V Congresso Nacional da Cรกritas Brasileira
Cรกritas Brasileira Guia Metodolรณgico 1
V Congresso Nacional da Cáritas Brasileira Aparecida/SP, 9 a 13 de novembro de 2016
GUIA ME TODÓLOGICO PREPARATÓRIO AO V CONGRESSO Caderno 1
Cáritas: pastoralidade e transformação social. 60 anos de solidariedade libertadora.
ORAÇÃO DO JUBILEU DOS 60 ANOS DA CÁRITAS
Pai bondoso e misericordioso / nós vos louvamos e vos bendizemos / pelos 60 anos de serviço e amor da Cáritas Brasileira. Como discípulos missionários e discípulas missionárias, / queremos a exemplo de Jesus, o Bom Pastor, / ir ao encontro das pessoas sofredoras e marginalizadas / testemunhando o amor, a justiça, a solidariedade e a paz. Que o Espírito Santo fortaleça cada vez mais / a nossa pastoralidade, / desperte no coração do nosso povo / o desejo de servir aos irmãos e às irmãs / nas situações em que a vida está ameaçada. Que a gratidão / pela celebração dos 60 anos da Cáritas / nos leve a um autêntico compromisso renovador, / para que sejamos testemunhas / da fé, da esperança e da caridade. Que a virgem Mãe Aparecida, / padroeira do Brasil, / interceda junto a seu Filho Jesus, / para que a Cáritas Brasileira revele sempre mais / o rosto amoroso de Deus. Amém!
Cáritas Brasileira
Índice
1. Introdução
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2. Os Congressos da Cáritas Brasileira
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3. Marco Referencial da Cáritas Brasileira
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4. Informes gerais do V Congresso Nacional da Cáritas Brasileira
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5. Texto de referência para o V Congresso
5.1. Viver com alegria a solidariedade libertadora 12
5.2. Viver a pastoralidade eclesial
5.3. Celebrar e comprometer-se com a solidariedade
presente na vida do povo
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5.4. Assumir a libertação das pessoas e da mãe terra
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6. Caminho metodológico e místico
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6.1 O método
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6.2 As inspirações pastorais
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6.3 Os sinais sensíveis
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6.4 A ilumunicação bíblica
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6.5 Caminho místico
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7. A preparação do V Congresso nos regionais
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8. Sugestões para as caravanas temáticas
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9. Roteiro para a avaliação do Plano Quadrienal 2012-2015 10. Orientações para a sistematização em âmbito regional
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10.1. Sistematização dos temas
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10.2. Sistematização do balanço do quadriênio
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Introdução Cáritas Brasileira
Os congressos da Cáritas Brasileira são espaços nacionais ampliados para reflexão sobre a realidade sociopolítica e econômica, da Igreja e da própria Rede Cáritas e para, a partir da avaliação do Marco Referencial do quadriênio, definir as novas prioridades estratégicas da instituição para o próximo período. São também espaços de partilha e celebração da caminhada. O V Congresso Nacional da Cáritas Brasileira, a ser realizado neste ano, assumirá o tema “Cáritas: pastoralidade e transformação social” e o lema “60 anos de solidariedade libertadora”. O 5º Congresso já começou!! E será vivenciado com maior profundidade nos encontros dos grupos, comunidades, dioceses e regionais. Com esta participação e contribuições de tantas pessoas, o encontro de novembro será um evento significativo, capaz de confirmar o que está sendo bem feito e de abrir novos caminhos exigidos pela realidade. Centramos a temática na compreensão da “pastoralidade da Cáritas”, buscando fazer uma reflexão profunda sobre esta dimensão da vida da Cáritas Brasileira, fazendo com que a celebração dos seus 60 anos seja, de fato, uma retomada do que foi vivido e um aprofundamento da sua missão. É fundamental que seja feita uma sistematização das reflexões e celebrações que serão realizadas em todo o país para que nosso V Congresso Nacional seja de fato um evento renovador da nossa missão. O V Congresso terá várias etapas preparatórias – caravanas territoriais, caravana regional, précongressos inter-regionais e um seminário nacional. O momento final será realizado entre 9 e 13 de novembro de 2016, em Aparecida/SP, em sintonia com a celebração dos 300 anos de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Os resultados da XX Assembleia Nacional, realizada em 2015, e a avaliação do quadriênio 20122015 serão os principais insumos para a atualização do Marco Referencial da Rede Cáritas no Brasil, o qual incluirá as prioridades institucionais e os objetivos estratégicos para o quinquênio 2017-2021. Agradecemos a todas as pessoas que contribuíram na elaboração desse instrumento de mobilização de toda a Cáritas Brasileira em vista de uma proveitosa realização de mais um congresso nacional. Agradecemos especialmente à pastora Nancy Cardoso Pereira, a Ivo Poletto e ao João de Jesus pelas horas e dias dedicados a esta tarefa.
Boa leitura!!
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2. Os Congressos da Cáritas Brasileira Cáritas Brasileira
“O Senhor fez em mim maravilhas” (Lc 1,49) Os congressos vêm sendo, ao longo dos anos, um espaço de celebração, avaliação e compromisso, juntando o que de melhor os/as protagonistas da solidariedade têm para oferecer como pastoral de uma Igreja em saída. Por ser obra de seres humanos, a história é sempre marcada por luzes e trevas. Da já longa história da Cáritas Brasileira, retomaremos momentos fortes em que, com processos participativos, a avaliação e a celebração de suas práticas foram fontes para aprofundar a compreensão de sua missão e definir formas de ação que garantiram a fidelidade a ela. É motivo de alegria dar-se conta que foram muitas as realizações e projetos em favor dos que mais sofrem, sempre a serviço de sua libertação das situações de injustiça e marginalização social e em prol da promoção de sua cidadania na construção de uma sociedade que se aproxime do projeto de Deus para seus filhos e filhas. É para isso que é importante recordar e, ao mesmo tempo, revivermos os congressos e outros eventos realizados anteriormente. O I Congresso Nacional foi realizado em Fortaleza/CE, em setembro de 1999. Teve como temática motivadora “Cáritas – Construindo um Novo Milênio Solidário”. Os 350 participantes vivenciaram o objetivo de “celebrar o Ano da Caridade, aprofundando a compreensão crítica da realidade, ampliando a participação dos agentes Cáritas, pastorais e movimentos nas reflexões da Cáritas Brasileira em vista da construção de novos caminhos para a prática”. A riqueza deste congresso se expressou nesta formulação da missão da Cáritas: “Promover e animar o serviço da solidariedade ecumênica libertadora, participar da defesa da vida da organização popular e da construção de um projeto de sociedade a partir dos excluídos e excluídas, contribuindo para a conquista da cidadania plena para todas as pessoas, a caminho do Reino de Deus”. Para colocá-la em prática, foram definidas as seguintes Linhas de Ação: Construção e conquista de relações democráticas e de políticas públicas; Atuação em Áreas de emergência naturais e sociais; Convivência do Semiárido; Desenvolvimento da Cultura da Solidariedade; Valorização e promoção da Economia Popular e Solidária. O II Congresso Nacional foi realizado em Belo Horizonte/MG, em setembro de 2003. O tema mobilizador foi “A Cáritas e a Construção de um Novo Projeto de Sociedade Solidária”, e teve como lema “Do local para o global, sem exclusão social”. Contou com presença de 113 entidades-membros e 492 participantes. Como fruto do longo processo de construção coletiva e do diálogo realizado no evento, a missão da Cáritas passou a ser formulada nesses termos: “a Cáritas Brasileira testemunha e anuncia o Evangelho de Jesus Cristo, defendendo a vida, promovendo e animando a solidariedade libertadora, participando da construção de uma sociedade com as pessoas em situação de exclusão social a caminho do Reino de Deus”. Foram renovadas também as Linhas de Ação: Defesa de direitos; Mobilização e conquistas de relações democráticas; Desenvolvimento solidário e sustentável; Sustentabilidade, fortalecimento e organização da Cáritas; Semiárido; Formação; Programa Infância, Adolescência e Juventude (PIAJ).
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O III Congresso Nacional, realizado em Aracajú/SE, em novembro de 2006, contou com 480 participantes e assumiu o tema “Cáritas Brasileira – A serviço da Vida”. Foi ponto de chegada de um rico processo de retomada da caminhada e da celebração dos 50 anos da Cáritas Brasileira, e expressou seu compromisso de fidelidade à missão através da solidariedade aos povos ameaçados do Rio São Francisco e de todas as comunidades do Semiárido brasileiro.
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Entre o terceiro e o quarto congressos, a XIV Assembleia Nacional foi realizada em Castanhal/PA em outubro de 2007, assumindo o tema “Missão e Desafios da Cáritas na Amazônia”. Os 233 participantes reelaboraram a formulação da Missão: “Testemunhar e anunciar o evangelho de Jesus Cristo, defendendo e promovendo a vida e participando da construção solidária de uma sociedade justa, igualitária e plural, junto com as pessoas em situação de exclusão social”. Além disso, junto com explicitação mais detalhada dos princípios orientadores e das diretrizes, na XIV Assembleia foram definidas as seguintes Prioridades Estratégicas: Promoção e fortalecimento de iniciativas locais e territoriais de desenvolvimento solidário e sustentável; Defesa e promoção de direitos e controle social de políticas públicas; Fortalecimento da articulação da Cáritas com as Pastorais Sociais, com as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e com o conjunto da Igreja. E foi explicitado que a grande prioridade a ser assumida era a Região da Amazônia. O IV Congresso Nacional foi realizado em Passo Fundo/RS, em novembro de 2011. A temática mobilizadora foi “Desenvolvimento solidário sustentável”, e o lema “Sementes de um projeto popular”. Os 428 participantes confirmaram a formulação da missão e assumiram os seguintes Princípios Orientadores: Defesa e promoção da vida – sociobiodiversidade; Mística e espiritualidade ecumênica e libertadora; Cultura de solidariedade; Relações igualitárias de gênero, etnia e geração; Protagonismo dos excluídos e excluídas; e Projeto alternativo de sociedade solidária e sustentável. As prioridades foram redefinidas: I – Promoção e fortalecimento de iniciativas locais e territoriais de desenvolvimento solidário e sustentável; II – Defesa e promoção de direitos, mobilizações e controle social das políticas públicas; III – Organização e fortalecimento da Rede Cáritas. A avaliação do IV Congresso Nacional explicitou a importância desta prática nos seguintes termos: Os congressos da Cáritas têm sido espaços nacionais ampliados. Possibilitaram reflexões críticas sobre a realidade sócio-político-econômica, sobre a Igreja e a própria Rede Cáritas. E, a partir da avaliação do marco estratégico do quadriênio, definiram novas prioridades estratégicas para a instituição para o seguinte período. Têm sido, também, espaços de partilha e celebração da caminhada. A partir deste congresso, foi decidido que serão realizados a cada cinco anos.
