Edição 4: Cannabis, uma indústria imparável que continua apesar dos obstáculos em seu caminho

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Editorial: Cannabis, uma indústria imparável que continua apesar dos obstáculos em seu caminho Pág 3 -Artigo de opinião: Consumo de cannabis depois da guerra. Pág 4

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SEÇÃO CANNAGROW Sementes de cannabis. Pág 6

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NA SALA DO ESPECIALISTA: Entrevista com Paul Moreno. Químico da Cooperativa Ananda. Pág 9

Nossas Revistas CannaMed Magazine e CannaLaw Magazine, dedicadas à área terapêutica da cannabis e à área da regulamentação legal da cannabis, respectivamente; decidiram unir forças para oferecer a vocês uma nova revista quinzenal de cannabis mais completa: Cannabis World Journals. A revista CannaMed e a revista CannaLaw tornam-se seções desta Nova Revista, juntamente com elas você poderá encontrar duas novas seções que lhe oferecerão uma visão global sobre a planta no mercado global: estamos falando de CannaTrade, cujo objetivo será destacar o ritmo dos negócios que se estabelecem em torno da cannabis; e CannaGrow, dedicado à botânica e cultivo da planta de cannabis. Cannabis World Journals é a revista de cannabis mais abrangente para leitores exigentes como você. Sem mais delongas, lhe damos as boasVindas à Cannabis World Journals.

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SEÇÃO CANNALAW - Terapeuta de cannabis é preso injustamente. Pág 12 - O México disse SIM à cannabis para uso adulto. Pág 14 - Entidades colombianas promotoras de saúde com cannabis. Pág 17 - Licenças de cannabis no estado de Missouri. Pág 19

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SEÇÃO CANNATRADE - Importar e exportar cannabis: essencial para a indústria. Pág 21 - Ações em tendência. Pág 21 - Projeto “Change Lives '', um apoio à pesquisa sobre a cannabis. Pág 23 - Once upon a time: de tabu para investimento. Pág 23

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SEÇÃO CANNAMED - Cannabis medicinal para transtornos psiquiátricos: uma revisão sistemática com enfoque clínico. Análise do artigo: Sarris, J., Sinclair, J., Karamacoska, D., Davidson, M., & Firth, J. (2020). Medicinal cannabis for psychiatric disorders: a clinically-focused systematic review. BMC psychiatry, 20(1), 24. https://doi.org/10.1186/s12888019-2409-8.

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- Cannabis “de perto”: LIMONENO. Pág 27


EDITORIAL

Cannabis, uma indústria imparável que continua apesar dos obstáculos em seu caminho. Ao longo dos anos, a cannabis se desenvolveu a ponto de tornar-se uma indústria que avança rapidamente apesar dos inconvenientes que ocorreram na sua evolução. A descriminalização progressiva da cannabis, que frequentemente acontece muito lentamente enfrentando estigmas e prejuízos; geralmente gera inúmeras contradições na esfera jurídica e até mesmo paradoxos. Em muitos casos, isso se deve à falta de vontade política para estabelecer um quadro jurídico claro e coerente que realmente garanta a liberdade do indivíduo. Em muitos casos, nota-se que medidas populistas são adotadas para fingir que concordam com a descriminalização, mas depara-se com obstáculos às vezes até sem sentido. Sob um esquema paternalista que visa proteger a vida dos cidadãos, como se eles fossem incapazes de decidir por si próprios, geram-se paradoxos, onde por exemplo o autocultivo de cannabis é legalizado, mas a aquisição legal de sementes e venda do produto não é permitida. Outra contradição é permitir o uso de cannabis, mas limitá-la apenas ao uso medicinal. É talvez mais responsável quem usa cannabis para aliviar os sintomas de uma doença, do que quem o faz para fins recreativos? Como distinguir efetivamente o uso adequado?

O proibicionismo só beneficia as máfias, isso está plenamente demonstrado se recordarmos o que foi a proibição do álcool nos Estados Unidos no passado. Surgiram os criminosos mais implacáveis e infames, como o Al Capone. A falta de vontade política é evidente nos imensos atrasos legislativos, como é o caso do México, cujo congresso evitou legislar sobre o assunto sendo obrigado a fazê-lo por mandado judicial durante anos, mas que finalmente trilha um caminho de legalização com a última decisão do supremo tribunal. No entanto, a indústria da cannabis continua a se desenvolver com o passar dos dias graças ao esforço de quem aposta em marcos legais claros para cada indivíduo. Se algo foi mostrado é que esta indústria não para e os países verão nela as oportunidades necessárias para se adaptarem à realidade.

Equipe editorial

Cannabis World Journals

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ARTIGO DE OPINIÃO

Consumo de cannabis depois da guerra É do conhecimento geral que a guerra deixa fortes cicatrizes na mente e no corpo das pessoas que dela participam. O caminho é árduo e longo, são dias intermináveis ​que não podem ser esquecidos e feridas que perduram como lembranças de lutas. Todas essas situações são difíceis de superar e em geral os soldados, principalmente nos Estados Unidos, estão equipados com

infinitas ferramentas para enfrentar o dia a dia durante a guerra. Mas é depois dela que se perde o foco nos tratamentos para enfrentar o caminho a seguir. Quais são as lesões da guerra mais comuns? “Entre as lesões de combate mais comuns estão queimaduras de segundo e terceiro grau, ossos quebrados, feridas por armas, lesões cerebrais, lesões da medula espinhal, lesões nervosas, paralisia, perda de visão e audição, transtorno de estresse póstraumático e perda de membros." (Brown, 2015). Os soldados, veteranos de guerra, obtêm uma ampla variedade de procedimentos pelos quais podem tratar seus ferimentos de combate. Eles têm acesso a médicos, especialistas, cirurgiões e fisioterapeutas. Mesmo com todo esse novo arsenal à sua disposição, os processos de recuperação são longos, difíceis e geralmente são acompanhados por uma forte dose de analgésicos. Quais são os tratamentos tradicionais disponíveis? Os analgésicos opioides. Estes são classificados como agonistas e incluem fármacos como a codeína, Dextropropoxifeno, Demerol, Dilaudid, Fentanil, Hidrocodona, Metadona, Morfina e Oxicodona; que tendem a ser bastante eficazes por um Período de tempo até que o corpo cria resistência a eles. Esses opioides também têm uma probabilidade muito alta de gerar dependência e não são a melhor alternativa para o tratamento da dor crônica em longo prazo. A crise dos

