Revista Bahianest

Page 1



Editorial No ano de 2010, assume não só um novo presidente, mas uma equipe disposta a trazer para a sociedade suas experiências individuais e contribuir para o crescimento da SAEB. Esse pensamento de coletivismo objetiva uma política de aproximação com o sócio mostrando o trabalho da diretoria, abrindo um espaço para ouvilo, aceitando sugestões e criticas, sempre buscando o aprimoramento. BAHIANEST é uma publicação da SAEB - Sociedade de Anestesiologia do Estado da Bahia em parceria com a COOPANEST-BA- Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas da Bahia. Redação Av. Garibaldi, 1815, Sobreloja, Bloco B, Centro Médico Empresarial, Ondina, Salvador - Bahia. Fone: 71 3247-4333 DIRETORIA Presidente Dr. Marco Aurélio Oliveira Guerra CRM-Ba 11.048 Vice-presidente Dr. Adhemar Chagas Valverde CRM-Ba 6.055 Secretário Geral Dr. Gilvan da Silva Figueiredo CRM-Ba 12.617 1º Secretário Dr. Hugo Eckener Dantas de Pereira Cardoso CRM-Ba 15.709 1ª Tesoureira Dra. Ana Cláudia Morant Braid CRM-Ba 9.365 2º Tesoureiro Dr. Luiz Alberto Vicente Teixeira CRM-Ba 5.139

A preocupação com a melhor qualificação dos nossos associados e atualização dos anestesiologistas baianos sempre foi um foco de todas as diretorias da SAEB e tem sido alcançado através das atividades de formação e educação continuada do curso integrado dos CET’s, da JORBA, do ENAI, da revista Bahianest e do site da SAEB. Manteremos essa política de compartilhar com os nossos sócios todos os avanços científicos que poderão ser utilizados na pratica clínica enriquecendo cada vez mais a nossa especialidade. Devemos ressaltar o grande sucesso do 56º CBA na Bahia onde tivemos um recorde de inscritos e agradecer a atuação do Dr. Adhemar Chagas Valverde, presidente do CBA e de toda a sua equipe. Vai ser uma tarefa difícil substituir o Dr. Ricardo Azevedo após uma gestão de tantas conquistas, mas estamos empenhados em trabalhar para dar seguimento aos projetos e iniciarmos novos, sempre no intuito de engrandecer a anestesiologia baiana. A SAEB vê com a preocupação a abertura de novas residências medicas em anestesiologia sem o credenciamento da SBA. Esperamos que as mesmas procurem e tenham as condições necessárias para o cadastramento junto à SBA. O objetivo maior da nossa gestão é a defesa do nosso associado, por isso estamos sempre à disposição de todos os colegas, mantendo a ética e a moral como prioridade da SAEB. Dr. Marco Aurélio Oliveira Guerra Presidente da SAEB CRM-Ba 11.048

Diretor Científico Dr. Márcio Henrique Lopes Barbosa CRM-Ba 11.988 Diretor de Defesa Profissional Dr. Jedson dos Santos Nascimento CRM-Ba 11.927 Responsáveis pela revista Dr. Marco Aurélio Oliveira Guerra CRM-Ba 11.048 Dr. Carlos Eduardo Aragão de Araujo CRM-Ba 3.811 Presidente da COOPANEST-BA Textos e Edição Cinthya Brandão - Jornalista DRT/Ba 2.397 www.cinthyabrandao.com.br Designer Gráfico Carlos Vilmar www.carlosvilmar.com.br Fotografias Hitanez Freitas Tiragem 500 exemplares Impressão Cartograf

Prezados colegas, Assumir a diretoria científica da SAEB evocou-me, inicialmente, dois sentimentos: orgulho e responsabilidade. Orgulho por estar recebendo a grandiosa honra de, junto com os proficientes colegas Rodrigo Leal e Vera Azevedo, representar a comissão científica por dois anos; responsabilidade, por entender que a anestesiologia da Bahia vive numa atmosfera científica, produtiva e próspera, mas ainda há muito a ser feito. Entendo que o momento é muito propício ao trabalho. E, trataremos de aproveitar exemplos de cooperação e coadunação, como o curso integrado dos CETs, para desenvolvermos outras atividades para os anestesiologistas da Bahia. Enfim, gostaria em nome da Comissão Científica da SAEB, de agradecer o apoio dos responsáveis pelos CETs, e firmar o compromisso com você, ilustre colega, de empenho e disposição na condução das atividades científicas. Sua participação é muito importante! Dr. Márcio Henrique Lopes Barbosa Diretor Científico da SAEB CRM-Ba 11.988


Nova diretoria da SAEB toma posse

Dr. Marco Guerra recebe os cumprimentos de Dr. Ricardo Azevedo.

4

A nova diretoria da Sociedade de Anestesiologia do Estado da Bahia (SAEB) gestão 2010/2011 tomou posse no dia 30 de janeiro de 2010, às 20h, na sede da instituição na Avenida Anita Garibaldi. Cercado por sócios, amigos e familiares Dr. Ricardo Almeida de Azevedo que esteve à frente da SAEB durante o biênio 2008/2009 passou o cargo para Dr. Marco Aurélio Oliveira Guerra. Além das autoridades já citadas, compuseram a mesa da Solenidade de Transmissão de Cargos: o presidente da Sociedade Brasileira de Anestesiologia, Dr. Carlos Eduardo Lopes Nunes; o presidente da COOPANEST-BA, Dr. Carlos Eduardo Aragão de Araujo e representando todos os Centros de Ensino e Treinamento em Anestesiologia do Estado, o coordenador do CET do Hospital Santa Izabel, Dr. Jedson dos Santos Nascimento.