Para refletir e celebrar em grupos: 1) Os congressos nacionais foram passos marcantes na longa caminhada da Cáritas, mas é muito importante relembrar como eles marcaram a vida da nossa Cáritas regional e local. Quem lembra? 2) Nós fizemos nossos congressos regionais, preparados nas Cáritas diocesanas e locais. Vamos lembrar em que e como ajudaram a renovar a nossa missão e prioridades de ação? 3) Retomemos, agora, os momentos de intensa e profunda vivência de nossa espiritualidade nos congressos, fazendo com que esta memória ilumine nossa celebração no encontro atual. [A equipe animadora das reuniões pode escolher um dos momentos fortes de vivência da espiritualidade da Cáritas nos seus 60 anos e preparar dinâmicas para renovar sua celebração]
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3. Marco Referencial da Cáritas Brasileira Cáritas Brasileira
O IV Congresso Nacional da Cáritas Brasileira aprovou as seguintes referências estratégicas para a ação da Rede Cáritas: Missão: Testemunhar e anunciar o evangelho de Jesus Cristo, defendendo e promovendo a vida e participando da construção solidária de uma sociedade justa, igualitária e plural, junto com as pessoas em situação de exclusão social. Diretriz geral de ação: A Cáritas Brasileira se compromete com a construção do Desenvolvimento Solidário Sustentável e Territorial, na perspectiva de um projeto popular de sociedade democrática. Prioridades estratégicas do Plano Quadrienal 2012-2015, com os objetivos específicos: PRIORIDADES
OBJETIVOS ESPECÍFICOS 1. Promover a crítica e a denúncia sobre o modelo de desenvolvimento capitalista e seus efeitos socioambientais.
I – PROMOÇÃO E FORTALECIMENTO DE INICIATIVAS LOCAIS E TERRITORIAIS DE DESENVOLVIMENTO SOLIDÁRIO E SUSTENTÁVEL.
2. Reafirmar a construção do Projeto Popular para o Brasil a partir das experiências locais e territoriais. 3. Contribuir para o desenvolvimento de estratégias de convivência com os biomas e seus ecossistemas, preservando e defendendo os territórios dos povos e comunidades tradicionais. 4. Promover e fortalecer iniciativas de soberania e segurança alimentar e nutricional. 5. Fortalecer o desenvolvimento e a articulação de iniciativas de economia popular solidária.
II – DEFESA E PROMOÇÃO DE DIREITOS, MOBILIZAÇÕES E CONTROLE SOCIAL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS.
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1. Promover e apoiar iniciativas de defesa de direitos de populações em situação de vulnerabilidade, risco social e emergências. 2. Fortalecer a mobilização social e a capacidade de incidência em políticas públicas. 3. Fortalecer a articulação da rede Cáritas com organizações da sociedade civil e movimentos sociais. 4. Articular as ações da Rede Cáritas no espaço urbano na perspectiva do direito à cidade.
PRIORIDADES
OBJETIVOS ESPECÍFICOS 1. Ampliar a sustentabilidade da Rede Cáritas, com atenção às Cáritas Diocesanas sem regional.
Cáritas Brasileira
2. Fortalecer a comunicação para mobilização social e de recursos. 3. Garantir processos de formação na Rede Cáritas.
III – ORGANIZAÇÃO E FORTALECIMENTO DA REDE CÁRITAS.
4. Promover a gestão compartilhada em todas as instâncias da rede Cáritas. 5. Fortalecer a articulação da Rede Cáritas com Pastorais Sociais, organismos, CEBs e o conjunto da Igreja. 6. Promover o exercício do voluntariado em toda a Rede Cáritas.
7. Fortalecer e animar a vivência da mística e espiritualidade na Rede Cáritas em uma perspectiva ecumênica e do diálogo inter-religioso.
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4. Informes Gerais do V Congresso Nacional da Cáritas Brasileira Cáritas Brasileira
Local e Data: • Centro de Eventos Pe. Victor Coelho de Almeida, Aparecida/SP, de 09 a 13 de novembro de 2015. Tema: • Cáritas: pastoralidade e transformação social. Lema: • 60 anos de solidariedade libertadora. Os objetivos do V Congresso Nacional: • 1) Celebrar os 60 anos de caminhada da Cáritas Brasileira em defesa da vida; • 2) Avaliar o quadriênio 2012-2015; • 3) Compreender os desafios para a construção de um projeto popular para a sociedade brasileira; • 4) Refletir sobre a radicalidade dos princípios e da missão institucional da Rede Cáritas na atualidade; • 5) Propor as prioridades institucionais e os objetivos estratégicos para os próximos cinco anos; • 6) Realizar a feira da economia solidária. TEMAS ESPECÍFICOS
Economia solidária. Mulheres e equidade de gênero. Infância, adolescência e juventudes (ênfase em juventudes). Migrações e refugiados. Povos e comunidades tradicionais (ênfase em terra e território). Direitos humanos. Mudanças climáticas e gestão de riscos. Mundo urbano. Gestão de resíduos. Convivência com o Semiárido e a Amazônia. Segurança Alimentar e Nutricional. Formação na rede. Voluntariado.
EIXOS DE INTERVENÇÃO
Processos formativos. Voluntariado. Incidência em políticas públicas. Ação em rede (articulações / parcerias). Articulação internacional. Processos de comunicação. Mobilização de recursos. Mística e espiritualidade. Diálogo inter-religioso.
Distribuição de vagas: 1. Entidades-membros (150): 2 pessoas por entidade – Total Parcial: 300 pessoas; 2. Regionais e articulações (+ sujeitos da ação): 10 vagas por regional – Total Parcial: 150; 3. Secnac e Diretoria Nacional – Total Parcial: 20; 4. Convidados nacionais (parceiros, CNBB, assessores) – Total Parcial: 20; 5. Convidados e representações internacionais – Total Parcial: 20. Total Geral: 510 participantes. 10
5. Texto de referência para o V Congresso Nacional Cáritas Brasileira
PASTORALIDADE E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL NOS SESSENTA ANOS DA CÁRITAS BRASILEIRA “A minha alma engrandece o Senhor E o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador” (Lc 1, 46-47). INTRODUÇÃO A Cáritas Brasileira faz 60 anos e nunca foi tão presente, tão necessária e tão desafiada! Por isso tem como missão: “Testemunhar e anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, defendendo e promovendo a vida e participando da construção solidária de uma sociedade justa, igualitária e plural, junto com as pessoas em situação de exclusão social.” Presente, porque vem aperfeiçoando os modos de resposta da Igreja aos desafios do nosso tempo, criando metodologias de presença amorosa nas comunidades que vivem em meio ao sofrimento. A presença da Cáritas Brasileira se dá nos espaços diretos de ação solidária, certamente, mas ela também se faz sentir nas redes e articulações de políticas públicas, nas respostas mais amplas às emergências, na formação de comunidades e lideranças com sensibilidade e capacidade de solidariedade e na própria organização da solidariedade. Necessária, porque as desigualdades sociais que estruturam nosso país são antigas e persistentes, exigindo um esforço continuado, sistemático e constante que não se esgota em iniciativas superficiais e oportunistas. Esta capacidade continuada, aliada a uma presença enraizada de modo horizontal e participativo, faz da Cáritas Brasileira uma rede de solidariedade, num momento em que os trâmites políticos e as políticas de Estado estão crivados de disputas e necessidade de aperfeiçoamento. A prática da Cáritas não substitui os equipamentos de assistência do Estado, mas potencializa e objetiva nas comunidades a capacidade de acesso, informação e de autonomia. Mesmo que estes objetivos não sejam imediatamente alcançados, a insistência e coerência das práticas da Cáritas junto com as comunidades em que age garantem a legitimidade de sua interlocução em cenários locais, regionais e nacionais. Desafiada, porque o processo sociopolítico e econômico da última década favoreceu parcialmente o surgimento de mecanismos de atendimento a demandas das populações mais vulneráveis sem, contudo, desarmar as estruturas da desigualdade. Essas contradições criaram oportunidades, mas, ao mesmo tempo, explicitaram os limites da democracia brasileira, que exige um sistemático exercício de crítica e autocrítica. Esta insistência da intervenção descentralizada da Cáritas nos pontos críticos das relações de desigualdade gera protagonismo e inovação de respostas, mas também demanda maior radicalidade em sua missão, maior capacidade de gerenciamento de recursos, mais criatividade metodológica, mais cuidado teórico e interpretativo das relações de poder em questão. Os desafios sempre estiveram presentes na história da organização, mas agora, na celebração dos seus 60 anos, eles se tornam urgentes e inadiáveis. A presença social da Cáritas Brasileira precisa continuar sendo testemunho político de afirmação do Estado para todas as pessoas, em especial num momento em que setores religiosos, políticos e econômicos se aproveitam do debate e da intervenção social para afirmar
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interesses corporativos, mesquinhos e oportunistas. A metodologia de planejamento e de ação precisa continuar apontando para a radicalização da democracia e o aperfeiçoamento das formas de participação e controle social. Cáritas Brasileira
Esta presença, necessidade e desafios serão celebrados no V Congresso Nacional da Cáritas Brasileira, em 2016.
