s o h n u Rasc
são do u l c n o isual ho de C Trabal or do Audiov -USP peri A u C S E o s R CT Cur
to icção Forma etragem de f m Curtao Duraçã os ut 15 min
ptação a c e d e Suport ital Full HD ig Vídeo D ento Orçam ,00 00 R$10.8 uladas c n i v s ca s teóri s (Direção) a s i u q ue Pes Rodrig eiro) a n i l o t Car ça (Ro n e l a V Keite
ÍNDICE ÍNDICE’ Apresentação 05 Equipe 06 Sinopse e Argumento 07 Personagens 08 Roteiro 09 Proposta de Direção 26 Proposta de Fotografia 28 Proposta de Som 30 Proposta de Arte 31 Proposta de Montagem 43 Carta de Produção 44 Cronograma 46 Mapa de produção 47 Orçamento de Mercado 48 Orçamento Real 51 Pesquisas Teóricas Vinculadas Carol Rodrigues (direção) 54 Keite Valença (roteiro) 55
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s o h n u c Ras Rascunhos é um filme sobre adolescentes buscando descobrir quem são em meio a nossa conturbada sociedade. Eles tentam aprender a lidar com suas relações, seus desejos e seus sentimentos. A vida de Marina, Guilherme e Sol, coincide com a de inúmeros jovens espalhados pelas cidades brasileiras. O fato de Marina se apaixonar por Sol e ser correspondida é somente uma das potencialidades relacionadas a sexualidade que bem sintetizou Fernando Pessoa na frase acima. É a éxtase de duas pessoas que se gostam que por acaso são duas mulheres. Rascunhos surgiu do desejo, cultivado tanto pela diretora quanto pela roteirista, de abordar a experiência homossexual de forma tranquila ainda que permeada por questionamentos e contradições. Não é um filme panfletário, mas esperamos com ele poder contribuir para a construção de um imaginário social no qual as diferentes sexualidades sejam respeitadas e não agredidas. E além disso, subverter a lógica de sempre associar a homossexualidade a valores negativos e ruins (vide a recente novela Amor à vida). A subjetividade de Marina incorporada à linguagem do filme nos permite realizar um filme lírico, poético, solar, que se afasta de uma restrita marginalidade que ainda hoje marca muitos dos filmes que tenham personagens homossexuais (como Amarelo Manga, por exemplo). É através das representações que construímos nossa visão de mundo e nossa ideia do outro. E o cinema enquanto meio ainda é uma mensagem poderosa.
O amor é que é essencial. O sexo é só um acidente. Pode ser igual Ou diferente.
Fernando Pessoa
EQUIPE A equipe de Rascunhos não foi formada exclusivamente para o projeto, tapando buracos nas funções existentes. Todos os cabeças de equipe já trabalharam juntos em diversos projetos ao longo do curso e extra-curriculares. Nem sempre todos estavam presentes, e nem sempre em suas funções escolhidas aqui, mas certamente trabalhando em suas ênfases e com boas experiências de equipe. No DVD colado à última página deste projeto, você poderá encontrar: Boa noite (cine); Cândido Carmin (cine); Manteiga no pão (programa de TV); Ruas do Cinema (doc) e No meio da noite (extracurricular).
PRODUÇÃO Victor Rzepian e Yugo Hattori
CAROL RODRIGUES (diretora) – Dirigiu o cine Boa Noite, o programa de TV Manteiga no Pão, assim como o extracurricular No Meio da Noite e participou do documentário Ruas do Cinema, de sua concepção à finalização, na função de diretora. Fez a montagem do cine Cândido Carmim, e produziu o cine Efêmera, em dupla com Victor Rzepian. Foi dupla de Yugo Hattori no processo dos jobs. Participou da criação do argumento da série Pesadelos Urbanos, que também é uma proposta de projeto prático. KEITE VALENÇA (roteirista) – Escreveu o roteiro do cine Boa Noite, assim como fez assistência de direção do cine Cândido Carmim. YUGO HATTORI (produtor) – Fez o som do cine Boa Noite, assim como foi dupla dos jobs de Carol Rodrigues e é o produtor do projeto de TCC Pesadelos Urbanos.
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ILUSTRADORA Dani Libardi (AV2006)*
ROTEIRO Keite Valença DIREÇÃO Carol Rodrigues ASSISTÊNCIA de DIREÇÃO João Pedone (AV2011)
ARTE Gabi Torrezani
FOTOGRAFIA Tito Ferradans
SOM May Guimarães
* As ilustrações desse projeto são de autoria da Dani Libardi, recolhidas em sua página no facebook. Não foram criadas ilustrações para este projeto ainda.
VICTOR RZEPIAN (produtor/montador) – Produziu o cine Efêmera, em dupla com Carol Rodrigues, fez continuidade no cine Boa Noite e dirige o projeto de TCC Pesadelos Urbanos. Além disso, produziu também o programa de TV Manteiga no Pão, e o extracurricular No Meio da Noite. MAY GUIMARÃES (técnica de som) – Fez o som do cine Cândido Carmim, do documentário Ruas do Cinema, e do programa de TV Manteiga no Pão, além do extra No Meio da Noite. Em dupla com Tito Ferradans, montou o cine Boa Noite. TITO FERRADANS (fotógrafo) – Fotografou o cine Cândido Carmim, o documentário Ruas do Cinema e o prgrama de TV Manteiga no Pão. No extra-curricular No Meio da Noite, já começou suas experimentações com anamórficas. Montou o cine Boa Noite com May Guimarães. GABI TORREZANI (direção de arte) – Fez a arte do cine Cândido Carmim, e produziu o cine Boa Noite.
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e S OP
SIN
Marina e Guilherme são melhores amigos desde a infância e estudam juntos numa escola pública de ensino médio de São Paulo. Porém, a amizade dos dois é abalada pela chegada de Sol, aluna nova do colégio, que desperta o interesse tanto de Guilherme, quanto de Marina. Rascunhos trata das descobertas desses personagens, que começam a explorar seus desejos, se conhecer melhor e amadurecer nessa fase conturbada que é a adolescência.
argumento Rascunhos é a história da relação entre Marina, Sol e Guilherme, jovens de 15 anos que moram na periferia de São Paulo e tentam lidar com as transformações e descobertas comuns ao período da adolescência. Marina é uma garota tímida que traduz boa parte do que sente em seus desenhos, rascunhos de seus desejos que se espalham por onde passa. Guilherme é o seu melhor amigo, seu irmão-de-consideração com quem troca ternos xingamentos e tenta formar uma banda de rock. Sol é o terceiro vértice nesse triângulo. Misteriosa, linda e altiva, irá encontrar carinho sincero em Marina. Sol periga repetir de ano por conta das más notas na escola. Guilherme, então, buscando forjar uma abertura para algum tipo de envolvimento sexual com Sol, empurra a estudiosa Marina para ajudar a garota. A atração que Guilherme diz ter por Sol, distancia Marina de assumir que ela nutre esse mesmo desejo.
Sol mostrará a Marina o seu refúgio pessoal escondido em um canteiro de obras. A excitação diante da necessária fuga repentina daquele espaço irá aproximar mais as garotas. Entre esses toques e olhares, Marina percerá sua paixão e tentará reproduzir em seus desenhos o olhar indecifrável de Sol. Essa sensação de felicidade dura pouco. Marina não se sente confortável porque ela sabe o peso desse sentimento. Sem saber o que fazer, Marina fugirá do encontro de estudos com Sol encontrando abrigo na casa de seu amigo Guilherme. Marina o usará para tentar entender o que sente. Num impulso, ela o beija e, diante da resposta receptiva do amigo, ela o empurra e foge, esquecendo os desenhos que havia feito de Sol na casa de Guilherme. Irritado, o garoto irá atrás dela, tentando entender o que houve e o porquê de Marina ter escondido isso dele. Eles se reconciliam e Marina vai atrás de Sol no refúgio no canteiro de obras e elas se beijam.
pe rs on ag en s
Marina
Guilherme Guilherme é um garoto de 15 anos vivendo o auge da efervescência de seus hormônios. Ele é extrovertido, gosta de um futebol e está sempre pensando em garotas. Ele se sente muito atraído por Sol, mas não consegue que a menina o dê uma chance. Guilherme é amigo de infância de Marina e tem muito carinho por ela. Como a maioria dos meninos dessa idade, ele tem que lidar com a pressão de seus amigos para que perca sua virgindade. Diante disso, Guilherme começa a se questionar sobre a natureza de seus sentimentos por Marina e a amizade dos dois pode ser abalada.
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Marina é uma menina de 15 anos, de classe média, que mora com os pais na periferia de São Paulo. Ela possui a pele clara, cabelos longos e não se preocupa muito com a aparência. Ela está constantemente desenhando, é introvertida e expressa a maioria de seus sentimentos através de seus rascunhos. Os pais de Marina são bastante tradicionais, o que faz com que ela se sinta presa e sufocada. Ela encontra um amigo em Guilherme, que ela conhece desde muito pequena. Os dois têm uma relação de muita intimidade, falam sobre tudo e estão sempre juntos. Porém, essa relação é abalada quando Marina conhece Sol e começa a descobrir seus desejos e questionar sua própria sexualidade.
Sol
Sol é uma menina de 15 anos, negra, cabelos cacheados e atraente. Ela é aluna nova na escola do bairro e é extremamente popular. Sol tem um magnetismo que a faz estar sempre rodeada de pessoas. Sua rebeldia e liberdade de ser atraem ambos Marina e Guilherme. Apesar de estar sempre acompanhada, Sol é solitária e não cria vínculos. Pouco se sabe sobre ela, o que a torna ainda mais fascinante. Marina é a pessoa a quem Sol mostra parte de si e convida para conhecer seu mundo.
