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Madonna

A carreira da Rainha em histórias e números

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Texto e diagramação: Carlos Paranhos Fotos: Google/Internet/Divulgação

EDITORIAL

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oda sociedade precisa de ÍCONES, pessoas das quais nos espelhamos e, de alguma forma, reverenciamos. Esses “símbolos” podem ser materiais ou imateriais: Nova York não seria a mesma sem a estátua da Liberdade, Minas Gerais não seria tão conhecida sem o pão de queijo, o Rio de Janeiro provavelmente não teria tantos turistas sem o Cristo Redentor e o Corcovado, etc. Madonna será o ÍCONE dessa primeira edição. A sua carreira é, indiscutivelmente, plausível em vários vértices: no âmbito musical, nos videoclipes, nas polêmicas, na moda etc. Durante esses 30 anos de jornada, a norte-americana provou que era mais do que uma artista loira que conseguiu emplacar alguns hits. A sua coroa de “rainha do pop” nunca será tirada. Madonna é um ÍCONE para o mundo LGBT, para as mulheres empoderadas, para aqueles que lutam contra magnitude da Igreja Católica. Um ÍCONE para o mundo. ICON 2


GUIE-SE O Começo O estrelato Em números A loira ambiciosa Controvérsias Opinião

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O começo UMA EDUCAÇÃO BASEADA EM PRECEITOS CATÓLICOS, A PERDA DA MÃE, A REBELDIA, A MUDANÇA PARA NOVA YORK

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adonna Louise Ciccone, ou simplismente Madonna, nasceu no dia 16 de agosto de 1958, na pequena Bay City, pertecente ao americano de Michigan. Sua mãe, Madonna Louise Ciccone (née Fortin), era de ascendência franco-canadense, e seu pai, Silvio Antonio Ciccone, é um americano filho de pais italianos. A família Ciccone é originária de Pacentro, Itália. Seu pai trabalhou mais tarde como um engenheiro de projeto para a Chrysler e General Motors. Madonna foi apelidada de “Little Nonni” para distingui-la de sua mãe. Terceira de seis filhos dos mesmos pais, seus irmãos de sangue são: Martin, Anthony, Paula, Christopher e Melanie. Madonna foi criada nos subúrbios de Detroit e de Pontiac e Rochester Hills. Aos 5 anos de idade, Madonna enfrentou a primeira grande perda da sua vida: sua mãe morreu devido um câncer de mama, aos 30 anos. Meses antes da morte de sua mãe, Madonna havia notado mudanças no comportamento e personalidade da dona de casa. Ela estava atenta, embora ela não entendia a razão. Sra. Ciccone, não encontrando maneiras para expliICON 4

car sua condição médica terrível, muitas vezes começava a chorar quando questionada por Madonna, altura em que Madonna respondia com um abraço fraternal em sua mãe. “Lembro-me sentindo mais

e ela virou-se para a avó, na esperança de encontrar algum conforto e alguma forma de sua mãe por ela. Os irmãos Ciccone, ressentidos, invariavelmente, se rebelaram contra qualquer pessoa trazida para casa ostensivamente para tomar o lugar de sua mãe. Frequentou os colégios St. Frederick’s e St. Andrew’s no Ensino Fundamental e, em seguida, a West Middle School. Ela era conhecida por suas notas elevadas, e alcançou notoriedade por seu comportamento pouco convencional: realizava piruetas e paradas de mão nos corredores entre as classes e levantava a saia durante a aula, de modo que os meninos pudessem ver sua calcinha. Madonna depois estudou na Rochester Adams High School, tendo sido a estudante número um e líder de torcida. Depois de se formar, ela recebeu uma bolsa de estudos de dança na Universidade de Michigan. Ela convenceu o pai a deixá-la a ter aulas de balé, e foi persuadida MADONNA EM 1979 por Christopher Flynn, forte do que ela era”. Madonna lem- seu professor de balé, para trilhar bra: “Eu era tão pequena e ainda as- uma carreira na dança. No final de sim eu senti que ela era a criança.” 1977, ela abandonou a faculdade Madonna finalmente aprendeu a e se mudou para Nova Iorque. cuidar de si mesma e seus irmãos, O resto, é história...