5.1. VIVER COM ALEGRIA A SOLIDARIEDADE LIBERTADORA “A sua misericórdia se estende de geração em geração” (Lc 1,50) Entre os desafios que se colocam na atualidade, tendo presente a rica caminhada de 60 anos da Cáritas Brasileira, está aquele de reconhecer, entender, atualizar e celebrar a missão da organização, que é de “testemunhar a anunciar o Evangelho de Jesus Cristo”, sendo parte da busca de um projeto popular de sociedade democrática. Neste sentido, a Cáritas não é uma ONG, mas também não é um movimento social nem político-partidário, não é uma ação entre amigos, nem uma campanha eventual liderada por celebridades ou políticos. Também não quer ser uma ação social da Igreja deslocada dos debates mais amplos sobre os direitos e a igualdade na sociedade brasileira, nem um serviço social desconectado da espiritualidade e da vivência da fé. A Cáritas entende a busca de um projeto popular de sociedade democrática como parte da missão evangelizadora da Igreja e se coloca a serviço mobilizando comunidades, pessoas e recursos, tendo que cuidar do amadurecimento necessário dos mecanismos de participação social sem se perder no corporativismo assistencialista. Esta busca de reafirmação da missão é o que chamamos “pastoralidade”: o caráter pastoral do trabalho articulado com um modo de ser Igreja a serviço do Reino de Deus. Jesus entra em comunhão com o seu rebanho, o seu povo, e se doa voluntariamente e com amor libertador pela salvação de todas as pessoas. Essa comunhão e autodoação têm sua fonte no amor entre o Pai e o Filho. Comunhão e autodoação é o modo de ser de Deus. Por meio de Jesus, passa a ser o modo de ser dos cristãos. Como agentes da Cáritas, todos nós fortalecemos nossa identidade de povo escolhido e reunido no amor de Cristo, o Bom Pastor. Este serviço é fruto da alegria do Evangelho, que nos humaniza e nos faz solidários com toda a criação e toda a humanidade. Acolhidos pelo amor misericordioso de Deus no mundo e na história, somos revestidos de amor: Ninguém nos pode tirar a dignidade que este amor infinito e inabalável nos confere. Ele permite-nos levantar a cabeça e recomeçar, com uma ternura que nunca nos defrauda, e sempre nos pode restituir a alegria. Não fujamos da ressurreição de Jesus; nunca nos demos por mortos, suceda o que suceder. Que nada possa mais do que a sua vida que nos impele para diante!1 A vida, no Evangelho de Jesus, é movida pelo amor que se expressa na alegria de ir ao encontro do mundo e seus seres, da humanidade e suas gentes, e de afirmar a dignidade da vida. Somos povo de ressurreição, e cremos que o amor solidário pode vencer a morte e restaurar aquilo que o pecado e a morte
1 Papa Francisco, Evangelii Gaudium, 2013: Ed. CNBB, Documentos Pontifícios, 17, Brasília, DF, par. 3. 12
destroem. Por isso, nos organizamos no trabalho pastoral e no serviço da solidariedade libertadora: como expressão da alegria do nosso encontro com Deus no mundo, na história e na humanidade. Somente graças a este encontro – ou reencontro – com o amor de Deus, que se converte em amizade feliz, é que somos resgatados da nossa consciência isolada e da autorreferencialidade. Chegamos a ser plenamente humanos quando somos mais do que humanos, quando permitimos a Deus que nos conduza para além de nós mesmos a fim de alcançarmos o nosso ser mais verdadeiro. Aqui está a fonte da ação evangelizadora. Porque, se alguém acolheu este amor que lhe devolve o sentido da vida, como é que pode conter o desejo de o comunicar aos outros?2
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A alegria do Evangelho que nos move aciona também em nós o pensamento crítico e a criatividade como presença atenta e profética. A alegria não é um analgésico que retira de nós a capacidade de sentir a dor e a indignação, mas é alimento que recebemos quando vamos ao encontro daqueles e daquelas que são os primeiros/primeiras no Reino de Deus: os pobres. Na Exortação à Alegria do Evangelho (EvangeliiGaudium), o Papa Francisco nos aponta caminhos para sair à vida missionária, à vida social: Antecipar-se – Tomar a iniciativa, sair em busca, sair a dar testemunho nas periferias. Envolver-se – Assumir, com toda a sua vida, ser povo e estar com o povo. Tocando a carne sofrida de Cristo nas pessoas. Acompanhar – Ser Igreja que caminha com seu povo em todos os processos. Frutificar – A comunidade evangelizadora mantém-se atenta aos frutos e encontra o modo para fazer com que a Palavra se encarne numa situação concreta e dê frutos de vida nova. Festejar – Celebrar, festejar cada vitória, cada passo conquistado na evangelização.
Para refletir e celebrar em grupos: 1) Que relações existem entre a fidelidade a Jesus Cristo e à missão da Cáritas? 2) Jesus Cristo é o Bom Pastor que cuida, protege, orienta e doa sua vida livremente para a libertação e salvação de todas as pessoas. Como estamos trabalhando a pastoralidade na Cáritas? 3) Por que o serviço aos mais necessitados é fonte de alegria? O que significa sermos o povo que se deixa guiar pelo Cristo ressuscitado? 4) As orientações para sair ao encontro dos pobres e da Criação explorada sugeridas pelo Papa Francisco já iluminam nossas práticas? Como podem ajudar-nos a viver com maior intensidade a alegria do Evangelho? [Elaborar orações comunitárias, na perspectiva do V Congresso Nacional]
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Papa Francisco, Ecangelii Gaudium, id., par. 8 13
5.2. VIVER A PAS TORALIDADE ECLESIAL Cáritas Brasileira
“O bom pastor dá a vida por suas ovelhas” (Jo 10,11)
A expressão “pastoral” vem do imaginário bíblico de Jesus, o Bom Pastor, que se diferencia daquele que se aproxima das ovelhas para explorar, para roubar e para matar. Jesus, o Bom Pastor, é aquele que dá a vida por suas ovelhas. Deixa 99 ovelhas no aprisco para ir ao encontro daquela uma que se perdeu. Evitando tentações de reduzir o cristianismo a práticas de louvação ou de justificativa para a busca de enriquecimento individual, afirmar a pastoralidade na Cáritas hoje significa viver uma espiritualidade enraizada nas práticas e no evangelho de Jesus Cristo. A Igreja se organiza em ministérios que respondem tanto às diferentes necessidades da vida eclesial quanto às interlocuções com a sociedade e seus desafios. A Igreja latino-americana entendeu estes ministérios como “ação pastoral”, isto é: o esforço organizativo que viabiliza a vida em comunidades de fé, e a organização de respostas por dentro da eclesialidade para a intervenção na realidade mais ampla. Assim, a catequese e a liturgia – entre outras – surgem da mesma reflexão que projeta as pastorais sociais. A vivência eclesial da fé unifica os ministérios e alimenta o diálogo necessário entre as muitas pastorais, garantindo a organicidade e comunhão da Igreja. As pastorais sociais, como respostas específicas a desafios colocados pela realidade, a apelos e gritos que vêm dos empobrecidos e excluídos, realizam um intenso processo de escuta e de interpretação, fazendo interagir de modo orgânico as motivações do Evangelho e as motivações sociais, visibilizando a presença da Igreja em meio às urgências de nosso tempo. Alguns desafios que a Cáritas Brasileira já vem assumindo são processos que precisam de empenho continuado e atualização: convivência com os biomas (caatinga/ semiárido, amazônia); ações locais de desenvolvimento sustentável e territorial (economia solidária, fundos rotativos); gestão de riscos e emergências; direitos humanos; juventudes; políticas públicas. Neste sentido, a Cáritas é presença pastoral da Igreja: sua missão é a missão da Igreja traduzida e vivida no serviço e na caridade. Toda Igreja precisa envolver-se e expressar-se em amor; e, para que isso aconteça, é também missão pastoral da Cáritas oferecer à Igreja a análise crítica, a metodologia de ação e a prática que concretizam esse amor solidário. Da mesma forma que não cabe à Cáritas substituir o Estado e suas instituições, também não deve aceitar substituir as pessoas, comunidades e agentes pastorais que constituem a Igreja. Jesus não amou radicalmente os empobrecidos de seu tempo no lugar dos discípulos e discípulas, e sim como vivência de sua missão; e, como parte dela, passou a eles/as o mandamento: amai-vos uns aos outros como eu amei a vocês, e ninguém ama mais do que quem dá sua vida pelas pessoas que ama... Da mesma forma, quem participa da pastoralidade de Jesus, como a Cáritas, precisa amar radicalmente e convocar todos os seguidores/as de Jesus para que entrem nesse caminho. A práxis do amor é vivência de fé e eclesial; daí tira sua força, sua legitimidade e seu horizonte de esperança.
“Quem não ama a seu irmão e irmã, a que vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê.” (1Jo 4,20) A Cáritas é Igreja em saída, uma das expressões da Igreja que se faz povo no meio do povo. Esta saída – pastoral, evangelizadora e missionária – cria espaços ecumênicos e inter-religiosos de encontro, partilha de dons e serviço na construção de respostas aos sofrimentos das pessoas e comunidades. O ecumenismo na base é vital para a unidade da Igreja, e a vivência amorosa de outros modos de fé e cultura enriquecem o processo.
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De modo concreto, na luta do povo negro e indígena, por exemplo, a Cáritas parte do reconhecimento da dívida social em relação a eles e colabora na afirmação da identidade, da valorização da história e de suas raízes, trabalhando pelo empoderamento das comunidades negras e indígenas enquanto agentes ativos do processo de democratização étnica e racial e de um projeto popular para o Brasil. As matrizes africanas e indígenas precisam ser evidenciadas, pois elas nos ajudam a assumir uma visão da relação ser humano/natureza/planeta Terra que coloca em questão a visão utilitarista da cultura e da civilização ocidental capitalista e nos ajuda a qualificar o projeto popular de país.
