Revista Mensal Paola Rhoden

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Artigos


Alguns livros de Paola Rhoden nas livrarias e no Amazon.com

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Revista de Artigos de ©Paola Rhoden Registro na BN 406.802 – todos os direitos dos Artigos são reservados Edição – Agosto/2015 Fotos de Paola Rhoden Circulação Mensal 3


Amar é... Estar disponível 24 horas para cozinhar, passar, cuidar das crianças, fazer as compras do mês, da semana, de todo dia. Trabalhar fora, andar bem vestida mesmo ganhando pouco, cheirosa, disposta para sorrir mesmo com os olhos cheios de lágrimas. Correr sempre que seu amado chamar seja para ir ao cinema ou a um jantar, mesmo que sua vontade seja dormir para não mais acordar. Não se importar que seu perfume acabou e que não dá para comprar outro. Ver suas amigas irem passar as férias bem longe, e você ter que ficar em casa porque o dinheiro acabou. Notar que mais um ano passou em seu calendário, e que você ainda não pode comprar o vestido que viu na vitrine o ano passado, e que ainda não vai comprá-lo. E após vinte anos de convivência seu amor lhe troca por outra, vinte anos mais jovem. Amar é realmente isso.

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As Amélias de hoje

Outro dia lendo um livro de uma escritora que não fez sucesso, mas que escreve muito bem, um capítulo me deixou pensativa. O título do capítulo era “Download do Passado”, e falava sobre esquecimentos dos filhos, desperdício de vida, falta de reconhecimento, perdas e dores. Aí me pus a fazer o download de meu passado, e vi também, como a escritora dizia, que tudo que fiz ao longo de eternas datas, foi estar disponível em todas as horas, e nunca recebi um reconhecimento ou um muito obrigado. Passei a ver que, sempre fui considerada como que na obrigação de deixar tudo fácil, tudo em seus lugares para que todos achassem sem esforço. Roupa lavada e passada, comida na mesa esmeradamente bem feita, casa limpa, porque se não estivesse ao gosto seria severamente criticada, ou no mínimo, vastas falas sobre o querer de cada um e tudo mais. Fui desde sempre, não mãe, nem esposa, nem companheira. Apenas alguém disponível, com algo sempre a doar. E nunca ninguém fez nada por mim. Nem um chá se estivesse doente, nem uma blusa passada se não pudesse fazê-lo. E sei que fui igual a tantas outras mulheres espalhadas pela face deste planeta. Fico então a pensar que não tem mesmo remédio. É assim que deve ser. Somos escravas de um sistema onde precisamos trabalhar fora para

ajudar no orçamento, e ainda continuar sendo ‘Amélias’. Haja disposição.

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As crenças humanas

O ser humano tem a tendência inata de crer em alguma coisa. Já na idade da pedra, quando a mente ainda reinava pelas obscuridades de um nascer, o homo já deixava pelas paredes das cavernas imagens do que considerava sagrado, na necessidade de sentir-se protegido. O mundo evoluiu, criaram-se religiões e crenças diversas, porque o íntimo do ser humano continuou a precisar de algo maior em que acreditar. Aí surgem os que pretendem saber como fazer as pessoas a melhorar de vida, e oferecem livros de auto ajuda, amuletos os mais diversos e conselhos não solicitados. Por falar em amuletos, uma ferradura atrás da porta, um lenço na janela, uma cruz pendurada no peito, um pé de coelho no molho de chaves. Ou quem sabe, um elefante na cozinha ou um pinguim na geladeira. Coisas da vida! Haja vista o que corre pela internet através de e-mails e similares, com as tais correntes e apresentações de PPS, pretendendo mudar a vida e o cotidiano dos que leem. Mas, se deixarmos de trabalhar e lutar pela vida, veremos se o ‘segredo’ trará o que comer e o que vestir.