“Eu não era rebelde de uma certa maneira. Me importava em ser boa em alguma coisa. Eu queria ser alguém.” Madonna para a Vanity Fair

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Dilma tinha uma grande capacidade de liderança”, continuou. “Ela sabia se impor numa reunião e integrava com naturalidade aquele coletivo de homens mandões.” Maria José de Carvalho, a Zezé, então casada com Jorge Nahas, também se lembrou da ministra: “Ela era bonita e tinha muita desenvoltura.” Segundo Zezé, Dilma não participava dos assaltos porque “ela era conhecida pela sua atuação pública”. As tarefas dela no Colina estavam ligadas à feitura do jornalzinho O Piquete, à preparação de aulas sobre marxismo e a contatos com sindicatos. Teve também aulas sobre armamentos, tiro ao alvo, explosivos e enfrentamentos com a polícia. Boa parte das au-

como a ministra o chama, tem um filho que é subchefe para assuntos jurídicos da Casa Civil. “Nós aprendíamos a fazer bomba, e a dar tiros, muito precariamente”, lembrou Giba. Ele foi um dos estudantes presos no congresso da União Nacional dos Estudantes, em Ibiúna. Solto depois de alguns dias, voltou para Uberaba. Sua tarefa, no começo de 1969, era a preparação de um assalto a uma agência do Banco do Brasil. Até janeiro daquele ano, o Colina contabilizava, em Minas, quatro assaltos a bancos, uma meia dúzia de carros roubados e dois atentados a bomba, sem vítimas, a residências de autoridades locais. A organização tinha um punhado de armas, pouco dinheiro e a disposição de algumas dezenas de militantes jovens e abnegados, embalados não apenas pelas idéias de Debray, mas também pelo Maio francês e pela ofensiva dos vietcongues de dezembro de 1968, na qual os guerrilheiros chegaram aos jardins da embaixada americana em Saigon.

As coisas se complicaram no dia 14 de janeiro de 1969, depois de um assalto ao Banco da Lavoura de Sabará, do qual Zezé Nahas participou. Alguns militantes foram presos, entre eles Ângelo Pezzuti, da direção do Colina. Sete integrantes da organização se reuniram em uma casa alugada no bairro de São Geraldo e discutiram como tirar o dirigente da prisão. “O clima estava tenso MADONNA, 1979 las foi ministrada nos arredores de Belo Horizon- desde a prisão do Ângelo, mas o fato é que dormite pelo ex-sargento da Aeronáutica João Lucas mos todos na casa de São Geraldo sem maiores Alves. “O João Lucas ficava hospedado na nossa preocupações”, relembrou Zezé Nahas. casa”, contou Galeno, orgulhoso do risco. Começava a amanhecer quando policiais civis “Eu conheci a Dilma em um desses cursos de invadiram a casa atirando. Murilo Pezzuti, irmão revolução”, contou o advogado Gilberto Vas- de Ângelo, acordou com a barulheira, pegou uma concelos em seu escritório de Uberaba. “Giba”, metralhadora Thompson e mandou bala em três