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Nosso modelo de pastoralidade é Jesus Cristo: vamos ao encontro dos/das últimos/as, daqueles/as que foram deixados, que foram expulsos da dignidade e dos direitos... e aí encontramos a Deus. Quando se lê o Evangelho, encontramos uma orientação muito clara: não tanto aos amigos e vizinhos ricos, mas sobretudo aos pobres e aos doentes, àqueles que muitas vezes são desprezados e esquecidos, «àqueles que não têm com que te retribuir» (Lc 14, 14). Não devem subsistir dúvidas nem explicações que debilitem esta mensagem claríssima. Hoje e sempre, «os pobres são os destinatários privilegiados do Evangelho»...3 Nas estruturas de um mundo desigual, a solidariedade libertadora está entre os pobres que suportam a violência e a exclusão: é ali onde a vida está ameaçada que a humanidade conhece sua profunda capacidade de resistência e de acolhimento. Longe de idealizar o pobre e a pobreza, reconhecemos a opção preferencial de Deus de fazer surgir ressurreição nesse lugar e a partir desse lugar de negação. Aqueles e aquelas que o pecado social desprezou, que o sistema econômico condenou... são eles e elas que podem gerar a extrema partilha capaz de fazer surgir o mundo novo. Por isso, o Antigo Testamento e os Evangelhos insistem: os pobres sempre tereis convosco! (Deuteronômio 15,11; Levítico 25,35; Lucas 11,41). Não como fatalidade ou destino! Não como normatização e naturalização da exploração e da desigualdade. A experiência humana de vida em sociedade é exercício de poder e fruto de relações sociais que podem estruturar exclusão e desigualdade. Ter os pobres sempre conosco significa acionar sempre de novo os mecanismos de jubileu, os mecanismos de reparação e salvação. Sempre e de novo avaliar a vida em sociedade, perguntando e se posicionando junto aos pobres: este o lugar privilegiado para conhecer e avaliar a sociedade e também para conhecer formas de resistência, solidariedade e superação. O trabalho pastoral é esta dinâmica de perguntar de novo e de novo pelos que ficaram para trás, aprendendo a ler a realidade, fazendo a crítica das relações de poder e se posicionando junto aos pobres, lugar de salvação. São lugares plurais de classe social, etnia, gênero, geração, capacidade. Antes de nós e diante de nós temos o testemunho de homens e mulheres que viveram a graça da plena alegria e do extremo serviço como exemplo e modelo de pastoralidade, radicalidade da fé e amor pelos pobres... Podemos ir lembrando os que foram testemunhas fiéis perto de nós, e também as pessoas que, por bondade de Deus, se destacaram, como por exemplo: Beato Oscar Romero da América Latina, Margarida Maria Alves, Santo Dias da Silva, Berta Cáseres (assassinada há poucos dias em Honduras por sua atuação em defesa dos direitos dos povos indígenas e camponeses), Marçal (do povo Guarani)...
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Papa Francisco, Evangelii Gaudium, p.41 15
Para refletir e celebrar em grupos: 1) Em que e como Jesus, o Bom Pastor, é a fonte da pastoralidade da Cáritas? Cáritas Brasileira
2) A missão da Cáritas é missão eclesial? Em que sentido? 3) Como a Cáritas pode, ao mesmo tempo, ser presença eclesial evangélica junto aos pobres e à Criação, que sofrem dores de parto, e presença renovadora das comunidades concretas de nossas igrejas? [a partir do Papa Francisco, que lembrou a morte de imigrantes num altar construído com pedaços de madeira dos barcos destroçados pelas águas do mar, lembremos e celebremos momentos fortes em que nossa igreja celebrou a vida, as alegrias e também os sofrimentos dos pobres...]
5.3. CELEBRAR E COMPROME T ER-SE COM A SOLIDARIEDADE PRESEN T E NA VIDA DO POVO ”Mulher, grande é tua fé! Como queres, te seja feito!” (Mt 15,28)
Em muitas práticas, Jesus vai interagir com os pobres, doentes, estrangeiros, excluídos de seu tempo, e vai identificar situações de negação de vida. A ação de Jesus é de valorizar o que os pobres são e têm. Valorizar o que já está lá: a fé! Mesmo no turbilhão das situações humanas de limite, dor e vergonha... Jesus reconhece a fé, a vida, a cura, o amor que já estão lá, e a partir dessa pequena semente... cria as condições para o empoderamento, a cura, a participação, a convivência. O próprio Reino, o projeto de Deus para e com seus filhos e filhas, já está lá, “no meio de vós”: Bem-aventurados os pobres porque deles é o Reino dos céus! (Qual a citação??) Este é nosso modelo de pastoralidade: em vez de levar verdades, soluções prontas ou modelos prontos, quando vamos ao encontro, abrimos diálogos de Boa Nova e nos encontramos com a presença amorosa de Deus no meio dos pobres. O amor já está lá esperando por nós que queremos socializar e encontrar juntos/juntas caminhos e processos de partilha, superação e solidariedade libertadora. Tudo isso já sabemos! Tudo isso move o trabalho das pastorais sociais e da Cáritas. Mas é sempre de novo oportuno reafirmar nossas motivações e reafirmar nossa metodologia: os pobres sempre tereis convosco! A Cáritas quer ser este movimento de ir ao encontro das pessoas e comunidades que conhecem o pior da vida em sociedade, aqueles e aquelas que são negados e a quem se nega o acesso às condições básicas de vida. Ali, entre elas e eles, está a fé, o amor e a solidariedade. Nosso trabalho pastoral quer ser parte, quer potencializar e compartilhar estratégias salvadoras, mecanismos de acolhimento, e fazer de novo acontecer o milagre da multiplicação: ninguém ficará com fome. Esta libertação da solidariedade é fundamental no trabalho pastoral: não está em nós a solução, a salvação e a fé. Nos movemos e nos colocamos junto aos pobres, e este é o lugar de toda crítica social, de toda análise de estratégias e, principalmente, de toda espiritualidade da solidariedade libertadora. Reunimos possibilidades, recursos e metodologias e peneiramos tudo isso a partir da educação popular e do protagonismo dos pobres: e a Boa Nova se faz! A solidariedade libertada de todo assistencialismo, populismo e sentimentalismo superficial é Boa Nova:
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Graças te dou, ó Pai, Senhor dos céus e da terra, pois escondeste estas coisas dos sábios e cultos, e as revelaste aos pequeninos (Mateus 11,25). Cáritas Brasileira
Para refletir e celebrar em grupos: 1) O que significa dizer que a solidariedade, a fé, a esperança e o amor estão presentes em nossa realidade? 2) De que forma podemos e devemos fazer crescer a solidariedade e quais as consequências disso na vivência da missão da Cáritas? 3) Iluminados pela Palavra de Deus, vamos celebrar práticas da solidariedade que nos surpreenderam, que certamente são presença de Deus na vida das pessoas e nos seres da natureza...
5.4. ASSUMIR A LIBERTAÇÃO DAS PESSOAS E DA MÃE T ERRA
“Toda criação espera ansiosamente a revelação dos filhos e filhas de Deus” (Rom 8,19)
O V Congresso Nacional da Cáritas Brasileira vai acontecer em novembro de 2016: um ano depois do desastre de Mariana/MG, quando as barragens de Fundão e Santarém, da Samarco, controlada pela Vale e BHP Billiton, se romperam liberando uma onda de lama que teria chegado a mais de 2,5 metros de altura, matando ao menos 18 pessoas e deixando um rastro de destruição e morte de cidades, vilas, plantações, animais, rios e vegetação. O Rio Doce foi tomado pela lama tóxica que chegou até o mar, deixando muitas cidades sem água, sem vida. O que se sabe é que o desastre se anunciava pela irresponsabilidade das empresas, da legislação ambiental sempre favorável aos interesses do capital e pela falta de fiscalização eficiente. Por mais que, como fruto das lutas dos afetados/as e da solidariedade política de muitas entidades, as famílias estejam recebendo algum tipo de indenização, ninguém sabe como e quando a sociobiodiversidade do Vale do Rio Doce será restabelecida. As comunidades continuam a conviver com a destruição, a lama, a sujeira e a mentira. Um ano depois, esta lama de morte ainda deve doer em nós! Também por ser lembrança de tantos outros crimes socioambientais que geraram dor, sofrimento e morte a comunidades e à Terra. Entre eles, vale lembrar especialmente as enchentes e a falta de água que afetaram o Sudeste brasileiro. Já se sabia que a desigualdade social leva muitas famílias a viverem precariamente em áreas e condições de risco em nossas cidades: beiras de córregos e rios, encostas de morros, barracos de papelão, beiras de ruas e estradas. Já se sabia que o descuido e a contaminação de córregos e rios, bem como a falta de coleta e tratamento adequado dos esgotos e lixos, eram anúncio de desastres ambientais e sanitários. Já se sabia também que o desmatamento continuado e quase total da Mata Atlântica provocaria problemas climáticos, particularmente em relação à disponibilidade de água. Mas poucos imaginavam que milhões e milhões de pessoas se sentiriam ameaçados por falta total de água, e em área urbana, sem alternativas. Recebemos, nos últimos anos, avisos insistentes da Terra de que agredir os ambientes de vida dos biomas provoca respostas ameaçadoras a todas as formas de vida. Que formas de vida não sofreram com
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as secas e fortes enchentes que ocorreram na região Sul? E no Semiárido? E na Amazônia? E no Cerrado, no qual é cada vez mais preocupante o encurtamento do tempo das chuvas – em 2015/16, começou praticamente em novembro e encerrou no final de março, deixando no ar a previsão de problemas de abastecimento em toda a região. Recebemos igualmente avisos de que precisamos conhecer e cuidar mais das relações entre os diferentes biomas. Ao faltar água no Sudeste, junto com a denúncia de todos os descuidos e das consequências da privatização e comercialização deste bem indispensável à vida, cresceu a consciência de que a falta de chuvas na região tem tudo a ver com o avanço do desequilíbrio causado pelo desmatamento crescente da floresta e pelas agressões ao ambiente no bioma Amazônia por parte das iniciativas empresarias. Diminui por lá o “rio aéreo” gerado pela umidade jogada na atmosfera na relação das águas, floresta e calor; com isso, diminui a umidade transportada para o Sudeste pelos ventos que batem na Cordilheira do Andes. Por outro lado, a diminuição das chuvas e a compactação dos solos pelos usos do agronegócio fazem com que o Cerrado não consiga mais reabastecer os aquíferos; e com menos águas neles, menos água no São Francisco, menos água para a Amazônia... A beleza e maravilha das relações entre os biomas do nosso país e de toda a Terra, bem como as notícias de desastres e ameaças de agravamento do aquecimento global e das mudanças climáticas, foram, em 2015, motivação para duas inciativas significativas: que o Papa Francisco publicasse a encíclica Laudato Si’, como convocação da humanidade a mudar profundamente o sistema sócio-político-econômico dominante e o estilo consumista de vida para enfrentar os sofrimentos dos pobres e da Terra provocados por eles; e que os 195 países reunidos pela ONU na COP 21 aprovassem o Acordo de Paris, anunciando a intenção de enfrentar as causas humanas das mudanças climáticas. As comunidades acompanhadas pela Cáritas já vêm apontando as questões ambientais e territoriais como eixo importante das lutas e das construções de estratégias. As pessoas e comunidades vivem a desigualdade e a violência em cenários agredidos e alienados. As mesmas forças que golpeiam a dignidade humana golpeiam também a natureza e seus seres. As crises climática, hídrica, de alimento, de saúde e saneamento são parte da mesma estrutura de morte que mercantiliza tudo e todos. A Cáritas já sabe, mas tem diante de si o desafio de ampliar o que se entende como solidariedade libertadora, articulando duas grandes dimensões da vida que reclamam crítica e ação: as lutas e saberes que surgem das bases, da vida dos pobres, e as lutas e saberes da vida na Terra e com a Terra. As lutas pela justiça, pelos direitos, pela economia solidária, pela agroecologia e por tudo que vai construindo o projeto popular de Brasil precisam estar unidas com as lutas em defesa de tudo que constitui os ambientes que favorecem a vida nos diferentes biomas. Não se avança na qualidade de vida sem a libertação das pessoas e sem a libertação da Terra. É isso que nos revela o apóstolo Paulo quando diz que a Terra aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos e filhas de Deus para libertar-se da opressão que a leva a gritar em dores de parto. (Cfr. Rom 8) A afirmação da autonomia, a autogestão e a radicalização da democracia no encaminhamento de projetos sociais e na construção do novo mundo possível precisa andar junto com uma reflexão e ação ecológica também radical e de base. Autonomia, comunidade e território precisam ser o horizonte político e de espiritualidade das ações, mesmo quando emergenciais. A autonomia desde as bases é fundamental e visa interromper todo mecanismo de ação que atrela as comunidades ao Estado e que apresenta as políticas públicas como elos de dependência das comunidades às instâncias estatais. O desastre de Mariana e tantos outros nos mostram quanto as comunidades não têm acesso à legislação, nem controle dos usos econômicos de seus territórios de vida. Estão à mercê das
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empresas que instrumentalizam o Estado para seus interesses. O desafio deste tempo é o de não só discutir o Estado que temos e o Estado que queremos, mas também e principalmente reforçar a autonomia das comunidades, os espaços de democracia direta que interrompem os projetos de monocultura política, econômica e social, estruturando o poder desde baixo, desde as comunidades.
