Revista RDM, ed. 283

Page 1

www.rdmonline.com.br ANO XXI EDIÇÃO Nº 283 R$ 8,90

MATO GROSSO

PERFIL DA MULHER EMPREENDEDORA

As mulheres negras, mesmo com nível superior, sentem que empreender é o seu lugar de pertencimento CAÇADORES DE AVENTURAS

Amigos criam agência para explorar potencial turístico de MT

AÇÚCAR

Brasileiro consome 3 vezes mais que o indicado


2 RDM | 2019

RDM | 2017 3


SUMÁRIO.

CARTA DO EDITOR.

ANO XXII | EDIÇÃO Nº 281 MARÇO/ABRIL 2019

ANO XXII | EDIÇÃO Nº 283 JULHO/2019

DIRETOR DE REDAÇÃO JÕAO PEDRO MARQUES

DIRETOR DE REDAÇÃO: JOÃO PEDRO MARQUES COORDENAÇÃO DE JORNALISMO: CARLA NINOS

EDITOR GLÁUCIO NOGUEIRA

EDITOR GERAL: GLÁUCIO NOGUEIRA

18

09

Arquitetura em madeira: bonito é ser natural e sustentável

21

SINAL DE ALERTA

Brasileiro consome três vezes mais açúcar do que o indicado pela OMS

Cuiabanos experimentam os benefícios das práticas integrativas e complementares

EDITOR SECOM/MT

FOTO CAPA: G-STOCKSTUDIO/THINKSTOCK

FOTOGRAFIA: MAISLON PRADO, UNIMED CUIABÁ, CHARLES FONSECA TORRES, SECOM/MT, LORRANA CARVALHO, RAFAELLA ZANOL E JÚNIOR SILGUEIRO.

FOTOGRAFIA: CARLA NINOS, LUCAS LEITE, MAILSON PRADO, DENÍLSON CRUZ, AGIMAR MONTEIRO, ARQUIVO PESSOAL, CARLOS ALBERTO, ONU MULHERES/ MÁRCIO VELTRI, LEONARDO FINOTTI/ UOL, AMANDA OLIVEIRA/GOVBA, AGÊNCIA IBGE NOTÍCIAS, GIULIANO BERNARDON, NELSON KON, CAROL M. HIGHSMITH, LEONARDO FINOTTI, DEPOSITPHOTOS

REVISÃO: DORALICE JACOMAZI

TEXTO: CARLA NINOS, *MAILSON PRADO (*Com supervisão da coordenação de jornalismo) E LORENA LACERDA

DIAGRAÇÃO/ARTE : FERNANDO INÁCIO fidgs2@gmail.com

REDAÇÃO: (65) 3623-1170 / 3622-2310 REDAÇÃO@REVISTARDM.COM.BR

REVISÃO: DORALICE JACOMAZI TEXTO: MICHELLE CÂNDIDO, CARLA NINOS, DANIELA TOREZZAN, MAILSON PRADO

E

EVELIN DEIRANE (65) 99988-1317

11 25

23

Empresário investe na batata como carro-chefe de empreendimento e conquista os cuiabanos Saiba como participar do Prêmio Pixé de Literatura que pretende dar visibilidade para novos escritores

4 - RDM | 2019

COORDENAÇÃO DE JORNALISMO CARLA NINOS EDITOR GLÁUCIO NOGUEIRA EDITOR SECOM/MT

FOTOGRAFIA: MAISLON PRADO, UNIMED CUIABÁ, CHARLES FONSECA TORRES, SECOM/MT, LORRANA CARVALHO, RAFAELLA ZANOL E JÚNIOR SILGUEIRO.

Diretor

DIAGRAMAÇÃO/ARTE: CRIS NASCIMENTO | CRIS@CNJOB.COM.BR

João Pedro Marques

REVISÃO: DORALICE JACOMAZI

TEXTO: CARLA NINOS, *MAILSON PRADO (*Com supervisão da coordenação de jornalismo) E LORENA LACERDA

Diretor

Editorial.

O tempo está O tempo está acabando acabando

REDAÇÃO: (65) 3623-1170 / 3622-2310 REDAÇÃO@REVISTARDM.COM.BR

João Pedro Marques

Nesta edição, a Revista RDM traz uma entrevista com a gerente da Agência das Nações Unidas para o Empoderamento das Mulheres – ONU Mulheres, Adriana Carvalho, que fala sobre o perfil, os desafios e o empreendedorismo feminino diz respeito aos Enegóos obstáculos da mulher empreendedora no Brasil, que DE COLABORAÇÃO DE SEUS AUTORES CEDIDAS ESPONTANEAMENTE, SEM FINS LUCRATIVOS. cios que são criados e geridos por mulheres. Porém, na em sua maioria não empreendem por vocação, mas sim, echando o primeiro Aechando expectativa é que,Adiante de tantas prática, ele vai além dessa definição. O empreendedopor necessidade. o primeiro expectativa é que, diante de tantas COMERCIAL/MÍDIA: COMERCIAL/MÍDIA: trimestre de 2019, o dificuldades em articular sua trimestre de 2019, o dificuldades em base articular sua base rismo feminino chama a atençãoARTUR para a liderança femiDIAS DA FONSECA NETO ARTUR DIAS DA FONSECA NETO ânimo dos empresários, nadaprimeira etapa da da reforma da ânimo dos empresários, na primeira etapa reforma nina e amplia o espaço e visibilidade(65) das3623-1170 mulheres, conAlém disso, a edição traz uma reportagem especial (65) 3623-1170 investidores e da previdência, o governo entenda de (65) 9682-1470 investidores e da previdência, o governo entenda de (65) 9682-1470 tribuindo para o rompimento de várias barreiras sociais. sobre o consumo exagerado de açúcar população se arrefeceu. uma pelos vez porbrasileiros todas que, ainda que se EVELIN DEIRANE população se arrefeceu. umaoque vez por que, ainda que (65)99988-1317 Ainda fosse esperada, respeite a separação ese a independência e aborda, ainda, pacto quetodas o governo federal assinou EVELIN DEIRANE mídia@revistardm.com.br a demora da classe política dos poderes, é preciso (65)99988-1317 Ainda que fosse esperada, respeite a separação e a independência As mulheres começaram a secomercial@revistardm.com.br inserir no mercado de com a indústria de alimentos para reduzir o consumo participar da como um todo em aprovar as tramitação das propostas no Legislativo. mídia@revistardm.com.br a demora da classe política participar da trabalho durante a revolução industrial, por causa do de açúcar. dos poderes, é preciso reformas necessárias para a retomada Basta que o país avance nas ADMINISTRATIVO CENTRAL: comercial@revistardm.com.br aumento da necessidade de mão de (65) obra. Mas, foi ducomo um todo em aprovar as tramitação das propostas no Legislativo. do desenvolvimento está passando do reformas necessárias para que o 3623-1170 limite. otimismo, arrefecido com os recentes rante as grandes guerras mundiais — já que grande parE conheça os casos de sucesso de pessoas que resolreformas necessárias para a retomada Basta que o país avance nas ADMINISTRATIVO CENTRAL: Tiragem: 30 mil exemplares Essa lentidão em promover as acontecimentos, volte a reinar e que os te dos homens estava em batalha — que essa inserção veram empreender a partir de suas paixões. Os amigos doA REVISTA desenvolvimento está passando do reformas necessárias para que o (65) 3623-1170 mudanças esperadas pela população investimentos prometidos, esperados RDM MATO GROSSO É PUBLICAÇÃO DO foi mais expressiva. No limite. Brasil, as mulheres ganharam que abriramotimismo, uma empresa de turismo para arrefecido osexplorar recentes e manifestadas nas urnas, em outubro e com necessários ocorram eoa retomada do Tiragem: 30 mil exemplares mais espaço no movimentoEssa sindical na década de 1980. potencial turístico do estado. E o empresário que escodo ano passado, tem preocupado as crescimento ocorra de fato. lentidão em promover as acontecimentos, volte a reinar e que os chamadas “vozes das ruas”, que temem Com a Constituição Federal de 1988, elas conquistaram lheu a batata como carro-chefe de seu restaurante. mudanças esperadas pela população investimentos prometidos, esperados A REVISTA RDM MATO GROSSO É PUBLICAÇÃO DO João Pedro Marques que tais transformações, por ocorrerem a igualdade jurídica, sendo consideradas tão capazes e manifestadas nas urnas, em outubro e de necessários ocorram e a retomada do Diretor Editorial tarde demais ou forma muito tímida, GALERIA 504 – RUA BRIGADEIRO EDUARDO GOMES, 504 quanto os homens. não surtam efeitos esperados.ocorra de fato. Boa leitura! do BAIRRO ano POPULAR, passado, tem preocupado as oscrescimento CUIABÁ/MT CEP: 78045-300 chamadas “vozes das ruas”, que temem João Pedro Marques que tais transformações, por ocorrerem 4 Diretor Editorial tarde demais ou de forma muito tímida, GALERIA 504 – RUA BRIGADEIRO EDUARDO GOMES, 504 não surtam os efeitos esperados.

COMERCIAL/MÍDIA: ARTUR DIAS DA FONSECA NETO (65) 3623-1170 (65) 99682-1470

13

DIRETOR DE REDAÇÃO JÕAO PEDRO MARQUES

feminino é um assunto que RDM NÃO SE RESPONSABILIZA PORmpreendedorismo MATÉRIAS E ARTIGOS ASSINADOS, QUE NÃO ganha REFLETEM cada vez mais atenção, graças ao seu NECESSARIAMENTE A OPINIÃO DA REVISTA. AS soRDM NÃO transformações SE RESPONSABILIZA POR na MATÉRIAS MATÉRIAS ESPECIAIS PUBLICADAS NApotencial RDM SÃO de promover E ARTIGOS ASSINADOS, QUE NÃO REFLETEM DE COLABORAÇÃO DE SEUS AUTORES ciedade E CEDIDAS e na economia de umA país. teoria,AS NECESSARIAMENTE OPINIÃO Em DA REVISTA. MATÉRIAS ESPECIAIS PUBLICADAS NA RDM SÃO ESPONTANEAMENTE, SEM FINS LUCRATIVOS.