O R I E T O R
Rascunhos 6ยบ tratamento By Keite Valenรงa
Baseado em um argumento de Ludmila Naves
EXT. FACHADA DA ESCOLA - DIA SOL anda de skate. Ela é negra, tem cabelos enrolados e é muito atraente. Ela chega até a fachada da escola e entra. Na parede ao lado, vemos GUILHERME e MARINA. Guilherme, por volta de 15 anos, observa Sol passando, enquanto Marina, da mesma idade, cabelos longos e pele clara, está concentrada desenhando em um caderno. Vemos a palavra "Rascunhos" sendo escrita no caderno. Marina vira a página, mostrando a página seguinte cheia de desenhos. Os desenhos do caderno viram os desenhos da parede do quarto de Marina. INT. QUARTO DE MARINA - DIA Guilherme e Marina, ensaiam no quarto, sobre a cama. Vemos desenhos pendurados nas paredes e também alguns feitos na própria parede. Guilherme, descalço, dedilha um violão e Marina canta uma melodia. GUILHERME Nessa parte, acho que dá pra ficar mais rápido. Aí, entra a bateria. MARINA (irônica) Boa, Gui. Só tem um detalhe, a gente ainda não tem baterista. Pô, quando você vai falar com o Léo? Guilherme deita a cabeça no colo de Marina abandonando o violão sobre seu corpo. GUILHERME Mano, você só reclama! Olha o lado positivo, a gente já tem uma cantora e um guitarrista bonitos pra caramba! Guilherme pisca para Marina. Eles riem. Guilherme levanta-se rapidamente, e dá um leve chute na perna de Marina. GUILHERME (rindo) Vai, já deu de ensaiar... MARINA Deixa de ser mole, Gui. Ainda tem tempo, volta naquela parte... Marina cantarola novamente a melodia, mas é interrompida por Guilherme.
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2. GUILHERME Vâmo pra pista de skate! A galera do colégio tá toda lá. MARINA Eu não vou hoje não, Gui. Tô cheia de coisa pra fazer... GUILHERME Pô, Má, vem comigo! Assim você me ajuda com a Sol. Tá foda, ela não dá abertura nenhuma. MARINA A Sol tá lá? GUILHERME Tá, e de hoje não passa. MARINA Bem, boa sorte... eu vou ficar por aqui mesmo. GUILHERME Você fica me devendo essa, ein.
Guilherme dá um beijo na bochecha de Marina e sai do quarto. Ela pega um caderno e começa a desenhar, mas não se pode ver o que ela desenha. INT. SALA DE AULA - DIA Guilherme olha para Sol, que está no corredor, através da porta da sala de aula. Sol está rodeada de alunos, ela conversa e ri. Marina entra pela porta, abraçando por trás Guilherme, que se assusta. Na sala de aula vários alunos conversam alto, riem e correm pela sala. GUILHERME (para Marina) Você fura sempre. Marina recosta-se na parede, de frente a Guilherme. MARINA A gente tava no meio do ensaio e você nem... GUILHERME (interrompendo-a) Você tinha que ter ido. Tinha. (CONTINUED)
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3.
E pra quê?
MARINA
GUILHERME Ah, a Sol me deu mó fora. Guilherme se aproxima de Marina, encostando-se ao lado dela. O professor entra na sala. Guilherme interrompe o que estava falando e vai para o seu lugar, seguido por Marina que senta ao seu lado. A bagunça vai se dispersando aos poucos enquanto o professor ajeita suas coisas na mesa. Sol chega atrasada e entra correndo pela porta. Ela senta no fundo da sala e acena na direção de Guilherme e Marina. Os dois acenam de volta e Guilherme abre um grande sorriso. MARINA (rindo) Você podia tentar ser menos óbvio. Guilherme desfaz o sorriso. GUILHERME E você podia ir a merda, né? Marina ri. Guilherme vira pra frente. Marina desenha na mesa. PROFESSOR Olhem, prestem atenção que eu não vou falar de novo. Vocês não são mais crianças para eu ficar repetindo. Vou distribuir o resultado da prova passada. Qualquer dúvida de correção, circulem a questão e coloquem de volta na minha mesa, não vou parar a aula para discutir caso a caso, vocês entenderam? O professor vai passando e entregando as provas, enquanto o caos comec¸a a se instaurar novamente na sala de aula. Todos conversam alto e levantam de seus lugares. Guilherme recebe sua prova e mostra animado um "C" para Marina. O professor chega atê Marina e olha para sua mesa, que está cheia de desenhos. PROFESSOR Na mesa de novo, Marina? Marina encolhe-se na cadeira.
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4.
Desculpa.
MARINA
O professor entrega a prova para Marina e continua andando. E aí?
GUILHERME
Marina mostra um B. GUILHERME (rindo) Nerd. Não sei como ainda perco meu tempo com você. MARINA Porque eu sei que você me ama, Gui. Os dois riem. Guilherme olha pra trás procurando Sol, que recebe agora sua prova. Ele faz um gesto com a cabec¸a perguntando a nota de Sol. Sol mostra um "D". O professor bate palmas muito alto. Os alunos muito lentamente vão se silenciando e voltando aos seus lugares. Guilherme passa um bilhete para Marina escrito: "Ajuda a Sol a estudar?". Marina lê o bilhete e escreve no mesmo papel o seguninte: "Por que eu?", e manda o bilhete de volta. Guilherme lê, vira-se para Marina. GUILHERME (sussurrando) Facilita essa pra mim. Fala bem de mim pra ela. Marina olha pra Sol. A prova dela está amassada sobre a mesa. Sol nota Marina e sorri para a menina. Marina sorri de volta. Ela volta-se para Guilherme. MARINA (sussurrando) Eu falo com ela. Agora deixa eu ver a aula. Guilherme sorri. INT. COZINHA DA CASA DE MARINA - NOITE O pai de Marina está à mesa, jantando. A mãe, está se servindo. Marina entra. A mãe vai pra mesa e Marina começa a se servir, apressada.
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5. MÃE Como foi o dia, filha? MARINA Ah, nada de mais. Saiu a nota de química. E aí? Tirei B.
PAI MARINA
PAI Legal, filha! Mas na próxima dá pra tirar A, é só estudar mais um pouquinho. MÃE E o Gui, foi bem? Foi sim.
MARINA
MÃE Vocês vão ensaiar de novo na semana que vem? MARINA Acho que não, fiquei de ajudar a Sol a estudar. MÃE Quem é Sol? MARINA Ela é nova. MÃE Falei com a mãe do Gui hoje, ela disse que ele tá super animado com a banda, que não pára de falar de você. (animada) Marina termina de fazer seu prato. MARINA Vou comer no quarto mesmo, tá? Marina sai. Ela olha para trás e ve a mãe juntando-se a seu marido na mesa, dando-lhe um beijo antes de sentar-se. Marina observa os pais por um instante e vai para o quarto.
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6. INT. QUARTO DE MARINA - NOITE Marina coloca o prato de comida sobre a mesa em frente ao computador. Senta-se e começa a desenhar numa folha em branco. Marina come, mas sua atenção é desviada pelo som de Sol ficando online no bate-papo. Marina põe o garfo de volta no prato e comec¸a a escrever na janela de Sol. MARINA (escrevendo no bate-papo) Oi Sol, tudo bem? Marina pára e apaga o que escreveu. MARINA (escrevendo no bate-papo) Oi Sol, se precisar de ajuda Marina apaga a mensagem mais uma vez.
Oi So
MARINA (escrevendo no bate-papo)
Sol fica offline. Marina pára de escrever e desliga o computador. Ela volta a desenhar. INT. QUARTO DE MARINA - NOITE Marina solta o lápis. Vemos um par de olhos muito bem desenhados. Marina está de pijamas, ela levanta da mesa e deita na cama. Rola na cama sem conseguir dormir. Ela se senta, pega o celular e escreve uma mensagem pra Sol. MARINA (escrevendo no celular) Posso te ajudar em química se você quiser. Sábado 2h aqui em casa? Marina envia a mensagem e volta a deitar. Fica olhando para o teto. Segundos depois chega a mensagem de Sol. SOL (mensagem no celular) Marcado! Ainda tá acordada?
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7. INT. CANTEIRO DE OBRA - NOITE Sol e Marina entram em uma obra por um buraco na cerca de arame. Está escuro e tudo é iluminado somente pela luz da rua, da lua e ocasionalmente pelos carros que passam. MARINA Esse é o lugar que você queria me mostrar? Um canteiro de obras? SOL Não é só um canteiro de obra. Ali, é uma ótima pista de skate. Sol aponta para um pedac¸o de madeira em cima de um tijolo. SOL Acabei de comprar esse sofá pra sala. Sol senta em uma pilha de tijolos empilhados. SOL E a gente ainda tem um minibar! Ela move alguns tijolos e tira de dentro da pilha uma garrafa de vodka. Marina ri e senta-se ao lado de Sol, observando-a. MARINA Se meus pais descobrem, eu tô ferrada. Sol toma um grande gole da vodka fazendo careta e passa para Marina a garrafa. Silêncio. MARINA Foi aqui que você veio com o Gui naquele dia? SOL (rindo) Não, não. A gente foi na pista de Skate depois da praça naquele dia. Essa aqui é só minha. Marina sorri. Ela olha pra Sol que está virada para frente, encarando o nada. Marina repara nos lábios de Sol.
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8. SOL Você e o Gui são um casal fofo, sabia?
Marina ri. MARINA Nada a ver! Ele é só um amigo. A gente se conhece, sei lá, desde a creche. Ele é quase um irmão. SOL Sei, sei... Marina dá um gole da garrafa de vodka, faz uma careta horrível e larga a garrafa no chão. Sol ri. Ela pára percebendo um ruído. SOL (sussurrando) Shhh... Marina pára preocupada. Sol pega sua mão e a puxa para um canto da obra em baixo de um balcão cheio de ferramentas, onde as duas se escondem ajoelhadas muito próximas. As duas se olham intensamente por alguns segundos, ainda de mãos dadas. O barulho de passos chama a atenção das meninas, que olham por debaixo do balcão e vêem luzes de lanterna e as pernas de um VIGIA passando lentamente. As pernas somem, as garotas ficam aliviadas. O vigia acha a garrafa de vodka no chão. As meninas vêem as pernas voltando e se aproximando do balcão. Elas se olham e dão um aceno positivo com a cabeça. Elas saem de baixo do balcão correndo, passam pelo buraco na cerca e continuam correndo. Ei!
VIGIA
O vigia tenta ir atrás delas. As meninas correm mais rápido que podem. VIGIA (gritando a distância) Ei, volta aqui! O vigia fica pra trás. As meninas riem se olhando em cumplicidade e continuam correndo. Marina abre os brac¸os e fecha os olhos ainda correndo e com um largo sorriso no rosto.
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9. EXT. - FACHADA DA CASA DE MARINA - NOITE As meninas chegam até a porta da casa. É aqui.
MARINA
SOL Que pena que já chegou. As duas estão de frente uma para a outra, muito próximas. Silêncio. SOL Te vejo aqui de novo no sábado? MARINA (sorrindo) Tá marcado. A mãe de Marina observa as meninas de longe pela janela, sem ser notada. Marina entra em casa e silenciosamente vai para o seu quarto. EXT. FACHADA DA ESCOLA - DIA Marina e Guilherme andam pela grade que cerca a escola indo em direção a porta de saída. GUILHERME Fazer o que na obra? Por que não me chamaram? MARINA Tava tarde, cê já tava dormindo... GUILHERME Você falou bem de mim pra ela? MARINA Foi meio rápido, num deu tempo... GUILHERME (interrompendo-a) Pô, Má! Vacilona. MARINA Relaxa, amanhã eu combinei de estudar com ela, aí eu falo de você...
