, o cuidado integral dos filhos, a organização do lar e todas as responsabilidades que têm; geram uma sobrecarga que leva a uma fadiga extrema, afetando sua saúde física, mental e seu equilíbrio emocional.

Ao selecionar a dose e o método de administração apropriados, as propriedades e os benefícios da planta ou seus derivados, como o CBD; podem ser usados ao máximo; cujos efeitos ansiolíticos, analgésicos, anti-inflamatórios e relaxantes podem ajudar significativamente a melhorar a qualidade de vida de quem decide utilizá-lo. Muitas mulheres hoje usam cannabis para aliviar suas cólicas menstruais, manter sua saúde mental, cuidar de sua pele e até mesmo como afrodisíaco. Cabe a cada mulher escolher com responsabilidade qual o produto de cannabis que deseja incluir no seu dia a dia de acordo com as suas necessidades e as recomendações do seu especialista, a fim de melhorar a sua qualidade de vida e, portanto, de quem compartilha com ela no dia a dia.


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“Cannabis de perto”

Blueberry Space Cake

Cresco Labs, uma compnahia de cannabis, cruzou geneticamente duas cepas conhecidas: Outer Space e Alien Dutchess, para produzir Blueberry Space Cake, uma cepa dominante indica com baixos níveis de CBD e uma concentração média de THC de 18%, de acordo com vários testes de laboratório.

É evidente que a descendência desta linhagem influenciou suas qualidades físicas: botões densos cor verde, pistilos laranja e tricomas brancos translúcidos. Por outro lado, o mirceno, nerolidol e cariofileno têm sido descritos como os terpenos característicos dessa linhagem, bem como seu aroma forte e sabor doce de fruta muito agradável para os usuários.

porque inicialmente ela tem um efeito psicoativo inesperado que diminui progressivamente para fornecer ao usuário vários benefícios medicinais, como relaxamento, alívio do estresse, redução da dor física e melhora do humor.

Para pacientes com cannabis medicinal, tem sido eficaz no tratamento da dor, nervos e ansiedade, especialmente no final de um longo dia de trabalho ou um dia intenso de afazeres domésticos.

Ao decidir usar Blueberry Space Cake é recomendado começar com doses baixas, 35


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Isenção de responsabilidade: Cannabis World Journals em sua posição de revista puramente educacional, não é responsável pela emissão de opiniões pessoais para fins informativos. Para o uso e manuseio adequado, responsável e seguro da cannabis, consulte as leis do seu país e / ou o seu médico ou especialista..


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