RDM não se responsabiliza por matérias e artigos assinados, que não refletem necessariamente a opinião da revista. as matérias especiais publicadas na rdm são de colaboração de seus autores e cedidas espontaneamente, sem fins lucrativos.

Conheça a história dos amigos que criaram uma agência para explorar o potencial turístico de MT

ANO XXII | EDIÇÃO Nº 281 MARÇO/ABRIL 2019

Mulheres empreendedoras em destaque Editorial.

DIAGRAMAÇÃO/ARTE: CRIS NASCIMENTO | CRIS@CNJOB.COM.BR

REDAÇÃO: (65) 3623-1170 / 3622-2310 redação@revistardm.com.br

Gerente da ONU Mulheres fala sobre o Empreendedorismo Feminino: desafios e o perfil da mulher empreendedora

EXPEDIENTE.

COORDENAÇÃO DE JORNALISMO CARLA NINOS

midia@revistardm.com.br comercial@revistardm.com.br ADMINISTRATIVO CENTRAL: (65) 3623-1170 DISTRIBUIÇÃO/CIRCULAÇÃO: ADEMIR KUHNEN GALITZKI TIRAGEM: 30 MIL EXEMPLARES A REVISTA RDM MATO GROSSO É PUBLICAÇÃO DO

BAIRRO POPULAR, CUIABÁ/MT CEP: 78045-300

4

2019 | RDM - 5


EM FOCO.

Impostômetro

PIS/PASEP

O pagamento do abono salarial do Programa de Integração Social (PIS) e do Patrimônio do Servidor Público (PASEP), exercício 2019/2020, iniciou em 25 de julho. Os trabalhadores que nasceram entre julho e dezembro receberão o abono do PIS ainda este ano. Já os nascidos entre janeiro e junho terão o recurso disponível para saque em 2020. Recebem também este ano os servidores públicos cadastrados no PASEP com dígito final do número de inscrição entre 0 e 4. Os com final entre 5 e 9 receberão no próximo ano. A data para o fechamento do calendário de pagamento do exercício 2019/2020 está prevista para o dia 30 de julho de 2020.

Confiança da Indústria Um estudo vai comparar o Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais (Sisflora) de Mato Grosso com os padrões internacionais de sustentabilidade de madeira nativa reconhecidos pelo mercado europeu. A proposta é analisar todos os aspectos dos protocolos de controles mato-grossense e europeu identificando semelhanças e diferenças, com avaliação crítica da eficiência de ambos e, ao final, recomendar os ajustes necessários para que o Sisflora atenda aos requisitos internacionais. O objetivo é criar um selo de sustentabilidade que atenda a legislação brasileira e o protocolo Europeu, conferindo garantias para a comercialização internacional de madeira nativa.

União

O Tesouro Nacional pagou, no primeiro semestre, R$ 4,25 bilhões em dívidas atrasadas de estados. Desse total, a maior parte, R$ 2,12 bilhões, é relativa a atrasos de pagamento do estado de Minas Gerais. Também foram pagos R$ 1,99 bilhão do Rio de Janeiro e R$ 131,21 milhões de Goiás. As garantias são executadas pelo governo federal quando um estado ou município ficar inadimplente em alguma operação de crédito. Nesse caso, o Tesouro cobre o calote, mas retém repasses da União para o ente devedor até quitar a diferença, cobrando multa e juros. Em 2016, 2017 e 2018, o Tesouro cobriu, respectivamente, R$ 2,377 bilhões, R$ 4,059 bilhões e R$ 4,803 bilhões em dívidas em atraso de estados e municípios.

Etanol

O Estado de Mato Grosso tem a menor alíquota de etanol combustível do país, para a comercialização do produto no mercado interno. Atualmente, a alíquota é de 10,5% para o etanol. De acordo com o levantamento da Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz), no estado do Rio Grande do Sul a alíquota é de 30%. Já nos estados vizinhos de Mato Grosso, o valor cobrado é superior ao dobro do aplicado em território mato-grossense. Em Tocantins, a alíquota é 29%; Rondônia está fixado em 26%; e no Amazonas, Pará, Mato Grosso do Sul e Goiás é cobrado 25%.

O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) já somou até o dia 19 de julho, o valor de R$ 269 bilhões de reais em todo o país. Esse imposto, que incide sobre as atividades de comércio, prestação de serviços específicos, em industrializações de produtos e outros impostos, fazem do Brasil o segundo da América Latina com a maior carga tributária (33,58%) sobre o PIB, atrás apenas de Cuba (41,7%), segundo dados de 2016 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Para se ter uma ideia, somente o valor estimado arrecadado com o ICMS equivale a 19,7% do total arrecadado até esta data no país, que já atingiu o montante de R$ 1.350 trilhão, neste ano.

Juros nas alturas As taxas de juros médias cobradas pelas instituições financeiras no cartão de crédito rotativo e no cheque especial subiram em junho e ultrapassaram a barreira dos 300% ao ano, de acordo com informações divulgadas pelo Banco Central (BC). Houve também aumento das taxas quando considerado todo o primeiro semestre. O aumento dos juros bancários em junho, e no primeiro semestre, acontece em um ambiente de estabilidade da taxa básica da economia, fixada pelo Banco Central a cada 45 dias para controlar a inflação. Essa taxa está na mínima histórica de 6,5% ao ano desde março do ano passado.

Cesta Básica Com exceção da carne (bovina, suína e de aves), não haverá modificações na cesta básica do mato-grossense, de acordo com o governo do estado, com a nova lei de incentivos fiscais. Segundo informações da Procuradoria Geral do Estado, boa parte dos produtos que compõem a cesta básica – carne, leite, feijão, arroz, farinha, batata, legumes (tomate), pão francês, café em pó, frutas (banana), açúcar, banha/óleo e manteiga – é isenta de Impostos sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), e não haverá aumento de incentivos fiscais, nem novo incentivo fiscal.

Giuliano Bernardon

Amanda Oliveira/GovBAA

DA REDAÇÃO

Frete Mínimo Já estão em vigor as novas regras para o cálculo do frete mínimo de transporte de cargas. As alterações, publicadas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), determinam que o cálculo do frete mínimo passe a considerar 11 categorias na metodologia para os diferentes cálculos dos pisos mínimos. A resolução também amplia os itens levados em consideração para o cálculo. O cálculo do piso mínimo levará em consideração o tipo de carga; também serão aplicados dois coeficientes de custo: um envolvendo o custo de deslocamento (CCD) e, outro, de carga e descarga (CC) que levará em consideração o número de eixos carregados. A resolução determina, ainda, que será levada em consideração à distância percorrida pelo caminhoneiro. 6 - RDM | 2019

Turismo em Mato Grosso

Amanda Oliveira/GovBAA

Está sendo realizado, pela Secex de Administração Municipal do Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE) um levantamento inédito para entender como funciona o Turismo no estado – desde a captação de recursos até os

projetos de desenvolvimento existentes para o setor a nível estadual e federal. Ao final do levantamento, o objetivo é sugerir aos gestores municipais iniciativas que possam fomentar a atividade turística e, consequentemente, gerar emprego e re-

ceita para estimular o desenvolvimento não apenas daquele município, mas da região. As primeiras informações revelam o indiscutível potencial do Estado, que possui 16 regiões turísticas que abrangem 93 municípios, incluindo a Capital, Cuiabá. 2019 | RDM - 7


DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.

MORAR BEM.

Custos baixos e facilidades de financiamento aumentam a procura pela Energia Solar PLC 53 estabelece a isenção de tributação na energia injetada na rede até 2027

A

Da Redação

energia é um insumo que onera a maioria dos negócios e, para os pequenos, a atenção é ainda maior. Reduzir os custos dessa conta pode significar a sobrevivência da empresa. Esse custo também preocupa as famílias na hora de fechar o orçamento, afinal, os constantes aumentos médios na conta de luz impactam no bolso do trabalhador. Nesse cenário é fácil entender porque a procura pela energia solar vem aumentando no Brasil nos últimos dois anos. Segundo o levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, ligado ao Ministério da Economia, o país está cumprindo a meta da ONU de se investir mais em fontes limpas e renováveis até 2030. Outra vantagem para o mercado é que o Projeto de Lei Complementar (PLC) 53/2019 que dispõe sobre a reinstituição e revogação dos incentivos, dos benefícios fiscais ou financeiros-fiscais e das isenções relativos ao Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS); sancionado pelo governador Mauro Mendes, estabelece a isenção de tributação na energia injetada na rede (solar) até o ano de 2027. E os custos para adquirir os aparelhos fotovoltaicos (os painéis que captam energia do sol e transformam isso em energia doméstica) estão em queda devido aos avanços tecnológicos e ganhos de escala. Financiar esses custos também está mais fácil. O Sicredi, por exemplo, registrou aumento de 2.329% no saldo da carteira de crédito destinada ao financiamento de projetos de energia solar na região Centro Norte (Mato Grosso, Pará, Rondônia e Acre) no período de um ano. Só em março deste ano, a carteira totali-

8 - RDM | 2019

Arquitetura em madeira: bonito é ser natural e sustentável Uso da madeira na arquitetura é tendência mundial, mas (pré) conceitos impendem que Brasil desponte potencial de produção de madeira nativa para atender esse mercado Daniela Torezzan – Especial para a RDM

Reprodução

zou R$ 40,602 milhões, valor bem superior ao registrado no mesmo período de 2018, que foi de R$ 1,671 milhão. Dentro desses R$ 40,602 milhões, as empresas contrataram R$ 27,526 milhões (67,8%), as pessoas físicas urbanas contrataram R$ 7,274 milhões (18%) e os produtores rurais R$ 5,802 milhões (14,2%). O saldo registrado em carteira corresponde a 567 operações, contratadas por associados que viram a oportunidade de investir em um projeto energético que trará economia ao longo de pelo menos 20 anos. Para o gerente de Ciclo de Crédito da Central Sicredi Centro Norte, Fábio Antunes, o expressivo crescimento registrado na carteira de crédito para o financiamento de projetos de energia solar é explicado pelo interesse em economizar, seja por parte das empresas, domicílios ou fazendas. “A energia solar é uma tendência e daqui pra frente à perspectiva é só aumentar e o Sicredi está à disposição dos associados para financiar esses projetos com taxas justas”, diz Antunes.