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Já a partir do seu I Congresso Nacional, explicitando diferentes dimensões, a Cáritas Brasileira priorizou o debate e a participação no processo de construção de um “Projeto popular para o Brasil”, incluindo a definição do tipo de desenvolvimento que queremos. Este V Congresso precisa retomar e atualizar estas questões à luz da dramática situação política do país, da renovada violência da luta de classes entre nós e dos desafios que vêm das agressões ao ambiente vital: Qual a nossa contribuição em relação à metodologia de ação? Qual a nossa relação com o Estado? Como trabalhar com políticas públicas, de forma a gerar a autonomia das comunidades e a convivência com o ambiente vital de cada território e bioma? Esta autonomia é vivida no território, tanto na cidade quanto no campo. É o sentir-pensar as trocas materiais e simbólicas com o mundo e governar-cuidando em comunidade. O grande desafio das reformas urbana e agrária se relaciona com os temas da radicalização da democracia e da autonomia na gestão da vida das comunidades nos seus territórios. Os pequenos-grandes projetos apoiados pela Cáritas precisam estender ainda mais este horizonte e ser parte do novo que vem. Estamos num difícil momento da vida do país! A última década mexeu um pouco no eixo do poder político: avançou em algumas mudanças sociais, mas manteve uma estratégia de conciliação (com o grande capital e com as oligarquias políticas) que se esgotou. Isso está levando a uma ameaça de derrota. Há várias maneiras de explicar este esgotamento: os limites do reformismo nos países de capitalismo dependente; os limites do neodesenvolvimentismo num só país; os limites da manutenção do país como fornecedor mundial de commodities; os limites de fazer reformas sem mudar as estruturas econômicosociais fundamentais; os limites de melhorar a vida do povo sem fazer reformas estruturais; limites no estatuto jurídico e político do Estado que explicam as ameaças e os retrocessos nas conquistas de direitos... A partir das aprendizagens, avanços e derrotas dos últimos anos, precisamos continuar animando as comunidades, retomando o trabalho de base da educação popular e política, evitar e combater o fatalismo e a passividade e insistir, com nossos parceiros/as e redes, na busca de um projeto popular para o Brasil que precisa inovar e radicalizar nos modos de participação política, tomada de decisões, acompanhamento de processos e execução de políticas. A radicalização da democracia é tarefa e mística alimentada pela ressurgência dos modos utópicos de vida dos povos originários. O horizonte e a utopia que nos atraem e nos provocam a multiplicar práticas concretizadoras da civilização do Bem Viver, acolhida por nós dos povos que são sinais históricos da ressurreição por terem sobrevivido a um decreto de extermínio de cinco séculos.
Inspirando-nos em Maria, Aparecida Estando em Aparecida no âmbito das comemorações de 300 anos da Aparição, retomamos um imaginário da fé popular que surge nas águas barrentas do Rio Paraíba do Sul, pelas mãos de pescadores pobres: uma Maria Negra.
Entre a lama do Rio e a devoção popular, a Senhora Negra foi reunindo a fé do povo e suas aspirações.
Desde baixo, na vida de trabalhadores, no meio da natureza... tudo isso é artigo de fé! Teologia primeira! Também as formas de poder que vão se organizar em torno da religião do povo, e as formas institucionais de controle da Senhora – mulher e negra –, vestida pelo Império, elevada ao posto de Padroeira... deixando
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o povo longe, na devoção sem protagonismo.
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As manifestações da piedade popular católica que têm a Virgem Maria como referência precisam ser valorizadas e, onde for necessário, aperfeiçoadas a partir da boa nova de Jesus Cristo. Tais práticas têm grande significado para a preservação e a transmissão da fé e para a iniciação à vida cristã, bem como para a promoção da cultura. “As expressões da piedade popular têm muito que nos ensinar e, para quem as sabe ler, são um lugar teológico a que devemos prestar atenção particularmente na hora de pensar a nova evangelização” (DGAE 88). Este momento deve nos ajudar a pensar os desafios das práticas populares. Em Aparecida, a Cáritas tem a oportunidade de reafirmar seu compromisso com o povo negro, indígena e marginalizado, e em especial com os jovens e as mulheres negras e suas comunidades sofridas e lutadoras. Nas águas do Paraíba, na lama da vida do povo, foi encontrada a imagem de Maria! Esta é a expressão de fé do povo que nos acompanha nestes 60 anos. O desafio de invocar a Senhora Negra na defesa das Mães de Maio e de todas as mães dos mártires das lutas por libertação, da juventude negra da periferia, dos quilombolas, e tantos outros desafios que vêm das águas barrentas da vida do povo!
Para refletir e celebrar em grupos: 1) De muitos tipos de “lama” vem e cresce o sofrimento dos pobres das cidades e do campo, junto com o sofrimento da Mãe Terra. Lembrando de Mariana/MG, que tipos de “lama” estão acontecendo em nossa região? 2) O que significa para a missão da Cáritas o desafio de saber que a libertação das pessoas se faz junto com a libertação da natureza? 3) Como não aceitar que nos roubem a esperança, e como renovar a esperança das pessoas e comunidades nas situações concretas em que vivemos em nosso país e no mundo? [Façamos nosso o cântico de Maria e a oração de Dom Helder, e assumamos o compromisso de continuar firmes no caminho da libertação integral, social e ambiental...]
Cântico da Mãe de Jesus e nossa:
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“A minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humildade da sua Serva. Todas as gerações, de agora em diante, me chamarão feliz, porque o Poderoso fez em mim coisas grandiosas. O Seu nome é santo, e Sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o temem. Ele mostrou o poder de seu braço: dispersou os que têm planos orgulhosos em seu coração. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Encheu de bens os famintos, e mandou embora os ricos de mãos vazias. Acolheu a Israel, seu servo,
lembrando-se de sua misericórdia, conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre.” (Lc 1,47-55)
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Cântico de Dom Helder a Mariama Mariama, Nossa Senhora, mãe de Cristo e Mãe dos homens! Mariama, Mãe dos homens de todas as raças, de todas as cores, de todos os cantos da Terra. Pede ao teu filho que esta festa não termine aqui, a marcha final vai ser linda de viver. Mas é importante, Mariama, que a Igreja de teu Filho não fique em palavra, não fique em aplauso. Não basta pedir perdão pelos erros de ontem. É preciso acertar o passo de hoje sem ligar ao que disserem. Claro que dirão, Mariama, que é política, que é subversão. É Evangelho de Cristo, Mariama. Claro que seremos intolerados. Mariama, Mãe querida, problema de negro acaba se ligando com todos os grandes problemas humanos. Com todos os absurdos contra a humanidade, com todas as injustiças e opressões. Mariama, que se acabe, mas se acabe mesmo a maldita fabricação de armas. O mundo precisa fabricar é Paz. Basta de injustiça! Basta de uns sem saber o que fazer com tanta terra e milhões sem um palmo de terra onde morar. Basta de alguns tendo que vomitar para comer mais e 50 milhões morrendo de fome num só ano. Basta de uns com empresas se derramando pelo mundo todo e milhões sem um canto onde ganhar o pão de cada dia. Mariama, Senhora Nossa, Mãe querida, nem precisa ir tão longe, como no teu hino. Nem precisa que os ricos saiam de mãos vazias e os pobres de mãos cheias. Nem pobre nem rico. Nada de escravo de hoje ser senhor de escravo de amanhã. Basta de escravos! Um mundo sem senhor e sem escravos. Um mundo de irmãos! De irmãos não só de nome e de mentira. De irmãos de verdade, Mariama.
