Equipe editorial e jornalística da Cannabis World Journals Cannabis World Journals é uma publicação quinzenal que fala das últimas tendências da indústria da cannábis medicinal.
Gerenciamento de conteúdo Alibert Flores Anne Graham Escobar
Desenho e conceitualização gráfica: Katerin Osuna Robles Jannina Mejía Diaz
Equipo de investigación, periodístico y de redacción: CannaGrow: Daniela Montaña e William González CannaCountry: Sandra Loaiza. CannaLaw: Anne Marie Graham, Alibert Flores y Caterina Lomoro CannaTrade: Jennifer Simbaña, Lorena Díaz, Verónica Hernández y Rosangel Andrades . CannaMed:Jennifer Salguero CannaGraphics: Alibert Flores
Tradução: Inglês: Nicole Gómez, Verónica Hernández e Andrés Sawyer Árabe: Menna Ghazal e Oraib Albashiti. Português: Marcia Lorenzen Italiano: Caterina Lomoro e Karen Bermudez Colaboradores en esta edición: Círculo de Mulheres Cannábicas NoCo Hemp Expo Mulheres Forjando Karina Vásquez
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EDITORIAL:
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ARTIGO DE OPINIÃO: - Chile: Gerando consciência de mudança sobre a cannabis. Pág 5
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CANNAGRAPHICS:
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CANNAGROW
A Cannabis World Journals é a revista mais completa sobre cannabis para leitores exigentes como você. Sem mais delongas, damos- lhe as mais cordiais boasvindas.
- Círculo de Mulheres Cannábicas Pág 6 - NoCo Hemp Expo. Pág 6 - Mulheres Forjando. Pág 6
-Mãos femininas na agricultura da cannabis Pág 7
10 Nossas revistas Canna Med Magazine e Canna Law Magazine, dedicadas à área terapêutica da cannabis e à regulamentação legal da cannabis, respectivamente; decidiram unir forças para trazer a você uma nova e mais abrangente revista quinzenal sobre cannabis: Cannabis World Journals. Canna Med e Canna Law magazine tornam-se seções da Cannabis World Journals, e junto com elas você encontrará duas novas seções para lhe oferecer uma visão global da planta que pode ser encontrada no mercado: estamos falando da CannaTrade, cujo objetivo será relevar o ritmo dos negócios que são estabelecidos em torno da cannabis; e CannaGrow, dedicada à botânica e ao cultivo da planta de cannabis.
- Mulher: exemplo perfeito de poder, constância e trabalho duro. Pág 4
NA SALA DO ESPECIALISTA: MULHER SÍMBOLO DE FORÇA E BRAVURA - Nikki Lawley- Activista Cannábica. Pág 10 - Liz Carmouche- Lutadora de Artes Mistas. Pág 15
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CANNACOUNTRY: - Costa Rica. Pág 20
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CANNALAW
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EMPRESA DO MÊS
-Antonella Soldo e sua luta pela legalização da cannabis. Pág 22 - Guerreira da Cannabis no Peru: Francesca Brivio. Pág 24 - Por trás de toda grande lei, há uma grande mulher. Pág 27
-Mãe Cultiva Argentina. Pág 29
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CANNATRADE - 2022: Um ano decisivo para as mulheres na indústria. Pág 36 - "Quebrando o teto de vidro na indústria da cannabis". Pág 37 - Mitos: Neurosexismo, cannabis y negócios. Pág 40 - O futuro da indústria da cannabis é mulher. Pág 42
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CANNAMED
- A mulher e a medicina cannábica. Pág 43 - “CannaMoms”: Uma maternidade responsável através da cannabis. Pág 46
EDITORIAL
Mulheres: exemplo perfeito de poder, perseverança e trabalho duro
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esde o início dos tempos, as grandes civilizações testemunharam o poder
exercido por mulheres magistrais que viveram para fazer a diferença e que atualmente são lembradas e imitadas como um símbolo de força e coragem em um mundo dominado por homens, onde sua única opção era "ser ou perecer". Estas mulheres estão agora sendo consideradas como exemplos de temperança e fé para alcançar grandes coisas, apesar da grande quantidade de vozes negativas ao seu redor. Desde Cleópatra, Ana Bolena, Isabel I da Inglaterra, Catarina a Grande, Marie Curie, Margaret Thatcher, Eva Peron, Princesa Diana, Madonna até Britney Spears, têm sido personagens únicos e extraordinários, destinados a brilhar e que deixaram sua marca em seus tempos, destacando-se por seu instinto, inteligência, astúcia, grande influência e tendência através de suas ações, sendo assim inigualáveis até a data. Por outro lado, o que dizer daquelas mulheres que, por meio de tribunais ou campanhas de informação, dedicam suas vidas e saberes a dar voz e o lugar que corresponde à dádiva da Mãe Natureza, como é a planta de cannabis? Nenhuma luta na vida é fácil, ainda mais se envolve a vida de uma mulher; portanto, estas são consideradas como heroínas do mundo, pois defendem que a maconha seja vista pelo que ela é, um símbolo de saúde e bem-estar. Para elas, não se trata apenas de estar em um tribunal apresentando um argumento, senão de ser um canal para tantas outras pessoas (incluindo mães, filhas, pacientes, cultivadoras) e defender suas crenças na planta e como ela pode salvar a
vida de muitos apenas por ouvir um grande SIM por parte do juiz. Mulheres como Francesca Brivio do Peru, Zoila Volio da Costa Rica e Antonella Soldo ativista da Itália, são os exemplos perfeitos do poder da perseverança e do trabalho duro para defender um sonho, um ideal, mas acima de tudo a fé de que a tarefa será alcançada: a aceitação da cannabis como medicina universal com o firme propósito de alcançar um bem-estar maior. Estas guerreiras da cannabis são a inspiração para as novas gerações, que, graças a elas, continuarão a apostar em um mundo que abrace as propriedades terapêuticas da planta. Para as mulheres não há nada impossível, especialmente quando se trata de atingir um objetivo, e o nosso (aquelas que acreditamos e apostamos na cannabis) é que ela tenha o seu lugar, esta é uma luta diária, mas posso dizer com segurança que ninguém nos deterá. Bem como disse Elizabeth I quando ela foi ameaçada pelo embaixador da Espanha: "Eu comando o vento, senhor, há um furacão em mim que derrubará a Espanha se eles se atreverem a me testar".
Alibert Flores Equipe editorial da Cannabis World Journals
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ARTIGO DE OPINIÃO
Chile: Gerando consciência de mudança sobre a cannabis. Embora seja verdade que minha "agüita" (Água de Cânhamo) não contém THC ativo, é porque em meu país (Chile) a regulamentação da lei não permite a comercialização da planta de cannabis em tais condições, e o ministério da saúde tem um papel importante nisso. Mais além do cuidado e da proteção da comunidade, meus clientes me dão a fortaleza necessária para continuar com este belo empreendimento que me completa e me faz sentir realizado. Entretanto, abundam os estudos a nível nacional e internacional, onde a cannabis demonstrou as múltiplas características do uso adulto e do alívio da dor, entre outras coisas; da mesma forma, a utilização de sua fibra em tecidos, calçados, etc. Também o óleo para combustão, uso doméstico ou medicinal sem contra-indicação, e o uso das sementes como alimento para aves, entre outros. Por outro lado, entre meus clientes vejo o interesse diário pela planta por parte de adultos idosos com dores reumáticas, insônia, falta de energia, etc., também, de mães de crianças com doenças como hiperatividade, autismo, entre outras. Ao mesmo tempo, os jovens vêem a cannabis
de uma maneira agradável e de forma recreativa. Bem, não, infelizmente minha bebida não pode lhe oferecer nada disso, mas são pessoas como eu, que criam produtos como este, convencidas e conscientes das infinitas propriedades da planta, que através de empreendimentos como este, criam uma consciência real no público. E com a ajuda da mídia que apoia sua publicação e distribuição, a sociedade mostra seu desejo de ser capaz de decidir e mudar paradigmas, eliminar medos, ignorância ou falta de objetividade ao legislar, quando os resultados estão aí. Espero e desejo, que muitos como eu continuem incansavelmente, fabricando produtos de cannabis que mantenham viva a esperança de mudança e ajudem a aumentar a conscientização. Saudações do Chile
Karina Vásquez - Empreendedora Cannábica. Água de Cânhamo
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CannaGraphics
Círculo de Mulheres Cannábicas O Círculo de Mulheres Cannábicas começou em 2019 com o objetivo de gerar espaços seguros que recriem a necessidade de contato com a planta de cannabis de múltiplas formas. Atualmente, estes espaços que foram gradualmente transformados em uma força grupal, estão a cargo de 3 co-fundadores (Shhorai, Lorena e Sara) que cada dia desejam que mais mulheres se unam e façam parte disto. Em 2020 nasceu a ideia de criar uma Copa Cannábica que tornasse mais visível o trabalho das mulheres na indústria. A Copa Seshat se traduz em uma equipe feminina, 3 categorias e um tour de copas nacional e internacional, criando assim um espaço para a participação da diversidade cultural.
NoCo Hemp Expo Na sua oitava edição, a NoCo Hemp Expo reúne os líderes da indústria que abrangem a cadeia de fornecimento de cânhamo; desde agricultores e produtores, até compradores de varejo e atacado, processadores, fabricantes de equipamentos e empresas de tecnologia e inovação. O evento será realizado nos dias 24-25 deste mês de março na cidade de Denver, Colorado.
Mulheres Forjando É um grupo de mais de 50 mulheres ativistas, mães, cultivadoras e profissionais de diferentes áreas, as quais são usuárias de cannabis. Estas mulheres lutadoras se reuniram para defender seus direitos e para destacar e denunciar a violência que sofrem especificamente as mulheres. A partir da rede, são analisadas as políticas de saúde sob uma perspectiva de gênero e de interseccionalidade e com uma abordagem diferenciada. Elas tambémposicionam a luta das mulheres dentro do movimento cannábico e sua luta dentro do movimento feminista.Do mesmo modo, estão a favor de uma regulamentação que priorize os direitos humanos de todos os usuários, o livre desenvolvimento da personalidade, a autodeterminação dos corpos, a autonomia e o bem-estar das mulheres, o direito à informação verdadeira e oportuna, assim como o livre consentimento, a confidencialidade e a privacidade dos indivíduos. CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 21 |
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CannaGrow
Mãos femininas na agricultura da cannabis CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 21 |
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CannaGrow
A partir de um contexto histórico, a agricultura nasceu através da mulher, isso ocorreu nos primeiros assentamentos humanos onde ficou registrado que as mulheres grávidas e as mulheres com filhos pequenos eram as únicas que não saíam para caçar. Por esta razão, elas se dedicavam a outras tarefas, como a coleta de frutos, grãos e raízes. Elas começaram a cultivar quando perceberam que se uma semente caísse de uma planta, ela germinaria. Foi assim que surgiu a ideia de semear algumas sementes para obter mais plantas e alimentos para suas comunidades. Em função disso, as mulheres sempre tiveram a capacidade de cultivar quase todas as sementes de vegetais e, de fato, são as mais dedicadas e cuidadosas no campo. No caso da cannabis, elas são inspiradoras e participam ativamente das diferentes etapas do cultivo, seja a nível industrial ou artesanal.
Podemos começar com a fundação Mãe Cultiva, uma ONG que oferece oficinas,
palestras, cursos, acompanhamento e apoio às mães que desejam cultivar cannabis em casa, a fim de obter medicina para seus filhos e familiares. Esta ação se expandiu por toda a América Latina desde 2016. (Mãe Cultiva Argentina, 2016) A comunidade das "Sisters of the Valley", uma integração de freiras que cultivam cannabis com a missão de curar o mundo através do poder das plantas medicinais e da espiritualidade. Criaram cultivos orgânicos e estudam para fazer um trabalho impecável, desde ter em mente os ciclos lunares, até evitar produtos químicos em seus cultivos por completo. Os medicamentos que elas produzem são guiados por tradições milenares e pelo respeito à terra. (The Sisters of The Valley, n. d.) Figuras como Ele Elston, uma mulher reconhecida por se tornar uma experiente cultivadora. Ela é da Califórnia - EUA, e começou a cultivar de uma horta
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CannaGrow
que tinha em casa; com o tempo, ela se especializou em cannábis e se focalizou na seleção genética nos anos 70 para cuidar de sua filha. Na América Latina diferentes empresas têm recorrido à contratação de mulheres para tarefas de cultivo devido a sua incrível habilidade e cuidado, especialmente na Colômbia empresas como a SIEMCOL têm em sua equipe um grande grupo de mulheres que estão especialmente posicionadas, como na área de corte; onde são mais habilidosas e geralmente têm melhores resultados no enraizamento, bem como na manicure, já que tendem a perder menos tricomas. Em geral, o papel da mulher contribuiu para forjar grandes mudanças na sociedade e em diferentes campos. Entretanto, em uma indústria como a da cannabis, tem sido difícil ascender graças aos homens que desconfiam do profissionalismo das mulheres. Mas apesar disso, foram capazes de se destacar por suas incríveis habilidades e grandes conhecimentos, já que através da ciência, puderam deixar técnicas que facilitam e proporcionam colheitas de melhor qualidade para ajudar desde essa parte maternal, compassiva e empática que a maioria delas tem, às pessoas que mais precisam. Referências Mamá Cultiva Argentina. (2016). Quienes somos Https://Www.Mamacultivaargentina.Org/QuienesSomos/. Recuperado 26 de febrero de 2022, www.mamacultivaargentina.org
Our Story - The Sisters of The Valley. (s. f.). Www.Sistersofthevalley.Org. Recuperado 26 de febrero de 2022, de https://www.sistersofthevalley.org/our-story CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 21 |
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Nikki Lawley é uma enfermeira pediátrica, que um dia enquanto trabalhava sofreu uma lesão cerebral traumática que mudou sua vida em um instante. Do otimismo, entusiasmo e confiança ela foi para a constante dor, introversão, depressão e desesperança. Os medicamentos tradicionais não ajudavam, e os efeitos colaterais a deixavam em pior estado. Atualmente, a cannabis ajuda Nikki a aliviar sua dor e permite que ela volte a viver. CWJ: Tenho curiosidade, como começou sua viagem pelo mundo da cannabis medicinal? Nikki Lawley: Eu me machuquei no trabalho. Eu estava trabalhando como enfermeira pediátrica e uma criança não queria ser vacinada. Basicamente, me deu uma cabeçada e eu fui jogada contra uma parede, meu corpo ricocheteou e eu bati de volta contra a cabeça da criança. Desde então, não tenho conseguido trabalhar.
