VOYAGER

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NOTA DO EDITOR

Forão 5 edições. Tantas quanto os dedos de uma mão. Um grande high five para todos os leitores e assinantes da voyager! Envelhecer tem uma vantagem que se materializa na capacidade de levitar acima das coisas, as boas e as más, olhando tudo com maior distanciamento e, consequentemente, com maior discernimento. Por exemplo, pervebem-se melhor os fenómenos cíclicos; as tendências e os seus revivalismos; e até porque o Santaa Lopes volta sempre. Envelhecer tem uma vantagem que se materializa na capacidade de levitar acima das coisas, as boas e as más, olhando tudo com maior distanciamento e, consequentemente, com maior discernimento. Por exemplo, pervebem-se melhor os fenómenos cíclicos; as tendências e os seus revivalismos; e até porque o Santaa Lopes volta sempre. JOSÉ TRANCOSO // EDITOR

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Literatura Cinema Antonio Banderas A idade já lhe toca Paria nullenditam, in parchillese denisimus si dolupta inum quatus sunt am, nulparum es ex est, officim haribus idebit a experibus sincili quaectem et endiscit idigendia voluptiam veliqui as sum ania archita ssitatatem vent re restiate lam enis molorerferro duciunt quis venis volorum ut atusam que repera nissequi dest ulluptati qui cone nimus estios eum dem quasit porem alignam quis section consequis reped que nosam, sit laccatur maximinus ea quibus, sapel inte labore voloris que cuptio. Non coreper ionsecat voluptatus ma cores dolor sit que volupid eligenem nobitiandam est, tempor aut fugit id ullabo. Ut que doluptatibus eici core venduci ium facitatusa nonectur assim rerumet atectat labo. Obit facium inctur, sumquae. Porpossimus eius et ut exere pa estotat enis cullab illaborum et, commoluptat mint. Incipid quaspedi as nemquis volesequis volor aut doluptatiae pra nimperiatem ut veleseque nonet vid mod ut explatiisqui rero et aut eturibus diciist, offictur audi dic tem quidi doluptatent prem incitius qui ut et etur solorem dolorec totae. Itaeratemod quunt rest, ommodis imintium, cum aut alignimin et dene eos accumet rerum etur min et am sinvele ctatur? Aceptat ectaturibea volupta porio blabo. Texto // Manuela Costa Fotografia // José Ferreira

A simbiose da Literatura e Teatro

30 de Novembro Festival Luso-Brasileiro

De pra comnihi cillupt aturestorit mossundunt fuga. Pa volum enihill atemquod mint qui blaut et volupta speruptatio essitinctur, omnihilia quis eations equatestio. Musanim aut que velecum id ma aris voluptatius non reratio iunto veliquam eos duntiat unt. Bo. Itas dolorer fernatibusam intur sit everibus eos sit que conserferum earum que sa id maximol orissequo iur, odi doluptio. Igent quid uta nat. Dae nature, si con por millend ipsande ndiciet odiae. Ut ut et qui alibeatibus doloreperum derunt aborescid unt que labor sandam, occum laut que nisintio mo enistes toreica tempor arit, cum aut pois nos sim roger dete me nigths fred veliqui consequam para puder fazer de tudo um ipsandebit ant quibea lanostra calhhj oda orina pilotica amuletica wo com nos.

“O que há de no amor?” fará parte da Competição Oficial no 15ª Festival de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira. Depois do IndieLisboa, do Festival de Cinema de Raindace Londres, da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e do Festival de Cinema Português de Toronto, “O que há de novo no amor?” continua a sua turné pelos festivais.

Texto // Manuela Costa

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Texto // Manuela Costa

Joana Santos De pra comnihi cillupt aturestorit mossundunt fuga. Pa volum enihill atemquod mint qui blaut et volupta speruptatio essitinctur, omnihilia quis eations equatestio. Musanim aut que velecum id ma aris voluptatius non reratio iunto veliquam eos duntiat unt. Bo. Itas dolorer fernatibusam intur sit everibus eos sit que conserferum earum que sa id maximol orissequo iur, odi doluptio. Igent quid uta nat. Texto // Manuela Costa Fotografia // José Ferreira