“Se cada um fizer um pouco a SAEB tende a crescer ainda mais. Sinto-me honrado em assumir a presidência tendo ao meu lado todas as pessoas que tanto torceram e me incentivaram a aceitar. O trabalho será de continuidade das conquistas alcançadas pelas gestões anteriores.” Os discursos foram breves, porém intensos. Dr. Ricardo Azevedo despediu-se da presidência com a sensação de dever cumprido. O reconhecimento a todos que estiveram presentes colaborando de alguma forma foi amplamente ressaltado. Os agradecimentos foram ao presidente da COOPANEST-BA, Dr. Carlos Eduardo Araujo, aos membros da diretoria que presidiu, aos funcionários e colaboradores da SAEB, aos parceiros da indústria farmacêutica, à CAS (grupo ao qual pertence) e aos sócios, e em especial à família e à esposa Silvia que prestigiou o evento. Dr. Ricardo Azevedo aproveitou o momento para lembrar a todos das conquistas alcançadas durante sua gestão como o resgate de sócios inadimplentes, convênios com empresas trazendo benefícios aos sócios, troca de todo o sistema de ar condicionado da sede, a Campanha de Valorização ao Ato Anestésico e ao Anestesiologista, a 1ª JORBA DOR, o Curso de Noções em Anestesiologia para enfermeiros e técnicos, o 56º CBA, sucesso absoluto graças ao empenho de toda diretoria do congresso com o apoio da SAEB, o Curso Integrado dos CET´s, o SAVA, os Simpósios de Anestesia Regional e Ultrasson e da bucomaxilofacial, o ENAI realizado em Vitória da Conquista e em Guanambi, dentre outras iniciativas, além disso deixou plantados prósperos frutos. “A SAEB firmou com a Comissão Regional de Residência Médica a abertura de novas vagas com a garantia da qualidade dos serviços nos hospitais a fim de priorizar o conhecimento científico dos profissionais em formação. A SAEB não tem poder de polícia, o nosso papel é

Dr. Marco Guerra, Presidente da SAEB zelar pela educação continuada e pelo serviço prestado à população. Nessa gestão tivemos muito trabalho, porém foi uma experiência que me proporcionou muito amadurecimento, realmente foi transformador. Faria tudo novamente e o que deixamos de realizar não foi por falta de vontade nem disposição”, finalizou. Dr. Marco Guerra recebeu o cargo visivelmente emocionado. No discurso informal, por sentirse em casa (palavras do novo presidente), ressaltou que faz parte da SAEB há 16 anos, participou de algumas diretorias, mas nunca se imaginou ocupando a presidência, contudo foi indicado por colegas ao cargo e aceitou o desafio como forma de contribuir com a instituição pela qual tem tanto apreço. “Se cada um fizer um pouco a SAEB tende a crescer ainda mais. Sinto-me honrado em assumir a presidência tendo ao meu lado todas as pessoas que tanto torceram e me incentivaram a aceitar. O trabalho será de continuidade das conquistas alcançadas pelas gestões anteriores.” O novo presidente agradeceu ao apoio da esposa, amigos e colegas da CLAM, e fez

“A SAEB não tem poder de polícia, o nosso papel é zelar pela educação continuada e pelo serviço prestado à população.”

Dr. Ricardo Azevedo

Dr. Adhemar Valverde, Dr. Carlos Eduardo Nunes e Dr. Marco Guerra.

5


“Não

se mede um homem pelas suas palavras, mas sim pelos seus atos” Dr. Marco Guerra questão de homenagear Dr. Walter Meneses Rojas pelo seu exemplo de força e determinação e finalizou seu primeiro pronunciamento como presidente da SAEB citando palavras que marcaram o início de sua carreira profissional: “Não se mede um homem pelas suas palavras, mas sim pelos seus atos”.

Dr. Ricardo Azevedo despediu-se da presidência

com

a sensação de dever cumprido.

6

Dr. Eduardo Nunes também se pronunciou. Presente em diversos eventos de transmissão de cargos de regionais, o presidente da SBA lembrou que os desafios e tarefas vão se modificando a cada gestão. Quando se referiu ao impasse sobre a ampliação no número residência em anestesiologia, Dr. Eduardo Nunes admitiu que SBA ainda não sabe qual a melhor resolução. “A abertura de novas vagas mesmo em hospitais estruturados não garante uma formação plena como defende a SBA. É preciso pensar sobre o tema de ma-

neira franca e fazer uma ampla discussão com as regionais. Temos o dever de levar o problema às esferas responsáveis pela formação para construirmos uma análise crítica bem fundamentada. Para finalizar, Dr. Eduardo Nunes garantiu um fortalecimento da relação SBA/regionais. “A SAEB pode contar com a SBA. Nosso objetivo é que os interesses coletivos prevaleçam.” A solenidade foi seguida com o descerramento da foto de Dr. Ricardo Azevedo na galeria dos ex-presidentes e a entrega da medalha do cinquentenário da SAEB. Após assinatura do livro com os membros da diretoria que prestigiaram a solenidade, todos foram convidados a desfrutar do coquetel de confraternização. Cinthya Brandão Jornalista DRT/Ba 2.397


SAEB inicia programação científica de 2010 e saúda os médicos em especialização A SAEB recebeu, em sua sede, dezenas de novos médicos em especialização, no dia 26 de fevereiro, na Abertura da Programação Científica deste ano. O advogado, professor e mestre em Direito, Dr. Iran Furtado, ministrou uma palestra sobre a Responsabilidade Civil do Médico. “A escolha do tema remete à atenção da Diretoria Científica com a formação do anestesiologista, ensejando discutir as variáveis intrínsecas ao erro médico e suas consequências. A responsabilidade civil do médico emerge hodiernamente como um tema de grande acuidade jurídica. E, neste particular, é essencial chamar atenção do anestesiologista para a prevenção de processos judiciais”, afirmou o diretor científico da SAEB, Dr. Márcio Henrique Lopes Barbosa. De acordo com o advogado Dr. Iran Furtado, a responsabilidade civil do médico sofreu poucas alterações na legislação de 1946 a 2002 sobre as demandas contra o erro médico. No entan- Dr. Iran Furtado em apresentação. to, houve um aumento significativo em número de processos envolvendo a classe médica. Na capital baiana, segundo o advogado, 17 ações foram movidas no ano passado. Este ano, duas ações envolvendo erro médico estão em julgamento. Para Dr. Iran Furtado existem interesses econômicos motivando esse crescimento. “Esse aumento súbito no número de processos médicos deve-se a incentivos de instituições financeiras. Não acho viável, por exemplo, os profissionais de saúde fazerem seguro de responsabilidade civil médica”, alerta. Dr. Iran explicou em que consiste legalmente a responsabilidade civil do médico e fez ressalvas importantes aos profissionais em formação a cerca da conduta médica preventiva. “Um único ato pode implicar em três tipos de punições: civil, administrativa e penal. Os médicos na maioria de seus procedimentos assumem obrigação de meio, que está calcada na conduta vigilante desde o contato inicial até o término do tratamento, sem, contudo, estar vinculada a cura do cliente, o modo mais prático de decompor a conduta temerária dos profissionais está baseada na teoria da culpa, que se evidencia na negligência, na imprudência que é a precipitação dos atos profissionais e finalmente na imperícia que é a deficiência de conhecimentos técnicos da profissão. Já no campo da cirurgia plástica estética o profissional se compromete a um determinado êxito, de modo que a obrigação será de resultado, cabendo ao prejudicado a simples arguição de dano, restando então ao profissional apresentar as provas da idoneidade dos seus atos. O prontuário poderá ser sua maior testemunha. Preze por isso para evitar problemas futuros”, alertou. Dr. Márcio Henrique ratificou as observações do advogado. “O médico residente deve ter o aprendizado supervisionado. E, para evitar litígios, é essencial cultivar uma boa relação médicopaciente; lembrar da importância do consentimento informado cuja linguagem deve ser inteligível, clara e simples; investir continuamente no aperfeiçoamento profissional; e, por fim, não se olvidar que o prontuário é um potencial dossiê. Registre para ter defesa”. Ao término da palestra, os anestesiologistas fizeram perguntas e comentários. Depois todos seguiram para o coquetel de confraternização. Cinthya Brandão Jornalista DRT/Ba 2.397 7