Na sala do especialista: Entrevista com
Nikki Lawley
Eu estava muito doente, estava pensando em suicídio. Eu estava pronto para morrer. Tomava muitos produtos farmacêuticos que estavam realmente mexendo com a minha química cerebral. Eu certamente não estava bem. Meu marido tentou me animar e conseguiu uma viagem a Las Vegas. Eu moro em Buffalo, Nova York, e Las Vegas tinha acabado de legalizar a cannabis medicinal para pacientes médicos. Eu estava debruçada na varanda pronta para me matar, quando passou um letreiro em movimento que dizia "pegue hoje seu cartão de cannabis medicinal em Nevada". Imediatamente, pensei: "Ótima idéia, Nikki, apenas frite seu cérebro em drogas". Por causa da guerra contra as drogas nos Estados Unidos, quando o cartaz passou, a outra parte do meu cérebro viu essa imagem do comercial. Meu marido voltou para o quarto, nós tínhamos estado em Las Vegas por três dias e eu não tinha saído do quarto para comer, apostar, ou fazer qualquer coisa. Eu disse num tom um tanto sarcástico: "Oh, podemos ir fritar meu cérebro com drogas, posso pegar meu cartão de cannabis medicinal", e ele disse: " Vamos fazer isso! Eu nunca considerei a cannabis como medicina, nunca. Mesmo trabalhando como enfermeira, não aprendi sobre o sistema endocannabinoide ou algo parecido. Foi algo totalmente novo para mim. Fui a um dispensário, comprei muitos produtos diferentes e não tinha ideia do que estava fazendo. Eu experimentei gomas, tintas e diferentes produtos. Qualquer coisa a ser ingerida basicamente não surtia nenhum efeito. Eu estava ingerindo toda essa cannabis além de minhas pílulas médicas, mas não senti nada. Então, fumei um pouco de cannabis e pude sair para CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 21 |
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jantar. Pela primeira vez, tive a possibilidade de deixar o quarto do hotel. Foi uma epifania. Mas, depois voltei para Nova Iorque e não tivemos acesso à planta medicinal para dores crônicas. Eu estava de volta à mesma condição de antes, sem esperança e passando por aquele ciclo de produtos farmacêuticos, uma e outra vez. Como moro muito perto do Canadá, tornei-me uma refugiada da cannabis medicinal ali. Tenho muitos amigos que moram no local, então eles pegaram seus cartões médicos e eu pude experimentar diferentes variedades e aprender o que funcionava para mim. Havia um aplicativo telefônico onde você podia manter um diário de sua experiência, e isso realmente me ajudou a aprender o que funcionava melhor para mim. CWJ: Após esta desafortunada experiência, como mudou sua perspectiva sobre a cannabis? Nikki Lawley: Eu era o tipo de enfermeira que se você tivesse me dito que seu filho estava tomando cannabis para convulsões ou algo assim, eu teria chamado os Serviços de Proteção à Criança. Você não teria se saído bem. Minha perspectiva mudou 180 graus. Agora sou muito a favor da planta medicinal e tento ajudar outros a encontrar a cannabis. Agora posso entender que embora esta planta medicinal não seja uma cura para os sintomas do meu dano cerebral, ela é uma ferramenta para controlar estes sintomas. É uma ferramenta que me permite viver o momento em vez de viver pensando no ontem. Porque quando vivo no passado, tudo o que sinto é depressão, pelo que eu costumava ser capaz de fazer, pelo que eu podia fazer antes. Se eu pensar na vida no futuro, eu me preocupo: "Meu Deus, como eu vou pagar por isso? Quando estou constantemente angustiada com o que vai acontecer, tudo o que sinto é ansiedade. Se eu viver aqui, no agora e no momento, tenho paz e conforto. Foi isso que a cannabis me permitiu fazer, viver aqui e agora, tentar aproveitar ao máximo cada dia, fazer do hoje um dia melhor do que ontem. Enquanto ajudo outros a encontrar a paz na planta. CWJ: Como você se sente a respeito dos benefícios da planta? Considerando os efeitos de dependência que geram as drogas
farmacêuticas que você experimentou, como se comparam? Qual é sua perspectiva? Nikki Lawley: Realmente me sinto melhor. Eu não me sinto tão desesperada. Sinto que a cannabis me deu poder. A planta me permitiu viver minha melhor vida. Me permitiu ter um impacto positivo sobre a vida de outras pessoas. Eu realmente sinto que desde que encontrei a cannabis, estou tendo mais impacto e mais mudanças positivas do que jamais tive como enfermeira. Antes eu era dona da minha própria empresa, eu costumava ser "crupier" de cassino. Eu era uma pessoa muito, muito funcional. É muito fácil pensar: "bem, você não pode mais fazer nada disso, então sua vida é uma droga". Mas, realmente não. Desde que encontrei esta planta maravilhosa, como medicina, conheci algumas das pessoas mais belas. A lesão cerebral traumática ( Traumatic Brain Injury - TBI em inglês) é uma doença invisível e as pessoas desconhecem o que não podem ver. Eu realmente tento normalizar, quer sejam problemas de saúde mental, lesões cerebrais, esclerose múltipla ou Parkinson, doenças que as pessoas não conseguem ver. As pessoas tendem a julgar. Eu deixei de ser tão julgadora; através do carinho, essa planta me permitiu fazer isso. CWJ: O que você acha de como a mídia e a publicidade tratam os benefícios da planta? Você acha que há cobertura suficiente sobre esta questão? Nikki Lawley: Não há cobertura suficiente. Especialmente do ponto de vista do paciente. Nos Estados Unidos, as pessoas se concentram mais no mercado da cannábis de uso adulto. Eu, por outro lado, me medico e me sinto bem. Sou capaz de me comunicar melhor e ajudar outras pessoas. A mídia aqui parece se concentrar mais nos danos que a planta pode causar do que nos benefícios. Quando Sanjay Gupta saiu do guarda-roupa cannabico, por assim dizer, e disse que a cannabis medicinal tem benefícios, isso realmente mudou a perspectiva de muitos estadunidenses, e de uma forma positiva. Mas não há Sanjay Guptas suficientes para falar de todos os benefícios. É como se você tivesse que ser uma celebridade
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para que as pessoas o escutem, e muitas das marcas apoiadas por celebridades que temos nos Estados Unidos são um lixo, não sei como dizer de outra forma. Eles não se concentram em propriedades médicas, apenas se concentram no prazer. É uma linguagem equivocada. Os nomes das variedades de cepas nos Estados Unidos são como "cheetah piss"... Eu não quero ir a um dispensário e pedir "Cheetah piss" ou "Titty bubbles"! Isso não está certo. "Bafo de carne, isso é nojento! Como país, temos que nos esforçar mais pelos pacientes médicos. Porque meu mercadoalvo e as pessoas que estou tentando ajudar são aquelas mulheres com mais de 40 anos. Explicarlhes: "Oh, o "Cheettah Piss" ( xixi de chita) me fez sentir muito bem hoje" não é uma boa maneira de começar uma conversa sobre a cannabis. Talvez o "Cheettah Piss" tenha um bom perfil químico, mas o nome não ajuda. Precisamos aprender mais sobre os terpenos e aprender mais sobre todos os cannabinóides e como eles trabalham juntos. Os produtos isolados não funcionam bem. Sempre que pudermos fazer um paciente se sentir melhor, devemos encorajá-lo. Devemos fazer nosso melhor para entender o que o paciente está passando. Porque, no final do dia, os pacientes são realmente os especialistas. Eles são os que estamos tentando ajudar. Mas isso não significa que, em um laboratório ou em um ambiente controlado, vai funcionar como na vida real. Estou falando com você da vida real, da minha formação. Eu não sou médico. Eu não exerço mais como enfermeira. Estou apenas compartilhando minha experiência como paciente. CWJ: Em toda esta conversa em torno da planta de cannabis e da legalização, percebe-se que a linguagem e a maneira como ela é retratada é para o público jovem. Quando há pessoas como você, que tem esse estigma da Guerra contra as Drogas, e um estilo de linguagem que não está chegando até eles. É realmente difícil ver como a mídia está apresentando agora a conversa sobre legalização para um público mais jovem, mas se esquecem completamente dos baby boomers e das gerações mais velhas que também precisam da planta. Por isso, em nossa revista, tentamos trazer todos estes pontos de vista:
celebridades, mas também especialistas como você. Porque precisamos disso, precisamos da perspectiva de ambas as partes que se beneficiam com a planta. É um assunto difícil. Nikki Lawley: É, e não, não é um tema relevante para os meios de comunicação. Está apenas em publicações isoladas como a sua. A questão não está em "Tempo" ou "Pessoas" ou um grande meio de comunicação, "60 Minutos" ou "CNN". As pessoas só aprendem o que encontram no Google, não é um tópico de conversa na mesa de jantar, é tabu. Meu pai era um intermediário entre os EUA e o Canadá para as drogas. Ele não estava de acordo com a cannabis, ele não entendia nada. Ele me dizia: "você está usando a fumaça da droga". Eu respondia: "Bem, pai, isto realmente está me ajudando. Isso é bom. Agora sua opinião mudou. Mas, é uma pessoa de cada vez. Quanto mais pudermos normalizar a conversa e conseguir pessoas como eu em "60 Minutos" ou "CNN" ou onde quer que a cultura popular possa tomar posse e ajudar a comunicar isto, acho que muito mais será conseguido com a planta. Começando removê-lo do Anexo I de substâncias controladas. CWJ: Como tem sido sua luta para ajudar os pacientes a receberem seu tratamento com cannabis? Qual é sua experiência com isso?
Nikki Lawley: Cada estado tem leis e regulamentos diferentes. Assim, quando você encontrar algo que funciona para você como paciente, é difícil voltar atrás e consegui-lo. Por exemplo, vou a Las Vegas e encontro dois ou três produtos que funcionam muito bem para mim, mas não posso trazê-los para casa ou acessá-los sem agir ilegalmente. Isso é muito ruim. Os pacientes só querem que sua medicina seja consistente. Quando encontramos algo que funciona para nós, queremos saber se podemos contar novamente com isso, assim como com os produtos farmacêuticos. Não tenho que me preocupar se vou conseguir meu Zoloft hoje porque ele está amplamente disponível no mercado. Uma das maiores dificuldades é quando CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 21 |
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você encontra um produto e depois tenta replicar esse sentimento e encontrar esse remédio novamente. Não pode ser que eu tenha que viajar de Nova Iorque para qualquer lugar e não possa levar meu remédio. Quer dizer, atravessar fronteiras estaduais carregando produtos de cannabis é ilegal, será que as pessoas o fazem? Todos os dias. Mas, não quero ser apanhado fazendo isso, porque posso ir para a cadeia dependendo do estado ou cidade em que esteja. Isso é uma coisa real. Portanto, essa é uma grande luta para os pacientes médicos. A cannabis é nossa medicina.
Mersin, tenho "bloqueio de sofá". Me sinto mais lesionada no cérebro. Eu não quero me sentir assim. No entanto, quando tomo limoneno, se for muito alto, pode me dar ansiedade. É um equilíbrio muito delicado, tem a ver com a forma como toda a planta funciona em conjunto. Não se trata de haver uma medida única para todos.
