Arquivo Caminhante

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CARLOS ALCOBIA

“ARQUIVO CAMINHANTE” O TRILHO DA SOJA NO TRABALHO DE EDUARDO MOLINARI

Mestrado em estudos curatoriais Temas de arte contemporânea Professor José Fernandes Dias


__ INICIO DA CAMINHADA – PRINCIPIO POTOSI

Foi em Maio de 2010, durante visita realizada ao Museu Reina Sofia, e com o intuito de acompanhar a montagem da exposição “Principio Potosi” que pela primeira me confrontei com o arquivo caminhante de Eduardo Molinari. Esta ida ao “Principio Potosi” foi com o propósito de poder dialogar com os curadores responsáveis pelo projecto, nomeadamente Alice Creischer, Andreas Siekmann e Max Hinderer, e estabelecer outros contactos com outros artistas participantes neste projecto e presentes na montagem. Apesar da azafama habitual à fase dos preparativos finais, encontrei neste contexto um ambiente mais informal de relação com os intervenientes, e onde também o discurso expositivo ainda se encontrava em construção, não só física como conceptual. Convém ainda referir que a escolha pelo acompanhamento deste projecto expositivo deveu-se a “Princípio Potosi” ser “englobado” nesta recente séries de projectos curatoriais que tentam reposicionar e reconstruir aspectos pertencentes a uma ou mais noções de globalização. “Principio Potosi” é, sumariamente, o produto de uma investigação realizada sobre teorias da proto globalização, questionando as origens ideológicas do próprio modernismo, reinterpretando a arte Ameríndia no período colonial, e materializando-se num instrumento de crítica social e politica contra os efeitos negativos do capitalismo liberal. Envolve uma reflexão aprofundada sobre os as temáticas aprofundadas e conteúdos apresentados, assumindo para isso uma postura documental, e propondo novos mecanismos de diálogo/interacção com o visitante. Contudo considero que em virtude da sua extrema complexidade qualquer tentativa de sumarizar as suas problemáticas num texto com estas características resultaria somente num exercício meramente descritivo e envolto numa superficialidade generalista, não honrando a valência do projecto, como nem me possibilitava desenvolver uma reflexão critica mais apurada. Ainda assim foi durante este percurso que tive a oportunidade de privar com Eduardo Molinari, artista argentino, que apresentava os resultados da investigação realizada através do seu Arquivo Caminhante, sobre a influência da multinacional americana Monsanto na Argentina, abordando a questão da Soja transgénica. através da instalação “Os Filhos da Soja”


Deste contacto inicial com Eduardo Molinari gerou-se um maior interesse pelas suas práticas artísticas e particularmente o recurso ao Arquivo Caminhante como método de investigação aliado a uma experiência estética, e por outro lado cativou-me as suas considerações e interrogações sobre o capitalismo semiótico e a ambiguidade de um artista dentro do principio Potosi que debate questões relacionadas com globalização e num discurso, que estaríamos tentado a enquadrar no contexto do pensamento e critica pós colonial, no interior de um contexto hegemónico de algumas Instituições Museológicas a que o que Museu Reina Sofia de Madrid pertence. Após estes primeiros contactos tive a oportunidade de me debruçar sobre alguma bibliografia associada à problemática apresentada pelo trabalho de Eduardo Molinari em “Os filhos da Soja”, e devido em parte à coerência encontrada no seu discurso, por outr lado devido à elevada maturação de uma investigação continuada ininterruptamente desde o final da década de 90, optei por tomar como referência somente este artista para desenvolver este trabalho no âmbito da disciplina de Temas de Arte Contemporânea.

