RESUMOS DE HISTÓRIAS DA LITERATURA BRASILEIRA Produzidos pelos alunos da turma Português para Estrangeiros 2, Cursos Extracurriculares, 2019.1.
PROFESSORA CAROLINE GÖTZ
No primeiro semestre de 2019, a turma de Português para Estrangeiros 2 aceitou o desafio de ler um conto ou uma crônica de escritores e escritoras da Literatura Brasileira e fazer um resumo sobre o que foi lido. Aqui, apresentamos a reunião dos resumos produzidos ao longo do semestre junto de uma pintura, escolhida pelos estudantes, para ilustrar seu resumo. Esperamos que você aproveite e se interesse em ler as histórias na íntegra. Boa leitura!
Autores e autoras do Brasil que tiveram seus contos ou crônicas resumidos nesta revista:
Conceição Evaristo Clarice Lispector
Luis Fernando Veríssimo Carlos Drummond de Andrade
Resumo da crônica “Bobagem” Escrito por Benson O texto “Bobagem” foi escrito por Luis Fernando Veríssimo e publicado no Rio de Janeiro, no livro “Comédias para se ler na escola”, em 2001. A crônica é sobre um homem que, aos 5 minutos do ano-novo, já um pouco bêbado e emocionado, ligou para um antigo amigo para desejar um feliz ano-novo. Não precisou se identificar para o amigo o reconhecer pela voz. Eles, que por muito tempo já não se falavam, nem se lembravam mais do motivo da briga. Conversaram sobre a vida e sobre a enxaqueca da Vivinha, e o amigo que tinha ligado até sentiu saudades da enxaqueca dela. Viram quanto tempo perderam com essa briga. Marcaram um encontro, como antigamente, no Lucas, mas, não demorou muito e ele desmarcou, falando secamente, pedindo desculpas e se despedindo de uma maneira formal. Desejou melhoras para a Vivinha, lembrando-se qual foi o motivo da briga que fez eles se afastarem.
"Hearth Kids" – Romero Britto
Resumo do conto “A condição geral”. Escrito por Ahmed O título do conto é “A condição geral”, que está no livro “Contos plausíveis”, do autor “Carlos Drummond de Andrade”, publicado em 1985. Os personagens são o barro, a água, o boi, a árvore e o homem. Esta história fala sobre o sentimento da natureza e explica o sofrimento dela por causa do abuso do homem. Os elementos da natureza e os animais querem que as pessoas os sintam, porque eles têm vidas e sentem dor como um ser humano. Eles têm funções vitais nesta vida, como os humanos, e cada criatura tem uma função básica e grande nesta terra. O barro, a água, o boi e a árvore exercem um papel fundamental no meio ambiente, mas esses papéis são revertidos pelos desejos do homem, distorcendo, assim, o objetivo principal desses elementos. A história também conta que o homem é uma grande criatura e que esta vida não é fácil. Também está relacionada com a falta de interesse do ser humano, pois o homem lhes disse que não tem tempo para pensar neles ou o que eles sentem. O humano não pode sentir e não entende o que os elementos pensam. Ao final, a história nos diz que somos todos criaturas de Deus e que temos almas, sentimos e sofremos, humanos ou inanimados, cada um de nós tem uma importância nesta vida.
Valquíria Barros - "tema fazenda de café à venda"
Resumo da crônica "Medo da Eternidade" Por Aneta M. O título da crônica é “Medo da Eternidade “, escrita por Clarice Lispector e publicada em 6/06/1970 no Jornal do Brasil no Rio de Janeiro. A crônica é sobre uma menina pequena e chicle. Ela descreveu que inesquecível experiência ela teve naquele tempo, quando experimentou um chicle pela primeira vez. No caminho para a escola a irmã dela comprou uma bala para ela e disse que esta bala era inesgotável e durava para sempre. A menina ficou preocupada e surpresa, pensando como que um tipo de bala não iria terminar. Lembrou que outras vezes ela salvou uma bala para chupar mais tarde. Mas, nesse momento, ela imaginou ser diferente. Logo depois, ela começou a chupar, afinal não gostou muito quando o docinho acabou-se muito rápido. Ela ficou irritada porque a irmã dela disse para mastigar sem fim! Então, ela estava mastigando sem parar com medo e sem apreciar. Depois, chegou na escola e quando não gostou mais, deu um jeito e o chicle caiu de propósito da boca dela, mas ela não disse a verdade à sua irmã. Ela estava desconfortável com a pequena mentira, mas satisfeita e calma porque não precisaria lidar com a eternidade por agora - ou até a próxima vez que ganhar um outro chicle da irmã dela ou de alguém.