Acho que Nova Iorque está tentando acertar a parte da equidade social correta com o uso para adultos. Eles estão se esforçando muito para dar aos operadores tradicionais a oportunidade de se legalizarem. Mas há muita desinformação e má comunicação. Não quero tanto foco no uso adulto CWJ: E agora que Nova Iorque está trabalhando quando precisamos nos concentrar no uso médico. para legalizar a medicina, como você acha que o Penso que à medida que os estados passam do Estado está indo? Como você acha que o uso médico para o uso adulto, os pacientes se processo de legalização está indo no país e no perdem na confusão. Eles estão retirando produtos mundo? Você acha que é positivo? Qual é a sua das prateleiras para pacientes médicos. A perspectiva sobre isso? informação não está tão disponível porque muitas pessoas só querem se dopar, e isso está bem. Nikki Lawley: No estado de Nova Iorque, temos Acho que ter acesso a esses ingredientes é um incluído que os médicos podem prescrever direito fundamental básico. Acho que deveria ser cannabis para qualquer condição. Foi uma grande como uma receita médica. Quando você vai a um vitória para os pacientes médicos. Porém, restaurante, você pede o menu para pessoas com dispomos de pouca informação sobre os produtos alergias. Você vai à farmácia e eles lhe dão uma que temos em nossos dispensários médicos. A lista do que está naquele produto porque há maneira como aprendi sobre a cannabis no Canadá reações. A canábis não é adequada para todos. foi através de certificados de análise, entendendo o Não estou tentando sugerir que seja, mas estou que há naquela planta e por que ela funciona para sugerindo que precisamos fazer melhor e informar mim. Certos terpenos, certos canabinóides as pessoas sobre os benefícios potenciais, sobre menores, funcionam muito bem para o meu dano os riscos que isso tem. Mas precisamos desses cerebral. No Estado de Nova Iorque, não tenho a ingredientes. Precisamos saber o que há naquela menor ideia do que são esses conteúdos. Me dão planta. uma porcentagem de THC e CBD, e é isso. Tenho fortes alergias a certos terpenos, certos CWJ: Como defensora da cannabis, o que você medicamentos, certos alimentos e coisas do diria a todas as pessoas que acreditam em seus gênero. Não ter acesso a este detalhe é benefícios e também estão lutando por ela? potencialmente mortal para mim. Consideram que Qual é a sua mensagem para elas? essa informação é confidencial e isso não está certo. Portanto, uma das coisas em que estou Nikki Lawley: Não desista, a cannabis não é um trabalhando é para mudar essa mão com o Estado produto único. Vejo que o maior desafio para nós é de Nova Iorque. Estou na primeira etapa de fazer normalizar essa disponibilidade, poder ter comércio isso. Mas, há tantos regulamentos e tantos interestadual, poder transferir produtos de Nevada processos que você tem que passar para chegar à para Nova Iorque. Acho que se pudéssemos fazer pessoa que realmente se importa com a cannabis isso, seria um grande salto e coisas positivas para como remédio. Não se trata de dinheiro, não se todos. trata de uma porcentagem de THC ou CBD, isso Portanto, minha mensagem para os outros não significa nada para mim. Índica, Sativa, híbrida, defensores é que continuem compartilhando sua não significam nada como paciente. Eu preciso história, que sua verdade importa e que podem saber qual é a porcentagem de limoneno, qual é a fazer a diferença. Olhe para porcentagem de Mersin. Por exemplo, quando levo CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 21 |
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mim. Eu não saí do armário cannabico para ser uma pessoa famosa ou alguém que tem todos esses seguidores e tudo mais. Comecei agora a compartilhar minha verdade, sendo autêntica e ajudando os outros a saberem que não estão sozinhos. Entende? Faça o melhor que puder e dê aos outros um roteiro, que o que funciona para você pode não funcionar exatamente para eles, mas pode ajudá-los a encontrar o que funcione, acho que esse é meu maior conselho para os outros. CWJ: Qual você gostaria que fosse seu legado?
outros. Sou muito boa compartilhando minha história e minha trajetória. Eu sei que sou boa nisso, não sou mais uma mulher de negócios e também não sou capaz de fazer as coisas que costumava fazer. Mas, como disse anteriormente na entrevista, sinto que estou causando um impacto maior agora do que em qualquer uma de minhas profissões anteriores. CWJ: Senhorita Lawley. Vamos incluí-la em nossa edição do Mês da Mulher. Qual você acha que é o papel das mulheres na indústria da cannabis? Como você vê o lado feminino da indústria?
Nikki Lawley: Eu acho que as mulheres têm sido cuidadoras a vida toda, não é? Quer dizer, tendemos a ser as mães, tendemos a ser as cuidadoras. Agora é o momento de cuidarmos de nós mesmos. É o momento de nós empoderarmos para fazer uma mudança. Acho que quanto mais rápido removermos o estigma em torno da cannabis e quanto mais mulheres saírem do armário da cannabis, melhor, muitas mulheres têm medo de admitir, seja porque a usam porque têm ansiedade ou para relaxar à noite, há muito estigma em torno disso. Os Estados Unidos ainda têm exigências ridículas de CWJ: Quais são seus planos ou projetos para testes de drogas e coisas assim, especialmente os próximos meses? para profissionais da medicina. Acho que é muito importante dar às mulheres a possibilidade de usar Nikki Lawley: "Nikki and the Plant" é agora uma LLC. Estou tentando encontrar meu lugar com uma e escolher a planta como uma opção. Os antidepressivos ajudam muita gente, mas também grande empresa que enxerga meu valor como fazem mal. A cannabis pode ajudar muitas paciente e como defensora. Estou tentando ser pessoas. Pode ter menos efeitos colaterais que os uma embaixadora, por assim dizer, para a planta produtos farmacêuticos em muitos, muitos, muitos em nível nacional. Estou planejando lançar meus próprios produtos com base no que funcionou para casos. Não é uma solução única para todos. mim, com misturas específicas de terpenos com CWJ: Senhorita Lawley, alguma última palavra experiências específicas do meu registro diário. Strainprint, o aplicativo de registro no Canadá, está para nossos leitores? me autorizando a utilizar sua tecnologia e marca, Nikki Lawley: Eu diria apenas que a planta é para que eu possa criar meu próprio conjunto de maravilhosa, e é tão maravilhosa que não há razão dados, por assim dizer, de pacientes que sofrem para mantê-la no armário. Saia desse guardade dor crônica, problemas de função cognitiva, roupa e torne-se a razão pela qual alguém acredita ansiedade e depressão. Esses são os três na medicina vegetal e ajude outros a encontrar principais sintomas da lesão cerebral traumática essa planta medicinal. nos quais eu quero me focar. As pessoas não precisam ter uma lesão cerebral para tratar dores CWJ: Isso foi belíssimo, muito obrigado por crônicas ou ansiedade e depressão, ou mesmo neblina cerebral ou distorções da função cognitiva. seu tempo e por sua gentileza. Você é uma Espero ter minha própria linha de produtos, porém, verdadeira lutadora e, por isso, tem nosso mais importante ainda, ser uma voz para a planta. respeito para sempre. Estou muito interessada em ajudar os CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 21 | 14 Nikki Lawley: Ser conhecida como a pessoa que deu voz àqueles que não tinham, eu sou a voz daqueles que mais precisam. Sou a que está fazendo tudo o que pode com o que eu tenho neste momento, tentando fazer a diferença e impactar os outros de uma forma que os empodere e não os faça sentir derrotados. Espero ser conhecida como a pessoa que tenta espalhar a positividade apesar das dificuldades da vida e que tenta não fingir positividade, mas trazer uma verdadeira mudança.
Liz Carmouche é uma lutadora de peso galo que atualmente faz parte da divisão feminina da UFC, ela é faixa amarela no karatê Kenpo e faixa azul no jiu-jitsu brasileiro. Além disso, ela é veterana do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA como eletricista de helicóptero, cumprindo três missões no Oriente Médio. Liz é destaque na UFC por participar da primeira luta feminina da história da empresa quando enfrentou Rhonda Rousey na UFC 157 CWJ: Obrigada, Sra. Carmouche, por estar aqui conosco. Antes de mais nada, queríamos lhe perguntar por que " Girl-Rilla" Alguém lhe deu esse apelido ou você mesmo o escolheu? Liz Carmouche: Meu treinador na época o escolheu para mim. Eu estava sempre fazendo grandes feitos de força, subindo e pulando para cima e para baixo na jaula, e ele disse que eu parecia um gorila, então ele me chamou de Girl-Rilla. CWJ: Isso é ótimo! Sabemos que você é uma lutadora incrível, mas, o que lhe fez querer entrar nesse tipo de esporte? Liz Carmouche: Eu estava no exército e enquanto estava lá, procurei algo para me desafiar. É muito comum correr e levantar pesos, mas eu estava realmente entediada com isso. Eu queria ir para um novo nível e ver o que eu poderia fazer. Algumas pessoas recomendaram que eu tentasse o MMA (artes marciais mistas), e quando comecei a fazer a dieta e o treinamento, eu realmente comecei a me envolver nisso. Eu me apaixonei por isso e decidi que era algo que eu queria tentar e ver como eu ia inicialmente. CWJ: Quando você estava na etapa inicial de sua carreira, você pensou em usar cannabis ou isso surgiu mais tarde?
Na sala do especialista:
Liz Carmouche: Isso chegou muito mais tarde. No início, eu nem sequer tinha ouvido falar do CDB. E eu certamente não tinha ouvido falar do uso do THC para fins de recuperação. Só provavelmente, acho que oito anos depois, quando conheci outros veteranos que estavam usando ambos os produtos para recuperação e tratamento PTSD, é que me apresentaram e decidi investigar mais a fundo. CWJ: Você estava falando do ponto de vista como veterana, mas como isso se cruzou com sua vida como atleta?
