Modos Gregos

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24/07/2019

Modos Gregos - Documentos Google

Modos Gregos e Seus Shapes Hoje em dia, os modos já não são exatamente um assunto novo para guitarristas, mas o que é assunto novo atualmente, não é verdade? Como não custa repetir, os modos nada mais são do que repetições da escala maior ou menor naturais (ou mesmo de outras escalas) em seus diferentes graus. No entanto, essa é apenas uma forma de pensar nos modos. Na prática, para obter a sonoridade dos modos não basta simplesmente tocar os shapes. É preciso entender que cada modo cria contextos harmônicos e melódicos particulares. Cada modo tem uma "cor", e possui uma nota característica, que alguns chamam de "flavour note". Enfim, vai bem além do simples tocar as notas do shape do modo. No entanto, o objetivo desta postagem não é aprofundar sobre como utilizar os modos, mas apenas apresentar alguns shapes, evidenciar as principais notas de cada modo e abordar de forma descritiva a sonoridade proporcionada por cada um deles. Confira nas imagens abaixo alguns shapes dos modos derivados das escalas maior e menor naturais: I - Modo Jônio O modo Jônio é propriamente a escala maior natural, ou seja, a escala diatônica maior no seu I grau. A base da música popular tonal ocidental.

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Os acordes característicos desse modo são o I7M, I7M(11)*, I7M(9). Em todos os modos a tônica e a 3ª são notas características. Além dessas, cada modo possui uma nota que dá uma "cor", uma nuance. O modo Jônio evidencia a sétima maior. Se a intenção artística for a de imprimir um caráter agradável, facilmente "digerível", o modo Jônio é a escolha mais fácil. O modo não evidencia tensões de assimilação mais complexa como a 9ª menor presente no modo Frígio, ou a 4ª aumentada presente no modo Lídio. Além disso, é um modo maior e o próprio acorde I7M soa naturalmente como confortante/relaxante. Enfim, uma escolha descomplicada. Paradoxalmente, é justamente esse caráter de fácil assimilação que, em excesso, pode tornar-se algo insosso, sem mistérios, sem sedução. É preciso ter cuidado para não cair na mesmice quando o modo jônio parece a escolha mais simples e segura. Todavia, as últimas décadas abriram muito espaço para a utilização de vários modos. No campo da guitarra elétrica, principalmente pelo trabalho de guitarristas "instrumentais" e virtuoses, que se tornaram febre a partir dos anos 80. * A tensão de décima primeira pode ser utilizada no acorde Jônio, porém deve ser empregada com cautela, uma vez que cria efeito suspensivo, o que deve ser considerado caso o efeito desejado seja resolutivo.

II - Modo Dórico Este modo é o II grau da escala maior natural. Tem caráter menor e além da tônica e terça-menor, a sexta maior é sua nota característica, ou sua flavour note. Em relação à menor natural (modo eólio), tem a sexta-maior. O acorde mais característico do modo é o IIm6/IIm13, mas as outras tensões do modo podem ser empregadas: IIm7 - IIm7(13) - IIm7(9) - IIm6(9). É um modo bastante peculiar a estilos como Jazz, Blues e MPB, mas não significa que não possa ser utilizado em outros estilos. Por sua própria natureza, e aplicação nos estilos mais peculiares, o modo Dórico pode ser descrito como sofisticado/refinado. Para sentir um pouco a sonoridade do modo dórico, experimente a progressão Em7(9) - A7, repetindo quantas vezes quiser e improvisar sobre estes dois acordes utilizando a pentatônica de Ré maior e adicionando as notas C# e G à escala quando for tocar sobre o A7.

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III - Modo Frígio

O modo Frígio caracteriza-se por ser um modo menor com a 2ª (9ª) menor. Como a tensão de 9ª está apenas 1 semitom acima da tônica, deve ser utilizada com um cuidado extra, uma vez que pode soar muito dissonante. Mas justamente nessa

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dissonância, se aplicada com sabedoria é que está o sabor, ou a flavour note desse modo. O acorde mais característico do modo é o IIIm(b9). Outras possibilidades para o acorde frígio são IIIm7 - IIIm7(b9) - IIIm7(b13) - IIIm9(b13). O modo frígio é capaz de gerar sonoridades ao mesmo tempo melancólicas e exóticas, ou até mesmo tensas/dramáticas. É uma boa escolha caso essa seja a intenção. Alguns exemplos: Would (Alice in Chains), For the Love of God (Steve Vai). IV - Modo Lídio O modo Lídio caracteriza-se pela 4ª/11ª aumentada, em relação à escala maior natural (modo Jônio). Não é muito fácil descrever a sonoridade de um modo com muita precisão, pois o efeito pode variar bastante tanto em função do ritmo imprimido, quanto de outros aspectos da composição/improvisação. Mas de forma geral, pode-se dizer que a sonoridade proporcionada pelo modo Lídio assim como o modo Frígio é de certa forma exótica. Porém, por se tratar de um modo maior soa menos dramático/melancólico que o modo frígio.