Ricardo Ferrari - série 'Lembranças da minha infância'.
Resumo do conto "Vida ao natural" Por Juliane O texto "Vida ao natural“ está no livro “Todos os contos”, página 523 e foi escrito por Clarice Lispector. O livro é um compilado dos contos escritos pela autora e foi publicado em 2016 no Rio de Janeiro. O conto trata da convivência de homem e mulher e seus papéis, que definem suas funções. Descreve como um homem e uma mulher se sentam à lareira no Rio de Janeiro e que a mulher pode considerar-se sortuda porque ela tem um lugar quente na frente da lareira durante a chuva e o frio. Ela é uma pessoa agitada e curiosa que gosta de experimentar e sempre ter o que fazer. O trabalho do homem é cuidar do fogo. A mulher, por outro lado, não cuida do fogo, porque não é sua tarefa. A mulher também não dá ordens ao homem, porque perderia o seu papel. O homem, ou melhor, os sentimentos da mulher pelo homem, são comparados com fogo queimando. A mulher quer pegar a mão do homem, que está livre – a mão, que ele não está usando pra cuidar do fogo. Mas ela hesita, uma vez que ela sabe que nada é permanente e, assim como o fogo acabará, os sentimentos também acabarão. No final, a mulher acaba pegando a mão do homem. Mas, ao contrário do que a mulher esperava, o fogo continua a queimar. E com isso, também os sentimentos...
"Aldeia Russa", Lasar Segall, 1912.
Resumo do conto “Come, meu filho”. Por Lamya O título “Come, meu filho” da autora Clarice Lispector, publicado em “Todos os contos”, na cidade do Rio de Janeiro, em 2011, narra uma conversa entre mãe e filho, em que o filho está se alimentando e faz de tudo para distrair a sua mãe para não comer. O menino Paulinho fala sobre diversos assuntos, como que o mundo é chato e não redondo. Ele sabia porque viajou para outros países, mas o amigo dele, Ronaldo, nunca viajou para fora do Brasil e só acredita no que os outros falam. Para ele, não importa o que parece que é o céu, se é sempre em cima também ou não... Paulinho fala que o pepino é meio transparente e acha que é algo que uma pessoa fez e não é da natureza, parece "inreal", até faz barulho de vidro quando a gente mastiga. Também pergunta quem teria inventado o feijão com arroz; fala que o sorvete é bom quando o gosto é igual à cor e outros vários assuntos aleatórios. Paulinho falou, falou... Por fim, a mãe pede gentilmente para ele não falar tanto e comer.
"Mãe", de Cândido Portinari.