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ARTIGO DE OPINIÃO

opioides está atingindo níveis críticos. “Nos Estados Unidos, 259 milhões de analgésicos opioides foram prescritos em 2012 e cerca de 2 milhões dessas pessoas desenvolveram uma adicção subsequentemente”. (Addiction, 2021). É de vital importância começar a procurar alternativas para esses tratamentos de dor crônica. Que alternativas existem para o tratamento da dor? O tratamento da dor refratária e da dor neuropática com cannabis melhorou a qualidade de vida de muitos pacientes em todo o mundo. É uma alternativa eficaz para o tratamento da dor crônica e ao mesmo tempo auxilia no controle dos sintomas de estresse pós-traumático típicos dos veteranos de guerra. Os tratamentos à base de canabinóides podem ser administrados por via oral, tópico ou inalada na forma de um vaporizador ajudando a reduzir a ansiedade, melhorar o padrão de sono, diminuir a percepção da dor central, ativar o sistema de recompensa do sistema límbico e agir como um agonista dos receptores vaniloides.

discutir o uso medicinal da cannabis com seus médicos, sem risco de retaliação. Em países como os Estados Unidos, também se espera que seja possível alterar a legislação federal e estadual para que o acesso aos produtos de cannabis ou seus derivados seja expandido sob o manto da lei. É importante manter essas linhas de diálogo abertas para expor os benefícios do uso medicinal da cannabis e deixar os preconceitos para trás. Existem centenas de pacientes que precisam de alternativas para tratar a dor. Sem essas alternativas, existe o risco de colocar mais pacientes em situação de vulnerabilidade diante de um possível vício ou overdose de analgésicos. Na época, estima-se que "83% dos veteranos dos EUA apoiam programas de cannabis medicinal, mas nenhuma das instalações médicas da Veterans Affairs fornece cannabis medicinal como método de tratamento para a dor" (VETSCP, 2021) ou qualquer outra patologia.

María José López Editora de conteúdo Pharmacology University INC.

Muitos veteranos de guerra encontraram melhores resultados em seus tratamentos de dor crônica por meio do uso de produtos médicos à base de canabinóides e esperase que seu uso generalize como alternativa para o controle da dor. Infelizmente, ainda há muito estigma em relação ao seu uso e o acesso a medicamentos à base de canabinóides é bastante limitado. Organizações como The Veterans Cannabis Project e Veterans for Medical Cannabis Access têm estado na vanguarda dessa luta para dar aos veteranos a liberdade de

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CannaGrow

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CannaGrow

A

s sementes de cannabis, como em outras plantas com flores, são dadas por fertilização nas flores. Esse processo ocorre naturalmente e no caso da planta Cannabis Sativa L., ocorre quando o macho libera pólen dos estames com o ar ou com a ajuda de alguns polinizadores, que carregam essas partículas para o estigma das fêmeas, aí a fertilização do óvulo ocorre e o resultado são aquelas pequenas sementes por reprodução sexuada. Este processo tem sido manipulado pelo homem ao longo dos anos a fim de obter variedades com perfis particulares de canabinóides, terpenos, flavonoides, entre outros

ou seja, separar uma porção do caule daquela planta-mãe fêmea, que, quando colocada em certas condições ideais, formará raízes e será geneticamente idêntica. Uma desvantagem da escolha de sementes regulares é que muitas vezes o macho é descartado, pois pode fertilizar a fêmea e produzir sementes com uma variabilidade genética muito heterogênea. Porém, se o macho tiver traços muito bons, e é resistente junto com outros aspectos, é possível que o pólen seja utilizado, para hibridação ou cruzamentos, a fim de atingir uma variedade cativante.

Em bancos de sementes certificados nos países onde a produção foi regulamentada, geralmente podem-se encontrar 3 tipos de sementes para cultivo denominadas regulares, feminizadas e automáticas ou autoflorescentes.

Já as sementes feminizadas são aquelas que passaram por um processo ou tratamento de hormônios que forçam a planta feminina a produzir estames (características dos machos), a gerar pólen, mas com uma peculiaridade muito especial; o material genético dessas partículas é feminino, então a planta se tornará hermafrodita e se autofecundará, produzindo 99,9% de sementes femininas. Já com o pólen feminilizado, obtido pelo método anterior, ele tende a ser utilizado para fertilizar outras plantas femininas, o que significa que seriam dadas sementes feminizadas. Esta classe de sementes é a mais popular e adquirida pelos produtores. É muito importante esclarecer que se estas não forem cuidadas adequadamente, existe a probabilidade de que devido a eventos de estresse se transformem em hermafroditas e nestes se produza material genético característico de machos alterando o processo desejado de obtenção de flores femininas.

As sementes regulares são aquelas que se caracterizam por não terem probabilidade garantida de sexo, ou seja, durante a fase do início do florescimento é incerto para o cultivador saber se a planta será feminina ou masculina; portanto, pode-se dizer que a possibilidade de se obter um dos sexos dela é 50% masculino e 50% feminino. Talvez para alguns cultivadores não seja uma das melhores opções a serem selecionadas ao pretenderem que suas plantas tenham flores femininas. No entanto, as sementes regulares têm certas características muito positivas, por exemplo, em termos de seleção genética é interessante porque caso se obtenha uma fêmea e está apresente características fenotípicas, genotípicas e quimiotípicas atrativas, pode-se clonar por meio de estacas,

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CannaGrow

germinar 10% a mais para ter o resultado esperado, consequentemente devem-se semear 110 sementes. Uma forma de verificar se uma semente é viável é pegá-la e apertar ou pressionar com o dedo indicador e polegar, se ficar firme está boa, se ao contrário for destruída é uma semente que ao germinar sua planta não se formará bem ou simplesmente não germinará. Concluindo, o florescimento das plantas derivadas de cada um dos tipos de sementes ocorrerá em tempos relativos, estando elas sujeitas ao período de luz, condições como altitude, temperatura, ventilação, umidade relativa, pH, se for indica ou sativa (indica é mais provável que floresça mais cedo do que uma sativa), entre outras. Por fim e não menos importante, existem sementes que são produzidas com fins Por outro lado, as chamadas sementes nutricionais, ou seja, podem ser consumidas automáticas ou autoflorescentes são uma por seus elevados valores nutricionais. um ser variedade NÃO fotodependente, ou seja; humano. Uma porção de 100 gramas de que produzem plantas que não requerem semente fornece 31g de proteína, 4,5g de um ciclo de luz muito longo para florescer, ácidos graxos saturados, 5g de ácidos graxos elas têm seu próprio ritmo e florescem em monoinsaturados, 38g de ácidos graxos polipoucas semanas. Porém, se expostas a insaturados, minerais, calorias, fibras, ômega períodos de até 18 horas de luz e 6 horas de 3 e vitaminas, que são propriedades escuridão (que é o mais recomendado pelos consideradas saudáveis ​para o ser humano. bancos de sementes) dão uma colheita muito boa. O mais atraente dessas sementes para os produtores é que as plantas não precisam de longos períodos de luz, o que se traduz em menos gastos com energia se forem cultivadas em ambientes internos e colhidas mais rápido para que tenham flores mais rapidamente; no entanto, o perfil canabinóide sob essas condições pode variar significativamente. Um fator importante a levar em consideração são as falhas de germinação, o que significa que nem todas as sementes surgem, por isso é fundamental seguir a regra de eficiência do processo, onde: se eu preciso cultivar 100 plantas, é necessário