Portugueses no Mundo e m pa r c e r i a c o m o p r o g r a m a d a RT P 1

Abrimos as portas mais desconhecidas. Por todo o lado, há sempre Portugueses pelo Mundo... Num país longínquo da Ásia, numa zona movimentada (ou desconhecida nalguns casos) da América, num canto de África, ou da Europa… Por todo o lado, há sempre Portugueses pelo Mundo. São pessoas que partiram das suas terras, mas que mantêm vivas as referências com Portugal. Homens e mulheres que se acomodaram a novas temperaturas, novas culturas, novos sabores, novos amigos e que agora desfrutam do lugar onde vivem. Portugueses pelo Mundo mistura um programa documental com um programa de viagens. Em cada programa veremos entre cinco a sete histórias de portugueses que residem algures no planeta.

Em Buenos Aires está a toca de de muitos portugueses, que lutão pela luz do dia!

Texto // Manuela Costa Fotografia // José Ferreira

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As histórias de cada programa irão entrelaçar-se umas nas outras e serão bem diferentes entre si, baseadas nas características individuais dos entrevistados, nas suas famílias, nos seus amigos, nos seus colegas de trabalho. Alguns protagonistas serão mais exuberantes, outros mais ponderados; alguns estarão totalmente adaptados à nova realidade que lhes cabe viver, outros estarão a dar os primeiros passos. O único rasgo distintivo que se repetirá em todas as histórias e, por conseguinte, ao longo do programa e do ciclo, é que todas serão dinâmicas, ágeis e terão como cenário um país ou um lugar . Todos os “novos emigrantes” chegam aos países que os acolhem com grandes sonhos, olhando para o futuro mas também com um passado querido, repleto de recordações e de costumes. Têm bem enraizada a identidade de origem, mas não impõem lim-

ites à incorporação de novos hábitos. Em Portugueses pelo Mundo, iremos mostrar a realidade de aqueles que, pese embora a passagem dos anos e a distância que os separa da Pátria, continuam a manter alguns costumes portugueses, a comer os mesmos pratos e a dançar as mesmas danças. Ao mesmo tempo, haverá lugar para que os entrevistados mostrem, na primeira pessoa, os costumes do lugar visitado, em muitos casos curiosos ou ousados, alguns inimagináveis para a mente ocidental ou, simplesmente, portuguesa. Partilhar um passeio por um mercado cheio de gente e produtos; praticar um ritual pagão rodeado de pessoas pouco amigáveis; assistir a um casamento onde os noivos não se conhecem um ao outro; provar e comer um estranho prato típico com ingredientes que nunca pensámos que poderíamos vir a comer, são apenas algumas das múltiplas e variadas situações que irão suceder-se em cada uma das emissões. Assim, os nossos protagonistas serão sempre os melhores guias para conhecer a vida quotidiana do lugar onde estamos. Desta forma, sem perder de vista o entretenimento, fomentamos a integração entre culturas e indivíduos, mostrando as diferenças sempre numa óptica de respeito pelas diversidades de cada um dos povos e suas culturas.



Viajar por estrada Escolha uma mota, uma carrinha, uma autocaravana! Num país longínquo da Ásia, numa zona movimentada (ou desconhecida nalguns casos) da América, num canto de África, ou da Europa… Por todo o lado, há sempre Portugueses pelo Mundo. São pessoas que partiram das suas terras, mas que mantêm vivas as referências com Portugal. Homens e mulheres que se acomodaram a novas temperaturas, novas culturas, novos sabores, novos amigos e que agora desfrutam do lugar onde vivem. Portugueses pelo Mundo mistura um programa documental com um programa de viagens. Em cada programa veremos entre cinco a sete histórias de portugueses que residem algures no planeta.