Resumo do conto “Maria” Por Margot O conto "Maria" faz parte do livro “Olhos d’água”, que foi escrito por Conceição Evaristo e publicado em 2014. A autora nasceu em 1946, em Belo Horizonte, no estado do Minas Gerais. Sua infância e a dificuldade de uma mulher negra das favelas de se tornar uma escritora respeitada inspiram suas obras. Maria é uma mulher negra, que provavelmente trabalha como doméstica. Ela está solteira e tem três filhos, de pais diferentes, que ela educa sozinha. Ela estava esperando o ônibus, pensando na sua vida: nos restos de comida e na gorjeta que ela ganhou depois da festa de sua patroa, os xaropes que ela teve que comprar para curar seus dois filhos gripados, o corte na sua mão... Quando o ônibus chegou, ela não estava à espera de encontrar o antigo homem de sua vida, o homem com quem ela teve seu primeiro filho. De uma vez, todas as memórias ressurgiram: a paixão dos primeiros momentos e a tristeza da separação. O homem sentou ao lado de Maria e falou com ela com muita tristeza. Ele não entendia porque eles não puderam ser felizes e educar seu filho juntos e que ele estava com tanta saudade de Maria e de seu filho. Ele ficou ainda mais triste quando soube que Maria tinha outras histórias com outros homens. Abruptamente, esse homem acabou a conversação e se levantou com uma arma na mão. Ele, com um cúmplice, estavam ali para assaltar as pessoas do ônibus, na realidade. Maria ficou devastada quando ela viu essa cena. Ela tinha medo. Não dessas pessoas, nem da morte. Ela tinha medo de ficar seus três filhos sozinhos.
Ela pensou muito no seu primeiro filho, o filho desse assaltante. Eles roubaram os passageiros. Porém, os assaltantes desceram do ônibus sem roubar Maria. Por quê? Era porque ela tinha nada ? Era uma sorte que conhecia esse homem? Ou um azar! De fato, um homem disse aos outros passageiros que ela foi uma parceira deles. Algumas pessoas do ônibus iniciaram a ofender Maria. « Negra safada”, “Lincha!” eles disseram. Ela não conhecia esses assaltantes. Somente seu ex-homem.! Uma pessoa e o condutor tentaram defender a mulher, mas, ela apanhou até a morte...
"Maternidade", Lasar Segall, 1936.
Resumo do conto "Ei, Ardoca" Por Benjamin A gente tem que ler uma história. A minha é do tipo novela. Chama-se ‘’Ei, Ardoca’’ e a autora é a brasileira Conceição Evaristo. A novela está no livro que se chama Olhos d’água, que, já pelo título, podemos entender que são histórias tristes. O livro foi publicado em 2014, quando a autora tinha 67 anos. Ardoca é o personagem principal desta história. Ele nasceu e viveu toda a sua vida em um trem. Então, num sábado, Ardoca pega o trem. Ele parece estar bêbado, pelo menos é o que todo mundo acha. Dentro da máquina ele começou a dormir. Mas o autor usa o seguinte termo "Ardoca abandonava o corpo que pendia lentamente para um lado". Uma mulher tenta ajudá-lo, apesar da indiferença de outros passageiros. Mas depois, um jovem entra no trem gritando o nome do herói. Achamos que ele quer ajudá-lo. Na verdade, ele ajuda Ardoca a sentar-se na plataforma no lado do trem e começa a despojá-lo de todas as suas posses. É então que sabemos que Ardoca decidiu se matar bebendo veneno no trabalho. Mas ele queria morrer perto da única coisa que ele conhecia bem, o trem. Ele está aqui, sozinho e sem nada, numa plataforma. Até o último suspiro. A história é composta de duas partes: a primeira introduz o personagem principal e descreve o contexto: "como ele está"; a segunda contém a ação e a época da história, que não está claramente definida.
Tem muitas metáforas no texto. A máquina (no caso, o trem) é humanizada, na verdade a autora usa a palavra "mulher" enquanto fala sobre ela. Mas vai mais longe. Podemos pensar que o trem é, na verdade, sua mãe porque ele está dentro do trem, em silêncio, como é um recém-nascido. A frase "Ela grávida, ele estufando na barriga materna respondia aos solavancos do trem, com chutes internos" pode ser entendida dessa maneira. Ele está neste trem, que viu ele nascer e que ele considera como sua única família. Então quando ele quer ficar com a única coisa que ele conhece, quero dizer que talvez o autor não fala só de um trem, mas da sua mãe. No final, com o único consolo da canção do trem que poderia ser comparada a uma "Ave Maria" (a música) como um sinal de adeus, adeus da única família que ele teve: o trem. Quero fazer uma conexão com um livro francês. A época poderia ser a área dos trens de carvão do século XIX. A atmosfera é muito próxima da obra “A Besta Humana”, de Emile Zola, onde um trem é humanizado, na França, e o personagem principal está particularmente conectado com ele. Esse livro é parte de uma série que fala de uma família em que cada um tem vícios, como álcool, violência conjugal, entre outros. Então, nada especifica o ano e a história pode se desenrolar inclusive hoje. Mas isso me ajudou escolher uma pintura. Eu a apresento a seguir:
"Segunda Classe", 1933, de Tarsila do Amaral.