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10. GUILHERME (interrompendo-a) Tá toda amiguinha dela agora né? MARINA (rindo) Foi você que deu a ideia, tá com ciúmes, é? GUILHERME Bom, vê se não esquece de botar ela na minha, hein? Depois, passa lá em casa. A gente vê um filme, joga video game, sei lá...
Guilherme dá um beijo forte no rosto da Marina e sai correndo na direção oposta a da Marina. EXT. CAMPO DE VÁRZEA - TARDE Guilherme está suado e saindo do campo com outros meninos. PEDRO, 17, chega perto dele. PEDRO Mandou bem pra caralho, hoje, hein, Guilherme. GUILHERME Que é isso! O goleiro que tava uma droga. Os outros meninos concordam. PEDRO O Léo podia aparecer, né? Parar de pensar com o pau e vir dar as caras por aqui. GUILHERME Ele tá com a Vanessa? PEDRO Ô! Acho que eu não vejo nem sombra dele faz mais de um mês. Guilherme ri. PEDRO E você, hein? Ela te libera, de boa?
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11. GUILHERME Ela quem? Tem ninguém não... Quer dizer, tem uma aí que eu tô tentando... PEDRO (interrompendo-o) Caralho, cara, como assim? Anda todo dia com aquela Marina que tá babando em cima e você ainda não caiu matando? Qual o seu problema?!
Todo mundo, exceto Guilherme, ri. GUILHERME (constrangido) Porra, cara, não tava falando da Marina! Ela é quase minha irmã. PEDRO (interrompendo-o) É, e você é um viadinho, isso sim. Vê se agiliza logo perder esse cabaço, que virgem não tem lugar aqui não, viu. Aí você pára com essa merda de quase-irmã. GUILHERME Ah, meu, vai se fudê! Não pega ninguém e vem pagar de fodão? Pedro engancha o pescoço do Guilherme com o braço. Todo mundo, inclusive Guilherme, ri. INT. QUARTO DE MARINA - DIA Marina está desenhando. Recebe um SMS. Pára seu desenho e pega o celular. Marina sorri e vai se arrumar. Na mesa, vemos que o desenho anterior de olhos, agora ganhou lábios. Marina coloca um vestido, seca seu cabelo e passa brilho nos lábios. Fica pronta e senta em sua cama. Ela olha para o relógio que ainda marca 12:30h. Bate o pé algumas vezes no chão nervosamente, vai para a mesa e continua a desenhar. Alguns minutos depois Marina olha para o desenho colorido e semi pronto. O rosto de Sol fica visível. A mãe de Marina entra pela porta e vai até a menina. MÃE O almoço tá pronto filha, você vem agora?
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Marina, pega de surpresa, para imediatamente de desenhar e tenta encobrir o desenho com os braços. MÃE (animada) Nossa, tá toda arrumada! Que milagre é esse? MARINA (irritada) Não é nada, mãe. Daqui a pouco eu desço pra almoçar, tá? A mãe de Marina repara no desenho da Sol sobre a mesa. MÃE E a Sol, você tem visto ela? MARINA (irritada) Claro, eu estudo com ela. MÃE Essa menina não é boa companhia pra você, Marina. MARINA (exaltada) Deixa que eu decido isso, tá mãe? A mãe a olha por um instante, surpresa. MÃE (fria) Quando você decidir descer, a comida tá na mesa. Ela sai e fecha a porta. Marina leva as duas mãos ao rosto e respira fundo. Olha para o desenho de Sol, preocupada. MARINA (para si mesmo) O que que você tá fazendo?! Ela vai para o banheiro e se olha alguns segundos no espelho. Ela tira o brilho dos lábios. Olha o relógio que marca 1h. Vai até a mesa onde está sua mochila, guarda a pasta com os desenhos. Pega o desenho de Sol que está sobre a mesa. Ela o olha novamente, amassa-o e joga fora.
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13. EXT. - FACHADA DA CASA DE MARINA - DIA Sol se aproxima da porta. Ela está arrumada e segura alguns livros. Sol bate na porta da casa. INT. - CASA DE GUILHERME - DIA Guilherme atende a porta. Ele ve Marina na entrada. GUILHERME Ué, você não ia estudar com a Sol? MARINA Ela... cancelou. Guilherme sorri. GUILHERME E veio arrumada assim pra me ver? MARINA Pra compensar os furos que eu te dou sempre. Pra não ficar falando mal de mim por aí. Eles riem. Marina entra. GUILHERME Bem típico da Sol, né? Fiz umas músicas novas, quer ouvir? MARINA Não tô muito afim de ensaiar hoje, Gui. GUILHERME Vai começar um filme na TV agora, quer ver? INT. QUARTO DE GUILHERME - DIA Marina senta-se na cama de Guilherme, a tv está ligada. Ela coloca sua bolsa ao lado da cama. Ele senta ao lado dela e coloca a tv no mudo. GUILHERME Eu queria falar contigo, Má. MARINA Eu ainda não consegui falar de você com a Sol, Gui...
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14. GUILHERME (interrompendo-a) Não, não, esquece a Sol. Não era sobre ela que eu queria falar.
Guilherme se levanta nervoso. Marina observa-o, mas o som de sua voz vai ficando grave e seco até desaparecer. INSERT (em velocidade crescente): Pedaços da cena no canteiro de obras; olhos da Sol desenhados; lábios da Sol; mãos do Guilherme; Beijo dos pais de Marina; o professor; os colegas... O som da voz de Guilherme volta. GUILHERME ... e eu não sei se isso já passou pela sua cabeça, mas a gente podia... Marina abruptamente levanta-se da cama e beija Guilherme. Ele pára surpreso. Ele a pega pelos brac¸os, a puxa de volta e a beija intensamente por alguns instantes. De repente, Marina pára e se afasta do menino, empurrando-o com os braços. Marina corre deixando sua bolsa para trás. Na rua, Marina corre sem diminuir o ritmo. Ela corre sem olhar para trás. INT. QUARTO DE MARINA - DIA Marina está deitada em sua cama. Seus olhos estão vermelhos. Ela ouve batidas na porta de seu quarto. Guilherme abre a porta e coloca a cabec¸a para dentro do quarto. GUILHERME Posso entrar? Guilherme entra e senta-se ao lado dela. Joga os desenhos de Marina sobre a cama. São vários desenhos de Sol. GUILHERME Você esqueceu isso lá em casa. Marina abaixa a cabeça. Os dois ficam em silêncio por um instante. GUILHERME Você podia ter me falado antes, né, Má? Assim eu não fazia papel de otário... Marina continua em silêncio de cabeça baixa. (CONTINUED)
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15. GUILHERME Há quanto tempo você gosta dela? MARINA Não sei... é uma garota... não era para... Quando me dei conta já não conseguia parar de pensar nela.
Os dois ficam em silêncio. GUILHERME Mas então por que você me beijou? MARINA Eu tava confusa... ainda tô. GUILHERME Mas você gosta de mulher, então? Não!
MARINA
Guilherme olha para Marina confuso. MARINA Não sei... eu gosto da Sol. Os dois ficam em silêncio novamente. GUILHERME Você devia falar com ela. Marina olha para Guilherme surpresa. MARINA Você não tá puto? GUILHERME Tô putíssimo! Marina abaixa a cabeça. GUILHERME (rindo) Ganhei uma nova concorrente, tá foda! Os dois riem. Marina sorri para Guilherme. Ela da´ um abrac¸o forte no menino. GUILHERME (sorrindo) Vai lá, anda... antes que eu mude de idéia!
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16.
Marina levanta-se da cama. Vai até o lixo de sua mesa, resgata o desenho de Sol e vai em direção a porta. Ela para e olha para trás. Gui?
