IMPACTOS DO ROMPIMENTO DA BARRAGEM B1 NA BIOTA AQUÁTICA DR. WELLINGTON ADRIANO MOREIRA PERES BIÓLOGO, ANALISTA AMBIENTAL ICMBIO/CEPTA
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Barragem B1 12 milhĂľes de mÂł de rejeitos
Barragem BI
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Ictiofauna Na bacia do Rio Paraopeba, com área de apenas 2% da bacia do Rio São Francisco, ocorrem cerca 70 espécies de peixes com o
predomínio das ordens Characiformes e Siluriformes. Esse número representa 30% das espécies de peixes descritas para a bacia do Rio São Francisco, o que evidencia a relevância do Rio Paraopeba para a conservação da Ictiofauna local.
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Lophiosilurus alexandri Steindachner, 1876
Ictiofauna
Vulnerรกvel (VU)
Foto: Carlos Bernardo Mascarenhas Alves Conorhynchos conirostris (Cuvier, 1829)
Em Perigo (EN)
Foto: Tiago Casarim Pessali
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Ictiofauna No dia 27 de janeiro de 2019 uma equipe do ICMBio/CEPTA chegou a ESEC de Pirapitinga tendo como objetivo realizar coleta de peixes
e de variáveis de qualidade de água antes da contaminação pela pluma de rejeitos de mineração.
As coletas foram realizadas no entorno da ESEC de Pirapitinga e os peixes foram armazenados na sede da Unidade.
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Turbidez • Os maiores valores de turbidez foram observados nas estações BP068 a BP072, chegando a 34.500 NTU.
• Redução da turbidez ao longo do Rio Paraopeba e ao longo do
tempo, intercalada com elevações provocadas por carreamento de sedimentos pelas chuvas.
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Turbidez Impactos na biota aquática: Espessamento e fusão dos filamentos branquiais; Redução da resistência a parasitas doenças e contaminantes; Redução da habilidade dos peixes em encontrar alimento;
Foto: Daniel Vieira
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Turbidez Impactos na biota aquática: Provoca a morte de ovos e larvas de peixes por sufocamento e escoriamento; Soterra a comunidade bentônica; Reduz da penetração da luz e a produção primária;
Altera a cadeia trófica.
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Manganês total • As maiores concentração de Manganês total, até 27 vezes o máximo histórico, foram observadas nas estações BP068 a BP072. • Assim como a turbidez, as concentrações de Manganês total têm apresentado redução ao longo do Rio Paraopeba e ao longo do
tempo, intercalada com elevações, possivelmente provocadas por carreamento de rejeito pelas chuvas.
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Manganês total Impactos na biota aquática: Alterações no metabolismo de carboidratos, nas concentrações plasmáticas dos íons; Danos neurológicos e estresse oxidativo; Obstrução de brânquias e redução do potencial respiratório dos
peixes.
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Mercúrio total • As maiores concentração de Mercúrio total, até 21 vezes o máximo histórico, foram observadas nas estações BP068 a
BP072. • Assim, como as concentrações de Manganês, têm apresentado redução ao longo do Rio Paraopeba e ao longo do tempo, intercalada com elevações, possivelmente provocadas por carreamento de rejeito pelas chuvas.
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Mercúrio total Impactos na biota aquática: Aterações neurocomportamentais; Redução dos reflexos; Danos nas brânquias, rim e fígado; Deficiência reprodutiva;
Redução da resposta imune; Redução de crescimento.
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Mercúrio total Os danos provocados por esse metal à biota aquática ainda são intensificados em razão da bioacumulação, ou seja, o acumulo do elemento nos organismos e da biomagnificação, isto é, o acúmulo na cadeia trófica.
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Demais elementos • As concentrações dos demais elementos avaliados pelo Igam tem apresentado alterações não significativas ou com menor potencial de causar danos à biota aquática.
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Mortandade de peixes • Nos dias seguintes ao rompimento da Barragem B1 do Córrego do Feijão não foram relatadas grandes mortandades de peixes como ocorrido após o rompimento da Barragem de Fundão. • Desde o dia 7 de fevereiro o Ibama acompanha as coletas de peixes na região para análises ecotoxicológicas entre as estações
BP068 e BP070, e tem relatado a ocorrência de diversas espécies vivas. Foto: Daniel Vieira Crepaldi.
Foto: Daniel Vieira Crepaldi.
Foto: Daniel Vieira Crepaldi.
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Conclusão • O rompimento da Barragem B1 impactou severamente a biota aquática de uma região prioritária para a conservação.
• Os principais impactos estão relacionados a destruição de habitats, assoreamento dos cursos d´água, contaminação da água e sedimento por metais, alteração da estrutura trófica, declínio de populações de peixes e invertebrados e alteração na composição e abundância das espécies.
Conclusão • É pouco provável que espécies de peixes ameaçadas de extinção tenham populações diretamente afetadas pela lama de rejeitos. C. conirostris e L. alexandri são encontradas somente a jusante da Barragem Três Marias. • A exposição prolongada às altas concentrações de Manganês
total e Mercúrio total poderá acarretar em danos irreversíveis à biota aquática, ao interferir na sobrevivência, reprodução e desenvolvimento dos organismos e reduzir a abundância e a diversidade de espécies.
Conclusão • Os dados de turbidez e concentrações de metais ao longo do trecho impactado do Rio Paraopeba e o tempo de residência da
água nos reservatórios da UHE Retiro Baixo e UHE de Três Marias indicam ser pouco provável que a pluma de rejeitos de mineração cause danos à ESEC Pirapitinga.
Obrigado
wellington.peres@icmbio.gov.br
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