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A equipe editorial da Cannabis World Journals entrou em contato com Paul Moreno, Dr. em Química e membro da Cooperativa de Produção Agrícola Ananda, que compartilhou conosco um pouco de sua experiência na indústria de cannabis. Além de nos contar sobre a rentabilidade desse setor e as oportunidades que representa atualmente. Quando nasceu o seu interesse pela cannabis e o que o inspirou a se aventurar nessa indústria? Meu interesse pela cannabis nasceu em 2012 por curiosidade, naquela época a legalização estava em voga no Uruguai, Colorado e Washington. Foi quando comecei a ler e pesquisar, li muito sobre isso na internet e resolvi experimentar. Peguei um grama e provei, assim que experimentei soube que era uma planta fantástica e que dela poderia sair muita coisa boa. Naquela época eu já tinha 42 anos e morava sozinho, por isso comecei a ler e experimentar por conta própria. Quais foram os obstáculos durante o desenvolvimento de seu projeto cooperativo Ananda no Equador?

O maior entrave no desenvolvimento da cooperativa tem sido o estado, ele não sabe o que está regulamentando. Os regulamentos, leis e requisitos, tudo isso está muito desorganizado. Além disso, a burocracia exige muitos requisitos e isso também tem sido um obstáculo. É claro que a pandemia tornou o processo muito mais difícil. No entanto, diria que o próprio estado foi um obstáculo muito maior do que a pandemia, já que sua regulamentação não está bem definida precisamente nas duas áreas em que meu projeto está envolvido: a cannabis e a economia popular e solidária. Que implicações econômicas você considera que a legalização do cânhamo tem no Equador?

Na sala do especialista: Entrevista com Paul Moreno Químico, da Cooperativa Ananda

É uma grande oportunidade, pois é um novo setor. Isso significa que existem muitos serviços em desenvolvimento em torno da indústria, ou seja, não se trata apenas de semear, colher e transformar; também inclui a fabricação de uniformes, embalagens, design, copywriting, substratos, nutrientes, etc. Além disso, o desenvolvimento desta indústria é importante considerando que outros setores estão em risco, como o de banana, que atualmente está em perigo devido ao fungo Fusarium que se encontra na fronteira com o Equador prestes a entrar no país. Esse fungo pode causar a perda de até 2 milhões de empregos. O desenvolvimento da indústria, graças à legalização da cannabis no Equador, pode se tornar o que salva o país do declínio econômico causado pelos políticos,

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a pandemia e dessas ameaças que mencionei anteriormente. O que a cooperativa Ananda faz? Nosso slogan é “criando comunidades sustentáveis”. O que são comunidades sustentáveis? São territórios que produzem seus próprios alimentos, medicamentos e energia por meio de espécies vegetais de alto valor agregado, como a cannabis. Queremos desenvolver pequenos territórios que não dependam do exterior, pequenas comunidades rurais onde as pessoas possam viver com dignidade e com o conforto do século XVI. Não quero dizer que vamos viver como no ano 1600 com cavalos, arando a terra ou moendo milho à mão. Nós realmente temos que construir comunidades com todos os confortos deste século: energia renovável, comunicações instantâneas, nutrientes e tudo o que é necessário para uma comunidade sustentável e que a tecnologia agora nos permite desenvolver. Por que criar uma cooperativa? Qual é a sua missão principal? A criação da cooperativa e a sua principal missão foi direcionada justamente à criação de uma comunidade sustentável, que é a principal missão que pretendemos cumprir com a cooperativa Ananda.

Como você vê a projeção da cannabis nos próximos 5 anos em países como o Equador, onde as regulamentações são bastante novas?

na elaboração dos planos e projetos que virão no futuro.

Eu gosto de sonhar muito, acredito que em 5 anos a cannabis para uso adulto será aprovada no Equador. Este mercado é 3 vezes maior do que o mercado medicinal e acho que há muito a desenvolver em torno disso, especialmente o turismo de cannabis, a indústria de extração e a indústria de outros tipos de consumo de cannabis que não é apenas fumar, senão a produção de extratos e comestíveis. Vejo isso com muito otimismo e espero que os responsáveis ​pela regulação entendam essa sinergia que existe entre a cannabis e o turismo para que ela possa se desenvolver.

É sim, como eu disse, o governo não sabe o que regulamenta. Vou contar duas anedotas: Fui registrar o contrato de locação no cartório, quando o responsável leu que o local seria destinado à produção de cannabis, não o quis registrar porque disse que se tratava de uma atividade ilegal. Tive que explicar a ele tudo o que diziam os novos regulamentos sobre a cannabis, a constituição, as leis, e mesmo assim ele não quis nos registrar. A segunda anedota é de quando lançamos a licença em Guano, precisávamos de proteção policial, então o responsável do município chamou o policial encarregado da segurança, que ficou surpreso por não saber que a cannabis já havia sido legalizada.

Qual foi o projeto que mais lhe deu satisfação na indústria da cannabis? O que mais me deixa satisfeito é que somos os pioneiros do setor, somos a primeira entidade sem fins lucrativos, a primeira na economia popular e solidária, e os primeiros a quem o ministério entregou as licenças de produção. Também seremos a primeira organização a plantar com uma comunidade indígena quíchua. Porém, minha maior satisfação tem sido poder trabalhar com meus filhos

Você considera que este é um setor de grandes riscos?

Então esse é o maior risco, que o próprio estado não saiba o que está regulando e claro como é uma nova indústria, vamos ser acompanhados de perto por todos os órgãos controladores: ministério de governo, segurança, exército e municípios, então temos que gerenciar tudo 100% legal.

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Quais objetivos você gostaria de alcançar com a cooperativa Ananda em um futuro próximo? Nosso objetivo como organização é que pelo menos uma pessoa de cada família que pertence à comunidade trabalhe na indústria da cannabis. Não necessariamente no cultivo, se não em indústrias auxiliares. Esse é o nosso propósito daqui a 5 anos, logo depois, vamos vendo. São muitas as pequenas necessidades nas quais estamos trabalhando e um dos problemas mais graves de todas as comunidades do país é o acesso à água, tanto para irrigação quanto para consumo humano. Portanto, isso é algo em que temos que trabalhar imediatamente, assim que tivermos recursos da indústria da cannabis. Que conselho você daria a uma pessoa que está começando na indústria da cannabis?