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6. Caminho metodológico e místico
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6.1. O método O caminho metodológico e místico do V Congresso Nacional da Cáritas Brasileira estará atento aos sinais presentes no contexto social, na Igreja e na própria Rede Cáritas. Para aprofundar as reflexões e construir o novo Marco Referencial da rede, será aplicado o método Ver-JulgarAgir-Celebrar, que surge nas práticas das pastorais sociais e das Comunidades Eclesiais de Base como uma ferramenta de ligação entre a prática e a teoria e com um sentido de promover um senso crítico sobre a realidade em que atuamos. VER o que somos e como atuamos, com a iluminação do texto de referência, que nos provocará a analisar a identidade da Cáritas, no sentido da pastoralidade, e os desafios atuais para a missão e a ação da rede Cáritas, no sentido da transformação social. VER a consistência e o alcance das nossas práticas, a partir do balanço do Quadriênio 2012-2015 da rede Cáritas, para identificar avanços e limites de nossa ação frente às prioridades e para compreender a nossa presença nos espaços de articulação e de mobilização social em torno de direitos. JULGAR o que condiciona o contexto e a nossa prática, à luz da leitura da realidade social e do Ensino Social da Igreja. Essa reflexão buscará o aprofundamento das temáticas com as quais a Rede Cáritas trabalha, em diálogo com os sujeitos da ação (grupos acompanhados, comunidades, agentes Cáritas e parceiros). O objetivo desse momento é refletir sobre as práticas, denunciar as situações de violação de direitos e propor alternativas. AGIR em sintonia com a nossa identidade e com o olhar sobre a realidade. A partir das pistas pastorais, iremos sistematizar as análises e as proposições surgidas no JULGAR com o objetivo de organizar e orientar a ação da Rede Cáritas para o próximo quinquênio. CELEBRAR a caminhada e a disposição de seguir adiante. O V Congresso Nacional acolherá o acúmulo das reflexões sobre as temáticas e sobre as alternativas. Dessa forma, terá condições de confirmar a identidade da Cáritas Brasileira e atualizar o Marco Referencial para o período 20172021 (missão, diretriz geral, prioridades institucionais e objetivos da ação Cáritas no Brasil), em sintonia com os olhares dos sujeitos da ação e dos parceiros. Embora todos os momentos do método estejam articulados durante toda a preparação e a realização do V Congresso Nacional, em cada etapa será reforçado algum ou alguns destes componentes, conforme o quadro a seguir: ETAPA Construção do texto de referência e do caminho metodológico. Caravanas temáticas nos territórios e nos regionais. Pré-congressos inter-regionais e seminário/caravana nacional. Congresso nacional.
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MOMENTO VER VER, JULGAR E AGIR JULGAR E AGIR AGIR E CELEBRAR
6.2. As inspirações pastorais: A realização do V Congresso Nacional assumirá as seguintes inspirações pastorais: • Jubileu dos 60 anos da Cáritas Brasileira; • Jubileu dos 300 anos de Aparecida – 2017; • Jubileu extraordinário da Misericórdia – de 08/12/2015 a 20/11/2016; • Exortação apostólica Alegria do Evangelho (EvangeliiGaudium), sobre o anúncio do evangelho no mundo atual. • Carta Encíclica Louvado Seja (Laudato Si’), sobre o cuidado da casa comum. • Lugar bíblico da Galileia, como lugar da festa e missão, continuando o caminho bíblico feito até a XX Assembleia Nacional da Cáritas Brasileira. Nesta perspectiva, é necessário dialogar com o momento atual dos conflitos entre povos na região da Galileia e a militarização do território.
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6.3. Os sinais sensíveis • A imagem de N. Sª. Aparecida, em peregrinação pelos regionais da Cáritas Brasileira; • Nas caravanas temáticas, estandartes de mártires e santos/as da caminhada; • No V Congresso Nacional, estandarte de N. Sª. de Guadalupe, padroeira da América Latina.
6.4. A iluminação bíblica • Oração do Jubileu dos 60 anos da Cáritas Brasileira; • Cântico de Maria (Lc 1, 39-56), o Magnificat, que possui toda dimensão da pastoralidade, trazendo a figura feminina sobre a resistência dos pobres – o rosto materno de Deus. “Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E exclamou em alta voz: ‘Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio. Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas’! E Maria disse: ‘Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo. Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem. Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos. Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes. Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre’. Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois, voltou para casa”.
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6.5. Caminho místico Cáritas Brasileira
Iluminados pelo Cântico do Magnificat queremos celebrar os 60 anos da Cáritas reconhecendo a organização dos empobrecidos e empobrecidas nos grupos, movimentos, comunidades e tantos coletivos que lutam por transformação social. O chão sagrado de Aparecida, em São Paulo, nos convida a recordar o mistério das águas. O Papa Francisco, recordando a aparição da imagem de Nossa Senhora Aparecida, diz: “Os pescadores não desprezam o mistério encontrado no rio, embora seja um mistério que aparece incompleto. Não jogam fora os pedaços do mistério. Esperam a plenitude. [...] Há aqui algo de sabedoria que devemos aprender. Há pedaços de um mistério, como partes de um mosaico, que vamos encontrando. [...] Depois os pescadores trazem para casa o mistério. O povo simples tem sempre espaço para abrigar o mistério.”4 A caminhada da Cáritas Brasileira sempre nos colocou em diálogo de aprendizado com as pessoas empobrecidas. Com elas temos aprendido e resignificado a prática da solidariedade libertadora. O convite do Papa Francisco é para que a Igreja aprenda com o mistério de Aparecida. A peregrinação da Imagem de Nossa Senhora Aparecida, os processos preparatórios e a realização do V Congresso Nacional são um convite para que toda a Rede Cáritas também aprenda com Aparecida, com os pobres e com a solidariedade. O ofício que apresentamos a seguir é também um convite para celebrar a caminhada da Cáritas nas comunidades, paróquias, dioceses e regionais; e, junto com Maria, com as empobrecidas e empobrecidos, alimentar nossas forças para seguir lançando as redes na busca de novidades para garantir a transformação social. OFÍCIO DE NOSSA SENHORA APARECIDA Para acolhida da Imagem Peregrina – Cáritas Brasileira – 60 anos Ambiente: Bandeira do Brasil, círio ou vela grande, cartaz com logomarca dos 60 anos da Cáritas, rede de pesca e outros elementos que representem a história da Cáritas. Acolhida Animador/a: Os pobres pescadores que lançavam suas redes ao Rio Paraíba estavam desanimados por nada conseguirem pescar naquele dia de outubro de 1717. A imagem da virgem que surge das águas, pequenina e negra, alimenta as redes e as esperanças dos três pescadores. Na celebração dos 60 anos da Cáritas Brasileira, queremos continuar lançando as redes junto com empobrecidas e empobrecidos, e inspirados pelo testemunho dos pescadores do Rio Paraíba, alimentar as esperanças para seguir testemunhando e anunciando o Evangelho de Jesus Cristo, com alegria, na opção pelos pobres e inspirados por Maria. (Enquanto canta, a imagem é entronizada no espaço. Se for nos espaços de trabalho da Cáritas, sugere-se que seja carregada por mulheres. Se o momento acontecer com algum grupo ou comunidade acompanhada, a sugestão é que seja levada pelos sujeitos – crianças, jovens, catadoras/ es, agricultoras/es, indígenas, quilombolas e outros) 4 Discurso do Papa Francisco no Encontro com o Episcopado Brasileiro. Rio de Janeiro, 27 de julho de 2013.
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Canto: Viva a mãe de Deus e nossa Sem pecado concebida, Salve, Virgem imaculada, Ó Senhora Aparecida.
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1. Aqui estão vossos devotos Cheios de fé incendida De conforto e de esperança, Ó Senhora Aparecida. 2. Virgem santa, virgem bela, Mãe amável, mãe querida, Amparai-nos, socorrei-nos, Ó Senhora Aparecida. Recordação da Vida: Acolher as pessoas... Lembrar o sentido da Imagem Peregrina, e convidar os presentes a trazer fatos, pessoas, situações que são para nós sinais de esperança que nos motivam a celebrar os 60 anos da Cáritas. Em novembro de 2016, a Cáritas Brasileira realizará seu V Congresso Nacional, na cidade de Aparecida, sob o olhar cuidadoso e profético de Maria. A Imagem Peregrina que estamos acolhendo é um sinal sensível que nos une a toda a Rede Cáritas no Brasil neste ano celebrativo. Junto à imagem e na memória de Maria, que caminhou com Jesus e seus discípulos e discípulas, queremos recordar a caminhada da Cáritas (em nossa paróquia, [arqui]diocese, regional, cidade, grupo, comunidade) na promoção da vida, na luta por justiça e por um mundo mais igualitário e plural. Hino: Santa Mãe Maria, nesta travessia, cubra-nos teu manto cor de anil Guarda nossa vida, mãe Aparecida, Santa padroeira do Brasil. Ave Maria, Ave Maria. Ave Maria, Ave Maria. Mulher peregrina, força feminina, a mais importante que existiu Com justiça queres que nossas mulheres sejam construtoras do Brasil. Com amor divino guarda os peregrinos nesta caminhada para o além! Dá-lhes companhia, pois também um dia foste peregrina de Belém. Leitura Bíblica: Aclamação: Vamos ouvir uma palavra bonita que vai sair daqui agora. / Palavra de Jesus Cristo, Filho de Nossa Senhora. Lc1, 39-56 Meditação: silêncio - partilha - refrões... 25
Cântico de Maria
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Com Nossa Senhora Aparecida, cantemos as maravilhas que o Senhor fez através das ações da Cáritas e proclamemos o sonho de novo Céu e Nova Terra, com justiça e solidariedade. Virá o dia em que todos Ao levantar a vista Veremos nesta terra Reinar a liberdade. (bis) 1. Minha alma engrandece / ao Deus libertador, se alegra meu espírito / em Deus meu Salvador, pois Ele se lembrou / do seu povo oprimido, e fez da sua serva / a mãe dos esquecidos. 2. Imenso é Seu amor / sem fim Sua bondade, pra todos que na terra / Lhe seguem na humildade. / Bem forte é nosso Deus, levanta o Seu braço, / espalha os soberbos, destrói todos os males. 3. Derruba os poderosos / dos seus tronos erguidos, / com sangue e suor / do Seu povo oprimido, / e farta os famintos, / levanta os humilhados, / arrasa os opressores, / os ricos e os malvados. 4. Proteje o Seu povo / com todo o carinho, fiel é Seu amor / em todo o caminho. Assim é o Deus vivo / que marcha na história, bem junto do Seu povo / em busca da vitória. Preces: Irmãos e irmãs, confiantes no Deus de Maria, que levanta os humilhados e enche de bens os famintos, façamos os nossos pedidos. Ouve o grito, que sai do chão, dos oprimidos em oração! . Ouve, ó Deus, o grito das águas e da terra que são destruídos pelos projetos do agronegócio. . Reforça a luta das mulheres por igualdade com seus companheiros; que juntos, em parceria, possamos construir o mundo novo... . Acolhe na tua glória, junto com Maria, os agentes Cáritas que já fizeram sua Páscoa definitiva. Preces espontâneas Oração: Ó Deus, quiseste que a mãe do teu Filho fosse amada e querida por todo o povo brasileiro, como mãe negra, Aparecida. Celebrando os 60 anos da Cáritas Brasileira, derrama sobre nós a alegria do teu amor, e reforce todas as lutas pela defesa da vida e pela promoção dos direitos. Isso Te pedimos em nome de Jesus, nosso Senhor. Amém. Saideira: (Enquanto cantam, as pessoas dançam com a Imagem Peregrina. Pode também fazer uma pequena procissão pelo espaço).