Primeiro parque solar do Centro-Oeste O estado de Mato Grosso vai sediar o primeiro parque de energia solar do Centro-Oeste. O Oeste Solar Park vai construir o complexo solar em um loteamento localizado no km 9 da Estrada da Guia, em Cuiabá, que conta com 63 lotes em uma área de 40 hectares. Cada lote tem a capacidade de produzir 20.000 kwh/mês. O cidadão que tiver o interesse pela energia solar, mas não tem um bom capital de investimento ou não tem espaço físico adequado para a instalação dos painéis em sua residência ou empresa, vai poder arrendar um lote do parque solar, onde as placas e gerador fotovoltaico já estarão prontos e instalados. O contrato de locação do espaço tem o prazo mínimo de 5 anos. A energia produzida pelas placas solares será encaminhada para a rede de média tensão da concessionária de energia elétrica. Os quilowatts-hora produzidos pelas placas do lote são compensados no consumo e na conta de luz do cliente. A locação de um gerador fotovoltaico pode dar um desconto de até 20% na conta de energia elétrica.

R

ústica, moderna, tradicional, requintada, sustentável. Da produção artesanal com design único à opção por materiais construtivos resistentes, a edificação em madeira nativa representa a arquitetura moderna. Para quem ainda tem no imaginário aquela “casinha da vovó”, é preciso saber que os projetos arquitetônicos estão, a cada dia, mais modernos, possibilitando criações ousadas para atende os diversos interesses. De linhas retas e simples a curvas que desafiam a física, a madeira tem retomado sua importância como material principal na construção de casas e edifícios. O Japão, por exemplo, tem estruturas belíssimas em palácios milenares. Outros países, como Canadá, Finlândia e Estados Unidos também se destacam nesse uso. A professora doutora do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Estado de São Paulo (USP), AkemiIno, é enfática ao afirmar que a arquitetura em madeira é a vanguarda. “Isso não é o futuro. É o presente. Quem não tiver esse olhar, está ultrapassado”, destaca a profissional que também defende o uso de materiais naturais como sinônimo de saúde. O Brasil, apesar de possuir grande

Nelson Kon

potencial de produção de madeira nativa com origem sustentável e legal, ainda sofre com pré-conceitos e falta de informação adequada. O arquiteto Roberto Lecomte, em sua tese de mestrado na Universidade de Brasília, analisou o uso da madeira na construção civil no país e revelou essa situação, destacando a necessidade, urgente, de evolução. “O mercado da construção nos países com tradição no uso da madeira oferece inúmeras opções, incorporando novas tecnologias e conceitos aplicados à arquitetura com princípios ambientalmente corretos”, reforça. Na luta para reverter esse quadro de estigma, existem iniciativas como o Núcleo de Referência em Tecnologia da Madeira, que congrega representantes de diversos setores com o propósito de divulgar a viabilidade do uso da madeira, ao mesmo tempo em que dá suporte aos processos industriais para estabelecer uma cadeia construtiva sustentável. Em Mato Grosso, estado que se destaca pela produção e comercialização de produtos oriundos de florestas tropicais manejadas, esta tarefa é desempenhada pelo Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado

de Mato Grosso (Cipem) que tem levado essa discussão também para a sala de aula. Em uma iniciativa inovadora, a organização fez uma parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) que resultou na criação de uma disciplina optativa sobre madeira no curso de Arquitetura e Urbanismo. “Nosso objetivo é qualificar a informação sobre o uso da madeira nativa como material de construção ainda no processo de formação dos futuros profissionais”, destaca Rafael Mason, presidente do Cipem. Se no campo da informação acadêmica e social a questão tem evoluído, graças aos esforços conjuntos de várias organizações, no setor público ainda há muito que ser feito. Licitações e financiamentos imobiliários para construção em madeira nativa esbarram em um sistema arcaico que se coloca como uma barreira intransponível, embora a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) já tenha especificado regras para a utilização de madeira serrada há bastante tempo. A situação pode e deve ser encarada também sob o aspecto social, pois representaria uma solução ao déficit habitacional no Brasil, que é de 6,1 milhões de moradias, segundo Pesquisa Nacional por

2019 | RDM - 9


BATATA COM REQUINTE CUIABANO.

Leonardo Finotti

Empresário investe na batata como carro-chefe de empreendimento e conquista os cuiabanos

A madeira pode substituir o concreto como material de construção? Embora existam muitos argumentos favoráveis à utilização da madeira na construção civil há, igualmente, muitas dúvidas. Contudo, estudos mostram que a madeira pode substituir o concreto e o aço, sendo um produto leve, resistente, com menor custo de transporte e tempo de trabalho nas edificações, além de resultar em menos resíduos no canteiro de obras. A engenharia também tem se dedicado à criação de novos materiais, como a madeira laminada colada, ou MLC, que

10 - RDM | 2019

resulta em um material fortepossibilitando diversas aplicações comovigas, pilares, decks, painéis e revestimentos. A sustentabilidade também se destaca. A madeira nativa oriunda de Planos de Manejo Florestal Sustentável, ou seja, com a cadeia de produção legal rastreada, garante a conservação de florestas tropicais e toda a sua biodiversidade. Além disso, as árvores absorveram o carbono da atmosfera, que fica armazenado na estrutura da edificação. Já as construções de concreto e aço têm um processo de fabricação com maior emissão de gases do efeito estufa, contribuindo para o agravamento

das mudanças climáticas. De acordo com alguns estudos publicados, a utilização da madeira na construção civil pode reduzir a pegada de carbono entre 60 e 75%. Portanto, além de possuir um grande potencial estético, a madeira nativa também é uma opção estratégica mais sustentável, por representar um material de fonte renovável cujos impactos ambientais são reduzidos se comparados aos de outros materiais – sempre, é claro, buscando as garantias de origem. Carol M. Highsmith

Amostra de Domicílios, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para entender melhor essa relação é preciso conhecer a lei nº 11.888, de 2009, conhecida como Lei de Assistência Técnica, que garante às famílias de baixa renda (que ganham até três salários mínimos) acesso público gratuito a projeto e construção de habitação de interesse social. O grande desafio neste universo, portanto, está em encontrar alternativas e soluções para equilibrar essa balança, entre demanda, oferta e financiamento. E a madeira nativa se apresenta como uma alternativa altamente viável. Algumas experiências de construção de casas populares em madeira já foram executadas nos estados do Acre e de Mato Grosso, cuja capital, Cuiabá, recebeu 300 unidades habitacionais construídas com rejeitos da indústria madeireira, em 1996, através do Programa “Morar Conscientizar”.

O restaurante Divina Batata aposta no ambiente rústico e se inspira na cultura cuiabana para fazer os mais saborosos pratos à base do tubérculo Fotos: Mailson Prado

A escola Aldeia das Crianças, unidade da Fundação Bradesco em Canuanã, no Tocantins, projetada pelos arquitetos Aleph Zero e Rosenbaum, ganhou o Prêmio Internacional RIBA 2018.

O mercado da construção nos países com tradição no uso da madeira oferece inúmeras opções, incorporando novas tecnologias e conceitos aplicados à arquitetura com princípios ambientalmente corretos

Mailson Prado – Com supervisão da editora-chefe

N Interior de uma igreja, nos EUA, feita com madeira laminada colada.

o auge dos seus 40 anos, muito bem-sucedido e com prêmios nacionais de empreendedorismo e qualidade empresarial, Janildo Quintino tem conquistado, cada vez mais, o gosto dos cuiabanos. Há cinco anos trabalhando em seu próprio negócio, o ex-gerente de atendimento investiu no seu sonho. Antes de abrir o restaurante “Divina Batata”, o negócio de família começou com a junção de três elementos chaves: os produtos preparados pela mãe, dona Darcy Quintana, a publicidade aos cuidados do sócio e irmão, Genilton Quintino,

e a experiência em atendimento do próprio Janildo. O trabalho na área da gastronomia começou em uma feira na Rua 24 de Outubro no Espaço Magnólia vendendo mini quiches e bolos. Com o desenvolvimento da feira, o empresário percebeu que todo expositor do local tinha um produto de valor agregado, como por exemplo, os que trabalham com pães e salgados ou qualhadas artesanais. Ao mesmo tempo, Janildo e a esposa trabalharam com a venda de sapatilhas, em Cuiabá, quando um fornecedor falou sobre as produções da batata recheada

que era sucesso em Goiânia. Foi em 2014 que Janildo, seu irmão e a mãe deram o pontapé inicial para os trabalhos com essa novidade na cidade. Começaram a vender na feira em fases de testes a batata recheada, viram que aquela era a deixa para iniciar a produção. Com o local pronto – dentro de casa – e com ajuda da família, inauguraram a “Divina Batata”. Hoje, o empreendimento é bem-sucedido em Cuiabá, com um lucro de R$ 2 milhões acumulados em quatro anos. Mas qual o segredo desse sucesso? O empresário conta que na época da copa, quando resolveu abrir, a inflação era gi-

2019 | RDM - 11


Empresário Janildo Quintino mostra as opções de pratos do restaurante Divina Batata. gantesca para quem queria ter seu próprio negócio. E tomou algumas precauções, sendo uma delas a utilização de um espaço próprio, eliminando os custos com aluguel, e a ajuda da família. Um diferencial do restaurante, além do bom atendimento, é a estética do ambiente com aposta em mesas e luminárias, tons vivos e estilo rústico. O empresário também está antenado com as facilidades proporcionadas pelos aplicativos de entrega e aposta, também, em sites de recomendação que incentivam os turistas a buscarem o local, já que o mesmo conta