_ OS FILHOS DA SOJA

Eduardo Molinari, artista plástico e também docente universitário, reside em Buenos Aires mas mantém desde há muito tempo uma relação com artistas e curadores germânicos resultado das inúmeras residências realizadas na Alemanha e de projectos conjuntos como Ex Argentina em que participou na coordenação de uma das suas etapas “Normalidade”. Foi neste contexto que surgiu o convite por parte dos curadores Andreas Siekmann e Alice Creischer para participar no Principio Potosi e para tal sugeriram que trabalhasse a sua temática usando como base uma pintura do séc. XVII1 que ilustra Santo Ildefonso a receber as vestes da mãos da Virgem Maria em recompensa pelos seus esforços na defesa do culto à Imaculada Concepção. O cenário representa a mutua influência entre a cultura Andina e Católica, onde estranhas plantas indígenas cercam os personagens. É também relevante o facto desta pintura também representar dois frades, um Dominicano e outro Franciscano, em diversas etapas das 1

“San Ildefonso recibe su manto” autor anónimo, Potosi


suas missões evangelizadoras junto dos nativos Ameríndios e também a cumprimentarse simbolizando a união dos cristãos naquela missão considerada superior. Eduardo utiliza este quadro com o intuito de estabelecer um paralelo entre as imagens das estranhas plantas que compõem o quadro, certamente a interpretação do pintor europeu da exótica flora nativa de Potosi, e os vastos campos de soja transgénica da Monsanto que actualmente invadem e descaracterização a sua Argentina, e que constituem também um espaço de flora, não nativa, e alienígena. Para estabelecer esse paralelo, Eduardo recorre ao seu Arquivo Caminhante, que nesta instalação se materializa nas dezenas de fotografias e reproduções expostas pelas paredes envolventes, todas catalogadas e com algumas intervenções manuscritas realçando o aspecto de diário gráfico de uma expedição que pretende investigar a problemática da expansão territorial da Multinacional Monsanto na Argentina pós crise económica de 2001. Também encontramos outros elementos que complementam as reflexões sobre esta problemática como as máquinas registadoras, ou as máquinas de lavar roupa, ambos os dispositivos sendo manifestações da sua leitura do capitalismo semiótico.

__ ARQUIVO CAMINHANTE

“El andar como práctica estética, la investigación con métodos artísticos y el accionar colectivo e interdisciplinario están en el centro de su trabajo” 2

Eduardo Molinari lança aqui o mote do trabalho realizado dentro do Arquivo Caminhante, o caminhar e a documentação encarados como prática artística pelas temáticas levantadas e pelas qualidades estéticas como processo mas também em potencial expositivo. 2

http://archivocaminante.blogspot.com


Este arquivo que caminha pelos pés do artista e dentro dos trilhos que a sua linha de investigação dita, documenta e sustenta o suporte critico que Eduardo posteriormente elabora na apresentação dos seus trabalhos. É composto por desenhos, colagens, fotografias, extractos de publicações, eminentemente gráfico e visual, que constitui quando exposto uma parafernália de informação simbólica sobre os caminhos trilhados. O acto de caminhar como experiência de conhecimento expandido, um movimento através do espaço de potencialidades criticas e estéticas. Permite-nos vivenciar e percepcionar o objecto de uma forma não sujeita a normas impostas, estimulando a reflexão critica do caminhante e criando, segundo Mikel Dufrenne (Dufrenne, 1989), uma ideia pessoal e subjectiva da verdade, ou mesmo reforçar a autenticidade da experiência estética que ele experiencia. Contudo a esta subjectividade do olhar vivenciado surge como um problema pois o objecto estético destina-se somente a ser percepcionado e não à sua utilização como conhecimento devido precisamente à falta de objectividade necessária à observação racional (Dufrenne, 1989). O Arquivo Caminhante é um dos projectos que tal como Critical Walks in the city (Platform, 2010) procura desafiar a limitação criada pela promessa de não cruzamento entre o conhecimento e o estético. O projecto de Platform, tal como Arquivo Caminhante, traz-nos a questão de expandir os limites do nosso conhecimento do objecto através da percepção e da reflexão critica mediante o andar, ou ainda, o caminhar como dispositivo de reequacionamento de conhecimentos através de um contacto vivencial, mas ao mesmo tempo através de uma componente documental pretende-se ir além da subjectividade e construir métodos de investigação de natureza objectiva. “Minha maneira de fazer arte é uma breve viagem à pé pela paisagem(…) As fotos são a única coisa que temos necessidade de levar da paisagem. A única coisa que devemos deixar são as marcas de nossos pés”3