As histórias de cada programa irão entrelaçar-se umas nas outras e serão bem diferentes entre si, baseadas nas características individuais dos entrevistados, nas suas famílias, nos seus amigos, nos seus colegas de trabalho. Alguns protagonistas serão mais exuberantes, outros mais ponderados; alguns estarão totalmente adaptados à nova realidade que lhes cabe viver, outros estarão a dar os primeiros passos. O único rasgo distintivo que se repetirá em todas as histórias e, por conseguinte, ao longo do programa e do ciclo, é que todas serão dinâmicas, ágeis e terão como cenário um país ou um lugar . Todos os “novos emigrantes” chegam aos países que os acolhem com grandes sonhos, olhando para o futuro mas também com um passado querido, repleto de recordações e de costumes. Têm bem enraizada a identidade de origem, mas não impõem limites à incorporação de novos hábitos. Em Portugueses pelo Mundo, iremos mostrar a realidade de aqueles que, pese embora a passagem dos anos e a distância que os separa da Pátria, continuam a manter alguns costumes portugueses, a comer os mesmos pratos e a dançar as mesmas danças. Ao mesmo tempo, haverá lugar para que os entrevistados mostrem, na primeira pessoa, os costumes do lugar visitado, em muitos casos curiosos ou ousados, alguns inimagináveis para a mente ocidental ou, simplesmente, portuguesa. Partilhar um passeio por um mercado cheio de gente e produtos; praticar um ritual pagão rodeado de pessoas pouco amigáveis; assistir a um casamento onde os noivos não se conhecem um ao outro; provar e comer um estranho prato típico com ingredientes que nunca pensámos que poderíamos vir a comer, são apenas algumas das múltiplas e variadas situações que irão suceder-se em cada uma das emissões. Texto // Manuela Costa Fotografia // José Ferreira

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ESTADIAS DE LUXO

HOTEL EL CIEGO

SHORT BREAK

SUIÇA E CASTELO

WEEKEND

SERRA DA ESTRELA

LONGA DISTÂNCIA

JAPÃO


LONG DISTANCE

NOVA ZELÂNDIA

ESTADIAS DE LUXO

ESTORIAL PALACE

WEEKEND

BARCELOS




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estadias de Luxo

um HoteL Com HiStÓria e HiStÓriaS •Entrada fictícia precisava •de cem sessões de trabalho •para uma natureza •morta, cento e cinquenta •sessões de pose para •um retrato. aquilo a que •chamamos a sua obra era •para ele apenas o ensaio •e a aproximação à sua •pintura. escreve aos anos: •Vivo num tal estado de •perturbações cerebrais, •numa perturbação tão •grande que temo a todo •o momento, que a minha •frágil razão não aguente.


Texto fictício parece-me que agora que estou melhor e que consigo dar uma orientação mais precisa aos meus estudos. Conseguirei atingir o objectivo tão procurado e durante tanto tempo perseguido? Continuo como sempre a estudar a natureza e parece-me que faço lentos progressos” A pintura é o seu mundo e a sua maneira de existir. Trabalha sozinho, sem alunos, sem a admiração por parte da familia, sem encorajamento por parte dos júris. Já velho, interroga-se sobre se a novidade da sua pintura não decorreria de uma perturbação da sua visão, se toda sua vida não se teria baseado num acidente do seu corpo. Porquê tanta incerteza, tanto esforço, tantos falhanços e de repente, o sucesso? Jovem, aos 13 anos, inquietava os seus amigos com os seus acessos de cólera e as suas depressões. Zola, que era amigo de Cezanne desde criança, foi o primeiro a ver nele o génio e o primeiro a falar dele como um “génio abortado”.

Sete anos mais tarde, aos 20, decidido a tornar-se pintor, duvida do seu talento e não ousa pedir ao pai que o envie para Paris. As cartas de Zola recriminam-lhe a instabilidade, a fraqueza e a indecisão. Já em Paris escreve: “Mais não fiz que mudar de lugar e o aborrecimento e o tédio perseguem-me.” O fundo do seu carácter é dominado pela ansiedade. Aos 42 anos, pensa que morrerá jovem e redige o testamento. Aos 46, tem uma paixão atormentada, insuportável, da qual nunca falará. Aos 51, retira-se para Aix, para melhor encontrar a natureza, mas trata-se de um retorno ao meio da sua infância, da sua mãe, da sua irmã. A religião, que começa a praticar, surge para ele com o medo da vida e com o medo da morte. Segreda a um amigo: “É o medo, sinto que ainda me restam quatro dias na terra, mas e depois? Creio que sobreviverei e não me quero arriscar a esturricar in aeternum”.