O cuiabano gosta da valorização da cultura regional e nós percebemos que estava faltando algo, que nesse caso é o peixe. Então, estamos produzindo essa combinação do peixe com maxixe para oferecer, ainda mais, essa valorização para o nosso povo com uma das notas mais altas de satisfação dos clientes, onde mantém os 4.9 das cinco estrelas recomendáveis. Em uma busca rápida na internet podemos encontrar comentários como o da Jéssica Santos “Ótimo lugar para jantar, aconchegante, bom atendimento e a comida maravilhosa”. Já a avaliação do Marcos Chagas foi “Tudo de bom, pratos bem atrativos com ambiente muito legal, recomendo”. Sobre seu carro-chefe, as batatas, Janildo afirma que um produto natural deve ser consumido da maneira certa. “A batata não deixa de ser um carboidra-

to, mas um carboidrato do bem. Ainda mais alinhado com um creme de abobora e champignon o prato fica mais interessante e saudável”, analisa. Com todas as formas de atrair clientes já utilizadas em vários ramos, Janildo resolveu criar um método – que tem como base o acúmulo de pontos – para fidelizar os seus clientes. A cada R$ 17 em compras o cliente ganha 1 ponto. Ao acumular 3 pontos o cliente troca por suco ou sobremesa. Já com 5 pontos, o cliente pode resgatar uma divina batata, conforme as informações no site de vantagens (divinabatata.valoriza.io) onde o cliente realiza o cadastro. Vale ressaltar que, os pontos expiram em 90 dias, que se renovam conforme o consumo dentro desse prazo. Outro diferencial são os pratos, Janildo e dona Darcy sempre apostam em receitas exclusivas, como a que leva batata, peixe e maxixe, elementos fiéis da cultura cuiabana, mas pouco explorados pela culinária local. O cardápio da casa já conta com pratos típicos da região como a “Cuiabana”, que é feita com um creme de abobora e carne seca. Tem também o “É bem Mato Grosso”, campeã de vendas, com creme de cinco queijos, carne seca, banana e cebolinha. “O cuiabano gosta da valorização da cultura regional e nós percebemos que estava faltando algo, que nesse caso é o peixe. Então, estamos produzindo essa combinação do peixe com maxixe para oferecer, ainda mais, essa valorização para o nosso povo”, afirma. Segundo o empresário, a Divina Batata deverá crescer e se tornar uma franquia. “Nós estamos planejando daqui um tempinho ampliar o nosso negócio para o modelo de franquia. Sem perder as nossas características principais: nosso sabor com atenção, nosso carinho e cuidado”, concluiu ele. Serviço A Divina Batata fica localizada na Rua Pará, Quadra 29, Casa 04 – CPA II em Cuiabá, e abre das 19h às 23h, fechando as terças. E atende também nos demais dias através do serviço de delivery nos principais aplicativos de entrega da cidade.

Carlos Alberto

Fotos: Mailson Prado

ENTREVISTA.

Empreendedorismo Feminino: desafios, obstáculos e o perfil da mulher empreendedora Brasileiras abrem negócios tanto quanto os homens, mas ganham 22% menos e suas empresas fecham mais rápido, segundo dados do Sebrae Carla Ninos

E

mpreender nem sempre é um caminho fácil. A ajuda e a orientação são importantes para que todo empreendedor consiga trilhar com força e sucesso essa empreitada. E para as mulheres, o caminho parece ser ainda mais difícil. Para dialogar sobre empreendedorismo feminino, empreender após a maternidade e muito mais, a gerente da Agência das Nações Unidas para o Empoderamento das Mulheres – ONU Mulheres, Adriana Carvalho, falou com exclusividade para a Revista RDM. Confira a entrevista! Falemos sobre quem é a mulher empreendedora brasileira, quais são

as características, perfil e desejos desta mulher? A primeira questão a ser ressaltada é que há muitas mulheres no Brasil que não empreendem por vocação, mas sim por necessidade. Essa é a maneira encontrada para conseguir ter uma renda e conciliar muitas jornadas, conciliar o seu papel de mãe e outros papéis que elas têm. Esse é o ponto principal. A segunda coisa, é que no Brasil as mulheres empreendem muito mais nas áreas de serviços e comércios e menos em áreas de tecnologias, startups, que tem valor agregado. E os negócios em que as mulheres, geralmente, empreendem co-

meçam com um capital de investimento inicial muito pequeno. Então, como as mulheres empreendem por uma questão de necessidade, se observa um alto índice de empreendedoras negras e de classe social mais baixa. E muitas mulheres negras, mesmo com um grau de instrução universitário, não se veem no mercado de trabalho, elas acham que empreender é o lugar de pertencimento, ao invés de um ambiente formal de grandes empresas. Essa é outra característica. Têm pesquisas que apontam que muitas mulheres, depois de ter filhos, optam por deixar seus trabalhos formais para empreender, porque elas enxergam no em-

2019 | RDM - 13


Quais são os principais desafios e obstáculos para mulher que quer empreender, hoje em dia? Essas barreiras mudaram muito em 20 anos, por exemplo? Sim, há uma diferença muito grande, o empreendedorismo cresceu muito. É claro que não podemos ignorar o fato que ganhamos uma legislação que ajudou a viabilizar e formalizar muita gente que estava na informalidade. É a legislação do micro empreendedor individual que ajudou a todos a enxergarem atividades que não eram vistas. Então, há sim um acréscimo no decorrer dos anos. Hoje, há um número maior de mulheres – entendendo que tem um papel econômico seja no mercado de trabalho e seja no empreendedorismo – que ingressam no mercado e tem também a formalização do trabalho, que antes não tinha. Precisa levar em consideração essas duas questões. Sem dúvida nenhuma, nas últimas três décadas teve um aumento expressivo da atividade econômica realizado pelas mulheres. E as barreiras que as mulheres enfrentam para empreender podem ser agrupadas em quatro blocos: O primeiro bloco, diz respeito a todas as mulheres, que são as questões socioculturais, pois as mulheres têm uma sobrecarga muito maior com o trabalho redobrado, já que na média, na maioria dos lares, as mulheres dedicam muito mais tempo ao trabalho não remunerado (com o cuidado com a casa), muito mais do que os homens. Com essa sobrecarga, sobra menos tempo para o trabalho produtivo. Além de coisas mais sutis como não ser reconhecida como pertencente a certos lugares, baixa autoconfiança pela maneira como foi criada, dentre outras coisas, essa mulher acaba sofrendo mais preconceito. Então, as barreiras socioculturais também afetam as mulheres empre-

14 - RDM | 2019

endedoras, mas afetam as mulheres como um todo no ambiente de trabalho. Em segundo, tem uma questão bem específica para as mulheres empreendedoras que é o acesso ao crédito. Vários estudos no Brasil e em outros países no mundo, apontam que as mulheres têm mais dificuldades para acessar créditos. Muitas vezes, elas usam contas bancárias de homens da família, quando elas vão pedir empréstimo bancário, sem histórico (de movimentação bancária, muitas vezes); e vão demonstrar o projeto de negócio, às vezes, demonstrando mais as fragilidades do negócio diante do sistema tradicional de avaliar crédito. Assim, elas acabam recebendo uma taxa de juros, para o crédito, maior do que os homens. Tem outra questão em relação ao crédito, é que mulheres na média têm mais aversão a riscos do que homens. Então, muitas vezes a mulher não acessa o crédito por medo. A terceira barreira é da gestão de capital humano. Há mais mulheres do que homens no Brasil, mas quando se fala em gestão financeira e gestão estratégica dos negócios as mulheres têm menos experiência. Um dos fatores causadores é que as mulheres ainda são educadas, desde muito cedo, para se apropriar um pouco menos dessas dinâmicas de finanças – e quando se vai gerir um negócio, mesmo que sendo um negócio simples como fazer coxinha, precisa entender de finanças,

minimamente. Precisa saber que tantas horas dedicadas a fazer determinada coisa têm um custo, tem que entender lógicas mínimas de precificação, tem que tomar cuidado para não confundir o caixa pessoal com o caixa do negócio, etc. Então, essa questão da gestão financeira, homens também têm dificuldades, mas na média se observa que as mulheres têm mais, por conta da falta de uma educação financeira que é mais deficiente para elas. Outra questão é a falta de estratégia para os negócios. Muitas mulheres começam a empreender por necessidade, por saber fazer bem alguma coisa e não pensam estrategicamente, por exemplo, ao começar a vender coxinha, não se analisa se é um mercado saturado? Qual o diferencial que posso oferecer? Será que é um mercado promissor? Porque o cliente vai preferir a minha coxinha e não de outra pessoa? Então, ainda que seja uma coisa simples (vender coxinha), precisa-se pensar em coisas básicas; e as mulheres, na média, fazem isso menos do que homens. Essa barreira da gestão estratégica e financeira é importante, por isso se observa inúmeros projetos e cursos que visam apoiar as mulheres nessa questão. E, por último, tem o bloco do capital social, que é essa habilidade de construir redes de relacionamento profissional, frequentar a Câmara de Comércio, espaços de decisão, então, precisa aprender a se relacionar em vários ambientes estratégicos. É importante saber usar a habilidade de relacionamento por razões do negócio e não, apenas, para relacionamentos pessoais. Nesse sentido, as mulheres apresentam um pouco mais dificuldade e acabam ficando em suas redes, entre elas, o que já é um grande avanço porque, antigamente, nem essas redes existiam. Mas, é fundamental que essas redes as levem há outros espaços e expandam a capacidade de relacionamento. Então, esses são os quatro grandes blocos que demonstram os obstáculos que as mulheres enfrentam ao empreender. E eles têm uma relação, pois quando se fala de relacionamento se pressupõe que se tem tempo. Quando não se tem o tempo, pois precisa dividir com outros trabalhos (cuidar da casa, filhos, etc.), acaba não

tendo tempo para fomentar esse relacionamento em rede; para empreender é importante ocupar alguns espaços que, muitas vezes, não são confortáveis. Existem características mais particulares ao gênero que ajudam a mulher a entrar no mercado e empreender? Não. Há muitas mulheres e homens desempregados, por isso costumo me referir sempre à média; e não acho que haja alguma característica que seja inata ao gênero feminino. Mas, tem uma coisa que pode ser dita: as mulheres estão sempre correndo atrás para sobreviver. Então, no Brasil muitas mulheres são chefes de famílias – não só em classes C e D, mas nas mais altas também –, logo, elas têm um compromisso, na média, maior com suas famílias, com a sociedade, com essa sobrevivência e uma força muito grande para encarar tudo isso. Então, se vê com mais frequência essa resiliência, persistência e necessidade de sobreviver (uma vez que existem outras pessoas que dependem delas), nas mulheres. Por isso, vemos histórias maravilhosas de superação, pessoas com ideias criativas e que dá a cara a tapa. Sempre reforçando que me refiro à média, aos casos que acontecem com mais frequência, pois não é uma característica inata ao gênero. Quando se pensa em empreendedorismo feminino a maioria das pessoas pensa em uma mulher abrindo algo voltado para o ramo dos alimentos. Isso é “lugar comum” ou, pelo contrário, as mulheres estão ligadas aos avanços tecnológicos e investindo em nichos e tendo como ferramentas os aplicativos, por exemplo? Embora as mulheres não sejam maioria em áreas ligada as engenharias e tecnologias, elas existem. Uma Camila Achutti que aos vinte e poucos anos de idade já trabalhou no Google, em Mountain View, nos Estados Unidos, e montou seu próprio negócio. – Camila Achutti é dona de duas startups com foco em inovação e com faturamentos milionários: a consultoria em inovação Ponte 21 e a plataforma de educação em tecnologia Mastertech. Somando as duas empresas,

ONU Mulheres/ Márcio Veltri

Arquivo Pessoal

preendedorismo uma maior probabilidade de conciliar horários, suas demandas de serem mães com a necessidade de gerar renda. (É o estudo “Empreendedoras e seus Negócios” da Rede de Mulheres Empreendedoras (RME), que aponta que cerca de 53% das empreendedoras são também mães — uma em quatro delas possui filhos de cinco anos de idade ou menos).