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O JEITO “DIFERENTE” DE CANTAR, AS PERFORMANCES ARRISC

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policiais, matando dois e ferindo um. A polícia serviço. Foi um sufoco.” Estavam na clandestinibaleou o estudante Maurício Paiva. “Eu também dade. devia ter atirado, como o Murilo, mas faltou coragem”, disse Jorge Nahas. Dilma, que terminara o segundo ano na faculdade de ciências econômicas, tinha completado A cólera dos policiais com a morte dos colegas 21 anos em dezembro de 1968 – um dia depois levou-os a espancar os militantes e a ameaçá-los da edição do Ato Institucional nº 5. Ela e o maricom um fuzilamento coletivo ali mesmo. Com difi- do ficaram em Belo Horizonte mais algumas seculdade, o delegado que comandava a operação manas, tentando reorganizar o que sobrara do controlou a tropa e levou os sete para o Departa- Colina, pulando de esconderijo em esconderijo. mento de Ordem Política e Social, o Dops. O In- Souberam que as casas de seus pais e familiares quérito Policial Militar sobre o Colina foi coman- haviam sido visitadas e eram vigiadas por policidado pelo coronel Octavio Aguiar de Medeiros, ais. que no governo de João Figueiredo foi chefe do Serviço Nacional de Informações. “Estiveram lá em casa procurando a Dilma e o Galeno, foi um susto danado”, contou Igor Rousseff. Naquela noite, Dilma e Cláudio Galeno não dormi- Indiferente à política – “eu não era de esquerda ram no apartamento em que moravam, o 1001 do nem de direita” –, em 1966 Igor partiu para uma Condomínio Solar. Estavam apreensivos desde temporada no Canadá e nos Estados Unidos. Traa prisão de Ângelo Pezzuti – frequentador do balhou como garçom, em hotéis, aproveitou o que imóvel – e passaram a tomar alguns cuidados, en- pôde, e voltou em 1967, a tempo de assistir ao tre eles o de dormir cada noite num local. Quando casamento da irmã. “A gente sabia que ela estava souberam das prisões, a primeira providência foi envolvida com política, mas não com aquela gravvoltar ao apartamento para destruir documentos idade toda”, disse. “Só ficamos sabendo quando e tudo que pudesse ligá-los à organização. ela teve que fugir.” O casal entrou pela garagem sem ser visto. “O apartamento tinha até microfilme de uma possível área de treinamento de guerrilha, escondido em uma das tomadas”, contou Galeno. “Ficamos lá dentro, no mais absoluto silêncio. Lá pelas tantas tocaram a campainha. Eu vi coturnos pelo olho mágico e, pela persiana da janela, três carros suspeitos lá embaixo. Continuamos em silêncio e destruímos toda a papelada que pudesse nos comprometer. Como não podia dar a descarga, eu espetava os papéis em um arame de cabide e enfiava pelo ralo, o mais fundo que podia. Limpamos tudo e saímos pelos fundos, no elevador de

CADAS, AS MÚSICAS DANÇATES E TODAS AS ROUPAS ICÔNICAS

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Em números A MAGNITUDE DO SUCESSO, OS RECORDES INCRIVELMENTE ALCANÇADOS E QUEBRADOS, O LEGADO DEIXADO

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título de “Rainha do Pop” não veio para Madonna à toa. Os números contabilizados durante sua trajetória são enormes. Só para se ter uma ideia, a cantora foi coroada como a artista musical feminina mais bem-sucedida de todos os tempos pelo Guinness World Records, já a revista Billboard, que mede a popularidade dos cantores em solo norte-americano, a classificou, em 2012, como a segunda artista mais importante da história, atrás apenas dos Beatles. DISCOS São 12 álbuns de estúdio, seis compilações, três trilhas sonoras e diversos álbuns ao vivo das suas turnês. No total, foram mais de 500 milhões de cópias vendidas, sendo o disco “Like a Virgin” (1984) como o campeão de vendas. Agora quando falamos de singles, “Hung Up” (2005) é o vencedor com 9 milhões de cópias mundialmente. Já a “The Immaculation Colletion” é o album de hits mais vendido de todos os tempos. FORTUNA Madonna é a artista solo viva mais rica atualmente, sendo a primeira a alcançar a marca de 1 bilhão de dólares em fortuna. Ufa! Segundo a revista Forbes, essa quantia tão alta se deve pela independência da cantora dentro da indústria fonográfica e pelas suas digressões. RECORDES AO REDOR DO MUNDO Cantora mais bem paga do mundo: Em 2013 foi listada como a celebridade mais bem paga do mundo com 125 milhões de dólares, fato ocorrido também em 2008, tendo arrecadado cerca de 110 milhões de dólares e em 2004, com 50 milhões de dólares. Maior audiência de um concerto pela internet: O concerto, na “Brixton Academy”, foi transmitido ao vivo pela internet e visto por 9,5 milhões de pessoas, quebrando o anterior recorde detido por Paul McCartney. Artista com mais canções no Top 10: Madonna é a artista com mais canções no Top 10 da história da ICON 8