Entrevista com
Liz Carmouche
Liz Carmouche: Havia uma pessoa chamada Kendell Madden que representa uma organização chamada Road Warrior Foundation. Ele trabalha com veteranos para ajudálos a encontrar diferentes métodos de diversão e fazer missões uns com os outros. Eu o conhecia porque fizemos CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 21 |
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jiu-jitsu juntos. Ele me contou que ele também era um veterano e que eles tinham esta fundação. Foi através desta introdução que acabamos falando sobre nossas diferentes experiências com lesões, tanto de treinamento como da nossa experiência no exército. Ele me contou sobre seu uso do CDB e o quanto isso o ajudou. Quando se está no exército é muito comum que lhe seja oferecido Ibuprofeno e Motrin para tratar lesões, mas há tantos efeitos colaterais diferentes, e eu sabia que não queria mais usar esses produtos. Eu estava usando principalmente curcuma. Ele me havia recomendado o CBD e, quando comecei a pesquisar, vi os grandes benefícios que ele oferece. Portanto, pude começar a usá-lo, e foi ele quem me ajudou a combinar todos esses mundos diferentes. CWJ: Quais seriam as principais diferenças em sua vida antes e depois do CDB? Liz Carmouche: A maior diferença que tenho notado é a redução da inflamação. Antes do CBD, notava todas estas diferentes lesões, articulações inchadas e áreas inflamadas devido à prática de um esporte de contato. Percebi que era algo com que comecei a viver e a ideia de que essa era minha vida, que eu estaria inflamada e com dores e teria problemas para dormir. E depois do CBD, notei uma diferença tão significativa que até já fiz exames de sangue, e meus marcadores de inflamação são muito mais baixos do que eles previram. Portanto, em conclusão, o CBD tem ajudado muito. CWJ: Quando uma pessoa mencionou que o CDB era uma opção, qual foi seu primeiro pensamento? Liz Carmouche: Meu primeiro pensamento foi que eles estavam falando mais sobre THC porque, naquela época, eu não sabia nada sobre o CBD. A maioria das pessoas que eu conhecia e que usavam não eram atletas de elite, eram pessoas que costumavam ser bastante preguiçosas, e eu realmente não tinha muito respeito por elas. Mas eu respeitava Kendall e tudo o que ele fazia. Eu vi tudo o que ele estava fazendo com esta fundação, e sempre foi um lutador. Ele estava constantemente em movimento, e me fez saber que realmente usava ambos. Mas no começo, quando ele me falou do CBD, eu disse: "Não posso, não posso. Eu luto e não posso. Não estou disposto a entrar nisso. Eu não estou disposto a entrar nisso. Eu não posso testar
positivo se for testado com drogas. E ele disse: "Não, não, você não fica "high" com isso. Não é o que você pensa. Não são os efeitos psicoativos". Mas no início, eu definitivamente tinha muitas dúvidas sobre seu uso. CWJ: Há muito estigma ligado à planta, mesmo com todos os benefícios à saúde que ela traz. Como você se sente agora? Como você explica às outras pessoas de que forma você a usa para que elas não lhe estigmatizem também por todas as coisas negativas que estão associadas a ela? Liz Carmouche: Acho que para mim, quanto mais pesquiso e mais experimento o uso do CDB, percebo que não é o que a maioria das pessoas pensam que é. As pessoas que não estão tão informadas sobre as diferenças de cada planta e seus benefícios não entendem a diferença, por isso pensam que é a mesma coisa. E eu também pensei assim. E então uma vez que realmente usei o produto, entendi a diferença e todos os seus grandes benefícios, especialmente quando se pensa em todos os efeitos colaterais que vêm da maioria dos anti-inflamatórios que são oferecidos, seja de venda livre ou com receita médica. Estes vêm com tantos efeitos colaterais e aqui você tem a oportunidade de usar uma planta que não o faz. Por isso, tenho sido muito franca sobre isso, e deixo as pessoas saberem. Além disso, acho que a maneira como a ajudei a apresentá-la a outras pessoas ou a informá-las sobre seus usos é simplesmente falando sobre ela a cada hora, ou compartilhando-a em minhas redes sociais sobre seus usos. A maioria das pessoas confia em mim porque sabem que gosto de fazer muitas pesquisas sobre o que uso no meu corpo e que sempre saio limpa em qualquer teste que tenha feito para qualquer organização de luta. Inclusive quando eu estava no exército, sempre sai limpa. Portanto, as pessoas sabem que se eu colocar algo em meu corpo, tem que ser seguro. CWJ: Como você decidiu que realmente queria experimentar? Qual foi aquela primeira pesquisa que a fez começar neste mundo? Liz Carmouche: No começo, comecei a fazer como a maioria das pessoas, pesquisar no
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Google. Falei com alguns de meus amigos que estavam usando ativamente CBD, THC ou ambos. Conversei com algumas pessoas que realmente a cultivam sozinhas. E então eu comecei originalmente, como eu disse, por causa de meu amigo, ele me ofereceu um produto CBD, e eu o experimentei. Chamava-se Charlotte's Web. Ele me contou que muitos outros lutadores estavam usando o produto, e eles estavam em uma situação semelhante em que não podiam usar THC. Caso contrário, se você for ser testado, poderia ser multado ou expulso de uma luta. Adicionalmente, tive sorte que o grupo Charlotte's Web me levou para a fábrica deles, onde produzem CBD. Eles me ajudaram a me educar, não apenas me falando sobre isso, mas vendo-o em primeira mão e testemunhando o que eles faziam e como era diferente, e eu comecei a compreender. No início, eu não notei muita diferença. Foi só quando comecei a usar um produto chamado Hemp Meds que realmente entendi em primeira mão os benefícios do uso do CBD. CWJ: Você mencionou um pouco sobre os problemas que tinha antes do CBD, que não conseguia dormir bem, e esse tipo de coisa. O que você fazia antes do CBD para lidar com a dor? Liz Carmouche: Eu costumava usar ibuprofeno para controlar parte da dor, ou honestamente, era algo com que eu pensava que tinha que lidar, que fazia parte da vida porque eu era ativa em um esporte de combate. Honestamente, uma vez que decidi parar de usar ibuprofeno porque não gostava dos efeitos colaterais, simplesmente aguentei a dor e a falta de sono e aceitei que esse era o meu estilo de vida. CWJ: Uau!. Estamos realmente felizes por você ter encontrado um caminho diferente, algo que lhe ajude. Agora, no que diz respeito especificamente ao esporte, por que você acha que existe uma diferença tão grande entre a UFC e outras ligas esportivas no que diz respeito à maneira como elas percebem a cannabis ou o CBD? Liz Carmouche: Eu acho que a diferença entre cada organização e todos os diferentes esportes e plataformas é que você tem pessoas como os irmãos Diaz que são tão abertos sobre seu uso e os benefícios do THC que estão dispostos a fumar abertamente na frente das pessoas. Por isso, acho
abertamente na frente das pessoas. Por isso, acho que quando se tem alguém com tanto sucesso no esporte e dominando-o, é preciso questionar os benefícios que ele poderia oferecer e compensar todos os negativos, pois eles ainda continuam tão agressivos no que diz respeito ao seu desempenho. Eles ainda estão fazendo um trabalho fenomenal e dominando cada luta que têm, e eu acho que isso ajudou a influenciar algumas coisas. A outra coisa é considerar que aqueles que são proprietários da UFC e das organizações de luta são muito mais jovens, enquanto na NFL e na NBA, todos os proprietários são na maioria homens brancos de idade mais avançada. Tendem a ser pessoas que aceitam de uma forma bastante fechada outras coisas e benefícios da planta. Quando você olha para essas diferenças apenas nos grupos etários que ajudam a influenciar na UFC e na maioria das organizações de MMA, querem se colocar à frente de tudo, e querem ver o que é mais conveniente para seus lutadores e como eles podem mantê-los no esporte o maior tempo possível. Portanto, eles estão a par de muitas das tendências e tratam de procurar diferentes valores nutricionais, mudanças dietéticas, métodos anti-inflamatórios, usos como o CBD, blocos de gelo e crioterapia. Enquanto na maioria dos esportes de equipe você não vê esses matizes ou a vontade de encontrar novos matizes. CWJ: Você começou a lutar há cerca de 11 anos atrás, não foi? Como você percebeu que a opinião sobre a cannabis mudou durante esse tempo? Liz Carmouche: Oh, isso mudou muito. Quero dizer, até mesmo meu entendimento sobre a cannabis mudou. Cresci ao redor de pessoas que, de modo geral, os que usavam cannabis, eram os que abandonaram a escola e não terminaram. Eles eram geralmente os que consideramos preguiçosos, nem sempre os inteligentes. E isso agora é completamente diferente. Algumas das pessoas mais inteligentes que eu conheço usam cannabis. Agora conheci veteranos de guerra que perderam membros do corpo, e não querem ser viciados em opioides. Eles ainda querem estar presentes em suas vidas e fazer parte de suas famílias e têm começado a usar THC para ajudálos a superar essa dor e tentar ser tão saudáveis quanto possível. Agora conheci atletas de alto nível que usam THC e CBD para se CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 21 |
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recuperar, e eles estão à frente de todos os outros com os quais competem. Acho que ver todas essas pessoas de alto nível falando abertamente sobre isso teve definitivamente uma influência. Originalmente, quando entrei na UFC, era uma substância proibida na lista. Você tinha algum THC em seu sistema? Você receberia uma multa e poderia ficar na lista negra por dois anos sem poder lutar. Agora é algo que você pode ter em seu sistema, e eles podem testá-lo. Não é uma substância proibida até 10 horas antes da luta. Essa é uma grande diferença. Isso mostra que eles o aceitam e autorizam. CWJ: Há muita coisa acontecendo em relação aos novos projetos de lei, em relação à legalização bancária e federal, mas há uma parte relacionada à saúde dos veteranos e como ainda não é algo permitido. Como você se sente sobre isso? O que você acha que precisa ser feito para tornar isso mais acessível aos veteranos? Liz Carmouche: Penso que à medida que os esportes de equipe, como a NFL e a NBA, começarem a ver mais aceitação do CBD e do THC, outros seguirão. Quanto mais eles lideram as coisas, você começa a ver que outras pessoas o aceitam mais. E eu acho, novamente, que quanto mais atletas como eu falam sobre o uso do CDB e todos os seus benefícios, mais as pessoas começarão a ouvir falar sobre ele e, esperançosamente, a aceitá-lo. Eu sei que quando se trata de militares, quando se trata de veteranos, trata-se de liderança em cada um desses papéis. E o problema é que a cada poucos anos, isso pode mudar. Definitivamente, você vê as gerações mais jovens em políticas de mudança de liderança para veteranos e militares em serviço ativo. Depois, quando se trata dos líderes mais antigos, voltamos atrás e retornamos a algumas das coisas que estamos tentando mudar agora. CWJ: Portanto, é muito subjetivo como os militares se voltaram para fazer uma política eficaz. Liz Carmouche: Sím.
que dependem delas, e elas têm que estar sujeitas a isso. Não há algo fixo, mas ainda está dependente de alguém no topo. Isso é muito difícil. Liz Carmouche: Oh, absolutamente. Tenho muitos amigos que ainda são militares de serviço ativo e eles vêm até mim e dizem: "Ei, eu sei que você é uma pessoa que sempre faz testes limpos e não toma substâncias que você não deveria. Eu sei que você é grande no CBD. O que sugere para mim?" Eu digo: "Você ainda é militar de serviço ativo. Você não pode fazer isso. Você não pode correr esse risco". E é realmente difícil dizer aos amigos como: "Ei, desculpe-me. Boa sorte com tudo. Quando você sair, talvez as coisas possam mudar". É realmente difícil quando se tem veteranos, ou quando se tem um militar em serviço ativo que ainda quer ficar lá. Eles não querem deixar o exército, mas também querem que seu corpo seja o mais saudável possível e lhes resista. CWJ: É definitivamente uma escolha muito difícil. Vamos passar a outra coisa que tem a ver com a parte do estigma. Além de como você se retrata e como expõe e divulga como o utiliza, que outras formas você encontrou para combater este estigma em relação a planta? Liz Carmouche: Realmente com educação e dizendo às pessoas ao meu redor. Eu sei que até meus sogros se opõem muito ao CDB e não entendiam muito, como eu no início, que não tinha os efeitos psicoativos. Eles pensavam que o CBD era THC, e eu tentei oferecer e explicar-lhes isso. Eu tive que ingerir na frente deles e mostrar-lhes como: "Olhe, vamos esperar algumas horas, você vai ver que eu sou exatamente a mesma de quando entrei pela porta". Nada mudou". E é realmente ver que a maioria das pessoas me vê massageando como uma área dolorida, e eu estou usando o bálsamo do CBD, o que geralmente é um início de conversa. Eles normalmente perguntam: "Ei, o que você está colocando? Monstrin?". "Não, é CBD" E então isso abre a conversa. Eles dizem, OK, bem, nós a vemos o tempo todo na academia. Não é possível que você esteja sentada aqui, se drogando. Isso realmente abre a conversa para divulgar os benefícios do CDB e todas as diferentes formas que ele pode ser utilizado.
CWJ: Isso é difícil porque há muitas pessoas
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CWJ: Isso é ótimo. Estamos felizes por haver pessoas como você que estão ajudando a aumentar a conscientização sobre esta questão, sobre o CDB. Em relação a este mesmo assunto, qual seria seu conselho para outras pessoas, talvez não no campo esportivo, que queiram lutar contra o estigma da cannabis? Liz Carmouche: Eles podem fazer uma série de coisas. Onde quer que estejam, podem olhar para cima e ver qualquer nova legislação que surja que tenha oportunidades de votar para legalizar novos avanços no uso do CDB e do THC, porque há constantemente novas legislações proibindo-o ou aprovando-o. Há muitas oportunidades para as pessoas votarem e estarem cientes do que está acontecendo ao seu redor para permitir isso. Também, podem fazer exatamente o que eu fiz e tentar obter o máximo de informação possível e compartilhá-la com as pessoas e fazê-las saber que existe uma grande diferença entre o CBD e o THC, mas que ambos têm benefícios médicos que podem utilizar. CWJ: Alguma última palavra para nossos leitores? Liz Carmouche: Eu acho que o mais importante é fazer sua pesquisa, saber o que você está colocando em seu corpo e tomar a decisão por si mesma, se é algo que você quer ou não. Eu diria que com qualquer coisa, basta fazer sua pesquisa e ver realmente os produtos que você coloca em seu corpo se você acha que é o melhor para você. CWJ: Muito obrigado. Esta foi uma entrevista incrível. Obrigado por responder nossas perguntas e por ser uma defensora da cannabis porque é necessário. Liz Carmouche: Obrigada.
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COSTA RICA A indústria da cannabis tem se caracterizado por apresentar uma maior participação das mulheres nos principais papéis para o desenvolvimento da indústria, e a Costa Rica não fica para trás, pois tem como principal porta-voz uma de suas deputadas que tem lutado para conseguir a legalização no país caribenho, destacando as virtudes da dedicação, luta e perseverança para o bem-estar de seus habitantes.
REGULAMENTOS No início deste ano, o governo aprovou um projeto de lei para legalizar o cultivo, produção, industrialização e comercialização do cânhamo e da cannabis medicinal. A lei permitirá às autoridades costarriquenhas conceder licenças para a produção e industrialização de cannabis para fins médicos ou terapêuticos. Além disso, a lei declara livre o cultivo, produção, industrialização e comercialização de cânhamo ou cannabis não psicoativa e seus produtos ou subprodutos, para fins alimentícios e industriais, sem autorização prévia especial ou adicional das autoridades.
A VOZ DA CANNABIS NA COSTA RICA Zoila Rosa Volio é uma congressista costarriquenha (mandato 2018-2022) que surgiu como a principal promotora do projeto de lei que foi recentemente aprovado pelo governo do país centroamericano. Seu trabalho de legalização foi
reconhecido durante três anos, quando ela iniciou o processo de trabalhar em prol da legalização da cannabis como uma melhoria para a saúde de seus compatriotas e um impulso para a economia nacional através da criação de uma indústria de derivados da planta para uso medicinal, além do uso do cânhamo a nível industrial. CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO.NO. 19 21 | 20 CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO | 20
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ATUALIDADE E PROJEÇÕES Levando em conta a recente aprovação do projeto de lei, ainda há um caminho a percorrer para começar com a implementação deste regulamento, mas com uma perspectiva promissora para a melhoria da economia que espera um aumento dos investimentos e a criação de novos empregos. Os números do governo nacional indicam que o cânhamo é uma indústria global em desenvolvimento, com expectativas de crescimento de cerca de 22%, e que o lucro de seus derivados é estimado em cerca de 10.000 dólares por hectare. Além disso, estimam que o país poderia ganhar cerca de US$ 200 milhões de colones (aproximadamente 312.750 dólares).