V - Modo Mixolídio O modo mixolídio caracteriza-se pela sétima menor sobre um acorde maior, ou sejam o acorde dominante - V7. Para se ter uma noção da sonoridade específica do modo, algumas referências seriam blues (maiores) e rock clássico, dentre outras.

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Como já disse antes, é difícil falar exatamente sobre a sonoridade de um modo. Mas o modo mixolídio soa, pelo menos para mim como algo que transborda auto-confiança. Não à toa, talvez, exatamente o modo mixolídio tenha sido largamente empregado no blues e rock, que são estilos que inspiram auto-confiança e orgulho próprio.

VI - Modo Eólio O modo Eólio é a própria escala menor natural. Em relação ao modo Frígio, o modo Eólio tem uma segunda maior, e em relação ao modo Dórico, a sexta menor. Apesar de a sexta-menor ser a nota mais característica do modo, a segunda maior é uma boa nota a ser empregada para dar maior ênfase neste modo, diferenciando-o assim do modo frígio. Pode ser aplicado sobre um acorde VIm - VIm7 - VIm6. Uma observação, a título de curiosidade. Como o acorde VIm6 possui as mesmas notas do acorde IV7M, o modo eólio aplicado sobre o acorde lídio (IV grau) pode soar tonal ou modal, dependendo da aplicação que se fizer do modo. Por exemplo, se a ênfase no improviso ou composição se der na sexta-menor, provavelmente soará tonal. Se além da sexta-menor ocorrer a ênfase na segunda maior do modo Eólio, a sonoridade será modal, ressaltando o modo Lídio. Pode ser clichê tratar o modo Eólio dessa forma, mas eu o descreveria como um modo que denota uma tristeza contida. Não é tão dramático quanto o modo Frígio, nem tão sofisticado quanto o modo Dórico. Enfim, eu o descreveria basicamente como introspectivo.

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VII - Modo Lócrio O modo Lócrio caracteriza-se pela terça-menor e quinta diminuta, ou seja, os intervalos que formam o acorde diminuto. No entanto, é um modo excêntrico, uma vez que a sonoridade diminuta, propriamente, é dada pela combinação efetiva das próprias notas do acorde. Ao utilizar as demais notas do shape do modo Lócrio sem critério, ou mesmo numa simples subida e descida de escala, não necessariamente a sonoridade diminuta será atingida. No entanto é bom visualizar as principais tensões dentro do modo e, se ele for uma escolha, a tríade T - b3 - b5 presente dentro do modo pode ser empregada como notas de repouso sobre o próprio acorde VIIm7(b5) ou sobre o acorde dominante V7 (da tonalidade geradora do modo). O modo Lócrio emula a própria sonoridade dos acordes diminuto e meio-diminutos, que é tensa, fria. Essa característica pode ser acentuada ou diluída dependendo da composição. Mas via de regra é assim que eu descreveria a sonoridade do modo.

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Como o nome diz, modos... Como o próprio nome diz, modos são formas de encarar uma mesma escala. A principal pergunta que deve ser feita é: mas como encarar uma escala através de outra perspectiva? Em música, praticamente nada é absoluto. Ou seja, um Dó tocado isoladamente é apenas um Dó, uma nota musical cuja única informação agregada é sua frequência em hertz e alguma referência de timbre e entonação. Por outro lado, ao ser colocado dentro de um contexto musical, pode assumir importâncias e significados completamente diferentes. Mas algum ponto de referência precisa ser tomado. Em música esse ponto de referência é a Tônica. O modo é basicamente isso, a mesma escala, porém conduzida a partir de uma nova tônica. No pensamento modal, cada grau da escala se torna uma nova tônica para a mesma escala, o que cria novas relações harmônicas e melódicas. E é justamente essa maneira (ou esse modo) de enxergar a mesma escala, que faz com que cada modo tenha uma sonoridade particular.

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