É possivel que, no momento das suas fraquezas nervosas, Cézanne tenha concebido uma forma de arte válida para todos. Entregue a si mesmo, pode olhar a natureza como só um homem sabe fazê-lo. “Como pintor torno-me mais lúcido quando confrontado com a natureza”. Italianos, Tintoretto, Delacroix, Courbet, Impressionistas, em particular, Pissarro, a quem Cézanne deve a concepção da pintura, não como a realização de cenas imaginadas, mas como o estudo preciso das aparências, não como um trabalho de atelier antes como um trabalho sobre natureza. A natureza para os clássicos exigia circunscrição pelos contornos, composição e distribuição das luzes. A isso Cézanne responde: “Eles faziam um quadro e nós procuramos um pedaço de natureza”. E sobre os mestres: “substituiam a realidade pela imaginação e pela abstração que a acompanha”. Sobre a natureza:

Vai-se tornando cada vez mais tímido, desconfiado e susceptível. Vem alguma vezes a Paris mas, quando encontra amigos, faz-lhes de longe sinal de que não lhes quer falar.

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Short Break Curta pausa num país pintado de branco Entrada fictícia precisava de cem sessões de trabalho para uma natureza morta, cento e cinquenta sessões de pose para um retrato. Aquilo a que chamamos a sua obra era para ele apenas o ensaio e a aproximação à sua pintura. Escreve aos anos: Vivo num tal estado de perturbações cerebrais, numa perturbação tão grande que temo a todo o momento, que a minha frágil razão não aguente.

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Destaque fictício um precisava de cem sessões para uma natureza morta, cento e cinquenta sessões para retrato.

Texto fictício parece-me que agora que estou melhor e que consigo dar uma orientação mais precisa aos meus estudos. Consegui rei atingir o objectivo tão procurado e durante tanto tempo perseguido? Continuo como sempre a estudar a natureza e parece-me que faço lentos progressos” A pintura é o seu mundo e a sua maneira de existir. Trabalha sozinho, sem alunos, sem a admiração por parte da familia, sem encorajamento por parte dos júris. Já velho, interroga-se sobre se a novidade da sua pintura não decorreria de uma perturbação da sua visão, se toda sua vida não se teria baseado num acidente do seu corpo. Porquê tanta incerteza, tanto esforço, tantos falhanços e de repente, o sucesso? Jovem, aos 13 anos, inquietava os seus amigos com os seus acessos de cólera e as suas depressões. Zola, que era amigo de Cezanne desde criança, foi o primeiro a ver nele o génio e o primeiro a falar dele como um “génio abortado”.

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Sete anos mais tarde, aos 20, decidido a tornar-se pintor, duvida do seu talento e não ousa pedir ao pai que o envie para Paris. As cartas de Zola recriminam-lhe a instabilidade, a fraqueza e a indecisão. Já em Paris escreve: “Mais não fiz que mudar de lugar e o aborrecimento e o tédio perseguem-me.” O fundo do seu carácter é dominado pela ansiedade. Aos 42 anos, pensa que morrerá jovem e redige o testamento. Aos 46, tem uma paixão atormentada, insuportável, da qual nunca falará. Aos 51, retira-se para Aix, para melhor encontrar a natureza, mas trata-se de um retorno ao meio da sua infância, da sua mãe, da sua irmã.



a 3000m


INFOS//

Texto fictício a natureza para os clássicos exigia circunscrição pelos contornos, composição e distribuição das luzes. Sobre a natureza: “É preciso que nos curvemos face a esta obra perfeita. Tudo nos vem dela, por ela existimos, esqueçamos tudo o resto”. E sobre os mestres: “substituiam a realidade pela imaginação e pela abstração que a acompanha”. Sobre a natureza: “É preciso que nos curvemos face a esta obra perfeita.


