Análise de Documento: ou como não desperdiçar o tempo alheio

Engenharia de Requisitos Análise de Documentos: não desperdice o tempo alheio

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FATTO Consultoria e Sistemas ˜ Estimativas e Requisitos de Software Medic¸ao,

´ ˜ desperdic¸ar o Analise de Documento: como nao tempo alheio ˜ 2 Carlos Eduardo Vazquez1 , Guilherme Siqueira Simoes Resumo O tempo das partes interessadas dispon´ıvel para eventos de levantamento e´ um dos principais e mais escassos recursos ˆ para a engenharia de requisitos. Quanto mais alto o n´ıvel na hierarquia corportativa, esse fenomeno se manifesta de ´ ´ ´ forma mais aguda. A analise de documento e´ uma tecnica que permite um melhor uso desse tempo pela analise de ˜ preliminares que provocaram a iniciac¸ao ˜ do projeto; material existente. Material que pode tomar a forma das intenc¸oes ´ que descreve o funcionamento de procedimentos operacionais, tarefas ou regras de negocio que se aplicam no dom´ınio ´ ´ do problema. Este texto apresenta a tecnica de analise de documento como um meio para descobrir as perguntas ˜ apenas como uma fonte de respostas; suas aplicac¸oes ˜ conforme os diferentes momentos no ciclo de relevantes e nao vida, vantagens e desvantagens.

Keywords ´ ˜ de requisitos; gestao ˜ de requisitos; dom´ınio do problema analise de documento; elicitac¸ao 1 FATTO

2 FATTO

Consultoria e Sistemas, carlos.vazquez@fattocs.com Consultoria e Sistemas, guilherme.simoes@fattocs.com

Conteudo ´ ˜ Introduc¸ao

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´ O que e´ a Analise de Documentos

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2 2.1 2.2 2.3

´ Como realizar a Analise de Documentos 2 ˜ .......................... 2 Preparac¸ao ˜ ........................... 2 Execuc¸ao ˜ .......................... 3 Finalizac¸ao

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Vantagens

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Desvantagens

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ˆ ´ Referencias Bibliograficas

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˜ Introduc¸ao ` partes interessadasA dificuldade em conseguir acesso as chave e´ um dos problemas mais relatados pelos participantes dos treinamentos sobre Engenharia de Requisitos ˜ sobre essa dificulministrados pelos autores. A reflexao ˜ de fatores que vao ˜ alem ´ da falta dade levou a` identificac¸ao disponibilidade de agenda dessas partes interessadas. ˜ usados casos reais de proDurante esses treinamentos, sao jetos para diversos exerc´ıcios. Em um primeiro momento e ˜ dos objetivos de informac¸ao ˜ buscados sem a apresentac¸ao na engenharia de requisitos, percebe-se pouco interesse ´ ˜ destes de alguns participantes na analise da documentac¸ao ´ casos onde se materializam as necessidades do negocio.

Para estes participantes, ela e´ uma atividade percebida como tediosa e que entrega pouco resultado. ˜ nao ˜ se restringe ao campo de uma sala de Essa percepc¸ao ˜ de varios ´ aula, estando presente na atuac¸ao profissionais

˜ para engajados na engenharia de requisitos. A alegac¸ao isso e´ a falta de respostas oferecidas pelos documentos (mal) analisados.

Sera´ que, ao menos em um primeiro momento, o mais impor˜ as respostas? Na obra de Douglas Adams, o Guia tante sao ´ do Mochileiro das Galaxias, solicita-se a um computador chamado Pensador Profundo e designado para responder qualquer pergunta, a resposta para a pergunta fundamental ˜ da vida, do universo e tudo o mais. Depois de sete milhoes de anos ele responde: Quarenta e dois. Qual o valor dessa ˜ e´ por acaso que resposta sem saber qual a pergunta? Nao ´ um novo projeto teve de ser comissionado naquela historia.