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Antonella Soldo e sua luta pela
legalização da cannabis Atualmente as mulheres estão desempenhando um papel decisivo na indústria da cannabis, com cada vez mais cargos de liderança, seja no campo científico, empresarial, político ou ativista.
Em seus inícios, e com apenas 28 anos de idade, ela tornou-se inicialmente presidente e depois tesoureira do Movimento Radical, posteriormente, foi membro do Conselho Geral da Associação Luca Coscioni para a pesquisa científica.
Uma mulher que se destacou no mundo da cannabis, especificamente no campo do ativismo e da luta pela legalização da planta, é sem dúvida a jornalista italiana Antonella Soldo, que há mais de um ano vem impulsionando a legalização da cannabis em seu país, a Itália.
Soldo sempre se concentrou em dar visibilidade à questão da cannabis medicinal e colocá-la sobre a mesa, para que as instituições italianas começassem a levá-la a sério e a considerar sua legalização.
Soldo é formada em filosofia política, e após terminar sua graduação ela começou no mundo do ativismo, tornando-se uma defensora da cannabis, que desde o ano passado se tornou um importante ponto de referência no cenário italiano.
Graças a sua colaboração com o Presidente da Comissão Extraordinária para a Promoção e Proteção dos Direitos Humanos no Senado da República, Soldo conseguiu fazer ouvir sua voz e se tornar um rosto conhecido sobre a questão da CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 21 |
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cannabis em toda a Itália. Soldo faz parte da equipe Meglio Legale (Melhor Jurídico), que é um projeto no qual participam parlamentares, médicos, empresários, advogados, jornalistas e cidadãos, com o objetivo de abrir um debate sério e responsável sobre a planta. É devido ao exposto acima que seu desempenho como líder da campanha Meglio Legale (Melhor Legal), que luta para tornar a cannabis legal, teve grande apoio da população, e isto ficou evidente quando em 2021, em conjunto com a Associação Luca Coscioni, conseguiram coletar 630.000 assinaturas através das quais os cidadãos expressaram seu desejo de que fosse realizado um referendo sobre a cannabis. Agora, Antonella teve que enfrentar certos obstáculos em sua luta pela legalização, sendo a Itália um país conservador, onde o argumento da legalização da cannabis é uma questão sensível, ela sabia o que enfrentaria, mas decidiu sair e ser a ponte para abrir o diálogo entre cidadãos e instituições, que durante anos foram liderados e projetados por homens e para homens. É por isso que a participação das mulheres é tão importante, pois representa uma oportunidade e uma mudança no paradigma político-jurídico do país. Uma mulher preparada e comprometida em promover a legalização, como Soldo, é, por assim dizer, uma "pedra no sapato" para muitos parlamentares italianos; mas isso não impediu Antonella, pois apesar de tudo ela continua a lutar e educar a população através de seu trabalho como ativista, para que em breve o tabu sobre a cannabis seja apenas uma lembrança do passado.
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Guerreira da cannabis no Peru:
Francesca Brivio
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CannaLaw Nem sempre são os homens que debatem incansavelmente a legalidade da cannabis em qualquer parte do mundo, pois é bem sabido que as mulheres têm sido uma figura essencial para dar à planta a voz que ela merece, neste caso, no Peru. Não é segredo que, desde julho do ano 2021, o cultivo da cannabis medicinal associativa e a produção de seus derivados são legais no Peru, depois que as autoridades governamentais decretaram a lei aprovada pelo Congresso, seguindo os pedidos dos pacientes e seus familiares. Isto significa que eles podem cultivar a planta de cannabis e produzir seus derivados para uso medicinal em associações cujos membros devem estar inscritos no Registro Nacional de Usuários de Cannabis. Neste sentido, apesar de que a cannabis medicinal e seus derivados tenham sido legalizados desde 2017, a possibilidade de livre acesso ainda era complicada para muitos pacientes devido ao fato de que havia poucas farmácias que a vendiam. Neste sentido, a ativista e jornalista Francesca Brivio, fundadora da organização Cannabis Gotas de Esperança, foi um personagem chave e insistente para que esta lei fosse cumprida, pois ela perseverou ao solicitar ao presidente interino do Peru, Francisco Sagasi, que implementasse esta lei antes de se aposentar da presidência.
Mas quem é Francesca Brivio? Francesca Brivio é uma atriz, jornalista e ativista da cannabis medicinal que esteve envolvida na promoção da descriminalização e do uso medicinal da planta no Peru, Colômbia, Chile, Espanha e Brasil. É importante destacar que para Brivio, a medicina baseada na cannabis tem sido de grande ajuda para aliviar a dor das doenças que ela padece, tais como a síndrome de Raynaud e a síndrome de Ehler-Danlos. No ano de 2014 começou a utilizar a cannabis medicinal como parte de seu tratamento e foi capaz de reduzir os sintomas de sua condição. Por outro lado, em 2018 fundou a organização sem fins lucrativos
"Cannabis Gotas de Esperança" (atualmente "Cannabis de Esperanza") em Lima, com o objetivo de promover a pesquisa, educação e políticas relacionadas ao uso da cannabis para a restauração da saúde das pessoas.
planta foram tão grandes que no primeiro trimestre de 2021 ela entrou com uma ação judicial contra o Ministério da Saúde, que foi aceita pelo Judiciário por não permitir o cultivo pessoal de cannabis para uso medicinal.
A luta, a paixão, a perseverança e sobretudo a fé de Francesca na
É importante mencionar que através de seu ativismo, o objetivo de Francesca Brivio CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 21 |
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é aumentar o acesso à cannabis medicinal em todas as formas existentes, seja através de autocultivo, distribuição em farmácias ou cultivo coletivo. Em uma entrevista realizada pelo portal informativo limaenescena.com em 2020, Francesca comenta sobre seu trabalho como ativista da canábis: "É uma missão de vida, eu sou grata à minha doença. A doença me ajuda a curar, a doença me deu uma missão e uma visão: lutar pelo acesso à cannabis, para democratizar a planta, para dar qualidade de vida às pessoas. Somos as guardiãs do direito de tentar, isso é o mínimo que devemos ter permissão para fazer: tentar. A cannabis é uma ferramenta para outras lutas, o direito à saúde, por exemplo, o
tratamento que os pacientes recebem do sistema de saúde é terrível. Eu sou um caso, eu o experimentei". Da mesma forma ela acrescentou: "Para mim, é um compromisso com múltiplas atividades e coisas. Do meu papel como feminista, isso me ajuda a tornar visíveis muitas questões, a ajudar as mulheres a serem mais autônomas e a poderem ter uma relação mais direta com sua doença ou com a de seus filhos. É uma luta que fala de liberdades, fortalece e dá força às pessoas, isso me apaixona. Eu faço minhas próprias coisas em função da cannabis, dirijo a Associação Cannabis Gotas de Esperança e outros empreendimentos, sempre feitos de pacientes para pacientes.” CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 21 |
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Atrás de toda grande lei, há uma grande mulher
Nos últimos anos, o mundo tem testemunhado grandes avanços legais e triunfos na indústria da cannabis. Embora estas iniciativas legislativas tenham sido impulsionadas por diferentes segmentos da população, hoje queremos destacar aqueles triunfos que foram o resultado dos esforços incansáveis das mulheres. Aquelas mulheres que uniram suas vozes para buscar acesso à cannabis medicinal para seus filhos, aquelas que procuram libertar aqueles que foram privados de sua liberdade por crimes não violentos relacionados à cannabis, aquelas que exigem a legalização para permitir à população o acesso à cannabis livre de pesticidas e violência. Um único artigo não seria suficiente para mencionar as centenas de mulheres que contribuíram para a face da indústria de cannabis medicinal que vemos hoje, então vamos nos concentrar em alguns dos casos mais notórios que ajudaram a moldar a realidade que vemos hoje.
Mary Jane Rathbun Popularmente conhecida como "Brownie Mary", foi uma ativista nos Estados Unidos a favor da cannabis medicinal. Inicialmente ela ficou conhecida por distribuir ilegalmente brownies de cannabis em hospitais onde foi voluntária na década de oitenta, a pacientes que sofriam SIDA, para aliviar seus sintomas. CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 21 |
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Ela foi presa em várias ocasiões, mas isso não a impediu de continuar chamando a atenção a nível nacional sobre o movimento da cannabis medicinal. Ela também contribuiu para a primeira farmácia de cannabis medicinal nos EUA "San Francisco Cannabis Buyers Club" (Clube de compra de cannabis de São Francisco) e seu apoio à Proposta 215, que legalizou a cannabis medicinal na Califórnia.
Jane West É uma empresária e ativista que tem lutado pela igualdade das mulheres na indústria da cannabis. Ela é uma visionária que entendeu desde o início que as leis estabelecidas nos EUA devem ser levadas para o domínio da prática no mercado. É por isso que ela fundou a Women Grow, uma rede de networking pensada para mulheres, para ajudá-las a obter visibilidade e impulsionar seus empreendimentos na indústria da cannabis. Sua marca de "estilo de vida" que leva seu nome, é composta por mais de 80% de mulheres e minorias.
Madeline Martinez É uma ativista e empresária que começou como oficial de correções na Califórnia, mas se retirou para combater os efeitos negativos da "Guerra às Drogas". Também, em 1998, ela ajudou a conseguir assinaturas para a Iniciativa 67 em Oregon, o que eventualmente levou à legalização da cannabis medicinal. Atualmente, é membro da NORML (grupo ativista nos EUA) na seção da Aliança pela Mulher e Leis contra o Proibicionismo.
Shanel Lindsay Esta ativista entrou no mundo da cannabis, após dar à luz a seu filho e desenvolver cistos ovarianos pós-parto há uma década. Em conseqüência, ela procurou soluções na cannabis medicinal quando esta ainda era ilegal. Diante de vários obstáculos, ela decidiu ser parte da solução em vez do problema e se dedicou a testar e cultivar diferentes variedades para determinar quais são as melhores tanto para fins medicinais quanto para o uso adulto. Sua missão tem sido motivada por encontrar as variedades mais adequadas e fornecer ao paciente e ao público produtos limpos, com integridade. Entendeu que o que estava no mercado negro não tinha as credenciais que como usuários requeríamos para falar de um produto de qualidade. Mesmo assim, fundou a Ardent, uma empresa sediada em Boston de biotecnologia e dispositivos de cannabis medicinal, com tecnologias pioneiras que melhoram drasticamente a administração e a eficácia. Assim como esta lista de mulheres que estão em nossa lista vêm todas dos EUA, temos outras de todo o mundo que nos mostram que as leis continuarão avançando sem limites porque sempre haverá uma mulher por trás delas procurando melhorá-las, para torná-las mais inclusivas e eficazes. São mulheres como as mencionadas neste artigo e em toda nossa edição que provam que as mulheres não desistirão até que haja uma indústria que seja igual, equitativa, inclusiva, justa e com espaço suficiente para que todos possam participar. São estes tipos de iniciativas que dão fé de que estamos diante de uma indústria que, apesar de todas as probabilidades em contrário, encontrará uma regulamentação que abra caminho para o tipo de indústria que queremos ver e que não está polarizada, porque como o título indica: por trás de toda grande lei, há uma grande mulher, e o mundo tem muitas delas. CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 21 |
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A Mãe Cultiva Argentina é uma ONG autogerenciada (não recebem financiamento de nenhuma organização pública ou privada), com uma perspectiva de gênero e diversidade. Seu objetivo é conseguir um marco legal para o cultivo de cannabis para a saúde, abrir espaços de formação, construção cidadã e comunitária que difundam os benefícios desta terapia na qualidade de vida. A equipe de Cannabis World Journals teve a oportunidade de conversar sobre seus inícios e objetivos como organização com Valeria Salech, uma de suas representantes. CWJ: Qual foi a motivação que levou à criação da ONG Mãe Cultiva Argentina? MCA: Mãe Cultiva nasceu em 2016 com o objetivo de dar um marco legal a uma atividade que já vínhamos realizando, que diz respeito ao cultivo da cannabis para fins terapêuticos. Embora na Argentina existiu e existe um movimento cannábico muito importante, os muitos anos de militância geraram uma perspectiva de direitos individuais. E quando descobri que a cannabis tinha aplicações terapêuticas muito importantes para serem ignoradas, parecia-me que tinha que criar um grupo com uma perspectiva de saúde, porque isso não existia. Eu acreditava que tínhamos que ir pelo direito à saúde, mais que pelo direito individual das pessoas de consumir cannabis, que é algo real, que existe e que está bem.