Adriana Carvalho no II Fórum WEPs Rio que reuniu lideranças empresariais para discutir a igualdade de gênero e o empoderamento econômico das mulheres Achutti emprega quase 30 pessoas em seus negócios –. Tem a Cristina Junqueira que é a única sócia brasileira (e mulher) entre os três sócios da Nubank, emissora de cartões de crédito sem taxas, com juros até cinco vezes abaixo da média do mercado e comunicação simples e direta com o cliente (em três anos, a empresa recebeu quase US$ 100 milhões em aportes). Então, temos mulheres de destaque nessas áreas dominadas por homens e é uma grande oportunidade para o Brasil, mostrar que as mulheres também podem empreender nessas outras áreas e incentivar também as mulheres a sair dessas áreas tradicionalmente femininas como beleza, vestuário e alimentos; para investirem em áreas com valor agregado maior. E o Brasil tem uma carência de mão de obra e de conhecimento nessas áreas mais tecnológicas. Então, a gente observa sim movimentos específicos para capacitar pessoas nas áreas tecnológicas e vê mulheres despontando aí também. E é muito legal quando as histórias delas inspiram muitas outras mulheres (principalmente as mais novas). Um dos maiores desafios de empreender, em minha opinião, é definir o ramo de negócio. Para as mulheres que estão pensando em empreender, como descobrir o ramo em que devem investir? Sempre depende do lugar em que se

está; se no lugar da sobrevivência não há capacidade de escolha, no curto prazo, e a opção é investir em algo que se conhece. Quando não é uma questão de sobrevivência, se pode explorar mais. De maneira geral, para definir o ramo é fundamental entender as dinâmicas de mercado, observar as áreas em que se tem menos gente oferecendo serviço, por exemplo. Fazer uma pesquisa, mínima, de mercado para conseguir empreender. E há muitas fontes de pesquisas que contam um pouco a situação de vários tipos de negócios, por exemplo, se em Cuiabá há uma grande falta de determinado serviço ou se observa que há um grande número de desempregados em determinadas carreiras, ou há muitas ofertas de produtos e serviços em categorias específicas e em outras não têm. Se apoiar em instituições como o Sebrae, por exemplo, é a possibilidade de buscar informações e identificar áreas de oportunidades. Mesmo quando o lugar é o da sobrevivência e a mulher é obrigada a ir tocando o negócio porque precisa gerar dinheiro, tem que sempre ter em mente o que se quer em três e/ou quatro anos. Se hoje o objetivo é sobreviver, mas, com o tempo, o que se pode aprender ou de que forma se pode agregar valor ao negócio, para elevá-lo em um médio ou longo prazo? É fundamental para as mulheres que empreendem, seja por sobrevivência ou não, poderem conviver com certos ecossistemas que proporcionem acessos e

2019 | RDM - 15


ARTIGO.

conhecimentos. Cada vez mais, no Brasil, desde instituições como o Sebrae e até programas e redes, como a Rede de Mulheres Empreendedoras; buscam apoiar mulheres empreendedoras, por isso, é fundamental elas acessarem determinados ecossistemas, para descobrir as melhores oportunidades e ficarem felizes por fazerem uma atividade que as realizem mas que também as remunere da melhor maneira possível. De que forma as mulheres podem se unir para darem um “up” nos seus projetos pessoais? Elas precisam procurar se fortalecer em rede mesmo. Por exemplo, há a Aliança Internacional das Mulheres do Café (International Women’s Coffee Alliance – IWCA), que está presente em 22 países, inclusive no Brasil. E aqui, essas mulheres não são só produtoras de café, elas produzem café e são donas de cafeterias, são donas de empresas de exportação, etc.. A metodologia da Aliança é a criação de capítulos nos países produtores e consumidores; e a IWCA Brasil já têm 12 subcapítulos ligados às 12 regiões subprodutoras. Então, as mulheres precisam acessar uma aliança, como a que dei como exemplo, ou acessarem cooperativas ou se aliarem em rede, mesmo sem um CNPJ formal, é preciso entender que a união é fundamental e é a melhor maneira de vencer as barreiras e encontrar soluções. Portanto, as mulheres devem sim buscar alianças, se agrupar, procurar associações e/ou cooperativas, mas também frequentar espaços onde os homens dominam como associações comerciais e entidades de classe que discutem questões de mercado; e, ainda, procurar entidades que apóiam o empreendedorismo como o Sebrae. É muito comum as mulheres quererem empreender, principalmente depois que são mães. Como as mulheres mães podem dar o primeiro passo? Há vários cenários para essa mulher mãe. Quando essa mulher mãe está em um ambiente de trabalho mais formal, ela precisa se apoiar em outras mulheres, principalmente as que têm carreiras

16 - RDM | 2019

parecidas, para entender como gerenciar os papéis, buscar entender como se preparar para voltar ao mercado de trabalho é uma prática importante; às vezes as mulheres têm temores e dúvidas que podem ser sanadas apenas ouvindo quem já passou por essa situação.

As mulheres empreendem por uma questão de necessidade, se observa um alto índice de empreendedoras negras e de classe social mais baixa. E muitas mulheres negras, mesmo com um grau de instrução universitário, não se veem no mercado de trabalho, elas acham que empreender é o lugar de pertencimento, ao invés de um ambiente formal de grandes empresas No empreendimento é a mesma coisa e, de novo, ter o apoio de uma rede permite o acesso há um espaço de troca e, quem não tem o espaço, buscar e ir atrás. Encontrar uma mulher que passa ou passou por uma situação parecida já é alguém com quem se pode trocar. Então, nesse aspecto de apoiar as mulheres mães, a sociedade tem que equilibrar a balança, como mostrar que os homens têm um papel (que não é secundário) com os filhos e com o cuidado da casa. Outra coisa, é que o governo, através de políticas públicas, precisa pensar nessa questão: quando não se tem creche suficiente para deixar as crianças, a capacidade de trabalhar da mulher mãe fica prejudicada, por exemplo. Então, o que se vê hoje, é essa mulher mãe sobrecarregada e quando o posto de saúde exige que ela vá, pessoalmente, agendar a consulta do filho (e não é só isso, a mãe vai pegar uma guia de exames e volta, vai agendar e volta, vai levar a criança e volta), então, em termos de políticas públicas tem um

grande espaço para investir como meios eletrônicos, aplicativos, telefones, todos facilitadores para oferecer infraestrutura de apoio e, assim, diminuir o tempo que a mulher mãe gasta para realizar diversas questões do dia a dia. Dentro da questão gênero, não podemos esquecer o fator racial, a mulher negra brasileira empreende? Quais os obstáculos? A mulher negra enfrenta mais obstáculos que a mulher branca. Quando a gente trata das questões de desigualdade de gênero, no Brasil, é fundamental a interseccionalidade, é fundamental a gente entender os espaços das mulheres negras. Então, as mulheres negras vão enfrentar, muito mais, questionamentos da sociedade sobre a sua capacidade em relação às mulheres brancas, em muitos espaços. Dependendo do lugar, por exemplo o coorporativo, uma mulher negra vai ser questionada do porque está ali, se vai tomar um café no intervalo de uma conferência os olhares questionadores dessa presença serão lançados, ou se a mulher negra está andando em um shopping e é abordada e questionada para saber porque está ali, ou se está em um supermercado e é parada por pessoas que lhe oferecem emprego doméstico, etc. Em muitas e muitas outras situações as mulheres negras são mais questionadas e são julgadas pela aparência, são mais objetificadas do que mulheres brancas, as mulheres negras aprendem que determinados lugares não pertencem a elas. Então, a vida, o dia a dia delas é muito mais difícil pelo fato de ser mulher (o que já impõe barreiras), mas também por ser negra, o que provoca uma série de complicadores. Portanto, além dos obstáculos que as mulheres por serem mulheres enfrentam, a mulher negra ainda enfrenta as barreiras do racismo. Mas, é importante ressaltar que, cada vez mais, as mulheres negras estão se organizando entre elas, como uma forma de entender suas carreiras (muitas nem consideram entrar no mercado de trabalho, elas entendem que o lugar delas é o empreendimento) e de conseguir juntas, através de coletivos, a ocuparem seus espaços.