Hemodiluição Normovolêmica Aguda:

Impacto do método no uso racional dos hemocomponentes Em 2008, quase 2 milhões de unidades de concentrados de hemácias foram transfundidas no Brasil. No mesmo ano, no estado da Bahia, foram transfundidas 68.317 unidades, principalmente em pacientes cirúrgicos e politraumatizados. Apesar do aumento da vigilância e de políticas mais rigorosas de controle de qualidade nos bancos de sangue, infecções protozoárias, bacterianas, virais (HIV, citomegalovírus, vírus das hepatites

B e C) e até mesmo por príons (doença de Creutzfeldt-Jakob) podem ser transmitidas por meio da transfusão de concentrado de hemácias. Outras intercorrências e complicações inerentes à transfusão são as reações hemolíticas, as auto-imunes, a doença pulmonar aguda relacionada à transfusão (TRALI) e eventos adversos como imunosupressão, e conseqüente aumento da incidência de infecções. Seja pelos efeitos indesejáveis relacionados à transfusão, por questões financeiras ou por convicções pessoais ou religiosas, terapias alternativas e tratamentos para conservação sangüínea estão cada dia mais sendo desejadas e pesquisadas. Atualmente, a transfusão perioperatória de sangue alogênico pode ser diminuída ou completamente abolida por estratégias como:

1. Diminuição da perda sangüínea intraoperatória (por meio de exposição cirúrgica criteriosa e hemostasia meticulosa); 2. Uso de agentes farmacológicos para aumento dos níveis de hemoglobina pré-operatória (eritropietina, sulfato ferroso e ácido fólico) e na profilaxia e tratamento do sangramento e coagulopatias (como os antifibrinolíticos, DDAVP); 3. Uso de substitutos sangüíneos carreadores de oxigênio (como os perflurocarbonos); 4. Técnicas como: a) Hipotensão induzida intra-operatória b) Doação autóloga pré-operatória (autotransfusão) c) Coleta e reinfusão de sangue autólogo do campo operatório

8


A HNA constitui-se em um banco de sangue total e fresco personalizado para o paciente. d) Hemodiluição normovolêmica aguda. A hemodiluição normovolêmica aguda (HNA) é técnica que consiste na retirada e armazenamento intra-operatório de uma porcentagem do volume sangüíneo do paciente até a obtenção do hematócrito desejado – calculado a partir da fórmula desenvolvida por Gross em 1983 – enquanto há reposição concomitante com fluidos, para manutenção da normovolemia. O sangue é coletado por ação da gravidade enquanto é pesado, inferindose que 1 grama equivale 1 mililitro de sangue (figuras 1A e 1B). É realizada por anestesiologistas em sala cirúrgica logo antes do início da cirurgia, que estipulam o hematócrito desejado (alvo), de acordo com as condições do paciente e o tipo da cirurgia proposta (geralmente entre 2428%). Obviamente, quanto mais sangue for coletado, mais anêmico o paciente estará no início da cirurgia, e mais sangue total estará disponível quando necessário. Por exemplo, em paciente do sexo masculino, com 90kg e hematócrito inicial de 40%, em que se pretende iniciar o procedimento cirúrgico com hematócrito de 24%, pode ser coletado aproximadamente 3150ml. Dessa forma, embora com hemoglobina reduzida (anêmico), o paciente permanece hemodinamicamente estável (normovolêmico), devido a infusão de líquidos acelulares (colóides e/ou cristalóides) no momento da coleta. Entretanto, devido a grande quantidade de líquidos necessários para manutenção da normovolemia e sua redistribuição para o compartimento intracelular, por muitas vezes os pacientes ficam edemaciados ao término da cirurgia. Uma maneira recentemente proposta para diminuir a quantidade de volume infundido é a reposição conjunta com solução hipertônica a 7,5%, que atrai o líquido infundido de volta para o compartimento intravascular. Além de fornecer expansão plasmática mais eficiente, a solução hipertônica parece influenciar os marcadores de função imune, potencialmente abrandando as conseqüências imunológicas prejudiciais do trauma cirúrgico. Com a hemodiluição, a perda de eritrócitos no transoperatório será, portanto, minimizada e o sangue coletado (que é sangue total, fresco e autólogo, rico em fatores de coagulação) estará disponível