Então é necessário educar a população em geral e o governo, eu insisto. Não só é preciso educá-los sobre as leis ou processos, mas também sobre a história da proibição, para que as pessoas entendam que não se trata de uma droga, mas de uma planta. Que a proibição é dada pela discriminação, pelo racismo e que há uma infraestrutura legal, mafiosa e policial montada em torno dela, da qual derivam todos os problemas do combate às drogas. O segundo conselho é testar o que você vai produzir em um ambiente seguro e silencioso, o que lhe permitirá conhecer o que está sendo discutido. CWJ: Lhe Agradecemos muito Dr. Paul, por nos dar este tempo e nos fornecer este valioso espaço.

Que estude, leia tudo o que há para ler, que experimente tudo o que há para experimentar. Deve estar ciente de todas as voltas e reviravoltas para chegar à sustentabilidade da cannabis. É importante entender que a cannabis não se trata apenas de cultivar e vender, mas de resolver os problemas que cercam a proibição de 100 anos.

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CannaLaw

Terapeuta de cannabis é preso injustamente Cada vez a cannabis está ganhando mais espaço na medicina, porque muitas pesquisas científicas mostraram que a planta funciona para neutralizar os sintomas de doenças crônicas como câncer, epilepsia e Alzheimer. Além de ser também uma grande aliada no combate a transtornos como a depressão e a ansiedade, que afetam grande parte da população mundial; é por isso que os profissionais da saúde têm demonstrado seu interesse na pesquisa e no estudo da cannabis e seus derivados para oferecer aos seus pacientes tratamentos e terapias alternativas ou complementares aos tratamentos tradicionais.

Mas, o que um médico ou profissional da saúde precisa para prescrever cannabis, se o país onde reside é aprovada para o uso medicinal da planta? É lógico que as leis mudem de país para país, ou seja, os procedimentos e processos para que um profissional de saúde tenha autorização para prescrever cannabis dependem do país onde é prescrita. Da mesma forma, as sentenças e multas por prescrever cannabis sendo proibidas dependem de cada país, mas também é claro que muitos profissionais do setor da saúde foram condenados à prisão porque a cannabis para uso medicinal é ilegal em seu país. Em muitos países do mundo há casos que representam o drama de profissionais da saúde presos por serem encontrados com óleos à base de cannabis ou com a matéria-

prima para fazer o óleo (flor de cannabis), como é o caso de Márcio Roberto Pereira, um terapeuta brasileiro de 39 anos de idade que junto com sua esposa iniciou o cultivo de cannabis para ajudar um grande número de pessoas que padecem doenças crônicas como câncer e epilepsia. Condenado por querer melhorar a qualidade de vida de seus pacientes Em dezembro de 2018, Márcio e sua esposa viajavam de carro para a cidade do Acre, o casal carregava óleo de cannabis medicinal para o tratamento de um paciente com câncer de próstata, que tinha receita médica, mas não tinha dinheiro para importar o remédio. O casal foi detido pela polícia antes de chegar ao seu destino, foram conduzidos à delegação e condenados por tráfico de drogas, segundo a legislação brasileira. CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 4 |

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CannaLaw Márcio e sua esposa foram presos por portar 150g de cannabis prensada e 7 garrafas de óleo de cannabis que serviriam para tratar o paciente durante 4 meses, “era um óleo diluído em 5% de cannabis inteira e 95% de óleo. Cada frasco continha 1 ml de extrato para 19 ml de óleo”, afirmou em entrevista. Fernanda, esposa de Márcio, está em prisão domiciliar por ter uma filha de 12 anos, enquanto o marido cumpre pena em alta segurança penitenciária em Porto VelhoBrasil. O casal foi condenado a 8 anos de prisão, sentença que foi proferida 7 meses após sua reclusão em 2019. Ambos continuam lutando para mostrar sua inocência e assim reconquistar sua liberdade. O caso está sendo estudado e foi para segunda instância. No entanto, o casal tem recebido muito apoio da comunidade, pois foi assinado um documento com 1.700 assinaturas, entre familiares, amigos e pessoas que conhecem o caso de perto. Na rede social Instagram existe uma conta com o nome de ‘Marcio Livre’, com quase 2.000 seguidores. A rede social, além de falar sobre a situação de Márcio, é um apoio à comunidade canábica que luta pela legalização da cannabis para uso medicinal no Brasil, ao mesmo tempo que apoiam a Márcio, um terapeuta de cannabis preso injustamente. CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 4 |

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CannaLaw

O México disse SIM à cannabis para uso adulto Em 28 de junho de 2021, a Suprema Corte do México declarou inconstitucionais alguns artigos que impedem o consumo, a aquisição de sementes e o plantio e distribuição de cannabis recreativa. Nesse sentido, é importante reconhecer os antecedentes e as implicações dessa decisão de se manter a par dos avanços deste país e como pode até ser um ponto de partida para que mais estados esqueçam o estigma que há anos assombra esta planta. Em 1920, a produção, venda e uso recreativo

de cannabis foram proibidos no México e, em 1927, a exportação foi proibida. Até foi proibido a posse para autoconsumo, . Anos depois, em 21 de agosto de 2009, foi promulgada uma lei permitindo a posse para uso pessoal de no máximo cinco gramas de cannabis. Em 11 de agosto de 2015, a menor Graciela Elizalde, com diagnóstico de síndrome de Lennox Gastaut, obteve a primeira autorização na história do México para CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 4 |

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CannaLaw importar e usar um óleo de cannabis à base de canabidiol para tratar as mais de 400 convulsões que apresentava diariamente. O caso se tornou um ícone da luta em prol da cannabis medicinal no México. Isso fez com que, em 13 de dezembro de 2016, o Senado do México aprovasse o uso de cannabis para fins medicinais. Por fim, em 29 de abril de 2017, a Câmara dos Deputados aprovou o uso medicinal e científico da cannabis e seus derivados. Julgamento Atual. Em novembro de 2018, o Supremo Tribunal Federal já havia declarado a inconstitucionalidade de diversos artigos que promoviam a proibição, e a expectativa era de que o congresso legislasse sobre o assunto. Após três prorrogas se toma a decisão atual.