Você está falando de quem? ”Juliana, nós somos uma empresa ética. Eles podem falar o que quiserem de nós, não iremos falar nada sobre eles”. A pauta era demonstrar ao telespectador qual produto era mais eficaz contra insetos domésticos: químicos ou orgânicos. O cliente preferia perder a oportunidade de ter cerca de 30 minutos de exposição gratuita do próprio produto em um programa de grande audiência a entrar em uma pauta que o levasse, em algum momento da conversa, a desqualificar o concorrente. Ali eu entendi que dizer não com gentileza e o comprometimento com os valores e princípios de uma instituição é tão importante para construção de uma reputação, quanto aparecer por aparecer em pautas e eventos. Quatro anos depois eu estaria trabalhando no serviço público, também em comunicação, mas aqui a realidade é bem diferente. O jornalista e pesquisador Eugênio Bucci é categórico a respeito de tal prática: “Eu pensava e não tinha como deixar de reconhecer: nada mais antirrepublicano do que a presunção de superioridade moral de um partido ou de um governo em relação a todos os demais”. É intrigante notar o quanto admiramos as empresas privadas e dizemos que as instituições públicas devem copiar os bons exemplos. No entanto, em comunicação, via de regra, fazemos e aceitamos justamente o contrário. Todo manual de gestão de crise na iniciativa privada é bem claro: Errou? Peça desculpas. Seja proativo, demonstre transparência e vontade de resolver o problema. E resolva o problema. Já no setor público, em grande parte das vezes a cartilha reza: Errou? Jogue a culpa no primeiro que estiver por perto ou esteve por ali. Negue até o fim e desqualifique a fonte. Se der errado, rebata quem questionou. Num fôlego curto, funciona. Muitos aplaudem o belo dis-

curso, a lacração e até mesmo o coice. A médio e longo prazo, o problema segue sem solução. E vivemos entre a reatividade e a eterna campanha eleitoral. Peço licença ao leitor para seguir comparando o setor público e o privado, agora com um dado sobre confiança. Espero com esses exemplos nivelar por cima e trazer o que há de bom de um setor para o outro, convidando para uma reflexão sobre um dos aspectos em que podemos melhorar a relação entre setor público e população. A pesquisa Edelman Trust Barometer 2019 mostra que 28% dos brasileiros confiam nos governos, enquanto o grau de confiança das empresas é de 58%. O estudo classifica as instituições com níveis de 1-49 como não-confiáveis, de 50-59, neutras, e de 60-100, confiáveis. Ou seja, a população brasileira não confia nos governos. É claro que há inúmeros fatores que interferem nessa percepção da população: desde o atendimento recebido em um órgão público até as acusações de corrupção nas esferas mais altas da gestão, mas, sem dúvida alguma, a forma como falamos com o cidadão é um dos pontos que contribui para vivermos desconfiados. Afinal, corre na Internet uma frase atribuída a Freud que resume o que está posto ao longo do texto: “Quando Pedro me fala de João, sei mais de Pedro do que de João”. Na vida, nas empresas ou nas instituições públicas falar mal do outro para valorizar o próprio trabalho ao invés de agir com autorresponsabilidade diante dos próprios atos não tem efeitos duráveis. Apenas para que o leitor saiba, a empresa que cito no início do texto está no mercado há, pelo menos, 100 anos. Juliana Carvalho é jornalista e mestre em Comunicação pela Université Grenoble Alpes

2019 | RDM - 17


Carla Ninos

Reprodução

AÇÚCAR – O INIMIGO A SER BATIDO.

Médica endocrinologista Claudia Mariane Santana, coordenadora médica do programa Doce Vida Unimed Cuiabá, alerta para o consumo excessivo de açúcar

Brasileiro consome três vezes mais açúcar do que o indicado pela OMS; processados são os vilões Em novembro passado, o governo federal assinou pacto com a indústria de alimentos para reduzir o consumo de açúcar Carla Ninos

O

dilema da vida contemporânea é tentar manter uma vida saudável em meio à falta de tempo para se ter uma vida. O brasileiro, cada vez mais, vive para o trabalho e as poucas horas que sobram são dedicadas à família, lazer e em tentar iniciar ou manter uma dieta e/ou uma atividade física. A academia está paga por um ano, mas a pessoa só consegue ir uma vez a cada dois meses, outra até se anima de caminhar no bairro ou ir à academia da pracinha, mas o sofá é tão convidativo e aquela

18 - RDM | 2019

dor nas costas pede uma “esticadinha”. O fato é que manter uma alimentação diariamente saudável é um desafio, não só porque o tempo para cozinhar em casa é pouco, mas por conta do açúcar dos alimentos, adicionado em quase tudo o que consumimos. As opções de alimentação disponíveis no mercado são de qualidade ruim, com muito açúcar, mas também, com muito sódio, sal e outros componentes nocivos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o consumo diário, por pessoa, de 25 gramas, o que equi-

vale a seis colheres de chá. Estabelece como limite para consumo diário, 50 gramas, 12 colheres. O brasileiro consome 80 gramas de açúcar por dia: o equivalente a 18 colheres de chá, o triplo do limite recomendado. Como consequência dessa super dose de calorias, de acordo com a OMS, na última década a incidência de diabetes cresceu 54% em homens e 28,5% em mulheres. Casos de câncer subiram 27,6% e a obesidade 60%. Um estudo divulgado em julho deste ano na revista científica British Me-

dical Journal afirma que o consumo de bebidas açucaradas como refrigerantes e sucos adoçados artificialmente está associado a um risco maior de desenvolvimento de certos tipos de câncer, como o de mama, próstata e intestino. Segundo o G1, o estudo foi conduzido por pesquisadores franceses que avaliaram o comportamento de mais de 100 mil adultos e descobriram que quem ingere apenas 100 ml de bebidas açucaradas por dia tem um risco 18% maior de ter câncer. “Consumir açúcar não é proibido, é proibido o exagero. A recomendação da OMS é de até 25 gramas por dia. Por exemplo, uma lata de refrigerante tem 30 gramas de açúcar. Temos que entender que há vários tipos de carboidratos, o açúcar é apenas um tipo. Então, os alimentos industrializados e processados têm muito açúcar e a gente consome, cada vez mais, esses alimentos e menos alimentos naturais como frutas e verduras”, explica a endocrinologista Claudia Mariane Santana, coordenadora médica do programa Doce Vida Unimed Cuiabá. Com a luz de alerta ligada, em novembro de 2018, o governo brasileiro assinou um pacto com a indústria alimentícia para reduzir o consumo de 144 mil toneladas de açúcar até 2022. O acordo – cuja adesão é voluntária – foi feito entre Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Abia,

a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas, a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães e Bolos Industrializados e a Associação Brasileira de Laticínios. O acordo estabelece cinco categorias de alimentos que se comprometem a diminuir a porcentagem de açúcar em sua composição. São eles: bebidas açucaradas, biscoitos, bolos e misturas, achocolatados e produtos lácteos. A cada dois anos, essas metas serão monitoradas pelo Ministério da Saúde. Tomando como base os produtos com mais açúcar, a redução será de 62,4% nos biscoitos, 53,9% nos produtos à base de leite, 46,1% nas misturas para bolo, 32,4% no bolo, 33,8% nas bebidas açucaradas e 10,5% nos achocolatados. Segundo noticiou a EBC (Empresa Brasil de Comunicação), o presidente da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), João Dornellas, afirma que o primeiro pacto firmado dizia respeito à redução de gordura trans, e, depois, do sal; agora é a vez do açúcar. “Vamos movimentar toda a indústria para que se reduza, dentro do maior nível possível, os índices de açúcar nos alimentos. Fizemos isso com o sódio e vamos fazer com os açúcares. É um compromisso assinado agora, mas é movimento que vem sendo feito nos últimos anos sob demanda do próprio consumidor”.

Sobre o acordo, tanto a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) avaliaram com bons olhos a iniciativa, mas com ressalvas, pois se precisa rever a publicidade de alimentos para crianças, por exemplo, dentre outras questões. De fato, ao ler os rótulos de produtos industrializados não se vê a palavra “açúcar”, pois os fabricantes não são obrigados a informar seu teor na tabela nutricional. Não é a primeira vez Governo e indústria já uniram forças para estipular metas de redução de um ingrediente de produtos alimentícios. Em 2007, o alvo foi a gordura trans em alimentos, cuja redução foi de 94,6%. Ou seja, 310 mil toneladas de gorduras trans saíram das prateleiras entre 2008 e 2010. 2019 | RDM - 19


QUALIDADE DE VIDA.

Reprodução

Cuiabanos experimentam os benefícios das práticas integrativas e complementares no Horto Florestal Lucas Leite

Por mês, são atendidas em torno de 1000 pessoas na unidade referência; o Reiki é a prática mais procurada

O que se vê é a indicação dos “carboidratos”; mas açúcar é um dos tipos de carboidratos e o consumidor não sabe qual a quantidade de açúcar e nem a quantidade dos outros tipos de carboidratos está ingerindo. A endocrinologista Claudia Santana chama atenção para outro fator que confunde o consumidor, os codinomes usados pela indústria para se referir ao açúcar: mel, glicose, frutose, sacarose, xarope de malte e maltodextrina. O consumidor lê essas informações faz cara de quem entendeu tudo e vai andando com o produto no carrinho, como se não fizesse diferença, mas faz! “Falta falar mais, inclusive na publicidade, sobre os riscos do consumo excessivo do açúcar. O que mais mata no mundo, hoje, é a doença cardiovascular, um em cada dois diabéticos morre por problema cardiovascular e não porque a diabetes dele chegou em 1000. Pode acontecer claro, mas via de regra não. A regra é o paciente sofrer várias complicações pela exposição crônica e hiperglicemia e vai morrer de infarto e/ou derrame. No último levantamento, em 2015, o diabetes – na verdade as doenças diretamente relacionadas ao diabetes –, sozinho, matou mais que AIDS, Malária e Tuberculose no mundo”, pontua Claudia. A indústria assumiu o compromisso e o governo vai

20 - RDM | 2019

cobrar o cumprimento das metas. Mas a decisão de reduzir o consumo de açúcar depende muito, também, de se evitar atitudes como a de encher o café e outras bebidas, ao longo do dia, com açúcar – 64% do açúcar consumido diariamente são adicionados pela própria pessoa. “A questão é que grande parte dos alimentos já tem o açúcar próprio dos alimentos e a população coloca mais açúcar. O brasileiro adoça o suco de frutas, exagera no açúcar do café, o achocolatado, por exemplo, que já tem uma grande concentração de açúcar, tem gente que ainda acrescenta mais duas colheres”.