para ser utilizado no paciente após o período de maior sangramento cirúrgico ou a qualquer momento do intra-operatório, caso seja necessário. A HNA é indubitavelmente a forma mais barata de transfusão autóloga. Também é provavelmente a mais custoefetiva. Diversos estudos já compararam a HNA com outras terapias alternativas à transfusão sangüínea. A autotransfusão, quando comparada à HNA, é mais dispendiosa, pois envolve custos com coleta, estocagem e testes sorológicos, além do fato que, caso não seja utilizado, o sangue coletado é desperdiçado, uma vez que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil não permite que este sangue seja transfundido em outro paciente, pois não foi produto de doação espontânea e voluntária. A autotransfusão necessita de coleta pré-operatória, o que implica em disponibilidade de tempo (duas ou três semanas) entre a doação e a data da cirurgia (não podendo ser realizada em cirurgias em caráter de urgência). À semelhança da transfusão homóloga, com a autotransfusão, não se pode afastar os riscos de transfusão errônea ou de reações adversas durante a transfusão. A coleta e reinfusão do sangue aspirado do campo cirúrgico por meio de equipamentos como o cell saver é extremamente eficaz como medida para abolição da necessidade de transfusão ou redução do número de unidades transfundidas. No entanto, essencialmente todos os fatores de coagulação e a maior parte das plaquetas são removidas durante o processo de lavagem e filtração das células, causando coagulopatia dilucional. Após o processo de lavagem há possibilidade que o sangue infundido contenha ar, gordura, leucócitos, traços de heparina, debris cirúrgico e contaminação bacteriana, principalmente de pele. Além disso, é preciso que haja disponibilidade do aparelho e de profissionais para operá-lo. Portanto, as principais vantagens da HNA em relação ao cell saver são a preservação das plaquetas e fatores de coagulação, além dos custos envolvidos, que são significativamente menores, pois a HNA não requer aparelhagem sofisticada nem equipamentos caros para transfusão do sangue coletado.

minui a viscosidade o sangue e aumenta sua fluidez resultando em maior retorno venoso, o qual compensa a queda no conteúdo arterial de oxigênio devido a menor concentração de hemoglobina. Dessa forma, a oferta de oxigênio aos tecidos é mantida ou aumentada. O aumento na taxa de extração é dado inicialmente pela redistribuição do fluxo sangüíneo mas quando esse mecanismo se esgota, a captura do oxigênio pelos tecidos começa a cair e torna-se ofertadependente. Nessas condições inicia-se a hipóxia tissular, revelada, dentre outros parâmetros, pelo aumento do lactato sérico. Até os dias atuais não se sabe qual o valor desse “DO2 crítico”, mas diversos estudos já confirmaram que os níveis de hemoglobina devem está abaixo de 5g.dl-1 antes que o consumo de oxigênio se torne dependente de sua oferta. A manutenção da normovolemia durante a HNA permite o aumento compensatório do débito cardíaco ampliando os limites para a redução da hemoglobina. A eficácia da HNA como terapia de conservação sangüínea está diretamente relacionada a fração do sangue que se consegue retirar do paciente antes da cirurgia, ou seja, quanto maior o volume coletado, maior sua eficiência. Sua ação pode ser avaliada em termos da variável de seus resultados, obtida por meio de cálculos teóricos em relação ao volume de sangue “poupado”, da redução da necessidade de transfusão alogênica e da máxima perda sangüínea permitida para que seja necessária transfusão alogênica. Dessa maneira, diversos modelos matemáticos teóricos concluíram que a hemodiluição tem efeito significante. A hemodiluição está indicada em cirurgias com grande perda sangüínea prevista (acima de 1000ml). É freqüen-

Fisiologicamente, a hemodiluição di9


Antes da realização de transfusão alogênica deve-se refletir sobre as seguintes questões: qual critério estou utilizando para indicar essa transfusão? Quais os riscos da transfusão de células vermelhas nesse paciente? De que alternativas disponho para evitar a transfusão neste paciente, nesta situação?

temente realizada em procedimentos cardíacos (com ou sem utilização de circulação extra-corpórea), neurocirúrgicos (tumores e aneurismas), ortopédicos (escolioses e próteses), vasculares (aneurismas e cirurgias reconstrutivas), torácicas (pneumectomias e lobectomias), urológicas (prostatectomias, cistectomias e nefrectomias) e cirurgias gerais (cirurgias intestinais maiores e ressecções tumorais). Por não se tratar de procedimento doloroso ou que curse com instabilidade hemodinâmica quando executado corretamente, não há contra-indicação para a sua realização durante procedimentos realizados sob anestesia locorregional. Não demanda preparo pré-operatório, podendo ser utilizada em procedimentos de urgência. E a não ser por alguns relatos de depressão do segmento ST em pacientes submetidos à hemodiluição extrema (hemoglobina menor que 3g.dl-1) e raros casos de edema pulmonar por excesso de fluidos infundidos, a HNA é bastante segura, existindo poucas complicações implicadas à técnica.

Após coletado é importante que o sangue seja reinfundido no paciente em até 6 horas, devido ao potencial risco de contaminação infecciosa, já que o sangue coletado é mantido na sala cirúrgica sob a temperatura do ambiente (figura 1C). Em circunstâncias excepcionais, o sangue poderá ser refrigerado a 0oC e transfundido posteriormente. O princípio fundamental da HNA é a criação e a tolerância à anemia intra-operatória por isso, pacientes que sofrem de doença arterial coronariana ou possuem baixa fração de ejeção, devem ter indicação criteriosa, após avaliação de riscos e benefícios do procedimento. Outras possíveis contra-indicações são: sepse severa, insuficiência respiratória aguda, insuficiência renal aguda e anúrica, anemia severa, doença valvar grave e choque hemorrágico secundário a trauma. Pacientes com graus leves de anemia, presença de doença renal ou respiratória, história de acidente vascular cerebral ou doença cardíaca congestiva também devem ter indicação individualizada, observando a condição clínica do paciente e o tipo da cirurgia a ser realizada. Por fundamentos e crenças, algumas religiões rejeitam cuidados médicos, medicamentos ou terapias específicas. Os Testemunhas de Jeová (TJ) são conhecidos por sua recusa à transfusão do sangue e dos seus derivados. De maneira geral, estes pacientes não excluem a HNA como terapia, desde que a coleta e reinfusão seja preparada em circuito fechado, não sendo obstruído por nenhum momento. Isso pode ser obtido por meio da utilização de série de dispositivos conectores em três vias (“torneirinhas”) para que as bolsas de coletas estejam pré conectadas a via venosa durante o momento da retirada. Durante toda a cirurgia pequeníssimas quantidades de sangue ficam gotejando assegurando fluxo contínuo com o compartimento intravascular do paciente (figura 2).

Figura 1: A - coleta da HNA em via venosa, por força gravitacional; B - balança digital pesando o sangue coletado; C - bolsas coletadas armazenadas em sala cirúrgica.

10

No estudo de Copley et al., estudo em pacientes submetidos a cirurgias para correção de escoliose de coluna, a realização da HNA diminuiu a necessidade de transfusão em 83% dos casos, principalmente se combinada com métodos acessórios, como utilização de eritropoietina pré-operatória e a prática de hipotensão controlada no intra-operatório.