Mas, para mudar um paradigma é necessária outra perspectiva. Conversando com cultivadores, cultivadoras, mães e mulheres em geral que eu sabia que utilizavam cannabis, surgiu esta idéia e seu nome. Estávamos pensando em um nome para o grupo com uma perspectiva de saúde, porque para mim tinha que ser Cannabis para algo relacionado à saúde. Mas me disseram que havia uma organização no Chile chamada Mãe Cultiva, achei o nome espetacular e disse que sim; Mãe Cultiva Argentina, que foi criada com o objetivo de encontrar um marco legal para nossa atividade, algo que rapidamente conseguimos. A verdade é que dentro de um ano tínhamos uma lei sobre pesquisa de cannabis medicinal, mas foi uma lei como se fossem letras pintadas, porque não garantia nada, a lei nunca foi posta em prática; e então Mãe Cultiva começou a se transformar em outra coisa, até se tornar o que é hoje. Somos
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uma referência sobre o tema cannabis, um espaço de formação, uma organização que tende a apoiar a demanda, a informar, a comunicar e a socializar o conhecimento relacionado à cannabis. CWJ: Achamos a história da MCA muito interessante, algo muito nobre por parte de vocês, é um trabalho extraordinário que vocês fazem. Agora, em outras entrevistas você disse que se voltou para a cannabis por causa de sua rejeição à medicina tradicional e da possível falta de interesse por parte dos médicos no caso de seu filho. Contudo, como você chegou à cannabis? MCA: Eu cheguei à cannabis como todo mundo, na adolescência; aqui existe um espaço muito conhecido que é do Alejandro Cibotti, uma pessoa portadora de HIV que usava cannabis e a cultivava para induzir o apetite, entre muitas outras coisas. Quando ouvi falar de seu caso, comecei a mudar minha perspectiva sobre a planta. Digo, claro, é verdade, se isso te deixa com fome, é lógico que uma pessoa com distúrbios alimentícios poderia usá-la de forma terapêutica, e se relaxa, é lógico que uma pessoa que está estressada ou que tem movimentos involuntários a utilizaria; foi aí, que minha perspectiva começou a mudar. Agora, quando vi um vídeo de uma mãe utilizando cannabis em sua filha com epilepsia, não sei como explicar o que significou para mim. Não consigo encontrar uma metáfora suficiente para descrever esse momento. É como se todo o universo me fosse revelado de uma só vez. “Como não o vi, como não percebi que isso pode ajudar?” CWJ: Realmente fazem um bom trabalho como instituição. Bem, sendo uma ONG autogerenciada, em sua trajetória, tem sido difícil para vocês permanecerem em pé? Como tem sido a receptividade das pessoas? MCA: Os problemas que temos são unicamente econômicos, poder gerar o capital e os recursos econômicos para poder sustentar o trabalho que fazemos, porque é muito trabalho. Temos um sistema de acompanhamento de famílias que funciona todos os dias. São grupos de pessoas
que precisam de cannabis, que se reúnem semanalmente durante quatro meses, 12 semanas, e falamos de tudo, desde a planta até assuntos pessoais, e finalmente acabamos fazendo extrações, dosagens e formas de administração. Estes espaços de acompanhamento familiar estão funcionando desde 2017, o que significa que é um trabalho territorial constante e nosso maior compromisso; o fazemos de graça. Digamos, isso tem um custo, mas àqueles que coordenam os insumos, tudo é gratuito. Temos trabalhado de uma forma que é muito difícil de sustentar, mas o apoio geral da sociedade argentina é grande e acredito que vem crescendo. Não acredito, eu o vivo, eu vivo isso na rua, para muitas pessoas na Argentina você diz "Mãe Cultiva" e eles sabem do que você está falando, eles concordam e vêem isso como uma coisa boa. Agora, sustentar este trabalho, alcançar os lugares que precisam ser alcançados, poder chegar com uma formação em cannabis às universidades, ou às forças de segurança, ou às esferas políticas, é o que é mais difícil para nós, apesar do nome, porque há resistência em todos os espaços, em todos; na esfera acadêmica, na esfera política. É lógico, houve muitos anos de proibição e de propagandas de proibição que tinham a ver com estigmatizar os usuários, com demonizar a fábrica, com o controle social, com punir o usuário, e a proibição nasceu de interesses econômicos, mas também de interesses sociais e políticos que ainda permanecem. CWJ: É muito interessante o que você está dizendo, porque na verdade, quando você olha para isso em países diferentes, essa limitação permanece. Porque o uso da planta não está determinado pela necessidade das pessoas ou dos usuários, mas sob as condições daqueles que estão no comando. MCA: Exatamente, sim, é uma luta de poder. De fato, a desculpa de que algumas drogas são perigosas é uma mentira, não tem nada a ver com a saúde. A decisão de proibir algumas drogas e legalizar outras não tem nada a ver
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Empresa do mês com saúde, é puramente uma questão de política e controle social. Tenho muito claro isso, pois, caso contrário, não seria legal o ópio, o álcool ou o tabaco. Não, não se trata de uma questão de saúde. Nós sabemos que estamos disputando poder com alguém que não quer abrir mão dele e continuaremos a fazê-lo; também, estamos adicionando cada vez mais pessoas a este grupo que estão cientes do que está acontecendo. Porque pelo menos na América do Sul sempre fomos nós que pagamos pelas guerras dos poderosos, não mais, eles não podem contar conosco. CWJ: Sobre o mesmo assunto da percepção, como você vê que isso mudou desde quando vocês começaram, em parte não tanto pelas pessoas que agora os seguem, mas pelo público em geral, o povo argentino em geral? Como essa percepção mudou quando iniciou a Mãe Cultiva e neste momento, quando o bombardeio de informações sobre legalização, a expansão da aceitação da planta no mundo é muito maior neste momento? Como você sente que isso mudou?
MCA: Bem, um pouco do que eu estava dizendo antes. Em 2017, conseguimos uma lei sobre a pesquisa médico-científica de cannabis. Não é o que estávamos procurando, mas conseguimos incorporar um artigo que falava sobre a criação de um registro de pessoas que cultivam para sua saúde. Depois disso não foi regulamentada; como eu disse, a lei nunca foi posta em funcionamento, nunca teve um orçamento, em suma, era um pedaço de papel morto. Mas desde a mudança de governo, esta lei foi regulamentada, implementada e o registro está funcionando. Há 40.000 pessoas inscritas, mas não está funcionando corretamente; ou seja, se funcionar corretamente, haverão muitas pessoas a mais.
Estamos a pouco tempo da aprovação de uma lei de produção, o que significa que haverá produção nacional de cannabis para abastecer o mercado interno e também para exportação. Portanto, esperamos que isto continue a gerar a naturalização do uso da planta, porque todos nós que usamos cannabis, queremos uma regulamentação total. Temos que dar passos que às vezes parecem curtos, mas na realidade MCA:Estou feliz porque realmente mudamos um estamos fazendo progressos passo a passo. paradigma, mesmo sem perceber, porque você o Sonho com o dia em que teremos uma área de faz de um ponto de vista pessoal, do que lhe move. solo argentino dedicada ao cultivo ou produção de Quando você tem um membro da família que cannabis, seja para abastecer o mercado interno superou o câncer, quando você vê pessoas com a ou para exportar cannabis medicinal ou cânhamo; mesma doença, você diz: Eu quero ajudá-las. Se esse é meu maior desejo, e quando isso acontecer, você tem um filho com epilepsia, a mesma coisa estaremos prontos para discutir a regulamentação acontece com você; você é movido por um pouco total. Estamos muito próximos, é claro que o ideal de emoção e pelo desejo de que outras mulheres é ter governos progressistas, não tão que cuidam não tenham que passar por tantas conservadores. Não devemos votar a favor da barreiras como nós tivemos que passar. Mas direita, porque se não, isto vai demorar, tudo é depois, quando outras pessoas começam a dizer político. como foi esta viagem e você vê os resultados, realmente é maravilhoso o que fazemos, é CWJ: No início de sua resposta, você espetacular. É espetacular porque o que mencionou esta lei que está relacionada à conseguimos obter na Argentina foi um consenso pesquisa médica e científica. Você está se social. E é sempre melhor construir um consenso referindo à lei 27.350, correto? que esteja ligado aos desejos da sociedade do que MCA: Sim. um consenso imposto por um presidente. CWJ: De fato, ainda há alguns países na América Latina que ainda não conheceram completamente os benefícios da planta, mas temos muita fé, muita esperança de que isso culminará num futuro não muito distante. No nível legislativo, como considera que é a situação atual da cannabis na Argentina?
CWJ: Por que especificamente você acha que esta lei não está cumprindo seu propósito, e o que a Mãe Cultiva está fazendo para que isso aconteça? MCA: Pedimos uma regulamentação e o governo Macri nos deu uma pesquisa. Ou seja, não é o que estávamos procurando; mas quando isso foi CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 21 |
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discutido no Parlamento e na Câmara dos Deputados, conseguimos incorporar o artigo 8, que fala de um registro de pessoas que cultivam para sua saúde. Depois disso, ela não foi implementada, mas o governo atual, mais especificamente a Ministra da Saúde, Carla Vizzotti, conseguiu regulamentar esta lei e estendê-la. Ela não apenas criou um registro de pessoas que cultivam, mas também conseguiu acrescentar terceiros que cultivam para um membro da família, e organizações sociais que cultivam para seus membros. Abriu o caminho para que entrassem na legalidade não só aqueles que cultivam para si mesmos, mas também cultivadores solidários, organizações cannábicas, etc. A realidade é que ainda precisamos de uma regulamentação total, mas nos encontramos com um " pequeno " quadro legal onde todos nós estamos tentando entrar.
mas acima de tudo, porque somos pró-ativas. Não é que vamos exigir algo tão específico como uma caneta azul. A ideia é chegar à "caneta azul", mas se eles já têm uma, veremos. Também estamos abertos a gerar uma estratégia que nos permita avançar pouco a pouco. De fato, é isso que estamos fazendo, porque entendemos que é difícil.
Temos que estar no lugar das pessoas, há muitas pessoas mais velhas na política e é difícil para elas entender esta outra visão, então estamos abertos a pensar em estratégias políticas para alcançar os objetivos, com metas de médio, curto e longo prazo. Nem sempre estamos exigindo perfeição, porque o perfeito é inimigo do possível, por isso temos que ir com o que podemos avançar e esperar novamente pelo momento de dar mais um passo. Vocês pensam que durante o mandato do Presidente Macri, passamos quase quatro anos Agora, a lei de produção não permite o uso da onde não conseguimos avançar nada em matéria cannabis para todos, mas permite a produção e legislativa, mas conseguimos avançar em termos leva em conta as organizações sociais, porque há de território, de viajar pelo país, de trazer a palavra um artigo exclusivo, acho que é o artigo 13, que fala e de trazer este outro ponto de vista; foi tão de um incentivo do governo para organizações que importante que agora podemos avançar mais ou querem se tornar cooperativas, ou pequenos e menos rapidamente, certo? A responsabilidade é médios produtores em pequena escala que ajudem compartilhada, é um pouco de política, mas é aos produtores. Basicamente, existe uma lei que também da sociedade, estar lá empurrando e nos levou em consideração e está prestes a ser empurrando e falando. Em outras palavras, eu entro aprovada este ano, após a qual haverá a em um táxi e falo com o taxista sobre a cannabis, e descriminalização e regulamentação de todos os depois vou ao banco e falo sobre a cannabis para o usos, que é o que pretendemos como meta. funcionário do banco; isso é militar uma causa, significa que você pode levar a todos os lugares CWJ: Dentro deste processo legislativo, como a onde for possível uma nova visão de algo que vai Mãe Cultiva vê seu papel na legalização? Como proporcionar bem estar a muitas pessoas, inclusive têm trabalhado e como se organizam para poder a nós mesmas. desempenhar esse papel? CWJ: Isso é maravilhoso. Você pode nos dizer MCA: O papel é fundamental. Em 2016, fizemos um pouco (acho que você mencionou isso contatos que ainda hoje nos servem. Não há aqui brevemente no início) sobre o que viriam a ser o nenhuma mudança política total, são sempre mais ECO e o ECO Cloud que são mencionados em ou menos as mesmas pessoas que são reeleitas. seu site? Qual é o propósito dessas iniciativas? Então fizemos algumas alianças políticas com algumas pessoas dos partidos, porque nem sequer MCA: Os ECO são dispositivos de apoio para são os partidos inteiros, são sempre algumas famílias que querem começar a usar cannabis. pessoas dos partidos, porém, isto sempre nos Dispositivo de acompanhamento é uma palavra permite sentar à mesa de discussão. horrível, você não entende o que significa, então eu gosto de falar para que todos entendam, porque os Nosso ponto de vista é sempre levado em conta, psicólogos disseram que era um dispositivo de
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acompanhamento e eu disse: "não pode ser chamado de outra coisa", "dispositivo de acompanhamento" é um nome feio. Então começamos a pensar nisso e chegamos ao ECO, que é o " Espaço de Contenção e Orientação". É um espaço seguro e muito reservado, ninguém sabe o que acontece lá. É um espaço onde nos abrimos para contar experiências pessoais, portanto, é um espaço terapêutico. É por isso que é um lugar de contenção, porque as pessoas que vêm até nós estão um pouco quebradas. São pessoas que têm falhado no sistema médico, que não conseguem controlar seus sintomas há muito tempo e de repente vêm à Mãe Cultiva com o objetivo de pôr um fim aos seus sintomas. CWJ: A esse respeito, vocês também têm um que é o ECO Nube, como funciona?