A BBC News Brasil ouviu nutricionistas, representantes de entidades de defesa do consumidor, pesquisadores, Ministério da Saúde, Anvisa e a indústria de alimentos e bebidas para discutir os malefícios do açúcar para a saúde e o que está sendo feito em saúde pública para minimizar esses danos. Em resumo, entidades e pesquisadores defendem tributar a produção de bebidas açucaradas, que no Brasil tem subsídio do governo: em julho o presidente Jair Bolsonaro (PSL) assinou um decreto amplian-

Michelle Cândido

do de 8% para 10% o benefício fiscal do IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) para a fabricação de concentrados de refrigerantes. “Estamos na contramão dos países desenvolvidos. Cerca de 40 países tributam as bebidas e aqui concedemos isenções e créditos fiscais. O caminho do subsídio é um grande problema a ser enfrentado”, avalia a nutricionista Ana Paula Bortoletto, líder do Programa de Alimentação Saudável do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor). Fonte: G1

A

ansiedade e o estresse estão presentes no cotidiano de milhares de pessoas por causa do ritmo acelerado do dia a dia, são inúmeras tarefas que causam inquietações e problemas de saúde. Segundo o International Stress Management Association no Brasil (ISMA-BR) cerca de 30% dos brasileiros possuem a síndrome da pressa, que não consiste em um problema comportamental e psicológico. São pessoas que apresentam característicos como falta de paciência, tensão, dificuldade de convívio e problemas recorrentes de estresse. Com toda essa carga diária alguns sintomas são considerados “comuns”, como dor de cabeça, insônia, ansiedade, cansaço, depressão e irritabilidade. Ain-

da que muitas pessoas considerem esse estilo de vida normal, há quem comece a andar na contramão em busca de melhor qualidade de vida. Fato é que é preciso desacelerar e driblar as tribulações cotidianas, buscar viver de maneira mais “zen”, dedicar um tempo para cuidar de si próprio e aproveitar as coisas mais simples da vida, como a natureza. Aliada à medicina tradicional, as Práticas Integrativas e Complementares (PICS) – Apiterapia, Aromaterapia, Bioenergética, Constelação familiar, Auriculoterapia, Cromoterapia, Geoterapia, Imposição de mãos, Homeopatia, Reiki, Terapia de Florais, etc. – podem ajudar na prevenção e cura de doenças, como também auxiliar e potencializar todos os tipos de tratamento,

tanto físicos como emocionais. As terapias são baseadas em saberes populares tradicionais, presentes no mundo há milhares de anos, que trabalham na perspectiva da prevenção de agravos e da promoção e recuperação da saúde, voltados para o cuidado continuado e humanizado. Esses tratamentos não demandam grandes recursos e nem precisam de equipamentos muito diferenciados, na maioria das vezes os materiais utilizados estão disponíveis na natureza, como plantas, óleos, flores, métodos manuais, exercícios posturais e de respiração, métodos de autoajuda e até intervenções na alimentação. Existem várias técnicas utilizadas pelas terapias naturais, desde as que abrangem a área corporal como na área

2019 | RDM - 21


vibracional. Na área mental, as práticas podem acessar sentimentos e emoções que provoquem problemas como depressão e ansiedade. Estudos demonstram que a demanda por tratamentos alternativos vem crescendo em todo o mundo, devido às limitações da medicina convencional e também pela questão financeira e inclusão social relacionadas a essas terapias. O Brasil é referência mundial na área de Práticas Integrativas e Complementares; esses tratamentos são disponibilizados gratuitamente para população através do Sistema Único de Saúde (SUS). Em Cuiabá, esse método começou a ser aplicado em 2004, com o programa de plantas medicinais e fitoterápicas (Fitoviva), e ganhou força em 2014 com a criação da Unidade de Referência em Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (URPICS), no Horto Florestal Tote Garcia, no Bairro Coxipó. Segundo a responsável técnica pela Unidade, Jucelma Bomdespacho, o diferencial dessas terapias é que elas promovem uma reflexão interna sobre o cuidado que a pessoa tem tido com sua saúde física e metal. “Todo trabalho que a gente faz no acolhimento é sempre nesse sentido, de trazer a responsabilidade para o sujeito, toda pessoa precisa de um tempo para se

22 - RDM | 2019

Ilustração da prática de Reiki.

nturas ve A e d es or d ça a C Amigos criam agência para explorar E Mato Grosso potencial turístico de Matas, cachoeiras, cânions, as belezas naturais saltam aos olhos, mas falta investimento do estado nesse mercado

W

Michelle Cândido

Lucas Leite

gias forem trabalhadas e harmonizadas o corpo atinge o equilíbrio e a tendência é que, fisicamente, o individuo melhore e tenha uma vida saudável”, explica Jucelma Bomdespacho. Edlena Moraes relata que teve acesso aos serviços por indicação de sua cunhada, por causa das fortes dores que sentia na coluna. Segundo ela, o trabalho aplicado no Horto Florestal é muito importante, porque começa de dentro para fora. Seu primeiro contato foi com a Auriculoterapia, que surtiu efeito de imediato, diminuindo as dores. “Ultimamente, eu estou passando por uma fase difícil e essas terapias me ajudam muito. Por isso, agradeço aos serviços de terapias disponibilizados no Horto. Hoje, faço os tratamentos de Auriculoterapia e Cromoterapia, eu entro de um jeito e saio de outro, eu tranquila e serena”, explica Edlena. Essas terapias são oferecidas, gratuitamente, pelo SUS para todos os moradores de Cuiabá e Várzea Grande. Os interessados devem ir, pessoalmente, à Unidade dentro Horto Florestal com um encaminhamento de qualquer unidade de saúde ou simplesmente ir participar da roda para o terapeuta avaliar e direcionar para a terapia necessária. “As pessoas têm que vir e usufruir dessa energia, para conseguir perceber o quão grandioso isso é, tenho certeza que vão sair daqui com o sentimento de gratidão muito grande, e gratidão cura quase tudo”, finaliza Jucelma.

N

M

ato Grosso é um estado rico em belezas naturais e tem uma cultura rica e diversa, porém, ainda desconhecida por muitos. São vários caminhos por estradas de terra, trilhas em meio às matas, beiras de rios, cachoeiras, lagos, cânions e cavernas que são excelentes destinos de passeio para quem gosta de natureza e aventura. Pensando nesse mercado em crescimento, a dupla de amigos, Denílson Cruz (que trabalha na área de TI) e Agimar Monteiro (editor e produtor de vídeos) resolveram criar uma pequena empresa, chamada Nativos de Trilha, que tem o objetivo de fomentar o turismo no estado oferecendo passeios aos mato-grossenses e turistas que queiram conhecer mais sobre a natureza do estado. Por enquanto, a empresa é mais um hobby e uma paixão, mas eles esperam que a agência cresça e se torne o negócio da vida deles. Segundo a dupla, o projeto teve inicio por amarem descobrir novos lugares e pontos turísticos, além de gerar renda extra aos proprietários dos locais visitados, já que para ter acesso à propriedade privada (muitos destinos turísticos ficam dentro de áreas privadas) é preciso pagar entrada. Como tudo começou Ambos já participavam e ajudavam na organização de passeios turísticos há mais de quatro anos, mas só se conheceram no “Carna trip”, um passeio que foi realizado em 2014 na cidade de Tesouros-MT, no período do carnaval; a partir daí, a amiza-

S

Agimar Monteiro e Denílson Cruz são sócios na agência de turismo Nativos de Trilha

de se fortaleceu e a parceria em inúmeros passeios também. No início deste ano, Denílson e Agimar montaram um grupo no whatsapp para fazer um passeio para o Vilarejo de Bauxi, na Cachoeira Juquara, em Rosário Oeste. A proposta deu tão certo, que o grupo que participou já animou para a próxima aventura. “Pensei, já que vamos dar continuidade aos passeios, vou batizar nosso grupo de Nativos de Trilha, e começamos a trabalhar com a criação de campanhas, anúncios, e várias pessoas aderiram à idéia. Em um dia, já tínhamos mais de 100 pessoas no grupo, hoje já estamos com dois grupos fechados e nosso foco é fechar pelo menos mais cinco”, conta Denílson. Após essa grande aceitação, os amigos resolveram se profissionalizar e empreender na área do turismo. Buscaram orientação e abriram uma empresa licenciada pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec) para atuar na área. Passeios Funcionando a pouco mais de três me-

ses, para cada passeio, a segurança é pensada com todo cuidado. Para programar os passeios os empresários fazem, com antecedência, um levantamento da logística necessária e correm atrás das permissões

Topo da Trilha Crista de Galo, Chapada dos Guimarães.

Agimar Monteiro

Dona Maria é voluntária e oferece o serviço de benzeção

dedicar a si, por isso muita gente adoece, porque começa a ficar no automático, pensa só em fazer e acaba esquecendo que ela precisa estar bem para desenvolver qualquer função, nós precisamos cuidar de nós mesmos, esse é o momento de você se dedicar a você. Quando a gente muda as pessoas que estão ao nosso redor também mudam”, afirma. Elaine Geraldes descobriu a Unidade através por meio de encaminhamento médico. “Cheguei à unidade emocionalmente, psicologicamente e fisicamente abalada, me sentindo perdida, com muitas dores, insegura e através dessas terapias eu fui me descobrindo, percebendo o valor que eu tinha, que independente das situações eu posso viver bem e ser feliz. Pude notar que existem várias alternativas de viver melhor, não tomo mais medicações fortes, as dores passaram e me sinto bem mais confiante, segura e alegre”, relata. Atualmente, o Ministério de Saúde reconhece 29 práticas integrativas, dentre essas, Cuiabá oferta seis: Terapia Comunitária Integrativa (TCI), Auriculoterapia, Reiki, Cromoterapia, Homeopatia e Terapia de Florais. A Unidade de Referência também oferece serviços de psicologia e nutrição funcional e toda sexta-feira tem uma voluntária que faz o serviço de benzeção. “A base dessas terapias são as vibrações energéticas, nosso corpo é feito de energia e quando em desequilíbrio, podem aparecer as doenças. Se essas ener-

Ilustração

Lucas Leite

TURISMO.


Denílson Cruz

PRÊMIO PIXÉ DE LITERATURA.