Billboard, num total de 38 singles. Artista internacional que mais vendeu discos no Brasil: As vendas registradas de artistas internacionais são contabilizadas a partir de 1990, data que as apurações da ABPD começaram. A primeira posição na lista é da cantora Madonna com 3,6 milhões. Artista de maior sucesso no mundo desde 1999: Madonna é a artista feminina de maior sucesso no mundo em 1999 em vendas, quando começaram a contabilizar na categoria. Maior artista solo da Billboard: Em 2008, no aniversário de 50 anos da Revista Billboard, Madonna foi listada como a artista solo mais bem-sucedida da história da parada, e a segunda no geral, atrás apenas dos Beatles. Artista Feminina mais vendida de todos os tempos: Madonna é a cantora mais vendida de todos os tempos, com 300 milhões de álbuns vendidos mundialmente. Artista com mais singles em 1º lugar: Madonna é a artista com mais singles no topo da Billboard Dance/Club Play Songs, num total de 44 canções. Maior Vencedora do Video Music


Awards: Desde 1984 até o presente, Madonna já recebeu 21 prêmios do VMA, sendo a artista mais premiada da história da premiação. Álbum que mais ficou em 1º lugar: “Confessions on a Dance Floor” é o álbum que ficou em 1º lugar em mais países: foram 41 no total. Canção que mais ficou em 1º lugar: “Hung Up” é a canção que ficou em 1º lugar em mais países, totalizando 45 tabelas. Maior Turnê Solo da história: “Sticky & Sweet Tour” é a maior turnê de um artista solo na história, com 408 milhões de dólares arrecadados. 1ª turnê mais lucrativa por uma cantora nos Estados Unidos: “Sticky & Sweet” é a 1ª turnê mais lucrativa no mundo por um artista solo com 408 milhões de dólares arrecadados. 19º maior turnê da história: “Re-Invention Tour” foi a maior turnê do ano de 2004 com mais de 125 milhões de dólares arrecadados. Artista solo com maior número de turnês no top 10 das mais lucrativas: 2 turnês (“Stick & Sweet Tour” e “MDNA Tour”). Recorde de audiência no Super Bowl Halftime Show: 114 milhões de telespectadores. Maior palco do mundo com a tecnologia LED no piso da estrutura: Super Bowl 2012. Artista solo com o maior número de álbuns em primeiro lugar no Reino Unido: segundo a Official Charts. Segunda Maior Turnê Solo Feminina da história: “MDNA Tour” foi a maior turnê do ano de 2012 com mais de 305 milhões de dólares arrecadados.

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A loira ambiciosa AS DANÇAS IMITADAS POR TODO MUNDO, AS MÚSICAS INESQUECÍVEIS INTERPRETADAS AO VIVO, A ALEGRIA DE PODER VER O ÍDOLO DE PERTO, O CORAÇÃO DE UM FÃ

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adonna é outra rainha no quesito turnê mundial. Nenhuma de suas produções passam por um país sem encantar o público. São palcos giratórios com diversos elevadores, danças de tirar o folego, figurinos únicos produzidos por estilistas de prestígios, além de setlists maravilhosas, que agradam qualquer fã. No seu segundo espetáculo, a “Who’s That Girl Tour” (1987), Madge já apostava em um show com cara de tetro, onde a tentativa era a de contar uma história para o público – baseado no filme homônimo. Mas com a “Blond Ambition Tour” (1991) a cantora transformou a maneira de performar para sempre. Dividido em quatro atos mais o encore, durante suas duas horas de duração, vemos uma magia diante do olhar. As danças são ferozes, e os vocais de Madonna estão melhores ICON 10

como nunca. O espartilho dourado com um sutiã em forma de cone entrou para a história do mundo pop. A “The Girlie Show”, que percorreu vários países dura nte o

que Madonna fizesse outro show. A “Drowned World Tour” (2001), tinha uma aura mais sombria, resultado da relação da cantora com a Cabala. A “Re-Invention To u r ”