MCA: Bem, o ECO Nube nasceu a partir da pandemia. É o ECO que costumávamos fazer de forma presencial em Buenos Aires, mas levado para a modalidade virtual. Pensei que seria um fracasso total, porque a verdade é que no ECO cara a cara há muito abraço, muito choro compartilhado, muita comida. Nos ECO que estão de manhã, todos trazem coisas para compartilhar, um pudim, um pastel, algo para compartilhar, e sempre a reunião era como uma festa. E eu pensava que os ECO virtuais não iriam funcionar, mas muito pelo contrário, não só funcionam, mas também têm vantagens. A primeira é que isso nos permitiu federalizar porque começamos a ter participantes de todas as províncias; a Argentina é um país muito grande, muito extenso, e só estávamos chegando a Buenos Aires. A ECO Nube nos permitiu olhar para cima e ter uma participação federal que nos fez aprender muitas coisas, porque as pragas no norte da Argentina não são as mesmas do sul. Assim, pudemos aprender coisas. Tivemos também participantes de outros países que nunca teríamos imaginado. Agora estou com um participante da Colômbia, mas tivemos participantes do Paraguai, Chile, e até mesmo de diferentes partes da Espanha. Permitiu que nós abríssemos muito, nos permitiu aprender. Não sei como o fizemos, mas conseguimos.
CWJ: Como uma pessoa, seja da Argentina ou de outro país, pode ter acesso a esses acompanhamentos on-line? MCA: Na página web da mamácultivaargentina.org procuram o ECO Nube, onde existe um formulário de inscrição e eles se inscrevem. Há uma lista de espera, mas não estamos demorando muito porque a verdade é que amamos o que fazemos e estamos abrindo uma nova ECO o tempo todo. CWJ: Qual seria sua mensagem para aquelas mães e famílias que têm alguém sofrendo por causa da ineficiência da medicina e dos processos tradicionais, aos quais, como elas dizem, ainda estão apegados? MCA: Antes de tudo, dizer-lhes que não estão sozinhas, que não cometam o erro de pensar que são as únicas pessoas a quem isso está acontecendo, porque somos muitas, acho que somos a maioria. Estamos todas atravessadas pelo mandato do cuidado e pela filosofia de sucesso, e a verdade é que ninguém está lá. E, em segundo lugar, há outro lugar a partir do qual se pode olhar para as mesmas coisas. Quero emprestar-lhes meus óculos cannábicos, para que vocês possam enxergar de outra forma, há outra maneira de ver as mesmas coisas, porque a cannábis não vai curar doenças, mas vai permitir que as pessoas que precisam dela tenham uma vida digna, e todos nós merecemos uma vida digna. Portanto, convido a todas a nos acompanharem em nossas redes sociais, a ouvir o que temos a dizer, a ler nosso livro, a ouvir o podcast. CWJ: É a planta milagrosa, a planta da vida. MCA: A planta da vida, claro que sim! A planta do amor.
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CWJ: Sim, não poderia ter dito melhor, é a planta do amor. Bem Valeria, agradecemos em nome de nossa equipe da Cannabis World Journals, por este espaço tão maravilhoso com você e Mãe Cultiva. São uma organização maravilhosa e extraordinária. O que vocês estão fazendo é realmente fantástico, vocês já ganharam o céu. Portanto, desejamos do fundo do coração que vocês continuem crescendo e que a planta de cannabis seja ouvida, que lhe seja dado o lugar que merece, não apenas na Argentina, mas também em todo o mundo. Muito obrigado por este espaço com você. MCA: Não, graças a vocês, meninas. Um abraço para todas e cada uma de vocês.
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2022: Um ano decisivo para as mulheres na indústria Nos últimos anos, fomos testemunhas de como a indústria está sendo gradualmente conquistada pelas mulheres. Esta conquista, embora bem sucedida, tem sido muito lenta e ainda há um longo caminho a percorrer. Contudo, no processo, houve muitos triunfos a destacar. As histórias de sucesso de mulheres líderes na indústria, como Rosy Mondin, CEO da World Class Extractions Inc, estão se tornando mais comuns de se ouvir hoje em dia. O foco na construção de uma indústria mais igualitária é então direcionado para a representação feminina em cargos de supervisão ou de tomada de decisão em empresas. Embora a porcentagem de mulheres envolvidas na indústria tenha crescido, este não é o caso que acontece com a porcentagem de supervisoras ou gerentes. Aqui é então onde resta muito a ser feito. Das 10 maiores empresas dos Estados Unidos, somente uma delas é liderada por uma mulher. Em 2021, Trulieve tornou-se uma das empresas de cannabis mais lucrativas sob a liderança da Kim Rivers. Este caso é um exemplo de como a indústria é administrada globalmente, embora a liderança por mulheres de sucesso seja rara.
Então, por que este ano poderia representar um ano decisivo para as mulheres na indústria? A demografia dos consumidores mudou drasticamente durante os últimos três anos. Embora os homens tenham sido historicamente os maiores consumidores de flores e derivados de cannabis, na atualidade, as mulheres representam um setor de consumidores que vem crescendo ano após ano. O que isto implica, é que a perspectiva feminina torna-se então muito mais valiosa do que já é na indústria. Em poucas palavras, precisamos de mais mulheres criando produtos para mulheres. Isto permite que as empresas criem uma relação genuína com seus clientes em vez de simplesmente promover produtos sem pesquisa e considerações profundas. A indústria da cannabis não poderia atingir seu pleno potencial sem a liderança das mulheres. Felizmente, cada ano mais e mais pessoas estão investindo em empresas lideradas por mulheres e cada vez mais mulheres estão demonstrando que sua presença em cargos de administração não só é necessária, mas também poderia ser considerada uma vantagem competitiva em uma indústria que tem sido historicamente dirigida por homens.
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“Quebrando o teto de vidro
na indústria da cannabis” A mulher como uma força motriz e formadora na indústria O papel da mulher nas esferas profissionais sempre foi limitado pelo que é conhecido como o "teto de vidro". Por exemplo, nos EUA, as mulheres ocupam cerca de 52% dos empregos de nível profissional e apenas 25% dos cargos de liderança. Portanto, não é surpreendente que na indústria nascente da cannabis o gênero feminino se encontre diante deste tipo de obstáculos.
No entanto, dada a natureza da própria indústria, encontramos importantes diferenciais relacionados ao papel da mulher como força motriz na expansão e na aceitação da cannabis. Por exemplo, antes da pandemia, os cargos executivos eram ocupados por 36% de mulheres, incluindo 63% de mulheres que ocupavam cargos de liderança em laboratórios de testes. Com o exposto acima, pode-se afirmar com segurança que desde o início da legalização, as mulheres estão na vanguarda da indústria da cannabis.
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Fonte: MJBizDaily’s 2021 Women & Minorities in the Cannabis Industry report https://mjbizdaily.com/wpcontent/uploads/formidable/47/MJ BizDaily-Women-and-Minoritiesin-CannabisReport.pdf?utm_medium=email&u tm_source=&utm_campaign=MJD _202110_Women_Minorities_Rep ort_Confirmation
Durante o primeiro ano da pandemia, esses números diminuíram consideravelmente, chegando mesmo a ficar abaixo da média geral do país; entre os elementos mais influentes nessa situação está a falta de acesso à capital. A quantidade de dinheiro necessária para iniciar um negócio de cannabis pode facilmente exceder seis cifras, enquanto as redes de investidores com este tipo de capital não são tão fáceis de atrair pelas mulheres, inclusive no caso de conseguirem um investidor, as empresas
lideradas por mulheres recebem menos recursos do que suas contrapartes masculinas. Entretanto, nem tudo está perdido, e embora o teto de vidro ainda esteja lá, seu alicerce está se tornando cada vez mais fraco em uma indústria em constante crescimento que está descobrindo suas próprias possibilidades e paradigmas. É aqui onde se destacam várias mulheres que quebram os moldes e se recusam a permanecer à margem de um negócio muito lucrativo:
Nidhi Lucky Handa, fundadora da LEUNE LEUNE é uma marca californiana que projeta todo um estilo de vida cannábico, voltado para quem já conhece a planta e que procura "contar a história do que a planta realmente representa". Sua fundadora conta que ela sentiu que a consumidora da planta não existia, nem mesmo uma marca com a qual ela sentisse conexão, que ressoasse com ela ou com seu círculo de amigos. Uma pessoa que prospera no pensamento disruptivo e procura soluções pensando fora da caixa. Ela diz que escolheu utilizar a adversidade como combustível para o crescimento e inspiração para catalisar a mudança."Eu vejo que a cultura muda cada dia para melhor, mas certamente há um longo caminho a percorrer em termos de gênero e eqüidade racial. É imperativo que isto aconteça. Temos a oportunidade de construir esta indústria de forma justa e equilibrada, para corrigir erros históricos e estabelecer um padrão para o futuro. Ainda há muitas oportunidades e espaço para mentes brilhantes, e ainda mais oportunidades para aqueles de nós que escolhem liderar com compaixão e bondade". CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 21 |
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Kristi Palmer, co-fundadora da Kiva Confections KIVA Confections é uma marca sediada na Califórnia que tem como objetivo redefinir o mercado de comestíveis doces à base de Cannabis. Utiliza métodos artesanais em suas preparações achocolatadas e gomas para garantir o melhor produto, que seja delicioso e ofereça a sensação perfeita de bem estar. Para Kristi Palmer, o segredo de seu sucesso na indústria está em não pensar que os homens dominam o negócio. Tratando-se de uma indústria em desenvolvimento, ainda é um campo de atuação bastante equilibrado. Embora isto não queira dizer que tenha sido fácil, ela diz: "Embora a empresa tenha enfrentado muitos desafios únicos por ser um negócio de cannabis, estou feliz em dizer que meu gênero não tem sido um obstáculo. Também é um prazer dizer que, com o passar dos anos, testifiquei a entrada de mais mulheres no setor, trazendo experiência de outras áreas, assim como uma perspectiva e uma abordagem muito necessárias para o negócio".
Tahira Rehmatullah Co-fundadora da Commons Commons, lançada no início de 2021, como uma marca de bem-estar natural à base de cannabinóides para venda de pessoa-a-pessoa. Com uma linha de produtos maravilhosamente projetada e um foco na " educação e formação de uma comunidade de embaixadores, a marca ajuda as pessoas a viverem vidas mais saudáveis, seguras e enriquecedoras".
Tahira Rehmatullah é de origem paquistanesa. Sua aproximação à cannabis deriva do câncer que seu avô padeceu e, por sugestão de sua mãe, teve que iniciar uma forte pesquisa de tratamentos alternativos com base na planta para ajudar seu familiar. Iniciou-se formalmente na indústria em 2014, guiada por sua experiência familiar e por uma forte convicção de que a cannabis é positiva para a sociedade: " Tive esperança sobre seus usos medicinais, e fiquei fascinada e frustrada por sua história. Quando tive a oportunidade de trabalhar no setor da cannabis, não pude dizer não". Na atualidade, existem numerosas iniciativas, organizações e fundações dedicadas a dar uma mão extra neste processo de desintegrar o teto de vidro dentro da indústria da cannabis. A maioria delas é liderada por mulheres que já deixaram sua marca, mas sabem que isto não é suficiente, dedicando-se a fornecer apoio financeiro, jurídico e educacional a outras mulheres que também desejam ter sucesso e moldar esta indústria. Estas são algumas dessas organizações: www.supernovawomen.com: Fundada em 2015 para empoderar as mulheres de cor para que se tornem acionistas autossuficientes em canábis e medicina natural através da educação, promoção e criação de redes. Toketivitytokeativity.com: Comunidade global de consumidores e empresários de cannabis que se conectam através de atividades e campanhas de marketing trabalhando para criar uma mudança radical e positiva dentro da indústria da cannabis. Womengrow.com: Produzem eventos de redes profissionais locais, simpósios educacionais regionais e circuitos nacionais de conversas onde as pessoas podem se conectar com os atuais líderes do negócio da cannabis. Conselho Nacional de Empresas de Mulheres (wbenc.org): Os principais objetivos da WBENC são aumentar a diversidade de fornecedores e investir no desenvolvimento de empresas pertencentes a mulheres. O grupo oferece conteúdo educacional, programas sobre microcrédito potencial, criação de redes, certificações. CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 21 |
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MITOS:
Neurosexismo, cannabis e negócios.