A HNA vem sendo habitualmente utilizada nesses pacientes para as mais diversas cirurgias. De fato, eles têm sido responsáveis por maior disseminação da técnica. Casos descritos de pacientes TJ submetidos a HNA e sobreviveram sem seqüelas apesar do Hb abaixo de 2,0g.dl-1 são provas clínicas de que se conhece muito pouco ainda sobre os verdadeiros limites fisiológicos de tolerância à anemia. Correções de aneurismas de aorta, exéreses de tumores cerebrais, implante de próteses ortopédicas diversas e


cirurgias cardíacas com circulação extracorpórea são exemplos de cirurgias com grandes perdas sangüíneas previstas que são freqüentemente realizadas em pacientes TJ.

mesmos critérios e estes abranjam número considerável de pacientes, ela deve ser a técnica com menor morbidade e maior relação custo-benefício para os pacientes.

Desde os anos 70, mais de 600 estudos envolvendo hemodiluição normovolêmica já foram publicados. A heterogeneidade é traço marcante nesses estudos. Diferentes critérios para coleta e gatilho transfusional são responsáveis pelos diferentes achados. As mais recentes metanálises são unânimes em concluir que a HNA reduz a quantidade de concentrado de hemácias transfundida, embora nem todos os trials consigam comprovar diminuição do risco de transfusão, devido às diferenças metodológicas no desenho dos estudos (sua randomização, quantidade de sangue coletada ou uniformização dos critérios para reinfusão do sangue ou para a transfusão alogênica). Como a HNA é comprovada por modelos matemáticos teóricos, desde que utilizados os

Segundo metanálise de Segal et al., pacientes submetidos a hemodiluição apresentam menor sangramento perioperatório. Possivelmente há menor possibilidade de transfusão de plasma fresco, plaquetas e crioprecipitado nesses pacientes. A HNA é uma aternativa efetiva e barata para redução da exposição da transfusão de hemocomponentes, como proposto pela Força Tarefa sobre Terapia com Componentes Sangüíneos da Sociedade America de Anestesiologia.

Referências: Araújo, LMT. Hemodiluição normovolêmica com solução hipertônica a 7,5%. Parâmetros hemodinâmicos, efeitos metabólicos e repercussões laboratoriais. 2008. 186f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP. Disponível em: <http://www.teses.usp.br>. Boldt J, Weber A, Mailer K, Papsdorf M, Schuster P. Acute normovolemic haemodilution vs controlled hypotension for reducing the use of allogeneic blood in patients undergoing radical prostatectomy. BJA 1999; 82(2):170174. Brasil. Ministério da Saúde. Caderno de informação: sangue e hemoderivados: rede física, produção, gastos públicos com hemoterapia e consumo de hemoderivados. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2007. 148p. Brasil. Ministério da Saúde. Caderno de informação: sangue e hemoderivados: rede física – serviços de hemoterapia, produção hemoterápica, matriz de indicadores. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009. 152p. Brecher ME, Rosenfeld M. Mathematical and computer model of acute normovolemic hemodilution. Transfusion 1994; 34(2):176-179. Bryson GL, Laupacis A, Wells GA. Does acute normovolemic hemodilution reduce perioperative allogeneic transfusion? A meta-analysis. Anesth Analg 1998; 86(1):9-15. Carless PA, Henry DA, Moxey AJ, O’Connell D, Brown T, Fergusson DA. Cell salvage for minimising perioperative allogeneic blood transfusion. Cochrane Database of Systematic Reviews 2006, Issue 4. Art. No.: CD001888. Carless PA, O’Connell D, Ker K, Fergusson DA, Henry DA. Pre-operative autologous donation for minimising perioperative allogeneic blood transfusion. Cochrane Database of Systematic Reviews 2001, Issue 4. Art. No.: CD003602. Copley LA, Richards BS, Safavi FZ, Newton PO. Hemodilution as a method to reduce transfusion requirements in adolescent spine fusion surgery. Spine 1999; 24(3):219222. Davies L, Brown TJ, Haynes S, Payne K, Elliott RA, McCollum C. Cost-effectiveness of cell salvage and alternative methods of minimising perioperative allogeneic blood transfusion: a systematic review and economic model. Health Technol Assess 2006; 10(44):1-210. Drummond JC, Petrovitch CT, Lane TA. Hemostasis and transfusion Medicine. In: Barash PG, Cullen BF, Stoelting

No entanto ela vem sendo subutilizada, muitas vezes por ser mal compreendida. É importante que a técnica seja difundida e divulgada entre anestesiologistas e cirurgiões tornando a indicação de hemocomponentes cada vez mais criteriosa.

Figura 2: HNA em paciente Testemunha de Jeová (notar os dispositivos que permitem infusão contínua).

RK, Cahalan MK, Stock MC. Clinical Anesthesia. 6th ed. Chapt 16, 369-410, 2009.

acute normovolemic hemodilution. Transfusion 2005; 45(4):562-571.

Feldman JF, Roth JV, Bjoraker DG. Maximum blood savings by acute normovolemic hemodilution. Anesth Analg 1995; 80(1):108-113.

Jamnicki M, Kocian R, van der Linden P, Zaugg M, Spahn DR. Acute normovolemic hemodilution: physiology, limitations, and clinical use. J Cardiothorac Vasc Anesth 2003; 17(6):747-754.