Apenas aqueles que entraram com um amparo poderiam usar cannabis de forma recreativa, sendo então severamente limitado o uso da planta. Agora, a suprema corte insta ao ministério de saúde a emitir autorizações para que os adultos possam plantar, colher, transportar e consumir cannabis, enquanto a Comissão Federal de Proteção contra Riscos (COFEPRIS) deve redigir diretrizes para a aquisição de sementes e especificar que o consumo das mesmas não pode ser feito em prejuízo de terceiros ou em locais públicos onde as restantes pessoas não tenham dado a sua autorização. Tudo isso é provisório, até que o Congresso cumpra a legislação sobre o assunto. O levantamento parcial da proibição entra em vigor quando a decisão judicial é publicada. No entanto, graças a esta decisão, os usuários não teriam mais

que solicitar proteção para exercer seu direito de cultivar e consumir cannabis para fins pessoais ou recreativos, mas uma modificação do código penal seria necessária - e este é um dos pontos que mais exigem os ativistas - para que a posse e o consumo de cannabis não sejam mais penalizados e, desta forma, eles não sejam mais vistos como criminosos por fazerem uso da referida planta. Levantamento parcial, mas insuficiente. Durante a sessão da mais alta corte, a juíza Norma Lucía Piña destacou que, enquanto o Congresso não legislar sobre a matéria, “em nenhum caso está autorizado a importar, comercializar ou fornecer” cannabis. Seguindo a explicação da diretora geral do México Unido contra o Crime, Lisa Sánchez: “São os legisladores que devem determinar a melhor forma de emitir licenças, quantidades e espaços para consumo. Devem legislar sobre isso”, afirma. Mas o Congresso poderia deixar as coisas assim, nas mãos do Ministério da Saúde, conforme mandado pelo Supremo Tribunal Federal, e não fazer uma lei sobre a cannabis. “A criação de um mercado legal ainda é assunto do Congresso” Por enquanto, isso frustra as aspirações de muitos empresários que, como o expresidente Vicente Fox (2000-2006), veem no México um enorme potencial para criar o maior mercado legal de cannabis do mundo. Segundo relatório da Endeavor, o México é o segundo maior produtor de cannabis do mundo, com até 27.000 toneladas por ano, enquanto a Aliança Latino-Americana de Cannabis (ALCAN) estima que a indústria medicinal e recreativa dessa planta geraria mais de 22.000 milhões de dólares em quatro anos. CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 4 |

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CannaLaw Reações: O Presidente do Supremo Tribunal Federal descreveu como “dia histórico para as liberdades a consolidação do livre desenvolvimento da personalidade no uso recreativo da cannabis”. Alguns usuários consultados pela CNN em Espanhol disseram que comemoram esta decisão: "Estamos felizes, estamos emocionados, estamos agradecidos, este é um grande passo para a libertação dos direitos humanos no México" Por sua vez, Andrés Manuel López Obrador, atual Presidente do México, assumiu uma posição um tanto ambígua em relação a esta decisão. Ele comentou que quando iniciou seu mandato em 2018, esse tema foi discutido sem que se pudesse chegar a um consenso sobre qual caminho deveria ser seguido. “Esse é um assunto que deve ser bem informado. Quando chegamos ao governo, já iniciamos esse processo de legalização ou regularização do uso da maconha. Há duas visões. Isso não deve nos surpreender porque

o governo representa o povo e temos de recolher as opiniões de todas as pessoas ", comentou o atual presidente desta nação quando lhe foi perguntado se concordava ou não com esta decisão. É importante destacar que até agora, na América Latina, apenas o Uruguai havia aprovado o uso de cannabis para fins recreativos. Portanto, esta decisão representa um grande avanço nas questões legislativas sobre a cannabis. No entanto, como em outros países; a ambiguidade dos órgãos legislativos põe em risco todas as liberdades dos indivíduos, ao não chegar a um consenso definitivo sobre esta questão. Resta saber como essa decisão evoluirá com o passar dos dias e quais ações serão tomadas pelo governo para enfrentar a realidade de uma indústria que avança a cada dia e se torna mais relevante no mundo.

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Entidades Colombianas de Promoção da saúde da cannabis A história da regulamentação do uso de cannabis na Colômbia começou há três décadas com a Lei 30 de 1986, o artigo terceiro indica que a fabricação, importação, distribuição, exportação, produção, comércio, uso e posse de entorpecentes, como o cultivo das plantas das quais são produzidas será limitado a fins médicos e científicos. Nesse sentido, foi em função do problema do narcotráfico que até 2015 o governo instituiu o Decreto 2.467, que permitiu regulamentar o processo de concessão das primeiras licenças de produção e fabricação de derivados de cannabis a quatro empresas colombianas (Cannalivio, Pideka, Ecomedics e Econabis), da mesma forma, a uma firma canadense (Cannavida) e à empresa colombo-canadense Pharmacielo.

Seguindo esta ordem de ideias, nesse mesmo ano o Ministério da Saúde e Proteção Social informou que Med Colombia, Cannabis Medical Group, Medcann Colombia, Colombian Organics, Canmecol e Khiron Colombia são as novas empresas autorizadas a fabricar derivados de cannabis para fins médicos e científicos, e a primeira cujas autorizações foram obtidas ao abrigo da Lei 1787, também conhecida como Lei Galán.

Da mesma forma, para 2016 foi promulgada a Lei 1787, que estabeleceu o quadro regulamentar para o uso de cannabis e seus derivados para fins médicos e científicos. Em seguida, foram indicadas as diretrizes de licenças e cotas de uso de sementes para plantio, cultivo de plantas, fabricação de produtos derivados da cannabis, bem como o processo de distribuição nacional para o comércio exterior, entre outros.

Tendo isso em conta, com estas 6 empresas, um total de 12 empresas foram autorizadas a exercer esta atividade na Colômbia, juntamente com Cannalivio, Pideka, Ecomedics, Econnabis, Cannavida e Pharmacielo, que obtiveram a licença pelo Decreto 2.467 de 2015 no qual foi cancelado para dar lugar às normas estabelecidas pela Lei de Galán.