Ver a participação ativa das mulheres em diferentes setores, tem sido parte da evolução, do famoso empoderamento feminino e da quebra de mitos. Não tem sido um caminho fácil, e embora o cenário tenha aparentemente melhorado, ainda é evidente a desigualdade em relação às mulheres. Segundo dados da UNESCO, a desigualdade de gênero persiste ainda mais no nível da liderança, o que afeta mais intensamente o papel das mulheres nos negócios e no empreendedorismo. CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 21 |
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Ao traçar um paralelo entre a cannabis e a mulher, é possível encontrar várias coisas em comum; por exemplo, o estigma, os mitos, os preconceitos e a desinformação que existem tanto com a cannabis quanto com o papel da mulher nos negócios. No entanto, no meio de tudo isso, estes dois se levantaram para lutar cada um contra suas barreiras. É por isso que como resultado estamos vendo mais mulheres participando em diferentes setores e a indústria da cannabis sendo um auge a nível mundial. Mas, qual é o cenário das mulheres e dos negócios em uma indústria tão polêmica como a cannabis? Aparentemente é um cenário ainda mais controverso, e mais difícil, pois combina dois fatores aparentemente improváveis, mas que no meio de tudo têm revelado sua força, sua capacidade, seu ímpeto e sua perseverança por um mundo melhor. Pero la ciencia, revela opiniones totalmente diferentes, pues tomando las palabras del neurocientífico Alberto Ferrús "Aunque existen diferencias cerebrales, ninguna de ellas justifica las acciones que en su nombre se toman". Es decir, afirma la teoría de sus homólogas Gina Rippon y Lise Elliot que dicen “que no hay diferencias significativas entre los cerebros de ambos sexos que puedan justificar el mantener a la mujer en condiciones de inferioridad respecto a los hombres en cualquier ámbito social”. PeMas a ciência revela opiniões totalmente diferentes, pois nas palavras do neurocientista Alberto Ferrús "Embora existam diferenças cerebrais, nenhuma delas
justifica as ações tomadas em seu nome". Em outras palavras, ele afirma a teoria de suas contrapartes Gina Rippon e Lise Elliot que dizem "que não existem diferenças significativas entre os cérebros dos dois sexos que possam justificar manter a mulher em condições de inferioridade com relação aos homens em qualquer esfera social" Em conclusão, tanto o papel da mulher na sociedade quanto o da cannabis sofreram um estigma social sem bases fortes, que perdeu valor graças às evidências científicas. Portanto, se a cannabis vem evoluindo, conseguiu legalizações, abriu um caminho e se fez notar; a mulher na indústria da cannabis também pode fazê-lo, tendo em mente sua convicção sobre suas qualidades e benefícios para a sociedade. Não é apenas uma questão de evolução, mas de quebra de mitos que surgiram culturalmente, e prevaleceram por gerações. Ou seja, o apoio tanto para as mulheres quanto para a cannabis é uma verdade baseada em evidências. CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 21 |
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O futuro da indústria da cannabis é mulher pesar dos grandes avanços nos últimos anos na representação feminina em altos cargos na indústria da cannabis, vários relatórios apontam que não é só neste aspecto que as mulheres estão aumentando seu número na indústria.
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Acontece que cada dia aumenta o número de mulheres que consomem cannabis. De acordo com uma pesquisa da Cannabis Consumers Coalition (CCC), as mulheres consomem a mesma quantidade de cannabis que os homens.
Para muitos isto pode parecer incomum, entretanto, outro estudo do Brightfield Group, um grupo de pesquisa dedicado à indústria de CBD e cannabis, revelou que as mulheres constituem 59% dos usuários de cannabis, sendo o grupo de crescimento mais rápido. Isto pode ser influenciado pela aceitação progressiva da cannabis na sociedade, muitas mulheres começaram a usar cannabis em seu benefício, desde o tratamento da ansiedade relacionada ao confinamento, problemas de sono, até o cuidado pessoal com produtos cosméticos de cannabis; o que não é surpreendente, pois já existem marcas de cannabis estabelecidas que estão direcionadas às mulheres e ao seu bem-estar. Não há dúvida de que o futuro e o crescimento da indústria da cannabis é afetado pelos clientes que consomem os produtos, e de acordo com dados da Headset, uma empresa de análise de cannabis, as mulheres da Geração Z que consomem cannabis cresceu 151% até 2020, apontando ser a comunidade mais representativa no futuro da indústria da cannabis, portanto, esses dados nos lembram de não subestimar o poder feminino na direção desse enorme mercado.
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CannaMed A mulher e a planta de cannabis são dois seres que compartilham uma vibrante força feminina graças ao sentimento de bemestar, tranquilidade e proteção que ambos produzem em outros. São portadores de vida, pois somente as plantas femininas de cannabis florescem em botões, e somente nosso ventre tem a capacidade de gestar e proteger. Historicamente, também têm sido companheiras na luta durante as revoluções para reivindicar direitos que lhes pertencem, mas que têm sido negados por várias razões culturais e políticas. No seu interior são gerados os embriões que garantem a sobrevivência de sua espécie, e não é surpreendente que esta planta maravilhosa e as mulheres, se acompanhem durante todas as etapas de sua existência. Da infância à velhice, essas relações mutuamente benéficas são fortalecidas dia após dia.
A mulher e a medicina cannábica
A partir da infância, algumas meninas podem desenvolver sérias condições genéticas graves que afetam seu desenvolvimento e crescimento normal. Entre estes distúrbios está a epilepsia, que leva a convulsões involuntárias.
Em 2018, a Administração de Alimentos e Drogas dos EUA (FDA, pelas suas siglas em inglês) aprovou um medicamento sintético chamado Epidiolex®, usado para tratar formas graves desta doença na infância. O ingrediente ativo deste medicamento é o Cannabidiol (CBD), derivado da planta da cannabis. Há também meninas diagnosticadas com distúrbio do espectro autista (TEA), que constitui um desafio importante para a saúde pública e na qual, um percentual excepcionalmente alto de pais que procuram ajuda na medicina complementar e alternativa. Para tratar estes sintomas, foi recomendada uma dose oral de óleo de CBD de 5,5 miligramas (mg) por dia.
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A cannabis medicinal parecia diminuir substancialmente a irritabilidade e a ansiedade na maioria das meninas, e melhorou suas interações sociais. Também foi constatado que, as infusões de Cannabinol (CBN) ajudam meninas que sofrem de distúrbios motores complexos, como a distonia (movimentos musculares involuntários), diminuindo a frequência de ocorrência e melhorando a qualidade do sono.
colaterais de seu ciclo menstrual em desenvolvimento. Durante esses dias, a dor, os espasmos e as sensações de vômito podem influenciar seu estado emocional. Para isso, a cannabis é eficaz no alívio das dores menstruais, pois o útero possui vários receptores endocannabinóides que podem interagir com compostos exógenos, como o CBD. Inclusive em 1890, o médico da Rainha Victoria da Inglaterra confessou que ela já estava usando infusões de ervas e tinturas para tratar suas dores menstruais.
Quando chegam à adolescência, algumas mulheres começam a sentir os efeitos
Cannabis e o poder feminino. Fonte: https://www.kannabia.com/es/blog/feministweed-farmer-un-libro-para-mujeres-personasracializadas-y-queer
Hoje, cada vez mais profissionais, mulheres adultas, como enfermeiras e médicas, estão envolvendo a cannabis medicinal em seu trabalho. As enfermeiras têm tratado a si mesmas e seus familiares com cannabis e querem levar seus novos conhecimentos ao cuidado do paciente, estão cansadas de trabalhar no que vêem como medicina tradicional cada vez mais corporalizada e estão à procura de outros caminhos profissionais.
Graças a isso, surgiram iniciativas importantes, como a Associação Americana de Enfermeiros de Cannábis, que em 2019 já contava com 1500 membros. Eles afirmam que "as pessoas entram num dispensário e não têm ideia do que estão fazendo, não têm idéia de como estes produtos funcionam", esta é uma grande oportunidade para revolucionar os cuidados paliativos.
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CannaMed Em Palm Beach, a Dra. Melanie Bone pensa de forma similar. Ela compreende a importância do sistema endocannabinoide e trabalha com seus pacientes para encontrar um equilíbrio na ingestão de cannabis junto com a dieta, o exercício e a saúde mental. Em Miami, a Dra. Amanda Adams também é uma fervorosa defensora da cannabis na medicina. Na velhice, as mulheres mais velhas estão abertas à cannabis medicinal como uma alternativa às drogas farmacêuticas, pois tendem a desenvolver artrite, dores crônicas e dores lombares com mais frequência do que os homens. A maioria usa infusões de óleo de canábis de menos de 2 mililitros (ml), ou medicamentos de venda livre como Cannatreck® e Sativex®.
A cannabis também é eficaz contra Parkinson e Alzheimer, pois previne a neurodegeneração, ou seja, a perda acelerada de neurônios. Nestas doenças, está envolvida outra molécula vegetal chamada tetrahidrocanabinol (THC), que pode ser encontrada em óleos de extratos de cannabis, que inclusive são saborizados. Além disso, o câncer de mama, ovário e uterino, entre outros, pode aparecer em estágios avançados da idade e as mulheres freqüentemente precisam de tratamentos como quimioterapia e radioterapia, esses procedimentos causam náuseas e dores intensas e, portanto, para esses sintomas foi desenvolvido Dronabinol®, um composto sintético misto de THC e CBD que provou ser eficaz contra os efeitos colaterais desses procedimentos invasivos. Com a esperança de melhorar os sintomas e a dor, essas mulheres são conscientes e ousadas, para lidar com os problemas tabu de seus médicos, familiares e amigos. Isto reflete novas tendências na remoção do estigma do uso da cannabis medicinal, uma revolução liderada por mulheres que, ao longo de suas vidas, estão transformando os espaços de cuidado e proteção ao seu redor através de seu exemplo. A cannabis e as mulheres são figuras curativas, que ajudam a saúde de sua comunidade. Fontes: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8.
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“CannaMoms”: Maternidade responsável através da cannabis Graças aos avanços na legalização da cannabis, milhares de pessoas no mundo inteiro estão desfrutando dos benefícios desta incrível planta, não apenas por suas propriedades terapêuticas e industriais, mas também pela criação de movimentos de mulheres, mães que se autodenominam “CannaMoms”, optando pela educação responsável de seus filhos com base no consumo de cannabis medicinal. Ser mãe pode ser o sonho de muitas mulheres hoje em dia; entretanto, muitas vezes é um verdadeiro desafio estabelecer os princípios e valores que as crianças precisam para sobreviver e se defender na sociedade atual de mudanças. Por esta razão, é normal ver mães cansadas, estressadas, com sintomas de depressão, ansiedade, trabalho e sobrecarga mental, afetando sua qualidade de vida e seu relacionamento com seus filhos.
Danielle Brand, uma historiadora de 42 anos, identifica-se como uma mulher “CannaMom”. “A Cannabis me ajuda em certos momentos de transição” diz ela “Posso deixar de lado minha lista de tarefas diárias, juntamente com os desafios e frustrações que vivi naquele dia, e entrar em um espaço mental onde posso ajudar pacientemente com os deveres de casa ou cozinhar o jantar para minha filha”. Danielle publicou seu livro Weed Mom em 2016, onde compilou diferentes testemunhos de mulheres que decidiram escolher este estilo de vida para otimizar seu tempo, estresse e fortalecer os laços emocionais com seus filhos. “Embora seja difícil quantificar exatamente quantas mães estão usando cannabis, a expansão da comunidade online 'CannaMom' sugere que mais mães estão abraçando o uso da cannabis para ajudá-las a cumprir seu
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papel como mães” diz Danielle. O uso da espécie Cannabis sativa, ajudou a historiadora a se envolver assertivamente com seus filhos em todas as atividades da vida diária, escutá-los e compreendê-los significava fomentar uma conexão muito especial que infelizmente ela não podia estabelecer antes, devido às crises de ansiedade que sofria e às constantes preocupações da vida, assegurando que era a melhor decisão que ela poderia ter tomado para ser um modelo para seus filhos.
Uma das histórias que mais impressionou Danielle em seu livro foi o testemunho de Latrese Thomas, uma mulher de 40 anos de ascendência africana: “Depois de um longo dia com meus três filhos, tomo banho com alguns sais de cannabis para relaxar”
diz Latrese “Não é fácil criar dois adolescentes em meio às diferenças sociais racialmente marcantes que afetam as comunidades negras, a cannabis me ajuda a administrar minha ansiedade como mãe, não apenas como uma mulher negra, mas como mãe de filhos de ascendência africana”. Durante anos, a idéia de ter cannabis em casa causou várias especulações e tabus sobre o comportamento dos pais; entretanto, este movimento quer ajudar a eliminar estereótipos e oferecer às mulheres a oportunidade de sair do "guarda-roupa verde", como algumas pessoas o chamam, sendo mais confiantes e honestos consigo mesmos, sendo assim um exemplo de amor e perseverança para com seus filhos.
Danielle Brand autora do livro Weed Mom Fonte: https://www.bbc.com/w orklife/article/20211116 -the-cannamomsparenting-withcannabis Fonte: Staniforth, J. (18 de noviembre 2021). The cannamoms parenting with cannabis. BBC Worklife: Family tree. https://www.bbc.com/w orklife/article/20211116 -the-cannamomsparenting-withcannabis
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