De forma similar, perde-se uma oportunidade importante para o analista adquirir conteudo ´ sobre o contexto abordado ´ acumular questoes ˜ e duvidas e tambem a serem abordadas ´ ` partes interessadas. junto as Outro problema identificado nesses eventos e´ a necessidade por descobrir os requisitos impl´ıcitos de uma maneira proativa. O analista de requisitos deve provocar a desco˜ apenas seguir a logica ´ berta de requisitos e nao do fastfood de perguntar ”o que mais?”. Tanto para melhor com˜ quanto para o seu ˜ da abrangencia ˆ preensao da soluc¸ao detalhamento. Dificilmente esgota-se o levantamento de ˜ apenas a partir de de entrevistas, aplicac¸ao ˜ de informac¸oes ´ ˜ do trabalho em campo. questionarios ou a observac¸ao ´ de Dificilmente, porque dif´ıcil e´ estar inserido em um cenario ˜ da engenharia de requisitos onde haja inovac¸ao ˜ aplicac¸ao total. Sempre ha´ algo ja´ documentado que deveria ser ana´ lisado primeiro para depois partir-se para outras tecnicas ´ raro que nao ˜ E ˜ haja qualquer necessidade de elicitac¸ao. ´ ˜ haja nada relevante presente em dode negocio; que nao ˜ cumentos que possam enriquecer o processo de revelac¸ao ˜ sobre o dos requisitos, de aumentar o n´ıvel de informac¸ao

´ ˜ desperdic¸ar o tempo alheio — 2/3 Analise de Documento: como nao ˜ a serem dom´ınio do problema e sobre as poss´ıveis soluc¸oes adotadas. ˜ se espera que o analista de requisitos neClaro que nao cessariamente torne-se um analista funcional com conhecimento especializado em um determinado dom´ınio de ´ ´ negocio ou processo de negocio; mas entre esse extremo ˜ se usa a documentac¸ao ˜ dise outro externo em que nao pon´ıvel para apoiar no processo de descoberta de requisitos, ha´ uma enorme lacuna. ˜ trata sobre o que e´ a analise ´ Esta sec¸ao de documentos, como ela deve ser utilizada para eliminar essa lacuna em diferentes momentos no processo de desenvolvimento dos requisitos.

´ 1. O que e´ a Analise de Documentos ´ A analise de documentos e´ um meio de elicitar requisitos ˜ dispon´ıvel sobre uma soluc¸ao ˜ pelo estudo de documentac¸ao ˜ de informac¸ao ˜ relevante para o existente para identificac¸ao ˜ [IIBA, 2009]. Ela e´ desenvolvimento de uma nova soluc¸ao usada se o objetivo e´ coletar caracter´ısticas que necessi˜ ou que necessitam tam ser inclu´ıdas em uma nova soluc¸ao ˜ existente ou detalhes de ser atualizadas em uma soluc¸ao ˜ existentes, incluindo a sua interac¸ao ˜ com seu amsoluc¸oes ´ biente, as regras de negocio que se aplicam, conceitos de ´ negocio sobre os quais se necessita manter ou recuperar dados. ˜ onde um especialista ´ se aplica em situac¸oes Ela tambem ˜ nao ˜ esta´ mais presente na no assunto para a soluc¸ao ˜ ou nao ˜ estara´ dispon´ıvel ao longo do desenorganizac¸ao, volvimento dos requisitos, o que inviabiliza por exemplo ˜ por entrevistas. elicitac¸ao ˜ O termo “documentac¸ao”neste caso deve ter um significado ˜ dos requisitos da soluc¸ao, ˜ mais amplo que as especificac¸oes e incluir documentos sobre o dom´ınio do problema que ˜ presentes permitam alcanc¸ar os objetivos de informac¸ao ˆ em momentos iniciais do ciclo de vida e com importancia estruturante para todo o ciclo de vida. Esses objetivos de ˜ sao ˜ dois: informac¸ao ´ • Identificar as necessidades de negocio (oportunidades a aproveitar, problemas a resolver, objetivos a ´ alcanc¸ar e metricas de sucesso); e • Identificar, inicialmente, as partes interessadas chave ˜ e, em seguida, as demais (chave ou nao).

[Sommerville, 2006] cita como instrumento para ajudar com ˜ com partes interessaa descoberta de requisitos a interac¸ao ˜ das por meio de entrevistas e observac¸oes; podendo incluir ´ ´ cenarios e prototipos.