MARINA
Guilherme olha pra Marina. MARINA Ensaio aqui em casa semana que vem? GUILHERME Só se você fizer uns filminhos sexies com o celular pra me mostrar depois, hein? Marina joga uma almofada em Guilherme. Os dois riem. Marina sai do quarto apressada. INT. - CANTEIRO DE OBRA - DIA Marina chega na entrada pela cerca e vê Sol sentada no chão. Ela vai até a menina e senta-se ao seu lado em silêncio. SOL Sua mãe falou que você tava na casa do Guilherme. MARINA Sim, eu tava mostrando meus desenhos pra ele. Marina estende para Sol o desenho um pouco amassado do rosto da menina. Sol olha e sorri para Marina SOL Eles consertaram a cerca. MARINA Não tem problema, a gente acha outro lugar. Marina dá a mão para Sol e as duas levantam. Elas se olham intensamente por alguns segundos. Marina se aproxima lentamente de Sol e a beija. SOL Acho que não vai mais precisar. Elas se beijam. (FIM)
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Proposta o de Direçã Por Carol Rodrigues Em Rascunhos, tudo gira em torno das personagens. É justamente o seu olhar, seu ponto de vista para o seu mundo que estruturará este curta-metragem. Mais que simplesmente encenar os sentimentos, tentarei traduzi-los visualmente, incorporando na forma e na mise -en-scéne aquilo que os personagens sentem. Nesse sentido, minha maior referência é o filme Adeus, Primeiro Amor de Mia Hansen -Løve (2011) no qual as experiências passadas ao longo dos anos de adolescência e juventude são costuradas através de uma montagem com cortes abruptos, movimentos singelos e muitas elipses que constroem a vida dessa personagem como um rio no qual o amor flutua e quase-se-afoga. Na mise-en-scéne de Rascunhos, encontraremos elementos objetivos que iluminam as personagens, trazendo a tona alguns aspectos que elas não conseguem dizer de forma explícita porque são permeadas de contradições. As paredes do quarto de Marina estarão cobertas de seus desenhos inacabados. O refúgio de Sol no canteiro de obras encena sua sensação de não-pertencimento às regras convencionais, seu repertório foi construído de outra forma. A fuga de Marina e Sol tem o tempo dilatado, com repetição das ações em diferentes enquadramentos, dando-lhes a chance do reconhecimento de seus corpos, de seu desejo, de passos mais firmes naquele sentimento. A cena no campo de várzea, com planos mais fechados ressaltando detalhes
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dos corpos tensos dos meninos sem camisa evoca o erotismo latente sempre muito próximo da violência das relações interpessoais entre os garotos. Em meio a uma série de questionamentos, Marina observa Guilherme falando mas não o ouve. Sua imagem dá lugar ao encadeamento silencioso em ritmo crescente das muitas imagens-símbolos das questões que fervilham na cabeça de Marina. Esse encadeamento impulsiona Marina a beijar Guilherme. A imagem fixa daquele beijo dado quase sem querer é uma pausa momentânea do fluxo dramático que é logo interrompida pela nova fuga de Marina. Mostrar a sexualidade na adolescência é um processo interessante porque está em constante transformação. Nada está tão definido quanto a vida adulta parece afirmar. Ainda que o peso das decisões também recaia sobre os jovens. É um momento de experimentações, descobertas e expectativas com relação ao mundo que lhes espreita, seduz e apavora. Marina, Sol e Guilherme vivem esse momento. Esse contexto maravilhoso e angustiante que permite que rascunhem suas vidas e suas relações, abrindo possibilidades que nem sempre são comuns a jovens que moram na periferia de São Paulo. Nesse sentido, é um recorte privilegiado para trazer uma personagem homossexual que não se restrinja a uma manifestação reduzida de sexualidade. Ressalto, no entanto, que ainda que se pretenda realizar um filme no qual a relação homossexual apareça de forma positiva e tão natural quanto a relação heterossexual, alguns elementos da narrativa remetem a idiossincrasias vividas pelos homossexuais. Um exemplo, é o encontro de Marina e Sol no canteiro de obras que remete aos ambientes exclusivamente gays que ainda hoje são utilizados como estratégia de sociabilidade e auto-proteção sem correr o risco da violência. Além disso, nessa cena, Marina e Sol se aproximam e no instante do toque são impedidas pelo vigia. Ele é anunciado primeiramente
27 como uma sombra sobre as garotas, evocação da repressão constante frente às mais sutis manifestações públicas de afeto homossexual. Quando elas fogem, renegam qualquer ar ferido da submissão aproveitando aqueles pequenos instantes de felicidade. O desfecho dessa aproximação entre elas ocorre durante o dia, não mais a noite. Quando se beijam, Sol anuncia que aquele canteiro (leia“gueto”) não será mais necessário porque elas encontraram força uma na outra para terem orgulho de tudo o que são e enfrentar o mundo com todas as suas possibilidades infinitas. Especificamente sobre direção de atores, busco uma interpretação naturalista, sem exageros, caricaturas ou estereótipos. Vale dizer que trabalharemos com atores na faixa dos 18 aos 20 anos que pareçam mais jovens. Por um lado, estabelecemos isso como uma facilidade
de produção. Por outro, acredito que trabalhar com atores ligeiramente mais velhos seja interessante para que, mais que simplesmente mimetizar a realidade, consigamos encontrar esses personagens nos ensaios, descobrir suas ações e depurar seu gestual. Sobre outros elementos estéticos de Rascunhos, convém destacar o uso das lentes anamórficas. Elas são interessantes no sentido de forjar zonas de silêncio com efeitos expressivos, particionando o campo visual de forma a criar multiplas áreas através das quais estabelecemos as relações entre os personagens. Assim, podemos materializar na tela a dança existente entre Marina, Sol e Guilherme. Além disso, a expressividade facial é melhor aproveitada no formato horizontal, enfatizando as reações das personagens e trazendo suas fisionomias quase como uma composição abstrata.
Guilherme observa Sol chegar a escola na primeira cena. A composição anamórifca permite traduzir visualmente a distancia entre os personagens de forma mais contundente.
Cena de O silêncio de Lorna (2008) Referência para a construção visual da angústia que Marina sente após beijar Guilherme. Ela está acuada.
Cena de Adeus, Primeiro Amor. A vida que flui, mesmo nesse instante congelado.
Proposta ia f a r g o t o de F Por Tito Ferradans Desde 2008, tivemos uma série de saltos na qualidade das filmadoras digitais, acompanhadas diretamente por quedas nos custos. A qualidade e textura da imagem se aproximam bastante de resultados em película, mas com a vantagem de serem bem mais leves e fáceis de operar. Rascunhos é um filme no qual os atores são jovens, tendo que lidar com algumas situações emocionais um pouco delicadas e, para tanto, é essencial deixá-los mais confortáveis, mais confiantes e concentrados em sua atuação. Nesse sentido, a gravação com câmera digital permite um volume menor de equipamentos, diminuindo as distrações causadas por uma equipe numerosa ao redor de uma câmera grande e barulhenta. Além disso, uma câmera menor e mais leve, permite-nos a agilidade e versatilidade necessárias para captar momentos de improviso que é essencial no registro das cenas cotidianas entre as personagens. Especificamente para o projeto, trabalharemos com a Canon 5D Mark III, que é uma câmera bastante utilizada em muitos produtos para TV e até mesmo para o cinema (desde a animação stop-motion Paranorman de 2012 até mesmo Cisne Negro de 2010). Em outras palavras, uma câmera já reconhecida por sua qualidade. A 5D3 também se dá muito bem em baixíssimas condições luminosas como na cena do can-
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teiro de construção, iluminada pela luz da Lua, num visual suave, fluido e intimista. Em termos de produção, a utilização desta câmera se justifica pelo fato de eu possuir esse equipamento e também porque dessa forma eliminamos os custos com película além de facilitarmos o armazenamento das gravações e agilizarmos o processo de pós-produção e finalização. Os personagens de Rascunhos são adolescentes experimentando o mundo, fantasiando, desejando. Por isso, a câmera é bastante móvel e próxima aos seus personagens, colando aos seus rostos, aos seus corpos, tentando participar daquelas experiências. Algumas referências visuais do clima que se deseja atingir com a fotografia são as cenas de escola em As Melhores Coisas do Mundo, e as seqüências que se passam no quarto em Adeus, Primeiro Amor. Em ambos os exemplos, a luz é totalmente realista e naturalista – a luz nos dois ambientes é bastante difusa, com pouco contraste entre as áreas claras e escuras. A locação diferente desse padrão de luz é o canteiro de obras, onde as cenas entre Marina e Sol acontecem. Para essa situação, uma boa referência do estilo de luz a ser adotado é a sequência da praia de Abismo Prateado, onde temos um fundo bastante azul, iluminado e fora de foco, enquanto que, sobre as personagens, incide bem pouca luz, geralmente em posições de contraluz ou de ¾, representando a luz da Lua. O grande diferencial é que Rascunhos será filmado com a janela Cinemascope (2.4:1) através do uso de lentes anamórficas, trazendo uma experiência mais imersiva, envolvendo o olhar do espectador e tornando o curta mais cinematográfico que o padrão vigente, onde é utilizado o formato da tela da TV (16:9).
29 Cenas de Adeus, Primeiro Amor. Os planos e a iluminação do quarto são a referência.
Em Rascunhos, a câmera está bem próxima aos seus personagens. Em alguns momentos, como nessa cena da série Black Mirror, (S01E03) o olho torna-se quase uma pintura abstrata.
Foto na provável locação com stand-in.
Cena de Abismo Prateado Referência para o Canteiro de Obras
Referência para Marina desenhando
Proposta de Som Por May Guimarães Rascunhos é uma história contemporânea que se passa na periferia de São Paulo e que tem como centro a relação entre três adolescentes de classe média, suas dúvidas, desejos e anseios com relação ao amor, amizade e sua própria sexualidade. A proposta de desenho de som é construir uma sonoridade na maior parte do tempo realista, exceto por alguns momentos cruciais para entendermos o dilema da personagem Marina, que serão explicitados a seguir. Pretendo começar a construir esse universo realista já na captação de som. A utilização do microfone aéreo terá prioridade para que a sonoridade específica de cada ambiente, bem como sua espacialidade, com todas as nuances de propagação de voz que ele oferece seja mantida. É claro, o uso de microfones de lapela não será descartado, mas funcionará mais como medida de segurança. Também haverá um esforço em melhorar a sonoridade de locais que tenham algum tipo de característica indesejada, como reverberação intensa e ruído em demasia. Há um diálogo com a direção e a produção desde a pré-produção para que sejam tomados os cuidados necessários para que tenhamos condições favoráveis à captação de som. Os momentos que não possuem uma sonoridade realista são aqueles decisivos para que o espectador possa entender e simpatizar com as dúvidas e os segredos de Marina, com a tentativa, também, de ilustrar melhor seus sentimentos por Sol. O mais importante deles
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é aquele em que Guilherme começa a se declarar para Marina, quando entram inserts de algumas memórias da garota que incluem principalmente imagens de Sol, evidenciando onde os pensamentos de Marina realmente estão. A ideia é criar uma sonoridade mais onírica para essa cena, com sons não necessariamente atrelados às imagens: em alguns momentos, ao vermos, por exemplo, as mãos de Guilherme, ouviremos a voz de Sol; com a imagem dos lábios de Sol, ouviremos a voz da mãe de Marina perguntando sobre Guilherme. Isso evidenciará toda a confusão que a adolescente está vivenciando. Alguns outros momentos contarão com essa sonoridade mais subjetiva e não-realista, como a cena em que Marina e Sol correm do vigia do canteiro de obras e nos momentos em que Marina, na intimidade de seu quarto, desenha Sol . Quanto à trilha musical, teremos como base para as músicas o violão, por ser o instrumento mais presente na vida adolescente, e não é à toa que isso se encontra no roteiro. Serão músicas leves e delicadas, que servirão apenas para pontuar alguns momentos, tendo como referência a trilha musical do longa As Melhores Coisas do Mundo, da diretora Laís Bodanzky.
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Proposta de Arte Por Gabi Torrezani 1. CONCEITO VISUAL 1.a. Estética A proposta estética da Direção de Arte do filme Rascunhos trabalha numa chave naturalista e realista. Pretendemos construir o ambiente de periferia e juventude brasileira através dos elementos visuais e plásticos disponíveis. É muito importante que a arte desse filme consiga ser capaz de transmitir a emoção e lirismo da história, refletindo em suas cores, texturas e objetos o ponto de vista da personagem principal, Marina. Os desenhos da personagem são essenciais para a evolução da narrativa, e aqui a sensibilidade e o aspecto onírico são muito importantes, mas sempre no ambiente realista no qual a história se insere. 1.b. Justificativas Conceituais Toda proposta de arte está atrelada à proposta conceitual da direção. É um filme sobre jovens passando por mudanças e por crises de autoconhecimento, mas sempre em um tom leve. A abordagem da homossexualidade é feita da forma mais natural possível, e a inserção de uma realidade concreta é essencial na construção da verossimilhança e credibilidade dessa história. Assim sendo, a direção de arte toma o partido naturalista mas entende que ao longo do arco dramático os elementos visuais devem ficar mais líricos, assim como acontece com a própria narrativa. Não podemos esquecer que Rascunhos é um filme de personagem e por isso, certo grau de subjetivação da construção visual se faz não só necessário, mas obrigatório.