Não será de estranhar que da confrontação inicial com o Arquivo Caminhante se produza sobretudo confusão devido à alta densidade de imagens apresentadas, mas após

3

Hamish Fulton citado em Walkscapes, walking as an aesthetic practice (Careri, 2002)


tempo de reflexão permite-nos seguir as rotas exploradas e caminhadas por Eduardo Molinari nas temáticas sociais e politicas da sua Argentina pós crise 2001. Em algumas culturas é comum dizer-se que um homem só conhece a terra em que habita após caminhá-la e por muito utópico que pareça fazê-lo isso em relativamente a um país com as dimensões da Argentina, Eduardo Molinari parece decidido em concretizar a sua investigação e as bases para a sua reflexão artística por este meio.

__ GLOBALIZAÇÃO SEGUNDO MONSANTO

“Sentémonos a comer con todos los que no han comido, pongamos los largos manteles, la sal en los lagos del mundo, panaderías planetarias, mesas con frases en la nieve y un plato como la luna en donde todos almorcemos, por ahora no pido más que la justicia del almuerzo”4

Através de “Os filhos da soja” Eduardo Molinari utiliza o seu Arquivo Caminhante para nos conduzir até à Monsanto, empresa multinacional sedeada nos Estados Unidos da América, líder mundial na produção de sementes para produtos agrícolas geneticamente modificados, defensora da auto-proclamada “Revolução Verde” promessa de um contributo decisivo para erradicar a fome no mundo Alguns dados que constam no documento de compromisso social da Monsanto pretendem sustentar e ilustrar essa posição: 14 milhões de agricultores a produzir colheitas geneticamente modificadas num total de 25 países de todos os continentes; redução de 359 mil toneladas métricas de uso de pesticidas; 900 milhões de hectares de área de plantações geneticamente modificadas; 38 mil milhões de euros de receitas para esses agricultores através das plantações; mil milhões de refeições consumidas com o recurso de ingredientes geneticamente modificados (Monsanto, 2010). A Multinacional Monsanto é considerada, desde a década de 90, como a líder dessa revolução verde, sustentada em produtos como o Round Up, poderoso pesticida, e as suas 4

Pablo Neruda


OGM5, em particular as sementes de soja e milho transgénicas para resistir ao RoundUp, os argumentos para uma voz activa nos mercados internacionais de alguns dos produtos base da alimentação humana. Contudo o facto de haver uma propriedade intelectual (direitos de patente) às sementes dos produtos alimentares da Monsanto permitem haver um controlo desses bens essenciais no mercado mundial. Devido há existência dessas patentes os agricultores que recorrem a produtos Round Up ready (sementes transgénicas que são imunes ao glisofato6) ficam contratualmente dependentes do fornecimento das sementes por parte do único produtor mundial, sem a possibilidade de reutilizar sementes para um segundo cultivo sem ser obrigado ao pagamento de royalties que são definidas pela Monsanto. O cenário torna-se mais preocupante quando verificamos que devido ao facto da utilização maciça de sementes transgénicas em alguns países7 o património genético de algumas espécies nativas de milho ou soja começam a ficar ameaçados, ou por contaminação do cruzamento com os transgénicos de campos vizinhos ou pela substituição do uso destas sementes nos campos de cultivo. No artigo 25 da Declaração Universal dos Direitos Humanos o direito à alimentação encontra-se consagrado como um direito básico do Homem “Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação” (ONU, 1948). Contudo verificamos que a fome continua a ser a primeira causa mundial de mortalidade a nível mundial, e estima-se que 820 milhões de pessoas sofram de subalimentação crónica e prolongada sendo um terço proveniente da Índia. Se é dito que se pode controlar um Estado se controlarmos o petróleo, então poderemos dizer que podemos controlar um povo se controlarmos a comida. É através do controlo do preço dos commodities (bens), no mercado dos futuros (Borja, 1998) que a Monsanto exerce a sua “revolução verde”, estendendo por meio de interesses económicos e políticos o seu raio de acção a um cada vez maior número de países, utilizando diversas manobras para monopolizar a produção de produtos agrícolas com a promessa de reduzir a fome no mundo.