[Pressman, 2014], nesse particular, ˜ entra em mais detalhes apenas citando Sommerville. O nao motivo talvez seja o significado de requisito nessas impor˜ da soluc¸ao ˜ ea tantes obras estar limitado a` especificac¸ao ˜ utilizac¸ao ˜ de uma estrutura de requisitos mais abrannao ´ gente, onde se apresentam os requisitos de negocio e das partes interessadas. ˆ O corpo de conhecimento da gerencia de projeto do PMI ´ (PMBoK) descreve a analise de documentos como uma das ˆ ferramentas da Gerencia de Escopo do Projeto, mais especificamente ao descrever o processo de Coleta de Requisitos.

Ele a descreve como um meio para elicitar requisitos pela ´ ˜ existente e identificar informac¸ao ˜ analise de documentac¸ao relevante para os requisitos. Estabelece que ha´ uma faixa ampla de documentos que podem ser analisados, incluindo, ˜ se limitando a: planos de negocio, ´ mas nao literatura de marketing, acordos, pedidos de proposta (RFP), flu´ xos de processos atuais, modelos da dados logicos, re´ ´ ˜ de software positorios de regras de negocio, documentac¸ao ˜ processos de negocio, ´ ´ de aplicac¸ao, relatorios, manuais, ˜ de interface, casos de uso, memorandos, documentac¸ao ˜ de requisitos, registros de problemas outras especificac¸oes ˜ em aberto (issues), pol´ıticas, procedimentos e ou questoes ´ normas como leis, codigos ou ordens, etc.

´ 2. Como realizar a Analise de Documentos ˜ 2.1 Preparac¸ao Inicialmente deve-se determinar as necessidades de ˜ que deverao ˜ ser respondidas por esta tecnica. ´ informac¸ao Esses objetivos dependem do momento em que se esta´ no ciclo de vida do projeto. Por exemplo: • Momentos preliminares quando o principal interesse e´ entender melhor o dom´ınio do problema e tornar as ´ necessidades de negocio mais espec´ıficas: Os objeti˜ relacionados a` identificar e entender fluxos vos estao ˜ da empresa; transforoperacionais e a organizac¸ao ´ mar necessidades ainda vagas e genericas em objetivos organizacionais a serem atingidos de forma que o seu sucesso possa ser validado. ˜ e dos componentes de • Explorar o alcance da soluc¸ao ˜ ˜ relaciosoftware que a compoem: Os objetivos estao ˜ houver informac¸ao ˜ nados a` quais tarefas ou, se nao suficiente para isso, quais macroprocessos devem ser explorados em maior profundidade.

• Detalhar o escopo buscando maior aprofundamento ˜ relade uma tarefa em particular: Os objetivos estao ´ cionados a` descoberta de quais regras de negocio se aplicam, quais os dados que devem ser informados ´ ˜ devem ser apresenpelo usuario, quais informac¸oes tadas pelo software, quais dados devem ser armazenados e quais dados devem se recuperados. ˜ A partir da determinac¸ao destas necessidades de ˜ deve-se elaborar questoes ˜ informac¸ao, que buscam atender estas necessidades, avaliar quais os documentos mais ´ ´ adequados para a analise e como torna-los dispon´ıvel.

Vale lembrar que nem sempre todos os documentos a se a ˜ identificados no in´ıcio do projeto. A` medida analisar ja´ estao ˜ flui, outros documentos podem que o trabalho de elicitac¸ao ´ ser identificados para serem objeto desta analise. ˜ 2.2 Execuc¸ao ´ ˜ em estudar a A analise de documentos consiste entao ˜ selecionada com o objetivo de responder documentac¸ao ` questoes ˜ as formuladas inicialmente. Durante este pro˜ ˜ cesso, novas duvidas (questoes) podem surgir e talvez nao ´ ´ sejam respondidas no proprio processo. ˜ devem ser incorporadas ao conNeste caso, estas questoes ˜ para que sejam tratadas posteriormente e trole de questoes

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´ ˜ desperdic¸ar o tempo alheio — 3/3 Analise de Documento: como nao ´ ˜ eventualmente respondidas por outras tecnicas de elicitac¸ao. ´ que nao ˜ se encontre respostas a todas E´ poss´ıvel tambem ˜ formuladas inicialmente. Elas tambem ´ deverao ˜ ser questoes ˜ para resoluc¸ao ˜ posterior. mantidas no controle de questoes ˜ 2.3 Finalizac¸ao ` questoes ˜ iniciais devem ser documentadas As respostas as ´ em uma memoria de levantamento, que deve ser subme` partes interessadas especialistas no assunto e com tida as a autoridade para confirmar a sua validade. Obrigatoria´ mente esta memoria de levantamento deve citar em suas ˆ ˜ referencias os documentos analisados. Caso as questoes ˜ iniciais estejam registradas no controle de questoes, cabe ´ associar os itens respondidos a` memoria de levantamento para manter a rastreabilidade.