Trilheiro fazendo rapel na Cachoeira Cortina da Onça, localizada entre Campo Novo do Parecis e Tangará da Serra. para a exploração turística dos pontos e, assim, criam as rotas dos passeios. Além disso, a Nativos realiza passeios com seguro aventura para todos os participantes, além de guia turístico e serviços terceirizados, dependendo da aventura, como, por exemplo, o rapel, que necessita de uma equipe profissional para executar a atividade. Outra prioridade é a preservação da natureza e a responsabilidade de não causar nenhum dano. O objetivo é apenas relaxar, admirar a natureza e aproveitar o trajeto que é feito em vans, ônibus e/ou no sistema de carona compartilhada, onde o motorista compartilha o carro e a gasolina é dividida entre os trilheiros. “Durante os passeios contamos um pouco da história do local, o que tem na propriedade, o que a pessoa vai conhecer e falamos também da consciência ecológica, levamos sacos de lixo para coletar tudo que encontramos no percurso que possa degradar a natureza e realizamos o descarte correto”, explica Denílson. A intenção da agência de turismo é oferecer uma “rota de fuga” para quem procura a paz da natureza, qualidade de vida, relaxamento e, também, valorizar e preservar as riquezas naturais e culturais que o estado tem. Os passeios duram em média dois dias, mas também pode ser um day use ou, até mesmo, vários dias, tudo depende da programação. Política Pública Para os empreendedores falta o estado fomentar, preservar e investir no Turismo. Eles observam que o Governo prefere fechar ao invés de incentivar. “Já não temos

24 - RDM | 2019

tantos pontos explorados e os que têm são fechados, um exemplo é a Trilha do Mel que, hoje, está interditada por falta de manejo”, conta Agimar. “Nosso estado é muito grande e rico de belezas naturais, mas os governantes dão prioridade para o Agronegócio, porém o turismo também pode dar uma contribuição para os cofres públicos, gerar renda e emprego. Se tivesse mais incentivo e conscientização da área de preservação, Mato Grosso entraria nas principais rotas turísticas do mundo”, destaca Denílson. Segundo dados divulgados pelo Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), a contribuição do segmento de turismo ao Brasil, no ano de 2018, foi de US$ 152,5 bilhões, que representam 8,1% do PIB total do país. Além disso, 6,9 milhões de empregos foram gerados no ano passado, graças à movimentação financeira que o turismo trouxe para o país. De acordo com os empresários, em pouco tempo, muitas dessas belezas naturais deixarão de existir, porque os grandes empresários compram as terras, desmatam e fazem plantação, usam agrotóxicos e, consequentemente, todo esse veneno deságua nos rios, o que acaba contaminando as águas, causando assoreamento, dentre outros problemas. “Nós vemos isso com profunda tristeza”, lamenta Denílson. O secretário adjunto de turismo, Jefferson Preza Moreno, afirma que o governo está realizando um planejamento do programa “Mato Grosso para os mato-grossenses”, que busca incentivar o turismo e os turistas locais. “Neste momento, a secretaria adjunta está dialogando com

W

Daryll Echeverria, Sabrina Araújo e a pequena Isabella, amor que surgiu nas trilhas.

Concurso literário pretende dar visibilidade para novos escritores

os prefeitos, traders, para organizar o programa”. Sobre os investimentos, Moreno informou que não irá falar sobre o assunto, pois aguarda confirmação de licenças e outros detalhes. Assim que estes projetos e investimentos estiverem fechados, haverá o anúncio oficial. Romance na trilha Daryll Echeverria, que atua no setor comercial do Sebrae, conheceu a artesã Sabrina Araújo e, logo, fizeram a primeira trilha juntos. Ela se apaixonou por esse estilo de vida e os dois começaram a namorar e fizeram inúmeros passeios. O casal encontrou nas trilhas a oportunidade de ter uma qualidade de vida melhor, fazer novas amizades e eliminar o estresse do cotidiano, “sem contar o lado desbravador de sempre estar conhecendo lugares diferentes”, conta Daryll. O namoro que começou nas trilhas de Mato Grosso e se tornou um casamento, já deu frutos. Isabella, com 10 meses de vida, já participou do seu primeiro passeio na Cachoeira Cristal, em Chapada dos Guimarães. O casal já está programando outro passeio com a pequena trilheira para a Vila Bom Jardim, no município de Nobres, assim, aos pouco, ela vai se acostumando com a natureza. “Sou trilheiro, já fiz diversas viagens para outros estados e pude observar que a realidade de Mato Grosso é bem diferente, não só na parte da falta de apoio do governo, como também na falta de especialização dos empresários que trabalham com Turismo. As estradas e pontes precisam de melhor infraestrutura, outro fator importante que precisa de uma atenção é a legalização dos pontos turísticos, é muita burocracia que inviabiliza o turismo no estado”, afirma Daryll. A dupla Denilson e Agimar deixam o convite para quem gosta de natureza, tem interesse em fazer passeios na natureza e gostariam de conhecer pontos turísticos da região. “Venha fazer parte da família Nativos de Trilha”.

Os autores vencedores serão premiados com publicação de livro e dinheiro

N

Serviço: Instagram @nativosdetrilha Denílson Cruz - (65) 98161-9606 Agimar Monteiro - (65) 98140-0041

Depositphotos

Michelle Cândido

C E

onsiderada um bem cultural, a literatura contribui para o desenvolvimento da educação, dos aspectos linguísticos e cognitivos, da reflexão, do exercício da imaginação, formação moral, sensibilidade e concentração, além, de favorecer o acesso aos diferentes saberes sobre a cultura e lugares desconhecidos, seja do mundo fictício ou real. O vácuo de editais, a falta de estímulo do poder público e da iniciativa privada para a literatura no estado, levou Revista Literária Pixé em parceria com a Editora Carlini e Caniato a realizar o Prêmio

Pixé de Literatura, que visa reunir em um livro os textos literários em prosa e poesia de autores mato-grossenses. “Estamos promovendo um concurso modesto para editar e publicar um e-book com 10 produções inéditas em poesia e outras 10 em prosa, depois o impresso com escritores que nunca publicaram nas respectivas categorias”, afirma o escritor, advogado e organizador do prêmio, Eduardo Mahon. A proposta da revista é ceder o próprio espaço paras os textos vencedores e a editora Carlini e Caniato publicar um livro dessas obras e das demais selecio-

nados, além de oferecer uma premiação em dinheiro, no valor de R$ 6 mil. “Essa foi à maneira que encontramos para ajudar a revelar pessoas que não podem ou não tem condições de publicar suas obras, em função de falta de estimulo do poder público”, explica. Inscrições As inscrições seguem até o dia 23 de outubro e o objetivo do concurso é dar visibilidade aos novos talentos da literatura. Os candidatos que enviarem seus textos não podem ter livros publicados na categoria em que escolherem con-

2019 | RDM - 25


Divulgação

Organizador do Prêmio Pixé de Literatura, Eduardo Mahon. correr. E devem ser mato-grossenses de nascimento ou que comprove residir em Mato Grosso no momento da inscrição. O concurso será dividido em duas fases: a primeira é a habilitação preliminar e a segunda é o exame de mérito. O resultado será divulgado no dia 02 de dezembro de 2019 e a previsão para o lançamento do livro é de 120 dias após a divulgação dos premiados. Segundo Mahon o cenário da literatura produzido em Mato Grosso nunca esteve melhor. “O mercado da literatura está aquecido e articulado, nem mesmo na década de 70 quando contávamos com a produção do Ricardo Guilherme Dicke, Tereza Albues, Silva Freire, que eram grandes nomes, tínhamos uma produção dessas”, conta. Mato Grosso tem um apanhado de aproximadamente 120 anos de produção literária, com cerca de 100 anos

26 - RDM | 2019

Estamos promovendo um concurso modesto para editar e publicar um e-book com 10 produções inéditas em poesia e outras 10 em prosa, depois o impresso com escritores que nunca publicaram nas respectivas categorias da fundação da Academia mato-grossense de letras, que foi fundada em 1921. “O ritmo de produção, atualmente, a visibilidade e a circulação que essas produções têm, nunca aconteceu igual nesses 120 anos de literatura em Mato Grosso”. A Revista Pixé busca congregar

jovens escritores e fotografar o atual panorama literário do estado, com um diferencial de ser uma revista online (e-book) com enfoque na arte literária. “Nós estamos no tempo da produção online, isso também faz com que esses textos cheguem, diariamente, aos estudantes de literatura, o que pra nós é ótimo”, ressalta Eduardo. Na visão do organizador do concurso, o estado deveria valorizar os escritores mato-grossenses levando suas produções de história, geografia e literatura para as escolas, o que estimularia não só os editores, como também os escritores. “Nós temos todo um roteiro para começo de leitura e atração de leitura jovem para iniciar o habito da leitura e, no final das contas, o estado não colabora. Nós poderíamos ter um circuito produtivo em MT, a produção ia crescer 10 vezes de tamanho”, pontua.


cuiaba.mt.gov.br

#TrabalhoQueDáResultado

/prefeituracba

POR TODA CIDADE, TRABALHO QUE DÁ RESULTADO A Prefeitura de Cuiabá está trabalhando em ritmo acelerado e os resultados já estão aí, fazendo a diferença na vida das pessoas. Tem o novo Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), asfalto novo chegando nos bairros, novas estações climatizadas de ônibus, Kit Uniforme Escolar para os alunos da rede municipal e muito mais famílias morando em casas novas, reformadas ou com o título definitivo da posse. E com os novos parques, praças, academias da cidade e complexos de lazer, Cuiabá se torna a cada dia um lugar melhor pra se viver. É trabalho que dá resultado.

6 NOVOS CMEI’S E MAIS 6 EM CONSTRUÇÃO

HOSPITAL MUNICIPAL DE CUIABÁ

NOVO KIT UNIFORME ESCOLAR PARA TODA REDE DE ENSINO

NOVOS PARQUES E NOVAS ÁREAS DE LAZER

ESTAÇÕES MODERNAS E CLIMATIZADAS

TÍTULO DEFINITIVO DE PROPRIEDADE PARA MAIS DE 10 MIL FAMÍLIAS

MAIS DE 200 KM DE ASFALTO

MUTIRÃO DE LIMPEZA EM MAIS DE 150 BAIRROS

TRABALHANDO E CUIDANDO DA GENTE


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.