Por outro lado, o Decreto 613 de 2017, que regulamenta a lei, estabeleceu as diferenças entre a cannabis não psicoativa e a cannabis psicoativa, regulamentou a comercialização de sementes em pesquisas e incluiu benefícios para pequenos produtores e agricultores de cannabis medicinal

Da mesma forma, a licença para transformar a cannabis para usos médicos e científicos permite a pesquisa, comercialização, fabricação, exportação e distribuição de derivados psicoativos da cannabis. No entanto, uma vez que as licenças de transformação foram concedidas, as empresas puderam receber sua autorização de cultivo. CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 4 |

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Embora alguns dessas licenças tenham capital estrangeiro, todas estão formadas na Colômbia. Desde então, pode-se dizer que cerca de 25 empresas locais têm lutado para obter as licenças e autorizações necessárias para cultivar, fabricar, distribuir e vender produtos de cannabis medicinal. Até 2019, de acordo com o Ministério da Justiça, já existiam 19 autorizações para o uso de sementes, 62 para o cultivo de plantas psicoativas de cannabis (THC); 89 licenças para o cultivo de plantas não psicoativas de cannabis (CBD), que deram um total de 170. No caso da Pharmacielo e outras empresas com sede na Colômbia, a primeira exportação de extratos e óleos estava prevista para meados daquele ano, o que significou um novo marco nesta indústria. Ano 2020: Foi feita uma aliança para realizar os primeiros estudos pré-clínicos de cannabis medicinal na América Latina

No ano passado, Khiron, que é uma empresa global de cannabis estabelecida na Colômbia, assinou um acordo de pesquisa com o Centro Dermatológico Federico Lleras Acosta (CDFLLA) para continuar avançando na pesquisa pré-clínica voltada para a eficácia da cannabis medicinal para o tratamento de condições dermatológicas. É importante destacar que os ensaios desenvolvidos por Khiron e o CDFLLA são os primeiros estudos desse tipo na América Latina. Por outro lado, seus esforços serão dedicados ao estudo e aprimoramento dos métodos de administração e prescrição de cannabis como uma potencial terapia de suporte para várias doenças e sintomas de pele. Da mesma forma, eles terão seus treinamentos, eventos educacionais e seminários destinados a treinar a comunidade médica e os pacientes sobre a segurança e eficácia da cannabis medicinal.

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Licenças de cannabis no estado de Missouri É notorio que o estado de Missouri possui uma das leis mais restritivas em relação à cannabis nos Estados Unidos, por isso possui um programa muito limitado de uso da planta para fins medicinais. Ou seja, os pacientes de cannabis medicinal podem consumir óleo de canabidiol (CBD) desde que seja da planta do cânhamo e não da maconha, ou seja, aquelas plantas de cannabis com mais de 0,3% de THC. Nesse sentido, a venda, posse e produção de qualquer tipo de produto da planta é ilegal no Missouri. Portanto, pode-se dizer que são poucas as pessoas que têm acesso a esta como medicamento, tanto é que são poucos os médicos que o prescrevem aos pacientes por medo das possíveis consequências, na verdade só quem está sofrendo de epilepsia intratável é que a pessoa é considerada um paciente que pode usar cannabis medicinal.

Ao mesmo tempo, se o indivíduo persistir com essa ação, ele poderá ser preso por pelo menos um ano, além disso será multado com $ 2.000. Se a pessoa for encontrada com mais de 10 gramas, mas com menos de 35g, é definida como pequeno delito, podendo ir para a prisão por um ano e ao mesmo tempo seria aplicada uma multa de 2.000 dólares. O porte de mais de 35 g é considerado crime que acarreta 7 anos de prisão com multa de até $ 10.000.

Por outro lado, no início de 2017 foi feita uma ligeira mudança em que o estado gradualmente descriminaliza a posse de pequenas quantidades de cannabis para uso pessoal. Por exemplo, se acontecer de uma pessoa ser presa com 10 g de cannabis ou menos que esse valor, é classificada como um pequeno delito e não será privada de liberdade, mas ainda acarreta multa de 250 dólares.

Da mesma forma, nas últimas eleições de 2020, os habitantes do Missouri tiveram a oportunidade de votar a favor da legalização da cannabis que permitiria que maiores de 21 anos a obtivessem em posse legal. Seguindo

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CannaLaw essa ordem de ideias, nesse mesmo ano o estado de Missouri anunciou que seriam concedidas 192 licenças, o que significa 16,5% dos pedidos a serem aprovados.

Para isso, cerca de 1.163 pessoas tentaram obter uma licença para dispensários em todo o estado, uma quantia que permitiria que mais requerentes obtivessem mais licenças para centros de cannabis. Agora, o Departamento de Saúde pode confirmar todas as licenças que desejar, mas de acordo com a opinião de algumas pessoas do Missouri, os dispensários e centros de cultivo devem ser limitados. É por isso que as pessoas que desejam obter a licença devem aderir ao processo seletivo baseado em um sistema de pontuação. Infelizmente, a maioria dos requerentes manifestaram insatisfação com a avaliação das solicitudes, alegando que as empresas privadas têm os seus próprios métodos. Se essas circunstâncias chegam a ser um problema no estado de Missouri, o mercado local de negócios da cannabis correria o risco de perder uma grande chance de obter um aumento da receita. Uma juíza rejeita o requisito de residência para licenças de cannabis medicinal no Missouri Dias atrás, a juíza federal Nanette Laughrey tornou impossível para o Missouri fazer cumprir as exigências de que as licenças de cannabis medicinal fossem para empresas pertencentes a residentes do estado. Da mesma forma, indicou que o requisito da residência vai contra a condição comercial da Constituição dos Estados Unidos. Isso, devido a uma emenda constitucional aprovada em uma votação de 2018 que legalizou o uso da cannabis medicinal,

determina que as instalações sejam "propriedade majoritária de pessoas físicas que sejam cidadãos do estado de Missouri por pelo menos um ano antes da solicitação“. Por outro lado, Mark Toigo, um investidor em cannabis da Pensilvânia, que ao mesmo tempo é proprietário minoritário em uma empresa no Missouri e possui várias licenças, processou em 2020 para remover essa exigência. Ele ressaltou que a expectativa do mercado de cannabis medicinal no estado é de que as vendas cheguem a cerca de 175 e 275 milhões de dólares por ano, mas devido à regulamentação de residência, ele não pode investir mais capital em nenhuma empresa no Missouri.

De acordo com Laughrey, o estado evidenciou a exigência de residência com base no fato de que o Departamento de Saúde e Serviços para Idosos só pode fazer uma verificação de antecedentes daqueles que viveram no estado de Missouri por um período de um ano. Ao mesmo tempo, a juíza negou a lógica desse argumento, especificando em sua decisão que um requerente poderia "acumular um extenso histórico criminal e um registro de irregularidades financeiras no Kansas, mudar-se para o Missouri e, um ano e um dia depois, solicitar uma licença. para operar um estabelecimento de cannabis medicinal". Da mesma forma, o interesse público é bem mais servido pela "proteção do direito constitucional de Toigo de participar plenamente no negócio da cannabis medicinal no Missouri sob as mesmas condições que um residente do Missouri", escreveu Laughrey, "um direito que provavelmente está sendo violado pela exigência de residência permanente".