1.c. Clima Geral O clima geral da história é naturalista e leve. Criaremos um ambiente de periferia, permeado pelos ambientes familiares e escolar, além do refúgio quase sobrenatural representado pela obra abandonada. Os ambientes apresentarão cores mais sóbrias enquanto estará nas mãos dos personagens a responsabilidade de permear o mundo com suas cores. A juventude estabelecerá em suas roupas, mochilas, objetos e acessórios a personalização de um mundo meio cinza de cidade grande. Por ser um filme de personagem os tons, cores e iluminação de cada cena estarão diretamente ligado ao estado emocional de Marina. O clima geral da história é como os desenhos da garota: em alguns momentos apenas rascunhos cinzentos, em outros formas complexas e coloridas, mas sempre representam a expressão sentimental de Marina sobre um fundo branco. 1.d. Referências Visuais Gerais A direção de arte tem como referências gerais os filmes: -As Melhores Coisas do Mundo (Laís Bondansky, 2010) -Lírios D’Água (Céline Sciamma, 2007) -Tomboy (Céline Sciamma, 2011) -Eu Não Quero Voltar Sozinho (curta, Daniel Ribeiro, 2007) -Juno (Jason Reitman, 2007) 2. CENOGRAFIA 2.a. Quarto Marina • Conceito O quarto de Marina é basicamente o quarto montado por sua mãe. É o quarto dela desde bebê e por isso ele tem tons de rosa nas paredes e na decoração geral, alternados com branco e beges claros. Os tecidos trabalham na chave da delicadeza, desde roupa de cama até cortinas. Os móveis são de fórmica branca. O ambiente é confortá-
vel, não tem muitos espaços vagos e nem é amontoado de coisas. Como Marina está passando por um processo de afirmação e autoconhecimento, ela interfere nesse quarto montado pela mãe, inserindo elementos e cores diferentes que destoam do resto. A começar, e mais importante, existem os desenhos na parede. É quase um grande mural colorido, no qual ela coloca a sua expressão artística. Nos desenhos temos tons vivos de azul, vermelho, laranja e claro, preto. Existi-
rão outros objetos e elementos no quarto que trabalharão fora da paleta cor-de-rosa, indo no mesmo sentido de uma Marina que está se descobrindo em várias cores. De qualquer forma trabalhamos na Marina as cores quentes, tentando não sair muito do espectro dos vermelhos, laranjas e amarelos (verdes serão evitados ao máximo). Há alguns pontos de bagunça no quarto metodicamente planejado, indicando um leve sinal de rebeldia. • Paleta de Cores
• Referências Obs: As referências devem ser entendidas como modelos para as cores e disposição dos móveis. Porém, o quarto é ainda um quarto de
garota de classe c-d, e essas fotos de decoração não retratam a dressagem que será feita. O quarto será pequeno, muito menos clean e sem esse aspecto de “feito por um designer”.
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2.b. Quarto Guilherme • Conceito O quarto de Guilherme é um típico quarto de garoto adolescente: Não tem muitos elementos, alguns espaços vazios, um bom nível de bagunça na cama e móveis, objetos jogados, livros empilhados, violão alaranjado em um canto. As cores predominantes no quarto são azuis, brancos e beges claros, já que também é um quarto que fora montado pela mãe, há muito tempo, mas com muito menos preciosismo que o de Marina. Ele é bem resolvido sobre o que é, então tudo que existe de elemento
pessoal no quarto é direto e sem necessidade de afirmação. Em alguma parede podem haver coisas escritas e desenhadas em canetão preto, mas de uma forma tosca e não pensada artisticamente. Talvez letras de música ou recados de amigos, em tons de brincadeira. Um elemento muito importante sobre Guilherme é o fato dele ser Corinthiano. Assim, as cores do Corinthians (preto, vermelho e branco) aparecerão no quarto, além de pôsteres e vários objetos com o tema do time, talvez até algo na roupa de cama. •Paleta de Cores
•Referências
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35 2.c. Escola • Conceito A escola é uma escola pública tradicional de São Paulo, talvez até uma escola técnica. É um ambiente não muito acolhedor, com certa sobriedade, mas permeado pela alegria e bagunça dos alunos. Nos corredores pode haver cartazes típicos de escola. A escola não pode estar impecável ou ser nova, a degradação leve
• Referências
do ambiente é dramaticamente necessária para a inserção do espaço. As cores pensadas são branco, cinza, beges, marrons e azul claro (esse azul será determinado pela locação, pode ser que a cor predominante da escola seja verde ou outro pastel típico). As cores estarão presentes nas intervenções físicas dos alunos, nas roupas e mochilas. • Paleta de Cores
2.d. Campo de Futebol •Conceito O campo de futebol é um típico campinho de bairro, com grama queimada e várias partes de barro ou terra batida. É um cam-
po simples, não uma quadra. Uma trave sem rede em cada lado caracterizam o espaço de jogo, e não existem marcações no chão. • Paleta de Cores
• Referências
2.e. Obra Abandonada • Conceito A obra é um espaço dramático muito importante, pois não só é o espaço que permite o encontro secreto das duas meninas como também traz o peso de ser um lugar abandonado e proibido – apontamento direto aos locais marginais nos quais os homossexuais por tanto tempo se encontraram (e ainda se encontram, em diversas situações). Ao mesmo tempo que a obra não é de ninguém Sol se apropria dela. Não apenas é um lugar no qual ela se refugia para andar de skate, como também é um tipo
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de casa. Lá ela se sente a vontade, constrói até um espaço para a vodka transgressora e pensamos em existir algum outro objeto que ela tenha levado para lá, significando a posse daquele território como dela, especial (ainda não decidimos qual). As cenas na obra são noturnas, então muito espaço ficará sem iluminação, propositalmente. Um local amontoado, com espaços recortados e bagunçados pelos elementos da obra: pedras, blocos, areia, ferragens e poeira. As cores trabalhadas são cinzas e marrons, primordialmente. • Paleta de Cores
37 • Referências
3. FIGURINO 3.a. Marina • Conceito Marina é uma garota comum de sua classe social e idade, não tem um estilo de se vestir próprio bem consolidado. Como está no processo de descobrimento pode ir adicionando
• Referências
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uma ou outra peça/acessório mais estilosa ao longo do filme. Está sempre de calça ou shortinho jeans e uma blusinha fofa – dar preferência a roxos e violetas. Podem haver detalhes em renda ou outros tecidos leves. Nos pés, tênis allstar ou sapatilha. •Paleta de Cores
39 3.b. Guilherme • Conceito Guilherme é um garoto largado e tranquilo, não se importa com combinações de roupas. Bermudas largas, calças jeans, camisetas e moletons compõem seu
• Referências
look. Tênis ou chinelo no pé, e sempre podem aparecer peças do uniforme do Corinthians misturadas com outras peças (ex: camiseta branca e short de treino do Corinthians). • Paleta de Cores
3.c. Sol • Conceito Sol sabe bem o que é e o que quer e sua postura clara e decidida se reflete em suas roupas. A garota faz parte da cultura do Hip-Hop e por isso absorve o vestuário do movimento. Tênis, calças largas, jeans, camisetas estilosas, blusinhas justas aliadas à calça larga. Usa algo no cabelo,
• Referências
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algum lenço de tema afro. Também afirma a personalidade forte nos acessórios: brincos e colares grandes, de madeira e/ou pedras. Suas cores são tons de verde, marrons, amarelos e cobres. Boas referências de figurino são as personagens do seriado Antônia, da Globo e a personagem Papi do seriado americano The L Word. • Paleta de Cores
41 3.d. Pais de Marina e outros adultos Os adultos serão caracterizados de forma naturalista e pontual. Eles sempre estarão vestidos em cores frias, de pouco destaque (cinzas, azuis, beges). A mãe de Marina, como tem maior destaque, pode estar associada a alguma cor mais forte, como por exemplo tons de laranja ou rosa, além de usar tecidos leves e de movimento, já que é reconhecida como uma mãe acolhedora e que apoia Marina em seu momento de descoberta. 3.e. Uniforme da Escola O uniforme da escola será confeccionado de forma personalizada porém simples: será apenas uma camiseta, a parte de baixo será calça jeans de cada aluno. A camiseta terá o brasão fictício da escola bordado e será de cor cinza claro. É importante lembrar que, como estamos falando de escola pública que normalmente disponibiliza uma quantidade x de camisetas de uniforme para os alunos, essas camisetas nunca podem estar maravilhosamente limpas e passadas. 3.f. Figuração Jovem A figuração jovem, quando não estiver no ambiente da escola, estará vestida de forma naturalista e colorida: bermuda/calça jeans e camiseta para os meninos, short/ calça jeans e blusinha para as meninas. 4. CABELO – MAQUIAGEM 4.a. Marina A maquiagem será naturalista e imperceptível. Marina não é o tipo de garota que vai maquiada para a escola. Seu cabelo longo é bem cuidado e sofre um movimento de libertação ao longo do filme: começa todo preso em um rabo alto, depois passa para um meio-rabo mais solto e até a cena final ele está completamente solto e livre (uma metáfora visual para o movimento de descoberta e aceitação de Marina).
4.b. Guilherme Maquiagem apenas de correção e compensação. Cabelos curtos, meio despenteados dentro do possível. 4.c. Sol A maquiagem será naturalista, mas Sol pode ter algum elemento que valorize a sua personalidade forte – algo que não pareça forçado no vídeo mas que dê a impressão de mulher mais feita (talvez um delineador finíssimo nas pálpebras ou alguma cor clara porém demarcada nos lábios). O cabelo de Sol é um grande representante da certeza de quem ela é: ela usa um black-power bonito e assumido. Pode usar algum lenço de cabelo em uma ou outra cena. 5. DESENHOS DA MARINA 5.a. Importância Dramática Os desenhos de Marina são de importância dramática essencial, pois não só revelam a paixão da garota por Sol como também simbolizam os processos de mudança e os momentos de negação, dúvida, autoconhecimento e finalmente, aceitação. Esses desenhos, objetos de cena fundamentais, são a representação material de diversos conflitos e sentimentos abstratos da nossa personagem principal e é através deles que ela se expressa e coloca para fora todo o turbilhão de sensações que experimenta silenciosamente. 5.b. Estilo O estilo dos desenhos segue uma linha fluída e jovem. São desenhos de canetinha porosa sobre papel, alguns com uma plasticidade muito próxima à da aquarela. Muitas cores fortes e traços grossos caracterizam os desenhos. Todos os desenhos são permeados por curvas e espirais. As temáticas variam, mas vão desde rostos e animais à formas meio abstratas que acabam se transformando em corpos ou outros objetos definidos.