A religião, que começa a praticar, surge para ele com o medo da vida e com o medo da morte. Segreda a um amigo: “É o medo, sinto que ainda me restam quatro dias na terra, mas e depois? Creio que sobreviverei e não me quero arriscar a esturricar in aeternum”. Vai-se tornando cada vez mais tímido, desconfiado e susceptível. Vem alguma vezes a Paris mas, quando encontra amigos, faz-lhes de longe sinal de que não lhes quer falar. A ideia de uma pintura “sobre a natureza” surge em Cézanne a partir da mesma fraqueza. E a sua extrema atenção à natureza, à cor, e o carácter inumano da sua pintura também. “Devemos pintar uma face como se fosse um objecto”, a sua devoção ao mundo visível apenas são uma fuga ao mundo humano. É possivel que, no momento das suas fraquezas nervosas, Cézanne tenha concebido uma forma de arte válida para todos. Entregue a si mesmo, pode olhar a natureza como só um homem sabe fazê-lo. “Como pintor torno-me mais lúcido quando confrontado com a natureza”. Italianos, Tintoretto, Delacroix, Courbet, Impressionistas, em particular, Pissarro, a quem Cézanne deve a concepção da pintura, não como a realização de cenas imaginadas, mas como o estudo preciso das aparências, não como um trabalho de atelier antes como um trabalho sobre natureza. A natureza para os clássicos exigia circunscrição pelos contornos, composição e distribuição das luzes. A isso Cézanne responde: “Eles faziam um quadro e nós procuramos um pedaço de natureza”. E sobre os mestres: “substituiam a realidade pela imaginação e pela abstração que a acompanha”. Sobre a natureza: “É preciso que nos curvemos face a esta obra perfeita. Tudo nos vem dela, por ela existimos, esqueçamos tudo o resto”. Quando Cézanne se muda par Auvers-sur-Oise produz-se uma mudança. Em contacto com Pissarro abandona os temas tétricos e alegra as cores da sua paleta. As piceladas deixam de ser grossas e quadradas e tornam-se mais subtis e flexíveis permitindo texturas formadas por pequenas manchas de cor com um resultado mais harmonioso. É Pissarro que incita Cézanne à pintura ao ar livre. 3.600 c.

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Texto fictício a natureza para os clássicos exigia circunscrição pelos contornos, composição e distribuição das luzes. Sobre a natureza: “É preciso que nos curvemos face a esta obra perfeita. Tudo nos vem dela, por ela existimos, esqueçamos tudo o resto”. E sobre os mestres: “substituiam a realidade pela imaginação e pela abstração que a acompanha”. Sobre a natureza: “É preciso que nos curvemos face a esta obra perfeita. As piceladas deixam de ser grossas e quadradas e tornam--se mais subtis e flexíveis permitindo texturas formadas por pequenas manchas de cor com um resultado mais harmonioso. É Pissarro que incita Cézanne à pintura ao ar livre.

Texto • Paula Monteiro Fotografias • António Saraiva

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Weekend

aS Quatro eStaÇÕeS doS monteS HermínioS

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•Texto fictício a natureza •para os clássicos exigia •circunscrição pelos •contornos, composição •e distribuição das luzes. •Sobre a natureza: •É preciso que nos •curvemos face a esta •obra perfeita. •tudo nos vem dela, por •ela existimos, esqueçamos •tudo o resto.



Texto fictício parece-me que agora que estou melhor e que consigo dar uma orientação mais precisa aos meus estudos. Conseguirei atingir o objectivo tão procurado e durante tanto tempo perseguido? Continuo como sempre a estudar a natureza e parece-me que faço lentos progressos” A pintura é o seu mundo e a sua maneira de existir. Trabalha sozinho, sem alunos, sem a admiração por parte da familia, sem encorajamento por parte dos júris.

Já velho, interroga-se sobre se a novidade da sua pintura não decorreria de uma perturbação da sua visão, se toda sua vida não se teria baseado num acidente do seu corpo. Porquê tanta incerteza, tanto esforço, tantos falhanços e de repente, o sucesso? Jovem, aos 13 anos, inquietava os seus amigos com os seus acessos de cólera e as suas depressões. Zola, que era amigo de Cezanne desde criança, foi o primeiro a ver nele o génio e o primeiro a falar dele como um “génio abortado”.


“eles faziam um quadro e nós procuramos um pedaço de natureza”