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Importar e Exportar Cannabis: Essencial para a indústria Aqui está uma lista das empresas de cannabis listadas na bolsa de valores, que têm sido tendência na comunidade de investidores nas últimas semanas:

1. Cronos Group (NASDAQ:CRON)

2. Canopy Growth (NYSE:CGC)

Os processos de importação e exportação são uma parte muito importante dos negócios de cannabis em todo o mundo, pois muitos deles dependem desses processos para a lucratividade e o desenvolvimento bem-sucedido de suas atividades, seja porque precisam comprar matéria-prima de outro país para a fabricação, ou exportar seu produto final para um público estrangeiro. Além disso, para os países também representa um grande fator econômico, já que a indústria da cannabis está crescendo a cada vez, e a receita com a exportação da planta pode significar um impulso econômico para muitas regiões. Vale ressaltar que durante o início da pandemia, esses processos foram retardados pelo fechamento das fronteiras e pelas restrições devido ao COVID-19, porém, aos poucos os obstáculos e a movimentação da cannabis pelos países vão crescendo à medida que os regulamentos legais testaram diferentes leis. O principal setor da indústria que participa da compra e venda da planta no mercado internacional, é o setor da cannabis medicinal, a comunidade de pacientes e muitas empresas farmacêuticas tiveram que recorrer a produtores internacionais para adquirir o medicamento ou o princípio ativo, fazendo com que os países que produzem

3. Tilray (NASDAQ:TLRY)

4. Curaleaf Holdings (OTC:CURLF)

5. Aphria (NYSE:APHA)

Essas empresas tiveram um boom significativo no mercado entre 2020 e 2021, desde então as redes acompanham de perto os movimentos dessas empresas, e os investidores tendem a estar muito atentos às variações no preço de suas ações, principalmente durante as últimas semanas após o Reddit os usuários prestaram atenção especial ao Tilray, gerando uma expectativa sobre as outras ações de cannabis.


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cannabis medicinal aumentem sua produção para satisfazer um público interessado fora das fronteiras.

Importar cannabis: Um processo vantajoso Para poder importar cannabis, uma empresa estabelecida deve solicitar uma série de autorizações e licenças exigidas pelo governo ou órgão regulador competente, que variam de acordo com as atividades, os produtos, o uso e o processo de comercialização, realizados em tal negócio. No entanto, obter uma licença de importação tende a ser um processo um pouco tedioso, pois há muitas condições que devem ser atendidas tanto pela empresa quanto pelos países de envio e recebimento. No entanto, a obtenção da referida licença de cannabis proporciona às empresas várias vantagens, como a oportunidade de obter uma matéria-prima (colheita de cannabis ou derivados) com características ideais, a um melhor preço e com uma qualidade ímpar no pais, que é importante para muitos consumidores. A importação posiciona muitos negócios de cannabis acima de seus concorrentes porque oferece a possibilidade de oferecer um produto de qualidade ao mesmo tempo em que economiza algumas despesas geradas no cultivo e na colheita da planta.

Exportar cannabis: Expansão internacional Por sua vez, a exportação tem sido um boom na indústria, e muitas das grandes empresas de cannabis usaram uma licença de exportação na medida legalmente possível que permite o embarque

internacional da planta ou seus derivados. Exportar é um grande passo para qualquer negócio, pois representa o crescimento da marca ao se expandir para o público e clientes internacionais, o que gera maior demanda, maior produção e, em tese, maiores lucros. Na indústria da cannabis, o foco principal de muitos investidores é a abrangência que um determinado produto pode ter através da exportação, e sabendo que se trata de um processo bastante regulamentado, dá confiança a quem investe em uma empresa que possui as duas autorizações necessárias por meio de transparência procedimentos, como o âmbito internacional que aumenta a probabilidade de bom desempenho, boa demanda, produção e lucro. Um grande exemplo é a empresa Clever Leaves, com sede na Colômbia, que já exportou seus produtos para 14 países da América, Europa e África. Além disso, uma das maiores empresas públicas de cannabis, Aphria, posicionou-se como uma das maiores empresas de cannabis por ser o maior distribuidor de cannabis medicinal.

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Projeto Change Lives, um apoio á pesquisa sobre a cannabis Várias são as empresas que decidiram apostar na cannabis e nos seus múltiplos benefícios, por exemplo, a multinacional dedicada à produção e distribuição de cannabis medicinal, Clever Leaves Holdings, anunciou o lançamento do “Projeto Change Lives”. Convocatória em que a empresa doará US $ 25 milhões em cannabis para o desenvolvimento de produtos farmacêuticos. Esta é uma iniciativa que visa ajudar e promover a investigação científica sobre os benefícios dos canabinóides para a saúde. Por enquanto, o financiamento estará disponível apenas para os Estados Unidos e consistirá em 250 mil garrafas de óleos de cannabis e até cinco toneladas da planta medicinal para permitir que os pesquisadores tenham os insumos necessários para realizar seus testes e avanços sem dificuldades. Esta é uma quantidade histórica de cannabis que dá um prognóstico positivo para os avanços da medicina moderna. Por sua vez, a empresa planeja iniciar trabalhos de pesquisa o mais rápido possível, iniciando seus esforços em um estudo focado no sequenciamento de DNA de uma variedade de plantas de cannabis.

Durante séculos, a desinformação levou a catalogar a cannabis como uma das drogas mais perigosas e viciantes do mundo, mas hoje a história é outra, os múltiplos benefícios da planta já foram demonstrados, tornando-se a base para milhares de investigações para avanços em medicamentos farmacêuticos e um investimento seguro no mercado de ações. Espera-se que a indústria da cannabis aumente o boom positivo que desenvolveu nos últimos anos, é até é considerada uma das mais lucrativas até 2024. Tanto é que atletas, artistas e empresários decidiram se envolver de alguma forma com este mundo apontando para o topo do mercado Com o início da descriminalização do uso da cannabis em várias partes do mundo, as pessoas viram as possibilidades de grandes projetos e pesquisas que ajudem a controlar ou curar doenças nos próximos anos. Segundo a revista Forbes, estima-se que as vendas legais cheguem a quase US $ 30 bilhões, valor que não passa despercebido e que demonstra a lucratividade que a indústria da cannabis vem alcançando no mercado, não só nos Estados Unidos, senão em todo o mundo. Este número leva em consideração a projeção de que mais estados legalizarão seu uso e prevê um futuro de sucesso para a indústria da cannabis. Deixando para trás os preconceitos em torno da planta.