5.c. Desenhos dramáticos e desenhos cenográficos Os desenhos são separados em dois grupos: os dramáticos e os cenográficos. Os primeiros são os que estão dentro da pasta de Marina, e todos dizem respeito à Sol, de alguma forma. São rascunhos do rosto
da garota, quase todos apenas em preto e branco (como o sentimento da garota não está amadurecido e certo ainda, os desenhos refletem isso na ausência de cor). O único desenho colorido de Sol é o mais importante, aquele que ela amassa e depois leva para sua amada na cena final. Ele é colorido exatamente porque representa a aceitação e certeza do sentimento. Os cenográficos estarão pregados nas paredes do quarto de Sol, espalhados pelos espaços que ela habita e inclusive presente em suas coisas nas cenas dentro da sala de aula. Eles tem temática diversificada e são coloridos, muitas vezes retratam seus outros amigos ou momentos cotidianos – Guilherme em evidência. 5.d Artista: Dani Libardi A artista que fará os desenhos é a desenhista Dani Libardi. Ela cederá alguns de seus desenhos prontos para o filme e construirá todos os desenhos novos necessários para a narrativa. O portfólio completo da artista pode ser acessado em: https://www.facebook.com/Daninopapel 6. ORÇAMENTO DE ARTE A Direção de Arte prevê um orçamento de área de R$2400 reais para o filme Rascunhos.
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Proposta de Montagem Por Victor Rzepian Como as composições de quadro em Rascunhos serão representativas das relações entre os personagens e do que estão sentindo a cada momento, a primeira preocupação da montagem será garantir a fluidez dramática sem quebrar tais relações estabelecidas. Isso não infere necessariamente um ritmo mais desacelerado, mas com uma complexidade da Mise-en-scène e com composições de quadro em cinemascope, é de se esperar que os planos tenham conteúdo o bastante para deixá-los em tela por mais tempo. Isso nos leva à outra preocupação da montagem: o ritmo. Tem muita importância construir as relações de tempo dentro do filme. O ritmo sofrerá variações evidentes para marcar sensações em determinadas cenas. Na cena em que Marina e Sol se beijam no canteiro de obras, o tempo sofrerá uma dilatação suave, de modo a incorporar ações naturalmente e construir um momento quase onírico. Já na cena em que Marina beija Guilherme, a mudança de ritmo será brusca, para pontuar o quão caótico, deslocado e desconfortável o momento é. Haverá primeiro uma aceleração de edição com imagens que passam pela cabeça da personagem e que a desorientam o bastante para ela tomar uma atitude inusitada a ela mesma, que é beijar Guilherme. Nessa hora, haverá literalmente uma imagem parada, como um calombo no meio da montagem.
Mas mesmo fora desses momentos específicos de dilatação de tempo, ainda é importante construir um ritmo geral para o filme que seja capaz de condizer com as variações de consciência da personagem principal, uma vez que seu ponto de vista será enfatizado ao longo do filme todo. Assim, especificamente, essas variações de consciência serão expressas com base na mesma oposição entre aceleração e desaceleração que fica exposta com mais clareza na cena do canteiro de obras e no beijo final. Assim, a montagem procurará criar uma cadência de ritmo que sutilmente desacelere nos momentos em que Marina chegue mais perto de entrar em contato com seus sentimentos, associando tais momentos à uma sensação de descoberta e fascínio. Esses momentos de desaceleração também serão uma deixa apropriada para introduzir a trilha sonora à base de violão. Já em oposição à isso, momentos de confusão e ansiedade serão traduzidos em montagem mais rápida, enfatizando a sensação de descontrole.
Carta da Produção Por Victor Rzepian e Yugo Hattori Justificativa de produção O interesse em produzir Rascunhos vem do desejo de realizar uma obra que lide com a temática das descobertas da adolescência nos dias contemporâneos. Esse é um tema próximo ao público adolescente e mesmo a um público mais velho, pois mesmo mais velhas as pessoas dificilmente esquecem suas experiências na adolescência. Rascunhos pode ser um filme que aborda a temática gay, mas mais do que isso é um drama adolescente que trata da descoberta do amor e da sexualidade. Não é um filme militante ou propagandista e seu intuito não é falar da situação do homossexual na sociedade. O fato de a protagonista descobrir que é homossexual é apenas uma nuance a mais em um processo de descoberta pelo qual todos passam e com o qual todos podem se relacionar. Por isso, Rascunhos é um filme cujo público alvo é o público jovem no geral, e não apenas o nicho gay. No entanto, justamente por não ser militante, e por tratar a homossexualidade das personagens como algo natural e quase irrelevante, o filme se posiciona à respeito do que ser ou não homossexual deveria significar na sociedade. E essa forma de se posicionar pode ser mais eficiente do que um discurso militante. Estratégia de Produção Uma grande dificuldade aparente da produção de Rascunhos é o grande número de locações necessárias e todos os problemas de logísti-
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ca de transporte que podem surgir no curto espaço de tempo de filmagem. No entanto, considerando isso, as locações já começaram a ser definidas, e de modo à facilitar a logística de filmagem As locações são cinco: casa de Marina, quarto de Guilherme, campo de várzea, canteiro de obras e escola de ensino médio. As casas dos adolescentes serão duas casas na zona sul de São Paulo, no terreno dos pais da diretora. O campo de várzea será em um campo de futebol perto do mesmo terreno. Para a escola, já entramos em contato com a Etec Zona Sul e com a Alberto Torres, e aguardamos um parecer a respeito da possibilidade de filmagem, de possíveis datas e condições. Sobre o canteiro de obras, uma procura inicial provou que é realmente difícil adquirir a permissão de filmar em um canteiro ativo por questões de segurança. Assim, decidimos ao invés de buscar um canteiro ativo, procurar por alguma construção abandonada. A possibilidade mais provável é o Paço das Artes Velho, na Cidade Universitária. Quanto ao levantamento da verba total de produção, iremos contar com contribuições dos membros de equipe e com formas ativas de levantamento de verba. Primeiramente, iremos montar um trailer do projeto e utilizar a estrategia de Crowdfunding, mandando para o Catarse, buscando arrecadar doações (por volta de R$800) além de iniciar uma poderosa estratégia de divulgação do projeto. O site Catarse é uma forma utilizada para conseguir verba para projetos independentes e há exemplos de projetos, como o documentário Delírios de um Cinemaníaco (http://catarse. me/pt/delirios-de-um-cinemaniaco) que arrecadou mais de 17 mil reais. Mais uma forma de levantar verba que cogitamos usar é através de organizar festas em associação com casas de dança ou alugando salões de festas, sendo que essa estratégia de arrecadação já foi utilizada pela nossa turmva com sucesso em 2012. Também pensamos em fazer camisetas com desenhos temáticos, no
45 estilo dos que são desenhados pela protagonista, e vender nessas festas. Dessa forma, um empenho sistemático num sentido empreendedor deverá ser capaz de aliviar bastante os custos de produção sobre os membros da equipe de modo a conseguirmos orçamento necessário para produzir o filme. Estratégia de Distribuição A proposta de distribuição do filme Rascunhos, foi estruturada levando em consideração o caminho natural a ser percorrido por um curta-metragem no mercado brasileiro. Inscreveremos o filme em diversos festivais e mostras de cinema, tanto nacionais quanto internacionais, levando sempre em consideração sua relevância e proximidade com a temática do projeto e faremos com que o curta rode o maior número de salas de exibição possível. Após o filme ter feito seu percurso de festivais buscaremos ampliar sua distribuição
contemplando a veiculação da obra em canais de tv interessados, como por exemplo o Canal Brasil, buscando maior alcance do filme dentro do território nacional. No entanto, ressaltamos que o alicerce fundamental para distribuição de um projeto audiovisual contemporâneo é a internet. A divulgação na internet é muito importante para atingir qualquer público e pretendemos utilizá-la desde o período de produção até a sua distribuição final, contemplando a criação de uma página do filme nas redes sociais (twitter, facebook) e também a exibição do trailer do curta metragem em um site de videos de alta circulação (vimeo, youtube). Lembrando que a própria estratégia de produção através do crowdfunding é também uma forma de divulgação do curta. Pretendemos dessa maneira criar interesse do público direcionado para o filme (considerando sermpre o universo do curta metragem brasileiro) e principalmente fazer com que a obra atinja mais espectadores.