Ô, Mamãe, / abraça eu, Mamãe, / embala eu, Mamãe, / Cuida de mim. 26
7. A preparação do V Congresso Nacional nos regionais Cáritas Brasileira
Cada inter-regional assumirá de três a quatro temas específicos e organizará a reflexão acerca destes temas a partir dos eixos de intervenção previstos, os quais servirão como ferramentas para a sistematização dos resultados. TEMAS SELECIONADOS PELOS INTER-REGIONAIS INTER-REGIONAL NORTE
SUDESTE
NORDESTE
SUL
CENTRO-OESTE
TEMAS ESPECÍFICOS Povos e populações tradicionais na Amazônia. Migrações e refugiados. Infância, adolescência e juventudes. Mudanças climáticas e gestão de riscos. Mundo urbano. Migrações e refugiados. Gestão de resíduos, com ênfase em catadores/as. Convivência com o Semiárido. Economia solidária. Infância, adolescência e juventudes. Mulheres e equidade de gênero. Mudanças climáticas e gestão de riscos. Migrações e refugiados. Segurança alimentar e nutricional. Economia solidária. Infância, adolescência e juventudes. Voluntariado. Formação na rede.
A seguir, apresenta-se um exemplo de organização da reflexão sobre um tema específico – no caso, a economia solidária – nos regionais, a partir dos eixos de intervenção que a Rede Cáritas assume: Processos formativos – Como a rede Cáritas desenvolve os processos formativos em torno da economia solidária? Que objetivos são assumidos? Que públicos são articulados? Quais são os avanços e os limites dos processos formativos? Voluntariado – Como a rede Cáritas envolve agentes voluntários em torno da economia solidária? Como esses agentes atuam? De que forma a Cáritas valoriza essa participação? Incidência em políticas públicas – Como a atuação da rede Cáritas na economia solidária contribui para sua construção enquanto política pública? Que medidas são adotadas pelo poder público para o desenvolvimento da economia solidária? Que ações específicas de incidência foram desenvolvidas nesse período? Ação em rede (articulações / parcerias) – Em que espaços de articulação da economia solidária a rede Cáritas participa? Como as parcerias em torno da economia solidária contribuem para a autonomia e a autogestão nas comunidades? Articulação internacional – Que iniciativas de articulação internacional a rede Cáritas consegue desenvolver no campo da economia solidária? Com quais parcerias? Como a articulação internacional contribui para a afirmação da economia solidária como uma alternativa de desenvolvimento sustentável e solidário? Processos de comunicação – Como a rede Cáritas desenvolve os processos de comunicação em torno da economia solidária? Em que medida os processos de comunicação contribuem para o engajamento dos sujeitos da ação na construção da economia solidária e da própria rede Cáritas?
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Cáritas Brasileira
Mobilização de recursos – Como a rede Cáritas desenvolve os processos de mobilização de recursos em torno da economia solidária? Em que medida os recursos captados contribuem para o fortalecimento da rede Cáritas e dos grupos acompanhados? Mística e espiritualidade – Como a rede Cáritas integra a dimensão da mística e espiritualidade em sua ação no campo da economia solidária? Que valores e símbolos da economia solidária estão presentes na mística e espiritualidade da rede Cáritas? Que valores da mística e espiritualidade da rede Cáritas estão presentes na economia solidária? Diálogo inter-religioso – Como se evidencia na atuação com a economia solidária o diálogo interreligioso? Observação: Cada regional poderá escolher outros temas específicos, conforme sua realidade, desde que não haja prejuízo para o aprofundamento dos temas selecionados pelo respectivo inter-regional.
AS ETAPAS DE PREPARAÇÃO Etapa 1 – As caravanas temáticas percorrerão os territórios nos regionais para promover a escuta ativa dos sujeitos da ação (grupos acompanhados, comunidades, agentes Cáritas, parceiros). Também serão espaços para a peregrinação da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Etapa 2 – As caravanas regionais receberão e organizarão os resultados das caravanas territoriais, para indicar as situações de violação/negação de direitos que ocorrem nos territórios naquela temática específica e sobre as práticas e alternativas assumidas pelos sujeitos. Também consolidará o balanço do quadriênio. Etapa 3 – Os pré-congressos inter-regionais farão a sistematização das temáticas selecionadas, com base nas conclusões das caravanas regionais, e construirão uma síntese da avaliação da execução do Plano Quadrienal no inter-regional. Etapa 4 – No seminário nacional, serão realizadas partilhas, reflexões e aprofundamentos das temáticas desenvolvidas e o desenho das prioridades para o próximo quinquênio.
CRONOGRAMA GERAL ETAPA 1ª 2ª 3ª 4ª
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EVENTO Caravanas temáticas nos territórios Caravana regional Pré-congressos inter-regionais Seminário / caravana nacional
PRAZO Abril a julho / 2016 Julho e agosto / 2016 Agosto e setembro / 2016 Setembro / 2016
8. Sugestões para as caravanas temáticas Cáritas Brasileira
O objetivo das caravanas temáticas é promover a escuta ativa dos sujeitos da ação (grupos acompanhados, comunidades, agentes Cáritas, parceiros). Cada caravana poderá abordar um ou mais temas específicos e utilizar diferentes dinâmicas, de acordo com a temática e com as experiências desenvolvidas nos territórios. A seguir, apresentam-se alguns exemplos para a organização das caravanas territoriais e regionais: DESENHO DE CARAVANA TEMÁTICA SOBRE MIGRAÇÃO E REFUGIADOS Sujeitos da ação: agentes Cáritas, migrantes e refugiados. Parceiros: Serviço Pastoral dos Migrantes, Defesa Civil, Secretarias de Assistência Social, etc. Metodologias: Seminários, rodas de conversa e audiências. Roteiro: dos territórios para as dioceses e para o inter-regional. DESENHO DE CARAVANA TEMÁTICA SOBRE CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO Sujeitos da ação: agentes Cáritas, comunidades e empreendimentos econômicos solidários. Parceiros: ASA, Pastorais sociais, Secretarias de Assistência Social, etc. Metodologias: plenárias, visitas, seminários e celebrações. Roteiro: dos territórios para as regiões pastorais, para os regionais e para o inter-regional. DESENHO DE CARAVANA TEMÁTICA SOBRE MUNDO URBANO Sujeitos da ação: agentes Cáritas, catadores/as, movimentos e comunidades afetadas. Parceiros: Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Pastorais sociais, Secretarias das Cidades e/ou Desenvolvimento Urbano, etc. Metodologias: rodas de conversa, intercâmbios e missão nos territórios (romaria). Roteiro: sub-regionais, interestadual e inter-regional. DESENHO DE CARAVANA TEMÁTICA SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS Sujeitos da ação: agentes Cáritas e comunidades afetadas. Parceiros: Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social, Defesa Civil, Pastorais sociais, etc. Metodologias: audiência, rodas de conversa, partilha de saberes, seminário e ato público. Roteiro: sub-regionais, interestadual e inter-regional.
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9. Roteiro para a avaliação do Plano Quadrienal 2012-2015 Cáritas Brasileira
A aplicação de um instrumental comum para a avaliação do Plano Quadrienal 2012-2015 tem o objetivo de construir uma visão compartilhada acerca dos avanços, das dificuldades e dos desafios para a rede Cáritas na construção da solidariedade e das mudanças sociais. Ao mesmo tempo, ele permite a inclusão de experiências específicas das entidades-membroS e dos regionais, para evidenciar a diversidade de atuação da Cáritas. O foco da avaliação é a verificação do alcance dos objetivos e metas do Plano Quadrienal da Cáritas Brasileira. Na parte 3 deste Guia (Marco Referencial da Cáritas Brasileira), é apresentado o conjunto de objetivos específicos que foram assumidos para o quadriênio 2012-2015.
A seguir, apresenta-se o roteiro que deverá ser utilizado para o balanço do quadriênio:
1º bloco – a ação realizada – Neste bloco, deve ser feito o resgate das atividades realizadas. O instrumental permitirá anotar as atividades vinculadas a cada objetivo/meta do quadriênio 20122015 e informar outras iniciativas não relacionadas diretamente aos objetivos do plano quadrienal. 2º bloco – análise do alcance da ação – Neste bloco, deve ser feito o registro dos resultados alcançados a partir das ações realizadas em cada objetivo específico. 3º bloco – identificação dos desafios – Neste bloco, deve ser feito o registro das principais dificuldades encontradas para a realização da ação, com destaque para os desafios que permanecem. 4º bloco – análise global do plano quadrienal – Neste bloco, deve ser feita uma reflexão sobre a consistência do plano quadrienal, com base na pergunta seguinte: Como o Plano Quadrienal 2012-2015 conseguiu responder aos desafios? Em seguida, propõe-se uma discussão sobre como a dinâmica do Sistema de Planejamento, Monitoramento, Avaliação e Sistematização (PMAS) contribui para qualificar a ação da Rede Cáritas? Finalmente, deve ser feita uma discussão sobre necessidades de modificação nos princípios e na missão institucional e sobre quais devem ser as diretrizes e as prioridades para o próximo período?
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10. Orientações para a sistematização em âmbito regional
Cáritas Brasileira
10.1. Sistematização dos temas
A partir das caravanas regionais, os secretariados regionais produzirão materiais de socialização das reflexões feitas sobre os temas, sobre as práticas que ocorrem nos territórios e sobre as situações de violação/negação de direitos. Esse material poderá ser organizado em textos, vídeos, músicas, mostras fotográficas, memoriais, etc., para ser compartilhado no momento inter-regional e no V Congresso Nacional. A seguir, apresentamos algumas questões comuns para orientar essa sistematização. Elas podem ser consideradas em sua totalidade ou de forma parcial em cada material: a) Expressar uma síntese da concepção que norteia a ação do regional na temática; b) Mostrar os públicos/sujeitos com os quais a rede Cáritas interage na temática e destacar as principais demandas e conquistas desses sujeitos; c) Descrever os processos formativos que a rede Cáritas desenvolve na temática, com seus avanços e limites; d) Expressar as formas de participação de agentes voluntários na temática, em especial nos espaços da rede Cáritas; e) Mostrar como o poder público assume essa temática e os mecanismos utilizados pela rede Cáritas e pelos sujeitos da ação para gerar incidência nas políticas públicas; f) Destacar os espaços de articulação territorial em torno da temática; g) Apresentar, quando houver, as iniciativas de articulação internacional na temática e como contribuem para melhorar a intervenção da rede Cáritas; h) Resgatar os processos de comunicação em torno da temática e sua contribuição para o empoderamento dos sujeitos da ação; i) Mostrar como a rede Cáritas mobiliza recursos para sua intervenção na temática; j) Descrever como a presença da Cáritas na temática incorpora a dimensão da mística e espiritualidade e como essa vivência retroalimenta a própria rede. Enfatizar os valores e símbolos que fazem parte dessa dimensão; k) Apresentar, quando houver, como a presença da Cáritas na temática contribui para alimentar o diálogo inter-religioso.