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Um dos principais objetivos, de acordo com as declarações de Kyle Detwiler, CEO da Clever Leaves, é conseguir o acesso do paciente aos ingredientes da cannabis e que os produtos farmacêuticos legais cruzem as fronteiras livremente e ajudem mais pessoas. A Clever Leaves decidiu se associar à Biopharmaceutical Research Company, uma das empresas de maior prestígio do país americano e que possui licenças federais para importar, analisar e fabricar substâncias controladas nos Estados Unidos.

Eles receberão e avaliarão propostas de pesquisadores universitários e centros de pesquisa dos Estados Unidos. Em seguida, selecionarão as melhores propostas para realizá-las. Com este projeto, a cannabis consegue somar mais uma vitória no seu avanço rumo à legalização e aceitação das pessoas, espera-se que mais empresas tornem público o seu apoio ao crescimento da indústria.

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CannaMed Análise do artigo de: Sarris, J., Sinclair, J., Karamacoska, D., Davidson, M., & Firth, J. (2020). Medicinal cannabis for psychiatric disorders: a clinically-focused systematic review. BMC psychiatry, 20(1), 24. https://doi.org/10.1186/s12888-019-2409-8

Cannabis medicinal para transtornos psiquiátricos: uma revisão sistemática com enfoque clínico Atualmente, uma grande variedade de princípios ativos encontrados na planta de cannabis provaram ser eficazes para o tratamento de várias doenças, melhorando a qualidade de vida de pessoas que sofrem de dor crônica, esclerose múltipla, epilepsia refratária ou que estão em tratamento com efeitos adversos muito fortes para o paciente, como quimioterapia, entretanto; ainda há muito a ser elucidado nessas e em outras áreas, como o estudo da aplicação de derivados de cannabis para melhorar a saúde mental em humanos; é por isso que esta linha de pesquisa na área da psiquiatria também aponta seus esforços para o uso de derivados da cannabis no tratamento de alguns episódios associados a transtornos como ansiedade, estresse e insônia que ocorrem, por exemplo, em casos de transtorno de estresse pós-traumático. , esquizofrenia, depressão; e outros transtornos mentais ou desequilíbrios.

Nesta revisão, os pesquisadores analisaram e avaliaram estudos relacionados ao uso de

cannabis medicinal por meio de formulas feitas com extratos completos da planta e também ao uso de canabinoides isolados para o tratamento de diferentes condições como alterações de humor, ansiedade, sono, transtornos psicóticos e transtorno de déficit de atenção / hiperatividade (TDAH), incluindo transtornos psiquiátricos importantes e omissão de condições neurológicas e dor. Embora seja atualmente prematuro recomendar tratamentos baseados exclusivamente no uso de derivados da cannabis para condições psiquiátricas, há evidências de que o uso de canabinoides como o CBD pode ajudar significativamente a reduzir condições como episódios de ansiedade ou insônia em pacientes que dependem de diferentes fatores como idade, peso, transtorno sofrido e comorbidades podem ser aplicados de acordo com pesquisas realizadas entre 200 mg-800 mg por dia desse canabinoide, que é muito útil para o tratamento complementar em casos de transtornos como esquizofrenia ou estresse pós-traumático (PTSD). CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 4 |

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CannaMed Por outro lado, nas formulas para o tratamento de transtornos de natureza psiquiátrica; canabinóides como o THC, que é muito útil para reduzir a dor e melhorar o sono, são administrados com alto grau de cautela e não em todos os casos devido à atividade altamente psicoativa desse canabinoide, que pode ser contraproducente em pacientes com desequilíbrios mentais, como depressão e transtornos psicóticos; já que em alguns usuários este canabinóide pode causar entre seus efeitos adversos, sintomas de paranóia, ansiedade e deterioração cognitiva. No caso das formulas que contêm THC, sugere-se ter muito cuidado se excederem 20 mg por dia, uma vez que com apenas 1 mg-2,5 mg por dose o efeito psicoativo está presente. Outros estudos relatam que as formulas que contêm extratos que contêm terpenos além dos canabinóides têm alguma eficácia no tratamento do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), proporcionando a esses pacientes o benefício do efeito entourage que é apresentado pela combinação dessas moléculas. Os resultados relatados até agora são encorajadores: pesquisas estão sendo iniciadas neste campo, portanto, os médicos que aplicam esses tratamentos e os ensaios clínicos realizados a esse respeito devem levar em consideração vários fatores que incluem considerações de segurança nos pacientes; esta revisão é uma pequena amostra das evidências e razões convincentes para promover a extensão da pesquisa na área de transtornos psiquiátricos e saúde mental humana. 26 CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 4 |

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Cannabis “de perto”:

LIMONENO Um aliado para se relaxar A cada dia os terpenos estão ganhando mais popularidade na indústria da cannabis, à medida que os usuários estão cada vez mais conscientes da importância desses compostos, especialmente se estiverem procurando um efeito terapêutico específico. É por isso que cada vez mais os efeitos terapêuticos dos terpenos são estudiados, ganhando mais importância na comunidade médica. Um dos terpenos mais abundantes da planta cannabis é o limoneno, produzido nas glândulas resinosas da planta cannabis conhecida como tricomas, este terpeno também pode ser encontrado na casca de frutas cítricas, também é comumente usado para a produção de cosméticos e produtos de limpeza. O limoneno está associado a um aroma e sabor cítrico muito intenso, que para a planta de cannabis funcionam como proteção, e as vezes funcionando como inseticida, evitando ataques de diversos insetos que podem ser nocivos para a planta e prejudicar os produtores.

O limoneno tem sido estudado em diferentes campos para descobrir que efeito pode ter isolado dos outros componentes químicos que

normalmente o acompanham, assim, foi descoberto que este composto pode atuar como um grande ansiolítico, promovendo no sistema nervoso a produção de neurotransmissores como a serotonina e a dopamina, causando alívio do estresse e melhora do humor do usuário. Este terpeno melhora a absorção de certos produtos químicos na pele, mucosas e trato digestivo, o que é relevante na aplicação ou consumo de medicamentos; possui propriedades antifúngicas e antibacterianas. Além disso, em estudos recentes, foi sugerido que o limoneno tem um efeito antitumoral, pois é capaz de induzir a morte ou apoptose em células tumorais do cérebro, pulmões e glândulas mamárias. Ao descrever uma cepa de cannabis, não é o mais adequado caracterizá-la com as palavras “limoneno abundante” apenas pelo seu aroma, já que muitas das cepas com grande quantidade deste terpeno não têm exclusivamente aquele cheiro característico. Por meio de análises laboratoriais, foram descritas variedades de cannabis que possuem um percentual significativo de limoneno, entre as quais podem ser encontradas: Banana OG, Berry White, Black Cherry Soda, Strawberry Banana e Quantum Kush.

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