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Organismos Genéticamente Modificados

6

Principio activo do herbicida Roundup

7

Nos Estados Unidos a soja transgénica representa 93% do total da produção nacional de soja


Apesar de os resultados apresentados serem à primeira vista positivos, não nos podemos esquecer que a fome no mundo não resulta da falta de produção relativamente à procura humana, mas sim à iniquidade na distribuição de recursos. A “revolução verde” prometida pela Monsanto não vem resolver essa questão, mas contribui para criar mais desigualdades na distribuição de recursos incentivando o crescimento de grandes monoculturas viradas para a exportação, que eliminam os meios de subsistência dos pequenos produtores e simultaneamente se colocam dependentes das politicas de distribuição de um fornecedor. Na cartilha da globalização segundo a Monsanto encontramos meios dissimulados de introdução nos mercados nacionais e estandardização dos meios de produção como recentemente aconteceu no Haiti, com a “ajuda” de 500 toneladas de sementes de soja transgénicas (com patente RoundUp ready) para incentivar a economia local a adoptar meios de produção mais eficazes num contexto de destruição generalizada e fome provocada pelo terramoto de Janeiro de 2010 (Greenhalgh, 2010). Eduardo Molinari ajuda-nos desmontar pedaços dessa máquina registadora de dinheiro que paira sobre todos nossos de forma dissimulada, evidenciando a sua actuação, documentando os seus gestos e estabelecendo relações semióticas entre os factos documentados durante as suas caminhadas e outros elementos.

__ CAPITALISMO SEMIÓTICO E O DISCURSO DA MÁQUINA DE LAVAR

“The power to generate economic value and profit (…) is political power. More than ever before in history, semiotics is the science we need in order to understand how political power is being re-distributed and exercised in our times”8

Gostaria de terminar este texto aludindo a um dos elementos que compõem a instalação “Os filhos da soja” e que são três maquinas de lavar roupa cujos tubos de escoamento encontram-se voltados para a outra divisão do Museu Reina Sofia. 8

Retirado de “Multimodal genres and transmedia traversals: Social semiotics and the political economy of the sign” de Jay Lemke (Lemke)


Segundo Eduardo Molinari as máquinas representam uma critica aos sinais do capitalismo semiótico nas sociedades actuais e em particular às grandes instituições museológicas como o Reina Sofia. A analogia é estabelecida por, nas palavras de Eduardo, ambos os dispositivos (maquinas de lavar e museus) servirem para reprocessar materiais e torná-los limpos de manchas e sujidades. Ou seja pretende-se criticar o poder discricionário dos museus na promoção da legitimação de determinados agentes artísticos em detrimento de outros, exercendo um poder de recombinação entre o sujo e o limpo. Considero que esta critica torna-se especialmente pertinente se atendermos ao contexto que rodeia este projecto, “Os filhos da Soja”, no qual uma grande museu Madrileno promove um debate critico sobre a ocupação da Coroa Espanhola na América Latina, tomando como ponto de partida o aspectos históricos e fenomenológicos da região de Potosi Bolovia. Manuel Borja-Villel, director do Museu Reina Sofia, endereçou o convite a um projecto que se tornou num olhar muito critico sobre o papel da monarquia espanhola tanto nas relações estabelecidas no período colonial, e simultaneamente reflectindo no seu papel pós potencia colonial, e que gerou ainda no seu seio espaço as vozes da dissidência autónoma actual em Espanha. Contudo