Cronograma PRÉ-PRODUÇÃO
ATIVIDADES Fechar a última versão do roteiro 1ª Reunião Geral de Equipe
MÊS 1
MÊS 2
MÊS 3
MÊS 4
Casting - início de pesquisa Locação - início de pesquisa Elaboração do segundo orçamento Apresentação da análise técnica 2ª Reunião Geral de Equipe Casting - Início dos testes de elenco Início da produção de arte Definir locações Entrega da decupagem para todos Fechar Elenco Testes de figurino e maquiagem Visita técnica às locações Reuniões da direção e produção com cada departamento Início dos ensaios com elenco Entrega dos mapas de Luz e Câmera Fechar figuração Fechar transportes de equipe e equipamentos Última reunião geral de equipe antes das filmagens Entrega versão final decupagem Produção de arte final das locações Preparação da Ordem do Dia Pré-Light
PRODUÇÃO MÊS 5
Início das filmagens Final das filmagens e desprodução
PÓS PRODUÇÃO MÊS 6
MÊS 7
MÊS 8
MÊS 9
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Início da edição Composição trilha original Início do design dos créditos Apresentação do primeiro corte Início da produção do material gráfico para divulgação Apresentação do Segundo corte Apresentação do Corte Final Início da Edição de Som Apresentação da Trilha Original Montagem do Trailer Montagem do Making of Edição de som final Mixagem Correção de cor Definição das estratégias de exibição Finalização Divulgação
Mapa de Produção
47 Elenco 01. Marina 02. Guilherme 03. Sol 04. Professor
05. Pai de Marina 06. Mãe de Marina 07. Vigia 08. Pedro
o t n e m a ç r O do de Merca itens 1 1.1 2 2.1
2.2
2.3
3 3.1
3.2
48
qtde
unidade
valor unitário
valor total
Desenvolvimento Desenvolv vimento de Projeto Roteiro 1.1.1 Roteirista Pré-produção Pré produção Equipe 2.1.1 Produtor Executivo Diretor de Produção 2.1.2 Diretor 2.1.3 Assistente de Direção 2.1.4 1o Assistente de Produção 2.1.5 Diretor de Arte 2.1.6 Assintente de Arte 2.1.7 Produtor de Elenco 2.1.8 Serviços 2.2.1 Caminhão de Arte Carro de Produção 2.2.2 Carro De Figurino 2.2.3 Outros 2.3.1 pesquisa/teste de elenco refeições 2.3.2 combustível 2.3.3 taxi\estacionamento 2.3.4 caixa de produção 2.3.5 celular 2.3.6 material de escritório 2.3.7 correio e courrier 2.3.8 impressão 2.3.9 Produção e Filmagem Equipe 3.1.1 Diretor 1o Assistente de Direção 3.1.2 2o Assistente de Direção 3.1.3 Continuísta 3.1.4 Produtor Executivo 3.1.5 Diretor de Produção 3.1.6 1o Assistente de Produção 3.1.7 Diretor de Fotografia 3.1.8 1o Assistente de Câmera 3.1.9 3.1.10 2o Assistente de Câmera 3.1.11 Video Assist 3.1.12 Técnico de Som Direto 3.1.13 Microfonista 3.1.14 Diretor de Arte 3.1.15 Assistente de arte 3.1.16 Figurinista 3.1.17 Assistente de Figurino 3.1.18 Maquiador / Cabelereiro 3.1.19 Chefe de Elétrica 3.1.20 Eletricista/Maquinista 3.1.21 Still Elenco 3.3.1 Marina Guilherme 3.3.2 Sol 3.3.3 Mãe de Marina 3.3.4 Pai de Marina 3.3.5 Pedro 3.3.6 Professor 3.3.7
sub-total 1000
1 cachê
1000
1000 13600
1 1 1 1 2 1 1 1
cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê
1000 1000 1000 900 500 1000 600 800
1000 1000 1000 900 1000 1000 600 800
2 diária 2 diária 2 diária
400 300 300
800 600 600
200 800 500 100 1000 500 500 200 500
200 800 500 100 1000 500 500 200 500
1 1 1 1 1 1 1 1 1
verba verba verba verba verba verba verba verba verba
75500 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1
cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê
1000 900 550 600 1000 1000 500 1300 800 600 300 1000 750 1000 600 800 500 500 2500 2500 500
1000 900 550 600 1000 1000 1000 1300 800 600 300 1000 750 1000 1200 800 500 500 2500 2500 500
1 cachê 1 cachê 1 cachê 1 cachê 1 cachê 1 cachê 1 cachê
2000 1600 1000 600 300 300 300
2000 1600 1000 600 300 300 300
(continua)
3.2
3.6
3.7
3.8
3.9 3.10
3.11
3.12
3.13
3.14
3.15
4 4.1
4.2
4.3
3.1.10 2o Assistente de Câmera 3.1.11 Video Assist 3.1.12 Técnico de Som Direto 3.1.13 Microfonista 3.1.14 Diretor de Arte 3.1.15 Assistente de arte 3.1.16 Figurinista 3.1.17 Assistente de Figurino 3.1.18 Maquiador / Cabelereiro 3.1.19 Chefe de Elétrica 3.1.20 Eletricista/Maquinista 3.1.21 Still Elenco 3.3.1 Marina Guilherme 3.3.2 Sol 3.3.3 Mãe de Marina 3.3.4 Pai de Marina 3.3.5 Pedro 3.3.6 Professor 3.3.7 Vigia 3.3.8 Figurantes 3.3.9 Locações 3.6.1 Casa de Marina Casa de Guilherme 3.6.2 Escola de Ensino Médio 3.6.3 Campo de Várzea 3.6.4 Canteiro de Obras 3.6.5 Produção de Arte 3.7.1 Consumíveis diversos Cenografia 3.7.2 Objetos de cena 3.7.3 Figurino 3.8.1 Figurino Elenco Principal Figurino Elenco Secundário 3.8.3 Maquiagem 3.9.1 Kit maquiagem Equipamento 3.10.1 Equipamento de Câmera 3.10.2 Luz / Maquinária / Periféricos 3.10.3 Pacote Equipamento de Som 3.10.4 Consumíveis diversos Alimentação 3.11.1 Pacote Refeições + Mesa de Manutenção 3.11.2 Alimentaçãodos figurantes Transporte 3.12.1 Caminhão 3.12.2 Kombi Despesas de Produção 3.13.1 xerox/impressão 3.13.2 telefone 3.13.3 caixa de produção Seguro 3.14.1 Equipamento 3.14.2 Equipe Prestadores de Serviço 3.15.1 Faxineiro 3.15.2 Segurança Pós-produção Equipe 4.1.1 Montador Diretor 4.1.2 Produtor Executivo 4.1.3 Assistente de montagem 4.1.4 Editor de som 4.1.5 Foley 4.1.6 Grafismos 4.1.7 Edição de imagem 4.2.1 Ilha de edição Correção de cor 4.2.2 Edição de som 4.3.1 Estúdio de edição Estúdio para Foley 4.3.2
1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1
cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê
600 300 1000 750 1000 600 800 500 500 2500 2500 500
600 300 1000 750 1000 1200 800 500 500 2500 2500 500
1 cachê 1 cachê 1 cachê 1 cachê 1 cachê 1 cachê 1 cachê 1 cachê 1 verba
2000 1600 1000 600 300 300 300 300 2000
2000 1600 1000 600 300 300 300 300 2000
1 1 1 1 1
verba verba verba verba verba
2000 1000 2000 1000 1000
2000 1000 2000 1000 1000
1 verba 1 verba 1 verba
400 2500 1500
400 2500 1500
1 verba 1 verba
3000 1200
3000 1200
1 verba
500
500
6000 10000 2000 750
6000 10000 2000 750
6 diária 2 diária
400 400
2400 800
6 diária 6 diária
450 200
2700 1200
1 verba 1 verba 1 verba
300 800 1500
300 800 1500
1 verba 1 verba
1000 500
1000 500
2 verba 1 diária
250 250
500 250
1 1 1 1
pacote pacote pacote verba
49
18755 1 1 1 1 2 1 1
cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê
1000 0 0 700 1000 400 500
1000 0 0 700 1000 400 500
1 locação 1 hora
3500 3000
3500 3000
40 400
1200 400
30 horas 1 pacote
(continua)
3.15.2 4 4.1
4.2
4.3
4.4 4.5
5 5.1
50
Segurança Pós-produção
Equipe 4.1.1 Montador Diretor 4.1.2 Produtor Executivo 4.1.3 Assistente de montagem 4.1.4 Editor de som 4.1.5 Foley 4.1.6 Grafismos 4.1.7 Edição de imagem 4.2.1 Ilha de edição Correção de cor 4.2.2 Edição de som 4.3.1 Estúdio de edição Estúdio para Foley 4.3.2 Mixagem 5.1 4.3.3 Licença Dolby 4.3.4 Efeitos visuais Biblioteca de efeitos 4.4.1 Cópia Final 4.5.1 Masterização Total de Produção Comercialização Divulgação 5.1.1 Material Gráfico Taxas e correio para festivais e mostras 5.1.2 Social Media 5.1.3 DVD 5.1.4 Tradução e legendagem 5.1.5 Autoração 5.1.6 Mídias 5.1.7 Gráfica 5.1.8 Total Geral
1 diária
250
250 18755
1 1 1 1 2 1 1
cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê
1000 0 0 700 1000 400 500
1000 0 0 700 1000 400 500
1 locação 1 hora
3500 3000
3500 3000
40 400 3500 1355
1200 400 3500 1355
1 verba
200
200
1 verba
2000
2000
30 1 1 1
horas pacote pacote unidade
108855 4040
1 1 1 1 1 1 100 1
verba verba verba verba verba verba verba verba
1500 500 0 500 1000 200 0,9 250
1500 500 0 500 1000 200 90 250 112895
51
Orçamento Real itens 1 1.1 2 2.1
2.2
2.3
3 3.1
3.2
qtde
unidade
valor unitário valor total sub-total
Desenvolvimento Desenvolv v vimento de Projeto Roteiro 1.1.1 Equipe 2.1.1 2.1.2 2.1.3 2.1.4 2.1.5 2.1.6 2.1.7 2.1.8 Serviços 2.2.1 2.2.2 2.2.3 Outros 2.3.1 2.3.2 2.3.3 2.3.4 2.3.5 2.3.6 2.3.7 2.3.8 2.3.9 Equipe 3.1.1 3.1.2 3.1.3 3.1.4 3.1.5 3.1.6 3.1.7 3.1.8 3.1.9 3.1.10 3.1.11 3.1.12 3.1.13 3.1.14 3.1.15 3.1.16 3.1.17 3.1.18 3.1.19 3.1.20 3.1.21 Elenco 3.3.1 3.3.2 3.3.3 3.3.4 3.3.5 3.3.6 3.3.7
0
Roteirista Pré-produção Pré produção ução
1 cachê
0
0
Produtor Executivo Diretor de Produção Diretor Assistente de Direção 1o Assistente de Produção Diretor de Arte Assintente de Arte Produtor de Elenco
1 1 1 1 2 1 1 1
cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê
0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 0
Caminhão de Arte Carro de Produção Carro De Figurino
2 diária 2 diária 2 diária
0 0 0
0 0 0
pesquisa/teste de elenco refeições combustível taxi\estacionamento caixa de produção celular material de escritório correio e courrier impressão Produção e Filmagem
1 1 1 1 1 1 1 1 1
50 100 100 0 100 0 50 0 200
50 100 100 0 100 0 50 0 200
Diretor 1o Assistente de Direção 2o Assistente de Direção Continuísta Produtor Executivo Diretor de Produção 1o Assistente de Produção Diretor de Fotografia 1o Assistente de Câmera 2o Assistente de Câmera Video Assist Técnico de Som Direto Microfonista Diretor de Arte Assistente de arte Figurinista Assistente de Figurino Maquiador / Cabelereiro Chefe de Elétrica Eletricista/Maquinista Fotógrafo de cena
1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Marina Guilherme Sol Mãe de Marina Pai de Marina Pedro Professor
1 cachê 1 cachê 1 cachê 1 cachê 1 cachê 1 cachê 1 cachê
500 400 300 100 50 50 50
600
verba verba verba verba verba verba verba verba verba
8710 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
(continua) 500 400 300 100 50 50 50
3.2
3.6
3.7
3.8
3.9 3.10
3.11
3.12
3.13
3.14
3.15
4 4.1
52
4.2
4.3
3.1.12 3.1.13 3.1.14 3.1.15 3.1.16 3.1.17 3.1.18 3.1.19 3.1.20 3.1.21 Elenco 3.3.1 3.3.2 3.3.3 3.3.4 3.3.5 3.3.6 3.3.7 3.3.8 3.3.9