Georgiou C, Inaba K, DuBose J, Teixeira PGR, Hadjizacharia P, Salim A, Brown C, Rhee P, Demetriades D. Optimizing Outcomes in the Jehovah’s Witness Following Trauma: Special Management Concerns for a Unique Population. Eur J Trauma Emerg Surg 2009;35(4):383–388. Goodnough LT. Acute normovolaemic haemodilution. Vox Sanguinis 2002; 83(Suppl 1):211-215. Goodnough LT, Skikne B, Brugnara C. Erythropoietin, iron and erythropoiesis. Blood 2000; 96(3):823-833. Goodnough LT, Monk TG. Autologous transfusion, recombinant factor VIIa, and bloodless medicine. In: Eriksson LI, Fleisher LA, Wiener-Kronish JP, Young WL. Miller’s Anesthesia. Miller RD (Ed). 7th ed. Chapt 57, 3403-3427, 2009. Goodnough LT, Monk TG, Brecher ME. Acute normovolemic hemodilution should replace the preoperative donation of autologous blood as a method of autologousblood procurement. Transfusion 1998; 38(5):473-476. Gross JB. Estimating allowable blood loss: corrected for dilution. Anesthesiology 1983; 58(3):277-280. Habler OP, Kleen MS, Hutter JW, Podtschaske AH, Tiede M, Kemming GI, Welte MV, Corso CO, Batra S, Keipert PE, Faithfull NS, Messmer KF. Does acute normovolemic hemodilution reduce perioperative allogeneic transfusion? A meta-analysis. Anesth Analg 1998; 86(1):9-15. Hill S, Carless PA, Henry DA, Carson JL, Hebert PPC, Henderson KM, McClelland B. Transfusion thresholds and other strategies for guiding allogeneic red blood cell transfusion. Cochrane Database of Systematic Reviews 2000, Issue 1. Art. No.: CD002042. Hughes DB, Ullery BW, Barie PS. The contemporary approach to the care of Jehovah’s witnesses. J Trauma 2008; 65(1):237-247. Innerhofer P, Fries D, Klingler A, Streif W. In vivo effect of haemodilution with saline on coagulation. Br J Anaesth 2002; 89(6):934-939. Jacob M, Bruegger D, Conzen P, Becker BF, Finsterer U, Relum M. Development and validation of a mathematical algorithm for quantifying preoperative blood volume by means of the decrease in hematocrit resulting from

Kolsen-Petersen JA. Immune effect of hypertonic saline: fact or fiction? Acta Anaesthesiol Scand 2004; 48(6):667678. Nuttall GA, Brost B C, Connis RC, Gessner JS, Harrison CR, Miller RD, Nickinovich,DG, Nussmeier NA, Rosenberg AD, Spence R. Task Force on perioperative blood transfusion and adjuvant therapies. Practice guidelines for perioperative blood transfusion and adjuvant therapies: an updated report by the American Society of Anesthesiologists Anesthesiology 2006; 105(1):198–208. Segal JB, Blasco-Colmenares E, Norris EJ, Guallar E. Preoperative acute normovolemic hemodilution: a metaanalysis. Transfusion 2004; 44(5):632-644. Shander A, Goodnough LT. Objectives and limitations of bloodless medical care. Current Opinion in Hematology 2006; 13(6):462-470. Shander A, Rijhwani TS. Acute normovolemic hemodilution. Transfusion 2004; 44(Suppl 12):26S-34S. Vincent J, Sakr Y, Sprung C, Harboe S, Damas P. Are blood transfusions associated with greater mortality rates? Results of the sepsis occurrence in acutely ill patients study. Anesthesiology 2008; 108(1):31-39. Weiskopf RB. Efficacy of acute normovolemic hemodilution assessed as a function of fraction of blood volume lost. Anesthesiology 2001; 94(3):439-44.

Dra. Liana Maria Torres de Araújo Azi Co-Responsável pelo CET do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto - USP Anestesiologista do Hospital Universitário Professor Edgard Santos - UFBA CRM: 18.383 - BA

11


Dica de Leitura

Mentiras no Divã

Irvin D. Yalom

O mesmo autor de quando Nietzsche chorou e A cura de Schopenhauer, se esmerar em descrever casos inusitados e interessantes que aguçam a mente do leitor, que não encerra a leitura antes de findar a saga de cada capítulo. Os casos de psicanálise são vistos por um ângulo que desperta a paixão e o interesse dos desfechos curiosos. Como lição, ratifiquei a noção de que por mais experiente e preparado que o indivíduo seja, sempre algo imponderável pode acontecer, e o novo dia sempre tem algo novo a nos ensinar. Dr. Jedson dos Santos Nascimento Diretor de Defesa Profissional CRM-Ba 11.927

Dicas de Site Em paralelo a explosão da música digital em formato mp3 e dos vídeos caseiros do you tube, há um galopante crescimento de conteúdos ligados à cultura, ciência e ensino. Sejam estes nas páginas dos inúmeros websites e blogs, mas disponibilização de podcasts e de videocasts. E a promessa dos leitores digitais de livros (Kindles) ainda tem vida... Como dicas de websites sugiro que visitem o www.academicearth.org onde pode-se encontrar aulas universitárias relacionadas à diversos temas como medicina e outros, e também o www.edge.org que é um website mais dedicado a perguntas interessantes. Boa diversão! Dr. Macius Pontes Cerqueira Médico Anestesiologista CRM/Ba 11.533

12


Agenda do Presidente 2009 Dentre as atribuições do presidente da SAEB, uma delas é sua presença nas atividades promovidas pela a SBA e Regionais.

Posse da nova diretoria da Sociedade Brasileira de Anestesiologia 16 de janeiro de 2010 Rio de Janeiro - RJ

Posse da nova diretoria da Sociedade de Anestesiologia do Estado de Minas Gerais 23 de janeiro de 2010 Belo Horizonte – MG

PROGRAMAÇÃO CIENTÍFICA 15ª ENAI-BA – Encontro de Anestesiologia do Interior do Estado 22 de maio de 2010, em Teixeira de Freitas - BA

23ª JORBA – Jornada Baiana de Anestesiologia 17 e 18 de setembro de 2010 13


SAEB recebe Curso Itinerante de Anestesia Regional

Apresentação de Dr. M. A. Gouveia.

Apresentação de Dr. Luiz Eduardo Imbelloni.

A SAEB realizou durante os dias 24, 25 e 26 de janeiro, o Curso Itinerante de Anestesia Regional ministrado pelos renomados anestesiologistas Dr. M. A. Gouveia e Dr. Luiz Eduardo Imbelloni. A primeira etapa dos estudos, a parte teórica, aconteceu no auditório da SAEB. Dr. Gouveia falou sobre a Anatomia com auxílio de ilustrações e apresentação de vídeos. “O conhecimento anatômico da área que será bloqueada é fundamental para o sucesso do procedimento”, ressaltou. Durante a explanação, Dr. Imbelloni questionou a eficácia do uso do ultras-

Teleconferência dos procedimentos anestesiológicos.

