Erica tocou no meu ombro. — Sei como é. O pai da Anna me
deixou assim que soube eu tava grávida e me senti muito mal. Essa dor no peito não passava. Mas passou. Ela respirou fundo. — Depois ele morreu de um acidente
de moto.
Senti meus olhos se arregalaram — Mas sua situação foi bem pior! — Eu quase gritei. — Não é uma competição, besta! — Ela me deu uma cotovelada — Na verdade ele não morreu, mas eu achei que ia na época… enfim. Era pra você rir. — Não funcionou. — Tentei parecer irritada, mas no fim ela conseguiu seu objetivo. — Bom — Ela levantou e pegou o capacete que estava
no guidom da moto — Eu to indo pra Petro. Quer uma carona? — Quero sim. — Falei pegando o capacete e esperando ela tirar a moto do estacionamento. Enquanto eu via o arco da ponte que dividia Petrolina
e Juazeiro, minha cabeça parecia ter apertado o botão de um interruptor e acendido uma lâmpada em algum lugar.
Eu não tenho nenhum melhor amigo. Meus amigos tem outros amigos mais próximos. Mas…
Eu tenho eles.
Eu tenho eles...
Eu nĂŁo preciso levar o mundo todo nas costas. por que eu sempre tento fazer isso?
Erica me deu outra manga quando me deixou em casa, e eu descobri que ela tava estagiando numa empresa especializada em mangas e nĂŁo aguentava mais tanta manga em casa. De repente passei a receber mangas ocasionalmente quando nos vĂamos pela UNIVASF.
Domingo. Estava tentando fazer um trabalho da faculdade quando vejo meu pai, vestindo seu macacão azul e com a maleta em mãos. — Pai, hoje é domingo. Pra onde o senhor vai? — Dona Dora Ligou do são gonçalo, parece que a resistência do chuveiro dela queimou e a lâmpada foi junto… — Deixa que eu vou — Levantei e calcei minhas sandálias — Me passa o endereço e a chave do carro que eu vou. Ele ia dizer algo, mas lembrei que ele estava com as costas querendo travar ontem a noite, então ele me entregou tudo. Bom, eu detesto quando o serviço é em casa de gente metida a rico. Enquanto eu tentava trocar a resistência do chuveiro, ela ficava resmungando que eu não era meu pai, que não confiava no serviço de outra pessoa, e jogando indiretas ácidas, mas engoli em seco. Meu pai provavelmente tem que ouvir coisa muito pior.
— … E meu filho só aparece aqui pra encher o saco, nem fala direito comigo só quer saber de sair pra beber e… — Pronto Dona Dora, já terminei. — Rápido! você fez direito mesmo? — Eu vou ligar e mostrar como ta tudo certo. Depois de me pagar ela me deu uma sacola com um teclado dentro. — Aproveita e joga isso fora pra mim, essa porcaria só ta ocupando espaço, tem um terreno baldio ali… — Tá bom, pode deixar… — Tentei manter o sorriso no rosto enquanto saia. Coloquei o teclado com cinto de segurança no banco de passageiro do carro. Não pude deixar de achar engraçado a cena, peguei no volante, olhando ao redor, dirigir sem carteira não é nada divertido, mesmo que não houvesse blitz comumente ali no bairro eu não poderia arriscar. respirei fundo.
Olhei ao meu redor, mas sentir um aperto no peito. Lembrei da primeira vez que peguei carona com o Alex James, e não pude deixar de pensar como seria bom quando eu que pudesse dirigir ao lado dele quando me dei conta meus olhos estavam cheios de Lágrimas reduzi a velocidade. Final de repente Ouvi uma buzina e quando olhei para o lado era Érica sem perceber eu havia parado perto de onde ela morava. — Ei Laura tudo bem? Ela perguntou eu respirei fundo. — Não! — Respondi acenando.
Eu realmente nĂŁo sei sobre o futuro
NĂŁo sei se vou continuar no curso. se for seguir os passos do meu pai.
Ainda nĂŁo tem um dia que eu nĂŁo pense nele.
Mas
NĂŁo ĂŠ a primeira vez que preciso me reconstruir.
Oi, meu nome é Carine Araújo, muito obrigada por ler até aqui! A filha do eletricista é um projeto que teve inicio há um ano atrás, em agosto de 2019 e foram previstos quatro capítulos, que apesar de diversas mudanças mantiveram sua essência, na história que você leu. Devido a problemas de saúde relacionados as minhas mãos, não pude finalizar como eu gostaria (vai faltar revisão e algumas páginas substituídas), mas eu não iria desistir até ver esse projeto finalizado, ao invés de juntando poeira digital em minhas pastas digitais. Lembrando que recebo comentários sobre o que achou em minhas redes sociais (@coisarine) e e-mail: Qualquercoisarine@gmail.com Se cuidem , e até a próxima! (Ps. Tem alguns desenhos extras a seguir)
A filha do eletricista Fim