Técnico de Som Direto Microfonista Diretor de Arte Assistente de arte Figurinista Assistente de Figurino Maquiador / Cabelereiro Chefe de Elétrica Eletricista/Maquinista Fotógrafo de cena Marina Guilherme Sol Mãe de Marina Pai de Marina Pedro Professor Vigia Figurantes
Locações 3.6.1 Casa de Marina Casa de Guilherme 3.6.2 Escola de Ensino Médio 3.6.3 Campo de Várzea 3.6.4 Canteiro de Obras 3.6.5 Produção de Arte 3.7.1 Consumíveis diversos Cenografia 3.7.2 Objetos de cena 3.7.3 Props 3.7.4 Figurino 3.8.1 Figurino Elenco Principal Figurino Elenco Secundário 3.8.2 Maquiagem 3.9.1 Kit maquiagem Equipamento 3.10.1 Equipamento de Câmera Luz / Maquinária / Periféricos 3.10.2 Pacote Equipamento de Som 3.10.3 Consumíveis diversos 3.10.4 Alimentação 3.11.1 Pacote Refeições Alimentaçãodos figurantes 3.11.2 Transporte Caminhão 3.12.1 Kombi 3.12.2 Despesas de Produção 3.13.1 xerox/impressão telefone 3.13.2 caixa de produção 3.13.3 Seguro 3.14.1 Equipamento Equipe 3.14.2 Prestadores de Serviço 3.15.1 Faxineiro 3.15.2 Segurança
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1 cachê 1 cachê 1 cachê 1 cachê 1 cachê 1 cachê 1 cachê 1 cachê 20 verba
500 400 300 100 50 50 50 50 10
500 400 300 100 50 50 50 50 200
1 1 1 1 1
verba verba verba verba verba
0 0 0 0 0
0 0 0 0 0
1 1 1 1
verba verba verba verba
150 1900 500 0
150 1900 500 0
1 verba 1 verba
300 0
300 0
1 verba
100
100
1 1 1 1
0 0 0 200
0 0 0 200
6 diária 2 diária
400 300
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6 diária 6 diária
0 0
0 0
1 verba 1 verba 1 verba
200 0 200
200 0 200
1 verba 1 verba
0 60
0 60
1 verba
200
200
1 diária
200
200
pacote pacote pacote verba
Pós-produção Equipe 4.1.1 Montador 4.1.2 Diretor Produtor Executivo 4.1.3 Assistente de montagem 4.1.4 Editor de som 4.1.5 Foley 4.1.6 Grafismos 4.1.7 Edição de imagem 4.2.1 Ilha de edição Correção de cor 4.2.2 Edição de som 4.3.1 Estúdio de edição Estúdio para Foley 4.3.2
0 1 1 1 1 2 1 1
cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê
0 0 0 0 0 0 0
0 0(continua) 0 0 0 0 0
1 locação 1 hora
0 0
0 0
0 0
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30 pacote 1 pacote
3.14
3.15
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4.2
4.3
4.4 4.5
5 5.1
caixa de produção 3.13.3 Seguro Equipamento 3.14.1 Equipe 3.14.2 Prestadores de Serviço 3.15.1 Faxineiro 3.15.2 Segurança Pós-produção Equipe Montador 4.1.1 4.1.2 Diretor Produtor Executivo 4.1.3 Assistente de montagem 4.1.4 Editor de som 4.1.5 Foley 4.1.6 Grafismos 4.1.7 Edição de imagem 4.2.1 Ilha de edição Correção de cor 4.2.2 Edição de som 4.3.1 Estúdio de edição Estúdio para Foley 4.3.2 Mixagem 5.1 4.3.3 Licença Dolby 4.3.4 Efeitos visuais Biblioteca de efeitos 4.4.1
1 verba
200
200
1 verba 1 verba
0 60
0 60
1 verba
200
200
1 diária
200
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1 1 1 1 2 1 1
cachê cachê cachê cachê cachê cachê cachê
0 0 0 0 0 0 0
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1 locação 1 hora
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0 0
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0 0 0 0
1 verba
0
0
1 verba
0
0
30 1 1 1
Cópia Final 4.5.1 Masterização Total de Produção Comercialização Divulgação 5.1.1 Material Gráfico Taxas e correio para festivais e mostras 5.1.2 Social Media 5.1.3 DVD 5.1.4 Tradução e legendagem 5.1.5 Autoração 5.1.6 Mídias 5.1.7 Gráfica 5.1.8 Total Geral
pacote pacote pacote unidade
9310 1490 1 1 1 1 1 1 100 1
verba verba verba verba verba verba verba verba
300 500
300 500
200 150 0 0,9 250
200 150 0 90 250 10800
Plano de Financiamento
CTR
R$ 3.000
Contribuição diretora
R$ 3.000
Contribuição roteirista
R$ 1.000
Contribuição cabeças de equipe Crowdfunding
53
R$ 500 x 6 pessoas
R$ 3.000 R$ 800 R$ 10.800
Pesquisa teórica
1 a d a l u c in V Por Carol Rodrigues (Direção) No Curso Superior de Audiovisual, o TCC prático além de representar a consolidação de um processo de aprendizagem ao longo da graduação também pode ser uma ferramenta na busca por uma linguagem própria, por uma concepção estética e por uma forma de expressão de temáticas específicas. Seria bastante interessante que essas buscas pudessem ser registradas e compartilhadas, permitindo que outras pessoas se somassem a essa reflexão sobre a realização uma obra audiovisual. Nesse sentido, em minha proposta de pesquisa teórica, parto do registro de um memorial a partir de minha experiência na realização do curta-metragem Rascunhos, para uma posterior análise desse processo e seus desdobramentos. Em Rascunhos, algumas de minhas inquietações ganham voz, principalmente relacionadas a forma como as personagens lésbicas são representadas. Ainda hoje, nas obras audiovisuais, são pouco frequentes os exemplos de personagens homossexuais femininas com profundidade, que tenham outras questões além da própria sexualidade ou que não se restrinjam a servir ao gozo masculino. Muitas vezes, quando um filme consegue propor uma abordagem diferente, é rotulado como “filme gay” mantendo sua exibição restrita aos ambientes comumente relacionados ao público de lésbicas, gays,
54
bissexuais, travestis e transexuais (LGBTs). Essa segregação é muito cara para nós porque reforça o imagem da homossexualidade como algo anormal que deve ser eliminado. Eu entrei no curso de audiovisual desejosa por fazer um filme que trouxesse um relato sincero da experiência homossexual no mundo como parte dos elementos de composição das personagens, ao mesmo tempo em que eu pudesse apresentar esse olhar para outros universos além do meu. Em outras palavras, um filme que rompesse os limites do gueto. Dessa forma nasceu o que depois se consolidaria como o projeto Rascunhos. Espero que através do registro desse memorial e sua posterior análise eu consiga contribuir para encorajar outros realizadores que compartilhem dos mesmos anseios a também trazer essas questões para a tela. Bibliografia inicial: - FACCO, Lúcia. As heroínas saem do armário: Literatura lésbica contemporânea. São Paulo: GLS, 2004. - LUMET, Sidney. Fazendo filmes. Rio de Janeiro: Rocco, 1980. - MAMET, David. Sobre direção de cinema. rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. - MORENO, Antônio. A personagem homossexual no cinema brasileiro. Rio de Janeiro: FUNARTE/ EDUFF, 2001. - RABIGER, Michael. Direção de cinema - técnicas e estética. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. - RUSSO, Vito. The celluloid closet : Homosexuality in the Movies. New York: Paperback Book Club, 1995. Artigos eletrônicos: - NAZARIO, Luiz. Cinema Gay. In: Revista Cult. São Paulo: Editora Abril, edição 66, mar 2003. Disponível em: <http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/ cinema-gay/>, acessado em 24 abr 2013..
55
Pesquisa teórica
Vinculada
2
Por Keite Valença (Roteiro) Minha proposta de TCC teórico consiste na análise da representação da homossexualidade no cinema brasileiro do século XXI. O foco da pesquisa seria tanto a maneira de representar, quanto a recorrência do tema. A questão da homossexualidade vem ganhando atenção nos últimos anos, e isso se reflete claramente na produção audiovisual brasileira. A urgência por uma representatividade da população gay nos meios de comunicação, gerou um impulso na produção de conteúdo audiovisual que explora essa temática, principalmente na produção independente. Essa análise tomaria como base os filmes: Amores possíveis (Sandra Werneck – 2001), Amarelo Manga (Cláudio Assis – 2003), Como Esquecer (Malu de Martino - 2010) e Paraísos Artificiais (Marcos Prado – 2012) para entender como a temática gay vem sendo explorada no cinema contemporâneo. Além dos filmes citados acima, também será tomado como base para a pesquisa o livro “A Personagem Homossexual no Cinema Brasileiro” (Antonio Moreno – 2002). Nele acompanhamos como foi retratado o personagem homossexual no cinema brasileiro desde 1923 até 1996. Apesar de tratar apenas de personagens masculino, o livro será um ótimo ponto de partida para entender a construção do olhar cinematográfico sobre a homossexualidade. Anteriormente a década de 90, os personagens homossexuais eram raros no cinema brasileiro, e sua abordagem, muitas vezes, superficial. No século XXI, a questão dos direitos dos homossexuais vem atraindo
cada vez mais atenção, e por isso, gera uma urgência de representação. A maneira como a homossexualidade é retratada no cinema brasileiro está mais natural, procurando evidenciar os personagens não apenas como estereótipos, mas como pessoas comuns, que apesar de sofrerem o pré conceito da sociedade, têm as mesma questões que eu, você e todos nós. Apesar dessa suposta naturalidade em tratar da temática, os filme que abordam a homossexualidade como trama principal, ou até mesmo como trama adjacente, ainda são rotulados como “filmes gays” e ainda não conseguem sair do nicho e chegar a públicos mais diversificados. Essa divisão clara entre filmes e “filmes gays”, mostra o quanto a questão da homossexualidade no Brasil está longe de ser encarada com a naturalidade que os filmes propõe, e demonstra a rejeição do público a esses personagens. Mesmo ainda sendo um assunto delicado de se tratar, a evolução da representação midiática dos homossexuais foi imensa na última década. Ainda que a abordagem de personagens gays não seja encarada com naturalidade, apenas sua representação já é o suficiente para gerar debates e levantar discussões que antes não encontravam espaço. Com essa pesquisa, espero entender como a temática homossexual é encarada no cinema brasileiro contemporâneo, além de entender o processo de transformação pelo qual o personagem homossexual passou e ainda passa.