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O que é ser especial

Não consegui ser diferente. Sou mais um ser que pertence aos 95% da humanidade que nada fez de especial. Nunca criei nada que fizesse a diferença, nunca inventei nada, nem fiz pesquisas especiais. Sempre vivi dentro dos padrões normais. Apenas nasci, cresci e vivi. Tentei cumprir com minhas obrigações da melhor maneira. Na escola estudei muito para obter as melhores notas, diplomar-me em três faculdades, pós-graduação, mestrado e doutorado. Especializei-me em várias áreas para melhor cumprir com meu papel de cidadã. Foi por mim que fiz isso, não porque fosse obrigada. Quando jovem obedecia meus pais, respeitava a todos no espaço que lhes era destinado. Procurei dar às pessoas o que gostava que dessem a mim. Casei, tive filhos e trabalhei para ajudar a construir um pequeno patrimônio. Das faculdades que cursei, a melhor delas foi a que me formou um ser humano, e para isso não precisei sair de casa. Porque ao criar meus filhos obtive outro doutorado, este em pedagogia, e no convívio com muita gente nas andanças pela vida, especializei-me em relações humanas. Ao cuidar de minha casa, fazendo as compras, gerenciando nossos salários, obtive um certificado de especialização em economia. E embora olhando a vida de frente e com os pés no chão, não deixei os sonhos de lado, e observando as maravilhas da natureza, coloquei esses sonhos em poemas, e acabei fazendo parte de uma grande massa de escritores, que fazem isso por prazer. Alguns seres humanos colocam seus sonhos dentro de outros sonhos, e acabam esquecendo-os ao acordar. Por isso procurei lembrar dos meus, colocando-os todos os dias na pauta de minhas metas. Mas nem sempre pude realizá-los. Por isso tudo, nunca fui especial. Mas, procurei estar pelo menos entre os que tentam ser.

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Brasília

O brasileiro faz uma imagem depreciativa de sua Capital. Resultado de uma aversão à políticos e politiqueiros que se instalam no seio daquela que é um dos Patrimônios Culturais da Humanidade. Mas o candango, gentílico dos que aqui nascem, é uma pessoa que luta por seus ideais e que tenta conservar a imagem do desenho de Lucio Costa, levantado do chão do Planalto pelas argutas mãos dos obreiros, e do fértil pensamento de Oscar Niemeyer. Além dos magníficos monumentos saídos da fértil imaginação desse arquiteto sem igual, em Brasília vemos casinhas de João de Barro nas árvores das ruas, toca da Coruja do Cerrado à beira das Avenidas e garças rosa voando sobre os veículos apressados. Não é a ilha da fantasia que todos dizem, porque aqui se luta tanto quanto, ou talvez mais que qualquer outro lugar. A poluição está presente, os congestionamentos tão monumentais como o nome do Eixo que separa as asas sul e norte, e que também atinge as demais ligações das áreas administrativas. A violência é uma constante como qualquer outra capital. Tem o ar seco de um deserto fabricado e que destrói as mucosas dos mais sensíveis. Mas em nenhum outro lugar tem a beleza de um céu de 180º de azul.

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Conserve o Planeta, ainda dá tempo! Só se mede o grau de cultura de um povo, por sua capacidade de cuidar de suas heranças culturais. Ninguém pode ser considerado verdadeiramente culto, se não souber preservar suas cidades, suas ruas, seu verde, seus livros, sua história. Dá pena ver o que se faz nos locais onde a UNESCO brindou com o título de "Patrimônio Cultural da Humanidade". Um título que é orgulho para a cidade que o recebe, e que poucos dão valor. Conserve o Planeta onde você vive, ainda dá tempo.

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Conversa com o leitor Quem compra livros hoje no Brasil são alguns poucos que pertencem àquela parcela de aproximadamente 50% que lêem. Sabemos que leem, mas não compram. Porque por mais que se divulgue a cultura e a literatura, não conseguimos chegar aos tão esperados 80%, que outros países desenvolvidos têm de leitores que compram, porque os preços das editoras brasileiras ainda fazem do livro, um artigo de luxo. De acordo com uma pesquisa realizada com o nome de ‘Retratos da Leitura no Brasil’ do Instituto Pró-Livro, e que disse que, “leitor é aquele que leu pelo menos um livro nos últimos três meses”, somos 95 milhões de leitores. Essa mesma pesquisa iluminou de esperança as Bienais Internacionais do Livro de São Paulo em 2008, no Rio em 2009, e São Paulo novamente em 2010. A pesquisa divulgou que 55% da população brasileira lia pelo menos um livro a cada três meses. No entanto, sabemos que as Bienais nem passaram perto das expectativas dos expositores, que ficaram dez dias de cada uma delas a esperar pelos leitores que não vieram, pelo menos não na proporção anunciada. A mesma pesquisa disse, referindo-se aos percentuais divulgados que, “A principal responsável por esse avanço é a escola. Da média de 4,7 livros lidos por habitante por ano no Brasil, 3,4 é literatura indicada nas salas de aula". Isso nos esclarece porque a literatura infantil está em alta. A pesquisa nacional do Pro Ler divulgou que 53% da população lê alguma coisa. E por aí a fora. Só que na prática não é bem assim. Os poucos frequentadores de livrarias não chegam nem nas proximidades desses percentuais. A literatura mais procurada ainda é a que vem do exterior. Atinge quase 90% dos 95 milhões de leitores brasileiros, porque são eles também, que compram os poucos escritores brasileiros que têm a felicidade de serem publicados. Por isso, ainda somos um País em desenvolvimento.