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10.2. Sistematização do balanço do quadriênio Cáritas Brasileira
Esse é o instrumental a ser utilizado para a sistematização do balanço do quadriênio: 1º BLOCO – A AÇÃO REALIZADA EM CADA PRIORIDADE INSTITUCIONAL PRIORIDADE I – PROMOÇÃO E FORTALECIMENTO DE INICIATIVAS LOCAIS E TERRITORIAIS DE DESENVOLVIMENTO SOLIDÁRIO E SUSTENTÁVEL. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1. Promover a crítica e a denúncia sobre o modelo de desenvolvimento capitalista e seus efeitos socioambientais
Mais de 50% das entidadesmembros da Cáritas envolvidas em processos concretos de mobilização (Rio +20, Copa, etc.)
2. Reafirmar a construção do Projeto Popular para o Brasil a partir das experiências locais e territoriais
100% dos Regionais identificando e sistematizando pelo menos uma experiência que aponte para o Projeto Popular
3. Contribuir para o desenvolvimento de estratégias de convivência com os biomas e seus ecossistemas, preservando e defendendo os territórios dos povos e comunidades tradicionais
4. Promover e fortalecer iniciativas de soberania e segurança alimentar e nutricional
5. Fortalecer o desenvolvimento e a articulação de iniciativas de economia popular solidária
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METAS QUADRIENAIS
Mais de 50% das entidadesmembros da Cáritas assumem a defesa dos povos e comunidades tradicionais Consolidada a Rede Cáritas na Amazônia Secretariado Nacional e Regionais da Cáritas com programas de segurança alimentar em execução Mais de 10 grupos acompanhados pela Rede Cáritas, em cada Regional, acessando as políticas de segurança alimentar 200 mil assinaturas na Campanha da Lei da Economia Solidária (EcoSol) Redes de Fundos de Solidariedade articuladas em todos os regionais e em âmbito nacional
PRINCIPAIS ATIVIDADES REALIZADAS
PRIORIDADE II – DEFESA E PROMOÇÃO DE DIREITOS, MOBILIZAÇÕES E CONTROLE SOCIAL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1. Promover e apoiar iniciativas de defesa de direitos de populações em situação de vulnerabilidade, risco social e emergências
2. Fortalecer a mobilização social e a capacidade de incidência em políticas públicas.
METAS QUADRIENAIS
PRINCIPAIS ATIVIDADES REALIZADAS
Cáritas Brasileira
Programa de Infância, Adolescência e Juventude (PIAJ) consolidado Política sobre os catadores/as implementada Secretariado Nacional e Regionais da Cáritas envolvidos nas mobilizações pelo marco regulatório da relação Estado/ Sociedade Atuação sistemática da Rede Cáritas em oito políticas públicas (moradia, economia
solidária, assistência social, ambiente, segurança alimentar e nutricional, direitos de crianças e adolescentes, juventude, desenvolvimento rural)
3. Fortalecer a articulação da Rede Cáritas com organizações da sociedade civil e movimentos sociais
4. Articular as ações da Rede Cáritas no espaço urbano, na perspectiva do direito à cidade
Atuação sistemática da Rede Cáritas em oito fóruns/redes
(moradia, economia solidária, assistência social, ambiente, segurança alimentar e nutricional, direitos de crianças e adolescentes, juventude, reforma agrária)
Pelo menos 50% das entidadesmembros da Cáritas com ações integradas e direcionadas para o desenvolvimento dos territórios urbanos
PRIORIDADE III – ORGANIZAÇÃO E FORTALECIMENTO DA REDE CÁRITAS. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1. Ampliar a sustentabilidade da Rede Cáritas, com atenção às Cáritas Diocesanas sem regional
METAS QUADRIENAIS
Rede Permanente de Solidariedade (RPS) em funcionamento, com envolvimento e participação de todas as instâncias da rede 10% do orçamento geral da Cáritas Brasileira financiado com recursos da RPS, bazares solidários e outras campanhas internas 100% dos Regionais e Secretariado Nacional com planos de mobilização de recursos efetivados Atração de novos parceiros na cooperação internacional Acesso a recursos privados Acesso a recursos públicos
PRINCIPAIS ATIVIDADES REALIZADAS
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PRIORIDADE III – ORGANIZAÇÃO E FORTALECIMENTO DA REDE CÁRITAS. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
METAS QUADRIENAIS
Cáritas Brasileira
100% dos Regionais com plano de comunicação revisado e efetivado 100% dos Regionais com comunicadores contratados 2. Fortalecer a comunicação para mobilização social e de recursos
Rede de comunicadores funcionando plenamente, com envolvimento de todos os Regionais da Cáritas Aplicação de 5% dos recursos da Cáritas na comunicação para mobilização de recursos Ampliação em 30% no acesso aos meios de comunicação social, especialmente os ligados à Igreja Católica
3. Garantir processos de formação na Rede Cáritas
60% do quadro de agentes da rede participando dos processos de formação continuada (quatro etapas) Rede formadora com referências definidas em todos os Regionais Quadro de 50 formadores/as articulados na rede
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4. Promover a gestão compartilhada em todas as instâncias da Rede Cáritas
Aplicação dos processos e instrumentais de PMAS em âmbito regional e nacional
5. Fortalecer a articulação da Rede Cáritas com Pastorais Sociais, organismos, CEBs e o conjunto da Igreja
80% das entidades-membros, 100% dos Regionais e o SecNac da Cáritas envolvidos nos processos da Semana Social Brasileira 100% das entidades-membros da Cáritas que atuam com o tema da juventude envolvidas com a Campanha da Fraternidade 2013 e a Jornada Mundial da Juventude
PRINCIPAIS ATIVIDADES REALIZADAS
PRIORIDADE III – ORGANIZAÇÃO E FORTALECIMENTO DA REDE CÁRITAS. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
METAS QUADRIENAIS
PRINCIPAIS ATIVIDADES REALIZADAS
Cáritas Brasileira
Política nacional do voluntariado elaborada e efetivada em toda a rede
6. Promover o exercício do voluntariado em toda a Rede Cáritas
10% de voluntários (as) articulados para o encontrão da Rede Cáritas 100% dos Regionais Cáritas com ações de articulação e envolvimento do voluntariado Ampliação em 50% no número de voluntários da rede
7. Fortalecer e animar a vivência da mística e espiritualidade na Rede Cáritas, em uma perspectiva ecumênica e do diálogo inter-religioso
100% da Rede Cáritas aprofundando os documentos sobre mística e espiritualidade
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1º BLOCO – OUTRAS INICIATIVAS NÃO RELACIONADAS AO PLANO QUADRIENAL
Cáritas Brasileira
• • • • • •
2º BLOCO – ANÁLISE DO ALCANCE DA AÇÃO RESULTADOS ALCANÇADOS A PARTIR DA AÇÃO REALIZADA, POR PRIORIDADE PRIORIDADE INSTITUCIONAL
PRINCIPAIS RESULTADOS (até 5) 1. 2.
I – PROMOÇÃO E FORTALECIMENTO DE INICIATIVAS LOCAIS E TERRITORIAIS DE DESENVOLVIMENTO SOLIDÁRIO E SUSTENTÁVEL.
3. 4. 5. 1. 2.
II – DEFESA E PROMOÇÃO DE DIREITOS, MOBILIZAÇÕES E CONTROLE SOCIAL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS.
3. 4. 5. 1. 2.
III – ORGANIZAÇÃO E FORTALECIMENTO DA REDE CÁRITAS.
3. 4. 5.
3º BLOCO – IDENTIFICAÇÃO DAS DIFICULDADES E DOS DESAFIOS PRINCIPAIS DIFICULDADES PARA A REALIZAÇÃO DA AÇÃO (até 5)
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DESAFIOS QUE PERMANECEM PARA A REDE CÁRITAS (até 5)
1.
1.
2.
2.
3.
3.
4.
4.
5.
5.
4º BLOCO – ANÁLISE GLOBAL DO PLANO QUADRIENAL COMO O PLANO QUADRIENAL 2012-2015 CONSEGUIU RESPONDER AOS DESAFIOS?
Cáritas Brasileira
COMO A DINÂMICA DE PMAS CONTRIBUI PARA QUALIFICAR A AÇÃO DA REDE CÁRITAS?
COMO A DIRETRIZ GERAL DE AÇÃO CONTRIBUI PARA CONSOLIDAR O DESENVOLVIMENTO SOLIDÁRIO SUSTENTÁVEL TERRITORIAL?
4º BLOCO – NECESSIDADES DE MODIFICAÇÃO NAS REFERÊNCIAS ESTRATÉGICAS MISSÃO INSTITUCIONAL Testemunhar e anunciar o evangelho de Jesus Cristo, defendendo e promovendo a vida e participando da construção solidária de uma sociedade justa, igualitária e plural, junto com as pessoas em situação de exclusão social.
SUGESTÕES DE MODIFICAÇÕES
PRINCÍPIOS • Defesa e promoção da vida – sociobiodiversidade. • Mística e espiritualidade ecumênica e libertadora. • Cultura de solidariedade. • Relações igualitárias de gênero, raça, etnia e geração. • Protagonismo dos excluídos e excluídas. • Projeto alternativo de sociedade solidária e sustentável. DIRETRIZ GERAL A Cáritas Brasileira se compromete com a construção do Desenvolvimento Solidário Sustentável e Territorial, na perspectiva de um projeto popular de sociedade democrática.
SUGESTÕES DE MODIFICAÇÕES
SUGESTÕES DE MODIFICAÇÕES
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PRIORIDADES INSTITUCIONAIS
Cáritas Brasileira
I – Promoção e fortalecimento de iniciativas locais e territoriais de desenvolvimento solidário e sustentável. II – Defesa e promoção de direitos, mobilizações e controle social das políticas públicas. III – Organização e fortalecimento da Rede Cáritas.
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SUGESTÕES DE MODIFICAÇÕES