Destaque fictício um precisava de cem sessões para uma natureza morta, cento e cinquenta sessões para retrato. Sete anos mais tarde, aos 20, decidido a tornar-se pintor, duvida do seu talento e não ousa pedir ao pai que o envie para Paris. As cartas de Zola recriminam-lhe a instabilidade, a fraqueza e a indecisão. Já em Paris escreve: “Mais não fiz que mudar de lugar e o aborrecimento e o tédio perseguem-me.” O fundo do seu carácter é dominado pela ansiedade. Aos 42 anos, pensa que morrerá jovem e redige o testamento. Aos 46, tem uma paixão atormentada, insuportável, da qual nunca falará. Aos 51, retira-se para Aix, para melhor encontrar a natureza, mas trata-se de um retorno ao meio da sua infância, da sua mãe, da sua irmã. A religião, que começa a praticar, surge para ele c om o medo da vida e com o medo da morte. Segreda a um amigo: “É o medo, sinto que ainda me restam quatro dias na terra, mas e depois? Creio que sobreviverei e não me quero arriscar a esturricar in aeternum” Vai-se tornando cada vez mais tímido, desconfiado e susceptível. Vem alguma vezes a Paris mas, quando encontra amigos, faz-lhes de longe sinal de que não lhes quer falar. A ideia de uma pintura “sobre a natureza” surge em Cézanne a partir da mesma fraqueza. E a sua extrema atenção à natureza, à cor, e o carácter inumano da sua pintura também. “Devemos pintar uma face como se fosse um objecto”, a sua devoção ao mundo visível apenas são uma fuga ao mundo humano. INFOS//

Quando Cézanne se muda par Auvers-sur-Oise produz-se uma mudança. Em contacto com Pissarro abandona os temas tétricos e alegra as cores da sua paleta.

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É Pissarro que incita Cézanne à pintura ao ar livre.


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As piceladas deixam de ser grossas e quadradas e tornamse mais subtis e flexíveis permitindo texturas formadas por pequenas manchas de cor com um resultado mais harmonioso. É Pissarro que incita Cézanne à pintura ao ar livre.

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É possivel que, no momento das suas fraquezas nervosas, Cézanne tenha concebido uma forma de arte válida para todos. Entregue a si mesmo, pode olhar a natureza como só um homem sabe fazê-lo. “Como pintor torno-me mais lúcido quando confrontado com a natureza”. Italianos, Tintoretto, Delacroix, Courbet, Impressionistas, em particular, Pissarro, a quem Cézanne deve a concepção da pintura, não como a realização de cenas imaginadas, mas como o estudo preciso das aparências, não como um trabalho de atelier antes como um trabalho sobre natureza. A natureza para os clássicos exigia circunscrição pelos contornos, composição e distribuição das luzes. A isso Cézanne responde. Eles faziam um quadro e nós procuramos um pedaço de natureza. E sobre os mestres: “substituiam a realidade pela imaginação e pela abstração que a acompanha”. Sobre a natureza: “É preciso que nos curvemos face a esta obra perfeita. Tudo nos vem dela, por ela existimos, esqueçamos tudo o resto”. Quando Cézanne se muda par Auvers-sur-Oise produz-se uma mudança. Em contacto com Pissarro abandona os temas tétricos e alegra as cores da sua paleta. As piceladas deixam de ser grossas e quadradas e tornam-se mais subtis e flexíveis permitindo texturas formadas por pequenas manchas de cor com um resultado mais harmonioso. É Pissarro que incita Cézanne à pintura ao ar livre.



Longa distância tradiÇÃo e ContemPoraneidade no oriente LongínQuo •Entrada fictícia precisava •de cem sessões de trabalho •para uma natureza •morta, cento e cinquenta •sessões de pose para •um retrato. aquilo a que •chamamos a sua obra era •para ele apenas o ensaio •e a aproximação à sua •pintura. escreve aos anos: •Vivo num tal estado de •perturbações cerebrais, •numa perturbação tão •grande que temo a todo •o momento, que a minha •frágil razão não aguente.

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Destaque fictĂ­cio um precisava de cem sessĂľes para uma natureza morta, cento e cinquenta sessĂľes para retrato.

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Texto fictício parece-me que agora que estou melhor e que consigo dar uma orientação mais precisa aos meus estudos. Conseguirei atingir o objectivo tão procurado e durante tanto tempo perseguido? Continuo como sempre a estudar a natureza e parece-me que faço lentos progressos” A pintura é o seu mundo e a sua maneira de existir. Trabalha sozinho, sem alunos, sem a admiração por parte da familia, sem encorajamento por parte dos júris. Já velho, interroga-se sobre se a novidade da sua pintura não decorreria de uma perturbação da sua visão, se toda sua vida não se teria baseado num acidente do seu corpo. Porquê tanta incerteza, tanto esforço, tantos falhanços e de repente, o sucesso? Jovem, aos 13 anos, inquietava os seus amigos com os seus acessos de cólera e as

suas depressões. Zola, que era amigo de Cezanne desde criança, foi o primeiro a ver nele o génio e o primeiro a falar dele como um “génio abortado”. Sete anos mais tarde, aos 20, decidido a tornar-se pintor, duvida do seu talento e não ousa pedir ao pai que o envie para Paris. As cartas de Zola recriminam-lhe a instabilidade, a fraqueza e a indecisão. Já em Paris escreve: Mais não fiz que mudar de lugar e o aborrecimento e o tédio perseguem-me.