Os anestesiologistas acompanharam a realização dos procedimento no auditório do Hospital Sta. Izabel.

son como recurso para anestesia regional. “A utilização da ultrassonografia nos bloqueios não traz tantos benefícios. Numa visita a hospitais na França de dez anestesiologistas somente dois usavam o recurso. 90% dos trabalhos relacionados usando ultrasson e neuroestimulador não apresentavam diferenças significativas”, garante. A segunda etapa do curso, envolvendo os dois últimos dias foi realizada no Hospital Santa Izabel onde os procedimentos anestesiológicos ministrados no Centro Cirúrgico foram transmitidos em tempo real para o auditório. Perguntas e intervenções dinamizaram e permitiram uma maior interatividade entre os participantes e os mestres. O diretor científico da SAEB, Dr. Márcio Henrique Lopes Barbosa comemora o resultado da iniciativa. “O curso de anestesia regional foi excelente. E algumas virtudes merecem destaque: a programação teórica ministrada na SAEB conseguiu abarcar os principais fundamentos da anestesia regional e de uma maneira, absolutamente, precisa e didática; no que atine à segunda fase do curso, realizada no Hospital Santa Izabel, exalto as eficientes técnicas utilizadas, muitas das quais pouco difundidas no universo anestesiológico; e por fim, a participação dos anestesio-

logistas no auditório com perguntas e questionamentos. E tudo ao vivo”. Dr. Márcio Henrique reconhece a participação de Dra. Patrícia Falcão. “Deixo aqui consignado o importante trabalho que a Dra. Patrícia Falcão, a destacada e dedicada pupila de Dr. Imbelloni, vem desenvolvendo para difundir a anestesia regional na Bahia. Por fim, toda a minha deferência e admiração pelo trabalho pujante, abnegado, dedicado, árduo e nobre de Dr. Imbelloni e Dr. Gouveia, para o progresso da anestesia regional”, finaliza.

Histórico A idéia de viajar pelo Brasil ministrando cursos sobre anestesia regional partiu de Dr. Imbelloni, há mais de 20 anos. Em 2000, foi criado o Instituto de Anestesia Regional instalado no Hospital de Base na cidade de São José do Rio Preto, interior de São Paulo onde funcionou até o ano passado. Desde 2007, o curso passou a ser itinerante e este ano a sede do instituto foi transferida para João Pessoa, na Paraíba, onde começou a funcionar no mês março. Anestesiologistas paraibanos já recebam treinamento e uma parceria com a Universidade Federal do Estado já foi firmada. Cinthya Brandão Jornalista DRT/Ba 2.397


Campanha COOPANEST-BA Solidária colabora com as vítimas do Haiti

COOPANEST-BA SOLIDÁRIA

Participe desta campanha em prol de instituições carentes da Bahia. Os médicos trabalham para salvar vidas e agora também podem manter viva a chama da solidariedade. Faça sua doação!

A Responsabilidade Social é um dever de todos! Autorize sua participaçao com a Coopanest-Ba. Realização:

Informações: COOPANEST-BA (71) 3237-9950 / coopanestba@coopanestba.com.br

COOPANEST-BA COOPERATIVA DOS MÉDICOS ANESTESIOLOGISTAS DA BAHIA

Apoio:

Este ano, a Campanha COOPANEST-BA Solidária promovida pela Cooperativa dos Anestesiologistas do Estado da Bahia (COOPANEST-BA) contribuiu com as vítimas dos terremotos no Haiti. No dia 5 de fevereiro pela manhã, um caminhão de garrafas de água mineral foi entregue ao Sindicato dos Médicos do Estado da Bahia (Sindimed), onde funciona o Comitê de Solidariedade ao Haiti desde 18 de janeiro. Uma parceria do Sindimed, o Cremeb e a Associação Bahiana de Medicina (ABM), com a Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB). As entidades mobilizaram-se numa campanha em todo o estado para arrecadar doações de água, medicamentos, cobertores e alimentos. Segundo o presidente da COOPANEST-BA, Dr. Carlos Eduardo Aragão de Araujo, a campanha COOPANESTBA Solidária há 3 anos arrecada recursos em prol de instituições de Salvador. “Já ajudamos creches e

abrigos, este ano, quando vimos a situação do Haiti e o pedido de apoio dos médicos pelas entidades, decidimos destinar a verba para a doação de água, explicou o presidente da COOPANEST-BA. “O trabalho de captação de doações e contato constante com os doadores é feito por nossas funcionárias. Os cooperados são voluntários para terem uma quantia descontada em folha, entre setembro e dezembro de cada ano”, acrescenta Dr. Carlos Eduardo. Com a realização do 56º Congresso Brasileiro de Anestesiologia no ano passado, em Salvador, médicos de outros estados fizeram doações. O presidente do Sindimed, José Caires Meira, recebeu pessoalmente a doação e elogiou a iniciativa da COOPANEST-BA. Cinthya Brandão Jornalista DRT/Ba 2.397

15


Receita Federal institui nova declaração de serviços médicos A Receita Federal passou a adotar, a partir deste ano, a Declaração de Serviços Médicos - Dmed com o objetivo de reduzir a quantidade de Declarações do Imposto de Renda da Pessoa Física (DIRPF) retida em malha fiscal em razão de despesas médicas. Todas as pessoas jurídicas e equiparadas, prestadoras de serviços de saúde, como hospitais, laboratórios, clínicas odontológicas, clínicas de fisioterapia, terapia ocupacional, psicologia, e clínicas médicas de qualquer especialidade, e operadoras de planos privados de assistência à saúde, com funcionamento autorizado pela ANS - Agência Nacional de Saúde Suplementar deverão seguir a nova declaração. A Receita Federal recebe anualmente, mais de 27 milhões de declarações do imposto de renda da pessoa física. A meta é possibilitar verificação automática e ágil dos valores declarados, mantendo o controle das informações relacionadas à apuração do imposto. A primeira Dmed deverá ser entregue em 2011, com dados relativos ao ano de 2010.

COOPANEST-BA consegue reajuste de honorários dos cooperados

16

A partir de 2011, a pessoa física poderá verificar se suas despesas médicas declaradas foram informadas em Dmed por meio da consulta ao extrato da Declaração do Imposto de Renda, disponível na internet.

Alcance Em 2009, 65% dos pagamentos declarados nas DIRPF retidas em Despesas Médicas foram feitos a hospitais, clínicas, laboratórios e planos de saúde no Brasil. Esses pagamentos respondem por 75% do valor de despesas médicas dessas mesmas declarações. Os profissionais liberais pessoas físicas, que prestem serviços de saúde, mas não estejam equiparados a pessoas jurídicas e planos públicos de assistência à saúde não são obrigados a entrega da Dmed. Segundo dados da RFB, cerca de 130 mil pessoas jurídicas operam atualmente no setor de serviços de saúde, com situação cadastral regular.