Essa era a questão colocada na “Confessions Tour”, a maior polêmica foi a performance de “Live To Tell”, tudo porque Madonna aparecia crucuficada como Jesus Cristo. Básico, né? 2008 foi o ano da “Sticky & Sweet Tour”, que acabou se tornando a turnê mais rentável de uma artista feminina. Era o doce perigoso da rainha em cena! Muitas armas e sangue na “MDNA Tour” (2012) A raiva, o coração quebrado e, no final, o perdão foram os temas dessa gigantesca produção. Um coração rebelde que se importa com as dores do mundo. A turnê “Rebel Heart” (2015) foi mara n o cada por acontecer justade 1993, ( 2 0 0 3 ) mente em momentos é especial por pode ser encar- difíceis para certas popuser a primeira trazida para ada como um “presente lações – como os ataques o Brasil. O show era ousa- para os fãs”, pois neles em Paris. Mas nada tirou do, assim como o disco temos todos os hits da o brilho desse show esque estava sendo divulga- cantora, reinventados, é plendido. Desse jeito fica do na época, o “Erotica”. claro. até difícil escolher qual a Demoraria oito anos para Você já se confessou? melhor!


Performando “Iconic” durante a Rebel Heart Tour, 2015

Performando “Vogue” durante a The Girlie Show, 1993 ICON 11


Controvérsias ICON 12

A Dilma tinha uma grande capacidade de liderança”, continuou. “Ela sabia se impor numa reunião e integrava com naturalidade aquele coletivo de homens mandões.” Maria José de Carvalho, a Zezé, então casada com Jorge Nahas, também se lembrou da ministra: “Ela era bonita e tinha muita desenvoltura.” Segundo Zezé, Dilma não participava dos assaltos porque “ela era conhecida pela sua atuação pública”. As tarefas dela no Colina estavam ligadas à feitura do jornalzinho O Piquete, à preparação de aulas sobre marxismo e a contatos com sindicatos. Teve também aulas sobre armamentos, tiro ao alvo, explosivos e enfrentamentos com a polícia. Boa parte das aulas foi ministrada nos arredores de Belo Horizonte pelo ex-sargento da Aeronáutica João Lucas Alves. “O João Lucas ficava hospedado na nossa casa”, contou Galeno, orgulhoso do risco. “Eu conheci a Dilma em um desses cursos de revolução”, contou o advogado Gilberto Vasconcelos em seu escritório de Uberaba. “Giba”, como a ministra o chama, tem um filho que é subchefe para assuntos jurídicos da Casa Civil. “Nós aprendíamos a fazer bomba, e a dar tiros, muito precariamente”, lembrou Giba. Ele foi um dos estudantes presos no congresso da União Nacional dos Estudantes, em Ibiúna. Solto depois de alguns dias, voltou para Uberaba. Sua tarefa, no começo de 1969, era a preparação de um assalto a uma agência do Banco do Brasil. Até janeiro daquele ano, o Colina contabilizava, em Minas, quatro assaltos a bancos, uma meia dúzia de carros roubados e dois atentados a bomba, sem vítimas, a residências de autoridades locais. A organização tinha um punhado de armas, pouco dinheiro e a disposição de algumas dezenas de militantes jovens e abnegados, embalados não apenas pelas idéias de Debray, mas também pelo Maio francês e pela ofensiva dos vietcongues de dezembro de 1968, na qual os guerrilheiros chegaram aos jardins da embaixada americana em Saigon. As coisas se complicaram no dia 14 de janeiro de 1969, depois de um assalto ao Banco da Lavoura de Sabará, do qual Zezé Nahas participou. Alguns militantes foram presos, entre eles Ângelo Pezzuti, da direção do Colina. Sete integrantes da organização se reuniram em uma casa alugada no bairro de São Geraldo e discutiram como tirar o dirigente da prisão. “O clima estava tenso desde a prisão do Ângelo, mas o fato é que dormimos todos na casa de São Geraldo sem maiores preocupações”, relembrou Zezé Nahas. Começava a amanhecer quando policiais civis invadiram a casa atirando. Murilo Pezzuti, irmão de Ângelo, acordou com a barulheira, pegou uma metralhadora Thompson e mandou bala em três policiais, matando dois e ferindo um. A polícia baleou o estudante Maurício Paiva. “Eu também devia ter atirado, como o Murilo, mas faltou coragem”, disse Jorge Nahas. A cólera dos policiais coma morte dos colegas levou-os a espancar os militantes e a ameaçá-los com um fuzilamento coletivo ali mesmo. Com dificuldade, o delegado que comandava a operação controlou a tropa e levou os sete para o Departamento de Ordem Política e Social, o Dops. O Inquérito Policial Militar sobre o Colina foi comandado pelo coronel Octavio Aguiar de Medeiros, que no governo de João Figueiredo foi chefe do Serviço Nacional de Informações. Naquela noite, Dilma e Cláudio Galeno não dormiram no apartamento em que moravam, o 1001 do Condomínio Solar. Estavam apreensivos desde a prisão de Ângelo Pezzuti – frequentador do imóvel – e passaram a tomar alguns cuidados, entre eles o de dormir cada noite num local. Quando souberam das prisões, a primeira providência foi voltar ao apartamento para destruir documentos e tudo que pudesse ligá-los à organização. O casal entrou pela garagem sem ser visto. “O apartamento tinha até microfilme de