Em um projeto o volume de documentos analisados pode ser grande. Por exemplo, todo documento que foi utilizado ` questoes ˜ para fundamentar respostas as formuladas ini´ cialmente deveria ser guardado no repositorio do projeto, ˜ pois provavelmente outras consultas ao documento serao ´ necessarias.

Logo, deve-se organizar os documentos coletadas de forma que possam mais facilmente ser recuperados como, por exemplo, na figura 1. Nela, o tipo indica ˜ para o documento usado na analise ´ a classificac¸ao como, ˆ por exemplo, um termo de referencia, um manual de pro˜ indica onde cedimentos, um organograma. A localizac¸ao o documento pode ser recuperado (preferencialmente em meio digital como parte da biblioteca do projeto). O nome permite qualificar especificamente a que se refere aquele ´ de levantamento o documento com documento e a memoria ˜ espec´ıficos daquela analise ´ os objetivos de informac¸ao e as respostas encontradas com o seu estado atual indicando se ˜ ja´ foram confirmadas ou nao.

´ ˜ se limita a` persconsiderar se o documento em analise nao pectiva do estado das coisas atual (as-is). ´ comum em muitas empresas que os n´ıveis de maE ˜ de conhecimento sejam baixos e a turidade da gestao ˜ existente fique desatualizada ou mesmo documentac¸ao ˜ reflita informac¸oes ˜ ´ ´ nao validas.

Neste caso a analise ˜ torna-se pouco util desta documentac¸ao ´ ou pode introduzir ˜ erroneas ˆ informac¸oes nos requisitos. ´ o custo benef´ıcio associado a` Deve-se avaliar tambem ´ ˜ muito extensa para necessidades analise de documentac¸ao ˜ pontuais. Pode ser demorado demais ou tede informac¸ao ´ ˜ pode cumprir dioso. Neste caso outra tecnica de elicitac¸ao o objetivo de maneira mais eficiente.

ˆ ´ 5. Referencias Bibliograficas [Adams, 2004] Adams, Douglas. (1979). O Guia do Mochi´ ˜ Ed. Sextante, 2004 leiro das Galaxias.

3a. Edic¸ao.

[IIBA, 2009] IIBA - International Institute of Business Analysis (2005). A Guide to the Business Analysis Body of ˜ 2.0.

Knowledge R (BABOK R Guide). Versao [Sommerville, 2006] Sommerville, Ian (1982). Software ˜ Pearson Education, 2006.

Engineering. 8a Edic¸ao.

[Pressman, 2014] Pressman, Roger S. e Maxim, Bruce (2000). Software Engineering: A Practitioner’s Approach, 8a ˜ McGraw-Hill, 2014.

Edic¸ao.

[PMI, 2013] PMI - Project Management Institute (2013).

A Guide to the Project Management Body of Knowledge ˜ (PMBOK R Guide). 5a. Edic¸ao.

Figura 1. Quadro de resumo da an´alise de documentos.

3. Vantagens ´ ˜ A principal vantagem da analise de documentos e´ que nao se trata de um trabalho iniciado do zero, ja´ que ela aproveita material existente para descobrir ou validar requisitos. Por ´ ˜ a isto e´ geralmente uma das primeiras tecnicas de elicitac¸ao ´ complementa ou ajuda a planejar ouse aplicar. Ela tambem ˜ com outras tecnicas ´ tras atividades de elicitac¸ao (por exem´ ´ plo, entrevistas). E mesmo quando uma area de negocio ˜ existe nada documentado para se analisar, as diz que nao ferramentas de pesquisa da Internet ja´ facilitam bastante um nivelamento preliminar do dom´ınio do problema.

4. Desvantagens ˜ disPara processos novos e´ mais dif´ıcil ter documentac¸ao ˜ sobre pon´ıvel. Sem duvida que pode haver documentac¸ao ´ ˜ de futuro; contudo, deve-se tomar cuidado ao uma visao

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