O FIM DAS VANGUARDAS Ricardo Nascimento Fabbrini* A questão do ocaso das vanguardas é inseparável do tema do fim da arte, recorrente na prática artística e na produção teórica do século passado. Consideraremos as vanguardas artísticas extensivamente, como o período que se estende do fim do século XIX - com o dito impressionismo francês - aos anos 1960 e 1970 do século XX, com o minimalismo, o conceitualismo ou o hiperrealismo, de acordo com as convenções da historiografia da arte. Nesse sentido, identificaremos o ciclo das vanguardas ao período da modernidade artística, embora saibamos evidentemente que apenas alguns artistas bradaram a plenos pulmões, e com pincéis em punho, palavras de ordem, anunciando como haveria de ser não apenas a arte do futuro, senão o próprio futuro. Essa periodização se justifica, haja vista que o objetivo desse texto é tãosomente estabelecer a relação entre o imaginário da modernidade artística, que pode ser caracterizado pela crença que os artistas de vanguarda depositaram nos poderes transformadores da arte, e o imaginário contemporâneo, ou pós-vanguardista. * Ricardo Nascimento Fabbrini é doutor em filosofia pela USP (A arte depois das vanguardas) e professor do Departamento de Filosofia da PUC-SP. É autor dos livros O Espaço de Lygia Clark, São Paulo, Atlas, 1994 e A arte depois das vanguardas, Campinas, Ed. da Unicamp, 2002 e dos capítulos “A Apropriação da Tradição Moderna”, in J. Guinsburg e Ana Mae Barbosa (orgs.), O Pós-Modernismo. São Paulo, Perspectiva, 2005, e “A crítica de arte depois das vanguardas”, in: B. Brites e E. Tessler. (orgs.), O meio como ponto zero: metodologia da pesquisa em artes plásticas, Porto Alegre, Ed. da UFRGS, 2002;
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