“Eu sou forte, eu sou ambiciosa, eu sei exatamente o que quero. Se isso me faz uma vadia, tudo bem. “ - Madonna

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MADONNA POR STEVEN MEISEL, 1991

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Opinião O ageismo

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adonna, 57 anos, já vendeu mais de 500 milhões de discos ao redor do mundo nos seus 32 anos de carreira. Já ganhou Grammys, Globos de Ouros e diversos outros prêmios. Mesmo com toda essa consagração e prestígio, a “rainha do pop” vem sofrendo ageismo, termo usado para as pessoas que são alvos de preconceito por causa da idade avançada. E isso é bem problemático.

“O que? Eu deveria morrer depois de alcançar essa idade?”

O caso ganhou mais destaque quando a cantora lançou o seu décimo segundo álbum de estúdio, “Rebel Heart”. Durante a divulgação do primeiro single, “Living for Love”, Madonna se viu sendo boicotada pelas principais rádios dos Estados Unidos e do Reino Unido. A estação BBC Rádio 1 disse abertamente em uma publicação que o motivo de não estarem tocando a música seria porque o público jovem não se sente atraído por cantores mais velhos, que não são da “geração atual”. Como resposta, a norte americana publicou uma foto no seu Instagram de uma entrevista dada para o jornalista Jonathan Ross na década de 90. Na imagem, vemos Jonathan perguntando para Madonna se ela iria se aposentar depois dos 50, como resposta, ela disse: “O que? Eu deveria morrer depois de alcançar essa idade?” O mais impressionante é que isso vem acontecendo de forma abrangente na indústria fonográfica. Cher, 69, não conseguiu emplacar nenhuma música do seu último e aclamado disco, “Closer To The Truth”. Bruce Springsteen, 66, mesmo sendo um dos grandes ícones do rock mundial, não obteve o êxito que tinha no passado com seus novos lançamentos. David Bowie só re-ganhou destaque na mídia depois da sua morte no início desse ano. O contratempo é que nós estamos vendo a desvalorização de grandes músicos. Essa tal “nova geração”, da qual até eu participo, deixa de escutar grandes clássicos por pura vaidade, pelo simples medo de parecer ultrapassada. Música não tem idade, raça ou gênero. Ela deve ser digerida de forma plena, independente de quantos anos o artista que a produziu tem. O bom é saber que, no caso da Madonna, ela não abaixou a guarda, e como ela diz na própria “Living For Love”: “eu peguei a minha coroa e coloquei de volta na minha cabeça”. Vida longa à Rainha!

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Long live to the Queen! ICON 17


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Ninguém é perfeito O que você esperava? Eu estava fazendo o meu melhor Eu me sinto tão triste Mas você sabe que eu serei sincera - “Nobody’s Perfect”, 2000

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Strike a Pose.! A publicação ICON é de cunho experimental, sem nenhum intuito de comercialização ou distribuição. ICON - 2016 ICON 20


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