Aos 42 anos, pensa que morrerá jovem e redige o testamento. Aos 46, tem uma paixão atormentada, insuportável, da qual nunca falará. Aos 51, retira-se para Aix, para melhor encontrar a natureza, mas trata-se de um retorno ao meio da sua infância, da sua mãe, da sua irmã. A religião, que começa a praticar, surge para ele com o medo da vida e com o medo da morte. Segreda a um amigo: “É o medo, sinto que ainda me restam quatro dias na terra, mas e depois? Creio que sobreviverei e não me quero arriscar a esturricar in aeternum” Vai-se tornando cada vez mais tímido, desconfiado e susceptível. Vem alguma vezes a Paris mas, quando encontra amigos, faz-lhes de longe sinal de que não lhes quer falar. A ideia de uma pintura “sobre a natureza” surge em Cézanne a partir da mesma fraqueza. E a sua extrema atenção à natureza, à cor, e o carácter inumano da sua pintura também. “Devemos pintar uma face como se fosse um objecto”, a sua devoção ao mundo visível apenas são uma fuga ao mundo humano. É possivel que, no momento das suas fraquezas nervosas, Cézanne tenha concebido uma forma de arte válida para todos. Entregue a si mesmo, pode olhar a natureza como só um homem sabe fazê-lo. “Como pintor torno-me mais lúcido quando confrontado com a natureza”. Italianos, Tintoretto, Delacroix, Courbet, Impressionistas, em particular, Pissarro, a quem Cézanne deve a concepção da pintura, não como a realização de cenas imaginadas, mas como o estudo preciso das aparências, não como um trabalho de atelier antes como um trabalho sobre natureza.

INFOS//

Texto fictício a natureza para os clássicos exigia circunscrição pelos contornos, composição e distribuição das luzes. A isso Cézanne responde: “Eles faziam um quadro e nós procuramos um pedaço de natureza”. E sobre os mestres: “substituiam a realidade pela imaginação e pela abstração que a acompanha”. Sobre a natureza: “É preciso que nos curvemos face a esta obra perfeita. Tudo nos vem dela, por ela existimos, esqueçamos tudo o resto”.

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deStaQue FiCtíCio um PreCiSaVa de Cem SeSSÕeS Para uma natureZa morta, Cento e CinQuenta SeSSÕeS Para retrato.


Quando Cézanne se muda par Auvers-sur-Oise produzse uma mudança. Em contacto com Pissarro abandona os temas tétricos e alegra as cores da sua paleta. As piceladas deixam de ser grossas e quadradas e tornamse mais subtis e flexíveis permitindo texturas formadas por pequenas manchas de cor com um resultado mais harmonioso. É Pissarro que incita Cézanne à pintura ao ar livre. 800 c.

A natureza para os clássicos exigia circunscrição pelos contornos, composição e distribuição das luzes. A isso Cézanne responde: “Eles faziam um quadro e nós procuramos um pedaço de natureza”. E sobre os mestres: “substituiam a realidade pela imaginação e pela abstração que a acompanha”. Sobre a natureza: “É preciso que nos curvemos face a esta obra perfeita. Tudo nos vem dela, por ela existimos, esqueçamos tudo o resto”. Quando Cézanne se muda par Auvers-sur-Oise produz-se uma mudança. Em contacto com Pissarro abandona os temas tétricos e alegra as cores da sua paleta. As piceladas deixam de ser grossas e quadradas e tornam-se mais subtis e flexíveis permitindo texturas formadas por pequenas manchas de cor com um resultado mais harmonioso. É Pissarro que incita Cézanne à pintura ao ar livre.

deStaQue FiCtíCio um PreCiSaVa de Cem SeSSÕeS Para uma natureZa morta, Cento e CinQuenta SeSSÕeS Para retrato.

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