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Cultura e Educação

Num desses dias que se fica sem saber muito bem o que fazer, me peguei a pensar na palavra cultura. Sem me aprofundar em suas raízes de formação morfológica, léxica ou gramatical, mas sim, em seu significado. Até pouco tempo me restringi a pensar nela como seria lógico, que estaria somente ligada aos conhecimentos, quer fossem eles literários, técnicos ou o saber sobre artes e muita coisa que rola por aí a solta nesse nosso mundo. Mas percebi que, a profundidade e o alcance da abrangência de seu som, vão além da fraca imaginação corriqueira que o dicionário propõe. E após muito matutar, cheguei a uma conclusão particular, que é só minha: ser culto é estar coerente com as normas do mundo. É não jogar lixo na rua, não jogar bituca de cigarro na cabeça de quem passa na calçada, não fazer desperdício da sagrada água, chamar só um dos elevadores do andar (mesmo porque só temos um corpo), não teimar em fumar quando tem alguém por perto (porque ninguém é obrigado a fumar por tabela), acatar regras e normas (como as de trânsito, por exemplo), comer pouco e com educação, e se encher a cara de álcool não dirigir. Acho que também faz parte da cultura, ceder lugar para idosos, não xingar e buzinar nas ruas (um carro não toca a buzina sozinho), não deixar os detritos de animais de estimação nas praças, ruas e parques. Pagar conta também está no rol (afinal quem vende quer sobreviver), gastar menos do que ganha, sorrir para quem se encontra na rua, vestir roupas de seu número. Preservar a natureza não depredando as florestas (olhe nossa Amazônia), verificar o porquê que a UNESCO brindou algumas cidades como Patrimônio Cultural da Humanidade, e conservar esses atributos intactos. E por aí vai. Em minha modesta e pouco creditada opinião, Cultura não é só ter dezenas de diplomas e títulos, conhecer a herança cultural dos povos com seus quadros, estatuetas, dança, música, poesia, línguas entre outros. Por isso, Cultura, a meu ver, é saber usar o conhecimento obtido com sabedoria, mesmo que não se tenha diploma nenhum. Porque cultura é educação, e educação é cultura. 11


Erótico, mas nem tanto! A moça na capa da revista é uma verdadeira obra prima. Seios tapados com as pequenas mãos delicadas e bem feitas. Pernas estonteantemente arredondadas, rosto impecável, cabelo de ninfa. No interior da revista mais fotos nos padrões da capa, que levaram homens e mulheres de todas as idades comprarem para ver a revelação do momento. Por alguma coincidência que só a natureza pode explicar, encontrei a mesma moça em um evento a que participei. Fui apresentada e quase engasguei ao ver a realidade. Não dava para reconhecer. A lourinha não era feia, padrão normal para uma garota de sua idade. Mas estava a uma distância astronômica das fotos que vi naquelas páginas magistralmente “fotochopadas”. Como estava frio, sua face estava com manchas avermelhadas, comuns em peles claras como a dela. Os minguados cabelos puxados para trás em um simulacro de rabo de cavalo, mostravam um pescoço um tanto grosso, inerente à etnia alemã que fiquei sabendo ela pertencer. A minissaia mostrava pernas normais, um pouco finas, com alguns buracos de celulite e algumas manchas arroxeadas, dizendo que dali a alguns anos seriam varizes. Muito normal para qualquer mulher. Conversei com ela por alguns minutos, e percebi que o melhor mesmo será ela permanecer tirando fotos melhoradas com algum programa especial, porque por mais que me esforçasse, dessa conversa não se aproveitou nada do que disse. Aí pensei, erótico, só na revista especializada em tornar patinhos feios em cisnes deslumbrantes.

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O Plágio Às vezes ficamos com o coração açoitado pela incoerência de certas pessoas que se dizem poetas e escritores, que não têm muita inspiração para criar seus textos e se põem a plagiar o que outros fazem. Enquanto os plágios são poucos, alguns trechos, alguns versos, algumas idéias, até pode ser lisonjeador, porque é sinal de que os escritos que lá deixamos são bons ao ponto de, além da leitura, trazerem a vontade de serem copiados. Mas, quando os mais ousados tomam textos inteiros e os colocam como seus, nos fazem ficar com medo de deixarmos nossas obras rodando por aí, mesmo tendo todos os direitos registrados e reservados. Assim, após ter visto alguns plágios sabidamente desonestos, estou com receio de que daqui a pouco, Paola Rhoden, possa ser considerada plagiadora de suas próprias obras.

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As belezas da vida podem ser observadas nos detalhes da Natureza. 16


PAOLA RHODEN ROMANCISTA CONTISTA POETISA CRONISTA

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