Resumo do conto "A fala vegetal" Por Megie Este resumo é sobre o conto “A fala vegetal”, do autor Carlos Drummond de Andrade, publicado no livro “Contos Plausíveis”, em 1985. A história é um pouco estranha. Conta sobre plantas que podem falar como humanos. Na verdade, todo mundo já sabe que plantas, árvores e todos os animais da terra podem falar. Apenas ouça o mar. Talvez não como a gente, mas eles são conectados através de uma consciência comum (infelizmente os humanos esqueceram essa habilidade e usam só os idiomas diferentes). Mas nessa história, as plantas podem ter um diálogo e usar idiomas. E não termina aí. Então, imagina a situação: existem muitas, mas muitas plantas e flores diferentes. Elas têm idiomas variados, mas conseguem se comunicar entre si. É impossível para os humanos contarem quantos idiomas elas têm. Simplesmente porque a gente não conhece todas as plantas nem temos a sensibilidade de ouvi-las. Eu vou tentar explicar, por exemplo, se tivesse uma planta que fala português e uma árvore que fala em espanhol, elas seriam capazes de, juntas, sem traduzir, contar histórias, falar sobre os dias delas, planejar e também conspirar...Que legal, né? Algumas pessoas, as mais intuitivas, podem entender estes idiomas e podem distinguir entre o suspiro de hibiscos e entre a conversação de árvores sobre ventos diferentes.
Levindo, um jardineiro excepcional, compreendia as plantas e escutava todas as conversas o tempo todo. Ele não tinha namorada e podia passar muito tempo no jardim. Eu acho que ele estava apaixonado pelas plantas, especialmente por hibiscos. Ele se tornou fluente e conseguia escutar as plantas todo o tempo. Algumas plantas notaram isso e começaram a desconfiar de Levindo. Elas pensavam: ‘Porque ele passa todo o tempo aqui? O que ele quer?’ Elas começaram a suspeitar. A novidade se espalhou e todas as plantas pararam de se falar aos poucos. De repente o jardim ficou em silêncio. As plantas começaram a falar em código de uma língua secreta, por meio de sinais, então Levindo não podia entender e em vão se sentava no jardim pra ouvir as plantas… Mas não era possível ouvir mais nada. Pobre Levindo, ele perdeu o emprego. Mas de nada adiantou sua demissão para as plantas, pois elas esqueceram os idiomas delas, porque falaram em código por um tempo longo (plantas não têm a memória boa) e todas as línguas incríveis que antes existiam se perderam...Nenhuma planta podia falar com ninguém. Todas as plantas falavam um idioma secreto, mas nenhuma se lembrava do código em comum de antes. Conflitos e reclamações começaram entre as plantas e alguns combates surgiram… Muitas delas morreram...No fim, o jardim foi invadido pelas cabras...Você pode imaginar o fim…
"A Floresta" - Rosina Becker, 1966.
Referências dos contos e crônicas resumidos: Carlos Drummond de Andrade, “Contos Plausíveis”, Rio de Janeiro, 1985, p.16. e p. 20; Clarice Lispector, “Todos os contos”, Rio de Janeiro, 2016, p.523 e p.401; Clarice Lispector, jornal do brasil, 1970: https://cronicabrasileira.org.br/cronicas/5889/medoda-eternidade Conceição Evaristo, “Olhos d’água”, Rio de Janeiro, 2014, p.39 e p.95; Luís Fernando Veríssimo, “Comédias para se ler na Escola”, Rio de Janeiro, 2001, p.84.