Pessoa Física equiparada a Pessoa Jurídica De acordo com o Regulamento do Imposto de Renda - RIR (§ 1º do art. 150 do Decreto nº 3.000/99), a pessoa física equipara-se à pessoa jurídica quando, em nome individual, explore, habitual e profissionalmente, qualquer atividade econômica de natureza civil ou comercial, com o fim especulativo de lucro, mediante venda a terceiro de bens ou serviços, quer se encontrem, ou não, regularmente inscritas no órgão do Registro de Comércio ou Registro Civil. Quando a prestação de serviços colegiada for sistemática, habitual, sempre sob a responsabilidade do mesmo profissional, que recebe em nome próprio o valor total pago pelo cliente e paga os serviços dos demais profissionais, fica configurada a condição de empresa individual equiparada a pessoa jurídica. www.receita.fazenda.gov.br

As negociações entre a Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas do Estado da Bahia (COOPANEST-BA) com empresas filiadas a UNIDAS – União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde iniciaram no fim do ano passado. As discussões a cerca do reajuste dos honorários para procedimentos anestesiológicos finalizaram no início no mês de março com a assinatura do aditivo ao contrato de trabalho vigente.

ao que vem sendo acordado. O percentual ainda não foi o ideal tendo em vista o aumento dos custos de trabalho, mas foi um passo dado a fim de reduzir a defasagem do valor dos honorários. Embora um dos grandes problemas seja a parametrização com a TUSS – Terminologia Unificada da Saúde Suplementar que será implantada pela ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar a fim de amenizar as nossas perdas”.

O presidente da COOPANEST-BA, Dr. Carlos Eduardo Aragão de Araujo, reconhece a importância do pleito, mas anseia por novas conquistas. “Houve um cumprimento

Cinthya Brandão Jornalista DRT/Ba 2.397


Foto SESAB.

COOPANEST-BA renova parceria com Governo do Estado No dia 05 de janeiro, o presidente da Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas do Estado da Bahia (COOPANEST-BA), Dr. Carlos Eduardo Aragão de Araujo reuniuse com o secretário de saúde do Estado, Dr. Jorge Solla para definir os novos rumos da parceria firmada entre as instituições em novembro de 2007. Também estiveram presentes no encontro realizado no gabinete da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), o Dr. José Admirço de Lima Filho e Dr. Jedson dos Santos Nascimento, membros do Conselho Técnico da COOPANEST-BA, e o Diretor da Rede Própria, Renan Araújo. Durante o encontro, o relacionamento COOPANEST-BA / SESAB e o trabalho desempenhado pelos profissionais cooperados junto à Sesab foram avaliados. Dr. Carlos Eduardo Araujo apresentou gráficos com dados sobre o crescimento no número de anestesiologistas dispostos a prestar serviço em hospitais da rede pública, bem como a aceleramento para reduzir as pendências cirúrgicas. ”A parceria resultou em dados positivos para ambas as instituições, pois houve um crescimento no número de cooperados e de anestesiologistas interessados, pois passou a ser viável atuar nos hospitais do governo”, afirma o presidente da COOPANEST-BA.

A parceria foi renovada. O desafio agora é ampliar e a modernizar o atendimento em novas unidades. Para Renan Araújo a necessidade de expansão surgiu a partir da ampliação ocorrida na rede hospitalar. “Somente em 2009, a Sesab entregou dois novos hospitais (Juazeiro e Santo Antônio de Jesus), realizou ampliações importantes como a do Hospital Eládio Lasserre e da UTI pediátrica do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS). Esses fatos ocasionaram um aumento de demanda por profissionais especializados”, avaliou o diretor. A Sesab dispõe atualmente de 73 profissionais cooperados, atuando em 12 hospitais da rede hospitalar estadual. Dr. Carlos Eduardo Araujo lembrou que no início a COOPENEST-BA só atuava no HGRS, com 22 profissionais. “Sabíamos que era possível prestar um serviço de excelência aos pacientes do SUS. A ampliação ocorrida nestes dois anos é o reconhecimento do trabalho profissional realizado por nossos cooperados”, afirmou. Ele informou que a expectativa da COOPENEST-BA, para 2010, é continuar a parceria suprindo as necessidades do estado até que se efetive profissionais concursados.

“Sabíamos

que era

possível prestar um serviço de excelência aos pacientes do

A ampliação

SUS.

ocorrida

nestes dois anos é o reconhecimento do trabalho profissional realizado por nossos cooperados”

Dr. Carlos Eduardo Araujo Presidente

da

COOPANEST-BA

Cinthya Brandão Jornalista DRT/Ba 2.397 Fonte: Sesab 17


18


Funcionários da COOPANEST-BA são vacinados contra a Meningite C Visando o bem estar e a salubridade dos funcionários, a diretoria COOPANESTBA investiu em sessenta doses da vacina contra a Meningite Meningocócica. No dia 25 de fevereiro todos os colaboradores foram imunizados gratuitamente. A preocupação surgiu desde o ano

Empresas optantes do lucro presumido terão que utilizar certificado digital

passado quando a Bahia registrou 1.143 casos meningite, sendo 183 do tipo C, o mais grave. 128 pessoas morreram. A vacinação aconteceu na própria sede da cooperativa, mais uma iniciativa que demonstra o quanto a diretoria se preocupa com a qualidade de

vida e as condições de trabalho de seus funcionários. Os dependentes também poderam receber a vacina e o valor foi descontado na folha de pagamento. Cinthya Brandão Jornalista DRT/Ba 2.397

A partir deste ano, Receita Federal do Brasil determina que todas as empresas (Lucro Real, Presumido e Arbitrado) devem apresentar as declarações com a utilização de certificado digital. A novidade é para os optantes do Lucro Presumido, que representam um universo de 1,4 milhões de contribuintes. Atualmente, as empresas tributadas com base no Lucro Real ou Arbitradas já têm a obrigatoriedade de transmissão de declarações para a RFB com a utilização de certificação digital. A Receita alerta que a determinação se aplicará às declarações de qualquer exercício, não somente das referentes aos períodos de apuração de 2010. A COOPANEST-BA firmou uma parceria com o SERASA para disponibilizar a Certificação Digital (e-CPF e e-CNPJ) aos cooperados na sede da cooperativa, dando prioridade para os cooperados Pessoa Jurídica e seus respectivos dirigentes legais, que é exigido atualmente pela Receita Federal. Fonte: www.receita.fazenda.gov.br 19


20


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.