parece

ser

Moderna/Contemporânea se deva

expectável

que

uma

Instituição

de

Arte

rodear de elementos que a perturbem e causem

polémica. Para ele a experiência de trabalhar com o Museu Reina Sofia foi como abordar a temática do pós colonial sujeito a condições de relacionamento coloniais, onde lhes era permitido ser dissidentes mas somente dentro do intervalo normativo definido pela Instituição. Qualquer movimento desviante que assim fosse considerado pelo Reina Sofia seria alvo de censura directa ou indirecta, e tal foi o caso que provocou o aparecimento de determinadas relações de trabalho semelhantes às relações estabelecidas entre o centro do Império Madrid e colonialismo trazia.


A titulo de exemplo de referir a situação insólita em que o Museu optou por publicar primeiro o catálogo de um grupo de intelectuais dissidentes do projecto9 antes da publicação do catálogo do projecto que foi reprogramado para Outubro. Para Eduardo Molinari isto faz com que ele se sinta como parte do problema, como se a sua presença nesta mostra contribua para a perpetuar a continuação do processo com o qual discorda, que é da de legitimação de uma minoria utilizando os meios próprios ao sistema capitalismo na sua época do semiótico. Um trilho com diversas bifurcações, e de tomadas de posição que certamente poderemos continuar a acompanhar através do seu arquivo caminhante http://archivocaminante.blogspot.com

9

Publicação / Catálogo “Potosi Reverso”


Bibliografia Borja, C. (1998). Funcionamento do mercado de futuros. Obtido em 8 de Outubro de 2010, de ClubInvest: http://www.clubeinvest.com/bolsa/show_futures_technical_analysis.php?id=677 Careri, F. (2002). Walkscapes O Andar Como Práctica Estética. Barcelona: Gustavo Gili. Deseriis, M., & Holmes, B. (4 de Fevereiro de 2009). Concerning Art and Social Change. Mute . Dufrenne, M. (1989). The Phenomenology of Aesthetic Experience. Londres: Northwestern University Press. Greenhalgh, M. (7 de Julho de 2010). Haitian Farmers Reject Monsanto Donation. Obtido em 8 de Outubro de 2010, de Food Safety news: http://www.foodsafetynews.com/2010/06/haitianfarmers-burn-monsanto-hybrid-seeds/ Gruzinski, S. (1999). El pensamiento mestizo. Paris: Librairie Arthème Fayard. Lemke, J. (s.d.). Multimodal genres and transmedia traversals: Social semiotics and the political economy of the sign. Magazine, O. L. (2010). Monsanto Company profile. Organic Lifestyle Magazine Edições 8,9,10 e 11 . Molinari, E. (2010). Los niños de la soja. Buenos Aires: Archivo Caminante. Monsanto. (2010). Benefits of Biotechnology. Obtido em 8 de Outubro de 2010, de Monsanto: http://www.monsanto.com/products/Pages/benefits-of-plant-biotechnology.aspx ONU. (1948). Declaração Universal dos Direitos Humanos. Nova Iorque: ONU. Platform. (7 de Outubro de 2010). Platform. Obtido em 7 de Outubro de 2010, de Freedom in The City, 2002: http://www.platformlondon.org/fitc.asp Robin, M.-M. (Realizador). (2008). The World according to Monsanto [Filme]. Smith, J. M. (5 de Agosto de 2010). Monsanto: The world’s poster child for corporate manipulation and deceit. Obtido em 2010 de Outubo de 8 , de Infowars Ireland: http://infowars.org/2010/08/05/monsanto-the-worlds-poster-child-for-corporate-manipulation-anddeceit/


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